Transformações e Energia
Transformações e Energia
Transformações e Energia
Cópia de Arquivo
Identificação
Existem evidências de que os metais já eram trabalhados pelo homem por volta de 5000 a.C. Esta ilustração egípcia de
1900 a.C. mostra diversas etapas do trabalho com ouro.
O consumo médio de energia através dos séculos tem aumentado muito, como se pode
notar analisando a tabela 1.1.
Tabela 1.1 1
Evolução do Consumo Médio Humano Diário de Energia per Capita (em 103 kcal)
___________________________ _______ _______ _______ ________________
50 100 150 200
Homem Tecnológico
Homem Industrial
Homem Medieval
Homem Agrícola
Homem Caçador
Homem Primitivo
O homem primitivo consumia apenas a energia contida em sua alimentação. O caçador, que utilizou o
fogo, consumia energia adicional na cocção. O homem agrícola, sedentarizado, utilizava também a energia animal em
seus trabalhos no campo. O homem medieval europeu adicionou os moinhos de vento e as rodas d'água. O homem
industrial (Inglaterra, século XIX) introduziu a máquina a vapor e o tecnológico (EUA, século XX), a eletricidade e os
motores a combustão interna.
1 A. Oliveira. "Energia e Sociedade", Ciência Hoje, vol. 5, n. 29, p. 38, mar. 1987.
2 L. P. Rosa, "Na Gangorra do Petróleo", Ciência Hoje, vol. 4, n. 24, p. 59, maio-jun. 1986.
refletem-se perfeitamente na divisão e no consumo de energia, especialmente nas duas formas
comerciais, como energia elétrica e derivados de petróleo e carvão . 3
Alguns processos vividos pelo homem situam-se como marcos, que indicam um
consumo cada vez mais acentuado de energia a partir da produção do fogo.
A utilização do fogo e da tração animal na agricultura iniciou um processo de
sedentarização, que culminou com a instalação de grandes impérios, aprofundando a divisão do
trabalho e da sociedade em classes. A energia da mão-de-obra escrava passou a ser responsável pela
manutenção da economia, mesmo entre povos como os gregos, que dispunham de tecnologia capaz de
explorar outras fontes, no caso, a eólica e a hidráulica. Dessa forma, até nossos dias, uma fonte de
energia é privilegiada em relação a outras devido aos custos de exploração, à sua abundância e a
políticas econômicas que fortalecem um setor em detrimento dos demais.
A expansão dos impérios, baseada na exploração do trabalho escravo, levou a uma
situação de revoltas sucessivas. Os impérios enfraqueceram-se. Na ausência de mão-de-obra escrava e
em busca da maior produtividade pela multiplicação da potência, teve início um processo de
deslocamento do uso da energia humana para os recursos naturais.
Durante a Idade Média generalizou-se o uso de rodas d'água, de moinhos de vento e da
tração animal na agricultura.
O alto-forno a carvão vegetal, já no século XIV, permitiu a fabricação de instrumentos
agrícolas, que proporcionavam maior produtividade, aumentando o consumo energético. Para
alimentar o alto-forno, as florestas foram sendo dizimadas, e o carvão mineral, um recurso esgotável,
substituiu o vegetal.
Com o advento da máquina a vapor, no século XVII, que tem origem num sistema de
aeração inventado para permitir o trabalho em minas de carvão já bastante profundas, a chamada
Revolução Industrial ganhou impulso. A máquina passa a ser o principal instrumento de trabalho nas
fábricas, embora ainda coexistindo com formas de produção artesanal. As diferenças sociais e o
consumo energético aumentam. A grande transformação ocorre na indústria têxtil, com o tear a vapor,
e nos transportes, com a locomotiva. As cidades crescem.
Mais tarde, também a máquina a vapor se mostrou limitada quanto ao uso, à potência e
ao rendimento.
O petróleo, embora fosse conhecido desde a Antiguidade, foi obtido pela primeira vez
através de perfuração de poços em 1859. Utilizado na solução do problema de iluminação urbana, é
hoje um dos responsáveis pela movimentação de motores de explosão devido às características de seus
de seus derivados.
Num motor de explosão, a energia liberada pela combustão da gasolina - ou álcool,
diesel, querosene, gás etc. - permite a movimentação do veículo, conforme indica o esquema que se
segue.
3) Explosão
Neste tempo, o dispositivo denominado vela (V) solta uma faísca que inflama os gases
comprimidos. Esta inflamação é extremamente rápida e os gases se queimam totalmente antes que o
pistão tenha tempo de começar a descer. O calor desenvolvido aumenta consideravelmente a pressão e
a temperatura, causando a expansão dos gases, que empurram fortemente o pistão para baixo.
4) Expulsão
A válvula de admissão (A) está fechada e a válvula de escape (E), aberta. Os gases
"queimados" são expulsos para a atmosfera pela válvula aberta, através do movimento ascendente do
pistão, determinado pelo eixo do motor já em movimento. Ao final deste quarto tempo a válvula de
escape se fecha enquanto a de admissão se abre recomeçando o ciclo . 5
Durante o século XIX, a ciência passou a ser cada vez mais aplicada às necessidades da
indústria emergente. Dessa relação é que e se originaram os estudos sobre a eletricidade.
Os fenômenos elétricos já eram conhecidos desde o século VI a.C., mas a produção de
corrente elétrica de forma controlada só foi obtida a partir dos trabalhos de Luigi Galvani (1737-
1798) , físico e médico, e Alessandro Volta (1745-1827), físico, ambos italianos. Volta descobriu que a
corrente elétrica poderia se manifestar na interação de metais e soluções, construindo, em 1800, uma
pilha. O empilhamento de discos de zinco e prata, separados por folhas de papel umedecidas com água
salgada, mostrou ser capaz de produzir corrente elétrica. O nome "pilha" vem daí.
Pilha de Volta 6
5 Adaptado de F. Ramalho Jr., Os Fundamentos da Física, São Paulo, Moderna, 1984, vol. 2, pp. 155-156.
6 F. J. Moore, A History of Chemistry, Nova Iorque e Londres, MacGraw-Hill Book Company, 1939, p. 1376.
Mais tarde, Humphry Davy (1778-1829), químico britânico, estudando os fenômenos
elétricos, concluiu que as transformações químicas e elétricas são fenômenos conceitualmente distintos,
porém produzidos pela mesma força: a atração e repulsão de cargas elétricas. A origem da produção de
corrente é o contato. Mas, quando os metais estão conectados, as cargas tendem a se neutralizar, e a
transformação química que ocorre é que restaura a corrente.
Numa usina hidrelétrica, a água, caindo de grande altura, movimenta as pás da turbina que, por sua vez, através do eixo,
faz movimentar o gerador. Numa termelétrica, a combustão, geralmente do carvão, funciona como fonte de energia que
aquece a água gerando vapor. Este movimentará as pás da turbina e, então, o gerador. No gerador a energia mecânica
se transforma em elétrica, que, conduzida através dos cabos, chega até nossas casas.
Tabela 1.3
Com relação à eletricidade no Brasil podemos dizer que ela tem duas características: é
nacional e tem origem quase exclusivamente hídrica, o que exigiria um planejamento eficaz das
centrais para que as necessidades sejam supridas. [...] A crise econômica sofrida pelo país nos
primeiros anos da década de 80, aliada ao exagero da concentração de investimentos em grandes
obras, deixou o setor elétrico em dificuldades [...] o setor elétrico absorveu grande parte da dívida
externa do país e o problema de suprimento de energia ainda não foi solucionado . 9
9 A. Oliveira, "Energia e Sociedade", Ciência Hoje, vol. 5, n. 29, p. 30, mar. 1987.
10 M. Adas, Panorama Geográfico do Brasil, São Paulo, Moderna, 1986, p. 250.
Balbina teve "guerra"11
Do enviado especial
Da Redação
Os índios brasileiros, cujos representantes se reuniram durante toda semana em
Altamira (461 km a oeste de Belém) para o 10 Encontro das Nações Indígenas do Xingu, "vão vigiar as
ações do governo" para lutar contra a destruição da Amazônia diante da construção de usinas
hidrelétricas. A afirmação está contida na "Declaração Indígena de Altamira", elaborada por 300
índios de 20 tribos, e foi divulgada ontem por Paulo Payakan, cacique da tribo caiapó, durante uma
das reuniões do encontro, que se encerrou ontem.
Os índios brasileiros, à época do descobrimento, eram cerca de cinco milhões
distribuídos principalmente pelo litoral, mas existentes também no interior do país. Hoje, depois de
quase 500 anos, a população indígena não ultrapassa 200 mil, sendo que a maioria das tribos ainda
não atingidas pelo processo de aculturação se concentra nas regiões centrais como a Amazônia.
A seguir, a íntegra da "Declaração Indígena de Altamira", divulgada ontem:
"As nações indígenas do Xingu, junto com parentes de muitas regiões do Brasil e do
mundo, afirmam que é preciso respeitar a nossa Mãe Natureza.
Aconselhamos não destruírem as florestas, os rios, que são nossos irmãos.
Decidimos que não queremos a construção das barragens no rio Xingu e em outros rios
da Amazônia, pois ameaçam as nações indígenas e os ribeirinhos.
Durante muito tempo o homem branco agrediu nosso pensamento e o espírito dos
nossos antigos. Nossos territórios são os sítios sagrados do nosso povo, moradia do nosso criador, que
não podem ser violados.
Neste encontro dos povos indígenas do Xingu decidimos vigiar as ações do governo
para impedir mais destruição, juntar forças com o Congresso Nacional e com o povo brasileiro, para
juntos protegermos essa importante região do mundo, nossos territórios."