35 - A Energia Vital - Os Recursos Naturais São Inesgotáveis
35 - A Energia Vital - Os Recursos Naturais São Inesgotáveis
35 - A Energia Vital - Os Recursos Naturais São Inesgotáveis
esta aula, vamos identificar a Revoluo Industrial como responsvel pela grande mudana na utilizao dos recursos naturais. Vamos avaliar o papel dos principais recursos naturais, os problemas decorrentes do seu uso abusivo e mostrar que mesmo os recursos considerados renovveis correm o risco de esgotamento.
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Os recursos naturais so inesgotveis? A humanidade pode retirar o que deseja da natureza e despejar toda a sorte de resduos na biosfera? Existem fortes evidncias de que no! Os combustveis fsseis, cuja explorao continua aumentando rapidamente, so finitos, e sua queima contribui para o aumento do efeito estufa que vem elevando a temperatura na superfcie da Terra. A energia que consumimos em nosso dia-a-dia, que movimenta os processos vitais no mundo atual, no pode se originar de um conjunto to pequeno de fontes no renovveis que esto muito irregularmente distribudas no planeta. Guerras, contaminao dos mares e oceanos, poluio nas cidades so apenas algumas das conseqncias de um padro energtico que j mostrou seus sinais de esgotamento.
Os fluxos naturais de energia, que so utilizados h milnios, so conhecidos como fontes renovveis Antes da Revoluo Industrial, o Sol era uma das fontes renovveis. de energia mais utilizadas. Ele fornecia energia para os msculos (do ser humano e dos animais empregados na trao de cargas e para mover moinhos e mquinas). Alm disso, aproveitava-se a fora do vento e da gua - movidos tambm pela energia solar. A madeira, sob a forma de carvo, era igualmente utilizada desde a pr-histria. Com a Revoluo Industrial, os combustveis fsseis - como o carvo e o petrleo - comearam a ser utilizados como fontes de energia. A energia gerada pelos combustveis fsseis , em ltima instncia, limitada pela geologia, pois se trata de uma fonte de energia no renovvel renovvel. A explorao dos combustveis fsseis deu a base para o desenvolvimento da sociedade industrial, diferente de todas as sociedades anteriores, tanto na sua natureza quanto na sua escala. No ano 2000, as fontes de produo/consumo de energia devem se distribuir aproximadamente do modo como est no esquema da pgina seguinte.
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GS NATURAL PETRLEO
Esquema da distribuio mundial das fontes de energia em dois momentos: 1980 e 2000
PRINCIPAL CARVO
DEVE REPRESENTAR
FONTE DE ENERGIA MUNDIAL . AS JAZIDAS CONHECIDAS, MANTIDO O CONSUMO ATUAL , ESGOTAM - SE NOS PRXIMOS CINQENTA ANOS .
COMBUSTVEL
20%
DO CONSUMO MUNDIAL
(CHUVAS
CIDAS , AUMENTO
ENERGIA NUCLEAR
DEVE
TER SEU USO RESTRINGIDO POR CAUSA DO AUMENTO DOS CUSTOS E DA QUESTO DA SEGURANA NAS CERCA BIOMASSA
MATRIA VEGETAL
2000
1980
OU ANIMAL QUE PODE SER TRANSFORMADA EM ENERGIA . A BIOMASSA , SOB A FORMA DE MADEIRA , O PRINCIPAL COMBUSTVEL DOS PASES EM DESENVOLVIMENTO .
ENERGIA ELICA
OS VENTOS SO
PRODUZIDOS PELO AQUECIMENTO DESIGUAL DA SUPERFCIE DA TERRA . OS MOINHOS DE VENTO PODEM GERAR ELETRICIDADE E EXECUTAR GUA
TRABALHOS MECNICOS .
ENERGIA SOLAR
DEVE AUMENTAR
USADA
SUA PARTICIPAO NA PRODUO DE ENERGIA , DEVIDO AOS GRANDES INVESTIMENTOS FEITOS EM NOVAS TECNOLOGIAS DE USO .
DIRETAMENTE OU PARA
A principal fonte de energia da sociedade industrial o petrleo, que representa aproximadamente 40% da energia comercial do mundo. Por causa da ameaa de esgotamento das jazidas possvel que, no incio do sculo XXI, seu uso se modifique, passando a ser empregado mais como matria-prima para a indstria qumica do que como combustvel. As reservas mundiais de carvo, ao contrrio, so suficientes para atender demanda nos prximos 250 anos, se forem mantidos os nveis de consumo atuais. Os problemas ambientais devem, no entanto, inviabilizar uma volta macia ao seu uso. Em 1973, os pases produtores de petrleo, organizados na Organizao dos Pases Produtores de Petrleo (OPEP), promoveram uma grave crise energtica mundial ao dobrar o preo do barril de petrleo. At ento, os pases consumidores de petrleo usavam de forma abusiva esse capital energtico que a natureza havia acumulado h milhes de anos, esquecendo-se de que estavam usando uma oferta que a natureza no conseguiria manter indefinidamente. A crise obrigou os pases consumidores a buscar novas regies produtoras de petrleo e, ao mesmo tempo, promover campanhas de racionalizao do seu uso. Normalmente as taxas de consumo de energia acompanhavam as de crescimento econmico. Mas, a partir da crise, o exemplo da Alemanha Ocidental sugestivo: entre 1974-1985, enquanto o seu consumo de energia aumentou apenas 3%, o PIB alemo cresceu 17,5%, o que mostra a eficincia das suas polticas de uso mais racional de energia. Para os pases em desenvolvimento, a crise energtica revelou-se mais grave porque foi acompanhada por uma desvalorizao das matrias-primas: em 1975 o preo de uma tonelada de cobre equivalia ao de 115 barris de petrleo; em 1982 a equivalncia baixou para 57 barris. Embora os preos do petrleo tenham diminudo na dcada de 1980, no voltaram mais aos nveis anteriores a 1974, o que mudou profundamente a situao energtica mundial. A crise dos preos estimulou o desenvolvimento de novas tecnologias que possibilitaram obter mais petrleo nos poos que estavam em produo e recuperar reas j consideradas esgotadas. Porm, se continuarmos a consumir petrleo no ritmo atual, as reservas mundiais devero esgotar-se nos prximos cinqenta anos. Antes que a OPEP deflagrasse a crise do petrleo, o tero mais pobre da populao mundial j enfrentava outra crise energtica. Aproximadamente 2 bilhes de habitantes dos pases em desenvolvimento dependem da lenha como combustvel para cozinhar ou para aquecimento. Como h um descompasso entre a velocidade do consumo da floresta e o tempo necessrio para as rvores crescerem, a obteno de lenha torna-se cada vez mais difcil. O aumento da populao nessas regies torna o problema ainda mais grave. No se trata de um problema de ignorncia: um trgico problema de sobrevivncia. As populaes mais pobres, dos pases subdesenvolvidos, so obrigadas a destruir os meios de vida do futuro para dispor do necessrio no presente. O quadro se torna ainda mais grave porque o desmatamento traz uma srie de problemas ambientais: desaparece o efeito esponja da floresta, o que significa que os solos ficam expostos diretamente ao das chuvas; aumenta o escoamento superficial; modifica-se definitivamente a biodiversidade.
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Outras razes significativas para a diminuio das florestas - especialmente das florestas tropicais - so a demanda de terras para o cultivo e o desmatamento para a obteno de madeiras nobres. Os deslocamentos da populao em direo s fronteiras agrcolas em busca de terras e a atuao das empresas madeireiras, em busca do lucro imediato, tm provocado a rpida reduo das florestas tropicais midas. Estima-se em 12 milhes de hectares a rea desmatada a cada ano. Se o desmatamento mantiver esse ritmo possvel que, no ano 2050, essa formao florestal esteja praticamente desaparecida. Como as demais riquezas, a energia produzida no mundo no se distribui equilibradamente: um norte-americano consome trezentas vezes mais energia do que um africano. Certamente, num futuro prximo, os combustveis fsseis e a energia nuclear - fontes no renovveis - continuaro sendo as nossas principais fontes de energia. Mas nos ltimos anos tem crescido o interesse pelo uso das energias solar, hidrulica e da biomassa, at aqui subutilizadas. Elas representam, certamente, as alternativas mais encorajadoras para a questo energtica mundial. Alm dos combustveis fsseis, a indstria moderna utiliza cerca de oitenta minerais como matrias-primas. As jazidas desses minerais so relativamente abundantes e, em termos gerais, as reservas dos minerais fundamentais mostram-se suficientes para atender s necessidades. O uso cada vez mais freqente da reciclagem permite poupar tanto as jazidas quanto as fontes de energia. Por exemplo: para produzir uma tonelada de alumnio, a partir de sucata, gasta-se apenas 5% da energia necessria para extrair a bauxita e transform-la em alumnio. Outra alternativa que vem se tornando cada vez mais freqente a da substituio de materiais, a exemplo do estanho, que tinha largo emprego industrial nas embalagens de alimentos perecveis e est sendo substitudo pelo plstico e pelo alumnio. A gua em estado lquido uma das originalidades do nosso planeta. Componente essencial de todos os seres vivos, a gua est presente em cada animal, em cada planta e em cada ser humano, na forma de fluxos microscpicos. A degradao da gua tem efeitos dramticos sobre a fauna, a flora e a sade do homem. O desinteresse sobre a poluio da gua favorece a contaminao alarmante dos lenis subterrneos, dos rios e das guas costeiras. O desconhecimento do modo pelo qual a gua circula nos solos, nos rios, nos oceanos e na atmosfera - o ciclo da gua - em parte responsvel por esse desinteresse. Outro dado fundamental: os recursos hdricos so limitados. medida que vem aumentando o consumo de gua, ficam claras as limitaes do seu uso. A gua que abastece os continentes circula entre a terra, o mar e a atmosfera graas energia solar. Uma parte transportada sob a forma de vapor e envolve todo o planeta. A atmosfera se umidifica graas evaporao dos oceanos e da superfcie terrestre e perde gua por causa das precipitaes. A gua absorvida pelo solo fica disponvel para as plantas que a absorvem pelas razes e a liberam, por transpirao, para a atmosfera. A outra parte do ciclo totalmente terrestre. A rede hidrogrfica recebe a gua da precipitao que escoa superficialmente ou se infiltra pelo solo, reabastecendo os lenis dgua, os lagos e os rios. Ao fim do ciclo, a gua devolvida ao mar ou armazenada nos reservatrios profundos da crosta terrestre.
O conhecimento do ciclo da gua perCICLO DA GUA mite compreender o impacto da poluio. Uma vez utilizada, a gua fica carregada de impurezas, contaminando os rios, os lenis subterrneos e a atmosfera. Todos os anos aproximadamente 10% das guas evaporadas dos oceanos e mares, devido ao do Sol, retorna aos continentes sob a forma de chuva. dessa gua que dependemos. De toda gua existente na Terra, somente essa pequena quantidade est disponvel para uso. E essa gua utilizvel no est distribuda igualmente. De modo geral, existe gua disponvel para atender s necessidades da populao mundial embora as diferenas de consumo sejam diretamente proporcionais ao desenvolvimento scioeconmico. Para manter uma qualidade de vida razovel so necessrios 80 litros de gua por dia para cada habitante. Mas o consumo mdio pode variar dos 25 litros dirios de uma famlia indiana at os 500 litros de uma famlia norte-americana. Enquanto a agricultura consome 73% da gua disponvel no mundo, conforme as necessidades de irrigao, a indstria consome 22% do total, e o uso domstico apenas 5%.
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Segundo a Organizao Mundial da Sade (OMS) o nmero de torneiras para cada 1.000 habitantes um indicador mais confivel para a sade do que o nmero de leitos hospitalares. A gua, uma fonte de vida, mata em torno de 25 milhes de pessoas, a cada ano, nos pases subdesenvolvidos. A obteno de gua em condies adequadas de uso e a eliminao higinica dos resduos humanos so problemas do cotidiano desses pases. Na ausncia dos servios bsicos, comum o uso da gua no-tratada para o abastecimento. Como conseqncia, ela se torna o principal agente de transmisso de numerosas doenas como a diarria, o clera e o tifo.
As populaes ribeirinhas, em todo o mundo, abastecem-se sem a preocupao com o fato de as guas no estarem limpas.
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A gua um recurso renovvel mas suas reservas no so ilimitadas. O problema de escassez crucial para os pases subdesenvolvidos, que tm um rpido crescimento demogrfico e que se situam nas regies tropicais semiridas. No ano 2000, o mundo ter 25 cidades com mais de 10 milhes de habitantes, e algumas dessas megacidades, tais como Cairo (Egito), Calcut (ndia), Cidade do Mxico (Mxico) e mesmo So Paulo (Brasil), sofrero problemas de abastecimento de gua, seja por causa de uma demanda crescente, seja por causa da contaminao. Nos pases desenvolvidos, o aumento indiscriminado dos produtos qumicos txicos tornou-se tambm um problema de sade pblica. Como a biosfera um sistema fechado, as substncias que so lanadas na atmosfera no desaparecem. Assim, o uso do DDT, dos inseticidas clorados e outros pesticidas contamina a gua dos rios, dos mares e dos lenis subterrneos. O acidente com a fbrica Sandoz, na Sua, em 1986, tornou-se um exemplo desse tipo de poluio, pois provocou a morte de peixes e tornou, temporariamente, a gua do rio Reno imprpria para o consumo. Embora o uso desses produtos esteja proibido nos pases desenvolvidos, as empresas do setor qumico os produzem para vend-los nos pases subdesenvolvidos onde a legislao menos rigorosa. Outra forma de poluio a provocada pelos poluentes transportados pelos fluxos atmosfricos. Os gases lanados na atmosfera pelas fbricas e pelos carros (dixido de enxofre e xido de nitrognio) e os pesticidas vaporizados pela agricultura esto na origem das chuvas cidas. Os efeitos desse tipo de poluio so particularmente graves no norte da Europa e no nordeste dos Estados Unidos.
As fotos mostram duas formas de poluio do ar: pelas fbricas e pelos carros.
A gesto dos recursos naturais nos ltimos vinte anos ganhou maior eficincia e, ao que tudo indica, uma nova orientao. Como seria impossvel mudar a matriz energtica mundial, a soluo encontrada foi obter economias significativas no consumo de energia, graas a novas tecnologias. Assim, os sistemas inteligentes de iluminao e aquecimento dos edifcios e os sistemas eletrnicos para controle de consumo de combustvel dos carros conseguiram maior eficincia por unidade de energia consumida. O mesmo tipo de ao est se realizando em relao gua. Ainda que ela seja um recurso renovvel, preciso uma gesto cuidadosa dos recursos hdricos. Hoje, aproximadamente trinta pases vivem a ameaa de escassez de gua.
A energia, a gua, os minerais, entre outros recursos da natureza, no so inesgotveis. Nosso planeta um sistema fechado e ns estamos alcanando os seus limites. Por isso existe a necessidade de utilizar esses recursos de forma racional. As novas tecnologias devem ser difundidas para que sejam adotados novos comportamentos sociais, a partir de polticas ambientais. A sociedade conservacionista depende, fundamentalmente, do compromisso dos indivduos que a compem.
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os combustveis fsseis - carvo e petrleo - so os principais componentes da matriz energtica do mundo atual. O aumento do preo do petrleo forou a busca de fontes alternativas e a uma maior racionalizao; a lenha continua sendo um combustvel essencial nos pases pobres, e seu uso acarreta a destruio da cobertura florestal florestal; as jazidas das matrias-primas minerais so suficientes para garantir o abastecimento da indstria moderna. A reciclagem permite prolongar a vida til dos jazimentos; o recurso mais abundante na superfcie da Terra a gua Ela essencial gua. para todos os seres vivos, e sua qualidade fica, a cada dia, mais comprometida por causa das aes que tm levado a sua degradao; a criao de uma mentalidade conservacionista garantir o uso dos recursos naturais, com parcimnia, por todos os homens.
Exerccio 1 Quase do vapor dgua que se condensa e se precipita sob a forma de chuva na Regio Norte do Brasil so devolvidos atmosfera pela evapotranspirao da floresta pluvial amaznica.
A partir do texto e do esquema acima: a) Explique o mecanismo da evapotranspirao. b) Cite dois efeitos do desmatamento sobre o ciclo da gua na regio.
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Exerccio 2 O mercado mundial do petrleo foi profundamente modificado nos ltimos vinte anos. At 1973/1974, as Sete Irms (as grandes companhias petrolferas ocidentais - Exxon, Royal Dutch-Shell, Mobil Oil, Texaco, British Petroleum, Gulf Oil e Socal) controlavam o mercado mundial, mantendo baixos os preos do petrleo, apesar do aumento do consumo. Os pases exportadores eram penalizados por essa poltica. O primeiro choque do petrleo representa a revanche dos pases produtores. O preo do petrleo bruto duplicou em 1974. Em 1978, quando houve o segundo choque, ele praticamente triplicou.
Com base nos dados dos dois grficos, indique duas alternativas adotadas pelos pases consumidores de petrleo para enfrentar o aumento do preo desse produto. Exerccio 3 Cerca de 80% de todas as doenas do mundo se relacionam com o controle inadequado dos recursos hdricos, seja devido transmisso hdrica, como a febre tifide e clera, seja pela deficincia de gua para higiene, como em verminoses e tracoma, seja devido contaminao ou infestao de animais aquticos, como no caso da esquistossomose, seja devido s condies de gua onde se desenvolvem as larvas de insetos transmissores de molstias, como a malria, dengue, febre amarela e outros.
Conferncia de Alma Ata - Organizao Mundial da Sade - 1978
SITUAO DO SANEAMENTO BSICO NO BRASIL POR GRANDES REGIES
1988
a) Por que a populao brasileira est seriamente ameaada pela difuso de doenas relacionadas com o controle inadequado dos recursos hdricos? b) Por que o risco de contaminao diferenciado para os habitantes das diversas regies do Brasil?