Beatriz Teixeira Fiquer
Beatriz Teixeira Fiquer
Beatriz Teixeira Fiquer
PUC/SP
São Paulo
2015
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PUC/SP
São Paulo
2015
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BANCA EXAMINADORA
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AGRADECIMENTO
RESUMO
ABSTRACT
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO ............................................................................................ 12
CAPÍTULO 1: INTERTEXTUALIDADE
1.1. Considerações iniciais ................................................................. 19
1.2. Linguística textual e intertextualidade .......................................... 19
1.3. A intertextualidade ...................................................................... 20
1.4. Tipos de intertextualidade ......................................................... 21
1.5. Práticas intertextuais explícitas ................................................. 25
1.5.1. Paráfrase ....................................................................... 26
1.5.2. Paródia .......................................................................... 27
1.5.3. Pastiche ........................................................................ 30
1.5.4. Epígrafe ........................................................................ 30
1.5.5. Citação ......................................................................... 31
1.5.6. Referência .................................................................... 32
1.5.7. Alusão .......................................................................... 35
1.6. Détournement .......................................................................... 34
1.7. Texto, intertextualidade e conhecimento prévio ...................... 35
CAPÍTULO 2: A CRÔNICA
2.1. Considerações iniciais ............................................................. 44
2.2. Estudo sobre o gênero crônica. ............................................... 44
2.3. História da crônica e suas características ................................ 46
2.4. Drummond e a crônica ............................................................. 59
INTRODUÇÃO
Durante esses trinta anos, publicava regularmente três vezes por semana
nos jornais, o que culminou em mais de três mil textos.
Esses textos, se comparados à produção poética de Drummond, são bem
menos analisados. Geralmente são mencionadas as crônicas que foram
reunidas em livros, na busca de se estudar o gênero em si, o qual também
carece de estudos mais aprofundados se comparados aos outros gêneros
como a poesia, por exemplo.
Somado a isso, há o fato apontado por Gilberto Mendonça Teles de que
Drummond foi um dos que mais retomou Luís Vaz de Camões em sua obra.1
Logo na introdução da obra Camões e a poesia brasileira e o mito
camoniano na língua portuguesa, Teles (2001) refere-se às frequentes alusões
feitas por Drummond ao nome e à obra de Camões, e essa informação repete-
se em diversos momentos no seu livro, bem como menciona que “todos os
grandes poetas modernistas pagaram seu tributo à obra lírica e épica de
Camões, transformando-a em temas de poesia e, através de alusões,
paráfrases, intertextualizações, através de todas as formas de referência,
procuram homenagear Camões” (TELES, 2001, p. 189). Todavia, as retomadas
feitas pelos escritores brasileiros, mencionadas por Teles, referem-se
principalmente à poesia.
Diante do exposto, surgiu o interesse em realizar este trabalho cujo
objetivo é contribuir com os estudos intertextuais, evidenciando a importância
do fenômeno da intertextualidade, ao analisar a produção drummondiana,
especificamente as crônicas, enfocando os elementos indicadores de
intertextualidade nessas produções do escritor brasileiro com a vida e a obra
de Camões, ou seja, é analisar essas retomadas camonianas na prosa de
Drummond, verificando se este, em suas crônicas, menciona vida e obra do
vate português como o fez nas poesias, em poemas como “A máquina do
1
Comunicação pessoal do autor.
15
2
O poeta é Luís, Luís de Camões, cuja canção eterna é Os Lusíadas.
16
3
O artigo citado é: GUIMARÃES, Elisa. Camões nas águas da intertextualidade. In
Revista Camoniana, 3ª. série, vol.16, Bauru, São Paulo, 2004, p. 167-178. É
importante frisar que os artigos mencionados, incluindo este de Guimarães, são de
grande valia para os estudos em Língua Portuguesa, bem como devem ser
respeitados e considerados dada a seriedade e qualidade dos mesmos. O objetivo é
mostrar que há muito mais a ser analisado, há uma intertextualidade muito vasta entre
os dois autores, que vai além de um único poema do escritor brasileiro.
17
CAPÍTULO 1: INTERTEXTUALIDADE
1.3 A intertextualidade
Paráfrase
Parodia
Pastiche
4
Intertextualidade explícita Epígrafe
Citação
Referência
Alusão
Tradução
4
As autoras não abordam a intertextualidade implícita.
23
1.5.1 Paráfrase
1.5.2 Paródia
5
Os anos, em que ocorre a intensificação da paródia nos textos, correspondem, de
acordo com Sant”Anna, à infância de Drummond e, portanto, a um contexto do qual o
poeta irá se servir para suas composições, quando começar a escrever.
28
1.5.3 Pastiche
Está mais ligada à intertextualidade estilística, uma vez que remete a todo
um gênero, ultrapassando as expectativas do leitor quanto ao que concerne a
determinado tipo de texto. O pastiche “tem algo de nostálgico e algo de
proposta suplementar ao passado” (PAULINO, WALTY, CURY, 1995, p.42).
Piègay-Gros (2010) salienta que, como não está ligado ao tema do texto
imitado, mas ao estilo do autor, o pastiche é uma prática essencialmente
formal, não estando limitado, portanto, a uma obra, mas a toda a produção de
um determinado escritor.
Os exemplos de pastiche mais recorrentes se assemelham a uma
montagem como esta “Oração do estudante bagunceiro” que tem circulado nas
redes sociais:
1.5.4 Epígrafe
6
http://soracho.blogspot.com.br/2011/03/oracao-dos-estudantes-bagunceiros.html
Acessado em 04/06/2015
31
A sua voz
Por que ficasse a vida
Por o mundo em pedaços repartida.
(Camões, Canção X)
1.5.5 Citação
Notamos o uso das aspas uma vez que o autor da crônica fez uso das
palavras de Humpty-Dumpty – personagem de Alice no país das Maravilhas.
1.5.6 Referência
1.5.7 Alusão
1.6 Détournement
d) Transposição.
Ex.: Devo, não nego, pago quando puder. → Devo, não pago, nego
enquanto puder.
E na crônica de Drummond:
7
Em Beaugrande e Dressler (1981) os autores escrevem: “seven standards of
textuality”, em que “standards” pode ser traduzido como “norma”, “padrão” e até
mesmo “tipo”, princípios, por este motivo optamos pelo uso “princípios”. Contudo,
alguns autores, como Costa Val (1991) utilizam “fatores” de textualidade, como se
poderá verificar nas citações.
37
que o texto tenha sentido. Segundo Costa Val (1991, p. 5), a coerência
é o “fator fundamental da textualidade, porque é responsável pelo
sentido do texto.” Além disso, envolve os aspectos cognitivos, e não
só os lógicos e semânticos, “na medida em que depende do partilhar
de conhecimento entre os interlocutores” (ibidem), ou seja, conforme
Fávero (2004, p.10) afirma, “a coerência é o resultado de processos
cognitivos operantes entre os usuários e não mero traços de textos”,
uma vez que “os conceitos e as relações subjacentes ao teto de
superfície, se unem numa configuração, de maneira reciprocamente
acessível e relevante.” (ibidem)
c) Intencionalidade: refere-se à construção feita pelo produtor do texto,
ou seja, é o empenho “do produtor em construir um discurso coerente,
coeso e capaz de satisfazer os objetivos que tem em mente numa
determinada situação comunicativa.” (COSTA VAL, 1991, p.10).
Fávero (1985) aborda a intencionalidade em dois sentidos: estrito e
amplo. O primeiro consiste na “intenção do locutor de produzir uma
manifestação linguística coesiva e coerente, ainda que essa intenção
nem sempre se realize em sua totalidade” (p.32), em virtude das
situações que envolvem, essencialmente, a conversação. Já o sentido
amplo abrange todas as intenções do falante ao se comunicar.
d) Aceitabilidade: este princípio, por sua vez, refere-se ao receptor do
texto, a relevância que ele dá a informação (coesa e coerente) que lhe
é apresentada. Segundo Beaugrande e Dressler (2005, p.41) “uma
série de sequências que constituem um texto coeso e coerente é
aceito por um determinado receptor se este percebe que tem alguma
relevância, por exemplo, porque lhe serve para adquirir conhecimentos
novos ou porque permite cooperar com seu interlocutor na realização
de uma meta discursiva determinada”. Fávero (1985, p.35), assim
como fez com a intencionalidade, também fala de aceitabilidade em
sentido estrito e amplo. O sentido estrito “diz respeito à atitude do
alocutário de que a série de ocorrências deve constituir um texto
coesivo e coerente, que tem alguma relevância para ele, por exemplo,
veicular conhecimento ou permitir cooperação.” Já o amplo consiste
38
Um texto pode ser, dessa forma, lido “de diversas maneiras, num
processo de produção de sentido que depende do repertório textual de cada
leitor, em seu momento de leitura” (PAULINO, WALTY, CURY, 1995, p. 54),
afinal pode haver alteração no repertório do leitor constantemente. Assim
sendo, de acordo com Jenny (1979), a intertextualidade pode variar
dependendo da sensibilidade perceptiva dos leitores, já que cada um tem uma
experiência particular:
8
O conhecimento declarativo é “o conhecimento dado pelas sentenças e sua
proposições que organizam os conhecimentos a respeito de situações, eventos e fatos
do mundo real” (FÁVERO, 2004, p.62-63)
42
CAPÍTULO 2: A CRÔNICA
com o passar dos anos, uma vez que se tem notado que a crônica, ao
aparentar ser despretensiosa quanto à linguagem,
10
Caminha aqui é mencionada por ter redigido a Carta de Achamento do Brasil, pois
esse documento “assinala o momento em que, pela primeira vez, a paisagem
brasileira desperta o entusiasmo em um cronista, oferecendo-lhe a matéria para o
texto que seria a nossa certidão do nascimento” (SÁ, 2008, p. 5).
49
11
Drummond em suas crônicas faz isso constantemente: dialoga com o leitor, fala por
vezes da falta de assunto para redigir um texto, o que o inspirou a escrever tal crônica,
situações vivenciadas por ser cronista, etc.
50
12
Considerando que para este estudo foram lidas todas as crônicas da década de 1980,
escritas por Drummond para o Jornal do Brasil, ao concluir tal leitura é, de fato, possível montar
– mesmo que mentalmente - um panorama dos acontecimentos político-sociais da época, ou
seja, enquanto leitores das crônicas, ficamos a par das situações vividas à época,
51
autor cria seu texto a partir de um acontecimento diário, ‘que poderia passar
desapercebido ou relegado à marginalidade por ser considerado insignificante”
(SÁ, 2008, p.11).
Importante também dizer que, “o cronista (e, portanto a crônica), está
inserido num momento histórico, imprimindo em seu texto marcas de seu
tempo, de sua sociedade, revelando sua ótica de ver e sentir o mundo”
(FÁVERO, 2007, p. 74) e, em seu processo de criação, muitas vezes, o autor
retoma textos e acontecimentos anteriores e, então, é de suma importância que
o leitor tenha conhecimento prévio desses outros textos e fatos para que a
crônica seja vista como algo coerente. Ou seja, utiliza-se nessas produções
amplamente o recurso da intertextualidade.
De acordo com Candido (1992, p.17), especificamente no caso de
Drummond, temos um traço que se tornou comum na crônica moderna
brasileira: o “estilo, a confluência da tradição, digamos clássica, com a prosa
modernista” e, a partir desse estilo, culmina o que seria um resumo das
características desse gênero textual: a simplicidade, a brevidade e a graça,
esta última evidenciada por Candido, pois segundo o autor, quando nos
divertimos, muito aprendemos, assim, esses traços que formam a crônica “são
um veículo privilegiado para mostrar de modo persuasivo que , divertindo, atrai,
inspira e faz amadurecer a nossa visão das coisas” (CANDIDO, 1992, p. 19).
Candido (1992, p.22) ainda enfatiza a precisão com que Drummond
escreve e acrescenta que “a crônica brasileira bem realizada participa de uma
língua geral lírica, irônica, casual, ora precisa e ora vaga, amparada por um
diálogo rápido e certeiro, ou por uma espécie de monólogo comunicativo”.
Considerando as características dos cronistas brasileiros, Coutinho
(2004a) classifica-os em cinco categorias:
a) A crônica narrativa: mais próxima do conto, pois tem como eixo uma
história ou episódio. Coutinho (2004a) cita como exemplo o escritor
Fernando Sabino.
b) A crônica metafísica: formada por reflexões ou meditações sobre os
acontecimentos e/ou o homem. De acordo com Coutinho (idem), aqui
estão Machado de Assis e Carlos Drummond de Andrade.
c) A crônica poema-em-prosa: “de conteúdo lírico, mero
extravasamento da alma do artista ante o espetáculo da vida, das
55
13
As autoras fazem essa analogia com o mito de Cronos: “o deus Cronos, filho de Urano (o
Céu) e de Gaia (a Terra), destronou o pai e casou com a própria irmã, Réia. Urano e Gaia,
conhecedores do futuro, predisseram-lhe, então, que ele seria, por sua vez, destronado por um
dos filhos que gerasse. Para evitar a concretização da profecia, Cronos passou a devorar todos
os filhos nascidos de sua união com Réia. Até que esta, grávida mais uma vez, conseguiu
enganar o marido, dando-lhe a comer uma pedra em vez da criança recém-nascida. E, assim,
a profecia realizou-se: Zeus, o último da prole divina, conseguindo sobreviver, deu a Cronos
59
uma droga que o fez vomitar todos os filhos que havia devorado. E liderou uma guerra contra o
pai, que acabou sendo derrotado por ele e os irmão.” (BENDER e LAURITO 1993, p.10)
60
Temos aí uma crítica aos candidatos e políticos que não eram confiáveis e
a intensificação de que, de fato, “A eleição diferente” seria uma festa da
democracia.
Até a Academia de Letras seria uma zona eleitoral, com votação literária
em que ocorreria a eleição de quarenta mulheres – referindo-se ao contexto da
mulher no período que estavam começando a ganhar seu espaço na sociedade
como o direito ao voto dois anos antes – e terminaria com todos no “Bar
Vilarino, entre uísques”15.
A crônica se finda, falando então das eleições por todo o país, e já não só
no Rio de Janeiro, mas a nação toda em uma grande festa em que a paz e o
amor universais predominariam e intensificando que essa “eleição diferente”,
de fato, seria um sonho feliz. Isto remete à ideia de crônica de Bender e Laurito
(1993, p.44) de que a mesma é “um gênero do disfarce e ajuda a aguentar com
certa fantasia a vida e a realidade”, bem como comprova o que Sá (2008, p.9)
afirmou sobre o narrador, pois, uma vez que quem a narra “é o seu autor
mesmo, [...] tudo o que ele diz parece ter acontecido de fato, como se nós,
leitores, estivéssemos diante de uma reportagem”, ou seja, parece mesmo que
essa “eleição diferente” ocorreu, no Rio de Janeiro, em 1957.
Na Carta ao Ministro (também em Fala, amendoeira) tem-se,
primeiramente o hibridismo do gênero: o espaço ocupado no jornal e o modo
15
Bar Villarino, existente até os dias de hoje, está localizado no centro do Rio de
Janeiro e, de acordo com a página da internet do próprio estabelecimento, “virou
símbolo e referência da boemia carioca, onde ao final do expediente, poetas,
intelectuais, músicos, trabalhadores da justiça e da economia e outros profissionais,
amantes de uma boa bebida e um bom papo para descontrair” encontram-se desde
sua inauguração, em 1953.
66
Aqui, é citado o verso do Soneto “Este amor que vos tenho, limpo e puro”,
no qual no primeiro terceto diz:
16
No livro Lírica completa I, Maria de Lourdes Saraiva, em nota ao vilancete, na p.97,
explica que “as possíveis acepções de gonçalves e mendes têm sido muito discutidas”
e em seguida cita diversos autores e suas acepções sobre os termos camonianos.
72
comprova que o que Teles afirma com ênfase na poesia, também se aplica à
prosa de Drummond:
17
Primeiro verso da estrofe 120, Canto III de Os Lusíadas.
18
Constituição promulgada no dia 24 de janeiro de 1967 entrou em vigor no dia 15 de
março de 1967. Elaborada pelo Congresso Nacional, continha o Ato Institucional n. 4:
determinou a função de poder constituinte originário, ou seja, o poder passava
oficialmente para as mãos dos militares, após o golpe de 1964.
74
19
Essa crônica, a nosso ver, exemplifica as palavras de Ferron: há o retrato do
momento histórico na crônica; a mesma só tem esse sentido se soubermos o seu
contexto, o que se perde quando organizada em livro, daí o lugar desse gênero textual
ser, de fato, primeiramente, o jornal.
76
tem sua obra retomada, mas todos pertencem ao gênero poesia. Dá destaque
ao poema “Máquina do mundo” e aos estudos referentes ao mesmo, deixando
apenas evidente que fez um levantamento estatístico e não investigou as
crônicas do Jornal do Brasil precisamente.
20
Ver anexo
21
Idem
22
Idem
78
23
Ocorre quando o autor retoma um texto dele mesmo. No caso, Drummond retoma em A
moça disse “Alto lá”, uma crônica de sua autoria: Um servidor de Camões: o Morgado de
Mateus.
83
A Camões
Bardo insigne, a estrofe 153 do Canto Décimo dos teus
Lusíadas está recebendo na prática brasileira uma
complementação inesperada. Disseste lindamente que a
disciplina militar prestante não se aprende na fantasia,
sonhando, imaginando ou estudando, senão vendo, tratando e
pelejando. A Polícia Militar da Bahia, seguindo uma linha
esboçada há tempos pela sua colega do Rio de Janeiro,
acrescentou um item às formas de aprendizagem: fazendo
greve. Também demonstrou (ou demonstraram as duas) que o
custo de vida, cada vez mais estratégico, gera novo conceito
89
final da crônica, afinal se o leitor não estabeleceu a relação inicialmente (ou por
falta de conhecimento, ou por “desatenção”), o cronista brasileiro leva-o a fazê-
lo claramente no último parágrafo.
Além disso, mais uma vez, enaltece-se Camões. Antes da citação refere-
se ao poeta português como lírico e realista, ou seja, considerando que há uma
citação de outro escritor no início do parágrafo, a adjetivação é feita apenas ao
vate lusitano, sendo este, ao ver do cronista, mais poético e próximo da
realidade, mais próximo dos dias atuais.
No ano de 1982, na crônica de 23 de março, intitulada “Graciema,
Fazendeira”, ao dizer que seria bom uma reportagem sobre “o que fazem as
mulheres brasileiras, em seus diferentes tipos de vida”, Drummond cita o nome
de um episódio de Os Lusíadas, no lugar do vocábulo sociedade ou outro
similar:
seu povo, e serviu de leitura, estudos e até distração há muitos até os dias de
hoje.
Assim, a escolha das palavras, mais a estrutura frasal, remetem à
construção camoniana, ocorrendo, portanto, uma intertextualidade implícita.
Na crônica de 28 de junho de 1984, aparece pela última vez o nome de
Camões. No texto intitulado de “Mico-leão aos dez maiores escritores”, ao falar
do resultado de uma pesquisa feita por cinco jornais de cinco nações: França,
Inglaterra, Alemanha, Itália e Espanha a respeito de quais seriam os dez
maiores escritores do mundo, Drummond critica o fato de, além de poderem
escolher só dez nomes para formar a lista, não comporem a pesquisa as outras
nações europeias, e, portanto, outros grandes nomes, como Camões em
Portugal:
24
Saudação italiana de despedida; sinônimo de até logo, “tchau”. No caso do título da
crônica, pode ser entendido como adeus.
99
CONCLUSÃO
Crônica Intertextiualidade
A eleição diferente Explícita Paráfrase e Referência
Carta ao ministro Explícita Alusão e Referência
Vinte livros na ilha Explícita Citação do nome Camões
O principezinho Explícita Citação do nome Camões
Carta aos nascidos em Explícita Citação do nome e de um
maio verso camoniano
O outro nome do verde Explícita Citação, paródia,
détournement
Buganvílias Explícita Alusão
O nome Explícita Referência
Declara sua renda Implícita
Caso de arroz Explícita Citação
Caso de menino Explícita Citação do nome Camões
Antiga novidade: a terlua Explícita Paráfrase
O inativo é declarado Explícita Alusão
inativo
102
Implícita
Camões: história, Explícita Citação, referência, alusão
coração e linguagem
Bilhetes diversos Explícita Citação do nome e obra
camonianos. Referência.
Alusão.
Quatro minutos e olhe lá Implícita
O múltiplo bicho homem Implícita
Explícita Citação
Graciema fazendeira Alusão
Eu, etiqueta Alusão
Renda, eleições, Referência e alusão.
nuvens.
O incompetente na festa Alusão
O livro em palácio Implícita
Mico-leão aos dez Citação do nome de Camões
maiores escritores
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Acessado em 04/06/2015
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26/06/2015
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http://memoria.bn.br/DocReader/docreader.aspx?bib=030015_08&pasta=ano%20196&pes
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no%20196&pesq=Drummond
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no%20196&pesq=Drummond
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http://memoria.bn.br/DocReader/docreader.aspx?bib=030015_10&pasta=a
no%20198&pesq=Drummond Acessado em 22/06/2015
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