Para Ler Poesia - Modelo de Ensaio
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(OrganizadorAs)
Natal, 2013
LAÇO DE FITA:
DESEJO(,) PRESENTE(,) E(M) POESIA.
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Para Ler Poesia: Ensaios de Análise Poética
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rimas graves, pois todas as últimas palavras de cada verso são graves
ou paroxítonas (a sílaba acentuada é a penúltima).
No poema há repetição das consoantes “n” e “m”, predominan-
temente no decorrer da primeira, segunda e quinta estrofes. Na segun-
da há aliteração em “f”, significante na sonoridade (fingindo/folhagem,
formoso/fita); em “s” na segunda e na quinta; e, na terceira, repete-se
constantemente o “r”. Não percebemos repetições significativas de vo-
gais (assonância). As repetições da frase “laço de fita” se dá em todas
as estrofes, com leves alterações em sua introdução, o que gera outras
grades de conteúdo. Na primeira estrofe, a repetição da locução pre-
positiva “no” no terceiro verso - “Mas onde? No templo, no espaço, nas
névoas?!” - pode, além de outras interpretações, enfatizar a paixão e a
miragem da mulher amada por todos os lugares.
Diante de todas as análises que fizemos até agora, entende-
mos que Castro Alves utilizou tais recursos literários, como o da rima
de palavras, de sílabas ou de letras para conferir um ritmo, uma sono-
ridade e uma musicalidade ao poema Laço de Fita.
Em Laço de fita, o eu-lírico surge em tom claramente ingênuo e
simples, embora ainda sensual. Ele está envolvido em um laço de fita.
Na verdade, esconde-se um fetiche, um desejo nesse laço. O “laço
de fita”, usado por uma moça em meio a uma festa/um baile está em
todas as estrofes do poema para enfatizar o objeto que despertou
o desejo do eu-lírico por essa menina/mulher, que parece ser mais
nova que ele – “Não sabes, criança? ‘Stou louco de amores...”. O laço
é um adereço da “formosa Pepita”, objeto metonímico (parte de Pe-
pita que mexe com a libido do eu-lírico).
O laço de fita é uma metáfora que se metamorfoseia em vá-
rias, é um laço, pois une, prende, encadeia. A utilização das me-
táforas surge a partir da segunda estrofe, o eu-lírico se utiliza de
elementos da natureza para fazer uma relação com os cabelos de
Pepita e sua sedução:
Na selva sombria de tuas madeixas,
Nos negros cabelos da moça bonita,
Fingindo a serpente qu’enlaça a folhagem,
Formoso enroscava-se
O laço de fita.
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mos uma inversão dos papéis. Laço de Fita mostra uma moça sedu-
zindo um homem maduro, e toda essa sedução está “inocentemen-
te” descrita em todos os versos.
Podemos concluir que, em Laço de Fita, Castro Alves demons-
tra toda sua habilidade no manejo com as palavras e recursos literá-
rios. Encanta-nos com a sensualidade e também com a sonoridade e
musicalidade que está presente em todo o poema.
REFERÊNCIAS
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