Relatório Tratamentos Térmicos

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO SUL E SUDESTE DO PARÁ

INSTITUTO DE GEOCIÊNCIAS E ENGENHARIAS


FACULDADE DE ENGENHARIA MECÂNICA

ÍTALO SILVA SOUSA


MARIANA DE OLIVEIRA CARNEIRO
NATALICE CLÁUDIO DAMACENA

ANÁLISE COMPARATIVA DA DUREZA E MICROESTRUTURA DO


AÇO CA50 (SAE1045) ENTRE AMOSTRA NORMALIZADA E SEM
TRATAMENTO TÉRMICO.

MARABÁ
2023
ÍTALO SILVA SOUSA
MARIANA DE OLIVEIRA CARNEIRO
NATALICE CLÁUDIO DAMACENA

ANÁLISE COMPARATIVA DA DUREZA E MICROESTRUTURA DO


AÇO CA50 (SAE1045) ENTRE AMOSTRA NORMALIZADA E SEM
TRATAMENTO TÉRMICO.

Relatório de prática laboratorial apre-


sentado como avaliação da disciplina
Tratamentos Térmicos ministrada pela
professora Dra. Giselle Barata Costa
para o curso de Engenharia Mecânica
do Instituto de geociências e engenha-
rias da Universidade Federal do Sul e
Sudeste do Pará - Campus Marabá.

MARABÁ
2023
Sumário
1 INTRODUÇÃO 3
1.1 Visão Geral . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 3
1.2 Objetivos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 3

2 DESENVOLVIMENTO TEÓRICO 4
2.1 Ligas Fe − C . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 4
2.2 Tratamentos térmicos: normalização . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9

3 PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL 13
3.1 Materiais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13
3.2 Metodologia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13
3.3 Medições . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15

4 TRATAMENTO DE DADOS 16

5 CONCLUSÃO 18

REFERÊNCIAS 19
3

1 INTRODUÇÃO
1.1 Visão Geral
A utilização de ligas metálicas nos setores de engenharia e na indústria está di-
retamente relacionada com a capacidade desses materiais em resistir às cargas às quais
são submetidos durante sua utilização. Entretanto, é imperativo considerar outras ca-
racterı́sticas importantes desses materiais, como dureza, resistência ao calor e corrosão
(CHIAVERINI, 2008). A forma mais eficiente e segura de obter as caracterı́sticas deseja-
das para cada aplicação consiste em submeter o material a tratamentos térmicos. Neste
contexto, realizaremos uma análise comparativa da dureza e microestrutura do aço CA50
(SAE1045) entre uma amostra normalizada e outra não submetida a tratamento térmico,
com o intuito de compreender como a normalização impacta nas propriedades mecânicas
e estruturais deste material amplamente empregado na indústria.
O aço CA50 é uma liga de ferro-carbono com teor médio de carbono e elevada
resistência mecânica, tornando-o uma escolha frequente em diversas aplicações indus-
triais. No contexto geral, esta análise permitirá uma melhor compreensão de como o
procedimento afeta as propriedades do aço CA50, fornecendo informações valiosas para
otimização de processos industriais e seleção adequada de tratamentos térmicos, de acordo
com suas respectivas aplicações.

1.2 Objetivos
Esse relatório tem como objetivo identificar as fases alotrópicas do ferro e suas
microeestruturas resultantes, realizar a leitura do diagrama de fases do ferro carbono
(Fe-C), bem como analisar e registrar os resultados obtidos, através do tratamento da
amostra de aço CA50 (SAE1045) utilizada, comparando-os à literatura e relacionando a
estrutura do material, analisada micro e macrograficamente, às suas propriedades fı́sicas,
especificamente a dureza, ao processo de fabricação e ao desempenho de sua função.

• Entender o diagrama de fases do Fe-C;

• Identificar as fases alotrópicas do ferro;

• Realizar o tratamento térmico de normalização em uma amostra de aço CA50


(SAE1045);

• Identificar a microeestrutura do ferro após a normalização;

• Realizar teste de dureza da amostra.


4

2 DESENVOLVIMENTO TEÓRICO
2.1 Ligas Fe − C
O uso dos aços tem tido destaque na indústria há, pelo menos, dois séculos devido
à suscetibilidade dessas ligas de sofrerem modificações estruturais quando submetidas a
tratamento térmico, tendo como consequência a diferença de propriedades nesse material,
tornando possı́vel a adaptação destas no intuito de potencializar o desempenho do produto
em diversas aplicações.
O sistema ferro-carbono, que trata das ligas à base de ferro cujo seu elemento pincipal
é o carbono, permite a aquisição de variadas microestruturas em condições de equilı́brio ou
não (CHIAVERINI, 2008). Esse sistema possui teores de carbono que variam de 0.008 %
a 6.67 % (porcentagem que corresponde ao composto (F e3 C)) (CHIAVERINI, 2008).
Os produtos siderúrgicos são classificados de acordo com o teor de carbono, sendo
esses divididos em dois grupos: os aços e os ferros fundidos (CHIAVERINI, 2008). Os
aços com teor de carbono entre 0.008 % e 2.11 %, e os ferro fundidos com teor de carbono
entre 2.11 % até 6.67 % (PINEDO, 2021).
Os aço podem ser caracterizados e divididos em 3 grupos a partir da quantidade de
carbono presente em sua estrutura.
Aços de baixo carbono: geralmente com teor de carbono inferior a 0.3 %, têm
grande ductibilidade, não são temperáveis (PANNONI, 2001).
Aços de médio carbono: com teor de carbono entre 0.3 % a 0.7 %, se temperados
e revenidos apresentam boa resistência e tenacidade (PANNONI, 2001).
Aços de alto carbono: com teor de carbono superior a 0.7 %, são aços de elevada
dureza e resistência após serem submetidos a um processo de têmpera (PANNONI, 2001).
Essas alterações no reticulado cristalino são possı́veis devido à alotropia/polimorfismo
do ferro, que tem a capacidade de adquirir diferentes formas cristalinas cúbicas, chama-
das formas alotrópicas, em condições de pressão ambiente, dependendo unicamente da
temperatura (COLPAERT, 2008). O ferro (F e) possui um reticulado cristalino cúbico
(CHIAVERINI, 2008), e suas formas alotrópicas, no diagrama de equilı́brio, são o Ferro
cúbico de corpo centrado (CCC) e o Ferro cúbico de face centrada (CFC) (PINEDO,
2021).
O reticulado cristalino CCC corresponde às formas δ e α, enquanto o CFC corres-
ponde à forma γ. A primeira possui átomos de ferro em cada vértice do cubo e um átomo
em seu centro, conforme ilustrado na Figura 1, e a segunda possui átomos de ferro nos
vértices e nos centros de cada face do cubo, como também é representado na Figura 1.
5

Figura 1: Reticulados cristalinos do ferro. Fonte: (PINEDO, 2021), p.13

A forma δ (CCC) surge na solidificação do ferro e permanece estável até a tempe-


ratura de 1394ºC (CHIAVERINI, 2008). Ao atingir essa temperatura, os átomos do ferro
começam a se reorganizar, devido às forças atômicas, assumindo a forma γ (CFC) que per-
manece estável até os 912ºC. A partir desse ponto, ocorre uma transição de volta à forma
cristalina (CCC) e torna-se ferro α, como mostra a figura 2, abaixo dessa temperatura
não ocorrem mais rearranjos atômicos (PINEDO, 2021). A forma α possui propriedades
mecânicas semelhantes às da ferrita, no entanto, devido à sua formação somente em altas
temperaturas, não é de interesse industrial.

Figura 2: Transformações alotrópicas do ferro. Fonte: (PINEDO, 2021), p.15

O ferro γ, conhecido como austenita, é uma microestrutura apresentada na Figura


??. Trata-se de uma solução sólida situada entre as linhas de transformação A3 e Acm no
diagrama de fases do ferro-carbono. Essa fase é capaz de dissolver um teor máximo de
2.11 % de carbono a 1148ºC e um mı́nimo de 0.77 % de carbono a 727ºC (PINEDO, 2021).
Importante destacar que a presença do carbono amplia a faixa de temperaturas nas quais
o ferro γ está presente (CHIAVERINI, 2008). A austenita é considerada maleável e dúctil,
e é a única fase que pode se transformar em outras durante o resfriamento (AÇO, ).
6

Figura 3: Microestrutura do ferro γ. Fonte: (COLPAERT, 2008), p.101

A terceira fase alotrópica do ferro α, denominada ferrita e representada na figura


4, é também uma solução sólida. Ela é encontrada em aços com teor carbônico abaixo do
limite de solubilidade da cementita, ou seja, em ferro puro e em aços que dissolvem um
teor máximo de 0.02 % de carbono à temperatura de 727ºC e um teor próximo a 0.008 %
de carbono em temperatura ambiente (PINEDO, 2021). A ferrita possui baixa dureza e
é considerada ”mole”e dúctil (AÇO, ).
Todas essas transformações podem ser vistas, seguindo ordem de aparição de acordo
com o resfriamento, na figura 2.

Figura 4: Microestrutura do ferro α. Fonte: (COLPAERT, 2008), p.98

Quando esse limite de solubilidade na ferrita é excedido é notória a aparição do


carboneto de ferro F e3 C, chamado de cementita com 6.67 %C, cujo reticulado cristalino
difere das outras fases, sendo ortorrômbico com 12 átomos de F e e 4 átomos de C que
estão localizados nos interstı́cios, espaços/lacunas entre os átomos, dos átomos de ferro
(CHIAVERINI, 1977). Possui alta dureza, baixa tenacidade e ductilidade, sendo frágil e
quebradiça se exposta à esforços mecânicos (AÇO, ).
Tais fenômenos supracitados são essenciais, visto que condicionam importantes trans-
formações de fases durante o aquecimento e resfriamento nos processos de tratamen-
tos térmicos dessas ligas metálicas, e estas são encarregadas pelas propriedades fı́sicas e
quı́micas finais alcançadas durante esses tratamentos.
7

Figura 5: Microestrutura do carboneto de ferro. Fonte: (AÇO, )

As fases alotrópicas e os constituintes dos aços resultantes de tratamentos térmicos


podem ser vistos no diagrama de fases Fe − C, ou diagrama de equilı́brio, sendo este
fundamental para o estudo do comportamento das ligas metálicas durante o processo
de resfriamento a partir do estado sólido, correlacionando a porcentagem de carbono à
temperatura (PINEDO, 2021). É imperioso destacar que o diagrama apenas prevê o
comportamento das ligas se as condições de resfriamento se assemelharem às de equilı́brio
(PINEDO, 2021).
Dentro do diagrama de fases, exposto na figura 5, existem pontos, campos e linhas
de transformações importantes em função do teor de carbono (PINEDO, 2021). O dia-
grama ferro-carbono é na realidade um diagrama Fe − Fe3 C, ferro-cementita, visto que
a extremidade direita, referente à porcentagem de carbono, corresponde a 6.7 %C que
é a porcetagem correspondente ao carboneto de ferro (Fe3 C) conhecido também como
cementita (CHIAVERINI, 1977).

Figura 6: Diagrama de fases ferro-carbono. Fonte: (CHIAVERINI, 1977), p.24

O ponto eutetóide é o mais relevante para o estudo dos tratamentos térmicos, uma
vez que o ponto eutético se encontra a uma porcentagem de 4.3 %C que corresponde aos
classificados ferro fundido, e o ponto peritético na parte superior do diagrama, em torno
do ponto A, não apresenta nenhum interesse comercial (CHIAVERINI, 1977). Localizado
8

a uma temperatura de 727°C e uma porcentagem de carbono equivalente a 0.77 %, o ponto


eutetóide é a transformação simultânea de uma fase sólida em duas outras fases sólidas
distintas, ou seja, a decomposição da austenita em um agregado de ferrita e cementita,
que é denominado perlita (PINEDO, 2021).
Com caracterı́sticas intermediárias às de seus constituintes, a perlita apresenta mi-
croestrutura com aspecto visual lamelar, a parte clara sendo a ferrita e a escura a cementit.
Exibe maior dureza que a ferrita pela adição da cementita e maior tenacidade e ductili-
dade que a cementita devido à presença da ferrita, logo as propriedades mecâncias dessa
microestrutura dependem do tamanho o grão da cementita (CHIAVERINI, 2008).
Aços com teores de carbono abaixo de 0.77 % são nomeados hipoeutetóides, caso
o teor seja maior que 0.77 %C são denominados hipereutetóides (PINEDO, 2021). A
influência desse ponto é analisada nas microestruturas resultantes nos processos de res-
friamento, onde há a formação de fases pró-eutetóides, que são caracterizadas como fases
resultantes do resfriamento a partir da zona crı́tica de austenitização à temperaturas acima
da temperatura eutetóide. Nos hipoeutetóides ocorre a formação da perlita pró-eutética,
e nos hipereutetóides a fase pró-eutética formada é a cementita (PINEDO, 2021).
O diagrama 6, ferro-cementita, assume um resfriamento sempre lento permitindo
que a difusão do carbono ocorra durante as transformações sem a restrição de tempo e
temperatura, próximas ao equilı́brio termodinâmico (PINEDO, 2021). Entretanto, ao se
admitir maior velocidade de resfriamento, observa-se a diminuição das temperaturas de
transformação da austenita (CHIAVERINI, 2008).
O diagrama TTT (tempo, temperatura, transformação), ou em C, relaciona a veloci-
dade de resfriamento às microestruturas resultantes, indicando as curvas de transformação
dos arranjos microscópicos e os contituintes obtidos para o resfriamento em dada faixa
de temperatura. Esse aquecimento e resfriamento, quando controlados, são denominados
tratamentos térmicos, isto é, quando um material é submetido à condições manipuladas
desses dois processos para alteração de suas propriedades fı́sicas e mecânicas (PINEDO,
2021).

Figura 7: Diagrama TTT para aço eutetóide. Fonte: (CHIAVERINI, 2008), p.29
9

Evidencia-se na figura 7, o surgimento de outra fase alotrópica do ferro conhecida


como martensita, uma fase metaestável, ou seja não ocorre nas condições de equilı́brio
termodinâmico, e só é obtida quando realizado um resfriamento rápido (COLPAERT,
2008). A martensita, figura 8, diferente das outras fases alotrópicas, não ocorre por
difusão, logo, os átomos não têm tempo para se reorganizarem. É formada por mecanismo
de cisalhamento, que gera altas tensões internas, apresenta maior dureza, aspecto acicular
e alta fragilidade (AÇO, ).

Figura 8: Microestrutura da martensita. Fonte: (COLPAERT, 2008), p.193

A bainita, que assim como a perlita é composta por ferrita e cementita, também surge
no diagrama, e difere da perlita apenas na geometria da microestrutura, que assim como
a martensita é acicular. Podendo assim, admitir que sua formação envolve mecanismos de
difusão e cisalhamento (CHIAVERINI, 2008). É obtida, grande parte das vezes, através
do resfriamento isotérmico abaixo do joelho das curvas em C normais (CHIAVERINI,
2008).

Figura 9: Microestrutura da bainita. Fonte: (COLPAERT, 2008), p.199

2.2 Tratamentos térmicos: normalização


Diferente dos tratamentos termoquı́micos, os tratamentos térmicos convencionais
resultam em estruturas mais grosseiras e com maior granulometria (COLPAERT, 2008),
visto que sua aplicação é voltada para a melhoria das propriedades mecânicas dos aços.
Entretanto, a normalização, tratamento convencional, similarmente aos processos ter-
moquı́micos permite a obtenção de estruturas mais homogêneas e refinadas (COLPAERT,
2008).
10

Esse tratamento é bastante similar ao processo de recozimento pleno, apresentando


divergência apenas no processo de resfriamento, uma vez que no recozimento a peça é
resfriada no forno e na normalização ao ar, calmo ou forçado (PINEDO, 2021). Além
de resultar em uma estrutura mais homogênea, esse processo melhora propriedades como
a resistência, e tenacidade dos aços (COLPAERT, 2008). O refino dos grãos confere
à peça normalizada uma melhor maquinabilidade e melhores condições de tratamentos
posteriores, como a têmpera e o revenimento (CHIAVERINI, 1977).
Posto isso, a normalização é normalmente empregada em casos de homogeinização
microestrutural de materiais fundidos e forjados, especialmente se possuirem grandes di-
mensões (COLPAERT, 2008). É utilizada também para homogeinização microestrutural
de peças que foram submetidas a um tratamento mal sucedido, ou desvios de tratamento,
antes da repetição do tratamento térmico (COLPAERT, 2008).
O processo consiste no aquecimento do aço a cerca de 60°C acima da linha de
austenitização, linha que pode sofrer alteração mediante ao teor de carbono presente
nos aços. Para aços hipoeutetóides é a linha A3 , eutetóides A1 e hipereutetóides Acm
(CHIAVERINI, 2008). O material é aquecido até que seja obtida temperatura homogênea
em toda a peça, a variação da temperatura de aquecimento de normalização dos aços SAE,
classificação normativa, pode ser observada na tabela 1 (CHIAVERINI, 1977).

SAE 1015 a 1020 880°C a 910°C


SAE 1035 850°C a 880°C
SAE 1040, 1045 e 1050 825°C a 850°C
SAE 1060 800°C a 825°C
SAE 1090 800°C a 825°C

Tabela 1: Temperaturas de normalizaçãos dos aços SAE. Fonte: (CHIAVERINI, 1977), p.62

Posterior a esse aquecimento o material é retirado do forno e resfriará ao ar, sendo


um processo lento mas mais rápido que o resfriamento do recozimento pleno (PINEDO,
2021), esse processo pode ser exemplificado no ciclo térmico esquematizado na figura 10.

Figura 10: Representação esquemática do ciclo térmico para a normalização de um aço hipoeutetóide,
exibindo distinguindo as condiçoes de resfriamento ao ar e no forno. Fonte: (PINEDO, 2021), p.114

Analisando o diagrama TTT para o processo de normalização identifica-se que o


11

produto desse processo é a perlita fina (PINEDO, 2021), demonstrado na figura 11, para
um aço eutetóide. Para aços hipoeutetóides e hipereutetóides há a adição das fases pró-
eutéticas ferrita e cementita, respectivamente, à perlita fina (CHIAVERINI, 1977).

Figura 11: Curvas TTT para normalização. Fonte: (CHIAVERINI, 2008), p.62

Entretanto, dependendo da clasificação do aço (fator que altera a forma e posição


das curvas em C) existe a possibilidade da formação da bainita, como mostra a figura 12
a seguir.

Figura 12: Formação da bainita no processo de normalização. Fonte: (CHIAVERINI, 2008), p.63

Portanto, as microestruturas obtidas após esse tratamento são mais refinadas, com
grãos mais homogêneos e menores, apresentam diminuição da dureza, bem como melhora
da tenacidade, ductilidade (CHIAVERINI, 2008), e da usinabilidade, facilitando processos
posteriores (SILVA; BASTOS, ).
As microestruturas obtidas após a normalização podem ser vistas a seguir:
12

Figura 13: Aço AISI 1045 normalizado, presença de ferrita pró-eutetóide e perlita. Ataque: Nital 2 %.
Fonte: (COLPAERT, 2008), p.269

Figura 14: Aço com C=0.45 % e Mn=0.77 % normalizado. Apresenta ferrita pró-eutetóide em rede nos
contornos de grão austenı́ticos anteriores. Ataque: Nital. Fonte:(COLPAERT, 2008), p.269
13

3 PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL
3.1 Materiais
• Vergalhão (aço CA50 SAE1045)

• Forno Mufla (CienlaB)

• Lixadeira e politriz modelo PLF (Fortel)

• Lixas 80,150, 220, 400, 600, 800 e 1200 (3M)

• Pano de polimento

• Pasta diamantada 1 µm (Geolit)

• Lubrificante (Detergente FC)

• Microscópio óptico

• Ácido para Ataque (Nital 3 %)

• Ácido para Ataque (Nital 3 % de descarte)

• Secador

• Durômetro portátil digital em escala leeb HL (Digimess 400.130-plus)

3.2 Metodologia
O vergalhão CA50 SAE1045 foi inicialmente dividido em duas amostras distintas.
A primeira seção de corte é identificada como a amostra não tratada, enquanto a outra
seção é denominada como a amostra normalizada. Na primeira amostra, um processo de
lixamento foi executado em uma de suas faces utilizando a politriz, a granulometria das
lixas foi aumentada gradualmente durante o procedimento. Após a utilização de todas
as lixas, foi realizado o polimento da amostra, seguido por um ataque quı́mico com Nital
3 %, a fim de revelar a microestrutura do material. Posteriormente, a peça foi examinada
sob um microscópio para capturar a imagem referente à Figura ??.
No preparo da segunda amostra, o forno foi aquecido até atingir a temperatura de
920°C, que está dentro da faixa recomendada de 750°C a 950°C, conforme descrito em
(SANTOS, 2021). Após alcançar a temperatura desejada, a peça foi colocada no forno
e mantida nessa condição por aproximadamente 1 hora, tempo considerado suficiente
para assegurar a homogeneidade da temperatura, dado o tamanho reduzido da peça. Em
seguida, a peça foi retirada do forno e resfriada ao ar. Depois de resfriada, a amostra
14

foi submetida aos mesmos procedimentos da amostra 1, incluindo lixamento, polimento,


ataque quı́mico e, por fim, a captura de imagem (Figura 17).

Figura 15: Microestrutura da amostra


SAE1045 como recebida. Presença de ferrita
pró-eutetoide e cementita, não é possı́vel identi- Figura 16: Zona ampliada da figura 15.
ficar fase perlı́tica nesse aumento. Ataque: Ni- Fonte: Elaborado pelo autor (2023).
tal 3 %. Ampliação: 100x. Fonte: Elaborado
pelo autor (2023).

Figura 17: Captrura da microestrutra normalizada. Ampliação: 100x. Ataque: Nital 3 %. Fonte:
Elaborado pelo autor (2023).

Figura 18: Microestrutura da amostra nor-


malizada. Presença de perlita fina, ferrita pró- Figura 19: Zona ampliada da figura 19.
eutetóide e ferrita de Widmanstatten. Am- Fonte: Elaborado pelo autor (2023).
pliação: 200x. Ataque: Nital 3 % descarte.
Fonte: Elaborado pelo autor (2023).
15

Posto isso, após comparação das micrestruturas capturadas das duas amostras,
procedeu-se o teste de dureza em ambas utilizando a escala Leeb HL por meio de um
durômetro. Foram realizadas três medições para cada, conforme apresentado na tabela 2,
visando a comparação entre os resultados obtidos àqueles presentes na literatura.

3.3 Medições
Após a realização do tratamento, as durezas de cada amostra foram comparadas,
e observou-se que a média de dureza da amostra 2 é menor do que a da amostra 1. Os
valores indicam que o resultado obtido está em conformidade com o esperado, evidenci-
ando melhorias nas resistências mecânicas, usinabilidade e ductilidade do material, além
da redução das tensões presentes. De acordo com a análise dos valores, pode-se concluir
que o processo de normalização executado na amostra foi bem-sucedido, uma vez que
resultou em uma diminuição da dureza da amostra 2 em comparação com a amostra 1.
Os dados coletados estão detalhados na Tabela ??.

Tabela 2: Dados refêrentes as durezas das amostras realizadas com o durômetro.


Medidas Sem tratamento (HL) Com tratamento(HL)
1 471 419
2 425 426
3 418 409
Média 438 418
Fonte: Elaborado pelo autor (2023).
16

4 TRATAMENTO DE DADOS
Após o processo de coleta de dados da prática realizada, é possı́vel comparar os
resultados obtidos com as microestruturas já existentes que passaram pelo processo de
normalização.
Ao analisar a microestrutura da amostra sem tratamento, conforme recebida, nota-
se uma grande quantidade de ferrita e cementita, semelhante à figura 20. No entanto,
devido à ausência de imagens com aumento maior, a estrutura lamelar perlı́tica não pôde
ser observada.
Na amostra normalizada, apesar da ocorrência de superfı́cie queimada durante o
ataque quı́mico, é perceptı́vel a fusão das duas fases do material 1 na forma de perlita.
As áreas mais escuras correspondem a colônias de perlita formadas devido à orientação
cristalográfica da ferrita + cementita, enquanto uma fase clara de ferrita também é visı́vel.
Além disso, nota-se a presença de ferrita de Widmanstatten 21, composta por placas late-
rais de ferrita que precipitam e crescem ao longo dos contornos de grão da austenita ou da
ferrita alotriomórfica, ou ainda em torno de inclusões. Essa estrutura é mais pronunciada
quando há um aumento da granulometria da austenita, teores intermediários de carbono
e um resfriamento mais rápido em relação à temperatura A3, como discutido em (SILVA,
2021). Essa estrutura se assemelha a rachaduras e pode ser melhor visualizada na figura
19.
Comparando a microestrutura obtida por meio da normalização com as figuras 13
e 22, é possı́vel constatar a formação de ferrita pró-eutetóide, devido à caracterı́stica
hipoeutetóide do aço SAE 1045, como descrito anteriormente, juntamente com perlita.
Essas microestruturas coincidem com as obtidas pelo resfriamento lento ao ar, conforme
descrito na literatura.

Figura 20: Microestrutura do aço SAE 1045 como recebido. APresenta microestruturas compatı́veis
com a ferrita irculados em vermelho. Aumento de 200x. Fonte: (SILVA; BASTOS, )
17

Figura 21: Formatos da ferrita de Widmanstatten. Fonte: (CAO et al., 2022)

Figura 22: Aço SAE 1045 nomalizado. Ampliado 500x. Fonte: (SILVA; BASTOS, )

Os testes de dureza foram realizados com o objetivo de comparar o comportamento


do material após ter passado por seu respectivo tratamento térmico, os valores explicitados
na tabela 1 confirmam que a dureza do material diminui após o processo de normalização,
aprimorando outras qualidades desejadas no material, como sua usinabilidade. Tais re-
sultados, confirmam a teoria descrita anteriormente no relatório.
Logo, o aperfeiçoamento das propriedades e os componentes microestruturais anali-
sados imagens capturadas corroboram o êxito do tratamento térmico ao qual a peça fora
submetida.
18

5 CONCLUSÃO
A investigação prática sobre a normalização dos aços possibilitou a observação
dos efeitos que este tratamento térmico exerce sobre as propriedades microestruturais
e mecânicas do material. Esse tratamento, que envolve o aquecimento à uma tempera-
tura acima da linha de transformação seguido de um resfriamento lento ao ar, demonstrou
ser eficaz na homogeneização e refino da microestrutura, resultando em uma distribuição
mais uniforme de ferrita e perlita, resultado esse que melhora a usinabilidade da peça.
Este processo contribuiu também para a eliminação de efeitos indesejados de tra-
tamentos anteriores, como por exemplo as tensões residuais, fornecendo ao aço melhores
caracterı́sticas mecânicas como tenacidade e ductilidade. Observou-se que aços norma-
lizados apresentaram uma relação apropriada entre dureza e tenacidade, fato pode ser
relevante para aplicações industriais nos quais a resistência ao desgaste e a ductilidade
são propriedades cruciais.
Sugere-se que, para a obtenção de melhores resultados, seja dada especial atenção
às especificações do tipo de aço, como a porcentagem de carbono e elementos de liga,
e às temperaturas de aquecimento utilizadas, evitando o superaquecimento que acarreta
o aumento do grão da austenita. A variação desses fatores pode resultar em diferentes
microestruturas, afetando as propriedades finais do material.
A avaliação comparativa entre as duas amostras de aço CA50 SAE1045, sendo uma
delas submetida ao tratamento térmico de normalização, permitiu a análise visual das
microestruturas e de propriedades, tal como, a realização do processo completo de trata-
mento térmico e preparo da amostra.
Outrossim, a aplicação deste processo permitiu aos alunos a aquisição de concei-
tos e prtáticas laboratoriais indispensáveis para a formação profissional, como também
acrescentou habilidades de trabalho em grupo e desenvolvimento de relatório seguindo as
normas técnicas (ABNT).
Posto isso, o estudo minucioso dos tratamentos térmicos, da aplicação do material,
e a composição do mesmo são indispensáveis durante a escolha do tratamento térmico a
ser aplicado, visando sempre adequar custo benefı́cio às necessidades as quais o produto
final deverá atender.
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Referências
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CAO, S.; WU, S.; ZHANG, C.; ZHANG, Q. Three-dimensional morphology and analysis
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