FlaviaBarrosLima Aço de Baixa Liga

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MICROESTRUTURA E TENACIDADE DE AÇOS BAIXA LIGA TIPO 41XX - UMA

ABORDAGEM QUANTITATIVA

Flávia Barros Lima

DISSERTAÇÃO SUBMETIDA AO CORPO DOCENTE DA COORDENAÇÃO DOS


PROGRAMAS DE PÓS-GRADUAÇÃO DE ENGENHARIA DA UNIVERSIDADE
FEDERAL DO RIO DE JANEIRO COMO PARTE DOS REQUISITOS
NECESSÁRIOS PARA A OBTENÇÃO DO GRAU DE MESTRE EM CIÊNCIAS EM
ENGENHARIA METALÚRGICA E DE MATERIAIS.

Aprovada por:

_________________________________________________

Prof. Luiz Henrique de Almeida, D.Sc.

_________________________________________________

Prof. Dilson Silva dos Santos, D.Sc.

________________________________________________

Prof. Luiz Paulo Mendonça Brandão, D.Sc.

________________________________________________

Prof. Sidnei Paciornik, D.Sc.

RIO DE JANEIRO, RJ – BRASIL

JANEIRO DE 2006
LIMA, FLÁVIA BARROS

Microestrutura e Tenacidade de Aços

Baixa Liga Tipo 41XX - Uma Abordagem

Quantitativa [Rio de Janeiro] 2006

X, 188 p. 29,7 cm (COPPE/UFRJ,


M.Sc., Engenharia Metalúrgica e de
Materiais, 2006)

Dissertação – Universidade Federal


do Rio de Janeiro, COPPE

1. Microestrutura e Tenacidade

2. Aços baixa liga tipo 41XX

I. COPPE/UFRJ II. Título ( série )

ii
Ao meu marido, Robert,

à minha mãe, Elizabeth,

e aos meus irmãos, Aimée e Fabrício.

iii
AGRADECIMENTOS

Ao Prof. Luiz Henrique de Almeida, pela orientação, pela amizade, pela confiança,
pelos ensinamentos diários, por seu exemplo profissional e por ter tornado meu
caminho pelo Mestrado possível nesses dois últimos anos.

À Dr.a Annelise Zeemann, pela orientação, pela amizade, pelas idéias e dedicação
para que este trabalho se realizasse, por seu exemplo profissional e por sua valiosa
contribuição na minha vida profissional nos últimos cinco anos.

Aos Técnicos do PEMM, pela ajuda durante a parte experimental, em especial ao


Oswaldo Pires Filho, pela enorme boa vontade e paciência durante a preparação
das amostras.

Aos alunos de Iniciação Científica, Raquel Ferreira e Amaro Vitor, pela amizade e
grande ajuda na realização dos ensaios.

Aos colegas e amigos do Laboratório de Propriedades Mecânicas, em especial


Monique e Viviane Azambuja, Paula Siquara, Frederico Nunes, Raquel Lavouras,
Taís Munhoz e Maurício Noronha.

Ao Dr. Paulo Roberto Emygdio da Tecmetal Consultoria em Materiais, pela cessão


das amostras e disponibilização dos laboratórios. Aos funcionários da Tecmetal, pela
grande ajuda na parte experimental, em especial ao Eng. Carlos Henrique e aos
Técnicos Gabriela, André e Lúcio.

Ao Prof. Sidnei Paciornik e ao Dr. Marcos Henrique de Pinho Maurício do DCMM-


PUC/RJ, pela disponibilização do Laboratório de Microscopia Digital e pela grande
ajuda e boa vontade para elaboração das rotinas de aquisição e processamento de
imagens.

Ao IME, na pessoa do Capitão André Pinto, por ter disponibilizado a utilização do


MEV e do Microdurômetro.

Ao CNPq pelo suporte financeiro para realização deste trabalho.

Ao meu marido, à minha mãe e aos meus irmãos, que são as pessoas mais
importantes da minha vida, pelo apoio, pela ajuda, pelo amor e pela confiança
incondicionais. Por entenderem a minha ausência, respeitar as minhas decisões e
desejarem sempre o melhor para mim.

Ao Oskar, pela ajuda, pelo respeito e pelo incentivo profissional.

iv
Resumo da Dissertação apresentada à COPPE/UFRJ como parte dos requisitos
necessários para a obtenção do grau de Mestre em Ciências (M.Sc.)

MICROESTRUTURA E TENACIDADE DE AÇOS BAIXA LIGA TIPO 41XX - UMA


ABORDAGEM QUANTITATIVA

Flávia Barros Lima

Janeiro/2006

Orientador: Luiz Henrique de Almeida

Programa: Engenharia Metalúrgica e de Materiais

Dentre os diversos elementos de uma coluna de perfuração de poços de


petróleo as conexões tecnicamente conhecidas como subs desempenham um papel
importante. Entretanto, falhas frágeis têm sido freqüentemente reportadas e, por
essa razão, são objeto de estudo neste trabalho. Esses componentes devem
atender aos requisitos do código API Spec 7 "Specification for Rotary Drill Stem
Elements" que inclui apenas propriedades de resistência mecânica em tração e
dureza mínima na superfície, sem requisitos de tenacidade. De uma forma geral, o
material utilizado na fabricação dos subs são os aços baixa liga da família 41XX.
Neste trabalho foram estudadas amostras retiradas de 30 subs de procedências
desconhecidas que apresentam diâmetro, composição química, propriedades
mecânicas e processo de fabricação diferentes. O objetivo do trabalho foi criar um
método para correlacionar numericamente as variáveis metalúrgicas com os valores
de energia Charpy V, os quais se mostraram entre 10J e 64J nos ensaios à
temperatura ambiente. A razão LE/LR, a concentração de carbono, o tamanho de
grão da austenita prévia e a quantificação das inclusões se mostraram os fatores
predominantes nesta correlação.

v
Abstract of Dissertation presented to COPPE/UFRJ as a partial fulfillment of the
requirements for the degree of Master of Science (M.Sc.)

MICROSTRUCTURE AND TOUGHNESS OF 41XX TYPE LOW ALLOY STEELS - A


QUANTITATIVE APPROACH

Flávia Barros Lima

January/2006

Advisor: Luiz Henrique de Almeida

Department: Metallurgical and Materials Engineering

Among the many parts of an oil well drilling column the connections known as
subs carry out an important role. Fragile failures are frequently reported for these
connections. The reasons for the failures are studied in this work. These parts must
meet API Spec 7 "Specification for Rotary Drill Stem Elements" code requirements
which include only tensile strength properties and minimum surface hardness, with
no toughness requirement. In general, the materials used in manufacturing subs are
low-alloy steels of the 41XX type. Specimens from 30 subs gathered from unknown
sources that have different diameter, chemical composition, mechanical properties
and manufacturing process were studied in this work. The purpose was to create a
method to numerically correlate the metallurgical parameters with V-notch Charpy
impact energy values, which vary between 10J and 64J at room temperature. The
yield-tensile strength ratio, the carbon concentration, the austenitic grain size and the
inclusions quantification showed to be the predominant factors in this correlation.

vi
ÍNDICE

CAPÍTULO I - INTRODUÇÃO.....................................................................................1

CAPÍTULO II - REVISÃO BIBLIOGRÁFICA...............................................................3

II.1- Componentes de ligação em colunas de perfuração (subs).....................3

II.2- Material......................................................................................................5

II.2.1- Microconstituintes.......................................................................7

II.2.2- Tratamento Térmico de Têmpera e Revenimento de Aços


HTLA...................................................................................................10

II.2.2.1- Têmpera....................................................................10

II.2.2.2- Temperabilidade........................................................11

II.2.2.3- Revenimento..............................................................17

Martensita Revenida...................................................17

Revenido da Bainita....................................................21

II.3- Tenacidade e Fatores Correlatos............................................................22

II.3.1- Composição Química...............................................................22

II.3.1.1- Segregações..............................................................23

II.3.1.2- Impurezas..................................................................26

II.3.1.3- Carbono.....................................................................27

II.3.1.4- Elementos de Liga.....................................................28

II.3.2- Fatores Microestruturais.......................................................... 28

II.3.2.1- Inclusões....................................................................29

II.3.2.2- Segregação em Contornos de Grão e Carbetos.......33

II.3.2.3- Microestrutura............................................................34

II.3.3- Processamento.........................................................................35

II.3.3.1- Taxa de Redução......................................................35

II.3.3.2- Efetividade do Tratatamento Térmico........................37

II.3.3.3- Temperatura de Austenitização.................................39

vii
II.3.4- Fatores Mecânicos...................................................................40

II.4- Correlação Numérica entre Propriedades Mecânicas e Variáveis


Metalúrgicas...................................................................................................44

CAPÍTULO III - MATERIAIS E MÉTODOS...............................................................51

III.1- Materiais.................................................................................................51

III.2- Obtenção das Amostras.........................................................................51

III.3- Análise Química.....................................................................................53

III.4- Fractografia............................................................................................53

III.5- Análise Microestrutural...........................................................................53

Preparação das Amostras para Metalografia.....................................53

Caracterização das Inclusões por Microscopia Ótica e EDS.............53

Caracterização do Bandeamento.......................................................54

Caracterização dos Microconstituintes...............................................54

Caracterização do Tamanho de Grão................................................55

III.6- Ensaios de Dureza.................................................................................56

III.7- Ensaios de Microdureza.........................................................................56

CAPÍTULO IV - RESULTADOS E DISCUSSÃO.......................................................57

IV.1- Propriedades Mecânicas................................. .....................................57

IV.2- Composição Química................................. ...........................................63

IV.3- Inclusões e Fratura................................. ..............................................67

IV.4- Bandeamento................................. .......................................................74

IV.5- Microestrutura e Microdurezas........................................... ..................78

V.6- Tamanho de Grão da Austenita Prévia...................................................82

IV.7- Fatores Determinantes para a ECV.........................................................85

CAPÍTULO V - CONCLUSÕES.................................................................................87

CAPÍTULO VI - SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS..............................89

CAPÍTULO VII - REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS...............................................90

viii
ANEXO I – CARACTERIZAÇÃO METALÚRGICA...................................................97

ANEXO II – INCLUSÕES E FRACTOGRAFIAS.....................................................158

ANEXO III – ANÁLISE MICROESTRUTURAL POR MEV......................................180

ix
LISTA DE SÍMBOLOS E NOMENCLATURAS

API - American Petroleum Institute

CE – carbono equivalente

CP – corpo de prova

ECV – energia de resistência ao impacto Charpy V

EPS – energia de patamar superior

ETDF – energia de transição dúctil frágil

fv – fração volumétrica

HB – dureza em Brinnell

HRC – dureza em Rockwell C

HTLA - heat treatable low alloy steels (aços baixa liga tratáveis termicamente)

HV – dureza em Vickers

LE – tensão limite de escoamento

LE/LR – razão entre tensão limite de escoamento e tensão limite de resistência

LR – tensão limite de resistência

MET - Microscopia Eletrônica de Transmissão

MEV – Microscopia Eletrônica de Varredura

MO – Microscopia Ótica

RA – redução de área em tração

TG – tamanho de grão da austenita prévia

TTDF – temperatura de transição dúctil frágil

εT – deformação total em tração

x
CAPÍTULO I

INTRODUÇÃO

A indústria do petróleo vem enfrentando desafios cada vez mais complexos,


particularmente na fase de exploração durante a etapa de perfuração, onde a
integridade dos equipamentos e componentes passa a ser um dos fatores mais
estratégicos da operação. Dentre os diversos elementos de uma coluna de
perfuração as conexões tecnicamente conhecidas como subs desempenham um
papel importante. Entretanto, falhas frágeis têm sido freqüentemente reportadas e,
por essa razão, são objeto de estudo neste trabalho.

Os subs funcionam como interfaces entre peças da coluna de perfuração que


apresentam tamanhos de rosca diferentes ou projetos incompatíveis, integrando um
sistema de circulação de lama que opera em temperaturas superiores a 100ºC [1].
Esses componentes devem atender aos requisitos do código API Spec 7
"Specification for Rotary Drill Stem Elements" que inclui apenas propriedades de
resistência mecânica em tração e dureza mínima na superfície, sem requisitos de
tenacidade.

De uma forma geral, o material utilizado na fabricação dos subs são os aços
baixa liga da família 41XX. Esses aços são ligados ao Cromo (~1%) e ao Molibdênio
(~0,2%) e atingem alta resistência através de tratamento térmico de têmpera e
revenido. São amplamente utilizados na indústria do petróleo, não somente em
equipamentos relacionados à exploração mas também à “etapa de completação” e à
produção, principalmente em componentes pressurizados que requerem tensão
limite de escoamento entre 410MPa e 965MPa, com teores de carbono entre 0,3% e
0,5%. Os principais aços da família são AISI/SAE 4130, 4140 e 4145, sendo os dois
últimos os mais aplicados na fabricação de subs.

Devido à operação em temperaturas elevadas estes componentes não


rompem de forma frágil quando estão em serviço, sendo usual que os problemas de
quebra ocorram durante as etapas de montagem, quando os componentes estão
sendo torqueados no chão da plataforma, e entre etapas de operação, quando os
componentes estão sob tração sem que esteja circulando a lama quente. Essas
falhas provocam perdas significativas e são observadas freqüentemente a despeito
de todas as propriedades estarem dentro das especificações do código API Spec 7,
principalmente porque a tenacidade não é considerada pelo código. A constatação
desse histórico no Brasil fez com que algumas empresas, mais cautelosas,

1
passassem a exigir de seus fornecedores que os subs - normalmente considerados
itens menos críticos - fossem avaliados, e eventualmente certificados, antes de
entrar em operação. Dessa forma, a compreensão de como, e em que grau, os
fatores metalúrgicos controlam as propriedades de tenacidade viria a contribuir para
conciliar a melhoria de qualidade desses componentes com a manutenção dos
baixos custos.

Neste trabalho foram estudadas amostras retiradas de 30 subs, de


procedências e fabricantes desconhecidos, que apresentam diâmetro, composição
química, propriedades mecânicas e processo de fabricação diferentes, com o
objetivo de criar um método para correlacionar numericamente as variáveis
metalúrgicas com os valores de energia Charpy V obtidos para certificar os
componentes e cujos valores se mostraram entre 10J e 64J nos ensaios à
temperatura ambiente.

Com os resultados obtidos foram estabelecidas as relações de dependência


propostas que têm como meta indicar critérios de qualificação para um desempenho
adequado também durante as etapas de pré e pós-operação e de montagem.
Mostrou-se uma estreita dependência da razão LE/LR com o tipo de microestrutura
e com a tenacidade e que, de maneira bem caracterizada, estas não dependem do
nível de dureza, que por sua vez está diretamente relacionado com as condições de
processamento termo-mecânico. Por outro lado, a quantidade de inclusões e o fator
de forma a estas relacionado, particularmente para as do tipo MnS, mostrou ser de
crítica importância para o controle da tenacidade. Uma relação numérica entre a ECV
e a razão LE/LR, a concentração de carbono, o tamanho de grão da austenita prévia
e a quantificação das inclusões foi obtida utilizando-se parâmetros medidos.

2
CAPÍTULO II

REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

II.1- Componentes de ligação em colunas de perfuração (subs)

Os subs atuam como peças de ligação entre elementos da coluna de


perfuração de poços de petróleo que apresentam tamanhos de rosca diferentes ou
projetos incompatíveis, podendo ainda operar como peças de sacrifício de rosca ou
como peças de apoio que auxiliam na elevação de um segmento da coluna [1]. Os
subs integram um sistema de circulação de lama que opera em temperaturas
superiores a 100ºC podendo ser do tipo pino x pino, caixa x caixa ou pino x caixa e
ainda apresentarem diferentes diâmetros internos e externos. Esses componentes,
devido às características de sua aplicação, devem atender aos requisitos do código
API Spec 7 "Specification for Rotary Drill Stem Elements”. A Figura II.1, reproduzida
deste código API, apresenta modelos e dimensões típicos de subs.

Figura II.1 – Exemplos de diferentes tipos (pino x caixa e pino x pino) e dimensões
de subs [2].

Os subs são componentes que não são soldados, apenas usinados a partir
de barras forjadas sendo que, dependendo das dimensões, pode-se utilizar aços na
condição tratado termicamente, temperado e revenido, ou, muitas vezes, é
necessário realizar as etapas de pré-usinagem a partir de barras normalizadas e
mandar tratar termicamente antes da usinagem final.

3
Os requisitos de propriedades mecânicas para esses componentes conforme
o código API Spec 7 incluem apenas propriedades de resistência mecânica e dureza
mínima na superfície, sem requisitos específicos de tenacidade. O quadro da tabela
II.1 mostra os valores mínimos de propriedades mecânicas indicados por esse
código. Com relação à dureza, essas peças devem apresentar no mínimo 285 HB na
superfície.

Tabela II.1 – Requisitos do API Spec 7 para diferentes diâmetros externos[2].

diâmetro externo limite de limite de resistência deformação


do componente escoamento à tração total

758 MPa mínimo 965 MPa mínimo


entre 3” e 6 7/8” 13%
(110 Ksi mínimo) (140 Ksi mínimo)

690 MPa mínimo 931 MPa mínimo


entre 7” e 10” 13%
(100 Ksi mínimo) (135 Ksi mínimo)

É importante observar na tabela II.1 que o nível de resistência requerido é


menor para equipamentos de maior diâmetro pois para seções mais espessas torna-
se mais difícil obter o nível de resistência característico da liga [3].

4
II.2- Material

Os aços que são utilizados na fabricação de subs e estudados nesse


trabalho pertencem à família dos aços baixa liga médio carbono do tipo 41XX
temperados e revenidos. Dependendo do nível de resistência mecânica para o qual
eles são tratados, podem se enquadrar como aços baixa liga tratáveis
termicamente (heat treatable low alloy steels ou HTLA*) ou como aços ultra-
resistentes (ultrahigh strength low alloy steels ou UHSLA), estes últimos
apresentando tensão limite de escoamento de até 1380 MPa (200 Ksi).

Os aços da família AISI/SAE 41XX são usados em aplicações de engenharia


na condição “temperado e revenido” ou “normalizado, temperado e revenido”, este
último quando é necessário assegurar elevados níveis de tenacidade. Os aços baixa
liga dessa família, especialmente o 4130 e o 4140, estão entre os aços mais usados
na indústria do petróleo em aplicações de alta resistência, como em corpos
pressurizados, bonnets, flanges, hangers, pistões de operação e particularmente em
subs, entre outras. Esses aços se apresentam em destaque do ponto de vista de
utilização porque são facilmente tratados termicamente para os níveis de resistência
requeridos pelos códigos API (American Petroleum Institute), são relativamente
baratos e bastante disponíveis no mercado [4].

Em relação aos aços carbono, os baixa liga da família 41XX são modificados
ao cromo e ao molibdênio, e em relação ao AISI/SAE 4130, os aços AISI/SAE 4140,
e 4150 apresentam teores mais elevados de carbono e manganês, o que aumenta
bastante sua temperabilidade. Esses aços devem ser temperados em óleo ou em
solução polimérica e por causa de sua alta temperabilidade são mais difíceis as
operações de conformação e soldagem [4].

O código API não estabelece qualquer requisito de composição química para


o material dos subs, nem para o nível de impurezas, e deixa a cargo do fabricante
determinar o grau do aço e o tipo de tratamento durante o processo de fusão
necessários.

Entre os fabricantes tradicionais usa-se na prática especificações de material


que restringem impurezas, o que é típico para o que se chama no mercado de
"qualidade petróleo", e que também adicionam elementos de liga que modificam os

* Utiliza-se o termo conhecido em inglês por não existir em português uma sigla consagrada.

5
graus usuais dos aços AISI, principalmente elementos que aumentam a
temperabilidade e retém dureza no revenimento, como molibdênio e vanádio, além
de melhorar um pouco a tenacidade, níquel, que entretanto exige um cuidado muito
grande para não reter austenita.

O quadro da tabela II.2 apresenta a composição química básica, conforme


AISI/SAE, de três aços tradicionais da família 41XX [5].

Tabela II.2 - Composições químicas dos aços 4130, 4140 e 4150 conforme
AISI/SAE (% em peso) [5].

Aço C Mn P S Si Cr Mo

4130 0,28-0,33 0,40-0,60

4140 0,38–0,43 0,035 0,040 0,15-0,35 0,80-1,10 0,15-0,25


0,75-1,00
4150 0,48-0,53

Os aços estudados apresentam como principais constituintes após


tratamento térmico a martensita e a bainita, muito embora poderão ser formadas
algumas estruturas com considerável difusão como a ferrita pró-eutetóide, presentes
nos diagramas tempo-temperatura-transformação (TTT) para os aços dessa classe.
A figura II.2 ilustra o diagrama TTT para o aço 4140 [6].

Figura II.2 – Diagrama TTT para o aço AISI 4140 [6].

6
De uma forma geral, os aços baixa liga médio carbono apresentam como
principal motivação de suas aplicações a excelente temperabilidade, combinada com
alta resistência. Por outro lado, um grande problema que esses aços podem
apresentar é a não-uniformidade das propriedades mecânicas ao longo do
comprimento do forjado. Além disso, as propriedades podem variar de uma maneira
irregular. Por exemplo, a região de mais alta resistência à tração pode também
oferecer o maior valor de impacto, ou uma resistência à tração constante ao longo
do comprimento de um forjado pode estar associada com uma grande variação nos
valores de impacto. Maropoulos et al. [7] estudaram as propriedades mecânicas de
dois aços baixa liga Cr-Mo-Ni-V médio carbono, ambos apresentando composições
químicas bastante semelhantes. Nesse trabalho os forjados tiveram um histórico
térmico quase idêntico e ainda assim apresentaram propriedades mecânicas
significativamente diferentes.

A partir dos principais aços dessa classe (AISI/SAE 4130, 4140 e 4150), são
feitas modificações na composição química para se alcançar otimização de alguma
propriedade específica, porém nenhum novo aço comercial foi desenvolvido durante
os últimos anos. Os estudos voltados para essa classe de aços têm objetivado o
aumento da ductilidade e tenacidade, a minimização da variação das propriedades e
conseqüentemente uma maior confiabilidade em serviço, através da melhoria e
inovações de técnicas de refino e processamento e também através de um maior
controle do processamento e inspeção [8].

II.2.1- Microconstituintes

Nos aços, a austenita é a fase em equilíbrio em temperaturas elevadas que


se transforma em martensita sob resfriamento rápido o suficiente para alterar as
condições de equilíbrio da fase ferrita. A transformação martensítica é adifusional, e
por essa razão a martensita tem exatamente a mesma composição que a austenita,
até 2% de carbono. Como a difusão é suprimida, normalmente pelo resfriamento
rápido, os átomos de carbono não se dividem entre cementita e ferrita, e sim são
aprisionados nas posições octaédricas de uma estrutura cúbica de corpo centrado
(CCC), produzindo então uma nova fase, a martensita. A solubilidade de carbono em
uma estrutura CCC é enormemente excedida quando a martensita se forma, esta
assume então uma estrutura tetragonal de corpo centrado (TCC) [9].

7
A martensita é uma fase particular que se forma nos aços. Ela tem sua
própria estrutura cristalina e composição e é separada de outras eventuais fases por
interfaces bem definidas, entretanto ela é uma fase metaestável que está presente
apenas porque a difusão foi suprimida. Se a martensita for aquecida a uma
temperatura onde os átomos de carbono tenham mobilidade, estes difundem dos
sítios octaédricos para formar carbonetos. Como resultado, a tetragonalidade é
aliviada, e a martensita é substituída por uma mistura de ferrita e cementita como
previsto pelo diagrama de fase Fe-C, e desde que se trate de um aço ao carbono [9].

A martensita é formada por um mecanismo de cisalhamento, no qual vários


átomos se movimentam cooperativamente e quase simultaneamente para efetuar a
transformação, mecanismo este bem diferente do movimento de átomo por átomo
através de interfaces durante as transformações difusionais. A cinética da
transformação martensítica é atérmica, uma vez que a conversão da microestrutura
austenítica em martensítica acontece continuamente com o decréscimo da
temperatura durante resfriamento suficientemente rápido e contínuo. A martensita
nos aços apresenta duas morfologias, ripas e placas. A Figura II.3 mostra as faixas
de carbono de formação e as temperaturas MS (início da transformação
martensítica) das duas morfologias para ligas Fe-C. Os contornos das várias regiões
são baseados na caracterização de ligas Fe-C de alta pureza e podem mudar em
aços ligados. As ripas, formadas em aços de baixo e médio carbono, são placas
longas e finas que se formam lado a lado, e estão alinhadas paralelamente entre si.
As ripas são agrupadas em entidades estruturais maiores, os blocos. Os detalhes
microestruturais desse tipo de martensita são muito finos para serem revelados por
microscopia ótica. As placas descrevem propriamente a forma das unidades de
martensita que se formam em aços de alto teor de carbono [9].

No diagrama tempo-temperatura-transformação dos aços pode-se observar


que existe uma faixa larga de temperatura em que não há formação de perlita ou
martensita. Nesta região ocorre a formação de agregados finos de ripas de ferrita e
partículas de cementita, cuja estrutura é denominada bainita. A bainita pode ser
formada com altas taxas de resfriamento para impedir a formação de perlita, sem no
entanto formar martensita. Todavia, existem semelhanças estruturais e de
transformação tanto com a perlita quanto com a martensita [10].

8
Figura II.3 – Faixas de formação da martensita em placas e da martensita em ripas
em ligas Fe-C [9].

Da mesma forma que a perlita, a bainita é uma mistura das fases ferrita e
cementita, e é por isso dependente da divisão controlada por difusão dos átomos de
carbono entre ferrita e cementita. Por outro lado, a estrutura da bainita difere da
perlita uma vez que a ferrita e a cementita são arranjadas de forma não lamelar cuja
característica depende da composição da liga e da temperatura de transformação.
Semelhante à martensita, a ferrita da bainita pode estar na forma de ripas ou placas
contendo uma estrutura de discordâncias e, por isso, em determinada extensão, o
mecanismo de formação da bainita envolve tanto cisalhamento como difusão [9].

Podem ser identificadas algumas formas da bainita, basicamente superior,


inferior e granular, entretanto nos aços em questão – HTLA – a bainita que se forma
é conseqüência de uma velocidade de resfriamento inefetiva para a completa
transformação martensítica, que na prática seria a desejada, e a bainita é do tipo
granular formada em resfriamento contínuo.

A bainita granular não é facilmente distinguível das bainitas superior ou


inferior formadas em transformação isotérmica quando examinadas no microscópio
eletrônico de transmissão uma vez que seus mecanismos de formação não são
diferentes. No entanto, como a microestrutura se forma gradualmente durante o
resfriamento, os feixes de bainita podem ser maiores. No microscópio óptico a
microestrutura tem a aparência de blocos de bainita e austenita, sendo considerado
apropriado empregar o termo "granular" [10].

9
II.2.2- Tratamento Térmico de Têmpera e Revenimento de Aços HTLA

II.2.2.1- Têmpera

A têmpera é o resfriamento rápido de um aço após o aquecimento em


temperatura de austenitização. O objetivo é transformar a austenita em martensita,
que é o produto de maior dureza das transformações dos aços. A microestrutura
obtida a partir de um tratamento térmico de têmpera e revenimento depende da taxa
de resfriamento após austenitização. Se esta é rápida o suficiente o produto é a
martensita caso contrário, produtos de transformação mais macios, tais como a
bainita e a ferrita, são obtidos. A taxa de resfriamento é determinada em grande
parte pelo meio de resfriamento utilizado, o qual pode ser salmoura, água, óleo,
solução polimérica, sais fundidos ou ar, em ordem decrescente da capacidade de
resfriamento [4,11].

Quando a austenita se transforma em martensita durante a têmpera, o


volume do metal expande levemente criando tensões na peça. Se um aço altamente
temperável é tratado em uma taxa de resfriamento muito rápida, podem ocorrer
trincas de têmpera em resposta às tensões induzidas. As trincas de têmpera
normalmente iniciam em pontos de concentração de tensão e na superfície em
contato com o meio de resfriamento e então crescem para o interior da peça. Por
isso, há sempre o cuidado em eliminar pontos de concentração de tensões, mas
principalmente em utilizar um meio de resfriamento que favoreça uma taxa de
resfriamento adequada ao material. Por causa disso, os aços entre o AISI 4140,
4145 e 4150, os quais apresentam relativamente alta temperabilidade, devem ser
temperados em óleo ou em solução polimérica, havendo ainda a garantia de que
sejam atingidos os níveis de resistência requeridos [4].

Além do meio de resfriamento usado, o grau de agitação é também muito


importante, pois uma peça temperada em um meio agitado resfriará mais rápido do
que em meio estagnado. Isto ocorre porque o maior fluxo de fluido sobre a peça
melhora a taxa de transferência de calor da peça para o fluido [4].

Outro parâmetro muito relevante do qual depende a efetividade do processo


é a espessura do material, sendo importante que haja uma combinação adequada
com as condições de resfriamento para que ocorra a transformação martensítica em
toda a seção transversal.

10
II.2.2.2- Temperabilidade

A temperabilidade é a capacidade de um aço de ser transformado


completamente de austenita para martensita, a uma dada profundidade, quando
resfriado sob determinadas condições. Essa propriedade apresenta conseqüências
práticas importantes [11].

A martensita é o microconstituinte normalmente desejado nos aços baixa liga


temperados. A taxa de resfriamento deve ser rápida o suficiente para evitar entrar
em um campo difusional (tocar o “nariz”) da curva do diagrama de resfriamento
contínuo do aço sendo temperado, de forma a obter a quantidade máxima de
martensita; caso contrário, outros microconstituintes serão formados e haverá um
correspondente decréscimo na quantidade de martensita formada e na dureza do
material após têmpera, como mostra o exemplo a seguir [11].

A Figura II.4 mostra o diagrama de resfriamento contínuo para o aço AISI


4140 sobreposto a um gráfico de temperatura x tempo que corresponde a taxa de
resfriamento no centro de uma barra de diâmetro de 2,25” durante uma têmpera em
óleo (curva A) para previsão da estrutura final apresentada pelo aço [4].

Figura II.4 – Diagrama de resfriamento contínuo para o AISI 4140 [4].

11
É possível observar que a austenita começa a transformar em ferrita pró-
eutetóide no ponto 1 (após 20 segundos de resfriamento). Quando o ponto 2 é
alcançado (após aproximadamente 45 segundos), 5% da austenita se transformou
em ferrita. No ponto 2, a austenita remanescente começa a transformar em bainita.
A transformação bainítica se completa no ponto 3, havendo então aproximadamente
5% de ferrita, 55% de bainita e o restante austenita não transformada. O ponto 3
marca o início da formação da martensita. Virtualmente toda a austenita
remanescente transformará em martensita quando a temperatura ambiente for
atingida, logo a estrutura final consiste de aproximadamente 5% de ferrita pró-
eutetóide, 55% de bainita e 40% de martensita [4].

Para quantificar as microestruturas formadas no tratamento de têmpera no


centro de barras de diferentes diâmetros, Creusot-Loire [12] montou equações com
base nas curvas de resfriamento contínuo e na composição química, que resultam
em gráficos como o da figura II.5. Constata-se que para um material do tipo 8620,
barras de 100mm de diâmetro já não apresentam qualquer estrutura martensítica.

Figura II.5 – Dureza na linha de centro e microestrutura de uma barra de aço tipo
8620 temperada em água como previsto pelas fórmulas de Creusot-Loire [12].

12
Não se deve confundir a capacidade de formação martensítica em maiores
profundidades (temperabilidade) com a capacidade de endurecimento. A dureza
máxima que pode ser alcançada por um aço depende quase que exclusivamente da
concentração de carbono. A figura II.6 mostra a relação entre a dureza de
microestruturas martensíticas com a concentração de carbono no aço [13]. A relação
da concentração de carbono e porcentagem de martensita com a dureza máxima
aproximada, alcançada após têmpera, está apresentada na figura II.7 [14].
Considerando-se uma concentração de carbono de 0,25% e uma porcentagem de
martensita de 50%, observa-se que a dureza pode variar entre aproximadamente 30
e 40HRC, enquanto que para uma quantidade de martensita de 99,9% e a mesma
concentração de carbono, a faixa de dureza fica entre 42 e 54HRC,
aproximadamente.

Figura II.6 – Dureza de microestruturas martensíticas como uma função da


concentração de carbono no aço [13].

13
Figura II.7 – Relação da concentração de carbono e porcentagem de martensita
com a dureza [11].

É importante ressaltar entretanto que quanto mais alta a porcentagem de


martensita formada, melhores são as propriedades de impacto após o revenimento
[11].

A temperabilidade de um dado aço é principalmente uma função da


composição química. A quantidade de carbono e outros elementos de liga em um
aço tem um importante papel na determinação dos constituintes que serão formados
em resposta a têmpera a partir da temperatura de austenitização. Os elementos de
liga permitem que haja o endurecimento em profundidades maiores uma vez que
possibilitam que a transformação martensítica aconteça em taxas de resfriamento
mais baixas o que, por outro lado, possibilita que seções mais espessas formem
martensita. Dentre os elementos de liga utilizados para aumentar a temperabilidade,
o carbono apresenta a maior influência, todavia existe um limite para o carbono
utilizado individualmente. Para que a temperabilidade seja aumentada mais ainda, é
necessária a adição de outros elementos de liga, como manganês, cromo,
molibdênio, silício e níquel. Esses elementos aumentam a temperabilidade
retardando as transformações difusionais da austenita e, portanto, permitindo que a
transformação martensítica ocorra em taxas de resfriamento mais lentas [11].

É importante destacar também que a temperabilidade de um determinado


aço, tipo 4130 por exemplo, pode variar dentro dos limites da sua especificação, ou
seja, para diferentes corridas siderúrgicas pode-se esperar diferentes
comportamentos, mesmo que se aplique ciclos de tratamento térmico idênticos. A
tabela reproduzida na figura II.8 mostra um exemplo que compara três composições
diferentes, uma que atende ao limite inferior da especificação, a composição real e

14
uma composição que se refere ao limite superior da especificação. A figura II.9
apresenta o diagrama tempo-temperatura-transformação para as três composições
apresentadas na figura anterior, explicitando temperabilidades muito diferentes, ou
seja, para mesma velocidade de resfriamento é possível formar diferentes
microconstituintes [11].

Composição (% peso)

Aço C Si Mn Ni Cr Mo Cu

Limites mínimos da 0,280 0,150 0,400 0,160 0,800 0,150 0,150


especificação

Composição real 0,290 0,240 0,550 0,160 1,020 0,150 0,150

Limites máximos da 0,330 0,300 0,600 0,160 1,100 0,250 0,150


especificação

Figura II.8 – Comparação da composição química real com as composições


químicas limite do aço AISI 4130 [11].

Figura II.9 – Curvas TTT para as composições do aço baixa liga 4130 apresentadas
na figura II.8 [11].

15
Outro parâmetro que exerce um efeito pronunciado sobre a temperabilidade
é o tamanho de grão. Por exemplo, um aumento no diâmetro do grão de 0,02mm
para 0,125mm pode aumentar a temperabilidade em até 50%. Isso ocorre porque
uma austenita de grão grosseiro transforma mais prontamente em martensita do que
uma austenita de grão refinado, pois esta última tenderá a formar fases difusionais
ao invés de martensita (uma vez que há mais área de contornos de grão para
promover a nucleação da fase). Todavia, não é uma prática comum tentar melhorar
a temperabilidade utilizando uma austenita de grão grosseiro porque esta é mais
susceptível ao trincamento durante têmpera e a distorções do que a austenita de
grão refinado. Além disso, aços com tamanho de grão grosseiro apresentam
tenacidade inferior quando comparados aos aços com grãos refinados [11].

A temperabilidade é também afetada pela distribuição do tamanho de grão


da austenita. Um material com boa homogeneidade do tamanho de grão austenítico
apresenta melhor temperabilidade do que um material com uma mistura de grãos
grandes, médios e pequenos. Para melhorar a homogeneidade de um material, o
tratamento térmico de normalização é freqüentemente realizado antes do
tratamento de têmpera e revenimento [4]. Na normalização, o aço é aquecido na
faixa austenítica e é então resfriado ao ar, o que produz um tamanho de grão mais
uniforme e melhora a resposta ao endurecimento durante a têmpera e revenimento
subseqüentes. Outra maneira de melhorar a homogeneidade de um material é
conformá-lo mecanicamente por forjamento, laminação, extrusão, etc. Se o material
sofrer um grau de deformação suficiente, pode-se atingir uma situação onde não
seja necessário o tratamento de normalização, o que geralmente ocorre para barras
de diâmetro pequeno ou material com uma taxa de redução no forjamento de pelo
menos 4:1.

Ainda um outro fator que deve ser destacado é o efeito da massa sobre a
velocidade de resfriamento na têmpera. Observando-se a tabela II.3 é possível
concluir que quanto maior for a espessura da peça menor é a dureza atingida pelo
aço AISI 4140, pois há um decréscimo na taxa de resfriamento a medida que o
volume de material aumenta.

16
Tabela II.3 – Efeitos da massa sobre propriedades típicas do aços AISI 4140
tratados termicamente [14].

Diâmetro da Resistência à Resistência ao Dureza na


barra tração escoamento superfície

mm pol. MPa Ksi MPa Ksi HB

25 1 1140 165 985 143 335

50 2 920 133 750 109 302

75 3 860 125 665 95 293

II.2.2.3- Revenimento

Martensita Revenida

O revenimento de um aço temperado é o processo no qual o material é


aquecido em temperatura abaixo da crítica, usualmente entre 175°C e 705°C, e
mantido durante um intervalo de tempo para que ocorram transformações na
microestrutura com vistas a aumentar suas propriedades de ductilidade e tenacidade
[15].

A martensita é bastante dura mas é também muito frágil. A fragilidade de


microestruturas martensíticas se deve a um número de fatores que podem incluir a
distorção da rede causada pelos átomos de carbono aprisionados nos sítios
octaédricos da martensita, segregação de átomos de impureza nos contornos de
grão da austenita, formação de carbonetos durante têmpera e tensões residuais.
Com a realização do revenimento, ocorre a redução da fragilidade ou aumento da
tenacidade dos aços endurecidos [9].

As mudanças durante o revenimento da martensita em aços ao carbono


podem ser classificadas em três diferentes estágios, muito embora as temperaturas
dos diferentes estágios se sobreponham. São eles:

Estágio 1 - entre 100 e 250°C quando ocorre a formação de carbonetos de


transição e redução dos teores de carbono da martensita para aproximadamente
0,25%;

Num primeiro momento o excesso de átomos de carbono em solução sólida


segrega para os defeitos ou forma arranjos ordenados dentro da solução sólida. A
seguir ocorre a precipitação, ou como cementita em aços baixo carbono ou como

17
carbetos de ferro de transição em ligas de alto carbono. A concentração de carbono
que permanece em solução sólida pode ser bastante grande se o precipitado é um
carbeto de transição.

Estágio 2 - entre 200 e 300°C quando ocorre a transformação de austenita


retida em ferrita e cementita; e

Revenimento adicional leva ao segundo estágio, no qual quase todo o


excesso de carbono é precipitado, e todos os carbetos são convertidos em
cementita mais estável. Toda austenita retida irá se decompor durante este estágio.

Estágio 3 - entre 250 e 350°C quando ocorre a troca de carbonetos de


transição e martensita por ferrita e cementita.

A continuação do revenimento leva então ao crescimento dos carbetos,


extensa recuperação da estrutura de discordâncias, e finalmente à recristalização
das placas de ferrita em grãos equiaxiais [16]. A figura II.10 mostra uma micrografia
obtida por MEV típica da martensita revenida com as partículas de cementita em
matriz ferrítica [17].

Alguns aços com maior teor de elementos de liga formadores de carbonetos,


como cromo, molibdênio, vanádio e tungstênio, são capazes de ter endurecimento
secundário, ou seja de aumentar a dureza quando revenidos, ou mesmo de não
reduzirem os valores de dureza quando revenidos em elevadas temperaturas.

Figura II.10 – Micrografia observada em MEV da martensita revenida a 594ºC


(apresentada com 9300x de aumento na publicação original). As partículas
pequenas são a cementita e a matriz, ferrita α [17].

18
Como qualquer temperatura abaixo da temperatura mínima crítica pode ser
usada para revenimento, há uma variação ampla nas propriedades e microestruturas
que podem ser produzidas, desde aquelas da martensita após têmpera a carbetos
esferoidizados na ferrita. Finalmente é o balanço de dureza (ou resistência) e
tenacidade requeridos em serviço que determinam as condições de revenimento
para uma dada aplicação.

A Figura II.11 mostra a tenacidade ao impacto como uma função da


temperatura de revenimento para aços endurecidos contendo 0,4 e 0,5% de
carbono. Existem duas faixas de temperatura de revenimento que produzem
melhoras significativas na tenacidade apresentada no estado após têmpera.
Revenimento na faixa de 150 a 200ºC (300 a 400ºF) produz um aumento modesto
da tenacidade que é adequado em aplicações que requerem alta resistência e
resistência a fadiga (aços médio carbono) ou onde o carregamento é primariamente
compressivo (aços alto carbono). O revenimento acima de 425ºC (800ºF) é a outra
faixa importante de temperatura de revenimento. A figura II.11 mostra que a
tenacidade aumenta significativamente após revenimento nesta faixa, porém a
dureza e a resistência também diminuem significativamente. Por isso, o revenimento
acima de 425ºC é usado onde se deseja aumentar a tenacidade , e a resistência
mecânica e dureza sejam importantes mas estejam em segundo plano [9].

Figura II.11 – Tenacidade ao impacto como uma função da temperatura de


revenimento de aços baixa liga médio carbono endurecidos [9].

19
A Figura II.11 também mostra que a tenacidade pode de fato diminuir se
aços são revenidos na faixa de 260 a 370ºC (500 a 700ºF). Esse decréscimo na
tenacidade é referido como fragilização da martensita revenida (tempered
martensite embrittlement), fragilização a 350ºC, ou fragilização a 500ºF, e como
resultado dessa fragilização, o revenimento nessa faixa é geralmente evitado na
prática comercial. Esse fenômeno resulta dos efeitos combinados da precipitação da
cementita nos contornos de grão da austenita prévia ou nos contornos entre ripas e
da segregação de impurezas nos contornos de grão da austenita prévia.

Nesta Figura II.11 pode-se ainda verificar o efeito substancial que o aumento
da concentração de carbono tem sobre a tenacidade ao impacto pela comparação
dos resultados do revenimento de aços com 0,5%C com os dos aços com 0,4%C.
Aços com concentração igual ou maior a 0,5%C apresentam tenacidade ao impacto
muito baixa e são usados apenas onde alta dureza e/ou resistência ao desgaste são
de importância prioritária.

Apesar de não mencionado pelo autor existe outro tipo de fragilização típico
de ocorrência em aços de alta resistência, que é a fragilização ao revenido
(tempered embrittlement), e pode desenvolver-se em aços revenidos acima de
425ºC (800ºF), a qual ocorre em certos aços ligados como um resultado de manter
ou resfriar lentamente em certas faixas de temperatura de revenimento. Essa
fragilização é resultante da segregação nos contornos de grão de impurezas como
arsênio, antimônio, fósforo e estanho. Esses dois fenômenos de fragilização diferem
em relação à resistência do material e nas faixas de temperatura de exposição. Na
fragilização ao revenido, o aço é normalmente revenido a uma temperatura
relativamente alta, produzindo resistência e dureza mais baixas, e a fragilização
ocorre durante o revenimento ou sob resfriamento lento após o mesmo dentro da
faixa de fragilização ou ainda durante o serviço a temperaturas dentro da faixa de
fragilização. Na fragilização da martensita revenida, o aço é revenido dentro da faixa
de fragilização e normalmente este é de alta resistência, e o serviço é a temperatura
ambiente. Outra diferença é que a fragilização da martensita revenida é um
processo muito mais rápido, uma vez que se desenvolve dentro do período normal
de revenimento de uma hora, enquanto a fragilização ao revenido leva muitas horas
para se completar; por isso esse último tipo de fragilização é mais preocupante em
seções espessas que são revenidas em altas temperaturas para assegurar o
equilíbrio entre resistência e tenacidade, e ainda após revenimento acima da faixa
crítica de temperatura, a seção espessa resfria muito lentamente durante muitas
horas na faixa crítica para fragilização. Como a fragilização da martensita revenida

20
ocorre durante um curto período de revenimento na faixa crítica, esta é
independente da seção e/ou da taxa de resfriamento após revenimento [9,15,18].

Revenido da Bainita

O comportamento da bainita durante o revenido é bastante diferente do da


martensita. Ao contrário da martensita, a ferrita bainítica normalmente contém um
pequeno excesso de carbono em solução sólida. Grande parte do carbono na
amostra transformada em bainita está na forma de partículas de cementita, e estas
partículas são maiores do que as que se formam durante o revenido da martensita.
Os efeitos do tratamento térmico de revenido da bainita são sempre mais suaves do
que quando a martensita do mesmo aço é revenida.

Uma diferença marcante em relação a martensita é que uma variação na


concentração de carbono (no caso estudado entre 0,06 a 0,14%) tem pouco efeito
no revenimento da bainita. Embora ocorra a precipitação do carbono durante o
revenido a resistência da martensita cai drasticamente pois o carbono tem um
grande efeito no endurecimento por solução sólida. O carbono na bainita está mais
na forma de carbonetos grosseiros, o que pouco contribui no seu endurecimento
[10].

21
II.3- Tenacidade e Fatores Correlatos

O conceito de tenacidade como uma medida da energia absorvida durante a


fratura é bem conhecido. Esta propriedade é freqüentemente medida usando
ensaios de impacto com barras entalhadas, entre os quais o mais comum é o ensaio
Charpy. Uma barra entalhada de seção quadrada é fraturada sob condições
específicas e a energia absorvida durante a fratura é considerada como uma medida
da tenacidade. O ensaio Charpy é empírico, de modo que os dados não podem ser
usados diretamente em projetos de engenharia. Todavia, o ensaio Charpy é uma
medida vital de controle de qualidade e é especificado amplamente em normas
internacionais e na ordenação de amostras em exercícios de pesquisa e
desenvolvimento. Ele é a avaliação de tenacidade mais comum e nesse sentido
apresenta um comprovado registro de confiabilidade [19].

Como o objetivo deste trabalho inclui a criação de um modelo que permita,


dentro de limites de resistência estabelecidos para aços de médio carbono da família
41XX utilizados em subs, estabelecer relações entre propriedades e aspectos
metalúrgicos, principalmente microestruturais, é importante mencionar os fatores
que notadamente afetam a tenacidade. Alguns bem conhecidos são apresentados a
seguir.

II.3.1- Composição Química

A produção de aços é realizada a partir de ferro gusa (em conversores) ou


utilizando sucata e ferro-ligas (em fornos elétricos). Quando se parte do ferro gusa,
além da adição de elementos de liga para atingir a composição desejada também é
necessária a redução dos teores de carbono, silício, manganês, fósforo e enxofre.
Estas operações ocorrem na aciaria através da introdução de quantidades
controladas de oxigênio no banho para oxidar os elementos indesejáveis (o que não
ocorre com o enxofre) e eliminá-los na escória ou como gases. A maior parte dos
aços comuns é produzida utilizando conversores do tipo LD (sopro de oxigênio por
cima) e Q-BOP (sopro de oxigênio por baixo). Já a sucata, acompanhada de ferros-
liga ou metais puros, é tratada em forno elétrico, no qual ocorre a fusão, refino e
equilíbrio da composição química. O forno elétrico é um equipamento mais versátil e
eficiente na produção de aços, pois além de alta eficiência energética, permite a
produção de qualquer tipo de aço.

Há ainda uma grande diversidade de processos especiais de refino que


visam melhorar as características dos aços para atender às exigências crescentes

22
da indústria mecânica de uma forma geral. Alguns dos processos que podem ser
destacados são: as operações de Metalurgia da Panela (processos de
desgaseificação, como o VAD (Vacuum Arc Degassing) e ASEA-SKF (indução), e
dessulfuração) que são realizadas após o vazamento e antes da solidificação,
influenciando na composição química e limpeza do aço mas sem alterar a
solidificação; e os processos de refusão (como VAR – refusão a arco sob vácuo e
ESR – refusão sob escória eletrocondutora) que incluem além do refino a
solidificação gradual, promovendo uma estrutura de lingote com nível de inclusões e
segregações muito menor que em lingotes convencionais.

Todavia, apesar dos processos de fabricação de aços objetivarem a


“limpeza” dos mesmos, com a minimização de impurezas e balanceamento da
composição química [20], durante a solidificação do aço em lingotes há a formação
de heterogeneidades de composição química, ou seja, há a formação de
segregações, cuja intensidade pode atuar de forma decisiva na qualidade do
produto após o trabalho mecânico.

II.3.1.1- Segregações

O fenômeno de segregação de elementos soluto e impurezas em aços baixa


liga é amplamente estudado em todo o mundo uma vez que muitas falhas em
materiais durante os processos de fabricação e até mesmo durante a operação são
causadas, direta ou indiretamente, por esse fenômeno.

As segregações resultam das várias maneiras com que os elementos solutos


são redistribuídos na estrutura solidificada, uma vez que os elementos em uma liga
que se solidifica têm probabilidade mínima de estarem distribuídos de uma maneira
uniforme. Então, a composição do metal ou liga varia de local para local no produto
fundido, e tal variação da composição química é freqüentemente significante,
podendo produzir condições de material prejudiciais. O desvio da composição
nominal em um determinado local em um produto solidificado é a imperfeição
chamada de segregação.

Os diferentes tipos de segregação são normalmente classificados como


microsegregação e macrosegregação.

A microsegregação é um fenômeno que ocorre em pequena escala e


estende-se por distâncias da ordem do tamanho de grão. O tipo de microsegregação
de interesse neste trabalho é a segregação interdendrítica, a qual favorece o

23
“zoneamento” (coring) da composição química, ou seja, uma variação da
concentração de soluto entre o centro e a região externa da ramificação dendrítica
[21]. Ela é o resultado da rejeição do soluto na interface sólido/líquido durante a
solidificação, formando-se então um gradiente composicional entre o núcleo das
dendritas e as regiões interdendríticas, as quais são enriquecidas com elementos de
liga (soluto), impurezas de baixo ponto de fusão e inclusões não-metálicas.

O espaçamento entre as ramificações dendríticas define a extensão da


microsegregação e é inversamente proporcional à velocidade de resfriamento. Os
efeitos da microsegregação podem ser minimizados por um tratamento térmico de
homogeneização [22], porém quanto maior o espaçamento interdendrítico mais difícil
será este tratamento. Espaçamento interdendríticos grosseiros (maiores que 500µm)
em aços necessitam de tempos da ordem de 300 horas em temperaturas superiores
a 1200ºC para alguma redução na microsegregação interdendrítica [21].

A eliminação da microsegregação propicia grande melhoria das


propriedades mecânicas de forjados, porém isto se torna particularmente difícil
quando se formam partículas de segundas fases em regiões interdendríticas, como
é o caso dos sulfetos formados nas mais diversas distribuições e formas [23,24] no
último estágio de resfriamento de lingotes de aço. Estas inclusões são
extremamente estáveis e impedem o refino da estrutura durante a conformação,
sendo responsável pela formação de textura em aços forjados. Neste caso, o refino
das ramificações interdendríticas através do aumento da velocidade de resfriamento
durante a solidificação tem se mostrado de importância crescente [21].

A macrosegregação é uma segregação de longo alcance e pode resultar de


variações que ocorrem no líquido antes da frente de solidificação ter caminhado
bastante, ou então ser resultante do movimento do líquido na zona pastosa situada
atrás da frente de solidificação. Basicamente existem quatro tipos de fatores que
levam a macrosegregações em lingotes: correntes de convecção induzidas por
temperaturas diferenciadas no líquido, contrações térmica e de solidificação,
densidades diferenciadas no líquido e sólido, densidades diferenciadas no líquido
interdendrítico, além de efeitos da gravidade. Um lingote industrial apresenta em sua
estrutura fundida diferentes modelos de segregação macroscópica [25] que
apresentam variações tanto verticais como horizontais. Então, a segregação produz
um material que tem uma faixa de composições e conseqüentemente um material
que apresenta variação nas propriedades mecânicas e físicas.

24
A presença de regiões localizadas que desviam da composição nominal nos
metais e ligas pode afetar a resistência à corrosão, as operações de conformação,
tal como o forjamento, os processos de soldagem, e as propriedades mecânicas,
especialmente a tenacidade à fratura e o comportamento em fadiga. Em ligas que
são tratadas termicamente, as variações nas composições podem produzir
respostas inesperadas ao tratamento térmico que resultam em áreas macias e
duras, trincas de têmpera, ou outros defeitos. Conforme estudado por PAPWORTH
et al. [26], o grau e a freqüência com que os fenômenos de segregação e
dessegregação ocorrem durante o tratamento térmico de aços baixa liga é
extremamente complexo, dependendo do aço e o do estágio específico do
tratamento que tenha sido alcançado.

O forjamento deve a princípio eliminar a estrutura bruta de fusão proveniente


do lingote. Esta “quebra” da estrutura dendrítica ocorre devido à uma compressão
dos braços das dendritas provocada pela deformação a quente, causando uma
redução do espaçamento interdendrítico e reduzindo as distâncias necessárias para
a difusão das segregações, o que favorece a homogeneização por efeito da
temperatura [27]. Todavia, as segregações provocam dificuldades no processo de
forjamento, pois a resposta não uniforme das diferentes regiões segregadas às
forças de forjamento gera deformações não uniformes, recristalizações e
crescimento de grão não uniforme e texturas [28]. Desta forma, as regiões
segregadas podem persistir mesmo após a conformação a quente do componente,
na forma de bandas de composição química diferenciada.

A presença de segregações em forjados é então praticamente inevitável, e o


grau de degradação que resulta da segregação depende do tipo de liga e da
severidade da segregação, além de muitas outras variáveis relacionadas ao
processamento. Em materiais de mais alta resistência mecânica os efeitos na
degradação das propriedades são evidenciados devido às variações de dureza entre
regiões segregadas e não segregadas.

A maioria dos processos metalúrgicos partem do princípio de que a


composição é nominal ou aproximadamente uniforme, pois a composição química
tomada como base para qualificação do material é geralmente medida antes da
solidificação. Porém, com base no que foi discutido anteriormente, a premissa de
composição aproximadamente uniforme no produto solidificado ou conformado pode
ser um erro sério, podendo levar a problemas de processamento ou a falhas
inesperadas e prematuras em serviço.

25
II.3.1.2- Impurezas

Os limites de impurezas S e P permitidos para aços desta família podem ser


da ordem de 0,040% e 0,035% em peso, respectivamente, conforme a classificação
AISI/SAE. No entanto, particularmente para aços de mais alta resistência, os teores
de impurezas devem ser muito controlados para garantir que o material apresente
boa tenacidade. A Figura II.12 ilustra a perda de tenacidade para níveis de
resistência mais elevados em um aço temperado e revenido (neste caso um AISI
4345) para teores de impurezas crescentes. Observa-se que os limites permitidos
pelo AISI correspondem a valores especialmente elevados [29].

Figura II.12 - Efeitos do teor de S na tenacidade a fratura de um aço AISI


4345 temperado e revenido para diferentes níveis de resistência [29].

Na indústria de petróleo quando se utiliza estes aços em equipamentos de


responsabilidade, por exemplo que atendem aos códigos API 6A, existem limites
muito mais restritivos do que a AISI para um nível de especificação de produto
(conhecido como PSL) sem risco de falha. Dessa forma o aço AISI 4140 utilizado
em um equipamento API 6A PSL3 (em campos que estejam próximos de cidades)
pode ter no máximo 0,025% em peso de S ou de P, conforme ilustrado na tabela
reproduzida do API 6A na figura II.13. Isto significa que quando não se pode correr
risco de falha frágil deve-se limitar as impurezas para aumentar a tenacidade [30].

26
PSL 2 PSL 3 e PSL 4
Fósforo 0,040 máximo 0,025 máximo
Enxofre 0,040 máximo 0,025 máximo

Figura II.13 - Tabela reproduzida do código API 6A para equipamentos


críticos, evidenciando limites de S e P (%peso) mais restritivos com um nível de
especificação do produto maior [30].

Com certeza não somente o teor das impurezas em si mas também os


efeitos destas impurezas na formação de inclusões não metálicas e durante
posterior processamento mecânico, que no caso em questão trata-se de forjamento
de barras, afetam muito a tenacidade principalmente pela formação de texturas,
sendo esperada menor resistência ao impacto na direção transversal das barras
[29]. Segregações causadas por impurezas geram bandeamento microestrutural
(que pode ser quantificado) e anisotropia de propriedades.

II.3.1.3- Carbono

O teor de carbono influencia no aumento na temperatura de transição Charpy


V [29] para aços ferrítico-perlíticos, porém para aços martensíticos, com mesmos
níveis de resistência mecânica, a temperatura de transição pouco se altera, como
ilustrado na figura II.14, sendo o efeito benéfico do menor teor de carbono apenas o
de aumentar os níveis de energia absorvida na região dúctil.

Figura II.14 - Efeitos do teor de C na curva Charpy V de um aço temperado e


revenido para limite de escoamento na ordem de 1170 MPa (170 Ksi) [29].

27
II.3.1.4- Elementos de Liga

Os elementos de liga, como mencionado anteriormente, afetam muito as


características de temperabilidade e é esperado que variações nos teores de
elementos de liga causem variações microestruturais e notadamente de tenacidade.
Conhecer e quantificar (mesmo que de forma semi-quantitativa) as microestruturas
(com auxílio de medidas de dureza) pode dar informações importantes a serem
relacionadas com a tenacidade.

II.3.2- Fatores Microestruturais

A microestrutura de um aço temperado e revenido pode apresentar diversos


aspectos microestruturais como conseqüência do processo de austenitização e das
mudanças estruturais e fenômenos de fragilização que podem ocorrer durante o
revenimento. Cada aspecto tem um papel na deformação plástica e no processo de
fratura, mas é a estrutura como um todo que deve responder às tensões e
deformações aplicadas. Portanto, a forma com que os mecanismos de deformação
plástica e de fratura são influenciados por todos os componentes determina a
resistência e a tenacidade ou resistência à fratura de um dado aço [9].

Os principais aspectos microestruturais estão apresentados a seguir:

• inclusões;
• segregação em contornos de grão / precipitados;
Grupo 1
• carbetos / nitretos não dissolvidos pela austenitização;
• carbetos grosseiros produzidos pelo revenimento;

• ripas ou placas de martensita;


• tamanho do pacote da martensita (aços baixo e médio C);
• grão austenítico prévio;
Grupo 2 • austenita retida;
• subestrutura de discordâncias / maclas;
• carbetos finos entre as ripas;
• átomos intersticiais (C,N) e substitucionais;

28
Estes aspectos estão divididos em dois grupos porque o Grupo 1 apresenta
características que controlam a fratura; enquanto o Grupo 2 lista as características
que controlam o comportamento em deformação plástica, as quais estabelecem as
propriedades mecânicas de projeto de um aço, ou seja, resistências ao escoamento
e à tração, e as interações dinâmicas de discordâncias que são responsáveis pelo
endurecimento por deformação e a forma da curva tensão-deformação.

No estudo das relações entre tenacidade e microestrutura é importante


considerar os aspectos microestruturais mencionados, principalmente os do Grupo
1, e ainda o tamanho de grão, embora este não tenha sido destacado nesse
conjunto pelo autor [9].

II.3.2.1- Inclusões

As partículas que iniciam a fratura ou os efeitos delas são prontamente


identificados pela observação das superfícies de fratura por microscopia eletrônica
de varredura. Se as partículas estão separadas e dispersas na matriz, fratura dúctil
por nucleação, crescimento e coalescência de microvazios se desenvolve. Quanto
mais densa a distribuição de partículas, e normalmente quanto maiores as
partículas, mais baixa será a energia absorvida pelo processo de fratura dúctil. Em
ensaios de impacto Charpy V, esta última condição é manifestada por baixas
energias de patamar superior.

A evolução teórica e empírica da identificação de partículas associadas com


a fratura dúctil levou à aceitação das inclusões como um importante componente
microestrutural dos aços. O efeito deletério das inclusões sobre a fratura dúctil tem
levado ao desenvolvimento de procedimentos com o objetivo de reduzir a
concentração de inclusões em aços estruturais. As inclusões são fases não
metálicas tais como alumina, aluminatos, sulfetos e silicatos, em muitas
combinações e morfologias, que são introduzidas durante vários estágios do
processo de fabricação de aços. As inovações nesse processo para reduzir a
concentração de inclusões incluem melhor desoxidação, proteção com líquidos para
impedir reoxidação, desgaseificação a vácuo, sopro de argônio e dessulfuração,
muitos dos quais são possíveis através de um bom controle térmico, atmosférico e
químico associado à metalurgia da panela.

Algumas inclusões, tais como sulfetos de manganês, são plásticas durante o


trabalho a quente e tornam-se alongadas e planificadas, conseqüentemente pode
ser introduzida considerável anisotropia nas propriedades e na fratura em produtos

29
conformados a quente. A anisotropia causada por essas partículas pode ser
reduzida pelo controle de forma das inclusões com adição de elementos como
cálcio, titânio, zircônio, cobalto e terras raras uma vez que estes se combinam com o
enxofre para produzir sulfetos que são menos deformáveis durante a conformação a
quente [9].

Muitos trabalhos têm abordado o tratamento e o efeito das inclusões não


metálicas em aços baixa liga temperados e revenidos, geralmente com médio
carbono e alta resistência, como uma das formas efetivas de melhorar a tenacidade
à fratura e a anisotropia das propriedades mecânicas [31-43].

Em um de seus trabalhos, Tomita [31] mostrou que uma solução efetiva para
resolver o problema da anisotropia das propriedades é a modificação da morfologia
(quantidade, tamanho, forma, composição química e localização) das inclusões não
metálicas nos aços tanto pela redução dos níveis de concentração de enxofre dos
aços ou através da mudança da morfologia das inclusões nos aços por meios
químicos, tais como adição ao metal fundido de metais terra-raras alcalinos, como
por exemplo cálcio e magnésio, ou metais terra-raras, como cério e lantânio. Ele
estudou cinco corridas de aço 0,4C-Cr-Mo-Ni para determinar o efeito dos
tratamentos de dessulfuração e adição de cálcio sobre a morfologia das inclusões
em aços baixa liga. Em três corridas, denominadas 1, 2 e 3, não foi adicionado
cálcio e os teores de enxofre foram, respectivamente para as três corridas, 0,016%
em peso (enxofre comercial), 0,002% em peso (aço dessulfurado com baixo teor de
enxofre) e 0,0008% em peso (aço dessulfurado com ultra baixo teor de enxofre). No
aço da corrida 1, as inclusões foram predominantemente do tipo MnS e tinham
morfologia filamentosa. Nas corridas 2 e 3, a quantidade, a fração volumétrica e o
valor médio da razão de aspecto dessas inclusões MnS tipo filamentosas foram
reduzidos significativamente pela redução do teor de enxofre através da
dessulfuração e as inclusões apresentaram forma elíptica, sendo que para a corrida
3 (teor de enxofre ultra baixo) não foi possível determinar a fração volumétrica das
inclusões pela metodologia de contagem por pontos (utilizada no trabalho), ainda
que pequenas quantidades tenham sido observadas por microscopia ótica. Foi
também reduzida pela dessulfuração a fração volumétrica de inclusões compostas
do tipo aglomerados, as quais consistem em MnS-CaS-CaO-Al2O3. Foram ainda
detectadas por microscopia ótica pequenas quantidades de inclusões tipo partícula
(TiN,TiO2 ou Al2O3), muito embora suas quantidades não puderam ser determinadas.

Para avaliar o efeito do tratamento com cálcio, foram utilizadas outras duas
corridas (denominadas 4 e 5) que se diferenciaram pelos teores de enxofre (0,016%

30
e 0,002% em peso, respectivamente) e de cálcio (0,0059% e 0,0061% em peso,
respectivamente). Foi observado que o tratamento com cálcio não foi muito efetivo
para a corrida 4 na modificação das inclusões, produzindo inclusões tipo aglomerado
que foram de dois tipos: CaS-CaO-MnS e CaS-CaO-TiS-TiO. Todavia, esse
tratamento na corrida 5 significativamente reduziu as inclusões filamentosas tipo
MnS e modificou enormemente o tipo filamentosa para o tipo partícula
(predominantemente CaS-CaO), sendo também detectadas pequenas quantidades
de Ti e Al. Foi então concluído que a modificação da morfologia das inclusões foi
controlada pela quantidade de cálcio adicionada, sendo sugerido que a razão ótima
entre os teores de cálcio e enxofre (Ca/S) para a mudança da morfologia das
inclusões foi aproximadamente 3.

Em uma publicação posterior nesta mesma linha, Tomita [32] mostrou um


estudo feito com os mesmos aços baixa liga estruturais temperados e revenidos
utilizados no trabalho [31] para determinar o efeito da morfologia de inclusões não
metálicas sobre as propriedades de impacto determinadas em ensaio Charpy V.
Foram utilizados corpos de prova Charpy V em dimensões padrão retirados de
barras forjadas nas direções longitudinal e transversal e revenidos em 200ºC (473K)
e 650ºC (923K). Foram realizados ensaios mecânicos (ensaio de tração e Charpy V)
e análises fractográficas das superfícies de fratura dos corpos de prova Charpy V
em MEV. Os resultados mostraram que:

a. As inclusões MnS filamentosas que existem nos aços que contêm teores de
enxofre em nível comercial (corrida 1) levaram à uma acentuada anisotropia em
relação à energia de patamar superior (EPS), à energia de transição dúctil frágil
(ETDF) e à temperatura de transição dúctil frágil (TTDF) nos ensaios de impacto
Charpy V;

b. Inclusões MnS elípticas finas presentes em um aço revenido a 200ºC (473 K) com
teor de enxofre 0,002% peso causaram um efeito prejudicial às propriedades de
impacto Charpy V, independente da orientação, porque elas causaram fratura frágil
intergranular. Foi sugerido pelo autor que esse modo de fratura possa ser um
resultado de efeitos de “super aquecimento”: quando o aço é aquecido na faixa de
temperatura da conformação a quente (alta temperatura da faixa de austenitização),
o MnS presente como inclusões pode entrar completamente em solução e no
resfriamento para temperaturas mais baixas na faixa austenítica, o enxofre difunde
para os contornos de grão da austenita aonde ele reage com o manganês e precipita
como finas inclusões de MnS. Essas podem então causar fratura intergranular
durante ensaio mecânico subseqüente;

31
c. As inclusões MnS presentes no aço com teor de enxofre 0,002% peso e revenido
a 650ºC (923K) ou no aço dessulfurado para uma concentração de enxofre muito
baixa de 0,0008% peso tiveram um pequeno efeito adverso sobre a isotropia das
propriedades de impacto Charpy V. No revenimento em 650ºC (923K) a
susceptibilidade ao “super aquecimento” foi minimizada e a fratura em forma de
dimples foi predominante, o que pode ser explicado devido ao fato que o aço
revenido nessa temperatura é mais macio e portanto as altas tensões que causam
fratura intergranular no aço revenido a 200ºC (473K) não são geradas no revenido a
650ºC (923K). No aço com concentração de enxofre reduzida a níveis muito baixos
a susceptibilidade ao “super aquecimento” também foi minimizada e a fratura em
forma de dimples foi predominante, o que está de acordo com resultados
encontrados por outros autores que mostram que o super aquecimento tem sido
cada vez mais encontrado em aços baixa liga de alta resistência com baixa
concentração de enxofre (0,002% peso) mas que em concentrações muito baixas
(0,0001% peso) existe um risco pequeno de fragilização por super aquecimento. O
que pode ser devido ao fato de que as inclusões de MnS precipitadas nos contornos
de grão diminuíram significativamente como um resultado da redução notável da
concentração de enxofre;

d. Os dois tipos de inclusões compostas em forma de aglomerados associadas ao


aço com tratamento de cálcio e concentração de enxofre em nível comercial
(0,016% peso) produziram um efeito prejudicial sobre a isotropia das propriedades
de impacto Charpy V, independente da temperatura de revenimento, porque elas
causaram fratura frágil associada com a matriz;

e. As inclusões em forma de partículas finas apresentadas pelo aço tratado com


cálcio com a concentração de enxofre de 0,002% peso tiveram um efeito adverso
relativamente pequeno sobre a isotropia das propriedades de impacto Charpy V
porque elas resultaram em um modo de fratura dúctil transgranular acima da TTDF.

É também discutido pelo autor nesse trabalho que todos os aços, mesmo
aqueles com concentrações de enxofre muito baixas, apresentam anisotropia das
propriedades de impacto. A anisotropia está provavelmente associada às inclusões,
mesmo com pequenas frações volumétricas, e à textura na matriz do aço revenido.
Todavia, o mecanismo é complexo e ainda não entendido completamente. São
necessários mais estudos utilizando vários materiais antes que conclusões a
respeito do mecanismo possam ser traçadas.

32
II.3.2.2- Segregação em Contornos de Grão e Carbetos

Os fenômenos de segregação nos contornos de grão e precipitação, tais


como aqueles que produzem fragilização ao revenido, fragilização da martensita
revenida e fragilização pelo hidrogênio, produzem caminhos preferenciais para a
propagação das trincas através da microestrutura de contornos de grão de aços de
alta resistência. A fratura intergranular associada aos contornos de grão da
austenita prévia é acompanhada por muito pouca deformação plástica e, por isso,
representa um modo de fratura frágil controlado por tensão, em contraste com a
fratura dúctil, controlada por deformação.

Dado que o conteúdo de inclusões pode ser significativamente reduzido pelo


processamento de um aço limpo, e que as condições que produzem fragilização
podem ser evitadas, existem ainda muitas partículas nas quais fratura dúctil de aços
temperados e revenidos pode originar-se. As resistências mais altas são produzidas
pelo revenimento entre 150 e 200ºC, abaixo das faixas de temperatura que
produzem fragilização pelo revenido e fragilização pela martensita revenida. Aços
temperados e revenidos nessa condição, quando sobrecarregados, invariavelmente
falham por cisalhamento ou fratura dúctil caracterizada pela formação de finos micro
vazios ao redor de partículas finas. Embora pequenas, na ordem de 0,05µm em
tamanho (abaixo da resolução do microscópio ótico), as partículas não são
produzidas por revenimento. Revenimento entre 150 e 200ºC produz carbetos de
transição ε que são muito mais finos, na ordem de 0,002µm. Esses carbetos finos
são aparentemente muito pequenos para iniciar micro vazios e, pelo contrário,
contribuem para o endurecimento por deformação da martensita revenida. As
partículas que iniciam os vazios são carbetos, talvez estabilizados por elementos de
liga, que são esferoidizados e retidos nas temperaturas de austenitização
tipicamente usadas para endurecimento de aços baixa liga médio carbono.

Temperaturas de austenitização mais altas causam a dissolução de carbetos


retidos e melhoram a resistência à fratura dúctil da martensita revenida. Todavia,
temperaturas de austenitização mais altas também causam crescimento excessivo
de grão e também agravam a segregação nos contornos de grão [9].

33
II.3.2.3- Microestrutura

Alguns autores que pesquisam métodos para melhoria de propriedades


mecânicas, especialmente a tenacidade, de aços baixa liga médio carbono, com
aplicações em alta resistência e algumas vezes em baixa temperatura, têm
mencionado ou proposto que microestruturas mistas, tais como martensita-bainita,
apresentem propriedades de tenacidade e resistência superiores às dos aços com
estrutura convencional, ou seja, completamente martensítica [33, 37,42, 44].

Em uma das propostas [33,37], o autor sugere a produção de um aço com


estrutura mista de martensita e bainita inferior (25%) através de um tratamento
térmico modificado que consiste em transformação isotérmica de curto tempo na
região de temperatura bainítica, logo acima da temperatura inicial da transformação
martensítica (Ms), seguida de têmpera. Esse tratamento proporcionou energia de
impacto Charpy V e resistência superiores às obtidas em tratamentos convencionais
em aços AISI 4340 e 4140 e até mesmo em aços baixa liga de alto carbono. Esse
tratamento também se mostrou eficiente, em termos de melhoria das propriedades
mecânicas e isotropia, quando aplicado de maneira conjugada com o decréscimo da
taxa de redução durante laminação a quente. O aumento da resistência foi atribuído
ao refino da subestrutura obtido na matriz martensítica e ao aumento da resistência
da bainita inferior devido à maior restrição plástica da bainita pela martensita. A
melhoria da tenacidade foi atribuída tanto ao efeito de aprisionamento da trinca na
bainita como ao efeito de alívio de tensão da bainita bem em frente da trinca
existente. Por outro lado, os resultados também mostraram que a presença de
bainita superior é prejudicial uma vez que eleva a temperatura de transição do modo
de fratura, independente da fração volumétrica.

Todavia, é importante observar que a melhoria significante nas propriedades


mecânicas apresentada pelas microestrutura mistas, se a segunda fase dúctil
aparece com uma morfologia (tamanho, forma e distribuição) adequada associada à
martensita revenida.

É possível concluir que embora os tratamento isotérmicos curtos sejam


benéficos do ponto de vista de tenacidade, eles têm uma significado industrial
bastante limitado uma vez que os aços não são normalmente processados sob
condições isotérmicas [42].

34
II.3.3- Processamento

II.3.3.1- Taxa de Redução

Conforme exposto anteriormente, o forjamento pode parcialmente aliviar a


segregação química pela recristalização ou pela quebra da estrutura de grãos e pela
difusão, e por isso desenvolve um material mais homogêneo. Todavia, os efeitos da
segregação não podem ser totalmente eliminados pelo forjamento, pelo contrário, as
regiões segregadas tendem a ser alteradas pela operação de conformação
formando bandas. Estas bandas são geralmente marcadas pela presença de
inclusões não metálicas e, no caso específico dos sulfetos, apresentam alta
plasticidade e tendem a se alongar durante o processo de conformação.

Considerando-se que uma das maneiras mais efetivas de melhoria da


resistência à fratura é o controle da morfologia da inclusões, Tomita [33,34] sugeriu
que o método alternativo a ser considerado neste sentido é o decréscimo da taxa de
redução na laminação a quente, o qual ainda oferece as vantagens de ser mais
econômico na prática comercial e sendo um tratamento mecânico não requer
técnicas mais sofisticadas, como é o caso dos tratamentos químicos com adição de
cálcio, por exemplo. Em outros trabalhos, este mesmo autor investigou o efeito do
decréscimo da taxa de redução sobre a modificação da forma das inclusões tipo
sulfeto e na tenacidade à fratura de aços de alta resistência (4340). Os resultados
obtidos estão mostrados nas tabelas das figuras II.15 e II.16 e são brevemente
discutidos a seguir.

Média aritmética de
Fração Austenita
TG austenita Comprimento Largura Razão de
TR volumétrica retida
prévia (µm) (µm) (µm) aspecto
de MnS (%volume)
80% 21,6 0,113 23,8 6,2 3,8 3,6
98% 14,7 0,112 38,4 2,2 17,5 3,5

Figura II.15 – Efeito do decréscimo da laminação a quente sobre os parâmetros


microestruturais de um aço AISI 4340 de alta resistência contendo inclusões tipo
MnS. (TR = taxa de redução) [33].

35
0,2% LE KIC
TR RA (%) ECV (J)
(MNm-2) (MNm-3/2)
80%-L 1475,6 40,7 26,3 64,7
80%-T 1530,4 31,8 15,8 54,7
98%-L 1486,9 38,3 26,7 44,3
98%-T 1521,0 13,0 6,3 38,4

Figura II.16 – Efeito do decréscimo da laminação a quente sobre as propriedades


mecânicas de um aço AISI 4340 de alta resistência nas orientações longitudinal (L) e
transversal (T) [33].

A redução da taxa de conformação de 98% para 80% teve os seguintes


resultados significativos em termos dos aspectos microestruturais: modificou a forma
das inclusões de sulfeto de manganês de filamentos para elipsóides (comprimento
diminuiu de 38,4 para 23,8µm e correspondente aumento na largura de 2,2 para
6,2µm); reduziu a razão de aspecto média das inclusões MnS. Com relação às
propriedades mecânicas, foi observado que na orientação longitudinal esse
procedimento não alterou muito as propriedades de tração e a energia de impacto
Charpy; e na orientação transversal a ductilidade e a energia de impacto Chaypy
aumentaram, porém houve mudança muito pequena na resistência.

36
II.3.3.2- Efetividade do Tratatamento Térmico

A figura II.17 mostra que materiais temperados que apresentam


microestruturas com diferentes porcentagens de martensita se comportam de forma
diferente durante o revenimento [15].

Figura II.17 - Dureza em temperatura ambiente antes e após revenimento,


assim como a quantidade de martensita presente antes do revenimento em
amostras de temperabilidade (temperadas a partir da extremidade) revenidas por 2
horas de aço 4320 [15].

Observando-se a figura II.17 pode-se constatar que para porcentagens de


martensita elevadas existe um decréscimo mais acentuado de dureza durante o
revenimento do que para porcentagens de martensita reduzidas. A formação de
estruturas não-martensíticas na têmpera – inefetividade do tratamento térmico –
pode causar problemas que não são detectáveis depois que o material sofreu
revenido, pois apesar da dureza estar baixa não se sabe se foi devido a um bom
revenimento da martensita (onde a tenacidade seria otimizada) ou se foi a formação
de baixa quantidade de martensita ainda na têmpera, e cujo valor de dureza não
sofreria redução significativa no revenimento.

A figura II.18 apresenta um gráfico da relação LE/LR para diferentes durezas


com tratamentos mais ou menos efetivos. Constata-se que para valores de dureza
na ordem de 280 a 350HB, típicos para o material 41XX em questão, uma resposta

37
incompleta ao endurecimento reduziria a relação LE/LR a valores em torno de 0,8,
quando para um tratamento efetivo cuja estrutura fosse predominantemente
martensítica, esta relação poderia chegar a 0,9 [45]. Isto significa que a razão LE/LR
está diretamente relacionada com a microestrutura, mais especificamente com a
quantidade de martensita.

Figura II.18 – Relação entre resistência à tração e resistência ao escoamento para


aços temperados e revenidos [45].

No que diz respeito à influência de LE/LR na tenacidade e sua relação com a


microestrutura pouco foi verificado na literatura específica para aços temperados e
revenidos de médio carbono da família 41XX.

Esta relação costuma ser mais estudada em aços ferríticos de granulometria


refinada e aços dual-phase de baixo carbono [46,47], onde valores mais baixos são
benéficos pois são aços estruturais e menores valores de limite elástico são
desejados. Estes aços no entanto têm ótima tenacidade.

Também em aços de baixo carbono martensíticos e bainíticos [48,49] de alta


tenacidade estuda-se a razão LE/LR em relação à sua variação com temperaturas
de revenimento, sendo entretanto que nestes aços existe possibilidade de retenção
de austenita e a relação LE/LR sempre varia quando existe possibilidade de
formação martensítica.

38
II.3.3.3- Temperatura de Austenitização

Outra medida importante, que traz informações sobre o processamento que o


material sofreu e sobre a tenacidade esperada, é o tamanho de grão da austenita
prévia. Quando se realiza o tratamento de normalização anterior ao de têmpera e
revenimento refina-se o grão austenítico, que traz dois efeitos distintos [29], sendo
um o de reduzir a temperabilidade (e muitas vezes dificultar a formação martensítica
permitindo estruturas difusionais de baixa tenacidade) e o outro o de uniformizar a
estrutura e conferir maior tenacidade à estrutura martensítica (de preferência quando
maior quantidade de martensita é formada).

Em um levantamento feito por Tomita [33] sobre o desenvolvimento de


estudos para melhoria da tenacidade à fratura de aços baixa liga alta resistência, um
dos métodos de controle microestrutural apontados é o tratamento térmico com alta
temperatura de austenitização. Ele relata que embora aços baixa liga alta resistência
comerciais sejam convencionalmente austenitizados em baixas temperaturas
(tipicamente 870ºC) antes de têmpera e revenimento para a produção de um
tamanho de grão austenítico prévio refinado e de uma boa combinação de
propriedades mecânicas, há trabalhos sugerindo que austenitização de aços em
temperaturas superiores a 1100ºC ao invés de temperatura convencional aumenta
dramaticamente a tenacidade à fratura em deformação plana KIC para o estado
como temperado, sendo este efeito benéfico reforçado por têmpera rápida. Entre
outros [40], este efeito foi observado para os aços AISI 4130, 4140, 4330 e 4340. No
artigo [50] de Parker e Zackay são mostrados valores resultantes desse tratamento
para alguns desses aços e o procedimento é discutido, sendo que a efetividade do
tratamento de austenitização em alta temperatura em reduzir a fragilidade é
atribuída ao fato de que como a energia média de contorno de grão é mais baixa
após o crescimento do grão, há um atraso na nucleação de produtos de
decomposição da austenita nos contornos (aumento da temperabilidade da bainita),
uma vez que microestruturas mistas são conhecidamente maléficas à tenacidade,
especialmente quando uma fase minoritária está presente como uma rede nos
contornos de grãos da austenita prévia [50]. Todavia, é destacado pelo autor [33]
que a grande melhoria na tenacidade à fratura não é frequentemente acompanhada
pela energia de impacto Charpy. De fato, em um trabalho anterior [35] que utilizava
este tratamento de alta temperatura de austenitização, havia sido constatado pelo
próprio Tomita que ao mesmo tempo que a tenacidade à fratura aumentava, havia
também reduções da resistência e da energia de impacto Charpy como resultado da
estrutura de grãos grosseiros. Foi então concluído que alta temperatura de

39
austenitização não é um método completamente adequado para melhoria da
tenacidade à fratura.

II.3.4- Fatores Mecânicos

Conforme já mencionado, o tratamento térmico normalmente aplicado a


forjados de aços baixa liga médio carbono é a têmpera seguida de revenimento, com
tempos e temperaturas dependentes da seção transversal e das propriedades
desejadas. É bem conhecido que o comportamento mecânico desses aços é muito
sensível à temperatura de revenimento e ao tempo de tratamento. A resistência e a
dureza decrescem para valores crescentes da temperatura de revenimento e tempo
de patamar, porém o efeito da temperatura é mais significativo que o do tempo
[51,13]. A figura II.19 ilustra o comportamento da tensão de escoamento e da tensão
de resistência à tração de um aço com 0,41% de carbono com a temperatura de
revenimento.

Figura II.19 – Resistência à fratura, resistência ao escoamento e limite


elástico em um aço com 0,41%C temperado e revenido nas temperaturas
apresentadas [13].

40
Também já foi abordado que a dureza, e por sua vez os valores de
resistência, são fortemente dependentes da concentração de carbono no aço, como
pode ser observado na figura II.20 que mostra a dependência da dureza e das
propriedades de resistência com a concentração de carbono para aços da família
41XX e 43XX [13].

Figura II.20 – Dependência entre dureza e parâmetros de resistência de aços 41XX


e 43XX temperados e revenidos a 150ºC com a concentração de carbono [13].

A concentração de carbono é também um fator determinante sobre a


tenacidade ao impacto de aços temperados e revenidos [9]. A figura II.21 mostra a
energia absorvida em ensaio Charpy-V em função da temperatura de revenimento
para uma série de amostras com várias concentrações de carbono e dois níveis de
fósforo. Os aços 41XX contêm nominalmente 1% de cromo e 0,2% de molibdênio e
o aço 52100 contém nominalmente 1,5% de cromo. Os níveis alto e baixo de fósforo
foram respectivamente 0,02% e 0,002% nos aços 41XX e 0,023% e 0,009% no aço
52100. A tenacidade ao impacto cai enormemente nas amostras revenidas em
200ºC, onde a fratura é exclusivamente dúctil, de 60J no aço com 0,3% de carbono
para menos de 2J no aço com 1% de carbono. A densidade de partículas de
carbetos que iniciam vazios certamente aumenta com a concentração de carbono,

41
mas a densidade de partículas não pode explicar sozinha o forte efeito do carbono
sobre o revenimento. Um outro efeito de concentrações crescentes de carbono é o
aumento na dureza e na resistência em uma dada condição de revenimento, e a
maneira com que o carbono modifica o comportamento da deformação plástica
contribui fortemente para a dependência da tenacidade ao impacto dos aços
temperados e revenidos com o carbono.

Figura II.21 – Energia de impacto absorvida por amostras Charpy-V em função da


temperatura de revenimento para aços de vários conteúdos de carbono e fósforo [9].

Vale ainda observar na figura II.21 que o efeito do fósforo no decréscimo da


tenacidade ao impacto é relativamente constante independente das condições de
revenimento das amostras. Isso é atribuído à segregação de fósforo durante
austenitização e seu efeito fragilizante nas interfaces críticas carbeto-matriz nas
amostras após têmpera e nas revenidas. A queda na tenacidade ao impacto Charpy
V a 300ºC é atribuída à formação de carbetos durante o segundo estágio de
revenimento [9].

42
A tabela II.4 [52] mostra um quadro que resume os fatores apresentados
anteriormente que afetam a tenacidade de aços baixa liga tipo 41XX temperados e
revenidos para o nível de resistência dos componentes estudados neste trabalho,
com as influências de cada etapa de fabricação e com o respectivo parâmetro que
se acredita ser importante medir.

Tabela II.4 - Principais fatores que afetam a tenacidade dentro de cada etapa
de fabricação [52].

fatores que afetam a


etapa de fabricação parâmetro a ser medido
tenacidade

teor de enxofre (contribui


Processamento limite de impurezas para a formação de
Siderúrgico inclusões)

(técnicas de refino e teor de carbono e o


seleção de materiais pela carbono equivalente
composição química
temperabilidade) (influenciam na
temperabilidade e dureza)

variação de durezas
Processamento Mecânico
entre regiões
(taxa de redução e
nível de segregações segregadas e não
temperatura de
segregadas
forjamento)
tipo de bandeamento

tamanho de grão da
refino da estrutura
Tratamento Térmico austenita prévia
(temperaturas de patamar,
fração volumétrica de
tempos de revenimento, efetividade da têmpera
microestruturas
meios de resfriamento e
tamanhos de peças) efetividade do
dureza da martensita
revenimento

43
II.4- Correlação Numérica entre Propriedades Mecânicas e Variáveis
Metalúrgicas

O desenvolvimento e processamento de materiais apresentam um grande


número de variáveis que os tornam temas complexos. Embora pesquisas científicas
em materiais ajudem enormemente no entendimento das origem dos fenômenos,
muitos problemas permanecem quando são necessários tratamentos quantitativos
dessas variáveis [19].

A falta de avanços mais significativos na previsão das propriedades


mecânicas a partir do conhecimento das características microestruturais dos aços se
deve à influência de um grande número de variáveis. No entanto, existem padrões
que metalurgistas experientes reconhecem e entendem. A tenacidade medida em
ensaio Charpy é um exemplo disso. Embora não seja exatamente claro o quanto se
espera que a tenacidade melhore, a relação qualitativa está bem estabelecida com
base em um vasto número de experimentos [19].

Muitos trabalhos têm abordado a correlação entre as características


microestruturais observadas e as propriedades mecânicas dos materiais ensaiados,
dada a importância da previsão do comportamento em serviço de um determinado
material [19,43-60]. Todavia, a correlação entre propriedades mecânicas e
microestruturas em aços temperados e revenidos é muito complexa devido
justamente a complexidade das microestruturas [53]. Conforme discutido acima,
vários fatores afetam a tenacidade de um aço. Se esses fatores operassem
independentemente nos materiais, a maneira mais simples de estimar a tenacidade
resultante de aços seria a soma linear destes em cada etapa da fabricação. Todavia,
a contribuição de cada um deve ser considerada de maneira combinada ao invés de
simples adição. O mesmo raciocínio é válido quando se aborda a resistência dos
aços, pois esta pode ser decomposta em diferentes mecanismos de endurecimento
que não atuam independentemente [61].

No trabalho de Li, Q. [53], os parâmetros microestruturais foram


caracterizados, medidos e avaliados de forma a serem aplicados no cálculo da
tensão associada aos mecanismos de endurecimento individuais. Cada parcela de
tensão individual associada a cada um dos mecanismos contribui, por sua vez, no
valor da tensão de escoamento a 0,2%. O autor então compara a tensão resultante
do somatório dos diferentes mecanismos de endurecimento (aplicando o método da
raiz do somatório dos quadrados ao invés de somatório simples) com a tensão
medida experimentalmente e encontra uma boa correlação entre os resultados.

44
Dessa forma, a tabela reproduzida na figura II.22 mostra os valores atribuídos a
cada um dos mecanismos, o somatório e o valor medido.

Contribuição de várias fontes para a resistência ao escoamento total (MPa)


Peierls, δi 30,0
Solução sólida intersticial, δc 5,9
Solução sólida substitucional, δss 205,2
Contorno de grão, δlb 239,4
Partículas de carbeto, δp 64,4
Endurecimento por conformação, δwh 40,0
Discordâncias, δd 128,9
δA = δd 128,9
δB = δi + δc + δss + δlb + δp + δwh 584,9
Soma linear, δy = δA + δB 713,8
Soma rms, δy = √ (δA2 2
+ δB ) 598,9
Observada [44], δy 584,5

Figura II.22 – Contribuição dos mecanismos para o valor de tensão e


comparação com valor observado [53].

Muitos outros autores também já discutiram a correlação entre microestrutura


e propriedades mecânicas em aços martensíticos, conforme citado em [53]. Um dos
exemplos é o artigo publicado por Young e Bhadeshia [54], no qual os autores
modelam as propriedades mecânicas (especificamente resistência) de uma
microestrutura mista de bainita e martensita revenida, interpretando
quantitativamente resultados que mostram que a resistência alcança um pico numa
determinada fração volumétrica de martensita. É importante destacar que é
encontrada uma ótima concordância entre resultados experimentais e os estimados
pelo modelo.

Esta relação entre propriedades de tração e parâmetros microestruturais tem


sido discutida por vários autores de diferentes maneiras. No trabalho de Kim e
Niinomi [55], em ligas a base de alumínio, parâmetros microestruturais como
tamanho de grão, grau de recristalização, e tamanho/distribuição de precipitados
foram modificados através de processamento termo-mecânico, tendo sido realizada
a caracterização microestrutural e ensaios de tração. As análises quantitativas
permitiram explicar a relação entre a tensão de escoamento e os parâmetros
microestruturais. Os mecanismos de endurecimento presentes na liga estudada que

45
contribuem na tensão de escoamento foram então teoricamente discutidos utilizando
os parâmetros microestruturais analisados, e os valores de resistência ao
escoamento medidos e os calculados teoricamente foram comparados. É observado
que os valores de resistência medidos e os calculados poderiam estar em melhor
concordância, o que deve ser atingido se forem medidos valores mais precisos do
incremento na resistência devido ao endurecimento por solução sólida. Outros
resultados do trabalho mostram os efeitos do processamento termo-mecânico sobre
a resistência da liga de Al-Li, além de caracterizar os principais precipitados
responsáveis pelo endurecimento da liga e os mecanismos pelos quais esses
atuam.

Hodgson, P. D. [56] fez uma revisão do desenvolvimento de modelos que


utilizam parâmetros microestruturais para prever propriedades mecânicas finais de
aços trabalhados a quente. Este trabalho considerou os chamados modelos
convencionais que envolvem o desenvolvimento de equações para os eventos
microestruturais (precipitação, recristalização, crescimento de grão e
transformação), e os modelos que correlacionam estrutura com propriedades para a
previsão dessas. Com relação a esses últimos, os modelos que se baseiam na
equação de Hall-Petch têm sido amplamente utilizados na indústria de aço para
prever a resistência a tração e ao escoamento. Também já foram identificadas
relações semelhantes entre tamanho de grão e outras propriedades como o
alongamento e a tenacidade, todavia há um nível de confiança muito menor para
estas, pois outros fatores como nível de impurezas e segregação reduzem a simples
dependência entre as propriedades e o tamanho de grão.

Este autor [56] também afirma que modelos que correlacionam estrutura-
propriedades para bainita ainda são muito pouco entendidos e estão, na maioria,
relacionados à temperatura de transformação média. Além disso, o comportamento
do escoamento de aços que contém uma mistura de fases não está adequadamente
modelado.

Um outro método desenvolvido por Bhadeshia et al. [57] utiliza redes neurais
para o cálculo da tenacidade de juntas soldadas ferríticas. A tenacidade Charpy foi
expressa como uma função do processo de soldagem, da composição química, da
temperatura de teste e da microestrutura. Foram utilizados dados experimentais que
representaram um total de 181 combinações das variáveis, sendo parte dos
exemplos utilizados para treinar a rede e outra parte utilizada como “novos”
experimentos para testar a rede treinada. O objetivo da análise foi verificar se a rede
reconheceria tendências consagradas na tenacidade como uma função da

46
microestrutura. A figura II.23 ilustra a significância de cada uma das variáveis de
entrada, como percebido pela rede neural, influenciando a tenacidade da solda. O
resultado é que a análise é empírica porém após treinamento apropriado ela
reproduz de maneira confiável uma experiência metalúrgica conhecida. O método é
então útil de modo que a rede otimizada resume conhecimentos de uma maneira
quantitativa e pode ser treinada repetidamente à medida que novos dados sejam
disponibilizados. Por outro lado, conforme Bhadeshia [19] em trabalho posterior,
embora esse modelo de tenacidade seja revelador, é no entanto impraticável para
uso rotineiro porque as variáveis de entrada incluem a microestrutura, que pode ser
difícil de ser medida ou prevista. O autor sugere então que as entradas
microestruturais sejam eliminadas e que as condições de soldagem sejam incluídas,
uma vez que essas determinam a taxa de resfriamento da solda e a microestrutura é
uma função desta e da composição química (ambas facilmente medidas) assim, a
microestrutura não precisaria ser incluída explicitamente. O autor conclui que para
aplicações práticas, os modelos de redes neurais mais úteis são aqueles em que as
entradas são facilmente medidas, talvez até porque permitam fazer parte de um
processo de controle de qualidade. Por outro lado, pode ser revelador usar dados de
entrada que estão relacionados diretamente com o parâmetro de saída, como é o
caso da microestrutura com a tenacidade, de modo que os mecanismos sejam
revelados.
Manganês
Fósforo
Enxofre
Alumínio

Primário

Acicular
Processo
Rendimento
Carbono
Silício

Temperatura
Nitrogênio
Oxigênio

Alotriomórfico

Figura II.23 – Gráfico de barras mostrando uma medida da significância, conforme


percebida pelo modelo, de cada variável de entrada que influencia a tenacidade[19].

47
Majta et al. [58] desenvolveram um modelo que utiliza simulação
computacional para analisar o desenvolvimento microestrutural e finalmente prever
as propriedades mecânicas de aços C-Mn. O modelo microestrutural possibilita
separar as contribuições relativas de solução sólida, microestrutura da ferrita,
subestrutura e endurecimento por discordâncias. As condições de deformação a
quente foram simuladas usando Método de Elementos Finitos e foram realizados
ensaios de compressão. Após a deformação, o material foi analisado para obter a
microestrutura e verificar o modelo de subestrutura e os mecanismos de
endurecimento por discordâncias. Os resultados experimentais foram usados para
validar e melhorar as equações empíricas que foram empregadas no modelo
genérico.

Bhattacharjee e Davis em seu trabalho [59] afirmam que para um aço


microligado conformado termo-mecanicamente (thermomecanical controlled rolling -
TMCR), cuja microestrutura resultante é bastante heterogênea, os valores de
resistência são geralmente dependentes do tamanho de grão médio e por isso
valores de tensão de escoamento e de tensão de fratura podem ser previstos
usando este valor. Todavia, segundo os autores, valores de tenacidade são mais
sensíveis a variações microestruturais uma vez que as tensões na ponta da trinca
envolvem um volume relativamente pequeno de material. Eles trabalharam com dois
aços que representam rotas de processamento diferentes: um aço microligado
conformado termo-mecanicamente e um aço C-Mn normalizado. Os aços foram
caracterizados em relação à distribuição do tamanho de grão e à distribuição do
tamanho de facetas de fratura por clivagem (que representa a unidade
microestrutural que a frente de uma trinca experimenta em um material). A
contribuição do tamanho de grão tradicionalmente medido por microscopia ótica
para o processo de fratura pode ser deduzido por uma comparação da distribuição
do tamanho de faceta com aquela do tamanho de grão oticamente observado. Os
autores discutem então a relação entre o tamanho de grão e o tamanho de faceta
para os dois aços. Eles observam que enquanto no aço C-Mn normalizado o
tamanho de grão médio 3-D é bem próximo do tamanho de faceta médio, nos aços
processados termo-mecanicamente o tamanho de faceta médio é significantemente
maior que o tamanho de grão médio 3-D. Considerando que a frente da trinca ignora
os contornos de baixo ângulo e atravessa grupos de tais grãos tratando-os como um
único grão efetivo, então o tamanho de grão efetivo observado pela frente da trinca é
pelo menos 54% (calculado previamente no trabalho) maior que o tamanho de grão
3-D. presentes nesses aços. Fica claro então que para aços processados termo-

48
mecanicamente apenas o tamanho de grão não é informação suficiente para
previsão da tenacidade. Neste caso, a mesotextura herdada pelos grãos, ou seja, a
distribuição dos ângulos de desorientação entre grãos vizinhos traz um efeito
importante no modelamento e previsão da tenacidade, e para ilustrar isso os autores
utilizam a equação de Gladman-Pickering [62] para 50% TTI (temperatura de
transição de impacto Charpy), a qual é válida para tamanho de grão médio 2-D (d):

TTI (ºC) = -19 + 44% Si + 700(%N(livre))0,5 + 2,2% perlita – 11,5d-0,5 (II.1)

Para o aço normalizado, 50% de TTI previsto pela Equação II.1 é -41ºC e o
valor observado é aproximadamente -40ºC. Todavia, para o aço processado termo-
mecanicamente esses valores são -100ºC e aproximadamente -65ºC,
respectivamente. É possível observar então que os valores aproximados da previsão
de TTI usando a equação II.1, junto com a comparação do tamanho de grão com o
tamanho de faceta, claramente indicam que o tamanho de grão é informação
suficiente para prever o comportamento em fratura para o aço normalizado. Por
outro lado, no aço processado termo-mecanicamente o tamanho de grão efetivo
observado pela trinca é muito maior que o tamanho de grão oticamente observado.
Dessa forma, se for utilizado o tamanho de grão 2-D corrigido para mesotextura (isto
é, multiplicado por 1,54%) na equação II.1, o valor de TTI previsto é -70ºC, o que
mostra uma concordância muito melhor com o valor medido, -65ºC. Portanto é
apropriado usar o tamanho de grão médio 2-D corrigido para mesotextura para
prever a TTI do aço processado termo-mecanicamente. Os autores concluem então
que os dados sobre o tamanho de grão são suficientes para prever a temperatura de
transição de impacto Charpy em aços normalizados de composição conhecida
utilizando a equação de Glaman-Pickering. Todavia, para o aço processado termo-
mecanicamente é essencial ter informações sobre a distribuição dos ângulos de
desorientação para prever a tenacidade Charpy.

O conceito de tamanho de grão efetivo calculado considerando a


desorientação da microestrutura e a correlação com o tamanho de faceta da
superfície de fratura foram originalmente desenvolvidos por Kim et al. [60]. Eles
trabalharam com um aço bainítico baixa liga Mn-Mo-Ni comumente utilizado em
vasos de pressão de reatores nucleares, sendo que a resistência e a tenacidade à
fratura são as propriedades mecânicas mais significativas para esta aplicação. Estas
propriedades são muito afetadas pela microestrutura do material e esta por sua vez
é muito complexa e variável conforme o processo de fabricação e a composição o

49
que, segundo os autores, deu origem a vários estudos, os quais tentaram
correlacionar os parâmetros microestruturais com as propriedades mecânicas, isto é
o efeito do tamanho de grão na temperatura de transição dúctil-frágil e na
tenacidade à fratura. Todavia, não foi estabelecida uma definição clara para o
tamanho de grão efetivo que afeta as propriedades mecânicas porque aços
bainíticos apresentam microestruturas complexas tais como células de
discordâncias, ripas, pacotes e grãos de austenita prévia, o que torna a
discriminação de tal microestrutura difícil. De fato, a determinação do tamanho de
grão de aços bainíticos é um problema devido aos vários tipos de contornos que
esses aços apresentam e a maioria das propriedades mecânicas se relacionam
diretamente com o tamanho e o tipo de contornos. Por isso, é necessário
estabelecer o critério para a determinação do tamanho de grão efetivo para a análise
das propriedades mecânicas. Os autores explicam que os critérios para decidir o
tamanho de grão efetivo podem ser definidos pela capacidade do próprio contorno
em atuar como uma barreira à deformação ou à propagação da trinca, e essa
capacidade pode ser explicada em relação a desorientação nos contornos. Quando
o contorno entre dois pacotes adjacentes apresenta baixa desorientação, é
esperado que a deformação ou trinca atravesse facilmente o contorno, e nesse
caso, os dois pacotes podem ser considerados como um único grão. Por isso, é
razoável levar em consideração a desorientação nos contornos para definir o
tamanho de grão efetivo, e a observação da microestrutura deve ser feita em vista
da desorientação nos contornos ou da relação da orientação cristalográfica entre
dois grãos adjacentes. Os contornos do aço estudado foram caracterizados pela
investigação dos ângulos de desorientação entre grãos vizinhos, e a técnica de
Difração por Elétrons Retro-Espalhados foi empregada para obter a informação
cristalográfica, além de observações por MET. Os autores mostraram que a frente
da trinca pode ignorar ângulos de contornos menores que 15º, o que resulta em
grandes facetas individuais acomodando múltiplos grãos. Eles também descobriram
em seus resultados que o tamanho da faceta é bem próximo do tamanho de grão
efetivo definido com base na desorientação dos contornos de grão. Quando uma
trinca que está propagando encontra um contorno, este resiste contra a propagação
da trinca e o caminho da trinca muda conforme a desorientação no contorno. Por
isso, uma faceta pode ser definida como uma área cercada pelos contornos
resistentes à propagação da trinca e portanto o tamanho da faceta está intimamente
relacionado ao tamanho de grão efetivo. Foi então concluído que a desorientação é
um critério útil para definir o tamanho de grão efetivo para os estudos de
propriedades de fratura.

50
CAPÍTULO III

MATERIAIS E MÉTODOS

III.1- Materiais

O material analisado no presente trabalho corresponde a aços da família


AISI 41XX (composições entre o AISI 4130 e AISI 4150), provenientes de subs de
perfuração confeccionados para atendimento ao API Spec 7 (diâmetro externo
entre 3 e 10” e diâmetro interno de 3”) que foram avaliados previamente pela
empresa Tecmetal Consultoria em Materiais.

Foram fornecidos 60 corpos de prova Charpy V ensaiados à temperatura


ambiente utilizados para avaliação de 30 subs de procedências desconhecidas,
além dos resultados de ensaios de tração (tensão limite de escoamento, tensão
limite de resistência, deformação total e redução de área) e de Charpy V, realizados
segundo a norma ASTM A370 [63], sempre na direção transversal.

III.2- Obtenção das Amostras

A partir das duas metades dos corpos de prova Charpy V fraturados foram
realizadas as diversas análises metalúrgicas, cuja metodologia está apresentada a
seguir. É importante ressaltar que os corpos de prova Charpy V são transversais,
com entalhe a partir da superfície do forjado, e foram retirados no centro da
espessura do sub (tubular), como ilustra a figura III.1.

Figura III.1 – Esquema da posição de retirada dos corpos de prova Charpy V.

51
A Figura III.2 ilustra a seqüência usada para preparação das amostras. Uma
das metades do Charpy V foi cortada para análise fractográfica, sendo o restante
do material utilizado para os ensaios de dureza e análise química. Na outra
metade fez-se um desbaste a partir da superfície longitudinal (aproximadamente 2
mm) até a raiz do entalhe, que corresponde à altura do chanfro, para que se
chegasse ao início da superfície de fratura de forma a realizar as diferentes
análises microestruturais nesta superfície (indicada na figura III.2) após
embutimento em baquelite.

Figura III.2 – Seqüência de preparação dos corpos de prova.

52
III.3- Análise Química

Foi realizada análise da composição química por espectrometria de emissão


em todas as amostras no equipamento Spectro XF utilizando o padrão adequado
para aços baixa liga (base Fe-10-F). Todas as amostras foram analisadas numa
mesma corrida e o resultado final foi calculado a partir da média dos teores
encontrados em duas queimas em superfície previamente polida.

III.4- Fractografia

Foram capturadas macro fractografias de todas as amostras utilizando


Estereoscópio Olympus SZ61 com aumento de 10x. O segmento foi preparado como
mostrado na figura II.2 e adequadamente conservado sob vácuo. Foram também
feitas análises fractográficas utilizando microscopia eletrônica de varredura (MEV
Jeol JSM 6460) em algumas amostras com diferentes energias Charpy V visando
caracterizar os mecanismos de fratura.

III.5- Análise Microestrutural

Preparação das Amostras para Metalografia

As amostras para microscopia ótica tiveram a altura do chanfro desbastada


até o início da região de fratura e foram submetidas ao preparo metalográfico
convencional, consistindo em embutimento, lixamento nas granulometrias de 100,
220, 320, 400, 600, 1200 e 4000 e posterior polimento utilizando-se pastas de
diamante de 6µm, 3µm, 1µm e ¼µm, seguindo-se diversos ataques químicos
conforme aplicável. As amostras foram observadas em microscópio ótico e
microscópio eletrônico de varredura para as diferentes análises conforme descrito a
seguir.

Caracterização das Inclusões por Microscopia Ótica e EDS

Para a análise de inclusões as amostras foram observadas em microscópio


ótico Carl Zeiss Axioskop com objetivas de 5x, 20x e 50x sem ataque químico.
Foram capturadas em média 8 imagens de cada amostra, em pelo menos 3 campos
diferentes, e as inclusões foram classificadas conforme a ASTM E45 [64] pelo
método comparativo com o quadro (chart) [65].

Alguns tipos diferentes de inclusões presentes nas superfícies de fratura de


amostras escolhidas com diferentes energias Charpy V foram analisadas em EDS
quanto à composição.

53
Caracterização do Bandeamento

Como o bandeamento foi inicialmente identificado como uma característica


microestrutural relacionada diretamente à tenacidade, foram conduzidas diferentes
análises buscando um parâmetro que representasse esta característica.

Primeiramente foi utilizado ataque com solução de Nital 2%, e as amostras


foram observadas em microscópio ótico em relação à distribuição das regiões
segregadas (bandeamento). Foram capturadas em média três imagens de cada
amostra com objetiva de 5x e a classificação quanto ao bandeamento foi realizada
através de uma avaliação relativa comparativa entre as amostras.

Buscando uma técnica mais aprimorada foi utilizada a análise digital de


imagens para definir de forma quantitativa o parâmetro, anteriormente analisado de
forma qualitativa. As amostras foram atacadas com solução de ácido pícrico (4g de
ácido pícrico, 4g de cloreto férrico e 200ml de água destilada) para revelar
impurezas, submetidas à captura automática (platina motorizada) e tratamento
através de diferentes macros.

A captura das imagens foi feita através de sistema integrado de captura,


armazenamento, processamento, análise de imagens e geração de relatórios que
consiste em microscópio ótico Carl Zeiss Axioplan 2 imaging com deslocamento x-y,
iluminação, foco, contraste e objetivas automatizados; câmera digital AxioCam HRc
Zeiss com resolução máxima de 3900x3090 pixels em RGB; e o software KS 400
versão 3.0, para controle do microscópio, aquisição, processamento e análise de
imagens. O microscópio é então completamente automatizado e controlado por
computador [66,67].

Uma rotina (chamada macro) foi desenvolvida no KS 400 especificamente


para aquisição de nove imagens em posições da amostra pré-definidas, com ajuste
automático do foco utilizando a objetiva de 5x, e tratamento das imagens para
determinação dos parâmetros de bandeamento (fração volumétrica de bandas,
largura média, espaçamento entre bandas e continuidade das bandas).

Caracterização dos Microconstituintes

As amostras foram caracterizadas quanto à microestrutura, em regiões


dentro e fora de segregações, após ataque com Nital 2%. Foram capturadas em
microscopia ótica em média doze imagens de cada amostra com objetivas de 5x,
20x e 50x. Foram também escolhidas amostras com diferentes energias Charpy V
para caracterização microestrutural por MEV (microscópio Jeol JSM 5800-LV).

54
Caracterização do Tamanho de Grão

O tamanho de grão foi classificado para cada amostra segundo a norma


ASTM E112 [68] utilizando o método de metalografia quantitativa por comparação
[65] com imagens de tamanho de grão ASTM [69] adequadamente ampliadas. Foi
utilizado ataque químico com solução de ácido pícrico (4g de Ácido Pícrico, 4g de
Cloreto Férrico e 200ml de água destilada) para que fossem revelados os contornos
de grão da austenita prévia. As imagens foram capturadas em microscópio ótico
com objetiva de 50x.

A figura III.3 apresenta algumas imagens do quadro de padrões de TG da


ASTM, com ampliação real de 240x para ilustração, onde está evidente ainda o
diâmetro de grão médio em milímetros [70].

TG NOMINAL ASTM 4 (0,090mm) TG NOMINAL ASTM 5 (0,065mm)

TG NOMINAL ASTM 6 (0,045mm) TG NOMINAL ASTM 7 (0,032mm)

TG NOMINAL ASTM 8 TG NOMINAL ASTM 9 TG NOMINAL ASTM 10


(0,022mm) (0,016mm) (0,011mm)
Figura III.3 – Padrões de TG conforme ASTM [69].

55
III.6- Ensaios de Dureza

Foram conduzidos ensaios de dureza Rockwell C em cada uma das


amostras, devidamente preparadas com lixamento até a granulometria 600. Foram
realizadas cinco medidas no Durômetro de bancada FIXO-TEST.

III.7- Ensaios de Microdureza

As amostras da análise microestrutural foram avaliadas em relação à


microdureza em regiões diferentes para que se pudesse evidenciar se existiram
variações de dureza relacionadas às variações microestruturais, não detectáveis em
dureza macroscópica . Elas foram neste caso atacadas com solução de ácido pícrico
para que as regiões de segregação (bandas) fossem claramente evidenciadas e foi
realizado ensaio de microdureza Vickers com carga de 100 gramas no equipamento
MICROMET 2003 (Buehler) da seguinte forma: três identações na região da banda
de segregação e três identações entre bandas, conforme ilustra a Figura III.4.

identações de microdureza

Figura III.4 – Esquema do posicionamento das medidas de microdureza.

56
CAPÍTULO IV

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os resultados da caracterização mecânico-metalúrgica para cada corpo de


prova (CP) Charpy V estão apresentados no Anexo I. Neste anexo, além dos valores
provenientes dos ensaios de tração e de Charpy V, estão apresentadas a macro
fractografia de uma das metades do CP e as micrografias que caracterizam as
inclusões, o bandeamento, o tamanho de grão e a microestrutura típicos, juntamente
com os valores medidos dos parâmetros microestruturais, composição química e
durezas, macro e microscópica.

Para melhor tratamento dos resultados estes serão apresentados, dentro de


itens específicos, em tabelas-resumo e gráficos que ilustram as tendências
verificadas e que serão discutidas.

IV.1- Propriedades Mecânicas

A tabela IV.1 apresenta os valores das propriedades tensão limite de


escoamento (LE), tensão limite de resistência (LR), razão LE/LR; além de dureza
Rockwell C e Charpy V para todos os CPs.

Quando se plota os valores de energia Charpy V contra LR (figura IV.1)


verifica-se que não existe uma relação bem definida entre a tenacidade e a
resistência mecânica dos materiais ensaiados. Da mesma forma para energia
Charpy V contra dureza Rockwell C, figura IV.2. O que se nota nestes gráficos é
uma tendência para maiores valores de resistência e de dureza estarem associados
a maiores valores de energia Charpy V, o que é inclusive uma tendência contrária à
tipicamente apresentada na literatura para aços temperados e revenidos [9], onde
menores valores de dureza estão associados a maiores temperaturas de
revenimento e portanto a maiores valores de resistência ao impacto.

Este resultado que parece contraditório pode ser explicado pela grande
variedade de processamentos termomecânicos dos materiais estudados, nos quais
foram aplicadas diferentes taxas de redução e ciclos de tratamentos térmicos, com
significativas diferenças microestruturais (principalmente em termos das quantidades
dos microconstituintes martensita e bainita), isso significa que, mesmo sendo todos
os aços temperados e revenidos, não é apenas o revenimento da martensita que
dita a tenacidade destes aços e portanto a dureza não é, neste caso, um parâmetro
que permita avaliar a tenacidade (resistência ao impacto).

57
Tabela IV.1 – Resultados dos ensaios mecânicos e a razão LE/LR calculada.
CP ECV (J) LE (MPa) LR (MPa) LE/LR HRC
1 10 763 942 0,81 26
2 10 771 964 0,80 28
3 15 648 877 0,74 25
4 16 808 1002 0,81 31
5 16 808 1002 0,81 31
6 16 771 964 0,80 28
7 16 653 884 0,74 26
8 16 727 942 0,77 28
9 17 705 916 0,77 26
10 17 763 942 0,81 28
11 17 653 884 0,74 25
12 18 717 940 0,76 26
13 20 808 1002 0,81 32
14 20 717 940 0,76 29
15 20 727 942 0,77 27
16 22 728 910 0,80 28
17 22 828 1021 0,81 32
18 22 653 884 0,74 25
19 22 727 942 0,77 29
20 23 728 910 0,80 30
21 24 705 916 0,77 28
22 24 851 1022 0,83 33
23 24 873 1012 0,86 32
24 24 930 1061 0,88 33
25 25 688 892 0,77 26
26 25 873 1012 0,86 31
27 27 821 989 0,83 28
28 28 688 892 0,77 26
29 28 867 1002 0,87 32
30 28 808 969 0,83 29
31 28 847 966 0,88 30
32 29 879 1060 0,83 32
33 29 828 1021 0,81 33
34 30 688 892 0,77 25
35 30 774 941 0,82 29
36 31 789 1004 0,79 30
37 31 930 1061 0,88 33
38 31 828 1021 0,81 32
39 32 829 1013 0,82 31
40 32 690 889 0,78 28
41 32 851 1009 0,84 31
42 33 789 1004 0,79 30
43 33 808 969 0,83 30
44 33 851 1009 0,84 31
45 34 796 953 0,84 31
46 34 829 1013 0,82 31
47 34 774 941 0,82 29
48 35 851 1009 0,84 31
49 35 850 979 0,87 30
50 36 930 1061 0,88 33
51 37 796 953 0,84 30
52 37 774 941 0,82 29
53 37 844 979 0,86 30
54 38 860 989 0,87 30
55 40 850 979 0,87 31
56 43 879 983 0,89 31
57 44 879 983 0,89 31
58 45 860 989 0,87 31
59 51 844 979 0,86 30
60 64 879 983 0,89 29

58
70

60
60

50 59

5758
56
40 55
Ecv (J)

52 51 53 54 50
47 45 49 4846
40 43 4244
30 34 35 364139 38 37
28 31
30 33 32
27 29
25 26
18 2021
16 19
23 22
17
24
20 14
15 13
11 9 12
10
3 7 8 6 5
4

10 1 2

850 900 950 1000 1050 1100


LR (MPa)

Figura IV.1 – Relação entre ECV e LR.

70

60
60

50 59

58
57
56
40 55
54
Ecv (J)

52 53
51 50
47 49 48
46
45
40 43
42 44
41
39
30 34 35 36 38 37
28 30 31 32
29 33
27
25 21 26 23 22
24
18 16 19 20 17
20 15 14 13
11 12
9 10
3 7 8
6 5
4

10 1 2

0
24 26 28 30 32 34
HRc

Figura IV.2 – Relação entre ECV e HRC.

59
Partindo desta premissa o parâmetro que mais logicamente representaria a
microestrutura seria a relação LE/LR, estando os maiores valores de LE/LR
relacionados a microestruturas de têmpera mais efetiva (maior quantidade de
martensita) e portanto de maior limite elástico, conforme anteriormente apresentado
[45]. Isto realmente fica evidente quando se analisa o gráfico energia Charpy V x
LE/LR (figura IV.3), com uma tendência nítida da melhor tenacidade estar associada
a materiais com alta relação LE/LR.

70

60
60

50 59

58 57
56
40 55
Ecv (J)

52 51 53 54
48 49 50
42 47
46 43 45
44
40 36 38 39 41 37
30 34 33 35 32
28 30
27 29 31
25
21 22 26
23 24
18 19 20
16 17
20 14 15 13
11 12 9 10
7
3 8 6 5
4

10 2 1

0,72 0,74 0,76 0,78 0,80 0,82 0,84 0,86 0,88 0,90
LE/LR

Figura IV.3 – Dependência entre ECV x LE/LR.

Se agora as relações entre dureza e energia Charpy V forem de novo


plotadas considerando diferentes faixas de LE/LR - por exemplo separadas entre
LE/LR menor do que 0,82 (figura IV.4) e LE/LR maior do que 0,82 (figura IV.5) -
pode-se evidenciar as tendências relacionadas com a microestrutura esperada.

Para materiais que não estariam bem temperados (menor quantidade de


martensita e menor LE/LR) durezas levemente crescentes estão relacionadas a
tenacidades crescentes (figura IV.4); enquanto para materiais com têmpera mais
efetiva (maior quantidade de martensita) durezas mais elevadas estão associadas a
menor tenacidade (figura IV.5). Este segundo gráfico revela o comportamento
tipicamente reportado para aços temperados e revenidos somente válido para
estruturas predominantemente martensíticas.

60
70

60

50

40
Ecv

40 42
30 34 36 38
28 33
25 21
18 16 19 20 17
20 15 14 13
11 12
9 10
3 7 8
6 5
4

10 1 2

0
24 26 28 30 32 34
HRc

Figura IV.4 – Dependência entre ECV e HRC para LE/LR menor que 0,82.

70

60
60

50 59

58
57
56
40 55
54
Ecv (J)

52 51
53 50
47 49 48
46
45
43 44
39
41
30 35 37
30 31 32
29
27
26 23 22
24
20

10

0
24 26 28 30 32 34
HRc

Figura IV.5 – Dependência entre ECV e HRC para LE/LR maior que 0,82.

61
Estes resultados sugerem que as maiores quantidades de martensita
estejam diretamente relacionadas aos maiores valores de energia Charpy V. Se os
ciclos de tratamento térmico para os diferentes aços fossem similares seria então
esperado que aos materiais mais temperáveis (em relação aos elementos de liga)
estivessem relacionados os maiores valores de energia Charpy V. No sentido de
avaliar se a composição química traz indicativos da tenacidade esperada foram
analisadas as relações entre os valores de energia Charpy V e a composição
química dos diferentes CPs apresentada na tabela IV.2.

62
IV.2- Composição Química

A tabela IV.2 apresenta a concentração dos principais elementos presentes


nas amostras estudadas e o valor calculado de carbono equivalente (CE) que
considera os elementos de liga que influenciam na temperabilidade [71].

As figura IV.6 e IV.7 apresentam as relações entre teor de carbono e teor de


CE, respectivamente, contra energia Charpy V, onde, de acordo com o esperado, os
maiores valores de Charpy V parecem estar relacionados aos menores teores de
carbono. No entanto não foi verificada maior tenacidade associada à maior
temperabilidade (maior CE), o que ratifica a questão das diferenças de
processamento, com materiais tratados segundo diferentes ciclos, e portanto sem
uma relação entre a temperabilidade e a tenacidade.

Em termos de composição química existe um elemento de liga que é


conhecido por aumentar a tenacidade [72] de aços martensíticos mas que não seria
esperado nesta família 41XX, que é o Ni. A figura IV.8 apresenta o gráfico da
concentração de níquel em função da energia Charpy V, mostrando que o Ni
também não apresentou uma relação direta com a tenacidade como esperado,
talvez porque este elemento esteja presente em baixas concentrações e ainda,
conforme a literatura [72], ele é menos efetivo em melhorar a tenacidade de aços
médio carbono do que é em aços baixo carbono. Sua presença não foi portanto
considerada relevante em termos de tenacidade.

Por outro lado as impurezas são sempre deletérias em relação à tenacidade,


o que neste caso ficou evidenciado no gráfico de energia Charpy V x %S (figura
IV.9). Esta figura mostra menor tenacidade para maiores teores de enxofre. Com
relação ao fósforo, que conhecidamente é uma impureza que influencia a tenacidade
em aços temperados e revenidos devido a sua segregação para os contornos [9],
não se verificou nenhuma tendência nesse sentido, tabela IV.2.

Em resumo, em termos de composição química, a tenacidade, neste caso,


tem relação significante com o teor de carbono e com o teor de enxofre.

63
Tabela IV.2 – Análise química do CP estudado e CE calculado (% em peso).
CP C Mn P S Si Cr Ni Mo V CE
1 0,38 1,12 0,019 0,020 0,24 1,25 0,07 0,21 0,005 0,88
2 0,38 1,06 0,007 0,017 0,21 1,10 0,14 0,28 0,001 0,85
3 0,41 1,00 0,015 0,010 0,28 1,16 0,06 0,17 0,002 0,87
4 0,39 1,05 0,013 0,021 0,25 1,15 0,19 0,29 0,004 0,88
5 0,38 1,06 0,013 0,022 0,26 1,15 0,19 0,29 0,003 0,87
6 0,37 1,05 0,007 0,010 0,21 1,08 0,14 0,27 0,001 0,84
7 0,41 0,97 0,007 0,041 0,26 1,08 0,14 0,32 0,003 0,87
8 0,40 1,11 0,010 0,031 0,20 1,12 0,22 0,33 0,002 0,90
9 0,36 1,07 0,017 0,034 0,24 1,25 0,19 0,31 0,004 0,88
10 0,39 1,12 0,019 0,020 0,24 1,23 0,08 0,21 0,005 0,89
11 0,40 0,91 0,006 0,020 0,24 1,03 0,14 0,28 0,002 0,84
12 0,37 1,00 0,013 0,014 0,22 1,18 0,18 0,28 0,004 0,85
13 0,40 1,08 0,015 0,024 0,26 1,14 0,20 0,28 0,004 0,89
14 0,46 1,11 0,020 0,023 0,26 1,26 0,21 0,32 0,006 0,99
15 0,39 1,11 0,009 0,022 0,20 1,10 0,21 0,33 0,002 0,89
16 0,39 1,07 0,010 0,028 0,20 1,08 0,21 0,31 0,002 0,87
17 0,48 1,10 0,010 0,012 0,22 1,20 0,03 0,31 0,004 0,98
18 0,42 0,94 0,007 0,014 0,29 1,04 0,15 0,29 0,004 0,87
19 0,38 1,10 0,010 0,036 0,19 1,11 0,20 0,32 0,002 0,88
20 0,39 1,08 0,010 0,018 0,19 1,09 0,21 0,31 0,002 0,87
21 0,38 1,06 0,015 0,017 0,23 1,24 0,18 0,31 0,004 0,90
22 0,37 0,94 0,013 0,014 0,26 1,07 0,17 0,33 0,009 0,84
23 0,40 1,02 0,012 0,030 0,28 1,16 0,14 0,28 0,004 0,89
24 0,44 1,00 0,011 0,010 0,31 1,13 0,06 0,16 0,003 0,89
25 0,36 1,13 0,019 0,027 0,23 1,19 0,13 0,27 0,005 0,87
26 0,37 0,97 0,014 0,023 0,26 1,15 0,13 0,29 0,003 0,84
27 0,40 0,97 0,012 0,015 0,19 0,95 0,13 0,18 0,002 0,81
28 0,36 1,11 0,017 0,024 0,23 1,19 0,12 0,27 0,004 0,86
29 0,38 1,05 0,014 0,025 0,26 1,08 0,15 0,28 0,004 0,86
30 0,34 0,96 0,013 0,017 0,23 1,03 0,14 0,26 0,002 0,79
31 0,37 1,08 0,015 0,015 0,24 1,19 0,08 0,19 0,006 0,85
32 0,39 1,00 0,011 0,005 0,26 0,95 0,20 0,17 0,008 0,81
33 0,38 1,06 0,014 0,022 0,24 1,21 0,19 0,30 0,004 0,89
34 0,36 1,10 0,016 0,019 0,22 1,19 0,13 0,25 0,004 0,85
35 0,45 1,09 0,011 0,012 0,20 1,22 0,03 0,32 0,003 0,95
36 0,40 1,02 0,016 0,018 0,28 1,29 0,23 0,26 0,007 0,91
37 0,42 0,99 0,013 0,009 0,28 1,15 0,06 0,17 0,002 0,87
38 0,46 1,10 0,012 0,008 0,21 1,19 0,03 0,31 0,004 0,96
39 0,38 1,03 0,016 0,021 0,28 1,29 0,23 0,25 0,006 0,90
40 0,38 1,03 0,014 0,020 0,23 1,20 0,18 0,29 0,004 0,87
41 0,38 1,00 0,018 0,022 0,30 1,15 0,12 0,28 0,004 0,86
42 0,40 1,02 0,015 0,014 0,29 1,29 0,23 0,26 0,006 0,92
43 0,35 1,00 0,015 0,025 0,26 1,04 0,15 0,28 0,003 0,81
44 0,39 0,99 0,015 0,014 0,34 1,09 0,13 0,26 0,005 0,85
45 0,37 0,99 0,013 0,023 0,24 1,05 0,14 0,27 0,002 0,82
46 0,40 1,05 0,015 0,021 0,31 1,29 0,23 0,26 0,006 0,92
47 0,46 1,05 0,011 0,008 0,20 1,17 0,03 0,29 0,003 0,94
48 0,39 1,01 0,024 0,027 0,32 1,16 0,12 0,30 0,004 0,88
49 0,37 0,97 0,015 0,025 0,28 1,13 0,13 0,28 0,004 0,84
50 0,41 0,97 0,011 0,008 0,28 1,13 0,06 0,16 0,002 0,85
51 0,35 0,98 0,013 0,021 0,24 1,03 0,14 0,26 0,002 0,80
52 0,46 1,10 0,013 0,013 0,20 1,25 0,03 0,35 0,003 0,98
53 0,36 0,99 0,015 0,027 0,25 1,16 0,12 0,29 0,003 0,84
54 0,36 0,99 0,019 0,024 0,26 1,18 0,05 0,30 0,004 0,84
55 0,36 0,96 0,013 0,021 0,26 1,11 0,12 0,28 0,003 0,82
56 0,40 0,96 0,010 0,007 0,21 1,18 0,02 0,26 0,006 0,86
57 0,37 0,98 0,009 0,006 0,20 1,20 0,02 0,27 0,006 0,84
58 0,38 0,97 0,015 0,019 0,25 1,13 0,05 0,27 0,004 0,84
59 0,34 1,01 0,015 0,009 0,26 1,20 0,04 0,26 0,003 0,82
60 0,34 0,92 0,009 0,005 0,20 1,16 0,02 0,25 0,005 0,79

64
70

60
60

50 59

57 58
56
40 55
Ecv (J)

51 54
53 52
49 48 50
43 45 44 46
42 47
41
40
39 36 37 38
30 34 33 32 35
30 28 31 29 27
25 26
22 21 23 24
19 20
16 18 17
20 15 13 14
9 12 10 11
6 5 4 8 7
3

10 2
1

0,32 0,34 0,36 0,38 0,40 0,42 0,44 0,46 0,48 0,50
%C

Figura IV.6 – Relação entre ECV e %C.

70

60
60

50 59

58
57 56
40 55
Ecv (J)

51 54
53 50 52
49 48
43 45 44 41 40 46
39 36 42
47
30 34 37 35 38
30 32 31 28
29 33
27
26
22 25 23
24 21
20
16 19
18 17
20 13
15 14
11 12
6 7
5 9 10 8
3 4

10 2 1

0,75 0,80 0,85 0,90 0,95 1,00


CE

Figura IV.7 – Relação entre ECV e CE.

65
70

60
60

50 59

57 58
56
40 55
Ecv (J)

52 54 53 51
50 48 49 45
47 46
38 37 41 44 43 40 42
39
36
30 35 34 33 32
31 28 27 30 29
24 26 23
25 22 21
17 18 19 20
16
20 13 14
15
10 11 12 9
3 7
6 5
4 8

10 1 2

0,00 0,05 0,10 0,15 0,20 0,25


% Ni

Figura IV.8 – Relação entre ECV e %Ni.

70

60
60

50 59

5756 58

40 55
Ecv (J)

52 51 54 53
50 49 48
47 42
44 46 45 43
3837 3634403941
30 32 35 33 2829
31 30
27
24 22 2120 26 25 23
17 18 16 19
20 151413
12 114 5
10 9
6
3 8 7

10 2 1

0,000 0,005 0,010 0,015 0,020 0,025 0,030 0,035 0,040 0,045
%S

Figura IV.9 – Relação entre ECV e %S.

66
IV.3- Inclusões e Fratura

Os principais tipos de inclusões verificados na fratura de CPs de diferentes


energias foram caracterizados quanto à morfologia e composição por EDS (Anexo II)
juntamente com os mecanismos de fratura nas adjacências das inclusões. Verificou-
se diferentes formas e tamanhos, mas as composições sempre apontam para
sulfetos, pequena quantidade de silicatos e alumina, e alguns óxidos.

Sempre ao redor das inclusões verifica-se decoesão com a matriz e os


mecanismos de fratura entre as inclusões (que seriam regiões fora das bandas de
segregação) se mostraram diferentes, sendo do tipo clivagem para baixas energias
(CPs 02 e 09), grandes dimples e decoesões para energias intermediárias (CPs 23 e
31) e chegando a quasi-clivagem (CPs 38 e 56) e pequenas microcavidades (CP 60)
para as maiores energias. Como existe decoesão nas inclusões e este é um
mecanismo de baixa energia, ficou evidente que quanto maior a quantidade e o
alongamento das inclusões menores são as energias acumuladas no ensaio Charpy.
O quadro da figura IV.10 ilustra algumas características das fraturas observadas em
MEV para os CPs mencionados acima.

Como a quantidade de amostras foi grande optou-se por avaliar a forma e


quantidade de inclusões pelo método comparativo entre os dois piores campos da
amostra em baixa ampliação, ou seja, onde se observa a maior concentração
dessas segundas fases, e de acordo com a norma ASTM E45 [64].

Está apresentada na tabela IV.3 a classificação das inclusões tipicamente


verificadas em cada amostra, conforme esta norma. Esta classificação considera o
tipo (A para sulfeto, B para alumina, C para silicatos e D para óxidos), a quantidade
e a espessura das inclusões (por comparação), respectivamente através do número
e da série (fina ou grossa). A figura IV.11 ilustra alguns tipos de inclusão
encontrados nas amostras analisadas em microscópio ótico.

67
CP02 – Decoesão de inclusões na CP09 – Clivagem na região entre
região da banda de segregação. bandas de segregação.

CP23 – Decoesão de inclusões e CP31 – Grandes dimples na região


dimples rasos e largos na região entre entre bandas de segregação.
bandas de segregação.

CP56 – Quasi-clivagem na região CP60 – Pequenas microcavidades na


entre bandas de segregação. região entre bandas de segregação.

Figura IV.10 – Fractografias por MEV.

68
CP29 – Inclusões do tipo sulfeto e do
CP15 – Inclusões do tipo sulfeto.
tipo silicato (mais escuras).

CP47 – Inclusões predominantemente


CP31 – Inclusões do tipo sulfeto.
do tipo alumina.

Figura IV.11 – Tipos de inclusões.

69
Tabela IV.3 – Classificação das inclusões conforme ASTM E45 [64]. (Parte 1/2)
tipo
CP foto
A B C D
1 2F -* 1F 2F
01
2 2½F - ½F -
1 2F 1F 1½F -
02
2 1½F 2F 4G 1½F
1 2F 1½F - -
03
2 2F 1½F - -
1 2½F - ½F -
04
2 3G - ½F -
1 2½G - ½F 1F
05
2 2½G - ½F 1F
1 3G 1F 1G -
06
2 3G ½F 2G -
1 3G ½F 1/2F ½F
07
2 1½G - 2G ½F
1 2F - 1G ½F
08
2 2F - 2G ½G
1 2F - 1F 1F
09
2 2F - 1F 1F
1 1½F - 1½G ½F
10
2 1½F - 1½G -
1 2F ½G 1F ½F
11
2 2F ½F 1G 1F
1 3G - ½G 1F
12
2 2F - - 1F
1 3F - 1G 1F
13
2 2F - ½F 1F
1 2F - - ½G
14
2 2G - ½G 1F
1 2½G - ½G ½F
15
2 1½F 3G - 1F
1 1½F 2G ½G ½F
16
2 1½F - ½G ½F
1 1F - 2G ½F
17
2 - 2½G ½G -
1 4G - - ½F
18
2 1½F 1F 1G ½F
1 1½F ½F 1G ½F
19
2 1½F - - ½F
1 2F - - -
20
2 1½F - 2F ½F
1 2G - ½G ½G
21
2 2G - - 1F
1 3G - 1G 1F
22
2 2½F - 2G 1F
1 1½F 2G ½G 1F
23
2 1½F 2G ½G 1F
1 - 1G 2G 1G
24
2 - 1F 1G 1F
1 1½F - 2G 3G
25
2 1½F - 1G 2G
1 2G 1½G ½G 2F
26
2 2G 1½G ½G 2F
1 1½F 2G - ½F
27
2 1½F ½G - ½F
1 1½F - - 2½G
28
2 1½F - - 2G
1 2F 1½G - 1½F
29
2 1F 3G - 1F
1 2F 3G ½G 1F
30
2 1F 2G - 1½F
* Esse tipo de inclusão não foi observado.

70
Tabela IV.3 – Classificação das inclusões conforme ASTM E45 [64]. (Parte 2/2)
tipo
CP foto
A B C D
1 2G -* - 1F
31
2 1G - - -
1 1F - - ½G
32
2 - - - 1F
1 1F 2G - -
33
2 ½F 2G 1½G ½F
1 1G - - 1G
34
2 1G - - 2G
1 1F 2F 1G -
35
2 1F 2½G - 1F
1 1F - - ½F
36
2 1G - - ½F
1 1F ½F - ½F
37
2 1F - - ½F
1 1F 3G - ½F
38
2 1½F - - ½G
1 1G - ½G ½F
39
2 1G - ½G ½F
1 2F - - 1F
40
2 1½F - 1G 1F
1 1F - 1½G 1F
41
2 1F - ½G 2F
1 1½F - - ½F
42
2 1F - - ½F
1 1½G - 1G 1½G
43
2 1G - ½G 1G
1 1½G - - 1F
44
2 1½G - - 1½F
1 1½G - 1G 1F
45
2 1½G - - 1F
1 1G - - 1F
46
2 2G - - 1F
1 1F - - ½F
47
2 1F 2½G - ½F
1 1G - - 2F
48
2 1½G - - 2F
1 1F - 2G 1F
49
2 1F - 2G 1F
1 ½F - - 1F
50
2 ½F 1½G - ½F
1 1F - - 1F
51
2 1½F - - ½F
1 - 2½G 2G ½G
52
2 - - 3G ½F
1 1F 2G - 1½F
53
2 2G - - ½F
1 1½F - - -
54
2 1G - - ½F
1 1F 2G - 1F
55
2 1½G - - 1F
1 - - 1½G ½F
56
2 ½G - - ½F
1 1G - - -
57
2 1G - - -
1 1½F - - 1G
58
2 1½F - - 1G
1 1F - 1½G 1F
59
2 1F - - 1F
1 ½F - - -
60
2 - - 1G 1F
* Esse tipo de inclusão não foi observado.

71
Como não existe uma forma gráfica simples para representar a relação entre
as inclusões e a energia Charpy V, foi proposto um fator que estaria significando a
influência das características típicas das inclusões (tamanho, forma e quantidade) na
perda de tenacidade. Assim a média dos níveis encontrados para cada tipo de
inclusão foram utilizados para calcular o fator. As inclusões do tipo óxido são
globulares e seu efeito sobre a tenacidade foi considerado irrelevante (fator 0). A
série das inclusões tipo A também mostrou ter influência, sendo atribuído o valor 1
para a série grossa e valor 1,5 para a série fina, que é mais prejudicial. A equação
IV.1 descreve o cálculo deste fator.

FI = [valor de A + série A + valor de B + valor de C] (IV.1)

O gráfico da figura IV.12 propõe para a influência da presença de inclusões


nos níveis de tenacidade esta relação entre o inverso do fator proposto e a energia
Chapy V, ratificando o que a literatura apresenta [32]. O gráfico revela a tendência
de valores mais altos de ECV estarem associados a níveis mais baixos de inclusão e
estes valores apresentam um fator de correlação de 0,69.

70

60

50

40
Ecv

30

20

10

0
0,00 0,10 0,20 0,30 0,40 0,50 0,60 0,70
1/FI

Figura IV.12 – Relação entre ECV e o inverso do fator de inclusões.

72
Foi interessante, entretanto, verificar que a relação do %S em função do fator
inclusões não se mostrou linear (figura IV.13), o que pode significar que diferentes
processamentos, com taxas de redução diferentes, podem influenciar na tenacidade,
o que também já foi considerado pela literatura [33].

Outra influência indireta da presença de impurezas na tenacidade pode ser a


questão do alinhamento e da retenção das segregações, que juntamente com as
inclusões se alinham e formam bandas de regiões segregadas e não segregadas.
Assim, materiais que apresentam inclusões muito alongadas podem também
apresentar bandas de segregações mais pronunciadas e forte anisotropia de
propriedades, tendo sido considerado relevante a determinação do fator
“bandeamento”.

8,00
7,00
6,00
5,00
4,00
FI

3,00
2,00
1,00
0,00
0,000 0,010 0,020 0,030 0,040 0,050
%S

Figura IV.13 – Relação entre %S e nível de inclusões.

73
IV.4- Bandeamento

Como o bandeamento foi inicialmente indicado como um dos fatores mais


importantes na perda de tenacidade, este parâmetro foi explorado através de
análises preliminares qualitativas e depois de análises quantitativas.

As análises qualitativas consideraram apenas 3 níveis de bandeamento, leve,


moderado e forte, tendo sido conferidos valores 1, 2 ou 3 a este parâmetro,
respectivamente. A tabela IV.4 apresenta para cada CP os resultados desta análise
preliminar e a figura IV.14 ilustra os 3 níveis de bandeamento.

Tabela IV.4 - Parâmetros de bandeamento resultantes da avaliação qualitativa.


CP bandeamento CP bandeamento
1 3 31 1
2 2 32 1
3 1 33 3
4 1 34 3
5 2 35 2
6 3 36 2
7 3 37 1
8 2 38 1
9 2 39 2
10 3 40 3
11 3 41 2
12 3 42 3
13 1 43 1
14 2 44 2
15 2 45 1
16 1 46 2
17 2 47 3
18 3 48 2
19 2 49 1
20 2 50 1
21 3 51 2
22 3 52 2
23 1 53 1
24 1 54 2
25 2 55 2
26 1 56 2
27 2 57 2
28 2 58 1
29 1 59 1
30 1 60 1

74
Bandeamento leve (1).

Bandeamento moderado (2).

Bandeamento forte (3).

Figura IV.14 – Os 3 diferentes níveis de bandeamento classificados de forma


qualitativa.

75
O gráfico da figura IV.15 apresenta a tendência verificada para o
bandeamento, sugerindo relação entre o parâmetro bandeamento e a tenacidade,
tendo sido determinado que seria importante avaliar a quantidade de bandas e sua
largura.

70

60
60

50 59

58 57
56
40 55
Ecv (J)

53 54
52
51
50
49 48
45
43 46
44 47
42
38
37 39
41
36 40
30 32 35 34
33
31
30
29 28
27
26
24
23 25 22
21
16 20
17
19 18
20 13 14
15
9 12
10
11
4
3 5
8 6
7

10 2 1

1 2 3
Bandeamento

Figura IV.15 – Fator bandeamento x ECV (J).

Através do uso de um ataque para revelar impurezas, análise digital de


imagens e macros especificamente elaboradas para tratamento destas imagens,
foram obtidos para algumas amostras específicas, resultados que não puderam ser
reproduzidos quando retestados pois dependiam muito do tempo de ataque e da
macro utilizada na avaliação. A figura IV.16 apresenta exemplos de uma das
amostras que foi polida e atacada em diferentes momentos, mostrando resultados
muito discrepantes e portanto pouco confiáveis. Apesar deste tipo de resultado ter
sido verificado em apenas algumas amostras, optou-se por não utilizar o fator
bandeamento quantitativo pois não ficou clara qual a relação entre as amostras mais
difíceis e os efeitos diferenciados no ataque. Cabe ressaltar que estas diferenças de
ataque são típicas de materiais de diferentes composições e processamentos, não
sendo possível padronizar a forma de atacar.

76
Resultado 1: fv média das bandas = 57,82; largura média das bandas = 425,83µm.

Resultado 2: fv média das bandas = 44,89; largura média das bandas = 268,16µm.

Resultado 3: fv média das bandas = 27,55; largura média das bandas = 154,71µm.

Figura IV.16 – Comparação entre os resultados do processamento do bandeamento


do CP01 atacado em diferentes momentos.

77
IV.5- Microestrutura e Microdurezas

Tudo indica que a quantidade de martensita é um dos fatores determinantes


da tenacidade, embora, assim como o bandeamento, sua quantificação seja
bastante difícil, principalmente considerando que os aços apresentam diferentes
composições químicas, processamentos mecânicos e tratamentos térmicos.

Através de uma análise nas micrografias por MEV para energias Charpy V
crescentes (Anexo III) foi possível constatar que as diferenças microestruturais
foram marcantes entre regiões na banda (região de segregação) e fora da banda
para os CPs de baixa energia enquanto os CPs de alta energia se mostraram com
estruturas uniformes. As micrografias feitas em MO com ataque de Nital 2% também
evidenciam as características microestruturais nas regiões dentro e fora das bandas.
As figuras IV.17 e IV.18 apresentam algumas micrografias feitas por MO e por MEV,
respectivamente, para CPs com energias Charpy V crescentes. Isto levou a testes
com análise de imagens buscando avaliar um fator chamado de “textura” [73] mas
cujo significado não é metalúrgico e sim de morfologia, que pode estar relacionado
ao refinamento da estrutura. Alguns resultados preliminares mostraram uma
tendência a grandes diferenças de desvio padrão para este fator quando se avaliava
regiões aleatoriamente capturadas com alta ampliação (1000x), o que é um fator que
revela a heterogeneidade do material. Esta análise foi iniciada e merece ser
explorada, embora para este trabalho tenha sido adotada outra forma de avaliar a
heterogeneidade, através de microdurezas Vickers com carga de 100 gramas entre
regiões bandeadas e não bandeadas, cujos resultados estão apresentados na tabela
IV.5.

A figura IV.19 apresenta a relação entre a diferença entre valores de dureza


(que dá uma idéia da heterogeneidade do material) e energia Charpy V, onde se
ratifica a idéia de que a heterogeneidade é um fator de perda de tenacidade.

78
CP01 – ECV 10J

Região da banda de segregação Região fora da banda de segregação


apresenta microestrutura martensítica. apresenta microestrutura bainítica.

CP28 – ECV 28J

Região da banda de segregação Região fora da banda de segregação


apresenta microestrutura martensítica. apresenta microestrutura mista.

CP59 – ECV 51J

Região da banda de segregação Região fora da banda de segregação


apresenta microestrutura martensítica. apresenta microestrutura martensítica.

Figura IV.17 – Caracterização microestrutural por MO.

79
CP01 – ECV 10J

Região da banda de segregação Região fora da banda de segregação


apresenta microestrutura martensítica. apresenta microestrutura bainítica.

CP32 – ECV 29J

Região da banda de segregação Região fora da banda de segregação


apresenta microestrutura martensítica. apresenta microestrutura mista.

CP47 – ECV 34J

Região da banda de segregação Região fora da banda de segregação


apresenta microestrutura martensítica. apresenta microestrutura martensítica.

Figura IV.18 – Caracterização microestrutural por MEV.

80
Tabela IV.5 – Valores de microdureza medidos nas regiões de banda e entre
banda e a diferença entre eles (∆ HV).
CP HV banda HV entrebanda ∆ HV
1 303,4 241,4 62,0
2 295,5 274,3 21,2
3 272,9 240,6 32,3
4 307,4 266,7 40,6
5 282,9 247,6 35,4
6 279,0 261,3 17,7
7 294,9 266,3 28,6
8 278,4 267,6 10,8
9 303,5 224,4 79,2
10 287,1 260,7 26,4
11 287,0 242,0 45,0
12 312,9 223,4 89,5
13 297,6 305,2 7,6
14 298,0 234,5 63,5
15 269,5 263,4 6,1
16 255,0 249,4 5,5
17 283,7 271,6 12,1
18 265,3 230,0 35,3
19 280,8 245,8 35,0
20 305,6 260,7 44,9
21 303,6 248,8 54,7
22 338,8 254,4 84,4
23 292,4 283,8 8,6
24 312,8 291,9 20,9
25 295,0 264,8 30,2
26 344,2 278,9 65,3
27 304,9 256,6 48,4
28 276,5 237,6 38,9
29 299,5 265,9 33,5
30 286,8 252,4 34,4
31 292,2 266,6 25,7
32 305,2 268,3 36,9
33 288,1 283,0 5,1
34 267,8 231,8 36,0
35 278,3 256,9 21,3
36 283,6 240,2 43,4
37 278,6 271,9 6,7
38 284,2 248,7 35,4
39 316,2 253,9 62,3
40 280,4 283,7 3,3
41 280,0 265,3 14,7
42 298,7 261,7 36,9
43 277,5 267,7 9,8
44 276,5 257,9 18,6
45 282,2 248,5 33,7
46 266,9 255,2 11,7
47 270,2 238,3 32,0
48 274,1 249,2 24,9
49 270,9 262,4 8,5
50 312,4 281,5 30,9
51 261,4 266,8 5,4
52 279,4 263,2 16,2
53 312,7 267,0 45,7
54 245,2 240,2 5,0
55 283,5 266,9 16,6
56 286,1 260,6 25,5
57 304,4 270,8 33,6
58 294,4 264,9 29,4
59 279,1 279,0 0,0
60 268,7 247,6 21,1

81
70

60
60

50 59

58 57
56
40 55
Ecv (J)

54
51 52 53
4946 48 504745
403743 41 44 38
42
36 39
30 33 35 34
32
31 29 30 28 27
23 24 25 21 26 22
16 17 19
18 20
20 15
13 14
107 11 9 12
8 6 3 5 4

10 2 1

0 20 40 60 80 100
Diferença entre Microdurezas

Figura IV.19 – Dependência entre ∆ HV e ECV.

IV.6- Tamanho de Grão da Austenita Prévia

A tabela IV.6 apresenta o valor ASTM do tamanho de grão austenítico,


avaliado por comparação, para cada CP. Vale ressaltar que quanto maior o número
ASTM, menor é o tamanho de grão médio.

Apesar dos materiais terem sido processados para atendimento ao mesmo


tipo de equipamento, verificou-se enorme variação no tamanho de grão da austenita
prévia, o que ratifica a idéia de que os materiais apresentaram tratamentos térmicos
e processamento bem diferentes.

O gráfico da figura IV.20 mostra que a tendência é de maiores tamanhos de


grão austenítico apresentarem menor tenacidade, o que está de acordo com o que a
literatura destaca [11]. A figura IV.21 ilustra alguns dos diferentes tamanhos de grão
austenítico encontrados nas amostras estudadas.

82
Tabela IV.6 – Tamanho de Grão ASTM para os CPs estudados.
CP TG CP TG
1 7 31 9
2 8,5 32 8
3 6 33 6
4 6 34 5,5
5 4 35 5,5
6 8,5 36 7
7 6,5 37 5
8 5,5 38 5
9 5 39 5,5
10 7 40 5
11 6,5 41 9
12 4 42 5,5
13 5,5 43 9
14 6,5 44 7,5
15 7 45 10
16 6 46 6
17 6,5 47 6
18 6,5 48 9
19 6,5 49 9
20 6 50 5
21 5 51 8,5
22 8,5 52 6
23 8,5 53 8
24 5 54 8
25 6 55 9
26 6 56 9
27 8 57 9
28 5,5 58 7
29 8,5 59 7
30 8,5 60 9

70

60
60

50 59

58 57
56
40 55
54
Ecv (J)

50 52 53 51
47
46 49
48 45
40 42
39 44 43
41
30 38
37 35
34 36
28 33 32 29
30 31
27
21
24 25
26 22
23
20
16 17
19
18
20 13 14 15
12 9 11 10
5 8 4
3 7 6

10 1 2

0
3 4 5 6 7 8 9 10 11
TG

Figura IV.20 – Dependência entre TG ASTM e ECV.

83
TG ASTM 9 TG ASTM 8

TG ASTM 7 TG ASTM 6

TG ASTM 5 TG ASTM 4

Figura IV.21 – Diferentes TG ASTM observados.

84
IV.7- Fatores Determinantes para a ECV

Com o objetivo de apresentar uma correlação numérica que evidencie as


principais características metalúrgicas que afetam diretamente a energia Charpy V
dos aços da família 41XX (quando manufaturados e tratados para classe de
propriedades de alta resistência e atendimento ao API Spec 7) estão destacados a
seguir os principais parâmetros metalúrgicos analisados e que contribuem para a
ECV.

1. relação LE/LR: fornece uma indicação da microestrutura formada no


tratamento térmico, sendo valores mais altos relacionados a uma maior
quantidade de martensita e, portanto, a maiores valores de ECV. Este
parâmetro tem uma relação direta também com a homogeneidade da
microestrutura, o que está evidenciado na análise das microdurezas nas
regiões de banda de segregação e fora da banda, estando os valores mais
baixos da diferença de microdurezas entre as regiões relacionados a
menores diferenças na microestrutura (maior homogeneidade). Devido à
forte influência que a microestrutura exerce sobre a energia Charpy V, a
relação LE/LR foi ajustada por um fator multiplicador de 2,5.

2. tamanho de grão da austenita prévia (TG): é também uma indicação da


microestrutura, sendo que para menores valores correspondem maiores
energias de impacto Charpy V e, como este é dado pelo tamanho médio
ASTM, que por sua vez apresenta uma relação inversa com o tamanho de
grão medido em unidade de área, para valores crescentes de TG ASTM,
correspondem valores também crescentes de ECV. Dessa forma, esta
variável entra no numerador com o seu valor absoluto ASTM.

3. teor de C: representa o efeito da composição química sendo que, para


maiores valores correspondem energias de impacto Charpy V mais baixas.
Assim, foi considerada a subtração (0,53 - %C) no numerador, na qual o
valor 0,53 é o teor máximo de carbono admitido na classe de aços estudados
e %C é a concentração real desse elemento para cada amostra, o que
significa que menores teores de carbono resultam em maiores valores da
subtração e, por conseqüência, em uma contribuição maior para o aumento
de ECV.

85
4. fator de inclusões (FI): representa indiretamente o efeito da composição
química, pois sua quantidade é diretamente proporcional à concentração de
S e representa também os aspectos morfológicos dessas características
deletérias, sendo que é dado pela transformação do número ASTM através
do cálculo proposto na equação IV.1 e constitui um fator que degrada a ECV.
Dessa forma, optou-se por dividir o produto dos valores que são diretamente
proporcionais à ECV pelo fator relacionado às inclusões (FI) acrescido de um
fator de atenuação 4.

A equação que representa a relação dos fatores acima considerados com a


ECV e que foi desenvolvida de forma empírica neste trabalho está apresentada a
seguir:

[ECV/100] = [((LE/LR).2,5).TG.(0,53 – C)] / [4 + FI] IV.2

O gráfico da figura IV.22 mostra uma boa correlação (fator de correlação


igual a 0,67) entre o valor calculado pela fórmula e a energia Charpy V medida nos
ensaios. Cabe destacar que a partir do lote de amostras relacionadas inicialmente,
todas foram consideradas nesta fórmula e que estas têm procedências
desconhecidas e por conseguinte uma diversidade muito grande de composição e
rotas de fabricação.

80
70
60
50
Ecv (J)

40
30
20
10
0
0 10 20 30 40 50 60 70 80
Valor Calculado

Figura IV.22 – Relação entre a ECV medida e a ECV calculada pela equação
IV.2.

86
CAPÍTULO V

CONCLUSÕES

Através das análises realizadas em corpos de prova Charpy V, ensaiados à


temperatura ambiente, provenientes de subs de procedências desconhecidas cuja
classe de propriedades se enquadra em limite de escoamento de 700MPa e dureza
entre 28 a 35HRC e cuja composição permite enquadrá-los como aços de médio
carbono tipo AISI 41XX, foi possível concluir que:

1. Não existe uma relação direta da ECV com a dureza, o que desqualifica este
ensaio como referência direta para a avaliação do material quanto à sua
tenacidade;

2. Os valores de energia de impacto Charpy V se mostraram diretamente


proporcionais à razão LE/LR, que por sua vez os valores mais altos estão
associados a tratamentos térmicos mais efetivos onde se espera estrutura
predominantemente martensítica;

3. Os valores de ECV se mostraram muito dependentes do teor de enxofre nos


aços, cujas procedências revelaram grande variação quanto aos métodos
siderúrgicos, com teores de S entre 0,005 e 0,041% (em peso);

4. Os valores de ECV são fortemente dependentes do tipo, nível e morfologia


das inclusões, sendo as do tipo MnS consideradas as mais prejudiciais. Um
fator de caracterização pôde ser estabelecido levando em conta o nível e a
série das inclusões segundo a norma ASTM E45;

5. As inclusões se mostraram, em todos os CPs, associadas a regiões de


segregações (bandeamento) onde foi constatada microestrutura
predominantemente martensítica. Fora da banda foi verificada a presença de
constituintes distintos (bainita e/ou martensita) para os diferentes CPs,
estando os de menor LE/LR associados a estruturas bainíticas e os de maior
LE/LR associados a estruturas martensíticas;

6. Foi verificada relação inversa entre a ECV e a variação de microdurezas


dentro e fora da banda, sendo que os CPs que apresentaram estrutura
bainítica fora da banda, e por isso maior diferença de microdurezas em
relação à estrutura martensítica da banda, foram os de menor tenacidade;

87
7. Na fratura de todos os CPs verificou-se grandes cavidades ao redor das
inclusões do tipo sulfeto (mecanismo de decoesão), o que explica porque a
ECV está inversamente relacionada com o nível de inclusões;

8. Outros mecanismos de fratura verificados nos CPs, fora das regiões de


inclusões (ou das bandas), foram clivagem para CPs de menor ECV e quasi-
clivagem e microcavidades para CPs de maior ECV;

9. A ECV foi relacionada aos parâmetros LE/LR, concentração de carbono,


tamanho de grão e fator de inclusões através da equação:

[ECV/100] = [((LE/LR).2,5).TG.(0,53 – C)] / [4 + FI]

88
CAPÍTULO VI

SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS

O presente trabalho considerou um universo de 60 amostras com análises


realizadas segundo métodos aplicados a nível industrial, como as avaliações
comparativas ASTM de tamanho de grão e do nível de inclusões. A realização de
medidas destes parâmetros segundo métodos de metalografia quantitativa poderia
ser melhor explorada.

Outro parâmetro de forte influência que somente foi analisado de forma


indireta foi a fração de constituintes martensita e bainita, avaliada pela própria razão
LE/LR e através das variações de dureza entre regiões bandeadas e não
bandeadas. Neste sentido os parâmetros de Haralick relacionados à morfologia da
microestrutura foram utilizados preliminarmente em um universo pequeno de
amostras, com resultados que já mostram uma tendência, sendo sugerido estudar
melhor as relações de LE/LR com estes parâmetros e com a dureza, embora esta
não seja uma prática viável a nível industrial.

89
CAPÍTULO VII

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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Laboratório Nacional de Engenharia Civil, 1985.

[66] PACIORNIK, S., GOMES, O. F. M., BASTOS, A. L., et al., “Digital


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Sociedade Brasileira de Microscopia e Microanálise, Caxambu, Rio de
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Sociedade Brasileira de Microscopia e Microanálise, Águas de Lindóia, São
Paulo, Brasil, 2001.

96
ANEXO I

CARACTERIZAÇÃO METALÚRGICA

97
CP 01

ECV LE LR εT RA dureza LE/LR REF


10 J 763 MPa 942 MPa 8% 21 % 26 HRc 0,81 23

C% Mn % P% S% Si % Cr % Ni % Mo %
0,38 1,12 0,019 0,020 0,24 1,25 0,07 0,21

FRATURA CHARPY V NÍVEL DE INCLUSÕES ASTM A2F/C1F

BANDEAMENTO FORTE (3) TAMANHO DE GRÃO ASTM 7

NA BANDA FORA DA BANDA


303 HV 241 HV

98
CP 02

ECV LE LR εT RA dureza LE/LR REF


10 J 771 MPa 964 MPa 10 % 16 % 28 HRc 0,80 28

C% Mn % P% S% Si % Cr % Ni % Mo %
0,38 1,06 0,007 0,017 0,21 1,10 0,14 0,28

FRATURA CHARPY V NÍVEL DE INCLUSÕES ASTM A2F/B1F/C1½F

BANDEAMENTO MODERADO (2) TAMANHO DE GRÃO ASTM 8,5

NA BANDA FORA DA BANDA


296 HV 274 HV

99
CP 03

ECV LE LR εT RA dureza LE/LR REF


15 J 648 MPa 877 MPa 13 % 35 % 25 HRc 0,74 72

C% Mn % P% S% Si % Cr % Ni % Mo %
0,41 1,00 0,015 0,010 0,28 1,16 0,06 0,17

FRATURA CHARPY V NÍVEL DE INCLUSÕES ASTM A2F/B½F

BANDEAMENTO LEVE (1) TAMANHO DE GRÃO ASTM 6

NA BANDA FORA DA BANDA


273 HV 241 HV

100
CP 04

ECV LE LR εT RA dureza LE/LR REF


16 J 808 MPa 1002 MPa 12 % 25 % 31 HRc 0,81 08

C% Mn % P% S% Si % Cr % Ni % Mo %
0,39 1,05 0,013 0,021 0,25 1,15 0,19 0,29

FRATURA CHARPY V NÍVEL DE INCLUSÕES ASTM A2½F/C½F

BANDEAMENTO LEVE (1) TAMANHO DE GRÃO ASTM 6

NA BANDA FORA DA BANDA


307 HV 267 HV

101
CP 05

ECV LE LR εT RA dureza LE/LR REF


16 J 808 MPa 1002 MPa 12 % 25 % 31 HRc 0,81 09

C% Mn % P% S% Si % Cr % Ni % Mo %
0,38 1,06 0,013 0,022 0,26 1,15 0,19 0,29

FRATURA CHARPY V NÍVEL DE INCLUSÕES ASTM A2½G/C½F

BANDEAMENTO MODERADO (2) TAMANHO DE GRÃO ASTM 4

NA BANDA FORA DA BANDA


283 HV 248 HV

102
CP 06

ECV LE LR εT RA dureza LE/LR REF


16 J 771 MPa 964 MPa 10 % 16 % 28 HRc 0,80 26

C% Mn % P% S% Si % Cr % Ni % Mo %
0,37 1,05 0,007 0,010 0,21 1,08 0,14 0,27

FRATURA CHARPY V NÍVEL DE INCLUSÕES ASTM A3G/B1F/C1G

BANDEAMENTO FORTE (3) TAMANHO DE GRÃO ASTM 8,5

NA BANDA FORA DA BANDA


279 HV 261 HV

103
CP 07

ECV LE LR εT RA dureza LE/LR REF


16 J 653 MPa 884 MPa 9% 27 % 26 HRc 0,74 67

C% Mn % P% S% Si % Cr % Ni % Mo %
0,41 0,97 0,007 0,041 0,26 1,08 0,14 0,32

FRATURA CHARPY V NÍVEL DE INCLUSÕES ASTM A3G/B½F/C½F

BANDEAMENTO FORTE (3) TAMANHO DE GRÃO ASTM 6,5

NA BANDA FORA DA BANDA


295 HV 266 HV

104
CP 08

ECV LE LR εT RA dureza LE/LR REF


16 J 727 MPa 942 MPa 4% 19 % 28 HRc 0,77 77

C% Mn % P% S% Si % Cr % Ni % Mo %
0,40 1,11 0,010 0,031 0,20 1,12 0,22 0,33

FRATURA CHARPY V NÍVEL DE INCLUSÕES ASTM A2F/C1G

BANDEAMENTO MODERADO (2) TAMANHO DE GRÃO ASTM 5,5

NA BANDA FORA DA BANDA


278 HV 268 HV

105
CP 09

ECV LE LR εT RA dureza LE/LR REF


17 J 705 MPa 916 MPa 10 % 37 % 26 HRc 0,77 14

C% Mn % P% S% Si % Cr % Ni % Mo %
0,36 1,07 0,017 0,034 0,24 1,25 0,19 0,31

FRATURA CHARPY V NÍVEL DE INCLUSÕES ASTM A2F/C1F

BANDEAMENTO MODERADO (2) TAMANHO DE GRÃO ASTM 5

NA BANDA FORA DA BANDA


304 HV 224 HV

106
CP 10

ECV LE LR εT RA dureza LE/LR REF


17 J 763 MPa 942 MPa 8% 21 % 28 HRc 0,81 22

C% Mn % P% S% Si % Cr % Ni % Mo %
0,39 1,12 0,019 0,020 0,24 1,23 0,08 0,21

FRATURA CHARPY V NÍVEL DE INCLUSÕES ASTM A1½F/C1½G

BANDEAMENTO FORTE (3) TAMANHO DE GRÃO ASTM 7

NA BANDA FORA DA BANDA


287 HV 261 HV

107
CP 11

ECV LE LR εT RA dureza LE/LR REF


17 J 653 MPa 884 MPa 9% 27 % 25 HRc 0,74 66

C% Mn % P% S% Si % Cr % Ni % Mo %
0,40 0,91 0,006 0,020 0,24 1,03 0,14 0,28

FRATURA CHARPY V NÍVEL DE INCLUSÕES ASTM A2F/B½G/C1F

BANDEAMENTO FORTE (3) TAMANHO DE GRÃO ASTM 6,5

NA BANDA FORA DA BANDA


287 HV 242 HV

108
CP 12

ECV LE LR εT RA dureza LE/LR REF


18 J 717 MPa 940 MPa 10 % 45 % 26 HRc 0,76 41

C% Mn % P% S% Si % Cr % Ni % Mo %
0,37 1,00 0,013 0,014 0,22 1,18 0,18 0,28

FRATURA CHARPY V NÍVEL DE INCLUSÕES ASTM A3G/C½G

BANDEAMENTO FORTE (3) TAMANHO DE GRÃO ASTM 4

NA BANDA FORA DA BANDA


313 HV 223 HV

109
CP 12

ECV LE LR εT RA dureza LE/LR REF


18 J 717 MPa 940 MPa 10 % 45 % 26 HRc 0,76 41

C% Mn % P% S% Si % Cr % Ni % Mo %
0,37 1,00 0,013 0,014 0,22 1,18 0,18 0,28

FRATURA CHARPY V NÍVEL DE INCLUSÕES ASTM A3G/C½G

BANDEAMENTO FORTE (3) TAMANHO DE GRÃO ASTM 4

NA BANDA FORA DA BANDA


313 HV 223 HV

109
CP 13

ECV LE LR εT RA dureza LE/LR REF


20 J 808 MPa 1002 MPa 12 % 25 % 32 HRc 0,81 10

C% Mn % P% S% Si % Cr % Ni % Mo %
0,40 1,08 0,015 0,024 0,26 1,14 0,20 0,28

FRATURA CHARPY V NÍVEL DE INCLUSÕES ASTM A3F/C1G

BANDEAMENTO LEVE (1) TAMANHO DE GRÃO ASTM 5,5

NA BANDA FORA DA BANDA


298 HV 305 HV

110
CP 14

ECV LE LR εT RA dureza LE/LR REF


20 J 717 MPa 940 MPa 10 % 45 % 29 HRc 0,76 42

C% Mn % P% S% Si % Cr % Ni % Mo %
0,46 1,11 0,020 0,023 0,26 1,26 0,21 0,32

FRATURA CHARPY V NÍVEL DE INCLUSÕES ASTM A2F

BANDEAMENTO MODERADO (2) TAMANHO DE GRÃO ASTM 6,5

NA BANDA FORA DA BANDA


298 HV 235 HV

111
CP 15

ECV LE LR εT RA dureza LE/LR REF


20 J 727 MPa 942 MPa 4% 19 % 27 HRc 0,77 76

C% Mn % P% S% Si % Cr % Ni % Mo %
0,39 1,11 0,009 0,022 0,20 1,10 0,21 0,33

FRATURA CHARPY V NÍVEL DE INCLUSÕES ASTM A2½G/C½G

BANDEAMENTO MODERADO (2) TAMANHO DE GRÃO ASTM 7

NA BANDA FORA DA BANDA


270 HV 263 HV

112
CP 16

ECV LE LR εT RA dureza LE/LR REF


22 J 728 MPa 910 MPa 18 % 19 % 28 HRc 0,80 43

C% Mn % P% S% Si % Cr % Ni % Mo %
0,39 1,07 0,010 0,028 0,20 1,08 0,21 0,31

FRATURA CHARPY V NÍVEL DE INCLUSÕES ASTM A1½F/B2G/C½G

BANDEAMENTO LEVE (1) TAMANHO DE GRÃO ASTM 6

NA BANDA FORA DA BANDA


255 HV 249 HV

113
CP 17

ECV LE LR εT RA dureza LE/LR REF


22 J 828 MPa 1021 MPa 8% 15 % 32 HRc 0,81 52

C% Mn % P% S% Si % Cr % Ni % Mo %
0,48 1,10 0,010 0,012 0,22 1,20 0,03 0,31

FRATURA CHARPY V NÍVEL DE INCLUSÕES ASTM A1F/C2G

BANDEAMENTO MODERADO (2) TAMANHO DE GRÃO ASTM 6,5

NA BANDA FORA DA BANDA


284 HV 272 HV

114
CP 17

ECV LE LR εT RA dureza LE/LR REF


22 J 828 MPa 1021 MPa 8% 15 % 32 HRc 0,81 52

C% Mn % P% S% Si % Cr % Ni % Mo %
0,48 1,10 0,010 0,012 0,22 1,20 0,03 0,31

FRATURA CHARPY V NÍVEL DE INCLUSÕES ASTM A1F/C2G

BANDEAMENTO MODERADO (2) TAMANHO DE GRÃO ASTM 6,5

NA BANDA FORA DA BANDA


284 HV 272 HV

114
CP 18

ECV LE LR εT RA dureza LE/LR REF


22 J 653 MPa 884 MPa 9% 27 % 25 HRc 0,74 68

C% Mn % P% S% Si % Cr % Ni % Mo %
0,42 0,94 0,007 0,014 0,29 1,04 0,15 0,29

FRATURA CHARPY V NÍVEL DE INCLUSÕES ASTM A4G

BANDEAMENTO FORTE (3) TAMANHO DE GRÃO ASTM 6,5

NA BANDA FORA DA BANDA


265 HV 230 HV

115
CP 19

ECV LE LR εT RA dureza LE/LR REF


22 J 727 MPa 942 MPa 4% 19 % 29 HRc 0,77 78

C% Mn % P% S% Si % Cr % Ni % Mo %
0,38 1,10 0,010 0,036 0,19 1,11 0,20 0,32

FRATURA CHARPY V NÍVEL DE INCLUSÕES ASTM A1½F/B½F/C1G

BANDEAMENTO MODERADO (2) TAMANHO DE GRÃO ASTM 6,5

NA BANDA FORA DA BANDA


281 HV 246 HV

116
CP 20

ECV LE LR εT RA dureza LE/LR REF


23 J 728 MPa 910 MPa 18 % 19 % 30 HRc 0,80 44

C% Mn % P% S% Si % Cr % Ni % Mo %
0,39 1,08 0,010 0,018 0,19 1,09 0,21 0,31

FRATURA CHARPY V NÍVEL DE INCLUSÕES ASTM A2F

BANDEAMENTO MODERADO (2) TAMANHO DE GRÃO ASTM 6

NA BANDA FORA DA BANDA


306 HV 261 HV

117
CP 21

ECV LE LR εT RA dureza LE/LR REF


24 J 705 MPa 916 MPa 10 % 37 % 28 HRc 0,77 15

C% Mn % P% S% Si % Cr % Ni % Mo %
0,38 1,06 0,015 0,017 0,23 1,24 0,18 0,31

FRATURA CHARPY V NÍVEL DE INCLUSÕES ASTM A2G/C½G

BANDEAMENTO FORTE (3) TAMANHO DE GRÃO ASTM 5

NA BANDA FORA DA BANDA


304 HV 249 HV

118
CP 22

ECV LE LR εT RA dureza LE/LR REF


24 J 851 MPa 1022 MPa 8% 34 % 33 HRc 0,83 18

C% Mn % P% S% Si % Cr % Ni % Mo %
0,37 0,94 0,013 0,014 0,26 1,07 0,17 0,33

FRATURA CHARPY V NÍVEL DE INCLUSÕES ASTM A3G/C1G

BANDEAMENTO FORTE (3) TAMANHO DE GRÃO ASTM 8,5

NA BANDA FORA DA BANDA


339 HV 254 HV

119
CP 23

ECV LE LR εT RA dureza LE/LR REF


24 J 873 MPa 1012 MPa 11 % 24 % 32 HRc 0,86 34

C% Mn % P% S% Si % Cr % Ni % Mo %
0,40 1,02 0,012 0,030 0,28 1,16 0,14 0,28

FRATURA CHARPY V NÍVEL DE INCLUSÕES ASTM A1½F/B2G/C½G

BANDEAMENTO LEVE (1) TAMANHO DE GRÃO ASTM 8,5

NA BANDA FORA DA BANDA


292 HV 284 HV

120
CP 24

ECV LE LR εT RA dureza LE/LR REF


24 J 930 MPa 1061 MPa 9% 32 % 33 HRc 0,88 45

C% Mn % P% S% Si % Cr % Ni % Mo %
0,44 1,00 0,011 0,010 0,31 1,13 0,06 0,16

FRATURA CHARPY V NÍVEL DE INCLUSÕES ASTM B1G/C2G

BANDEAMENTO LEVE (1) TAMANHO DE GRÃO ASTM 5

NA BANDA FORA DA BANDA


313 HV 292 HV

121
CP 25

ECV LE LR εT RA dureza LE/LR REF


25 J 688 MPa 892 MPa 18 % 39 % 26 HRc 0,77 13

C% Mn % P% S% Si % Cr % Ni % Mo %
0,36 1,13 0,019 0,027 0,23 1,19 0,13 0,27

FRATURA CHARPY V NÍVEL DE INCLUSÕES ASTM A1½F/C2G

BANDEAMENTO MODERADO (2) TAMANHO DE GRÃO ASTM 6

NA BANDA FORA DA BANDA


295 HV 265 HV

122
CP 26

ECV LE LR εT RA dureza LE/LR REF


25 J 873 MPa 1012 MPa 11 % 24 % 31 HRc 0,86 33

C% Mn % P% S% Si % Cr % Ni % Mo %
0,37 0,97 0,014 0,023 0,26 1,15 0,13 0,29

FRATURA CHARPY V NÍVEL DE INCLUSÕES ASTM A2G/B1½G/C½G

BANDEAMENTO LEVE (1) TAMANHO DE GRÃO ASTM 6

NA BANDA FORA DA BANDA


344 HV 279 HV

123
CP 27

ECV LE LR εT RA dureza LE/LR REF


27 J 821 MPa 989 MPa 11 % 27 % 28 HRc 0,83 40

C% Mn % P% S% Si % Cr % Ni % Mo %
0,40 0,97 0,012 0,015 0,19 0,95 0,13 0,18

FRATURA CHARPY V NÍVEL DE INCLUSÕES ASTM A1½F/B2G

BANDEAMENTO MODERADO (2) TAMANHO DE GRÃO ASTM 8

NA BANDA FORA DA BANDA


305 HV 257 HV

124
CP 28

ECV LE LR εT RA dureza LE/LR REF


28 J 688 MPa 892 MPa 18 % 39 % 26 HRc 0,77 12

C% Mn % P% S% Si % Cr % Ni % Mo %
0,36 1,11 0,017 0,024 0,23 1,19 0,12 0,27

FRATURA CHARPY V NÍVEL DE INCLUSÕES ASTM A1½F

BANDEAMENTO MODERADO (2) TAMANHO DE GRÃO ASTM 5,5

NA BANDA FORA DA BANDA


277 HV 238 HV

125
CP 29

ECV LE LR εT RA dureza LE/LR REF


28 J 867 MPa 1002 MPa 11 % 29 % 32 HRc 0,87 37

C% Mn % P% S% Si % Cr % Ni % Mo %
0,38 1,05 0,014 0,025 0,26 1,08 0,15 0,28

FRATURA CHARPY V NÍVEL DE INCLUSÕES ASTM A2F/B1½G

BANDEAMENTO LEVE (1) TAMANHO DE GRÃO ASTM 8,5

NA BANDA FORA DA BANDA


299 HV 266 HV

126
CP 30

ECV LE LR εT RA dureza LE/LR REF


28 J 808 MPa 969 MPa 12 % 32 % 29 HRc 0,83 54

C% Mn % P% S% Si % Cr % Ni % Mo %
0,34 0,96 0,013 0,017 0,23 1,03 0,14 0,26

FRATURA CHARPY V NÍVEL DE INCLUSÕES ASTM A2F/B3G/C½G

BANDEAMENTO LEVE (1) TAMANHO DE GRÃO ASTM 8,5

NA BANDA FORA DA BANDA


287 HV 252 HV

127
CP 31

ECV LE LR εT RA dureza LE/LR REF


28 J 847 MPa 966 MPa 5% 16 % 30 HRc 0,88 58

C% Mn % P% S% Si % Cr % Ni % Mo %
0,37 1,08 0,015 0,015 0,24 1,19 0,08 0,19

FRATURA CHARPY V NÍVEL DE INCLUSÕES ASTM A2G

BANDEAMENTO LEVE (1) TAMANHO DE GRÃO ASTM 9

NA BANDA FORA DA BANDA


292 HV 267 HV

128
CP 32

ECV LE LR εT RA dureza LE/LR REF


29 J 879 MPa 1060 MPa 11 % 44 % 32 HRc 0,83 03

C% Mn % P% S% Si % Cr % Ni % Mo %
0,39 1,00 0,011 0,005 0,26 0,95 0,20 0,17

FRATURA CHARPY V NÍVEL DE INCLUSÕES ASTM A1F

BANDEAMENTO LEVE (1) TAMANHO DE GRÃO ASTM 8

NA BANDA FORA DA BANDA


305 HV 268 HV

129
CP 33

ECV LE LR εT RA dureza LE/LR REF


29 J 828 MPa 1021 MPa 8% 15 % 33 HRc 0,81 51

C% Mn % P% S% Si % Cr % Ni % Mo %
0,38 1,06 0,014 0,022 0,24 1,21 0,19 0,30

FRATURA CHARPY V NÍVEL DE INCLUSÕES ASTM A1F/B2G

BANDEAMENTO FORTE (3) TAMANHO DE GRÃO ASTM 6

NA BANDA FORA DA BANDA


288 HV 283 HV

130
CP 34

ECV LE LR εT RA dureza LE/LR REF


30 J 688 MPa 892 MPa 18 % 39 % 25 HRc 0,77 11

C% Mn % P% S% Si % Cr % Ni % Mo %
0,36 1,10 0,016 0,019 0,22 1,19 0,13 0,25

FRATURA CHARPY V NÍVEL DE INCLUSÕES ASTM A1G

BANDEAMENTO FORTE (3) TAMANHO DE GRÃO ASTM 5,5

NA BANDA FORA DA BANDA


268 HV 232 HV

131
CP 35

ECV LE LR εT RA dureza LE/LR REF


30 J 774 MPa 941 MPa 4% 17 % 29 HRc 0,82 49

C% Mn % P% S% Si % Cr % Ni % Mo %
0,45 1,09 0,011 0,012 0,20 1,22 0,03 0,32

FRATURA CHARPY V NÍVEL DE INCLUSÕES ASTM A1F/B2F/C1G

BANDEAMENTO MODERADO (2) TAMANHO DE GRÃO ASTM 5,5

NA BANDA FORA DA BANDA


278 HV 257 HV

132
CP 36

ECV LE LR εT RA dureza LE/LR REF


31 J 789 MPa 1004 MPa 12 % 35 % 30 HRc 0,79 24

C% Mn % P% S% Si % Cr % Ni % Mo %
0,40 1,02 0,016 0,018 0,28 1,29 0,23 0,26

FRATURA CHARPY V NÍVEL DE INCLUSÕES ASTM A1F

BANDEAMENTO MODERADO (2) TAMANHO DE GRÃO ASTM 7

NA BANDA FORA DA BANDA


284 HV 240 HV

133
CP 37

ECV LE LR εT RA dureza LE/LR REF


31 J 930 MPa 1061 MPa 9% 32 % 33 HRc 0,88 46

C% Mn % P% S% Si % Cr % Ni % Mo %
0,42 0,99 0,013 0,009 0,28 1,15 0,06 0,17

FRATURA CHARPY V NÍVEL DE INCLUSÕES ASTM A1F/B½F

BANDEAMENTO LEVE (1) TAMANHO DE GRÃO ASTM 5

NA BANDA FORA DA BANDA


279 HV 272 HV

134
CP 38

ECV LE LR εT RA dureza LE/LR REF


31 J 828 MPa 1021 MPa 8% 15 % 32 HRc 0,81 53

C% Mn % P% S% Si % Cr % Ni % Mo %
0,46 1,10 0,012 0,008 0,21 1,19 0,03 0,31

FRATURA CHARPY V NÍVEL DE INCLUSÕES ASTM A1F/B3G

BANDEAMENTO LEVE (1) TAMANHO DE GRÃO ASTM 5

NA BANDA FORA DA BANDA


284 HV 249 HV

135
CP 39

ECV LE LR εT RA dureza LE/LR REF


32 J 829 MPa 1013 MPa 12 % 39 % 31 HRc 0,82 21

C% Mn % P% S% Si % Cr % Ni % Mo %
0,38 1,03 0,016 0,021 0,28 1,29 0,23 0,25

FRATURA CHARPY V NÍVEL DE INCLUSÕES ASTM A1G/C½G

BANDEAMENTO MODERADO (2) TAMANHO DE GRÃO ASTM 5,5

NA BANDA FORA DA BANDA


316 HV 254 HV

136
CP 40

ECV LE LR εT RA dureza LE/LR REF


32 J 690 MPa 889 MPa 13 % 34 % 28 HRc 0,78 31

C% Mn % P% S% Si % Cr % Ni % Mo %
0,38 1,03 0,014 0,020 0,23 1,20 0,18 0,29

FRATURA CHARPY V NÍVEL DE INCLUSÕES ASTM A2F

BANDEAMENTO FORTE (3) TAMANHO DE GRÃO ASTM 5

NA BANDA FORA DA BANDA


280 HV 284 HV

137
CP 41

ECV LE LR εT RA dureza LE/LR REF


32 J 851 MPa 1009 MPa 11 % 31 % 31 HRc 0,84 60

C% Mn % P% S% Si % Cr % Ni % Mo %
0,38 1,00 0,018 0,022 0,30 1,15 0,12 0,28

FRATURA CHARPY V NÍVEL DE INCLUSÕES ASTM A1F/C1½G

BANDEAMENTO MODERADO (2) TAMANHO DE GRÃO ASTM 9

NA BANDA FORA DA BANDA


280 HV 265 HV

138
CP 42

ECV LE LR εT RA dureza LE/LR REF


33 J 789 MPa 1004 MPa 12 % 35 % 30 HRc 0,79 25

C% Mn % P% S% Si % Cr % Ni % Mo %
0,40 1,02 0,015 0,014 0,29 1,29 0,23 0,26

FRATURA CHARPY V NÍVEL DE INCLUSÕES ASTM A1½F

BANDEAMENTO FORTE (3) TAMANHO DE GRÃO ASTM 5,5

NA BANDA FORA DA BANDA


299 HV 262 HV

139
CP 43

ECV LE LR εT RA dureza LE/LR REF


33 J 808 MPa 969 MPa 12 % 32 % 30 HRc 0,83 55

C% Mn % P% S% Si % Cr % Ni % Mo %
0,35 1,00 0,015 0,025 0,26 1,04 0,15 0,28

FRATURA CHARPY V NÍVEL DE INCLUSÕES ASTM A1½G/C1G

BANDEAMENTO LEVE (1) TAMANHO DE GRÃO ASTM 9

NA BANDA FORA DA BANDA


278 HV 268 HV

140
CP 44

ECV LE LR εT RA dureza LE/LR REF


33 J 851 MPa 1009 MPa 11 % 31 % 31 HRc 0,84 61

C% Mn % P% S% Si % Cr % Ni % Mo %
0,39 0,99 0,015 0,014 0,34 1,09 0,13 0,26

FRATURA CHARPY V NÍVEL DE INCLUSÕES ASTM A1½G

BANDEAMENTO MODERADO (2) TAMANHO DE GRÃO ASTM 7,5

NA BANDA FORA DA BANDA


276 HV 258 HV

141
CP 45

ECV LE LR εT RA dureza LE/LR REF


34 J 796 MPa 953 MPa 9% 37 % 31 HRc 0,84 01

C% Mn % P% S% Si % Cr % Ni % Mo %
0,37 0,99 0,013 0,023 0,24 1,05 0,14 0,27

FRATURA CHARPY V NÍVEL DE INCLUSÕES ASTM A1½G/C1G

BANDEAMENTO LEVE (1) TAMANHO DE GRÃO ASTM 10

NA BANDA FORA DA BANDA


282 HV 249 HV

142
CP 46

ECV LE LR εT RA dureza LE/LR REF


34 J 829 MPa 1013 MPa 12 % 39 % 31 HRc 0,82 19

C% Mn % P% S% Si % Cr % Ni % Mo %
0,40 1,05 0,015 0,021 0,31 1,29 0,23 0,26

FRATURA CHARPY V NÍVEL DE INCLUSÕES ASTM A1G

BANDEAMENTO MODERADO (2) TAMANHO DE GRÃO ASTM 6

NA BANDA FORA DA BANDA


267 HV 255 HV

143
CP 47

ECV LE LR εT RA dureza LE/LR REF


34 J 774 MPa 941 MPa 4% 17 % 29 HRc 0,82 50

C% Mn % P% S% Si % Cr % Ni % Mo %
0,46 1,05 0,011 0,008 0,20 1,17 0,03 0,29

FRATURA CHARPY V NÍVEL DE INCLUSÕES ASTM A1F

BANDEAMENTO FORTE (3) TAMANHO DE GRÃO ASTM 6

NA BANDA FORA DA BANDA


270 HV 238 HV

144
CP 48

ECV LE LR εT RA dureza LE/LR REF


35 J 851 MPa 1009 MPa 11 % 31 % 31 HRc 0,84 62

C% Mn % P% S% Si % Cr % Ni % Mo %
0,39 1,01 0,024 0,027 0,32 1,16 0,12 0,30

FRATURA CHARPY V NÍVEL DE INCLUSÕES ASTM A1G

BANDEAMENTO MODERADO (2) TAMANHO DE GRÃO ASTM 9

NA BANDA FORA DA BANDA


274 HV 249 HV

145
CP 49

ECV LE LR εT RA dureza LE/LR REF


35 J 850 MPa 979 MPa 11 % 39 % 30 HRc 0,87 70

C% Mn % P% S% Si % Cr % Ni % Mo %
0,37 0,97 0,015 0,025 0,28 1,13 0,13 0,28

FRATURA CHARPY V NÍVEL DE INCLUSÕES ASTM A1F/C2G

BANDEAMENTO LEVE (1) TAMANHO DE GRÃO ASTM 9

NA BANDA FORA DA BANDA


271 HV 262 HV

146
CP 50

ECV LE LR εT RA dureza LE/LR REF


36 J 930 MPa 1061 MPa 9% 32 % 33 HRc 0,88 47

C% Mn % P% S% Si % Cr % Ni % Mo %
0,41 0,97 0,011 0,008 0,28 1,13 0,06 0,16

FRATURA CHARPY V NÍVEL DE INCLUSÕES ASTM A½F

BANDEAMENTO LEVE (1) TAMANHO DE GRÃO ASTM 5

NA BANDA FORA DA BANDA


312 HV 282 HV

147
CP 51

ECV LE LR εT RA dureza LE/LR REF


37 J 796 MPa 953 MPa 9% 37 % 30 HRc 0,84 02

C% Mn % P% S% Si % Cr % Ni % Mo %
0,35 0,98 0,013 0,021 0,24 1,03 0,14 0,26

FRATURA CHARPY V NÍVEL DE INCLUSÕES ASTM A1F

BANDEAMENTO MODERADO (2) TAMANHO DE GRÃO ASTM 8,5

NA BANDA FORA DA BANDA


261 HV 267 HV

148
CP 52

ECV LE LR εT RA dureza LE/LR REF


37 J 774 MPa 941 MPa 4% 17 % 29 HRc 0,82 48

C% Mn % P% S% Si % Cr % Ni % Mo %
0,46 1,10 0,013 0,013 0,20 1,25 0,03 0,35

FRATURA CHARPY V NÍVEL DE INCLUSÕES ASTM B2½G/C2G

BANDEAMENTO MODERADO (2) TAMANHO DE GRÃO ASTM 6

NA BANDA FORA DA BANDA


279 HV 263 HV

149
CP 53

ECV LE LR εT RA dureza LE/LR REF


37 J 844 MPa 979 MPa 12 % 40 % 30 HRc 0,86 63

C% Mn % P% S% Si % Cr % Ni % Mo %
0,36 0,99 0,015 0,027 0,25 1,16 0,12 0,29

FRATURA CHARPY V NÍVEL DE INCLUSÕES ASTM A1F/B2G

BANDEAMENTO LEVE (1) TAMANHO DE GRÃO ASTM 8

NA BANDA FORA DA BANDA


313 HV 267 HV

150
CP 54

ECV LE LR εT RA dureza LE/LR REF


38 J 860 MPa 989 MPa 13 % 36 % 30 HRc 0,87 57

C% Mn % P% S% Si % Cr % Ni % Mo %
0,36 0,99 0,019 0,024 0,26 1,18 0,05 0,30

FRATURA CHARPY V NÍVEL DE INCLUSÕES ASTM A1½F

BANDEAMENTO MODERADO (2) TAMANHO DE GRÃO ASTM 8

NA BANDA FORA DA BANDA


245 HV 240 HV

151
CP 55

ECV LE LR εT RA dureza LE/LR REF


40 J 850 MPa 979 MPa 11 % 39 % 31 HRc 0,87 69

C% Mn % P% S% Si % Cr % Ni % Mo %
0,36 0,96 0,013 0,021 0,26 1,11 0,12 0,28

FRATURA CHARPY V NÍVEL DE INCLUSÕES ASTM A1F/B2G

BANDEAMENTO MODERADO (2) TAMANHO DE GRÃO ASTM 9

NA BANDA FORA DA BANDA


284 HV 267 HV

152
CP 56

ECV LE LR εT RA dureza LE/LR REF


43 J 879 MPa 983 MPa 10 % 40 % 31 HRc 0,89 73

C% Mn % P% S% Si % Cr % Ni % Mo %
0,40 0,96 0,010 0,007 0,21 1,18 0,02 0,26

FRATURA CHARPY V NÍVEL DE INCLUSÕES ASTM C1½G

BANDEAMENTO MODERADO (2) TAMANHO DE GRÃO ASTM 9

NA BANDA FORA DA BANDA


286 HV 261 HV

ANEXO I - 56
CP 57

ECV LE LR εT RA dureza LE/LR REF


44 J 879 MPa 983 MPa 10 % 40 % 31 HRc 0,89 75

C% Mn % P% S% Si % Cr % Ni % Mo %
0,37 0,98 0,009 0,006 0,20 1,20 0,02 0,27

FRATURA CHARPY V NÍVEL DE INCLUSÕES ASTM A1G

BANDEAMENTO MODERADO (2) TAMANHO DE GRÃO ASTM 9

NA BANDA FORA DA BANDA


304 HV 271 HV

154
CP 58

ECV LE LR εT RA dureza LE/LR REF


45 J 860 MPa 989 MPa 13 % 36 % 31 HRc 0,87 56

C% Mn % P% S% Si % Cr % Ni % Mo %
0,38 0,97 0,015 0,019 0,25 1,13 0,05 0,27

FRATURA CHARPY V NÍVEL DE INCLUSÕES ASTM A1½F

BANDEAMENTO LEVE (1) TAMANHO DE GRÃO ASTM 7

NA BANDA FORA DA BANDA


294 HV 265 HV

155
CP 59

ECV LE LR εT RA dureza LE/LR REF


51 J 844 MPa 979 MPa 12 % 40 % 30 HRc 0,86 65

C% Mn % P% S% Si % Cr % Ni % Mo %
0,34 1,01 0,015 0,009 0,26 1,20 0,04 0,26

FRATURA CHARPY V NÍVEL DE INCLUSÕES ASTM A1F/C1½G

BANDEAMENTO LEVE (1) TAMANHO DE GRÃO ASTM 7

NA BANDA FORA DA BANDA


279 HV 279 HV

156
CP 60

ECV LE LR εT RA dureza LE/LR REF


64 J 879 MPa 983 MPa 10 % 40 % 29 HRc 0,89 74

C% Mn % P% S% Si % Cr % Ni % Mo %
0,34 0,92 0,009 0,005 0,20 1,16 0,02 0,25

FRATURA CHARPY V NÍVEL DE INCLUSÕES ASTM A½F

BANDEAMENTO LEVE (1) TAMANHO DE GRÃO ASTM 9

NA BANDA FORA DA BANDA


269 HV 248 HV

157
ANEXO II

INCLUSÕES E FRACTOGRAFIAS

158
CP 02 / ECV 10 J (Ref. 28)

Fractografia por MEV – Inclusões tipo sulfeto

Fractografia por MEV – Inclusões tipo sulfeto e alumina

159
CP 02 / ECV 10 J (Ref. 28)

EDS 1

EDS 2

160
CP 02 / ECV 10 J (Ref. 28)

EDS 3

Fractografia por MEV

161
CP 09 / ECV 17 J (Ref. 14)

Fractografia por MEV – Inclusões tipo sulfeto e óxidos

Fractografia por MEV – Inclusão tipo sulfeto

162
CP 09 / ECV 17 J (Ref. 14)

EDS 1

EDS 2

163
CP 09 / ECV 17 J (Ref. 14)

EDS 3

Fractografia por MEV

164
CP 23 / ECV 24 J (Ref. 34)

Fractografia por MEV – Inclusões tipo sulfeto.

Fractografia por MEV – Inclusões tipo sulfeto e óxidos .

165
CP 23 / ECV 24 J (Ref. 34)

EDS 1

EDS 2

166
CP 23 / ECV 24 J (Ref. 34)

EDS 3

Fractografia por MEV

167
CP 31 / ECV 28 J (Ref. 58)

Fractografia por MEV – Inclusões tipo sulfeto

Fractografia por MEV – Inclusões tipo sulfeto

168
CP 31 / ECV 28 J (Ref. 58)

EDS 1

EDS 2

169
CP 31 / ECV 28 J (Ref. 58)

EDS 3

Fractografia por MEV

170
CP 38 / ECV 31 J (Ref. 53)

Fractografia por MEV – Inclusões tipo sulfeto

Fractografia por MEV – Inclusões tipo sulfeto e alumina

171
CP 38 / ECV 31 J (Ref. 53)

EDS 1

EDS 2

172
CP 38 / ECV 31 J (Ref. 53)

EDS 3

Fractografia por MEV

173
CP 56 / ECV 43 J (Ref. 73)

Fractografia por MEV – Inclusões tipo sulfeto

Fractografia por MEV – Inclusões tipo sulfeto e alumina

174
CP 56 / ECV 43 J (Ref. 73)

EDS 1

EDS 2

175
CP 56 / ECV 43 J (Ref. 73)

Fractografia por MEV

Fractografia por MEV

176
CP 60 / ECV 64 J (Ref. 74)

Fractografia por MEV – Inclusões tipo alumina e óxido

Fractografia por MEV – Inclusões tipo sulfeto, alumina e óxido

177
CP 60 / ECV 64 J (Ref. 74)

EDS 1

EDS 2

178
CP 60 / ECV 64 J (Ref. 74)

EDS 3

Fractografia por MEV

179
ANEXO III

CARACTERIZAÇÃO MICROESTRUTURAL
POR MEV

180
CP 01 / ECV 10 J (Ref. 23)

10 µm

Microestrutura por MEV - Banda

10 µm

Microestrutura por MEV - Fora da Banda

181
CP 07 / ECV 16 J (Ref. 67)

10 µm

Microestrutura por MEV - Banda

10 µm

Microestrutura por MEV - Fora da Banda

182
CP 14 / ECV 20 J (Ref. 42)

10 µm

Microestrutura por MEV - Banda

10 µm

Microestrutura por MEV - Fora da Banda

183
CP 22 / ECV 24 J (Ref. 18)

10 µm

Microestrutura por MEV - Banda

10 µm

Microestrutura por MEV - Fora da Banda

184
CP 32 / ECV 29 J (Ref. 03)

10 µm

Microestrutura por MEV - Banda

10 µm

Microestrutura por MEV - Fora da Banda

185
CP 44 / ECV 33 J (Ref. 61)

10 µm

Microestrutura por MEV - Banda

10 µm

Microestrutura por MEV - Fora da Banda

186
CP 47 / ECV 34 J (Ref. 50)

10 µm

Microestrutura por MEV - Banda

10 µm

Microestrutura por MEV - Fora da Banda

187
CP 59 / ECV 51 J (Ref. 65)

10 µm

Microestrutura por MEV - Banda

10 µm

Microestrutura por MEV - Fora da Banda

188

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