Cadernoresumo ISNHM

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I SIMPÓSIO NACIONAL DE HISTÓRIA

MILITAR

CADERNO DE RESUMOS

ISSN XXXX-XXXX
2016
ISSN XXXX-XXXX

I SIMPÓSIO NACIONAL DE HISTÓRIA MILITAR

CADERNO DE RESUMOS

RIO DE JANEIRO

2016
I Simpósio Nacional de História Militar (x: 2016: Rio de Janeiro)

Caderno de Resumos / I Simpósio Nacional de História Militar;


Organização: José Miguel Arias Neto; Fernando da Silva
Rodrigues; Carlos André Lopes; Pierre Paulo da Cunha Castro -
Rio de Janeiro: Escola Superior de Guerra; Londrina: Universidade
Estadual de Londrina, 2016.

Texto em português

ISSN XXXX-XXXX
1. História Militar. 2. Teoria e Metodologia. 3. Historiografia. 4.
Política e Sociedade.
I SIMPÓSIO NACIONAL DE HISTÓRIA MILITAR

COORDENAÇÃO

Fernando da Silva Rodrigues – Escola Superior de Guerra


José Miguel Arias Neto – Universidade Estadual de Londrina
Carlos André Lopes - Diretoria do Patrimônio Histórico e
Documentação da Marinha
Pierre Paulo da Cunha Castro - Diretoria do Patrimônio
Histórico e Documentação da Marinha

PROMOÇÃO

Diretoria do Patrimônio Histórico e Documentação da Marinha


Escola Superior de Guerra
Universidade da Força Aérea
Universidade Estadual de Londrina

APOIO

Diretoria de Patrimônio Histórico e Cultural do Exército


Grupo de Pesquisa em Estudos Culturais, Política e Mídia –
CNPq/UEL
Grupo de Pesquisa em História Militar – CNPq/UEL
Laboratório de Defesa Nacional e Segurança Internacional / ESG
Revista da Escola Superior de Guerra

Comissão Científica

Adriana Aparecida Marques – Universidade Federal do Rio de


Janeiro
Adriana Barreto de Sousa - Universidade Federal Rural do Rio de
Janeiro
Celso Corrêa Pinto de Castro - Fundação Getúlio Vargas
Dennison de Oliveira – Universidade Federal do Paraná
Eduardo Munhoz Svartman - Universidade Federal do Rio Grande do
Sul
Francisco Carlos Teixeira da Silva - Universidade Federal do
Rio de Janeiro
Francisco César Ferraz - Universidade Estadual de Londrina
Francisco Eduardo Alves de Almeida - Escola de Guerra Naval
Héctor Luis Saint-Pierre - Universidade Estadual Paulista
“Júlio de Mesquita Filho”
Humberto Lourenção – Academia da Força Aérea
Jaqueline Santos Barradas - Escola Superior de Guerra
João Roberto Martins Filho – Universidade Federal de São Carlos
Luiz Cláudio Duarte – Universidade Federal Fluminense
Marcello José Gomes Loureiro - Diretoria do Patrimônio
Histórico e Documentação da Marinha
Manuel Rolph Cabeceiras - Universidade Federal Fluminense
Marly de Almeida Gomes Vianna - Universidade Salgado de
Oliveira
Paulo André Leira Parente - Universidade Federal do Estado do
Rio de Janeiro
Renato Luís do Couto Neto e Lemos - Universidade Federal do Rio
de Janeiro
Ricardo Cabral - Escola de Guerra Naval
Vágner Camilo Alves - Universidade Federal Fluminense
William Gaia Farias - Universidade Federal do Pará

Comissão Organizadora Executiva

Bruno de Melo Oliveira - Universidade da Força Aérea


Edina Laura Nogueira da Gama - Diretoria do Patrimônio
Histórico e Documentação da Marinha
Fernando Velôzo Gomes Pedrosa - Escola de Comando e Estado
Maior do Exército / Programa de Pós-Graduação em História
Comparada - UFRJ
Jamylle de Almeida Ferreira - Escola Superior de Guerra
Leandro José Clemente Gonçalves – Instituto Federal de São
Paulo
Luiza das Neves Gomes - Escola Superior de Guerra
Wagner Luiz Bueno dos Santos - Diretoria de Patrimônio
Histórico e Documentação da Marinha / Programa de Pós-Graduação
em História - UFRJ

Secretaria
Gabriel Garcia Ignácio – Universidade Estadual de Londrina
Luís Manuel Costa Mendez - Universidade Federal do Rio de
Janeiro/ Curso de graduação em Defesa e Gestão Estratégica
Internacional
Tatiana Polycarpo Torres dos Santos - Universidade Federal do
Rio de Janeiro/ Curso de graduação em Defesa e Gestão
Estratégica Internacional
Kathleen Vieira- Universidade Federal do Rio de Janeiro/ Curso
de graduação em Defesa e Gestão Estratégica Internacional
Isabelle Guimarães - Universidade Federal do Rio de Janeiro

Webmaster
Daine G. A. Carmona/ Universidade Estadual de Londrina
APRESENTAÇÃO

A organização desse evento buscou congregar em um mesmo


fórum, acadêmicos, docentes, militares, estudantes,
pesquisadores de História Militar e demais profissionais.
Tratou-se de buscar a articulação da área de História
Militar, tratar da pesquisa na área, da utilização dos arquivos
militares no Brasil e na América do Sul.
Também visou a discussão de temas fundamentais para a
ampla concepção de História Militar tais como: é possível a
cooperação intelectual entre acadêmicos e militares para a
consolidação da História Militar como campo de pesquisa?
Buscou-se, portanto, reunir e debater os estudos sobre
a história militar em curso no Brasil através de conferências,
de mesas e de simpósios durante o evento, e por meio de
publicações impressas e digitais dos resultados obtidos nesse
fórum.
A fragmentação temática nos estudos contemporâneos na
área de História é um fato que vem se estabelecendo no meio
acadêmico ao longo dos últimos anos. O profissional de história
moderno vem procurando tornar-se multidisciplinar a partir do
momento que busca estabelecer conexões teóricas ou
metodológicas com outras disciplinas, visando alcançar um
resultado mais expressivo e consistente na sua pesquisa.
Conforme é destacada por José D’Assunção Barros1, essa
fragmentação temática vem ocorrendo de forma acentuada nos
últimos anos em consequência de duas situações: a contínua
especialização do historiador e a possibilidade de perspectivas
múltiplas sobre um mesmo problema.
A produção da história militar e seu desenvolvimento
como disciplina se deu de forma diferente em função dos
diferentes contextos. Nos países europeus ela ocupa lugar de
destaque porque a história da formação dessas nações se
confunde com suas próprias guerras. As Forças Armadas são um
grupo social que concentra em suas mãos o poder por excelência

1 BARROS, José D’Assunção. O campo da história: especialidades e abordagens.


Petrópolis: Vozes, 2004, p. 11.
– o poder das armas – e cuja função específica é, como define
Huntington2, a administração da violência. Contudo, a história
militar não abrange unicamente o fenômeno da guerra, e por
isso, não pode ser percebida apenas pelas visões dos militares,
apesar destes serem seus principais agentes. Sendo assim, a
administração da força militar, e não somente da violência,
caracteriza-se como objeto principal da história militar, que,
consequentemente, acaba abrangendo a organização das
instituições militares, a aquisição e a manutenção do seu
material e capital humano e, principalmente, a forma como são
utilizados, devendo ser este objeto compreendido dentro de um
contexto político e social mais amplo, como extensão de outras
abordagens, domínios e dimensões que lhe servem de referência
teórica e metodológica. Segundo os críticos a historiografia
militar tradicional não concebia o militar e as instituições
militares dentro dos contextos social, cultural, psicológico e
geográfico. Não eram entendidos como receptores e agentes de
transformação social. Desconsiderava ainda, o diálogo constante
com as correntes de um todo social, sem qualquer
problematização.3
Francisco Falcon afirmou que a partir de 1929/30
começou de fato o declínio da História Política4, levando
consigo a História Militar tradicional. Os historiadores dos
Annales foram incisivamente críticos da História Política, e a
impossibilidade de desvincular a guerra dos fenômenos políticos
fez com que essas críticas fossem também dirigidas aos estudos
dos fenômenos militares. Sendo estes partes da política, ou a
política por outros meios, a história militar foi tão
negligenciada quanto à história política na renovação
historiográfica da primeira metade do século XX5. Contudo, o
campo anglo-norte-americano foi uma exceção, mantendo certo
distanciamento desses inovadores franceses.

2 HUNTINGTON, Samuel P. O soldado e o estado: teoria e política das relações entre


civis e militares. Rio de Janeiro: Biblioteca do Exército, 2006.
3 CASTRO, Celso; IZECKSOHN, Vitor; KRAAY, Hendrik (Orgs.). Nova História Militar
Brasileira. Rio de Janeiro: FGV, 2004, pp. 23-26.
4 FALCON, Francisco. História e Poder. In: Domínios da História. 5a edição. Rio de
Janeiro: Campus, 1997, p. 68.
5 BURKE, Peter. A Escola dos Annales – 1929-1989. A Revolução Francesa da
Historiografia. São Paulo: UNESP, 1991, pp. 17-22.
Para os historiadores dos Annales, a História Política
exigia pouco, ao prestigiar eventos descritivos, sem
problematizações, e enaltecer vultos históricos e batalhas
militares. Os Annales trouxeram novas interpretações e visões
que transformaram a História Política em um campo
desprestigiado, sem atrativos e tão poucos desafios.
Acompanhando essa queda, a História Militar aos poucos foi
sucumbindo. Esses acontecimentos se deram particularmente na
França, e o Brasil, sofrendo forte influência francesa, seguiu
essa tendência. Praticamente abandonada pela academia, esta
área acabou restrita aos meios militares, num processo que
limitou muito seu estudo independente. Essa assimetria entre a
história acadêmica e os programas de história militar das
forças armadas foi uma das razões do retraimento do estudo
histórico da guerra para uma área marginal de especialização.
Esse afastamento da academia permitiu que as organizações de
historiadores ligados aos departamentos de história das Forças
Armadas em diversos países, inclusive no Brasil, estendessem
seu poder sobre o campo através do controle dos arquivos e do
conhecimento técnico (“technical expertise”), cuja importância
crescia com a industrialização da guerra6. Esse processo
aumentou ainda mais a distância com o meio acadêmico, pois
geralmente esses departamentos oficiais de publicação tinham
uma característica apologética ou de orientação política que
comprometia a visão que o profissional da historiografia
adotava para o estudo militar e, em razão disso, os
historiadores acadêmicos por muito tempo hesitaram em se
envolver com história militar.7
Nesse quadro, os historiadores militares que se
arriscavam a enfrentar as dificuldades que lhe eram impostas
eram vistos com suspeita tanto pelos seus colegas de profissão
quanto pelos militares. Segundo Gordon Craig8, a suspeita

6 PARET, Peter. “The history of war and the nem military history”. In: Understanding
war: essays on Clausewitz and the history of military power. Princenton: 1993,
p. 215.
7 TALLET, Frank. War and societyin early-modern Europe, 1495-1715. London:
Routledge, 1992, p. 1.
8 CRAIG, Gordon A. “Delruck: the military historian”. In: Makers of modern Strategy:
from Machiavelli to the Nuclear Age. Princenton: Princenton University Press,
1986, p. 352
militar seria do desprezo natural do profissional pelo amador,
enquanto a suspeita dos seus pares apresentava raízes mais
profundas: a crença, em especial nos países democráticos, de
que a guerra é uma alienação no processo histórico e que,
consequentemente, seu estudo não seria frutífero, nem decente.
Além disso, nos países latino-americanos, onde o regime militar
foi instaurado nas décadas de 1960 e 70, as divergências entre
a classe militar e os acadêmicos que foram perseguidos também é
uma variável que pode ser somada aos motivos elencados por
Craig.
Há que se considerar, no entanto, que países como
Inglaterra e Estados Unidos, com forte tradição acadêmica, os
efeitos negativos proporcionados pela Escola dos Annales foram
mais moderados. Universidades desses países continuaram a
produzir um grande número de investigações originais no campo
da História Militar9, embora que não tivessem programas
específicos de História Militar nos seus cursos de pós-
graduação. Com isso, no final do século XX, ocorreu o que se
chama de “retorno” da história política, que por meio da
redefinição do seu objeto houve uma revalorização desse
domínio. Tais renovações metodológicas também estão sendo
aplicadas ao estudo dos fenômenos militares, o que se permite
renovar as investigações nesse campo de estudos, resultando em
novas produções. Em outras palavras, atualmente os esforços
estão voltados para analisar o fenômeno militar sob novas
perspectivas, a partir de novos objetos e interrogações.
Segundo Paulo André Leira Parente “os estudos produzidos no
campo de investigação da História Militar devem estar atentos
aos novos métodos e procedimentos de investigação surgidos nas
ciências sociais.”10
Além disso, os militares foram protagonistas da vida
pública no Brasil desde o século XIX, e tomaram parte de
maneira decisiva dos mais importantes eventos de nossa história
política. Logo, a partir da compreensão dos fatos históricos

9 MORILLO, Stephen; PAVKOVIC, Michael. What is Military History. Cambridge: Polity,


2006.
10 PARENTE, Paulo André Leira. “Uma nova História Militar? Abordagens e campos de
investigação”. In: A Defesa Nacional, no 806, 3o Quadrimestre de 2006, p.69.
que se passaram em diversas regiões, pretende-se contribuir
para um entendimento de períodos da história nacional, pois,
segundo Knox11, só será possível entender a História Nacional,
partindo de suas particularidades regionais. Os trabalhos
denominados de História Regional são constantemente
questionados pelo fato de que toda pesquisa aborda determinado
espaço, daí todas as pesquisas serem regionais, não
necessitando de enfatizar a metodologia. Porém, é necessário
entender que a história regional demonstra seu valor acadêmico
quando colabora para preencher uma história maior seja
espacialmente, seja por períodos históricos mais abrangentes,
seja pela aplicação de leis e princípios gerais da ciência
histórica.
Assim, num país que se busca cada vez mais consolidar
um Estado democrático, a compreensão da temática militar é
importante para a sua própria consolidação. Como destacou
Castro12, a história militar acadêmica seguiu uma trajetória
difícil no Brasil, pois o envolvimento militar na política
desencorajou a pesquisa acadêmica sobre as Forças Armadas e a
maioria dos trabalhos voltou sua atenção ao estudo de seu
envolvimento na política.
No âmbito militar, a construção desse campo também não
ficou isento de tendências e ideologismos. Embora o imaginário
militar busque na Batalha de Guararapes suas raízes históricas,
é muito difícil falar numa história militar genuinamente
brasileira antes do século XIX. Até esse momento, a história
militar da América portuguesa era considerada um subcampo da
“vida militar” portuguesa, embora as instituições e práticas
militares europeias tenham sofrido alterações no processo de
implementação no Novo Mundo.13
Embora a História Militar ainda se apresente como um
campo modesto dos estudos históricos no Brasil, limitado a um
grupo pequeno de pesquisadores, este projeto se justifica pela

11 KNOX, Miridan Britto Falci. História Regional – conceitos, métodos e problemas.


Revista do IHGRJ. Rio de Janeiro: 2001, p. 4.
12 CASTRO, Celso; IZECKSOHN, Vitor; KRAAY, Hendrik (Orgs.). Nova História Militar
Brasileira. Rio de Janeiro: FGV, 2004, p. 13.
13 CASTRO, Celso; IZECKSOHN, Vitor; KRAAY, Hendrik (Orgs.). Nova História Militar
Brasileira. Rio de Janeiro: FGV, 2004, p. 12.
necessidade de reunir acadêmicos, profissionais e discentes de
diversas Áreas do Conhecimento que se interessam pelo estudo de
questões ligadas à presença dos militares no Brasil,
favorecendo o acesso à informação e da construção de um
pensamento histórico baseado nas ações desenvolvidas por esses
agentes de transformação social e política no território
brasileiro. Ainda há muito que se produzir no campo da História
Militar. Por isso, é preciso ter consciência de que
negligenciar o diálogo com os outros campos da história, como a
história política, social, cultural, econômica, das ideias, por
exemplo, é contribuir para a construção de um conhecimento
estanque e pouco esclarecedor.
O resultado das reflexões realizadas no I Simpósio
Nacional de História Militar poderá somar-se às ideias e
propostas dos demais profissionais, pesquisadores e
organizações ligados ao tema, abrindo caminho para a celebração
em conjunto de propostas de cooperação e pesquisas em conjunto
sugeridas durante o Fórum. As novas propostas de cooperação e
pesquisas em conjunto deverão constituir um dos produtos finais
do mesmo, e um parâmetro de contribuição para os próximos
passos na direção da efetivação, consolidação e disseminação de
uma proposta contínua para as pesquisas temáticas.
Compreendendo o papel estratégico da cooperação entre
instituições acadêmicas na busca de consolidar o processo de
estudos e pesquisas sobre a História Militar, o consórcio se
apresenta como um espaço convergente aos ideais da pesquisa,
colocando-se como um organismo incentivador de investigação no
Brasil.

Comissão Organizadora
https://www.facebook.com/events/1007496719298639/
PROGRAMAÇÃO GERAL

Dia 26 de abril (terça-feira)


8h30 – 9h
Mesa de Abertura

9h – 12h30
Mesa Redonda
História Militar: novos caminhos e novas abordagens
Coordenador:
Celso Corrêa Pinto de Castro - FGV
Debatedores:
Paulo André Leira Parente - UNIRIO
Renato Luís do Couto Neto e Lemos – UFRJ

14h – 17h30
Mesa Redonda
História das Guerras e dos Conflitos
Coordenador:
Fernando da Silva Rodrigues - ESG
Debatedores:
Manuel Rolph Cabeceiras - UFF
Ricardo Cabral – EGN

17h30 – 19h30
Conferência de Abertura
Francisco Carlos Teixeira da Silva
UFRJ/Instituto Pandiá Calógeras

Dia 27 de abril (quarta-feira)


9h – 17h30
Simpósio Temático
História Militar: teoria, metodologia e fontes de pesquisa.
SALA 1 (3º andar)
Coordenadores:
Carlos André Lopes da Silva – DPHDM
Fernando da Silva Rodrigues - ESG
Pierre Paulo da Cunha Castro - DPHDM

9h – 17h30
Simpósio Temático
Militares na política e na sociedade
SALA 2 (2º andar)
Coordenadores:
Adriana Aparecida Marques - UFRJ
Adriana Barreto de Souza - UFRRJ
Luiz Cláudio Duarte - UFF

17h30 – 19h30
Mesa Redonda
História Naval Brasileira
Coordenador
José Miguel Arias Neto – UEL
Debatedores:
Pierre Paulo da Cunha Castro – DPHDM
Carlos André Lopes da Silva – DPHDM

Dia 28 de abril (quinta-feira)


9h – 17h30
Simpósio Temático
História da Guerra e das Instituições Militares
SALA 1 (3º andar)
Coordenadores:
Manuel Rolph Cabeceiras – UFF
Ricardo Cabral – EGN
Fernando Velôzo Gomes Pedrosa - ECEME/PPGHC-UFRJ
Vágner Alves Camilo – UFF

9h – 17h30
Simpósio Temático
História e Historiografia Militar
SALA 2 (2º andar)
Coordenadores:
Marcello José Gomes Loureiro - DPHDM
Luiza das Neves Gomes – ESG

17h30 – 19h30
Conferência de Encerramento
João Roberto Martins Filho
Universidade Federal de São Carlos

Lançamento de Livros
PROGRAMAÇÃO SIMPÓSIO TEMÁTICO 1 – HISTÓRIA MILITAR: TEORIA,
METODOLOGIA E FONTES DE PESQUISA.

Coordenadores:
Carlos André Lopes da Silva – DPHDM
Fernando da Silva Rodrigues - ESG
Pierre Paulo da Cunha Castro - DPHDM

Dia 27 de abril (quarta-feira)


9h – 12h30

1 - Juan Carlos Luzuriaga Contrera (Mestre / Instituto de Profesores Artigas - Instituto Militar
de Estudios Superiores. (IMES) Ejército Nacional. del Uruguay)
LOS DESAFIOS DE LA NUEVA HISTORIA MILITAR EN EL SIGLO XXI
Resumo: Para mediados del siglo XX, la historia militar era un área de investigación dejada
de lado por los centros universitarios y los historiadores académicos. Desde el fin de la I
Guerra Mundial se había constituido en un espacio ocupado por militares historiadores: de
campañas, guerras y almirantes. Sus propósitos eran exaltar el patriotismo de las fuerzas
armadas y extraer enseñanzas de las batallas. La Nueva Historia Militar como propuesta
historiográfica, surge en los años sesenta en los historiadores anglosajones. Hace hincapié en
las organizaciones militares y sus vínculos con las sociedades que las originan. Décadas
después es incorporada por historiadores franceses, españoles y portugueses. En Iberoamérica,
fue en Brasil y posteriormente en Argentina donde surgieron investigadores en esta corriente.
En Uruguay se están dando los primeros pasos para su desarrollo. Ya consolidada a inicios del
siglo XXI, surgen desafíos para profundizar sus estudios en importantes áreas
complementarias que han sido en general descuidadas. Señalamos al menos dos de ellas. Por
un lado el análisis de la batalla como tal, sus implicaciones y su momento histórico social. Por
otro, el estudio de la dimensión humana del conflicto, como situación límite que viven
quienes participan en la guerra.

2 - Giovane Albino Silva (Doutorando / PPGH-UFF)


O CONSELHO DE GUERRA E AS FUGAS DE SOLDADOS NO EXÉRCITO
PORTUGUÊS EM PERNAMBUCO NA SEGUNDA METADE DO SECULO XVIII
Resumo: Os estudos sobre história militar nas últimas décadas abriram espaços para
pesquisas que ampliaram o escopo analítico das instituições militares, diversificando as
abordagens e propondo novas pesquisas. O fortalecimento da “Nova História Militar”
incentivou uma série de trabalhos no campo da história social, ao valorizar, por exemplo, o
estudo das trajetórias de oficiais e soldados no campo das estruturas sociais. A historiografia
do período colonial vem ressignificando valores, graças à ampliação das fontes de pesquisa,
que incluem as organizações militares na América portuguesa. A consulta a documentação do
Arquivo Histórico Ultramarino permite explorar novos temas, com os quais desenvolvem-se
conteúdos pouco abordados. Nesse sentido, a presente comunicação visa analisar a
contribuição dos processos existentes no Conselho de Guerra, principal órgão de gerência
militar no Império português, em especial os sujeitos envolvidos no crime de deserção na
Capitania de Pernambuco, almejando exibir como as fontes “militares” auxiliam na
compreensão de tensões e conflitos envolvendo as instituições militares e os homens
recrutados para o serviço armado da Coroa. A história das fugas do exército é o assunto a ser
explorado, tema ainda pouco abordado pela historiografia colonial, mas possível graças à
renovação das teorias e metodologias aplicadas às fontes e instituições militares.
3 - Olivia da Rocha Robba (Doutoranda / PPGH-USP)
HOMENS DE CIÊNCIA E EDUCAÇÃO MILITAR: ASPECTOS ILUSTRADOS DA
FORMAÇÃO CIENTÍFICA NA ACADEMIA REAL MILITAR (1810-1850)
Resumo: Esta apresentação é resultado da minha pesquisa de doutorado ainda em curso pela
Universidade de São Paulo. Tenho como objetivo analisar a criação da Academia Real Militar
(ARM) em 1810, na cidade do Rio de Janeiro, por D. João VI, como uma instituição de
científica fundada ainda no período colonial, dedicada não apenas à formação da jovem
oficialidade da corte, como também de difusão de conhecimentos científicos na corte através
da criação de laboratórios, publicação de livros e compêndios, compra de instrumentos
científicos, o que constitui um marco na formação e profissionalização dos militares da nova
sede do império português no ultramar.

4 - Thiago Janeiro Sarro (Mestrando / PPGEM-EGN / PPGHC – UFRJ / THE CORBETT


CENTRE FOR MARITIME POLICY STUDIES - Kings College London)
A MALFADADA BATALHA DE CARMEN DEL PATAGONES
Resumo: Na Guerra da Cisplatina, já durava meses o bloqueio da Esquadra Imperial ao porto
de Buenos Aires. Os navios inimigos não conseguiam vencer o cerrado bloqueio. Como
consequência, os governos inimigos adquiriram navios e os transformaram em verdadeiros
corsários; saqueadores e ferozes. Do sul ao Nordeste, mais de cinquenta navios nacionais
foram apresados. Os argentinos mantinham na inóspita Patagônia, portos que serviam de
abrigo para os corsários, sendo o de Carmen Del Patagones sua melhor base.
O Brasil enviou uma expedição à Patagônia para destruir o ninho dos corsários. Em 1827
suspendeu a Divisão Naval, composta por quatro bons navios, com 51 bocas de fogo e 654
homens. O que era para ser uma missão simples, terminou em desastre. Do que foi enviado,
com exceção de um grupo de prisioneiros que fugiu, liderados pelo Tenente Marques de
Lisboa, nada voltou.
O objetivo, então, é analisar a dinâmica dos fatos em busca das lições que a História tem a
oferecer. Para tal, a pesquisa contrastou as principais fontes primárias relativas a esta batalha,
a saber: o comunicado do almirante Pinto Guedes ao governo Imperial e o folheto de
Tamandaré publicado em 1862, onde narra o ocorrido na malfadada campanha.

5 - Sergio Willian de Castro Oliveira Filho (Doutorando / PPGH-UNICAMP / DPHDM-MB)


“LA JORNADA GLORIOSA DEL 11 DE JUNIO”: A BATALHA NAVAL DO
RIACHUELO COMO PROPAGANDA DE GUERRA NOS PERIÓDICOS
PARAGUAIOS
Resumo: A Guerra da Tríplice Aliança contra o Paraguai foi um conflito cuja análise pode
extrapolar as características políticas e econômicas, isto é, ante um conflito que colocava em
campos antagônicos nações recentemente surgidas, a construção discursiva da nacionalidade,
da pátria, do sentimento de pertencimento a um território, foi algo que preencheu ambos os
lados da guerra. Nossa proposta de comunicação surge deste ponto de partida, mas almeja
tratar um episódio específico: a Batalha Naval do Riachuelo. Tal embate, ocorrido entre as
forças navais paraguaia e brasileira em 11 de junho de 1865, trouxe numerosos
desdobramentos propagandísticos na imprensa paraguaia. Poucos dias após tal episódio e nos
anos subsequentes, ainda durante a guerra, houve da parte de alguns periódicos que
circulavam em Assunção, a construção de um discurso que proclamava a vitória paraguaia
naquele famoso 11 de junho de 1865. De modo que propomos discutir como tal imprensa
paraguaia pode ser abordada como fonte para uma análise no campo da historiografia militar.

6 - Luiz Augusto Rocha do Nascimento (Mestre / Colégio Militar de Brasília)


A NORMANDIA SUL-AMERICANA: ASPECTOS NAVAIS POR OCASIÃO DO 150°
ANIVERSÁRIO DA TRAVESSIA ALIADA NO PASSO DA PÁTRIA
Resumo: A operação Overlord, em 6 de junho de 1944, foi uma das maiores operações de
desembarque de toda a História Militar. Entretanto, no século XIX, durante a Guerra da
Tríplice Aliança, forças brasileiras, argentinas e uruguaias atravessaram o rio Paraná e
desembarcaram no Paraguai. As operações militares de travessia de cursos de água existiam
desde o século XVIII. As guerras envolvendo os países do rio da Prata necessitavam da
utilização de técnicas adequadas para passar o grande número de rios existentes na região.
Entretanto, a travessia do rio Paraná, dentro do contexto da Guerra da Tríplice Aliança, era
uma operação cuja grandeza jamais fora atingida antes daquela data. A Marinha do Brasil foi
fundamental para que a operação alcançasse êxito. Isso ocorreu apesar do exército paraguaio
se encontrar em posição na margem norte do rio, aguardando o desembarque das tropas
aliadas. Este trabalho teve o objetivo de apresentar algumas ações navais desenvolvidas para o
sucesso dessa operação.

7 - Marcus Fernandes Marcusso (Doutorando / PPGE-UFSCar / IF Sul de Minas)


A CRIAÇÃO DA ESCOLA DE ESTADO-MAIOR E SEUS PRIMEIROS ANOS DE
FUNCIONAMENTO (1905-1919)
Resumo: A Escola de Estado-Maior (EEM) foi criada em 1905, e tinha como principal função
fornecer aos oficiais do Exército Brasileiro uma instrução militar superior, que os habilitasse
para exercer funções no Estado-Maior do Exército. O presente trabalho tem como objetivo
analisar o início do funcionamento da Escola de Estado-Maior do Exército. Para tanto
abordar-se-á as primeiras determinações dos regulamentos de ensino, procurando identificar
qual o tipo de formação prevista para os oficiais-alunos, entre 1905 a 1919. Nesse sentido,
serão consultados os dois regulamentos (1905 e 1913-14). A Escola de Estado-Maior era
subordinada diretamente ao Ministro da Guerra e funcionou, em seus primeiros anos, no
prédio do Estado-Maior do Exército, no Rio de Janeiro. Os primeiros anos de funcionamento
da EEM foram marcados pela estrutura física simples, pela frequência de poucos alunos e pela
influência do pensamento militar alemão. O estudo sobre a Escola de Estado-Maior e seus
regulamentos, possibilitará entender melhor a formação do oficial-aluno do Exército
Brasileiro.

8 - Anderson de Rieti Santa Clara dos Santos (Pós-Graduando / Especialização em História


Militar Brasileira – UNIRIO / DPHDM/MB)
PARTITURAS COMO FONTES PARA A HISTÓRIA MILITAR: POSSIBILIDADES
EM UMA REPRESENTAÇÃO DA BATALHA NAVAL DO RIACHUELO
Resumo: A renovação que houve no âmbito da História Militar referente à relativização da
guerra como único objeto de estudo e à interdisciplinaridade revelada no diálogo profícuo
com outras disciplinas como a Antropologia, a Sociologia e a Ciência Política fez com que se
ampliasse o leque de fontes, resultante de problemáticas autênticas e, logo, de metodologias
consistentes. Assim, a escolha de objetos relacionados com a música nas instituições militares,
nas mais variadas expressões e formas, permite que o historiador possa lançar mão de
partituras como fontes para o seu estudo. Como suporte para o registro sonoro, as partituras
podem contribuir para que se compreenda o emprego das bandas em suas corporações, por
meio de sua constituição timbrística, a circulação das composições, revelando a diacronia em
suas interpretações, e, ainda, o contexto de sua produção por meio da análise musical.
Veremos, a título de exemplo, como é possível abordar essas questões através de uma
representação musical da Batalha Naval do Riachuelo, neste caso, uma partitura com o
registro do poema sinfônico Riachuelo, composto por Oswaldo Cabral em 1942.
Dia 27 de abril (quarta-feira)
14h – 17h30

9 - Isabel Lopez Aragão (Doutoranda / PPGHS-UERJ-FFP / SEEDUC-RJ)


A PRODUÇÃO DO CONHECIMENTO HISTÓRICO E SUA ARTICULAÇÃO COM
A MEMÓRIA NA CONSTRUÇÃO DA HISTÓRIA MILITAR
Resumo: O artigo apresenta a possibilidade do uso de biografias e autobiografias, gêneros
que se tornaram essenciais na história, devido ao auxílio que a dimensão individual empresta à
compreensão do processo histórico, e de seu uso como fontes primárias. Tal procedimento
deve-se à constatação de que ambas trazem-nos informações especialíssimas, de fatos que
somente os envolvidos diretamente na trama poderiam ter conhecimento, por sua presença
como atores nesses episódios, bem como na condição de testemunhas, contemporâneos que
são dos acontecimentos. As biografias e autobiografias alcançaram, na atualidade, o estatuto
de objetos de estudo na historiografia, por apresentarem-se como um meio distinto de acesso
às atitudes e representações dos sujeitos, a partir da valorização de suas memórias individuais.
A análise propõe a demonstração de como a construção de um corpus14 a partir de seu uso,
auxiliadas pelo uso de imagens, cartas e entrevistas e fontes oficiais, do Exército e da
Marinha, como Relatórios de Ministros, dentre outras, permitiu o surgimento de uma história
inédita sobre o movimento de rebeldia militar denominado Tenentismo, na década de 20, do
século passado.

10 -Maria Lucia Valada de Brito (Mestranda / PPGCA-UNIFA / FAB)


O CORREIO AÉREO NACIONAL EM OPERAÇÕES HUMANITÁRIAS: UM
ALIADO DA ASSISTÊNCIA SOCIAL DA FAB
Resumo: A História do Correio Aéreo Nacional (CAN) de fundamenta importância para a
evolução e desenvolvimento do Poder Aéreo, da inclusão social de populações do Amazonas,
integração nacional, sentimento de patriotismo e da História do País. Busca-se a divulgação
dos primeiros achados de uma pesquisa de Mestrado em Ciências Aeroespaciais na UNIFA.
E, por conseguinte, resgatar uma parte da História da aviação desde a escola francesa do
ensino de pilotos no Campo dos Afonsos até sua dissociação e transferência do Exercito na
consolidação para a Aeronáutica brasileira. Pretende-se comentar-se sobre as Intervenções da
Ciência Política reinante na época que influenciaram o Poder Aéreo. A História Militar vem
sendo cada vez mais difundida no Brasil nos últimos anos nos círculos acadêmicos. Assim,
pretende-se pesquisar sobre a influência que o poder Aéreo entrelaçou na sociedade, no que se
fez e faz com o CAN na área do Serviço Social as populações amazônicas. E, entender qual
necessidade um poder forte e a falta dele na Defesa Nacional. E, entender para o processo de
escolhas do Comando da Aeronáutica (COMAER) na correta tomada de decisão, que além de
ser estratégica, pode salvar vidas. A investigação utilizou pesquisa exploratória, avaliação de
análise documental e revisão bibliográfica.

11 - Luciano Bastos Meron Neves (Mestre / SMED-Salvador / PPG Gastronomia-FIB)


RACIONAMENTOS E CARESTIA DE ALIMENTOS NA BAHIA DURANTE A II
GUERRA MUNDIAL
Resumo: Este trabalho tem por objetivo identificar e analisar os impactos da Segunda Guerra
Mundial (1939-1945) sobre o abastecimento de gêneros alimentícios na Bahia no período,
especialmente em Salvador. O abastecimento desses produtos sofreu interrupções e/ou
dificuldades com a campanha submarina das marinhas italiana e alemã nas águas do
Atlântico, que chegaram a provocar 34 afundamentos, sendo quase todos navios da Marinha
Mercante. Para tanto, foram selecionadas como fontes jornais e revistas de grande circulação
14
Ver FERREIRA, Marieta M.; AMADO, Janaina; (Org.) Apresentação. In: Usos e abusos da história oral. Rio de
Janeiro: ed. Fundação Getúlio Vargas, 1998.
no Estado e no Brasil da época, em especial as revistas O Cruzeiro e A Cigarra. Buscamos
identificar notícias e indícios relativos ao aumento do custo de vida e dos alimentos, assim
como as campanhas de racionamento e as mobilizações populares para tal, além de indicativos
de adaptações de receitas ou substituições de ingredientes. Foram utilizados ainda alguns
depoimentos de veteranos da Força Expedicionária Brasileira (FEB) e artigos do jornal A
Tarde. Este material foi analisado à luz de bibliografia pertinente sobre o tema.

12 - Paulo Fernando Bava de Camargo (Doutor / UFS)


A GRANDE GUERRA MUNDIAL (1914-1945) NAS ÁGUAS BRASILEIRAS:
CONTRIBUIÇÕES DA ARQUEOLOGIA MARÍTIMA
Resumo: Alguns pesquisadores consideram que houve não duas Guerras Mundiais, na
primeira metade do século XX, mas sim uma Grande Guerra, entremeada por pouco mais de
vinte anos de armistício.
É dentro dessa linha de pensamento que se pretende abordar a arqueologia do maior campo de
batalha do Brasil: o oceano Atlântico.
Todos os motivadores explícitos que arrastaram o país para dentro do longo conflito tiveram
origem na guerra no Atlântico, tanto na sua primeira fase, quanto na segunda, mais cruenta
para nós, em termos de perdas de vidas decorrentes dos torpedeamentos e canhoneios de
embarcações.
Além disso, no período de armistício, os efeitos da primeira fase do conflito mundial
continuaram refletindo no funcionamento do país, tendo em vista que grande parte da melhor
fatia da frota do Lloyd havia sido formada em função da apreensão de navios alemães surtos
nos portos nacionais, no início do conflito.
A partir desse quadro, pretende-se, com esta apresentação, mostrar as possibilidades de
pesquisa, no âmbito da Arqueologia Marítima, sobre uma ampla gama de embarcações
soçobradas nas águas brasileiras, com especial destaque para aquelas que permitem construir a
história trágico-marítima do Nordeste, onde está instalada a instituição que sedia o trabalho.

13 - Virgínia Mercês Guimarães Carvalho (Mestre / FAB)


LUGARES DE MEMÓRIAS
Resumo: A multiplicidade de memórias e “lugares de memória” existentes sobre a
participação do Brasil na Segunda Guerra Mundial nos indicam uma forte preocupação em
manter viva a figura dos ex-combatentes. No entanto, ao contrário do que ronda o senso
comum, as memórias deste evento histórico não são homogêneas e percebemos a emergência
de tantas memórias “quantos grupos existem”. Assim, nos deparamos com uma forte distinção
entre a memória dos ex-combatentes “praieiros”, dos veteranos da FEB, dos militares da ativa,
da instituição militar e dos civis, o que torna inviável o entendimento da existência de uma
memória nacional unificada sobre o Brasil na Guerra e nos permite enxergar as disputas sutis
pelos espaços de memória e lugares de reafirmação da identidade.

14 - Milton Genésio de Brito (Doutorando / PPGHS-UNESP-Assis / SSP-Depen-PR)


GLÓRIA FEITA DE SANGUE: TRÊS GUERRAS EM MENOS DE 90 MINUTOS
Resumo: O objetivo com este texto é demonstra a possibilidade de se discutir os três grandes
conflitos militares que demarcaram a história do século XX, as duas guerras mundiais, e a
subsequente Guerra Fria, por meio de uma produção filmográfica de 1957. Do seu elenco,
assim como da sua estrutura de produção, faziam parte diversas pessoas que cresceram
ouvindo sobre as lembranças de atos heroicos da primeira, e imbuídos do mesmo discurso
vivenciaram a segunda, participando ativamente em “defesa da liberdade” contra seus
inimigos, para nos anos seguintes terem suas esperanças cerceadas pelos desdobramentos da
polarização ideológica entre os EUA e a antiga URSS. Entretanto, focarei apenas o seu
protagonista. O filme como fonte de pesquisa representa uma leitura específica de um dado
contexto, convertendo o passado em argumento de crítica às situações observadas. E para
desvelar as nuances desta interpretação utilizo os conceitos teórico-metodológicos de “espaço
de experiência” e “horizonte de expectativas”, termos no singular, mas que abrangem
múltiplas dimensões da realidade, influindo tanto nas atitudes e decisões presentes como nas
perspectivas em relação ao futuro concebido.

15 - Fabiana Costa Dias (Mestranda / PPGARQ-UNIRIO / MUSAL)


Jefferson Eduardo dos Santos Machado (Doutor / MUSAL / Centro Universitário Moacyr
Sreder Bastos)
Rachel Motta Cardoso (Doutora / MUSAL / LEMP)
MUSEU AEROESPACIAL: UM ACERVO A SER DESCOBERTO
Resumo: Esse artigo tem como objetivo apresentar o Museu Aeroespacial (MUSAL) e seu
acervo. O MUSAL é uma Organização Militar (OM) da Força Aérea Brasileira (FAB) e tem
como finalidade “preservar a memória da Aeronáutica brasileira por intermédio do seu acervo
histórico” (BRASIL, ROCA 21-41, p.7)15. Nesse sentido, a questão central será compreender
se os documentos do acervo do Arquivo Histórico pertencentes ao Museu Aeroespacial
(MUSAL) constituem a memória da Aeronáutica. Ao lado disso, pretendemos afirma a
instituição como local de trabalho e de ofício dos profissionais das ciências humanas,
principalmente daquelas ligadas diretamente a seu objetivo que é a memória da Aeronáutica
(Aviações Civil, Militar e Naval), em um primeiro momento, e, posteriormente, da Força
Aérea Brasileira. Assim, pretendemos demonstrar a partir de um estudo de caso como as
fontes museológicas e arquivísticas do Museu Aeroespacial se apresentam como um rico
material de pesquisa.

16 - Bruno Ribeiro Oliveira (Graduado – UFRGS)


Guilherme Nicolini Pires Masi (Graduado – UFRGS)
GUERRA DE GUERRILLA: DA EXPERIÊNCIA CUBANA À EXPERIÊNCIA DA
GUERRA SUJA NA AMÉRICA LATINA (1960-1990)
Resumo: Este trabalho busca traçar a influência da Revolução Cubana e dos escritos militares
do revolucionário Ernesto “Che” Guevara para a história militar do continente americano.
Buscamos compreender a amplidão e o alcance de sua influência, em especial a do seu livro
Guerra de Guerrilla, e de como este se propõem a ser um manual de fomento a guerra de
guerrilha. O artigo visa demonstrar impacto da Revolução Cubana para as forças insurgentes e
guerrilheiras que buscaram meios armados de tomada de poder, bem como a reação militar
dos governos latino-americanos contra possíveis revoluções. Sendo para isso importante
compreendermos alguns conceitos definidores de guerra de guerrilha, como esta se organiza,
quais seus objetivos principais, como ela atua na cegueira dos estados e quais suas principais
formas de combater. Por meio da produção intelectual de Guevara e da produção contra
insurgente governamental traçamos, ainda, uma linha de pensamento ampla de história militar
da América Latina.

15
Aeronáutica aqui não é sinônimo de Força Aérea Brasileira. A primeira está relacionada à navegação
aérea e a segunda está relacionada à defesa aérea.
PROGRAMAÇÃO SIMPÓSIO TEMÁTICO 2– MILITARES NA POLÍTICA E NA
SOCIEDADE.

Coordenadores:
Adriana Aparecida Marques – UFRJ
Adriana Barreto de Souza – UFRRJ
Luiz Cláudio Duarte – UFF

Dia 27 de abril (quarta-feira)


9h – 12h30

1 - Fábio Ferreira (Doutor / UFF)


OS VOLUNTÁRIOS REAIS D’EL REI: AS TROPAS PORTUGUESAS DE D. JOÃO
VI EM DEFESA DA CONSTITUIÇÃO VINTISTA E SUA OPOSIÇÃO AO
GOVERNO FLUMINENSE DE D. PEDRO (1821 – 1824).
Resumo: Em 1817 as forças militares do então príncipe regente D. João, compostas por
indivíduos oriundos dos reinos de Portugal e do Brasil, conquistaram Montevidéu,
estabelecendo na cidade um governo submetido aos Bragança. Após a Revolução Liberal do
Porto (1820) e a reinvindicação de tropas joaninas em vários pontos do Reino do Brasil por
uma constituição, a partir de março de 1821, os militares portugueses iniciaram um processo
de motins em Montevidéu objetivando, dentre outras questões, que o governo luso
estabelecido no Prata reconhecesse a carta magna que Lisboa elaborava para o Reino Unido
português. Concomitantemente, o governador de Montevidéu aproximava-se, cada vez mais,
no âmbito político, de D. Pedro e José Bonifácio, o que ampliava o descontentamento dos
militares portugueses situados em terras platinas, no que culminou no sítio da cidade e em
conflitos que perduraram até 1824. Assim sendo, o trabalho irá analisar os fatores internos do
que é hoje o Uruguai que levaram as forças lusas aos constantes motins, bem como as
correlações dos seus atos políticos com aspectos externos ao Prata, vinculados ao contexto do
Reino Unido português.

2 - Clécia Maria da Silva (Mestre / Prefeitura Municipal de Recife)


REVOLTAS POLÍTICA E SOCIAIS NA POVÍNCIA DE PERNAMBUCO NO INÍCIO
DO SÉCULO XIX: O CASO DE PEDROSA NA VILA DE RECIFE
Resumo: O princípio do século XIX na província de Pernambuco foi marcado por conflitos
políticos, sociais e étnicos que envolveram toda a população livre, cativa, civil e militar.
Assim o presente trabalho tem como objetivo compreender o motim denominado de Pedrosa
da vila do Recife liderado pelo Capitão de Artilharia Pedro da Silva Pedroso em conjunto com
a população negra e parda no ano de 1823 na tentativa de minimizar ou mesmo acabar com a
desigualdade racial e ingressar nas decisões políticas imprimindo assim uma tendência mais
radical nestes movimentos.

3 - Cosme Alves Serralheiro (Mestrando / PPGH-UFPel)


O JORNAL O DIÁRIO DO RIO GRANDE – ANUNCIA O NASCEDOURO NAVAL
NO EXTREMO SUL DO IMPÉRIO.
Resumo: Esse artigo visa fazer uma narrativa da dinâmica da criação de um centro de
recrutamento e formação de Marinheiros no extremo sul do Império. Neste contexto e com o
rompimento em definitivo dos laços com Portugal, em 1822, movimentos sediciosos e
lusofóbicos, aproveitando-se do clima, eclodiram em várias províncias do Império, e duraram
por quase 30 anos. Para combater esses movimentos, o Império (re)criou a Armada
profissional para poder ser capaz de estar pronto para futuros momentos de tensão. Esse
processo de consolidação redundou na criação do corpo de Imperiais Marinheiros e
posteriormente as Companhias de Aprendizes Marinheiros, entre elas a Companhia de
Aprendizes do Rio Grande do Sul (1861). Evento significativo para cidade de Rio Grande,
noticiado nas páginas do principal jornal da cidade O Diario do Rio Grande. Nesta pesquisa
utilizamos Jornais, Relatórios Ministeriais e várias obras significativas para completude desse
artigo.

4 - Gustavo Figueira Andrade (Mestrando / PPGH-UFSM)


ENTRE CARTAS E DIÁRIOS: A ATUAÇÃO DO GENERAL JOÃO NUNES DA
SILVA TAVARES NA ORGANIZAÇÃO LOGÍSTICA DO EXÉRCITO
LIBERTADOR DURANTE A REVOLUÇÃO FEDERALISTA DE (1893-1895).
Resumo: O presente resumo tem por finalidade abordar a organização da logística do
Exército Federalista durante a Revolução Federalista (1893-1895) utilizando por fontes cartas
e diário do General João Nunes da Silva Tavares (Joca Tavares). A Revolução Federalista de
1893 foi uma disputa pelo poder político no Estado do Rio Grande do Sul, envolvendo grupos
políticos com ideologias contrárias, como os Castilhistas que seguiam o Positivismo de
Augusto Comte, e os partidários de Gaspar Silveira Martins que defendiam ideias de cunho
mais Liberal. A metodologia consiste em analisar as informações apresentadas pelo autor
procurando compreender sua atuação enquanto comandante em chefe e político como
elementos relevantes para a organização logística federalista durante a guerra civil. Este
trabalho faz referência às investigações de Mestrado, financiadas pela CAPES/DS,
desenvolvidas pelo autor na Linha de Pesquisa “Fronteira, Politica e Sociedade” do Programa
de Pós-Graduação em História da Universidade Federal de Santa Maria (PPGH-UFSM),
sendo orientado pela Prof.a Dr.ª Maria Medianeira Padoin.

5 - Fernando Guimarães de Souza Fernandes Loureiro (Mestre)


O PROCESSO DE PROFISSIONALIZAÇÃO DOS EXÉRCITOS LATINO-
AMERICANOS: O CASO DO BRASIL E DA ARGENTINA.
Resumo: Os anos 20 e 30 são marcados, na América Latina, por movimentos político-
militares que levaram à derrubada de vários governos na região. Esses movimentos foram
especialmente significativos nas duas maiores nações da região: Brasil e Argentina. No caso
brasileiro a participação de oficiais rebeldes do Exército no movimento de 1930 foi decisiva
para levar Vargas ao poder e derrubar a chamada Primeira República, apeando do centro do
poder as oligarquias que controlavam o governo federal. No caso argentino, os militares
liderados pelo General Uriburu derrubaram o Presidente Hipólito Yrigoyen e restauraram
muito dos interesses da tradicional oligarquia agrária argentina. A sincronia cronológica e a
evidente dissincronia política nos convidam a uma análise do processo de formação e
profissionalização dos exércitos na Argentina e no Brasil e uma reflexão sobre a atuação
política dos militares. Nossa apresentação vai procurar analisar o processo de
profissionalização dos exércitos na Argentina e no Brasil, com ênfase na questão das
instituições de formação de oficiais, das missões militares estrangeiras e do serviço militar
obrigatório e no consequente aumento da influência política dos militares na América Latina
durante a primeira metade do século XX.

6 - André Atila Fertig (Doutor / UFSM)


DE GENERAL CÂMARA À VISCONDE DE PELOTAS: UM MILITAR NA
POLÍTICA NO PÓS-GUERRA DO PARAGUAI.
Resumo: José Antonio Correa da Câmara, militar e político do Rio Grande do Sul, destacou-
se na Guerra do Paraguai, a partir da Campanha da Cordilheira e da caçada e captura de
Solano López, como importante comandante militar das forças aliadas. Nosso objetivo nessa
comunicação é – através da pesquisa nas cartas recebidas e enviadas pelo General – salientar
que, no período abordado, Câmara surgia como personagem político importante e liderança do
Partido Liberal na Província do Rio Grande do Sul e também nos quadros do sistema político
imperial, ocupando cargos na Corte e reforçando laços políticos e pessoais com outras
lideranças do Império do Brasil.

7 - Heitor Luiz Murat de Meirelles Quintella (Doutor / UFF / IHGN)


UMA VISÃO DE UM CAPITÃO VOLUNTÁRIO DA PÁTRIA SOBRE A PEQUENA
HISTÓRIA DA GUERRA DO PARAGUAI – JOSÉ PEDRO VIANNA (1854 – 1894).
Resumo: Pequena História de um cidadão de Sam Christovam - Sergipe no século XIX,
vivenciando a decadência do Nordeste, o apogeu, a decadência e o fim do Império. Esta
pesquisa genealógica no âmbito do Projeto Fatores Humanos e Tecnológicos da
Competitividade empregando fontes da época oficiais, pessoais, recortes de jornais e
tradição oral, encontra tom alinhado com o patriotismo típico da historiografia tradicional,
apesar da tensão entre Guarda Nacional e Exército. Analisa-se como o contexto familiar da
cultura agrícola do campo migratório, associado às epidemias e paixões influenciam: - seu
alistamento, comportamento de líder ousado, memórias de combate e sobrevivência a
ferimentos e epidemias, condecorações e engajamento pós-Guerra como Capitão Bombeiro da
Corte, - adesão às mudanças metodológicas e tecnológicas (como pilotagem de balões de
reconhecimento e adestramento pioneiro de teamwork usando futebol amador em campos
usados por ingleses no Rio de Janeiro e Niterói), - matrimônio com filha de migrantes
“germânicos “ da leva pioneira estimulada por D Pedro II para criar mão de obra qualificada
na Província do Rio e participação com sua esposa no experimento colonos-sócios na
Fazenda do Pinheiro do Comendador Breves em Piraí e a saúde fatalmente afetada mas sem
prejuízo sobre sua numerosa descendência.

8 - César Alves da Silva Filho (Mestrando / PPGH-UNIVERSO)


O PERIGO VERMELHO: A APROXIMAÇÃO COM A ALEMANHA NAS PÁGINAS
DA REVISTA MILITAR BRASILEIRA
Resumo: O anticomunismo é um sentimento presente no seio da elite brasileira pelo menos
desde 1917, ano da revolução russa. Nosso Exército, com uma oficialidade extremamente
elitista e aristocrática, como aponta José Murilo de Carvalho, absorve este sentimento com
extrema facilidade. Nesse sentido, a Revista Militar Brasileira, o instrumento oficial de
propagação das ideias do Estado Maior do Exército brasileiro, vai assimilar este tipo de visão
de maneira muito clara. Durante a década de 1930, pouco depois de Getúlio Vargas subir ao
poder, são publicados alguns artigos atacando a doutrina militar soviética, que é enxergada,
neste caso, como uma doutrina a não ser seguida. Na medida em que a Alemanha se
aproximava do Brasil comercialmente, o ataque ao comunismo ficava cada vez mais direto.

Dia 27 de abril (quarta-feira)


14h – 17h30

9 - Maria Clara Spada de Castro (Mestranda / PPGH-UNIFESP)


A FORMAÇÃO DA COLUNA MIGUEL COSTA - PRESTES: CONFLITOS E
(RE)CONSTRUÇÕES EM MARCHA.
Resumo: Este trabalho visa compreender como se deu a formação da Coluna Miguel Costa -
Prestes a partir dos movimentos tenentistas que a antecederam, iniciados em 1922 no Rio de
Janeiro e que se alastraram nos anos seguintes pelos estados de Mato Grosso, Rio Grande do
Sul, São Paulo, Sergipe, Amazonas e Pará. As fontes utilizadas são cartas trocadas entre os
rebeldes, combinadas com as trajetórias individuais e coletivas dos remetentes e destinatários
para uma melhor compreensão dos sujeitos, de suas origens sociais, relações, redes e
sociabilidades. O encontro da Coluna Paulista com a Divisão Rio Grande em abril de 1925,
que vai dar origem a marcha da Coluna Miguel Costa - Prestes, foi permeado de conflitos.
Havia divergências com relação ao futuro da marcha e à estratégia de combate, para além do
desafio da deserção e das condições impostas em meio à guerra de movimento, como falta de
víveres e armamento, por exemplo. Nossas fontes apontam ainda para conflitos internos que
dão pistas sobre os desacordos e negociações perante as posições a serem tomadas e as
dificuldades na construção de uma liderança coletiva.

10 - Vinícius da Silva Ramos (Doutorando / PPGH-UERJ)


OS MILITARES LEGALISTAS NO PUTSCH INTEGRALISTA PELA IMPRENSA
CARIOCA.
Resumo: Este trabalho tem por objetivo fazer uma análise da repercussão que alguns atos da
Ação Integralista Brasileira (AIB) tiveram nas páginas de dois jornais de grande circulação do
Rio de Janeiro na década de 1930: O Jornal e o Correio da Manhã. Nossa tarefa foi fazer um
levantamento da atuação dos militares legalistas durante o putsch integralista de 1938 e como
essa foi vista por parte da imprensa da então capital federal. Partimos da premissa que esses
fatos emblemáticos refletem um pacto tácito entre o leitor e o jornal, onde aquele sabe o que
vai encontrar ao adquirir o jornal, e este sabe o que publicar para agradar a seu comprador.
Dessa forma constatamos sensíveis diferenças entre os jornais, tendo O Jornal mostrado
franca simpatia à AIB em vários momentos, e o Correio da Manhã mantendo um afastamento
crítico ao integralismo e simpatia aos militares que mantiveram a atuação de defesa da ordem
institucional.

11 - Douglas Biagio Puglia (Doutor / IFMG)


A ESCOLA SUPERIOR DE GUERRA NO QUADRO DO PENSAMENTO POLÍTICO
BRASILEIRO.
Resumo: Muitos estudos sobre a Escola Superior de Guerra apontam as influências
estrangeiras que fazem parte da estrutura conceitual política desta instituição, e que são
inegáveis. Porém, além das teorias e conceitos oriundos do exterior, há um conjunto de
influências políticas próprias da produção nacional que podem ser observadas nos escritos e
diretrizes esguianas. Neste sentido, a presente comunicação apresentará a ESG como
integrante de uma linhagem política (conceito proposto por Gildo Marçal Brandão) que
remonta aos pensadores autoritários do início do século XX no Brasil, e de como os seus
escritos fazem parte do ideário político desta instituição. Neste sentido, caberia destacar
especificamente a forte influência das concepções de Alberto Torres e Oliveira Vianna e de
como elas foram adaptadas para os interesses da ESG, tanto para satisfazer os interesses dos
militares que fundavam a instituição como também ao contexto político social do final da
década de 1940 e 1950. Sendo assim, trata-se da analise da ESG sob uma ótica interna e que
busca situá-la dentro do quadro do pensamento político brasileiro.

12 - Mauricio Gomes da Silva (Mestrando / UFABC)


MILITARES MILITANTES DE ESQUERDA: A CASA DO SARGENTO DO BRASIL
1947-1952.
Resumo: As intervenções militares na esfera da política brasileira foram várias desde a
Proclamação da República. Estas intervenções perduraram durante o século XX, porém cada
um delas possuiu uma dinâmica própria, fruto de um contexto histórico.Após a Segunda
Guerra Mundial esse quadro não se alterou,porém saltam aos olhos as intervenções de uma ala
pouco estudada:a esquerda militar, responsável pelo processo de luta por melhores direitos e
condições de trabalho que se deu na Casa do Sargento do Brasil, localizadas nos estados do
Rio de Janeiro e São Paulo. Buscando atender a reivindicações históricas da
categoria,funcionaram como ponto de convergência das indignações dos subalternos das
Forças Armadas, Policia Militar e do Corpo de Bombeiros. No entanto, todo esse processo de
luta acabou por extrapolar das reivindicações da categoria para envolver-se em movimentos
mais amplos, como a campanha em defesa do petróleo nacional e contra o envio de tropas
brasileiras para Guerra da Coréia. Dentro de todo esse processo, destaca-se a atuação de
militares comunistas que integravam o Antimil, setor militar do PCB. Esses militantes, com
base na linha política radical empregada por aquele partido, procuraram ganhar o apoio das
Forças Armadas para uma possível revolução comunista que, conforme supunham,
despontava no horizonte.

13 - José Victor de Lara (Graduando - UEM)


RELAÇÕES EM CONFLITO: A ALIANÇA PARA O PROGRESSO DE JOHN F.
KENNEDY E A POLÍTICA EXTERNA INDEPENDENTE DE JOÃO GOULART.
Resumo: O presente trabalho apresenta os resultados da análise sobre as relações entre o
Brasil e os Estados Unidos da América (EUA) nos anos de 1961 a 1964, concentrando-se nas
dissensões entre as diretrizes da política externa de ambos os países – os EUA com a Aliança
para o Progresso e o Brasil com a Política Externa Independente – entendidos como um fator
que contribuiu para a desestabilização do governo João Goulart e, consequentemente, para os
desdobramentos que levaram ao golpe civil-militar de 1964. Isto foi feito a partir do exame
sistemático dos documentos produzidos pelo Departamento de Estados dos EUA consultados
por meio do Opening the Archives Project, iniciativa organizada pela Brow University e a
Universidade Estadual de Maringá para digitalizar e indexar os documentos diplomáticos
abertos do governo dos Estados Unidos relativos ao Brasil entre 1960 e 1980. O estudo
possibilitou a compreensão dos diferentes projetos de modernização em debate no cenário
político brasileiro, bem como os interesses estadunidenses no Brasil e as motivações que os
levaram a apoiar as forças golpistas em março de 1964.

14 - Miguel Patrice Philippe Dhenin (Doutorando / PPGCP-UFF – Doutorando / Université


Paris III Sorbonne-Nouvelle)
O DIFÍCIL RETORNO À CASERNA: A INFLUÊNCIA DOS MILITARES DO
EXÉRCITO BRASILEIRO NAS QUESTÕES AMAZÔNICAS DURANTE A
TRANSIÇÃO (1985-1990).
Resumo: Esse trabalho propõe oferecer uma breve análise histórica da influência política dos
militares do Exército Brasileiro durante o período da transição republicana (1985-1990),
particularmente na questão do desenvolvimento amazonense e a relativa fragilidade das
fronteiras nessa região. Esse período foi marcado por um debate interno nas Forças Armadas
sobre o rumo que o país deveria adotar em função do novo cenário político e estratégico. De
acordo com a literatura contemporânea, é evidente a influência de oficiais de alta patente do
Exército Brasileiro durante esse momento. A especificidade da região Amazônica catalisou
uma série de discussões e debates (podemos, por exemplo, analisar a produção da grande
imprensa nacional ou mesmo no Clube Militar) que marcaram a época e servem como fontes
para o estudo. A história militar do começo da Nova República é rica e complexa e
pretendemos com esse trabalho contribuir para o debate acadêmico sobre o papel dos militares
do Exército na sociedade e sua notória influência na vida política nacional.

15 - Afonso Henrique Sant Ana Bastos (Mestre)


ORDINÁRIOS MARCHEM: ASPECTOS DA MILITARIZAÇÃO DO CORPO DE
BOMBEIROS DO RIO DE JANEIRO.
Resumo: O século XIX marcou a afirmação dos Bombeiros do Rio como instituição
militarizada, do Império Brasileiro. Criada em 1856, no bojo das transformações promovidas
pelo imperador, a instituição conquistará o status de militar em 1880, situação que a
transformará técnica e institucionalmente. Os oficiais, que então comandam a corporação,
responsáveis pelas mudanças que advém da militarização, institucionalizada pelo Decreto
Imperial 7.766, de 19 de julho de 1880, são oriundos do Corpo de Engenheiros do Exército
Brasileiro, o que dá a tônica da capacitação técnica à corporação. As mudanças que a nova
condição representa são o prelúdio da importância social dos Bombeiros, e sua ação
institucional na história da República e do Rio a partir do final do século XIX. A presente
análise faz-se mediante documentação existente no Arquivo Geral do Corpo de Bombeiros
Militar do Estado do Rio de Janeiro, com a perspectiva de comparação dos dados encontrados,
com os aspectos cotidianos da cidade do Rio de Janeiro e a importância da Corporação dos
Bombeiros para o Império Brasileiro.
PROGRAMAÇÃO SIMPÓSIO TEMÁTICO 3 – HISTÓRIA DA GUERRA E DAS
INSTITUIÇÕES MILITARES.

Coordenadores:
Manuel Rolph Cabeceiras – UFF
Ricardo Cabral – EGN
Fernando Velôzo Gomes Pedrosa - ECEME/PPGHC-UFRJ
Vágner Alves Camilo - UFF

Dia 28 de abril (quinta-feira)


9h – 12h30
MUNDO
(Coordenadores: Manuel Rolph Cabeceiras e Ricardo Cabral)

1 - José Luiz Pereira Rebêlo (Especialista / SEEDUC-RJ / SMERJ)


"O PODER MARÍTIMO NAS “HISTÓRIAS” DE HERÓDOTO: APONTAMENTOS"
Resumo: Heródoto, em sua obra, relata que tanto as rotas marítimas quanto a geografia das
terras limítrofes do Mar Mediterrâneo eram desconhecidas por muitos que por ele navegaram.
Em cada livro ele explica a localização geográfica de um conjunto de lugares e suas
potencialidades para o cultivo da terra e para a criação de animais (condições necessárias para
a fundação de novas colônias pelos helenos), além de listar os produtos comerciáveis
existentes nestas regiões e quais mercadorias eram aceitas nas relações de troca pelos seus
habitantes. É sobre este espaço que ele tenta estabelecer uma lista de governantes ou povos
que ambicionaram o “domínio dos mares”. As informações contidas em sua obra sobre os
tipos de navios de guerra e as táticas de combate naval empregadas para se conseguir atingir
este objetivo são fragmentadas, e algumas narrativas de “projeção do poder naval sobre terra”
revelam-se incoerentes. A proposta desta comunicação é identificar nas “Histórias” de
Heródoto os “elementos ou fatores constitutivos” do que para ele seria “domínio dos mares” e,
em seguida, apontar similaridades, caso existam, e diferenças entre este conceito e os
conceitos de Poder Marítimo de Alfred T. Mahan e de Chester G. Starr.

2 - Álvaro Alfredo Bragança Júnior (Pós-Doutor / UFRJ)


"CAESAR E VEGETIUS – ASPECTOS DA GUERRA ROMANA NA
ANTIGUIDADE"
Resumo: Na Antiguidade Clássica, a máquina militar romana estendeu as fronteiras da Urbs
do Lácio até os limites da Ásia. O imperium, como estrutura política, deriva sua origem do
aspecto militar de suas conquistas, em um primeiro momento vitorioso, até a crise do século
IV EC., que culmina na derrota em Adrianópolis no ano de 378. À guisa de comparação
destas épocas da história de Roma serão apresentados e brevemente discutido aspectos
concernentes à guerra romana, a sua ars muito bem explorada em fins da República através
das iniciativas e decisões de comando de Caius Julius Caesar no cerco a praça-forte de Alésia
em setembro de 52 AEC a partir dos seus Comentarii de bello gallico (Livro VII) e os
comentários de Publius Flavius Vegetius Renatus (século IV) em seu Epitoma rei militaris
no tocante às características do legionário e uma de suas armas, valorizando e procurando
incutir nos romanos de então as antigas virtutes romanas nos campos de batalha em tempos de
crise no Baixo Império.

3 - Hiram Alem (Mestrando / PPGHC-UFRJ)


"ENTRE A CONVOCAÇÃO E A CONTRATAÇÃO – OS EXÉRCITOS INGLESES
NA GUERRA DOS CEM ANOS"
Resumo: Os exércitos ingleses durante o período da Guerra dos Cem Anos passaram por
grandes transformações em sua composição, indo desde alterações na proporção das armas
presentes ao número total do efetivo em marcha durante as campanhas. Entre os fatores
responsáveis por essas transformações está a mudança na forma de reunir os exércitos. Em um
primeiro momento, estes eram majoritariamente compostos por soldados convocados com
base nas obrigações feudais. Todavia, a partir da segunda fase da Guerra, os exércitos passam
a ser reunidos quase que exclusivamente por contratos estabelecidos entre o rei e nobres ou
mesmo entre nobres com outros soldados. Considerado isto, buscamos nesta comunicação
compreender o processo de transformação dos exércitos ingleses entre os séculos XIV e XV
bem como sua importância social e militar durante os períodos abordados. Cabe ressaltar que
esta comunicação é fruto de uma pesquisa que encontra-se em caráter preliminar e realizada
no âmbito do Grupo de Estudos de História Militar (GEHM-CEIA/UFF).

4 - Sylvio dos Santos Val (Doutor / SEEDUC-RJ)


"O OCASO ESTRATÉGICO DE NAPOLEÃO: AUSTERLITZ E TRAFALGAR NO
CONTEXTO GEOPOLÍTICO – SEC. XIX"
Resumo: O imperador-general Bonaparte debitou a carreira de estadista quase que
exclusivamente ao seu desempenho militar. Guerreiro intimista e psicológico que conduziu a
reforma do Estado francês como se estivesse no campo de batalha, com brilhantismo tático,
incrível timing, astúcia e, acima de tudo personalismo. Escolhia os seus assessores a dedo de
suas necessidades, contudo as decisões finais lhe pertenciam. Mais de duzentos anos após seu
grande – e mais legendário – feito militar, pode-se analisar o caminho dos fatos que
conduziram as armas francesas a uma das maiores vitórias da História, nas colinas gélidas de
Austerlitz naquele fatídico dezembro de 1805, e o que sobreveio. Não é uma revisão histórica
o que se pretende aqui, se não confrontar Napoleão, o guerreiro, com o imperador corso dos
franceses, o estadista.

5 - Leandro José Clemente Gonçalves (Doutor / IFSP)


"A PROFISSIONALIZAÇÃO DO CORPO DE OFICIAIS DO EXÉRCITO DOS
ESTADOS UNIDOS NO SÉCULO XIX"
Resumo: Historiamos as origens do exército dos Estados Unidos no final do século XVIII, a
formação do corpo de oficiais profissionais na academia militar de West Point (inclusive com
a apresentação de um debate de ideias entre cientistas políticos e sociais e historiadores a
respeito do desenrolar deste processo ao longo do século XIX), as experiências deste mesmo
exército nas Guerras de 1812-1814 e contra o México, em 1846-1848. Aqui também
apresentamos as razões que consideramos ser as que teriam levado o exército a manter um tão
pequeno efetivo (tanto de oficiais quanto de tropa) antes da Guerra Civil, e a experiência dos
oficiais estadunidenses na missão Delafield de observação da Guerra da Crimeia (1853-1856),
na Europa.

6 - Karina Barbosa Cancella (Doutoranda / PPGHC-UFRJ)


"O ESPORTE COMO FERRAMENTA DE PREPARAÇÃO MILITAR: A
EXPERIÊNCIA DOS ESTADOS UNIDOS DA AMÉRICA NO PROCESSO DE
MOBILIZAÇÃO PARA A PRIMEIRA GRANDE GUERRA"
Resumo: O esporte é na atualidade um fenômeno presente no cotidiano das mais diversas
instituições ao redor do mundo. As Forças Armadas não ficaram de fora desse processo. Ao
longo do século XIX e especialmente no século XX, as aproximações entre militares e prática
esportiva se ampliaram significativamente em diversas regiões do planeta. O presente trabalho
pretende discutir o uso das práticas esportivas como ferramenta de preparação militar por
parte das Forças Armadas dos Estados Unidos da América (EUA) no processo de mobilização
para participação na Primeira Grande Guerra. A proposta coloca em diálogo discussões
específicas dos campos da História Militar e da História do Esporte, inscrevendo-se em uma
área de interesse nomeada de “História do Esporte Militar” (CANCELLA, 2014). O corpus
documental selecionado compreende fontes das categorias documentais e de imprensa.
(PINSKY, 2006). Após as análises e discussões, foi possível considerar que as Forças
Armadas estadunidenses formularam diferentes discursos institucionais para a defesa da
presença da prática esportiva tanto nos campos de treinamento nos EUA como no cotidiano
do front europeu com enfoque em aspectos do desenvolvimento físico e da masculinidade,
como ferramenta de controle do tempo livre e também de manutenção e preservação da moral
dos militares.

7 - Stefano Loi (Doutorando / ISCTE - Instituto Universitário de Lisboa)


"A INSTITUIÇÃO DO ESTADO-MAIOR: A ABORDAGEM DE UM PROBLEMA
HISTORIOGRÁFICO-MILITAR NUMA PERSPETIVA COMPARADA EUROPEIA"
Resumo: Definir um Estado-Maior de um ponto de vista historiográfico não é tarefa fácil nem
óbvia. Até agora existe só uma tentativa de definição que ainda por cima apresenta lacunas e
remonta aos anos ’30 do séc. XX. Através de uma abordagem que apresenta elementos de
novidade em comparação a abordagens mais “clássicas”, tentar-se-á de oferecer uma
perspectiva nova sobre as razões que induziram o surgimento de uma Instituição de
importância capital no que diz respeito ao mundo militar contemporâneo e que continua
desempenhar um papel fundamental nas dinâmicas militares. Neste sentido apresentar-se-ão
os elementos que determinaram o surgimento e a evolução de 4 Estados-Maiores, o alemão, o
francês, o inglês e o português, mostrando as diferenças e os pontos de contato entre estas
Instituições. Depois de ter avançado com algumas propostas teórico-metodológicas, tentar-se-
á de oferecer um esboço de definição historiograficamente fundamentada desta Instituição
para tentar ultrapassar a única definição encontrada de Estado-Maior; finalmente, tentar-se-á
de ver se o modelo de Estado-Maior construído através das experiências europeias pode-se
estender ao caso brasileiro.

8 - Sandro Heleno Morais Zarpelão (Doutorando / PPGH-USP)


"A GUERRA DO GOLFO (1991): UMA ANÁLISE DA DOUTRINA POWELL POR
MEIO DAS OPERAÇÕES ESCUDO E TEMPESTADE DO DESERTO"
Resumo: O tema em questão trata da Guerra do Golfo, de 1991, que envolveu os Estados
Unidos da América e o Iraque. O governo estadunidense empreendeu, para tanto, uma grande
aliança de países e colocou em prática uma nova doutrina militar, diplomática e de relações
internacionais conhecida como Doutrina Powell. Desse modo, o objetivo é visa analisar, em
termos gerais, como ocorreu a aplicação da Doutrina Powell, no teatro de operações, por meio
da Operação Escudo do Deserto, durante a Crise do Golfo, entre julho de 1990 e 17 de janeiro
de 1991, provocada pela invasão do Iraque sobre o Kuwait, o que desencadeou uma grande
reação internacional, liderada pelos Estados Unidos. Também busca analisar como
Washington organizou e implementou a Operação Tempestade do Deserto, que foi decisiva
para a vitória dos Estados Unidos no mencionado conflito.

Dia 28 de abril (quinta-feira)


14h – 17h30
BRASIL E AMÈRICA DO SUL
(Coordenadores: Fernando Velôzo Gomes Pedrosa e Vágner Camilo Alves)
9 - Christiane Figueiredo Pagano de Mello (Doutora / UFOP)
"AS DIFERENTES ESTRATÉGIAS DA GUERRA: AMÉRICA PORTUGUESA NO
SÉCULO XVIII"
Resumo: Partimos do princípio da existência de duas dimensões de entendimento do espaço
político-territorial coexistindo na América Portuguesa durante a segunda metade do século
XVIII: a corporativa, predominante na organização da sociedade colonial; e a voluntarista,
que se “impõe” na Colônia a partir dos Vice-Reis e Governadores-Generais com base nas
determinações e instruções enviadas pela Coroa portuguesa. Obviamente, diferentes
concepções políticos-territoriais resultam em diversas estratégias de defesa militar. Em uma
“estrutura granular” ou corporativa, com suas particularidades, jurisdições e relativa
autonomia, a base da defesa territorial é construída a partir das estratégias locais de combate:
emboscadas, assaltos noturnos, surpresas, incêndios e depredações. O resultado era a difícil
manutenção da disciplina no campo de batalha. Já na concepção político-territorial
voluntarista, fundamentalmente, o sucesso da defesa territorial era entendido como uma
consequência do conjunto das forças militares e de sua devida regularização técnica. Para isso,
alguns fatores eram importantes: o treinamento dos soldados no manejo das armas e,
sobretudo, na completa obediência deles às ordens superiores; e a organização das forças
militares deveria ser baseada em regras únicas e estáveis, que buscassem uma uniformidade
de ação bélica.

10 - Adler Homero Fonseca de Castro (Doutorando / PPGHC-UFRJ / IPHAN)


"AS COMPANHIAS DE APRENDIZES MENORES"
Resumo: Numa época em que não havia serviços sociais públicos e as possibilidades de apoio
para os excluídos eram limitadas, muitas das ações que hoje seriam consideradas como de
competência da administração pública eram exercidos pelas forças armadas, a única entidade
governamental com penetração nacional. Uma das atividades que foram iniciadas foram as
companhias de aprendizes menores, uma entidade visando a formação de operários
habilitados para os arsenais e para as unidades de artífices militares. O objetivo era reunir
jovens carentes ou órfãos em uma organização semimilitar, onde jovens receberiam educação
básica, formação profissional e treinamento militar básico, passando então para as companhias
de artífices (tropa de material bélico). Existindo de 1818 a 1895, havia companhias de
menores nos principais arsenais do Império, inclusive no de Marinha e até na Casa de
Detenção do Rio. Já na época se sabia que a medida não tenha sido um sucesso, o número de
formados com habilitações artesanais tendo sido reduzido e o custo das companhias era
elevado, no entanto a sua manutenção por um longo período mostra que os militares tinham
uma visão mais ampla de seu papel na sociedade do que uma simples análise lógica permitira
considerar.

11 - Ana Beatriz Ramos de Souza (Doutoranda / PPGH-UERJ)


“MÁRTIRES DA VÉSPERA”: A MEMÓRIA EM TORNO DOS VOLUNTÁRIOS DA
PÁTRIA (1870-1922)"
Resumo: A Guerra do Paraguai foi acontecimento marcante na história política do Império do
Brasil. Afetou o poder do Estado, e de forma um tanto surpreendente, afetou segmentos
diversos da sociedade brasileira da época no sentido de causar o envolvimento direto com o
conflito militar então deflagrado. Esse aspecto se associou, entre outros desdobramentos, a
criação dos batalhões de “Voluntários da Pátria”. O objetivo deste trabalho é analisar como
ocorreu a formação da memória referente a esses “soldados-cidadãos”, os batalhões dos
“Voluntários da Pátria” e, em especial, examinar suas demandas por pagamentos, assistência e
até mesmo participação política, e problemas no pós-Guerra do Paraguai, tendo como cenário
a cidade do Rio de Janeiro, capital do Império e centro difusor das idéias políticas.
12 - Carlos Roberto Carvalho Daróz (Mestre / IGHMB)
"VOANDO NA GRANDE GUERRA: OS AVIADORES BRASILEIROS NA 1ª
GUERRA MUNDIAL"
Resumo: Após o reconhecimento pelo Brasil do estado de guerra contra a Alemanha, em
outubro de 1917, resultante do afundamento de diversos navios mercantes em águas
internacionais, o Governo brasileiro participou da Conferência Interaliada, realizada em Paris,
na qual ficou acertada a contribuição do país para o esforço de guerra aliado contra as
chamadas Potências Centrais. Foi decidido que o Brasil, único país sul-americano a enviar
tropas para a Europa, atuaria em quatro frentes, enviando: uma Divisão Naval para patrulhar a
costa ocidental da África; uma missão médica para instalar e operar um hospital militar em
Paris; uma comissão de oficiais do Exército para estudo de operações e aquisição de material
na França; e um grupo de aviadores navais para realizar curso e, posteriormente, participar de
missões aéreas de combate. O presente trabalho tem como propósito analisar a atuação dos
aviadores navais (e militares) brasileiros na Itália, nos Estados Unidos e na Grã-Bretanha
durante a 1ª Guerra Mundial, e as consequências advindas para a implantação do nascente
componente aéreo na Marinha do Brasil e no Exército Brasileiro, lançando uma luz sobre esse
desconhecido episódio da História do Brasil.

13 - João Marcos Macedo Louro (Mestre)


"HISTÓRIA E CULTURA ORGANIZACIONAL: DEBATE SOBRE A
MECANIZAÇÃO NA REVISTA A DEFESA NACIONAL (1930-1942)".
Resumo: O período entre as guerras mundiais foi o momento de debate, na área militar, sobre
a mecanização das forças terrestres. O emprego dos carros de combate, em especial, foi
largamente discutido entre a oficialidade de muitas forças armadas, visando a se obter o
método mais eficaz de seu emprego. No caso do Exército Brasileiro, parte da discussão
ocorreu nas edições da revista A Defesa Nacional. A análise dos artigos relacionados ao tema
da mecanização – principalmente os de autoria de oficiais brasileiros - ajuda a demonstrar as
transformações da cultura organizacional da força armada em face de um novo equipamento,
através das opiniões da oficialidade a respeito de seu emprego. As atitudes desses oficiais,
tanto favoráveis quanto contrárias ao emprego da nova arma, demonstram o embate entre o
uso hipomóvel (cavalos) e o mecanizado (carros de combate) – debate que ocorria também em
forças militares de países mais desenvolvidos à mesma época - e serviram para adaptar o
pensamento militar no conceito inicial da Cavalaria Mista – modelo esse que vigoraria até o
princípio da Segunda Guerra Mundial.

14 - Fernando Velôzo Gomes Pedrosa (Doutorando / PPGHC-UFRJ / ECEME)


"INOVAÇÃO MILITAR E NOVA DOUTRINA: AS TRANSFORMAÇÕES DO
EXÉRCITO BRASILEIRO NAS DÉCADAS DE 1970 E 1980"
Resumo: Na metade da década de 1960, o Exército Brasileiro era uma mescla entre a força
militar proposta pela Missão Francesa (1920-1940) e a que havia absorvido substancialmente
a doutrina militar norte-americana na Segunda Guerra Mundial. Em plena era dos exércitos
motorizados e mecanizados, o Exército Brasileiro ainda contava com grande número unidades
a pé e a cavalo, e dependia substancialmente da força animal para o transporte de
equipamentos pesados das suas unidades. A partir do final da década de 1960, desencadeou-
se, entre a oficialidade do Exército, um intenso debate a respeito de modernização e
reestruturação militar. Como consequência desse debate, o final da década de 1960 assistiu ao
início de um processo de reformas que dariam ao Exército Brasileiro as feições básicas que
permanecem até hoje. Este trabalho avalia em que medida e de que forma a conjuntura
política interna, o ambiente político internacional e a percepção de ameaças militares
influenciaram o processo de reformas do Exército Brasileiro ao longo das décadas de 1970 e
1980. Também avalia em que medida essas reformas estiveram submetidas ao controle das
autoridades políticas civis e qual o grau de autonomia desfrutado pelo Exército para concebê-
las e executá-las.

15 - Germán José Guía Caripe (Mestre / Universidad Simón Bolívar)


"HISTORIA DE LAS INSTITUCIONES MILITARES EN VENEZUELA (1830-1958);
HISTORIA NAVAL; HISTORIA MILITAR DE VENEZUELA".
Resumo: Durante el Septenio, se llevó a cabo una serie de políticas, cambios y reformas en la
estructura militar con el propósito de lograr la pacificación del país. No obstante, para obtener
ese propósito era conveniente: renovar las unidades flotantes de velamen existentes; mejorar
los apostaderos navales; crear una escuela náutica; implementar un proyecto de dique astillero
en Puerto Cabello; construir capitanías y faros; realizar el dragado de barra; constituir una
policía portuaria; entre otras transformaciones que beneficiarían la navegación marítima,
fluvial y lacustre. En este sentido, la adquisición de los vapores de guerra artillados no fue
únicamente necesaria sino, además, oportuna para dominar y defender un amplio espectro de
la costa de las posibles invasiones, el bloqueo de los puertos, el contrabando de armas hacia
los bandos enemigos y la movilización de las tropas de infantería a gran velocidad para
repeler a las fuerzas opositoras que amenazan con quebrantar el proyecto de paz establecido,
sin embargo, el mayor aporte durante la Regeneración de Guzmán Blanco (1873-1876), fue la
incorporación de la era del vapor y el hierro para la consolidación de una Marina de Guerra, lo
cual significó un hito en la Historia Naval Venezolana.

16 - Fábio Neves Luiz Laurentino (Graduado)


EXPERIÊNCIAS DE MICRO-HISTÓRIA SOBRE A MÚSICA MILITAR
BRASILEIRA NA GUERRA DA TRÍPLICE ALIANÇA
Resumo: O presente trabalho, com o apoio das fontes primárias escolhidas (diários de
combatentes, reminiscências e iconografias) tem por objetivo mostrar, a princípio, de modo
superficial e com o auxílio do conceito de Micro-História, o que foi documentado sobre
música, canções e bandas militares durante a Guerra da Tríplice Aliança, na qual o Exército
Imperial brasileiro esteve envolvido de 1864 a 1870, em conjunto com Argentina e Uruguai,
contra o Governo do Paraguai. Através dos livros “Reminiscências da Campanha do
Paraguai” de Dionísio Cerqueira, “A retirada da Laguna” de Alfredo E. Taunay e “Viagem
militar ao Rio Grande do Sul” de Luis Filipe Gastão de Orléans (Conde D’Eu) e outros
documentos, analisaremos com um olhar micro a participação e o cotidiano de músicas
durante o conflito. Como motivação pessoal para a feitura deste trabalho pesou na
contribuição para a ampliação da investigação do referido tema para a área da História
Militar, e a escassez de publicações que registrem a história das bandas de música no Brasil,
tanto militares quanto civis, que são uma lacuna que enriquecem a barreira de distanciamento
do conhecimento musical e cultural militar para a sociedade civil brasileira.
PROGRAMAÇÃO SIMPÓSIO TEMÁTICO 4 – HISTÓRIA E HISTORIOGRAFIA
MILITAR.

Coordenadores:
Marcello José Gomes Loureiro - DPHDM
Luiza das Neves Gomes - ESG / PPGH-UFRJ

Dia 28 de abril (quinta-feira)


9h – 12h30

Historiografia militar em processo


1 - Dante Ribeiro da Fonseca (Doutor / Fundação Universidade Federal de Rondônia)
DE TORDESILHAS ÀS BANDEIRAS: A EXPANSÃO TERRITORIAL DO BRASIL E
A ATIVIDADE MILITAR.
Resumo: A abordagem do processo de conquista e colonização portuguesa do Brasil tendo
como ênfase a ação militar impõe a observação de dois outros aspectos relevantes.
Primeiramente a relação entre proselitismo cristão e ação militar que coadjuvam a conquista
da colônia brasileira e em segundo lugar a ação econômica, que também esteve
umbilicalmente vinculada à ação militar na conquista da terra. A ação militar era
responsabilidade também do colono civil através de vários mecanismos legais, instituídos ao
longo da formação do Estado Nacional Português. Dentre esses mecanismos está a Bandeira
cujas patentes eram atribuídas pelas autoridades metropolitanas e coloniais. São Paulo e
Belém do Pará foram os núcleos irradiadores das ações que vieram a romper com os limites
de Tordesilhas. No norte da colônia, é a partir de Belém que se dá o avanço sobre Tordesilhas
e resultam no Tratado de Madri. Eventos posteriores consolidarão a fronteira noroeste. É
nesse período que ocorre a conquista portuguesa da área dos rios Madeira, Mamoré e
Guaporé. Esses rios delimitaram a referida fronteira, em parte da qual se situa hoje o estado de
Rondônia. Nessa exposição, a ênfase da análise histórica recairá sobre as ações militares na
conquista e colonização desse espaço.

2 - Marcello José Gomes Loureiro (Doutor / DPHDM)


“VASSALOS QUE DESPENDEM COM LIBERDADE PELO SEU REI O QUE TEM E
O QUE NÃO TEM NÃO SÃO POVO, MAS NOBREZA”: DIÁLOGOS ENTRE
GUERRA E SOCIEDADE NA MONARQUIA PORTUGUESA PÓS-RESTAURADA
(1640-1705).
Resumo: Como sublinhou André Corvisier, a guerra causa destruição, mas também inaugura
oportunidades. A chamada “Guerra da Restauração” (1640-1668), que marca o fim da União
Ibérica, provocou uma série de alterações na monarquia portuguesa. Do Brasil, cada vez
sendo chamado com mais frequência de “principal conquista”, dependia a conservação da
nova dinastia (a dos Bragança) no trono. Em última instância, a guerra permitiu, por exemplo,
que as vozes advindas dos vassalos e das câmaras ultramarinas ecoassem com muito mais
força em Lisboa. Diversos privilégios foram distribuídos em troca de apoio (político,
econômico e militar), índice de que houve o estabelecimento de pactos tácitos entre o novo
monarca e seus vassalos. Conselhos Superiores, como o Conselho de Guerra e o Ultramarino,
foram instituídos ainda no início da década de 1640, para gerir os desafios da conjuntura
crítica que se inaugurava. A guerra modificava os parâmetros que definiam a capacidade de
interlocução e negociação dos agentes envolvidos, constituindo, de modo mais factível, aquilo
que recentemente a historiografia tem denominado de monarquia pluricontinental portuguesa.
Assim, o propósito deste trabalho é demonstrar como a Guerra da Restauração criou
oportunidades para que as elites ultramarinas dos domínios do Brasil reposicionassem seu
lugar e importância na monarquia.
3 - Paola Natalia Laux (Graduada / Museu Histórico de Rolante)
A LOGÍSTICA PARA O COMBATE: O ARSENAL DE GUERRA DE PORTO
ALEGRE NA CAMPANHA DA TRÍPLICE ALIANÇA (1865-1870).
Resumo: O trabalho tem por objetivo analisar a dinâmica produtiva do Arsenal de Guerra da
Província de São Pedro do Rio Grande do Sul no período marcado pelo desenrolar da Guerra
da Tríplice Aliança (1865-1870). Desta forma, buscar-se-á compreender aspectos da logística
empregada pela Instituição com base em um dos produtos lá manufaturados e armazenados:
os fardamentos. Tendo como suporte os relatórios redigidos por Ministros do Estado dos
Negócios da Guerra, o primeiro momento do artigo apresentará questões pertinentes ao
contexto da disputa bélica com o Paraguai e o impacto disso nas funcionalidades do Arsenal.
No segundo momento serão analisadas as correspondências trocadas entre o Diretor da
Organização Militar e o Presidente da Província, com vistas a compreender como se deram e
quais as formas de obtenção de fardamentos, bem como demonstrar a amplitude da estrutura
logística do Arsenal nos tempos de guerra. O artigo parte da hipótese de que as necessidades
geradas pelo conflito extrapolaram a capacidade produtiva do Arsenal, sendo necessária a
utilização de outras estratégias para suprir as demandas do combate.

4 - Jéssica de Freitas e Gonzaga da Silva (Mestranda / PPGEM-EGN)


“120 DIAS LONGE DE TI”: A PARTICIPAÇÃO DA MARINHA DO BRASIL NA 1ª
GUERRA MUNDIAL NAS CARTAS DE AMOR DO 2º TENENTE JOAQUIM
MARTINS PEREIRA (1918).
Resumo: Em 26 de outubro de 1917, o Brasil declarou guerra contra Alemanha. No âmbito
político, militar e estratégico, a Marinha do Brasil contribuiu para os esforços de guerra
através da formação, em 1917, da Divisão Naval em Operações de Guerra (DNOG) sua
função era atuar em conjunto com outra esquadra aliada na Europa e no policiamento do
oceano Atlântico. O navio-tênder Belmonte, também chamado de cruzador-auxiliar, zarpou do
Arsenal de Marinha do Rio de Janeiro com sentido ao Reino Unido, transportando carvão e
mantimentos. Na costa da África, sofreram um ataque alemão. No entanto, a maior fatalidade
vivida pelo contingente a bordo do navio foi a gripe espanhola, responsável por dizimar a
tripulação. O objetivo do presente trabalho é apresentar a participação da Marinha do Brasil
na 1ª Guerra Mundial (1914-1918), através do estudo de caso sobre a atuação do Navio
Tender Belmonte. Através da análise documental das cartas de amor do 2º Tenente Joaquim
Martins Pereira a sua cônjugue Maria do Carmo Pastori, pretendemos apresentar um relato
inédito sobre o cotidiano a bordo do navio, contribuindo para historiografia naval brasileira.

5 - Jamylle de Almeida Ferreira (Doutoranda / PPGH-FFP-UERJ / ESG)


TERRITÓRIO (S) TUTELADO (S) EM NOME DA DEFESA NACIONAL (1919-1923):
O CASO DA COLÔNIA DE PESCADORES ALMIRANTE GOMES PEREIRA.
Resumo: Esta investigação tem como proposta refletir sobre a maneira pela qual os
pescadores artesanais foram chamados pelo Estado a contribuir para a Defesa Nacional,
passando pela questão da defesa do território, dos recursos naturais e do Poder Naval
disponível entre os séculos XIX e XX. A análise das fontes possibilitou descrever um cenário
de ameaças entre guerras, que exigiram atitudes no sentido de minimizar os problemas
causados no contingente militar e nos meios navais, indispensáveis para patrulhar os mais de
8.500 km de costa do nosso litoral, originando o movimento de reestruturação e
nacionalização da pesca, que pretendia assegurar o domínio do Estado sobre o território
nacional, o que culminou na estruturação político-administrativa da atividade, na sua
valorização profissional, no zoneamento e no reconhecimento para a segurança do país. Essa
abordagem possibilita resgatar a origem da relação entre a Marinha do Brasil e os pescadores
artesanais, até hoje representados pelas Colônias de Pescadores, institucionalizadas pela
Marinha nesse período. Entre elas está a que foi denominada Almirante Gomes Pereira,
localizada na Ilha do Governador, que merece destaque pela sua importância comprovada na
representação do pescador Henrique Pereira Fernandes como tesoureiro da primeira diretoria
da Confederação Nacional de Pescadores do Brasil.

6 - João Francisco Schramm (Mestrando / PPGH-UnB)


A POLÍTICA DE SEGURANÇA NACIONAL SOBRE O DESCONHECIDO: O
ENVOLVIMENTO DA FAB COM OS OBJETOS AÉREOS NÃO IDENTIFICADOS
NO SÉC. XX.
Resumo: Este trabalho tem como tema discutir o envolvimento da Força Aérea Brasileira no
estudo e investigação de fenômenos relacionados à objetos aéreos não identificados (Oanis)
no séc. XX. Em 1969 fora criado pela IV Zona Aérea o Sistema de Investigação de Objetos
Aéreos Não Identificados (Sioani), que tinha como missão empreender pesquisas científicas
sobre o tema. Mesmo com o encerramento do Sioani em 1972, a FAB, em 1977, investigou o
fenômeno durante a Operação Prato, no norte do Pará, em solicitação das autoridades locais,
já que era alegada uma atitude hostil de Oanis junto a população ribeirinha. Já em 1986, a
FAB empreendeu uma missão de interceptação em resposta a invasão do espaço aéreo
nacional por Oanis, evento que veio à público, em cerimônia no Palácio do Planalto, na
decisão do ministro da Aeronáutica na época. Tendo em vista esses eventos, o objetivo desse
trabalho é analisar as diferentes posturas da FAB sobre ao fenômeno dos Oanis no séc. XX,
por meio dos seus documentos oficiais, juntamente com o atual momento em que vivemos um
amplo processo de liberação de material confidencial sobre esse tema.

7 - Marcelo Cardoso (Mestrando / PPGH-UFPI)


DISCIPLINA E ANTIDISCIPLINA NA POLÍCIA MILITAR EM TERESINA DE 1980
A 1990.
Resumo: O artigo refletiu sobre a disciplina imposta aos militares pelos regulamentos da
instituição e a antidisciplina empregada como arte de burlar sem transgredir as normas
disciplinares da instituição policial no Piauí. No trabalho analisou-se os aspectos da história
da policia militar e o ambiente quartel. Trabalhou-se em sintonia com os estudos do domínio
da nova história militar, corroborando para isso a obra organizada por Celso Castro, Vitor
Izecksohn, Hendrik Kraay, “NOVA HISTÓRIA MILITAR BRASILEIRA”. Neste sentido, a
pesquisa sobre a disciplina e antidisciplina dos militares na instituição, polícia militar, vem
como uma forma de reconhecer que os seus integrantes, ao longo da história pátria, tiveram
um papel amplo. É necessário compreender o cotidiano dos militares e sua vivência no
quartel. Não aceitando os regulamentos de forma pacífica, os militares desenvolvem meios de
transgredir as leis. Nesses casos, são punidos pelo regulamento. Ademais, também, burlam as
regras de forma silenciosa. Assim, sem receber punição, traçando uma antidisciplina na
polícia.

Dia 28 de abril (quinta-feira)


14h – 17h30
Questões Gerais
8 - Katia Jane de Souza Machado (Doutora / Fundação Biblioteca Nacional)
RESGATE HISTÓRICO COLONIAL: BASE DA HISTORIOGRAFIA COLONIAL
BRASILEIRA MANUSCRITA, CARTOGRÁFICA E ICONOGRÁFICA ADVINDA
DE CONTINENTES.
Resumo: Resgate Histórico Colonial: Base da Historiografia Colonial Brasileira Manuscrita,
Cartográfica e Iconográfica advinda de Continentes é o fundamento da configuração que
retratará e que colocará em evidência a historiografia militar de um Brasil Colonial através do
repertório de cerca de quatro milhões de páginas pertencentes ao Projeto Resgate Barão do
Rio Branco, pois é produto de suas pesquisas científicas com metodologia própria e
apropriada a cada Nação, efetuadas em Arquivos, Bibliotecas e Museus de nove países em
dois Continentes, em acervos manuscritos documental, cartográfico e iconográfico que
abarcam os anos entre 1500 e 1822, e seus diversos suportes – atualmente Repositório, que
buscam seguir as novas tendências tecnológicas para uma melhor e atual preservação em prol
da democratização e da difusão da memória historiográfica do Brasil Colonial - palco de
embasamento de um Brasil Contemporâneo, indicando e facilitando o acesso a documentos
originais, contribuindo e achegando-se ao direito de acesso ao patrimônio documental e
historiográfico brasileiro remoto a nossos olhares.

9 - Edina Laura Costa Nogueira da Gama (Mestranda / PPGEM-EGN)


A HISTÓRIA NAVAL BRASILEIRA: NOTAS SOBRE SUA PRODUÇÃO
HISTORIOGRÁFICA.
Resumo: As Forças Armadas do Brasil estiveram imersas na legitimação e consolidação do
Estado Nacional. E, portanto, inseridas no processo de construção de uma história do Brasil.
Neste contexto, a produção historiográfica militar se pautava num paradigma historiográfico
tradicional. Mas, obedecidas as especificidades do processo histórico do País, em que
momento essa história passou a ser produzida? Quem a realizava? Como era conduzida? E de
que forma se desenvolveu? Neste mister, a literatura visitada se mostrou recorrente num
diálogo com o livro Nova História Militar Brasileira (2004). No entanto, pouco há acerca de
estudos historiográficos da Marinha do Brasil na obra mencionada, o mesmo para com a
maioria de outros textos acadêmicos sobre esta temática. Deste modo, no alcance do objetivo
desta pesquisa – notas sobre a produção historiográfica naval brasileira - empregou-se um
diálogo com dois textos: Arquivos da Marinha e historiadores, autoria de Paloma Fonseca, e
A Historiografía Naval Brasileira (1880:2012): Uma visão Panorâmica, de Francisco
Eduardo Alves de Almeida. E ainda, quanto à historiografia naval contemporânea, buscou-se
investigar o seu viés cultural, com a criação de organizações militares na Marinha do Brasil
que redundaram na existência, hoje, da Diretoria do Patrimônio Histórico e Documentação da
Marinha.

10 - Sandro Teixeira Moita (Mestre / ECEME)


A RELAÇÃO IMPOSSÍVEL? CONSIDERAÇÕES ENTRE A HISTÓRIA MILITAR E
A ESTRATÉGIA.
Resumo: XXXXXXXXXXXXXX

Memória, Patrimônio & História Militar


11 - Marcelo Gonçalves Ramos (Mestre)
PRAÇA DE GUERRA E PAZ: A PRAÇA GEL. TIBÚRCIO COMO LUGAR DE
MEMÓRIA.
Resumo: A Praça Gel. Tibúrcio está localizada na Zona sul da cidade do Rio de Janeiro, no
Bairro da Urca, possui grande significado histórico e social. Em seu entorno, situam-se
o Instituto Militar de Engenharia, a Escola de Comando e Estado-Maior do Exército e
a Escola de Guerra Naval, além do Monumento aos Mortos na Intentona Comunista e o
Monumento aos Heróis de Laguna e Dourados. Antônio Tibúrcio Ferreira de Souza, General
da Guerra do Paraguai, dá nome ao local. A praça está assentada na Praia Vermelha, local
com rica história militar, sede do antigo Forte da Praia Vermelha. A praia esta ladeada por
duas fortalezas, hoje ocupadas pelo Círculo Militar da Praia Vermelha. Através da teoria do
historiador francês Pierre Nora, sobre Lugares de Memória pretendemos evidenciar esse
contexto histórico e cultural, incentivando a difusão dos processos políticos e sociais que
formataram e que fomentam o sentimento de nacionalidade que vivenciamos na atualidade,
promovendo o debate de ideias através do oferecimento de informações retiradas do
patrimônio histórico local, possibilitando uma maior compreensão da nossa identidade.
12 - Ianko Bett (Doutor / Museu Militar do Comando Militar do Sul)
ESPAÇOS DE MEMÓRIA E A HISTORIOGRAFIA MILITAR: O CASO DO MUSEU
MILITAR DO COMANDO MILITAR DO SUL – MMCMS.
Resumo: Este trabalho tem como objetivo principal apresentar um estudo relativo à
importância dos Espaços de memória na produção e difusão da historiografia militar com
ênfase nos projetos de pesquisa, exposições e eventos desenvolvidos no Museu Militar do
Comando Militar do Sul – MMCMS, Instituição criada em 1999 e que hoje se configura em
um dos principais espaços de memória, dentre aqueles localizados na região Sul do Brasil, que
se ocupa de assuntos concernes ao campo da História Militar. Para tanto, na primeira parte, o
trabalho propõe uma reflexão acerca dos aportes teóricos e metodológicos que podem
embasar as práticas específicas de espaços de memória, notadamente Museus, colocando em
evidência a própria produção do conhecimento histórico a partir de objetos, com especial
atenção às especificidades inerentes às questões militares e suas interferências nos âmbitos
cultural, social e político. Em seguida, pretende-se apresentar os resultados práticos atingidos
no MMCMS no que diz respeito à produção, desenvolvimento e difusão da historiográfica
militar, explicitando o modus operandi e estratégias da Instituição na sistematização de
projetos e seus alcances no público acadêmico, em uma região que se destaca pela baixa
penetração e produtividade da História Militar nos programas de Pós-graduação das
Universidades locais.

13 - Rivaldo Cardoso Dantas (Especialista)


SISTEMA DE DEFESA/ATAQUE CONSELHEIRISTA NO PARQUE ESTADUAL DE
CANUDOS – PEC (1897).
Resumo: Ao longo do perímetro do Parque Estadual de Canudos (PEC) existe uma série de
resquícios de estruturas arqueológicas denominadas, pela historiografia sobre a Guerra de
Canudos, de Trincheiras Conselheiristas. No entanto, partindo da compreensão do conceito,
características e tipos de fortificações, possivelmente, estas estruturas não correspondiam
somente a trincheiras, havendo também a possibilidade da existência de outras estruturas não
abordadas pela historiografia. Nesse contexto, a presente monografia tem o objetivo de
identificar e apresentar o sistema de defesa e ataque conselheirista na região do PEC. Para
tanto, antes, foi preciso compreender o clássico emprego da trincheira militar; o ensino militar
brasileiro antes da Guerra de Canudos, relacionando-o com o ensino de Fortificação de
Campanha; o conceito, as características e os tipos de fortificações de campanha, relacionadas
aos resquícios arqueológicos; as interpretações de quatro livros específicos sobre as
trincheiras do PEC, dois trabalhos arqueológicos e dois de militares que participaram do
conflito; por fim, uma análise das fontes oficiais – as Partes de Combate e as Ordens de Dia –
de alguns oficiais que participaram da peleja. Na conclusão é apresentada a composição do
complexo sistema de defesa e ataque conselheirista no PEC; observações sobre algumas
estruturas arqueológicas; a relação dos termos entrincheirado, entrincheiramento e
entrincheirar, com todas as estruturas empregadas pelos conselheiristas; a análise do
recorrente erro de interpretações de algumas estruturas como a que tem as características
alveolares; finalmente, algumas orientações para o aprofundamento da pesquisa.

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