Ensaio e Crônica Diferença - Afrânio
Ensaio e Crônica Diferença - Afrânio
Ensaio e Crônica Diferença - Afrânio
ENSAIO E CRÔNICA
Ensaio
. _ e crônica _ gêneros fite ranos.
, . D e-
fi nzçao e caracteres. Conceito de " .
" . cronica.
A cronica e o jornal Histórico e e l -
" . · vo uçao
da c:onzca - Romantismo. Francisco
Ota;zano. Manuel Antônio de Almeida.
Jose de Alencar. Machado de Assis
França Júnior. Pompéia. Bilac. Coelh~
Neto. João do Rio. João Luso. José do Pa-
trocínio Filho. Hw!iberto de Campos.
Orestes Barbosa. Alvaro Moreira e a
Fon-Fon. Berilo Neves. Osóri; Borba.
Genolino Amado. Benjamim Costallat.
Henrique Pongetti. Peregrino Júnior. Ma-
nuel Bandeira. Antônio de Alcântara Ma-
chado. Carlos Drummond de Andrade.
Rachel de Queiroz. Rubem Braga. Classi-
fica ção da crônica. Problemas da crônica:
linguagem e estilo, crônica e reportagem,
literatura e filosofza. Autonomia do gêne-
ro . Importância na literatura brasileira.
Outros gêneros afins: oratória, cartas,
memórias, diários, máximas, biografza.
Gilberto Amado. Lúcio Cardoso.
117
2 ,n ,11 ,, , , '",·s t \Hh) du cns:iiu l! d,, c 1011 ic:, , h{
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11D,.
119
com 0 de ensaio. É que, no Brasil, crítica é geralmente en
uela . . tendid
areqgu que se exerce nos Jornais, ha
a e m ada cn,ttc
.
a militante a so.me
lar, no registro ou co
m en ta, no
. dos li d
vr os o momento.
, _nte
' penoct
tca,
Em resumo:
a) A palavra ensaio
designa no Brasil o
histórico, político, et estudo - crítico, filosóf
c. Pe rd eu (como na ico
· ·o do es d
mindo o feiti Fr an ça ) o sentido or
tu o, ac aba do, co ne1 d iginal a '
quisa. u en te , depoi·s de an
álise ' e ssu-
pes-
b) Deteriorand~-se o
~~ntid? ~riginal ~e en
vamente er a denomm saio, o gênero que pr
ado ensaio (tentat imiti-
liar, sem método ne iv a, leve e livre, informal
m conclusão), gêne , fami-
tomou-se no Brasil a ro tradicional entre
crônica. os ingleses
'
4. O significado tradi
cional da palavra "c
mologia grega (khron rô ni ca " decorre de su
os - tempo): é o rela a eti-
dem cronológica. to dos acontecimento
s em or-
O Dicionário de Mor
ais assim defme o te
forme a ordem dos rmo: "H is tó ri a escrita
tempos, referindo a con-
Fr ei Domingos Vieira el es as coisas, que se
assim a defmiu: "C rô na rr am."
tempos, por oposição ni ca - Anais pela or
à história em que os de m dos
causas e nas suas co fatos são estudados
nseqüências. - Atu nas suas
que se contam os pr almente, nos jornais,
incipais acontecimen parte em
numa te rr a; crônica tos e se reproduzem
política, a parte do jo os boatos
políticas." rnal em que se refere
m as novas
Em ou tro s idiomas,
o sentido é o mesmo.
Assim, o Grand Laro
usse Illustré: "L es ch
historiques do nt l'a ut roniques sont des réci
eu r es t au moins pour ts
que é a forma histór partie contemporain".
ica da Idade Média, A ce ntua
línguas vulgares, feita primeiro em latim e
sobretudo nos moste depo is nas
dos. É uma "h is to ir iros por escribas espe
e dans laquelle les fa cializa-
dans l' ordre de le ur su its sont ·simplement en
cc es si on ". re gistrés
Sainz de Robles, em
seu Diccionario ·de la
Literatura, descreve:
Se llama también cronist
a
comenta o interpreta su al escritor que en diarios Y revistas
ce
su cultura y sus propias sos o cosas, utili~a~do unicamente
fuentes de conoc1m1ento
dacc1.0n
, de su rt'
s a 1cu1os, e·n los que , generalmente , se por la re-
la agudeza, la experienc . delatam
ia, el estilo del cromsta.
120
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l:tOlllCas,
~..,(·i't'' j,1cr(H11Ca. ~). mesmo ocorre cm trances: chronique e chroniqueur. f.
..,j.,nific:ufo t rmhc10nal. .
0.g . d
Todavia. a partir e certa epoca, a palavra foi ganhando roupagem
..,cinfintica dikrente. HCrônica" e "cronista" passaram a ser usados co~ 0
sentido atualmente generalizado em literatura: é um gênero específico, es-
tritaml!nte ligado ao jornalismo. Ao que parece, a transformação operou-se
no século XIX, não havendo certeza se em Portugal ou no Brasil. Publica-
vam então os jornais uma seção, via de regra semanal (daí .Machado de
Assis ter adotado o pseudônimo de "Dr. Semana" para as crônicas de A
Semarw), de comentário de assuntos marcantes (ou que marcaram o e:spí-
rito do artista) da semana. O uso da palavra para indicar relato e comentá-
rio dos fatos em pequena seção de jornais acabou por estender-se à defin1-
ção da própria seção e do tipo de literatura que nela se produzia. Assim.
"crônica" passou a significar .outra coisa: um gênero literario de prosa. ao
qual menos importa o assunto, em geral efêmero, do que as qualidade') de
estilo, a variedade, a finura e argúcia na apreciação, a graça na analise de
fatos miúdos e sem importância, ou na crítica de pessoas. "Crônicas" são
pequenas produções em prosa, com essas características, aparecidas em
jornais ou revistas. A princípio, no século XIX, chamavam-se as crônicas
'"folhetins", estampados em geral em rodapés dos jornais (jeuil/erons -
folhetins).
Em crônica de 30 de outubro de 1859, Machado de Assis. definmdo o
"folhetim" e o "folhetinista", deu as características da crônica, tal
como hoje é entendida. Mostra Machado que o folhetinista é originario da
França, tendo-se espalhado graças ao grande veículo que é o jornal. De la.
·o folhetim acomodou-se "às conveniências das atmosferas locais". E as-
sim o define:
... o folhetim nasceu do jornal, o folhetinista por consequ~n-
cia do jornalista. Esta última afinidade é que desenha as sa-
liências fisionômicas na moderna criação.
O folhetinista é a fusão admiravcl do util t' do futtl. l)
parto curioso e singular do sério, consociado com o fn_, oll)
Estes dois elementos, arredados como polos. hc.:-ll~tl)g~ne1.)s
como úgua e fogo, casam-se perfeitamente na orgnn 11 açan 1.fo
novo animal.
121
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., .' • .,s exceçoe) tmha tomado
sOl'fllldllS~I 01 (, , . . ,,
a cor nac1ona]. Escre\er 10e. r: Jh
or um certo torneio de pen ,~1me rfü) e 1dt· i:t:,; q 11c t' :d IL'_rna v:1 de ,e th con-
frades. Tam bém culti1ava ,1 11()1:t lt11c.1. mas de n1am·1ra 111,1_" d1,crela e
comedida que Jo,e de Aknc:1r. ~li1ch.1clo c-..1~1\;1 em se1_1s v1nle ano, de
idade , quando ,e deu a t'ss~1 .1rlt'. da q11:tl Jt'\t'lnu t·n11/Jt·c11ncnlo medrlado
na crônica de 1859. acima 1.·itntl.1. ~ 1ndC' ,e- pndt· 111 L'ol lle r :tlg11111:1" 1\· lle :..oe:-,
muito ex pressnas dl) que e,~1 l1 genc,l, 11t·":1 L'f)nt·,1.
Alias, naquela c1CH1i1.,1 clê umk,,i, que. "c~crcvcr l'oll1clim L' lic,11
brasileiro e na \ e, d ade difícil ... 1-t ti .1 mud~1 d:1 r, :1nce si:, :1 q 11e 11:10 n~:-ii,1 i;1
o público de entao e a qut· ,e l1nh,1m dr -,uhllll't1..:r O!-i escrilure,.
Quem deu ú mai~ imp1e,,ll1r1.t1llt t'X:t·mplo disto :ité cnl[10 foi José ele
Alencar que. cen . . uradt, n.1 imp1en~a por ahui..,,,r de fnrnet.:,i,1:-i crn \L'll"I f'o -
lhetins. rebateu de m,1nc1r,1 irónica a idéia da nacionali;ra\·:10 tia língu:i.
numa atitude inte1ramenre úpú-..ta ~ que viria assumir algum tempo depoi,.
O c riador de Br.ís Cuba,. que também enxergara ,1 cninic;, e111 ;dguns
dos seus romances. consagrou-~e ao género d urantc longos ,1 no,. cont ri-
buindo con sidera , e lme nte pam a sua evolução na literal ura bra,ileira. Su:1
obm folhetine sca re fle te discretamen te a, variações por que o géne)() 1cio
passando. de sde o Romant ismo até o Realismo, com hil'urc:,\·úei.., relo Pw·-
nasianismo e Simboli, mo. Há um pouco de tu do isso cm ,uas crúnic;,,.
7
Conforme Eugênio Gomes. as crô ni ca~ de Machado rodem \l'r cl,1-..-
sificadas em quatro grupos. ca rac te rin1dos .. pela to mtl ida de p, icológ ic"
quanto pelo estilo .. : 1 grupo - 1861 - 1867: li grupo - 1876-1878: 111 g, upo
- 1883-1889: IV grupo - 1892-1900. As do último grupo s;w a, de A
Semana. sem assinatura . e compree ndem as mais notávci,. No lot;d es-
creveu seiscentas e quatorze crónica \ .
Para a composição de ssa arte admiráve l, ainda é Eugénio Gomes
q_uem aponta os vários recursos de que se va lia o escritor: "a alus:io hi,tó-
nc~ e literária: o epíteto impre vi slo: a anedota : a ci taçâo e ru d iIa: algo que
traia a ~unos1dade e inteligência do fé xico: as formas para d o xa i, e o Iro-
cactiJho '. Esse_s os ingredientes com que destilava a s ua e ssê nc ia es piri-
tuosa, a que nao faltavam "as imitações de estilos os mais díspa re s: o e,.
126
estilo axiomático, o estilo antité tico, 0 estiJo épico O es-
•
mauco,
1 0 ·1 ,. '
foren se, o est1 o maço nico e tanto s outro s" diz
t
ilo dr~ 1 0 estilo '
isto ar,
tilº ep e"ni·o Gomes. · · · 1 ·
Eug
aioda otll isso, Machado atmgm a mais a ta perfeição no gênero,
uma arte
~ d e sutil, em que se reflete o homem que .
era.
~ .cas. Joaquim
t ·1
, 1o XIX ou ros escn ores assmaram crom
. da 00 secu
re quinta . . o Bocamva .,
Atn dea Macedo (182 O-1882) ; Q_umtm (1836-1912); França
1
~a~ue(lS38-1890), com os "Fol hetm s"; Araripe Júnior.
Junior , 1 " f .
Para O final do secu o, o ge?~r o so ren~ tra~sformações, além de ser 0
de ataques por parte da. tcnt1ca natur ahsta, mfensa .à estética expressa
alvo ~ . ,
tra-
folhetins, em que se m1s uravam a 1antas1a e a realidade. E o que
nos a censura, re1en " . G
~ 'd por E. ugemo ornes, de Tito Lívio de Castro aos
duz a
folhetins de Machado de Assis.
Melo
Ainda no século passado, ao lado da crônica de costumes com
artís-
Morais Filho (1844-1919) e França Júnior, assumiu o gênero um teor
linha,
tico, em que o Parnasianismo predominava sensivelmente. Nessa
lísticas,
tomou posição Raul Pompéia, que, entre as suas atividades jorna
chamou
incluía a de agilíssimo cronista. Crônica, "crônica de saudades",
correr de
ele à sua obra máxima de ficção: O Ateneu, escrito dia a dia, no
as suas
três meses, para a Gazeta de Notícias, e de crónicas se aproximam
é tão sa-
"Canções sem metro". Acusaram-no de influência francesa, mas
época.
bido que desse vírus nenhum escritor estava livre no Brasil de sua
ós e Ra-
A infiltração dava-se até por via indireta, através de Eça de Queir
Eça,
malho Ortigão, que colab oravam regularmente em jornais brasileiros.
crónica
especialmente, contagiou de seus sestros e tiques estilísticos a
, so-
brasile ira. Haja vista a obra folhetinesca de Coelho Neto ( 1864-1934)
Além
bretudo a crônica narrativa que recebeu o título de A capital federal.
desta , deixou ele vasta obra de cronista.
O certo é que, nessa altura, a crônica mostrava uma fisionomia
Bilac
diversa, contando-se entre os seus renovadores o poeta Olavo
substi-
(1865-1918), com a circunstância bastante expressiva de que foi o
ias. A
tuto de Machado de Assis na sua coluna semanal da Gazeta de Notíc
em de-
novidade que Bilac introduziu foi concentrar os seus comentários
a algu-
terminado fato, acontecimento ou idéia, o que concorreu para dar
mas de suas crônicas a feição de ensaios.
, a
Nessa direção militava igualmente Constâncio Alves ( 1862-1933)
ão
quem Carlos de Laet mimoseou com um epíteto revelador de sua vocaç
de cronista: "Macio dizedor de verdades ásperas." pelo
. Sob o influxo do parnasianismo , a crônica pecava quase s~mpre
opos-
ngor da forma, enquanto os simbolistas praticavam o inconvemente
ça-
to, condicionando os fatos a divagações de caráter subjetivo que come
vam por dar um certo entorpecimento à linguagem. ,
Nessa época, a crônica passou pelo ri sco de tornar-se flor de e~t~fa
nca.
para cujo cultivo era necessário uma iniciação mai s ou menos esote
127
_ , oh
. ou nao da esc , .simboli sta, predom inava geralme nte
~ O im
Pe-
Sob o ba,eJO
rativo estético.
J(),\0 no RIO.
, . .- ~ surgiu Paulo Barreto , popular izado pelo pseudónimo de
1-<01 ent,H.l que 1·fi · · · ·
_ n . ,uem cabe inegave lmente o qua 1 1cat1vo de m1c1ado r da
Jo:10 do '-'10 , "l e, . . .
. . .. modern- i no Brasil. Figura extrema mente represen tativa da
cronica soct,l 1 ', . ,, ,. ,. .
steta
/,(' // e' l'f]OC/lll', () e •
que afrontav a o nd1cu]o com as extrava gancias de
. . _ . ,,
um hedonista, tinha particul ar fascmaç ao pelo paradox o, com_o _d1sc1pulo
con fesso que era de Oscar Wilde. O seu melhor paradox . .o consisti u em ser
homem de ação com todas as aparênc ias de um s1mp 1es imposto r. A voca-
ção de Paulo Barreto era º. jornalis m?, e o jornalis ~o _pela reporta? e~.
Nasceu repórter , como podia ter nascido poeta ou c1ent1sta. Suas pnme1-
ras realizações, no gênero, com a reportag em sobre as religiõe s no Rio já
refletiam o dinamismo de um novo espírito jornalís tico, desenvo lvido com
as aquisições do progresso material , entre as quais produzi ram enorme fu-
ror o automóvel e a cinemat ografia. A obra desse trepidan te cronista re-
presenta a mais ousada tentativ a para elevar a crónica à categor ia de um
gênero não apenas influente, mas também domina nte. Tinha ele a impres-
são de que a crónica podia ser ""o espelho capaz de guardar imagens para
o historiador futuro". Opinião, seja dito, até certo ponto paradox al, por-
que João do Rio narrava ou coment ava os fatos a seu modo, quase ine-
briado pela fantasia. Produzi r história social, através da crónica , foi con-
tudo a sua diuturna preocup ação, e não há dúvida de que, a esse aspecto ,
despertam seus livros um interess e nada desdenh ável, por serem um espe-
* Paulo Barreto (Rio de Janeiro, 1881-1921). Sob o pseudônim o de João do Rio, que o
popularizo u, exerceu intensa atividade na imprensa do Rio de Janeiro, publicand o reporta-
gens e artigos. Foi o iniciador da crônica mundana. Trabalhou em vários jornais, e em 1920
fundou A Pátria. Escreveu romance, teatro, e pe11enceu à Academia Brasileira de Letras.
Bíhlíogra.fia
CRÔNICAS: As religiões no Rio, 1906; A alma encantado ra das ruas. 1908; Vida
1·ert~i:i110-
sa. 1911; Cinematóg rafo. 1912; Os dias passam. 1912; Crônicas e frases de Godofredo de
Alencar. 1916; Pa/1 Mali. 1917; No tempo de Venceslau . INQUÉRITOS: O mome1110 literário .
~905. C~NT~~: ~~'~Iro dt~ noite. 1910; A mulher e os es~e/lws. s.d.; Rosário de i/11sá~ s. s.~-1
EATRO. Chu -< h1c, 1906, A bela Mme. VarRas. 1907; E"ª· 1915 . CONFERÊN CIAS:
Ps1colo1-:w
urbana. 1914; Sésamo. 1917; Adiante. 1919. Escreveu ainda livros de viagens. romances .
Consultar
Alves, Constânci o. Elogio. Di.\'Clll".\'OS acadhnico .\·. V. Broca, Brito. A ,·ida li1erária 110
Brasil. RJ, 1960; Leão. Múcio. A 11 tores ,, /i,•ros. RJ. 7 mar. 1943, n. 85; Manta, Neves. A
arre e a lll'11rose <Í<' Jotio tio Rio. RJ, 1947.
128
roscante da sociedade contemp orânea com as mud .
tho eº •d,,• ' anças sucessiva s
de hábitos, costumes e i eias que -~e operavam, em sua época.
fustigado pela pres~a de que Ja se queixavam os moradores do Rio de
Janeiro em 1908, o cr?msta procurava,, adaptar sua percepção ao ritmo do
ogresso, de que o cmema e o automovel eram duas ousadas ex _
pr . tºfi d d
Nesse afã, JUS I ican o-_se e q~e a h ~m~n~dad . . ,, pressoes.
e Ja estava cansada de pen-
sar, ach~va que o cromsta social ~ev1a imitar_ o operador cinematográfico
que , proJetand
,, o o filme
_ J do_ fundo
d R. de _sua cabme, não se lhe dá que a fit1a
seja agradavel,.. o~ nao. o~o o 10 na? teve propriamente essa frígida ati-
tude e suas crom~as, quaisqu~r que_ seJam os artifícios e futilarias, além de
conciliar esplendidamente o Jornalismo e a literatura, adaptaram-se com
extraordinária maleabilidade ao ritmo acelerado da vida contemporânea.
Isso import~va uma revolução, mas não obstante, em outros domínios,
gênero contmuo_u a ser explora~o pela maneira habitual ainda por longo0
tempo. O be_letnsmo! de que Joao do Rio não pudera escapar, jamais dei-
xaria a ~rôm~a ~' a Julgar por si:a permanência ainda em nossos tempos,
parece mexttrpavel. As suas cronicas comentam de preferência tipos e
ambientes da alta roda, que se exibe pelo inverno no Teatro Municipal e
vai à serra em Petrópolis, pelo verão. Esnobe ele mesmo, procurando pelo
escândalo das atitudes encontra r o lugar que pretendia na sociedade, Paulo
Barreto legou-nos a caricatur a do mundo social à cuja sombra quis aco-
lher-se e o retrato verídico do próprio autor, talento frívolo e ambicioso.
Outros escritore s tiveram atuação destacada no cenário da crônica.
João Luso (1875-1950), pseudônimo usado por Armando Erse, assinou
por dilatado espaço de tempo o folhetim do Jornal do Commercio, do Rio
de Janeiro. Desprovido de estilo original, suas crônicas não têm porém in-
sipidez e espelham , ao longo de muitos anos, a fase das pessoas e dos
acontecimentos de que se ocupou. Ares da cidade (Rio de Janeiro, 1935) é
um de seus livros onde se enfeixam crônicas de jornal. José do Patrocínio,
filho (1885-1929); talento carregado de ressentimentos, exprimiu-se em
termo de uma· fantasia desatada , de uma emoção carnal e triste ou de uma
violência quase feérica. O homem que passa e Mundo, diabo & carne,
cuja leitura ainda provoca prazer, revelam todavia o homem falhado que
foi, possuído de clara tendênci a mitomaníaca. Humberto de Campos
(1886-1934) desfrutou de largo favor público_ e a~cançou -~ a~ge da pop~l~-
ridade no período da enfermidade que termmar!a por ~itima-lo. As cro~1-
cas que escreveu (sem contar as páginas fescemnas assmadas Conselhe1~0
XX) preferiram os temas sentimentais e dolorosos encontrados em Os pa-
rias,' Sombras que sofrem, Destinos e outros livro_s. ?~eStes ~arbosa
(1895-1966) firma e desgasta , rapidamente, um nome lite~ano ba~eJado por
anos de curta mas intensa notoriedade. Seu estilo telegrafico, feito de pe-
, , .
nodos curtos ehpttcos nervosos, aparece nas crônicas de Patod preto,.
Ban-ban-ban ~ Na prisdo como algo sedutor na fase d~ co_mb~te . odmovi-
mento modernista, capaz inclusive . de, como sucedeu mspirar 1m11a ores.
,
129
Apos a rev o luç a- 0 de Joã o do Rio.
foi pre ciso que vie sse a Sem ana de
M
Arte Mo der na, em l9?- 2 ' par a que ' ma ugu ran do o o d erm·smo , pud ess e a
,. . , 1· . - .
croruca a dqm· nr · +-eição cor res pon den te as
i1 so 1c1taçoes e ao ntm o do mo-
., " d .
mento. N ess e m eio term o , por em ,., o gen ero pro uzm um
- .
a flor aça o mte-
., · . .
ressant1ss1ma, esp ecia , lme nte atra ves. de. alg um as rev ista s ilus trad as, como
Alv aro Mo . fi
a Fon-Fon, Ond e reir a pnn c1p iou a des iar a enc ant ado ra melo-
dia de sua s crô nic as. ,
Álv aro Mo reir a (18 88- 196 4r tem n , .
O circ o (1929) e em O Bra sil
tinu.a (1933) doi s livr os car act erís tico s
con de seu me lho r per íod o como
cro nist a, qua ndo ext erio riza va as imp -
ress ~e~ _rece bºd i ~s d o mu ~.d o cot i·d·1a-
no. Sua arte , che ia de imp rev isto e
sen sibi lida de, nao raro hnc a, _nuncr
des mer ece a qua lida de lite rári a. A infl
uên cia que exe rce u com o cro mst a se
fará sen tir esp ecia lme nte nos jov ens da
ger açã o mo der nis ta da prim eira e
da seg und a fase s, cul min and o em Rub
em Bra ga. .
Com o suc ede u com out ras esc ola s lite
rári as, do Rom ant ism o ao Par-
nas ian ism o, qua se tod os os ade pto s do
Mo der nis mo exe rcia m a crô nic a,
em bor a só alg uns tive sse m rev elad o mai
or inte res se pel o gên ero .
Se qui serm os, por ém , esc olh er aqu ele
que , em seu tem po, tev e papel
sem elh ant e a Joã o do Rio, com o ren
ova dor do gén ero , ser á nec ess aria -
men te par a Ant óni o de Alc ânt ara Ma cha
do (1901-1935) que hav ere mo s de
nos vol tar. O esc rito r pau list a, tão ced
o arre bat ado à vid a, intr odu ziu um
esti lo ant iaca dém ico na cró nic a que pós
em alar me os seto res do alex an-
drin ism o nac ion al. Sua s cró nic as ent re
1926 e 1935 - os fren étic os solo s
de cav aqu inh o e sax ofo ne - seg und o
o pito resc o e exp res siv o títu lo que
lhes deu (Ca vaq uin ho e sax ofo ne, 194
1), des feri ram enf im terr íve l golpe
contra cer to tipo de lite ratu ra mo dor ren
ta e afe tad a que teim ava em so-
bre vi ver . Ain da não se tinh a apa gad o o
rast ro lírico dei xad o por Hu mb erto
de Campo s, que con seg uiu aba lar o país
, atra ind o um a ate nçã o gen eral i-
zad a e com ovida par a as suas atri bul açõ
es, prin cip alm ent e por efe ito do
condi~ ent o sen tim ent al de sua s der rad
e!ra s cró nic as. É clar o que ess e gê-
~ero nao de s~parec ~u nem des~pa rec era;
pod e-se mes mo acr esc ent ar que
e o que adq mre mai or popula nda de em
qua lqu er épo ca. Ma s com o que r
que sej a , os solo s bárbaro s de Alc ánt ara
Ma c had o der am urr: insó lito to-
que de alar me e novo gên ero de crónica
surgiu , com a forç a, des emb a-
_raç o e a mobilidade de um cor po adole 0
sce nte . Isso não sign ifica diz er que
a crô nic a tive sse pas sado a ado tar inst
ant ane ame nte det erm in,a da fórm u la
º.° ~adrão ; a sua re~?vaçã_o era um problem a do esp írito . E ó esp írito bra -
sileiro nes sa altu ra Ja palp itav a por algo
nov o que justifi cav a O des enc ade-
ame nto de uma revolu~ão nas letras. E
a cró nic a reflete ess a rev olu ção .
Alc ânt ara Ma cha do deixou a mar ca de
uma voc açã o lite rári a muito hu -
man a em livros com o Brá s , B exig a e
Bar ra Fun da (1927) e L ara nja da
130
lf'R). nos quai~ criou "uma literatura meio <l'· . , ,, , •
. o ll - 1 1
(ir'" J, un1gr;\çao ~m ,Sao 1>a ulo A ~cmcl han, .. 1 e .Ic1t cta t1p1c·a d·a t·ase
,t".\tllll •. , , • "' x1scnte,em·I ,
d,1 ~ , ,,ênen)S d1k11.:ntc~ l:Omo sao O conto e a e.• . . ª guns ca-
cnlll r , l omca ass,n· I· <l·
-.l'~·tU!,!lll ~ \ lbttW hnJa/ Sampa10, confírnn '-C n·
1 •
~
. ' ª ª a pelo
'1
d ()JC!SCnç· J't 1 , ·
l'l" . k •\lcúnta1a Machado . Seus conto\ _ , s . · d. crana de
\ntl''tlll' l . . d . sim O) c.p11s bat I1 .
s H' anll'S de tudo cro111ca~ impressionistas . , .ar o
1\l{lH '. • • . ' VI Va/,C\ nas q ,
• -~ ~1 irun~ntos da tahula,·ao ' uai~ ~e
.. ) [\ l' l\l l ,.., e- ' Y •
\ \'l~l . d t'.
\ · ()utn.1s rromstas a 1ase contemporânea são: Beril N
. • o eve\ (l90IJ que
1.'l,n t l
ni l..'l,m •pub ltco entusiasta na sua _
primeira fase de eron1)· t a da qual é
,\il \l •
l'
,,tl.._l ll\ rn A, costela .
de .Adao,
.
quando assumia P
. ropoJ' hl agueur
.·\ntç
l il •
dl1s velhos motivos femmmos. O cronista leve , cti·vert·d .
. 1 o e ma 11-
~ll'S'-' mudou-se depo~s para assuntos sérios. Osório Borba (1900- l 9 0) em
6
\lt'iltilho<~S e med~1/~11nhas e A c?':1-édia literária revela, com seus don's de
o\:lst:>n açao e mahcia, a c_ombativ1dade característica de todos os seus es-
,ritos. Quando essas qualidades se combinam em maior grau _ disso cons-
tituem exemplo muitas páginas de A comédia literária (1937) e de Sombras
fl() wnel (1946), escritas as últimas no período do Estado Novo -, a viru-
RUBEM BRAGA*
. * Rube m Braga (~a~h?eiro do_ Itape miri ?1 , ES, 19 13), fez os estudos primários em sua
cidade natal e o curso Jund1co no Ri o de Janeiro e Belo Horizonte ( J932). Cedo dedicou-se ao
jornalismo , como croni sta e re pórter. Trabalhou como jornalista em vários estados. Funda-
dor de Diretrizes (revi sta). Viajou largamente pelo país e estra nge iro, como repórter. inclu-
sive tendo feito a cobe rtura da guerra como corres pondente junto à FE B.
Bibliografia
132
al. É segur amen te o mais subjetivo dos crom.stas b ·1 .
,, o pes So ras1 ei-
dí"agaça . lírico. Muita s de suas crôni cas são poema
ros- E O o;:1!riginalidade de uma imaginação poética :i;::;i :sa. ! Apre-
' _Rubem
seota.0d0 eu lirismo, escre ve sem ornat os e alcan ça às
13raga·1~n\;a numa língua despo jada, melodiosa ' direta . vezes a simplici-
dade e ass ,
134
. , ·\k'\t1Jrias. porem a Yerdade de Chesterton e • ..
. •s nun~ · • ra mvanaYel e
\,x, irr~dutt\ d.
1n(; snW \titi.1nomin da ~rónka . A crónica impõe-se ainda q ct·
f) ~ . , . • ue 1scretamen-
• l esnirito de mdepen dencrn. E. encarad a pelo cunho do m • d'1,·1d
ie (1
t' · 1 que sempre a 1stmgm
t d' . . ua-
f stlW .
u. o pressup osto e de que O croni· ~t •
- ,
h d
P~ e maneira hvre e desemb araçada. Nao e raro O caso de nuS a •aJa sem-
. ·- • mJoma 1. o
,ronts. -t·l~ revelar_ . uma. ,. ,.opmiao. em desacordo . com a linha 0110 doxa do
mes,mo orgao. . HaJa. ,1sta .o dexempl o de Jose de Alencar. o cronista dev
d~ . , e
procunn~detende: a s~a m epen encia moral,_alem do mais pelo efeito
psicologico que essa atitude_pro~uz sobre os lertores. Por isso mesmo. al-
uns leitores. ou por que nao dizer. os leitores em geral procuram numa
g " .
folha a cromca como se p~cura_um conto, um poema ou um capítulo de
romance·. No bazar de voc1feraçoes que e o jornal moderno. com escân-
O
dalo diário de suas manchetes. a crônica de sabor literário é música de
câmara para a qual sempre haverá uma escuta dedicada. Naturalmente, a
música irá variando de acordo com as transformações do gosto de cada
época.
g) A crônica e o livro. Pode -se sustentar que a crônica não pe1ience à
literatura, e sim, ao jornalismo'? Não sera antes um gênero anfíbio que
tanto pode viver na coluna de um jornal corno na pagina de um livro? Há
quem sustente o ponto de vista de que a crônica deve permanecer na fo-
lha, para que foi escrita. E, por esse raciocmio, acredita -se que só o livro é
que pode assegurar a permanência de um determinado gênero . É certo que
o livro alarga consideravelmente o campo de divulgação, mas é enganoso
supor que o livro é que dá qualificação definitiva a qualquer escrito. E a
crônica que não haja pago excessivo tributo à frivolidade ou não seja urna
simples reportagem, estará sempre a salvo, corno obra de pensamento ou
de arte, embora não saia nunca das folhas de um periódico .
135
ço, ela se distingo~ ~o jor~ali~mo, o qu_e
é i~p orta nte , por qua nt~ a crônica
, ge"nero lite ran o mais hga do ao Jorn al,
e um mas , enq uan to o Jornalisrn
(artigos, editoriais, tópicos) tem ,no fª~º. b. . .
~ seu o ~e~1~~' seJa par a informaor
divulgando-o, seja par a com enta -lo dm
gm do a opm iao, par a a crônica
fato só vale, nas vez es em que ela o util 0
iza, com o meio ou pretexto, de
que O artista retira o máximo par tido , com
as virt uos idad es ?e seu estilo,
de seu espírito (de fines se), de sua gra ça,
de sua s facu ldad es mventivas. A
crônica é na essê ncia um a form a ,de arte
ima gin ativ a, arte da palavra, a
que se liga forte dos e de lirismo. E um
gên ero alta men te pes soa l, uma re-
ação individual, íntima, ante o esp etác
ulo da vida, cois as, sere s. O cro-
nista é um solitário com âns ia de com uni
car- se. Par a isso , utiliza-se litera-
riamente des se meio vivo, insi nua nte, ágil
que é a crô nica .
Pela sua natu reza ensaística, a crô nica
aproxima-se do ensaio de tipo
inglês, familiar, informal, coloquial.
De qua lque r mod o, com o salientou Edu
ard o Por tela , o fundamental
na crô nica é a sup eraç ão de sua bas e jorn
alís tica e urb ana em busca da
tran sce ndê ncia , seja con stru ind o '"uma
vida além da not ícia ", seja enri-
quecendo a notícia " com elemento s de
tipo psicológico, met afis ico" ou
com o hum our , seja fazendo '"o subjetiv
ismo do arti sta" sob rep or-s e "à
preocupação objetiva do cro nist a''.
A integração da crónica se dá qua ndo ela
atinge a tran sce ndê ncia lite-
rária.
Ent ão ela se torn a um gênero literário autô
nom o, tal com o oco rre na
literatura brasileira, em que ela substitui
o essa y dos ingleses.
* Gilberto Amado (Est:incia, SE, 1887 - Rio de Janeiro. 196l)) _ Juri,;ta. tfiplomara, po-
eta, romancista, mcmorialis~a. ensaísta pol_íti:º· Fc, o_s cstu~os prirnarios cm casa. c os supe-
riores em Recife, onde se diplomou cm D1rc1to, depois de ta,cr o curso de fannücia cm Sal-
138
sto afresco de suas memórias, as quais retratam cinqüenta
arav1·1ha'dno brasileira
va · atraves .
, do o lh ar agudo, percuc1ente ·
e ·mtehgente de
111
anos da vi ª onalidade. A espinha dorsal de suas memórias é O mito da
alta pers ,. · h · ''M · ·
of1l~ . e de sua permanenc1a no. _ornem. _as o menmo contmuou den-
iofancia . e é à sua presença m1htante e buliçosa no espírito do homem
tro de rnirn tribuo haver encontrado, no fato de viver, a plenitude que a
fe!to que ~ontra no brinquedo." Esta a razão da sedução que essa figura
iança en . . ,. .
cr nas gerações mais Jovens, como o prova o ex1to de suas memó-
exerceu
. Através do menmo, · em presença mi·1·1tante e bu1·1çosa, seu espírito se
oas.t ve sempre em contato com a vida. Daí a generosidade ampla e gri-
rnan e , . D ,
que encontramos em suas memonas.d a1 esse, calor de humanidade
t ·
tan edelas ressuma. Da1, o 1·msmo ·
fabu1oso e suas pagmas.
que , . ,. Daí o estuante
enso de ·humor. E a cnança no espmto do homem e o feitio de espírito de
~ilberto Amado é justamente, na sua inquietude, agilidade, dinamismo,
urna imagem viva de fidelidade aos valores da infância, mesmo em pleno
fastígio de suas qualidades maduras e adultas, como o provam essas me-
mórias. Depois de muito vagar pelo mundo volta sem que se notem as ci-
catrizes do caminho, o mais leve pessimismo. O que flui dos lábios é um
puro sopro de generosidade humana. O que ressalta, sobretudo, é a liber-
dade do espírito, o intelectual infenso a ortodoxias e não enfeudado a gru-
pos e compromissos. É o intelectual livre, da linhagem de Luciano, Mon-
taigne, Swift, a família dos inortodoxos. Além de tudo, a significação de
suas memórias ainda é mais alta se se considerar o seu estilo. É o grande
escritor, senhor de uma língua dúctil, vivaz, rica, sugestiva, seivosa, em
que se casam à maravilha a tradição e a originalidade, a índole tradicional
e o mais audacioso coloquialismo e brasileirismq, um escritor dotado ex-
traordinariamente do senso da língua e do sabor da palavra, tendo alcan-
çado o equilíbrio ideal entre o velho e o novo, o universal e o local. Nesse
escritor, encontra-se um exemplo daquele ideal de Mathew. Arnold da
vador. Professor de Direito no Rio de Janeiro, onde fez jornalismo. Deputado Federal por
Sergipe de 1915 a 1930. Entrou para a diplomacia, tendo representado o Brasil em diversas
conferências internacionais, além de ter sido embaixador em vários países. Foi membro da
Comissão Internacional da ONU (desde 1948). Membro da Academia Brasileira de Letras.
Bibliografia
139
. l ., l"lH lhl H't1 ..·ulo 11a111r:il dos me1
itos do pc11samc11to poé tico . N • .
p 1, ~.. • _ •
fundçni a m: 1101 •
1.k11,1d,1d1. hurn,111, • • • • •
1 t:, <.~ m,us mtc• nso
• • • • • e 1d xe
did;1<.k d.i inte1pll'ta,·al.l moral e !1 ~1ag c,1'01 lrnco , a prof un.
1ca natural da poesia. O lirismo , urn
im1.·n,1.l rn) 111 1co . at I avcs~a as pag
ma~ dc<:>sas recordaçoes, cspccialrnente
'"'<.HlW lll) prn11ciro v{,t ume . no con
tato com a Nat ure za, comurncando-lh
'
st.·m du, ida sua uru dac k. aqu~la . unidad
t"ic..~n1..·1a. púr cm pela poesia, cuJa mte
e d: vida, que não se capta
rpretaçao da vida não se dirige a uma
pe~:
st> fa("u(dadc. mas ao homem todo.
No gênero do diário, impõe-se o registr
o do Diário (1960) de Roberto
Ah 101 Corrê a ( 1901-1983), repositório
interessante sobretudo por suas im-
pressões de leitura, e o Diário (1961)
de Lúcio Cardoso (1913-1968), do-
cum ent ano impressionante de uma alm
a con turb ada em luta com os pro-
blemas do ser, do destino, do homem.
140
, encerra a idéia de mostrar que o Brasil J.á J)O\su, 0 \. seus " va-
cuJ•o utu1o ,,
•
- s ilustres . , . 1· , . d ,
roe A própria hist~na iterana a e_poca era um misto de antologia e notí-
. . gráfica. Assim, a obra do Conego Fernandes Pinheiro (1825 _1876 )
. l (R.io de Janeiro, 1862), e a de So-'
·ta b10
I,; urso e/em~ntar e ·
d 1iteratur~ nacwna
e dos Reis (1800-1971), Literatura portuguesa e brasileira (São Luís do
Maranhão, 1973), 1·,vr?s.d e cun h o d"d'
rero · · ·
t att~o, amda considerando as literatu-
ras p0rtuguesa e bras1le1~a ~o~o ~ma so, obedecem_ a essa orientação.
Na linha da fonte b1ob1bhografica, as obras cuJa referência se impõe
com o Dicionário bibliográ'ico brasi-
sa- 0 .. Sacramento Blake
I ,.(1827-1903),
• 'J'
leiro (1883-1902); nocenc10, com o Dicionário bibliográfico português
(1858-192_3); J. M. Macedo, A_no bio~rá!ko brasileiro, ~876. Mais moderno
é: Fernão Neves, A Academia Brasileira de Letras. Rio de Janeiro, ABL,
1940.
No gênero da biografia propriamente literária, ou de escritores, em
que se aliam a descrição da vida e a crítica da obra, presumindo-se que o
conhecimento de uma conduza à compreensão da outra, ressalta Araripe
!Júnior, com José de Alencar (1882) e Gregório de Matos (1894). Mais re-
centêmente, o gênero floresceu e se multiplicaram os seus cultores. As-
sim: Homero Pires (1 887-1962), com Junqueira Freire (1929); José Maria
Belo (1885-1959), Artur Mota (1879-1936), Carlos Pontes (1885-1957), Elói
Pontes (1 888-1967),_ Sílvio Rabelo (1899), Múcio Leão (1898-1970), Os-
valdo Orico (1 900-198 1), Carlos Sussekind de Mendonça (1899-1970),
Hermes Lima (1 902), Lúcia Miguel Pereira (1903-1959), Luís Viana Filho
(1 908), L uís Delgado (1 906), Ivan Lins (1904), Viana Moog (1906), Edgar
1
Cavalheiro (1 911 -1958), F rancisco de Assis Barbosa (1914). º
NOTAS