Capitulo 5
Capitulo 5
Capitulo 5
Gêneros textuais e
tipos de textos
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Gêneros textuais e tipos de textos
definirão o modo de recepção do texto por aqueles que o leem. Todas essas
atividades dizem respeito ao gênero de texto que se vai produzir.
Na atualidade, a questão do gênero passou a ser discutida no meio lin-
guístico e deixou de ser exclusivo do meio literário. Bakhtin (1997, p. 279)
assevera que:
A utilização da língua efetua-se em forma de enunciados
(orais e escritos), concretos e únicos, que emanam dos inte-
grantes duma ou doutra esfera da atividade humana. O
enunciado reflete as condições específicas e as finalidades
de cada uma dessas esferas, não só por seu conteúdo (temá-
tico) e por seu estilo verbal, ou seja, pela seleção operada nos
recursos da língua – recursos lexicais, fraseológicos e gra-
maticais –, mas também, e sobretudo, por sua construção
composicional. Estes três elementos (conteúdo temático,
estilo e construção composicional) fundem-se indissoluvel-
mente no todo do enunciado, e todos eles são marcados pela
especificidade de uma esfera de comunicação. Qualquer
enunciado considerado isoladamente é, claro, individual,
mas cada esfera de utilização da língua elabora seus tipos
relativamente estáveis de enunciados, sendo isso que denomi-
namos gêneros do discurso.
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5.2.1 Narração
Apresenta episódios e acontecimentos costurados por uma evolução
cronológica das ações. Essas ações são vistas sob determinada lógica e cons-
troem uma história transmitida por um narrador. No texto narrativo, há
sempre presente quem, quando, onde e como.
Observe o exemplo a seguir.
Tragédia brasileira
Misael, funcionário da Fazenda, com 63 anos de idade. Conhe-
ceu Maria Elvira na Lapa, prostituída, com sífilis, dermite nos dedos,
uma aliança empenhada e os dentes em petição de miséria. Misael
tirou Maria Elvira da vida, instalou-a num sobrado no Estácio, pagou
médico, dentista, manicura... Dava tudo quanto ela queria. Quando
Maria Elvira se apanhou de boca bonita, arranjou logo um namo-
rado. Misael não queria escândalo. Podia dar uma surra, um tiro, uma
facada. Não fez nada disso: mudou de casa.
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Gêneros textuais e tipos de textos
Viveram três anos assim. Toda vez que Maria Elvira arranjava
namorado, Misael mudava de casa. Os amantes moraram no Está-
cio, Rocha, Catete, Rua General Pedra, Olaria, Ramos, Bom Sucesso,
Vila Isabel, Rua Marquês de Sapucaí, Niterói, Encantado, Rua Clapp,
outra vez no Estácio, Todos os Santos, Catumbi, Lavradio, Boca do
Mato, Inválidos...
Por fim na Rua da Constituição, onde Misael, privado de senti-
dos e inteligência, matou-a com seis tiros, e a polícia foi encontrá-la
caída em decúbito dorsal, vestida de organdi azul (BANDEIRA,
1991, p. 27).
5.2.2 Descrição
Apresenta objetos, pessoas, lugares e sentimentos, utilizando deta-
lhes concretos. Evidencia a percepção que o autor tem dos objetos e dos
sentimentos através dos cinco sentidos. É a fotografia verbal dos fatos ou
dados apresentados.
Leia, como exemplo, o texto destacado a seguir.
Darcy Ribeiro
Um dos mais brilhantes cidadãos brasileiros, Darcy Ribeiro pro-
vou ao mundo que um homem de nada mais precisa além da coragem
e da força de vontade para modificar aquilo que, por covardia, sim-
plesmente ignoramos. Ouvi-lo, mesmo que por alguns instantes, nos
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Neste texto, André Luiz Diniz Costa faz uma descrição geral de
Darcy Ribeiro, exaltando suas qualidades de homem e de intelectual. No
primeiro parágrafo do desenvolvimento suas características físicas é que
são apresentadas. No terceiro e quarto parágrafos, os aspectos psicológicos
são mostrados. Na conclusão, reafirma a descrição com novos atributos de
caráter geral.
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5.2.3 Dissertação
Apresenta ou explica ideias, esclarecendo-as, organizando-as, confron-
tando-as, definindo-as sem, no entanto, tomar uma posição com relação a
elas. É uma exposição. Veja o texto a seguir.
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5.2.4 Argumentação
Apresenta fatos, problemas, raciocínios que fundamentarão, sustenta-
rão a tese defendida, ou seja, o ponto de vista assumido na argumentação
em uma opinião. Argumentar significa provar, demonstrar ou defender um
ponto de vista particular sobre determinado assunto (KÖCHE, 2008).
Para uma boa argumentação, o produtor do texto pode se servir de dife-
rentes tipos de argumentos, entre os quais destacamos alguns a seguir.
2 Argumento de autoridade
Consiste no uso de citações de conceitos de autores renomados e
de autoridades em alguma das áreas do saber (educadores, filóso-
fos, físicos, administradores, economistas), servem para reforçar,
fundamentar uma ideia, uma tese, um ponto de vista. Este tipo
de argumento torna o texto mais consistente à medida que outras
vozes reforçam o que o autor do texto está dizendo.
2 Argumento baseado no consenso, com exemplos
O uso de exemplos conhecidos e aceitos desperta a familiaridade
do leitor com o tema, conquistando a sua adesão e tornando o
texto mais fácil de ser compreendido.
2 Argumento baseado em provas concretas
As provas concretas são argumentos de difícil contestação porque
dão concretude ao discurso. Destacam-se os dados estatísticos, os
relatos de fatos, exemplos e ilustrações retirados, inclusive, da his-
tória universal, que apresentam detalhes, são longos, minuciosos e
reforçam as informações abstratas dos conceitos.
2 Argumento lógico
Este tipo de argumento faz-se pelo raciocínio. É um conjunto
de enunciados que estão relacionados uns com os outros de tal
forma que enquanto um apresenta uma tese, os demais enun-
ciados são justificativas ou premissas para a conclusão (TOUL-
MIN, 2006).
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5.3.1 Relatório
É um gênero utilizado em muitas situações práticas e sociais, uma vez
que se tem que prestar contas das atividades realizadas, ou na família, oral-
mente, para comunicar nossos atos. Portanto, relatar é escrever, para alguém
ausente, os acontecimentos, fatos ou discussões ocorridos em um determi-
nado local, descrevendo, narrando e, muitas vezes, dissertando.
A estrutura do relatório vai depender do espaço social no qual ele será
produzido, quais os objetivos a que ele deve atender. Do mesmo modo, o grau
de formalidade ou informalidade da estrutura linguística a ser seguida.
No meio escolar o professor deve produzir relatório de notas, relatório de
avaliação descritiva nas séries iniciais. Os alunos podem ser chamados a pro-
duzir relatório de visitas a exposições, viagens, prática e estágio. Já no mundo
corporativo, os relatórios estão relacionados com custos, despesas, lucros.
Quanto à estrutura, este gênero classifica-se em formal, informal e
semi-informal (FLÔRES, 1994).
2 Relatório formal: é rigoroso na forma de apresentação e estru-
tura, seguindo todas as normas de um trabalho técnico. É extenso,
contendo mais de 15 páginas, e o assunto é tratado com muita pro-
fundidade. Os relatórios de estágio ou de término de curso entram
nesta categoria.
2 Relatório informal: trata de um único assunto, sua apresentação
é breve, é redigido em poucas páginas (uma ou duas), às vezes ape-
nas com um parágrafo, não exigindo cabeçalho nem título. Pode
ser manuscrito ou digitado. São exemplos de relatório informal o
memorando e a carta-relatório.
2 Relatório semi-informal: é identificado pela sua extensão, con-
tendo de 5 a 15 páginas, maior que o informal. Trata de assunto de
certa complexidade, exigindo pesquisa ou investigação. O relató-
rio de visita, com objetivo predeterminado, é um exemplo de rela-
tório semi-informal.
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2 Embaixo (centralizado)
NOME DOS(AS) ACADÊMICOS(AS)
LOCAL – ANO/SEMESTRE
FOLHA DE ROSTO
2 Na parte superior (centralizado/maiúsculo)
FUNDAÇÃO UNIVERSIDADE DO TOCANTINS/FACUL-
DADE EDUCACIONAL DA LAPA
CURSO DE PEDAGOGIA
ESTÁGIO SUPERVISIONADO III
2 No centro:
TÍTULO DO TRABALHO
Abaixo do título, recuado à direita, com letra fonte 10, vai a nota
indicativa da natureza do trabalho, escrito:
Relatório analítico-descritivo expandido como exigência legal
do curso de pedagogia da Fundação Universidade do Tocantins/
Faculdade Educacional da Lapa.
� Embaixo da folha deverá constar o nome dos integrantes da
equipe, local, ano/semestre.
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO
2. IDENTIFICAÇÃO DA ESCOLA/ANÁLISE DO ESPAÇO
ESCOLAR
3. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA SOBRE A OBSERVAÇÃO
DA DOCÊNCIA NOS ANOS INICIAIS DO ENSINO FUNDA-
MENTAL
3.1 Descrição, análise e interpretação da observação da docência no
1º ano
3.2 Descrição, análise e interpretação da observação da docência no
2º ano
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5.3.2 Ata
A ata é o registro escrito de uma reunião, sessão, assembleia geral ordi-
nária ou extraordinária, que tem efeitos legais. Quando não houver necessi-
dade de formalidades legais, pode-se fazer apenas um relatório de reunião.
Uma ata deve ser escrita em um só parágrafo, os assuntos seguem em
ordem cronológica, com o verbo no pretérito perfeito do indicativo e os nume-
rais registrados por extenso. Não pode conter rasuras. Se houver algum erro e
for percebido, escreve-se a correção precedida da observação “em tempo”.
Para o seu registro deve haver um livro próprio, com páginas numera-
das e rubricadas por quem fez o “termo de abertura”.
São partes componentes da ata:
2 título;
2 introdução com data, local e hora;
2 registro dos presentes; composição da mesa; discriminação das
publicações relacionadas com a reunião, como relatórios, editais;
2 deliberações;
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2 encerramento.
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Nome Completo
[Endereço completo]. Telefone: [Telefone com DDD] – E-mail:
[E-mail]. Idade: [Idade] anos – estado civil: [estado civil].
Objetivo: [vaga ou oportunidade pretendida]
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Formação acadêmica:
2 curso do ensino médio
2 curso profissionalizante ou técnico
2 curso superior
(data de início e término, escola e universidade)
Experiência profissional:
2 data de início e término
2 nome da empresa
2 cargo exercido
2 atividades realizadas
Qualificações e atividades complementares:
2 descrição de outros cursos realizados
2 descrição de atividade relevantes realizadas
Informações adicionais:
� tem algo de especial que ocorreu com você, como algum
prêmio, publicação de algum artigo, livro – descrever
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Referências bibliográficas
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Paulo: Escala, s. d.
MARX, K. Contribuição à crítica da economia política. São Paulo:
Martins Fontes, 1977.
MARX, K; ENGELS, F. Manifesto do Partido Comunista. Tradu-
ção de Pietro Nassetti. 2. ed. São Paulo: Martin Claret, 2000.
ROUSSEAU, J. J. Discurso sobre a origem da desigualdade entre os
homens. São Paulo: Escala, s. d.
SEN, A. Desigualdade Reexaminada. 2. ed. Rio de Janeiro: Record,
2008.
SOUZA, J. Os Batalhadores Brasileiros – Nova classe média ou
nova classe trabalhadora? Belo Horizonte: UFMG, 2010.
WEBER, M. Ensaios de Sociologia. 5. ed. Rio de Janeiro: Guana-
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Fonte: LADEIRA, F. F. Considerações sobre as faces das desigualdades
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br/uploads/artc_1325883740_70.pdf>. Acesso em: 19 set. 2012.
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Gêneros textuais e tipos de textos
Síntese
Neste capítulo, dialogamos sobre os gêneros textuais e vimos que eles
são inumeráveis, uma vez que, em cada situação de interação verbal, há
necessidade de se saber qual é a melhor maneira de utilizar a linguagem.
Necessário é observar os três elementos essenciais: os conteúdos ideologi-
camente conformados, que se tornam dizíveis por meio do gênero; a forma
de composição, a estrutura formal dos textos pertencentes ao gênero; e as
marcas linguísticas ou de estilo, que levam em conta as questões individuais
de seleção e opção: vocabulário, estruturas frasais, preferências gramaticais.
Vimos, também, alguns textos que fazem parte da vida dos profissionais
de qualquer área, como o relatório, a ata, o currículo, o artigo e cada um com
os seus elementos essenciais.
Destacamos, ainda, a importância do conhecimento dos modos discur-
sivos que podem ser usados em todos os gêneros, dependendo do objetivo
que se quer alcançar com as palavras, que são: a narração, a descrição, a dis-
sertação opinativa ou argumentativa.
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