Viver Com A Colite Ulcerosa
Viver Com A Colite Ulcerosa
Viver Com A Colite Ulcerosa
Colite Ulcerosa
Um futuro sem Doença de Crohn e Colite Ulcerosa
A Associação Portuguesa da Doença Inflamatória do Intestino (Colite Ulcerosa
e Doença de Crohn) é uma organização voluntária, sem fins lucrativos, que tem
como objectivos:
O texto publicado nesta brochura é da autoria da CCFA (Crohn’s & Colitis Foundation of America), que autorizou a sua
tradução e adaptação. A revisão médica foi feita pelo Dr. Francisco Portela.
2 1
Viver com Colite Ulcerosa
Índice
Compreender o diagnóstico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 2
O que é a Colite Ulcerosa? . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 2
Tem cura? . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 3
Breve introdução ao aparelho gastrointestinal . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 3
Quem poderá ter Colite Ulcerosa . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5
O que está na origem da Colite Ulcerosa? . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 6
Quais são os sinais e os sintomas? . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 6
Fazer o diagnóstico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9
Algumas questões que pode colocar ao seu médico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 10
Tratamento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 10
Gerir os sintomas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 12
Outras considerações:. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13
Cirurgia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13
Dieta e nutrição . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13
Terapias complementares e alternativas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15
Stress e estados emocionais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16
Manter-se saudável . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16
Viver a vida . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17
Glossário de termos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21
Compreender o diagnóstico
O seu médico informou-o/a que tem Colite Ulcerosa (UC). E agora?
O mais certo é nunca ter ouvido falar desta doença. De facto, a maioria das pessoas
desconhece o que é a colite ulcerosa e agora você vê-se obrigado a lidar com o
seu diagnóstico.
Antes de mais deve ter muitas perguntas. De seguida, listamos as mais comuns:
• O que é a colite ulcerosa?
• Conseguirei continuar a trabalhar, a viajar e a praticar exercício físico?
• Devo adotar uma dieta especial?
• Quais são os tratamentos que tenho à minha disposição?
• Irei ter de fazer uma operação?
• Em que medida é que a colite ulcerosa irá afetar a minha vida agora e no futuro?
• A colite ulcerosa tem cura e qual é o prognóstico?
O objetivo desta brochura é dar resposta a estas questões, abordar pontos fulcrais
sobre a colite ulcerosa e dar-lhe uma ideia do que esperar no futuro. Uma pessoa,
quando confrontada com a doença pela primeira vez, não se irá tornar uma perita
da noite para o dia mas irá, com toda a certeza, aprender cada vez mais sobre a CU
à medida que o tempo passa. Isto significa que, quanto mais informado/a estiver,
melhor irá gerir a sua doença e garantir que é um membro ativo da sua equipa
de saúde.
2
Viver com Colite Ulcerosa
Tem cura?
Ninguém sabe ao certo quais são as causas da colite ulcerosa. Do mesmo modo,
ninguém consegue prever como é que a doença – logo que é diagnosticada – irá
afetar cada pessoa em particular. Algumas pessoas conseguem passar anos sem ter
nenhum sintoma, enquanto outras pessoas têm crises frequentes da doença. Não
obstante isto, uma coisa é certa: a colite ulcerosa é uma doença crónica.
A colite ulcerosa pode ser mantida sob controlo com medicação mas não têm
cura, o que significa que é uma condição de longa duração. Em verdade, a maioria
das doenças, como é o caso da diabetes, da hipertensão e das doenças cardíacas
são tratadas eficazmente mas não curadas. Ocasionalmente, o paciente pode ter
complicações sérias – como é o caso do cancro colorrectal – mas tal ocorre num
número muito reduzido de pessoas com DII. Os estudos mostram que as pessoas
com DII têm a mesma esperança média de vida que as pessoas sem DII. É importante
lembrar que a maioria das pessoas que tem colite ulcerosa tem uma vida em pleno,
feliz e produtiva.
3
O primeiro órgão é o esófago, um tubo estreito que liga a boca ao estômago. A
comida passa pelo estômago e entra no intestino delgado. Esta é a seção onde
ocorre a absorção da maioria dos nutrientes. O intestino delgado é seguido pelo
cólon, também denominado intestino grosso, que faz ligação ao reto.
Cavidade oral
Traqueia
Esófago
Fígado
Estômago
Vesícula biliar
Duodeno Pâncreas
Cólon transverso
Intestino grosso
Íleo
(intestino delgado)
Íleo terminal
Ceco
Apêndice
Reto
Ânus
4
Viver com Colite Ulcerosa
O fator genético
Os cientistas descobriram que a colite ulcerosa terá um fator genético. De facto, no
que concerne a parentes em primeiro grau de uma pessoa que tenha a doença, o
risco de ter uma DII varia entre os 5.2% e os 22.5%. Do mesmo modo, a incidência
da doença também está dependente do parente que tem DII, da etnia e do tipo
de DII – doença de Crohn ou colite ulcerosa. Do mesmo modo, os nossos genes
também parecem desempenhar um papel importante apesar de não ter sido ainda
identificado um padrão específico de herança genética. Isto significa que, neste
momento não há maneira de prever qual o membro da família, se algum, que irá
ter colite ulcerosa.
5
O que está na origem da Colite Ulcerosa?
Ninguém sabe precisar o que está na origem da doença.
Uma coisa é certa: Não há nada que possa ter feito que tenha causado o apareci-
mento da colite ulcerosa. Do mesmo modo, não há possibilidade de a ter contraído
e também não há nada que tenha comido ou bebido que possa estar na origem
dos sintomas. O facto de ter um estilo de vida stressante também não levou ao
aparecimento da doença. Por todas estas razões, e acima de tudo, é importante
que não se culpe!
Muitos peritos consideram que existe uma explicação multifatorial, isto é, que é
necessário haver a combinação de uma série de fatores que, por sua vez, originam
a colite ulcerosa. Os fatores principais que se acredita, estarem na origem da colite
ulcerosa são:
1) Ambiental
2) Genético
3) Uma reação inadequada do sistema imunitário
É provável, que uma pessoa herde um ou mais genes que a tornam suscetível à colite
ulcerosa. Isto, combinado com uma alteração ambiental, despoleta uma reação
anormal do sistema imunitário. Os cientistas ainda não identificaram o agente ou
agentes ambientais que despoletam esta reação, no entanto, seja qual for o agente,
este leva o sistema imunitário humano a “acionar-se” e a atacar o intestino grosso.
É então que ocorre a inflamação. Infelizmente, o sistema imunitário não se “desliga”
e a inflamação não desaparece acabando por danificar a mucosa e dando origem
aos sintomas da colite ulcerosa.
Isto, por sua vez, origina um desprendimento das fezes – em outras palavras, diar-
reia. Do mesmo modo, a mucosa inflamada pode começar a produzir lubrificante
intestinal em excesso nas fezes. Adicionalmente, a ulceração da mucosa pode causar
6
Viver com Colite Ulcerosa
A maioria das pessoas com colite ulcerosa sente um desejo urgente de evacuar e
dor abdominal tipo cólica. A dor poderá ser mais forte no lado esquerdo, mas pode
ocorrer em qualquer zona do abdómen. Quando combinados, estes dois sintomas
podem originar perda de apetite e, consequentemente, perda de peso. Do mesmo
modo, estes sintomas, juntamente com a anemia causam fadiga. As crianças com
colite ulcerosa podem ter problemas de desenvolvimentos e crescimento.
Variedade de sintomas
Aproximadamente metade dos pacientes com colite ulcerosa tem sintomas ligeiros.
No entanto, outros podem ter cólicas abdominais fortes, diarreia sanguinolenta,
náuseas e febre. Estes sintomas da colite ulcerosa tendem a aparecer e desaparecer.
7
Entre crises o paciente pode não sentir qualquer mal-estar. Estes períodos (deno-
minados remissão) podem estender-se por meses ou mesmo anos, apesar de os
sintomas tenderem a manifestar-se mais cedo ou mais tarde. O percurso imprevisível
da colite ulcerosa pode dificultar a seleção, por parte dos médicos, de um tratamento
em específico. Do mesmo modo, é difícil precisar se o tratamento foi eficaz ou se
a remissão ocorreu por conta própria.
Complicações possíveis
As complicações da colite ulcerosa não podem ser consideradas como inevitáveis ou
até frequentes – especialmente no caso de pacientes que estão a ser devidamente
acompanhados. No entanto, as complicações são suficientemente comuns e são
tão variadas que é importante conhecê-las.
8
Viver com Colite Ulcerosa
Fazer o diagnóstico
Como é que o seu médico diagnostica a colite ulcerosa?
Uma vez que existem outras doenças com os mesmos sintomas da colite ulcerosa,
o médico irá basear-se nos exames médicos para excluir todas as outras doenças
que poderão estar na origem dos sintomas, como por exemplo, infeção.
9
Algumas questões que pode colocar ao seu médico
É importante comunicar com o seu médico.
• Estes sintomas podem estar a ser causados por outra doença que não a colite
ulcerosa?
• Que exames tenho de fazer para determinar a origem dos sintomas?
• Devo fazer os exames durante uma crise ou periodicamente?
• Quais são as partes do meu aparelho gastrointestinal que estão afetadas?
• Como é que posso saber se a minha medicação tem de ser ajustada?
• Quanto tempo demora a ver resultados ou a definir se esta é a medicação
indicada para o meu caso?
• Quais são os efeitos secundários da medicação? O que devo fazer se os sentir?
• O que devo fazer se os sintomas voltarem? Quais são os sintomas que devo
considerar como urgentes?
• Se não conseguir marcar consulta rápida existe outra medicação não sujeita
a prescrição médica que posso tomar para auxiliar a medicação que estou a
tomar?
• É necessário fazer ajustes à minha dieta ou tomar suplementos alimentares?
Pode recomendar-me um nutricionista ou suplementos alimentares?
• Tenho de fazer alterações ao meu estilo de vida?
• Quando é que devo marcar nova consulta para fazer o acompanhamento da
doença?
Tratamento
Existem tratamentos eficazes que ajudam a controlar a colite ulcerosa e a levam a
entrar em remissão.
10
Viver com Colite Ulcerosa
Nos últimos anos, os médicos têm estado a recorrer a uma série de medicamentos
para o tratamento da colite ulcerosa. Paralelamente a estes existem medicamentos
mais recentes. Os medicamentos que são frequentemente prescritos inserem-se
em 4 categorias:
11
Aminossalicilatos e os Corticosteroides não surtiram efeito ou produziram
efeitos parcialmente eficazes. Estes medicamentos podem ser eficazes na
redução ou eliminação da necessidade de usar corticosteroides. Também podem
ser eficazes na manutenção do estado remissivo em pessoas que não reagiram
a outros medicamentos prescritos com o mesmo fim. Os imunomoduladores
podem ter de ser tomados durante alguns meses antes de começarem a surtir
efeito.
Gerir os sintomas
Mesmo quando não há efeitos secundários ou quando estes são mínimos pode-se
tornar incómodo tomar medicação regularmente. Peça ajuda ao seu médico. No
entanto, lembre-se que a toma regular de medicação pode reduzir significativamente
a ocorrência de crises da colite ulcerosa. Entre crises a maioria das pessoas sente-se
bem e não tem sintomas.
A melhor maneira de controlar a colite ulcerosa é a toma dos medicamentos tal como
prescrita pelo médico. No entanto, os medicamentos não irão eliminar de imediato
todos os sintomas. Pode continuar a ter diarreia, cólicas, náuseas e a fazer febre.
Pergunte ao seu médico quais são os medicamentos não sujeitos a receita médica
que pode tomar para aliviar os sintomas.
Do mesmo modo, também pode tomar medicação para auxiliar a digestão. Para
reduzir a febre ou aliviar dores nas articulações fale com o seu médico sobre a
possibilidade de tomar acetaminofeno em vez de tomar anti-inflamatórios não
esteroides (AINEs), como é o caso da aspirina, do ibuprofeno, e do naproxeno, uma
vez que os AINEs podem afetar o sistema digestivo. Siga as instruções constantes
das bulas dos medicamentos não sujeitos a receita médica que tomar.
12
Viver com Colite Ulcerosa
Outras considerações
Cirurgia
A maioria das pessoas que sofre de colite ulcerosa reage bem aos medicamentos e
poderá nunca ter de fazer uma cirurgia. No entanto, entre 25% a 33% dos indivíduos
poderá eventualmente ter de fazer uma cirurgia.
Dieta e nutrição
Poderá questionar-se se o facto de ter comido alguns alimentos em especial causou
ou contribuiu para o aparecimento da colite ulcerosa. A resposta a esta questão é
“Não”. No entanto, a partir do momento em que a doença é detetada, é aconselhável
prestar atenção à sua dieta para ajudar a minimizar os sintomas, repor nutrientes
perdidos e potenciar o tratamento.
Não existe uma dieta ou plano alimentar em especial que funcione com toda a
gente que tem colite ulcerosa. As recomendações ao nível da dieta alimentar têm de
ser adaptadas caso a caso – tendo em conta a secção do intestino que foi afetada
13
e os sintomas que o paciente tem. A colite ulcerosa varia de pessoa para pessoa e
existem até variações na mesma pessoa ao longo do tempo. O que funcionou para
uma pessoa com colite ulcerosa poderá não funcionar para outra pessoa com a
mesma doença. Do mesmo modo, o que funcionou com uma pessoa anteriormente
poderá não funcionar com a mesma pessoa no futuro.
Poderá haver alturas em que modificar a sua dieta pode ser benéfico, especialmente
durante um episódio de agudização. Existem algumas dietas que podem ser reco-
mendadas pelo seu médico em alturas diferentes, nomeadamente:
• Dieta com baixo teor de sal – Usada durante tratamentos com corticosteroides
para reduzir a retenção de água.
• Dieta com baixo teor de fibras – Usada para evitar a estimulação dos movi-
mentos do cólon em casos de colite ulcerosa.
• Dieta com baixo teor de gorduras – Recomendada durante um episódio de
agudização, quando a absorção de gorduras se pode tornar um problema.
• Dieta sem lactose – Para casos em que as pessoas não podem consumir pro-
dutos lácteos.
• Dieta com alto valor calórico – Para casos, nos quais há a perda de peso ou
atraso no crescimento.
14
Viver com Colite Ulcerosa
• Reduza a ingestão de fritos ou gorduras na sua dieta uma vez que estas podem
causar diarreia ou flatulência.
• Faça refeições mais pequenas e com intervalos mais curtos.
• Reduza o consumo de leite e seus derivados e se for intolerante à lactose evite
o seu consumo.
• Evite o consumo de bebidas gaseificadas se tiver flatulência.
• Evite o consumo de cafeína quando tem diarreia uma vez que a cafeína pode
agir como laxante.
• As comidas leves são mais facilmente toleradas do que as comidas condimen-
tadas.
• Evite o consumo de comidas com alto teor de fibra, como é o caso de frutos de
casca dura, sementes, milho e pipocas. Este tipo de alimentos não é totalmente
digerido pelo intestino delgado e pode causar diarreia e mal estar.
Isto não significa que tem de comer certo tipo de alimentos e evitar outros. A maio-
ria dos médicos recomenda uma dieta bem equilibrada para prevenir deficiências
nutricionais. Uma dieta saudável deve conter uma variedade de alimentos oriundos
de todos os grupos alimentares. A carne, o peixe, as aves e os produtos lácteos
(se estes forem tolerados pelo corpo) são fontes de proteína; o pão, os cereais, os
amidos, as frutas e os vegetais são fontes de hidratos de carbono; a margarina e
os óleos são fontes de gordura. Os suplementos alimentares, como é o caso das
multivitaminas, podem ajudar a colmatar as falhas existentes na dieta.
Para mais informações, aconselhe-se com o seu médico sobre o melhor tipo de terapia
para o seu caso.
15
Stress e estados emocionais
A colite ulcerosa afeta virtualmente todos os aspetos da vida de uma pessoa. Se
tem colite ulcerosa terá também dúvidas quanto à relação existente entre esta e
o stress e os fatores emocionais.
Manter-se saudável
É importante manter um estilo de vida saudável. Ao mesmo tempo que trabalha com
o seu gastroenterologista, fale com o seu médico assistente sobre outros assuntos
importantes, como é o caso da vacinação, saúde oral, realização de colonoscopia
e mamografia assim como análises ao sangue.
16
Viver com Colite Ulcerosa
Viver a vida
Descobrir que tem colite ulcerosa pode ser difícil e stressante. À medida que o
tempo passa, esta realidade nem sempre irá ocupar um lugar privilegiado no seu
pensamento. Enquanto isto não acontece não esconda a sua doença dos seus
familiares, amigos e colegas de trabalho. Fale com eles sobre a doença e aceite a
sua ajuda e apoio.
Irá descobrir que existem várias estratégias para facilitar a vida de pessoas com
colite ulcerosa. São várias as técnicas que ajudam a lidar com a doença. Por exemplo,
os episódios de diarreia e as dores abdominais podem levar as pessoas a evitar
locais públicos, mas isso não é necessário. Tudo o que é preciso é um planeamento
prático atempado.
Pode tentar incorporar alguns dos passos que se seguem nos seus planos:
• Descubra onde ficam as casas de banho nos restaurantes, centros comerciais,
teatros e nos transportes públicos.
• Quando viaja, tenha sempre uma muda extra de roupa interior, papel higiénico
ou toalhetes.
• Quando planear ausentar-se para longe de casa ou por longos períodos de
tempo, fale com o seu médico assistente. Os planos de viagem devem incluir
reservas dos medicamentos para um período de tempo mais longo; o princípio
ativo dos medicamentos (designação genérica) para o caso de os perder ou
estes acabarem e os nomes dos médicos da área que irá visitar.
Tente levar uma vida normal tanto quanto for possível, fazendo as atividades que
costumava fazer antes de lhe ser diagnosticada a doença. Não há motivos para
desistir de fazer coisas que gosta de fazer ou que sempre sonhou fazer.
17
A colite ulcerosa pode ser uma doença crónica, mas não é uma doença fatal. Não
há dúvida que a vida com esta doença é um desafio – é preciso tomar medicação
e ocasionalmente fazer ajustes. É importante lembrar que a maioria das pessoas
com colite ulcerosa consegue ter uma vida rica e produtiva.
Com o crescente número de ensaios clínicos que estão a decorrer sobre potenciais
abordagens terapêuticas de DII, é cada vez mais necessário o envolvimento dos
pacientes para ver se estas terapêuticas surtem efeito.
a doença se desenvolva. É cada vez mais claro que a resposta do sistema imunitário
às bactérias normais da flora intestinal desempenha um papel importante em casos
de colite ulcerosa e da doença de Crohn. Neste momento, existe muita pesquisa para
compreender a composição, o comportamento e o papel desempenhado pelas bactérias
da flora intestinal ao nível dos sintomas de DII. Espera-se que este conhecimento
leve ao desenvolvimento de novos tratamentos para controlar ou prevenir a doença.
Sobre a APDI
A APDI é uma associação de doentes para doentes, sem fins lucrativos, que visa
apoiar e possibilitar a partilha de experiências aos portadores de uma doença
inflamatória do intestino (DII), seus familiares e amigos, bem como melhorar o
conhecimento da população em geral sobre esta problemática.
A nossa missão é formar e informar para a gestão diária de uma patologia que,
apesar de crónica, não tem de ser vivida com pessimismo e como uma fatalidade
mas sim com qualidade de vida. Com a componente terapêutica adequada, uma
alimentação saudável, exercício físico e informação acreditamos que é possível
“Ser Feliz com DII!”
19
20
Glossário
AINEs – Medicamentos anti-inflamatórios não-esteroides como Gastrointestinal – Que se refere ao esófago, estômago,
é o caso da aspirina, do ibuprofeno, cetoprofeno e naproxeno. intestino delgado e grosso em conjunto.
Aminosalicilatos – Medicamentos que incluem compostos Genes – São unidades de hereditariedade que transferem
que contêm ácido 5-aminossalicílico (5-ASA). Alguns exemplos características específicas entre gerações.
destes são Sulfassalazina e Mesalamina.
Imunomoduladores – Incluem azatioprina, 6-mercaptopu-
Anticorpos – Uma imunoglobulina (uma proteína imunoló- rina 6(MP) e ciclosporina. Esta classe de medicamentos anula o
gica) produzida devido à presença de um antigénio no corpo. sistema imunitário para que este não possa causar inflamações.
Antibióticos – Medicamentos, como é o caso do metroni- Inflamação – Reação a lesões nos tecidos que é marcada
dazol e da ciprofloxacina, que podem ser usados quando há por vermelhidão, inchaço e dor.
uma infeção.
Intestino – O órgão em forma de tubo localizado no abdómen
Antigénios – Qualquer substância que provoca uma reação que completa o processo digestivo. Constituído pelo intestino
imunológica do corpo. delgado e pelo intestino grosso.
Ânus – Orifício na extremidade do reto que permite a elimi- Intestino delgado – Está ligado ao intestino grosso e ao
nação das fezes. estômago. Absorve nutrientes.
Colite – Inflamação do intestino grosso (cólon). Intestino grosso – Também conhecido como Cólon. A sua
função primordial é absorver a água e livrar-se das fezes.
Colite ulcerosa – Doença que causa inflamação do intestino
grosso (cólon). Medicinas complementares e alternativas – Grupo
de sistemas, práticas e produtos médicos diversificados que
Cólon – O intestino grosso. não são considerados parte do sistema convencional de saúde.
Complicações extraintestinais – Complicações que Megacólon tóxico – Complicação rara séria na qual o cólon
ocorrem fora do intestino. se estende, perdendo a capacidade de se contrair e movimentar
os gases intestinais de modo apropriado. Isto pode levar a perfu-
Corticosteroides – Medicamentos que afetam a capacidade ração (rutura) e à necessidade de fazer uma operação urgente.
do corpo de dar início e manter uma inflamação.
Oral – Pela boca.
Crónico – De longa duração.
Osteoporose – Uma doença que afeta os ossos tornando-os
Diarreia – Passagem frequente de fezes que podem ser ex- porosos e propensos a fraturas.
cessivamente líquidas.
Retal – Relacionado com o reto.
Doença de Crohn – Uma doença inflamatória crónica
Reto – Localizado na parte terminal do cólon.
que envolve inicialmente o intestino delgado e o intestino
grosso mas que pode afetar também outras partes do aparelho Remissão – Períodos durante os quais os sintomas desapa-
digestivo. Nome tem origem no Dr. Burrill Crohn, o gastroen- recem ou diminuem dando lugar a melhoras ao nível da saúde.
terologista americano que identificou a doença pela primeira
vez em 1932. Sistema Imunitário – O sistema natural de defesa do corpo
que luta contra as doenças.
Doenças Inflamatórias do Intestino (DII) – Termo
usado para designar um grupo de doenças – incluindo a doença Tenesmo – Contractura espasmódica dolorosa do esfíncter
de Crohn (inflamação no aparelho gastrointestinal) e a colite anal, urgência em ir à casa de banho não acompanhada de
ulcerosa (inflamação do cólon). evacuação.
Episódio – Período de Inflamação com sintomas associados. Úlcera – Ferida na pele ou na mucosa do aparelho gastroin-
tesinal.
Fármacos biológicos – Medicamentos feitos a partir de
anticorpos que se ligam a moléculas para bloquear a inflamação. Ulceração – O processo de formação de úlceras.
21
apoio
www.apdi.org.pt | [email protected]
Telefs. 22 208 63 50 | 932 086 350
Quando preencher a sua declaração de IRS não se esqueça duma simples e preciosa ajuda para a APDI que não representa qualquer custo
adicional para si. Basta preencher o quadro 9 do Anexo H com o número de contribuinte 503 454 311 e assinalar com uma cruz a opção
“Instituições Particulares de Solidariedade Social ou Pessoas Colectivas de Utilidade Pública (art. 32.o, n.o 6)”.