PT Exame
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lOMoARcPSD|7163937
Poesia Trovadoresca
Cantigas de Amigo Cantigas de Amor Cantigas de Escá rnio e Maldizer
-divertimentos: romarias;
▪ Cantiga de amigo – Ambiente domé stico e familiar, marcadamente feminino (donzela ou meninas e
as amigas, ou a mã e e a filha); ambiente coletivo (romaria, santuá rio) ou rural (campo, rio, mar); origem
autó ctone, resultando da tradiçã o lírica já existente na regiã o.
▪ Cantiga de amor – Ambiente aristocrá tico (rei, nobres, senhores); palá cio ou corte; ambiente
marcado por um có digo e por convençõ es (amor cortês); cantigas importadas em particular da zona de
Provença.
Nas cantigas de maldizer e escá rnio é muito recorrente utilizar a sá tira e o có mico recorrendo também, como
recurso expressivo, a ironia
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A voz do povo, o sentir dos homens e das mulheres, dos mesteirais, dos homens-bons, é muitas vezes
transmitida através de uma voz anô nima e da multidã o. Outras vezes é a pró pria cidade que parece
revelar essa consciência do todo, assumindo quase o estatuto de uma personagem coletiva.
O povo manifesta o seu patriotismo e o seu apoio ao Mestre. O povo é o verdadeiro heró i da revoluçã o e da
cró nica de Fernã o Lopes.
É no pró logo da Cró nica de D. Joã o I que o cronista expõ e o seu objetivo e método de historiar inovador.
O seu desejo é "em esta obra escrever verdade sem outra mistura", para o que faz concorrer toda a gama
de documentos possível, desde narrativas a documentos oficiais, confrontando-os entre si para assegurar
a veracidade dos registos existentes. Ao mesmo tempo, esta cró nica estabelece, de certa forma, o ponto de
chegada das duas cró nicas precedentes, na medida em que estas preparam os acontecimentos que
culminam com a sublevaçã o popular e consequentemente, com a entronizaçã o de D. Joã o I.
A primeira parte da cró nica descreve a insurreiçã o de Lisboa na narraçã o célere dos episó dios quase
simultâ neos do assassinato do conde Andeiro, do alvoroço da multidã o que acorre a defender o Mestre e
da morte do bispo de Lisboa. Ao longo dos capítulos, fundamenta-se a legitimidade da eleiçã o do Mestre,
consumada nas cortes de Coimbra, na sequência da argumentaçã o do doutor Joã o das Regras, enquanto
desfecho inevitá vel imposto pela vontade da populaçã o. Nesta primeira parte, o talento do cronista na
animaçã o de retratos individuais, como os de D. Leonor Teles ou D. Joã o I, excede-se na composiçã o de
uma personagem coletiva, o povo, verdadeiro protagonista que influi sobre o devir dos acontecimentos
histó ricos.
Na segunda parte, o ritmo narrativo diminui, tratando-se agora de reconhecer o rei saído das cortes, e é de
novo pela açã o do povo que a glorificaçã o do monarca é transmitida, como, por exemplo, no modo como o
acolhe a cidade do Porto. Um outro momento de maior relevo é consagrado, nesta parte, à narrativa da
Batalha de Aljubarrota, embora aí nã o ecoe o mesmo tom de exaltaçã o com que, na primeira parte,
colocara em cena o movimento da massa popular.
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Atores coletivos:
-as gentes de Lisboa, quer como uma massa, uma coletividade, quer como grupos sociais (ex:
lavradores, homens-bons, as mulheres).
Atores individuais:
-Mestre de Avis- é caracterizado como um homem vulgar, hesitante e vulnerá vel à s fraquezas. É um
homem receoso, no seguimento do assassinato do conde Andeiro. Apesar destes defeitos – que o tornam
uma personagem profundamente realista –, D. Joã o I mostra també m ser capaz de atos espontâ neos de
solidariedade, o que o converte numa figura cativante. Líder “desfeito” mas também solidá rio com a
populaçã o, durante o cerco de Lisboa.
-Á lvaro Pais- o burguês que espalha pelas ruas de Lisboa que estã o a matar o Mestre, influenciando o povo
a correr a seu auxilio.
-D. Leonor Teles- a mulher que gera ó dio na populaçã o e é apelidada de “aleivosa” (traidora).
Sermã o de Santo Antó nio aos peixes, Padre Antó nio Vieira
Contextualizaçã o histó rico-literá ria
Vieira viveu num período conturbado da Histó ria de Portugal, um longo período de agonia que se iniciou
com o desaparecimento do rei D. Sebastiã o nos areais de Alcá cer Quibir e que determinou a perda da
independência nacional, com a invasã o do territó rio português pelo exército espanhol em 1580, cujo poder
militar tomou a coroa da monarquia portuguesa.
O sermã o seiscentista, cujo objetivo principal é levar os fiéis a reconhecerem os seus erros e a alterarem
comportamentos, apresenta uma importante componente lú dica.
-Docere (educar/ensinar) - funçã o pedagó gica, muitas vezes conseguida atravé s de citaçõ es bíblicas e de
autores da Igreja ou de obras clá ssicas.
-Delectare (agradar)- funçã o estética, concretizada atravé s de um discurso rico em recursos expressivos como
a alegoria, a metá fora, a comparaçã o, antítese, gradaçã o...
-Movere (persuadir)- funçã o critica e moralizadora, baseada numa argumentaçã o bem construída, recorrendo
a argumentos de autoridade.
No caso do Sermã o de Santo Antó nio, Padre Antó nio Vieira vai censurar o comportamento dos colonos
portugueses no Maranhã o e defender os direitos dos índios. Apresenta assim uma intençã o persuasiva,
procurando convencer o seu pú blico a mudar de comportamento.
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A critica social será feita através da alegoria, recorrendo ao exemplo de Santo Antó nio, que, face à revolta dos
habitantes de Arimino em Itá lia, nã o queriam ver os seus pecados expostos, optou por pregar aos peixes que
o escutaram. No dia em que se festejava este santo, Vieira dirige alegoricamente o seu sermã o aos peixes,
servindo-se dos seus defeitos e virtudes para denunciar pecados dos homens.
O Sermã o de Santo Antó nio denuncia o comportamento dos colonos do Maranhã o. Ao observar-se o seu
tempo e sentindo-se desiludido com os homens, Vieira decide voltar-se da terra para o mar e dirigir a sua
pregaçã o aos peixes. De uma forma metafó rica, diz que os pregadores sã o “o sal da terra”, cujo efeito deve ser
impedir a corrupçã o. No entanto, ao ver que a terra está corrupta, interroga-se sobre a causa desta corrupçã o.
Ao longo do sermã o, Vieira começa por louvar as virtudes dos peixes, para depois repreender, com empenho,
mas também com ironia, os seus defeitos. Embora interpele os peixes, na verdade, é aos homens que ele se
dirige , sendo os peixes metá fora dos homens. Estabelece assim um paralelismo entre os vícios dos peixes e
os vícios dos homens, neste caso para denunciar a exploraçã o dos colonos sobre os indígenas.
-Capitulo I
Exó rdio – exposiçã o do plano a desenvolver e das ideias a defender a partir do conceito predicá vel.
“Vos sois o sal da terra” é o conceito predicá vel (texto bíblico que serve de tema e de acordo com o
objetivo do autor, pretende demonstrar fé). Este elemento bíblico serve de tema/ tese ao Sermã o e a
partir do qual vai desenvolver a sua argumentaçã o: os pregadores sã o o sal, a terra os homens.
O sal é a metá fora dos pregadores A terra é a metá fora dos ouvintes
O capítulo I termina com um pedido de auxilio divino, que pode ser entendido como uma invocaçã o.
1. O peixe Tobias :
-As suas entranhas curavam a cegueira dos homens tendo assim um poder curativo (seu pai, que era cego,
recuperaria a visã o depois de, a conselho do Anjo Rafael, lhe ter sido aplicado um pouco do fel extraído
do peixe).
-O seu coraçã o afugentava os demó nios.
- Vestido de burel e atado com uma corda “este peixe parecia um retrato marítimo de Santo Antó nio”.
2. A rémora:
- peixe marinho cuja cabeça funciona como ventosa, o que lhe permite fixar-se a embarcaçõ es
(procurando conduzir ao bom caminho).
- pequena no seu tamanho mas com uma grande força, que conseguia imobilizar o leme das naus
(travando o mal).
3. O torpedo:
- peixe, parecido com a raia, capaz de produzir pequenas descargas elétricas que fazem tremer o braço do
pescador, obrigando-o a lagar a cana (assim o torpedo nã o é pescado).
4. O quatro-olhos:
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- tem dois olhos “para se vingar das aves” e dois olhos “para se vingar dos peixes”.
- simboliza que devemos olhar ou só para cima (considerando que há Ceu) ou só para baixo (Inferno).
- este peixe simboliza o dever que os cristã os têm, isto é, olhando para o céu, mas lembrando sempre que
há inferno.
Outros peixes:
- Servem de alimento (as sardinhas sã o o sustento dos pobres e o salmã o dos ricos);
-Ajudam à abstinência nas quaresmas;
-Com peixes, Cristo festejou a Pá scoa;
- Ajudam a ir ao Céu;
- Multiplicam-se rapidamente (apenas aqueles que sã o consumidos pelos pobres).
Os peixes, assim como as suas qualidades em geral (ouvem e nã o falam), irã o agora ouvir
as repreensõ es:
-Critica e repreensã o aos peixes para melhor explicitar a condenaçã o dos homens.
-Aspetos criticados: a “antropofagia social” e a “vaidade no vestuá rio”.
✓ Serem os grandes aqueles “que têm o mando das cidades e das províncias, nã o se contenta a sua
fome de comer os pequenos um
por um, ou poucos a poucos, senã o que devoram e engolem os povos inteiros”;
✓ Serem os pequenos comidos em qualquer momento.
▪ Apelo de Vieira para que os peixes nã o se comam uns aos outros referindo-se ao Dilú vio e à arca
de Noé como exemplo de atitudes de bondade e generosidade a serem seguidas.
2. Ignorâ ncia e cegueira: (- caracterizaçã o do homem da cidade: prepotente, vaidoso, parasita, ambicioso,
hipó crita, traidor...;
- as virtudes e os feitos dos peixes surgem sempre associados por comparaçã o aos homens do Maranhã o
ora por antítese, opondo os homens aos peixes ora por semelhanças, aproximando os peixes com os homens).
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▪ O peixe - O peixe é facilmente enganado por um anzol pela ignorâ ncia porque nã o entende o
significado do anzol e cegueira porque se atira cegamente e fica preso.
▪ O homem - os homens nã o conseguem resistir à tentaçã o e à vaidade, ficando, por isso, engasgados
e presos com dívidas.
▪ Santo Antó nio – Os homens (pela vaidade) e os peixes (pela inocência e pela cegueira) eram
facilmente enganados e “perdiam a sua vida” . Santo Antó nio abandonou as vaidades e, com as suas roupas
simples e as suas palavras “pescou muitos homens” para o bom caminho.
O capítulo termina com mais uma referência a Santo Antó nio como exemplo a seguir. Esse santo preferiu a
sobriedade à ostentaçã o, recusando galas e vaidades e, por isso, atingiu a santidade. Foi com essa postura
simples e humilde que conseguiu converter muitos homens desviados da fé.
1. O roncador-
-embora pequenos e aparentemente vulnerá veis, estes peixes emitem um som forte; esta autopromoçã o
revela a sua soberba e arrogâ ncia (“quem tem muita espada, tem pouca língua”);
-exemplo de Pedro, discípulo de Cristo: apesar de ter afirmado que defenderia até à morte o se Senhor,
bastou-lhe uma simples inventiva de uma mulher para negar que conhecia o seu Mestre; se tal aconteceu
com S. Pedro, muito menos razõ es terã o os homens para exibirem a sua arrogâ ncia;
- outros exemplos bíblicos como David e Golias reiteram o facto dos arrogantes e os soberbos pensarem
que sã o Deus e acabarem diminuídos e humilhados.
-Santo Antó nio, símbolo de sabedoria, nunca se exibiu as suas capacidades, confinando-se à sua condiçã o
de servo de Deus.
2. O pegador-
-parasita que vive à s custas do seu hospedeiro;
-o parasitismo foi aprendido com os português, porque nã o há nenhum vice-rei ou governador que parta
para as conquistas sem ir rodeado de uma larga comitiva- critica ao aparelho colonial português;
-em termos humanos, os mais preguiçosos acabam como os pegadores, que, quando o tubarã o, que lhes
serviu de hospedeiro, é pescado, morrem com ele, porque nele estã o pegados.
-Deus também tem os seus “pegadores”, aqueles que espalham a palavra com David e Santo Antó nio, que
se pegou a Cristo e ambos foram bem sucedidos.
3. O voador-
-morfologicamente, possui uma barbatanas maiores que a generalidade dos peixes, dai que queira
imitar as aves; -esta ambiçã o de se querer transformar naquilo que verdadeiramente nã o é só lhe traz
sofrimento porque está sujeito aos perigos do mar e do ar – no mar morre enganado pelo isco e no ar
morre cego pela ambiçã o desmedida; -simboliza a ambiçã o, a presunçã o e o capricho.
-Santo Antó nio sempre se demarcou da ambiçã o, porque reconhecia que as asas que fazem subir
também fazem descer, o que pode precipitar a destruiçã o. Santo Antó nio preferiu remeter-se à sua
humilde.
4. O polvo-
-o polvo é caracterizado através de comparaçõ es sugestivas:
> “com aquele seu capelo na cabeça parece um monge”- aparenta santidade.
> “com aqueles seus raios estendidos, parece uma estrela” – aparenta beleza.
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> “com aquele nã o ter osso nem espinha, parece a mesma brandura, a mesma mansidã o” –
aparenta serenidade.
- contudo, apesar da modesta aparê ncia, o polvo é considerado o maior traidor do mar. Esta traiçã o
consiste em enganar os outros peixes, caçando-os mais facilmente.
> “as cores, que no camaleã o sã o gala, no polvo sã o malícia”;
> “as figuras que em Proteu sã o fá bula, no polvo sã o verdade e artifício”; >o polvo veste-se
ou pinta-se “das mesmas cores a que está pegado”.
-simboliza traiçã o, a dissimulaçã o, a hipocrisia e a falsidade e é, assim, pior que Judas, o paradigma
do traidor no Evangelho, porque o apó stolo planeou a entrega de Cristo à s escuras, mas executou a
traiçã o à s claras, enquanto o polvo, escurecendo a á gua com a sua tinta, rouba a luz à presa para a
apanhar.
- Santo Antó nio é considerado um exemplar de candura, da verdade e da sinceridade
O capítulo acaba com uma critica feroz aos portugueses. Vieira refere a degeneraçã o dos valores nacionais,
uma vez que, no passado, as características exemplares de Santo Antó nio eram extensivas a todo o povo
português, nã o sendo, por isso, atributos dos santos.
Capítulo VI – Peroraçã o
Conclusã o- ultima advertê ncia aos peixes; retrato de Vieira como pecador; hino de louvor.
O capítulo VI é a conclusã o de todo “O Sermã o de Santo Antó nio aos Peixes”, e Santo Antó nio tem
como objetivo a conversã o dos homens à Fé de Deus.
Santo Antó nio revela que tem inveja dos Peixes, pois estes nã o ofendem Deus com a sua memó ria e
cumprem o objetivo da sua criaçã o, enquanto que os Homens ofendem Deus com as suas palavras, com os
seus pensamentos e com a sua vontade, nã o atingindo o objetivo da sua criaçã o.
Assim, Santo Antó nio reflete sobre os Peixes e os Homens e conclui que os Peixes sã o melhores que
os Homens, e que a ú nica soluçã o para o Homem é a conversã o, porque só assim é que os Homens podem
dar gló ria a Deus.
O hino de louvor final -“louvai, peixes, a Deus”- e as razõ es para o louvor: Deus dê-los numerosos,
belos e diversos, porque lhes deu a á gua para nela viverem e se multiplicarem.
- A alegoria como recurso expressivo: representa uma realidade abstrata atravé s de uma realidade
concreta, por meio de analogias, metá foras e imagens sucessivas, neste caso na sucessã o alegó rica relativa
à s naus, o orador consegue concretizar os diversos vícios dos homens, simplificando a sua argumentaçã o.
-A comparaçã o como recurso expressivo: enquanto elogia os pregadores que espalham a doutrina
divina e que, portanto, ensinam, Vieira acusa os outros que nã o cumprem a sua funçã o, sendo, por isso,
votados ao desprezo. Aludindo à funçã o do sal, ou seja, salgar a terra com a mensagem bíblica, Vieira refere
que vai dar inicio aos louvores dos peixes, que devem ser atentamente ouvidos por estes, enquanto vivos,
enquanto podem ser apreciados.
-A metá fora como recurso expressivo: o orador utiliza a metá fora da arte de pescar para desenvolver a
sua crítica à exploraçã o do homem pelo homem e, simultaneamente recorre a uma sucessã o de imagens como
representaçã o dos diversos tipos de poder abusivo – judicial, ancestral, religioso e real.
seu império em 1580. O domínio espanhol duraria sessenta anos (1580 a 1640). Criou-se nesse período o mito
popular do "Sebastianismo", segundo o qual D. Sebastiã o, retornaria para reerguer o império português.
Entre os nobres desaparecidos em Alcá cer-Quibir estava D. Joã o de Portugal, marido de D. Madalena de
Vilhena.
Toda a açã o se passa nos finais do séc. XVI, apó s o desaparecimento de D. Sebastiã o na Batalha de
Alcá cer-Quibir. Com ele parte D. Joã o de Portugal, personagem vital que desaparece também desencadeando
toda a açã o dramá tica em Frei Luís de Sousa. Todos estes acontecimentos decorrem sob domínio Filipino, 21
anos depois da Batalha de Alcá cer Quibir.
Apó s o desaparecimento de D. Joã o de Portugal, D. Madalena manda-o procurar durante 7 anos mas
em vã o. Casa entã o com D. Manuel de Sousa, nobre cavaleiro, de quem tem uma filha de 14 anos. D. Madalena
vive uma vida infeliz, cheia de angú stia e de tranquilidade, no receio de que o seu primeiro marido esteja vivo
e acabe por voltar. Tal facto acarretaria para Madalena uma situaçã o de bigamia e a ilegitimidade de Maria, sua
filha. Esta é tuberculosa e vive, em silêncio, o drama da sua mã e que será o seu. Efetivamente D. Joã o de
Portugal acaba por regressar, acarretando o desenlace trá gico de toda a açã o.
-O apelo à liberdade de decisã o- presente sobretudo na figura de Manuel de Sousa Coutinho, que
prefere sacrificar o bem- estar individual e familiar que entregar-se ao domínio espanhol.
-A ligaçã o amor/morte- a impossibilidade do amor, quer paternal, quer matrimonial, conduz à morte
(física de Maria e espiritual de Madalena e de Manuel).
O sebastianismo
O Sebastianismo tornou-se um traço da personalidade nacional, que se caracteriza por viver das gló rias do
passado, acreditar numa soluçã o que nã o envolva determinaçã o na superaçã o dos problemas e de aceitar
passivamente o destino.
Deste modo, o sebastianismo constitui-se como um movimento passadista e retró grado, que se alimentam da
grandeza passada e que espera a superaçã o de má goas do presente pela chegada providencial e fantá stica de
um heró i. Sendo assim, nesta obra, a mensagem é claramente progressista, como se pode constatar pelo
elogio da açã o proativa de Manuel ao incendiar o seu palá cio. Pode-se dizer que esta obra insere o
sebastianismo como forma de crítica aquele sentimento passadista e preso a um passado que já nã o tem lugar
no presente.
Personagens
-D. Madalena de Vilhena é uma personagem psicologicamente afetada e que vive marcada por conflitos
interiores pelo desaparecimento do primeiro marido e nã o consegue viver o presente devido a esse
“fantasma”.
Os sentimentos e a sensibilidade sobrepõ e-se à razã o e é uma mulher em constante sofrimento. Acredita em
agoiros, superstiçõ es, dias fatais (a sexta-feira) e Deus.
Surge também como “pobre mã e” e “coitada”, que se encontra em pâ nico, com pressentimentos de desgraça.
É uma sofredora e tem um amor intenso e uma preocupaçã o constante com a sua filha Maria, contudo o mais
importante para ela é a sua felicidade e amor ao lado de Manuel de Sousa pois até o seu amor à pá tria é
menor do que o que sente por Manuel. É muito influenciada por Manuel de Sousa, sendo evidenciado no
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final da obra, pois esta aceita o convento como soluçã o mas fá -lo seguindo Manuel.
Esta personagem relaciona-se conjugalmente com outras duas de uma forma legal e de compromisso com D.
Joã o de Portugal, por outro lado a sua relaçã o com Manuel de Sousa Coutinho é amorosa e por sua vez ilegal.
Tem uma relaçã o afetiva com Telmo e Maria, sendo Telmo um aio e Maria sua filha, mas ao contrá rio do que
se possa pensar Maria assume um papel adulto em relaçã o à mã e devido ao estado mental de Madalena.
-Maria de Noronha é uma personagem fisicamente frá gil e fraca de 13 anos. També m apresenta um
cará cter puramente inocente e angelical e sendo psicologicamente muito forte. Maria tem uma relaçã o muito
forte com Telmo devido à sua crença no regresso de D. Sebastiã o.
É uma personagem nobre, de inteligência precoce, muito culta, intuitiva e perspicaz. Também é muito curiosa
pois aparenta querer saber de tudo, e uma româ ntica: é nacionalista, idealista, sonhadora, fantasiosa,
patriota, crente em agoiros e uma sebastianista.
É a vítima inocente de toda a situaçã o e acaba por morrer fisicamente, tocada pela vergonha de se sentir filha
ilegítima (morre tuberculosa).
Manuel de Sousa Coutinho é um nobre e honrado fidalgo que se orienta por valores universais como
a honra, a lealdade, a liberdade, é um patriota, forte, corajoso, e decido, mas nã o acredita em agoiros.
Contudo, esta personagem evolui de uma atitude interior de força, de coragem e segurança para um
comportamento de medo, de dor, sofrimento, insegurança e piedosa mentira no ato III quando teme pela
saú de da filha e pela sua condiçã o social. Os seus sentimentos sã o muitas vezes sobrepostos à razã o
(normalmente deve-se á sua preocupaçã o com doença da sua filha).
Manuel de Sousa é um bom pai e um bom marido, pois ao longo do texto demonstra muita preocupaçã o para
com estas personagens. No final da obra demonstra-se decido como noutros momentos, com o facto de
abandonar tudo (bens, vida) para se refugiar no convento.
É de referir que Manuel de Sousa nã o sente ciú mes pelo passado de Madalena e considera-o um honrado
fidalgo e um valente cavaleiro, dizendo mesmo que considera D.Joã o um homem honrado e que honra a sua
memó ria.
A sua relaçã o com Telmo é muito afastada, visto que, Telmo é um serviçal normal e nã o existe nenhuma
intimidade, Telmo atreve-se a dizer coisas a Madalena que nã o diz a Manuel de Sousa.
Telmo é um criado caracterizado como extremamente leal ao seu primeiro amo, D. Joã o de Portugal, e
acredita piamente no seu regresso. Nã o consegue perdoar Madalena pelo seu segundo casamento e mostra o
maior desprezo por Manuel, apesar de ser o confidente de Madalena e Maria. Telmo é fiel, dedicado e é a
ligaçã o entre as duas famílias (os dois maridos de Madalena) e a chama viva do passado que alimenta os
terrores de Madalena.
Esta personagem é muito crítica, cria juízos de valor e é através dele que a consciência das personagens é
fragmentada, este vive num profundo conflito interior pois sente-se divido entre Joã o e Maria, nã o sabendo o
que fazer. Apercebe-se mais tarde que ama mais Maria que o seu antigo amo.
O romeiro/D. Joã o de Portugal é um nobre cavaleiro, que está ausente fisicamente durante o I e II ato
da peça. Contudo, está sempre presente na memó ria, palavras e nas esperanças de Telmo que paira sobre
aquela família, na consciência (sombra das angú stias) de Madalena, nas palavras de Manuel e na intuiçã o de
Maria. D. Joã o é caracterizado direta e indiretamente, esta caracterizaçã o é tanto física como psicoló gica. É
sempre lembrado como patriota, digno, honrado, forte, fiel ao seu rei.
Quando regressa, na pele do Romeiro é austero e misterioso, representa um destino cruel, é implacá vel,
destró i uma família e a sua felicidade, mas acaba por ser, também ele, vítima desse destino. Resta-lhe entã o a
solidã o, o vazio e a certeza de que ele já só faz parte do mundo dos mortos.
D. Joã o é uma figura simbó lica: representa o passado, a época gloriosa dos descobrimentos. Representa
também o presente, a pá tria morta e sem identidade na mã o dos espanhó is, e é também a imagem da pá tria
cativa.
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Frei George é uma personagem tipo e apenas tem a funçã o de mostrar o que a igreja deveria de assumir.
Frei George é irmã o de Manuel de Sousa, representa a autoridade de Igreja. É também confidente de
Madalena, pois é a ele que ela confessa o seu “terrível” pecado: amou Manuel de Sousa ainda D. Joã o era vivo.
É uma figura moderadora, que procura harmonizar o conflito e modera os sentimentos trá gicos. Acompanha
sempre a família, é conciliador, pacificador e impõ e uma certa racionalidade, procurando manter o equilíbrio
no meio de uma família angustiada e desfeita.
Os indícios trá gicos sã o sinais da fatalidade que se avizinha. Os indícios ou pressá gios podem surgir sob a
forma de acontecimentos, comportamentos, comentá rios, alusõ es ou informaçõ es que nem sempre sã o
entendidos pelas personagens como sinais trá gicos. Ao longo da açã o de Frei Luís de Sousa, há vá rias
situaçõ es e elementos que contribuem para a criaçã o de um ambiente de medo e de suspeita e que
funcionam como uma espécie de preparaçã o para o desenlace trá gico.
Simbologia
-Os retratos – primeiro remetem para uma força espiritual e física, depois, o retrato queimado de Manuel é
prenuncio da catá strofe final que destró i a família. O retrato de Camõ es representa gló ria das letras. O retrato
de D.Joã o simboliza o fantasma ameaçador que regressa do passado para aniquilar o presente.
-A concentraçã o espacial – o progressivo afunilamento e obscurecimento do espaço simboliza o caminhar
inexorá vel para a tragédia final, deixando as personagens sem saída.
-A decoraçã o dos espaços – a decoraçã o dos espaços vai-se tornando mais despojada, mais melancó lica,
impossibilitando o contacto com o exterior.
-Os nú meros – 7 é o algarismo que domina quase todas as referências e simboliza a totalidade. Maria tem 13
anos, nú mero associado ao azar.
-O dia da semana – sexta feira, dia aziago para Madalena.
-A concentraçã o temporal – o afunilamento progressivo do tempo simboliza a impossibilidade de fuga das
personagens ao destino já traçado.
racionalizar o sentimento, daí a necessidade do fingimento. Fingir é inventar conceitos que experimentam
emoçõ es. Fernando Pessoa, procura, pela fragmentaçã o do eu, a totalidade que lhe permite conciliar o pensar
e o sentir.
Temá ticas:
1)A dor de pensar
é uma das linhas temá ticas da poesia de Fernando Pessoa ortô nimo, na qual se expressa a
dualidade consciência/inconsciência e a problemá tica sentir/pensar. O poeta, ser consciente, constata
que a extensã o dos seus sentimentos é constantemente diminuída pela vastidã o o seu pensamento
que corrompe a inconsciência inerente a pró pria felicidade de viver.Assim, a sua consciência surge
como um fardo e uma fatalidade que desencadeia no poeta um estado de desencanto e impotência
perante o absurdo da existência, já que por um lado nã o consegue libertar-se do peso da reflexã o,
mas também nã o alcança a alegre inconsciência da ceifeira, mantendo intacta a sua pró pria
consciência. Simplesmente paradoxal, pois consciente de que jamais será consciente, sofre a dor de
pensar e paga caro a extrema lucidez que possui. (“Ela canta, pobre ceifeira”e “Gato que brincas na
rua”)
É transmitido pelo ortó nimo que a produçã o artística nã o deve ser imediata, pois, além do poema ter uma
estrutura formal desorganizada, iria transmitir sentimentos imediatos, o que acabaria por nã o corresponder à
realidade, posteriormente. Devido a isso,Pessoa aposta na ideia de que é necessá rio que, por parte do poeta,
haja uma racionalizaçã o dos sentimentos. Tomemos como exemplo a ideia de um poeta que está magoado
porque a sua amada partiu. Este nã o poderá escrever imediatamente. Deve pensar a dor que sente e, sim,
posteriormente, escrevê-la. Em vez de dizer "Estou desolado, quero morrer!", por exemplo, poderá dizer
"Estava desolado; Ainda dó i; No entanto, segui", apresentando uma estrutura a nível de abordagem do tema
mais cuidada. Origina-se, entã o, a dor fingida (pensada).
-Existem 3 níveis de dor para Fernando Pessoa:
• A dor sentida (real): Dor vivida no imediato, dor nã o racionalizada;
• A dor pensada (fingida): Dor refletida, momentos mais tarde, apó s o acontecimento que a
originou;
• “Dor lida”: Dor sentida por parte do leitor, ao ler o que o poeta escreve, tendo em conta as
suas vivências.
A dor sentida e pensada caracterizam a produçã o artística; e a perceçã o do leitor em relaçã o à dor transmitida
no poema constitui a receçã o.
Conclui-se, entã o, que a poesia, para Pessoa ortó nimo, é a intelectualizaçã o dos sentimentos e emoçõ es.
Alberto Caeiro
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Alberto Caeiro nasceu em Lisboa e nã o teve profissã o, nem educaçã o(só escola primá ria). Apresenta-se como
um “guardador de rebanhos”(que na verdade sã o pensamentos).Só se importa em ver a realidade de forma
objetiva e natural, com a qual contacta a todo o momento.
Mestre de Fernando Pessoa e dos outros heteró nimos, Caeiro dá especial importâ ncia ao ato de observar e à s
sensaçõ es, atravé s de um discurso em verso livre e espontâ neo. Vê o mundo sem necessidade de explicaçõ es,
sem princípio e sem fim, e confessa que existir é um facto maravilhoso. Aproveita cada momento da vida e
cada sensaçã o que esta lhe presenteia.
Fazer poesia para o sujeito poético é uma atitude involuntá ria, espontâ nea, pois vive no presente e nã o se
interessa por os outros tempos e impressõ es, sobretudo visuais, e ainda porque recusa a introspeçã o ,a
subjetividade, sendo assim, um poeta do real é, aqueles que nã o sabem ser espontâ neo na sua escrita.
Caeiro vê com os olhos, mas nã o com a mente. Considera, no entanto, que é necessá rio saber estar
atento à “eterna novidade do mundo”.
-Condena o excesso de sensaçõ es, pois a partir de um certo grau as sensaçõ es passam de alegres a
tristes.
-Em Caeiro, a poesia das sensaçõ es é, também, uma poesia da natureza.
-Optando pela vida no campo, acredita na Natureza, defendendo a necessidade de estar de acordo
com ela, de fazer parte dela. Pela crença da Natureza, o Mestre revela-se um poeta pagã o, que sabe ver
o mundo dos sentidos, ou melhor, sabe ver o mundo sensível onde se revela o divino, em que nã o
precisa de pensar.
-Ao procurar ver as coisas como elas realmente sã o, sublima o real, numa atitude panteísta de
divinaçã o das coisas da natureza.
-Nesta atitude panteísta* de que as coisas sã o divinas, desvaloriza a categoria conceptual “tempo”.
O poeta confessa nã o ter “ambiçõ es nem desejos”. Ser poeta é a sua “maneira e estar sozinho”.
*O o
1) Fingimento artístico: panteísmo é o sistema
poeta “bucó lico” de crença daqueles que
sustentam/defendem
Alberto Caeiro é um poeta voltado que aetotalidade
para a simplicidade as coisas do universo
puras. Viveu éem contato com a natureza,
o ú nico com
extraindo dela os valores ingênuos Deus.os quais alimentava a alma. É um poeta bucó lico, dá importâ ncia à s
sensaçõ es, registrando-as sem a mediaçã o do pensamento.
Alberto Caeiro é o lírico que restaura o mundo em ruínas. Para Caeiro, “tudo é como é”, tudo “é assim porque
assim é”, o poeta reduz tudo à objetividade, sem qualquer necessidade de pensar.
Ricardo Reis
Ricardo Reis nasceu no Porto em 1887 e formou-se em medicina. Foi um poeta materialista e neoclá ssico. É
um poeta epicurista triste, pois defende o prazer do momento “carpe diem” (aproveite o momento) como
caminho para a felicidade.
Apesar de procurar este prazer e de querer alcançar a felicidade, considera que nunca se consegue a
verdadeira calma e tranquilidade, ou seja, sente que tem de viver em conformidade com as leis do destino,
indiferente à dor, conseguida pelo esforço estoico (naturalismo).
-Sendo um epicurista, o Poeta advoga a procura do prazer sabiamente gerido, com moderaçã o e
afastado da dor. Para isso, é necessá rio encontrar a ataraxia, a tranquilidade capaz de evitar qualquer
perturbaçã o. O ser humano deve ordenar a sua conduta de forma a viver feliz, procurando o que lhe
agrada.
-A obra de Ricardo Reis apresenta epicurismo triste, uma vez que busca o prazer relativo, uma
verdadeira ilusã o da felicidade por saber que tudo é transitó rio.
-A apatia, ou seja, a indiferença, constitui o ideal ético, pois, de acordo com o Poeta, há necessidade
de saber viver com calma e tranquilidade, abstendo-se de esforços inú teis para obter uma gloria ou
virtude, que nada apresentam à vida.
-Pró ximo de Caeiro, há na sua poesia a á urea mediocritas, o sossego do campo, o fascínio pela
natureza onde busca a felicidade relativa.
-Discípulo de Alberto Caeiro, Ricardo Reis refugia-se na aparente felicidade pagã que lhe atenua o
desassossego. Procura alcançar a quietude e a perfeiçã o dos deuses, desenhando um novo mundo à
sua medida, que se encontra por detrá s das aparências.
-Afirma uma crença nos deuses e nas presenças quase-divinas que habitam todas as coisas.
-Considera que sendo o destino “calmo e inexorá vel” acima dos pró prios deuses, tem necessidade do
auto domínio, de nos portarmos “altivamente” como “donos de nó s-mesmos”, construindo o nosso
“fado voluntá rio”. Devemos procurar, voluntariamente, submetermos-nos, ainda que só possamos ter
a ilusã o da liberdade.
-Pagã o por cará cter e pela formaçã o helénica e latina, há na sua poesia uma actualizaçã o de
estoicismo e epicurismo, juntamente com uma ostra ética e um constante diá logo entre o passado e o
presente.
• Estoicismo – considera que é possível encontrar a felicidade desde que se viva de acordo com as leis
do destino ou fatum, permanecendo com uma atitude de indiferença perante os males e paixõ es,
visto estes perturbarem a razã o. Para esta corrente filosó fica o ideal ético é a apatia.
• Fatum – de origem latina, esta palavra significa fado ou destino.
• Horacianismo – influencia poética e do pensamento induzida pelo poeta latino Horá cio autor das
Odes. É a construçã o poética e retó rica, baseando-se essencialmente na temá tica da brevidade da
vida, da passagem do tempo, necessidade de ficar impá vido perante as forças do destino. Convida a
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-Mas, passada a fase eufó rica, o desassossego de Campos leva-o a revelar uma face disfó rica,
a ponto de desejar a pró pria destruiçã o. Há ai a abulia e a experiência do tédio, a decepçã o, o
caminho do absurdo.
-Incorporando todas as possibilidades sensoriais e emotivas, apresenta-se entre o paroxismo
da dinâ mica em fú ria e o abatimento sincero, mas quase absurdo.
-Depois de exaltar a beleza da força e da má quina por oposiçã o à beleza tradicionalmente
concebida, a poesia de Campos revela um pessimismo agó nico, a dissoluçã o do “eu”, a
angú stia existencial e uma nostalgia da infâ ncia irremediavelmente perdida.
-Na fase intimista de abulia, observa-se a disforia do “eu”, vencido e dividido entre o real
objectivo e o real subjectivo que o leva a sensaçã o do sonho e da perplexidade (ex:
Tabacaria). Verifica-se, també m, a presença do niilismo em relaçã o a si pró prio, embora
reconheça ter “todos os sonhos do mundo”.
O imaginá rio é pico
Brasã o
Esta primeira parte corresponde ao nascimento do Império Português. Portugal na Europa e em relaçã o ao
Mundo, procurando atestar a sua grandiosidade e o valor simbó lico do seu papel na civilizaçã o ocidental
Mar Portuguê s
Nesta segunda parte surge a realizaçã o da vida. Em “Mar Português”, Pessoa procura simbolizar a essência do
ideal de ser português vocacionando para o mar e para o sonho.
O Encoberto
A terceira parte corresponde a desintegraçã o, começa por manifestar a esperança e o “sonho português”, pois
o atual Império encontra-se moribundo. Mostra a fé de que a morte contenha em si o gérmen da ressurreiçã o.
-Apesar do fracasso, a batalha de Alcá cer-Quibir é importante para motivar e recuperar Portugal do
estado de “morte psicoló gica”
2ª parte
2-Horizonte
-O horizonte (“longe”, “linha severa”, “abstrata linha”) simboliza os limites
-Descriçã o das tormentas da viagem (passado), da chegada (presente) e reflexã o (projeçã o futura)
-A esperança e a vontade sã o impulsionadoras da busca
-O sucesso permite atingir o Conhecimento como recompensa
Sebastianismo
Fernando Pessoa, na Mensagem cria o heró i, o Encoberto que se apresenta como D. Sebastiã o. Da histó ria ao
mito: a inspiraçã o providencial da figura de D. Sebastiã o. D. Sebastiã o é representado pelo “Encoberto” que
está associado a uma dimensã o messiâ nica de um salvador da pá tria. A mitologia nacional indica o
Sebastianismo como a crença na regeneraçã o futura de Portugal e de ideologia impulsionadora do Quinto
Império.
Os habitantes de Alcaria viviam em condiçõ es indignas, de tã o forma que perderam, praticamente, as suas
características humanas.
A chegada da rá dio viria a permitir a ligaçã o com o mundo, a tomada de contato com informaçã o nova e que
permitia aos habitantes ter novos assuntos de conversa. Até mesmo as mulheres, que nã o costumavam
frequentar a taberna, passaram a fazê-lo.
Se a vinda da rá dio havia interferido com a vida do casal, a possibilidade de ficarem sem a rá dio era dolorosa,
pois os habitantes regressariam novamente ao seu isolamento. A mulher de Batola, apresenta-se, no final, com
um ar ternurento, contrastando com a altitude altiva inicial, afirmando que a radiofonia «sempre é uma
companhia neste deserto»
A intriga
-Peripécia banal: um engano de percurso leva um vendedor a Alcaria.
-Isolamento geográ fico da aldeia e ausência de comunicaçã o: abandono, solidã o e desumanizaçã o da
populaçã o. Chegada do novo aparelho: a radiotelefonia.
-Ligaçã o ao mundo: mú sica e notícias.
-Alteraçã o de comportamentos: devoluçã o da humanidade.
O tempo
-Tempo histó rico: anos 40 do século XX (referência à eletricidade e à telefonia).
-Passagem do tempo condensada: “há trinta anos para cá ”, “todas as manhã zinhas”.
-Tempo sintetizado: da chegada do vendedor à partida do vendedor e prazo de entrega do aparelho – um mês.
O narrador
-O narrador de terceira pessoa narra os acontecimentos, comenta, conhece o passado e o mundo interior das
personagens (presença: nã o participante; ponto de vista: subjetivo; focalizaçã o: omnisciente)
-O narrador centra a atençã o do leitor no abandono e solidã o sentidos pelo protagonista.
-O narrador conhece os pensamentos de Batola e desvenda como se vã o formando: o desgosto leva-o a
fechar-se num mundo de evocaçõ es
A atualidade
-Isolamento e falta de convivialidade.
-Relaçõ es entre homem e mulher.
-Vícios sociais: o alcoolismo, a violência doméstica.
-As inovaçõ es tecnoló gicas e alteraçõ es de há bitos sociais.
O espaço
-Aldeia de Alcaria: “quinze casinhas desgarradas e nuas”.
-Estabelecimento do casal Barrasquinho: “a venda” é um local onde reina o desleixo. • “Fundos da casa”:
espaço de habitaçã o sombrio separado da venda.
-Locais “longínquos” por onde viajava Rata: Ourique, Castro Marim, Beja.