Reuniões Espiritas Familiares
Reuniões Espiritas Familiares
Reuniões Espiritas Familiares
Reuniões
espíritas
familiares
REUNIÕES
ESPÍRITAS
FAMILIARES
Terezinha Colle
2015
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Reuniões Espíritas Familiares
www.ipeak.com.br
www.geak.com.br
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Reuniões Espíritas Familiares
Este opúsculo foi escrito com o único objetivo de oferecer aos que se
interessam pelo Espiritismo prático, uma singela contribuição do nosso
grupo espírita, narrando os benefícios que temos experimentado com a
prática da Ciência Espírita, utilizando-nos do método sugerido e
incentivado por Allan Kardec.
Agradecimento
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Sumário
1. Reuniões espíritas familiares . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 6
2. Nossos primeiros passos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11
3. Por que um grupo familiar? . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 12
4. As vozes do céu - necessitamos delas e as desejamos . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13
5. As reuniões familiares e suas consequências morais . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16
6. As reuniões espíritas são também úteis para instrução dos próprios Espíritos. 25
7. “Os espíritas de hoje são estranhos, não evocam seus familiares.” . . . . . . . 27
8. Benefícios do Espiritismo prático: Um caso de loucura obsessional. . . . . . 27
9. Escolha de provas com vistas a superar o orgulho e o egoísmo . . . . . . . . . . 30
10. As vantagens da evocação dos Anjos na educação dos filhos . . . . . . . . . . . 32
11. Uma mãe, agora arrependida, vem trazer conselhos aos familiares que ainda
estão encarnados . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 34
12. As conversas familiares de além-túmulo fortalecem a fé e nos iniciam na vida
futura . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 34
13. Expiações terrenas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 37
14. O menino Gabriel Delanne . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 40
15. O jovem instruído na Ciência Espírita . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 44
16. Um erro muito comum nos grupos iniciantes é esperar comunicações
espontâneas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 45
17. A evocação auxilia no desprendimento dos Espíritos e abrevia a
perturbação que se segue à morte . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 49
18. Os benefícios das evocações para auxiliar o próximo que sofre . . . . . . . . . 49
19. O grupo curador de Marmande: O Sr. Dombre . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 54
20. Cura de uma obsessão . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 55
21. Instruções que recebemos dos Anjos guardiões e demais Guias . . . . . . . . 59
22. Sessão comemorativa dos mortos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 68
23. Sobre os Espíritos sofredores que vêm pedir socorro . . . . . . . . . . . . . . . . . 72
24. O Medo: um dos piores inimigos que precisamos vencer . . . . . . . . . . . . . . 74
25. E quanto aos perigos de se evocar Espíritos inferiores? . . . . . . . . . . . . . . . 76
iv
26. O que fazer para obter a assistência dos bons Espíritos? . . . . . . . . . . . . . . 77
27. É de toda necessidade a análise das comunicações dos Espíritos . . . . . . . 78
28. Alguns cuidados importantes para a formação dos grupos . . . . . . . . . . . . 79
29. Considerações finais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 83
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REUNIÕES ESPÍRITAS FAMILIARES
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que constituem, em nossa opinião, a melhor referência que podemos ter
em questões teóricas e práticas do Espiritismo. Tais trechos ocuparão boa
parte de nosso opúsculo, mas dado que em geral são pouco lidos, e, menos
ainda, meditados pelos espíritas, vale a pena examiná-los em detalhe aqui.
Nossas reuniões, como dissemos, foram especialmente motivadas e
inspiradas por alguns textos publicados na Revista Espírita. Um desses
textos está no mês de setembro de 1859, intitulado “O lar de uma família
espírita”, que aqui reproduzimos:
“Há três anos a Sra. G... ficou viúva, com quatro crianças. O filho mais
velho é um rapaz amável, de dezessete anos, e a filha mais moça uma
encantadora menina de seis. Desde muito tempo essa família se dedica ao
Espiritismo e, antes mesmo que esta crença se tivesse tornado tão popular
como hoje, marido e mulher tinham uma espécie de intuição que diversas
circunstâncias haviam desenvolvido. O pai do Sr. G... havia aparecido para
ele várias vezes, na mocidade, sempre para preveni-lo de coisas
importantes ou para lhe dar conselhos úteis. Fatos semelhantes também se
haviam passado entre os seus amigos, de sorte que para eles a existência
de além-túmulo não era objeto da menor dúvida, assim como não o era a
possibilidade de nos comunicarmos com nossos entes queridos.
Quando o Espiritismo surgiu, foi apenas a confirmação de uma ideia
bem assentada e santificada pelo sentimento de uma religião esclarecida,
pois aquela família é um modelo de piedade e de caridade evangélica. Na
nova ciência aprenderam os meios mais diretos de comunicação. A mãe e
um dos filhos tornaram-se excelentes médiuns. Mas, longe de empregar
essa faculdade em questões fúteis, todos consideravam-na precioso dom
da Providência, do qual não era permitido servir-se senão para coisas
sérias. Assim, jamais a praticavam sem recolhimento e respeito, e longe
das vistas dos importunos e curiosos.
Nesse meio tempo o pai adoeceu. Pressentindo seu fim próximo, reuniu
os filhos e lhes disse: “Meus caros filhos e minha amada mulher, Deus me
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chama para Ele. Sinto que vou deixar-vos daqui a pouco, mas também
sinto que por vossa fé na imortalidade encontrareis força para suportar
esta separação com coragem, assim como eu levo o consolo de que poderei
sempre estar entre vós e vos ajudar com os meus conselhos. Assim,
chamai-me quando eu não estiver mais na Terra. Virei sentar-me ao vosso
lado e conversar convosco, como o fazem os nossos antepassados. Na
verdade, estaremos menos separados do que se eu partisse para uma terra
distante.
Minha cara esposa, deixo-te uma grande tarefa, mas quanto mais
pesada for, mais gloriosa será. Tenho certeza de que os nossos filhos te
ajudarão a suportá-la. Não é, meus filhos? Auxiliareis a vossa mãe;
evitareis tudo quanto possa fazê-la sofrer; sereis sempre bons e
benevolentes para com todos; estendereis a mão aos vossos irmãos
infelizes, porque não haveis de querer estendê-la um dia pedindo em vão
para vós. Que a paz, a concórdia e a união reinem entre vós. Que jamais o
interesse vos separe, porque o interesse material é a maior barreira entre a
Terra e o Céu. Pensai que estarei sempre junto a vós; que vos verei como
vos vejo neste momento, e ainda melhor, pois verei o vosso pensamento.
Não queirais, assim, entristecer-me depois da morte, do mesmo modo que
não o fizestes durante a minha vida”.
É um espetáculo realmente edificante a vida dessa piedosa família.
Alimentadas nas ideias espíritas, essas crianças não se consideram
separadas do pai. Para elas, ele está presente. Temem praticar a menor
ação que possa desagradá-lo. Uma noite por semana, e às vezes mais, é
consagrada a conversar com ele. Existem, porém, as necessidades da vida,
que devem ser providas, pois a família não é rica. É por isso que um dia
certo é marcado para essas conversas piedosas e sempre esperadas com
impaciência. Muitas vezes pergunta a pequenina: “É hoje que papai vem?”
Esse dia transcorre entre conversas familiares e instruções proporcionadas
à inteligência, algumas vezes infantis, outras vezes graves e sublimes. São
conselhos dados a propósito de pequenas travessuras que ele assinala. Se
faz elogios, também não poupa críticas, e o culpado baixa os olhos, como
se o pai estivesse diante dele; pede-lhe perdão, que por vezes só é
concedido depois de algumas semanas de prova. Sua sentença é esperada
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com febril ansiedade. Então, que alegria, quando o pai diz: “Estou contente
contigo!” Entretanto, a mais terrível sentença é: “Não virei na próxima
semana.”
A festa anual não é esquecida. É sempre um dia solene, para o qual
convidam os avós e demais mortos da família, sem esquecer um
irmãozinho, falecido há alguns anos. Os retratos são enfeitados de flores e
cada criança prepara um pequeno trabalho, por vezes apenas uma
saudação tradicional. O mais velho faz uma dissertação sobre assunto
grave; uma das meninas toca um trecho de música; a menor conta uma
fábula. É o dia das grandes comunicações, e cada convidado recebe uma
lembrança dos amigos que deixou na Terra.
Como são belas essas reuniões, na sua tocante simplicidade! Como
tudo, ali, fala ao coração! Como é possível sair delas sem estar impregnado
do amor ao bem? Nenhum olhar de mofa, nenhum sorriso cético vem
perturbar o piedoso recolhimento. Alguns amigos que partilham das
mesmas convicções e que são devotos da religião da família, são os únicos
admitidos a participar desse banquete do sentimento.
Ride quanto quiserdes, vós que zombais das coisas mais santas. Por
mais soberbos e endurecidos que sejais, não vos faço a injúria de acreditar
que o vosso orgulho possa ficar impassível e frio ante tal espetáculo.
Um dia, entretanto, foi de luto para a família, dia de verdadeiro pesar: o
pai havia anunciado que durante algum tempo, longo tempo mesmo, não
poderia vir. Ele havia sido chamado para uma importante missão longe da
Terra. A festa anual não deixou de ser celebrada, mas foi triste, pois o pai
lá não estava. Ao partir, ele havia dito: “Meus filhos, que ao meu retorno
eu vos encontre todos dignos de mim”, e cada um se esforça por tornar-se
digno dele. Eles ainda estão esperando.”
Allan Kardec.
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Eis alguns destaques que fizemos desse texto:
• A família estava acostumada a dialogar com os Espíritos, de modo
natural e simples, mesmo antes de surgir o Espiritismo.
• Eles não abandonaram sua religião, mas aproveitaram os ensinos
trazidos pela nova ciência para desenvolver a mediunidade e aperfeiçoar a
comunicação com os Espíritos;
• As reuniões espíritas eram feitas na intimidade do lar, com a
participação das crianças, que interagiam de maneira natural com o
Espírito do pai, uma ou mais vezes por semana;
• Apenas alguns amigos, que partilhavam das mesmas convicções da
família, e eram devotos da mesma religião, participavam daquele
“banquete do sentimento.”
• A reunião era agradável para as crianças, que aguardavam ansiosas
pelo dia em que o pai viria;
• Comemorava-se anualmente o Dia dos Mortos, para cuja festa eram
convidados todos os mortos da família, inclusive um irmãozinho falecido
há alguns anos;
Observa Kardec:
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vivos, na seguinte passagem: “Meu Pai não quer aniquilar a raça humana;
quer que, ajudando-vos uns aos outros, mortos e vivos, isto é, mortos
segundo a carne, porquanto não existe a morte, vos socorrais mutuamente,
e que se faça ouvir não mais a voz dos profetas e dos apóstolos, mas a dos
que já não estão mais no corpo, a clamar: Orai e crede! pois a morte é a
ressurreição, e a vida a prova escolhida, durante a qual as virtudes que
houverdes cultivado crescerão e se desenvolverão como o cedro.” 2
2 O Evangelho segundo o Espiritismo, cap. VI - O Cristo consolador - Instruções dos Espíritos - Ad-
vento do Espírito de Verdade, item 5.
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Escolhemos para ser o Guia espiritual do grupo familiar, o Espírito que
já havia aceitado ser o Presidente Espiritual do GEAK – Grupo de Estudos
Allan Kardec, do qual fazemos parte. Esse Espírito é Santo Agostinho, e o
escolhemos porque o amamos e respeitamos, e porque participou
ativamente na realização da Ciência Espírita e na sua propagação. Os
Anjos guardiães de cada membro da família também são nossos Guias e é
sob a assistência deles que sempre buscamos nos colocar.
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A nossa permanência, por mais de vinte anos, num Centro espírita de
público numeroso nos mostrou que Allan Kardec tinha razão ao apontar,
dois anos antes de sua morte, como se lê no trecho que acima
reproduzimos, sobre as vantagens das “reuniões íntimas e de família”.
Pudemos constatar, pela experiência anterior e a prática atual que, ao
fazermos reuniões espíritas por assim dizer “sem os Espíritos”, perdemos
valiosa oportunidade de instrução, de prestar um serviço útil sob a
assistência dos bons Espíritos, de conhecer melhor o mundo que nos
aguarda logo mais, e de continuar os laços afetivos com nossos parentes e
amigos que partiram antes de nós.
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nossos dias, buscando identificar os benfeitores e amigos espirituais pelos
objetivos que demonstrem e pelos bens que espalhem.” (André Luiz,
Conduta Espírita, cap. 25, “Perante os mentores espirituais”.)
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pode impedir uma família em seu lar, um indivíduo no silêncio do seu
gabinete, o prisioneiro em seu cárcere, de obter comunicações com os
Espíritos, mesmo nas barbas da polícia e sem que ela saiba? (Grifos
nossos) Admitamos, entretanto, que um governo fosse forte bastante para
impedi-las em seu território; impediria também nos territórios vizinhos,
no mundo inteiro, pois não há país algum, nos dois hemisférios, onde não
haja médiuns?
O Espiritismo, além disso, não tem sua fonte entre os homens; ele é
obra dos Espíritos, que não podem ser queimados nem encarcerados. Ele
consiste na crença individual, e não nas sociedades que absolutamente não
são necessárias. Se se chegasse a destruir todos os livros espíritas, os
Espíritos ditariam outros. (...) 4
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agradecerão as informações que lhes damos a respeito. Nelas verão um
indício da marcha irresistível da doutrina e uma prova patente de suas
consequências morais. (...)
Com efeito, não é mais por centenas que ali se contam os espíritas,
como no ano passado, mas por milhares. Melhor dizendo, não mais são
contados, e calcula-se que, seguindo a mesma progressão, em um ou dois
anos serão mais de trinta mil. O Espiritismo os recruta em todas as classes,
mas é sobretudo na classe operária que se propaga com mais rapidez, o
que não é de admirar, pois sendo essa a classe que mais sofre, volta-se
para onde encontra mais consolações. Vós que gritais contra o Espiritismo,
por que não lhe ofereceis o mesmo? Ela se voltaria para vós. Mas, em vez
disto, quereis tirar-lhe aquilo que a ajuda a carregar seu fardo de misérias.
É a maneira mais apropriada para vos distanciardes das suas simpatias e
de engrossardes as fileiras de vossos opositores. O que vimos pessoalmente
é de tal modo característico e encerra tão grande ensinamento, que
preferimos dedicar aos trabalhadores a maior parte do nosso relatório.
No ano passado havia um único centro de reunião, o de Brotteaux,
dirigido pelo Sr. Dijoud, chefe de oficina, e sua mulher. Outros se
formaram depois, em diferentes pontos da cidade, em Guillotière, em
Perrache, em Croix-Rousse, em Vaise, em Saint-Juste, etc., sem contar um
grande número de reuniões particulares. No ano passado havia somente
dois ou três médiuns ainda neófitos. Hoje há médiuns em todos os grupos,
e vários de primeira categoria. Só num grupo vimos cinco, escrevendo
simultaneamente. Vimos também uma jovem, muito boa vidente, na qual
pudemos constatar a faculdade desenvolvida em grau muito alto.
Observamos uma coleção de desenhos extremamente notáveis, de um
médium desenhista que não sabe desenhar. Pela execução e pela
complicação, rivalizam com os desenhos de Júpiter, embora sejam de um
outro gênero. Não devemos esquecer um médium curador, tão
recomendável por seu devotamento quanto pela potência de sua faculdade.
Sem dúvida é verdade que os adeptos se multiplicam, mas o que vale
ainda mais que o número é a qualidade. Ora! Nós declaramos alto e bom
som que em parte alguma vimos reuniões espíritas mais edificantes que as
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dos operários de Lyon, quanto à ordem, ao recolhimento e à atenção que
prestam às instruções de seus guias espirituais. Lá havia homens, velhos,
senhoras, moços, e até crianças cuja atitude respeitosa e recolhida
contrasta com a sua idade. Jamais uma delas perturbou, por um instante,
o silêncio de nossas reuniões, por vezes muito longas. Elas pareciam quase
tão ávidas quanto seus pais em recolher nossas palavras. Isto não é tudo. O
número das metamorfoses morais, nos operários, é quase tão grande
quanto entre os demais adeptos. São hábitos viciosos reformados, paixões
acalmadas, ódios apaziguados, intimidades pacificadas, numa palavra,
desenvolvidas as virtudes mais cristãs, e isto pela confiança, agora
inquebrantável, que as comunicações espíritas lhes dão do futuro, em que
não acreditavam. Para eles é uma felicidade assistir a essas instruções, de
onde saem reconfortados contra a adversidade. Também se veem alguns
que fazem mais de uma légua com qualquer tempo, inverno ou verão, e
que tudo enfrentam para não perderem uma sessão. É que neles não há
uma fé vulgar, mas uma fé baseada em convicção profunda, raciocinada, e
não cega.
Os Espíritos que os instruem sabem admiravelmente pôr-se à altura de
seus ouvintes. Os ditados não são trechos de eloquência, mas boas
instruções familiares, despretensiosas, e que, por isto mesmo, vão ao
coração. As conversas com os parentes e amigos mortos ali representam
um grande papel, de onde saem quase sempre lições úteis. Muitas vezes
uma família inteira se reúne e a noite se passa em suave enlevo com os que
se foram. Eles querem ter notícias dos tios, das tias, dos primos e das
primas; saber se são felizes. Ninguém é esquecido. Cada um quer que o avô
lhe diga algo, e a cada um ele dá um conselho.
- E pra mim, vovô, perguntava um dia um rapazinho, não direis nada?
- Para ti, meu filho, sim, dir-te-ei alguma coisa: não estou contente
contigo. Outro dia, em vez de ir direto ao trabalho, discutiste por uma
tolice, no meio do caminho. Isto não é bom.
- Como sabeis disto, vovô?
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- Sem dúvida eu sei. Será que nós Espíritos não vemos tudo o que fazeis,
desde que estamos ao vosso lado?
- Perdão, vovô. Prometo não fazer mais isto.
Não existe algo de tocante nesta comunicação dos mortos com os vivos?
A vida futura aí está, palpitante aos seus olhos; não mais há morte, nem
mais a separação eterna, nem o nada; o céu está mais perto da Terra e é
melhor compreendido. Se isto é uma superstição, praza a Deus que jamais
tivesse havido outras!
Um fato digno de nota, e que constatamos, é a facilidade com que
esses homens, na maioria iletrados e endurecidos nos mais rudes
trabalhos, compreendem o alcance da doutrina. Pode-se dizer que só lhe
veem o lado sério. Nas instruções que lhes demos em diversos grupos, em
vão procuramos despertar a curiosidade pelo relato das manifestações
físicas, contudo, nenhum deles viu uma mesa mover-se, ao passo que tudo
quanto dizia respeito às apreciações morais cativava seu interesse no mais
alto grau.
A alocução seguinte nos foi dirigida quando de nossa visita ao grupo
de Saint-Just. Publicamo-la, não para satisfazer a uma vaidade tola e
pueril, mas como prova dos sentimentos que dominam nas fábricas onde
penetrou o Espiritismo, e porque sabemos ser agradável aos que nos
quiseram dar esse testemunho de simpatia. Transcrevemo-la
textualmente, pois teríamos escrúpulo de lhe acrescentar uma só palavra.
Só a ortografia foi revista.
“Senhor Allan Kardec, discípulo de Jesus, intérprete do Espírito de
Verdade, sois nosso irmão em Deus. Estamos reunidos todos com o
mesmo coração, sob a proteção de São João Batista, protetor da
Humanidade e precursor do grande mestre Jesus, nosso Salvador.
“Nós vos rogamos, nosso caro mestre, que mergulheis vosso olhar no
fundo de nossos corações, a fim de que possais dar-vos conta da simpatia
que temos por vós. Somos pobres trabalhadores, sem artifícios. Uma
grossa cortina, desde a nossa infância, foi estendida sobre nós, para abafar
a nossa inteligência, mas vós, caro mestre, pela vontade do Todo-
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Poderoso, rasgais a cortina. Essa cortina, que eles julgavam impenetrável,
não pôde resistir à vossa digna coragem. Oh! sim, nosso irmão, tomastes a
pesada enxada para descobrir a semente do Espiritismo, que se tinha
encerrado num terreno de granito. Vós a semeais nos quatro cantos do
globo, e até nos pobres bairros de ignorantes, que começam a saborear o
pão da vida.
“Todos o dizemos do fundo do coração; estamos animados do mesmo
fogo e repetimos todos: Glória a Allan Kardec e aos bons Espíritos que o
inspiraram! E vós, bons irmãos Sr. e Sra. Dijoud, os abençoados por Deus,
por Jesus e por Maria, estais gravados em nossos corações, para jamais
sair, porque por nós sacrificastes vossos interesses e vossos prazeres
materiais. Deus o sabe; nós lhe agradecemos por vos haver escolhido para
esta missão e agradecemos também ao nosso protetor superior São João
Batista.
“Obrigado, Sr. Allan Kardec; mil vezes obrigado, em nome do grupo de
Saint-Just, por estar entre nós, simples operários e ainda muito
imperfeitos em Espiritismo. Vossa presença nos causa uma grande alegria
em meio de nossas tribulações, que são grandes neste momento de crise
comercial. Vós nos trazeis o bálsamo benfazejo que chamam esperança,
que acalma os ódios e reacende no coração do homem o amor e a caridade.
Nós nos aplicaremos, caro mestre, em seguir vossos bons conselhos e os
dos Espíritos superiores que tiverem a bondade de nos ajudar e instruir, a
fim de nos tornarmos, todos, verdadeiros e bons espíritas. Caro mestre,
tende certeza de que levais convosco a simpatia de nossos corações para a
eternidade, nós o prometemos. Somos e seremos sempre vossos adeptos
sinceros e submissos. Permiti a mim e ao médium, que vos demos o beijo
de amor fraterno em nome de todos os irmãos e irmãs que aqui estão.
Ficaríamos muito felizes também se quisésseis brindar conosco.”
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não o bebe todos os dias; mas era uma festa para eles: ia-se falar de
Espiritismo. Oh! Foi com o coração alegre que brindamos com eles, e seu
modesto lanche, aos nossos olhos, tinha cem vezes mais valor do que os
mais esplêndidos repastos. Que eles recebam aqui a confirmação disto.
Alguém nos dizia em Lyon: “O Espiritismo penetra nos meios operários
pelo raciocínio; não seria tempo de procurar que penetrasse pelo coração?”
Certamente esta pessoa não conhece os operários; seria desejável que se
encontrasse tanto coração em todas as pessoas. Se tal linguagem não for
inspirada pelo coração; se o coração nada significa para aquele que no
Espiritismo encontra a força de vencer suas más inclinações; de lutar com
resignação contra a miséria; de abafar seus rancores e animosidades; para
aquele que partilha seu pedaço de pão com um mais infeliz, confessamos
não saber onde está o coração.” (Revista Espírita, outubro de 1861 - O
Espiritismo em Lyon.)
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• São tocantes estas palavras dirigidas a Kardec por um operário: “Nós
vos rogamos, nosso caro mestre, que mergulheis vosso olhar no fundo de
nossos corações, a fim de que possais dar-vos conta da simpatia que temos
por vós.” (...) Aqui, como em tantos outros casos em que espíritas da época
têm a oportunidade de estar pessoalmente com Kardec, é muito singular
que se mostrem emocionados, sensibilizados e reconhecidos ao mestre,
como figura humana ímpar, ao passo que hoje em dia, embora saibamos
que ele continua em espírito trabalhando por nós, ele é erroneamente visto
como inacessível, distante, ou ainda, o que é pior, apenas como um
símbolo, um nome, um rótulo.
23
um Anjo, e esse Anjo compadecido apresentou-me a um grupo de pessoas
que buscavam, na vida da Terra, outras ocupações que não apenas os
interesses materiais, e eu me surpreendi. Eles estavam refletindo sobre a
vida além da matéria, e suas discussões iam além do simples ter. Confesso
que fiquei surpreso, pois ali estavam famílias, lares que buscavam a
harmonia; então passei a frequentar suas reuniões e seus lares, e agora
posso dizer, feliz, o quanto tenho aprendido e quanto Deus é bom
permitindo que eu aprenda com o Espiritismo e com a convivência no
grupo.
O Anjo que me acolheu eu não poderia deixar de dizer que é esse Anjo
da alegria, da felicidade, e que os abraça agora: o nosso alegre menino
Julinho. 7
Obrigado, e votos de progresso.”
7 Julinho é um Espírito que, desde que iniciamos o grupo, muito tem nos auxiliado. Disse ter sido na
Terra um discípulo de Santo Agostinho.
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6. As reuniões espíritas são também úteis para
instrução dos próprios Espíritos
Para ficar ainda mais evidente os benefícios das reuniões sérias, onde
há comunhão de pensamentos entre seus membros e uma afeição
verdadeira, inserimos aqui uma comunicação que Kardec publicou em O
Céu e o Inferno, ou a justiça divina segundo o Espiritismo.” 9
8 O Evangelho segundo o Espiritismo, cap. XVI - Não se pode servir a Deus e a Mamón - Instrução
dos Espíritos - Desprendimento dos bens terrenos, item 14.
9 O Céu e o Inferno - Segunda Parte – Exemplos, cap. III - Espíritos em condições medianas - Eric
Stanislas.
25
Escutai: eu estava longe de ser feliz; mergulhado na imensidão, no
infinito, meus sofrimentos eram tanto mais agudos quanto eu não podia
me dar conta exata deles. Deus seja louvado! Ele me permitiu vir a um
santuário que os malvados não podem transpor impunemente. Amigos,
quão reconhecido vos sou, quanta força absorvi entre vós!
Oh! homens de bem, reuni-vos com frequência; instruí, pois não
poderíeis imaginar quantos frutos trazem todas as reuniões sérias que
fazeis entre vós; os Espíritos que têm ainda muitas coisas que aprender, os
que permanecem voluntariamente inativos, preguiçosos e esquecidos de
seus deveres podem se encontrar, seja por uma circunstância fortuita, seja
de outro modo, entre vós; atingidos por um choque terrível, eles podem, e
é o que ocorre muitas vezes, dobrar-se sobre si mesmos, reconhecer-se,
entrever o objetivo a alcançar, e fortalecidos pelo exemplo que lhes dais,
buscar os meios que podem fazê-los sair do estado penoso em que se
encontram. Torno-me com muita alegria o intérprete das almas
sofredoras, pois é a homens de coração que me dirijo e sei que não sou
repelido.
Aceitai, portanto, mais uma vez, ó homens generosos, receber a
expressão de meu reconhecimento particular e a de todos os nossos
amigos a quem fizestes, talvez sem o prever, tanto bem.”
Éric Stanislas.
26
7. “Os espíritas de hoje são estranhos, não evocam seus
familiares.”
A nossa mãe, Sra. V., passou cerca de cinquenta anos sob uma obsessão
terrível, tendo sido diagnosticada pelos especialistas da época como louca.
Após ter enfrentado diversos tratamentos dolorosos, em meados do século
XX, passando por clínicas psiquiátricas que usavam todos os recursos
conhecidos até então para tratamento de casos como esse, faleceu após ter
ficado cerca de dez anos quase totalmente paralisada por um AVC, que lhe
adveio aos setenta e poucos anos de idade.
No decorrer dos anos, e tendo esgotado todos os recursos da medicina
sem que nenhuma melhora se apresentasse, nossa mãe passou a
frequentar os cultos de uma igreja evangélica situada perto de sua casa.
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Suas ideias foram sofrendo a influência da nova crença e, embora nos
últimos anos de sua existência terrena não pudesse mais frequentar a
igreja, morreu acreditando que ao sair do corpo iria “dormir no Senhor”
até o dia do juízo final.
Quando ela faleceu nós já éramos espíritas, mas ainda não havíamos
despertado para a prática da evocação como meio de auxiliar o Espírito a
sair da perturbação que se segue à morte, que em muitos casos é de longa
duração. Assim, passaram-se alguns anos após a sua morte até que um dia,
já mais esclarecidos na Ciência Espírita e fazendo as reuniões familiares,
perguntamos aos nossos Guias se poderíamos evocá-la. Eles responderam
afirmativamente e acrescentaram que poderíamos contar com a assistência
deles. Resolvemos então evocá-la.
Por uma lei de Deus toda de amor e misericórdia, uma mãe não pode
deixar de ouvir o chamado do coração de seus filhos, e a nossa mãe nos
atendeu. Veio dialogar conosco, superando os próprios preconceitos de
crenças. Ao longo do tempo e das conversas, nas quais buscamos
esclarecê-la sobre as leis divinas, segundo o Espiritismo, ela foi saindo da
perturbação e compreendendo melhor a vida nova na qual estava
mergulhada.
Sua fé em Jesus aumentou e, percebendo a presença do seu Anjo
guardião, ela se tornou mais feliz e mais livre. Ainda hoje os diálogos que
temos com nossa mãe são muito instrutivos para nós e para ela. Disse-nos
que seus sofrimentos foram justos e contribuíram para expiação de faltas
passadas. “Os Espíritos que me atormentavam eram alguns dos que
prejudiquei em outras existências e que não conseguiram me perdoar”,
contou-nos ela.
Numa evocação mais recente, tivemos com ela uma conversa da qual
reproduzimos aqui algumas passagens:
28
P. Eram maus Espíritos que a perturbavam? R. – Sim. Eles me
perseguiam, e eram compromissos do passado. Naquele tempo eu não
entendia isso, ninguém entendia.
P. Então a senhora era médium? R. – Era. Eu via, escutava, e às vezes
eles também se apoderavam do meu corpo.
P. Parece que a senhora tinha vários tipos de faculdades mediúnicas: a
vidência, a audição, a possessão? R. – Sim, mas tudo era como se tivesse
embaralhado, eu não sabia o que acontecia.
P. Havia uma confusão na sua cabeça? R. – Havia, mas agora eu
compreendo melhor o que se passava.
P. Antes de a senhora nascer na Terra, como Sra. V..., havia solicitado
a mediunidade como meio de progresso? Lembra-se disso? R. – Sabia que,
se pudesse ter mais consciência do mundo espiritual, poderia dar conta
dos meus compromissos, por isso eu não tinha medo. Depois, no corpo,
não sabia direito como tudo aquilo acontecia.
P. Os barulhos, as luzes apagando e acendendo, fenômenos que muitas
vezes aconteciam lá em casa, eram provocados por esses Espíritos? R. –
Sem dúvida, e não era só eu que podia perceber, mas outros membros da
família também podiam, inclusive o pai de vocês. Esses fenômenos eram
para que todos pudessem saber que a vida é mais do que a vida do corpo
físico.
P. Aquelas ações dos maus Espíritos sobre a senhora poderiam ter
sido evitadas, antes que tomassem vulto? Se poderiam ser evitadas, de que
maneira? R. Hoje vejo que tudo o que eu passei foi justo. Se eu não tivesse
que passar por tudo aquilo, com certeza não passaria, porque Deus é justo.
Se eu soubesse melhor o que vocês sabem hoje, é bem possível que eu não
tivesse sofrido assim. Mas não sabia, e Deus queria assim.
P. Apesar da ação dos maus Espíritos a senhora também ouvia os
conselhos do seu Anjo guardião? R. – Sim. Pois eu sofria, mas de certa
forma entendia o porquê. Então eu sabia, tinha fé, e fui superando, fui
aguentando.
29
9. Escolha de provas com vistas a superar o orgulho e o
egoísmo
Numa ocasião em que estudávamos o orgulho, esse vício que tanto nos
tem infelicitado, evocamos, durante alguns meses, nossos familiares e
amigos mortos para que nos falassem sobre essa chaga e de como a
enfrentaram em suas existências terrenas. Obtivemos, entre outras tantas,
uma comunicação da Sra. G..., avó paterna de um dos membros do grupo
familiar:
“Meus filhos. Vou chamá-los todos de meus filhos porque faço parte
dessa família, sinto-me nessa família, e já que vocês me deram a
oportunidade de vir falar, eu quero falar um pouco.
Eu fui para a vida no corpo aprender um pouco sobre a humildade; fui
negra para aprender a ser mais humilde, e cometi algumas faltas porque
levei comigo esse vício do qual estão falando tanto, que é o orgulho. Fiz
questão, meus filhos, de incentivar o orgulho naqueles que estavam
próximos de mim. Como coração de mãe que queria ver o seu filho doutor,
esqueci que o mais importante é levar dessa vida os títulos morais, e
insuflei em meu filho ideias equivocadas.10 Foi, de minha parte, um grande
erro, por isso venho agora dizer a vocês que lutem contra esse sentimento
que nos traz tanto sofrimento quando voltamos para a vida verdadeira.
Pergunta: O orgulho é mesmo um engano, não? R. – Um grande
engano. Não há nada que possamos trazer da Terra para o lado de cá e que
nos engrandeça, que não sejam as boas coisas que fizemos, e os bons
sentimentos que alimentamos.
P. Há algo que possamos fazer pela senhora? R. – Sim, orem pelo meu
filho, pois logo mais, se Deus permitir, poderemos ajudar mais. Orem
também uns pelos outros, continuem estudando esse vício, e lutem para se
30
libertarem desse mal. Não posso mais continuar... Agradeço muito por
tudo, pelos bons sentimentos, pelas boas lembranças.
P. A senhora não pode continuar por alguma razão especial? R. – O
médium...
P. A emoção o impede? R. – Sim.
P. Teremos ainda outras oportunidades que Deus irá nos conceder...
R. – Sim. Agora me despeço.
Por psicofonia, pelo médium Sr. R., neto da Sra. G., em 12 de fevereiro
de 2010.
“A vida que escolhi, e que de certa forma vivi aqui na Terra foi uma
vida em que olhei o tempo todo só para os meus. Tudo girava em torno da
minha família; meus sentimentos de mãe fizeram-me feliz, e ao mesmo
tempo desgraçada. Feliz, porque pude dar à luz filhos que amei e amo
muito; desgraçada, porque esse amor infantil não me deixava ver o quanto
precisamos ver os filhos e demais familiares como Espíritos imortais.
Hoje, meus caros, que vejo alguns do meu seio vinculados a esse
Espiritismo que ilumina, sinto-me honrada e agradecida a Deus, porque
foi essa ideia que fez e que faz com que lembrem de mim sempre, e que eu
nunca me sinta só e possa dizer-lhes, depois de morta, o quanto os amo, e
assegurar-lhes que continuamos vivendo e estamos juntos.
Quero registrar os meus sinceros agradecimentos a este núcleo
familiar, a Jesus, nosso Mestre, e a esses bons Guias que nos sustentam
nas lutas.
Que Deus os abençoe. Hoje estou aprendendo a olhar também outros
como meus familiares.”
G..., avó do médium
31
(Comunicação psicografada pelo médium Sr. R, em 29 de outubro de
2011.)
32
O exemplo é a melhor forma de educação; as atitudes do educando
refletem o jeito de ser de seus educadores; por esse motivo manter uma
constância de bom comportamento será de vital importância para aquele
que vos observa e tende a vos imitar. Se pudésseis perceber a importância
que têm os vossos exemplos, as marcas que deixam nas almas que amais,
certamente vossos esforços seriam maiores para que, pelo vosso modo de
viver, formásseis Espíritos fortes e direcionados para Deus, ao invés de
almas frágeis que buscam a própria felicidade nos prazeres fugidios da
matéria.
Rogamos a Deus que vos dê a lucidez necessária para bem conduzirdes
vossos filhos.
33
11. Uma mãe, agora arrependida, vem trazer conselhos
aos familiares que ainda estão encarnados.
34
I. C.”
(Ditado espontâneo, psicografado pela Sra. N., em 08/01/2012 –
Reunião Familiar.)
“Ah, como fico feliz por poder estar aqui! Como são proveitosos esses
estudos, quando todos buscam com sinceridade a instrução!
Hoje gostaria de falar um pouco sobre a fé na vida futura, sobre a
importância na vida das pessoas, dessa fé que faz com que se compreenda
que a vida no corpo é passageira; que tudo o que é material fica aí, e só
podemos trazer aquilo que fizemos de bem ou de mal. Se as pessoas
soubessem da importância de pensar na vida após a morte, mudariam
tantas coisas, os interesses seriam outros, o comportamento seria outro.
Infelizmente não é assim... e então a gente reza porque um dia alguém
disse para a gente rezar, mas muitas vezes sem saber a importância que
tem uma oração, nem como ela pode nos ajudar e ajudar outras pessoas.
Se tivéssemos fé em Deus, ao invés de um comentário que aumente o
defeito de nosso próximo, enviaríamos um bom pensamento, desejando
que a pessoa seja feliz. Quantos males poderiam ser evitados, com a
certeza de que a vida continua para além do túmulo! Como poderíamos ser
mais felizes.
Tanto tempo caminhamos por estradas equivocadas... Mas vocês podem
aproveitar essa oportunidade para tornar a família mais lúcida, mais unida
e com certeza mais feliz. Tanto sofrimento temos visto, porque a maioria
das pessoas não pensam em como será depois que se encerra a vida do
corpo; tantas coisas sem importância são mantidas, como mágoas que
demoram anos para se resolver..., tudo sem sentido!
Eu peço perdão pelos meus equívocos, e me equivoquei por ignorância,
mas vocês ainda podem mudar o rumo das coisas, procurando aumentar a
35
fé, e assim serão mais tranquilos quando voltarem para cá. Orem sempre e
peçam a Deus que aumente a sua fé e a de toda a família. Com muito
carinho,
I. C.”
Psicografada pela Sra. N., em 12/04/2013 – Reunião familiar.
36
"Não esqueçais que o fim essencial, exclusivo, do Espiritismo é a vossa
melhora e que, para o alcançardes, é que os Espíritos têm a permissão de
vos iniciarem na vida futura, oferecendo-vos dela exemplos de que podeis
aproveitar. Quanto mais vos identificardes com o mundo que vos espera,
tanto menos saudosos vos sentireis desse onde agora estais. Eis, em suma,
o fim atual da revelação." (...) (Livro dos Médiuns - Segunda parte - Das
manifestações espíritas, cap. XXVI - Das perguntas que se podem fazer aos
Espíritos - Sobre a sorte dos Espíritos, item 292.)
A Sra. Sagrário
37
Obtivemos a seguinte resposta:
38
Na mesma sessão obtivemos também duas comunicações espontâneas:
39
a Ele, os mais variados. Cabe a cada um, no caminho que elegeu, fazer o
melhor para cumprir os Seus desígnios e avançar. Que Deus nos guie.”
Sem nome
40
omitirmos, não acabarão desenvolvendo o temor, a incredulidade, o erro,
ou indiferença para com a parte prática do Espiritismo, que envolve, de
forma essencial, a comunicação com os Espíritos?
41
Um dia ele se achava em casa de uma pessoa conhecida e brincava no
pátio da casa com sua priminha de cinco anos de idade, e dois meninos,
um de sete e outro de quatro anos. Uma senhora que morava no piso
térreo os convidou a entrar em sua casa e lhes deu bombons. As crianças,
como se pode imaginar, não se fizeram de rogadas.
A senhora perguntou ao filho do Sr. Delanne:
- Como te chamas, meu filho?
- Eu me chamo Gabriel, senhora.
- Que faz teu pai?
- Senhora, meu pai é espírita.
- Eu não conheço essa profissão.
- Mas, senhora, não é uma profissão; meu pai não é pago para isto, ele o
faz com desinteresse e para fazer o bem aos homens.
- Meu rapazinho, não sei o que queres dizer.
- Como! Jamais ouvistes falar das mesas girantes?
- Pois bem, meu amigo, bem gostaria que teu pai estivesse aqui para
fazê-las girar.
- Não precisa, senhora, eu mesmo tenho o poder de fazê-las girar.
- Então, queres experimentar e me mostrar como se procede?
- De boa vontade, senhora.
Dito isto, ele se sentou junto a uma mesinha de sala e fez ali se
colocarem seus três pequenos colegas; e eis os quatro pondo gravemente
as mãos sobre a mesa. Gabriel fez uma evocação, em tom muito sério e
com recolhimento; mal terminou e, para grande estupefação da senhora e
das crianças, a mesa ergueu-se e bateu com força.
- Perguntai, senhora, disse Gabriel, quem vem responder por meio da
mesa.
42
A vizinha interroga e a mesa soletra as palavras: teu pai. A senhora
empalideceu de emoção. Ela continua:
- Então, meu pai, queres me dizer se devo mandar a carta que acabo de
escrever?
- A mesa responde: sim, sem falta.
- Para me provar que és tu, meu bom pai, que estás aí, poderias me
dizer há quantos anos estás morto?
A mesa dá imediatamente oito pancadas bem acentuadas. Estava
correto o número de anos.
- Poderias dizer-me teu nome e o da cidade onde morreste? A mesa
soletra esses dois nomes.
As lágrimas jorraram dos olhos daquela senhora, que não pôde
continuar, tanto fora alterada por essa revelação e dominada pela emoção.
Seguramente este fato desafia toda suspeita de preparação do
instrumento, de ideia preconcebida e de charlatanismo. Também não se
podem pôr os dois nomes soletrados à conta do acaso. Duvidamos muito
que essa senhora tivesse recebido tamanha impressão numa das sessões
dos Srs. Davenport, ou em qualquer outra do mesmo gênero. De resto, não
é a primeira vez que a mediunidade se revela em crianças, na intimidade
das famílias. Não é o cumprimento daquelas palavras proféticas: Vossos
filhos e vossas filhas profetizarão? (Atos dos Apóstolos, II:17). Allan
Kardec
43
15. O jovem instruído na Ciência Espírita
Allan Kardec 12
12 Viagem Espírita em 1862 - Instruções particulares dadas aos grupos em resposta a algumas das
questões propostas – X.
44
percebemos que nossa realidade não está tão distante da deles. Quando
estamos nesse processo de evocá-los há várias coisas que aprendemos.
Vemos a importância do perdão, já que o Espírito está sofrendo pela falta
dele. Fortalecemos a nossa fé ao ver a melhora do obsidiado quando o
Espírito se arrepende e é moralizado, e exercitamos a caridade e a
abnegação auxiliando nosso próximo.
45
O Espiritismo é a ciência que veio nos ensinar as leis que regem as
relações entre homens e Espíritos, portanto não podemos desconsiderá-la
quando fazemos uso da sua parte prática. A parte prática do Espiritismo
não é uma prática mística que nos dispense do uso da razão, nem dos
esforços para compreender as suas leis e a elas ajustar a nossa prática.
Convém, pois, não perdermos de vista a definição que Kardec dá do
Espiritismo, a fim de que a tenhamos sempre em mente:
O Espiritismo é, ao mesmo tempo, uma ciência de observação e uma
doutrina filosófica. Como ciência prática ele consiste nas relações que se
estabelecem entre nós e os Espíritos; como filosofia, compreende todas as
consequências morais que decorrem dessas mesmas relações.
Podemos defini-lo assim: O Espiritismo é uma ciência que trata da
natureza, origem e destino dos Espíritos, bem como de suas relações com
o mundo corporal. (Allan Kardec, O que é o Espiritismo, Preâmbulo.)
46
direto, frequentemente um Espírito nenhum motivo teria para vir a nós, a
menos que seja o nosso Espírito familiar.
Essas duas maneiras de operar têm cada uma suas vantagens, e
inconveniente não haveria senão na exclusão absoluta de uma delas. As
comunicações espontâneas inconveniente nenhum apresentam, quando se
está senhor dos Espíritos e certo de não se deixar dominar pelos maus.
Então, é quase sempre bom aguardar a boa-vontade dos que desejam
manifestar-se, porque seu pensamento não sofre nenhum
constrangimento, e dessa maneira se podem obter coisas admiráveis;
entretanto, pode suceder que o Espírito por quem se chama não esteja
disposto a falar, ou não seja capaz de fazê-lo no sentido desejado. O exame
escrupuloso que temos aconselhado, é, aliás, uma garantia contra as más
comunicações. Nas reuniões regulares, naquelas, sobretudo, em que se faz
um trabalho continuado, há sempre Espíritos habituais que a elas
comparecem, sem que sejam chamados, por estarem prevenidos, em
virtude mesmo da regularidade das sessões. Frequentemente então tomam
espontaneamente a palavra, para tratar de um assunto qualquer,
desenvolver uma proposição ou prescrever o que se deva fazer, caso em
que são facilmente reconhecíveis, quer pela forma da linguagem, que é
sempre idêntica, quer pela escrita, quer por certos hábitos que lhes são
peculiares. (O Livro dos Médiuns - Segunda parte - Das manifestações
espíritas, cap. XXV - Das evocações - Considerações gerais, item 269.)
_____
47
aquele que o evoca. Essa preocupação é uma espécie de evocação
antecipada e, como temos sempre conosco os nossos Espíritos familiares,
que se identificam com o nosso pensamento, eles preparam o caminho de
tal sorte que, se nenhum obstáculo surge, o Espírito que desejamos
chamar já se acha presente ao ser evocado. Quando assim não acontece, é
o Espírito familiar do médium, ou o do interrogante, ou ainda um dos que
costumam frequentar as reuniões que o vai buscar, para o que não precisa
de muito tempo. Se o Espírito evocado não pode vir de pronto, o
mensageiro (os Pagãos diriam Mercúrio) marca um prazo, às vezes de
cinco minutos, um quarto de hora e até muitos dias. Logo que ele chega,
diz: Aqui estou. Podem então começar a ser feitas as perguntas que se lhe
quer dirigir.
O mensageiro nem sempre é um intermediário indispensável,
porquanto o Espírito pode ouvir diretamente o chamado do evocador,
conforme ficou dito em o n. 282, pergunta 5, sobre o modo de transmissão
do pensamento.” (Livro dos Médiuns - Segunda parte - Das manifestações
espíritas, cap. XXV - Das evocações - Considerações gerais, itens 270 e
271.)
Há ainda mais uma questão abordada por Kardec que vale lembrar
aqui:
48
17. A evocação auxilia no desprendimento dos Espíritos
e abrevia a perturbação que se segue à morte
49
Logo após a prece um Espírito se comunicou, em desespero, pedindo
que fossem falar para sua namorada que ela não era culpada pelo seu
suicídio. Identificou-se como Jean C., e pediu urgência na providência
solicitada. O Espírito do esposo da médium, falecido havia mais de dez
anos, reiterou que era urgente que encontrassem a moça e lhe dessem o
recado do ex-namorado.
O Dr. Demeure, evocado logo após esta comunicação, à pergunta que
lhe foi feita se deveriam procurar a moça, respondeu: “O mais breve
possível, pois se trata de uma situação muito delicada. A moça pode não
resistir à pressão e precipitar-se no abismo. Deus, em sua infinita
misericórdia, sempre nos dá os meios de auxiliar, e vós podeis ser o auxílio
neste momento.”
No dia seguinte, dado que a médium ainda estava um pouco insegura
se deveria procurar a jovem, evocou ela mesma seu esposo e lhe perguntou
sobre o caso. Ele respondeu prontamente: “Não deixe que a sua
insegurança seja maior que o desejo de auxiliar.”
O bombeiro lembrou-se então de que um moço havia se suicidado
recentemente, mas não sabia seu nome, nem mesmo onde residia, pois os
suicídios não são divulgados. Por todos os meios tentaram descobrir o
nome do rapaz que se suicidara para ver se havia alguma coincidência com
o que o Espírito tinha dito, mas em vão.
Cerca de uma semana se passara sem nenhuma resposta, quando o
bombeiro, atendendo a uma ocorrência, encontrou o médico legista que
havia atendido o caso. Perguntou-lhe sobre o moço que se suicidara e
pediu-lhe o favor de verificar no prontuário de óbito o nome do rapaz. Para
sua surpresa o nome do jovem era Jean C...
Foi um passo importante, mas que ainda deixava longe a solução, pois
o endereço que constava no prontuário era da casa dos pais de Jean que,
segundo informações de amigos e vizinhos, atribuíam à namorada a culpa
pela morte do filho e presumivelmente não queriam saber dela. Todavia, a
família que buscava auxiliar Jean não desistiu, e ao cabo de alguns dias
descobriu que o nome da sua ex-namorada era Srta. A..., tinha de dezesseis
50
anos, mas não sabiam onde ela morava. Depois de tantas buscas
infrutíferas, a filha da médium teve uma informação que levou mãe e filha
à casa da Sra. A.
Era noite quando avistaram, num bairro afastado, uma casinha
simples, e uma moça que chegava do colégio.
Bateram à porta e um senhor a abriu. Com um leve sorriso nos lábios
perguntou em que poderia ajudá-las.
- “É aqui que mora a Srta. A.?”
- “Sim, respondeu o homem, ela é a minha filha.” Então entrou na sala
uma moça de fisionomia abatida, com olheiras escuras e olhar triste.
- “Você é a Srta. A.?” Perguntou a médium.
- “Sim”, respondeu ela, com certa desconfiança.
- “Seu ex-namorado se chamava Jean?”
- “Chamava-se”, disse a moça, mais desconfiada ainda.
- “Nós somos espíritas, disse a médium, e chegamos até você porque
fomos procurados pelo Espírito do seu ex-namorado. Ele nos pediu que lhe
trouxéssemos um recado.”
A moça começou a chorar copiosamente, e entre lágrimas perguntou:
“Que recado ele me mandou?”
- “Ele pediu para que você não se sinta culpada pelo suicídio dele, pois
não teve culpa alguma nessa decisão, que foi unicamente dele.”
A jovem respirou mais aliviada, e ainda em lágrimas acrescentou:
- “Tenho sonhado todas as noites com vozes que me acusam da morte
dele... Não aguento mais tanta pressão, pois a família dele também me
julga culpada, porque alguns dias antes da sua morte eu havia terminado o
namoro com ele... cheguei mesmo a pensar em acabar com minha vida,
também.”
- “Então foi por isso que Jean nos pediu urgência em lhe trazer seu
recado, falou a médium.”
51
O pai da moça, que até então observava calado, desabafou: “Graças a
Deus vocês vieram trazer esse recado, pois eu estava muito preocupado
com minha filha! Temo que ela faça a mesma bobagem que Jean.”
Após a primeira manifestação do Espírito de Jean C., nós o evocamos
outras vezes, e ele nos disse que desde a infância ouvia vozes que o
acusavam, e que sentia uma tristeza da qual desconhecia a causa. Após o
ato fatal ele continuava ouvindo as mesmas vozes, que agora zombavam
dele porque fora fraco, e que mais uma vez fora vencido...
Jean C. sofria de uma obsessão por vingança. Não soube identificar
que a sua situação se devia a Espíritos que o atormentavam e sucumbiu ao
desespero, pondo fim à vida física.
Durante as evocações, nas quais procurávamos lhe dar orientações
seguindo os exemplos deixados por Allan Kardec em suas obras, ele
conseguiu ouvir seu Anjo guardião e compreender que para afastar as
vozes que ainda o atormentavam era preciso perdoar aos que as
provocavam, orar por eles, pedir-lhes perdão e arrepender-se
sinceramente pelas infrações cometidas contra as leis divinas.
Desde a sua primeira comunicação nós temos orado pelo Espírito de
Jean C., e numa de suas últimas comunicações ele pediu perdão por ter
causado incômodo ao jovem bombeiro e à família, dizendo, porém, que
não tinha encontrado outro jeito de chamar a atenção para pedir socorro.
Compreende-se que a sensação de aperto no pescoço do jovem bombeiro
era provocada pelo sofrimento do Espírito que trazia ainda a sensação
causada pelo enforcamento, e fora impressa em seu períspirito e sentida
no corpo. No entanto, desde a primeira comunicação do Espírito, o jovem
não mais teve a tal sensação.
52
egoísmo naquele que somente a sua própria satisfação procura nas
manifestações dos Espíritos, e dá prova de orgulho aquele que deixa de
estender a mão em socorro dos infelizes. De que lhe serve obter belas
recomendações de Espíritos de escol, se isso não o faz melhor para consigo
mesmo, nem mais caridoso e benévolo para com seus irmãos deste mundo
e do outro? Que seria dos pobres doentes, se os médicos se recusassem a
lhes tocar as chagas?” (Livro dos Médiuns - Segunda parte - Das
manifestações espíritas, cap. XV - Das evocações - Utilidade das evocações
particulares, item 281.)
“Não deixe que sua insegurança seja maior que o desejo de auxiliar.”
53
“Por fraqueza destes. Os maus são intrigantes e audaciosos, os bons
são tímidos. Quando estes o quiserem, preponderarão.”
54
20. Cura de uma obsessão
55
no propósito de auxílio para que aquele que lhes dá ouvidos não caia no
esquecimento, ou continue mantendo maus sentimentos.”
56
Vale lembrar que as evocações do Espírito, enquanto ainda não havia se
arrependido, foram feitas na reunião familiar por sugestão dos nossos
Guias. Depois, quando Maria já havia desistido da vingança, nós a
evocamos no GEAK, o grupo maior, para que ela nos ajudasse a
compreender melhor os mecanismos utilizados pelos maus Espíritos para
nos influenciar, já que ela conhecia bem essas estratégias.
Evocação.
- Estou aqui.
P. Para nossa instrução, poderia nos dizer quais eram as portas abertas
que lhe mais davam acesso à nossa intimidade?
14 Um membro do nosso grupo era parente do homem de quem o Espírito desejava vingar-se.
15 Ao desencarnar, Maria se ligou a alguns Espíritos que a ajudariam a vingar-se de seu ex-marido, e
em troca deveria prestar “serviços” a eles, vinculando-se a membros do nosso Grupo com o objetivo
de nos prejudicar.
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R. - Sim. Eu sempre tive facilidade, e agora reconheço isso com mais
lucidez, para influenciar as pessoas com meu pensamento.16
Quando morri, mesmo sem perceber, eu podia e fazia isso: me
aproximava de quem eu queria influenciar e vibrava um mau sentimento...
e aí era fácil, porque vocês sempre têm alguma porta aberta, como o
ciúme, a inveja, a raiva... A raiva é muito boa quando se quer causar um
tumulto geral, pois é só fazer essa chama crescer mais e mais...
16 De fato um dos nossos Guias nos disse, quando começamos a evocar Maria, que ela era muito ha-
bilidosa na arte do Magnetismo.
58
21. Instruções que recebemos dos Anjos guardiões e
demais Guias
Tomar a charrua
“Os vossos interesses por vezes vos levam por roteiros que não
gostaríeis mais de repetir, pelos sofrimentos que já vos causaram. Quando
59
parais para ouvir a voz dos Espíritos do Senhor, que alimentam somente o
desejo do bem, podereis ouvir os conselhos que sejam os mais sensatos
para o vosso equilíbrio, conselhos que vos conduzirão por uma via mais
segura.
Espíritos milenares, trazeis a marca de desânimo que tanto vos fez
sofrer, conduzindo-vos por caminhos nos quais os prazeres do corpo
tiveram peso maior.
Hoje, num tempo de mais esclarecimento em que vos propondes ao
amadurecimento da razão, ao equilíbrio das ações, a um caminhar mais
seguro na direção do progresso moral, não deveis vos deter a contemplar
fogos fátuos, que brilham por instantes, mas logo desaparecem deixando o
vazio, como um castelo de areia que se desfaz com a onda.
Hoje o vosso compromisso é com a vida, a verdadeira vida que o
tempo não destrói, a vida de quem busca a felicidade duradoura
construída com esforço, devotamento, abnegação. Já vos fartastes outrora
com os prazeres do mundo, que deixaram somente o sabor amargo do
dever não cumprido. Hoje a vida renova as oportunidades para refazerdes
o caminho. Parai para ouvir os anjos de Deus que desejam vos conduzir
pela mão, crianças que ainda sois a apreciar bolhas de sabão coloridas que
logo evaporarão...
Despertai, filhos! Essa é a vossa hora de tomar da charrua para
construirdes a vossa felicidade, levando convosco aqueles que vos
observam e contam com as vossas boas decisões!”
Santo Agostinho.
60
Sobre o preconceito da rotina
61
Dentre os vossos maiores preconceitos sobre a fé está a distância a que
vos colocais do Criador e a dependência de um intermediário, quando
Deus está bem próximo de vós. O que o Espiritismo vem propor é uma
nova visão a respeito da fé. É preciso vos acostumardes com esses
conceitos, aprofundá-los e compreendê-los.
A necessidade do saber, em vosso grupo, é característica marcante;
por isso, seguir esse roteiro que é o Espiritismo é aumentar a vossa fé. O
saber só pelo saber significa continuar alimentando os preconceitos;
portanto, estabelecer coerência entre o saber e a prática é o chamamento
principal neste momento. Viver sem coerência é viver a fé vacilante; viver e
estabelecer objetivos bem definidos do que se deseja alcançar é ter fé e
segui-la.
Esclarecer-se é modificar as lentes com as quais se aprecia a vida. Os
meios mais eficazes o próprio Espiritismo aponta a cada momento,
chamando o estudante à observação, observação no dia-a-dia e atenção
redobrada para com todos os atos e pensamentos, pois as ações são
decorrentes dos pensamentos.”
Um Anjo Guardião.
Espírito Protetor
63
de hoje, precisa de cada resolução vossa no bem, para que, somadas,
venham a vos caracterizar. Mais do que a preocupação em serdes puros
Espíritos, que é vosso destino final, sede hoje Espíritos que não desistem
de ser melhores. Confiem em Deus, os anjos vos assistem.”
Santo Agostinho
64
libertando-a dos vícios que há tempos a impedem de seguir as marcas
deixadas pelos exemplos do mestre Jesus. O Espiritismo abre as portas do
além-túmulo possibilitando-vos o convívio com almas felizes, que vêm vos
falar da alegria de quem já conquistou a felicidade real. Libertai-vos das
amarras que vos detêm, como testemunho prestado à Doutrina que
abraçais: este é o desejo dos que velam pela humanidade!”
Allan Kardec
Operários de Lyon.
18 A leitura do texto que estudamos nesse dia. “O Espiritismo em Lyon”, dará uma melhor com-
preensão dessa e demais comunicações agora transcritas.
65
“Caros amigos,
É com alegria que ouvimos suas palavras cheias de sinceridade e de
boa vontade.
Procurem focar nas questões morais que são as que exigem mais de
cada um. Os esforços trarão resultados que vocês poderão sentir no dia a
dia, na calma para a tomada de decisões; na compreensão para com as
imperfeições dos que convivem convosco; na irritabilidade que vai
diminuindo.
Tudo isso os tornará mais felizes, mais confiantes, porque perceberão
na prática que os pequenos esforços, tendo a impulsioná-los os nossos
incentivos, os tornará melhores. Não é tão difícil, se conseguirem perceber
quando tudo vai sair do controle e frearem os maus pendores, não
deixando que tomem grandes proporções. É possível, e nós os ajudaremos,
estejam certos!
Os estudos pedem a vivência, caso contrário é semente boa que
apodrece no alforje. Já possuem a semente, plantem-na.
Allan Kardec regozija-se com os corações sinceros. Seu maior legado
não foi deixado apenas por palavras, mas pelos exemplos que deu, pois por
onde ele passava sua presença era marcante pelos sentimentos que
emanava, pelo amor que distribuía. As palavras são vazias e não produzem
um bom efeito se não são sentidas e vividas na prática. Vivam, meus
queridos, vivam o Espiritismo!
São os conselhos de alguém feliz por já compreender melhor as
palavras do mestre Allan Kardec. Com carinho,”
Um amigo do grupo.
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terrestres. Chamou-nos a atenção a passagem, aqui reproduzida, que fala
do aproveitamento da emancipação pelo sono para fortalecer a alma nos
seus bons propósitos.
P. - Como pudestes aproveitar essa prova, uma vez que não tínheis
lembrança da causa que a havia motivado? - R. “Na minha humilde
posição ainda me restava um instinto de orgulho que fui bastante feliz para
dominar, o que fez com que a prova me fosse proveitosa, sem o que eu
ainda a teria que recomeçar. Meu Espírito se lembrava, em seus momentos
de liberdade, e daí me restava, ao despertar, um desejo intuitivo de resistir
a minhas tendências que eu sabia serem más. Tive mais mérito lutando
assim, do que se tivesse lembrado claramente do passado. A lembrança de
minha antiga posição teria exaltado meu orgulho e me teria perturbado, ao
passo que tive que combater apenas os arrebatamentos de minha nova
posição.”
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Aproveitai então para, antes de dormir, pedir aos Anjos que vos
aconselhem e vos mostrem a felicidade que os prazeres desse mundo não
vos podem oferecer. Lembrai-vos que Deus sempre atende ao apelo
sincero daquele que quer realmente se melhorar.”
Fénelon.
“Se pudésseis ver, meus amigos, o espetáculo que é uma alma orar ao
Criador!
A beleza de suas potencialidades traduzindo-se num preito que, como
um raio em noite escura e borrascosa entrecortasse o céu dissipando as
trevas e alcançando as alturas, buscando a presença do seu Anjo guardião,
de Deus.
Não imagineis que isso ocorra apenas quando se preparam frases
petitórias, que também são ouvidas quando sinceras, quando puras, mas
ocorrem também com almas não afeitas à religião, que olham a natureza, a
beleza da vida, que sentem pulsar em seu íntimo o amor por alguém; na
luta diária contra sua inferioridade, na vitória contra si mesmo, no nascer
do homem novo, saído da morte aparente, aí também há uma prece, e os
Espíritos sempre ouvem, sempre acodem, pois esta é a determinação
divina.
Aprendi a orar com Ele nas primeiras horas, pequeno que era, e pude
ali perceber que a vida era a do Espírito. Ele voltava muitas vezes e nossa
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fé crescia, mesmo nas dificuldades. Aquela foi a mais bela época deste
orbe, e eu tive a honra de vivê-la.
Voltei outras vezes à Terra, até que dela não precisei mais. No entanto,
sempre que posso, dentro de minhas ocupações, e por causa daqueles por
quem ainda velo e se encontram aqui, volto, como hoje, nos preparativos
para uma festa em comemoração dos vivos, que jamais morrem.”
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- Meus amigos, hoje me é permitido vir falar-vos para aliviar um
pouco a minha alma.”
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“Se essa alma hoje expressa seus sofrimentos, vertendo lágrimas de
dor, é porque o arrependimento instala-se em seu íntimo, e Deus quer o
arrependimento porque ele conduz a outro caminho.
A dor que vos toca profundamente é instrumento tantas vezes
escolhido por vós mesmos, para o vosso crescimento, que se dá quando vos
desgostais das deformidades estimulados pela dor que estas causam. Por
hora, a dor é o aguilhão que coloca essa alma no rumo certo, na direção de
Deus, e amanhã, mais consciente, usará o caminho do amor que é leve e
suave. Essa alma que hoje chora, agora vê, e seu novo olhar a tornará forte
para as lutas, e a felicidade surgirá em seu caminho. Que vossas orações a
alcancem e lhe deem forças renovadas.”
Temos orado por esse Espírito desde aquele dia. Numa outra
oportunidade o evocamos para saber se estava mais feliz, e se consentia em
responder algumas perguntas, para nossa instrução, o que ele aceitou de
bom grado. Fizemos com ele várias entrevistas que foram bastante
esclarecedoras sobre o modo como agem os inimigos do Espiritismo para
desviar do bom caminho os espíritas. Mais tarde, quando o Espírito já
estava mais aliviado, evocamo-lo novamente e lhe perguntamos se gostaria
de escrever uma dissertação sobre algum tema que julgasse útil para nossa
instrução, já que fora escritor na existência passada, e ele aceitou. Na
sessão seguinte nós o evocamos e ele ditou o seguinte:
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humilhado até, e porque não compreende, não perdoa. É preciso que
muitos eventos se deem, abalando essa estrutura, fazendo com que a alma
enxergue além dessas estreitas muralhas.
Quando deixa seu casulo, e percebe que seu território murado pelo
orgulho agora não existe mais, se desespera; é quando o homem, que não
treinou o perdão, tem dificuldades para utilizá-lo em seu favor, aplicando a
si próprio o auto-perdão. É preciso, então, um grande esforço, ao qual
precede o desejo de libertar-se do sofrimento; é então que o Espírito
sofrido, porém mais refletido, faz o primeiro movimento, que é o
movimento do arrependimento; arrependido, passa em revista todas as
suas dores e também suas alegrias e concede, neste estágio, o perdão a si
mesmo.
Agora ele deseja recomeçar, pois percebe que aqueles a quem
prejudicou, mais adiantados que ele em moralidade, já o haviam perdoado
desde o início, quando ele ainda não tinha consciência nem de si mesmo.
Esses Anjos bons nos fitam e nos incentivam, porque um novo ser
deve nascer a partir do arrependimento, do auto-perdão, e da reparação
inevitável, da qual não se foge, mas através da qual se pode vislumbrar o
amor de Deus.”
Jonas
(Comunicação psicografada pelo Sr. R. A., em 29/05/2012)
Um fato que ocorre com certa frequência nos grupos familiares que
iniciam as reuniões para estudar com os Espíritos é apresentarem-se
Espíritos sofredores pedindo auxílio. Com o nosso grupo familiar não foi
diferente.
Todavia, lendo com atenção os critérios que Allan Kardec adotou com
relação às evocações dos Espíritos que ele publicou na segunda parte de O
Céu e o Inferno, em “Exemplos”, percebemos que a questão da
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autenticidade e da identidade dos Espíritos que se comunicam são de
extrema importância, se não se quiser ser joguete de Espíritos oportunistas
e brincalhões. Vejamos a observação que Kardec faz a esse respeito:
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Repetimos que essa questão da autenticidade da comunicação nesses
casos é de suma importância, pois fácil é de se deixar levar pela tentação
de ouvir o primeiro Espírito que chega dizendo-se sofredor. Tivemos a
oportunidade de conversar com um desses Espíritos desocupados, que em
nosso grupo tentou se passar por alguém que buscava auxílio, mas que só
buscava se divertir. Quando o questionamos com firmeza ele nos disse:
“Eu gosto de me comunicar nas reuniões espíritas... às vezes me comunico
várias vezes no mesmo centro com nomes diferentes; algumas vezes na
mesma sessão, outras vezes vou de centro em centro, porque isso me
diverte.”
Perguntamos, então, como agia para enganar seus interlocutores e o
Espírito disse: “Ora eu digo que me suicidei, ora finjo que não sei o que
está acontecendo comigo, que sofro, etc. Então as pessoas me dizem umas
baboseiras e me mandam ‘deitar na maca’ ou mandam que siga os
‘Espíritos de roupa branca, os benfeitores’... Quando me canso, digo que
vou deitar na maca, mas não há maca alguma, ou vou seguir os chamados
benfeitores, e não vejo nenhum, então me vou, ou volto fingindo ser outro
Espírito.”
Vê-se que no mundo dos Espíritos também há atores, brincalhões sem
escrúpulos, que não hesitam em ocupar o tempo daqueles que, de maneira
ingênua, pensam lidar com Espíritos sérios.
Kardec não deixa de nos esclarecer e nos alertar sobre essas questões,
basta que leiamos seus escritos com atenção e os levemos a sério.
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O medo é uma das paixões mais difíceis de combater, por ser ele que
mina a coragem que deveria enfrentá-lo. Habilmente utilizado como
instrumento de dominação em todas as épocas da Humanidade, ainda hoje
detém o passo de muita gente. O Espiritismo prático enfrenta os efeitos
que o medo produz nas mentes dos adeptos que temem dialogar com os
Espíritos, de maneira natural, na intimidade do lar. No século XIX houve
quem pretendesse proibir as práticas espíritas, alegando os perigos que
poderia resultar da comunicação com os mortos. Kardec, refutando o
argumento do perigo, fez as seguintes considerações:
“Não sendo os Espíritos mais do que as almas dos homens e não sendo
estes perfeitos, o que se segue é que há Espíritos igualmente imperfeitos,
cujos caracteres se refletem nas suas comunicações. É fato incontestável
haver entre eles, maus, astuciosos, profundamente hipócritas, contra os
quais preciso se faz que estejamos em guarda. Mas, porque se encontram
no mundo homens perversos, é isto motivo para nos afastarmos de toda a
sociedade? Deus nos outorgou a razão e o discernimento para
apreciarmos, tanto os Espírito quanto os homens. O melhor meio de se
prevenir contra os inconvenientes da prática do Espiritismo não consiste
em proibi-la, mas em fazê-lo compreendido. Um receio imaginário apenas
por um instante impressiona e não atinge a todos. A realidade claramente
demonstrada, todos a compreendem.” (O Livro dos Médiuns - Primeira
Parte - Noções preliminares, cap. IV - Dos sistemas, item 46.)
Vejamos ainda o que consta sobre esse assunto, no “Livro dos Médiuns
ou guia dos médiuns e dos evocadores” , no item 282, 11ª e 12ª:
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inferiores e não estes a ele. Isolados, os médiuns, sobretudo os que
começam, devem abster-se de tais evocações. (N. 278.)
“Serão necessárias algumas disposições especiais para as evocações?
"A mais essencial de todas as disposições é o recolhimento, quando se
deseja entrar em comunicação com Espíritos sérios. Com fé e com o desejo
do bem, tem-se mais poder para evocar os Espíritos superiores. Elevando
sua alma, por alguns instantes de recolhimento, quando da evocação, o
evocador se identifica com os bons Espíritos e os dispõe a virem."
Vale ressaltar esta assertiva que lemos acima: “Aquele que é assistido
por bons Espíritos nada tem que temer.” Por essa razão o médium deverá
buscar antes de tudo a assistência do seu Anjo guardião, que é seu guia
principal e sempre um Espírito superior da Escala Espírita.
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"Qualquer que seja a confiança legítima que vos inspirem os Espíritos
que presidem aos vossos trabalhos, uma recomendação há que nunca será
demais repetir e que deveríeis ter presente sempre na vossa lembrança,
quando vos entregais aos vossos estudos: é a de pesar e meditar, é a de
submeter ao cadinho da razão mais severa todas as comunicações que
receberdes; é a de não deixardes de pedir as explicações necessárias a
formardes opinião segura, desde que um ponto vos pareça suspeito,
duvidoso ou obscuro." São Luís (Livro dos Médiuns, item 266)
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28. Alguns cuidados importantes para a formação dos
grupos
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se em multiplicar os grupos particulares. Ora, como dissemos, vinte
grupos de quinze a vinte pessoas obterão mais e farão mais pela
propaganda do que uma sociedade única de quatrocentos membros. Os
grupos se formam naturalmente, pela afinidade de gostos, de sentimentos,
de hábitos e de posição social. Todos ali se conhecem e, como são reuniões
particulares, tem-se liberdade de definir a quantidade e de selecionar os
que são admitidos.
“O sistema da multiplicação dos grupos tem ainda como resultado,
conforme o dissemos em várias ocasiões, de impedir os conflitos e as
rivalidades por supremacia e presidência. Cada grupo naturalmente é
dirigido pelo chefe da casa, ou por aquele que para isso for designado. Não
há, a bem dizer, presidente oficial, pois tudo se passa em família. O dono
da casa, como tal, tem toda a autoridade para manter a boa ordem. Com
uma sociedade propriamente dita, há necessidade de um local especial, de
um pessoal administrativo, de um orçamento, numa palavra, uma
complicação de engrenagens que a má vontade de alguns dissidentes mal
intencionados poderia comprometer.”
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decrescente número de seus partidários, que não tinham a seu favor a
opinião geral. Tal assentimento, dado pelo maior número, tem grande
valor. É um julgamento que não poderia ser suspeito de influência pessoal,
desde que espontâneo e declarado por milhares de pessoas que nos são
completamente desconhecidas. Uma prova desse assentimento é que nos
pediram para traduzi-las para diversas línguas: espanhol, inglês,
português, alemão, italiano, polonês, russo e até tártaro. Sem presunção
podemos, pois, recomendar o seu estudo e a sua prática nas diversas
reuniões espíritas, e isto com tanto mais razão quanto são as únicas, até o
momento, em que a ciência é tratada de maneira completa. Todas as que
foram publicadas sobre a matéria apenas abordaram alguns pontos
isolados da questão. Aliás, não temos absolutamente a pretensão de impor
as nossas ideias. Emitimo-las por ser direito nosso. Que as adotem aqueles
a quem elas convêm. Os demais têm o direito de rejeitá-las. As instruções
que damos são, pois, e naturalmente, para os que marcham conosco; para
os que nos honram com o título de seu chefe espírita e de modo algum
pretendemos regulamentar os que querem seguir outra via.”
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assistentes um sentimento de azedume e quando se sente em torno de si,
seres que sabemos hostis e em cujo rosto se lê o sarcasmo e o desdém por
tudo quanto não está de acordo com a sua opinião?”
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Deus. Sua força moral cresce em razão de sua confiança, porque sente
necessidade de dirigir-se ao Criador, para pôr sua fraqueza ao abrigo das
quedas a que a imperfeição humana pode arrastá-lo.” 23
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