Relatório de Estágio
Relatório de Estágio
Relatório de Estágio
CURSO DE PSICOLOGIA
RELATÓRIO DE ESTÁGIO
CURRICULAR ESPECÍFICO EM PSICOLOGIA
RECIFE
2021
CÁSSIA LEITE FERREIRA
RELATÓRIO DE ESTÁGIO
CURRICULAR ESPECÍFICO EM PSICOLOGIA
RECIFE
2021
INTRODUÇÃO:
Este trabalho tem por objetivo relatar experiências e articular prática e teoria frente ao
Estágio Curricular Específico em Psicologia I. A prática ocorre no Centro Educacional
Lubienska, revelando as interfaces da atuação da psicologia escolar diante da educação
especial e inclusiva. Tendo por dinamismo principal a busca pela autonomia dos educandos,
sendo considerado família, educandos e profissionais da educação. Diagnosticando
necessidades especiais, dialogando com a coordenação, com a família, analisando e
intervindo nas interações em sala de aula, visando melhores oportunidades educativas. O
estágio foi supervisionado pelo psicólogo Gustavo Vasconcelos, psicólogo clínico e
escolar/educacional. CRP - 02/20115.
RELATÓRIO DAS ATIVIDADES DE ESTÁGIO CURRICULAR
ESPECÍFICO
1.1.ESTÁGIO CURRICULAR ESPECÍFICO I
1.1.1. Articulação entre teoria e prática
A educação é compreendida pelo processo de socialização em que o indivíduo adquire
e assimila vários tipos de conhecimentos. Propõe a conscientização cultural e
comportamental, e essa consciência vem à tona através das habilidades e dos
comportamentos desenvolvidos.
A educação é compreendida por um processo de socialização em que o indivíduo
adquire e assimila vários tipos de conhecimentos. Ela propõe a conscientização cultural e
comportamental, através das habilidades e dos comportamentos desenvolvidos.
No final do século XIX e início do século XX, a educação no Brasil sofreu inúmeras
mudanças para que se tornasse possível alcançar alunos em lugares diversos e pessoas com
deficiência. Assim, as mudanças mais significativas se deram no sentido da Educação
Especial e Inclusiva. Mazzota (1996, p.14)
A Educação Especial fundou-se/formou-se/consolidou-se no Brasil através de
instituições privadas de caráter filantrópico, teve seu início no período colonial, em 1600, e
por muito tempo existiu como um sistema paralelo de ensino. O que antes se restringia ao
atendimento exclusivo para alunos com necessidades especiais, hoje tem como prioridade
central agir como suporte à escola regular e recebimento dos alunos. Mazzota (1996, p.14)
Mazzota (1996, p.14) apontou em seus estudos três atitudes sociais que marcaram a
Educação Especial. A marginalização, que tem como características principais a descrença
em pessoas com algum tipo de deficiência e a omissão social frente aos serviços necessários
para essa população; o assistencialismo, que vem do sentido filantrópico e alimenta a
descrença e o sentimento de “pena” acompanhado pelo princípio de solidariedade cristã; e a
Educação/reabilitação, que se apresenta como a crença na possibilidade de mudança das
pessoas com deficiência. Apesar de marcos históricos, não significa que essas atitudes não
possam coexistir ao mesmo tempo. A Educação Especial se apresenta como ferramenta para
aqueles que têm necessidades diferentes da média.
A Educação Inclusiva surge a partir de 1994 e a sua característica principal é a ideia
de incluir pessoas com necessidades educativas especiais em escolas de ensino regular. Isso
se dá através da evolução da cultura ocidental, que traz a ideia de que nenhuma pessoa deve
ser separada das outras por apresentar alguma espécie de deficiência.
A Psicologia no contexto da Educação Inclusiva atua na desconstrução das
segregações e do sentimento de descrença e solidariedade cristã. O trabalho se dá frente aos
alunos, aos profissionais de educação e à família, para atender às necessidades especiais e
singulares de cada aluno e estimular a autonomia, capacidade para pensar e responder por si.
No dia-a-dia do Centro Educacional Lubienska, é possível identificar pontos
essenciais para discutir e reafirmar a atuação da Psicologia frente à Educação Especial e
Inclusiva. É trabalhado diariamente a autonomia dos alunos, assim como a desconstrução das
descrenças limitantes. As aulas possuem caráter inclusivo, atendendo demandas específicas e
singulares de cada aluno, os estimulando a questionar, falar e se colocar. Além disso, é visado
o desenvolvimento das relações interpessoais, sendo abordadas temáticas atuais na sociedade.
A escola atua através de um viés sociointeracionista construtivista, que consiste na
convivência de diversas ideologias, metodologias e filosofias. Mantendo diálogo aberto ao
homem daqui e de agora.
A citação foi posta no intuito de introduzir a reflexão sobre as entrelinhas que cercam uma
amizade.
O “isso ou aquilo” foi trago a fim de identificar o que eles presumiam por uma boa amizade.
O emoji sorrindo representa aprovação e o emoji chorando, reprovação.
No geral, eles conseguiram identificar padrões de comportamento positivos e negativos.
Já as perguntas, foram no intuito de promover um debate acerca de amizade saudável e
amizade abusiva. Na apresentação, a amizade abusiva está representada como “amizade
tóxica” para um maior entendimento.
Bukowski & Sippola (2005) situam que a amizade ocorre numa interface entre o eu e
o outro. Os autores consideram que o outro é afetado pelo amigo. A partir disso, pode-se
pensar que a amizade tem potencial para persuadir na constituição do sujeito. Dessarte, é
importante identificar possíveis situações de risco e fortalecer os laços positivos. A atividade
caminhou no sentido da identificação desses laços, trazendo reflexões e propondo um diálogo
a respeito do tema. Para que assim, os alunos estejam cientes das situações de risco e
fortaleçam as redes de apoio.
Na aula seguinte, dia 01 de junho, foi versado o tema de relacionamentos. Ao
contrário da atividade anterior, a troca baseou-se em um diálogo mais livre. A estagiária
elencou algumas perguntas disparadoras e trabalhou na mediação das falas. Segue as
perguntas.
Mediação
O processo de mediação é muito importante para o processo de aprendizado do
educando e, nas observações, pode-se perceber que a atuação da professora era uma atuação
pautada no conceito de mediação. Para Simone Sponholz (2003) mediar é estar no meio, para
que se possa mais facilmente perceber as necessidades de ambos os lados e interceder
buscando um maior equilíbrio. Logo, estar “entre” não é permanecer inerte, sendo apenas
uma ponte que interliga os extremos. É interagir, construindo todo um significado.
No acompanhamento do 4º ano do ensino fundamental foi possível identificar
momentos onde a mediação fazia-se mais clara, embora o processo de aprendizado e
subjetivação fosse guiado sempre no sentido do respeito às singularidades e na construção de
simbolismos frente aos conteúdos, onde as aulas eram pautadas em processos dinâmicos que
facilitavam a troca entre o educando e o educador, ocorrendo também o estímulo à
participação da família na construção das trocas e do conhecimento.
Como exemplificação do que outrora foi posto pode-se citar o projeto desenvolvido
pela coordenação da escola que foi criado para trabalhar frente ao estímulo da diversidade e
do respeito às diferenças. Na construção das atividades do projeto foi possível observar que a
educadora, em todo o tempo, estimulava à reflexão crítica acerca das problemáticas que
contornam o Brasil e o mundo. Ainda para Simone Sponholz (2003) para que haja uma
verdadeira transformação da prática do professor, é necessário que se vá além de explorar
diferentes teorias de ensino e aprendizagem, é necessário explorar as problemáticas sociais,
políticas e também as estruturas que afetam a dinâmica em sala de aula. Portanto, cabe
ressaltar a importância de todo esse processo de mediação no dia-a-dia dos alunos do 4º ano
do ensino fundamental. Visto que é nessa troca que ocorre a construção do aprendizado
humanizado, considerando as singularidades tanto do educando quanto do educador. O que
ajuda na formação de alunos com habilidades de aprendizado crítico, se distanciando do
ensino-aprendizado copia e cola da tabula rasa.
Ao considerar que a condução em sala de aula foi pautada nos processos de
mediação, cabe ressaltar a importância da construção em consonância às famílias. O
próximo tópico irá abordar melhor essa questão.
Díade família-escola
Ao se referir ao processo de aprendizagem de crianças é necessário ressaltar o quanto
a família é fundamental na construção desse conhecimento. É em casa que as crianças vão
poder colocar em prática aquilo que foi aprendido na escola, sobretudo em um modelo que
trabalha muito além do foco nos padrões estabelecidos de ensino-aprendizagem. Ao
trabalhar-se na construção subjetiva dos alunos é necessário interligar as famílias, visto que
esse foi o primeiro lugar de socialização daquele sujeito.
Muitas das atividades observadas ocorreram em consonância com as famílias, e nisso
identificou-se que há uma interferência direta desta nos estímulos ao aprendizado daquela
criança. Percebeu-se que não é fácil interligar esses pais na construção do conhecimento,
pois, muitas das vezes, eles são tomados pelas obrigações nos trabalhos e em casa. Mas,
apesar das dificuldades, observou-se que muitas atividades eram realizadas dentro da
proposta família-escola, sobretudo as mais lúdicas e singulares. Assim, a escola além de
proporcionar um ambiente de troca para a construção do conhecimento, proporciona um
ambiente propício ao fortalecimento dos laços familiares, ressaltando a importância da
participação destes no processo singular de cada criança.
Luto e infância
O tópico surgiu mediante dois casos específicos que para preservar o sigilo foram
nomeados caso 1 e caso 2, nos quais duas alunas perderam entes queridos, uma o pai, tendo
como causa o COVID-19 e a outra a avó. É importante ressaltar que os casos se apresentam
de formas diferentes, mas, nos dois casos, foi possível perceber que as crianças repetiam as
reações emocionais e comportamentais das mães. Sobre isso, Kubler-Ross (1991, citado por
Pedro; Catarino; Ventura; Ferreira e Salsinha, 2011) diz que as reações emocionais e
comportamentais da criança perante a morte não são equivalentes às dos adultos.
Considerando que na criança há um conjunto de fatores que podem ser facilitadores
ou entraves à elaboração do luto, fez-se necessário observar e investigar como os fatores
estavam se construindo. Enquanto no caso 1, na perda do pai, a mãe vive na tentativa de
amenizar a dor da criança, negando o sofrimento e o compartilhamento do luto, no caso 2, na
perda da avó, que foi mais recente, a criança apresentou dificuldades em retomar as
atividades, vivendo um sofrimento estendido da mãe. Em seus relatos ela se dizia preocupada
com a mãe, que não queria deixá-la sozinha, pedindo constantemente para ir pra casa,
chegando a ir embora mais cedo em alguns dias. Demonstrando uma ambivalência entre o
sentimento de culpa e desamparo e a responsabilização que ela tomou para si.