Antropologia Filosofica

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Cornélia Jonas

Antropologia Filosófica

(Licenciatura em Gestão de Recursos Humanos)

Universidade Rovuma
Extensão de Pemba
2023
i1

Cornélia Jonas

Antropologia filosófica

Trabalho recomendado na faculdade pelo


Docente da cadeira de Antropologia
cultural de moçambique, curso de
licenciatura em Gestão de Recursos
Humanos, pós-laboral, IIº Ano, 20
Semestre, carácter avaliativo, locionado
por:
Dr. Frederico Leonardo

Universidade Rovuma

Extensão de Pemba
2

2023 ii

Índice
1. Introdução......................................................................................................................3

1.1 Objectivo do Trabalho.............................................................................................3

1.1.1 Geral..................................................................................................................3

1.1.2 Específicos........................................................................................................3

1.2 Metodologias...........................................................................................................3

2. Antropologia Filosófica.................................................................................................4

2.1 Conceitos básicos.....................................................................................................4

2.1.1 Antropologia.....................................................................................................4

2.1.2 Filosofia.............................................................................................................5

2.1.3 Conceito da antropologia Filosófica.................................................................6

2.1.4 O Homem, Quem É Ele?...................................................................................7

2.1.4.1 A Origem do Homem: Evolucionismo ou Criacionismo...............................8

2.2 Origem da Antropologia Filosófica.........................................................................8

2.3 Objecto de Estudo....................................................................................................9

2.4 Método de Estudo....................................................................................................9

2.5 Objetivo da Antropologia Filosófica.....................................................................10

2.6 Pertinência e Actualidade do Problema Antropológico.........................................10

Conclusão........................................................................................................................14

Referencias Bibliográficas...............................................................................................15
3

1. Introdução
Com este presente trabalho tem como tema a abordar “Antropologia Filosófica”
apresenta-se como uma oportunidade para pensarmos no Eu no Tu e no Nós, isto é, no
Homem. Permite-nos questionar sobre o sentido e o fim da nossa vida, para
percebermos a grandeza do nosso ser e termos em conta a nossa dignidade como
pessoas. As nossas abordagens serão feitas desde o ponto de vista filosófico, teremos
em conta a importância que é dada a Antropologia no campo filosófico e o que alguns
filósofos disseram a respeito do homem. O presente trabalho esta esta estruturado da
seguinte maneira: Capa, Contracapa, Índice, Introdução, Desenvolvimento, Conclusão e
Referencias.

1.1 Objectivo do Trabalho


1.1.1 Geral
O objetivo principal deste trabalho é aprofundar o entendimento da Antropologia
Filosófica, promovendo uma análise crítica sobre a natureza humana, o propósito da
vida e a dignidade individual.

1.1.2 Específicos
 Explorar as raízes e a importância da Antropologia no contexto filosófico.

 Analisar as perspectivas de filósofos renomados em relação à natureza humana.

 Refletir sobre o significado e o propósito da existência humana.

 Compreender a dignidade inerente à condição humana.

 Estabelecer conexões entre as visões filosóficas sobre o homem e sua aplicação


na sociedade contemporânea.

1.2 Metodologias
A pesquisa realizada neste trabalho de pesquisa, segundo Gil (2002), Caracteriza-
se por ser Descritiva e exploratória pois, para atingir os objectivos deste estudo, será
empregada uma abordagem de pesquisa mista, que combinará métodos qualitativos.
4

Apos o processo de identificação, recolha, selecção e análise procedeu-se a


definição e construção da estrutura organizacional do trabalho que culminou com a
selecção de conceitos-chaves e redação da visão final do trabalho.

2. Antropologia Filosófica
2.1 Conceitos básicos
2.1.1 Antropologia
O termo Antropologia é uma palavra composta cujo elementos são anátropos e
logos ambos termos tem origem na língua grega: anátropos-homem, género humano e
logos ciência, discurso. É um estudo sobre o Homem, não se trata de qualquer discurso,
é um discurso profundo acerca da essência do homem, assim como Max Scheler a
entendia “ciência da essência e da estrutura ética do homem da sua relação com a
natureza e com o princípio de todas as coisas, da sua origem, das potências e formas que
agem sobre ele e aquelas sobre as quais age, das direcções e das leis fundamentais do
seu desenvolvimento biológico, psíquico, espiritual e social. Os problemas da relação
entre o corpo e a alma e a relação entre o espírito e a vida…”. A questão sobre o
Homem coloca-se como a questão de todas as questões, estas questões estão presentes
em todas as demais questões.

O primeiro a utilizar o termo antropologia foi o humanista OTTO CASMANN,


que em 1596 publicou um livro intitulado “Psychologia Anthropologica” no qual
expunha a doutrina sobre a alma e o corpo.

Segundo Max Sheler diz que;

O estudo acerca do homem estava ainda confinado a dimensão anímica, isto até
a época de Wolff, pois que, tratava-se de um estudo experimental e metafísico.
Assim foi Wolff o primeiro a fazer uma destrinça entre dois tipos de pesquisas:
Psychologia Empírica (Frankfurt 1732) e Psychologia rationalis (Frankfurt
1734). Esta distinção adquiriu um valor definitivo, porém, hoje usa-se o termo
Antropologia e não Psicologia, para indicar o conteúdo da pesquisa filosófica
que diz respeito a todo o homem.

A afirmação do termo antropologia deve o seu mérito a I. Kant que intitulou uma
das suas obras “Anthropologie in pragmatiscer Hinsicht (1778 1ª publicação, 1798),
onde define a antropologia como a doutrina do conhecimento do homem ordenada
sistematicamente. Há a distinguir três acepções de Antropologia:
5

a) Antropologia Física - que estuda o homem do ponto de vista físico-somático.


b) Antropologia Cultural- que estuda o homem do ponto de vista da sua origem
histórica e das suas manifestações culturais.
c) Antropologia Filosófica - que estuda o homem do ponto de vista dos seus
princípios últimos que o compõe.

Portanto, a antropologia é um campo de conhecimento que estuda as diversas


formas pelas quais o ser humano pode ser entendido. O termo se originou de dois
radicais gregos, anátropos e logos, o primeiro significa "ser humano", e o segundo tem o
sentido de um "estudo" ou "teoria" sobre algo. Por outro lado, antropologia é o estudo
científico da humanidade, que tem como objeto de estudo o comportamento humano,
biologia humana, evolução, culturas, sociedades e linguística, tanto no presente quanto
no passado, incluindo os antepassados da espécie humana.

2.1.2 Filosofia
A Filosofia é um campo do conhecimento que estuda a existência humana e o
saber por meio da análise racional. Do grego, o termo filosofia significa “amor ao
conhecimento”.

Segundo o filósofo Gilles Deleuze (1925-1995), a filosofia é a disciplina


responsável pela criação de conceitos. Portanto, a antropologia física busca entender o
ser humano a partir da perspectiva das ciências naturais, em suas características físicas e
sua adaptação ao meio. A antropologia cultural entende o ser humano como um ser
inserido num contexto cultural específico, com valores, saberes, crenças e práticas
específicas, analisando como estrutura suas relações e valores, e como influenciam seus
comportamentos.

Contudo, apesar de o termo ser recente, aquilo que ele faz referência (o homem) foi
objecto de estudo em todos os períodos da história. O homem foi estudado pela
Filosofia Grega, assim como na Idade Média e pela Filosofia Moderna e
Contemporânea, porém as suas abordagens não foram totalmente convergentes, os
pontos de vista e os ângulos foram diferentes.

a) Na Filosofia Clássica o estudo do homem era essencialmente cosmocêntrico.


6

b) Na Filosofia Cristã a Antropologia foi teocêntrica, o estudo do homem era feito


enquanto fosse orientado por Deus e as premissas que comandam este estudo
põe o homem enquanto criatura de Deus no qual ele aspira eternidade.
c) Na Filosofia Moderna e Contemporânea a Antropologia é essencialmente
antropocêntrica, centra o seu estudo no homem enquanto ser biológico, social e
político.

Portanto, A filosofia se preocupa com a construção de conceitos que irão servir


de base para diversas áreas do conhecimento. Assim, é tarefa da filosofia criar e
desenvolver conceitos, sendo um campo do conhecimento que tem como objectivo a
produção de conhecimento.

2.1.3 Conceito da antropologia Filosófica

Segundo Kant a antropologia filosófica é


a antropologia encarada metafisicamente; é um ramo da filosofia que investiga a
estrutura essencial do Homem. No entanto, este com o que é o homem para o centro da
especulação filosófica, sendo que tudo se deduz a partir dele; a partir dele se tornam eis
as realidades, que o transcendem, nos modos de seu existir relacionados com essas
realidades. Ou seja, a antropologia filosófica é uma antropologia da essência e não das
características humanas. Ela se distingue da antropologia mítica, poética, teológica, e
científica natural ou evolucionista por dar uma interpretação basicamente ontológica do
homem. É também uma disciplina filosófica ou movimento filosófico que tem relações
com as intenções e os trabalhos de Scheler, mas não está unido ao conteúdo específico
desse autor.

Diferente das perspectivas anteriores, a antropologia filosófica pretende


entender o que é o ser humano a partir de análises filosóficas. Cada filósofo e
corrente filosófica elabora um entendimento específico sobre o ser humano,
como este se comporta, pensa, vive, se transforma, sofre e se alegra. Examina
questões como: O que é o ser humano? O que o difere dos outros seres? Qual o
sentido da vida?

A antropologia filosófica busca compreender o ser humano por meio de uma


análise racional e argumentativa. Sua questão principal é a definição e o entendimento
do que é e de como é o ser humano, levando em consideração os saberes da tradição
7

filosófica e as perspectivas das ciências humanas. Trata-se de pensar filosoficamente a


existência do ser humano, sua natureza ou condição.

Portanto, a antropologia filosófica se encontra numa relação de dependência com


respeito à ética, e a metafísica. O homem ultrapassa, em muitos aspectos do seu ser o
empiricamente compreensível: problemas como o da imortalidade da alma, do bem e do
mal, do sentido da existência humana em geral são sempre abandonados a soluções
provisórias, aproximados, hipotético-especulativos.

2.1.4 O Homem, Quem É Ele?


O homem é a sua vida individualmente percorrida na tensão de uma existência que
se move sempre entre dois pólos: peso do pecado e esperança de redenção. É homo
abscônditos; não tem “natureza”, mas um misto ambivalente de ser e não ser, e é esse o
seu lugar.

Este é o questionamento por excelência, a questão fulcral de todas as questões.


Podemos formular tantas outras questões, mas todas elas têm como fulcro o homem.
Falar superficialmente do homem, não deve existir, pois que, toda a vida depende da
resposta que for dada acerca do homem, é uma questão que apesar de ser tão importante
a sua resposta constitui um problema muito difícil, isto devido a complexidade do ser do
homem. Esta dificuldade é demonstrada pela própria História da Filosofia. É uma
questão incontornável, devemos enfrentá-la.

Segundo Hobbes, o homem é naturalmente cruel ("o homem é o lobo do homem")


e precisa do Estado para coagi-lo e civilizá-lo, de modo a torná-lo apto para viver com
outros homens. Rousseau entendia que o homem era naturalmente bom, e a sociedade o
corrompia, tornando ele perverso. John Locke entendia que o homem não era
naturalmente bom nem mau, mas uma folha em branco que será moldada por suas
vivências e experiências.

Aristóteles destacava a importância dos sentidos para a constituição da memória e


da experiência. Segundo ele, o homem tem a capacidade de pensar e é um ser político,
civilizado. Para ser ético precisa dominar o corpo por meio da alma, necessitando
desenvolver virtudes como a coragem, a temperança, a veracidade, a generosidade, a
justiça, a amizade e a honestidade.
8

Durante a Idade Média, Santo Agostinho e Tomás de Aquino entendiam que o


homem possui livre-arbítrio para distinguir entre o bem e o mal. Santo Agostinho
concebia o homem como a imagem e semelhança de Deus, sendo um ser que busca a
transcendência, visando viver bem em comunidade.

2.1.4.1 A Origem do Homem: Evolucionismo ou Criacionismo

As teorias evolucionistas enunciadas pela primeira vez no mundo científico por


Charles Darwin (1809-1882), elas afirmam que o corpo humano proviria mediante um
salto qualitativo e quantitativo de espécies animais inferiores. O homem viria assim
dum degrau inferior da escala biológica, num trajecto marcado pelas leis da selecção
natural e sexual, depois de longos períodos de luta pela sobrevivência e de adaptação às
difíceis situações ambientais duma terra ainda jovem geologicamente.

As teorias evolucionistas tiveram grande aceitação, mesmo na esfera cristã, o


jesuíta Teilhard de Chardin (1881- 1955), assumiu-as e inseriu-as numa visão cristã: a
dinâmica da vida, proveniente de um ponto ALFA, inicial, percorre várias escalas
intermédias, entre as quais a da hominização, a caminho de um ponto ómega que
marcará o encontro da humanidade, chegada do ponto supremo da sua evolução com
Cristo.

A teoria evolucionista suscita no entanto uma dúvida de fundo. “Se o corpo da


pessoa humana provem de espécies animais inferiores, como se explica a alma”
Quantos foram os primeiros humanos a aparecerem na terra? Alguém responderia que o
homem é fruto do acaso.

Há autores continuam a sustentar como plausível a perspectiva criacionista, e não


apenas para seguir a descrição bíblica: só a hipótese duma corporeidade espiritualizada,
criada directamente do alto, explicaria a superioridade do ser humano em relação há
todos os seres vivos e responderia há todas as dúvidas e interrogações.

2.2 Origem da Antropologia Filosófica


O pensamento antropológico filosófico teve início quando o homem se sentiu
julgado sobre si mesmo e (em oposição ao idealismo), precisamente sobre a
conectividade pessoal e histórica de sua vida que antecede e ultrapassa todo e
qualquer conceito. O nome “Antropologia filosófica” é relativamente recente. Difundiu-
9

se sobretudo a partir dos trabalhos de Scheler, que considera a antropologia filosófica a


ponte estendida entre as ciências positivas e a metafísica.
Da história que vimos, a concepção do homem atual integra traços,
fundamentalmente, da tradição clássica e bíblico-cristã. Sinteticamente, o homem como
portador de uma razão universal e dotado de liberdade de escolha, que fundamentam a
Ética e a Metafísica.
2.3 Objecto de Estudo

O objecto de Estudo da Antropologia Filosófica, concentra-se no estudo das


estruturas fundamentais do homem. Converte-se numa ontologia, na medida em que nos
conduz à questão do significado do “Ser”. O homem torna-se para si mesmo o tema de
toda a especulação filosófica: interessa estudar o homem e estudar tudo o mais apenas
em relação a ele. O que é mais significativo é o conhecimento do homem, e não o de
nós próprios enquanto individualidade. Estuda, também, o caráter biopsicológico do
homem, verifica o que o homem faz com suas disposições bioquímicas dentro de
seu ambiente biológico que possa diferenciá-lo de outros animais.

Ora, se o ‘objeto’ em questão é o homem, que também é sujeito, então precisamos


levar em conta a compreensão espontânea e natural que o homem tem de si mesmo e
pela qual ele faz uma imagem de si mesmo, segundo a tradição cultural, com o estilo de
vida por ele adotado, com os símbolos do seu grupo humano, muitas vezes não
codificados explicitamente. Trata-se da pré- compreensão de si, anterior à compreensão
fornecida pelas ciências humanas ou outros sistemas de conhecimento formalizado
(filosofias, teologias...). A pré-compreensão se enraíza no ‘mundo da vida’ (Lebenswelt
- Husserl), com sua historicidade.

2.4 Método de Estudo

O método de estudo da antropologia filosófica é a reflexão sobre a vida,


a religião e a reflexão filosófica que parte do principio do cogito. A introspecção se
revela como absolutamente necessária como fundamento e ponto de partida de qualquer
outro recurso de natureza metodológica.
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Segundo Groethuysen, ela, de fato, constitui a base da antropologia filosófica. De


acordo com Landsberg, a antropologia filosófica faz uso dos dados proporcionados
pelas outras formas de antropologia, por exemplo, os fornecidos pela “antropologia das
características humanas”, ou seja, dados proporcionados pela biologia, pela sociologia,
pela psicologia, pela etnografia, pela arqueologia e pela história, mas interpreta esses
dados à sua maneira, e procura unificá-los numa teoria abrangente.

2.5 Objetivo da Antropologia Filosófica

O objectivo da antropologia filosófica é de Mostrar exatamente como a estrutura


fundamental do ser humano, estendida na forma pela qual a descrevemos brevemente
(espírito; homem), “explica todos os monopólios, todas as funções e obras específicas
do homem: linguagem, consciência moral, as ferramentas, as armas,
as ideias de justiça e de injustiça, o Estado, a administração, as funções representativas
das artes, o mito, a religião e a ciência, a historicidade e a sociabilidade, a fim de ver se
há algo nessas atividades, bem como em seus resultados, que seja especificamente
humano. Seu objetivo é colocar no centro de sua reflexão a questão: que é o ser
humano? Como problema, ela tem seus primórdios mais fecundos nos debates
de Sócrates e dos Sofistas.

Segundo Immanuel Kant definiu a antropologia como ‘a’ questão filosófica por
excelência, uma vez que a filosofia enquanto tal tomaria ao seu encargo quatro grandes
problemáticas: a metafísica, a ética, a religião e a antropologia, considerando que todas
a três primeiras não seriam senão partes da última, pois todas elas remetem, em última
análise, ao problema do humano.

2.6 Pertinência e Actualidade do Problema Antropológico

Hoje há unanimidade da capital importância que a Antropologia Filosófica ocupa


na vida do homem, seja qual for o enquadramento: Existencialistas, Estruturalistas,
Ateus, Cristãos, Marxistas, Tomistas, Evolucionistas, Espiritualistas, etc. É assim que o
Inglês T. H. Huxley, a considera como a interrogação de todas as interrogações para a
humanidade - o problema que subjaz a todos os outros e que mais do que qualquer outro
suscita o nosso interesse – é a determinação do lugar que o homem ocupa na natureza e
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das suas relações com o universo, ele levanta as seguintes questões: Donde provem o
homem, quais são os limites do nosso poder sobre a natureza e do poder da natureza
sobre nós; qual é o fim para o qual caminhamos?

Na mesma senda Max Scheler afirma: todos os problemas fundamentais da


Filosofia podem reduzir-se a questão seguinte – que é o homem e que lugar e posição
metafísica que ele ocupa dentro do ser, do mundo, de Deus. Nos nossos tempos Martin
Heidegger existencialista, cujas análises cingiram-se no campo da Fenomenologia
encara esta questão nos seguintes termos ”Nenhuma época teve noções tão variadas e
numerosas sobre o homem como a actual. Nenhuma época conseguiu, como a nossa,
apresentar o seu conhecimento acerca do homem de modo tão eficaz e fascinante, nem
comunicá-lo de modo tão fácil e rápido. Mas também é verdade que nenhuma época
soube menos que a nossa o que é o homem. Nunca o homem assumiu um aspecto tão
problemático como actualmente”.

Os marxistas abordaram esta questão sem contudo salientarem um aspecto


inovador do que foi dito até aqui. Para eles o homem dentro da natureza apresenta-se
como o maior de todos os seres.

i. A Concepção do homem na Cultura Grega Arcaica

A imagem do homem que a cultura grega arcaica nos apresenta é rica e


complexa. Os traços dessa imagem encerram-se nas seguintes características:

 Linha teológico-religiosa onde encontramos a divisão entre o mundo dos deuses


e o mundo dos mortais. Os primeiros são imortais, bem-aventurados; ao passo
que os segundos são seres de um dia e infelizes.

Segundo a mitologia grega, este facto deveu-se a pretensão desmedida do


homem igualar-se aos deuses.

 Linha cosmológica o homem é um ser que contempla o universo, ele admira-se


pela ordem e beleza que fazem do universo visível um todo bem adornado.
Desta admiração segundo Platão terá origem a Filosofia e com ela um estado de
vida do homem grego: a vida teorética.
12

ii. A Concepção antropológica pré-socrática

Foi Diógenes de Apolónia que representou o pensamento antropológico


claramente definido nesta época. Algumas literaturas consideram-lhe ter sido discípulo
dos filósofos jónicos, tendo sofrido influência de Antístenes e Anaxágoras.

Ele exalta a superioridade do homem sobre os outros animais na marcha, no olhar e


na estação vertical. O homem olha voltado para o alto porque está apto para contemplar
os astros. Nesta contemplação, revela-se a correspondência entre o olhar humano e a
ordem cósmica fundamento desse sentimento religioso diante do Kosmos.

Ele fala em seguida da habilidade das mãos, da linguagem que é manifestação


do pensamento (logos). Assim, aparece pela primeira vez em Diógenes de Apolónia a
ideia do homem enquanto estrutura corporal e espiritual, cuja natureza se manifesta por
meio das suas obras.

O pensamento de Diógenes estabelece uma linha de transição com a Filosofia pré-


socrática do Século VI aC, dominada pelo problema da physis e da busca do princípio
explicativo do seu movimento e do seu vir-a-ser.

iii. A concepção do homem na idade média.

A antropologia medieval vai buscar seus temas e sua inspiração em três fontes; a
Sagrada Escritura, os Padres da Igreja e os filósofos e escritores gregos e latinos. A
concepção do homem evolui em estreita relação com o próprio desenvolvimento da
situação.
No campo filosófico-teológico, a influência de Santo Agostinho é predominante
até ao séc, XII.
S. Agostinho discípulo de Platão, e como tal reduz o homem a alma e daí que
haja uma autonomia completa do conhecimento intelectivo com respeito a qualquer
contribuição do corpo.
S. Agostinho vê o homem como um ser dependente da graça de Deus. O homem
está pré-determinado quanto a salvação ou a condenação. Contudo, o homem é
responsável pela sua própria vida, ele deve viver de modo a poder saber que pertence ao
número dos eleitos; não nega que o homem tenha livre arbítrio. Só que Deus já previu
13

como é que iremos viver. Assim para Deus não é segredo quem deve ser salvo e quem
deve ser condenado, logo nós somos dependentes da graça de Deus.
Para explicar a imortalidade da alma, S. Agostinho salienta que o homem é um
ser espiritual, possui um corpo material que pertence ao mundo físico e é corrompido
pelos agentes naturais mas também tem uma alma que pode conhecer Deus.

iv. A concepção do homem na Filosofia Contemporânea.

A filosofia contemporânea abrange o período que se estende do fim do século.


XVII ou dos tempos pós-kantianos até aos nossos dias.
Muitos foram os acontecimentos sobre os quais ela exerceu uma influência decisiva, dos
quais destacaremos alguns:
a) A revolução francesa (1789), com a extensão da liberdade a todos os homens,
cria-se um forte sentimento de justiça e igualdade entre várias classes sociais;
b) As guerras nacionais pela conquista da independência: Europa, América Latina,
África e Ásia;
c) O domínio colonial europeu nos outros continentes e a rápida cessação deste
domínio depois da II guerra mundial;
d) Os dois conflitos mundiais (1914-1918 e 1939-1945) com o seu horroroso
quesito de vítimas e destruições provocaram na humanidade um agudo
sentimento de angústia a respeito do próprio destino;
e) Na esfera social assiste-se ao fim do individualismo e a afirmação da
socialização, cada vez mais extensa. Pôs-se fim ao isolamento, um
acontecimento que se regista num país pode ter reflexos profundos em toda a
humanidade;
f) No campo cultural assiste-se uma crise cada vez mais vasta e profunda.

v. A concepção racionalista do homem.

No princípio dos séculos, XVII, fazem-se sentir os sinais do fim do


Renascimento e o prenúncio de um novo modo de pensar e sentir. Este novo modo de
pensar e sentir permanece herdeiro e devedor do humanismo renascentista e dele
receberá a influência directa por meio dos grandes moralistas franceses do século XVI,
sobretudo de Michel de Montaigne que transmite ao racionalismo emergente os temas
14

da observação de si mesmo e do conhece-te a ti mesmo. A Antropologia racionalista


prolongará a tradição do Zoon Logikon dando-lhe um novo conteúdo: o esquema
mecanicista.

Conclusão
Chegado nesta fase, conclui-se que Antropologia Filosófica emerge como um
campo de indagação profunda sobre a natureza do ser humano, lançando luz sobre
questões essenciais que permeiam nossa existência. Ao longo desta exploração,
filósofos de diversas correntes de pensamento ofereceram reflexões valiosas,
permitindo-nos contemplar o Eu, o Tu e o Nós com uma perspectiva mais rica e
complexa.

Os objetivos gerais e específicos delineados neste trabalho permitiram uma análise


crítica e aprofundada da Antropologia Filosófica. Exploramos raízes, perspectivas de
renomados filósofos, refletimos sobre o propósito da vida e examinamos a dignidade
humana.

Neste percurso, compreendeu-se que a Antropologia Filosófica não se restringe a


uma mera análise teórica; ela nos convoca a uma jornada de autoconhecimento e
entendimento do papel do homem no universo. A busca por sentido, a consideração da
dignidade humana e a reflexão sobre o propósito da vida são desafios persistentes que
atravessam as eras e continuam a inspirar pensadores.

A diversidade de abordagens filosóficas destaca a complexidade do tema,


proporcionando-nos uma tapeçaria de perspectivas que enriquecem a compreensão da
condição humana. A conclusão que emerge é que, ao compreender a natureza humana
de maneira filosófica, somos levados a uma apreciação mais profunda de nossa própria
existência e das interconexões que moldam a sociedade.
15

Referencias Bibliográficas
 Arlt, Gerhard. (2008). Antropologia Filosófica. Vozes, RJ.
 Cassirer, Ernst. Antropologia filosófica. São Paulo,
 Chârtelet, François. História da filosofia; ideias; doutrinas. Rio de Janeiro,
Zahar, S d 8v.
 Gil, A. C. (2002). Como Elaborar Projetos de Pesquisa. 4ª edição. São Paulo:
Editora Atlas;
 Groethuyesen, Bernard. (1998). Antropologia Filosófica. 2ª ed. Presença,
Lisboa.
 Heinamann, Fritz. Filosofia do Século XX. Fundação Calouste Gulbenkian, 2ª
ed. Lisboa s/d.
 Imbamba, José Manuel. (2010). Uma nova cultura para mulheres e homens
novos: um projecto filosófico para Angola do 3º milénio à luz da filosofia de
Battista Mondin.2ª ed.Luanda.
 Kant, Immanuel. (1980). Fundamentação da Metafísica dos Costumes. São
Paulo: Abril Cultural.
 Lima Vaz, Henrique C. (2004). A antropologia Filosófica 7ª ed. SP-Brasil,
Outubro de.
 Max, Battista. (2003). O homem quem é ele? Elementos de Antropologia
Filosófica, Paulus, 11ª ed. SP. Brasil.
 Rabuske, Edvino A. (2008). Antropologia Filosófica, 11ª ed, Vozes, RJ.

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