Castel-Branco CDD
Castel-Branco CDD
Castel-Branco CDD
CREDENCIAS DO AUTOR
RESUMO DA OBRA
O artigo é constituído por três (3) partes, cada um deles aborda vários sub-temas,
compreendendo uma transcrição evolutiva entre estes.
Na primeira parte, mandato e modelo do FMI e sua aplicação em LDCs, o mandato do FMI é
ajudar os Países membros a corrigir desequilíbrios de curto prazo nas suas economias, em
especial no que diz respeito à balança externa corrente (conta corrente) e às reservas de recursos
externos. O FMI foi criado em Bretton Woods, depois da Segunda Guerra Mundial, para ajudar
as potências capitalistas a coordenarem as suas políticas económicas e evitarem crises
semelhantes às recessões que antecederam a guerra.
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Em particular, o FMI seria um instrumento dos Países membros para ajudar e coordenar a
reciclagem de défices e excedentes das suas balanças de pagamentos, de modo a evitar incerteza,
pânico e medidas unilaterais de algumas economias que prejudicassem outras. Mais importante,
o objectivo de reciclar excedentes e défices simultaneamente era o de evitar que as economias
deficitárias fossem obrigadas a adoptar medidas de ajustamento assentes na redução da procura
agregada, por causa dos efeitos nocivos dessas medidas no investimento e emprego que
poderiam levar a economia deficitária à recessão.
Apesar das grandes deficiências do modelo de reciclagem óbvio que o FMI nem sempre foi
dominantemente monetarista. Também é evidente que o FMI não foi concebido para lidar com
os problemas de economias subdesenvolvidas, nem com os desequilíbrios entre economias
desenvolvidas e subdesenvolvidas.
Quarto, o nível de importações é definido como uma função do rendimento nacional no período
anterior, e da propensão marginal a importar. Em equilíbrio o crescimento das importações não
pode exceder a taxa de crescimento do PIB ajustada pela propensão marginal a importar; se o
fizer, a economia tenderá a evoluir para uma crise da conta corrente. Neste caso, para evitar a
crise da conta corrente, o FMI sugere a contracção do rendimento e da propensão a importar por
via da contracção monetária e do ajustamento da taxa de câmbio. Mais uma vez, o ajustamento
sugerido nada tem a fazer com a capacidade produtiva da economia. Por exemplo, não há
nenhum sinal, no modelo, que indique que o FMI tenha a percepção do, ou alguma preocupação
com o facto de que importações poderem reflectir dependência tecnológica e financeira; que a
economia pode não ser capaz de cortar as importações a curto prazo sem afectar seriamente o
nível geral de actividade económica e emprego; que uma economia produtivamente mais
competitiva pode ter que importar mais mas também poderá exportar mais.
Segundo, estas identidades são definidas em termos do equilíbrio da procura agregada sem
qualquer consideração pelas condições da oferta. No entanto, para as economias mais atrasadas a
questão fundamental é como transformar as suas capacidades produtivas.
Quarto, a adopção das identidades das contas nacionais como constrangimento central foca a
atenção do ajustamento e estabilização nas condições estáticas da economia, porque as
identidades das contas nacionais dizem respeito um período único. Mais importante, é a
compreensão dos processos dinâmicos de longo prazo que vão para além de um período único.
Este ponto chama a atenção para os mercados financeiros, no sentido em que a questão de fundo
não é apenas se os recursos necessários para grandes programas de investimento estão
disponíveis, mas a que preço (taxa de juro) esses recursos podem ser obtidos. Esta questão
levanta dois pontos críticos para o modelo do FMI. Primeiro, se, como Harris 1997 argumenta, o
preço das finanças é determinado pela taxas internacionais e pelo grau de confiança no mercado,
a questão que se coloca em termos de ajustamento é como afectar a confiança dos investidores de
tal modo que recursos financeiros sejam disponibilizados a preços consistentes com o objectivo
de promover crescimento económico com uma distribuição mais equitativa. Uma estratégia de
crescimento credível, mesmo que envolva endividamento a curto e médio prazos, pode promover
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a redução do custo dos empréstimos porque a confiança na estratégia faz com que a oferta de
recursos financeiros aumente. Portanto, a questão central é como desenvolver essa estratégia de
crescimento credível.
Segundo, efectivamente as variáveis monetárias (neste caso, crédito e a taxa de juro) afectam a
capacidade produtiva da economia, e são afectadas por ela, tanto a curto como a longo prazos. Se
isto for verdade, o argumento do modelo do FMI fica sem sustentação teórica e empírica.
Fine (1997) citado por Castel-Branco (1999) argumenta que tanto o modelo tradicional como o
“novo” modelo analítico do FMI são dominados pela visão de curto prazo. Isto é patente em
vários aspectos fundamentais.
Primeiro, formalmente, em ambos os modelos todo o ajustamento ocorre a curto prazo, como se
equilíbrio a longo prazo pressupusesse equilíbrio em cada período. Segundo, esta preocupação
com o ajustamento de curto prazo em cada período elimina a preocupação com os efeitos de
longo prazo das medidas de estabilização, simplesmente por via da eliminação da ideia de “longo
prazo” da análise. Terceiro, por causa da predominância do curto prazo, investimento,
crescimento, progresso tecnológico e despesa do governo tem efeitos desestabilizadores no
modelo. Portanto, o modelo assegura ou estabilidade sem crescimento, ou crescimento sem
estabilidade. Quarto, por causa das suas perspectivas pessimistas no que respeita às
possibilidades de desenvolvimento da capacidade produtiva e das exportações, derivadas da
visão de curto prazo, o modelo reforça, em vez de alterar, o processo de estabilização assente
fundamentalmente na gestão macro-económica para contrair a procura agregada, sem que
nenhuma atenção seja prestada às condições da oferta.
Na terceira parte, crítica ao condicionalismo da “ajuda”, por seu próprio “mérito”, o modelo
do FMI é inadequado para abordar questões complexas de desenvolvimento. Esta conclusão é
independente do facto de as políticas económicas serem elaboradas em Washington ou na capital
de qualquer LDC; ou de serem elaboradas por quadros nacionais ou peritos do FMI. Esta
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conclusão resulta da crítica aos pressupostos e operação do modelo, independentemente de quem
o formula ou como é que ele é formulado.
O uso de condicionalismos para garantir o alcance dos objectivos do programa. O ESAF pode ser
considerada uma modalidade de “ajuda” ao desenvolvimento, porque permite ao País receptor o
acesso a mais recursos do FMI do que os estritamente permitidos pelos seus direitos de saque
regulamentares, e esses recursos também são fornecidos com taxas de juro mais baixas e
períodos de graça e de maturação mais longos.
No entanto, estes recursos não são gratuitos, pois envolvem dois tipos distintos de custos.
Primeiro, existem os custos financeiros directos, pois a dívida contraída com o FMI tem que ser
paga. Segundo, há os custos associados com o facto de esses recursos só serem disponibilizados
se o País implementar um programa económico definido ou aprovado pelo FMI.
Segundo, é também argumentado que a ajuda condicionada impõe disciplina aos receptores, que
de outro modo poderiam desperdiçar ou apropriar para benefício individual os recursos
disponibilizados. Sendo condicionada a certos padrões de performance ou implementação de
certas políticas, a ajuda funciona como estímulo à eficiência.
Terceiro, o FMI argumenta que economias em crise requerem não só novos fluxos de recursos
externos, mas também políticas económicas adequadas para a estabilização a ajustamento
estrutural a curto e longo prazos.
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Existem quatro conjuntos de argumentos contra a adopção de condicionalismos para a concessão
de ajuda, nomeadamente: o argumento sobre a ineficiência dos condicionalismos, estabelece que
a adopção de condicionalismos é uma maneira ineficiente e cara para impor políticas
económicas, adequadas ou não, aos receptores da ajuda. O argumento moral, que estabelece que
é imoral impor condicionalismos de qualquer espécie à realização dos direitos humanos básicos,
dado que nenhum ser humano deve ser escravizado pela dívida externa, pobreza, ignorância e
doença, sejam quais forem os argumentos, económicos ou políticos, para impor
condicionalismos. o argumento assente na economia política da ajuda, relaciona os
condicionalismos com os grupos de interesse que operam através dos governos credores e
agências financeiras internacionais; os condicionalismos impostos reflectem relações de poder na
economia Mundial bem como a imposição de medidas que permitam aos LDCs ajustarem-se aos
interesses e estratégias das economias desenvolvidas. O argumento económico, contra o
condicionalismo da ajuda provêm de diferentes quadrantes. Da direita, vem a crítica específica
aos condicionalismos impostos pelos modelos de estabilização e ajustamento adoptados no
quadro geral do ESAF. A esquerda também apresenta um conjunto de argumentos económicos
contra o uso de condicionalismos na ajuda, nomeadamente os seguintes. Primeiro, se políticas
económicas reflectem relações de poder e interesses políticos e económicos concretos, então a
questão de fundo não é se as políticas económicas são elaboradas dentro ou fora do País, por
cidadãos nacionais ou estrangeiros, pelo governo nacional ou por uma agência multilateral,
baseadas dentro do País ou impostas de fora; as dificuldades de criação das instituições para
economias de mercado, a propensão de agências internacionais cometerem erros graves de
julgamento mas não prestarem contas a ninguém, e a inconsistência interna dos programas de
estabilização e ajustamento que resultam de tentativas de combinar diferentes interesses sem uma
visão estratégica de transformação.
CONCLUSÃO DO RESENHISTA
De um modo geral, o autor apoia-se em diversos estudiosos para emitir suas conclusões. Ela
posiciona-se criticamente em torno da abordagem que titula esse artigo. Alerta-nos que
determinadas escolhas geram conseqüências que poderão ser consideradas indesejáveis pelo
Estado.
Sua conclusão é de que modelo do FMI mostrou que este é incapaz de articular o curto e longo
prazos, assume incorrectamente que equilíbrio a longo prazo pressupõe equilíbrio em todos os
períodos, separa as variáveis monetárias da capacidade produtiva real da economia, e considera,
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incorrectamente, as identidades das contas nacionais como os constrangimentos
macroeconómicos fundamentais a enfrentar.
Considera que a análise do problema associado com o carácter condicionado da ajuda mostrou
que os argumentos a favor dos condicionalismos não são sustentáveis, e serviu para identificar os
vários problemas económicos e políticos que justificam a reflexão sobre se a ajuda multilateral
deve ou continuar a impor modelos económicos, em especial quando os modelos impostos não
são adequados para enfrentar as questões de desenvolvimento.
Portanto, o autor é um exímio crítico nas suas análises referindo-se a FMI, visto que a ajuda que
esta presta não têm resultado em ganhos relativos e absolutos. Assim, este texto representa um
exemplo de vários outras visões semelhantes sobre o “apoio” que esta instituição presta para o
desenvolvimento dos Estados.
CRÍTICA DO RESENHISTA
A obra fornece subsídios à nossa pesquisa científica, à medida que traz em voga seu
posicionamento e de vários autores da discussão e construção do fenómeno de
“desenvolvimento” tendo em conta a ajuda externa, fornecida pelas instituições financeiras
internacionais.
É uma leitura que exige conhecimentos prévios para ser entendida, além de diversas releituras e
pesquisas quanto a conceitos, autores e contextos apresentados, uma vez que as conclusões
emergem a partir de esclarecimentos e posições de diversos estudiosos da ciência e suas
aplicações e posturas quanto ao método científico.
INDICAÇÕES DO RESENHISTA
A obra discute alternativas e oferecer sugestões para estudantes pesquisadores, a fim de que
possam realizar, planear e desenvolver as próprias convicções bem como idealizar o
desenvolvimento circunstancial, utilizando-se do rigor necessário à produção de conhecimentos
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confiáveis. É de grande auxilio, principalmente, àqueles que desenvolvem trabalhos académicos
no campo da ciência social. A mesma possibilita ter uma visão crítica em torno da ajuda que se
pode adquirir para a reanimação das economias, seus condicionalismos.