Castel-Branco CDD

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CASTEL-BRANCO, C. N. FMI, ESAF e Desenvolvimento: Reflexões Críticas. 1999.

CREDENCIAS DO AUTOR

Economista moçambicano (nascido em Maputo, 1960). PhD (Doutor) em Economia (School of


Oriental and African Studies, SOAS, Universidade de Londres), MSc (Mestre em Ciências) em
Desenvolvimento Económico (Universidade de Oxford), MA (Mestre em Artes) em
Desenvolvimento Industrial (Universidade de East Anglia), P-GD (Diploma de Pós-Graduação)
em Desenvolvimento Económico (Universidade de East Anglia), Diploma de Graduação
Superior em Estudos de Desenvolvimento (Universidade Eduardo Mondlane) Professor
Associado Convidado no ISEG – Lisbon School of Economics and Management (Universidade
de Lisboa) e na Universidade Nova de Lisboa, leccionando macroeconomia II (crescimento
económico), globalização & desenvolvimento, teorias de desenvolvimento, política e políticas de
desenvolvimento, desenvolvimento económico e economia política.

É investigador integrado do Centro de Estudos sobre África e Desenvolvimento (CEsA/CSG) e


membro da Academia de Ciência de Moçambique, da Associação Moçambicana de
Economistas, da Associação Portuguesa de Economia Política, e dos conselhos editoriais do
Journal of Southern African Studies e da Review of African Political Economy.

O seu foco de pesquisa actual é: paradoxos e limites de processos de acumulação de capital em


África, em contextos pós-coloniais de desenvolvimento desigual do capitalismo na era da
financeirização. Desse projeto de pesquisa mais amplo surgiram duas linhas de pesquisa em
andamento, uma sobre financeirização e desindustrialização prematura no contexto africano e
outra sobre finanças privadas internacionais e as dinâmicas da acumulação de capital em
Moçambique.

RESUMO DA OBRA

O artigo é constituído por três (3) partes, cada um deles aborda vários sub-temas,
compreendendo uma transcrição evolutiva entre estes.

Na primeira parte, mandato e modelo do FMI e sua aplicação em LDCs, o mandato do FMI é
ajudar os Países membros a corrigir desequilíbrios de curto prazo nas suas economias, em
especial no que diz respeito à balança externa corrente (conta corrente) e às reservas de recursos
externos. O FMI foi criado em Bretton Woods, depois da Segunda Guerra Mundial, para ajudar
as potências capitalistas a coordenarem as suas políticas económicas e evitarem crises
semelhantes às recessões que antecederam a guerra.

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Em particular, o FMI seria um instrumento dos Países membros para ajudar e coordenar a
reciclagem de défices e excedentes das suas balanças de pagamentos, de modo a evitar incerteza,
pânico e medidas unilaterais de algumas economias que prejudicassem outras. Mais importante,
o objectivo de reciclar excedentes e défices simultaneamente era o de evitar que as economias
deficitárias fossem obrigadas a adoptar medidas de ajustamento assentes na redução da procura
agregada, por causa dos efeitos nocivos dessas medidas no investimento e emprego que
poderiam levar a economia deficitária à recessão.

Apesar das grandes deficiências do modelo de reciclagem óbvio que o FMI nem sempre foi
dominantemente monetarista. Também é evidente que o FMI não foi concebido para lidar com
os problemas de economias subdesenvolvidas, nem com os desequilíbrios entre economias
desenvolvidas e subdesenvolvidas.

Castel-Branco apresenta o modelo do FMI, sobre os pressupostos e características do modelo,


avança que na sua essência, o modelo actual do FMI é idêntico ao de Polack, desenvolvido nos
anos 1950/60. O modelo do FMI assenta em cinco características e pressupostos fundamentais,
descritas a seguir:

Primeiro, rendimento, exportações, capacidade produtiva, e fluxos de recursos externos não


associados com comércio são exógenos, quer dizer, não são explicados nem afectados pelo
modelo e são considerados como dados fixos. Portanto, as medidas de estabilização não se
destinam a afectar estas variáveis directamente, e supostamente não são afectadas por elas. Por
isso, a capacidade produtiva, exportações, investimento, poupança, e a competitividade produtiva
geral da economia não fazem parte do foco das medidas de ajustamento e estabilização do FMI.

Segundo, as variáveis monetárias do modelo (por exemplo, a procura e a oferta de crédito,


despesa do governo, ajuda externa, taxas de juro e de câmbio, etc.) são determinadas por, e
apenas afectam, outras variáveis monetárias e não têm qualquer impacto na economia real, a não
ser por efeito da alteração do nível e estrutura dos preços. Por exemplo, crédito é determinado
pela procura de dinheiro (que, por sua vez, é determinado pelo nível de rendimento), e apenas
afecta o nível dos preços. O modelo não estabelece qualquer relação, implícita ou explícita, entre
crédito, investimento, capacidade produtiva e exportações, nem sequer considera explicitamente
a poupança e o investimento como variáveis, a não ser pelo seu impacto meramente monetário na
procura e oferta de dinheiro e no nível geral dos preços.

Terceiro, a procura de dinheiro é determinada pelo nível de rendimento, sendo a velocidade de


circulação do dinheiro constante. Portanto, em equilíbrio, o aumento da procura de dinheiro não
pode exceder a taxa de crescimento do PIB, e a oferta de dinheiro não pode ultrapassar a procura
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“normal” de dinheiro; se o fizer, o nível geral dos preços sobe (inflação) e as reservas externas
deterioram-se. Assim, para travar a inflação e a deterioração das reservas externas, o FMI sugere
o controle da procura e da oferta de dinheiro. Como o modelo pressupõe que as variáveis
monetárias não afectam as restantes, o FMI não precisa de se preocupar com o impacto que a
contracção monetária possa ter na competitividade efectiva da economia e no nível de emprego.
Por isso, o FMI também não tem que se preocupar com o facto de que é possível controlar a
inflação e restaurar as reservas externas usando modelos que desenvolvam a capacidade
produtiva e estimulem a oferta, em vez de, como o modelo do FMI, apenas contraiam a procura
agregada.

Quarto, o nível de importações é definido como uma função do rendimento nacional no período
anterior, e da propensão marginal a importar. Em equilíbrio o crescimento das importações não
pode exceder a taxa de crescimento do PIB ajustada pela propensão marginal a importar; se o
fizer, a economia tenderá a evoluir para uma crise da conta corrente. Neste caso, para evitar a
crise da conta corrente, o FMI sugere a contracção do rendimento e da propensão a importar por
via da contracção monetária e do ajustamento da taxa de câmbio. Mais uma vez, o ajustamento
sugerido nada tem a fazer com a capacidade produtiva da economia. Por exemplo, não há
nenhum sinal, no modelo, que indique que o FMI tenha a percepção do, ou alguma preocupação
com o facto de que importações poderem reflectir dependência tecnológica e financeira; que a
economia pode não ser capaz de cortar as importações a curto prazo sem afectar seriamente o
nível geral de actividade económica e emprego; que uma economia produtivamente mais
competitiva pode ter que importar mais mas também poderá exportar mais.

Quinto, o modelo é focado na análise do comportamento de um grupo específico de variáveis e


preços macroeconómicos (inflação, oferta monetária, taxa de juro e de câmbio, défice/poupança
públicos, défice da conta corrente e nível das reservas externas), a curto prazo, sem grande
preocupação pelos aspectos microeconómicos relacionados com a capacidade produtiva e a
acumulação de capital. Portanto, o modelo analisa essas variáveis sob o ponto de vista da procura
agregada, como se tais variáveis e os seus comportamentos fossem independentes do resto da
economia e fossem as únicas variáveis importantes. Além disso, o modelo assume que a
economia é capaz de se ajustar imediatamente, ou a curto prazo, em parte porque todo o
ajustamento previsto no modelo é de natureza monetária sem qualquer impacto significativo na
economia real.

Na segunda parte, crítica ao modelo do FMI, o modelo do FMI é construído em torno de


constrangimentos macroeconómicos (em particular do défice do governo), os quais são
derivados das identidades das contas nacionais. Mas por várias razões estas identidades não
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devem ser mais que um input na formulação de política económica, e nunca um constrangimento
dominante. Primeiro, estas identidades, desde que digam respeito a resultados alcançados, são
sempre mantidas. Estas identidades só se transformam em constrangimentos a partir do momento
em que são definidos pressupostos/limites acerca de, por exemplo, o défice da conta corrente ou
do orçamento público que podem ser financiados.

Segundo, estas identidades são definidas em termos do equilíbrio da procura agregada sem
qualquer consideração pelas condições da oferta. No entanto, para as economias mais atrasadas a
questão fundamental é como transformar as suas capacidades produtivas.

Terceiro, os constrangimentos reais para ajustamento económico e estabilização com


crescimento ocorrem ao nível microeconómico, onde desequilíbrios sectoriais podem inviabilizar
programas.

Quarto, a adopção das identidades das contas nacionais como constrangimento central foca a
atenção do ajustamento e estabilização nas condições estáticas da economia, porque as
identidades das contas nacionais dizem respeito um período único. Mais importante, é a
compreensão dos processos dinâmicos de longo prazo que vão para além de um período único.

Finalmente, o modelo do FMI considera como constrangimento macroeconómico dominante o


que de facto não é um constrangimento em recursos reais mas um problema de gestão financeira.
Mas se a curto prazo não houver possibilidades de a poupança aumentar suficientemente para
cobrir o investimento, é óbvio que o problema é como gerir os activos e passivos das contas
nacionais para financiar o défice de forma sustentável. A longo prazo, esse acréscimo ao
investimento pode resultar em níveis mais altos de rendimento, poupança e exportação, e mesmo
em substituição de importações. O principal problema, portanto, não é o défice de curto prazo,
mas a capacidade de gerar mais recursos com o investimento inicialmente financiado pelo défice
dos que os recursos que esse investimento consome.

Este ponto chama a atenção para os mercados financeiros, no sentido em que a questão de fundo
não é apenas se os recursos necessários para grandes programas de investimento estão
disponíveis, mas a que preço (taxa de juro) esses recursos podem ser obtidos. Esta questão
levanta dois pontos críticos para o modelo do FMI. Primeiro, se, como Harris 1997 argumenta, o
preço das finanças é determinado pela taxas internacionais e pelo grau de confiança no mercado,
a questão que se coloca em termos de ajustamento é como afectar a confiança dos investidores de
tal modo que recursos financeiros sejam disponibilizados a preços consistentes com o objectivo
de promover crescimento económico com uma distribuição mais equitativa. Uma estratégia de
crescimento credível, mesmo que envolva endividamento a curto e médio prazos, pode promover
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a redução do custo dos empréstimos porque a confiança na estratégia faz com que a oferta de
recursos financeiros aumente. Portanto, a questão central é como desenvolver essa estratégia de
crescimento credível.

Segundo, efectivamente as variáveis monetárias (neste caso, crédito e a taxa de juro) afectam a
capacidade produtiva da economia, e são afectadas por ela, tanto a curto como a longo prazos. Se
isto for verdade, o argumento do modelo do FMI fica sem sustentação teórica e empírica.

Tradicionalmente, o FMI ocupa-se com o ajustamento de curto prazo da oferta monetária e da


taxa de câmbio afim de controlar o nível dos preços e as reservas externas. O objectivo central
era tentar articular, num único modelo, o impacto de longo prazo das medidas de estabilização.
Este processo coincidiu com o fim da primeira década de experiência activa do FMI com os
problemas económicos dos LDCs, e com o início da implementação do ESAF como mecanismo
especial de empréstimo para os LDCs membros do Fundo. Estas tentativas de coordenar o curto
e o longo prazo resultaram num modelo analítico formalizado, e num mecanismo de política
igualmente formalizado, o Policy Framework Paper (PFP).

Fine (1997) citado por Castel-Branco (1999) argumenta que tanto o modelo tradicional como o
“novo” modelo analítico do FMI são dominados pela visão de curto prazo. Isto é patente em
vários aspectos fundamentais.

Primeiro, formalmente, em ambos os modelos todo o ajustamento ocorre a curto prazo, como se
equilíbrio a longo prazo pressupusesse equilíbrio em cada período. Segundo, esta preocupação
com o ajustamento de curto prazo em cada período elimina a preocupação com os efeitos de
longo prazo das medidas de estabilização, simplesmente por via da eliminação da ideia de “longo
prazo” da análise. Terceiro, por causa da predominância do curto prazo, investimento,
crescimento, progresso tecnológico e despesa do governo tem efeitos desestabilizadores no
modelo. Portanto, o modelo assegura ou estabilidade sem crescimento, ou crescimento sem
estabilidade. Quarto, por causa das suas perspectivas pessimistas no que respeita às
possibilidades de desenvolvimento da capacidade produtiva e das exportações, derivadas da
visão de curto prazo, o modelo reforça, em vez de alterar, o processo de estabilização assente
fundamentalmente na gestão macro-económica para contrair a procura agregada, sem que
nenhuma atenção seja prestada às condições da oferta.

Na terceira parte, crítica ao condicionalismo da “ajuda”, por seu próprio “mérito”, o modelo
do FMI é inadequado para abordar questões complexas de desenvolvimento. Esta conclusão é
independente do facto de as políticas económicas serem elaboradas em Washington ou na capital
de qualquer LDC; ou de serem elaboradas por quadros nacionais ou peritos do FMI. Esta
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conclusão resulta da crítica aos pressupostos e operação do modelo, independentemente de quem
o formula ou como é que ele é formulado.

O uso de condicionalismos para garantir o alcance dos objectivos do programa. O ESAF pode ser
considerada uma modalidade de “ajuda” ao desenvolvimento, porque permite ao País receptor o
acesso a mais recursos do FMI do que os estritamente permitidos pelos seus direitos de saque
regulamentares, e esses recursos também são fornecidos com taxas de juro mais baixas e
períodos de graça e de maturação mais longos.

No entanto, estes recursos não são gratuitos, pois envolvem dois tipos distintos de custos.
Primeiro, existem os custos financeiros directos, pois a dívida contraída com o FMI tem que ser
paga. Segundo, há os custos associados com o facto de esses recursos só serem disponibilizados
se o País implementar um programa económico definido ou aprovado pelo FMI.

Existem dois tipos de condicionalismos, um directo e outro indirecto. O condicionalismo directo


é o imposto pelo FMI para a aprovação de um ESAF. Em geral, o FMI exige que as políticas
económicas do País estejam em linha com o seu modelo. O condicionalismo indirecto está
associado com o facto de que o estabelecimento de um acordo com o FMI é, geralmente, uma
condição para o País receptor poder contrair empréstimos (multilaterais e bilaterais) junto de
outros credores. O acordo com o FMI funciona como um mecanismo de segurança para os
credores. Isto deve-se a três factores fundamentais. Primeiro, o acordo com o FMI garante que se
o País receptor entrar em crise e tiver que interromper o pagamento do serviço da dívida, o FMI
garantirá a dívida e apoiará o País pelo menos até este poder pagar as suas dívidas aos principais
credores. Segundo, a existência do acordo é indicativo de que o País está a adoptar medidas
económicas correctivas de estabilização e ajustamento. Terceiro, os principais credores são a
força dominante dentro do FMI, e utilizam o FMI como mecanismo de coordenação de políticas
económicas internacionais, incluindo as políticas a seguir em relação aos LDCs.

Existem três argumentos fundamentais a favor da ajuda condicionada. Primeiro, doadores e


credores argumentam que se eles são a fonte dos recursos financeiros, então é apenas lógico que
controlem a afectação dos recursos financeiros disponibilizados.

Segundo, é também argumentado que a ajuda condicionada impõe disciplina aos receptores, que
de outro modo poderiam desperdiçar ou apropriar para benefício individual os recursos
disponibilizados. Sendo condicionada a certos padrões de performance ou implementação de
certas políticas, a ajuda funciona como estímulo à eficiência.

Terceiro, o FMI argumenta que economias em crise requerem não só novos fluxos de recursos
externos, mas também políticas económicas adequadas para a estabilização a ajustamento
estrutural a curto e longo prazos.
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Existem quatro conjuntos de argumentos contra a adopção de condicionalismos para a concessão
de ajuda, nomeadamente: o argumento sobre a ineficiência dos condicionalismos, estabelece que
a adopção de condicionalismos é uma maneira ineficiente e cara para impor políticas
económicas, adequadas ou não, aos receptores da ajuda. O argumento moral, que estabelece que
é imoral impor condicionalismos de qualquer espécie à realização dos direitos humanos básicos,
dado que nenhum ser humano deve ser escravizado pela dívida externa, pobreza, ignorância e
doença, sejam quais forem os argumentos, económicos ou políticos, para impor
condicionalismos. o argumento assente na economia política da ajuda, relaciona os
condicionalismos com os grupos de interesse que operam através dos governos credores e
agências financeiras internacionais; os condicionalismos impostos reflectem relações de poder na
economia Mundial bem como a imposição de medidas que permitam aos LDCs ajustarem-se aos
interesses e estratégias das economias desenvolvidas. O argumento económico, contra o
condicionalismo da ajuda provêm de diferentes quadrantes. Da direita, vem a crítica específica
aos condicionalismos impostos pelos modelos de estabilização e ajustamento adoptados no
quadro geral do ESAF. A esquerda também apresenta um conjunto de argumentos económicos
contra o uso de condicionalismos na ajuda, nomeadamente os seguintes. Primeiro, se políticas
económicas reflectem relações de poder e interesses políticos e económicos concretos, então a
questão de fundo não é se as políticas económicas são elaboradas dentro ou fora do País, por
cidadãos nacionais ou estrangeiros, pelo governo nacional ou por uma agência multilateral,
baseadas dentro do País ou impostas de fora; as dificuldades de criação das instituições para
economias de mercado, a propensão de agências internacionais cometerem erros graves de
julgamento mas não prestarem contas a ninguém, e a inconsistência interna dos programas de
estabilização e ajustamento que resultam de tentativas de combinar diferentes interesses sem uma
visão estratégica de transformação.

CONCLUSÃO DO RESENHISTA

De um modo geral, o autor apoia-se em diversos estudiosos para emitir suas conclusões. Ela
posiciona-se criticamente em torno da abordagem que titula esse artigo. Alerta-nos que
determinadas escolhas geram conseqüências que poderão ser consideradas indesejáveis pelo
Estado.

Sua conclusão é de que modelo do FMI mostrou que este é incapaz de articular o curto e longo
prazos, assume incorrectamente que equilíbrio a longo prazo pressupõe equilíbrio em todos os
períodos, separa as variáveis monetárias da capacidade produtiva real da economia, e considera,

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incorrectamente, as identidades das contas nacionais como os constrangimentos
macroeconómicos fundamentais a enfrentar.

Considera que a análise do problema associado com o carácter condicionado da ajuda mostrou
que os argumentos a favor dos condicionalismos não são sustentáveis, e serviu para identificar os
vários problemas económicos e políticos que justificam a reflexão sobre se a ajuda multilateral
deve ou continuar a impor modelos económicos, em especial quando os modelos impostos não
são adequados para enfrentar as questões de desenvolvimento.

Portanto, o autor é um exímio crítico nas suas análises referindo-se a FMI, visto que a ajuda que
esta presta não têm resultado em ganhos relativos e absolutos. Assim, este texto representa um
exemplo de vários outras visões semelhantes sobre o “apoio” que esta instituição presta para o
desenvolvimento dos Estados.

CRÍTICA DO RESENHISTA

A obra fornece subsídios à nossa pesquisa científica, à medida que traz em voga seu
posicionamento e de vários autores da discussão e construção do fenómeno de
“desenvolvimento” tendo em conta a ajuda externa, fornecida pelas instituições financeiras
internacionais.

É uma leitura que exige conhecimentos prévios para ser entendida, além de diversas releituras e
pesquisas quanto a conceitos, autores e contextos apresentados, uma vez que as conclusões
emergem a partir de esclarecimentos e posições de diversos estudiosos da ciência e suas
aplicações e posturas quanto ao método científico.

A obra permite um enriquecimento de abordagens referentes a questão de financiamento ou


concessão de crédito para a articulação de problemas com dívida externa e/ou interna,
desalinhamento da balança macro-económica e desequilíbrio da estrutura sócio-económica de
um país. Pois os exemplos apresentados amplamente nos auxiliam na compreensão da actividade
científica e nos possibilitam analisar e confrontar várias posições, a fim de chegarmos à nossa
própria fundamentação teórica.

INDICAÇÕES DO RESENHISTA

A obra discute alternativas e oferecer sugestões para estudantes pesquisadores, a fim de que
possam realizar, planear e desenvolver as próprias convicções bem como idealizar o
desenvolvimento circunstancial, utilizando-se do rigor necessário à produção de conhecimentos
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confiáveis. É de grande auxilio, principalmente, àqueles que desenvolvem trabalhos académicos
no campo da ciência social. A mesma possibilita ter uma visão crítica em torno da ajuda que se
pode adquirir para a reanimação das economias, seus condicionalismos.

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