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RESUMO
A relevância desse trabalho deve-se ao fato de destacar a importância do alimento e do gosto
alimentar que passa a constituir como categoria histórica, pois os padrões de permanência e
mudanças dos hábitos e práticas alimentares têm referências na própria dinâmica social. Nesse
sentido é a partir da preservação do patrimônio material e imaterial das cidades de Campina
Grande e Areia-PB, considerando os pratos tradicionais como um bem cultural uma vez que
os mesmos ajudam na preservação da memória gastronômica de ambas cidades. Sendo assim,
nosso intuito foi de despertar a relevância da gastronomia enquanto espaço de produção do
conhecimento e os lugares de identificação dos cheiros paraibanos a partir da cozinha, tendo
em vista que tomamos esses ambientes enquanto locais de produção da nossa história local.
Dessa forma, percebemos a necessidade de trabalharmos e refletirmos a importância da
gastronomia e da preservação do patrimônio imaterial. Para realização de nossa pesquisa
partimos dos estudos bibliográficos de Silva (2011), que discute com os conceitos de
Patrimônio material e imaterial, e de Koerich (2014), a qual narra à história da alimentação,
além do aporte teórico de Hall (2004). Nossa metodologia parte de pesquisas de campo e do
respaldo da internet, através de blogs e sites, que abordam a trajetória dos restaurantes e seus
respectivos funcionamentos e principais pratos oferecidos por esses estabelecimentos.
INTRODUÇÃO
1
Aluno graduando do curso de história da Universidade Estadual da Paraíba-UEPB.e bolsista do PIBIC/Cnpq E-
mail: [email protected]
2
Doutora e professora do curso de história da Universidade Estadual da Paraíba-UEPB. E-mail:
[email protected]
FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
Através dos novos paradigmas, e dos ensinamentos das Escolas dos Annales, novos
objetos e novos problemas passa a se constituir como um eixo norteador das discussões
historiográficas, das quais a história da alimentação, as artes de pôr a mesa e a comida
enquanto objeto cultural passa a ser levada a sério pelos historiadores.
Desta forma, a história do cotidiano e das mentalidades vai dar consistência aos
estudos da sensibilidade alimentar, do gosto, da gastronomia. A partir do final dos anos 70,
multiplicaram-se os estudos que se dedicaram às práticas alimentares dos indivíduos em
contextos e períodos históricos diferentes.
Destaque deve ser debitado ao texto A História da Alimentação: balizas
historiográficas, dos professores Ulpiano T. Bezerra de Meneses e Henrique Carneiro,
publicado em 1997, no qual buscaram, a partir da noção de campo de referências, problemas e
interações próprias da multi e da interdisciplinaridade, caracterizar o campo de estudo da
História da Alimentação.
Santos (2015) em seu texto a Comida como lugar de história, nos traz as contribuições
de três autores que trabalham a questão da alimentação em suas várias dimensões, desde a
dimensão sensível até a dimensão simbólica. O autor destaca a obra de Jean-François Revel,
Um banquete de palavras, na qual persegue as duas faces da gastronomia – a popular e a
erudita – e revela que as grandes fontes da história da sensibilidade gastronômica são a
literatura e a arte. Nesse sentido, para Revel, a cozinha é arte desde que se considere a
representação dos sabores. A cozinha, para o autor, é o universo onde convivem intuição,
sensibilidade, imaginação e criatividade, permitindo múltiplas dimensões e integrações.
Entretanto, o autor afirma que a cozinha é também um espaço de desaparecimentos, de perdas
e destruições.
Outro autor que enriquece as discussões sobre mudanças e permaneças dos gostos
alimentares é Erik Hobsbawm, tal reflexão encontra guaridas explicativas na obra A invenção
das tradições, organizada por E. Hobsbawm e E. Ranger, com a segunda edição publicada em
português, em 1997, a qual permite suporte teórico à questão das tradições culinárias.
Além da contribuição desses autores alguns conceitos merecem destaque nessa
pesquisa, destacando inicialmente o de identidade e de memória gustativa. Os hábitos e
práticas alimentares de grupos sociais, práticas estas distantes ou recentes que podem vir a
constituírem-se em tradições culinárias, fazem, muitas vezes, com que o indivíduo se
considere inserido num contexto sociocultural que lhe outorga uma identidade, reafirmada
pela memória gustativa.
De acordo com o artigo de Silva (2011), “Patrimônio cultural imaterial: conceito e
instrumentos legais de tutela na atual ordem jurídica brasileira”, o autor inicia discorrendo que
as relações sociais que envolvem uma ampla produção material e intelectual, fazendo com
que a cultura abarque vários aspectos da inventividade humana, podemos citar a arquitetura, a
religião, a ideologia, as expressões artísticas além de outros, é salientado que aborda a
diversidade nas reflexões em torno do patrimônio cultural deve ser entendido indissociável
das formas de manifestação cultural.
Sendo assim, o autor denomina o Patrimônio cultural como tudo “aquilo que possuí
significado social e que representa e/ou traduz identidades, engloba as peculiaridades e
RESULTADOS
Restaurantes em Areia.
Nome dos Restaurantes Endereço Data de criação Contatos
No sítio Chã de Fones:
Jardim; pertence á (83)88268208
Restaurante RuralVó Associação para o 11/06/2013 (83)99982597
Maria Desenvolvimento da
Comunidade de Chã
de Jardim (Adesco).
Brejo de Areia.
Restaurante Triunfo Hotel Fazendo Fones:
Triunfo. Não Disponível (83)3362128/(8
3)9846090
(83)33621238
Restaurante Psa. Francisco Pereira
Bambu Brasil Mariz, 1959, Areia - Não Disponível Fone:
PB, 58397-000 (83)33621559
Restaurante Azul Sitio Jussarinha, Fone:
Histórico Sn | Hotel Fazenda Não Disponível (83)33621238
Triunfo, Areia, Paraíba
58397-000.
Praça da Igreja Nossa
O Barretão Senhora do Rosário, Aproximadamente Fone:
Areia, Paraíba dez anos. (83)88599985
e-ISSN: 2359-2796, v. 17, n. 1, 2016. XVII Encontro Estadual de História – ANPUH-PB
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De acordo com os dados coletados a partir do auxílio da internet, nas discussões
teóricas e no mapeamento dos restaurantes e pudemos constatar a relevância dos
estabelecimentos alimentícios nas cidades de Campina Grande e Areia na Paraíba, remetendo
assim como esses locais podem contribuir com a nossa identidade local.
A partir das pesquisas que realizamos pela internet sobre os restaurantes, o que
conseguimos constatar é a relevância que alguns pratos possuem por chamar atenção dos
clientes, podemos citar, por exemplo, o restaurante denominado “Bar do Cuscuz”, localizado
em Campina Grande, esse estabelecimento é reconhecido por ter no seu principal cardápio a
“carne de sol na nata”. Sendo assim, observamos que ao acrescentar a nata em um prato
considerado tradicional, ocorre uma ressignificação do alimento.
Um exemplo que podemos citar ocorre com a tapioca, esse alimento é um dos mais
antigo, tendo sua origem com os nativos, a mesma é extraída a partir da mandioca, tendo seus
primórdios com os indígenas. Hoje este tipo de alimento passou por ressignificação, a qual
originou a “tapioca recheada”, temos vários tipos de recheios como, a doce feita com o coco e
leite condensado, as de carnes de Sol e Charque entre outras.
Deste modo, este artigo vem suscitar a importância da alimentação, sobretudo, da
gastronomia como espaço de produção de conhecimento sobre a Paraíba e os lugares de
identificação dos cheiros paraibanos a partir da cozinha, a cozinha vista aqui como espaço de
produção de conhecimento sobre a história local, e que é, portanto, um lugar de excepcional
discussão sobre as múltiplas histórias que tecem o cotidiano do paraibano.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERENCIAS
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histórico na sala de aula. 11. ed. São Paulo: Contexto, 2004.
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Cadernos Didáticos, FENAME, 1978.
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perspectivas. São Paulo: UNESP, 1992. P.40-62.
SILVA, Paulo Sérgio da. Patrimônio cultural imaterial: conceito e instrumentos legais de
tutela na atual ordem jurídica brasileira. IN: XXVI Simpósio Nacional de História – ANPUH
• São Paulo, julho 2011.
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20/02/2016.