Manual Flash Lajes

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DO MARANHÃO

CENTRO DE CIÊNCIAS TECNOLÓGICAS


CURSO DE ENGENHARIA CIVIL

CLAUDIONOR SILVA JÚNIOR

DESENVOLVIMENTO DE UM SOFTWARE PARA O DIMENSIONAMENTO E


DETALHAMENTO DE LAJES MACIÇAS RETANGULARES DE CONCRETO
ARMADO

São Luís
2016
CLAUDIONOR SILVA JÚNIOR

DESENVOLVIMENTO DE UM SOFTWARE PARA O DIMENSIONAMENTO E


DETALHAMENTO DE LAJES MACIÇAS RETANGULARES DE CONCRETO
ARMADO
Trabalho de Conclusão de Curso
apresentado ao Curso de Engenharia Civil
da Universidade Estadual do Maranhão
como requisito parcial para a obtenção do
título de Bacharel em Engenharia Civil.

Orientador: Prof. Msc. Clodoaldo Cesar


Malheiros Ferreira

São Luís
2016
Silva Júnior, Claudionor.
Desenvolvimento de um software para o dimensionamento e
detalhamento de lajes maciças retangulares de concreto armado /
Claudionor Silva Júnior. São Luís, 2016.
114 f.

Monografia (Graduação) Curso de Engenharia Civil, Universidade


Estadual do Maranhão, 2016.

Orientador: Prof. Me. Clodoaldo César Malheiros Ferreira.

1. Lajes maciças. 2. Automatização. 3. Teoria das charneiras plásticas


I. Título.
CDU 624.073:004.4
Dedico este trabalho a todos (família,
amigos, colegas e professores) que me
ajudaram a chegar até esse momento da
minha vida. Nunca chegaria a este ponto
sem a colaboração de várias pessoas.
AGRADECIMENTOS

Certamente estes parágrafos não irão atender a todas as pessoas que fizeram
parte dessa importante fase de minha vida. Portanto, desde já peço desculpas àquelas
que não estão presentes entre essas palavras, mas elas podem estar certas de que
fazem parte do meu pensamento e de minha gratidão.
Agradeço ao meu orientador, o professor Clodoaldo, por aceitar orientar um
trabalho do meu particular interesse e também por todos os ensinamentos
transmitidos ao longo desses últimos dois anos. Sou muito grato!
Agradeço aos meus amigos de sempre, Ederson, Tiago e Arthur, que
estiveram mais presentes na minha fase final do curso. Agradeço também aos meus
amigos hoje formados, mas que entraram junto comigo na Engenharia Civil. A saber,
Thasso Colins Gonçalves, Denilton de Jesus Colins Sousa e Thales Eugenio Nunes
Coelho. Também tenho outros amigos que fiz na longa jornada de curso, mas esses
foram os mais próximos.
Agradeço aos meus pais, que me trouxeram à existência e me apoiaram
sempre e de forma incondicional, mesmo nos momentos mais difíceis da vida. Aos
meus irmãos que também sempre me ajudaram e me compreenderam (o que não é
nada fácil).
Agradeço a Deus por me dar o dom da vida e por dar sentido à minha
existência. A Ele seja dada toda a glória e honra, para sempre. E sempre.
Agradeço às pessoas que me admiram, mas que nunca foram próximas de
mim, é legal saber que alguém valoriza o que eu faço, faz bem à autoestima.
Agradeço à Letícia Silva Mota, por toda a inspiração que me deu ao longo dos
meses de elaboração deste trabalho. Nada como estar apaixonado por alguém tão
especial e por quem tenho e sempre terei na mais alta consideração para me motivar
a seguir em frente.
Agradeço a todos os que alguma vez lerem ou estudarem esse trabalho,
minha maior motivação foi fazer algo que servisse aos atuais e futuros estudantes do
curso de Engenharia Civil.
Não quero pregar a doutrina do ócio
ignóbil, e sim a doutrina da vida árdua, a
vida trabalhosa e esforçada, vida de
labuta e labuta; quero pregar a mais
elevada forma de êxito, que visita não o
indivíduo que apenas almeja uma
tranquilidade fácil, mas o que não se furta
ao perigo, não teme privações nem
sacrifícios, aquele, enfim, que consegue,
a despeito de tudo, a vitória final.
Franklin Delano Roosevelt,
32º presidente dos Estados Unidos.
RESUMO

Este trabalho tem como objetivo principal a elaboração de um programa que efetue a
determinação dos esforços em lajes maciças de geometria retangular ou quadrada e
também o dimensionamento e detalhamento das mesmas. O uso da linguagem Visual
Basic permite a elaboração de um software em ambiente Windows com interface
gráfica bastante prática e simples de aprender. Paralelamente à elaboração do
software apresentado, foi realizada uma revisão bibliográfica para encontrar meios
para automatizar os cálculos necessários e embasar teoricamente toda a solução
computacional proposta. As lajes, segundo a ABNT NBR 6118:2014, devem ser
verificadas no estado limite último e no estado limite de serviço. Para a verificação do
estado limite último, foi usada a Teoria das Charneiras Plásticas para lajes armadas
em duas direções. Para as lajes armadas em uma direção, o cálculo é feito por
analogia a uma viga, supondo uma faixa de largura unitária. Exemplos de
dimensionamento foram elaborados para validar o software criado. Tais exemplos
também foram resolvidos pelo cálculo manual e estão expostos no presente trabalho.

Palavras-chave: Lajes maciças. Automatização. Teoria das Charneiras Plásticas.


Concreto Armado.
ABSTRACT

This work has as main objective the development of a program to make the
determination of efforts on massive slabs of rectangular or square geometry and also
the dimensioning and detailing. The use of Visual Basic language enables the
development of a software in Windows environment with enough practice and simple
graphical interface to learn. Parallel to the development of the software presented, was
conducted a literature review to find ways to automate the necessary calculations and
support theoretically the whole computational solution proposal. Slabs, according to
ABNT NBR 6118:2014, should be checked in the State and limit the service limit State.
For the verification of the limit State last, was used the theory of Plastic Hinges for
armed slabs in two directions. For armed slabs in one direction, the calculation is made
by analogy to a beam, assuming a unitary width range. Sizing examples were designed
to validate the software. Such examples have also been resolved by manual
calculation and are exposed in this work.

Keywords: Massive slabs. Automation. Theory of Plastic Hinges. Reinforced


Concrete.
LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Dimensões usadas no cálculo dos vãos efetivos ...................................... 19


Figura 2 - Vãos efetivos Lx (menor vão) e Ly (maior vão) ......................................... 20
Figura 3 - Laje com borda acompanhada por outra laje parcialmente ...................... 21
Figura 4 - Parede paralela à direção da laje armada em uma direção ...................... 25
Figura 5 - Parede perpendicular à direção principal da laje ...................................... 26
Figura 6 - Altura total e altura útil de laje maciça ....................................................... 29
Figura 7 - Reações em lajes com bordas engastadas e apoiadas ............................ 30
Figura 8 - Fases de comportamento de lajes subarmadas........................................ 42
Figura 9 - Momentos de engastamento ..................................................................... 46
Figura 10 - Vãos reduzidos ....................................................................................... 47
Figura 11 - Comprimento de ancoragem necessário nos apoios .............................. 55
Figura 12 - Comprimento mínimo das barras da armadura positiva com as quatro
bordas engastadas .................................................................................................... 59
Figura 13 - Alternativas para as armaduras negativas .............................................. 60
Figura 14 - Janela do software: Sobre o programa ................................................... 62
Figura 15 - Fluxograma do programa desenvolvido .................................................. 63
Figura 16 - Janela de Opções ................................................................................... 64
Figura 17 - Dados de Entrada: Tela Inicial ................................................................ 65
Figura 18 - Aviso para laje com espessura abaixo do permitido ............................... 66
Figura 19 - Janela de Carregamentos ....................................................................... 67
Figura 20 - Janela Largura das vigas ........................................................................ 68
Figura 21 - Aba Esforços ........................................................................................... 69
Figura 22 - Aba Compatibilização / Armadura negativa ............................................ 70
Figura 23 - Aba Armadura positiva ............................................................................ 71
Figura 24 - Aba Detalhamento .................................................................................. 72
Figura 25 - Relatório gerado pelo programa .............................................................. 73
Figura 26 - Exemplo 1: Laje armada em uma direção ............................................... 75
Figura 27 - Exemplo 1: Detalhamento ....................................................................... 75
Figura 28 - Exemplo 1: Relatório ............................................................................... 76
Figura 29 - Exemplo 2: Laje isótropa ......................................................................... 77
Figura 30 - Exemplo 2: Detalhamento ....................................................................... 77
Figura 31 - Exemplo 2: Relatório ............................................................................... 78
Figura 32 - Exemplo 3: Laje ortótropa ....................................................................... 79
Figura 33 - Exemplo 3: Detalhamento ....................................................................... 79
Figura 34 - Exemplo 3: Relatório ............................................................................... 80
Figura 35 - Exemplo 1: Reações de apoio ................................................................ 88
Figura 36 - Exemplo 2: Reações de apoio ................................................................ 93
Figura 37 - Exemplo 3: Reações de apoio .............................................................. 100
Figura 38 - Instalação do programa: Pré-requisito .................................................. 107
Figura 39 - Instalação do programa: Início .............................................................. 108
Figura 40 - Instalação do programa: Continuação .................................................. 108
Figura 41 - Instalação do programa: Final ............................................................... 109
LISTA DE QUADROS

Quadro 1 - Classes de agressividade ambiental ....................................................... 27


Quadro 2 - Correspondência entre classe de agressividade ambiental e cobrimento
nominal para c = 10 mm ......................................................................................... 28
Quadro 3 - Valores de para lajes armadas em duas direções ................................ 36
Quadro 4 - Valores de para lajes armadas em uma direção .................................. 37
Quadro 5 - Momentos em laje armada em uma direção ........................................... 40
Quadro 6 - Valores mínimos para as armaduras ....................................................... 57
Quadro 7 - Taxas mínimas ( mín - %) da armadura de flexão para lajes ................. 57
Quadro 8 - Valores de para o cálculo do momento de serviço na verificação da
flecha ....................................................................................................................... 111
Quadro 9 - Área da seção de armadura por metro de largura (cm²/m) ................... 112
Quadro 10 - Comprimento de ancoragem básico com e sem gancho .................... 113
Quadro 11 - Massa nominal para cada bitola de aço disponível no Flash Lajes ..... 114
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO..................................................................................................... 13
2 DIRETRIZES DA PESQUISA .............................................................................. 15
2.1 QUESTÃO DE PESQUISA .............................................................................. 15
2.2 OBJETIVOS ..................................................................................................... 15
2.2.1 Objetivo Geral ................................................................................................ 15
2.2.2 Objetivo Específico ........................................................................................ 15
2.3 JUSTIFICATIVA ............................................................................................... 16
2.4 DELIMITAÇÃO ................................................................................................. 17
2.5 METODOLOGIA .............................................................................................. 17
3 LAJE MACIÇA .................................................................................................... 18
3.1 VÃO LIVRE E VÃO EFETIVO .......................................................................... 18
3.2 CLASSIFICAÇÃO QUANTO À DIREÇÃO ....................................................... 19
3.3 VINCULAÇÃO NAS BORDAS ......................................................................... 20
3.4 AÇÕES A CONSIDERAR ................................................................................ 22
3.4.1 Cargas das Paredes nas Lajes Armadas em Duas Direções ........................ 23
3.4.2 Cargas das Paredes nas Lajes Armadas em Uma Direção ........................... 24
3.5 ESPESSURA MÍNIMA ..................................................................................... 26
3.6 COBRIMENTOS MÍNIMOS .............................................................................. 27
3.7 PRÉ-DIMENSIONAMENTO DA ALTURA ÚTIL E DA ESPESSURA ............... 29
3.8 REAÇÕES DE APOIO ..................................................................................... 30
3.9 FLECHAS ........................................................................................................ 32
3.9.1 Flechas Máximas Admitidas .......................................................................... 37
4 DETERMINAÇÃO DOS MOMENTOS FLETORES SOLICITANTES .................. 39
4.1 LAJE ARMADA EM UMA DIREÇÃO................................................................ 39
4.2 LAJE ARMADA EM DUAS DIREÇÕES: TEORIA DAS CHARNEIRAS
PLÁSTICAS ............................................................................................................ 40
4.2.1 Fases de Comportamento.............................................................................. 41
4.2.2 Hipóteses de Cálculo ..................................................................................... 43
4.2.3 Configuração das Charneiras ........................................................................ 43
4.2.4 Processos de Cálculo .................................................................................... 44
4.2.4.1 Processo do Equilíbrio ............................................................................... 44
4.2.4.2 Processo da Energia .................................................................................. 44
4.2.5 Fórmulas para o Cálculo de Lajes Retangulares ........................................... 45
4.2.5.1 Lajes isótropas ........................................................................................... 47
4.2.5.2 Lajes ortótropas ......................................................................................... 48
4.3 MOMENTOS VOLVENTES ............................................................................. 49
4.4 COMPATIBILIZAÇÃO DOS MOMENTOS FLETORES ................................... 49
5 DIMENSIONAMENTO ......................................................................................... 51
5.1 FLEXÃO ........................................................................................................... 51
5.2 FORÇA CORTANTE ........................................................................................ 53
5.2.1 Lajes sem Armadura para Força Cortante ..................................................... 53
5.2.2 Lajes com Armadura para Força Cortante ..................................................... 55
6 DETALHAMENTO DAS ARMADURAS .............................................................. 56
6.1 ARMADURAS LONGITUDINAIS MÁXIMAS E MÍNIMAS ................................ 56
6.2 DIÂMETRO MÁXIMO....................................................................................... 57
6.3 ESPAÇAMENTO MÁXIMO E MÍNIMO ............................................................ 58
6.4 COMPRIMENTO DAS ARMADURAS POSITIVAS .......................................... 58
6.5 COMPRIMENTO DAS ARMADURAS NEGATIVAS ........................................ 59
7 PROGRAMA ELABORADO PARA O PROJETO DE LAJES MACIÇAS .......... 62
7.1 ENTRADA DE DADOS .................................................................................... 65
7.2 CÁLCULO DOS ESFORÇOS SOLICITANTES................................................ 68
7.3 DIMENSIONAMENTO DAS ARMADURAS ..................................................... 70
7.4 DETALHAMENTO............................................................................................ 72
7.5 RELATÓRIO .................................................................................................... 73
7.6 EXEMPLOS ..................................................................................................... 74
7.6.1 Exemplo 1 (Laje armada em uma direção) .................................................... 74
7.6.2 Exemplo 2 (Laje isótropa) .............................................................................. 76
7.6.3 Exemplo 3 (Laje ortótropa)............................................................................. 79
8 CONCLUSÃO ...................................................................................................... 81
8.1 SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS ............................................... 82
REFERÊNCIAS ...................................................................................................... 83
APÊNDICE A RESOLUÇÃO DOS EXEMPLOS 1, 2 E 3 ATRAVÉS DO CÁLCULO
MANUAL ................................................................................................................ 86
APÊNDICE B INSTALAÇÃO DO FLASH LAJES .............................................. 107
ANEXO A VALORES DE ALFA ......................................................................... 111
ANEXO B VALORES PARA O DETALHAMENTO DAS ARMADURAS ........... 112
ANEXO C VALORES PARA LB ......................................................................... 113
ANEXO D VALORES PARA MASSA NOMINAL DAS BITOLAS DE AÇO ....... 114
13

1 INTRODUÇÃO

Nas últimas décadas, ocorreu uma verdadeira revolução na área da


informática. Novas e diferentes tecnologias são introduzidas a cada dia de uma forma
avassaladora. O acesso às informações globalizadas por meio da internet, a
comunicação por meio de e-mails, a produção de processadores cada vez mais
velozes, o desenvolvimento de sistemas computacionais cada vez mais robustos, são
apenas alguns exemplos dessa grande evolução.
Esse grande avanço teve um papel significativo na Engenharia de
Estruturas, influenciando de forma direta e significativa como os projetos estruturais
de edifícios de concreto são elaborados.
Kimura (2007, p.24) relata que:

Há décadas, as réguas de cálculo (que hoje mais parecem objetos pré-


históricos perante as máquinas atuais), os computadores que ocupavam uma
sala inteira e as calculadoras programáveis auxiliaram, e muito, os
Engenheiros a automatizar simples contas e tarefas isoladas menos
complexas. Nessa época, os cálculos levavam dias para serem processados,
havia uma enorme limitação de memória e somente modelos mais simples
podiam ser analisados.

Ao permitir cálculos cada vez mais complexos em tempo cada vez mais
reduzido, o computador tem, muitas vezes, o seu papel confundido na Engenharia de
Estruturas. A informática veio para aperfeiçoar a Engenharia de Estruturas, e não para
substituí-la.
O estudante de engenharia civil precisa ser preparado para usar a
ferramenta computacional e aliá-la ao conhecimento técnico obtido durante os anos
de curso. Os softwares comerciais existentes para o projeto de lajes maciças em geral
são complexos por envolver a análise da edificação como um todo.
O presente trabalho se propõe a apresentar uma ferramenta computacional
ao mesmo tempo simples e eficaz para o projeto de lajes maciças retangulares de
concreto armado, submetidas a cargas uniformemente distribuídas. Para isso, foi
realizada uma revisão bibliográfica dos conceitos necessários ao projeto de lajes
maciças, envolvendo desde o pré-dimensionamento, passando pelo
dimensionamento e, por fim, o detalhamento. Toda a realização do trabalho levou em
conta a recente alteração na NBR 6118, feita em 2014.
Para o cálculo dos esforços, há basicamente dois métodos: o elástico e o
plástico. O método elástico, fundado na teoria da elasticidade, admite que o material
14

é homogêneo, isótropo e tem comportamento linear. O método plástico, baseado na


teoria da plasticidade, pressupõe que o material tenha comportamento rígido-plástico.
(PINHEIRO, 1988).
Para o dimensionamento de lajes de edifícios, Pinheiro (1988, p.286) afirma
Não há dúvidas de que o cálculo pela teoria das charneiras plásticas é mais
adequado do que o cálculo elástico. Porém, para se conseguir informações relativas
à fase de utilização, o cálculo elástico é imprescindível.
Na ocasião da ruína, a laje apresenta um comportamento plástico,
contrariando as hipóteses da teoria da elasticidade. Assim sendo, este trabalho
propõe a utilização da Teoria das Charneiras Plásticas para o dimensionamento das
lajes e do método elástico para a verificação da flecha, de modo a garantir a utilização
das mesmas.
A divisão do presente trabalho foi feita em 8 capítulos, sendo este, referente
à introdução, o primeiro deles. O capítulo 2 traz as diretrizes da pesquisa, incluindo a
questão de pesquisa, os objetivos, a justificativa, a delimitação do tema e a
metodologia. O capítulo 3 traz uma revisão bibliográfica sobre lajes maciças de
concreto armado, abordando conceitos como ações a considerar, vinculação das
lajes, cobrimento, reações de apoio, flechas, dentre outros. O capítulo 4 aborda a
determinação dos momentos fletores solicitantes, mostrando a teoria usada na
elaboração do software para determinação dos momentos nas lajes maciças. O
capítulo 5 mostra como é feito o dimensionamento à flexão e traz os cálculos
prescritos pela ABNT:NBR 6118:2014 para dispensa da armadura para força cortante.
O capítulo 6 traz informações sobre o detalhamento das armaduras, envolvendo
diâmetro máximo, armadura mínima e máxima, espaçamento e outros aspectos
envolvidos. O capítulo 7, por sua vez, traz o programa desenvolvido, apresentando o
passo a passo para utilização do mesmo e exemplos de dimensionamento
elaborados. O capítulo 8, por fim, traz as conclusões e recomendações para trabalhos
futuros.
15

2 DIRETRIZES DA PESQUISA

2.1 QUESTÃO DE PESQUISA

O estudante de graduação em engenharia civil e o próprio engenheiro civil


necessitam cada vez mais agilizar suas tarefas, sem comprometimento dos resultados
obtidos. O dimensionamento de lajes maciças feito de forma manual, envolvendo
todas as etapas desde a determinação dos esforços solicitantes até o detalhamento
final, é um processo consideravelmente dispendioso e maçante.
Tendo em vista que os programas disponíveis em escritórios de projeto são
bem complexos, por envolver o projeto do edifício em sua totalidade, questiona-se:
como automatizar o projeto de lajes maciças de concreto armado de uma forma, ao
mesmo tempo, simples e funcional?

2.2 OBJETIVOS

2.2.1 Objetivo Geral

Desenvolver um software para o projeto de lajes maciças retangulares de


concreto armado, que execute as verificações preconizadas pela ABNT NBR
6118:2014 Projeto de Estruturas de Concreto: Procedimento quanto ao estado limite
de serviço (ELS) e o estado limite último (ELU) e realize o detalhamento dessas lajes
já referidas.

2.2.2 Objetivo Específico

Fazer uma revisão bibliográfica sobre lajes maciças de concreto armado,


com ênfase nos processos realizados para determinação dos esforços solicitantes, no
dimensionamento e detalhamento;
Descrever o método usado para cálculo dos esforços solicitantes pelo
software a ser elaborado;
16

Apresentação do software elaborado, através de exemplos de


dimensionamento e verificação dos resultados obtidos usando o software através do
cálculo manual;
Fornecer uma ferramenta que terá utilidade a todos os alunos de
graduação em engenharia civil e profissionais da área.

2.3 JUSTIFICATIVA

O pesquisador selecionou o tema por entender que, apesar do método manual


ensinado em Estruturas de Concreto I ter grande validade para efeitos didáticos, no
sentido de se saber como fazer o projeto de lajes maciças sem auxílio computacional,
tal processo envolve um tempo considerável que poderia ser otimizado, se os cálculos
que envolvem o projeto de lajes maciças de edificações pudessem ser automatizados
através de um software, minimizando a chance de erros durante o processo e
otimizando o tempo do estudante de graduação e até mesmo do engenheiro civil.
As lajes maciças de concreto armado são projetadas para diversos tipos de
construções, tais como muros de arrimo, escolas, indústrias, hospitais, pontes, etc.
Nos edifícios de múltiplos pavimentos e construções de grande porte, as lajes maciças
são as que prevalecem sobre os outros tipos de lajes existentes. (BASTOS, 2015).
Assim sendo, o projeto de lajes maciças possui grande presença na vida profissional
do engenheiro civil.
Cabe mencionar que o enfoque principal do presente trabalho é o aluno de
graduação em engenharia civil, o qual, ainda no início da sua atividade profissional,
encontra dificuldades para obter e lidar com os programas comerciais existentes para
o projeto de lajes maciças. Apesar disso, nada impede que seja utilizado também no
âmbito profissional, como parâmetro para comparação de resultados obtidos com
outros softwares.
17

2.4 DELIMITAÇÃO

Estudo e desenvolvimento de um software que determine os esforços


solicitantes e realize o dimensionamento e detalhamento de lajes maciças
retangulares de concreto armado. Análise apenas de lajes sob carregamento
uniformemente distribuído e de lajes sem bordas livres.

2.5 METODOLOGIA

O presente trabalho possui importância didática, já que propicia uma maior


familiaridade com a questão do dimensionamento de lajes maciças de concreto
armado. A fim de alcançar os objetivos estipulados, o estudo será pautado em
pesquisas bibliográficas, como trabalhos acadêmicos, revisão de literatura
especializada e utilização de meios eletrônicos.
No que tange ao dimensionamento, levou-se em consideração a recente
atualização da NBR 6118, que aconteceu em 2014. As verificações serão feitas
segundo a norma outrora citada. Os procedimentos de cálculo levarão em conta o
estado limite último e o estado limite de serviço.
A etapa seguinte, seguindo o proposto por Foletto (2011), cujo trabalho
possui os enfoques semelhantes a este, é a análise do problema, que consiste na
compreensão e posterior identificação dos fatores envolvidos na resolução do mesmo.
Posteriormente, segundo Foletto (2011), é feito o desenvolvimento dos
modelos de cálculo. Nesta etapa, as informações colhidas nas fases anteriores serão
organizadas de forma a facilitar e otimizar o software a ser desenvolvido.
Paralelamente ao desenvolvimento dos modelos de cálculo, será feito o
desenvolvimento do software propriamente dito, quando será criada a interface gráfica
e os algoritmos que serão adequados à linguagem Visual Basic.
Por fim, será realizado a verificação dos resultados obtidos pelo software,
através da comparação de resultados obtidos pelo software e os obtidos pelo método
manual. As conclusões serão relatadas, encerrando o presente trabalho de conclusão
de curso.
18

3 LAJE MACIÇA

As lajes são elementos planos bidimensionais, classificação dada aos


elementos estruturais cujas duas dimensões, a largura e o comprimento no caso ora
analisado, são de mesma ordem de grandeza, enquanto a sua espessura é muito
menor que as outras duas dimensões.
As lajes também são denominadas de placas ou elementos de superfície.
As ações predominantes são perpendiculares ao plano da laje, podendo ser
classificadas em distribuídas na área, distribuídas linearmente ou forças
concentradas. Apesar de menos comum, também podem ocorrer solicitações de
momentos fletores, geralmente ocasionados nas bordas das lajes. (BASTOS, 2015).
Os pisos de edificações podem ser executados com diversos tipos de lajes
existentes, podendo ser lajes lisas, lajes cogumelo, nervuradas e também os variados
tipos de lajes pré-moldadas. Tal escolha se baseia em critérios econômicos e de
segurança, avaliados conforme as necessidades de cada projeto.
As lajes maciças, que constituem o enfoque principal do presente trabalho,
orme, apoiadas por vigas em seu

p.2). Lajes com borda(s) livre(s) são casos particulares de lajes apoiadas e também
são denominadas lajes maciças.
Dentre as várias aplicações das lajes maciças, destacam-se as pontes,
edifícios de múltiplos pavimentos e construções de grande porte. Também são muito
usadas em muros de arrimo, reservatórios, escadas, indústrias, etc. (BASTOS, 2015).
Cabe frisar que as lajes maciças podem ser de Concreto Armado ou de
Concreto Protendido, mas este trabalho está restrito às lajes maciças retangulares ou
quadradas de Concreto Armado.

3.1 VÃO LIVRE E VÃO EFETIVO

O vão livre é a distância entre as faces dos apoios. Considerando que os


apoios são suficientemente rígidos na direção vertical (item 14.7.2.2 da ABNT NBR
6118:2014), o vão efetivo (lef) pode ser calculado conforme a seguinte expressão:
19

(3.1)

Com:

(3.2)

As dimensões lo, t1 e t2 e h estão indicadas na figura 1.

Figura 1 - Dimensões usadas no cálculo dos vãos efetivos

Fonte: Bastos (2015)

Segundo Pinheiro, Muzardo e Santos (2003), usualmente, os vãos efetivos


são calculados considerando apenas a distância entre os centros dos apoios.
Desconsiderando-se, assim, a redução nos vãos efetivos dependendo da espessura
da laje. Prática que será adotada neste trabalho.

3.2 CLASSIFICAÇÃO QUANTO À DIREÇÃO

Essa classificação se refere à direção da armadura principal da laje maciça,


que pode ser de dois tipos:
a) Laje armada em uma direção: são aquelas em que a relação entre o
maior e o menor vão efetivo é maior que 2. Os esforços solicitantes são maiores na
direção do menor vão, chamado de vão principal, em relação ao maior vão, chamado
secundário. Por isso, apenas os esforços na direção principal são considerados nos
cálculos.
20

b) Laje armada em duas direções: são aquelas em que a relação entre o


maior e o menor vão efetivo é menor que ou igual a 2. Nesse caso, os esforços
solicitantes são importantes nas duas direções principais.
Seja Lx o menor vão efetivo; Ly, o maior e = Ly/Lx (Figura 2), temos:
Se >2 laje armada em uma direção;
Se laje armada em duas direções.

Figura 2 - Vãos efetivos Lx (menor vão) e Ly (maior vão)

Fonte: Autor (2016)

3.3 VINCULAÇÃO NAS BORDAS

Usualmente, são três os tipos de apoios das lajes: paredes de concreto ou


de alvenaria, vigas ou pilares. Dos três, o mais utilizado são as vigas. Para determinar
os deslocamentos e os esforços solicitantes, torna-se imprescindível determinar os
vínculos dos apoios às lajes.
Para simplificação do problema e permitir que seja feito o dimensionamento
de lajes manualmente, os tipos de apoios foram simplificados. Com isso, são
considerados os vínculos das lajes como o apoio simples e o engaste perfeito.
Apoio simples ocorre na borda quando não existe ou não se admite a
continuidade da laje com outras lajes próximas. Deve-se ter cuidado com as vigas
com grande rigidez à torção, neste caso, convém considerar o apoio como engaste
21

perfeito. No dimensionamento de uma viga desse tipo deve-se levar em conta a


torção.
O engaste perfeito ocorre quando há continuidade das lajes ou quando a
laje está em balanço, como ocorre em marquises, por exemplo. Em relação a esse
tipo de vínculo, Bastos (2015, p.4) menciona que:

Quando duas lajes contínuas têm espessuras muito diferentes, [...], pode ser
mais adequado considerar a laje de menor espessura engastada na de maior
espessura, mas a laje com maior espessura pode ser considerada apenas
apoiada na borda comum das lajes.

O critério para determinar se há engaste perfeito ou apoio simples, ainda


segundo Bastos (2015), é o seguinte (Figura 3):

Se a Laje L1 pode ser considerada com a borda engastada na

Laje L2;

Se a laje L1 fica com a borda simplesmente apoiada (apoio

simples).

Figura 3 - Laje com borda acompanhada por outra laje parcialmente

Fonte: Bastos (2015)

Segundo Campos Filho (2014), quando uma laje tiver uma espessura 2 cm
ou mais menor que outra, esta última laje não pode ser considerada engastada
naquela de menor espessura. Nesse caso, considera-se que a laje está com apoio
simples apenas.
22

3.4 AÇÕES A CONSIDERAR

As ações (também chamadas de carregamentos) nas lajes são as mais


variadas, desde pessoas a máquinas, móveis, revestimentos, etc. É função da laje
receber todas essas ações e transmiti-las aos seus apoios que, em geral, são as vigas.
São considerados nas lajes os carregamentos permanentes e os variáveis, segundo
a ABNT NBR 6118:2014. São carregamentos permanentes os que atuam de forma
permanente na laje, como o seu peso próprio, revestimento, etc. Os carregamentos
variáveis são os que atuam de forma variável, como o peso das pessoas, por exemplo.
O carregamento total a se considerar para dimensionamento das lajes é
dado pela equação:

(3.3)

Onde:
p = carregamento total;
g = carregamento permanente;
q = carregamento variável.

Os valores dos carregamentos usuais em edifícios residenciais são


encontrados na ABNT NBR 6120:1980.
Cargas de uso constante, algumas extraídas da ABNT NBR 6120:1980,
anteriormente mencionada, e outras de CAMPOS FILHO (2014), estão relacionadas
abaixo:

a) Peso específico do concreto armado = 25 kN/m³;


b) Reboco (1 cm) = 0,2 kN/m²;
c) Revestimentos de tacos ou tabuões de madeira = 0,7 kN/m²;
d) Revestimento de material cerâmico = 0,85 kN/m²;
e) Argamassa de cal, cimento e areia (Usada como revestimento do teto) =
19 kN/m³;
f) Argamassa de cimento e areia (Usada como contrapiso) = 21 kN/m³;
g) Forro falso = 0,5 kN/m²;
h) Carga variável em salas, dormitórios, cozinhas, banheiros = 1,5 kN/m²;
23

i) Carga variável em despensa, lavanderia, área de serviço = 2,0 kN/m²;


j) Carga variável em corredores sem acesso ao público = 2 kN/m²;
k) Carga variável em escadas sem acesso ao público = 2,5 kN/m².

Para a carga total do revestimento de uma laje, considerando os


revestimentos superior e inferior, segundo Ferreira (2015), na falta de especificação
dos materiais de acabamento que serão utilizados, pode-se adotar o valor de 1,0
kN/m².

3.4.1 Cargas das Paredes nas Lajes Armadas em Duas Direções

No caso das lajes armadas em duas direções, de forma simplificada,


considera-se a carga da parede como uniformemente distribuída em torno da área da
laje, através da seguinte equação:

(3.4)

Onde:
alv = peso específico da unidade de alvenaria que compõe a parede
(kN/m³);
gpar = carga uniforme da parede (kN/m²);
e = espessura total da parede (m);
h = altura da parede (m);
Alaje = área da laje (m²) = Lx.Ly ;
l = comprimento da parede sobre a laje.

No entanto, como a parede não é uniforme, ou seja, constituída apenas de


tijolos ou outro material isoladamente, é necessário adotar outra equação para um
cálculo mais preciso da carga da parede numa laje. Para isso, calcula-se
primeiramente o peso específico da parede, considerando os pesos específicos da
alvenaria e do revestimento usado em cada situação, tal como mostrado na equação
3.5.
24

(3.5)

Onde:
par = peso específico da parede (kN/m²);
alv = peso específico da unidade de alvenaria (kN/m³);
ealv = espessura da unidade de alvenaria que resulta na espessura da
parede (m);
arg = peso específico da argamassa do revestimento (kN/m³);
earg = espessura do revestimento considerando os dois lados da parede
(m).

A carga da parede sobre a laje é:

(3.6)

Onde:
gpar = carga uniforme da parede (kN/m²);
h = altura da parede (m);
l = comprimento da parede sobre a laje (m);
Alaje = área da laje (m²) = lx.ly

3.4.2 Cargas das Paredes nas Lajes Armadas em Uma Direção

Há dois casos a se considerar quando há parede sobre uma laje armada


em uma direção. Se a parede está na direção do menor vão da laje, o carregamento
da parede na laje se limita a uma área adjacente à parede da laje de largura de 2/3
de Lx (Figura 4).
25

Figura 4 - Parede paralela à direção da laje armada em uma direção

Fonte: Bastos (2015)

Ocorre que a laje fica com duas regiões sob carregamentos diferentes. O
carregamento da parede só atua na região II. Logo, dois cálculos de esforços
solicitantes são necessários (BASTOS, 2015).
A carga uniformemente distribuída devida à parede é:

(3.7)

Onde:
gpar = carga uniforme da parede na laje (kN/m²);
Ppar = peso da parede (kN);
lx = menor vão da laje (m).

Quando a parede está na direção perpendicular à direção principal (direção


do menor vão), a carga da parede deve ser considerada como uma carga concentrada
na viga que representa a laje, tal como mostrado na Figura 5.
26

Figura 5 - Parede perpendicular à direção principal da laje

Fonte: Bastos (2015)

Assim, o valor da força concentrada referente à carga da parede é:

(3.8)

Com:
P = força concentrada representativa da parede (kN);
alv = peso específico da parede (kN/m³);
e = espessura da parede (m);
h = altura da parede (m).

3.5 ESPESSURA MÍNIMA

A ABNT NBR 6118:2014, no seu item 13.2.4.1, prescreve as seguintes


espessuras mínimas que devem ser consideradas nos projetos de lajes maciças:

a) 7 cm para lajes de cobertura não em balanço;


b) 8 cm para lajes de piso não em balanço;
c) 10 cm para lajes em balanço;
d) 10 cm para lajes que suportem veículos de peso total menor ou igual a
30 kN;
e) 12 cm para lajes que suportem veículos de peso total maior que 30 kN.
27

3.6 COBRIMENTOS MÍNIMOS

Araújo (2010, p.167-168) pondera que:

Para garantir a durabilidade das armaduras, deve-se empregar um concreto


de boa qualidade, bem compactado e com baixa permeabilidade. Além disso,
as aberturas das fissuras devem ser limitadas a valores compatíveis com a
agressividade do meio. Por último, as armaduras devem estar protegidas por
uma camada de cobrimento de concreto com uma espessura adequada.

Os valores para o cobrimento nominal para as armaduras das lajes estão


prescritos na ABNT NBR 6118:2014 (item 7.4.7.2). A agressividade ambiental deve
ser classificada segundo o apresentado no quadro 1, podendo ser avaliada, de acordo
com Bastos (2015, p.10 a estrutura ou de

Quadro 1 - Classes de agressividade ambiental

Fonte: ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS (2014)

A fim de garantir o cobrimento mínimo (c mín), faz-se necessário adotar o


cobrimento nominal (cnom), que é o cobrimento mínimo acrescido da tolerância de
c).
28

(3.9)

De maneira geral, o c não pode ser inferior a 10 mm, podendo ser


reduzido para 5 mm quando houver um controle rígido na execução da obra, tanto no
controle da qualidade do concreto quanto na tolerância às variações das medidas das
peças estruturais construídas.
Importante ressaltar que a dimensão máxima do agregado graúdo (dmáx)
não pode ser superior a 120% da espessura do cobrimento nominal, quer dizer:

(3.10)

Os valores para o cobrimento nominal de acordo com a classe de


agressividade ambiental estão discriminados no quadro 2.

Quadro 2 - Correspondência entre classe de agressividade ambiental e


cobrimento nominal para c = 10 mm

Fonte: ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS (2014)


29

3.7 PRÉ-DIMENSIONAMENTO DA ALTURA ÚTIL E DA ESPESSURA

Altura útil (d) é a distância do centro de gravidade da armadura tracionada


até a borda comprimida. Para o cálculo das lajes, é necessário ter previamente um
valor para a altura útil e também para a altura da laje, através de um pré-
dimensionamento.
Os métodos de pré-dimensionamento são variados, de modo que se usará
neste trabalho apenas um dos existentes, válido para lajes retangulares com bordas
apoiadas ou engastadas, através da equação seguinte:

* (3.11)

Onde:
d = altura útil da laje (cm);
n = número de bordas engastadas da laje;
l* = menor vão entre Lx e 0,7.Ly, em metro.

Após obter a altura útil da laje, a altura total (também denominada


espessura) da laje é dada por (Figura 6):

(3.12)

Onde é o diâmetro da barra longitudinal da laje, o qual deverá ser


estimado na equação 3.12. Inicialmente, pode-se estimar com diâmetro de 10 mm.

Figura 6 - Altura total e altura útil de laje maciça

Fonte: Bastos (2015)


30

3.8 REAÇÕES DE APOIO

Segundo a NBR 6118 (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS


TÉCNICAS, 2014, p.96):

Para o cálculo das reações de apoio das lajes maciças retangulares com
carga uniforme podem ser feitas as seguintes aproximações:
a) as reações em cada apoio são as correspondentes às cargas atuantes nos
triângulos ou trapézios determinados através das charneiras plásticas
correspondentes à análise efetivada com os critérios de 14.7.4, sendo que
essas reações podem ser, de maneira aproximada, consideradas
uniformemente distribuídas sobre os elementos estruturais que lhes servem
de apoio;
b) quando a análise plástica não for efetuada, as charneiras podem ser
aproximadas por retas inclinadas, a partir dos vértices, com os seguintes
ângulos: -45º entre dois apoios do mesmo tipo; -60º a partir do apoio
considerado engastado, se o outro for considerado simplesmente apoiado;
90º a partir do apoio, quando a borda vizinha for livre.

Considerando a figura 7, as seguintes fórmulas podem ser usadas para o


cálculo das reações de apoio:

Figura 7 - Reações em lajes com bordas engastadas e apoiadas

Fonte: Autor (2016)


31

(3.13)

(3.14)

(3.15)

(3.16)

Onde:
Vx e Vy são as reações (em kN/m) nas bordas Ly e Lx, respectivamente,
não engastadas;
(em kN/m) nas bordas Ly e Lx, respectivamente,
engastadas;
P é a carga total distribuída (em kN/m²) aplicada na laje;
Ax e Ay são as áreas (em m²) dos triângulos ou trapézios adjacentes a Ly
e Lx, respectivamente, não engastadas;
(em m²) dos triângulos ou trapézios adjacentes a Ly
e Lx, respectivamente, engastadas.
De modo simplificado, as reações de apoio podem ser calculadas através
do uso de tabelas, como as encontradas em Carvalho e Filho (2014), através das
seguintes equações:

a) Reações nas direções x e y nas vigas em bordas simplesmente apoiadas


(qx, por exemplo, refere-se a uma viga perpendicular ao eixo x):

(3.17)

(3.18)
32

b) Reações nas direções x e y nas vigas em bordas engastadas:

(3.19)

(3.20)

Os coeficiente kx, ky x y encontram-se tabelados em função dos


diversos casos de apoio das lajes e de (Já definido na seção 3.1). Tais tabelas, como
já mencionado, são encontradas em Carvalho e Filho (2014).

3.9 FLECHAS

Segundo Bastos (2015, p.20-21, grifo nosso):

Assim como nas -limite de deformações excessivas -

deformações atingem os limites estabelecidos para a utilização normal, dados


, deve ser também verificado nas lajes de concreto. No item 19.3.1,
a NBR 6118 recomenda que sejam usados os critérios propostos no item
17.3.2, considerando a possibilidade de fissuração (estádio II). As prescrições
contidas no item 17.3.2 tratam dos deslocamentos (flechas) nas vigas de
Concreto Armado, o que implica que a norma recomenda que as flechas
nas lajes sejam tratadas do mesmo modo como nas vigas.

O procedimento adotado no presente trabalho para verificação da flecha é


o proposto por Campos Filho (2014). Inicialmente, adota-se a espessura mínima
permitida pela ABNT NBR 6118:2014 para a laje em estudo ou a espessura
determinada através de alguma fórmula para o pré-dimensionamento. Em seguida, é
feito o levantamento das cargas.
O próximo passo consiste em determinar o valor da carga de serviço,
correspondente à combinação quase permanente de serviço, dado pela seguinte
expressão:

(3.21)
33

Onde:
gik = ações permanentes características;
= fator de redução de combinação quase permanente para Estado

Limite de Serviço (ELS), cujos valores constam na tabela 11.2 da ABNT NBR
6118:2014;
qjk = ações variáveis características.

Como a armadura a ser colocada na laje ainda não é conhecida, não é


possível determinar sua rigidez. O momento de inércia da seção, I eq, pode ser
estimado através da seguinte forma:

(3.22)

Onde:
Ic é o momento de inércia da seção bruta de concreto;
ma é o momento fletor na seção crítica, momento máximo no vão para lajes
biapoiadas ou contínuas e momento no apoio para lajes em balanço, para a
combinação quase permanente de serviço. Para o caso de laje armada em duas
direções, é calculado por:

(3.23)

Onde é um valor tabelado em função da relação entre vãos e da


vinculação da laje e pode ser consultado no Anexo A do presente trabalho. Para o
caso de lajes armadas em uma direção, as fórmulas são dadas na seção 4.1 do
presente trabalho, considerando o regime elástico.
mr é o momento de fissuração da laje, calculado por:

(3.24)
34

O valor da resistência à tração direta (fct,m) pode ser estimado pelas


seguintes equações, na falta de ensaios:

a) Para concretos de classe até C50:

(3.25)

b) Para concretos de classes de C55 até C90:

(3.26)

Fck é a resistência à compressão característica do concreto. Nestas duas


últimas equações, fct,m e fck são expressos em MPa.
A flecha imediata deve ser calculada utilizando o módulo de elasticidade
secante do concreto (Ecs), dado por:

(3.27)

Sendo:

(3.28)

Onde, Eci, o módulo de deformação tangente inicial, pode ser calculado


pelas seguintes expressões:

(3.29)

Onde Eci e fck são dados em MPa.


35

Sendo:
= 1,2 para basalto e diabásio;
= 1,0 para granito e gnaisse;
= 0,9 para calcário;
= 0,7 para arenito.

A expressão para o cálculo da flecha imediata é a seguinte:

(3.30)

Onde:
= coeficiente que depende da vinculação e da relação entre os vãos da
laje (Quadros 3 e 4).
Após o cálculo da flecha imediata, é necessário calcular a flecha de longa
duração, levando em conta as deformações por fluência do concreto, pela seguinte
equação:

(3.31)

Considerando-se que as lajes não têm armadura de compressão e, a favor


da segurança, tomando-se e to = 1 mês, tem-se:

(3.32)

Por fim, deve-se comparar o valor obtido para a flecha de longa duração
com o valor da flecha máxima admitida (que será abordada na seção 3.9.1). Caso a
flecha de longa duração seja superior à flecha admissível, deve-se incrementar a
espessura da laje em 1 centímetro e reiniciar o processo aqui descrito. Caso contrário,
adota-se a espessura corrente para a laje.
36

Quadro 3 - Valores de para lajes armadas em duas direções

Fonte: Campos Filho (2014), adaptado pelo Autor (2016)


37

Quadro 4 - Valores de para lajes armadas em uma direção

Fonte: Campos Filho (2014)

3.9.1 Flechas Máximas Admitidas

As flechas máximas admitidas ou deslocamentos-limites, são definidos


pela NBR 6118 (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 2014, p.76)
-limite de

Ainda segundo a NBR 6118 (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS


TÉCNICAS, 2014, p.76-77) os deslocamentos-limites são classificados em quatro
grupos, a saber:

a) aceitabilidade sensorial: o limite é caracterizado por vibrações indesejáveis


ou efeito visual desagradável. A limitação da flecha para prevenir essas
vibrações, em situações especiais de utilização, deve ser realizada como
estabelecido na Seção 23;
b) efeitos específicos: os deslocamentos podem impedir a utilização
adequada da construção;
c) efeitos em elementos não estruturais: deslocamentos estruturais podem
ocasionar o mau funcionamento de elementos que, apesar de não fazerem
parte da estrutura, estão a ela ligados;
d) efeitos em elementos estruturais: os deslocamentos podem afetar o
comportamento do elemento estrutural, provocando afastamento em relação
às hipóteses de cálculo adotadas. Se os deslocamentos forem relevantes
para o elemento considerado, seus efeitos sobre as tensões ou sobre a
38

estabilidade da estrutura devem ser considerados, incorporando-as ao


modelo estrutural adotado.

A tabela 13.3 da ABNT NBR 6118:2014 traz os valores-limites para


deslocamentos que visam garantir um adequado comportamento da estrutura em
serviço.
39

4 DETERMINAÇÃO DOS MOMENTOS FLETORES SOLICITANTES

Conforme a laje seja armada em uma ou duas direções, o procedimento


para o cálculo dos momentos fletores varia. As lajes armadas em uma direção são
calculadas como se fossem vigas segundo a sua direção principal, a de menor vão, já
que o momento na outra direção é desprezado. Lajes armadas em duas direções, por
sua vez, podem ser calculadas de diversas formas, como, por exemplo, por meio da
Teoria das Placas ou por meio da Teoria das Charneiras Plásticas. Sobre os vários
métodos para o cálculo de lajes armadas em duas direções, Araújo (2010, p.36-37,
grifo nosso) traz, em linhas gerais, os principais métodos existentes:

Teoria das Grelhas [-] É um método simplificado bastante útil para o projeto
das lajes de concreto armado. Nesse método admite-se um comportamento
elástico linear do material da laje. [...]
Teoria das linhas de ruptura [-] Nessa teoria, admite-se que o material
apresenta um comportamento rígido-plástico. O equilíbrio é garantido pela
aplicação dos princípios dos trabalhos virtuais, desprezando-se totalmente a
contribuição das deformações elásticas.
Teoria de flexão de placas [-] Esta é a teoria "exata" dentro dos princípios
da teoria da elasticidade. A solução do problema é obtida resolvendo-se uma
equação de quarta ordem, juntamente com as condições de contorno.
Admite-se que o material apresenta um comportamento elástico linear.
Analogia da grelha equivalente [-] É um dos métodos numéricos mais
utilizados para análise de lajes de concreto armado [...] O método pode ser
utilizado para a análise de lajes poligonais de formas diversas, incluindo
também as vigas de apoio. A laje é associada a uma grelha equivalente, a
qual é analisada com um programa baseado no método da rigidez. [...]
Método dos elementos finitos [-] É um método numérico muito empregado
atualmente. Nesse método, podem-se considerar as não linearidades física
e geométrica, as diferentes condições de contorno e de carregamento, formas
diversificadas, etc. Entretanto, a formulação não é tão simples e o trabalho
computacional pode se tornar exaustivo.

4.1 LAJE ARMADA EM UMA DIREÇÃO

No caso das lajes armadas em uma direção, considera-se que o momento


fletor na direção do menor vão é preponderante, com isso, a laje é calculada como
uma viga de largura de um metro. Na direção secundária, despreza-se o momento
fletor.
O quadro 5 traz as equações para determinar os momentos conforme o
regime de cálculo adotado e a vinculação nos apoios na direção do menor vão.
40

Quadro 5 - Momentos em laje armada em uma direção

Fonte: CAMPOS FILHO (2014), adaptado pelo AUTOR (2016)

No quadro 5 acima, me é o momento no engaste e mv é o momento máximo


no vão.

4.2 LAJE ARMADA EM DUAS DIREÇÕES: TEORIA DAS CHARNEIRAS PLÁSTICAS

Segundo Duarte (1998 apud FOLETTO, 2011):

Na análise plástica, admite-se um comportamento rígido-plástico perfeito [...]


para o concreto armado, permitindo uma determinação adequada do valor da
carga máxima (carga de ruína ou carga última) a qual ele pode ser submetido
numa solicitação. Entretanto, para o caso de lajes, o cálculo exato pela teoria
da plasticidade não é possível, uma vez que o grau de indeterminação
estática das mesmas é infinito. Logo, ao invés de se obter o valor exato da
carga última, determinam-se um limite superior pelo teorema cinemático e um
limite inferior pelo teorema estático.

O teorema estático estabelece que todo o carregamento para o qual houver


a possibilidade de se achar uma distribuição de esforços estaticamente possível e
segura é menor ou igual ao que provoca a ruína. O teorema estático fornece um limite
inferior para a carga de ruína, já que a carga efetiva de ruína é maior ou igual ao valor
obtido através do mesmo.
41

O teorema cinemático, por sua vez, estabelece que todo carregamento que
corresponder a um mecanismo é igual ou superior ao que provoca a ruína. Um
mecanismo equivale a qualquer configuração de ruína cinematicamente admissível e
caracteriza-se pela situação na qual não é possível adicionar mais carregamentos à
estrutura. A carga obtida através desse teorema é, em geral, contra a segurança,
sendo então, um limite superior.
Segundo Gonzalez (1997, p.13):

A Teoria das Charneiras Plásticas consiste da aplicação às placas do


teorema do limite superior do cálculo plástico e fornece, portanto, um valor de
carga igual ou superior à carga de ruína, o que poderia sugerir que a teoria é
contra a segurança; contudo, resultados experimentais demonstram que a
carga de ruína é, em geral, maior que a obtida pela TCP (Teoria das
Charneiras Plásticas), devido à reserva de resistência, [...].

De acordo com a NBR 6118 (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS


Para a consideração do estado-limite último, a análise de
esforços pode ser realizada através da teoria das charneiras plásticas.
Para a garantia de condições de ductilidade, a ABNT NBR 6118:2014 prevê
que a posição da linha neutra esteja em certos valores quando é utilizada a Teoria
das Charneiras Plásticas, que serão mostrados na seção 5.1 do presente trabalho.

4.2.1 Fases de Comportamento

Considerando-se uma laje de concreto armado submetida a um


carregamento que evolui ao longo do tempo. Tal laje se comporta como mostrado na
figura 8 abaixo.
No início, tem-se o regime elástico, onde a laje se comporta de acordo com
a teoria de flexão de placas. Conforme o carregamento aumenta, a laje entra na fase
de fissuração, na qual a resistência à tração do concreto é ultrapassada nas regiões
de maiores momentos. A formação de fissuras acarreta em mais fissuras, uma vez
que há um crescimento mais rápido dos momentos fletores nas seções que não se
encontram fissuradas.
42

Figura 8 - Fases de comportamento de lajes subarmadas

Fonte: Pinheiro (1988)

Enquanto as armaduras se mantém em regime elástico linear, a laje ainda


se comporta conforme a teoria da flexão de placas. Nessa fase, o crescimento dos
deslocamentos é mais acentuado que na fase anterior. Com o crescimento dos
momentos fletores nas regiões mais solicitadas, as armaduras entram em
escoamento, iniciando a fase de plastificação, a qual tem como característica grandes
deformações. As seções plastificadas definem as linhas de plastificação, nas quais os
momentos fletores permanecem praticamente constantes, crescendo nas seções
vizinhas até que estas se plastifiquem e esse fenômeno ocorre de forma sucessiva.
Uma vez plenamente desenvolvidas as linhas de plastificação, a laje se
torna um mecanismo. Alcançado o mecanismo, os deslocamentos podem aumentar
mesmo com a diminuição do carregamento. A laje não suporta mais qualquer
elevação da carga, ocorrendo o colapso da mesma. A máxima carga atuante na laje
é denominada carga de ruína.
Pinheiro (1988, p.59) descreve que:

Pelo fato de as linhas de plastificação funcionarem como eixos de rotação


para as regiões não plastificadas, elas são denominadas charneiras plásticas.
A configuração com que as charneiras se apresentam é chamada de
configuração de ruína.
43

4.2.2 Hipóteses de Cálculo

De acordo com Pinheiro (1988, p.65), as hipóteses de cálculo são as


seguintes:

a) as lajes devem ser subarmadas, isto é, as taxas de armadura devem ser


pequenas o suficiente para que não ocorra ruptura do concreto comprimido
antes do escoamento das armaduras, permitindo o completo
desenvolvimento das linhas de plastificação e, consequentemente, do
mecanismo de colapso;
b) não deverá ocorrer ruína prematura por cisalhamento ou por punção;
c) o material é considerado rígido-plástico, ou seja, desprezam-se as
deformações elásticas em face das deformações plásticas; [...];
d) ainda decorrente da consideração rígido-plástica, os momentos fletores m
nos vãos e m' nos apoios, correspondentes à plastificação das charneiras e
denominados momentos de plastificação, são admitidos constantes ao longo
dessas charneiras;
e) desprezam-se as influências dos esforços de membrana, provenientes do
impedimento dos deslocamentos no plano da laje.

4.2.3 Configuração das Charneiras

As configurações das charneiras dependem da natureza e da distribuição


das cargas, além da disposição das armaduras. A cada configuração das charneiras
corresponde uma determinada intensidade de carga que fornece a energia consumida
na formação das linhas de plastificação. Pelo teorema cinemático da teoria da
plasticidade, a carga efetiva de ruína corresponde a menor entre todas as cargas
correspondentes às configurações possíveis. A configuração à qual corresponde a
carga de ruína é denominada configuração de ruína. (PINHEIRO, 1988).
Para fins de dimensionamento, quando a carga já é conhecida, a
configuração associada ao maior momento de plastificação é a configuração de ruína.
É para este maior momento que deve ser dimensionada a laje.
Pinheiro (1988, p.66-67) define as seguintes regras para determinação das
configurações possíveis:

a) cargas distribuídas geralmente dão origem a charneiras retilíneas, embora


nem sempre a configuração definida por elas seja a mais desfavorável;
b) ao longo dos contornos engastados, formam-se charneiras superiores,
também chamadas de charneiras negativas, pois são correspondentes aos
momentos considerados negativos [...];
c) cada charneira passa pelo ponto de interseção dos eixos de rotação das
regiões delimitadas por essas charneiras negativas;
44

d) os eixos de rotação das diversas regiões coincidem com lados


simplesmente apoiados [...] com lados engastados [...] ou passam pelos
pontos de apoio isolados [...].

4.2.4 Processos de Cálculo

Existem dois processos de cálculo na Teoria das Charneiras Plásticas: o


processo do equilíbrio ou das forças nodais e o processo da energia, os quais serão
apresentados a seguir.

4.2.4.1Processo do Equilíbrio

Segundo Pinheiro (1981, p.2-10), "o processo das forças nodais utiliza as
condições de equilíbrio, aplicando-as a cada região da laje delimitada pelo seu
contorn Os momentos de torção e esforços cortantes
são substituídos por forças denominadas forças nodais, por se situarem nos nós das
charneiras ou nos nós destas com o contorno. (PINHEIRO, 1981).
Ainda segundo Pinheiro (1981, p.2-10);

Cada região da laje encontra-se então em equilíbrio sob a ação dessas


forças, dos momentos ao longo das charneiras e das cargas externas
aplicadas. Desde que as forças nodais sejam conhecidas, as equações de
equilíbrio são suficientes para determinar qualquer variável desconhecida
que defina a configuração de ruína, ou para determinar a carga de ruína ou o
momento de plastificação de uma dada configuração.

4.2.4.2Processo da Energia

Duarte (1998 apud FOLETTO, 2011, p.41) define o processo de energia


como uma aplicação dos trabalhos virtuais à teoria das charneiras. Para tanto,
assume-se que não há perda de energia na laje no deslocamento devido a um
determinado carregamento. O processo de energia resulta num cálculo prático, já que
permite que as equações de equilíbrio sejam escritas de forma sucinta.
A equação de trabalho é obtida igualando-se o trabalho das forças externas
(Te) ao trabalho das forças internas (Ti). Com isso, a energia gasta pelas forças
externas durante a deformação virtual da laje equivale à energia consumida pelas
charneiras nessa mesma deformação. (RIOS, 1991 apud FOLETTO, 2011, p.41).
45

De acordo com Pinheiro (1981, p. 2-12-2-13), a energia absorvida pelas


charneiras (Ti) e a energia desenvolvida pelas cargas (Te) são fornecidas pelas
seguintes equações:

(4.1)

Onde:
mi = momento de plastificação positivo por unidade de comprimento;
li = comprimento das charneiras positivas;
i = ângulo de rotação das charneiras positivas;
mi' = momento de plastificação negativo por unidade de comprimento;
li' = comprimento das charneiras negativas;
i = ângulo de rotação das charneiras negativas.

(4.2)

Onde:
Pj = cargas concentradas;
fj = deslocamento das cargas concentradas;
p = cargas distribuídas;
f = deslocamento das cargas distribuídas;
dA = elemento de área da laje.

4.2.5 Fórmulas para o Cálculo de Lajes Retangulares

As formulações adotadas no presente trabalho são as encontradas em


Campos Filho (2014). Para uma laje com bordas engastadas, o momento fletor
negativo nos engastes será:

(4.3)

Onde:
46

i = grau de engastamento;
m = momento fletor no vão.

Chamando-se 1, 2, 3 e 4 os lados da laje (Figura 10); começando a


numeração sempre por uma borda de menor comprimento, os graus de engastamento
serão i1, i2, i3 e i4. Acerca dos graus de engastamento, a NBR 6118 (ASSOCIAÇÃO
BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 2
razão mínima de 1,5:1 entre momentos de borda (com continuidade e apoio
indeslocável) e momentos no vão. , adota-se i = 0 quando as bordas forem
apoiadas e i = 1,5 quando as bordas forem engastadas.

Figura 9 - Momentos de engastamento

Fonte: Campos Filho (2014), adaptado pelo Autor (2016)

Sendo:
mx = momento correspondente à armadura As x, paralela ao vão "Lx";
my = o momento correspondente à armadura As y, paralela ao vão "Ly".

Os momentos negativos serão:

(4.4)

(4.5)

(4.6)
47

(4.7)

A formulação necessária para o cálculo das lajes isótropas e ortótropas é


apresentada a seguir.

4.2.5.1Lajes isótropas

Lajes isótropas são aquelas cujo momento de plastificação e, por


consequência, as armaduras são iguais nas duas direções. Para tanto, a relação entre
o lado menor (Lx) e o lado maior (Ly) deve ser . Para o caso de laje com
carga uniformemente distribuída, o momento no vão será calculado por:

(4.8)

Onde p é a carga superficial e Lxr e Lyr são os vãos reduzidos (Figura 11),
que dependem dos graus de engastamento i 1, i2, i3 e i4.

Figura 10 - Vãos reduzidos

Fonte: Campos Filho (2014), adaptado pelo Autor (2016)


48

4.2.5.2Lajes ortótropas

Lajes ortótropas são aquelas cujos momentos de plastificação e, por


consequência, as armaduras não são iguais, porém há uma relação idêntica entre os
momentos de plastificação positivos e negativos. (PINHEIRO, 1988). Para tanto,
segundo Campos Filho (2014), a relação entre os vão deve ser .
O coeficiente de ortotropia é definido por:

(4.9)

Podendo ser calculado por:

(4.10)

A laje ortótropa é calculada pelas mesmas fórmulas da laje isótropa,


considerando-se que o lado maior Ly tem um comprimento .
Assim,

(4.11)

(4.12)

Com:

(4.13)
49

(4.14)

Com o momento na direção do menor vão mx = m e o momento na direção


do maior vão .

4.3 MOMENTOS VOLVENTES

Em cantos de lajes com bordas apoiadas surgem os momentos fletores,


chamados de momentos volventes ou momentos de torção, e recebem a notação de
Mxy.
Os momentos volventes causam tração no lado superior da laje na direção
da diagonal e no lado inferior da laje, na direção perpendicular à diagonal. Para os
momentos volventes devem ser dispostas armaduras convenientemente calculadas.
(BASTOS, 2015).

4.4 COMPATIBILIZAÇÃO DOS MOMENTOS FLETORES

Ao calcular cada laje isoladamente, resulta que o momento nas bordas


comuns às outras lajes são geralmente diferentes. Em outras palavras, para cada laje
calculada acha-se um valor distinto do momento fletor nas bordas que apresentam
continuidade.
A NBR 6118 (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS,
2014, p.97, grifo nosso) permite que seja feita uma compatibilização dos momentos
fletores:

Quando houver predominância de cargas permanentes, as lajes vizinhas


podem ser consideradas isoladas, realizando-se a compatibilização dos
momentos sobre os apoios de forma aproximada. No caso de análise plástica,
a compatibilização pode ser realizada mediante alteração das razões entre
momentos de borda e vão, em procedimento iterativo, até a obtenção de
valores equilibrados nas bordas. Permite-se, simplificadamente, a adoção
do maior valor de momento negativo em vez de equilibrar os momentos
de lajes diferentes sobre uma borda comum.
50

Há muitos anos é feito na prática brasileira um método de compatibilização,


onde o momento fletor negativo (X) entre duas bordas é dado por:

(4.15)

geral, não é necessário fazer nenhuma correção nos momentos positivos no centro
51

5 DIMENSIONAMENTO

5.1 FLEXÃO

Conhecidos os momentos fletores máximos atuantes na laje, esta poderá


ser dimensionada à flexão simples de forma semelhante às vigas, supondo faixas com
largura de um metro.
Caso a laje seja armada em uma direção ou isótropa e para a armadura na
direção do menor vão das lajes ortótropas, calcula-se a altura útil (d) da seguinte
forma:

(5.1)

Onde:
c = cobrimento adotado.

Para as lajes ortótropas, a altura útil, no cálculo da armadura na direção do


maior vão, é dada por (CAMPOS FILHO, 2014):

(5.2)

Ou seja, admite-se no caso de lajes ortótropas que a altura útil na direção


do menor vão difere da altura útil na direção do maior vão cerca de 0,5 mm.
O dimensionamento da armadura à flexão simples é feito calculando
primeiramente a posição da linha neutra (x):

(5.3)

Onde:
md = momento solicitante de cálculo (kN.cm);
fcd = resistência de cálculo do concreto à compressão (kN/cm²);
d = altura útil (cm);
52

bw = 100 cm.

O parâmetro pode ser tomado igual a:

(5.4)

E é definido como:

(5.5)

Quando as solicitações forem determinadas no estado limite último através


do regime rígido-plástico, a posição da linha neutra (x) deve ficar limitada em:

(5.6)

Quando as solicitações forem determinadas no estado limite último através


do regime elástico, a posição da linha neutra (x) deve ficar limitada em:

(5.7)

Com:
fck = resistência característica do concreto à compressão.

Em seguida, é calculada a área de armadura necessária, por meio da


seguinte expressão:

(5.8)
53

Com:
fyd = resistência de cálculo de escoamento do aço (kN/cm²).

Para o cálculo das armaduras nas bordas consideradas engastadas, deve-


se calcular uma armadura única de continuidade, realizando antes a compatibilização
dos momentos nas bordas. Para o cálculo dessa armadura, deve-se considerar a
menor das alturas úteis.

5.2 FORÇA CORTANTE

A ABNT NBR 6118:2014, no seu item 19.4, faz distinção entre as lajes com
e sem armadura transversal para a força cortante.

5.2.1 Lajes sem Armadura para Força Cortante

As lajes maciças ou nervuradas, conforme 17.4.1.1.2-b), podem prescindir de


armadura transversal para resistir as forças de tração oriundas da força
cortante, quando a força cortante de cálculo, a uma distância d da face do
apoio, obedecer à expressão: (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS
TÉCNICAS, 2014, p.158)

(5.9)

Onde VSd é a força cortante de cálculo e a força cortante máxima V Rd1 é:

(5.10)

Onde:

(5.11)

Nsd = força longitudinal na seção devida à compressão ou carregamento


(compressão com sinal positivo).
54

Não existindo a protensão ou força normal que cause a compressão, a


equação 5.10 torna-se:

(5.12)

Onde:

(5.13)

(5.14)

(5.15)

K = coeficiente que tem os seguintes valores:


a) Para os elementos onde 50 % da armadura inferior não chega até o
apoio: k = |1|;
b) Para os demais casos: k = |1,6 d|, não menor que |1|, com d em metros.
é a tensão resistente de cálculo do concreto ao cisalhamento. A s1 é a
área da armadura de tração que se estende até não menos que d + l b,nec além da
seção considerada (Figura 12), com l b,nec definido como:

(5.16)

Onde:
1,0 para barras sem gancho;
0,7 para barras tracionadas com gancho, com cobrimento no plano
normal ao do gancho
0,7 quando houver barras transversais soldadas conforme o item
9.4.2.2 da norma;
55

0,7 quando houver barras transversais soldadas conforme o item


9.4.2.2 da norma e gancho com cobrimento normal ao plano normal ao do gancho

lb = comprimento de ancoragem básico;


As,calc = área da armadura calculada;
As,ef = área da armadura efetiva.

(5.17)

bw = largura mínima da seção ao longo da altura útil d.

Figura 11 - Comprimento de ancoragem necessário nos apoios

Fonte: Bastos (2015)

5.2.2 Lajes com Armadura para Força Cortante

Para os casos em que a laje apresenta armadura para força cortante, deve-
se seguir o prescrito na ABNT NBR 6118:2014, no seu item 17.4.2, que trata das vigas
dimensionadas ao esforço cortante.
Segundo Campos Filho (2014, p.12):

Em lajes de estruturas de edifícios correntes, as cargas atuantes são


relativamente baixas e não é necessária a verificação das tensões devidas
às forças cortantes e nem o dimensionamento de armadura transversal.
56

6 DETALHAMENTO DAS ARMADURAS

Após o cálculo dos carregamentos, dos esforços e da área das armaduras,


faz-se o detalhamento das armaduras, seguindo o disposto na ABNT NBR 6118:2014
em termos de armadura longitudinal máxima e mínima, áreas máxima e mínima de
armadura, dentre outras prescrições descritas na referida norma.

6.1 ARMADURAS LONGITUDINAIS MÁXIMAS E MÍNIMAS

Sobre a armadura máxima, a NBR 6118 (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE


NORMAS TÉCNICAS, 2014, p.132 A soma das armaduras de tração e de
compressão (As + A's) não pode ter valor maior que 4% Ac, calculada na região fora
da zona de emendas [...]".
Acerca da armadura mínima, a NBR 6118 (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA
DE NORMAS TÉCNICAS, 2014, p.130) diz que:

A armadura mínima de tração, em elementos estruturais armados [...] deve


ser determinada pelo dimensionamento da seção a um momento fletor
mínimo dado pela expressão a seguir, respeitada a taxa mínima absoluta de
0,15%:

(6.1)

Onde:
W 0 = módulo de resistência da seção transversal bruta de concreto, relativo
à fibra mais tracionada;
fctk,sup = resistência característica superior do concreto à tração, dada por:

(6.2)

As equações para encontrar o valor de f ct,m já foram mostradas na seção


3.9 deste trabalho.
Os valores mínimos para as armaduras são apresentados no quadro 6.
Alternativamente ao cálculo do momento fletor mínimo, pode ser considerada atendida
a armadura mínima se forem respeitadas as taxas de armaduras mínimas ( mín),
57

classificadas de acordo com o tipo de concreto usado, encontradas no quadro 7.

Quadro 6 - Valores mínimos para as armaduras

Fonte: Bastos (2015), adaptado pelo Autor (2016)

Quadro 7 - Taxas mínimas ( mín - %) da armadura de flexão para lajes

Fonte: Bastos (2015), adaptado pelo Autor (2016)

A NBR 6118 (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS,


2014, p.157) também menciona que:

Nos apoios de lajes que não apresentem continuidade com planos de lajes
adjacentes e que tenham ligação com os elementos de apoio deve-se dispor
de armadura negativa de borda [...]. Essa armadura deve se estender até pelo
menos 0,15 do vão menor da laje a partir da face do apoio.

6.2 DIÂMETRO MÁXIMO

O diâmetro máximo permitido pela ABNT NBR 6118:2014 para qualquer


barra de uma armadura de flexão é h/8, ou seja, um oitavo da espessura da laje.
58

6.3 ESPAÇAMENTO MÁXIMO E MÍNIMO

As barras de armadura principal de flexão devem apresentar espaçamento


no máximo igual a 2h ou 20 cm, prevalecendo o menor desses dois valores na região
dos maiores momentos fletores. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS
TÉCNICAS, 2014, p.169).
A armadura secundária de flexão deve ser igual ou superior a 20 % da
armadura principal, mantendo-se, ainda, um espaçamento entre barras de no máximo
33 cm. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 2014, p.169).
A norma não contém informações sobre o espaçamento mínimo a ser
considerado. Segundo Bastos (2015, p.32):

O espaçamento mínimo deve ser aquele que não dificulte a disposição e


amarração das barras da armadura, o completo preenchimento da peça pelo
concreto e o envolvimento das barras pelo concreto. De modo geral, na
prática adotam-se espaçamentos entre barras superiores a 7 ou 8 cm.

6.4 COMPRIMENTO DAS ARMADURAS POSITIVAS

A NBR 6118 (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS,


2014, p.169) menciona que:

Nas lajes armadas em uma ou em duas direções, em que seja dispensada


armadura transversal de acordo com 19.4.1, e quando não houver avaliação
explícita dos acréscimos das armaduras decorrentes da presença dos
momentos volventes nas lajes, toda a armadura positiva deve ser levada até
os apoios, não se permitindo escalonamento desta armadura. A armadura
deve ser prolongada no mínimo 4 cm além do eixo teórico do apoio.

Considera-se que
as barras inferiores estejam adequadamente ancoradas, desde que se estendam, pelo
menos, de um valor igual a 10
Nas lajes com as quatro bordas engastadas, situação onde não ocorrem
momentos volventes, pode-se adotar o comprimento e a distribuição mostrada na
figura 13.
59

Figura 12 - Comprimento mínimo das barras da armadura positiva com as


quatro bordas engastadas

Fonte: Pinheiro, Muzardo e Santos (2003), adaptado pelo Autor (2016)

6.5 COMPRIMENTO DAS ARMADURAS NEGATIVAS

Pinheiro, Muzardo e Santos (2003, p.11.22-11.23) mencionam que:

O comprimento das barras negativas nos apoios deve ser determinado com
base no diagrama de momentos fletores na região dos apoios. Em edifícios
usuais, em apoios de lajes retangulares que não apresentem bordas livres,
os comprimentos das barras podem ser determinados de forma aproximada,
com base no diagrama trapezoidal [...] adotando-se para l um dos valores:
o maior entre os menores vãos das lajes adjacentes, quando ambas
forem engastadas nesse apoio;
o menor vão da laje admitida engastada, quando a outra foi suposta
simplesmente apoiada nesse vínculo.

Com base nesse procedimento acima referido, são possíveis três


comprimentos para as armaduras negativas, que constam nas figuras 14a, 14b e 14c.
O diagrama trapezoidal está representado na figura 14.
60

Figura 13 - Alternativas para as armaduras negativas

Fonte: Pinheiro, Muzardo e Santos (2003)

a) Um só tipo de barra (Figura 14a)


Todas as barras possuem o comprimento a 1, dado por:

(6.3)

Onde:
al = 1,5 d (deslocamento do diagrama);
lb = comprimento de ancoragem com gancho (Valores do comprimento de
ancoragem com gancho podem ser encontrados no Anexo C);
= Diâmetro da barra.

b) Dois tipos de barras (Figura 14b)


Consideram-se dois comprimentos, a 21 e a22, dados por:
61

(6.4)

(6.5)

c) Barras alternadas, com mesmo comprimento (Figura 14c)


Adotando barras de mesmo comprimento e considerando as equações que
geralmente resultam nos maiores valores, tem-se que:

(6.6)

(6.7)

Com a equação 6.7, pode-se estimar o comprimento das barras. Seu


posicionamento é feito com os seguintes valores:

(6.8)

Tais comprimentos são usualmente arredondados para múltiplos de 5 cm.


62

7 PROGRAMA ELABORADO PARA O PROJETO DE LAJES MACIÇAS

Este capítulo tem como objetivo apresentar o programa desenvolvido pelo


autor para o dimensionamento e detalhamento de lajes maciças retangulares de
concreto armado. O software elaborado contempla as várias fases de projeto
necessárias para o projeto de lajes, fazendo desde a determinação dos esforços até
o cálculo das armaduras e, por fim, o detalhamento.
O programa, denominado como Flash Lajes (Figura 15), foi integralmente
desenvolvido no Visual Studio 2012 Versão Ultimate, usando como linguagem de
programação o Visual Basic. Foi escolhida essa linguagem de programação pela
facilidade de aprendizado da mesma e de implementar uma interface gráfica de
qualidade que torne mais simples e rápida a utilização de todo o potencial do programa
desenvolvido.

Figura 14 - Janela do software: Sobre o programa

Fonte: Autor (2016)

O fluxograma do programa é mostrado na figura 16.


63

Figura 15 - Fluxograma do programa desenvolvido

Fonte: Autor (2016)


64

A barra de menu é composta por três menus: Arquivo, Ferramentas e


Ajuda. Através do menu Arquivo se pode sair da aplicação. O menu Ferramentas
possibilita fazer o pré-dimensionamento da laje usando o método proposto na seção
3.7 do presente trabalho. Além disso, é possível acessar a calculadora do sistema
operacional Windows e também uma janela com opções (Figura 17) para o usuário
escolher.
As opções disponíveis, que podem ser editadas, referem-se ao cálculo das
flechas, ao escolher o agregado graúdo usado na elaboração do concreto, ao definir
o valor de para a determinação da carga de serviço e também ao definir a flecha
admissível. Há também a possibilidade de definir o método para compatibilização dos
momentos negativos nas bordas das lajes, sendo o método padrão do programa o de
usar os maiores momentos nas bordas entre duas lajes.

Figura 16 - Janela de Opções

Fonte: Autor (2016)

O programa é divido em seis abas, as quais, uma vez completadas,


realizam todo o processo de projeto de lajes maciças. As abas são as seguintes:
1. Dados de entrada;
2. Esforços;
3. Compatibilização / Armadura negativa;
65

4. Armadura positiva;
5. Detalhamento;
6. Resultados.

Além destas abas, o programa possui ainda outras janelas. Uma destas é
a janela de Carregamentos, onde o usuário define as cargas presentes na laje e, em
seguida, é calculada a carga total na laje e também a carga de serviço para verificação
da flecha.
A outra janela disponível serve para o usuário entrar com as larguras das
vigas nas bordas da laje que deseja projetar. Essas medidas das vigas não são úteis
para o dimensionamento da laje pelo método utilizado no programa, mas servem para
tornar mais precisos o consumo de aço e a quantidade de barras nas armações que
serão calculadas pelo software elaborado. A seguir, será melhor explicado o passo a
passo para utilização do Flash Lajes.

7.1 ENTRADA DE DADOS

A instalação do programa é simples e rápida, sendo mostrada no Apêndice


B. Uma vez instalado o programa; o usuário, ao abri-lo, se depara com uma tela tal
como mostrada na figura 18.

Figura 17 - Dados de Entrada: Tela Inicial

Fonte: Autor (2016)


66

O primeiro grupo de informações, denominado Vinculação, serve para o


usuário entrar com as condições de vinculação da laje. Conforme mencionado no
capítulo 2 deste trabalho, o programa não dimensiona lajes com bordas livres, sendo
admitido apenas que a laje esteja com a borda apoiada ou engastada.
Em Tipo de Concreto o usuário deverá escolher qual concreto será usado
para fazer o dimensionamento da laje. O programa admite tanto os concretos do grupo
I de resistência (De 20 MPa até 50 Mpa) quanto os do grupo II de resistência (De 55
MPa até 90 Mpa).
Em Tipo de Aço, o usuário define qual o tipo de aço que usará, podendo
ser CA-25, CA-50 e CA-60. Outro grupo de informações disponível é o Dados de
identificação, de preenchimento opcional, que serve para identificação do projeto e
da laje dimensionada posteriormente pelo engenheiro ou estudante de engenharia
civil. Tais informações serão exibidas num relatório a ser elaborado na última etapa
do programa.
Em Cobrimento, o usuário pode escolher entre 4 opções de cobrimento de
acordo com a Classe de Agressividade Ambiental, mostrados no quadro 2 deste
trabalho. Adicionalmente, também é possível entrar com valores de cobrimento
diferentes do proposto pela ABNT NBR 6118:2014.
No grupo de informações Vãos efetivos, define-se o maior e o menor vão
teórico, respectivamente Ly e Lx, determinados conforme descrito na seção 3.1 do
presente trabalho. Em Espessura da laje, se preenche o valor da espessura da laje
usada para o dimensionamento da mesma.
Em Utilização da laje, define-se qual o tipo de laje maciça a ser
dimensionada. É importante preencher corretamente este item, pois o programa não
realiza o dimensionamento se a espessura adotada for menor que o mínimo previsto
pela ABNT NBR 6118:2014 de acordo com a utilização da laje (Figura 19).

Figura 18 - Aviso para laje com espessura abaixo do permitido

Fonte: Autor (2016)


67

Em Método de cálculo é possível escolher se a laje será dimensionada


em regime elástico ou plástico. Na atual versão do software elaborado, apenas as
lajes armadas em uma direção podem ser calculadas em regime elástico, através das
equações mostradas na seção 4.1 deste trabalho. As lajes armadas em duas direções
somente podem ser calculadas em regime plástico, usando a Teoria das Charneiras
Plásticas.
Na janela secundária Carregamento (Figura 20) há uma lista de
carregamentos previamente definidos para a carga variável da laje. Além da carga
variável, é preciso determinar a carga devido aos revestimentos inferior e superior da
laje e, eventualmente, de outros carregamentos existentes.

Figura 19 - Janela de Carregamentos

Fonte: Autor (2016)

Após definir os carregamentos, o usuário deve clicar em <Calcular


carregamento total> e depois em <Sair>.
68

Para correta determinação do número de barras para o detalhamento das


armaduras, é necessário acessar a janela secundária Largura das Vigas (Figura 21).
Nesta janela, o utilizador deve se orientar pela informação preenchida no grupo de
informações Vinculação, começando por um dos menores vãos (Lx), denominado
lado a, em seguida têm-se os lados b, c e d. A mesma orientação usada para
determinar as bordas engatadas ou apoiadas é a que está representada nesta janela
para preencher a largura das vigas. Após preencher todas as larguras, deve-se clicar
no botão <Ok> para voltar à janela principal do programa.

Figura 20 - Janela Largura das vigas

Fonte: Autor (2016)

7.2 CÁLCULO DOS ESFORÇOS SOLICITANTES

A segunda etapa do programa consiste na determinação dos esforços


solicitantes. Inicialmente, o programa calcula a flecha, para verificação do estado
limite de deformações excessivas (ELS-DEF). Caso a flecha calculada seja superior
à flecha admissível para a laje em análise, o programa automaticamente aumenta a
espessura da laje de 1 em 1 cm até que a flecha calculada seja inferior à admissível.
A aba Esforços (Figura 22), traz os valores dos momentos, flechas e reações nos
apoios.
Verificado que a flecha admissível não é ultrapassada pela flecha de
cálculo, o programa segue na determinação dos esforços solicitantes, calculando os
momentos fletores e as reações nos apoios
69

Figura 21 - Aba Esforços

Fonte: Autor (2016)

Os momentos têm a seguinte notação:


Mx momento positivo no vão na direção de Lx;
My momento positivo no vão na direção de Ly;
momento negativo na direção de Lx;
momento negativo na direção de Ly.

As reações nos apoios têm a notação já expressa na seção 3.8 do presente


trabalho. As reações não terão uso para o dimensionamento da laje, mas servirão
numa fase posterior, a do dimensionamento das vigas que sustentam as lajes.
O programa também realiza a verificação se a laje precisa de armadura
para combater o esforço cortante. Caso seja preciso, uma mensagem é exibida ao
usuário para fazer o cálculo da armadura. Para a maioria dos casos de lajes de
edifícios não é necessária armadura para força cortante, como já mencionado
anteriormente neste trabalho.
70

7.3 DIMENSIONAMENTO DAS ARMADURAS

Determinados os esforços solicitantes, a próxima etapa consiste na


determinação das armaduras. Inicialmente, são determinadas as armaduras
negativas (situadas junto à face superior da laje). A figura 23 mostra a aba
Compatibilização / Armadura negativa do programa.

Figura 22 - Aba Compatibilização / Armadura negativa

Fonte: Autor (2016)

Nesta aba, o usuário define as armaduras negativas, usando os dados das


lajes adjacentes. O momento da laje adjacente em cada borda engastada é usado
para fazer a compatibilização dos momentos, a fim de haver uma única armadura
negativa na borda entre duas lajes. A altura da laje adjacente é usada para recalcular
a armadura. Usa-se a menor altura entre as duas lajes envolvidas em cada borda para
o cálculo das armaduras. Também é preciso informar o menor vão da laje adjacente,
o que será usado na determinação do comprimento das armaduras negativas. Para
cada lado engastado é necessário informar os dados das lajes adjacentes. Caso não
seja informada a altura da laje adjacente, o programa prossegue como se a laje ora
em análise fosse a de menor altura.
71

Para evitar erros, os lados da laje que não se encontram engastados e que,
portanto, não necessitam de armadura negativa comum com outra laje, o programa
automaticamente desativa as caixas de informações dos lados não engastados, não
permitindo a entrada de dados em tais bordas.
Uma vez preenchidos os dados das lajes adjacentes nas bordas
engastadas, o usuário deve clicar em <Recalcular As> para que as armaduras sejam
recalculadas. Após isso, faz-se o detalhamento das armaduras. O usuário pode
escolher entre duas opções: diâmetro da barra e espaçamento. Escolhido o diâmetro
das barras, pode-se escolher um dos diâmetros disponíveis no programa que o
mesmo determina a menor área de armadura necessária que iguale ou supere a
armadura calculada para cada borda. O mesmo procedimento ocorre caso seja
selecionado o espaçamento, o programa determina automaticamente a área de
armadura necessária e também os outros parâmetros necessários, ou seja, o número
de barras e o comprimento das mesmas. Para as armaduras negativas, há a opção
de escolher o espaçamento entre 10 e 20 cm. As bitolas disponíveis são: 5 mm, 6,3
mm, 10 mm e 12,5 mm.
As armaduras positivas são determinadas na aba Armadura positiva
(Figura 24). Nesta aba são exibidas as áreas de armadura necessárias nas direções
do maior e do menor vãos. Assim como nas armaduras negativas, o usuário tem duas
opções para definir o detalhamento: diâmetro da barra e espaçamento.

Figura 23 - Aba Armadura positiva

Fonte: Autor (2016)


72

Após isso, escolhe-se a bitola ou o espaçamento e o programa calcula os


demais dados necessários para o detalhamento. As bitolas disponíveis são: 5 mm, 6,3
mm, 10 mm e 12,5 mm. Para o espaçamento, na direção de Lx e de Ly há opções de
10 a 20 cm. Para o caso particular de lajes armadas em uma direção, em que a norma
permite um espaçamento maior para as armaduras de distribuição, há a opção de
definir o espaçamento de 10 até 30 cm. Importante ressaltar que isto só é acessível
se o usuário escolher a opção espaçamento. Ou seja, caso seja escolhida a opção
diâmetro, o espaçamento máximo que será obtido é de 20 cm.

7.4 DETALHAMENTO

A etapa seguinte do programa é apresentar ao usuário um esquema gráfico


com todas as informações sobre o detalhamento da laje como um todo. A aba
Detalhamento (Figura 25) tem a finalidade de concentrar as informações reunidas
nas outras abas em uma só tela.

Figura 24 - Aba Detalhamento

Fonte: Autor (2016)


73

É mostrada a identificação da laje, sua espessura, além da quantidade das


barras, as bitolas usadas e os comprimentos e espaçamentos das barras.
Além disso, para as bordas apoiadas o programa apresenta as armaduras
negativas de borda, cujas áreas de armaduras são determinadas conforme o disposto
no quadro 6 do presente trabalho. O programa, para esse caso particular, seleciona
automaticamente a menor área de armadura que iguala ou supera a área de armadura
necessária para as armaduras negativas de borda, além de definir o espaçamento, o
comprimento e a quantidade de barras necessárias. Para este tipo de armadura, usou-
se como maior espaçamento admitido 20 cm. O procedimento realizado para
detalhamento das armaduras negativas de borda é mostrado no Apêndice A deste
trabalho.

7.5 RELATÓRIO

A última etapa do programa desenvolvido é a de geração de um relatório


na aba Resultados (Figura 26) com os principais dados de entrada e de saída, para
fornecer ao usuário uma memória de cálculo.

Figura 25 - Relatório gerado pelo programa

Fonte: Autor (2016)


74

Os dados que são registrados no relatório pelo Flash Lajes são os


seguintes:

Dados de entrada: nome do projeto, identificação da laje, vãos efetivos,


tipo de concreto e aço, cobrimento, espessura da laje, utilização da laje, vinculação,
carregamento e método de cálculo;
Esforços solicitantes: flecha calculada e admissível, momentos positivos
e negativos e reações de apoio;
Armadura positiva e negativa: taxa de armadura necessária e escolhida,
quantidade, bitola, espaçamento e comprimento total das barras;
Consumo total de aço.

O usuário tem a opção de salvar o relatório gerado num arquivo de texto


ou imprimi-lo, bastando para isso, respectivamente, clicar no botão <Salvar> ou no
botão <Imprimir>.

7.6 EXEMPLOS

Visando a validação do software elaborado, são apresentados a seguir três


exemplos de dimensionamento e detalhamento efetuados por meio do Flash Lajes.
Em todos os exemplos apresentados, os resultados coincidem com o cálculo manual,
que está exposto no Apêndice A deste trabalho. Além disso, as vigas que sustentam
as lajes têm 15 cm de largura, informação que será usada no detalhamento das lajes.

7.6.1 Exemplo 1 (Laje armada em uma direção)

O primeiro exemplo é uma laje de piso de cozinha de um edifício


residencial, mostrada na figura 27, com carga de revestimento de 1,0 kN/m². O
cobrimento é de 2 cm, com aço CA-50 e Concreto C25.
75

Figura 26 - Exemplo 1: Laje armada em uma direção

Fonte: Autor (2016)

Os resultados do detalhamento e o relatório gerado pelo programa são


mostrados, respectivamente, nas figuras 28 e 29.

Figura 27 - Exemplo 1: Detalhamento

Fonte: Autor (2016)


76

Figura 28 - Exemplo 1: Relatório

Fonte: Autor (2016)

7.6.2 Exemplo 2 (Laje isótropa)

O segundo exemplo é uma laje de piso de despensa de edifício residencial,


mostrada na figura 30, com carga de revestimento de 1,0 kN/m². O cobrimento é de 2
cm, com aço CA-50 e Concreto C30.
77

Figura 29 - Exemplo 2: Laje isótropa

Fonte: Autor (2016)

Os resultados do detalhamento e o relatório gerado pelo programa são


mostrados, respectivamente, nas figuras 31 e 32.

Figura 30 - Exemplo 2: Detalhamento

Fonte: Autor (2016)


78

Figura 31 - Exemplo 2: Relatório

Fonte: Autor (2016)


79

7.6.3 Exemplo 3 (Laje ortótropa)

O terceiro exemplo é uma laje de piso de dormitório de edifício residencial,


mostrada na figura 33, com carga de revestimento de 1,0 kN/m². O cobrimento é de
2,5 cm, com aço CA-50 e Concreto C35.

Figura 32 - Exemplo 3: Laje ortótropa

Fonte: Autor (2016)

Os resultados do detalhamento e o relatório gerado pelo programa são


mostrados, respectivamente, nas figuras 34 e 35.

Figura 33 - Exemplo 3: Detalhamento

Fonte: Autor (2016)


80

Figura 34 - Exemplo 3: Relatório

Fonte: Autor (2016)


81

8 CONCLUSÃO

Ao longo dos capítulos do presente trabalho, procurou-se abordar toda a


teoria necessária para o projeto de lajes maciças retangulares de concreto armado e
também mostrar a utilização do software desenvolvido para projetar lajes maciças sob
carregamento uniformemente distribuído. Também foi abordada a Teoria das
Charneiras Plásticas, um método menos utilizado que os existentes baseados no
regime elástico para dimensionamento de lajes de concreto armado.
Conclui-se que o objetivo principal do trabalho foi plenamente atingido. A
saber, foi elaborada uma ferramenta computacional que pode ser usada para o projeto
de lajes maciças de concreto armado, sob as limitações já apresentadas ao longo
deste trabalho. Os demais objetivos descritos no capítulo Diretrizes da Pesquisa
também foram alcançados.
O programa desenvolvido é de simples utilização e pode ser utilizado tanto
pelos estudantes de engenharia civil quanto pelos engenheiros civis, sendo
recomendado para estes últimos apenas para comparação dos resultados obtidos
com outros programas ou pelo cálculo manual realizado.
Durante a pesquisa realizada, constatou-se que há uma variedade de
formas para proceder no cálculo de lajes maciças. Há detalhes no procedimento que
variam conforme a fonte que se está utilizando como base teórica. Alguns autores
usam de muitas tabelas, outros preferem realizar mais cálculos e depender menos de
valores tabelados. Há os que consideram redução no cobrimento para algumas
situações. O detalhamento das armaduras é possível ser feito de mais de uma
maneira. Também são variados os métodos para pré-dimensionamento das lajes.
Para determinação dos esforços, existem vários métodos que são válidos e aceitos
pela ABNT NBR 6118:2014.
Cabe ao projetista decidir qual forma proceder no cálculo das lajes e
também dos demais elementos estruturais, levando em conta a ABNT BR 6118:2014
e outras normas eventualmente necessárias de acordo com o trabalho que se está
realizando.
82

8.1 SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS

Como sugestões para futuras pesquisas, pode-se citar:

Melhorias no software elaborado neste trabalho, visando incluir outros


carregamentos além da carga uniformemente distribuída, o cálculo de lajes com uma
borda livre e a implementação de algum método de cálculo dos momentos em regime
elástico para as lajes armadas em duas direções, como o método das diferenças
finitas, o qual requer conhecimentos mais aprofundados em programação que os
usados na elaboração deste trabalho;
Análise comparativa dos diversos métodos de determinação dos
esforços solicitantes de lajes maciças de concreto armado existentes, comparando as
armaduras necessárias de acordo com cada método e tratando sobre as vantagens e
limitações existentes de cada método;
Comparação dos resultados obtidos com o Flash Lajes e outros
softwares existentes, sejam estes programas acadêmicos ou comerciais.
Apresentando também, de forma mais aprofundada, a evolução no uso da informática
na Engenharia de Estruturas.
83

REFERÊNCIAS

ARAÚJO, J.M. Curso de Concreto Armado. 3. ed. Rio Grande: Dunas, 2010. v.2.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 6118: Projeto de


estruturas de concreto Procedimento. Rio de Janeiro, 2014.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 6120: Cargas para o


cálculo de estruturas de Edificações. Rio de Janeiro, 1980.

BASTOS, P. S. S. Lajes de Concreto. 2015. 119f. Notas de aula. Universidade


Estadual Paulista, Bauru, 2015. Disponível
em:<http://wwwp.feb.unesp.br/pbastos/pag_concreto1.htm >. Acesso em: 20 junho
2016.

CAMPOS FILHO, A. Projeto de lajes maciças de concreto armado. Porto Alegre:


UFRGS, 2014. Disponível em:
<https://chasqueweb.ufrgs.br/~americo/eng01112/lajes.pdf>. Acesso em: 24 junho
2016.

CARVALHO, R. C.; FILHO, J. R. F. Cálculo e detalhamento de estruturas usuais


de concreto armado: segundo a NBR 6118:2014. 4. ed. São Carlos: EdUFSCar,
2014.

FERREIRA, C. C. M. Notas de aula da disciplina Estruturas de Concreto I.


Engenharia Civil, Universidade Estadual do Maranhão, São Luís, 2015.

FOLETTO, I. C. Desenvolvimento de programa computacional para o projeto de


lajes maciças de concreto armado. 2011. 83f. Trabalho de diplomação
apresentado ao Departamento de Engenharia Civil da Escola de Engenharia.
Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2011. Disponível
em:<http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/handle/10183/39137/000825285.pdf?...1 >.
Acesso em: 23 junho 2016.
84

GONZALEZ, R. L. M. Análise de lajes pela teoria das charneiras plásticas e


comparação de custos entre lajes maciças e lajes treliçadas. 1997. 160f.
Dissertação (Mestrado em Engenharia de Estruturas). Escola de Engenharia de São
Carlos, Universidade de São Paulo, São Carlos, 1997. Disponível
em:<http://www.set.eesc.usp.br/static/media/producao/1997ME_RogerioLucianoMizi
araGonzalez.pdf >. Acesso em: 24 junho 2016.

KIMURA, A.E. Informática aplicada em estruturas de concreto armado: cálculo


de edifícios com o uso de sistemas computacionais. 1. ed. São Paulo: Pini,
2007.

PINHEIRO, L.M. Fundamentos do Concreto e projeto de edifícios. São Carlos,


2007. Disponível em:
<http://coral.ufsm.br/decc/ECC1006/Downloads/Apost_EESC_USP_Libanio.pdf >.
Acesso em: 25 novembro 2016.

PINHEIRO, L. M.; MUZARDO, C. D.; SANTOS, S. P. Lajes Maciças. São Paulo,


2003. Disponível em:
<http://www.fec.unicamp.br/~almeida/au405/Lajes/Lajes_Macicas_EESC.pdf>.
Acesso em: 25 setembro 2016.

PINHEIRO, L.M. Charneiras plásticas em lajes com forma de T: estudo


experimental. 1981. 184 f. Dissertação (Mestrado em Engenharia de Estruturas).
Escola de Engenharia de São Carlos, Universidade de São Paulo, São Carlos, 1981.
Disponível em:
<http://www.set.eesc.usp.br/pdf/download/1981ME_LibanioMirandaPinheiro.pdf>.
Acesso em: 10 outubro 2016.

PINHEIRO, L.M. Análise elástica e plástica de lajes retangulares de edifícios.


1988. 303 f. Tese (Doutorado em Engenharia de Estruturas). Escola de Engenharia
de São Carlos, Universidade de São Paulo, São Carlos, 1988. Disponível em:
<http://www.set.eesc.usp.br/pdf/download/1988DO_LibanioMirandaPinheiro.pdf>.
Acesso em: 10 outubro 2016.
85

APÊNDICES
86

APÊNDICE A RESOLUÇÃO DOS EXEMPLOS 1, 2 E 3 ATRAVÉS DO CÁLCULO


MANUAL

Este apêndice traz as resoluções dos exemplos feitos para validação do


programa criado. Foram usados os dados constantes nos anexos A, B, C e D e toda
a teoria desenvolvida neste trabalho.

# Exemplo 1:
Pré-dimensionamento:

Flecha:
Combinação quase permanente de serviço:

Módulo de elasticidade secante do concreto:

O valor médio da resistência à tração do concreto:

O momento de fissuração:
87

O momento de serviço:

Como ma < mr , a seção não está fissurada e deve-se considerar Ieq = Ic .

O valor correspondente ao momento de inércia da seção bruta de concreto:

A flecha de curta duração é dada por:

A flecha de longa duração é dada por:

A flecha admissível, para a situação de aceitabilidade visual, segundo a


ABNT NBR 6118:2014, é:

Como a flecha provável é inferior à admissível, pode-se adotar para a laje


a espessura de 8 cm.

Cálculo do carregamento total na laje:


88

Reações de apoio (Figura 36):

Figura 35 - Exemplo 1: Reações de apoio

Fonte: Autor (2016)

Cálculo das distâncias x1, x2, x3, y1 e y2:

Cálculo das áreas:

Reações:
89

Cálculo do momento:

Cálculo da armadura na direção do menor vão:

Detalhamento da armadura:

Número de ferros (n):

Comprimento das barras (l):


90

Cálculo da armadura na direção do maior vão (armadura de distribuição):

Detalhamento da armadura:

Número de ferros (n):

Comprimento das barras (l):

Armadura negativa de borda nas duas bordas na direção de Lx:

Detalhamento da armadura:
91

Número de ferros (n):

Comprimento das barras na horizontal (l):

Comprimento dos ganchos (lg):

Comprimento total das barras (l t):

Consumo de aço:
O consumo de aço é calculado somando todos os comprimentos das barras
de mesma bitola e multiplicando esses comprimentos pela massa nominal, que varia
de acordo com cada bitola, sendo esta mostrada no quadro 11. Para cada bitola se
acha o consumo de aço, somando os valores do consumo de aço obtidos de acordo
com cada bitola de aço, acha-se o consumo total de aço, o qual é majorado em 10%.
O consumo de aço (Ca) para o Exemplo 1 vale:

# Exemplo 2:

Flecha:
Será adotada inicialmente a menor espessura permitida pela ABNT NBR
6118:2014 : 8 cm.
Combinação quase permanente de serviço:
92

Módulo de elasticidade secante do concreto:

O valor médio da resistência à tração do concreto:

O momento de fissuração:

O momento de serviço:

Como ma < mr , a seção não está fissurada e deve-se considerar Ieq = Ic .

O valor correspondente ao momento de inércia da seção bruta de concreto:

A flecha de curta duração é dada por:


93

A flecha de longa duração é dada por:

A flecha admissível, para a situação de aceitabilidade visual, segundo a


ABNT NBR 6118:2014, é:

Como a flecha provável é inferior à admissível, pode-se adotar para a laje


a espessura de 8 cm.

Cálculo do carregamento total na laje:

Reações de apoio (Figura 37):

Figura 36 - Exemplo 2: Reações de apoio

Fonte: Autor (2016)

Cálculo das distâncias x1, x2, x3, y1 e y2:


94

Cálculo das áreas:

Reações:

Cálculo dos momentos:


Como a relação Lx/Ly = 4/5 = 0,8, a laje é isótropa. Antes de calcular o
momento no vão e nas bordas é necessário calcular os vãos reduzidos:

O momento no vão é dado por:


95

Os momentos nas bordas têm o mesmo valor:

Cálculo da armadura positiva:


Por se tratar de laje isótropa, a armadura positiva na direção de Lx e de Ly
são iguais.

Detalhamento da armadura positiva na direção de Lx:

Número de ferros (n):

Comprimento das barras (l):


96

Detalhamento da armadura positiva na direção de Ly:

Número de ferros (n):

Comprimento das barras (l):

Cálculo das armaduras negativas:

Detalhamento das armaduras negativas na direção de Lx:

Número de ferros (n):


97

Cálculo de a1:

Comprimento dos ganchos (lg):

Comprimento total das barras (l t):

Detalhamento das armaduras negativas na direção de Ly:

Número de ferros (n):

Cálculo de a1:

Comprimento dos ganchos (lg):


98

Comprimento total das barras (l t):

Consumo de aço:

O consumo de aço (Ca) para o Exemplo 2 vale:

# Exemplo 3:

Flecha:
Será adotada inicialmente a menor espessura permitida pela ABNT NBR
6118:2014 : 8 cm.

Combinação quase permanente de serviço:

Módulo de elasticidade secante do concreto:

O valor médio da resistência à tração do concreto:

O momento de fissuração:
99

O momento de serviço:

Como ma < mr , a seção não está fissurada e deve-se considerar Ieq = Ic .

O valor correspondente ao momento de inércia da seção bruta de concreto:

A flecha de curta duração é dada por:

A flecha de longa duração é dada por:

A flecha admissível, para a situação de aceitabilidade visual, segundo a


ABNT NBR 6118:2014, é:

Como a flecha provável é inferior à admissível, pode-se adotar para a laje


a espessura de 8 cm.

Cálculo do carregamento total na laje:


100

Reações de apoio (Figura 38):

Figura 37 - Exemplo 3: Reações de apoio

Fonte: Autor (2016)

Cálculo das distâncias x1, x2, x3, y1 e y2:

Cálculo das áreas:


101

Reações:

Cálculo dos momentos:


Como a relação Lx/Ly = 3/5 = 0,6 , a laje é ortótropa. É necessário calcular
o coeficiente de ortotropia:

O momento na borda engastada vale:

Cálculo das armaduras positivas:


Por se tratar de laje ortótropa, a armadura positiva na direção de Lx e de
Ly são diferentes.
102

Armadura na direção de Lx:

Detalhamento da armadura positiva na direção de Lx:

Número de ferros (n):

Comprimento das barras (l):

Armadura na direção de Ly:


103

Detalhamento da armadura positiva na direção de Ly:

Número de ferros (n):

Comprimento das barras (l):

Armadura na borda engastada:


104

Detalhamento da armaduras negativa da borda engastada:

Número de ferros (n):

Cálculo de a1:

Comprimento dos ganchos (lg):

Comprimento total das barras (l t):

Armadura negativa de borda nas duas bordas na direção de Lx:

Detalhamento da armadura:
105

Número de ferros (n):

Comprimento das barras na horizontal (l):

Comprimento dos ganchos (lg):

Comprimento total das barras (l t):

Armadura negativa de borda na borda não engastada na direção de Ly:

Detalhamento da armadura:

Número de ferros (n):


106

Comprimento das barras na horizontal (l):

Comprimento dos ganchos (lg):

Comprimento total das barras (l t):

Consumo de aço:

O consumo de aço (Ca) para o Exemplo 3 vale:


107

APÊNDICE B INSTALAÇÃO DO FLASH LAJES

O programa desenvolvido necessita de alguns requisitos para funcionar


normalmente, por isso a necessidade de executar o instalador ao invés de abrir
diretamente o executável do programa. Este apêndice se destina a mostrar as etapas
necessárias para instalação do programa.
Ao executar o arquivo de instalação do programa, setupFL.exe, caso não
haja a versão 4.5 ou superior do Microsoft .Net Framework instalada no computador,
é exibida a tela mostrada na figura 39. Para prosseguir a instalação é necessário estar
conectado à internet, pois o programa fará o download dos arquivos necessários para
instalar o Microsoft .Net Framework.

Figura 38 - Instalação do programa: Pré-requisito

Fonte: Autor (2016)

Caso a tela mostrada na figura 39 não seja exibida, a primeira tela a ser
mostrada é a da figura 40. Basta clicar em <Avançar> para prosseguir a instalação.
108

Figura 39 - Instalação do programa: Início

Fonte: Autor (2016)

Após isso, será exibida a tela mostrada na figura 41. Para prosseguir a
instalação, deve-se clicar em <Instalar>.

Figura 40 - Instalação do programa: Continuação

Fonte: Autor (2016)

Por fim, será exibida uma tela como a mostrada na figura 42, onde o usuário
tem a opção de iniciar o programa logo após a instalação. Uma vez concluída a
instalação, será criado um atalho do programa na área de trabalho, de onde o
programa poderá ser acessado sempre que necessário.
109

Figura 41 - Instalação do programa: Final

Fonte: Autor (2016)


110

ANEXOS
111

ANEXO A VALORES DE ALFA

Quadro 8 - Valores de para o cálculo do momento de serviço na


verificação da flecha

Fonte: Campos Filho (2014), adaptado pelo Autor (2016)


112

ANEXO B VALORES PARA O DETALHAMENTO DAS ARMADURAS

Quadro 9 - Área da seção de armadura por metro de largura (cm²/m)


Espaçamento Bitola
s (cm) 5 6,3 8 10 12,5
10 1,96 3,12 5,03 7,85 12,27
11 1,78 2,83 4,57 7,14 11,16
12 1,64 2,60 4,19 6,54 10,23
13 1,51 2,40 3,87 6,04 9,44
14 1,40 2,23 3,59 5,61 8,77
15 1,31 2,08 3,35 5,24 8,18
16 1,23 1,95 3,14 4,91 7,67
17 1,15 1,83 2,96 4,62 7,22
18 1,09 1,73 2,79 4,36 6,82
19 1,03 1,64 2,65 4,13 6,46
20 0,98 1,56 2,51 3,93 6,14
21 0,93 1,48 2,39 3,74 5,84
22 0,89 1,42 2,28 3,57 5,58
23 0,85 1,36 2,19 3,41 5,34
24 0,82 1,30 2,09 3,27 5,11
25 0,79 1,25 2,01 3,14 4,91
26 0,76 1,20 1,93 3,02 4,72
27 0,73 1,15 1,86 2,91 4,55
28 0,70 1,11 1,80 2,80 4,38
29 0,68 1,07 1,73 2,71 4,23
30 0,65 1,04 1,68 2,62 4,09
Fonte: Araújo (2010), adaptado pelo Autor (2016)
113

ANEXO C VALORES PARA LB

Quadro 10 - Comprimento de ancoragem básico com e sem gancho

Fonte: Pinheiro (2007), adaptado pelo Autor (2016)


114

ANEXO D VALORES PARA MASSA NOMINAL DAS BITOLAS DE AÇO

Quadro 11 - Massa nominal para cada bitola de aço disponível no Flash


Lajes

Massa
Bitola
Nominal
(mm)
(kg/m)
5 0,154
6,3 0,245
8 0,395
10 0,617
12,5 0,963

Fonte: Pinheiro (2007), adaptado pelo Autor (2016)

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