O Morar e A Moradia - Rosa Maria
O Morar e A Moradia - Rosa Maria
O Morar e A Moradia - Rosa Maria
O MORAR E A MORADIA
2016
Universidade Federal de Pernambuco
Reitor: Anísio Brasileiro de Freitas Dourado
Vice-Reitora: Florisbela de Arruda Camara e Siqueira Campos
Diretor da Editora: Lourival Holanda
Vice-Diretor: Fábio Andrade
Comissão Editorial
Presidente: Lourival Holanda
Editor Chefe: Eduardo Cesar Maia
Titulares: Alberto Galvão de Moura Filho, Allene Carvalho Lage, Anjolina Grisi de Oliveira
de Albuquerque, Dilma Tavares Luciano, Eliane Maria Monteiro da Fonte, Emanuel Souto da
Mota Silveira, Flávio Henrique Albert Brayner, Luciana Grassano de Gouvêa Melo, Otacílio
Antunes de Santana, Rosa Maria Cortês de Lima, Sonia Souza Melo Cavalcanti.
Suplentes: Charles Ulises de Montreuil Carmona, Edigleide Maria Figueiroa Barretto, Ester
Calland de Souza Rosa, Felipe Pimentel Lopes de Melo, Gorki Mariano, Luiz Gonçalves de
Freitas, Madalena de Fátima Pekala Zaccara, Mário de Faria Carvalho, Sérgio Francisco
Serafim Monteiro da Silva, Silvia Helena Lima Schwanborn, Tereza Cristina Tarragô Souza
Rodrigues.
Revisão Gramatical: Maria Etiene Colares de Moura.
Diagramação: Maria Magaly Colares de Moura Alencar e Rosa Maria Cortês de Lima.
Catalogação na fonte:
Bibliotecária Kalina Ligia França da Silva, CRB4-1408
L732m
Lima, Rosa Maria Cortês de.
O morar e a moradia [recurso eletrônico]/ Rosa Maria Cortês de Lima.
UFPE, 2016.
Morador do Chié
Em 1989
Para JAERTON,
meu filho, com muito
carinho.
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O Morar e a Moradia
SUMÁRIO
PREFÁCIO.......................................................................................15
INTRODUÇÃO..............................................................................25
REFERÊNCIAS.............................................................................178
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Rosa Maria Cortês de Lima
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O Morar e a Moradia
PREFÁCIO
Jan Bitoun
Professor da Pós-graduação em Geografia-CFCH/UFPE
Este livro precisava ser editado. Resulta de uma minuciosa
investigação realizada no final dos anos oitenta do século passado
pela professora Rosa Maria Cortês de Lima para elaboração da
dissertação de Mestrado em Serviço Social. Trata de um modo
de construir a cidade que está enraizado nas práticas urbanas
das mais antigas cidades do país especialmente daquelas cidades
litorâneas onde as famílias pobres construíram por meio do labor
e da luta cotidiana seus espaços de moradias em condições sociais e
ambientais desfavoráveis. Muitos leitores e estudantes encontrarão
no estudo de Rosa Maria Cortês de Lima esclarecimentos sobre a
gênese física, social e política dessas comunidades que receberam
diversas denominações no cenário urbano do país, tais como
“mocambos” (no Recife), “favelas” (no Rio de Janeiro), “vilas”
(em Porto Alegre) e que não são formas incomuns em cidades
crescidas num ambiente marcado pela herança de sociedades
escravistas, nas quais a apropriação formal do solo se deu a partir de
privilégios e o acesso ao trabalho remunerado sempre foi precário.
Por isso mesmo, a edição desse livro vem tarde, mas em boa
hora. Na época da redação do estudo sobre a Ilha do Chié, já
havia se tornado evidentes os limites da construção de conjuntos
habitacionais pelo Banco Nacional da Habitação. Rosa Maria Cortês
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REFERÊNCIAS
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INTRODUÇÃO
A
escolha do tema1 de estudo está envolta em múltiplas razões.
No caso do presente trabalho, um aspecto relevante tem suas
raízes na prática profissional, como Assistente Social, no
campo da habitação para a população de renda situada entre zero
e três salários mínimos, em áreas de favelas, na cidade do Recife. A
vivência com a favela e com o cotidiano da população que habita
esses lugares provocou um efeito significativo. Evocou indagações
sobre a problemática do pobre urbano, como morador da favela.
Como perceber a situação que vive? O que é ser morador desse
lugar? Que sentido atribui ao morar e à moradia?
As indagações formuladas conduziram à busca de literatura sobre
a questão habitacional, em especial nas áreas de favela. Dessa
forma, procurava uma compreensão na perspectiva da totalidade
da situação. As respostas poderiam ser simplistas ou por demais
teóricas. Busquei não restringir o caminho. Na prática, constatei
que os pobres elaboram seu modo de pensar a realidade e, mais que
ninguém, sabem o que têm de enfrentar para sobreviver. Parti do
pressuposto de que o enfrentamento do real, o concreto, coloca-os
no caminho da reflexão, permitindo a articulação com o mundo.
Era necessário captar esse processo de pensar a vida a partir de uma
determinante fundamental – a moradia. Um pensar que se apresenta,
também, como um processo dialético.
Como profissional2 vinculado a uma instituição pública – Companhia
1
Este estudo foi originalmente produzido como Dissertação de Mestrado do Curso de Pós-
Graduação em Serviço Social, do Centro de Ciências Sociais Aplicadas, da Universidade
Federal de Pernambuco-UFPE, defendida em 1990. Agora, na versão disponibilizada em
forma de livro, o trabalho foi revisto, muito embora mantendo-se fiel ao conteúdo original.
2
A autora exerceu a prática profissional como Assistente Social da COHAB-PE,
no período de 1977 a 1994, atuando, em especial, em áreas de favela do Recife e
da Região Metropolitana do Recife (RMR). Nesse período, desenvolveu ações de
planejamento, execução, acompanhamento, avaliação de política, programas e
projetos, bem como realizou pesquisa em áreas de favela. Exerceu cargos diversos
entre eles: coordenação de serviço, gerência da área social em assentamentos
populares, assessoria, além de ações executivas em campo. Coordenou e participou
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expressa:
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CAPÍTULO 1
A ILHA DO CHIÉ
I
nserida na malha urbana da cidade do Recife, a Ilha do Chié7
situa-se à margem esquerda da Avenida Agamenon Magalhães
sentido Recife-Olinda, no Bairro de Campo Grande. Tem como
limite a principal via de acesso entre as duas cidades, próxima a
fábrica da Tacaruna. Nesse lugar, o processo de construção dos
primeiros mocambos iniciou-se entre as décadas de 1920 de 1930,
aproximadamente. Constitui, hoje, um reduto de ocupação de terras
de mangue que tem sobrevivido à expansão urbana, mesmo quando
por ela dilapidada. Representa a sobrevivência das ocupações
agrupadas por toda a extensão do canal Derby – Tacaruna,
extintas com o avanço da urbanização da cidade8. É provavelmente
7
Chié, caranguejo pequeno, não utilizado como alimento, que existia em abundância
nos mangues da localidade, antes da área sofrer o aterramento. O Dicionário
Aurélio registra “Xié (Do tupi, talvez.) S. M. Bras. V. Chama-maré. Chama-maré
(De Maré + maré S. M. Bras. Designação aos crustáceos decápodes, braquiúros,
da família dos ocipodideos, gênero Uca Leach., pequeno caranguejo de 2 a 3cm
de comprimento, que tem uma das pinças muito maior que a outra. Do fato de
movimentarem constantemente essa pinça lhes veio o nome. (Sin.: Chora-maré, xié,
tesoura, catanhão-tesoura, siri-patola, ciecié. Pl.: Chama-maré.)
.
8
Em 1917, foi publicado o primeiro Código Civil brasileiro, cujo reflexo, no Recife,
se fizeram notar pelo micro parcelamento urbano, acontecimento que assinala
uma nova etapa no processo de urbanização da cidade, com repercussões para
a população de mocambos. Data de 1923 a aprovação do primeiro loteamento
do Recife, em terras do Derby, após a expulsão dos mocambos instalados para
processar o aterro dos alagados. Os alagados, inicialmente ocupados pela população
mais pobre, passaram a despertar interesse da população, mas da população mais
abastarda, como reserva de madeira e pesca, e possível via fluvial para indústria
ou casa comerciais instaladas em suas margens. Na década de 1920, tornou-se
emergente o interesse por essas áreas para empreendimentos imobiliários. O
loteamento passa a ser uma constante, com áreas sendo ou não aterradas, a luta
pela terra torna-se violenta. A compra de mocambos, para aluguel ou para usar
junto ao judiciário, como prova de benfeitorias, passou a ser frequente. Isto porque,
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e a vegetação dos mangues, fixadora de detritos e
consolidadora dos solos. O homem foi o último
elemento a entrar em cena naquele contínuo
trabalho de estruturação do solo do Recife, agindo
através do aterro e das drenagens no sentido de dar
àquele solo a consistência, o declive, a forma e a
extensão mais apropriada a sua ocupação humana,
ao seu aproveitamento como base natural de um
complexo organismo humano.
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1 A OCUPAÇÃO
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estava trabalhando, quando era de noite a gente ia
buscar o barro. Aí, ficava aterrando até 1, 2 horas da
madrugada. Quando a maré enchia, a gente passava
por dentro d’água. Dentro de casa, quando estava
aterrando, não entrava, mas a rua ficava cheia.
Depois foi aterrando até chegar no canal. A gente
andava num bote que ficava na rua São Caetano.
Dali para Campo Grande, para Salgado, tudo era
maré [...].
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compra tábuas, cerca todinho e bota barro dentro,
que segura9’. Aí, ela fez um barraco para a gente.
Quando a maré enchia, a gente ficava presa dentro
do barraco, tinha que comprar as coisas como café,
[...] logo cedo. Quando dava cinco horas, a maré
ia enchendo, a casa ficava arrodeada e a gente no
meio. A gente só saia no outro dia, quando a maré
secava. Nisso, fui vivendo melhorando (a casa) até
hoje [...].
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mosca enorme. Então, eles usavam uma bomba com
veneno para matar as moscas, aí elas invadiram as
casas da gente. A gente comia com o prato coberto.
Aqui, quando chovia, não tinha quem suportasse a
catinga. Encontrei muito sacrifício. Depois do lixo,
quando ficou muito alto, ele colocou caminhões
trazendo areia da praia para cobrir. A gente
aproveitou e foi aterrando o nosso pedaço também,
trazia areia dos pés do muro com um carrinho de
mão. Aterrava. Quando a maré vinha, comia tudo.
Só vim descansar agora depois de velho [...].
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[...] por causa da minha pobreza. Meu marido
era pobre, trabalhava de vigilante. Numa carroça
manual pegava trecos [...] minhas crianças eram
pequenas. A casa era apertada [...] prometeu
trabalho de vigia na Tacaruna [...] e muita gente
vivia pegando marisco, caranguejo e vendendo. E
vivia fazendo assim, trecos [...].
15
Ver sobre o assunto: Iamamoto e Carvalho (1982); Antunes (2003); e outros.
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Mocambo. “O mocambo tem as seguintes características: Parede: taipa, madeira
não aparelhada, zinco, flandre, capim ou palha; Cobertura: palha, capim, zinco, lata,
telha e diversos; Piso: terra, cimento, tijolo, madeira [...] Os quartos, na maioria
dos casos sem luz direta, nunca vão além de quatro ou cinco metros, quando a
área mínima deve ser de oito metros quadrados.” Ver sobre o assunto: Observações
Estatísticas sobre os Mocambos do Recife (1939, p. 9-14).
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De acordo com informações obtidas por intermédio de antigos engenheiros da
Prefeitura do Recife, a construção do Canal de drenagem Derby-Tacaruna, no
trecho da área em estudo – Ilha do Chié –, ocorreu no final da década de 1940, sendo
obra executada pelo Departamento Nacional de Obras e Saneamento (DNOS). Esse
órgão foi extinto pelo Governo Federal em 1990.
18
Na administração do Prefeito Miguel Arraes de Alencar, à frente da Prefeitura
do Recife no período 1960-62, tornou-se prática frequente a instalação de Chafariz
nas áreas pobres do Recife. No Chié, o chafariz foi instalado nessa época, o mesmo
acontecendo nos morros da Casa Amarela onde, até então, a população enfrentava
sérios problemas de acesso à água para o consumo, e estendia-se a outras áreas
pobres da cidade.
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[...] água, a gente tirava da casa dos outros. Depois
apareceu um homem que eu não sei nem quem é, e
colocou água na casa da gente [...].
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perseguidas e fechadas pelo governo como
organizações clandestinas e perturbadoras da ‘ordem
pública’ – ordem dos capitalistas reacionários, dos
latifundiários escravistas, dos tubarões de câmbio
negro e dos piores inimigos do povo brasileiro. O
governo não alfabetizada o povo, nem deixava que
os patriotas o fizessem. É que o povo alfabetizado é
um perigo para a ‘civilização cristã-ocidental’.
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a Avenida Canal – que é uma via expressa, onde
não haverá cruzamento e permitirá seu uso de
pista de velocidade – haverá condições para que
o tráfego intenso, quer vindo de Olinda e Estados
ao norte do Estado, ou de Beberibe, Casa Amarela,
Encruzilhada, Água Fria e adjacências desses
bairros, em demandas para a zona sul da cidade,
não entra na zona comercial, indo até o girador do
Cabanga27.
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entre a Avenida Norte e a Tacaruna, os serviços
ganham uma dimensão especial. Mocambos
são retirados diariamente – com dezenas deles
demolidos e pagos – abrindo caminho para o
progresso do novo Recife28. Milhares de metros
cúbicos de areia estão sendo colocados para aterrar
as áreas alagadas, preparando a infraestrutura
para receber, afinal, a pavimentação da primeira
via expressa do Recife, ligando a Ponte do Pina à
Tacaruna.
28
O Projeto do Novo Recife envolvia grandes obras, entre as quais o alargamento
da Avenida Agamenon Magalhães, intimamente ligado aos Prefeitos nomeados, em
especial Geraldo Magalhães (1968-1971), a Augusto Lucena (1971-1975). A Gestão
Geraldo Magalhães caracterizou-se por uma atuação no espaço urbano, implantação
das grandes obras, alicerçada no discurso da racionalidade planificada. A construção
da Avenida Agamenon Magalhães, anteriormente denominada Avenida do Canal,
teve por objetivo facilitar a comunicação Norte/Sul, atuando sobre as áreas pobres
da cidade e, como consequência, provocando uma valorização dos terrenos situados
ao longo da Avenida.
29
João de Barros – área pobre, assentamento popular - localizado no bairro de Santo
Amaro, nas proximidades da favela de Santo Amaro, áreas estas separadas pela
Avenida Norte. Transformada em Zona Especial de Interesse Social (ZEIS), sendo
até os dias atuais a única ZEIS que teve o processo de urbanização concluído na
cidade do Recife.
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[...] foram para Peixinhos30, Maruim, Alto da
Bondade, Água Fria, na periferia da cidade. Outras
tentaram construir aonde a comunidade ainda
tinha espaço vazio. A comunidade começou mesmo
a se organizar nas lutas, porque, na época, o povo
tinha medo de apanhar. Não tinha diálogo, por
mais que se tentasse. Era uma época muito fechada
para o movimento popular. Quando se falava em
organização, o povo começava logo a pensar que
lutar pelos direitos era subversão e o povo temia
uma represália por parte do governo e a avenida
passou, sem muitos problemas, e nós não temos
muitas informações [...].
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outro aglomerado de mocambos, as casas de tábuas,
zinco, palha e até mesmo de papelão abrigavam
verdadeiras tragédias [...]. Aos males crônicos e
característicos da pobreza e subdesenvolvimento, a
desinformação e alienação de sua própria realidade
agravam o dia-a-dia. Os moradores não estão a par
nem poderiam estar, pois não lêem jornal, não têm
rádio, nem televisão do plano que o Governo tem
para tal área.
E prossegue a notícia:
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170.000,00. As Assistentes Sociais que visitaram
falaram sobre a possibilidade dele ir para uma
casa da COHAB. Mas ele não concorda em sair
de nossa casa, aqui perto da cidade, para ir morar
longe e ainda pagando prestação mensal de casa da
COHAB [...].
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deslocadas.
A proposta não foi aceita pela população. A luta prosseguiu pela
urbanização das favelas e a garantia de permanência de todas as
famílias residentes. A COHAB-PE, em 1981, encampou a proposta
de urbanização com permanência da população e, após elaboração
do projeto executivo, encaminhou-o ao Banco Nacional de Habitação
(BNH)36, solicitando recursos para financiamento.
O Projeto Ponte do Maduro, na sua 1ª fase, marcou uma nova
forma de relacionamento do poder com a população. A resistência
dessa última levou à mudança do Projeto, e o estado aceitou a
urbanização da favela. Assim, foi imposto ao estado de Pernambuco
o reconhecimento das reivindicações e do processo de luta dos
moradores do lugar. Destaque que o País já vivenciava o processo de
abertura política e a reorganização das forças populares.
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estacionamentos privados da Agamenon Magalhães,
onde deveriam beneficiar as famílias residentes
nas imediações, conforme projeto elaborado pela
COHAB e aprovado por todas as Associações de
bairro envolvidas.
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Moradores das quatro áreas para discutir “[...] o futuro das famílias
desapropriadas pela avenida”.
Ainda, no mesmo jornal, há a afirmativa de que o:
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“O Projeto nasceu da avaliação feita pela URB de que o tráfego da Avenida Norte
tem aumentado muito e, dessa forma, o trânsito passa a fluir de modo precário.
Para tentar resolver esse problema, a URB pretende prolongar a Rua Odorico
Mendes, fazendo-a cruzar com as avenidas Agamenon Magalhães, Norte e Cruz
Cabugá. A nova Avenida terá uma extensão de quase dois quilômetros.” (FOLHA
DE PERNAMBUCO, 11.04.90).
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1.3.3 O Transporte
1.3.4 O Comércio
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Para os moradores do Chié, essa é uma luta que parece não ter fim. O
fato das casas serem financiadas com recursos do poder público e a
posse da terra não ter acontecido, ainda, para cada família, punha sob
suspeição a seriedade do projeto, conforme expresso em entrevista:
“[...] falta ainda assinar o processo de posse da terra. Nós moramos
aqui, mas é como se não fosse da gente [...].”
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CAPÍTULO 2
MORADIA E TRABALHO
A
o considerar-se local ocupado pela população pobre no
espaço urbano como ponto fundamental para o acesso ao
mercado de trabalho, procurou-se, neste capítulo, expor
e analisar, sustentado nas representações do morador da favela, a
relação que o este estabelece entre moradia e trabalho.
A ocupação geográfica de espaço pelo homem ultrapassa os limites
exclusivos do uso para moradia. Situa-se num processo de dimensão
histórica e insere-se em circunstâncias políticas. Nesse contexto,
fatores de ordem social, cultural e econômica, intrinsecamente
relacionados, refletem as formas de apropriação do urbano por
diferentes classes sociais.
A partir da compreensão exposta acima, segue-se a abordagem do
tema, situando-se: localização da favela, acesso aos serviços urbanos,
sobrevivência, trabalho, pobreza e renda, entendidos como fatores
intervenientes na relação moradia e trabalho.
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presente no cotidiano dos indivíduos. A casa,
o lugar de trabalho, os pontos de encontro, os
caminhos que unem esses pontos, são igualmente
elementos passivos que condicionam a atividade
dos homens e comandam a prática social. A práxis,
ingrediente fundamental da transformação da
natureza humana, é um dado sócio-econômico,
mas é também tributária dos imperativos espaciais.
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de grandes quantidades de solo urbano para
a produção dos objetos imobiliários que se
contrapõem no imenso parcelamento do uso da
terra urbana, característica marcante de todas as
cidades capitalistas. De outro lado, a propriedade
privada da terra é um monopólio sobre um elemento
fundamental da produção dos objetos imobiliários.
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[...] só não tem (vantagem morar no Chié) porque
não aparece trabalho para os meus filhos, se não
fosse isso, para mim era uma riqueza, porque é
perto de tudo, é muito bom [...].
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[...] é o círculo de amizade que ao longo de 10 anos
eu fiz e que se eu sair daqui vai ser recomeçar tudo
de novo. Para morar numa área urbanizada onde eu
não fiz nada por ela é a mesma coisa de eu chegar,
pegar a casa e vender [...].
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A Emenda Constitucional Nº. 72, de 02.04.2013, define novos direitos ao
trabalhador doméstico, avançando em relação aos anteriormente conquistados.
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O caso da Ilha do Chié difere da questão posta acima pelo fato de ser
uma favela componente do centro urbano, cujos serviços se situam
no seu derredor, que, juntamente com outros fatores constituem um
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Mesmo assim:
[...] às vezes, a pessoa não tem a passagem, mas
com disposição vai a pé, num instante chega (no
trabalho) [...].
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[...] trouxe aquela praça (estacionamento) e não
deu certo. Acho que deu mais prejuízo. Eles
queriam colocar aquele posto de gasolina e o cheiro
incomodava muitas crianças. Para mim trouxe
prejuízo [...].
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do Hospital de Santo Amaro, Encruzilhada [...].
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sem estudar no Brasil [...].
66 É importante ressaltar que a questão da escola não foi tratada de modo particular
no conjunto das questões contidas nas entrevistas. Um outro aspecto a levantar é o
fato de o Chié ser uma área de favela de pequenas dimensões e dispor de escolas do
1° e 2° graus em seu derredor.
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A fábrica da Tacaruna tinha Vila Operária que progressivamente foi sendo
desativada. Algumas das famílias ali residentes foram ocupar o Chié, entre outras
localidades. Sobre Vilas Operárias em Pernambuco ver: Melo, M. A. B. C. 1982. Um
outro estudo sobre Vilas Operárias em São Paulo está em Blay, 1985.
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renda e condições sociais do Nordeste), longe de
ser compreensível enquanto pobreza da região,
tem que ser apreendido como parte de um
processo histórico mais amplo de reprodução dos
diferentes contingentes de trabalhadores na esteira
da expansão do capital monopolista no espaço
nordestino.
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Gancho – expressão muito comum para indicar trabalho avulso, esporádico,
repercutindo, em consequência, num dinheiro incerto.
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sido usada como forma de preservação da força de trabalho”. O BNH foi extinto
em 1986, passando o Brasil por um período marcadamente de ausência de política
nesse campo. Em 2004, após a criação do Ministério das Cidades (2003), foi
elaborada a Política Nacional de Habitação (PNH), definido o arcabouço legal, as
fontes de financiamento, criadas as instâncias de participação e o Plano Nacional de
Habitação, em 2009.
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CAPÍTULO 3
MORADIA E CIDADANIA
O
tema cidadania79 envolve uma dimensão cuja matriz remete
à própria história do ocidente por intermédio, notadamente,
das revoluções burguesas: inglesa, francesa e americana.
79
Sobre o assunto ver: Barbalet (1989); Marshll (1967); Weffort (1981); Oliveira
(1987). Ainda sobre cidadania no Brasil: Scherer (1987), Durham (1984). Sobre
cidadania no Nordeste brasileiro: Haguette (1984).
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[...] era aterrar as casas, fazer as casas de alvenaria.
Lutamos por trabalho, escola, praças e outras coisas
[...].
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Mas apenas quando essa moradia está vinculada
aos equipamentos e serviços urbanos é que se criam
as condições mínimas para alcançar a cidadania.
Cabe a hipótese de que a luta pela moradia pode
significar em muitos casos uma ‘aceitação’ da
sociedade urbano-industrial capitalista, nos termos
da distinção empregada por Cardoso, Camargo e
Kowarick entre o cidadão e o morador. Este luta
por sua sobrevivência na cidade, ancorado na casa
própria e no trabalho, em um processo de luta
individual e de ‘integração’ urbana. Procuramos
obter serviços e equipamentos e, mesmo obtendo
níveis mínimos de sobrevivência, sente-se “um
vencedor que ganhou o ‘round’ de sua batalha
urbana. Embora essa categoria possa, por vezes, ter
limitado o aparecimento do cidadão, que supõe a
consciência da cidade como palco da vida pública
e política e não apenas local de consumo, esse
processo de conquista das mínimas condições
urbanas é essencial.
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em que:
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do processo de ocupação, e isso é reforçado numa
referência ao chão.
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Sobre Política Habitacional pós 1964 ver: Valladares (1978, 1983); Maricato
(1979); Lima (2012). Sobre ver Habitação: Forti (1979).
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Vista como ‘problema’, como crise, como espaço
privado de liberdade, como direito fundamental
do cidadão, se associada à propriedade como
símbolo de status e ascensão social, mercadoria e
investimento, a habitação, em sua complexidade,
comporta vários enfoques e é de interesse de várias
ciências e áreas profissionais.
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de Moradores, com o regime militar e com um
pouco de tempo acabou. Não temos nada oficial
que comprove a existência dessa Associação [...]
essa atual Associação começou a existir no final dos
anos 1970 para 1980, com o surgimento do Projeto
Ponte do Maduro. Antes disso, pelo que a gente tem
conhecimento, as reivindicações da comunidade
eram isoladas, não tinham. Alguém conhecia um
cara na Prefeitura, pedia um caminhão de barro
para ele, tinha um abaixo-assinado para uma coisa
ou outra, mas não tinha uma organização política
da comunidade. Hoje, as reivindicações são através
da Associação da Comunidade do Chié, o pessoal se
reúne, discute e trata [...] mas isso é cerca de 10 anos
para cá, porque antes era totalmente desorganizada
[...].
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populares e suas lideranças e as ‘legalização’
do cerceamento de sua atuação foi articulado
nesse período um processo de desmobilização
das camadas trabalhadoras. De forma geral esse
processo visava eliminar a organização daquelas
classes e sua intervenção no cenário político,
interrompendo também seus canais diretos de
reivindicações.
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[...] vai para a Associação e de lá para a COHAB
[...].
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[...] quem resolve é a Associação. A gente faz
campanha, assembleia, passeata [...].
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CAPÍTULO 4
N
o presente capítulo, aborda-se Moradia e Ação Política com
o objetivo de compreender e interpretar o movimento de
lutas desencadeado pelos moradores da favela do Chié, cujas
ações incorporam a busca para obter bens materiais, mas, em especial
assenta-se na procura de partilhar o processo político na sociedade,
mesmo que confrontada aos limites da participação política popular
no Brasil.
Ao tratar da ação política no contexto deste estudo, não se está com
isto constituindo dois objetivos de análise polarizados teoricamente,
nem tampouco dicotamizando-os. Na verdade, entende-se que
ação política e cidadania desenvolvem-se num encadeamento
indissociável dentro do tecido social.
A moradia expõe dois níveis de ação política, distinção acionada
apenas como forma de abordagem, visto que, de fato, compõem-se
numa mútua inter-relação.
O primeiro nível surge e se enraíza no embate de forças, tendo como
centro de disputa o tecido social e as contradições a ele agregadas; o
segundo emerge na esfera da articulação dos interesses individuais
para criação e fortalecimento do coletivo. Em ambos os níveis, o
enfoque principal converge para a interferência e partilha política,
se bem que, por vezes, aparentemente pacífica, transparecem
conflituosas no debate de interesses díspares entre classes distintas
no interior da sociedade.
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Sobre as várias tentativas de expulsão do Chié, ver Capítulo 1.
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A primeira Associação de Moradores do Chié esfacela-se com o movimento de
1964, já mencionado neste trabalho. Jaccoud (1987, p. 57), numa análise sobre as
associações de bairro do Recife no período 1945-1964.
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Sobre movimento de bairro no Recife ver: ETAPAS, 1988; Cézar, 1985. E, sobre
movimentos sociais no Recife, Jaccoud, 1990.
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Em relação à participação ver: Ammann, 1880; Cardoso, 1977, e outros.
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necessidade própria [...].
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Atas das reuniões da Associação do Chié registram: 30.07.1980 – “presença
do amigo Jarbas Vasconcelos”. 21.03.85 – Posse da nova diretoria da Associação,
presentes: Representantes dos Empregados Domésticos do Recife, Componentes
da Juventude Socialista do PDT, Movimento de Mulheres do PDT, Associação
de Moradores da Ilha de Santa Terezinha e representantes da Igreja. Reunião do
07.08.1981 assinala a presença de Conselheiros de Brasília Teimosa que orientavam
sobre como se faz uma Associação de Moradores.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
O
processo de ocupação do solo na cidade do Recife guarda
determinadas singularidades, em face de outras cidades
brasileiras. O aterro dos mangues é parte de sua história,
desde o esboço mais incipiente de sua estruturação enquanto cidade.
É um processo até mesmo anterior, vem da natureza, intensificado
pelos holandeses, perpetuado pela população mais pobre, na luta
pelo espaço para suas moradias.
A intervenção do homem expressa fatores de natureza socioeconômica
e política, retrata questões macros que determinam o urbano:
estrutura fundiária, desemprego, concentração de renda, situação
econômica do Estado, tradição de dominação oligárquica cultural de
dominação, paternalismo político, populismo, desarticulação social,
fraco nível organizativo da população, cidadania restrita, entre
outras. Fatores dessa ordem repercutem na correlação de forças que
se estabelece entre grupos sociais diferentes com a intermediação do
Estado.
Como tem demonstrado a história, o solo ocupado pela população
pobre no Recife, em sua grande parte, situa-se em áreas de mangue,
margens de canais, terras passíveis de alagamento, morros e encostas
muitas das quais apresentam menores condições imediatas de
urbanização. Tais circunstâncias têm se constituído argumento e
contribuído para que a cidade e seu processo de renovação urbana
se deem por sobre essas áreas, provocando uma expulsão dos seus
ocupantes. Ademais, as precárias condições das moradias de baixa
qualidade, padrão de referência para as indenizações, apresentam
um custo reduzido frente às habitações de outros segmentos
de renda mais elevados, o que “viabiliza” economicamente os
empreendimentos. Enquanto que o valor das indenizações tem sido
insuficientes para repor a moradia.
No entanto, outros interesses situam-se por trás dessa realidade: a
criação de espaços para especulação imobiliária a curto prazo ou em
prazos médios e longo, bem como, o distanciamento do pobre do
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REFERÊNCIAS
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Jornais Consultados
Diario de Pernambuco, períodos: 1968 a 1973; 1975 a 1979; 1988 a
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Atas
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Outros
Diário do Estado / Diário dos Municípios. Ano XV. 21 de abril de
1938. Decreto-Lei Nº 49.
Outros decretos: Lei Nº 50, 109, 121, de 1938 e Lei 181 e 186 de
1939. Resumo assinado pelo Prefeito Antônio Novaes Filho.
COMISSÃO CENSITÁRIA DOS MOCAMBOS. Decreto Nº 182, de
17 de setembro de 1938. Imprensa Oficial – Recife, 1939.
Lei de Uso e Ocupação do Solo – Lei Nº 14.511, de 17 de janeiro de
1983, do município de Recife, cria as Zonas Especiais de Interesse
Social (ZEIS).
Lei Nº 14.947, de 30 de março de 1987, Regulamenta o Plano de
Regularização das Zonas Especiais de Interesse Social (PREZEIS),
instrumento político fruto da luta do movimento popular, que
possibilita a legalização das áreas, em conformidade com as
características que apresenta.
Lei Nº 16.303/97, de 23 de maio de 1997, municipal que atualiza a
Lei Nº 14.947, de 30 de março de 1987.
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