Ap2 - Hist Local

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UNIVERSIDADE ESTADUAL VALE DO ACARAÚ

CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS – CCH


CURSO DE HISTÓRIA
DISCIPLINA: História Local

PROFa. Dra. Edvanir Maia da Silveira


Antônio Charles Andrade da Silva
João Antonio de Sousa Silva
Thalysson de Sousa Rodrigues

Projeto de Extensão

Introdução
O presente projeto foi elaborado para a execução de uma disciplina Eletiva presente na
configuração do novo Ensino Médio. O que é esse novo Ensino Médio? o ensino médio por se
tratar da última etapa da educação básica e por possibilitar nortear os jovens com relação seu
futuro é historicamente espaço de disputas e discussões, observando o constituição do ensino
positivista que no Brasil podemos perceber que foi ainda no contexto da Ditadura Militar
(1964 a 1985),
no início da República e na década de 70, com a escola tecnicista. Foi muito
divulgado por intermédio do Apostolado Positivista que se incorporou ao
movimento pela proclamação da república e da elaboração da constituição de 1891.
O movimento republicano apoiou-se em ideias positivistas para formular sua
ideologia da ordem e do progresso, graças particularmente à atuação de Benjamim
Constant (1836-1891). (ISKANDAR, 2002, p. 3)

Posto como fruto do período da ditadura, podemos constatar a visão capitalista dentro
das tendências liberais nas estruturas pedagógica desse modelo de ensino, ou seja:
O discurso tecnicista prioriza a técnica e retira do professor a subjetividade inerente
ao processo educacional, dessa maneira, o ensino passa a ser condicionado ao
objetivo da função técnica, colocando o objetivo pedagógico do professor e a
aprendizagem do aluno em segundo plano, como se o ambiente escolar fosse um
ambiente de trabalho, onde o professor apenas supervisiona e o aluno busca o
objetivo da função técnica. (LOPES, 2020, p. 2)

Diante disso temos um ensino em que os alunos assumem a postura passiva de


aprendizado, na qual recebem conteúdos e informações que o professor neles depositam,
como defende Paulo Freire com a educação bancária presente na obra Pedagogia do
Oprimido. Esse modelo há décadas é criticado por especialistas da educação e pelos próprios
jovens que não ver esse ensino eficiente e qualificado, mas arcaico, enfadonho,
desinteressante e longe da realidade dos alunos, resultando na evasão escolar como mostra os
dados do IBGE, “Censo escolar de 2012 mostram que dos 10.357,854 jovens brasileiros de 15
a 17 anos apenas 5.451.576 foram matriculados no Ensino Médio, ou seja, 58%. Nesse caso,
ainda estão retidos no ensino fundamental 3.352.117 jovens de 15 a 17 anos e 978.540 estão
fora da escola”. (CORSO, 2014, p. 2)
No governo de Michel Temer (2016-2018), período que a política neoliberal ascende
ao poder, assistimos o ensino médio ser atacado novamente, surgindo assim o Novo Ensino
Médio (NEM), com as alterações educacionais pela lei 13.415/2017, com mudanças do ensino
médio e a alteração do ensino tecnicista no Brasil. No NEM, aumenta a carga horária do
estudante e configurou o modelo em 60% do currículo do Ensino Médio (nos três anos de
formação) deve ser determinado pela Base Nacional Comum Curricular (BNCC). Os outros
40% são flexíveis – com foco na formação técnica e/ou profissional – e podem ser definidos
pelo próprio estudante. Portanto, a grade curricular funcionará da seguinte forma: Disciplinas
obrigatórias todos os anos: português, inglês e matemática. Projeto de vida: componente
curricular que tem por objetivo auxiliar o aluno a pensar e decidir os rumos da sua vida
profissional. Por fim, Itinerários formativos: conjunto de disciplinas que os alunos poderão
escolher para complementar o seu currículo. Entre elas estão: Linguagens e suas tecnologias,
Matemática e suas tecnologias, Ciências da Natureza e Ciências Humanas e Sociais.
Nesse novo modelo surgiram as disciplinas eletivas na qual compõe os itinerários
formativos. Não são obrigatórias e a sua oferta pode variar de acordo com a decisão da
instituição escolar. A partir dessa nova configuração que adentra a disciplina eletiva proposta
nesse projeto de extensão.
História local como uma disciplina é uma forma de possibilitar que os estudantes
compreendam a formação da região na qual está inserido, identificando passado e presente
nos vários espaços de convivência e possibilitando, inclusive, constituição de uma consciência
histórica, algo tão necessário nos dias atuais.
Apresentação da disciplina Eletiva

A disciplina foi organizada em três blocos: A origem, O problema e A intervenção.


Neste primeiro momento seria debatido sobre a origem do Estado e as primeiras organizações
urbanas nos territórios da Mesopotâmia e Egito, algo que já estava acontecendo durante a
disciplina curricular de História, desse modo, reconhecendo o processo colonial do estado do
Ceará, adaptamos a disciplina para um contexto regional, mas principalmente para um
contexto local, analisando o surgimento da sociedade cearense em volta dos rios Jaguaribe e
Acaraú. Segundo Airton de Farias:

Os rios eram, geralmente, tratados e imaginados pelos conquistadores como


caminhos naturais e referência espacial no reconhecimento de novos
territórios – percorrer a região a ser explorada acompanhando a extensão dos
rios parecia a atitude mais adequada, sem falar que as correntes de água
(pelo menos na quadra chuvosa) possibilitavam ainda o abastecimento de
pessoas e boiadas, e até o fornecimento de alimentos, com a pesca e a caça
de animais, que ali saciavam a sede. (FARIAS, 2015, p.34)

Desta maneira, para o ensino de história não se tornar redundante para os estudantes,
pensei na proposta de trabalhar uma história que converse com a vida dos alunos, buscando
compreender o processo de ocupação do seu próprio estado/cidade tentando fugir também do
ensino sobre o ensino da criação das primeiras cidades do Sudeste que pouco lhe dizem
respeito durante os próximos blocos. Buscando compreender como a sociedade, durante o
período colonial, se organizavam de forma religiosa, econômica e cultural.
No segundo momento da disciplina os alunos trabalham sobre o surgimento das
cidades e o processo de urbanização do “Brasil”, convidando os mesmos a investigar e
identificar problemas urbanos. Para minha surpresa, os únicos problemas que são expostos
pela apostila disponibilizada eram sobre o eixo Rio-São Paulo, enquanto havia um único
parágrafo sobre o processo de urbanização das regiões Nordeste, Norte e Sudeste, os estados
de São Paulo e Rio de Janeiro foram homenageados com uma ou duas páginas.
Portanto, busquei adaptar as mesmas atividades para as cidades natais de cada aluno,
em forma de seminários os alunos buscaram notícias que tratassem sobre Déficit de moradia e
habitações precárias; déficit no atendimento de transporte público e etc. Incorporando os
alunos em seu próprio espaço-tempo fugindo da história dos grandes eixos econômicos
mundiais, criando um novo olhar sobre a cidade e o incorporando como sujeito modificante
da sua própria sociedade, pois ao analisar estes problemas cada aluno apresentou uma maneira
de como lutar para modificação da sua cidade.
Um ponto positivo desta disciplina é como ela foge do ensino factual pela
dinamização destes blocos por conta de sua interdisciplinaridade trabalhamos inúmeros
conceitos sociológicos, geográficos e filosóficos envolvendo todas as áreas das Ciências
Humanas. No terceiro momento, os alunos, após conseguirem consciência histórica dos
problemas estruturais de sua cidade, trabalharam propostas de intervenções diretas que
pudessem mudar a vida de pessoas do seu bairro.
O segundo e terceiro bloco partirá de inúmeros estudos sobre o processo de
urbanização e apresentará estudos de casos para os alunos. Então no início da última etapa o
aluno deverá conseguir identificar problemas e entender sua comunidade como integração
social e cultural. Os alunos vão criar suas próprias propostas e criando propostas de
intervenções políticas baseadas em acordos internacionais de sustentabilidade e buscando a
erradicação da pobreza.
Para a execução desta disciplina será necessário em torno de 24 aulas, sendo dividida,
7 aulas para o primeiro bloco sobre a origem da sociedade e a sua relação com os rios, 7 aulas
para o segundo bloco sobre o processo de urbanização e os problemas ambientais e 10 aulas
para o terceiro bloco que será mais prático, porém longo, pois haverá participação direta dos
alunos no processo de criação da aula.
Na falta de um paradidático sobre História de Sobral para o ensino médio, tive que
utilizar um paradidático do Fundamental 11 que me auxiliou em vários assuntos, juntamente
com livro História do Ceará2 do Airton de Farias e a unidade de aprofundamento do Instituto
Uno.

Considerações finais

Buscamos fazer um paralelo entre o distante e o próximo, a fim de aproximar para a


realidade do aluno, assim, fazendo uma adaptação para um contexto regional. Essa abordagem
tem o objetivo de tornar o conteúdo mais relevante e significativo, proporcionando uma

1 Santos, Lidia Noemia. Construindo Sobral – Fortaleza: Edições Demócrito Rocha/ Instituto do
Patrimônio Histórico e Artístico Nacional/ Brasil - Ministério da Cultura/ Governo do Estado do
Ceará /Banco do Nordeste, 2011.
2 Farias, Airton de. História do Ceará - Fortaleza : Armazém da Cultura, 2015.
compreensão mais profunda e envolvente dos eventos históricos que ocorreram na região em
que o aluno vive.
Ao trazer a história local para a sala de aula, os alunos têm a oportunidade de se
conectar com o passado de sua própria comunidade, entender como ela se desenvolveu e quais
foram os principais eventos que a influenciaram. Essa abordagem permite que os estudantes
se sintam mais engajados, pois conseguem identificar a importância da história local em suas
vidas e compreender como ela se relaciona com a história nacional e global.
Além disso, ao adaptar a disciplina de história para um contexto regional, é possível
explorar recursos locais, como museus, arquivos históricos, monumentos e até mesmo
entrevistas com pessoas da comunidade que vivenciaram os eventos históricos em questão.
Isso proporciona uma experiência mais concreta e vivencial aos alunos, permitindo que eles
vejam os conceitos abstratos da história ganharem vida diante de seus olhos.
Por meio dessa abordagem, os alunos também têm a oportunidade de desenvolver um
senso de identidade e pertencimento à sua comunidade, valorizando sua cultura e tradições.
Ao compreender a história local, eles se tornam agentes ativos na preservação e no
compartilhamento dessa história, contribuindo para a valorização do patrimônio cultural da
região.
Em suma, ao aproximar o estudo de história local à realidade do aluno e adaptar a
disciplina para um contexto regional, é possível proporcionar uma aprendizagem mais
significativa, envolvente e relevante. Essa abordagem permite que os estudantes se conectem
com sua própria história, compreendam sua identidade cultural e desenvolvam um apreço pelo
patrimônio histórico de sua região.

Referências
SANTOS, Lidia Noemia. Construindo Sobral – Fortaleza: Edições Demócrito Rocha/
Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional/ Brasil - Ministério da Cultura/
Governo do Estado do Ceará /Banco do Nordeste, 2011.

FARIAS, Airton de. História do Ceará - Fortaleza : Armazém da Cultura, 2015.

LOPES, Roniery Capel. As permanências históricas: o ensino tecnicista e a política


neoliberal. LEPH - Revista Me Conta Essa História, 20200. Disponível em:
https://www.mecontaessahistoria.com.br/post/as-perman%C3%AAncias-hist%C3%B3ricas-
o-ensino-tecnicista-e-a-pol%C3%ADtica-neoliberal
LINS, Maria Judith Sucupira da Costa. Educação bancária: uma questão filosófica de
aprendizagem. Apresentado ao Comitê Editorial em 22/01/2011. Disponível em:
https://www.hugoribeiro.com.br/biblioteca-digital/Lins-Educacao_bancaria.pdf

ISKANDAR, Jamil Ibrahim; LEAL, Maria Rute. Sobre o positivismo na Educação. Revista
Diálogo Educacional, vol. 3, núm. 7, septiembre-diciembre, 2002. Disponível em:
https://www.redalyc.org/pdf/1891/189118078007.pdf

CORSO, Angela Maria Corso; SOARES, Solange Toldo. O ensino médio no Brasil: dos
desafios históricos as novas diretrizes curriculares nacionais. X ANPED SUL,
Florianópolis, outubro de 2014. Disponível em: http://xanpedsul.faed.udesc.br/arq_pdf/2085-
0.pdf

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