Galoa Proceedings Compos 2022 150292
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31º Encontro Anual da Compós, Universidade Federal do Maranhão. Imperatriz - MA. 06 a 10 de junho de 2022.
COMUNICAÇÃO ANTIRRACISTA:
notas crítico-reflexivas e propositivas1
ANTI-RACIST COMMUNICATION:
critical-reflective and propositional notes
Francisco Leite 2
Resumo: O objetivo deste artigo é apresentar, a partir de uma pesquisa bibliográfica, a articulação
de um quadro teórico que facilite e fomente o exercício, pessoal e coletivo, de pensar
sobre os sentidos de uma comunicação antirracista. Desse modo, como resultado, é
oferecido um conjunto de reflexões críticas e propositivas, que informa o campo
comunicacional brasileiro sobre algumas referências e ferramentas conceituais
potencialmente capazes de sustentar o desenvolvimento de ideias, práticas e o
encadeamento de diálogos frutíferos entre os estudos da comunicação e os estudos
acerca do antirracismo.
Abstract: This paper, which is based on bibliographic research, aims to presente the articulation
of a theoretical framework that facilitates and encourages the personal and collective
exercise to think about the meaning of anti-racist communication. Results offer a set
of critical and propositional reflections, which informs the Brazilian communication
field about some references and conceptual tools capable of supporting the
development of ideas, practices and the linking of fruitful dialogues between
communication studies and anti-racism studies.
1. Introdução
Este texto, estruturado por notas crítico-reflexivas e propositivas, tem como objetivo
apresentar a articulação de um quadro teórico que facilite e fomente o exercício, pessoal e
coletivo, de pensar sobre os sentidos de uma comunicação antirracista. Nessa direção, o desafio
deste artigo é tentar organizar e explorar, a partir de uma pesquisa bibliográfica, não exaustiva,
um conjunto introdutório de reflexões que informe o campo comunicacional brasileiro sobre
algumas referências e ferramentas conceituais potencialmente capazes de sustentar a tarefa de
encadear e nutrir diálogos frutíferos entre os estudos da comunicação e os estudos acerca do
antirracismo.
1
Trabalho apresentado ao Grupo de Trabalho Comunicação e Sociabilidade do 31º Encontro Anual da Compós,
Universidade Federal do Maranhão, Imperatriz - MA. 06 a 10 de junho de 2022.
2
Doutor em Ciências da Comunicação pela Universidade de São Paulo. Pesquisador vice-líder do grupo de
pesquisa ArC2 – Estudos Antirracistas em Comunicação e Consumos ECA-USP/CNPq. E-mail:
[email protected].
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Dessa maneira, busca-se desdobrar algumas anotações que possibilitem perceber como
essa associação pode ser relevante para tensionar e revigorar as expressões da comunicação, -
a partir dos seus espaços de ação e fluxos de produção de sentidos -, no que tange ao
desenvolvimento de intervenções teóricas e práticas que, de modo substancial, apoiem o
combate ao racismo, inscrevendo espelhamentos e mudanças sociais.
Para conduzir essa tarefa, adota-se como aportes teóricos basilares reflexões advindas de
estudos nacionais e internacionais da comunicação, da educação, da psicologia social,
sociologia, entre outros. Especificamente, dos estudos da comunicação, de modo especial, não
exclusivo, estão sendo consideradas as perspectivas de Sodré (2002, 2006, 2014 etc.). Esse
autor vem compreendendo a comunicação na perspectiva de uma ciência do comum3 e do pós-
disciplinar4.
Nesse enquadramento, para assimilar a episteme comunicacional no contemporâneo, de
acordo com Sodré (2014), é preciso prescindir do modelo sociológico e linguístico que define
a comunicação como processo transmissor de informações e pensá-la a partir de um
entendimento ético-político, que a considere como conexão ou organização originária do
comum, como laço coesivo da comunidade, fruto das experiências humanas e da sociabilidade.
O saber da comunicação pode ser compreendido “como uma ciência redescritiva do
comum humano, que abrange desde o laço intersubjetivo inerente à coesão comunitária até as
relações sociais regidas por mídia”, tendo em vista que “a comunicação [...] não é transmissão
de informações nem diálogo verbal, e sim uma forma modeladora (organização de trocas reais)
e um processo (ação) de pôr diferenças em comum” (SODRÉ, 2014, p. 369).
Para Sodré, o objeto dos estudos da comunicação seria esse comum, que se construiria,
respectivamente, pelas instâncias ou níveis da vinculação, da relação social e da metacrítica.
Ele explana que o nível da vinculação pode ser entendido como os laços invisíveis do comum
“entre o eu e o outro, logo, a apreensão do ser-em-comum (individual ou coletivo), seja sob a
3
Nas suas reflexões, epistemologicamente, Sodré distingue “comum” e “comunidade”, “reservando ao primeiro
termo o sentido de uma disposição ontológica originária e inerente à filogênese e à ontogênese do ser humano
[...]. A comunidade, por sua vez, não é a atualização institucional desse comum originário, mas algo em que
sempre estamos na medida em que sempre nos comunicamos, no interior da distribuição dos lugares e das
identificações constitutivas do laço coesivo [o comum]. São várias, assim, as formas de comunidade [...]. Cada
uma delas resulta de uma subjetivação que, por sua vez, instaura um novo comum” (SODRÉ, 2014, p. 399-400).
4
Sodré considera “a comunicação como um novo tipo de ciências sociais, que aglutina e faz ponte com várias
outras disciplinas do pensamento social (antropologia, sociologia, psicologia social, economia etc.). A
comunicação [, segundo ele,] relativiza muito os objetos dessas disciplinas sociais [...], é a ciência do século XXI
[...]” (SODRÉ, 2019, p. 880).
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forma de luta social por hegemonia política e econômica, seja sob a forma de empenho ético
de reequilíbrio das tensões comunitárias” (SODRÉ, 2002, p. 223). Desse modo,
[...] a natureza profunda da comunicação está na vincularidade. Está nas relações que
passam por carne, por corpo, por afeto. A vincularidade que começa com pai e mãe,
entre um casal, com os filhos, com os amigos, com a comunidade. Portanto, o vínculo
não é feito apenas por linguagem. Ele é feito também de afeto. O vínculo é, ao mesmo
tempo, linguístico e sensível [...] (SODRÉ, 2020a, [on-line]).
O vínculo não se define por “fazer contato” (SODRÉ, 2014, p. 429), mas ele expressa
“como é que as pessoas se mantêm unidas, juntas socialmente. [...] é o laço atrativo. É a
obrigação simbólica originária, [...] uma dívida simbólica com o grupo social. É também um
compromisso de vida ou de morte” (SODRÉ, 2001, p. 2). A vinculação, - ou relação vicária5 -
, se articula de modo consciente ou inconsciente. Ela é simbólica (força e energia), psíquica e
operacionaliza-se por “disposição afetiva” (SODRÉ, 2014, p. 430). Ela “não passa
necessariamente por mídia, embora a mídia possa estar presente na influência desse vínculo”
(SODRÉ, 2015, p. 123), que é tratado por ela como relação. Sendo assim, “a mídia trata a
externalidade dessa vinculação, que é a relação” (SODRÉ, 2001, p. 2)6.
Já o nível da relação social reflete o vivido. Por exemplo, “as relações secundárias,
rearranjadas e fabricadas por mídia, [é nessa instância que se localizam os] estudos de mídia,
da economia interna da comunicação [...]” (SODRÉ, 2015, p. 124). Nesse ponto, é prudente
registrar que, para Sodré (2002), a mídia “é a ‘boca do mercado’, fala em nome do Mercado e
numa linguagem que nos soa familiar” (YAMAMOTO, 2012, p. 51).
É também no nível da relação social que se observa a ideia de midiatização, que denota
[...] o funcionamento articulado das tradicionais instituições sociais e dos
indivíduos com a mídia. [...]. A midiatização é [...] uma elaboração conceitual para
dar conta de uma nova instância de orientação da realidade capaz de permear as
relações sociais por meio da mídia e constituindo – por meio do desenvolvimento
acelerado dos processos de convergência midiática – uma forma virtual ou simulativa
de vida, a que já demos nome de bios midiáticos (ou bios virtual)” (SODRÉ, 2014,
p. 152-153, grifo nosso).
5
De acordo com Sodré, são essas relações “que mexem com a forma social” (SODRÉ, 2019, p. 881).
6
Para Sodré, “[...] o que a sociologia hoje chama de ‘relação social’ é tão só a superfície visível desse laço ou
vínculo, sob o qual se agitam as diferenças e as oposições, a latência das transformações e das passagens de uma
forma simbólica a outra” (SODRÉ, 2014, p. 395).
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Sodré explica que esse conceito denota “o modelo atual do capitalismo em que estamos vivendo. O capital não
gosta de gente, mas ele ainda precisa de gente. Já o capital financeiro não só não gosta de gente – mas odeia –,
porque não precisa dela. Ele é só jogo de roleta, de bolsa, transferência de capitais. É só ficção: o desdobramento
do que Marx chamava de ‘capital fictício’ – aquele que se apropria da realidade produzida pelo trabalhador para
obter o lucro. Esse é o capitalismo no qual entramos” (SODRÉ, 2020b, p. 312).
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Considerando essas díspares relações de poder, é profícuo fortalecer essa definição de racismo, organizada por
Collins (2019), a posicionando em linha com a ideia de racialização. De acordo com Paradies, a racialização pode
ser observada como “[...] sistema social pelo qual as pessoas são divididas em raças, com poder distribuído (ou
produzido) desigualmente com base nessas classificações raciais. A racialização é incorporada através de atitudes,
crenças, comportamentos, leis, normas e práticas que reforçam ou neutralizam assimetrias de poder” (PARADIES,
2005, p. 3, tradução livre).
9
Grosfoguel ressalta que “colonialidade” não é “colonialismo”. Ele usa a palavra “colonialismo” para se referir
“a ‘situações coloniais’ impostas pela presença de uma administração colonial, como é o caso do período do
colonialismo clássico, e [..] us[a] a designação ‘colonialidade’ para [se] referir a ‘situações coloniais’ da
actualidade, em que as administrações coloniais foram praticamente erradicadas do sistema-mundo capitalista.
Por ‘situações coloniais’ entend[e] a opressão/exploração cultural, política, sexual e económica de grupos
étnicos/racializados subordinados por parte de grupos étnico-raciais dominantes, com ou sem a existência de
administrações coloniais” (GROSFOGUEL, 2008, p. 126-127).
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Segundo Collins, esse conceito abarca a ideia de “organização geral das relações hierárquicas de poder em dada
sociedade. Qualquer matriz específica de dominação tem: (1) um arranjo particular de sistemas interseccionais de
opressão, por exemplo, raça, classe social, gênero, sexualidade, situação migratória, etnia e idade; e (2) uma
organização particular de seus domínios de poder, por exemplo, estrutural, disciplinar, hegemônico e interpessoal”
(COLLINS, 2019, p. 460).
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racismo molecular, de microformas. Como? Por exemplo, nas atitudes, nas maneiras como as
instituições se constituem e, expressivamente, nas suas “[...] formas de seletividade social, no
recrutamento para as boas opções sociais [...]. Isso está na mídia [, por exemplo]” (SODRÉ,
2018, [on-line])11. Ainda nesse prisma, Gomes (2020) chama atenção para a importância de
perceber (para modificar) que é nos espaços de poder das instituições sociais, a exemplo da
indústria midiática e suas materialidades, que o racismo se enraíza e se reverbera.
Diante desses contextos, Almeida (2019, n. p) sugere algumas pistas para direcionar o
enfrentamento dessas questões nos espaços das instituições, argumentando que “[...] se o
racismo é inerente à ordem social, a única forma de uma instituição combatê-lo é por meio da
implementação de práticas antirracistas efetivas”, que reajam as suas expressões e reflitam
sentidos junto aos seus públicos internos e externos. Mas, afinal, o que é o antirracismo? Quais
as suas formas, funções, estratégias e impactos?
Algumas reflexões que orientam potenciais respostas para tais questionamentos são
oferecidas nas próximas linhas. No entanto, é importante destacar que esses direcionamentos
inscrevem um racional inconclusivo, desse modo, aberto e convidativo para o exercício de um
agir coletivo para a construção de um pensar certo. Conforme a perspectiva freireana,
Pensar certo [...] é uma postura exigente, difícil, às vezes penosa, que temos de
assumir diante dos outros e com os outros, em face do mundo e dos fatos, ante nós
mesmos. [...]. É difícil, entre outras coisas, pela vigilância constante que temos de
exercer sobre nós próprios para evitar os simplismos, as facilidades, as incoerências
grosseiras (FREIRE, 2007, p. 49).
11
Sodré explica que, no Brasil, esse racismo molecular se articulou “[...] a partir de uma consciência colonialista
do branco do Ocidente. É como [...] se a branquitude fosse [a] antropológica do homem ocidental. Isso foi
incorporado pelas elites brasileiras desde o pacto que fundou a República, ou seja, os ideais da República se
associam aos ideais eugênicos europeus. A partir disso, derivam modos de vida baseados em julgamentos e
preferências que se repetem nas seleções de emprego, na maneira de tratar e na maneira de lidar entre as pessoas.
Penso, por meio desse paradigma baseado numa consciência da branquitude, a consequência de grande parte dos
problemas de repulsão e aproximação nas relações sociais. A forma da escravidão está incrustada na forma social
brasileira [como a sociedade se configura por dentro e por fora]” (SODRÉ, 2019, p. 87).
12
No entanto, de acordo com Bonnett (2000), dentro de uma perspectiva histórica, ações antirracistas podem ser
identificadas em diversos lugares do mundo bem antes desse período.
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dessa concepção era circunscrito às produções científicas de língua inglesa e francesa. De modo
amplo, ainda segundo Bonnett (2006), o entendimento de antirracismo pode ser delineado em
referência às ideologias e práticas que afirmam e buscam possibilitar a igualdade racial/étnica.
Nesse sentido, esse conceito pode ser definido minimamente como “[...] formas de
pensamento e/ou prática que buscam confrontar, erradicar e ou aliviar o racismo. O
antirracismo implica a capacidade de identificar um fenômeno - racismo - e fazer algo a
respeito” (BONNETT, 2000, p. 3, tradução livre, grifo nosso).
Kendi (2019) ao orientar sobre como ser e agir de modo antirracista, demarca que o
indivíduo ou a instituição antirracista podem ser vistos como aqueles que apoiam “[...] uma
política antirracista por meio de suas ações ou expressando uma ideia antirracista” (KENDI,
2019, p. 23, tradução livre). Dawson et al. (2020) agregam a essa percepção pontuando que ser
antirracista denotaria também construir confiança e inclinar-se para conversas difíceis,
reaprender a história, entender os nossos preconceitos e suas origens, conectar-se de maneiras
autênticas, ouvir e construir responsabilidade com práticas e estruturas antirracistas.
De modo consonante, ao definir o antirracismo como algo que promove a igualdade de
oportunidades entre os grupos raciais/étnicos, Berman e Paradies (2010) acrescentam a essa
compreensão pontuando que alguns estudiosos têm tentado ir além do entendimento do
antirracismo como simplesmente o oposto do racismo para considerá-lo também como a
construção de um projeto positivo sobre o tipo de sociedade em que as pessoas podem viver
juntas em harmonia e respeito mútuo. Gomes (2020) também se alinha a esse entendimento.
Bonnett (2000), considerando as questões sociais contemporâneas, também posiciona o
antirracismo para além da visão restrita de, geralmente, enquadrá-lo como espírito desafiador
e um produto da vontade pessoal e coletiva de oposição ao racismo. Ele alerta que o
antirracismo não é exclusivamente sobre resistência, mas se ocupa da criação de estados
sustentáveis, da reprodução de economias modernas e do estabelecimento de princípios de
legitimidade política internacionalmente aceitos.
Carrim e Soudien (1999), a partir de uma perspectiva crítica, observam que o
antirracismo precisaria manter o foco nas forças macro socioeconômicas e políticas das
instituições e nas maneiras pelas quais elas se cruzam e influenciam as vidas micro e
individuais das pessoas. Ademais, o antirracismo em suas práxis responsivas precisaria
assegurar
[...] um sentido “desessencializado” [(Hall, 1992)] das identidades das pessoas, na
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(2000), apontam cinco princípios compartilhados pelos teóricos da TCR, a saber: 1) papel
central dos conceitos de raça e racismo; 2) o desafio à ideologia dominante; 3) o compromisso
com a justiça social; 4) a centralidade do conhecimento experimental; e 5) a adoção de uma
perspectiva interdisciplinar.
Já entre os principais temas explorados nos trabalhos da TCR, Ferreira e Queiroz (2018)
destacam, com base em Delgado e Stefancic (1993): a crítica ao liberalismo; as interpretações
revisionistas das leis sobre os direitos civis estadunidenses e sobre o progresso; o determinismo
estrutural; raça, sexo, classe e suas intersecções; o essencialismo e antiessencialismo; o
nacionalismo cultural e separatismo; as instituições jurídicas, pedagogia crítica e representação
de grupos minorizados [...]; a crítica, autocrítica e réplicas; entre outros.
Em complemento, Gillborn (2006) indica as principais ferramentas teóricas da TCR: 1)
storytelling e counter-storytelling: narrativa e contranarrativa, “[...] que visa[m] lançar dúvidas
sobre a validade de premissas ou mitos aceitos, especialmente aqueles sustentados”
(DELGADO; STEFANCIC, 2017, p. 171, tradução livre), historicamente, pelas políticas e
práticas racistas; 2) convergência de interesses: “[...] tese iniciada por Derrick Bell de que o
grupo majoritário tolera avanços para a justiça racial apenas quando convém fazê-lo”
(DELGADO; STEFANCIC, 2017, p. 177, tradução livre); e 3) estudos críticos da branquitude
(critical white studies): recente área de investigação crítica que vem posicionando e
examinando a construção da branquitude sob as lentes raciais (DELGADO; STEFANCIC,
2017, p. 85, tradução livre).
Nesse ponto, é oportuno refletir sobre a pertinência e contribuições dessas referências
para pensar os contextos brasileiros, bem como questionar diretamente: como utilizar esse
referencial teórico para pensar e intervir em outras realidades atravessadas pelo racismo, como
a brasileira?
Ferreira e Queiroz (2018) inscrevem algumas orientações para esse questionamento ao
ratificarem ser frutífera a utilização crítica desse referencial teórico para também pensar as
questões raciais no Brasil. No entanto, alertam que:
O que é necessário – e possível, portanto – é não se fazer a mera importação de um
modelo, mas, sim, o aporte adaptado e útil para se pensar na realidade nacional. Nesse
ponto, concorda-se plenamente com Silva e Pires [2015, p. 68], de que “ao levar em
conta a realidade racial e o papel do direito [e outras áreas do saber] na manutenção
das desigualdades, a [TCR] questiona fatos que também são relevantes no Brasil ao
se discutir a estrutura racialmente hierarquizada da sociedade e das instituições”
(FERREIRA; QUEIROZ, 2018, p. 223-224).
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Foco indivudual
(HAGE, 2016) (LYNCH, SWARTZ e ISAACS, 2017) (BEN, KELLY e PARADIES, 2020)
Já Lynch, Swartz e Isaacs (2017), em um estudo que revisou mais de quinze anos de
pesquisa sobre educação antirracista, que dialoga com este trabalho, recomendam que os
impactos antirracistas devem ser direcionados a mobilizar três componentes que podem ser
interligados: 1) tornar/fazer visível a opressão sistêmica (visibilizar); 2) reconhecer a
cumplicidade pessoal na opressão, por meio de privilégios não conquistados (reconhecer); e 3)
desenvolver estratégias para transformar as desigualdades estruturais (estrategiar).
Com base na investigação de meta-análises, revisões e estudos experimentais (baseados
em campo e em laboratório) recentes, Ben, Kelly e Paradies (2020) organizam um quadro com
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No entanto, de modo geral, Ben, Kelly e Paradies (2020) pontuam que, entre os trabalhos
analisados, poucos discerniram os efeitos causais das intervenções antirracistas, o que limita a
compreensão da eficácia dessas iniciativas. Eles também chamam atenção para a necessidade
de mais estudos longitudinais, a exemplo de Paluck e Green (2009); Paluck, Green e Green
(2018), para orientar a compreensão sobre a extensão e as formas mais efetivas pelas quais o
racismo pode ser contido.
Com efeito, informados sobre esses possíveis caminhos, impactos, funções e ou
evidências-chave que o antirracismo pode desempenhar, oportunamente, resgata-se o trabalho
de Pedersen, Walker e Wise (2005), que sustentam o desdobrar do racional deste texto, ao
pontuar que esses caminhos possíveis podem ser conformados por estratégias antirracistas, que,
em síntese, implicam eliminar (ou pelo menos modificar) crenças e ou comportamentos
racistas.
Nesse sentido, esses autores inscrevem uma importante reflexão sobre o quão efetiva
seria, ou não, a implementação dessas estratégias antirracistas para reduzir o racismo na
sociedade. Com base na literatura e envolvendo os caminhos apontados, eles explanam sobre
algumas estratégias, bem como as enquadram em duas perspectivas: individual e interpessoal.
Os autores ainda reforçam a necessidade de que tais estratégias sejam fomentadas e executadas
nos níveis individual, institucional e cultural/estrutural.
Em relação às estratégias com foco individual, Pedersen, Walker e Wise (2005)
consideram três pontos principais: 1) fornecer informações específicas sobre as questões raciais
(em particular sobre falsas crenças); 2) criar dissonância sobre ter valores diferentes (por
exemplo, acredita-se ser igualitário, mas não gostar de um certo grupo); e 3) empatia. Já no
que tange às estratégias de viés interpessoal, os autores destacam: 1) contato intergrupal; 2)
fornecimento de informações consensuais (outras pessoas concordam com a nossa opinião?);
3) os benefícios do diálogo com outras pessoas; e 4) campanhas publicitárias.
Com o amparo dessas reflexões articuladas, brevemente, acerca do racismo, bem como
sobre o potencial do antirracismo como lente crítica e caminho para instigar o desenvolvimento
de ações para combatê-lo e desmantelá-lo, é possível avançar com o racional deste trabalho,
para, no próximo tópico, com mais segurança, direcionar os questionamentos: Como as
dimensões de sentido do antirracismo poderiam informar e implicar a comunicação? Quais as
noções conceituais de comunicação antirracista? Por que fomentar o exercício de pensar uma
comunicação antirracista?
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5. Comunicação antirracista
Com base nos quadros de referências, articulados e compartilhados a priori, o
antirracismo configura-se como ideias e práticas que buscam confrontar e desmantelar o
racismo de estrutura, mediante lutas e iniciativas que fomentem o desenvolvimento de políticas
antirracistas inovativas e corretivas, entre outros movimentos. Desse modo, crítica e
criativamente, o antirracismo pode ser entendido como agir ético-político, prática
transformacional, disruptiva e restaurativa ou, em síntese, conforme a perspectiva freireana,
um “ato-limite”. Um pensamento em ação que direciona os esforços da sua práxis para
combater as barreiras postas por “situações-limite” como, por exemplo, o racismo.
Nesse sentido, para envolver as reflexões e proposições deste trabalho, as lentes
freireanas acerca dos conceitos de “situações-limite”13, “atos-limite” e “inédito-viável”
mostram-se prolíficas para, mesmo que de modo provisório, estabelecer os contornos e
fortalecer a compreensão sobre os sentidos de uma comunicação antirracista.
Segundo Freire (1975), os “atos-limite” podem ser observados como respostas
transformadoras frente ao reconhecimento crítico de “situações-limite”, isto é, das formas de
opressão pessoal e coletiva estabelecidas historicamente na sociedade como, por exemplo, as
barreiras e freios inscritos pelo racismo no Brasil. Os “atos-limite” podem ser observados,
sobretudo, como ações necessárias que “[...] se dirigem à superação e à negação do dado, em
lugar de implicarem na sua aceitação dócil e passiva” (FREIRE, 1975, p. 106).
Desse modo, esses atos refletiriam e conformariam práxis responsivas (ação-reflexão-
transformação), que envidariam esforços para combater e superar “situações-limite”, mediante
um agir ético-político de combate (SODRÉ, 2014, p. 7). Esse movimento, ancorado em
conhecimento reflexivo e no potencial de criação, viabilizaria o “inédito-viável”, isto é, a
construção de “outros/novos” contextos e histórias tecidos por justiça social.
Em consonância, Sousa orienta que “[...] a pedagogia do inédito-viável mobiliza o sujeito
para refletir sobre a visão da história como possibilidade, e não como algo fatalista, já
determinado e insuperável. Desta forma, a realidade é concebida como algo que está sendo e
pode ser transformado” (SOUSA, 2012, p. 558). Portanto,
[...] ao nos depararmos com situações-limite reais que limitam nossa humanidade e
atuação nesse mundo, podemos e devemos nos questionar sobre como superar
13
Segundo (Nita) Freire, a expressão “situações-limite” foi adotada por Paulo Freire a partir da contribuição de
Álvaro Vieira Pinto [1960], que, por sua vez, o extraiu de Jaspers [1969], esvaziando-o da dimensão pessimista
original (FREIRE, 2010, p. 786).
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Dessarte, “[...] essas estratégias ao mesmo tempo estão dentro e fora. Dentro da
organização social em que a mídia estrutura e organiza e dentro do vínculo social” (SODRÉ,
2019, p. 880), que integram o processo comunicacional. Com efeito, frente a essa compreensão,
observa-se que as “estratégias sensíveis” podem talvez envolver e fortalecer, expressivamente,
a ideia freireana de “atos-limite”, pois, como pontuado, ambos os conceitos consideram
ultrapassar e quebrar as barreiras de opressão de “situações-limite” a partir das dimensões da
comunicação.
A articulação desses conceitos, decerto, pode ser um interessante caminho para orientar,
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(SODRÉ, 2015, p. 121), - jornalismo, publicidade, relações públicas etc.14 São essas práticas
que produzem, ajustam e fazem circular na sociedade, no enquadramento das suas
materialidades, ideias dominantes e narrativas racistas que, tradicionalmente, vêm implicando
os laços vinculativo e social que conformam os relacionamentos dos indivíduos
cotidianamente. Essas ideias e narrativas, como apontado, articulam “imagens de controle”
(COLLINS, 2019) estereotipadas que, geralmente, são associadas aos negros e às negras.
Destacadamente, nesse contexto, a mídia e suas materialidades discursivas são elementos
fundamentais a serem considerados, pois ela é “[...] um lugar onde as identificações se fazem,
como a questão do negro, por exemplo” (SODRÉ, 2019, p. 882). Logo, focalizar intervenções
antirracistas nas estruturas dessas instituições que governam o bios midiático é essencial.
Em complemento ao questionamento colocado, algumas outras pistas e direcionamentos
estão compartilhados nos tópicos anteriores, especialmente no Quadro 1. No entanto,
considerando as reflexões edificadas neste texto, observa-se que provavelmente as formas do
antirracismo cotidiano, antirracismo multicultural e antirracismo psicológico/cognitivo,
conforme Bonnett (2000), ofereçam aberturas e terrenos férteis para o desenvolvimento de
práticas comunicacionais (e midiáticas) antirracistas que objetivem implicar as forças macro
institucionais e as vida micro das pessoas.
Esses impactos podem buscar provocar, de modo eventual, segundo Lynch, Swartz e
Isaacs (2017), as seguintes consequências: visibilizar (denunciar, contestar) o racismo
sistêmico; estimular processos de reconhecer, a intencionalidade ou não, da omissão e ou
cumplicidade pessoal ou institucional com práticas racistas, mediante a conscientização e
autorreflexão sobre a posição social (p.ex. tensionando as vantagens condicionadas pela
branquitude); e, de modo contínuo, estrategiar o desenvolvimento de práticas e
contramovimentos que colaborem para acelerar mudanças pessoal, institucional e social que
detenham e transformem, a partir de seus limites, as disparidades raciais.
À guisa de conclusão, é relevante notar que, sem garantias, o que se vislumbra com o
desempenhar de práticas comunicacionais antirracistas é que elas, a partir dos seus objetivos-
fim e limites, se articulem e possam contribuir efetivamente, entre outras possibilidades, para
reorganizar, modificar mentalidades (consciências, crenças) e comportamentos racistas. Na
mesma direção que elas colaborem para desmantelar o princípio organizador do racismo
14
Esforços nessa direção podem ser observados em: Leite e Batista (2019), Corrêa (2019), Silva (2020) etc.
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estrutural que, ainda, como pontua Souza (2019), segue com enorme eficácia operando para
colonizar mentes e corações, inclusive, das pessoas que ele tenta desumanizar. Nesse horizonte,
o antirracismo se coloca como práxis de resistência.
6. Considerações finais
Este trabalho apresentou algumas notas crítico-reflexivas e propositivas que buscam
apoiar e fomentar o exercício, pessoal e coletivo, de pensar sobre os sentidos de uma
comunicação antirracista. Espera-se que as aberturas reflexivas inscritas ao longo do racional
deste texto instiguem outros pesquisadores e pesquisadoras a considerar em seus estudos a
temática em tela, de modo a desdobrar e ampliar as sutilezas das suas proposições. Por
exemplo, trabalhos futuros poderiam considerar explorar e articular, especificamente, as
distintas práticas logotécnicas da comunicação aos estudos do antirracismo, buscando
identificar as formas, funções, estratégias etc., que melhor se enquadrariam para o
desenvolvimento de ações antirracistas nesses espaços institucionais.
Entre as brechas deixadas por este artigo, ressalta-se a necessidade de olhares na direção
de análise dos efeitos adversos e desafios para a implementação de práticas comunicacionais
antirracistas, bem como suas mensurações. As questões acerca da interseccionalidade e do
antirracismo direcionado a outros grupos raciais/étnicos oprimidos também precisam ser alvo
de análises mais detidas. É fundamental direcionar atenção ao nível metacrítico da
comunicação, como indicado por Sodré. Pensar os sentidos do antirracismo e aplicar as suas
lentes nas metodologias, nas pesquisas e teorias da comunicação é uma tarefa que ainda precisa
ser enfrentada. Nesse horizonte, talvez seja oportuno também alcançar os espaços e práticas do
ensino e formação do campo que, de modo geral, concomitantemente com a formação técnica,
precisaria fomentar, com mais ênfase, o desenvolvimento de olhares críticos acerca do
potencial e da expressão transformacional que as práticas logotécnicas da comunicação podem
promover na sociedade. Os estudos da educação já oferecem algumas pistas nessa direção.
Enfim, avançar com tais reflexões é oportunidade e tarefa de cooperação que se coloca a
todos na ordem de seguir fomentando e construindo “outras/novas” referências e atos-limite
que, em perspectivas críticas e colaborativas, interpelem, revisem, enfrentem e transformem a
questão da relação social/racial com lentes antirracistas.
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