Dissertação Final - João Abreu
Dissertação Final - João Abreu
Dissertação Final - João Abreu
Júri:
Presidente: Doutor Henrique Manuel Filipe Ribeiro, Professor Auxiliar do Instituto
Superior de Agronomia da Universidade de Lisboa
Vogais: Doutor José Luís Monteiro Teixeira, Professor Associado Jubilado do Instituto
Superior de Agronomia da Universidade de Lisboa
Doutor João Rui Rolim Fernandes Machado Lopes, Professor Auxiliar Convidado do
Instituto Superior de Agronomia da Universidade de Lisboa
2019
Agradecimentos
II
Resumo
Palavras chave: Tomate de Indústria, Condução da Rega gota-a-gota, Bolbo molhado, NDVI,
Modelação
III
Abstract
The success tomato for industrial processing requires the efficient use of water, with
emphasis on irrigation scheduling. In the context of the Lezíria Grande de Vila Franca de Xira
(LGVFX), this should aim at the proper development of the wet bulb by drip irrigation and soil
salinity control.
The objectives of this work were to evaluate the irrigation scheduling through the soil
water balance and to propose adequate measures.
In a plot of LGVFX the soil water content was monitored in the soil in two locations of the
ridges and at different depths. Crop development was monitored through observations of
morphology, development phases and NDVI. For the irrigation scheduling evaluation, the soil
water balance was carried out by the program ISAREG.
The capacitive probe did not allow the monitoring of the soil water content due to deficient
methods associated with probe preparation and installation. The tensiometers allowed
concluding about the insufficient development of the wet bulb. For this reason, the volume of
the ridge used by the crop was insufficient causing an insufficient root development. The
existence of growing salt content in the soil throughout the crop cycle justified the application
of a leaching fraction which originated drainage. However, from an environmental point of view,
this is not a recommended measure within the framework of the nitrate vulnerable zone where
the LGVFX is located. The NDVI images along the crop cycle corrected the errors of Kcs FAO
56, mainly to the length of the development phases. It is concluded that there is a need to
promote the volume of soil explored by roots. An adequation of the irrigation scheduling is also
presented.
IV
ÍNDICE DE TEXTO
1. INTRODUÇÃO E OBJETIVOS .......................................................................................................1
2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ...........................................................................................................3
2.1. Necessidades hídricas das culturas e sua estimativa ..................................................................3
2.2. Necessidades de rega..................................................................................................................4
2.2.1. Programação e condução da rega........................................................................................4
2.2.2. Monitorização de água no solo .............................................................................................5
2.2.2.1. Sensores capacitivos .........................................................................................................6
2.2.2.2. Tensiómetros de Vácuo .....................................................................................................7
2.2.3. Balanço Hídrico do solo ........................................................................................................7
2.2.3.1. Equação do Balanço hídrico ..............................................................................................7
2.2.3.2. Balanço hídrico para a condução da rega ..........................................................................9
2.2.3.3. Modelo ISAREG .................................................................................................................9
2.3. Detecção Remota.......................................................................................................................10
2.3.1. Conceitos............................................................................................................................10
2.3.2. Índices de Vegetação .........................................................................................................12
2.4. Rega localizada gota-a-gota ......................................................................................................13
2.5. Cultura do Tomate para indústria ...............................................................................................14
2.5.1. Importância da cultura no mundo e em Portugal ................................................................14
2.5.2. Descrição da cultura ...........................................................................................................16
2.5.3. Exigências Edáficas............................................................................................................18
2.5.4. Necessidades de Rega.......................................................................................................19
2.5.5. Fertilização .........................................................................................................................19
2.5.6. Índices de Qualidade ..........................................................................................................21
2.6. O Aproveitamento Hidroagrícola da Lezíria Grande de Vila Franca de Xira ..............................21
2.6.1. Abastecimento de água ......................................................................................................22
2.6.2. Blocos de Rega ..................................................................................................................23
2.6.3. Rede Primária de Rega ......................................................................................................23
2.6.4. Rede Secundária de Rega .................................................................................................24
2.6.5. Sistema de Distribuição de água para rega ........................................................................24
3. MATERIAIS E MÉTODOS ............................................................................................................26
3.1. Ensaio experimental ...................................................................................................................26
3.1.1. Localização.........................................................................................................................26
3.1.2. Caracterização climática .....................................................................................................26
3.1.3. Solo ....................................................................................................................................27
3.1.4. Cultura ................................................................................................................................28
3.1.5. Itinerário Técnico ................................................................................................................29
3.1.6. Sistema de rega..................................................................................................................31
3.1.6.1. Esquema e Constituição ..................................................................................................31
3.1.6.2. Programação/condução da rega ......................................................................................33
3.2. Dispositivo experimental ............................................................................................................34
3.2.1. Caracterização do solo .......................................................................................................34
3.2.2. Monitorização de água e a salinidade do solo ....................................................................34
3.2.2.1. Tensiómetros ...................................................................................................................35
3.2.2.2. Sondas Capacitivas e Contador volumétrico....................................................................36
3.2.3. Dados meteorológicos ........................................................................................................37
3.2.4. Avaliação do Sistema de rega ............................................................................................37
3.2.5. Monitorização da cultura do tomate ....................................................................................38
3.3. Simulação do Balanço Hídrico do solo com o Modelo ISAREG .................................................40
3.3.1. Funcionamento do modelo .................................................................................................40
3.3.2. Ficheiros de entrada ...........................................................................................................41
3.3.3. Ficheiros de saída ..............................................................................................................45
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO ....................................................................................................46
4.1. Avaliação do Sistema de Rega ..................................................................................................46
4.2. Monitorização da água no solo ..................................................................................................47
4.2.1. Método gravimétrico ...........................................................................................................47
4.2.1.1. Evolução do teor de água no bolbo húmido .....................................................................51
4.2.2. Tensiómetros ......................................................................................................................51
4.2.3. Sondas Capacitivas ............................................................................................................52
V
4.3. Monitorização da Condutividade Eléctrica .................................................................................54
4.3.1. Evolução temporal da condutividade eléctrica ....................................................................54
4.3.2. Evolução da Condutividade Eléctrica no bolbo húmido ......................................................56
4.4. Extracção de parâmetros culturais .............................................................................................56
4.4.1. Monitorização da cultura.....................................................................................................56
4.4.2. Perfil temporal de NDVI ......................................................................................................57
4.4.3. Coeficientes culturais..........................................................................................................59
4.5. Balanço Hídrico do solo para avaliação do calendário de rega ..................................................60
4.5.1. Metodologia Kc FAO 56......................................................................................................61
4.5.2. Metodologia Kc_NDVI .........................................................................................................62
4.6. Produtividade obtida...................................................................................................................64
4.7. Dotações de Rega Observadas e Produtividade da água ..........................................................65
4.8. Proposta de um calendário de rega ...........................................................................................66
4.9. Discussão...................................................................................................................................67
5. CONCLUSÕES ............................................................................................................................70
6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .............................................................................................72
7. ANEXOS ......................................................................................................................................76
Índice de Figuras
Figura 2.1 – Sonda capacitiva EnviroSCAN para medição da humidade do solo (Sentek Tech. 2011). 6
Figura 2.2 – Tensiómetro de vácuo. Adaptado de soilmoisture Corp.(1984)..........................................7
Figura 2.3 – Esquema do balanço hídrico do solo (Teixeira, 1994). ......................................................8
Figura 2.4 – Distribuição do coeficiente cultural ao longo do ciclo cultural (Allen et al. 1998)..............10
Figura 2.5 – Aplicação da Detecção Remota na Agricultura (Google, 2018). ......................................10
Figura 2.6 – Espectro de radiação electromagnética (NASA, 2013). ...................................................11
Figura 2.7 – Espectro de absorção dos pigmentos fotossintéticos (Blackburn, 2007). ........................11
Figura 2.8 – Padrões de humedecimento típicos a partir de um emissor (Oliveira, 2011). ..................13
Figura 2.9 – Evolução da área de tomate para indústria no período 2008-2017, em ha (IFAP, 2017). 15
Figura 2.10 – Produtividade de tomate para indústria no período 2008-2017. (INE, 2017)..................16
Figura 2.11 – Produção, Importação, Exportação e Consumo Aparente de Tomate preparado ou
conservado, em toneladas, no período 2005-2016 (INE, 2016). ..........................................................16
Figura 2.12– Fases de desenvolvimento da cultura do tomate de indústria em função da fracção de
cobertura do solo (%SS) e do desenvolvimento radicular. Adaptado de CICYTEX (2015). .................17
Figura 2.13 – Portas de água e condutas de adução da ABLGVFX. ...................................................22
Figura 2.14 – Antena de Telecontrolo situada no Hidrante de Rega. ...................................................25
Figura 3.1 – Parcela " Manuel Marques 1" do ensaio experimental (Google Earth, 2018). ..................26
Figura 3.2 – Diagrama Ombrotérmico de Gaussen para Salvaterra de Magos, para o período de 1951
a 1980 (SNIRH, 2018). .........................................................................................................................27
Figura 3.3 – Resíduos da cultura da Aveia...........................................................................................29
Figura 3.4 – Pormenor do sistema de rega incluindo a conduta porta rampas (manga flexível de
polipropileno branco com diâmetro de 101,6 mm), uniões em T e rampas com gotejadores em linha
com diâmetro de 16 mm. ......................................................................................................................31
Figura 3.5 – Hidrante de rega, H343, da parcela “Manuel Marques 1”. ...............................................31
Figura 3.6 – Cabeçal de Rega da parcela" Manuel Marques 1". ..........................................................32
Figura 3.7 – Válvula Hidráulica Dorot de 4" respeitante ao sector 3. ...................................................32
VI
Figura 3.8 – Tempo de rega; horário de início da rega matinal e da rega nocturna. ............................33
Figura 3.9 – a) Recolha de amostras de solo não perturbadas (curva de pF e densidade aparente); b)
Recolha de amostras de solo perturbadas (teor de água e condutividade eléctrica). ..........................34
Figura 3.10 – a) Esquema representativo da disposição dos tensiómetros em relação à fita de rega; b)
Disposição da bateria de tensiómetros de vácuo instalada na parcela Manuel Marques I ..................36
Figura 3.11 – Sonda EnviroPro de modelo EP100GL, contador volumétrico e data logger. ................36
Figura 3.12 – Estação, FieldClimate (Pessl Instruments). ....................................................................37
Figura 3.13 – Interface do software SNAP. No canto superior esquerdo encontram-se as bandas
importadas, no canto inferior esquerdo, a imagem do satélite S2B (Sentinel 2B) completa e à direita a
banda 4 correspondente à banda do vermelho. ...................................................................................39
Figura 3.14 – Painel da função Raster Calculator do QGIS utilizada para obtenção de NDVI. ............40
Figura 3.15 – Esquema genérico do programa ISAREG. Fonte: Teixeira (1994). ................................41
Figura 3.16 – Menu de selecção do tipo de ficheiros de entrada a criar. .............................................42
Figura 3.17 – Média de Kc ini relacionado com a ET0 e com o intervalo entre aplicações de água para
todos os tipos de solo, com aplicações até aos 10 mm (Adaptado de Allen et al., 1998). ...................43
Figura 3.18 – Fracção de solo humedecida. Fonte: Adaptado de Allen et al. (1998). ..........................44
Figura 4.1 – Curva de retenção de água ou curva de pF para o solo da parcela Manuel Marques. ....47
Figura 4.2 – Teor de água no perfil do solo sob o camalhão: a) na linha; b) a 40 cm da linha. ...........48
Figura 4.3 – Evolução dos teores de água por camada de solo na linha e a 40 cm da linha, em que: a)
15 cm; b) 30 cm e c) 50 cm. .................................................................................................................50
Figura 4.4 - Variação da água no volume de solo do camalhão (cm3cm-3) para as profundidades de 15,
30 e 50 cm, nos dias 31/07, 07/08 e 12/09. Na linha verde, өCC = 0,38 cm3cm-3; na linha encarnada, өCE
= 0,24 cm3cm-3. ....................................................................................................................................51
Figura 4.5 – Evolução dos perfis de carga hidráulica (H), para três dias da época de rega tomados como
exemplo a) na Linha e b) a 40 cm da linha...........................................................................................53
Figura 4.6 – Evolução do teor de água volumétrico medido pela sonda EnviroPro EP100GL (software
Irristrat da Hidrosoph), às profundidades de 10, 20, 30 e 40 cm. .........................................................53
Figura 4.7 – Evolução da Condutividade Eléctrica (dS m-1) do solo ao longo ciclo do tomate, para as
profundidades de 15, 30 e 50 cm, a) na Linha e b) a 40 cm da Linha..................................................55
Figura 4.8 – Variação da Condutividade Eléctrica (dS m-1) no volume de solo do camalhão, para as
profundidades de 15, 30 e 50 cm, nos dias 31/07, 07/08 e 12/09. Linha Na linha azul tracejada, C e ar =
0,48 dS m-1. ..........................................................................................................................................56
Figura 4.9 – Curva de distribuição do NDVI e curva do Kc simples ao longo ciclo do tomate. .............57
Figura 4.10 – Imagem de NDVI do dia 14/06 da parcela Manuel Marques I, correspondente ao período
inicial da cultura. ...................................................................................................................................58
Figura 4.11 – Imagem de NDVI do dia 08/08 da com a parcela Manuel Marques I delimitada,
correspondente à fase intermédia da cultura. ......................................................................................58
Figura 4.12 – Imagem de NDVI do dia 22/09 da parcela Manuel Marques I, correspondente ao período
final da cultura. .....................................................................................................................................59
VII
Figura 4.13 – Variação da reserva útil de água no solo para a rega observada (metodologia Kc FAO
56), ISAREG. ........................................................................................................................................61
Figura 4.14 – Variação da % de água no solo (linha azul) para a estratégia de Kc FAO 56 na rega
observada, ISAREG, em relação com os registos obtidos pelo método gravimétrico (pontos
encarnados). ........................................................................................................................................62
Figura 4.15 – Recta de regressão que relaciona a Reserva de água no solo obtida através da
metodologia de Kc FAO 56 e a reserva de água no solo observada nos dias de amostragem. ...........62
Figura 4.16 – Variação da reserva útil de água no solo para a rega observada (metodologia de Kc
NDVI), ISAREG. ...................................................................................................................................63
Figura 4.17 – Variação da % de água no solo (linha azul) para a estratégia de Kc_NDVI na rega
observada, ISAREG, em relação com os registos obtidos pelo método gravimétrico (pontos
encarnados). ........................................................................................................................................63
Figura 4.18 – Recta de regressão que relaciona a reserva de água no solo obtida através da
metodologia de Kc NDVI e a Reserva de água no solo observada nos dias de amostragem. .............64
Figura 4.19 – Variação da reserva útil de água no solo para o calendário de rega proposto, definido
com o modelo ISAREG. .......................................................................................................................67
Índice de Quadros
Quadro 2.1 – Alguns critérios para a escolha entre os métodos do Kc simples e dual ...........................4
Quadro 2.2 – Comércio global de pasta de tomate (Tomato news, 2016) ...........................................15
Quadro 2.3 – Classes de salinidade do solo e reacção das culturas aos sais (INIAV, 2006)...............19
Quadro 2.4 – Recomendação de fertilização de macronutrientes principais para a cultra do tomate
segundo os seus níveis no solo e para a produção esperada. (Adaptado de INIAP, 2006) .................20
Quadro 2.5 – Extracção média de nutrientes em diferentes fases do ciclo cultural do tomate de indústria.
(Almeida, 2006) ....................................................................................................................................20
Quadro 2.6 – Portas de água de adução da ABLGVFX .......................................................................23
Quadro 2.7 – Caudais de dimensionamento ........................................................................................23
Quadro 2.8 – Principais características do Canal Principal ..................................................................24
Quadro 2.9 – Áreas regadas pelas condutas e a sua divisão por blocos .............................................24
Quadro 2.10 – Principais características da Rede de rega dos blocos I e II ........................................24
Quadro 3.1 – Descrição do perfil do solo Ffp3 (e). Fonte: Adaptado de DGHEA/DGRAHLR, 1984 ......28
Quadro 3.2 – Itinerário de aplicação de fertilizantes na parcela "Manuel Marques 1" ..........................30
Quadro 3.3 – Esquema de rega do sector 3 da parcela "Manuel Marques 1" ......................................33
Quadro 3.4 – Imagens descarregadas do satélite Sentinel 2 ...............................................................38
Quadro 4.1 – Caudal médio de cada ponto de avaliação (q med,i) .........................................................46
Quadro 4.2– Intervalos aconselháveis para a uniformidade de emissão em projecto, EU (%). Fonte:
Adaptado de ASAE, 2003 (EP 405.1, ASAE, 2003) .............................................................................47
Quadro 4.3 – Parâmetros físicos do solo da parcela Manuel Marques I ..............................................49
Quadro 4.4 – Análise à água de rega proveniente da EE do Conchoso (Junho 2018) ........................56
Quadro 4.5 – Parâmetros culturais, datas de observação e início das fases fenológicas ....................57
Quadro 4.6 – Valores de NDVI médios e Kc_NDVI calculados ao longo do ciclo do tomate ...............59
VIII
Quadro 4.7 – Duração das fases de desenvolvimento e valores de Kc inicial, médio e final para as duas
metodologias de cálculo do Kc simples ................................................................................................60
Quadro 4.8 – Dados introduzidos no ficheiro da cultura do tomate para as duas metodologias de cálculo
do Kc simples........................................................................................................................................60
Quadro 4.9 – Regas observadas, introduzidas no ISAREG, e fracção de solo humedecido ...............61
Quadro 4.10 – Volume fornecido durante o período de rega, perdido por excesso de água de rega e
eficiência de rega, para a rega observada (metodologia Kc FAO 56), ISAREG...................................61
Quadro 4.11 – Erro médio (mm), Erro relativo (%) e Raiz do Erro Quadrático Médio (mm), entre os
dados observados e os dados simulados através da metodologia do K c FAO 56................................62
Quadro 4.12 – Volume fornecido durante o período de rega, perdido por excesso de água de rega e
eficiência de rega, para a rega observada (metodologia Kc_NDVI), ISAREG ......................................63
Quadro 4.13– Erro médio (mm), Erro relativo (%) e Raiz do Erro Quadrático Médio (mm), entre os dados
observados e os dados simulados através da metodologia do Kc NDVI ..............................................64
Quadro 4.14 – Produtividade obtida, ºBrix, Cor, e preço do tomate para a parcela Manuel Marques I 64
Quadro 4.15 – Dotação total de rega e eficiência de uso da água para o ciclo do tomate ...................65
Quadro 4.16 – Custos (€) do sistema de rega......................................................................................65
Quadro 4.17 – Importância económica do sistema de rega na cultura do tomate ................................65
Quadro 4.18 – Volume fornecido proposto para a parcela Manuel Marques I .....................................66
IX
PCD Plant Cell Density;
PDR Programa de Desenvolvimento Rural;
PPR Plant Pigment Ratio;
PVC Policloreto de Vinila;
PVR Photosynthetic Vigour Ratio;
QGIS Quantum Geographic Information System
SNAP Sentinels Application Platform
SROA Serviço de Reconhecimento e Ordenamento Agrário
TDR Time Domain Reflectometry;
UN United Nations;
A área regada;
C capacitância do circuito;
D dotação de rega;
DP fluxo acumulado de drenagem profunda ou percolação;
DPi percolação profunda no dia i;
Dtr dotação total de rega;
Dur dotação útil de rega;
E evaporação a partir do solo;
ea Pressão actual do vapor de água;
ef eficiência global do método de rega;
Ei eficiência de rega;
Ep eficiência de bombagem.
es Pressão do vapor de saturação;
es-ea Défice de saturação;
ET0 Evapotranspiração de referência;
ETa i evapotranspiração actual no dia i;
ETc Evapotranspiração cultural;
F Frequência;
fsh fracção de solo humedecido;
G Densidade do fluxo de calor do solo;
GW fluxo acumulado de ascensão capilar;
GWi fluxo ascendente de um lençol freático no dia i;
H pressão dinâmica total;
Rg dotação de rega;
I intervalo entre regas;
i taxa de juro;
Ini dotação de rega líquida no dia i;
K factor de conversão;
Kc coeficiente cultural;
L indutância do circuito;
X
n número de anos decorridos;
p fracção da água do solo extraível sem afectar a produção.
P precipitação efectiva;
PE energia para bombagem;
Pi precipitação no dia i;
Qr escoamento superficial;
Qri escorrimento superficial à superfície do solo no dia i;
RAW água do solo facilmente disponível na zona radicular;
Rn Radiação líquida;
T Temperatura média do ar;
T transpiração da cultura;
TAW água total disponível no solo;
U2 Velocidade média do vento à altura de 2 m;
Wr,FC armazenamento de água no solo na zona radicular à capacidade de campo;
Wr,WP armazenamento de água no solo na zona radicular ao coeficiente de emurchecimento;
Zavg quantidade média infiltrada na parcela;
Zlq quantidade média infiltrada no menor quartil da área regada;
zr i profundidade radicular no dia i;
Zr profundidade radicular;
Δ Declive da curva da pressão do vapor;
ΔS variação do armazenamento no solo;
θi teor médio de água no solo na zona radicular no dia i;
θi-1 teor de água no solo no dia anterior;
өFC teor de água à capacidade de campo;
өi teor de água no solo na zona radicular no dia i;
өWP teor de água ao coeficiente de emurchecimento;
𝛄 Constante psicrométrica.
XI
1. INTRODUÇÃO E OBJETIVOS
Segundo a Food and Agriculture Organization (FAO, 2014) o tema da utilização da água
na agricultura reveste-se de grande importância, uma vez que a agricultura de regadio
representa 20% da superfície arável do planeta Terra e contribui para 40% dos alimentos
produzidos no mundo. Em 2010 as necessidades hídricas globais estimavam-se em 1500
km3. O total de água aplicada para rega rondou os 2700 km 3, correspondendo a uma eficiência
de rega global de cerca de 56% (FAO, 2014), com uma contribuição maioritária da rega de
superfície.
O aumento da segurança da água na agricultura através da rega, para complementar o
défice de humidade no solo tem promovido o melhoramento no rendimento da produção
agrícola. A revolução verde baseada no modelo químico mecânico revelou-se num virar de
página na agricultura, apoiado na sua não sustentabilidade, resultaram em consequências
que levaram tanto à escassez como à falta de qualidade da água. Este sistema causou a
diminuição dos caudais dos rios, interrupções nas bacias hidrográficas, défices nos lençóis
freáticos e a própria poluição da água (Falkenmark, 2013).
Em Portugal, no âmbito do programa de desenvolvimento rural PDR 2020 foi publicada
a Portaria nº50/2015 que abrangeu um conjunto de medidas para conservação do ambiente
e eficiência do uso de recursos naturais. Sendo a água um recurso natural cada vez mais
escasso, foi criada a Acção 7.5“Uso Eficiente da Água”. Esta medida visou apoiar os
agricultores na adopção de práticas de rega que garantissem as condições necessárias para
o uso eficiente da água (DGADR, 2015). A eficiência do uso da água visa a obtenção de
benefícios ambientais directos, nomeadamente ao nível da melhor gestão do recurso água.
Um aumento na eficiência de rega, traduz-se numa poupança efectiva no consumo de água
de rega, assim como, um uso eficiente de energia resulta na mitigação de alterações
climáticas, através da redução de emissões de gases com efeito de estufa. Os recursos
hídricos são o motor do desenvolvimento socio económico, e na agricultura transformaram-se
num dos factores de produção mais influentes do sucesso produtivo. Um uso racional e
eficiente da água, reduz os custos de rega, através da factura da água e da energia para a
disponibilizar. A sustentabilidade e a optimização do uso de factores de produção, aumentam
a competividade da actividade agrícola.
A Acção 7.5 foi implementada na cultura do tomate para processamento industrial dada
a dimensão e importância desta cultura no país. Pretendeu-se maximizar a produção, através
do uso eficiente da água. Por outro lado, a qualidade dos frutos é directamente influenciada
pela quantidade de água aplicada. Este facto torna imperativa a necessidade da
monitorização contínua do teor de água no solo ao longo do ciclo vegetativo para que se
mantenha a reputação do tomate nacional. A determinação da humidade do solo através de
1
sondas tem sido uma via de aplicação desta medida pelos agricultores. No entanto, a falta de
conhecimento relativa à interpretação das leituras, os erros que se cometem na localização,
instalação e calibração das sondas são frequentemente causa para a deficiente condução da
rega. Uma forma de evitar uma aplicação por excesso ou escassez de água será através do
cálculo do balanço hídrico diário (Teixeira, 1994), fornecendo mais um apoio de medição do
teor de água no solo. As fontes de informação poderão ser alargadas com base na detecção
remota, fornecendo imagens multiespectrais que indicam o vigor da planta e que permitem a
definição de uma curva de coeficiente cultural segundo índices vegetativos com os quais estão
directamente correlacionados (D’Urso et al., 2006). A estimativa do coeficiente cultural e de
outros parâmetros da cultura com recurso a índices de vegetação permite, a sua introdução
no balanço hídrico e um cálculo mais exacto do teor de água no solo ao longo do ciclo
vegetativo. Perante os dados fornecidos pelas sondas e pelo cálculo do balanço hídrico diário
com base na detecção remota, abre-se uma janela de oportunidade para a criação de um
sistema integrado de rega que poderá ser implementado ao nível de um aproveitamento
hidroagrícola. O uso eficiente da água também deverá ser complementado pela validação de
um sistema de rega, de forma a garantir a eficiência de aplicação da água de rega. A avaliação
de um sistema de rega com base na uniformidade de distribuição, permite verificar o nível de
homogeneidade da rega, na produção e qualidade do tomate.
Os objectivos específicos do presente trabalho foram:
i. Avaliar a condução da rega para as condições edafoclimáticas da região da Lezíria Grande
de Vila Franca de Xira com recurso à modelação (ISAREG);
ii. Utilização de dados obtidos pelo método gravimétrico para validar as leituras verificadas
nas sondas capacitivas e avaliação da modelação do balanço hídrico do solo através do
modelo ISAREG;
iii. Utilização de índices de vegetação para obtenção de alguns parâmetros culturais
utilizados no cálculo do balanço hídrico diário do solo;
iv. Verificar o modo de como a salinidade da água de rega e do solo influencia a gestão da
rega na cultura do tomate de indústria na região da Lezíria Grande de Vila Franca de Xira;
v. Proposta de um calendário melhorado de rega com base na modelação do balanço hídrico
do solo.
vi. Avaliação dos fluxos de água no solo através de tensiómetros de vácuo.
2
2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
(c) A Equação 2.2, que traduz o método do coeficiente cultural dual (Allen et al., 1998), onde
o coeficiente cultural é separado no coeficiente cultural basal (Kcb) e no coeficiente de
evaporação do solo (K e):
ETc = ETo (Kcb + Ke) [2.2]
3
Os valores de Kc para as várias culturas encontram-se tabelados (Allen et al., 1998),
sendo necessário proceder ao seu ajustamento para as condições do estudo (frequência de
humedecimento do solo, velocidade do vento, humidade relativa do ar, data de colheita, etc).
A aproximação a seguir, simples ou dual, deve ser seleccionada em função do objectivo
do cálculo, da precisão exigida, dos dados disponíveis e o passo de tempo.
Quadro 2.1 – Alguns critérios para a escolha entre os métodos do Kc simples e dual
Método de cálculo da evapotranspiração cultural
4
controlo em tempo real requer a monitorização de água do solo, permitindo a realização do
balanço hídrico para aferição do intervalo entre aplicações.
É por vezes erradamente utilizado o termo “gestão da rega” com o objectivo de indicar
a condução da rega. De facto, gestão da rega é um conceito muito mais geral podendo
abranger todas as etapas desde a captação da água até à reutilização da água resultante do
escoamento superficial a jusante da parcela, incluindo quer as técnicas quer os equipamentos
(Cameira, 2018).
5
2.2.2.1. Sensores capacitivos
No contexto desta dissertação as sondas utilizadas são as sondas capacitivas, apoiadas
na técnica do FDR (Figura 2.1).
Figura 2.1 – Sonda capacitiva EnviroSCAN para medição da humidade do solo (Sentek Tech. 2011).
6
tempo real do teor de água no perfil do solo referente ao mapa radicular, recorrendo a gráficos
e tabelas (Oliveira, I. 2011).
A leitura no manómetro de vácuo procede-se de uma forma dinâmica. Caso haja perdas
ou ganhos de água no solo, as variações de pressão negativa, ou tensão, podem ser lidas no
manómetro, uma vez que a cápsula é permeável à água e aos solutos do solo. Uma maior
quantidade de água no solo indica uma fraca tensão e uma leitura baixa no manómetro. Ao
contrário, um baixo teor de água no solo, provoca uma tensão elevada e uma leitura elevada
(Oliveira, I. 2011).
7
Figura 2.3 – Esquema do balanço hídrico do solo (Teixeira, 1994).
onde: CC, teor de água na capacidade de campo (cm3 cm-3), representa o teor de água que
um solo bem drenado contém após terem terminado os fluxos de água relacionados com as
forças gravitacionais e de ascensão capilar. (Allen et al., 1998); CE, teor de água no
coeficiente de emurchecimento permanente (cm3 cm-3), representa o teor de água no solo
abaixo do qual o potencial mátrico é superior ao potencial radicular da planta, tornando-se
esta impossibilitada de extrair água.
Quando se pretende conduzir a rega utilizando a metodologia do balanço hídrico, deve
calcular-se a Reserva Facilmente Utilizável, RFU (mm).
8
RFU = p RU [2.7]
sendo p fracção da água do solo extraível sem afectar a produção.
A RFU corresponde à dotação útil de rega Du (mm), ou seja, a quantidade máxima de
água a repor no solo em cada rega. O intervalo entre regas IR (dias) é determinado pela
relação entre a dotação útil e a evapotranspiração cultural (Pereira, 2004):
𝐷𝑢 [2.8]
IR=
𝐸𝑇𝑐
Por último, conhecendo a Du, para fazer face às perdas de água associadas à
distribuição de água na parcela e sua aplicação, é necessário adicionar ao valor de Du a
quantidade de água que compensa as perdas referidas. Esta quantidade do sistema de rega
exprime-se pela eficiência de aplicação do sistema de rega (E f). Obtém-se então a dotação
bruta, total ou simplesmente dotação de rega Rg (mm):
𝐷𝑢
Rg = [2.9]
𝐸𝑓
9
O modelo utiliza dois subprogramas, o EVAPOTW, que calcula a evapotranspiração de
referência (ETo) recorrendo ao método da FAO Penman-Monteith, e o KcISA para a obtenção
dos parâmetros culturais necessários através do método da FAO 56 (Allen et al., 1998).
Para o cálculo do balanço hídrico do solo, o ISAREG utiliza o K c simples (Teixeira, 1994).
Com base nos Kc tabelados para cada
fase do ciclo cultural, Kc ini, Kc med e Kc fin,
que correspondem ao Kc no início, na
fase intermédia e na fase senescente do
ciclo cultural o programa determina a
curva de distribuição dos Kc ao longo do
ciclo (Teixeira, 1994) (Figura 2.4). Para
tal, o utilizador deve introduzir a duração
de cada fase, em dias.
Figura 2.4 – Distribuição do coeficiente cultural ao
longo do ciclo cultural (Allen et al. 1998).
2.3.1. Conceitos
A Detecção Remota é considerada a ciência que estuda a obtenção de informação à
cerca de um objecto, área ou fenómeno através da análise de dados adquiridos por um
dispositivo que não está em contacto com o objecto, área ou fenómeno sob investigação
(Figura 2.5) (Lillesand et al., 2014). É equiparada a um processo de leitura, em que as
informações recolhidas através de vários sensores, revelam as variações na distribuição de
forças, ondas acústicas, ou de energia electromagnética (Lillesand et al., 2014).
10
Centrando o foco deste estudo na energia electromagnética, a detecção remota define-
se como uma forma momentânea de registar a quantidade de energia reflectida e emitida
pelos corpos presentes na superfície terrestre ao longo do espectro de radiação
electromagnético (Figura 2.6) (Braga, 2009).
11
O conhecimento baseado na relação entre as propriedades espectrais da vegetação e
alguns parâmetros biofísicos e bioquímicos da vegetação (pigmentos fotossintéticos, teor de
água na planta, índice de área foliar, etc) tem permitido a crescente utilização da detecção
remota na agricultura, em particular na rega (Navarro, et al. 2016; Rolim, et al. 2016; Toureiro,
et al. 2016; Pôças et al. 2017). Sendo assim, através da evolução da reflectância do copado
ao longo do tempo, é possível inferir as funcionalidades da bioquímica da folha (incluindo os
pigmentos), da fisiologia da planta, e as propriedades estruturais e morfológicas do copado.
A ocorrência de mudanças de cor na região visível do espectro, deve-se a diferentes
concentrações de pigmentos, enquanto que os teores de água nas folhas estão relacionados
com interacções energéticas com ondas curtas de infravermelho (Chuvieco, 2009). Neste
contexto o infravermelho próximo é a banda que melhor representa o estado das culturas e o
seu vigor vegetativo (Lamb., 2004).
𝑁𝐼𝑅−𝑅 [2.10]
NDVI =
𝑁𝐼𝑅+𝑅
12
pouca actividade fotossintética, significando plantas jovens (ou senescência) ou em stress
hídrico e para valores próximos de 1 ou iguais admite-se conforto hídrico e vigor vegetativo.
Apesar disso o NDVI a partir de um certo LAI (3 a 4) atinge um patamar, acabando por saturar
(Proffitt et al., 2006; Roberts et al., 2011; Mulla, 2013; NasaEarthObservatory, 2000).
Outros índices surgiram de forma a colmatar essas desvantagens, tais como o Simple Ratio
ou Plant Cell Density (PCD):
𝑁𝐼𝑅 [2.11]
PCD =
𝑅
𝑉𝑒𝑟𝑑𝑒 [2.12]
Photosynthetic Vigour Ratio: PVR =
𝑉𝑒𝑟𝑚𝑒𝑙ℎ𝑜
𝑉𝑒𝑟𝑑𝑒 [2.13]
Plant Pigment Ratio: PPR =
𝐴𝑧𝑢𝑙
A rega localizada por gota a gota consiste numa forma lenta e pontual (gotas) de
fornecimento de água directamente ao solo ao longo das linhas onde as plantas se encontram.
A aplicação é feita através de locais pré-fixados e por intermédio de gotejadores, que no
decorrer da saída da água do gotejador, consoante as propriedades de condutividade e
retenção do solo formar-se-á um bolbo húmido e consequentemente um padrão radicular de
acordo com o mesmo (Figura 2.8) (Lopez et al, 1997).
Devido às diferentes formas que toma o bolbo húmido, é necessário determinar
criteriosamente a disposição e o espaçamento dos gotejadores, para que o sistema radical da
planta não fique atrofiado, e para que a planta receba água suficiente sem que ocorram perdas
excessivas por drenagem.
13
Por outro lado, o sistema deve ser dimensionado para que a pressão com que a água
atinge os diferentes gotejadores de uma rampa, e de um sector, se encontre dentro de um
intervalo que traduza uma uniformidade de distribuição de caudais aceitável.
O método gota-a-gota potencia o uso eficiente da água na ordem dos 85-95% o que,
para contextos de escassez de água e baixa fertilidade, é o mais recomendado (Pereira,
2004).
Ainda que a eficiência e a uniformidade de distribuição sejam importantes na rega, o
rendimento e os benefícios que se retiram do uso da água terão de ser considerados. Nesse
sentindo, vem sendo aplicado o conceito de produtividade da água de rega, quer isto dizer a
quantidade de produto relacionada com a quantidade de água aplicada (Pereira, 2004):
14
Portugal consiga atingir 7% das exportações. No mercado das importações os líderes são a
UE, África Ocidental e o leste asiático (Tomato news, 2016).
Figura 2.9 – Evolução da área de tomate para indústria no período 2008-2017, em ha (IFAP, 2017).
Apesar da área ocupada pelo tomate ser inferior às áreas ocupadas por outras culturas
anuais de primavera-verão (arroz, milho, girassol e batata), o rendimento obtido supera o
conjunto de todas estas culturas (GPP, 2017). O elevado preço de uma commodity como o
tomate convergiu nas elevadas produções. A campanha de tomate em Portugal no ano de
2017 atingiu 1,7 milhões de toneladas (IFAP, 2017).
15
As elevadas produtividades das searas de tomate têm sido uma constante, com a média
dos últimos 10 anos a ultrapassar 80 ton/ha (Figura 2.11) (INE, 2017).
Figura 2.10 – Produtividade de tomate para indústria no período 2008-2017. (INE, 2017).
16
predominantemente autogâmica, sendo favorecida pelo auxílio de insectos. O fruto é uma
baga plurilocular globosa ou piriforme de cor vermelha à maturação, com um peso a variar
entre os 50-70g (Maroto, 2002; Almeida, 2006).
17
Fase I – Pós-Transplante: inicia-se com o transplante e finda quando o cordão de
plantas apresenta 5% de solo coberto. A duração está dependente do stress provocado pelo
transplante, o que tende a agravar-se quando as plantas são transplantadas tardiamente.
Fase II – Fase de crescimento rápido: a cobertura do solo passa rapidamente de 5%
para 80-85%. Face a este grande desenvolvimento vegetativo, também o sistema radicular
desenvolve-se paralelamente, alcançando a máxima profundidade no final da fase. Durante a
fase ocorrem a floração e o vingamento, assim como a estimativa da performance produtiva,
com base no número de frutos vingados e na vegetação disponível para o crescimento e
maturação dos frutos. Sendo assim é essencial chegar a esta fase com um bom
desenvolvimento vegetativo já que o número de flores está ligado entre outros factores ao
tamanho da parte aérea do tomateiro. As necessidades hídricas e nutricionais aumentam
exponencialmente neste período. A falta destes factores de produção, levam a abortos florais,
menor número de frutos vingados, alongamento da floração e vingamento, levando a uma
menor uniformidade na maduração.
Fase III – Crescimento dos frutos: inicia-se com o estabelecimento do crescimento
vegetativo e após o vingamento, ocorrendo de forma escalonada, visto que uma mesma
planta apresenta estádios de desenvolvimento diferentes. Nesta fase distinguem-se dois
períodos, o primeiro, em que o fruto cresce rapidamente, o segundo, em que o fruto para o
seu crescimento, em que acumula grande parte de açúcares e antioxidantes. No primeiro é
importante manter o programa de rega e nutrição. No segundo, as plantas parecem depender
menos de água e nutrientes, sendo possível ocorrerem stresses durante este intervalo.
Fase IV – Maturação: os frutos verdes durante este período, passam gradualmente a
vermelhos.
18
será de 10%, não obstante Mizrahi et al. (1998) constataram que valores de salinidade acima
do valor crítico, melhoraram o sabor, devido ao aumento do teor de sólidos solúveis e
açúcares. Segundo a Reference Soil Test Methods for the Southern Region of the United
States (1983), os solos onde se cultiva o tomate de indústria poderão ser moderadamente
salinos (Condutividade eléctrica no extracto 1:2, entre 1,61 e 2,40), como se mostra no Quadro
2.3.
Quadro 2.3 – Classes de salinidade do solo e reacção das culturas aos sais (INIAV, 2006)
2.5.5. Fertilização
Planear a fertilização na cultura do tomate, assim como nas restantes culturas,
enquadra-se no conceito da agricultura sustentável, impondo-se uma utilização racional dos
fertilizantes, de forma a assegurar a saúde do meio ambiente e a rentabilidade económica.
19
No caso do tomate de indústria, considera-se como principal objectivo a produção do
fruto. No Quadro 2.4 encontra-se a recomendação de fertilização para cada nutriente
dependendo da produção esperada e da classe de fertilidade para cada nutriente. No entanto,
uma vez que a parcela estudada no presente trabalho se localiza na Zona Vulnerável aos
Nitratos do Tejo, a quantidade máxima de azoto a aplicar para a produção de 90 t ha-1 é de
205 Kg ha-1. Por cada aumento/diminuição da produção de 5 t ha -1, o acréscimo /redução de
azoto a aplicar é de 12.5 kg ha-1, sendo a quantidade máxima admissível 260 kg ha -1
(Programa de Acção Nacional para as Zonas Vulneráveis a Nitratos, Portaria 83/2010).
Quadro 2.5 – Extracção média de nutrientes em diferentes fases do ciclo cultural do tomate de
indústria. (Almeida, 2006)
20
2.5.6. Índices de Qualidade
No tomate de indústria para além da quantidade produzida a qualidade surge como um
factor diferenciador no que ao preço a ser pago pela indústria diz respeito. A qualidade deve
definir-se em função do uso para qual é destinado o produto. Neste contexto o tomate está
inserido em características como uma cor vermelha intensa, níveis de elevada firmeza, sabor
e aroma (Kalamaki et al., 2003).
O sabor do tomate está relacionado com a sua composição química, principalmente com
os açúcares redutores e ácidos orgânicos, variando em função da cultivar e do grau de
maturação do fruto (Roselló y Nuez, 2006). O conteúdo em sólidos solúveis totais, ou Brix º,
é dependente da quantidade de açúcares totais, sendo que os frutos devem deter um mínimo
de sólidos solúveis para serem colhidos. Esta característica é particularmente importante na
indústria do processado, visto que, é a que a mais influencia no rendimento industrial (Ciruelos
et al., 2007), quando o objectivo deste processo de transformação é aumentar a concentração
de sólidos solúveis até ao limite imposto pela legislação.
O vermelho do fruto é determinado pelo conteúdo em Licopeno (Martínez-Valverde et
al., 2002). O teor em Licopeno está correlacionado com a cor vermelha medida pelo
espectrofotómetro de Hunter a/b. A cor, como índice de qualidade, é avaliada no rácio a/b,
portanto quanto maior este rácio, maior o teor em licopeno, reflectindo-se numa maior
valorização do tomate (Brandt et al., 2006).
A Lezíria Grande de Vila Franca de Xira (LGVFX) é uma faixa de terreno alongada,
situada na margem esquerda do rio Tejo, nos concelhos de Vila Franca de Xira e Azambuja,
distrito de Lisboa, limitada a Oeste e a Este pelos rios Tejo e Sorraia, respectivamente. A zona
delimitada abrange aproximadamente 13420 ha encontrando-se dividida pelo troço da Estrada
Nacional nº10, dando origem a duas subzonas, designadas por Lezíria Norte e Lezíria Sul.
A LGVFX é uma zona de cotas baixas (entre 1 e 2 m) circundada por um dique de defesa
com 62 km com a finalidade de a proteger das marés e das inundações dos rios Tejo e Sorraia.
O elevado potencial agrícola desta área, determinaram várias intervenções nos recursos
hídricos, de forma a contrariar problemas relacionados com o fornecimento de água para rega,
drenagem e salinidade.
Em toda esta área foram, ou estão a ser desenvolvidas diversas obras de fomento
hidroagrícola, definidas nos termos do artigo 1º do Decreto-Lei nº 269/82 de 10 de Julho com
a redacção que lhe foi dada pelo Decreto-Lei nº 86/2002 de 6 de Abril, cujo conjunto constitui,
o Aproveitamento Hidroagrícola da Lezíria Grande de Vila Franca de Xira. Com o objectivo de
gestão do Aproveitamento foi celebrado, em 22 de Julho de 2009, o “Contrato de Concessão
para a Gestão do Aproveitamento Hidroagrícola da Lezíria Grande de Vila Franca de Xira”,
21
entre a Direcção Geral de Agricultura e Desenvolvimento Rural (DGADR) e a Associação de
Beneficiários da Lezíria Grande de Vila Franca de Xira.
principal, a água para rega pode também ser captada no rio do Risco por três portas e no rio
Sorraia por outras duas. A captação de água, é realizada excepcionalmente, nestas portas,
quando os teores de salinidade são superiores aos convenientes, principalmente em épocas
de estiagem. No Quadro 2.6 e Figura 2.13 apresentam-se as portas de água e as condutas
para adução de água para rega, situadas na Lezíria Norte.
22
Quadro 2.6 – Portas de água de adução da ABLGVFX
Estações elevatórias
Para fornecimento de água para rega com pressão às redes de rega em condutas
fechadas, o desenho actual do AHLGVFX apresenta as seguintes estações elevatórias (EE):
EE do Conchoso, para os blocos I e II; EE do Ramalhão, para os blocos III e IV; EE das
Galés, para os blocos V e VI.
A EE do Conchoso não só fornece água sob pressão aos blocos I e II, assim como, os
caudais aduzidos ao Rio Tejo através do sistema de Derivação da EE do Conchoso, fornece
os restantes blocos da lezíria, quer na parte Norte, quer na parte Sul.
Para a EE do Conchoso, canal principal e tomada de água, dimensionaram-se caudais,
com duas fases de dimensionamento (Quadro 2.7).
Canal Principal
A rede primária de rega tem início no canal principal que é alimentado pela tomada de
água e derivação do Conchoso, atravessando toda a lezíria, abastecendo a EE do Ramalhão
23
e EE das Galés. Apresenta tanto funções de rega como drenagem, com cerca de 12,5 km de
desenvolvimento e uma secção transversal trapezoidal constante em toda a sua extensão
(Quadro 2.8).
Condutas R1, R2 e R3
A rede secundária de rega da Lezíria Norte é constituída por um sistema de condutas
com água sob pressão, que se desenvolve nos seis blocos. Nos blocos de rega I e II,
apresentam uma extensão de cerca de 36300 m. As condutas R1, R2 e R3 abastecem os
blocos I e II, em que R1 beneficia o bloco I, R3 apenas o bloco II, e R2 os dois blocos I e II,
simultaneamente, como se pode verificar no Quadro 2.9. As principais características da rede
de rega do bloco I e II apresentam-se no Quadro 2.10.
Quadro 2.9 – Áreas regadas pelas condutas e a sua divisão por blocos
24
Para que o sistema de distribuição a pedido se torne real, a automatização e a
monitorização dos consumos, terão de ser realizados através da existência de um comando
de rede ao nível da boca de rega.
Neste perímetro, a boca de rega, considerada de hidrante de rega, é um equipamento
compacto que disponibiliza água à parcela proveniente da rede. Cada bloco de rega é
constituído por um determinado número de hidrantes de rega, como se pode verificar no
Quadro 2.10, assinalado como tomadas de água.
Este Aproveitamento Hidroagrícola
controla a saída de água para o hidrante
através de um sistema de automatização por
telecontrolo (Figura 2.14). Simultaneamente
através deste sistema, permite a abertura e
fecho das válvulas dos hidrantes, como a
leitura de contadores volumétricos instalados
nos hidrantes, fornecendo informação
momentânea à central, localizada na
Associação.
25
3. MATERIAIS E MÉTODOS
3.1.1. Localização
O ensaio experimental decorreu entre 22 de Maio e 12 Setembro de 2018 numa parcela
cultivada com tomate para processamento industrial (Lycopersicon esculentum Miller)
localizada no concelho de Vila Franca de Xira (38°59'51,32"N; 8°54'22,93"O) e inserida no
Aproveitamento Hidroagrícola da Lezíria Grande de Vila Franca de Xira. A parcela designada
“Manuel Marques 1”, apresenta uma área de 35 ha (Figura 3.1).
Figura 3.1 – Parcela " Manuel Marques 1" do ensaio experimental (Google Earth, 2018).
26
Figura 3.2 – Diagrama Ombrotérmico de Gaussen para Salvaterra de Magos, para o período de 1951
a 1980 (SNIRH, 2018).
3.1.3. Solo
Na parcela em estudo, segundo a carta de solos de Portugal (S.R.O.A., 1974), o solo
classifica-se, dentro dos solos incipientes, como um Ac – Aluviossolo Moderno, Calcário,
(Para–Solos Calcários).
De acordo com a análise de solo (Anexo 1) realizada pela empresa agrícola, o solo
apresenta 48% em argila; 13 % em areia e 39% em limo, o que corresponde a uma textura
argilo-limosa.
No âmbito do projecto “Estudo de Viabilidade da AHLGVFX”, constituída por uma
parceria entre Portugal e Holanda, liderada pela Direcção Geral de Hidráulica e Engenharia
Agrícola e pela Direcção Geral dos Recursos e Aproveitamentos Hidráulicos
(DGHEA/DGRAHLR, 1984), foi realizada uma classificação e caracterização detalhada para
os solos da Lezíria, tendo o solo da parcela em estudo sido classificado como F fp3 (e) (Quadro
3.1). Nesta nomenclatura, F representa depósitos de sedimentos fluviais recentes com
granulometria variável calcários; f representa a textura superficial franco-argiloso-limoso a
27
argilo-limoso; p representa substrato de textura fina, em geral depositado sob a influência de
águas mais ou menos salinas, frequentemente sódico e/ou salino, pelo menos no nível inferior
e também no nível intermédio; e o número 3 representa o nível a que ocorre a camada salina,
até 1,20 m de profundidade; nível 3 (0,50/0,80m).
Quadro 3.1 – Descrição do perfil do solo Ffp3 (e). Fonte: Adaptado de DGHEA/DGRAHLR, 1984
Espessura
Características
(cm)
Pardo, 10YR 5/3 (s) e pardo escuro, 10YR 3/3 (h); argiloso limoso; anisoforme,
0-30/35 anguloso médio e fino, moderado e prismático grosseiro; permeabilidade rápida
(p1); efervescência moderada; bastantes raízes;
Pardo, 10YR 5/4 (s) e pardo escuro, 10YR 4/3 (h); franco argilo limoso;
30/35-60 prismático grosseiro muito fraco; permeabilidade rápida a moderada (p1/2);
efervescência moderada; algumas raízes;
Pardo escuro, 10YR 3/2 (h); manchado; argilo limoso, com infiltrações de solo
60-85 da camada superior; prismático grosseiro e médio; permeabilidade
moderada/lenta (p2/3);
Cinzento escuro, 5Y 4/1 (h), manchado; argilo limoso; prismático grosseiro e
85-150
médio; p3; acumulações de calcário dispersas;
150-270 Cinzento escuro, 5Y 4/1 (h), pouco manchado; argilo limoso; p 3;
270-330 Cinzento escuro a negro; argiloso limoso; p 4; half-ripened.
3.1.4. Cultura
O tomate proveniente de viveiro com cerca de 12-15 cm de altura e com quatro folhas
expandidas foi transplantado no dia 22 de Maio com um compasso 1,5 x 0,2 m,
correspondendo a uma densidade de plantação aproximada de 35000 plantas ha -1.
A cultivar “Heinz 1015” foi a variedade seleccionada com a finalidade do processamento
industrial, sendo actualmente a variedade mais cultivada para esse fim a nível mundial. O
mesmo se verifica em Portugal, onde ocupa cerca de 40 % da área de produção (Nextera,
2018). Trata-se de uma variedade de referência devido à sua plasticidade agro cultural e boa
qualidade industrial. Apresenta um grau Brix médio alto, uma elevada cor e um bom holding
no campo (Nextera, 2018). Apresenta um ciclo semi-precoce, com duração entre 110 e 115
dias. Devido às condições meteorológicas verificadas após a transplantação, nomeadamente
precipitação e temperaturas abaixo do óptimo vegetativo (18ºC), ocorreu um desenvolvimento
inicial lento e, consequentemente, um alargamento do ciclo cultural para os 124 dias.
A cultura precedente ao tomate de indústria para além da componente económica e de
uso da terra, teve como objectivo a cobertura total do solo. Neste ponto de vista a cultura de
cobertura seleccionada foi a aveia (Avena sativa). Grandes benefícios derivam do uso de
culturas de cobertura na rotação e na produtividade da cabeça de rotação (tomate). O teor em
sais moderado, a necessidade de haver uma boa estrutura de solo, a supressão de
infestantes, e o facto de se situar numa zona vulnerável, são factores que justificaram o uso
da aveia. Tanto no excesso de sais como no excesso de nutrientes, a aveia tende a retê-los
e a consumi-los, evitando assim lixiviações. O melhoramento das características físicas do
solo, deve-se ao facto de a aveia apresentar um sistema radicular denso e fibroso com grande
28
capacidade de penetração, e com elevada produção em matéria seca, cerca de 2000 kg ha-1
nos primeiros 40 cm de solo (Gabriel et al., 2012).
Os resíduos, uma vez decompostos.
serão uma fonte de nutrientes contribuindo
positivamente para o sequestro de carbono
(Follett, 2001). Por ser uma cultura de rápido
estabelecimento e possuidora de compostos
alelopáticos, exerce supressão sobre grande
parte das infestantes, funcionando como um
herbicida natural (Parkin et al. 1997). O raizame
desenvolvido pela cultura da aveia, Figura 3.3, Figura 3.3 – Resíduos da cultura da Aveia.
é vasto.
Preparação do terreno
A preparação do solo de forma a permitir uma boa adaptação das plantas e a diminuir
os efeitos do stress de transplantação é um dos factores fundamentais de sucesso desta
cultura. As intervenções na parcela iniciaram-se com a aplicação de um herbicida total, à base
de Glifosato.
A preparação do solo iniciou-se com duas gradagens cruzadas com uma grade de
discos pesada, permitindo um controlo mais eficaz das infestantes que, no contexto deste
perímetro de rega, são difíceis de controlar. De seguida aplicou-se um correctivo alcalinizante
(gesso) e um correctivo orgânico (estrume de vaca). Para a sua incorporação, e do restolho
da cultura precedente realizaram-se mais duas passagens de grade. Posteriormente, para
uma mobilização profunda realizou-se uma passagem de subsolador a 50 cm, garantindo um
bom arejamento e facilitando o movimento de água para camadas mais profundas. Para
garantir o esmiuçamento e a fragmentação de torrões realizaram-se duas passagens de
rototerra.
O terreno foi armado em camalhões com duas passagens de um armador fresador com
o objectivo de aumentar o volume de solo em redor das plantas, melhorar a drenagem, facilitar
as operações de transplantação, de colocação do sistema de rega e colheita mecânica. O
período decorrente entre as duas passagens do armador fresador foi cerca de 10 dias, para
que o nematodicida (metade de sódio) aplicado na primeira passagem cumprisse o seu efeito
de fumigante de solo. As mobilizações realizadas podem ser consultadas no Anexo 2.
29
Fertilização
As operações relacionadas com a aplicação de fertilizantes que se desenvolveram na
parcela “Manuel Marques 1” foram registadas, com a respectiva data, fórmula de adubo,
produto comercial associado, e a respectiva taxa de aplicação. No final da campanha
contabilizou-se a quantidade de fertilizantes e correctivos aplicados por unidade de área, tal
como se apresenta no Quadro 3.2.
Protecção Fitossanitária
A cultura do tomate apresenta vários problemas fitossanitários. Neste contexto
contabilizaram-se o tipo de operação requerida na sua aplicação, assim como a data,
substância activa, o problema associado, produto comercial e a taxa de aplicação. Face às
vulnerabilidades da planta em virtude das condições climáticas, e ao modo de produção, o
surgimento de pragas e doenças é recorrente. Relativamente às doenças da cultura os
tratamentos realizados são sobretudo preventivos com a aplicação de fitofármacos efectuada
em função do índice de folha molhada. Quanto às pragas, recorre-se geralmente ao nível
30
económico de ataque para efectuar as aplicações. Neste ciclo cultural fizeram-se tratamentos
contra as seguintes pragas e doenças (Anexo 3):
- Doenças: Míldio (Phytophthora infestans); Oídio (Leveillula taurica).
- Pragas: Afídeos (Myzus persicae); Lagartas (Helicoverpa armígera); Mosca branca
(Trialeurodes Vaporarirum e Bemisia tabaci); Larvas Mineiras (Liriomyza trifolii); Traça do
Tomateiro (Tuta absoluta); Ácaros (Tetranychus urticae).
Figura 3.4 – Pormenor do sistema de rega incluindo a conduta porta rampas (manga flexível de
polipropileno branco com diâmetro de 101,6 mm), uniões em T e rampas com gotejadores em linha
com diâmetro de 16 mm.
31
8 - manómetro de entrada de 4 bar; 9 - manómetro de saída de 4 bar; 10 - tubo de lavage,
do filtro de malha. No Anexo 5 apresentam-se os elementos do cabeçal de rega.
32
onde estão inseridos, em linha, os gotejadores de caudal fixo, com um espaçamento de 30
cm, caudal nominal de 1,05 L h-1, e pressão nominal de 1,2 bar (Netafim, 2018).
Figura 3.8 – Tempo de rega; horário de início da rega matinal e da rega nocturna.
33
3.2. Dispositivo experimental
Figura 3.9 – a) Recolha de amostras de solo não perturbadas (curva de pF e densidade aparente); b)
Recolha de amostras de solo perturbadas (teor de água e condutividade eléctrica).
34
(repetições). Em cada local colheu-se em três pontos, dois no camalhão: um próximo da planta
e outro próximo da extremidade do bolbo húmido; e outro na entrelinha. A amostragem foi
efectuada com periodicidade semanal durante a campanha de rega. No total foram colhidas
12 amostras de solo. Em laboratório as amostras e os recipientes foram pesados e colocados
numa estufa à temperatura constante de 105 ºC durante 48 h. Após a secagem a amostra foi
pesada, e calculada a diferença para com a amostra inicial, determinando-se o peso da água
removida. O teor de água gravimétrico (өp) é calculado pela Equação 3.1 (Pereira, 2004):
𝑃 ℎ𝑢𝑚 − 𝑃 𝑠𝑒𝑐𝑜
ө𝑝 = [3.1]
𝑃 𝑠𝑒𝑐𝑜 − 𝑇𝑎𝑟𝑎
onde: өp é o teor de água gravimétrico (g/g); P hum é o peso do solo húmido (g); P seco é o
peso do solo seco (g); Tara é o peso da caixa hermética vazia (g).
O teor de água volumétrico é obtido pela Equação 3.2 (Pereira, 2004):
өv = өp x Dap [3.2]
em que: өv, teor de humidade em volume (cm 3/cm3); өp, teor de humidade em peso (g/g); Dap,
densidade aparente do solo (g/cm 3).
Os teores de água no solo obtidos ao longo do tempo com o método gravimétrico foram
utilizados para validação dos resultados das simulações do balanço hídrico com o modelo
ISAREG e dos dados fornecidos pela sonda capacitiva instalada na parcela pela empresa.
3.2.2.1. Tensiómetros
No dia 24 de Julho, foram instalados dois grupos de tensiómetros de manómetro
mecânico para obtenção dos perfis de carga hidráulica (H). A análise destes perfis permitiu
avaliar o sentido dos fluxos de água no perfil do solo (drenagem ou ascensão capilar). O
primeiro grupo foi instalado nas linhas dos gotejadores e o segundo grupo no camalhão a 40
cm da linha. Em cada grupo instalaram-se 3 tensiómetros às profundidades de 30, 50 e 70
cm. Os tensiómetros foram instalados junto à sonda para posteriormente serem relacionadas
as leituras de ambos os instrumentos (Figura 3.10a).
Para a instalação dos tensiómetros foi utilizada uma sonda de meia cana com diâmetro
ligeiramente inferior ao da cápsula do tensiómetro. Antes de se introduzirem os tensiómetros
no solo envolveu-se a sua cápsula com uma mistura de terra e água, sendo também esta
última introduzida no orifício antes do tensiómetro, por forma a garantir um bom contacto entre
o solo e a cápsula (Anexo 7).
35
Figura 3.10 – a) Esquema representativo da disposição dos tensiómetros em relação à fita de rega; b)
Disposição da bateria de tensiómetros de vácuo instalada na parcela Manuel Marques I
Em cada dia, efectuaram-se três medições da pressão efectiva da água no solo, h, uma
antes da rega, uma hora e três horas após a rega.
A carga hidráulica H (cm) é calculada por:
𝐻 =ℎ−𝑍 [3.3]
onde: h é a pressão efectiva em cm, e Z é o potencial gravitacional que é igual ao simétrico
da profundidade, num referencial colocado na superfície do solo e com o eixo OZ orientado
positivamente para baixo e com a origem à superfície do solo. Na figura 3.10b estão
representadas as profundidades de cada tensiómetro.
Figura 3.11 – Sonda EnviroPro de modelo EP100GL, contador volumétrico e data logger.
Esta sonda, instalada no dia 21 de Julho, permitiu fazer uma determinação diária do
armazenamento de água no solo a várias profundidades. Tratando-se de um sistema de rega
gota-a-gota, a melhor localização da sonda para efeito de condução da rega é no volume de
solo que recebe a água de rega. Por essa razão a sonda foi instalada no bolbo húmido. A
36
sonda foi instalada num ponto da parcela (requisito da medida 7.5), tendo servido para
monitorizar toda a área.
Para confirmar a informação fornecida pela sonda recorreu-se a um contador
volumétrico ligado ao data logger que permite registar a data e hora que ocorreram as regas.
37
3.2.5. Monitorização da cultura do tomate
Realizou-se a monitorização de alguns parâmetros da cultura ao longo da campanha de
rega, de modo a identificarem-se os dados culturais de entrada no modelo ISAREG. Esta
monitorização consistiu no acompanhamento da altura das plantas, da profundidade das
raízes, e das datas de início e duração das fases de desenvolvimento da cultura. Também se
estimaram os valores do coeficiente cultural ao longo do seu ciclo de desenvolvimento, tendo
por base o perfil temporal de NDVI da cultura.
38
Figura 3.13 – Interface do software SNAP. No canto superior esquerdo encontram-se as bandas
importadas, no canto inferior esquerdo, a imagem do satélite S2B (Sentinel 2B) completa e à direita a
banda 4 correspondente à banda do vermelho.
39
Figura 3.14 – Painel da função Raster Calculator do QGIS utilizada para obtenção de NDVI.
40
da rega, utilizou-se o modelo ISAREG para a definição de um calendário de rega optimizado,
que permite eliminar a drenagem profunda.
[3.9]
em que:
ETo Evapotranspiração de referência (mm dia -1); Ra Radiação no topo da atmosfera
(mm dia-1); Tmax Temperatura Máxima (ºC); Tmin Temperatura Mínima (ºC); KRS varia entre 0.19
nas zonas costeiras e 0.16 nas zonas interiores. Geralmente a equação aparece escrita para
um valor de KRS = 0.17.
41
Figura 3.16 – Menu de selecção do tipo de ficheiros de entrada a criar.
- Ficheiros Agronómicos
Os ficheiros agronómicos são compostos por ficheiros pedológicos e ficheiros culturais.
- Ficheiros pedológicos:
Os ficheiros pedológicos são aqueles ficheiros que particularizam as características do
solo a ser utilizado no modelo, como a capacidade de campo, coeficiente de emurchecimento
permanente, e a profundidade potencial de exploração pelas raízes. A obtenção destes
parâmetros foi resultado das análises de solo realizadas.
- Ficheiros culturais
Quanto aos ficheiros culturais, indicam a variação ao longo do ciclo cultural, de
características como, a profundidade radicular (zr), o coeficiente cultural (K c), da fracção
facilmente utilizável (p) e as fases de desenvolvimento da cultura.
Na generalidade das culturas e no caso da cultura do tomate de indústria, o coeficiente
cultural, reveste-se de grande importância uma vez que incorpora as características da cultura
no cálculo da ETc. A simulação da rega é feita de acordo com as duas metodologias de cálculo
de Kc simples ao longo do ciclo cultural: 1. Kc_FAO 56 ajustado (Allen et al., 1998) e 2.
Kc_NDVI.
1. Kc_FAO 56 ajustado (Allen et al., 1998)
Utilizou-se a metodologia do Kc simples definido em Allen et al. (1998) que corresponde
ao método de referência no cálculo da evapotranspiração cultural.
Este método apesar de possuir base científica sólida necessita que se obtenham no
campo a duração de cada uma das fases de crescimento da cultura para evitar a principal
fonte de erro deste método que consiste numa incorrecta caracterização das fases da cultura.
Nesta metodologia os valores tabelados de Kc têm de ser corrigidos para as condições
edafoclimáticas da Lezíria Grande de Vila Franca de Xira. Para estas condições a forma de
42
ajustamento do Kc simples é, a que é utlizada para climas sub húmidos com média de
humidade relativa mínima diária de 45% e com baixa ou moderada velocidade do vento de 2
m s-1 (Allen et al., 1998). O ajustamento do coeficiente cultural, segundo o método da FAO 56
(Allen et al., 1998), abrangeu todo o ciclo cultural, nesse sentido foram corrigidos os três
coeficientes correspondentes às três fases do ciclo.
Para a fase inicial do ciclo, visto que a principal componente corresponde à evaporação
do solo, recorreu-se à Figura 3.17. O esquema da Figura 3.17 estima o Kc ini, de acordo com
as aplicações de água, seja pela precipitação ou pela rega, com dotações menores que 10
mm.
Figura 3.17 – Média de Kc ini relacionado com a ET0 e com o intervalo entre aplicações de água para
todos os tipos de solo, com aplicações até aos 10 mm (Adaptado de Allen et al., 1998).
[3.10]
onde: Kc mid (Tab) é o valor de Kc mid tabelado; u2 é a média da velocidade do vento; RHmin é
a média da humidade relativa mínima diária e h é a altura das plantas.
Para a fase final da cultura, o Kc end é ajustado para as mesmas condições de Humidade
Relativa e velocidade do vento, conforme a seguinte equação:
[3.11]
em que Kc end (Tab) é o valor de Kc end tabelado.
2. Kc_NDVI
Esta metodologia assenta na obtenção de imagens multiespectrais através do satélite
Sentinel 2, para cálculo do perfil temporal do índice de vegetação NDVI, com uma posterior
determinação da curva do coeficiente cultural médio recorrendo às equações anteriormente
43
referidas de D’Urso et al. (2006). Esta forma de determinação do Kc simples, é um método
recente e ainda não tem uma utilização generalizada na prática de campo. Com a curva de
NDVI ao longo do ciclo do tomate, é possível observar a variabilidade do vigor vegetativo ao
longo do tempo, permitindo uma caracterização mais rigorosa do início e duração das fases
de desenvolvimento da cultura.
Ficheiro do Esquema de rega
A realização da modelação do balanço hídrico no ISAREG teve de ter em linha de conta
a fracção de solo que foi efectivamente regada. Segundo Allen et al. (1998), o ajustamento
necessário de forma a aproximar a quantidade de água aplicada à parcela por ha, à
quantidade de água efectivamente aplicada somente na região do solo humedecida pela rega,
é efectuado de acordo com o esquema apresentado na Figura 3.18.
Figura 3.18 – Fracção de solo humedecida. Fonte: Adaptado de Allen et al. (1998).
[3.12]
44
o teor de água volumétrico, e verificar qual das duas metodologias de cálculo de Kc simples
se aproximava mais e mais exacta no cálculo da ETc.
O segundo esquema de rega foi definido tendo por objectivo a proposta de um
calendário de rega optimizado em que se eliminam as perdas de água por drenagem profunda.
Para esta simulação, definiu-se um calendário de rega com o objectivo de optimização do
calendário de rega, em que cada rega foi realizada para se atingir 100% da RU. Seleccionou-
se a opção do programa para regar todos os dias uma vez que o sistema de rega utilizado é
do tipo gota-a-gota.
45
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO
0,91; 0,91; 0,92 0,92; 0,92; 0,94 0,94; 0,95; 0,95 1,01; 1,02; 1,05
Pode afirmar-se que o sector é regado de forma uniforme. Segundo a ASAE (2003) os
emissores em linha, com qualquer espaçamento e topografia do solo uniforme/ondulada,
declive menor do que 2%, devem apresentar uma uniformidade de emissão de 80-90%. Por
outro lado, Oliveira (2011), classifica uma uniformidade do sector superior a 95% de
excelentes. Conclui-se que o coeficiente de uniformidade obtido encontra-se dentro dos
padrões recomendados para os sistemas de rega gota-a-gota. Daqui resulta que as
conclusões baseadas nas observações efectuadas podem ser estendidas a todo o sector de
rega. Segundo American Society of Agricultural Engineers (ASAE) as uniformidades de
emissão em rega gota-a-gota no projecto devem ser as apresentadas no Quadro 4.2.
46
Quadro 4.2– Intervalos aconselháveis para a uniformidade de emissão em projecto, EU (%). Fonte:
Adaptado de ASAE, 2003 (EP 405.1, ASAE, 2003)
Figura 4.1 – Curva de retenção de água ou curva de pF para o solo da parcela Manuel Marques.
47
unidos por linhas tracejadas indicando que não se tratou de medições contínuas, mas que se
optou por uni-los para melhor visualizar as tendências de evolução.
Verifica-se que o teor volumétrico de água no solo (өv), foi sempre superior ao
coeficiente de emurchecimento (CE), para as três profundidades. O өv não apresenta grandes
variações ao longo do tempo (na linha), como é de esperar na rega gota-a-gota uma vez que
se trata de uma rega de alta frequência destinada a repor diariamente as perdas por
evapotranspiração. A maior variação ocorre aos 15 cm, estando provavelmente relacionada
com a evaporação da água à superfície do solo. O facto de se manter relativamente constante
aos 50 cm indica que a água de rega atingiu esta profundidade na zona por baixo da linha de
rega. Efectivamente, nesta profundidade registaram-se alguns valores acima da CC, o que
indica que pode ter ocorrido percolação profunda correspondente a alguma ineficiência na
rega.
No período compreendido entre 31 de Julho e 9 de Agosto, o sector recebeu uma
dotação de rega bastante significativa. Este período correspondeu aos dias de intenso calor,
que se fizeram sentir entre os dias 1 e 5 de Agosto com temperaturas máximas de 45ºC
registadas na estação meteorológica (04-08-2018, 16:00:00). A condução da rega efectuada
pela empresa neste período teve como objectivo minimizar o impacto das temperaturas
elevadas, fornecendo água abundantemente às raízes e a manutenção de uma temperatura
fresca no solo. Durante este período efectuaram-se duas regas diárias o que explica o
aumento do teor de água no solo (Figura 4.2).
48
O perfil da curva de distribuição do teor de água no solo a 40 cm da linha, permite definir
a dimensão do bolbo húmido. O solo apresenta diferenças texturais ao longo do perfil. Nos
primeiros 20 cm a densidade aparente é de 1,3 g cm -3, para profundidades superiores a 20
cm a densidade aparente é de 1,43 g cm -3, com uma maior percentagem de argila e limo em
relação à camada anterior (Quadro 4.3).
49
Figura 4.3 – Evolução dos teores de água por camada de solo na linha e a 40 cm da linha, em que: a)
15 cm; b) 30 cm e c) 50 cm.
Visualizando o perfil de solo por camada, aos 15 cm, verifica-se a discrepância entre a
zona que é regada e a que não é regada, em que o өv na linha de rega apresenta-se sempre
acima do CE, e a 40 cm da linha, que na maior parte das vezes surge inferior ao mesmo.
Aos 30 cm o өv em ambas as regiões, surgiu sempre dentro da RU. Ainda assim, não
ocorreram situações de ter ultrapassado a CC, o que revela a redistribuição de água no solo
e uma extracção pelas plantas. Excepção feita ao dia 8 de Agosto.
À profundidade de 50 cm o өv manteve-se, durante todo o ciclo, próximo da CC. Estes
valores justificam-se por uma maior percentagem de argila e limo e a sua proximidade à toalha
freática, com ocorrência de ascensão capilar.
50
4.2.1.1. Evolução do teor de água no bolbo húmido
Como se observa na Figura 4.4, a variação do өv no camalhão é dependente do tempo
de rega e frequência de rega.
Figura 4.4 - Variação da água no volume de solo do camalhão (cm3cm-3) para as profundidades de
15, 30 e 50 cm, nos dias 31/07, 07/08 e 12/09. Na linha verde, өCC = 0,38 cm3cm-3; na linha
encarnada, өCE = 0,24 cm3cm-3.
Entre os dias 31/07 e 07/08, realizaram-se as duas regas diárias, o que resultou na
saturação do solo ao longo do perfil, com a maior parte da água a acumular-se nas camadas
de solo próximas dos 50 cm. Nestes exemplos, são visíveis os pontos correspondentes às
leituras do teor de água no solo, e a forma como se distribui, com a frente de humedecimento
a chegar a 40 cm da linha. Na Figura encontram-se representadas as linhas de CC e CE,
verificando-se o excesso de água nos dias 31/07 e 07/08, e na redução acentuada do teor de
água na zona dos 40 cm da linha para a última data.
4.2.2. Tensiómetros
A Figura 4.5 mostra os perfis de carga hidráulica, H, construídos com as leituras dos
dois grupos de tensiómetros (secção 3.2.2.2.), antes, durante e após a rega, com o objectivo
de analisar qualitativamente o sentido dos fluxos de água no perfil do solo. Apresentam-se
como exemplos os dias 31 de Julho, 7 de Agosto e 12 de Setembro. No Anexo 8 apresentam-
se todos os dias de registo e os respectivos cálculos. Em qualquer dos dias apresentados na
Figura 4.5 a), para a linha, nota-se a chegada da água à profundidade de 70 cm, 3 h após a
rega. No dia 31/07, todo o perfil do solo apresenta um perfil de H de drenagem, enquanto que
no dia 12/09 o perfil é de drenagem abaixo dos 50 cm e de ascensão capilar acima dos 50
cm, provavelmente devido à elevada ETc registada nesta fase do ciclo, e consequentemente
uma elevada extracção de água pelas raízes.
Na linha, detectaram-se as menores pressões nos tensiómetros, em virtude de ser a
região onde se localizavam os gotejadores. Ainda assim no dia 07/08 por ter sido um dia de
elevadas temperaturas, denotou-se um aumento de pressão nos tensiómetros aos 30-50 cm,
o que devido à elevada evapotranspiração da cultura e ser esta a região de maior densidade
radicular.
51
Os maiores valores de H, em módulo, foram obtidos para os tensiómetros instalados a
40 cm da linha, devido à não aplicação de água de rega nessa área do solo. No entanto, em
virtude das características físicas do solo, o bolbo húmido apresentou um desenvolvimento
lateral considerável, ocupando grande parte do camalhão. Verifica-se a existência de perfis
de ascensão capilar acima dos 50 cm devido à evaporação à superfície de solo nu e à
absorção de água pelas raízes que se desenvolveram lateralmente, como se observa na
Figura 4.5 b).
O facto de os valores de H nunca serem muito baixos (em módulo) aos 50 cm parece
indicar que há chegada de água lateralmente, pertencendo este ponto ao bolbo molhado
formado pela rega. Abaixo dos 50 cm, o perfil de carga hidráulica mostra equilíbrio, ou seja,
deverá existir uma toalha freática perto, que mantém o teor de água no solo relativamente
constante, embora o fluxo de ascensão capilar não seja elevado.
52
Figura 4.5 – Evolução dos perfis de carga hidráulica (H), para três dias da época de rega tomados como exemplo a) na Linha e b) a 40 cm da linha.
Figura 4.6 – Evolução do teor de água volumétrico medido pela sonda EnviroPro EP100GL (software Irristrat da Hidrosoph), às profundidades de 10, 20, 30 e
40 cm.
53
A medida 7.5 para além da utilização de sondas, requere a realização do balanço hídrico
para a condução da rega com uma periodicidade mínima semanal. Com a realização do
balanço hídrico, efectua-se uma calendarização da rega servindo as sondas de humidade do
solo para monitorizar a sua aplicação. Um mau funcionamento da sonda, não pondo em causa
a correcta condução da rega, não permite efectuar eventuais correcções que sejam
necessárias. Sendo, que de acordo com a medida 7.5, o que distingue um regante de classe
A de um regante de classe B é a monitorização de água no solo através de uma sonda de
humidade do solo, salienta-se, assim, a necessidade da sua correcta instalação por parte de
técnicos especializados para garantir o seu correcto funcionamento.
54
e b) apresenta-se uma recta a tracejado que corresponde à condutividade eléctrica da água
de rega (CE ar), sendo que abaixo desse valor, verifica-se que o teor de sais mantém-se
relativamente constante ao longo do ciclo e que é a partir desse valor que se expressa a
fracção de lavagem. Caso o técnico não aplicasse a fracção de lavagem e não se tivesse
realizado a cultura de cobertura, provavelmente, o teor de sais no solo iria continuar a
aumentar ao longo do tempo. A proximidade da toalha freática e da camada salina (0,80-
1,00m), associada ao fenómeno de ascensão capilar, provocaria o agravar desta situação.
Figura 4.7 – Evolução da Condutividade Eléctrica (dS m-1) do solo ao longo ciclo do tomate, para as
profundidades de 15, 30 e 50 cm, a) na Linha e b) a 40 cm da Linha.
55
se as principais propriedades da água de rega, mostrando no Anexo 9 esta análise mais
detalhada.
Quadro 4.4 – Análise à água de rega proveniente da EE do Conchoso (Junho 2018)
pH 6,5
Ce ar (dS m-1) 0,48
Figura 4.8 – Variação da Condutividade Eléctrica (dS m-1) no volume de solo do camalhão, para as
profundidades de 15, 30 e 50 cm, nos dias 31/07, 07/08 e 12/09. Linha Na linha azul tracejada, Ce ar =
0,48 dS m-1.
56
Quadro 4.5 – Parâmetros culturais, datas de observação e início das fases fenológicas
Figura 4.9 – Curva de distribuição do NDVI e curva do Kc simples ao longo ciclo do tomate.
57
Na fase inicial, relativo ao período de 22/5 a 14/06, registou-se um desenvolvimento
lento, marcado pela crise de transplantação e devido às baixas temperaturas (Figura 4.10). A
partir do dia 14/06, nota-se o começo da fase de crescimento rápido, em que a cultura, cresce
linearmente, emitindo flores, e atingindo a fase intermédia no máximo valor de NDVI,
verificado a 08/08 (Figura 4.11).
Figura 4.10 – Imagem de NDVI do dia 14/06 da parcela Manuel Marques I, correspondente ao
período inicial da cultura.
Figura 4.11 – Imagem de NDVI do dia 08/08 da com a parcela Manuel Marques I delimitada,
correspondente à fase intermédia da cultura.
Uma vez terminado esse período, as plantas mostraram resiliência, tendo recuperado,
e voltaram a ter o índice NDVI próximo de 0,8 no dia 10/08. A fase reprodutiva terminou no
58
dia 26/08, com a cultura a entrar na fase final, correspondendo ao período de maturação dos
frutos e à diminuição gradual de NDVI (Figura 4.12).
Figura 4.12 – Imagem de NDVI do dia 22/09 da parcela Manuel Marques I, correspondente ao
período final da cultura.
59
fases fenológicas) e da curva de NDVI obtida, determinou-se para cada um desses períodos
o valor médio do Kc, quer para a metodologia da FAO 56 quer para a do NDVI, como mostra
o Quadro 4.7. Os valores de Kc obtidos para a metodologia da FAO 56, tem em conta o ajuste
climático. Nesse sentido o Kc apresentado no Quadro 4.7, é o Kc ajustado para as condições
climáticas locais.
Quadro 4.7 – Duração das fases de desenvolvimento e valores de Kc inicial, médio e final para as
duas metodologias de cálculo do Kc simples
Metodologia L ini L desen L inter L final Total Kc ini Kc med Kc final
FAO 56 ajustado 0,6 1,14 0,8
24 34 39 27 124
NDVI 0,4 1,13 1,0
Quadro 4.8 – Dados introduzidos no ficheiro da cultura do tomate para as duas metodologias de
cálculo do Kc simples
60
𝑞 𝑚é𝑑𝑖𝑜 𝑥 𝑁ºℎ𝑜𝑟𝑎𝑠 𝑑𝑒 𝑟𝑒𝑔𝑎
D= [4.1]
𝑎 𝑥 𝑓𝑤
Em que a corresponde área da malha dos gotejadores. Esta equação foi aplicada
considerando que o caudal médio é de 0,95 L h -1, a =1,5 x 0,3 m2 e fw=0,6.
Quadro 4.10 – Volume fornecido durante o período de rega, perdido por excesso de água de rega e
eficiência de rega, para a rega observada (metodologia Kc FAO 56), ISAREG
Dotação de Rega (mm) Drenagem (mm) Eficiência de Rega (%)
522,5 154,0 70,5
Figura 4.13 – Variação da reserva útil de água no solo para a rega observada (metodologia Kc FAO
56), ISAREG.
61
Figura 4.14 – Variação da % de água no solo (linha azul) para a estratégia de K c FAO 56 na rega
observada, ISAREG, em relação com os registos obtidos pelo método gravimétrico (pontos
encarnados).
Figura 4.15 – Recta de regressão que relaciona a Reserva de água no solo obtida através da
metodologia de Kc FAO 56 e a reserva de água no solo observada nos dias de amostragem.
Quadro 4.11 – Erro médio (mm), Erro relativo (%) e Raiz do Erro Quadrático Médio (mm), entre os
dados observados e os dados simulados através da metodologia do K c FAO 56
Erro médio 0,2
Erro relativo 5%
REQM 2,66
62
útil de água no solo, como está apresentado na Figura 4.16, andou sempre próxima da CC, à
excepção da fase final. Os maiores casos ligados às perdas de água por drenagem deram-se
nas fases de crescimento rápido e intermédia da cultura.
Quadro 4.12 – Volume fornecido durante o período de rega, perdido por excesso de água de rega e
eficiência de rega, para a rega observada (metodologia Kc_NDVI), ISAREG
Dotação de Rega (mm) Drenagem (mm) Eficiência de Rega (%)
522,5 179,0 65,7
Figura 4.16 – Variação da reserva útil de água no solo para a rega observada (metodologia de Kc
NDVI), ISAREG.
Segundo a Figura 4.17, o teor de água no solo, na maior parte do ciclo, permaneceu
acima da LRFU. Os dados observados acompanham os teores de água calculados pelo
modelo.
Figura 4.17 – Variação da % de água no solo (linha azul) para a estratégia de Kc_NDVI na rega
observada, ISAREG, em relação com os registos obtidos pelo método gravimétrico (pontos
encarnados).
63
Figura 4.18 – Recta de regressão que relaciona a reserva de água no solo obtida através da
metodologia de Kc NDVI e a Reserva de água no solo observada nos dias de amostragem.
A incerteza desta metodologia, foi avaliada no Raiz do Erro Quadrático Médio, foi de
2,59 mm, como se pode verificar no Quadro 4.13. Este valor permite que a reserva de água
no solo obtida pela metodologia Kc_NDVI está em média, 2,59 mm afastada dos valores da
reserva de água no solo observados. Neste cenário também se determinou a magnitude da
diferença existente entre os dados observados e os estimados pelo modelo. Quanto ao erro
médio há uma ligeira tendência para sobrestimar o valor observado em 0,4 mm, no caso do
erro relativo, informa que ocorre um erro de 5% do valor estimado em relação ao observado.
Quadro 4.13– Erro médio (mm), Erro relativo (%) e Raiz do Erro Quadrático Médio (mm), entre os
dados observados e os dados simulados através da metodologia do K c NDVI
Erro médio 0,4
Erro relativo 5%
REQM 2,59
Quadro 4.14 – Produtividade obtida, ºBrix, Cor, e preço do tomate para a parcela Manuel Marques I
Área Produtividade Cor Qualidade Preço do Tomate
Variedade ᵒBrix
(ha) -1
(t ha ) (a/b) (A/B) (€ t-1)
H1015 35 87,70 5,23 2,00 89,86/10,14 73,39
64
4.7. Dotações de Rega Observadas e Produtividade da água
Durante a campanha de rega registou-se um total de 91 regas, com uma dotação total
de rega de 5225 m3 ha-1. Apesar da dotação de rega estar previamente programada, devido
ao intenso calor que se fez sentir no início do mês de Agosto, os técnicos optaram por aplicar
mais água, com o teor de água no solo a ultrapassar a CC e a aproximar-se da saturação.
Para a determinação da produtividade da água realizou-se o rácio entre a produtividade
da cultura (kg ou €) e a dotação total de rega (Quadro 4.15).
Quadro 4.15 – Dotação total de rega e eficiência de uso da água para o ciclo do tomate
Dotação Produtividade Produtividade da água Produtividade da água
(m3ha-1) (t ha-1) (kg m-3 água) (€ m-3 água)
5225,00 87,70 16,78 12,32
65
4.8. Proposta de um calendário de rega
66
Figura 4.19 – Variação da reserva útil de água no solo para o calendário de rega proposto, definido
com o modelo ISAREG.
4.9. Discussão
67
deste trabalho, este sistema é limitativo, impedindo que a condução da rega possa ser
substancialmente melhorada. Se a empresa pretender melhorar a gestão da rega, deverá
proceder à alteração do sistema de controlo, para programadores de média ou alta
capacidade que permitem a integração da informação de sondas externas e a possibilidade
de controlo remoto para actualização dos calendários de rega em tempo real.
Verificou-se, finalmente, que a ocorrência de drenagem profunda é agravada pelo
reduzido desenvolvimento lateral do bolbo molhado, em que ao se aplicar a dotação de rega
numa fracção de solo relativamente reduzida origina um excesso de água que leva a perdas
substanciais por drenagem. Por outro lado, as plantas limitaram o crescimento das raízes a
este bolbo húmido não expandindo as suas raízes ao longo do perfil e do camalhão, o que
resultou num desenvolvimento radicular reduzido.
A monitorização da água no solo, foi efectuada recorrendo ao método gravimétrico,
tensiómetros e sonda capacitiva. Estas metodologias foram importantes ao nível da correcta
interpretação da dinâmica da água no solo, o que permitiu estimar a dimensão do bolbo
húmido no camalhão, assim como a evolução da humidade e do sentido dos fluxos no solo
ao longo da campanha de rega, permitindo estimar a percolação profunda ocorrida. O método
gravimétrico foi a forma mais fiável de determinação do teor de água no solo. Ainda que
determinado com uma periodicidade semanal, permitiu validar as leituras das sondas
capacitivas e avaliar a parametrização do modelo ISAREG. Nos dias em que não se realizou
amostragem gravimétrica, a informação fornecida pelo software Irristrat proveniente do
contador volumétrico permitiu fazer um acompanhamento continuo no tempo das regas
realizadas. Em virtude do funcionamento anómalo da sonda capacitiva, não foi possível a sua
utilização. Os tensiómetros permitiram identificar o sentido dos fluxos de água no perfil do
solo. Nas fases intermédia e final do ciclo cultural, durante o mês de Agosto, os tensiómetros
instalados na linha registaram vários dias com um perfil de drenagem profunda acentuado.
Para esses mesmos dias, os tensiómetros localizados a 40 cm da linha, registaram perfis de
drenagem lateral. Estes dispositivos, confirmaram que para este período, houve perdas de
água acentuadas por drenagem, e não ocorreu um consumo condizente por parte das plantas.
Com os registos obtidos pelos tensiómetros instalados a 40 cm da linha, observou-se até onde
se desenvolve o bolbo húmido através da observação dos perfis de drenagem lateral.
A monitorização da Condutividade Eléctrica confirmou a tendência para a concentração
de sais a 40 cm da linha do que na linha, principalmente devido à dimensão do bolbo húmido.
Os perfis de drenagem registados pelos tensiómetros, foi aplicada uma fracção de lavagem
de sais, que permitiu a manutenção da electro condutividade com um valor baixo e
relativamente constante à profundidade de 30 cm, na linha. A proximidade da camada salina
e o aumento da condutividade eléctrica ao longo do ciclo justificaram esta estratégia por parte
da empresa agrícola. Por outro lado, a utilização da aveia como cultura de cobertura permite
68
diminuir o teor de sais até aos 50 cm de solo, devido à capacidade da mesma para extrair o
excesso de sais e de outros nutrientes existentes.
A utilização da tecnologia da detecção remota, baseada na realização do perfil temporal
do NDVI ao longo do ciclo do tomate, foi uma ferramenta essencial na caracterização da
duração das fases de desenvolvimento da cultura do tomate para a cultivar H1015. A
bibliografia existente disponibiliza valores indicativos para a duração de cada fase que
poderão estar bastante afastados dos valores reais. Recorrendo ao cálculo do NDVI e à
construção da respectiva curva, ligado à sua relação com a curva de Kc simples, foi possível
obter valores mais ajustados para a duração das fases do ciclo, o que é muito relevante para
o cálculo das necessidades de rega, uma vez que esta má caracterização do ciclo cultural é
apontada por Allen et al. (1998) como a maior fonte de erro no método do Kc simples.
Cruzando a informação proveniente do perfil temporal do NDVI, com a monitorização da
cultura in situ, foi possível fazer uma caracterização da duração das fases de desenvolvimento
da cultura do tomate de indústria cv. H1015, para as condições edafoclimáticas da Lezíria
Grande de Vila Franca de Xira. Salienta-se que esta alternativa de apoio à condução da rega,
é isenta de qualquer custo de software para a exploração agrícola, porém com a necessidade
de ser tratado por um técnico especializado.
Com as imagens de NDVI é possível monitorizar o vigor vegetativo das plantas, sendo
possível avaliar a variabilidade espacial da cultura. A observação das imagens de NDVI
permitiu identificar uma zona com níveis de produção mais baixos ligada à heterogeneidade
topográfica e pedológica da parcela, que corresponde a uma zona em que existe uma
depressão no terreno.
O balanço hídrico realizado com recurso à modelação do programa ISAREG, e baseado
nas duas metodologias de cálculo de Kc simples utilizadas, estiveram de acordo com os
valores das amostragens realizadas na parcela Manuel Marques I pelo método gravimétrico.
Ambas as metodologias estimaram de forma correcta o balanço hídrico com um coeficiente
de determinação (R2) de aproximadamente 0,9, e que comprovam o bom desempenho do
modelo ISAREG para avaliação da calendarização da rega efectuada.
Com base na comparação dos resultados obtidos na modelação do balanço hídrico do
solo com as duas metodologias não se verificou uma diferença assinalável entre ambas.
Em termos genéricos, perante os resultados obtidos, verificou-se que uma correcta
caracterização do perfil do solo, associada ao cálculo das necessidades hídricas da cultura
em função das condições meteorológicas, é uma forma indicada de realizar uma correcta
condução da rega. A gestão eficiente da água de rega implica que o gestor da rega efectue
observações no campo, e a utilização de um programador de rega automático, com controlo
remoto, capaz de realizar alterações ao plano de rega, diárias a semanais, como forma de
ganhar antecipação e flexibilidade perante estas variações.
69
Uma vez que o técnico nem sempre está no campo, a monitorização de água no solo
através de sondas de humidade torna-se essencial. No entanto para tal seriam necessárias
mais sondas, e que estas estivessem calibradas para o solo em questão. Uma forma mais
segura de conduzir a rega consiste em complementar a leitura das sondas com a realização
do balanço hídrico do solo em tempo real, preparando o plano de rega e precavendo possíveis
falhas nos dispositivos.
A compilação de todos os dados observados neste trabalho, permitiu definir o volume
de solo útil explorado pelas raízes (correspondente ao bolbo húmido). A maior parte das raízes
esteve confinada até aos 30 cm de profundidade e 30 cm para a entrelinha, deixando bastante
espaço de solo por explorar. A produção obtida de 87,70 t ha -1, que em parte é justificada pelo
deficiente desenvolvimento radicular, esteve bastante abaixo do potencial produtivo da
cultura, 100 t ha-1. Esta conclusão remete para a necessidade de fomentar o desenvolvimento
do sistema radicular em profundidade e em largura, de forma a aumentar a produtividade e a
qualidade.
5. CONCLUSÕES
Verificou-se que o movimento da água no solo é algo complexo e composto por vários
factores que determinam a reserva de água no solo, particularmente no caso da rega por
gotejamento.
A rega observada na parcela Manuel Marques I, no geral, foi realizada globalmente de
forma racional e equilibrada, ainda que se tenham verificado casos de excesso de água
aplicada, resultando em desperdício de água para rega.
A monitorização do teor de água no solo, recorrendo ao método gravimétrico, com uma
periodicidade semanal, foi a metodologia mais fiável correspondendo a um menor erro nas
leituras. Parte das amostras recolhidas, serviram, simultaneamente, para o acompanhamento
da condutividade eléctrica do solo. Um teor de sais crescente ao longo do ciclo assim como a
proximidade da camada salina proveniente do lençol freático, levam a que seja necessária a
aplicação de um fracção de lavagem de sais na dotação de rega.
Para a monitorização contínua do teor água no solo, a sonda capacitiva apresentou
leituras inadequadas, em virtude da sua deficiente instalação e funcionamento. Ainda assim,
recorreu-se ao contador volumétrico que ligado ao mesmo software da sonda, permitiu um
registo mais rigoroso do calendário de rega.
O acompanhamento da cultura, para além das observações no campo, foi realizado
através de imagens de NDVI. O recurso à detecção remota permitiu construir o perfil temporal
do NDVI ao longo do ciclo, e assim definir a duração das fases de desenvolvimento para a cv.
H1015 e para as condições locais.
70
Na realização do balanço hídrico diário através do programa ISAREG recorreu-se a
duas metodologias de cálculo do Kc simples. Verificou-se que este programa modelou
correctamente o balanço hídrico diário do solo, o que foi comprovado pela elevada correlação
dos resultados da simulação com os resultados do método gravimétrico.
Neste estudo verificou-se que a rega localizada aplicada numa faixa de terreno,
apresenta uma dinâmica de água no solo complexa que corresponde ao desenvolvimento do
bolbo húmido. Os dados dos tensiómetros ajudaram a definir a dimensão do bolbo molhado
no camalhão e confirmaram as perdas de água por drenagem
O uso eficiente da água na rega localizada requer uma boa caracterização do solo, visto
que é o tipo de solo (principalmente a textura) que define a dimensão e a forma do bolbo
húmido. Para além disso a cultura do tomate de indústria apresentou um sistema radicular
com um desenvolvimento reduzido, aumentando a necessidade do técnico de rega
percepcionar o desenvolvimento do bolbo húmido. Nesse sentido, o uso de dispositivos e
metodologias capazes de determinar a reserva de água no solo são da maior importância para
a eficiente calendarização da rega. Como se verificou neste trabalho é a conjugação de várias
metodologias que permite interpretar e posteriormente conduzir a rega da melhor forma.
Uma alteração tecnológica para um programador automático, com sistema de controlo
remoto, poderia viabilizar uma actuação mais rápida e cuidada por parte do técnico de rega,
o que aumentaria a capacidade de responder em tempo real às variações da reserva de água
no volume de solo do camalhão, em virtude das variações meteorológicas e
consequentemente das necessidades hídricas da cultura.
Em termos futuros, seria interessante a realização de ensaios de forma a avaliar formas
de promover a expansão do sistema radicular no camalhão e melhorar a eficiência de rega,
com a alteração do sistema de rega. Recomendar-se-ia a realização de um ensaio de uma
fita de rega com gotejadores de 2 L h-1, com um tempo e frequência de rega mais reduzidos.
O aumento do caudal poderia provocar o alargar do bolbo húmido para a entrelinha,
estimulando um desenvolvimento lateral mais significativo por parte das raízes, contemplando
simultaneamente a necessidade da lavagem de sais.
71
6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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75
7. ANEXOS
Anexo 1 – Resultados da análise solo
76
77
78
Anexo 2 – Mobilizações e Outras operações
79
Anexo 3 – Tratamentos Fitossanitários
Dias
Sem da Tipo Nome Dose (Kg ha-
Substância Activa Problema 1
ana Planta Produto comercial )
ção
-29 a - Roundup
-5 Herbicida Glifosato (28,85%) Infestantes 6
35 Flex
-15 a - Nematodic
-3 Raisan 50 Metame de Sódio (50%) Tudo 200
21 ida
Sencor
2 8 a 14 Herbicida Metribuzina (52,17%) Infestantes 0,8
Liquid
2 8 a 14 Herbicida Titus Rinsulfurão (25%) Infestantes 0,05
15 a Sencor
3 Herbicida Metribuzina (52,17%) Infestantes 0,8
21 Liquid
15 a
3 Herbicida Titus Rinsulfurão (25%) Infestantes 0,05
21
15 a
3 Herbicida Targa Gold Quizalope-P-etilo (5,2%) Infestantes 1,5
21
22 a Cimoxanil (4%) +
4 Fungicida Cimofarm Míldio 3
28 Mancozebe (40%)
22 a Vitra 40
4 Fungicida Hidróxido de cobre (30%) Míldio/Bacteriose 2
28 Micro
22 a
4 Insecticida Steward Indoxacarbe (30%) Lagarta 0,125
28
29 a Sencor
5 Herbicida Metribuzina (52,17%) Infestantes 0,6
35 Liquid
29 a
5 Herbicida Titus Rinsulfurão (25%) Infestantes 0,05
35
36 a Folpete (56,3%) +
6 Fungicida Melody Míldio 1,3
42 Iprovalicarbe (9%)
36 a Vitra 40
6 Fungicida Hidróxido de cobre (30%) Míldio/Bacteriose 2
42 Micro
36 a Traça do
6 Insecticida Affirm Emamectina (0,85%) 1,5
42 Tomateiro
Mosca
36 a Insecticida
6 Corsário Imidaclopride (17,8%) branca/Afídeos/Á 0,5
42 /Acaricida
caros
64 a Bago de
10 Fungicida Enxofre (98,5%) Oídio 25
70 Ouro
80
71 a Equation Cimoxanil (30%) +
11 Fungicida Míldio 0,4
77 pro Famoxadona (22,5%)
71 a Movento Mosca
11 Insecticida Espirotetramato (15,3%) 0,5
77 O-Teq branca/Afídeo
71 a Vitra 40
11 Fungicida Hidróxido de cobre (30%) Míldio/Bacteriose 2
77 Micro
71 a
11 Insecticida Steward Indoxacarbe (30%) Lagartas 0,125
77
78 a
12 Herbicida Terafit Flazasulfuron (25%) Infestantes 0,12
84
85 a Valifenalato (6%) +
13 Fungicida Valis Plus Míldio 2,5
91 Mancozebe (60%)
85 a
13 Insecticida Coragen Clorantraniliprol (18,4%) Lagarta 0,2
91
85 a Bago de
13 Fungicida Enxofre (98,5%) Oídio 25
91 Ouro
85 a Sencor
13 Herbicida Metribuzina (52,17%) Infestantes 0,6
91 Liquid
85 a
13 Herbicida Targa Gold Quizalope-P-etilo (5,2%) Infestantes 2
91
81
Anexo 4 – Sistema de Rega
Layout da Parcela Manuel Marques I
82
Anexo 5 – Cabeçal de Rega
Características do Filtro de Malha “FILTOMAT M100 6800” instalado no cabeçal de rega da parcela Manuel Marques I
83
Características da Fita de Rega “StreamLine Plus” (Netafim 2018)
Modelo 16080
-1
Caudal (L h ) 1.05
Distância entre gotejadores (m) 0.3 - 1.00
Diâmetro Interno (mm) 16.20
Espessura (mm) 0.20
Diâmetro Externo (mm) 16.60
Pressão nominal (bar) 1.2
Máxima pressão trabalho (bar) 1.4
Máxima pressão descarga (bar) 1.6
Coeficiente de Variação 0.03
KD 0.10
Constante K 0.373
Expoente X 0.45
Largura– Profundidade – Comprimento (mm) 0.51x0.44x13.0
Área Filtração (mm 2) 14
Filtração recomendada (mícron) 130
Comprimento da bobina (m) 2500
84
Anexo 6 – Calendário de Rega Efectuado
Data Dotação (mm) Data Dotação (mm) Data Dotação (mm)
22-05-2018 4,74 14-07-2018 4,74 16-08-2018 9,54
26-05-2018 4,74 15-07-2018 4,74 17-08-2018 4,74
29-05-2018 4,74 16-07-2018 4,74 18-08-2018 9,54
01-06-2018 4,74 17-07-2018 4,74 19-08-2018 4,74
03-06-2018 4,74 18-07-2018 4,74 20-08-2018 9,54
05-06-2018 4,74 19-07-2018 4,74 21-08-2018 4,74
07-06-2018 4,74 20-07-2018 4,74 22-08-2018 9,54
09-06-2018 4,74 21-07-2018 4,74 23-08-2018 4,74
11-06-2018 4,74 22-07-2018 4,74 24-08-2018 4,74
13-06-2018 4,74 23-07-2018 4,74 25-08-2018 9,54
14-06-2018 4,74 24-07-2018 4,74 27-08-2018 9,54
15-06-2018 4,74 25-07-2018 4,74 28-08-2018 4,74
16-06-2018 4,74 26-07-2018 4,74 30-08-2018 4,74
17-06-2018 4,74 27-07-2018 4,74 31-08-2018 4,74
18-06-2018 4,74 28-07-2018 9,54 01-09-2018 4,74
19-06-2018 4,74 29-07-2018 4,74 02-09-2018 9,54
20-06-2018 4,74 30-07-2018 4,74 04-09-2018 4,74
23-06-2018 4,74 31-07-2018 4,74 05-09-2018 4,74
24-06-2018 4,74 01-08-2018 9,54 06-09-2018 4,74
25-06-2018 4,74 02-08-2018 9,54 07-09-2018 4,74
27-06-2018 4,74 03-08-2018 9,54 11-09-2018 4,74
28-06-2018 4,74 04-08-2018 9,54 12-09-2018 4,74
29-06-2018 4,74 05-08-2018 9,54 13-09-2018 4,74
01-07-2018 4,74 06-08-2018 9,54 15-09-2018 4,74
03-07-2018 4,74 07-08-2018 9,54 17-09-2018 4,74
05-07-2018 4,74 08-08-2018 4,74 Total 522,5
07-07-2018 4,74 09-08-2018 9,54
08-07-2018 4,74 10-08-2018 4,74
09-07-2018 4,74 11-08-2018 9,54
10-07-2018 4,74 12-08-2018 4,74
11-07-2018 4,74 13-08-2018 9,54
12-07-2018 4,74 14-08-2018 4,74
13-07-2018 4,74 15-08-2018 9,54
85
Anexo 7 – Instalação de Tensiómetros
86
Anexo 8 – Resultados dos Tensiómetros
Linha de gotejadores
Prof 24/07/2018 (10:00) 27/07/2018 (09:20) 31/07/2018 07/08/2018
Z1 (cm)
(cm) Instalação 09:20 09:10 10:48 12:57 10:15 12:10 15:00
h (cbar) h (cm) H (cm) Grad h h (cm) H Grad h h (cm) H Grad h h (cm) H Grad h h (cm) H Grad h h (cm) H Grad h h (cm) H Grad h h (cm) H Grad
10,5 30,0 0,5 -5,2 -15,7 0,0 1,5 -15,5 -26,0 0,0 0,0 0,0 -10,5 0,0 3,8 -38,8 -49,3 0,0 3,8 -38,8 -49,3 0,0 0,0 0,0 -10,5 0,0 0,0 0,0 -10,5 0,0 0,5 -5,2 -15,7 0,0
21,0 50,0 0,0 0,0 -21,0 -0,3 2,5 -25,8 -46,8 -1,0 2,0 -20,7 -41,7 -1,6 5,0 -51,7 -72,7 -1,2 6,3 -64,6 -85,6 -1,8 0,0 0,0 -21,0 -0,5 2,0 -20,7 -41,7 -1,6 2,5 -25,8 -46,8 -1,6
31,0 70,0 7,0 -72,4 -103,4 -4,1 10,0 -103,4 -134,4 -4,4 7,5 -77,5 -108,5 -3,3 14,0 -144,7 -175,7 -5,2 15,5 -160,2 -191,2 -5,3 4,0 -41,3 -72,3 -2,6 7,0 -72,4 -103,4 -3,1 6,3 -64,6 -95,6 -2,4
h (cbar) h (cm) H (cm) Grad h h (cm) H Grad h h (cm) H Grad h h (cm) H Grad h h (cm) H Grad h h (cm) H Grad h h (cm) H Grad h h (cm) H Grad
10,5 30,0 9,0 -93,0 -103,5 0,0 15,0 -155,1 -165,6 0,0 15,0 0,0 -10,5 0,0 19,0 -196,4 -206,9 0,0 25,0 -258,4 -268,9 0,0 0,5 -5,2 -15,7 0,0 5,0 -51,7 -62,2 0,0 6,4 -65,6 -76,1 0,0
21,0 50,0 0,0 0,0 -21,0 4,1 6,5 -67,2 -88,2 3,9 0,5 -5,2 -26,2 -0,8 7,5 -77,5 -98,5 5,4 12,0 -124,0 -145,0 6,2 0,0 0,0 -21,0 -0,3 2,5 -25,8 -46,8 0,8 3,8 -38,8 -59,8 0,8
31,0 70,0 0,0 0,0 -31,0 -0,5 0,0 0,0 -31,0 2,9 0,0 0,0 -31,0 -0,2 0,0 0,0 -31,0 3,4 0,0 0,0 -31,0 5,7 0,0 0,0 -31,0 -0,5 0,0 0,0 -31,0 0,8 0,0 0,0 -31,0 1,4
Linha de gotejadores
20/08/2018 29/08/2018 07/09/2018 12/09/2018
10:15 11:54 09:10 10:45 08:30 10:30 09:30 10:30 17:30
h h (cm) H Grad h h (cm) H Grad h h (cm) H Grad h h (cm) H Grad h h (cm) H Grad h h (cm) H Grad h h (cm) H Grad h h (cm) H Grad h h (cm) H Grad
0,0 0,0 -10,5 0,0 0,0 0,0 -10,5 0,0 0,0 0,0 -10,5 0,0 0,0 0,0 -10,5 0,0 0,0 0,0 -10,5 0,0 0,0 0,0 -10,5 0,0 2,5 -25,8 -36,3 0,0 2,5 -25,8 -36,3 0,0 6,3 -64,6 -75,1 0,0
0,0 0,0 -21,0 -0,5 0,0 0,0 -21,0 -0,5 0,0 0,0 -21,0 -0,5 0,0 0,0 -21,0 -0,5 0,0 0,0 -21,0 -0,5 0,0 0,0 -21,0 -0,5 0,0 0,0 -21,0 0,8 0,0 0,0 -21,0 0,8 2,5 -25,8 -46,8 1,4
6,3 -64,6 -95,6 -3,7 6,3 -64,6 -95,6 -3,7 5,0 -51,7 -82,7 -3,1 5,0 -51,7 -82,7 -3,1 1,3 -12,9 -43,9 -1,1 1,8 -18,1 -49,1 -1,4 3,8 -38,8 -69,8 -2,4 5,0 -51,7 -82,7 -3,1 5,0 -51,7 -82,7 -1,8
h h (cm) H Grad h h (cm) H Grad h h (cm) H Grad h h (cm) H Grad h h (cm) H Grad h h (cm) H Grad h h (cm) H Grad h h (cm) H Grad h h (cm) H Grad
5,0 -51,7 -62,2 0,0 7,5 -77,5 -88,0 0,0 0,0 0,0 -10,5 0,0 1,3 -12,9 -23,4 0,0 1,3 -12,9 -23,4 0,0 12,0 -124,0 -134,5 0,0 50,0 -516,8 -527,3 0,0 53,0 -547,8 -558,3 0,0 72,0 -744,2 -754,7 0,0
2,0 -20,7 -41,7 1,0 3,8 -38,8 -59,8 1,4 0,0 0,0 -21,0 -0,5 0,0 0,0 -21,0 0,1 0,0 0,0 -21,0 0,1 0,0 0,0 -21,0 5,7 0,0 0,0 -21,0 25,3 0,0 0,0 -21,0 26,9 3,8 -38,8 -59,8 34,7
0,0 0,0 -31,0 0,5 0,0 0,0 -31,0 1,4 0,0 0,0 -31,0 -0,5 0,0 0,0 -31,0 -0,5 0,0 0,0 -31,0 -0,5 0,0 0,0 -31,0 -0,5 0,0 0,0 -31,0 -0,5 0,0 0,0 -31,0 -0,5 0,0 0,0 -31,0 1,4
87
Anexo 9 – Água de rega – Estação Elevatória do Conchoso
88
Anexo 10 – Imagens de NDVI
89
90
91
92
Anexo 11 – Calendário de Rega Proposto
Dotação Dotação Dotação Dotação
Rega Data Rega Data Rega Data Rega Data
(mm) (mm) (mm) (mm)
1ª 23/mai 3,0 33ª 04/jul 5,0 65ª 05/ago 11,5 97ª 06/set 4,1
2ª 24/mai 4,1 34ª 05/jul 5,3 66ª 06/ago 10,4 98ª 07/set 4,2
3ª 26/mai 3,5 35ª 06/jul 5,7 67ª 07/ago 6,8 99ª 08/set 5,0
4ª 27/mai 3,5 36ª 07/jul 5,7 68ª 08/ago 5,1 100ª 09/set 4,1
5ª 28/mai 2,9 37ª 08/jul 6,2 69ª 09/ago 5,7 101ª 10/set 5,1
6ª 30/mai 7,3 38ª 09/jul 6,6 70ª 10/ago 5,1 102ª 11/set 5,7
7ª 01/jun 3,3 39ª 10/jul 6,6 71ª 11/ago 6,7 103ª 12/set 5,8
8ª 02/jun 3,1 40ª 11/jul 5,5 72ª 12/ago 8,0 104ª 13/set 5,2
9ª 03/jun 2,9 41ª 12/jul 5,5 73ª 13/ago 6,5 105ª 14/set 5,1
10ª 05/jun 4,8 42ª 13/jul 4,9 74ª 14/ago 5,6 106ª 15/set 5,1
11ª 06/jun 3,1 43ª 14/jul 6,5 75ª 15/ago 7,6
12ª 07/jun 2,9 44ª 15/jul 6,4 76ª 16/ago 7,3
13ª 09/jun 3,5 45ª 16/jul 6,2 77ª 17/ago 6,5
14ª 10/jun 3,2 46ª 17/jul 6,9 78ª 18/ago 6,8
15ª 12/jun 5,3 47ª 18/jul 7,2 79ª 19/ago 9,0
16ª 14/jun 5,8 48ª 19/jul 5,9 80ª 20/ago 9,6
17ª 15/jun 3,7 49ª 20/jul 6,5 81ª 21/ago 7,6
18ª 16/jun 3,3 50ª 21/jul 5,9 82ª 22/ago 7,9
19ª 17/jun 4,2 51ª 22/jul 6,3 83ª 23/ago 8,1
20ª 18/jun 5,0 52ª 23/jul 6,5 84ª 24/ago 7,6
21ª 19/jun 6,4 53ª 24/jul 7,4 85ª 25/ago 7,2
22ª 20/jun 5,4 54ª 25/jul 6,6 86ª 26/ago 6,0
23ª 21/jun 4,9 55ª 26/jul 5,0 87ª 27/ago 7,2
24ª 24/jun 6,7 56ª 27/jul 6,0 88ª 28/ago 7,3
25ª 25/jun 5,1 57ª 28/jul 6,5 89ª 29/ago 4,2
26ª 26/jun 4,5 58ª 29/jul 6,8 90ª 30/ago 4,5
27ª 27/jun 5,0 59ª 30/jul 6,4 91ª 31/ago 6,6
28ª 28/jun 4,9 60ª 31/jul 6,5 92ª 01/set 7,9
29ª 29/jun 4,6 61ª 01/ago 6,8 93ª 02/set 7,2
30ª 01/jul 6,0 62ª 02/ago 8,9 94ª 03/set 6,5
31ª 02/jul 4,5 63ª 03/ago 9,9 95ª 04/set 4,6
32ª 03/jul 3,4 64ª 04/ago 10,9 96ª 05/set 4,6
93