Barragens de Terra e Enrocamento

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Tpicos em Geotecnia e Obras de Terra - 2004

Prof. M. Marangon, D. Sc.

Unidade 05 - BARRAGENS DE TERRA E ENROCAMENTO

INTRODUO

5.1- Definio e objetivos


Barragem pode ser definida como sendo um elemento estrutural, construda
transversalmente direo de escoamento de um curso dgua, destinada a criao de um
reservatrio artificial de acumulao de gua.
Os objetivos que regem a construo de uma barragem so vrios e os
principais se resumem em :
a) aproveitamento hidreltrico
b) regularizao das vazes deo curso dgua para fins de navegao
c) abastecimento domstico e industrial de gua
d) controle de inundaes
e) irrigao
Os objetivos acima citados podero ser explorados individualmente ou em
conjunto. Se, por exemplo, uma baragem implantada com a finalidade imediata de obteno
de energia eltrica, outras atividades ditas secundrias poderam ser tambm desenvolvidas
correlatamente. Assim que os aspectos como recreao, piscicultura, saneamento, etc., so
comumente desenvolvidos. Um exemplo caracterstico pode ser a barragem de Barra Bonita
no Rio Tite ( Estado de So Paulo ), cujos objetivos principais foram a obteno de energia
eltrica ( potncia de 122 000 kW ) e a regularizao do rio para fins de navegao. O projeto
sugere tambm uma reserva de vazo mdia diria de 4m3/seg.,para fins de irrigao de reas
circunvizinhas. Posteriormente foi desenvolvido tambm o turismo, atravs da recreao em
certas reas do reservatrio, e se resume na prtica dos esportes aquticos, com a implantao
de clubes de campo e hotis neste locais.
5.2 - Elementos de uma barragem

As definies expostas a seguir


tem a finalidade apenas de orientar e
alxiliar a compreeno da importncia
da geologia, nos trabalhos de construo
de barragens.

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Outros elementos encontrados no conjunto de obras que compem uma


barragem so:
a) ensecadeira - destinada a desviar as guas do leito do rio, total ou parcialmente,
com o objetivo de permitir o tratamento das fundaes nessas reas e, s vezes, nas reas das
plancies de inundao, possibilitando a comstruo em seco dso diques de terras ou estrutura
de concreto. As ensecadeiras mais comuns so aquelas construdas com terras e blocos de
rocha. Em alguns casos, necessria a utilizao de chapas metlicas ou diafragmas
impermeveis.

b) tneis de desvio - possuem a mesma finalidade das ensecadeiras, sendo porm,


construdos em cursos dgua com vales ngremes, e quando possvel, nos locais onde existam
curvas. Em muitos casos, o tnel de desvio usado posteiormente como tnel de aduo, para
transportar as guas do reservatrio para a casa das mquinas.
c) vertedouro - seu objetivo
funcionar como um dispositvo de
segurana, quando a vazo do curso
dgua assumir valores que tornem a
estabilidade da baragem perigosa, ou
impedir que o nvel mximo estabelecido
para a barragem cause prejusos s
propiedades agrcolas ou industrias a
jusante da barragem. A capacidade do
vertor calculada para permitir o
escoamento
mximo
(
enchente
catastrfica ), que poderia ocorrer na
seco da barragem.
d) tomada dgua - representa o conjunto de obras que permite a retirada, do
resevatrio, da gua a ser utilizada, seja para a obteno de energia ou para outros fins. O tipo
de tomada dgua varia com o tipo de barragem. Assim, as barrragens de concreto, a tomada
dgua consiste geralmemte em um conduto que pode se desenvolver atravs do macio da
barragem ou em sua proximidade, enquanto na barrragem de terra, aparece nas ombreiras do
resevatrio.
5.3 Tipos de barragens
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As barragens podem ser classificadas em diferentes tipos, de acordo com o seu


objetivo, seu projeto hidrulico e os tipos de materiais empregados na sua construo. Com
relao a este aspecto, as barragens podem ser classificadas em:
1. Concreto
a) Gravidade
b) Arco
2. Terra
3. Enrocamento

VISTA DE UMA BARRAGEM DE TERRA EM QUE SO IDENTIFICADOS OS PRINCIPAIS


ELEMENTOS GEOMTRICOS DENTRE ELES ESTRUTURAS DE CONCRETO

5.3.1 - Barragens de Concreto


Uma das mais antigas barragens de concreto foi construda no Egito, em torno
do ano 4.000 A.C., sendo a relao largura da base x altura estimada em 4:1. Hoje em dia, tem
sido possvel a construo de barragens imensas, como a Hoover Dam nos Estados Unidos,
com 221 metros de altura, sendo a relao da largura da base para a altura, considervel, ou
seja, menos de 1:1.
- Barragens de Concreto - Gravidade
o tipo de barragem mais resistente e de menor custo de manuteno. Este
tipo pode ser adaptado para todos os locais, mas a sua altura limitada pela resistncia das
fundaes. Quando so constitudas de material de aluvio incoerente, a altura dessas
barragens tem sido limitada a 20m. No caso da fundao ser de rocha s, porm situada a
considervel profundidade da superfcie do terreno, mais adequado e econmico construirse uma barragem de terra, porque a mesma no necessita repousar sobre fundao em rocha e
assim avita-se uma quantidade de escavao.

Comparadas com as barragens de terra ou de enrocamento, as de concreto tipo


gravidade so de maior custo.
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- Barragens de concreto - Arcos


So mais raras, uma vez que o comprimento dessas barragens deve ser pequeno
em relao sua altura, o que exige a presena, nas encostas do vale, de material rochoso
adequado e de grande resistncia, capaz de suportar os esforos a elas transmitidos. Essas
barragens so mais comuns na Europa, onde os vales so profundos e fechados.

A fotografia ilustra um
exemplo de barragem (de
concreto) com finalidade de
gerao de energia eltrica
no Rio Paraibuna, prximo
Juiz de Fora, conhecido
como Usina Quatro.
Local que aproveita a
ocorrncia de um grande
desnvel no curso do rio.

Abaixo da fotografia vse


o
barramento
de
concreto, ao centro o canal
que conduz gua a dois
dutos forados que chegam
a casa de fora para a
produo de energia

5.3.2 - Barragens de Terra


Desde os tempos antigos, barragens de terra foram construdas com a
finalidade de armazenar gua para irrigao, sendo algumas das estruturas de tamanho
considervel, como por exemplo, uma construda no Ceilo no ano 504 A.C., que possua 17
quilmetros de comprimento, 21 metros de altura e contendo cerca de 15 milhes de metros
cbicos de material. Antigamente todas as barragens de terra eram projetadas por mtodos
empricos e a literatura de engenharia est repleta de registros de ruptura e acidentes dessas
barragens. Somente a partir de 1.907, surgiram os primeiros procedimentos racionais para
projeto dessas obras. Atualmente tais procedimentos permitem a construo de barragens de
terra com mais de 150 m de altura. No Estado de So Paulo, a barragem de Xavantes no Rio
Paranapanema, atinge 90 m de altura.
As barragens de terra so as mais elementares obras de barragens e
normalmente se prestam para qualquer tipo de fundao, desde a rocha compacta, at terrenos
construdos de materiais incosolidados. Esses ltimos, alis, so seu campo tpico de
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aplicao. Existe uma certa variabilidade no tipo de barragem de terra, que poder ser
homogneo ou zonado.
a) Homogneo - aquele composto de uma nica espcie de material, excluindo-se a
proteo dos taludes. Nesse caso, o material necessita ser suficientemente impermevel, para
formar uma barreira adequada contra a gua, e os taludes precisam ser relativamente suaves,
para uma estabilidade adequada.
b) Zonado - esse tipo representado por um ncleo central impermevel, envolvido
por zonas de materiais consideravelmente mais permeveis, zonas essas que suportam e
protegem o ncleo. As zonas permeveis consistem de areia, cascalho ou fragmentos de
rocha, ou uma mistura desses materiais.
5.3.3 - Barragens de Enrocamento
Esse tipo de barragem aquele em que so utilizados blocos de rocha de
tamanho varivel e uma membrana impermevel na face de montante. O custo para a
produo de grandes quantidades de rocha, para a construo desse tipo de barragem, somente
econmico em reas onde o custo do concreto fosse elevado ou onde ocorresse escassez de
materiais terrosos e houvesse, ainda, excesso de rocha dura e resistente. Devemos lembrar que
a rocha de fundao adequada para uma barragem de enrocamento pode no ser aceitvel para
uma de concreto.
A rocha que deve preencher a maior parte da barragem precisa ser inalterada
pelo intemperismo, no sendo facilmente desintegrada ou quebrada. Rochas que, quando
sujeitas ao de explosivos, fragmentam-se facilmente em pedaos muito pequenos, com
elevada porcentagem de lascas e p, so igualmente inadequadas. As rochas para essas
barragens, devendo ter resistncia ao intemperismo fsico e qumico, gnaisse, diabsio, etc. Os
blocos de rocha so colocados de modo a se obter o maior contato entre suas superfcies e os
vazios entre elas, que so preenchidos por material de menor tamanho.
- Exemplo de Barragem de Terra construida
Um exemplo de Barragem de Terra associada a uma de enroncamento citamos:
A barragem de Passo Severino, situa-se na bacia hidrolgica do rio Santa
Lucia, 70Km ao norte da cidade de Montevideo, Uruguai,. Destina-se a formar um
reservatrio de acumulao de guas no rio Santa Lucia e mater uma vazo mnima regulada
em 8m3/s, a jusante, onde est instalada a toma da de gua para abastecimento da cidade de
Montevideo e municpios vizinhos.
A obra de barramento consta de uma estrutura vertedora em concreto, com
comprimento de 71,2m implantada no leito natural do rio, uma tomada dgua na sua
extremidade direita, dois macios de solo e rocha compactados, sendo um de cada lado da
estrutura vertedora e uma estrutura complementar para extravasamento de grades enchentes
(Sangradouro), situada numa sela topogrfica da margem direita. O comprimento total das
obras de barramento de 2.300m e sua altura mxima de 28m . A Figura 1 mostra a
localizao geral da obra e as sees tpicas de cada uma das estruturas componentes.

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SEO TPICA DO VERTEDOURO

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LEGENDA
1- Argila
2- Saprolito
3- Areia
4a- Pedra Britada Fina
4b- Pedra Britada Grossa
5- Enrocamento (mx.= 0,60)
5a- Enrocamento Fino (mx=0,30)
6- Enrocamento Selecinado (Riprap)

5.4 - Seleo do Tipo de Barragem


A escolha do tipo mais adequado de barragem, para um determinado local de
um curso dgua, depende dos seguintes aspectos:
1) Segurana da Obra - ligada s caractersticas inerentes do prprio local: condies
geolgicas, configurao do vale e dimenses da obra.
2) Custo da obra - em funo do preo e disponibilidade do material. A ausncia, por
exemplo, de rocha resistente do tipo granito,gnaisse, basalto ou diabsio, para ser usada como
agregado para concreto, rip-rap ou enrocamento, ou de cascalho, para os mesmos fins, pode
causar alteraes profundas no custo da obra.
Alm desse critrios, deve ser considerada uma srie de fatores fsicos que
governam a seleo do tipo de barragem.
A no ser em condies excepcionais, mesmo o mais experimentado projetista
incapaz de dizer se um determinado tipo de barragem adequado ou mais econmico para
um dado local. Na seleo do melhor tipo de barragem para um determinado local, devem ser
consideradas as caractersticas fsicas do local, o objetivo da obra, fatores econmicos, de
segurana, etc. Normalmente, o maior fator individual que determina a escolha final o custo
da construo. Os fatores fsicos, expostos a seguir, so tambm importantes.

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5.4.1 - Topografia
primeira vista, a topografia determina as primeiras alternativas para o tipo de
barragem. claro que, se o local estudado estiver localizado num vale estreito com paredes
rochasas, a sugesto ser de uma barragem de concreto. o caso da barragem do Funil, no
Rio Paraba. Porm, em reas de topografia aplainada e vales bastante abertos, indica-se
normalmente a barragem de terra. o exemplo das barragens de Jupi e Ilha Solteira, no Rio
Paran ou de Promisso, no Rio Tiet. Existem, claro, os casos intermedirios.
5.4.2 - Geologia e Condies das Fundaes
As condies das fundaes dependem da espessura e caractersticas fsicas,
qumicas e minerolgicas da rocha, que suportar o peso da barragem. Aquelas caractersticas
incluem a permeabilidade, a presena ou no de determinadas estruturas, como acamamento,
xistosidade, dobras, fraturas, etc. As condies esto diretamente ligadas com a altura da
barragem, isto , as consideraes diferem para uma barragem baixa e uma alta.
Normalmente, so encontradas as seguintes condies de fundaes:
1) - Rocha S e Slida - normalmente aceita qualquer tipo de barragem. Inclui, via de regra, a
escavao da camada superficial quando alterada (mesmo sendo rocha) e tratamento eventual
por injeo, para consolidao.
2) - Sedimentos (Aluvies) - incluem os cascalhos, areias, siltes e argilas. Os cascalhos esto
sujeitos intensa percolao, os siltes e as areias ocasionam recalques e percolao, e as
argilas sofrem recalques, principalmente quando saturadas de gua. Dependendo do tipo de
barragem, da sua altura e com aplicao de tratamentos adequados, qualquer desses materiais
poder ser utilizado.
5.4.3 - Materiais de Construo
Os materiais necessrios para a construo de uma barragem so vrios e
devem estar localizados o mais prximo possvel do local da barragem. Esses materiais so os
seguintes:
a) solos, para os diques de terra.
b) rocha, para do diques de enrocamento e proteo dos taludes.
c) agregado, para concreto, que inclui areia, cascalho natural e pedra britada.
d) areia, para filtros e concretos.
5.5 - Fases Gerais no Estudo de Barragens
A implantao de uma barragem em determinado curso dgua envolve sempre
uma sequencia natural de trabalho. Toda obra de vulto agrupa diferentes turmas
especializadas de tcnicos, com a finalidade de seguirem, medida do possvel, os seguintes
tens:
5.5.1 - Levantamento Topogrfico
Analisa as caractersticas geogrficas e topogrficas do curso a ser estudado. A
funo desse levantamento a de preparar plantas topogrficas que permitam verificar as
seces transversais mais favorveis para uma barragem, calcular a rea de inundao das
seces escolhidas e obter o perfil longitudinal do curso dgua.

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O mtodo mais moderno para a obteno de mapas topogrficos o uso da


aerofotogrametria, com o levantamento de mapas por meio de fotografias areas e de pontos
de controle altimtrico de campo.
5.5.2 - Dados Hidrolgicos
Um grupo de tcnicos especializados se encarrega de definir as caractersticas
hidrolgicas da bacia hidrogrfica do curso dgua estudado.
Trata da obteno direta de valores de vazo atravs de leituras dirias, que
permitem calcular as vazes mdias, dirias, mensais e anuais. Lembrando que a potncia de
uma barragem funo da vazo do curso na seco da barragem e do seu desnvel, pode-se
perceber a importncia dos clculos de vazo. Alguns exemplos tpicos de vazes mdias so
fornecidos pelo Rio Sapuca Paulista que, no perodo de 1931 a 1962, apresentou nas suas
cabeceiras (So Joaquim da Barra), para uma bacia de 3.880 Km2, uma vazo mdia de 67
m3/seg. Na sua parte baixa (So Domingos), a bacia desse rio abrange uma rea de 6.070
Km2, e a vazo passa para 100 m3/seg.
O Rio Pardo, messe mesmo perodo (1931 - 1962), apresentou vazo mdia nas
cabeceiras (So Jos do Rio Pardo) de 83 m3 por segundo, para uma bacia de 3.850 Km2. Na
parte mdia (portanto, sem receber ainda seu afluente Mogi-Guau) e nas proximidades de
Ribeiro Preto, para uma bacia de 10.500 Km2, a vazo 161 m3/seg, e na sua parte baixa
(So Bartolomeu, Viradouro), a vazo passa a 420 m3/seg.
No Rio Tiet, para o qual uma srie de aproveitamentos hidreltricos esto
sendo desenvolvidos, podemos considerar como vazes mdia as seguintes:
5.5.3 - Mapeamento e Estudo Geolgico
Este assunto j foi visto na unidade 01 deste curso de Tpicos em Geotecnia e
Obras de Terra quando estudamos conceitos de Geologia Aplicada Engenharia.
Os trabalhos de geologia, realizados numa rea onde se pretente implantar uma
barragem, se apiam no desenvolvimento de tens fundamentais:
1) - Mapemamento geolgico da rea
2) - Estudo da rocha de fundao
3) - Estudo dos materiais de construo
Para o esclarecimento desses trs tens, normal a separao dos trabalhos
geolgicos em duas etapas distintas, que se resumem nos trabalhos preliminares e nos de
detalhe. No primeiro caso, os trabalhos so de carter apenas estimativo, uma vez que a
geologia da rea, o tipo da rocha de fundao e os materiais de construo disponveis so
determinados com a finalidade de reconhecimento apenas. Os dados colhidos nos trabalhos
preliminares, e no caso dos mesmos serem favorveis para a localizao de uma barragem,
iro servir apenas de base para os trabalhos de detalhe.

5.5.4 - Planejamento
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As informaes obtidas nos tens anteriores pelo levantamento topogrfico


(perfil longitudinal do rio, seco transversal, rea a ser inundada), pela hidrologia (vazo do
curso nas alternativas propostas), pelo mapeamento geolgico (mapa dos tipos de rochas e
solos existentes na rea, tipo da rocha de fundao, estudo dos materiais de construo, etc.),
iro permitir aos projetistas do setor de planejamento escolherem o tipo de barragem mais
adequado e suas dimenses.
5.5.5 - Oramento
Este grupo analisa posteriormente os projetos propostos pelo grupo de
planejamento. Estimando a quantidade e respectivo preo dos materiais de construo a serem
utilizados na obra, as escavaes de terra e rocha a serem utilizadas, as indenizaes das
propriedades e terras a serem inundadas, etc., possvel calcular-se o preo do kw a ser
obtido e em funo do seu valor, escolher e aprovar, ou no, os projetos sugeridos.
5.6 - Exemplo de Barragens Brasileiras
Em seguida, so dados alguns exemplos de situaes geolgicas e
caractersticas de algumas barragens brasileiras.
a) Barragem de Barra Bonita, no Rio Tiet, Estado de So Paulo
uma barragem de concreto, com uma potncia de 132 MW.
Sua altura mxima de 24 m, sua extenso de 483 m e o volume de concreto
foi de 200.000 m3.
A geologia local constituda por derrames de basalto, aparecendo o tipo
macio e o vesicular. Entre eles, apareceram camadas de arenito.
O fraturamento dos basaltos exigiu trabalhos intensos de injeo nas
fundaes.
O desenho a seguir esquematiza a barragem e a geologia local.

RRAGEM DE CAPIVARA, RIO PARANAPANEMA. ESTADO DE SO PAULO - EM DERRAMES DE


BASALTO

b) Barragem de Jaguar, no Rio Grande, na divisa dos Estados de So Paulo e Minas


Gerais
Geologicamente, a barragem est localizada em quartzitos putos silicificados,
com camadas de xistos intercaladas.
A barragem apresentou interessante problema geolgico. Dada a grande vazo
do rio, foram executadas, na fase preliminar, somente duas sondagens no seu leito. Na fase de
detalhe, as sondagens confirmaram a presena de uma camada de xisto decomposto de
pequena resistncia. Esse fato exigiu o deslocamento das estruturas de concreto para 50 m a
jusante; a fim de reduzir os custos de escavao da rocha decomposta.
Nas margens do rio, a decomposio da rocha varia de 10 m a 15 m. No leito
do rio, a rocha est bastante fraturada.
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A camada decomposta no local das estruturas citadas mergulhava cerca de 150


em direo margem esquerda.
O esquema a seguir resume a posio da camada em relao s condies
geolgicas.

A camada de xisto no oferecia condies de fundao para as estruturas de


concreto. Porm, a sua remoo total e a do quartzito subjacente exigiram um volume extra de
escavao e concreto.
A soluo foi deslocar o eixo da barragem em 50 m na rea da tomada dgua e
da casa de fora.
Concluses: o exemplo descrito mostrou os seguintes aspectos importantes
para qualquer estudo geolgico de barragens:
1. o nmero insuficiente de sondagens na fase preliminar.
2. a importncia do estudo geolgico e, no caso; de se encontrar rocha desfavorvel no local
de fundao.
3. o grau de fraturamento excessivo da rocha exigiu grandes trabalhos de injees.
c) Barragem de Sobragi, no Rio Paraibuna, prximo Juiz de Fora - MG.
A usina hidroeltrica de Sobragi, est localizada no Rio Paraibuna, entre os
municpios de Belmiro Braga e Simo Pereira, prximo a Juiz de Fora.
Este empreendimento, iniciado em maro de 1996, pela empresa de Engenharia
Paranapanema para a Companhia Paraibuna de Metais - CPM - e tem como objetivo a
gerao de Energia Eltrica no sentido de diminuir os insumos (custos) da empresa na
fabricao de seus produtos.
Exemplo de Usina em que h aproveitamento de grande desnvel entre dois
pontos prximos, sendo executado um tnel ( escavado ) de aduo sob a encosta natural
(terreno). Barragens foram tambm necessrias no caso para fechamento prximo a tomada
dgua e no de fechamento de 8,7m de altura na casa de fora.

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5.7 - Dimensionamento de taludes de uma Barragem de Terra


Anlise de Estabilidade
O projeto do macio compactado de uma barragem principalmente
controlado pelas caractersticas dos materiais de contruo disponveis, pela natureza das
fundaes, pelos mtodos construtivos especificados e pelo grau de controle de construo
previsto.Pelas consideraes relativas aos custos dos materiais de contruo, h um mximo
interesse de se utilizar os solos disponveis nas proximidades imediatas do local de
implantao da barragem; em funo da qualidade e das propriedades destes solos no estado
compactado, deve-se dimensionar as declividades dos taludes em termos econmicos e
seguros, o que reverter em benefcios substncias, principalmente quando se trata de
barragem de grande altura; para atingir tais objeivos, ser necesssrio programar
cuidadosamente anlises de estabailidade adequadas, as quais exigem estudos prvios
detalhados bem como a fixao de critrios de projeto compatveis com as caracteristicas da
obra.
Em termos gerais, pode-se afirmar que possvel contruir uma barragem de
terra sobre quase todos os tipos de fundaes; desde que ela sejam adequadamente
investigadas e desde que o projeto se adapte convenientemente s condies relevadas. De
acordo com o tipo de fundao existente, os estudos de estabilidade dos taludes de uma
barragem podem ser divididas em trs grupos, de acodo com as caractersticas predominantes
dos materiais presentes do macio de fundao:
10 grupo: fundaes em rochas, as quais no apresentam, em geral, probemas graves.
20 grupo: fundaes em solos permeveis ( solos arenosos ou com pedregulhos ): nesse caso,
deve-se considerar dois aspectos principais : quantidasde de gua perdida por percolao e
grandeza das foras de percolao; esse ltimo aspecto assume especial importncia nos casos
de fundaes contitudas por areias limpas e saturadas ( geralmente finas e uniformes ) de
baixa compacidade.
30 grupo : fundaes em solos impermeveis ( solos essencialmente argilosos ), onde os
principais problemas so associdos estabilidade contra a ruptura por cisalhamento e aos
assentamentos excessivos.

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Os solos empregados na construo de uma barragem de terra e enrocamento


podem ser classificados em duas grandes categorias :
* os materiais permeveis ( areias e cascalhos ), caracterizados por uma resistncia ao
cisalhamento elevada;
* os materias pouco permeveis ( argilas, areis e siltes argilosos ), caracterizados por
uma resistncia ao cisalhamento mais fraca.
No caso de se dispor, nas proximidades imediatas da obra, de quantidades
importantes de materiais pouco permeveis e de pequeno volume de materias permeveis, a
soluo recomendvel de se projetar uma barragem homgenia utilizando os materias
pouco permeveis. Ao contrrio, se a proporo desses dois tipos de materiais invertida,
deve-se adotar uma soluo de barragem com ncleo impermevel , o ncleo sendo
contruido com materiais pouco permeveis e os espaldares com materiais permeveis. No
caso dos espaldares serem contituidos por materias de permeabilidades sensivelmente
diferentes, os materias devero ser distribuidos de forma que os menos permeveis sejam
posicionados junto ao ncleo da barragem ( barragens zoneadas); nas barragens com ncleo
e nas barragens zoneadas, os espaldares extenos tm uma funo estabilizadora enquanto
compete ao ncleo o papel de elemento ipermeabilizador.
Numa barragem de seo homognia , a linha fretica tem a tendncia de
emergir no talude de jusante, o que exige colocao de material permevel, judiciosamente
posicionadas.
Nas barragens com ncleo impermevel, a espessura do ncleo depender da
quantidade de materiais argilosos disponveis, das suas caractersticas geotcnicas, de seus
ndices fsicos naturais ( teor de umidasde ) e do condicionamento climtico ( ndice
pluviomtrico anual e distribuio das chuvas ao longo do ano ). A posio do ncleo (
vertical ou inclinada ) depender das resistncias relativas dos materiais permeveis e
impermeveis: para uma mesma declividade do talude de montante, um ncleo construido
com materiais pouco permeveis cuja a resistncia for ligeiramente menor que a dos materiais
do contrancleos, poder ser mais inclinado ( mais deitado ) que um ncleo construdo com
materiais muito argilosos cuja a resistncia for sensivelmente menor que as dos materiais dos
contrancleos, esta posio depender tambm das caractesticas de compressibilidade da
fundao do ncleo e dos espaldares.
A programao dos estudos de estabilidade exige obedecer a uma sequncia de
atividades cuja imprtancia individual no pode ser desprezada, lembrando-se que os projetos
teoricamente bem elaborados e apoiados sobre anlises de estabilidade detalhadas causaram
srios problemas por omitir ou subestimar determinados aspectos importantes.
Consequentemente, deve-se escolher criteriosamente:
- as condies de carregamento a analisar
- as sees mais crticas, ( essa escolha exigir a elaborao prvia de
sees geotecnicas longitudinal e transversis ).
- os parmetros de resistncia
- os mtodos de anlises
- os fatores de segurana mnimos
5.8 - Condies de Carregamento
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Durante e aps a construo de uma barragem, e durante e aps o primeiro


enchimento do reservatrio, ema barragem, de terra submetida a um conjunto de
solicitaes que variam com o tempo, sendo portanto necessrio verificar, se os fatores de
segurana correspondentes ruptura por cisalhamento so compatveis com os valores
prefixados. Em linhas gerais, as situaes crticas a considerar so as seguintes.
1o) - fim de construo:
durante a construo de uma barragem de terra, medida que as
camadas vo sendo colocadas e compactadas, a presso total num determinado nvel vai
aumentando, sendo que este aumento provoca simultaneamente presses intersticiais, devido
compressibilidade do macioc e ao seu baixo coeficiente de permeabilidade. Assim os
esforos solicitantes provm, para uma determinada declividade do talude, do peso das terras
e das consequentes presses neutras induzidas, as quais so uma funo do tipo de solo, do
teor de umidade dos solos colocados e do rtmo construtivo.
2o) - fluxo em regime permanente com o reservatrio cheio:
durante o primeiro enchimento com o reservatrio, estabelecemse fluxos de percolao, constituindo-se progressivamente uma rede de fluxo permanente.
Uma vez que a gua percola de montante para jusante, a presso de percolao favorvel
estabilidade do talude de montante e desfavorvel do talude de jusante. esta condio de
solicitaes tambm denominada a longo prazo.
3o) - esvaziamento rpido do reservatrio:
a um rebaixamento rpido do nvel do reservatrio, corresponde
uma situao crtica para o macio de montante da barragem.
4o) - solicitaes dinmicas:
provocadas por sismos, este tipo de situao rotineiramente
considerado em regies ssmicas; nestes ltimos anos, tem sido recomendado como
indispensvel verificar sob tais solicitaes, mesmo em zonas historicamente asssmicas em
virtude da possibilidade de ocorrncia de ssmos induzidos pelo enchimento do reservatrio
da prpria barragem.
As caractersticas geomtricas externas de uma barragem de terra so
geralmente determinadas pelo seu desempenho correspondente ao fim de construo e ao
rebaixamento rpido do reservatrio:
o talude de jusante dimensionado levando em considerao as presses neutras
que pode3m se desenvolver no macio at o fim de sua construo.
o talude de montante dimensionado levando em considerao as condies
criadas pelo rebaixamento instantneo do reservatrio.
Entretanto, no casos de macios construdos com materiais muito pouco a
pouco argilosos compactados do lado seco com relao umidade tima do ensaio de
compactao, pode se tornar necessrio modificar a declividade obtida para o talude de
jusante e/ou melhorar a capacidade drenante do sistema de drenagem interna, a fim de
garantir a estabilidade da obra para as condies de operao normal (longo prazo).

5.8.1 - Escolha das sees a serem analisadas

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A escolha judiciosas das sees transversais crticas cujas condies de


equilbrio devem ser verificadas, pressupe o profundo conhecimento prvio do
condicionamento geotcnico dos mecios de fundaes e ombreiras. Torna-se portanto
necessrio elaborar o perfil longitudianal pelo eixo da barragem, o que constitui um subsdio
substancial para os estudos de projeto. A montagem deste perfil ajuda tambm a programao
das investigaes geotcnicas necessrias, j que, ao elaborar tal perfil, sero identificadas as
zonas pobres em resultados de investigaes, subsidiando assim a equipe de projeto na
programao dinmica e objetiva dos estudos e investigaes de campo e laboratrio
necessrias obteno dos parmetros condicionantes do projeto.
As informaes necessrias montagem do modelo geotcnico da fundao da
barragem a ser utilizado para as verificaes de estabilidade dos taludes devem abranger
todos os dados atinentes s principais condies de solicitaes, isto , fim de construo,
fluxo em regime permanente e rebaixamento rpido do reservatrio. Ressalta-se que a
necessidade e/ou a importncia de certos dados s aparecem aps a concluso das primeiras
anlises de estabilidade, j que estas anlises indicam quais so os parmetros que devem ser
determinados com maior preciso e com maiores detalhes, por terem maior peso nos
resultados destas anlises. Em contrapartida, os estudos esclarecero tambm quais so os
parmetros que pouco condicionam o estado de equilbrio, pelo fato da adoo de valores
conservativos dos referidos parmetros resultar em fatores de segurana aceitveis.
Da mesma forma, a seleo das sees transversais crticas a serem analisadas
obedecer p processo iterativo, uma vez que os resultados das anlises de estabilidade
preliminares realimentaro o processo de identificao das sees mais crticas. Desde j,
cabe salientar que a experincia e o bom senso representam trunfos de grande peso na
preseleo das sees crticas de uma barragem, evitando-se perdas de tempo e gastos inteis
no estudo de sees pouco perigosas. Lembra-se tambm que quanto mais complexo o
condicionamento geotcnico das fundaes, maior ser o nmero de sees e situaes a
serem analisadas.
Basicamente, o processo de escolha das sees crticas exige a considerao de
vrios fatores condicionantes tais como a altura da barragem, as caractersticas de resistncia
dos solos de fundao, a espessura das comadas de fundao, a permeabilidade relativa das
mesmas, etc...
5.8.2 - Escolha dos parmetros de resistncia ao cisalhamento
Um dos aspectos mais importantes envolvido nas anlises de estabilidade, e
provavelmente, um dos mais complexos, a seleo dos valores dos parmetros de resistncia
ao cisalhamento. Antes de se proceder anlise deste problema, o qual deve ser estudado
separadamente para cada tipo de solicitaes, cabe abrir uma curta parntese geral sobre as
anlises em termos das tenses totais e das tenses efetivas. Antigamente, quando os recursos
tecnolgicos no permitiam a medio das presses neutrtas, quer no campo quer no
laboratrio, utilizavam-se apenas as anlises em termos das tenses totais. Com o progresso
da tecnologia laboratorial e instrumental, tornou-se gradativamente possvel medir as presses
neutras em corpos de prova ensaiados em laboratrio, bem como presses neutras reais
desenvolvidas dentro de macios compactados. Tais avanos permitiram utilizar mtodos de
anlises de estabilidade em termos das tenses efetivas, o que no quer dizer que os mtodos
em termos das tenses totais foram abandonados, havendo casos em que estes mtodos so
ainda considerados como mais confiveis e mais recomendveis.
- Anlise por tenses totais

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A anlise em termos das presses totais admite que as presses neutras de


cisalhamento esto levadas implicitamente em considerao no ensaio de determinao da
resistncia ao cisalhamento, considerando-se portanto que as condies de carregamento no
campo esto simuladas no ensaio (condies de drenagem, trajetrias de tenses, etc...). O
ensaio usualmente utilizado o de compresso triaxial. Cabe frisar que o efeito das condies
de carregamento sobre a resistncia no drenada, singnificativo, o que induz grande
variabilidade nos resultados dos ensaios, principalmente para solos parcialmente saturados.

- Anlise por tenses efetivas


Nas anlises em termos das tenses efetivas, parte-se das hipteses que a
resistncia efetiva dos solos conhecida e que pode prever as presses intersticiais.
A primeira hiptese s vlida parcialmente, dependendo da origem das
presses neutras consideradas.
10 as presses neutras de percolao podem ser facilmente determinadas atravs do
traado de redes de percolao.
20 as presses neutras de adensamento tambm podem ser determinadas atravs de
ensaios de laboratrio cujos resultados so facilmente transportveis nas anlises.
3o as presses neutras de cisalhamento cuja transposio dos valores obtidos de
ensaios laboratoriais para as anlises de estabilidade mais complexa, j que estas presses
neutras esto relacionadas aos valores das variaes das tenses.
Observa-se portanto que as anlises de estabilidade em termos das tenses
efetivas se baseiam sobre hiptese aceitveis a no ser a referente avaliao das presses
neutras de cisalhamento que exige hipteses simplificadores. Uma grande vantagem do uso de
anlises em funo das tenses efetivas associada ao fato do que a resistncia efetiva dos
solos pode ser determinada com ba preciso e que as presses neutras construtivas dentro do
macio podem ser medidas, conseguindo-se assim verificar as hipteses de projeto.
5.9 - Fatores de segurnaa
Os fatores de segurana a serem introduzidos nas anlises de estabilidade de
taludes de barragens devem cobrir as incertezas relacionadas com:
- as resistncias dos diversos horizontes dos solos de fundaes e ombreiras e
das diversas zonas dos solos compactados do macio da barragem, levando-se em
considerao todos os fatores que influenciam estas resistncias tais como representatividade
e qualidade das amostragens, duplicao do carregamento de campo, anistropia, erros de
ensaios, etc.
as presses neutras construtivas.
a distribuio das presses intersticiais de rede de fluxo permanente.
a grandeza e a distribuio das subpresses nas fundaes
a eficincia de sistemas de vedao.
a eficincia de sistemas de alvio de subpresses.
as vazes de percolao.
a eficincia do sistema de drenagem interna.
as imprecises dos mtodos de clculo.
as eventuais falhas construtivas.
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a configurao geomtrica dos taludes internos e externos e dos materiais.


O quadro abaixo reproduz as recomendaes do Corps of Engineers para os
diversos tipos de solicitaes impostos a uma barragem:
Tipo de
Solicitao

Fator de
Segurana
mnimo
1,3(2)

Envoltria de
Resistncia

Rebaixamento rpido a partir do


N.A. mx.normal
Reservatrio parcialmente cheio
com fluxo permanente.

1,0(4)

R, S

1,5

Reservatrio cheio com fluxo


permanente.

1,5

Sismos (5)

1,0

(R+S)/2 para
R<S e S para
R>S
(R+S)/2 para
R<S e S para
R>S
(6)

Fim de construo

Notas:

Q ou S(3)

Observaes
Taludes de montante e jusante
Talude
de
montante
envoltria composta).
Talude
de
montante
envoltria intermediria)

(usar
(usar

Talude de jusante (usar envoltria


intermediria)
Taludes de montante e jusante

(1) esses valores no so aplicveis ao caso de macios apoiados sobre fundaes de


argilito; neste caso, devero ser adotados fatores de segurana maiores.
(2) para barragens de mais de 15 m de altura apoiadas sobre fundao relativamente
fraca, adotar F.S. mnimo igual a 1,4.
(3) nas zonas onde so previstas presses neutras elevadas, utilizar a envoltria S.
(4) o fator de segurnaa no dever ser menor que 1,5 quando as anlises de
estabilidade utilizam a velocidade de rebaixamento e as presses neutras obtidas
a partir de redes de fluxo.
(5) as verificaes de estabilidade sob a ao de ssmos so realizadas para os casos
de fim de construo e de fluxo permanente.
(6) as envoltrias a serem utilizadas so aquelas correspondentes aos casos
analisados sem sismos.

Tendo em vista que um deslizamento eventual durante o perodo construtivo


no causa danos substanciais (perdas materiais e de vidas humanas) quando comparados com
os danos que seriam provocados pela ruptura de uma barragem com o reservatrio cheio, que
as presses neutras introduzidas nos clculos de estabilidade so geralmente maiores que as
presses neutras reais, e que possvel de se medir as presses neutras construtivas pela
instalao de piezmetros bem posicionados, justificvel a adoo de fator de segurana
mnimo mais baixo para este tipo de condio. No que diz respeito aos valores propostos pelo
Corps of Engineers (FS = 1,3 a 1,4), recomendam-se alguns cuidados ao se adotar tais
valores; considera-se imprescindvel fixar o valor mnimo do fator de segurana em cada
projeto especfico em funo da peculiaridade do mesmo, de acordo com o grau de
conservatismo na fixao das hipteses de projeto, o grau de confiana dos resultados das
investigaes de campo e dos ensaios de laboratrio, o mtodo de anlise adotado, etc...

As mesmas consideraes se aplicam condio do reservatrio cheio,


aconselhando-se entretanto maior prudncia neste caso tendo em vista as gravssimas
consequncias que seriam causadas por um desempenho insatisfatrio ou por uma ruptura.
Acredita-se que um fator de segurana mnimo de 1,5 aceitvel uma vez que
este valor j tem sido adotado em inmeras barragens em operao no Brasil e no Exterior,
apesar das diversas modalidades utilizadas para a determinao da resistncia ao cisalhamento
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dos solos, a previso das presses intersticiais e as anlises de estabilidade. De qualquer


maneira, convem pensar no incio do projeto a respeito deste assunto, analizando-se
cuidadosamente os tipos de materiais que sero utilizados na construo da barragem e o tipo
de fundao em que a barragem ser apoiada.
Por exemplo, se a barragem ser construda sobre uma fundao rochosa
extremamente resistente, usando-se materiais permeveis compactados (cascalho arenoso ou
enrocamento de rocha s) e um ncleo impermevel delgado inclinado, praticamente
evidente que no h risco de ruptura do talude de jusante nas condies a longo prazo,
mesmo se o fator de segurana calculado parece ser relativamente baixo. Pelo contrrio, se a
barragem ser construda com solos essencialmente argilosos sobre uma fundao construda
por solos altamente plsticos, a obteno de um valor mnimo de 1,50 para o fator de
segurana dever exigir cuidados especiais adicionais a fim de avaliar se os parmetros de
resistncia ao cisalhamento utilizados e as presses intersticiais determinadas so
suficientemente dignos de confiana.
5.10 - Exemplo de anlise de estabilidade
So apresentadas como exemplo algumas sees que foram analizadas quanto as suas
condies de estabilidade e a possibilidade de alteamento do dique (barragem - pequeno
tamanho).
A seo topogrfica estudada apresenta os resultados de SPT obtidos em uma
prospeco geotcnica realizada para se caracterizar o sub-solo do local.

Seo Topogrfica 12 - Trecho da anlise A

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Seo analizada: Talude Juzante do reservatrio


Condio do NA na cota atual do reservatrio.
Fator de segurana de 1,439.

Seo analizada: Talude Montante do reservatrio


Condio do NA na cota atual do reservatrio.
Fator de segurana de 3,343.

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Seo analizada: Talude Juzante do reservatrio


Condio do NA na cota da base do dique do reservatrio.
Fator de segurana de 3,343.

5.11 - Construo do Macio nos Trechos de Contacto entre Materiais Diferentes


Durante a construo de macios de barragens so requeridos servios
especiais, indispensveis para a garantia do perfeito funcionamento de alguns dispositivos dos
quais eles so dotados. Entre esses servios destacam-se os relativos contruo de filtros,
transies, rip-rap, membranas de concreto, etc.
5.11.1 - Filtros
O sistema de drenagem interna de uma barragem de terra geralmente
constitudo de um tapete drenante e um filtro em chamin.
Os tapetes drenantes, geralmente ficam apoiados sobre a superfcie de
fundao e so constituidos de camadas mltiplas de materiais, com elevada permeabilidade,
para permitr o escoamento das guas drenadas atravs da fundao e do macio de barragem.
Quando a superfcie da fundao horizontal, ou pouco enclinada, o tapete construdo em
camadas e compactado por meio de rolos vibratrios ou tratores de esteira, imediatamente
aps intensa irrigao. Quando a fundao mais inclinada ( ombreira ) a construo do
tapete conduzida juntamente com o aterro, em pequenos lances, sendo a sua compactao
feita por meio de rolo pneumtico ou placa vibratria.
Os filtros em chamin podem ser verticais ou inclinados e geralmente so
constitudos de um nico material, na maioria das barragens, de areia natural. Sua espessura
da ondem de 1 metro, geralmente estabelecida em funo da mnima dimenso requerida para
a sua construo. Pode ser construdo em camadas finas, de espessura igual a uma ou duas
vezes a espessura do aterro, lanadas antes e compactadas juntamente com as camadas deste,
atravs do rolo vibratrio ou pneumtico; ou pode ser contrudo aps o aterro ter atingido
uma certa espessura ( 1 a 2 metros ) , por escavao deste e substituio por material de filtro,
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sendo compactado em camadas por meio de placa vibratria ( figura 6 ). No primeiro caso o
consumo do material de filtro maior, pois a geometria final do filtro construdo fica
constituda de sees trapezoidais superpostas, de altura igual espessura da camada e a
largura no topo igual dimenso mnima do projeto. Para a construo dessas camadas so
utilizados equipamentos, que preenchidos por material de filtro e puxados por um trator fazem
o lanamento da camada com espessura e largura desejada. No segundo caso, quando o filtro
inclinado, tambm h necessidade de maior consumo de material, para se observar a
dimenso mnima do projeto. Quanto maior a espessura do aterro escavado para substituio,
maior o excesso de consumo de material de filtro.
5.11.2 - Transies
As transies entre enrocamento e aterros so construdas com tcnicas
semelhantes s utilizadas na execusso dos filtros em chamin, em camadas concomitantes,
apoiadas sobre a face do aterro ou do enrocamento. Junto as transies importante que o
enrocamento contenha certo teor de pedras midas e finos, e que seja empalhado com a
lmina do trator movimentando-se no sentido em que se afasta da transio, conduzindo as
pedras maiores para longe desta. Os materiais de transio so compactados com rolos
pneumticos ou vibratrios, tomando-se cuidado especial para que o aterro adjacente
transio no fique sem compactao.
5.11.3 - Rip - rap
Os projetos de rip-rap prevem a incluso de uma ou mais camadas de
transio entre as pedras e o aterro. As camadas de transio do rip-rap so lanadas depois de
uma certa espessura de aterro. Toda terra solta sobre a face do talude raspada por um trator
de lmina e espalhada na superfcie do aterro. A seguir so lanadas as camadas de transio
do rip-rap. Quando se dispe de enrocamento bem graduado pode-se construir o rip- rap sem
as camadas de transio, adotando-se uma tcnica de espalhar o enrocamento de cima para
baixo, com a lmina do trator abaixada, que vai gradativamente sendo levantada, a medida
que o tratror vai descendo pela superfcie da latitude. Assim, consegue-se fazer com que o
material mais fino fique em contato com o aterro, que servir de transio para as pedras
grandes a serem lanadas no prximo lance de construo do rip-rap. Na Barragem de gua
Vermelha foi utilizado este processo, sendo o rip-rap construdos em lances de cerca 3 a 4
metros de altura, aproveitando-se a ocorrncia de material adequado na pedreira, constitudo
de pedras midas, provenientes de uma camada de basalto denso e colunar, bastante fraturado,
sobreposta de um derrame de basalto vesicular so, que dava origem as pedras gradas.

a) Filtro de chamin - construdo concomitantemente com o aterro

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b) Filtro em chamin - construdo por escavao do aterro


Figura 1 - Mtodos Construtivos de Filtro em Chamin
5.11.4 - Contacto entre o aterro e as estruturas de concreto
Para a compactao do aterro junto s superfcies de concreto so geralmente
utilizados soquetes manuais. Quando essas superfcies so contnuas pode-se executar a
compactao por meio de rolos pneumticos, fazendo-se com que os pneus passem o mais
prximo possvel do concreto, com o rolo movimentando-se paralelamente linha de
contacto.
Constitui boa prtica de projeto prever uma ligeira inclinao da superfcie do
concreto, por exemplo 1 : 10 ( H : V ) , o que facilita a compactao do contacto, alm de
minimizar problemas de deslocamento do aterro, que seriam provocados por deformaes
oriundas do recalque da macio.
5.11.5 - Construo de membranas de concreto na face de montante do enrocamento
Nos ltimos dez anos observou-se um grande progresso nos projetos de
barragem de enrocamento com face de concreto, com acrscimo do uso desse tipo de
barramento, que tambm passou a ser adotado nas barragens com altura superior a 100
metros. Essa difuso ocorreu graas ao desenvolvimento das tcnicas de construo de
enrocamentos conpactados, das trincheiras de vedao e dos dispositivos de
impermeabilizao das juntas de lajes. A barragem de Foz do Areia, da COPEL, recentemente
concluda no Rio Iguau um exemplo dos mais importantes desse tipo de obra.
Para minimizar os problemas de recalques, o enrocamento na zona
sobrejacente laje de concreto construdo com rocha s, lanada e compactada em camadas
de pequena espessura. Entre o enrocamento e a laje so constitudas camadas de transio, de
granulometria adequada, que so compactadas por meio de rolos vibratrios, movimentandose sobre os taludes por meio de um sistema de cabos e guinchos.
A laje de concreto, com cerca de 30 cm no topo e espessura crescendo na
ordem de 0,3 % com a profundidade, constituda em painis, com formas deslizantes,
preferencialmente sem juntas horizontais. A junta que merece maiores atenes a situada
prximo s ombreiras ( junta perimetral ) , onde so introduzidos vedajuntas duplos e
enchimentos especiais, onde os recalques diferenciais so mais acentuados. Na figura 2
apresentada uma seo tpica da Barragem de Foz do Areia com indicao dos materiais
utilizados e na figura 3 um detalhe da junta perimetral adotada na construo dessa
barragem.

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Seo tpica da barragem

MATERIAL

MATERIAIS
TABELA
DE
CLASSIFICAO ZONA MTODO DE
COLOCAO
IA
LANADO
COMPACTADO EM
BASALTO
IB
CAMADAS DE 0,80m
MACIO
(AT 25% DE
BRENCHA
COMPACTADO EM
BASLTICA)
IC
CAMADAS DE 1,60m

ENROCAMENTO
I

TRANSIO
II

ATERRO
III

INTERCALAO
DE BASALTO
ID
MACIO E
BASLTICA
BASALTO
MACIO IE
ROCHAS SELEC.
DE O,80 m
BRITA CORRIDA
DE BASALTO
II B
MACIO

MATERIAL
IMPERMEVEL III D
CAPA DE TERRA

COMPACTADO EM
CAMADAS DE 0,80m

DADOS DE
COMPACTAO
ROLO VIBRATRIO 4
PASSADAS 25% DE
GUA ( 10 TON )
ROLO VIBRATRIO 4
PASSADAS 25% DE
GUA ( 10 TON )
ROLO VIBRATRIO 4
PASSADAS 25% DE
GUA ( 10 TON )

ROCHA DE FACE
COLADA
GRADUAO MENOR CAMADAS ROLO
QUE 6 COMPACT.
VIBR. MIN 4
EM CAMADAS - 0,40m PASSADAS .
FACE ROLO
VIBR.MIN. 6
PASSADAS ASCEN.
MENOR QUE 3 / 4
ROLO PNEUMTICO
COMPACT. EM
OU EQUPAM. DE
CAMADAS 0.30m
CONSTRUO

Figura 2 - Zoneamento da barragem de Foz do Areia. ( apud N. S. Pinto et. al. )

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Figura 3 - Detalhe da Junta Perimetral da Barragem de Foz do Areia


( apud N. S. Pinto et. al. )

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