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MOÇAMBIQUE

Renamo continua fora do Parlamento e mantém manifestações

novembro 15, 2023

VOA Português

Líder da Renamo, Ossufo Momade, ladeado por Manuel Araújo (es

Principal partido da oposição continua a protestar contra resultados das autárquicas que considera
terem sido fraudulentas

MAPUTO —

A Comissão Política Nacional da Renamo, principal partido da oposição em Moçambique, decidiu que os
seus deputados não vão regressar, por agora, ao Parlamento e que vai manter manifestações contra os
resultados eleitorais das autárquicas, que o partido diz terem sido fraudulentas e repletas de
irregularidades.

Em conferência de imprensa nesta quarta-feira, 15, o porta-voz da Comissão Política revelou que, na
reunião de ontem, aquele órgão “decidiu pela manutenção da realização das manifestações em todo o
país e boicote às atividades da Assembleia da República, assembleias provinciais e municipais como
forma da luta política".

Alfredo Magumisse informou ainda que "a Comissão política da Renamo repudia e condena as
intimidações e ameaças de mortes aos concidadãos por exercerem o seu direito democrático, de
expressão e defesa da verdade, tendo esta comissão concluído que o incitamento a violência tem ADN
do regime e é operacionalizado pela PRM".

Desde o dia 19, na retomada das sessões legislativas, a bancada da Renamo tem estado sem qualquer
deputado em protesto contra os resultados das eleições.
A Renamo perdeu os sete municípios que dirigia, enquanto a Frelimo ganhou em 64 das 65 autarquias e
o MDM manteve a gestão da Beira.O partido liderado por Ossufo Momade tem realizado manifestações
quase diárias em várias cidades, nomeadamente Maputo, Matola, Quelimane e Nampula

Polícia quer que Ministério Público processe Paulo Vahanle por crime de instigação à violência.

NAMPULA —

A Polícia da República de Moçambique na província de Nampula quer que o Ministério Público


responsabilize o edil cessante da cidade de Nampula e candidato da Renamo às eleições autárquicas de
11 de outubro Paulo Vahanle pelo crime de instigação à violência.

O posicionamento da Polícia surge depois de ter sido posto a circular nas redes sociais um vídeo em que
o autarca exibe um instrumento contundente, “zagaia”, e apela à população particularmente jovem para
usar o mesmo contra as autoridades policiais.

“Jovens, a partir de hoje vamos fazer zagaias, aquele que nos matar, também nós temos que ajustar as
contas, ninguém está autorizado para matar aqui, já acabou a brincadeira jovens e vamos começar a
picar-nos. Eu também já fiz minhas zagaias. Eles confiam nas armas nós vamos com as nossas zagaias,
nós não temos armas vamos usar os nossos instrumentos rudimentares", disse Paulo Vahanle no vídeo.

Em reação, o porta-voz da polícia Zacarias Nacute pediu a intervenção da justiça e alertou que estará
atenta e no terreno para "evitar que haja violência contra cidadãos inocentes e indefesos".

O edil Paulo Vahanle não se pronunciou ainda sobre o caso e a Voz da América contactou a assessora
dele, mas sem sucesso.

Alguns munícipes admitem que esse posicionamento pode manchar a imagem dele como autarca.

O jurista Bogaio Nhagalase entende que o edil "teve uma conduta reprovável e há espaço para que seja
responsabilizado porque tem uma responsabilização acrescida porque é o edil da cidade".

Nhagalase lembrou ainda que “em Moçambique é vedada a justiça privada, ninguém pode fazer justiça
com próprias mãos, embora haja excepções como o caso de legítima defesa e estado de necessidade".
Ontem, a Renamo voltou a manifestar-se em Nampula contra os resultados eleitorais junto do Palácio
da Justiça.

Este ambiente de tensão mantém-se enquanto o Conselho Constitucional tem em mãos vários recursos
da Renamo e do MDM sobre os resultados das autárquicas.

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