Romance ZIZY
Romance ZIZY
Romance ZIZY
Embora a palavra “romance” seja muitas vezes utilizada para designar uma experiência de cunho
amoroso, quando se trata de literatura, sua definição é outra. O romance é a forma literária mais
popular do Ocidente, desde o século XIX.
Histórias famosas da literatura clássica, como Dom Casmurro ou Guerra e paz, até best-sellers
contemporâneos, como A culpa é das estrelas foram escritas na forma do romance – e não
necessariamente envolvem pares amorosos. Mas, afinal, o que significa o termo “romance” para
a literatura.
Gêneros Literários
Os gêneros literários são classificações em grupo dos diversos tipos de obras literárias existentes.
Existem diversos tipos de produções literárias – romances, poemas, contos, tragédias, comédias
etc. – e, para melhor compreendê-los, os estudos linguísticos e literários organizaram essas
produções em grupos, os chamados gêneros literários. Por definição, gêneros literários podem
ser compreendidos como conjuntos de textos da literatura classificados segundo suas
especificidades.
Desde as primeiras produções literárias até hoje, muitos tipos de obras foram criados. Um dos
primeiros pensadores a observar essa variedade de literatura foi Aristóteles. No seu livro A
poética, o autor ressalta que existiam basicamente três gêneros literários, aos quais, hoje,
chamamos “gêneros clássicos”:
Gênero lírico
A lírica clássica – assim chamada por ser uma produção literária acompanhada por instrumentos
musicais gregos, tais quais a lira – poderia ser, de modo genérico, comparada com o que hoje
conhecemos como poesia. Entretanto, para ser mais específico, é possível dizer que os poemas
líricos seriam aqueles que expressavam sentimentos e apresentavam uma visão particular da
existência. Uma das poetisas líricas mais conhecidas é Safo de Lesbos. Veja, a seguir, um
fragmento de poema dela:
“O amor agita meu espírito como se fosse o vendaval a desabar sobre os carvalhos”
Safo de Lesbos
Gênero épico
A épica ou epopeia pode ser definida como sendo um gênero narrativo clássico, no qual os
grandes feitos de um povo são cantados. Não há, em tese, nos textos épicos, visões particulares
da existência, mas sim uma perspectiva geral da nação como um todo. Algumas das epopeias
gregas mais conhecidas são Ilíada e Odisseia, cuja autoria é declarada a Homero.
Há, também, epopeias posteriores ao Período Clássico que, embora alterem algumas
características do gênero, preservam a nomenclatura de texto épico. Alguns deles são A divina
comédia, de Dante Alighieri, e Os lusíadas, de Luís de Camões. Veja, a seguir, os primeiros
versos do poema épico português:
Gênero dramático
O gênero dramático, subdividido por Aristóteles em tragédias e comédias, é aquele tipo de texto
literário criado para ser encenado, ou seja, para transformar-se em uma peça de teatro.
Híbrido entre a literatura e as artes cênicas, o gênero dramático sempre acompanhou a história da
humanidade, desde as encenações ritualísticas tribais e religiosas até o teatro contemporâneo.
Umas das peças mais famosas da Grécia Antiga é Édipo Rei, de Sófocles.
Gêneros literários modernos
Com o passar dos anos, novos gêneros foram sendo criados e reproduzidos na literatura. Hoje,
diversos novos tipos literários circulam nas livrarias e bibliotecas, e a divisão de Aristóteles já
não consegue abarcar a complexidade atual. Alguns desses novos gêneros são:
Romance: narrativas longas, com vários conflitos e uma complexa rede de personagens;
Poema: textos escritos em verso que apresentam visões particulares sobre si, a existência ou a
própria linguagem;
Teatro de vanguarda: obras teatrais produzidas sob influência das vanguardas europeias no
século XX.
Definição de romance
O romance é uma forma literária narrativa escrita em prosa que se popularizou na literatura
ocidental durante o século XIX. Suas origens, entretanto, remetem a Dom Quixote, novela de
cavalaria escrita por Miguel de Cervantes no século XIV, considerada um precursor do romance
moderno.
Antes de serem vendidos e editados em forma de livro, tal como os conhecemos agora, os
romances eram publicados como folhetins: um capítulo por vez, em espaços dedicados a eles nos
jornais. Isso colaborou para a popularização desse tipo de história ficcional, já que eram
veiculados em meios de comunicação de grande circulação e deixavam os leitores ávidos por dar
continuidade à narrativa – algo semelhante aos seriados e novelas televisivos dos dias de hoje.
Características do romance
Ambientação temporal: a narrativa deve acontecer em determinado tempo, que pode ser linear
ou não linear, objetivo ou subjetivo.
Gênero em constante mutação: o romance não é uma forma acabada, mas está continuamente
se transformando, assim como a humanidade. É um gênero aberto aos mais variados
experimentalismos, buscando novas formas de captar a atenção do leitor
Os tipos de narrador são o narrador personagem (em primeira pessoa), que participa da história;
o narrador observador (em terceira pessoa), que apenas narra o que vê; e o narrador onisciente
(também em terceira pessoa), que tem total conhecimento de personagens e fatos.
Cada um desses narradores tem um ponto de vista, isto é, um foco narrativo, uma perspectiva
particular da história.
Foco narrativo
Uma história pode ser narrada de diferentes perspectivas, isto é, de distintos pontos de vista. O
narrador pode fazer parte da trama e, assim, expor sua visão particular dos fatos, mas pode
também estar de fora, apenas como um observador dos acontecimentos ou mesmo detentor de
um conhecimento prévio acerca do enredo. Essas diferentes maneiras de narrar-se uma história
chamamos de foco narrativo.
Desse modo, a escolha do foco narrativo determina os rumos da narrativa. Assim, decidir que
tipo de narrador fará o relato dos fatos é uma das primeiras preocupações do criador da obra, ou
seja, o autor. Aliás, é importante ressaltar que autor e narrador são seres distintos. O autor ou
autora é um ser real, um indivíduo de carne e osso, que cria, planeja e escreve a história. Já o
narrador é a voz que narra os acontecimentos, um ser fictício, mesmo que não faça parte, como
personagem, da trama.
Para ficar mais claro, imagine um romance policial de Agatha Christie (1890-1976), narrado por
um narrador que apenas observa a história. Ocorreu um crime no início da obra. Caberá,
portanto, ao detetive Hercule Poirot, e também ao leitor ou leitora, descobrir o culpado. Se você
acha que a voz que narra é da própria Agatha Christie, pode achar, também, que a história de fato
aconteceu, e sua conclusão seria coerente, já que uma pessoa real está relatando os fatos, porém a
voz que conta a história é tão fictícia quanto a própria história, o que permite à autora total
liberdade de criação.
Portanto, o narrador, de acordo com seu foco narrativo, fará o direcionamento da história, pois o
ponto de vista determina como o enredo deve ser estruturado. Assim, o narrador pode ser um
participante dos acontecimentos ou apenas um intérprete dos fatos narrados, ser um narrador em
primeira ou terceira pessoa, parcial ou imparcial, centrado nos fatos ou nos personagens, focado
em seus pensamentos ou em suas ações.
Tipos de narrador
Narrador personagem
Narrador observador
É um narrador em terceira pessoa e narra apenas o que vê, o que observa, isto é, não participa da
história e nem tem conhecimento total dos fatos e personagens:
“O sol estava começando a abaixar e a luz da tarde estava sobre a paisagem quando desceram a
colina. Até agora não tinham encontrado vivalma na estrada. [...]. Já estavam andando havia uma
hora ou mais quando Sam parou por um momento, como se escutasse algo. Estavam agora em
terreno plano, e a estrada, depois de muitas curvas, estendia-se em linha reta através de um
capinzal salpicado de árvores altas, [...].”
Trecho do romance O senhor dos anéis, de J. R. R. Tolkien, tradução de Lenita Maria Rímoli
Esteves.
Narrador onisciente
É um narrador em terceira pessoa e tem total conhecimento dos fatos e dos personagens. Assim,
ele conhece o passado, o presente e o futuro dos personagens, bem como seus pensamentos e
sentimentos:
“Enfim — e era esse o motivo mais poderoso para que ninguém desejasse ver a pobre Linda —,
havia a sua aparência. Gorda, com a mocidade perdida, os dentes cariados, a pele pustulosa e
aquele corpo — Ford! Era simplesmente impossível olhá-la sem sentir náuseas; sim, náuseas.
Por isso, as pessoas das mais altas camadas estavam firmemente decididas a não ver Linda. E,
quanto a esta, também não tinha desejo algum de vê-las. A volta à civilização era, para ela, a
volta ao soma; [...]. O soma não trazia nenhuma dessas consequências desagradáveis.
Proporcionava um esquecimento perfeito, e se o despertar era desagradável, não o era
intrinsecamente, mas apenas em comparação com as alegrias desfrutadas. [...] O dr. Shaw a
princípio hesitou, depois consentiu que tomasse quanto quisesse.”
Trecho do romance Admirável mundo novo, de Aldous Huxley, tradução de Lino Vallandro e
Vidal Serrano.
Romance histórico: é aquele em que as ações são ambientadas em dado período ou evento
histórico. Trata-se de uma narrativa ficcional que se desdobra em determinado espaço-tempo que
corresponde a um período histórico verídico. Estão ausentes as análises psicológicas
aprofundadas ou críticas sociais.
Romance regional: também conhecido como romance regionalista, diz respeito a narrativas que
têm o componente do espaço intensamente caracterizado. Geralmente, trata-se de um espaço
rural, ou distante dos grandes centros urbanos, cujos costumes e cultura são representadas em
primeiro plano, representando a “cor local” desses espaços.
Romance de ação: possui uma trama complexa e a história é centrada nos desdobramentos da
ação do protagonista. Os acontecimentos se sucedem uns aos outros, frequentemente repletos de
surpresas e derivações da trama principal. Um evento comum pode ter uma consequência
inesperada, levando a sequências extraordinárias de ações, geralmente superadas pelo
protagonista (herói) com astúcia, inteligência, força etc. Os chamados romances policiais
encaixam-se nesta categoria, com a especificidade de localizarem a ação em torno de
investigações criminais.
Romance picaresco: protagonizada por um pícaro, isto é, uma personagem de origem humilde,
sem trabalho ou profissão fixa, que vive das mais diversas ocupações para garantir sua
sobrevivência, muitas vezes envolvendo-se em atividades escusas ou ilícitas. O pícaro é um anti-
herói, e antes de tudo um ingênuo que aprende a malandragem e a picaretagem a partir do
embate direto com a realidade circundante. A narrativa se constrói a partir de vários episódios
vivenciados pelo protagonista, com a característica de possuir um tom bem-humorado.