Lacases Fungos Corantes
Lacases Fungos Corantes
Lacases Fungos Corantes
RIO CLARO
MAIO - 2019
BRUNO DE JESUS FONTES
RIO CLARO
MAIO - 2019
Fontes, Bruno de Jesus
F683c Caracterização de lacases produzidas por fungos basidiomicetos de
origem marinha e terrestre e aplicação biotecnológica na descoloração
de corante têxtil / Bruno de Jesus Fontes. -- Rio Claro, 2019
81 p. : il., tabs., fotos
À minha mãe Terezinha, meu irmão Gabriel e ao meu pai João. Vocês me dão força para ir
avante!
Às minhas avós Benita, Vardinha e vô Osvaldo. Pois vocês são minhas relíquias.
À minha namorada Maryana Nogueira e em memória de sua Avó Elza Nogueira. Por que te
amo.
Aos amigos e irmãos da Igreja Adventista do Sétimo dia de Rio Claro - SP e Maracás – Ba.
Figura 5. Alinhamento de lacases fúngicas e genes de lacase de Peniophora sp. CBMAI 1063
transcritos. Os retângulos vermelhos representam as regiões conservadas L1, L2, L3 e L4 (F
onte: OTERO, 2016).
Figura 6. Estrutura química de diferentes grupos de corante têxtis: (A) corante azo; (B) c
orante sulfuroso; (C) corante ácido; (D) corante disperso; (E) corante básico; (F) corante direto;
(G) corante antraquinona; (H) corante indigóides; (I) corante reativo.
Figura 7. Esquema de uma via geral de degradação de corante azo em reação com lacase (LC)
na presença de oxigênio molecular (fonte: ZUCCA et al., 2015).
Figura 12. Cromatograma da troca aniônica (DEAE-Sepharose FF) de 1,5 mL do caldo bruto
ultrafiltrado concentrado Peniophora cinerea CCIBt 2541 (A); Peniophora sp. CBMAI 1063
(B); Marasmiellus sp. CBMAI 1062 (C); Marasmiellus colocasiae CCIBt 3388 (D).
Figura 13. Gel SDS-PAGE do perfil proteico dos fungos: (A) Marasmiellus sp. CBMAI 1062,
Peniophora sp. CBMAI 1063, Marasmiellus colocasiae CCIBt3388 e Peniophora cinerea
CCIBt 2541, das amostras: ultrafiltrada concentrada (U.C.) e troca iônica 3X concentrada (T.I.).
(B) Gel SDS-PAGE: amostras de Peniophora cinerea CCIBt 2541, 1 – ultrafiltrado, 2-troca
iônica 6X concentrada.
Figura 14 – Zimograma de lacases por atividades em SYG para as amostras do conjunto
enzimático do Peniophora sp. CBMAI 1063 (CBMAI 1063) e Peniophora cinerea CCIBt 2541
(CCIBt 2541); atividade em ABTS para as amostras do conjunto enzimático do Marasmiellus
sp. CBMAI 1062 (CBMAI 1062) e Marasmiellus colocasiae CCIBt 3388 (CCIBt 3388).
Figura 15. Caracterização do pH ótimo aparente das lacases dos fungos marinhos e terrestres
do gênero: (A) Peniophora para ABTS, (B) Peniophora para SYG, (C) Marasmiellus para
ABTS, (D) Marasmiellus para SYG; e temperatura ótima aparente das lacases dos fungos
marinhos e terrestre do gênero: (E) Peniophora, (F)Marasmiellus.
Figura 16 – Estabilidade dos conjuntos enzimáticos de lacases para os fungos (A) Peniophora
e (B) Marasmiellus em temperatura ótima.
Figura 18. Efeito das concentrações de NaCl na atividade dos conjuntos enzimático de lacases:
(A) fungos marinho e terrestre Peniophora sp. CBMAI 1063 e Peniophora cinerea CCIBt 2541,
(B) Fungos marinho e terrestre Marasmiellus sp. CBMAI 1063 e Marasmiellus colocasiae
CCIBt 3388 e (C) lacase comercial pura do fungo terrestre Trametes versicolor.
Figura 19 – Corante têxtil marinho reativo, estrutura química associada (Fonte: SIGMA-
ALDRICH).
Figura 20 – Descoloração do corante têxtil marinho reativo pelo conjunto enzimático de lacases
dos fungos marinho e terrestre do gênero Peniophora, do fungo terrestre Marasmiellus
colocasiae CCIBt 3388 e da lacase pura comercial de Trametes versicolor.
LISTA DE TABELAS
Tabela 2. Etapas do processo de purificação da lacase referente aos fungos marinhos e terrestres
dos gêneros Peniophora e Marasmiellus.
1. INTRODUÇÃO E JUSTIFICATIVA
As lacases (benzenediol: oxigênio oxi-redutase) [EC 1.10.3.2] são glicoproteínas
pertencente ao grupo de enzimas multicobre oxidases, contendo em sua estrutura quatro íons
de cobre. Estas enzimas oxidam um grande número de reações de compostos aromáticos
fenólicos e não fenólicos, reduzindo oxigênio à agua, sem necessidade de coenzima
(LEONOWICZ, et al., 2001; DURÁN et al., 2002).
Lacase foi inicialmente isolada da planta Rhus vernicifera (Toxicodendron vericifluum)
(YOSHIDA, 1883). A produção de lacases por fungos foi observada por volta de 1896, e
posteriormente, essas enzimas foram detectadas também em bactérias, corais, pepinos do mar,
insetos e algas (THURSTON, 1994; THEERACHAT; GUIEYSSE, 2018; OTTO;
SCHLOSSER, 2014). Os fungos basidiomicetos são os principais produtores de lacases, com
destaque para os fungos de podridão branca (GIARDINA et al., 2010).
Geneticamente estas enzimas possuem uma grande variabilidade, inclusive entre
espécies e em um mesmo indivíduo, sendo este fenômeno principalmente observado em fungos,
os principais produtores. Diferentes isoformas são expressas dependendo do tipo de indutor,
das características físico-químicas e cinética dos nutrientes e do grau de polimorfismo entre as
espécies (BLAICH; ESSER, 1975). Os genes das lacases possuem 4 regiões altamente
conservadas sem presença de gaps, onde são expressos aminoácidos fundamentais para ligações
com os íons cobre, dando funcionalidade à enzima, formando assim, o sítio ativo. Estas regiões
são denominadas L1, L2, L3 e L4 (KUMAR et al., 2003). Mais de 100 isoformas da enzima já
foram relatadas (BALDRIAN, 2006).
Aplicações bem-sucedidas de lacases as evidenciam como uma ótima alternativa para
processos biotecnológicos. A enzima pode ser utilizada na forma nativa ou imobilizada, em
ambientes aquosos, na presença de solventes orgânicos, oferecendo aplicabilidade em
diferentes campos industriais, e na área ambiental são aplicadas de forma sustentável e
ecologicamente amigável em processos de biorremediação (LEONOWICZ, et al., 2001;
POLIZELI; RAI, 2014; MINUSSI; PASTORE; DURÁN, 2002).
Embora existam inúmeras perspectivas em distintos campos de atuação e promissoras
aplicações industriais, ainda há poucas aplicações de lacases no mercado. Isso é devido,
principalmente, ao alto custo da produção somada à baixa produtividade enzimática pelos
organismos naturais ou recombinantes (POLIZELI; RAI, 2014). A fim de reverter essa situação,
estratégias e ensaios para o melhoramento da obtenção de lacases vêm sendo empregados,
incluindo a procura por novos produtores, mutagênese e recombinação gênica (GIESE et al.,
2004; SHANKAR; SHIKHA, 2012).
14
Uma das áreas de aplicação mais promissora das lacases é a descoloração de corantes
têxteis em efluentes industriais (GONÇALVES; SILVA; CAVACO-PAULO, 2015). Estes
resíduos causam grandes problemas ambientais, pois bloqueiam a passagem da luz para os
ecossistemas aquáticos mais profundos, diminuem o processo de fotossíntese, e ocasionam
condições anaeróbicas (RAGHUKUMAR; D’SOUZA-TICLO; VERMA, 2008). Tais
compostos, em sua maioria, são aromáticos, incluindo fenóis e aminas. Por agirem sobre estes
substratos, as lacases têm apresentado resultados satisfatórios no processo de descoloração
deste tipo de poluente (SHRADDHA et al., 2011).
Efluentes da indústria têxtil, apresentam alta concentração de sais (MOREIRA;
MILAGRES; MUSSATTO, 2014). Partindo deste pressuposto, a fim de tratá-los,
biocatalizadores estáveis e/ou organismos tolerantes aos sais são requeridos. Neste contexto, os
fungos marinhos e os catalizadores por eles sintetizados, apresentam-se como recursos
genéticos promissores devido às suas adaptações fisiológicas, as quais incluem a tolerância à
salinidade, pressão, baixa temperatura, condições oligotróficas, pH extremos, disparidades nas
concentrações de minerais disponíveis, entre outras (BONUGLI-SANTOS et al., 2015).
Neste sentido, o grupo de pesquisa coordenado pela professora Dra. Lara Durães Sette,
há mais de uma década vem concentrando esforços em pesquisas relacionadas com o
isolamento de fungos de ambiente marinho, visando produção, caracterização e aplicação de
lacases em processos biotecnológicos. Assim, os fungos basidiomicetos de origem marinha
Peniophora sp. CBMAI 1063, Marasmiellus sp. CBMAI 1062, têm sido estudados quanto à
produção de enzimas e aplicação na área ambiental no tocante a degradação de corantes têxteis
e hidrocarbonetos (BONUGLI-SANTOS et al., 2010a, 2010b; MAGRINI, 2012; BONUGLI-
SANTOS et al., 2012; MAINARDI et al., 2018; OTERO et al., 2017; PAIVA, 2016;
BONUGLI-SANTOS et al., 2016).
Levando-se em consideração a capacidade de produção de lacases pelos fungos
marinhos acima mencionados e o potencial que elas podem apresentar na degradação de
poluentes ambientais em condições salinas, faz-se necessária a sua caracterização, tendo em
vista a identificação de isoformas com melhor potencial de ação no ambiente alvo. Em adição,
considerando que os diferentes fungos de origem marinha, destacados neste trabalho, possuem
homólogos terrestres, a comparação da eficiência físico-químicas das lacases produzidas por
eles podem fornecer conhecimentos significativos para melhor aplicabilidade na área da
biotecnologia ambiental.
15
2. REFERENCIAL TEÓRICO
2.1 Enzimas ligninolíticas
A lignina é um polímero complexo composto por hidroxifenil-propano (Figura 1), atua
como uma cola natural nas lamelas intermédias nos tecidos vegetais, bem como matriz nas
paredes secundárias das células da madeira e como ligante entre celulose e cadeias de
hemicelulose, dando força às plantas e auxiliando na proteção contra a perda de água e
organismos invasores (RIVA, 2006; HAO; MOHNEN, 2014).
As fontes de carbono disponíveis nos tecidos vegetais podem ser utilizadas por
microrganismos, os quais secretam enzimas oxidativas a fim de degradar a lignina e obtê-las.
As principais enzimas do sistema ligninolítico estão apresentadas na Figura 2, sendo as lacases
(Lac), manganês peroxidase (MnP), e lignina peroxidase (LiP) as enzimas mais utilizadas neste
processo. A degradação da lignina é um processo multi enzimático, por reação não especifica,
com transferência de átomos de hidrogênio a um receptor final (LEONOWICZ et al., 2001).
As peroxidases ligninolíticas são hemeproteínas de ação catalítica apenas na presença
de peróxido de hidrogênio, para onde são transferindo os íons hidrogênio do substrato, a fim de
produzir água. A lignina peroxidase age clivando ligações carbono alfa e beta, abrindo anéis
aromáticos e gerando radicais hábeis para reagir sobre o substrato. A manganês peroxidase
oxida íons manganês, tornando-os capazes de reagir com ácidos orgânicos, os quais podem
16
oxidar substratos secundários (GAJERA et al., 2015; CHRISTIAN et al., 2005; SINGH;
SINGH; SINGH, 2015). As enzimas ligninolíticas de modo geral agem sobre uma diversidade
de compostos formados por anéis aromáticos, fenólicos e não fenólicos, tornando-as
promissoras em processos biotecnológicos (GHOSH; DASTIDAR; SREEKRISHNAN, 2016).
Mediadores
Secundários
Radicais reativos
Mediadores
Lignina
Lignina
Degradação da lignina
Lac = Lacase; LiP = Lignina peroxidase, MnP = Manganês peroxidase; VP = Versátil oxidase; AAO =
Aril-álcool oxidase; GLOX = Glioxal oxidase; LMS = Sistema lacase-mediador; H2O2-GO = H2O2-generating
oxidases; AAD = Aril-alcool desidrogenases; QR = Quinona redutase .
2.2 Lacases
As lacases pertencem ao grupo das enzimas multicobre oxidase (benzenediol: oxigênio
oxi-redutase) [EC 1.10.3.2]: compostas por um sitio ativo com quatro íons de cobre dispostas
em uma estrutura geométrica e eletrônica (Figura 3), o qual é constituído por um centro tipo 1,
onde se encontra o Cu1 (centro azul); o agrupamento trinuclear composto pelo tipo 2, onde se
encontra os Cu2 e Cu3 e o centro tipo 3 integrado pelo Cu4 (DURÁN et al., 2002). A reação
típica de lacases inicia-se no Cu1, sendo este o primeiro aceptor de elétrons. É neste local que
a oxidação de quatro elétrons de quatro moléculas de substrato (fenóis ou aromáticos doadores
de hidrogênio) ocorre. Este centro também é que determina o ritmo da reação, bem como o
potencial redox das lacases, por conta de suas características estruturais, coordenação
17
Figura 3. Representação esquemática do sítio ativo de lacases. X - aminoácido variável; Cu1 - cobre
T1; Cu4 - cobre T2; Cu 2 e 3 - par de cobres T3. (Fonte: OTERO, 2016 adaptado de CLAUS, 2004).
Figura 4. Estrutura da lacase do fungo Trametes versicolor evidenciando os dos 3 domínios cupredoxin
D1 - domínio 1; D2 - domínio 2; D3 - domínio 3 (Fonte: OTERO, 2016 adaptada de DWIVEDI et al.,
2011).
moleculares de 53,5 a 64,4 kDa (OTERO et al., 2016). Em adição, Kilaru, Hoegger e Kues,
(2006) encontraram 17 genes para lacases em Coprinopsis cinerea, destas pelo menos nove
produzem isoformas funcionais. A identificação de distintos genes para lacase está diretamente
relacionada ao crescente número de sequenciamento genômico de fungos. Tal diversificação
ainda não é bem compreendida, mas possivelmente a variedade de funções fisiológicas durante
o ciclo de vida celular fúngica pode ser uma explicação (GIARDINA et al., 2010; POLIZELI;
RAI, 2014).
Figura 5. Alinhamento de lacases fúngicas e genes de lacase de Peniophora sp. CBMAI 1063
transcritos. Os retângulos vermelhos representam as regiões conservadas L1, L2, L3 e L4 (Fonte:
OTERO, 2016).
Com relação à abundância de genes que codificam para lacases, diversos componentes
têm se apresentado como indutores. Ensaios têm evidenciado que a presença e proporção de
carbono e nitrogênio influenciam na regulação da expressão gênica (D'AGOSTINI et al., 2011).
Agentes químicos como tween, álcool veratrílico, ácido nicotínico e ácido L-aspártico, podem
induzir a produção destes biocatalizadores em fungos (GIESE et al., 2004; SHANKAR;
SHIKHA, 2012). Outros componentes reguladores são os íons metais Cu+2, Cd+2, Ag+, Mn+2.
Os compostos aromáticos de igual forma também têm sido reportados como indutores,
incluindo a presença de pequenas quantidades de corantes, possivelmente sendo esse fato
relacionado à defesa contra o estresse causado pelas substâncias fenólicas (GIARDINA et al.,
2010; THURSTON, 1994; YAVER et al., 1996; POLIZELI; RAI, 2014; COLLINS; DOBSON,
1997; VAITHANOMSAT et al., 2010).
20
lacases (PATEL et al., 2014; TINOCO et al., 2011; SIVAKUMAR et al., 2010; MANAVALAN
et al., 2013; REVANKAR; LELE, 2006; SENTHIVELAN; KANAGARAJ; PANDA, 2016),
porém, os estudos com fungos de origem marinha ainda são escassos.
de enzimas ligninolíticas (LiP, MnP e lacase) pelo fungo de degradação branca Flavadon flavus
isolado dos detritos da alga Thalassia hemprichii. Li, Kondo e Sakai (2003a, 2003b) publicaram
dois artigos envolvendo a produção de enzimas ligninolíticas pelo basidiomiceto de
decomposição branca Phlebia sp. lMG-60 em diferentes concentrações de sal. Estudos do nosso
grupo de pesquisa envolvendo a produção de ligninases por fungos derivados-marinhos, bem
como a otimização e expressão de lacases foram também publicados (DA SILVA et al., 2008;
BONUGLI-SANTOS, 2010a, 2010b; PASSARINI et al., 2015; OTERO et al., 2017;
MAINARDI et al., 2018; DUARTE et al., 2018).
2.2.4.5 Biorremediação
Componentes tóxicos muitas vezes fazem parte de efluentes industriais, tornando-se um
problema ambiental de difícil tratamento. Neste sentido, microrganismos produtores de lacases
podem ser aplicados na descontaminação, por possuírem capacidade de quebrar moléculas
xenobioticas em estruturas que podem ser menos toxicas, por ligar em nanoparticulas
magnéticas amino-funcionalizadas, corantes têxteis, fármacos aromáticos e outros
(GONÇALVES; SILVA; CAVACO-PAULO, 2015; BONUGLI-SANTOS et al., 2015;
POLIZELI; RAI, 2014; LEONOWICZ et al., 2001).
24
ser neutros, catiônicos ou aniônicos, contendo funções de hidroxila ou amina, sistema de anel
policondensado e outros (Figura 6 G); (viii) corantes indigóides: a princípio foram extraídos de
plantas, posteriormente sintetizados em laboratório, apresentam baixa solubilidade devido a sua
ligação de hidrogênio intra- e intermolecular (Figura 6 H); (ix) corantes metálicos complexos:
apresentam um átomo de metal, geralmente metais pesados (Cr, Co e Cu), os quais oferecem
cores profundas e ajudam na fixação; (x) corantes reativos: são os terceiros mais presentes no
mercado correspondendo a 16% do total, uma classe de corantes com grupos funcionais
específicos que atuam por ligação covalente com o substrato, de ampla gama de tons estáveis a
luz e resistentes a lavagem em algodão, contudo, apresenta pobre fixação no tecido alvo, sendo
aplicado em tecidos a base de celulose, lã e nylon (Figura 6 I) (BENKHAYA; HARFI; HARFI,
2017; CERRÓN et al, 2015; OLIVEIRA et al., 2016; HUNGER, 2004; GHOSH; DASTIDAR;
SREEKRISHNAN, 2016).
A indústria têxtil libera grande quantidade de efluentes contendo diversos tipos de
corantes, os quais possuem alta salinidade e mordentes (KUMAR; DAYAL; ONIAL, 2014;
BENKHAYA; HARFI; HARFI, 2017). Em razão disso, as suas águas residuais se apresentam
como um grande desafio, devido à dificuldade em tratá-las e aos efeitos adversos nos leitos de
rios. Os metais pesados e a estrutura química dos corantes têxteis podem contribuir para a
mutação, alergias ou desenvolvimento de câncer nos organismos vivos. Também resistem à
agentes biológicos e/ou químicos, podem causar efeitos adversos de toxicidade, bloqueiam a
passagem da luz para os ecossistemas aquáticos mais profundos, diminuindo o processo de
fotossíntese, levando à condições anaeróbicas, o que por consequência leva à morte formas de
vida aquáticas, causando danos ambientais e odor desagradável. Além do mais, os corantes
hidrofóbicos, por não dissolverem em água, exigem grande quantidade de líquido para serem
tratados, e uma porcentagem significativa de corantes permanece na água após o banho
(RAGHUKUMAR; D’SOUZA-TICLO; VERMA, 2008; ROSSI, et al., 2017; CERRON et al.
2015; MALINAUSKIENE et al., 2012; HUNGER, 2004; SCHNEIDER; HAFNER; JAGER,
2004; CORREIA; STEPHENSON; JUDD, 1994; CHUNG; CERNIGLIA, 1992).
Por conta disto, microrganismos com adaptações fisiológicas e capazes de sintetizar
biomoléculas estáveis em situações adversas são almejados na área da biotecnologia ambiental.
Nesse contexto, os fungos marinhos podem, por consequência de suas adaptações, ser efetivos
em tratamentos de efluentes têxteis (RAGHUKUMAR; D’SOUZA-TICLO; VERMA, 2008;
TRINCONE, 2010).
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Figura 6. Estrutura química de diferentes grupos de corante têxtis: (A) corante azo; (B) corante
sulfuroso; (C) corante ácido; (D) corante disperso; (E) corante básico; (F) corante direto; (G) corante
antraquinona; (H) corante indigóides; (I) corante reativo.
A - Corante Azo
B - Corante Sulfuroso
(Preto sulfuroso I)
Figura 7. Esquema de uma via geral de degradação de corante azo em reação com lacase (LC) na
presença de oxigênio molecular (fonte: ZUCCA et al., 2015).
Degradação não
Outro produto enzimática
Outro produto
48 horas, utilizando 1 U/mL de lacases de Trametes orientalis. O estudo conduzido por Kumari,
Kishor e Guptasarma (2018) com a lacase recombinante de Thermus thermophilus deixa
evidente o papel positivo de mediadores na eficiência da descoloração de corantes têxteis, o
trabalho aponta três corantes descoloridos sem necessidade de mediadores, e outros três, nos
quais somente ocorreu a descoloração na presença dos mediadores.
Estudos também têm revelado o potencial de lacases na descoloração de corantes têxteis
em caldo bruto, onde foram reportadas alta porcentagem de descoloração em curto tempo na
presença e ausência de mediadores (COUTO, 2007; STOILOVA; KRASTANOV;
STANCHEV, 2010). A descoloração de corantes têxteis por lacases é um fato. Entretanto, o
ritmo da descoloração e capacidade para descolorir é dependente de vários fatores, tais como o
potencial redox, concentração da enzima, condições físico-químicas para ação no meio de
cultivo (temperatura, pH e mediadores), e a estrutura do corante (KUMARI; KISHOR;
GUPTASARMA, 2018; BIBI; BHATTI, 2012; MIRZADEH et al., 2014).
Além da ação na descoloração e degradação de corantes, as lacases possuem outras
aplicações na indústria têxtil, as quais fornecem economia de água, de químicos e de energia
(MOJSOV, 2014). Estas enzimas têm sido aplicadas no branqueamento de tecidos têxteis ou
no enriquecimento da tonalidade branca de tecidos a base de algodão ou lã. Podem também
auxiliar no acoplamento de corante, permitindo o desenvolvimento de novas cores, auxiliam na
fixação de corantes em tecidos de lã e algodão, são utilizadas para prevenir o encolhimento de
lãs, podem ser empregadas em conjunto com produtos de limpeza a fim de eliminar odores e
detergentes formados durante o processo de lavagem do tecido. Além disso, lacases podem ser
usadas como enxertos biocatalídicos em tecidos de lã, a fim de auxiliar na ação do componente
fenólico insolúvel lauril galato (MATE; ALCADE, 2017; MOJSOV, 2014; COUTO et al.,
2006).
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3. OBJETIVOS
3.1 Geral
Caracterizar bioquimicamente as lacases de dois fungos basidiomicetos de origem
marinha e gêneros homólogos de origem terrestre a fim de determinar e comparar as
características enzimáticas dos mesmos e avaliar a eficiência das lacases parcialmente
purificadas na descoloração de corantes da indústria têxtil.
4. MATERIAL E MÉTODOS
4.1 Microrganismos
Os fungos de origem marinha utilizados neste trabalho Peniophora sp. CBMAI 1063 e
Marasmiellus sp. CBMAI 1062 foram isolados de esponjas marinhas coletadas no litoral norte
do Estado de São Paulo (MENEZES et al., 2010) e foram identificados por Bonugli-Santos e
colaboradores (2010a). Os fungos de origem terrestre Peniophora cinerea CCIBt 2541 e
Marasmiellus colocasiae CCIBt 3388 foram adquiridos da Coleção de Culturas de Algas,
Cianobactérias e Fungos do Instituto de Botânica, São Paulo (CCIBT). Todos os fungos
estudados estão preservados por dois métodos distintos (criopreservação e Castellani) na
coleção de pesquisa do Laboratório de Micologia Ambiental e Industrial (LAMAI) do Instituto
de Biociências da UNESP campus Rio Claro, a qual é parte da Central de Recursos Microbianos
da UNESP (CRM-UNESP).
podem ser isoladas de ambientes sob decomposição tanto em solo quanto em efluentes
(SHANKAR e SHIKHA, 2012).
O fungo Peniophora sp. CBMAI 1063 (Figura 6) isolado da esponja Amphimedon viridis
(MENEZES et al., 2010) é classificado como marinho facultativo, apresenta capacidade de
produção de lacases em escala de Erlenmeyer e biorreator e tem demonstrando ser uma
linhagem adaptada ao ambiente marinho, devido à produção significativa desta enzima apenas
na presença de salinidade e sulfato de cobre, sendo a mesma estável ao estresse térmico e de
pH (MAINARDI et al., 2018).
Figura 8. Peniophora sp. CBMAI 1063 (Fonte: autor)
Este fungo também tem demostrado capacidade em descolorir corantes têxteis: Preto
Reativo (RB) e Azul Brilhante Remazol R (RBBR) (BONUGLI-SANTOS et al., 2012, 2016).
A condição otimizada para a produção de lacases por esse fungo, bem como o uso das mesmas
foi patenteada (número do registro no Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI):
BR102014008502 – SETTE et al., 2014). Em adição, a avaliação do transcriptoma do
Peniophora sp. CBMAI 1063 após cultivo nas condições otimizadas de produção de lacase,
revelou a presença de ao menos oito genes putativos, os quais podem expressar 10 diferentes
lacases (OTERO et al., 2017).
Os valores obtidos em U/L foram convertidos para a grandeza de U/mL para expressar
a atividade de lacases, devido ao fato da literatura consultada geralmente reportar a atividade
nesta unidade de medida, o que favorece a comparação dos estudos, bem como na facilidade
dos cálculos durante os passos da purificação.
35
4.5.2 Visualização qualitativa do perfil proteico: SDS- PAGE e revelação de gel nativo
A eletroforese em condição desnaturante foi realizada em poliacrilamida (15%) na
presença de SDS (dodecil sulfato de sódio), a fim de exibir o padrão proteico, tanto do caldo
bruto ultrafiltrado quanto da amostra após cromatografia de troca iônica, sendo conduzido à
temperatura ambiente a 100 V. O gel foi montado em placas de vidro, com espessura de 1 mm.
O tampão Tris/Glicina pH 8,3 com presença de SDS foi utilizado para a corrida do gel. A
amostra foi aplicada à eletroforese com 15 μL do caldo enzimático, 4 μL do tampão de amostra
e 0,5 μL de DTT, usando padrão de 10 proteínas recombinantes 10-250 kDa (Precison plus
protein standards ustained, Bio-Rad). Os géis foram revelados com solução de coloração azul
Coomassie Brilliant.
O gel nativo foi confeccionado com poliacrilamida (10%) na ausência de qualquer
agente desnaturante e submetido a 100 V à 4 °C na presença do tampão Tris/glicina pH 8,3. O
gel foi montado em placas de vidro com espessura de 1,5 mm. A amostra foi aplicada ao gel
com 0,18 mg/mL de proteína, em 15 μL, com tampão de amostra (azul de bromofenol, glicerol,
água). Após a corrida, o gel foi banhado por uma hora em tampão acetato (100 mM) pH 5,
seguido de um banho com tampão acetato (50 mM) pH 5,0 contendo 0,5 mM do substrato
(ABTS e SYG) até revelação das bandas por atividade de lacases.
36
Para analisar a estabilidade térmica, a enzima foi incubada por 24hs nos valores
determinados de temperatura ótima em reação com o ABTS. A atividade residual foi mensurada
nos tempos 0 (zero), 1 (uma) e 24 (vinte e quatro) horas, utilizando ABTS como substrato.
4.5.7 pH ótimo
O pH ótimo foi determinado utilizando tampão acetato de sódio 100 mM (pH 3,5 - 5,5),
tampão fosfato 100 mM (pH 6,0-8,0) nas condições de temperatura ótima, incubando-se a
enzima em tampão e o substrato (ABTS) a parte, por 10 min.
(Equação 2)
Grau de Toxicidade
EC50 (%) Classificação
<25 Muito tóxica
25 – 50 Tóxica
51 – 75 Moderadamente tóxica
>75 Levemente tóxica
39
5. RESULTADOS E DISCUSSÃO
5.1 Atividade de lacases
Atividades de lacases foram detectadas nos caldos enzimáticos dos fungos dos gêneros
Peniophora e Marasmiellus cultivados nas mesmas condições, porém com ausência de
salinidade (ASW) para as espécies terrestres. As diluições para cada caldo bruto foram
estabelecidas de acordo com a atividade enzimática, com limite máximo de leitura de 0,500 de
absorbância. Estas diluições foram mantidas em todas as etapas das análises.
O meio de cultivo otimizado por Sette e colaboradores (2014) para o fungo Peniophora
sp. CBMAI 1063 mostrou-se eficiente para os fungos Peniophora cinerea CCIBt 2541 e
Marasmiellus colocasiae CCIBt 3388, sendo as quantidades obtidas equivalentes para os
fungos do gênero Peniophora (Tabela 2, Apêndices 6-8). O extrato de malte, um dos
componentes do meio de cultura, tem se mostrado eficiente na produção exclusiva de lacases
(DEDEYAN et al, 2000; TAGGER et al, 1998, ZOUARI-MECHICHI et al, 2006). Para o fungo
marinho Marasmiellus sp. CBMAI 1062 a quantidade de lacase produzida foi detectada
(Apêndice 9), porém, a forte coloração marrom que surgiu em torno do quarto dia de cultivo,
impediu a quantificação acurada da enzima, sendo necessário diluições a níveis detectáveis.
Esta coloração também está presente no M. colocasiae CCIBt 2541, porém em menor
quantidade, causando menor impacto na detecção e quantificação enzimática. Bonugli-Santos
e colaboradores (2010a) reportaram uma atividade maior de lacase (0,97 U/mL) para o fungo
Marasmiellus sp. CBMAI 1062 utilizando o meio malte 2% em água do mar artificial após 21
dias de cultivo, sem CuSO4. O tempo de cultivo aparentemente afeta a produção da enzima,
entretanto os valores obtidos foram suficientes para que as análises ocorressem.
Não foram detectadas atividade paras as enzimas ligninolíticas manganês peroxidade e
lignina peroxidase nos caldos brutos dos quatro fungos estudados.
bruto, para os fungos de ambos gêneros em estudo, não foram apresentados na Tabela 2,
considerando, assim, este como o passo inicial.
A ultrafiltração e precipitação por sulfato de amônia têm sido técnicas recorrentes no
processo iniciais de purificação de lacases, ambas permitem alto grau de recuperação,
geralmente recuperando entre 70-100% da atividade inicial, entretanto valores até 50% são
considerados dentro do limite para utilização dessas técnicas (DAÂSSI et al., 2013; PARK;
PARK, 2014; DEDEYAN et al., 2000; MORE et al., 2011; SI; PENG; CUI, 2013; CHEN et
al., 2013).
Tabela 2. Etapas do processo de purificação da lacase referente aos fungos marinhos e terrestres dos
gêneros Peniophora e Marasmiellus. Atividade enzimática com base na reação com ABTS.
Táxon Amostra Volume Atividade Atividade Proteínas Recuperação Atividade Fator de
(mL) (U/mL) total (U) totais (%) específica purificação
(mg/mL) (U/mg)
Peniophora Ultrafiltrado 52,00 10,60 551,20 0,18 100,00 58,80 3,80
sp. CBMAI DEAE 17,30 4,70 81,31 0,13 14,75 36,15 2,30
1063
Peniophora Ultrafiltrado 55,00 6,40 352,00 0,22 100,00 29,00 2,60
cinerea DEAE 18,30 0,64 11,52 0,07 3,30 3,20 0,30
CCIBt 2541
Marasmiellus Ultrafiltrado 46,00 8,10 373,00 0,47 100,00 17,00 2,00
colocasiae DEAE 15,34 15,00 230,00 0,42 62,00 36,00 4,00
CCIBt 3388
Marasmiellus Ultrafiltrado 38,00 0,03 1,30 0,24 100,00 0,13 14,00
sp CBMAI DEAE 12,70 0,08 1,01 0,12 78,40 0,70 70,00
1062
O permeado obtido com a ultrafiltração do caldo bruto de cada fungo, em volume de 1,5
mL, a cada eluição, foi submetido à cromatografia de troca iônica (coluna aniônica DEAE-
sepharose FF, 1 mL), com a finalidade de eliminar proteínas que não apresentassem atividades
para lacase. Após realizadas as etapas de adsorção e eluição, apenas um pico foi identificado
nos cromatogramas A, B e D e dois picos no cromatograma C, conforme apresentado na Figura
12. As frações referentes a esses picos foram submetidas ao teste de atividade enzimática, e
todas foram positivas para atividade de lacase. Posteriormente, as mesmas foram reunidas em
uma única amostra, dessalinizadas e concentradas para 0,5 mL.
Após o processo de purificação por troca aniônica, a atividade específica para os fungos
do gênero Marasmiellus apresentaram recuperação de 62,00% e 78,40% para as lacases dos
fungos de origem terrestre e marinha, respectivamente (Tabela 2). No caso dos fungos do
41
gênero Peniophora verificou-se baixo rendimento na etapa de troca aniônica (Tabela 2). Uma
das possíveis explicações seria a proximidade do pH do tampão de adsorção com o ponto
isoelétrico das lacases produzidas por estes fungos. Pelo fato de não termos conhecimento do
valor exato do ponto isoelétrico das amostras que estavam sendo injetadas na coluna, o tampão
e o valor do pH (acetato de sódio, pH 4,5) foram definidos com base em dados da literatura
encontrados para lacases fúngicas, ou seja, com valores de ponto isoelétrico entre 3,5 e 4,0
(GIARDINA et. al, 2010; BALDRIAN, 2006; EGGERT et. al, 1998; TIEN; KIRK, 1884).
Outros trabalhos científicos que abordam a purificação de lacases, os quais utilizaram este
tampão na faixa de pH próximo ao relatado também foram tomados como base (GARCIA,
2006; MOREIRA-NETO, 2012; EGGERT et. al, 1995).
Figura 12. Cromatograma da troca aniônica (DEAE-Sepharose FF) de 1,5 mL do caldo bruto
ultrafiltrado concentrado Peniophora cinerea CCIBt 2541 (A); Peniophora sp. CBMAI 1063 (B);
Marasmiellus sp. CBMAI 1062 (C); Marasmiellus colocasiae CCIBt 3388 (D).
A B
C D
se nítida a visualização do perfil proteico deste fungo, seis repetições de cromatografia, com
atividade para lacases foram coletadas e concentradas em 0,5 mL, totalizando 0,42 mg/mL
aplicadas ao gel SDS-Page.
As frações coletadas apresentaram fator de purificação final satisfatório apenas para os
fungos do gênero Marasmiellus, sendo o do Marasmiellus sp. CBMAI 1062 na grandeza de
70,00 (Tabela 2). Entre os fungos do gênero Peniophora, o P. cinera CCIBt 2541 apresentou o
menor fator de purificação, da ordem de 0,30. Porém, todas as amostras parcialmente
purificadas na cromatografia de troca iônica foram satisfatórias para as análises seguintes.
O processo de purificação enzimática requer em cada passo o monitoramento de
proteínas e atividade da enzima de interesse, gerando custo e trabalho (GARCIA, 2006).
Lacases geralmente são enzimas que requerem várias etapas na purificação, para tanto, técnicas
iniciais de filtrações e concentrações (Ultrafiltração e precipitação por sulfato de amônia) são
fundamentais. Devido ao fato das lacases serem enzimas de carga positiva, frequentemente se
inicia a etapa cromatográfica com o método da troca aniônica, sendo as colunas mais utilizadas
DEAE (Celulose ou sepharose), Hitrap QFF, Q-sepharose (ZHENG et al., 2017; MORE et al.,
2011; DAÂSSI et al., 2013; MOREIRA; MILAGRES; MUSSATTO, 2014; SI; PENG; CUI,
2013; OBARA et al., 2005; BAGEWADI; MULLA; NINNEKAR, 2017). Porém, a maioria dos
processos requerem mais de um passo cromatográfico, há trabalhos que utilizam até três a fim
de purificar a enzima (DEDEYAN et al., 2000; ZOUARI-MECHICHI et al., 2006; PARK;
PARK, 2014). O presente trabalho utilizou apenas um passo cromatográfico, sendo assim, o
mesmo se apresenta como uma alternativa à redução tempo e custos em aplicações industriais.
O processo de recuperação, bem como demais valores referentes ao monitoramento da
purificação (atividade específica, fator de purificação, proteínas totais, atividade total) não são
uniformes. Isso pode ser percebido pela análise dos quatro fungos estudados (Tabela 2), bem
como em outros estudos (ZHENG et al., 2017; MORE et al., 2011; MOREIRA; MILAGRES;
MUSSATO, 2014; SI; PENG; CUI, 2013; OBARA et al., 2005; BAGEWADI; MULLA;
NINNEKAR, 2017; DEDEYAN et al., 2000; ZOUARI-MECHICHI et al., 2006). Tal variação
é diretamente influenciada por fatores como: características das demais enzimas presente no
extrato bruto, proximidade do ponto isoelétrico entre as proteínas, o qual deve ser levando em
conta também na escolha da coluna, as condições do ambiente de corrida, pH, composição do
tampão, entre outros. Park e Park (2014) recuperou cerca de 53% da atividade de lacases de
Fomitopsis pinicola após ultrafiltração, e após a troca aniônica (DEAE-Sepharose) a
recuperação caiu para cerca de 43%, nestes processos o fator de purificação aumentou de 1,9
para 7,1, sendo que no passo final havia apenas 9% de rendimento com fator de purificação na
43
ordem de 60. No entanto, Daâssi e col. (2014) recuperaram 97,5% da atividade de lacase de
Trametes sp. após ultrafiltração e 78,5% após a troca aniônica (Hitrap Q FF), aumentando o
fator de purificação de 1 para 5.
É importante destacar que apesar dos cromatogramas apresentados na Figura 12 (A, B
e D) mostrarem apenas um pico após eluição, a eletroforese das amostras revelou a presença de
várias proteínas (Figura 13 A). A visualização de proteínas que não foram detectadas nos picos
pode ter ocorrido devido ao fato de que foram juntadas amostras dos conjuntos enzimáticos
contendo lacases de três eluições diferentes (1,5 mL cada), as quais foram concentradas em 0,5
mL para os fungos do gênero Marasmiellus e para o Peniophora sp. CBMAI 1063. Para o
fungo Peniophora cinerea CCIBt 2541 seis eluições de 1,5 mL das amostras contendo as
lacases foram concentradas para 0,5 mL (Figura 13 B). Além disso, o pouco volume aplicado
à coluna pode ter resultado em um pico estreito e bem resolvido. Lacases submetidas a troca
iônica utilizando coluna DEAE (Sepharose ou celulose) podem apresentar apenas um pico com
atividade, requerendo um outro passo para a separação das isoformas (PARK; PARK, 2014;
OBARA et al., 2005; MOREIRA; MILAGRES; MUSSATTO, 2014; BAGEWADI; MULLA;
NINNEKAR, 2017; AFREEN et al., 2017; PATEL et al., 2014).
Figura 13. Gel SDS-PAGE do perfil proteico dos fungos: (A) Marasmiellus sp. CBMAI 1062,
Peniophora sp. CBMAI 1063, Marasmiellus colocasiae CCIBt3388 e Peniophora cinerea CCIBt 2541,
das amostras: ultrafiltrada concentrada (U.C.) e troca iônica 3X concentrada (T.I.). (B) Gel SDS-PAGE:
amostras de Peniophora cinerea CCIBt 2541, 1 – ultrafiltrado, 2-troca iônica 6X concentrada.
kDa CBMAI 1062 CBMAI 1063 CCIBt3388 CCIBt 2541 kDa CCIBt 2541 kDa
A 250 U.C. T.I U.C. T.I. U.C. T.I. U.C. T.I.
B UC. T.I
250
150 B
150
100 250
75 100 150
100
75
50 75
50
37 50
25 37 37
25
25
20
15
20
10 20
Figura 14 – Zimograma de lacases por atividades em SYG para as amostras do conjunto enzimático do
Peniophora sp. CBMAI 1063 (CBMAI 1063) e Peniophora cinerea CCIBt 2541 (CCIBt 2541);
atividade em ABTS para as amostras do conjunto enzimático do Marasmiellus sp. CBMAI 1062
(CBMAI 1062) e Marasmiellus colocasiae CCIBt 3388 (CCIBt 3388).
As lacases produzidas pelo basidiomiceto Peniophora sp. CBMAI 1063 nas mesmas
condições de cultivo do presente trabalho (otimizadas) foram investigadas por Otero et al.,
(2017) e os resultados revelaram a presença de oito genes putativos de lacases no transcriptoma
do fungo. Moreira, Milagres e Mussato (2014) purificaram oito isoformas de lacases do isolado
de P. cinerea (CCIBt 2541), todas com características distintas uma das outras, incluindo o
tamanho.
Portanto, a purificação enzimática foi de modo parcial uma vez que haviam outras
proteínas, sem atividade para lacases, que não se separaram das isoformas de interesse.
Considerando que as lacases não estão puras, a caracterização das enzimas ocorreu de modo
aparente (app.), utilizando amostras eluídas da cromatografia de troca iônica.
do gênero Marasmiellus, a espécie terrestre apresenta menor valor de Vmax, embora o valor da
Vmax em reação com o ABTS sejam praticamente iguais para ambos fungos deste gênero.
Poucos trabalhos relatam a Vmax para as enzimas. Dentre os trabalhos listados na Tabela 4,
apenas o reportado por Stoilova, Krastanov e Stranchev (2010) e Garcia (2006) apresentam esse
dado, sendo que o primeiro assinala um valor, porém não há como se identificar a unidade
utilizada para mensurar, e o segundo aponta 238,4 μmol.min-1 para a Lac 2, uma das isoformas
purificadas.
Os valores cinéticos da lacase comercial de T. versicolor são similares aos dos conjuntos
enzimáticos estudados, sendo que os valores cinéticos de KM em SYG são maiores que os dos
demais fungos e o KM superior às lacases dos fungos do gênero Peniophora e M. colocasiae
CCIBt 3388 em reação com o ABTS, conforme Tabela 3. Com exceção de Stoilova, Krastanov
e Stranchev (2010) tabela 4, o Vmax diz respeito apenas a uma isoforma purificada, corroborando
com a hipótese de que a presença de outras enzimas no conjunto enzimático das lacases podem
não interferir na cinética da enzima sobre determinado substrato.
Figura 15. Caracterização do pH ótimo aparente das lacases dos fungos marinhos e terrestres do gênero:
(A) Peniophora para ABTS, (B) Peniophora para SYG, (C) Marasmiellus para ABTS, (D)
Marasmiellus para SYG; e temperatura ótima aparente das lacases dos fungos marinhos e terrestre do
gênero: (E) Peniophora, (F)Marasmiellus.
pH ótimo Peniophora ABTS pH ótimo Peniophora SYG
A B
120
140
100 120
Atividade relativa %
80 100
Atividade relativa %
60 80
60
40
40
20
20
0
0
100 100
Atividade relativa %
Atividade relativa %
80 80
60 60
40 40
20 20
0 0
100 100
Atividade relativa %
Atividade relativa %
80 80
60 60
40 40
20 20
0 0
30 35 40 45 50 55 60 65 70 30 35 40 45 50 55 60 65 70 75
Temperatura ºC Temperatura
Peniophora sp. CBMAI 1063 Marasmiellus sp. CBMAI 1062
Peniophora cinerea CCIBt 2541 Marasmiellus colocasiae CCIBt 3388
50
Figura 16 – Estabilidade dos conjuntos enzimáticos de lacases para os fungos (A) Peniophora e (B)
Marasmiellus em temperatura ótima, utilizando ABTS como substrato.
Atividade relativa %
120 120
100 100
80 80
60 60
40 40
20 20
0 0
-1 1 3 5 7 9 11 13 15 17 19 21 23 25 -1 1 3 5 7 9 11 13 15 17 19 21 23 25
Tempo (horas) Tempo (horas)
Peniophora sp. CBMAI 1063 (55 °C) Marasmiellus sp. CBMAI 1062 (55 °C)
Peniophora cinerea CCIBt 2541 (55 °C) Marasmiellus colocasiae CCIBt 3388 (50 °C)
A estabilidade térmica das lacases está atrelada a vários fatores, tais como: ligações de
hidrogênio e interações hidrofóbicas na estrutura química da molécula, quanto maiores esses
fatores, mais estável será a enzima; resíduos carregados positivamente também confere maior
resistência, bem como o empacotamento da enzima, quanto maior a densidade, maior a
51
resistência, a presença da prolina também parece dar resistência térmica e um dos fatores mais
influenciável é a porção glicosídica das lacases, quanto maior a porcentagem de carboidratos,
mais estável é a enzima (CLAUS, 2004; ENGUITA et al., 2003).
Figura 17 – Efeito de íons metálicos, agente quelante (EDTA) e do aminoácido (L-cisteína) sobre a
atividade enzimática dos conjuntos de lacases dos fungos do gênero em estudo: (A) Peniophora e (B)
Marasmiellus.
140
120
100
80
60
40
20
0
100
80
60
40
20
0
Conforme demonstrado na Figura 17, houve forte inibição pelo íons Fe2+ para ambos conjuntos
enzimáticos dos fungos Peniophora e pouco efeito negativo sobre o conjunto enzimático dos
Marasmiellus. A ação de íons metálicos sobre a atividade de lacases varia para isoformas de
lacases, não podendo ser postulada uma regra de ação (DURAN et al., 2002; NILADEVI;
JACOB; PREMA, 2008; YOUNES; SAYADI, 2011; YANG et al., 2014; JAFARI et al., 2017)
Figura 18. Efeito das concentrações de NaCl na atividade dos conjuntos enzimático de lacases: (A)
fungos marinho e terrestre Peniophora sp. CBMAI 1063 e Peniophora cinerea CCIBt 2541, (B) Fungos
marinho e terrestre Marasmiellus sp. CBMAI 1063 e Marasmiellus colocasiae CCIBt 3388 e (C) lacase
comercial pura do fungo terrestre Trametes versicolor.
100
80
60
40
20
0
0 10 50 100 150 200 600 1000
NaCl (mM)
100
80
60
40
20
0
0 10 50 100 150 200 600 1000
NaCl (mM)
80
60
40
20
0
0 10 50 100 150 200 600 1000
Concentração de NaCl (mM)
55
A fim de comparar o efeito do NaCl sobre as lacases estudadas, a enzima comercial pura
de Trametes versicolor, um fungo de origem terrestre, foi testada e mostrou pouca tolerância à
salinidade (Figura 18 C). Em 50 mM apenas 23% da atividade foi observada, isso mostra
considerável sensibilidade dessa enzima ao sal, apresentando um comportamento semelhante
às lacases do fungo M. colocasiae CCIBt 3388. Este resultado revela que os conjuntos
enzimáticos dos fungos analisados apresentam maior tolerância ao sal do que a lacase de T.
versicolor comercialmente utilizada.
A diminuição da atividade de lacases pelo NaCl, bem como, o fato da atividade entre
100 e 1000 mM não decrescer de forma proporcional ao aumento da concentração salina (Figura
8), pode ser explicado pelo fato dos Cl- causarem perturbação no fluxo da transferência de
elétrons obtidos do substrato. Pois, por serem altamente eletronegativos os íons Cl- se ligam aos
aminoácidos positivamente carregados, responsáveis pela transferência dos elétrons
provenientes do sítio T1 para o T2/T3. Além disso, aparentemente lacases possuem um
diâmetro definido neste percurso, e isto varia entre as isoenzimas, fazendo com que o aumento
da concentração de sal gere saturação neste canal, tornando desproporcional a relação entre
concentração de sal e a diminuição da atividade (XU, 1996; MOREIRA; MILAGRES;
MUSSATTO, 2014; SHLEEV et al, 2005; CHRISTOPHER et al., 2014).
Cabe destacar que em estudo prévio do nosso grupo de pesquisa foi constatado que o
fungo de origem marinha Peniophora sp. CBMAI 1063 produz quantidades significativas de
lacases apenas na presença de salinidade (ASW) e CuSO4, revelando a sua adaptação ao
ambiente marinho (MAINRADI et al., 2017). Em adição, experimentos realizados pelo nosso
grupo de pesquisa mostraram que, embora o fungo de origem terrestre P. cinerea CCIBt 2541
cresça em salinidade, ele não tolera a adição do CuSO4. Além disso, o fungo M. colocasiae não
apresentou crescimento em condições salinas. Estes resultados evidenciam a importância dos
fungos de origem marinha em processos salinos.
Figura 19 – Estrutura química associada do corante têxtil marinho reativo (Fonte: SIGMA-ALDRICH).
Não há relatos na literatura do tratamento deste corante por outras lacases, mas o fato
das lacases em conjunto com outras enzimas mostrarem eficiência na descoloração de corantes
têxtil, tal qual a enzima pura, evidencia o potencial das lacases para agir sobre determinado
substrato, mesmo estando em conjunto com outras proteínas. No processo de descoloração, o
corante em estudo de cor azul e muda para uma coloração próxima ao rosa e então vai se
tornando, conforme o decorrer do tempo, cada vez mais transparente. Bonugli-Santos et al.,
(2016) em estudo de descoloração do corante Preto Reativo 5 (PR5) pelo fungo Peniophora sp.
CBMAI 1063 identificaram um processo semelhante ao visualizado no presente trabalho para
o corante MR. Nas primeiras 24 hs de cultivo do fungo Peniophora sp. CBMAI 1063 em
solução contendo o corante PR5 o meio extracelular apresentou coloração roxa, a qual com o
57
Figura 20 – Descoloração do corante têxtil marinho reativo pelo conjunto enzimático de lacases dos
fungos marinho e terrestre do gênero Peniophora, do fungo terrestre Marasmiellus colocasiae CCIBt
3388 e da lacase pura comercial de Trametes versicolor.
60
Descoloração %
50
40
B
30
20
10
0
Trametes versicolor Peniophora sp. CBMAI Peniophora cinerea Marasmiellus
1063 CCIBt 2541 colocasiae CCIBt 3388
Dos fungos analisados, apenas o M. colocasiae CCIBt 3388 não apresenta registro de
descoloração de corantes têxteis em literatura, quer seja por ação de suas enzimas, ou do fungo
diretamente aplicado. Fungos do gênero Peniophora apresentaram resultados relevantes quanto
a descoloração de corantes têxteis. O Peniophora sp. CBMAI 1063, em estudos conduzidos por
Bonugli-Santos et al., (2016) mostraram eficiência na degradação do corante preto reativo 5
(reactive black 5), com taxa de descoloração de 94% em sete dias. Estudos realizados por
Moreira, Milagres e Mussato (2014), mostraram que lacases do P. cinerea foram capazes de
descolorir até 77% o corante têxtil azul reativo 19 (reactive blue 19) em 3 dias, utilizando 1
U/mL de lacases, em reação contendo tampão e mediadores redox.
58
Embora o tempo de sete dias seja longo para o tratamento do corante, a dosagem da
enzima parcialmente purificada usada na reação de descoloração, foi baixa (0,2 U/mL), quando
comparada à outros trabalhos (LIU., et al., 2015; YAMAK et al., 2008; WANG et al., 2010;
ZHENG et al., 2017; FANG et al., 2012). Além disso, as reações ocorreram na ausência de
tampão e de forma livre, enquanto que muitos trabalhos aplicam a enzima de forma imobilizada,
e também não se usou mediador redox, que geralmente proporciona maior eficiência na
descoloração (FERNÁNDEZ-FERNÁNDEZ; SANROMAN; MOLDES, 2012; ZOUARI-
MECHICH et al., 2006; BIBI; BHATTI, 2012; MOREIRA; MILAGRES; MUSSATTO, 2014).
Lacases de T. versicolor apresentaram 66% de descoloração do corante laranja ácido 52 (Acid
Orange 52) em 6 h, porém foi utilizado 11,4 U/mL da enzima de forma imobilizada na presença
de tampão (YAMAK et al., 2008). A lacase comercial de T. versicolor na ausência de
mediadores não foi capaz de descolorir o corante preto reativo 5 (reactive black 5),
concentração da enzima não especificada (BIBI; BHATTI, 2012). No que diz respeito à pureza
das lacases em aplicação de descoloração de corantes têxtis, isoformas puras não têm
demonstrado bons desempenhos quando comparadas com o caldo bruto, contendo outras
enzimas (ZOUARI-MECHICH et al., 2006).
Testes de toxicidade aguda realizados pelo Microtox 500, revelaram aumento da
toxicidade, com base no EC50 (concentração que inibe em 50% a luminescência da bactéria
Aliivibrio ficheri), na descoloração do corante marinho reativo pelo conjunto enzimático do
fungo Peniophora sp. CBMAI 1063, apresentando nível muito tóxico (EC50 = 3,39%),
conforme demonstrado na Tabela 5
Tabela 5. Concentração efetiva (EC50 ) de A. fischeri, após 15 min de exposição do conjunto enzimático
das lacases com o corante marinho reativo (40 mg L-1).
𝐄𝐂𝟓𝟎 (%)
3,39 20,01 12,38 9,34
Desvio padrão ± 0,78 ± 2,7 ±2,96 ±0,34
Por outro lado, os ensaios do conjunto enzimático do P. cinerea CCIBt 2541 (o que
apresentou maior descoloração) levando em consideração o desvio, não apresentou maior
toxicidade após o tratamento, exibindo a mesma taxa de antes do tratamento, porém, sendo
ainda considerado muito tóxico (EC50 = 20,01%) (Tabela 5). O M. colocasiae CCIBt 3388
59
também mostrou-se mais tóxico após o tratamento, tomando o controle negativo como
parâmetro de comparação, com EC50 de 12,38%. A lacase pura do T. versicolor também não
apresentou destoxificação, sendo o EC50 da amostra (9,34) praticamente igual ao controle
(9,04), isto reafirma que o conjunto enzimático em comparação com uma enzima pura pode não
apresentar diferença neste tipo de aplicação biotecnológica.
Estudos têm revelado que nem sempre é possível destoxificar uma amostra de corante
ou até mesmo efluente apesar de haver a descoloração, devido a fatores como a composição do
corante ou a sensibilidade do microrganismo teste a solução proteica (PEREIRA et al., 2009;
FORGACS; CSERHÁTI; OROS, 2004). Champagne e Ramsay (2010) mostraram que lacases
de T. versicolor imobilizadas e livres descoloriram os corantes índigo e antraquinona, tendo
significância na descoloração do primeiro, porém, não havendo destoxificação no segundo.
Resultados negativos para destoxificação são poucos relatados, por haver poucos estudos
testando essa variável. Khlifi e colaborades (2010) relataram que o caldo bruto de Trametes
trogii aplicados em efluentes de corantes têxteis, apresentou descoloração apenas na presença
de mediadores, não sendo capaz de destoxificar o efluente em diferentes concentrações. Além
disso, a ação das enzimas sobre o composto alvo, pode quebrá-lo, gerando produtos ainda mais
tóxicos do que a própria molécula do poluente inicial (CATHERINE; FRÉDÉRIC;
PENNINCKX, 2016; CHHABRA; MISHRA; RAMASWAMY, 2015).
6. CONCLUSÕES
O meio de cultivo otimizado por Sette e colaboradores (2014) para produção de lacases
mostrou-se adequado para os quatros fungos analisados, com ausência de salinidade para os
fungos de origem terrestre. A purificação de modo parcial com caracterização de modo aparente
(app.), foi realizada apenas levando em conta a cromatografia de troca iônica.
O estudo comparativo das lacases parcialmente purificadas, mostrou que o conjunto
enzimático de lacases da espécie terrestre P. cinerea CCIBt 2541, apresentou melhor resultado
que o do marinho Peniophora sp. CBMAI 1063. P. cinerea CCIBt 2541 apresentou mais
isoformas de lacases, um menor Km, as lacases foram mais resistentes à influência do NaCl,
apresentaram ativação pelos íons Zn2+, Mg2+ e Ca2 e melhor descoloração e destoxificação do
corante têxtil marinho reativo. Quanto aos conjuntos parcialmente purificados das lacases dos
fungos do gênero Marasmiellus, as lacases do fungo de origem marinha Marasmiellus sp.
CBMAI 1062 apresentaram melhor eficiência ante o efeito do NaCl e aos íons metálicos, sendo
a atividade enzimática ativadas pelos íons Zn2+e Al3+. M. colocasiae CCIBt 3388 apresentou
60
maior Km para ambos os substratos. Entretanto, os fungos de origem terrestre P. cinerea CCIBt
2541 e M. colocasiae CCIBt 3388 não se desenvolveram no meio salino, nas condições
estudadas, o que indica a inviabilização da aplicação dos mesmos em processos ou ambientes
salinos.
De modo geral, as características cinéticas dos fungos analisados são muito semelhantes
entre si para o mesmo gênero, principalmente para os fungos Peniophora, pois apresentaram
pH ótimo e temperatura ótima iguais, produção de lacases e mesmo padrão de atividade em
respostas ante influências dos íons e agentes testados, bem como descoloração do corante têxtil.
Os fungos Marasmiellus, de similaridade apresentaram apenas o mesmo pH ótimo para ambos
os substratos testados.
Por conta do conjunto enzimático parcialmente purificados de todos os fungos analisados
não apresentarem atividades para as enzimas ligninolitica MnP e LiP, acredita-se que apenas as
enzimas lacases agiram no processo de descoloração do corante marinho reativo.
Os resultados do presente trabalho contribuíram para o conhecimento de laccases de
basidiomicetos de origem marinha e abrem novas perspectivas para o estudo das lacases de
origem marinha e terrestre, incluindo a caracterização molecular das mesmas, a avaliação do
potencial de oxidação e aplicações biotecnológicas.
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77
APÊNDICE
Apêndice 1. Curva de Bradford, plotado com concentrações de BSA variando de 0 a 0,2 mg/mL em
tampão acetato, com relação do volume de 20μL amostra para 80μL reagente.
Bradford
0,25
Absorbância (595 nm)
0,2
0,15
0,1
y = 1,0837x + 0,0028
0,05 R² = 0,9983
0
0 0,05 0,1 0,15 0,2 0,25
Proteinas (mg/mL)
Apêndice 2. Absorbância da reação do caldo bruto, ultrafiltrado concentrado (*diluída 1,6 X),
ultrafiltrado permeado 1 e 2 e troca iônica (*diluída 1,6 X) do Peniophora sp. CBMAI 1063 com o
reagente de Bradford (Sigma).
Apêndice 3. Absorbância da reação do caldo bruto, ultrafiltrado concentrado (*diluída 1,6 X),
ultrafiltrado permeado e troca iônica do Peniophora cinerea CCIBt 2541 com o reagente de Bradford
(Sigma).
Apêndice 4. Absorbância da reação do caldo bruto, ultrafiltrado concentrado (*diluída 5 X), ultrafiltrado
permeado e troca iônica (*diluída 5 X) do Marasmiellus colocasiae CCIBt 3388 com o reagente de
Bradford (Sigma).
Apêndice 5. Absorbância da reação do caldo bruto, ultrafiltrado concentrado (*diluída 1,6 X),
ultrafiltrado permeado e troca iônica (*diluída 1,6 X) do Marasmiellus sp. CBMAI 1062 com o reagente
de Bradford (Sigma).
Apêndice 6. Absorbâncias (420 nm) do caldo bruto e após o processo purificação de lacases, em
diferentes diluições do caldo do fungo Marasmiellus colocasiae CCIBt 3388 aplicado à equação 1 para
determinação da atividade enzimática de lacase.
Apêndice 7. Absorbâncias (420 nm) do caldo bruto e após o processo purificação de lacases, em diferentes diluições do caldo do fungo Peniophora sp. CBMAI
1063, aplicado à equação 1 para determinação da atividade enzimática de lacase.
Caldo bruto Ultrafiltrado Permeado ultrafiltrado Troca iônica
t1 (0’) t2 (5’) t3 (10’) t1 (0’) t2 (5’) t3 (10’) t1 (0’) t2 (5’) t3 (10’) t1 (0’) t2 (5’) t3 (10’)
0,12 0,22 0,30 0,09 0,19 0,30 0,04 0,09 0,18 0,05 0,28 0,55
0,13 0,25 0,31 0,08 0,20 0,33 0,04 0,10 0,19 0,05 0,28 0,56
0,13 0,21 0,31 0,08 0,19 0,30 0,03 0,08 0,17 0,05 0,29 0,57
Total (U/L-1) 1.722,00 Total(U/L-1) 10632,70 Total (U/L-1) 0,65 -1
Total (U/L ) 4691,40
Desvio Padrão 9,30 Desvio Padrão 1053,01 Desvio Padrão 0,01 Desvio Padrão 107,30
Apêndice 8. Absorbâncias (420 nm) do caldo bruto e após o processo purificação de lacases, em diferentes diluições do caldo do fungo Peniophora cinerea
CCIBt 2451, aplicado à equação 1 para determinação da atividade enzimática de lacase.