Quimica Organica Experimental Aula 2-EXTRACAO

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Aula

EXTRAÇÃO
2
META
Apresentar ao aluno as técnicas de purificação e/ou separação de compostos orgânicos por extração.

OBJETIVOS
Ao final desta aula, o aluno deverá:
estar familiarizado com as técnicas de extração. Conhecer as técnicas por solvente inerte e por
solvente quimicamente ativo, extração contínua e descontínua, e extração sólido-líquido e líquido-
líquido. Dominar a técnica de extração líquido-líquido.

PRÉ-REQUISITOS
Nomenclatura dos compostos orgânicos, propriedades físicas, solubilidade, segurança em laboratório,
soluções, forças intermoleculares, ácidos e bases.

Funil de separação utilizado na separação de líquidos miscíveis e na extração de líquido-líquido.


(Fonte: http://www2.fc.unesp.br)
Química Orgânica Experimental

INTRODUÇÃO

Olá, hoje vamos tratar de uma técnica da química orgânica que está
mais presente em nosso dia a dia do que chegamos a perceber: a extração.
Todos os dias nós realizamos extrações em nossa cozinha, seja preparando
um cafezinho na cafeteira, seja mergulhando um saquinho de chá em água
fervente. Nesse processo, um solvente, no caso a água, remove seletiva-
mente determinados ingredientes do café ou do chá, nos proporcionando
aromas e sabores que tornam essas bebidas tão agradáveis. Por definição, a
extração é um processo de transferência seletiva de um soluto ou impureza
de um meio para um solvente. A extração vem sendo utilizada por muitos
anos como uma técnica para a obtenção de diversos produtos naturais,
mais não está restrita aos produtos naturais. Outra aplicação importante da
extração é na pré-purificação de produtos de síntese orgânica, nesse caso
sendo chamada de lavagem. Trata-se de uma extração líquido-líquido feita
com água e um solvente orgânico imiscível, onde a água extrai compostos
polares presentes como vestígios de ácidos ou bases utilizados na reação,
sais e outros subprodutos polares formados. A extração é uma técnica
muito útil na purificação de compostos orgânicos, pois podemos separar
diferentes compostos por suas polaridades ou suas propriedades químicas
como acidez e basicidade. Então, vamos aprender a extrair? Mãos a obra!

A preparação do café é uma extração que nós realizamos todos os dias.


(Fonte: http://saude.abril.com.br)

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Extração
Aula

Já vimos que extração é a transferência de um soluto de um meio para


um solvente. Mas como e porque isso ocorre? Para explicar isto temos
primeiro que conhecer quais os tipos de extração que existem. As técnicas
2
Fluido
supercrítico
de extração podem ser classificadas de acordo com três critérios: estado
físico das fases envolvidas, reatividade do solvente e técnica de extração. Um fluido super-
Pelo estado físico, a fase de onde o soluto será extraído pode ser sólida ou crítico é um gás
líquida, enquanto que o solvente pode ser um líquido ou um fluido super- submetido a altas
crítico. Temos então a extração sólido-líquido, a extração líquido-líquido pressões e baixas
e a extração sólido-fluido supercrítico. Quando a fase de partida é sólida, temperaturas, de
forma a conservar
o soluto será extraído a depender de sua solubilidade no solvente. Essa
algumas proprie-
seletividade dependerá principalmente da polaridade do mesmo, pois vale dades dos gases
o senso comum: “Semelhante dissolve semelhante.” Se eu desejo extrair como viscosidade
compostos apolares vou fazer uso de solventes apolares. Caso a solubilidade zero, ao mesmo
do soluto seja pequena no solvente, pode-se fazer uso de uma técnica de tempo em que
extração contínua, em equipamento de Soxhlet. Numa extração contínua, adquire proprie-
dades de líquidos,
o solvente é sempre reciclado e passa novamente através da fase que está
como capacidade
sendo extraída. Já uma extração onde a fase sólida é apenas coberta pelo de dissolver um
solvente líquido e deixada em repouso por determinado tempo é denomi- material.
nada de maceração, e é uma técnica descontínua de extração.
Quando ambas as fases são líquidas temos uma extração líquido-
líquido que será discutida em detalhes abaixo. Lembramos que a extração
líquido-líquido também pode ser contínua ou descontínua. A extração por
fluido supercrítico é um caso a parte, pois as baixas temperaturas e altas
pressões necessárias para converter um gás num fluido supercrítico exigem
equipamentos especiais, em geral mais caros e resistentes, não sendo uma
técnica comum encontrada em qualquer laboratório. A ùltima classificação
da extração diz respeito à reatividade da fase extratora. Se a fase extratora
não reage com o soluto de interesse, a extração é denominada como sol-
vente inerte. Caso para haver extração ocorra uma reação, o processo é
denominado extração com solvente quimicamente ativo. Todas essas pos-
síveis variações na técnica de extração a tornam uma das mais versáteis na
purificação de compostos orgânicos.

EXTRAÇÃO SÓLIDO-LÍQUIDO

MACERAÇÃO

A maceração é uma das técnicas mais utilizadas na química de produtos


naturais. Consiste em deixar o substrato sólido, em geral moído, coberto
com o solvente extrator. Por exemplo, imagine que você quer extrair os
componentes do caule de uma planta. Primeiro você irá coletar a planta,
cortar e secar o caule em estufa com ventilação, e em seguida moer o material
vegetal. Esse material seco e moído é então transferido para um frasco de

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Química Orgânica Experimental

vidro e coberto com o solvente extrator. O solvente utilizado vai depender


do que você pretende extrair da planta. Se você está interessado numa classe
específica de compostos, cuja natureza ácida ou básica você já conheça, pode-
se utilizar um solvente quimicamente ativo. Por exemplo, para extrair alcaloides
como cafeína, cocaína, morfina seria útil utilizar um solvente em meio ácido,
pois a solução ácida irá reagir com os alcaloides de caráter básico formando
um sal, e esse será solúvel na fase aquosa. De maneira semelhante, para extrair
flavonóides que possuem caráter ácido, pois são compostos polifenólicos,
seria interessante fazer uso de uma solução básica como solvente extrator.
Um solvente quimicamente inerte também pode ser utilizado na macera-
ção. Nesse caso, a escolha do solvente baseia-se na polaridade dos compostos
que se deseja extrair. A cafeína é facilmente extraída por diclorometano, pois
este possui polaridade semelhante à dela. Para compostos apolares faz-se uso
de solventes apolares. Para compostos polares utilizam-se solventes polares.
Rota-evaporador
Qualquer que seja o solvente extrator, o sistema é mantido em repouso por
Equipamento de lab- um tempo definido até se tornar saturado. Em alguns casos a extração pode
oratório que efetua ser efetuada sob aquecimento para aumentar a velocidade ou melhorar o
destilação a tem- rendimento, é o caso do nosso chá ou do nosso café. Em seguida o substrato
peratura abaixo do sólido é separado do extrato (o que foi extraído) por filtração, que pode ser por
ponto de ebulição do gravidade ou a vácuo. Para recuperar o soluto extraído deve-se neutralizar o
líquido, fazendo para
sistema no caso de extração com solvente quimicamente ativo, fazendo deste
isso uso de pressão
reduzida gerada por modo o soluto precipitar. No caso de solvente inerte este pode ser eliminado
uma bomba de vácuo. por destilação a pressão reduzida realizada em geral em rota-evaporador. O
tempo de extração pode variar de minutos a dias, a depender da natureza do
material extraído e do substrato. Pode ser necessário repetir o procedimento
até que a maior parte do soluto tenha sido extraída.

SOXHLET

Algumas vezes o composto que se deseja extrair é apenas ligei-


ramente solúvel no solvente extrator. Para evitar o uso de grandes
quantidades de solvente, faz-se uso de uma extração contínua, onde
o solvente é continuamente reciclado. A extração contínua sólido-
líquido é realizada numa vidraria especial denominada aparelho de
Soxhlet.

Extrator de Soxhlet.
(Fonte: FIESER, L. F., WILLIAMSON, K. L. Organic Experiments. 8th Ed, Houghton
Mifflin Company, Boston, USA, 1998, pg. 106).

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Extração
Aula

O extrator de Soxhlet funciona da seguinte maneira. Na câmara central


do Soxhlet é colocado o substrato a ser extraído, embrulhado em mate-
rial poroso como papel de filtro ou algodão. No balão abaixo é colocado
2
o solvente extrator. O sistema é levado à ebulição, o solvente evapora e
sobe pelo braço lateral, encontra o condensador resfriado e se condensa,
gotejando sobre o material a ser extraído. O solvente em contato com o
substrato vai extraíndo o soluto de interesse, enquanto a câmara central vai
se enchendo de solvente. Ao atingir a altura do sifão, todo o solvente desce
de volta para o balão por sifonação, juntamente com o soluto extraído,
reiniciando o processo. Quando o solvente volta a evaporar o soluto fica
concentrado no balão e apenas solvente puro goteja no substrato. Dessa
forma podem-se realizar inúmeras extrações com um volume reduzido
de solvente, sempre concentrando o soluto no balão. Ao final o sistema é
removido do aquecimento e o balão é recolhido com o extrato. O substrato
é descartado. O solvente pode ser removido do extrato por destilação.

EXTRAÇÃO LÍQUIDO-LÍQUIDO

SOLVENTE INERTE

A técnica de transferência de um soluto de um solvente para o outro é


denominada de extração líquido-líquido. O soluto se distribui entre os dois
solventes de acordo com a sua solubilidade em cada um deles. O solvente
no qual o soluto for mais solúvel ficará com a maior parte do soluto. A
razão entre a concentração do soluto no solvente 1 e no solvente 2 após
estabelecido o equilíbrio é denominada coeficiente de partição ou coefici-
ente de distribuição K. O valor de K pode ser estimado pela razão entre as
solubilidades do soluto no solvente 1 e 2. Para que a técnica funcione, os
dois solventes devem ser imiscíveis, caso contrário formariam uma única
fase e não haveria extração.

COEFICIENTE DE DISTRIBUIÇÃO
Imagine uma solução aquosa contendo 10,0 g de um soluto em 100
mL de água, e cujo valor de K entre éter e água é de 10. Se for feita uma
única extração com 100 mL de éter teremos: K = Co/CH2O, ou seja, 10
= (x/100)/[(10-x)/100], 10 = x/(10- x), 100 - 10x = x, 11x = 100, x =
9,09g. Uma única extração com 100 mL de éter consegue recuperar 9,09g
do soluto, deixando 0,91g na fase aquosa. Agora imagine que ao invés de
uma única extração com 100 mL de éter você realize 2 extrações com 50
mL de éter. O que ocorreria? Podemos calcular separadamente o quanto
do soluto é extraído de cada vez. K = Co/CH2O, ou seja, 10 = (x1/50)/

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Química Orgânica Experimental

[(10 - x1)/100], 10 = 2x1/(10 - x1), 100 - 10x1 = 2x1, 12x1 = 100, x1 =


8,33g. A primeira extração recuperou 8,33g de soluto, restando 1,67g na
fase aquosa. Para a segunda extração teremos então 10 = (x2/50)/[(1,67 -
x2)/100], 10 = 2x2/(1,67 - x2), 16,7 - 10x2 = 2x2, 12x2 = 16,7, x2 = 1,39g,
ou seja, na segunda extração foram recuperados mais 1,39g do soluto. Se
somarmos os valores da primeira e segunda extração com 50 mL de éter
teremos x1 + x2 = 8,33 + 1,39 = 9,72g, o que comprova que um número
maior de extrações com um mesmo volume de solvente é mais eficiente
do que realizar apenas uma extração com este mesmo volume. Enquanto
uma única extração com 100 mL de éter recuperou 9,09g, duas extrações
com 50 mL de éter recuperaram 9,72g. De forma semelhante, se fossem
realizadas três extrações com 33,3 mL de éter cada, a quantidade de sólido
recuperada seria ainda maior 9,88g. Entretanto, quanto maior o número
de extrações, menor será o acréscimo no rendimento obtido, o que nos
leva a considerar o custo/benefício. Até que ponto a quantidade a mais
do sólido recuperado vale o esforço de realizar mais extrações? Isso vai
depender do valor comercial do produto extraído, se for um produto caro
ou se você necessitar do máximo possível dele, mais extrações serão bem
vindas. Caso contrário, três extrações é um número suficiente para uma
boa recuperação do material.
Os valores do coeficiente de distribuição são um indicativo de qual
procedimento seguir. Valores de K menores que 1 indicam uma maior
solubilidade na fase aquosa do que na fase orgânica. Valores de K > 100
indicam que uma única extração é capaz de transferir todo o soluto para
a fase orgânica, enquanto que valores de K < 0,01 indicam que todo o
soluto permanecerá na fase aquosa. Para valores de 100 > K > 1 pode-
se recuperar a maior parte do soluto por extrações sucessivas com a fase
orgânica. Valores entre 1 > K > 0,01 tem uma transferência muito baixa
do soluto para a fase orgânica, pois este é mais solúvel na fase aquosa, en-
tretanto, o uso de extração contínua líquido-líquido permite a recuperação
do soluto, pois e extração contínua equivale a um número bastante elevado
de extrações simples.

ATIVIDADES
Calcule a quantidade de sólido recuperada com 4 extrações de 25 mL
de éter no problema anterior:

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Extração
Aula

COMENTÁRIO SOBRES AS ATIVIDADES


2
O valor de K independe da quantidade de solvente utilizada, logo
K = 10. O coeficiente de partição é a razão entre a concentração do
soluto na fase orgânica (éter) e na fase aquosa, logo teremos K = Co/
CH2O. A concentração do soluto na fase orgânica é a massa extraída
x1 dividida pelo volume da fase orgânica, que neste caso é 25,0 mL.
Já a concentração do soluto na fase aquosa é a massa restante 10 - x1
dividida pelo volume da fase aquosa que é 100 mL. Substituindo na
equação teremos 10 = (x1/25)/[(10 - x1)/100], temos então 10 =
4x1/(10 - x1), 100 - 10x1 = 4x1, 14x1 = 100, x1 = 7,14g. Ou seja, a
primeira extração recuperou 7,14g do soluto, restando 2,86g na fase
aquosa. Na segunda extração a concentração do soluto na fase orgânica
é a massa extraída x2 dividida pelo volume da fase orgânica, que neste
caso é 25,0 mL. Já a concentração do soluto na fase aquosa é a massa
restante 2,86 – x2 dividida pelo volume da fase aquosa que é 100 mL.
Substituindo na equação teremos 10 = (x2/25)/[(2,86 – x2)/100],
temos então 10 = 4x2/(2,86 – x2), 28,6 - 10x2 = 4x2, 14x2 = 28,6,
x2 = 2,04g. Ou seja, a segunda extração recuperou 2,04g do soluto,
restando 0,82g na fase aquosa. Na terceira extração a concentração do
soluto na fase orgânica é a massa extraída x3 dividida pelo volume da
fase orgânica, que neste caso é 25,0 mL. Já a concentração do soluto na
fase aquosa é a massa restante 0,82 – x3 dividida pelo volume da fase
aquosa que é 100 mL. Substituindo na equação teremos 10 = (x3/25)/
[(0,82 – x3)/100], temos então 10 = 4x3/(0,82 – x3), 8,2 - 10x3 =
4x3, 14x3 = 8,2, x3 = 0,59g. Ou seja, a terceira extração recuperou
0,59g do soluto, restando 0,23g na fase aquosa. Na quarta e última
extração a concentração do soluto na fase orgânica é a massa extraída
x4 dividida pelo volume da fase orgânica, que neste caso é 25,0 mL. Já
a concentração do soluto na fase aquosa é a massa restante 0,23 – x4
dividida pelo volume da fase aquosa que é 100 mL. Substituindo na
equação teremos 10 = (x4/25)/[(0,23 – x4)/100], temos então 10 =
4x4/(0,23 – x4), 2,3 - 10x4 = 4x4, 14x4 = 2,3, x4 = 0,16g. Ou seja,
a quarta extração recuperou 0,16g do soluto, restando 0,07g na fase
aquosa. Somando as quantidades extraídas x1 + x2 + x3 + x4 = 7,14
+ 2,04 + 0,59 + 0,16 = 9,93g, que é a quantidade de soluto recuperada
com 4 extrações, e representa 99,3% de todo o soluto.

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Química Orgânica Experimental

EXTRAÇÃO LÍQUIDO-LÍQUIDO DESCONTÍNUA

Agora que entendemos um pouco do princípio da extração líquido-líqui-


do, devemos aprender na prática como efetuá-la. Primeiramente devemos
escolher a vidraria adequada para efetuar a extração. Volumes superiores a
10 mL devem ser extraídos num funil de separação, volumes entre 4 e 10
mL podem ser extraídos num tubo de centrífuga e volumes inferiores a 4
mL devem ser extraídos num frasco cônico. Quase sempre uma das fases
utilizada é a água, então o solvente extrator deve ser imiscível com água.
Outra coisa que deve ser observada é a densidade dos solventes. Solventes
mais densos que a água como diclorometano CH¬2Cl2 ou clorofórmio
CHCl3 formarão a fase inferior, enquanto que solventes menos densos
como éter (CH3CH2)2O ou hexano CH3(CH2)4CH3 formarão a fase su-
perior. Entretanto isso nem sempre é verdadeiro, pois a presença de ácido
sulfúrico ou sais na fase aquosa podem torná-la mais densa, invertendo as
fases. Em caso de dúvida deve-se testar qual das fases é a aquosa pingando
uma gota de água destilada. Se a gota se dissolver imediatamente temos a
fase aquosa, e se a gota afundar ou não se misturar temos a fase orgânica.

Funil de separação
(Fonte: FIESER, L. F., WILLIAMSON, K. L. Organic Experiments. 8th Ed, Houghton Mifflin
Company, Boston, USA, 1998, pg. 115).

Tendo selecionado o solvente extrator, devemos transferir a solução


a ser extraída para o funil de separação, com o auxílio de um funil de colo
longo, de preferência com a boca larga. Lembre-se de antes fechar a tor-
neira do funil de separação e apoiá-lo no aro. Antes de tampar o funil de
separação agite-o levemente em movimentos circulares, tampe e pegue o

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Extração
Aula

funil com as duas mãos, segurando a tampa firmemente apoiada em uma


das palmas, vire o funil e abra a torneira para aliviar a pressão interna. Ao
abrir a torneira você escutará um ruído de ar saindo, pois ao misturar os
2
dois líquidos imiscíveis ocorre aumento da pressão. Agite em movimentos
circulares, ou virando de cabeça pra cima e cabeça pra baixo, sempre com
movimentos suaves e sempre aliviando a pressão. Quando o som não for
mais audível, continue agitando por mais um minuto e então retorne o funil
para o aro, só então removendo a tampa.

Agitação do funil com liberação da pressão.


(Fonte: EATON, D. C. Laboratory Investigations in Organic chemistry. McGraw-Hill, 1976, pg. 102).

EXTRAÇÃO EM PEQUENA ESCALA


Para volumes pequenos de solvente uma extração em funil de separa-
ção teria perdas muito grandes do solvente e dificuldade de separação. Para
contornar isto a extração de 10,0 a 4,0 mL é feita em tubos de centrífuga
com tampa rosqueada, e para volumes inferiores a 4,0 mL utiliza-se frascos
cônicos com tampa rosqueada. Antes de efetuar a extração é necessário
verificar a existência de vazamentos no frasco, para isso pode-se fechar
bem com água e agitar vigorosamente. Se não vazar ele pode ser utilizado
na extração. Na extração transfira a solução a ser extraída para o frasco
cônico ou tubo de centrífuga e em seguida adicione o solvente extrator.
Agite a princípio cuidadosamente, com movimentos rotatórios leves. Após
constatar que não se forma emulsão pode agitar vigorosamente. Em seguida
abra o frasco e deixe em repouso para separar as camadas. Recolha sempre
a camada inferior com o auxílio de uma pipeta Pasteur, e no vértice do

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Química Orgânica Experimental

cone. Se essa for a camada de interesse, ótimo! e se não for, depois recolha
também pelo vértice a segunda camada e transfira pra um segundo frasco.

Extração em pequena escala.


(Fonte: PAVIA, D. L., LAMPMAN, G. M., KRIZ, G. S., ENGEL, R. G. Química Orgânica Ex-
perimental: Técnicas em escala pequena. 2ª. Ed. Bookman, 2009, pg. 602).

EMULSÕES
Às vezes durante uma agitação vigorosa, gotas muito pequenas da fase
Ambifílicas
orgânica ficam em suspensão na fase aquosa ou vice-versa, formando uma
emulsão. Uma emulsão é uma suspensão coloidal de um líquido em outro,
Moléculas ambifí- e sua formação dificulta a separação das fases, o que atrapalha e muito a
licas ou anfipáticas extração. A emulsão tende a se formar quando estão presentes em solução
são moléculas que moléculas ambifílicas, pois estas se dissolvem tanto na fase aquosa quanto
possuem uma parte na fase orgânica, permitindo a formação da suspensão. Um exemplo são
polar e outra apolar,
a exemplo dos deter-
os detergentes, que permitem a formação de uma suspensão entre água e
gentes. óleo, facilitando a limpeza. Entretanto, se você agitar muito um detergente
formará espuma, neste caso se você agitar muito a solução formará uma

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Extração
Aula

emulsão. Outros dois casos podem causar a formação de emulsões: presença


de material muito viscoso ou pequena diferença de densidade entre as duas
fases. Um material muito viscoso demora mais tempo para se separar da
2
outra fase, e fases com densidade muito próxima podem ter dificuldade em
se separar após a agitação, pois o soluto se distribuindo entre elas bagunça
mais ainda a densidade.
Para resolver o problema da emulsão existem algumas técnicas. A
primeira delas é a paciência, pois a maioria das emulsões se quebra quando
deixada em repouso, entretanto, às vezes, o tempo de repouso necessário
é muito elevado, fazendo-se necessária a quebra da emulsão. Uma técnica
utilizada é a agitação cuidadosa da superfície da emulsão com um bastão
de vidro ou espátula. Esta técnica quebra mecanicamente a superfície da
emulsão, e funciona melhor quando as gotículas da emulsão não são muito
pequenas. Outra técnica é a adição de sal (cloreto de sódio) à fase aquosa.
Este sal além de aumentar a polaridade da fase aquosa a torna mais densa,
facilitando a separação principalmente, se a fase orgânica for menos densa
do que a água, entretanto, a alta força iônica da solução aquosa saturada
de sal a torna mais incompatível com a fase orgânica, o que faz da adição
de sal útil independentemente do solvente ser mais ou menos denso que
a água. A adição de álcool age de maneira semelhante, porém no sentido
contrário, reduzindo a polaridade da água e reduzindo a sua densidade, o
que é útil principalmente, se a fase orgânica for mais densa do que a água.
Se a emulsão se deve a presença de material coloidal ou viscoso, muitas
vezes uma filtração por gravidade ajuda a desfazer a emulsão pela remoção
de substâncias poliméricas gomosas presentes. Se o volume for de até 10
mL uma centrifugação pode acelerar a quebra da emulsão, separando as
fases. Por fim, a melhor forma de combater uma emulsão é evitar que ela se
forme. Se você sabe da presença de um dos fatores causadores de emulsão
ou se você desconhece a natureza da solução, evite agitação muito vigorosa.
Prefira uma agitação suave com movimentos circulares, ou virando a solução
de cabeça pra cima e pra baixo. Neste caso é sempre melhor prevenir do
que remediar.

EFEITO “SALTING-OUT”

O uso de sal também é útil para tornar um composto orgânico hidros-


solúvel muito menos solúvel em água e, portanto, mais facilmente extraído
pela fase orgânica. Neste caso ocorre uma dessolubilização do composto
orgânico, ou seja, ele saltou fora (Salted out) da camada aquosa para a camada
orgânica. A força iônica da solução aquosa é aqui a responsável. A adição
de sal é particularmente útil no caso de sais orgânicos, pois o efeito do íon
comum força o sal orgânico menos solúvel a precipitar ou ser removido
para a outra camada. Por ultimo, a adição de sal também é utilizada para

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Química Orgânica Experimental

facilitar a remoção da água de solventes orgânicos, pois a força iônica do


sal torna a fase aquosa menos compatível com a fase orgânica. Isso é útil
principalmente quando a fase aquosa é parcialmente solúvel na fase orgânica
e, portanto, difícil de remover.

DESSECANTES

Anidro O uso de agentes de secagem ou dessecantes é feito após a separação


das fases, para remover a água dissolvida na fase orgânica. O dessecante é
Sem água, seco. um sal inorgânico anidro, capaz de adicionar água de hidratação quando
exposto a soluções úmidas.

Na2SO4 + Solução úmida (nH2O) ɼ Na2SO4.7H2O + Solução seca

O dessecante é adicionado à solução orgânica úmida, e se estiver em


quantidade suficiente remove toda a água da solução, tornando-a livre de
água (seca). Um bom indicativo de que a água foi removida é a transfor-
mação de uma solução turva para uma solução límpida. Em seguida o sal
hidratado pode ser removido por filtração por gravidade.
Os sais utilizados possuem diferentes velocidades e capacidades de seca-
gem. A capacidade de secagem depende do tamanho da esfera de hidratação
do sal, e é a quantidade de água absorvida por unidade de peso. Deve-se
tomar cuidado, pois alguns sais podem promover reações, devendo ser
evitados para alguns solutos. Os sulfatos de sódio e de magnésio absorvem
grandes quantidades de água, mas o sulfato de magnésio possui um ponto
de equilíbrio de solvatação melhor, secando mais eficientemente a solução.
Essa eficiência na secagem da solução é denominada Inteireza, ou seja, o
sulfato de magnésio possui inteireza alta. O íon magnésio é um ácido forte
de Lewis, podendo causar rearranjo em composto que contenha epóxidos
em sua estrutura. O cloreto de cálcio é um ótimo dessecante, mas não pode
ser usado com compostos que contenham oxigênio ou nitrogênio em sua
estrutura, pois forma complexos. O carbonato de potássio, devido ao seu
caráter básico, só pode ser usado para secar soluções de bases como aminas
ou alcalóides. O sulfato de cálcio seca completamente uma solução, mas tem
baixa capacidade. Na tabela 1 estão relacionados os principais dessecantes
com suas propriedades.

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Extração
Aula

Tabela 1 – Dessecantes mais comuns


Sal anidro
Na2SO4
Sal hidratado
Na2SO4.7H2O
Velocidade
Baixa
Inteireza
Alta
Uso
Geral
2
Na2SO4.10H2O
MgSO4 MgSO4.7H2O Média Alta Geral
CaSO4 CaSO4.2H2O Alta Baixa Geral
CaCl2 CaCl2.2H2O Alta Baixa Hidrocarbonetos e
CaCl2.6H2O haletos.
K2CO3 K2CO3.2H2O Média Média Aminas, ésteres, bases e
cetonas.

EXTRAÇÃO LÍQUIDO-LÍQUIDO COM SOLVENTE


QUIMICAMENTE ATIVO

Até o momento falamos sobre extração líquido-líquido onde o sol-


vente não reage com o soluto. Em alguns casos, porém, a separação se dá
de forma mais eficiente se como fase extratora for utilizada uma solução
aquosa ácida ou básica que irá reagir seletivamente com o componente de
interesse presente na mistura. Neste caso os componentes se encontram
em fase orgânica e a fase extratora é aquosa. A reação com ácido ou base
transforma a substância orgânica em um sal, que será mais solúvel na fase
aquosa, sendo desta maneira extraída. Isto altera o coeficiente de partição
K = So/SH2O, já que as solubilidades são alteradas, favorecendo a extração
pela fase aquosa. Após a extração a fase aquosa é neutralizada, precipitando
a substância orgânica extraída.
Imagine, por exemplo, uma mistura de um ácido carboxílico, uma amina,
um fenol e um hidrocarboneto aromático policíclico, todos dissolvidos em
tolueno. Como seria possível separar esta mistura? Primeiramente pode-se
remover a amina que possui caráter básico reagindo este com uma solução
ácida de HCl 1 a 2 mol/L. A amina age como base de Lewis, recebendo o
H e formando um sal de amônio solúvel em água.

RNH2 + HCl ɼ RNH3+Cl-

Após a extração, a camada aquosa é neutralizada com solução de NaOH


2 mol/L, precipitando a amina.

RNH3+Cl- + NaOH ɼRNH2 + H2O + NaCl

Em seguida temos duas substâncias de caráter ácido presentes na


mistura, o ácido carboxílico que em geral possui pKa 5, e o fenol com pKa
10. Utilizando-se como fase extratora uma base forte como NaOH, am-
bas as substâncias seriam extraídas, o que nos deixaria com uma mistura
nas mãos. Como alternativa podemos utilizar como base uma solução de
NaHCO3 1 mol/L. O bicarbonato é uma base fraca, reagindo bem com o

39
Química Orgânica Experimental

ácido carboxílico, mas muito pouco com o fenol, separando assim o ácido
carboxílico da mistura na forma de seu sal, o carboxilato, solúvel na fase
aquosa. Em seguida separa-se a fase aquosa e neutraliza com HCl 2 mol/L,
precipitando o ácido carboxílico.

RCOOH + NaHCO3 ɼ RCOO-Na+ + H2O + CO2


RCOO-Na+ + HCl ɼRCOOH + NaCl

Para extrair o fenol que é uma ácido mais fraco utiliza-se uma base
mais forte como NaOH 1 mol/L. O fenol é convertido em seu sal fenolato,
solúvel na fase aquosa. Em seguida separa-se a fase aquosa e neutraliza
com HCl 2 mol/L, precipitando o fenol.

ArOH + NaOH ɼ ArO-Na+ + H2O


ArO-Na+ + HCl ɼ ArOH + NaCl

Resta agora na mistura apenas a substância neutra e o solvente, que


podem ser separados por destilação simples, ou o solvente pode ser simples-
mente removido por evaporação.

EXTRAÇÃO CONTÍNUA LÍQUIDO-LÍQUIDO

Quando o coeficiente de partição K não é favorável ao solvente extra-


tor, o número de extrações para obter quantidade apreciável do soluto seria
muito alto, e o consumo de solvente proibitivo. Neste caso, emprega-se a
técnica de extração contínua líquido-líquido para isolar o composto orgânico.
Nesta técnica o solvente extrator colocado no balão entra em ebulição,
seu vapor condensa e goteja acima da fase aquosa, A partir deste ponto
existem duas aparelhagens disponíveis, uma para solventes mais densos que
a fase aquosa e outras para solventes menos densos. Para os mais densos o
solvente goteja diretamente na fase aquosa e afunda, sendo recolhido por
baixo. Para solventes menos densos, eles gotejam dentro de um tubo central,
que os levam para o fundo do recipiente, passando por uma tampa porosa
de vidro sinterizado alcançando assim a fase aquosa por baixo. Ele então
sobe por ser menos denso, extraindo no caminha e depois derramando de
volta para o balão por cima. Ambas as técnicas reciclam sempre o mesmo
solvente e concentram o extrato no balão de destilação.

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Extração
Aula

Extrator Contínuo Líquido-Líquido para solventes menos densos que a água.


(Fonte: PAVIA, D. L., LAMPMAN, G. M., KRIZ, G. S., ENGEL, R. G. Química Orgânica Experi-
mental: Técnicas em escala pequena. 2ª. Ed. Bookman, 2009, pg. 613).

Extrator Contínuo Líquido-Líquido para solventes mais densos que a água.


(Fonte: EATON, D. C. Laboratory Investigations in Organic chemistry. McGraw-Hill, 1976, pg. 109).

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Química Orgânica Experimental

ATIVIDADES

1. Efeito “Salting-Out”

Materiais Reagentes

- 3 tubos de ensaio - Sol. aquosa de violeta de genciana


- 3 pipetas Pasteur - Álcool amílico (1-pentanol)
- Suporte para tubos de ensaio - Éter etílico
- Espátula - Hexano
- 3 Pipetas Pasteur - Cloreto de sódio
- 3 Bulbos para pipeta Pasteur

Procedimento

Transfira 2 mL da solução aquosa de violeta de genciana para cada tubo


de ensaio. Com o auxílio da pipeta Pasteur transfira para o tubo 1 2,0 mL
de Álcool amílico, para o tubo 2 2,0 mL de éter, e para o tubo 3 2,0 mL de
hexano. Agite os três tubos vigorosamente. O que você observou? Anote.
Agora adicione aos tubos 2 e 3 sal até formar um pouco de precipitado no
fundo. Agite novamente. O que observou? Anote. Pesquise a estrutura do
cristal de violeta de genciana. Explique o que foi observado.

COMENTÁRIO SOBRE AS ATIVIDADES

O cristal de violeta é uma substância orgânica iônica conhecida


também como para-rosanilina. Seu caráter iônico deve-se a presença
do cloreto de amônio quaternário em sua estrutura. Por seu caráter
iônico ela é muito solúvel em água, sendo melhor extraída por solventes
polares. O álcool amílico, o mais polar dos três solventes extratores
consegue extrair boa parte do cristal de violeta. O éter extrai muito
pouco e o hexano não extrai nada. A adição do sal torna a fase aquosa
muito mais polar, reduzindo a solubilidade da cristal de violeta. Além
disto, o sal escolhido é um cloreto, portanto tem o efeito do íon comum,
que reduz ainda mais a solubilidade do cristal de violeta na água,
expulsando este da fase aquosa (“salting-out”). Como consequência,
o éter agora será capaz de extrair todo o cristal de violeta. O hexano é
muito apolar para dissolver o cristal de violeta, ficando este assim na
interface entre os dois solventes.

42
Extração
Aula

2. Extração com solvente quimicamente ativo

Materiais: Reagentes:
2
- Funil de separação de 250 mL - Solução orgânica em mistura
- Suporte - Solução de NaOH 1,0 mol/L
- Aro - Solução de HCl 1,0 mol/L
- Funil - Solução de NaHCO3 1,0 mol/L
- Provetas de 50 mL - Solução de HCl 2,0 mol/L
- Vidro de relógio - Solução de NaOH 2,0 mol/L
- 3 Erlenmeyeres de 125 mL
- Kitassato
- Funil de Buchner
- Adaptador de borracha
- Bomba de vácuo

Procedimento

Transfira 50 mL da solução orgânica em tolueno contendo ácido ben-


zoico, ơ-naftol, naftaleno e p-nitro-anilina. Extraia a fase orgânica com 50
mL de solução aquosa de NaHCO3 1,0 mol/L, recolha a fase aquosa no
erlenmeyer 1 e acidifique o meio com solução aquosa de HCl 2,0 mol/L.
Extraia a fase orgânica com 50 mL de solução aquosa de NaOH 1,0 mol/L,
recolha a fase aquosa no erlenmeyer 2 e acidifique o meio com solução
aquosa concentrada de HCl 2,0 mol/L. Extraia a fase orgânica com 50 mL
de solução aquosa de HCl 1,0 mol/L, recolha a fase aquosa no erlenmeyer
1 e basifique o meio com solução aquosa NaOH 2,0 mol/L. Transfira parte
da fase orgânica restante para o vidro de relógio. Seque na capela. Filtre a
vácuo os conteúdos dos erlenmeyeres 1, 2 e 3, lavando com água gelada.
Deixe secar. Quem são eles? Escreva as reações ácido-base envolvidas.

COMENTÁRIO SOBRE AS ATIVADES

A mistura contém dois componentes ácidos, o ácido benzoico mais


forte e o ơ-naftol mais fraco. Além disso, contém um componente
básico que é a p-nitro-anilina e um componente neutro que é o
naftaleno. Ao extrair com o bicarbonato de sódio apenas o ácido mais
forte irá reagir, neste caso o ácido benzoico, formando benzoato de
sódio, CO2 e água. O benzoato de sódio é solúvel em água, sendo
desta forma extraído. Após a esparação das fases, a acidificação do
meio converte no benzoato de sódio de volta para ácido benzoico, o
qual é insolúvel em água, precipitando desta forma. A extração com

43
Química Orgânica Experimental

hidróxido de sódio, uma base forte, reage com o fenol presente que é
o ơ-naftol, transformando em fenolato de sódio. O fenolato é solúvel
em água, sendo extraído. Após a separação de fases, a adição de ácido
retorna o fenolato para sua forma ácida, que por ser insolúvel em água
precipita. (obs: o ơ-naftol por ser menos denso que a água flutua ao invés
de precipitar). A extração seguinte da fase orgânica com ácido converte
a p¬-nitro-anilina em sal, no caso o cloreto de p¬-nitro-anilinium. Este
sal é solúvel em água, sendo estraído pela fase aquosa. Após a separação
das fases a adição de base retorna a p-nitro-anilina a sua forma básica,
precipitando. A filtração a vácuo recolhe todos os sólidos precipitados,
podendo ser secos e armazenados. Na fase orgânica resta apenas o
composto neutro naftaleno, o qual pode ser recuperado pela eliminação
do tolueno por evaporação em vidro de relógio.

3. Extração contínua sólido-líquido

Materiais Reagentes

- Soxhlet - Sementes de Urucum


- Cadinho de papel - Etanol
- Balão de 250 mL - Água destilada
- Condensador de bola
- Manta de aquecimento c/ termostato
- Porcelana porosa
- Suporte c/ garras
- Proveta de 100 mL

Procedimento
Monte a aparelhagem para extração contínua sólido-líquido utilizando o
extrator de Soxhlet (conforme figura 1). Adicione o urucum no cadinho de
papel e 100 mL de uma solução Etanol/água 8:2 no balão. Realize a extração
e acompanhe a evolução da coloração do balão. Apresente conclusões sobre
o processo. Pesquise os componentes do urucum.

44
Extração
Aula

COMENTÁRIO SOBRE AS ATIVIDADES


2
O urucum contém carotenoides responsáveis por sua coloração
avermelhada. Esses carotenoides contêm grupos polares, o que os
torna um pouco solúveis na fase hidro-alcoolica, mas não o bastante
para serem obtidos numa única extração. A extração contínua
sólido-líquido equivale á várias extrações descontínuas, propiciando
a obtenção dos carotenóides do urucum, que se acumulam no balão
de destilação, precipitando por sua baixa solubilidade. O principal
carotenóide do urucum é a bixina.

CONCLUSÃO

Como vimos até o momento, a extração é uma técnica muito versátil


para a separação ou purificação de compostos orgânicos. A escolha de qual
técnica de extração será utilizada depende da natureza do substrato a ser
extraído. Algumas vezes diferentes técnicas servem ao mesmo propósito,
o que abre mais a gama de possibilidades que temos em laboratório. Para
saber selecionar a técnica adequadamente é necessário desenvolver prática
no laboratório.

RESUMO

Nesta aula conhecemos a técnica da extração. Nela um soluto se distri-


bui entre duas fases de acordo com sua afinidade entre cada uma delas. A
extração pode ser classificada de acordo com o estado físico das fases em
sólido-líquido, líquido-líquido e sólido-fluido supercrítico. Vimos também
que uma extração pode ser contínua quando o solvente é reciclado e passa
novamente sobre a fase que esta sendo extraída, ou descontínua, quando
o solvente só entra em contato com a fase uma vez. A terceira classifica-
ção diz respeito à reatividade da fase extratora. Se para extrair ocorre uma
reação o solvente é denominado de quimicamente ativo, caso contrário é
denominado de solvente inerte. Aprendemos o que é coeficiente de par-
tição K e como calcular a quantidade de soluto a partir do coeficiente de
partição. Vimos às técnicas de extração sólido-líquido chamada maceração,
e a extração contínua sólido-líquido em aparelho de Soxhlet. Vimos a téc-
nicas de extração líquido-líquido em macro e micro-escala, como resolver
emulsões e o que é o efeito “Salting-out”. Conhecemos também as técnicas
de extração contínua líquido-líquido para solventes mais densos e menos
densos que a água.

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Química Orgânica Experimental

PRÓXIMA AULA

Na próxima aula vamos estudar a técnica mais utilizada para a purifi-


cação de compostos orgânicos sólidos, a recristalização.

AUTOAVALIAÇÃO

1. Como você definiria extração?


2. O que é extração sólido-líquido?
3. Como classificar a extração de acordo com o estado físico do substrato
e da fase extratora?
4. O que é uma extração contínua?
5. Como você descreveria o funcionamento de um Soxhlet?
6. O que é coeficiente de partição?
7. Calcule a quantidade de soluto extraído com 100 mL de éter de 200 mL
de uma fase aquosa, sabendo que a massa inicial do soluto em água é de
15g e seu coeficiente de distribuição é de K = 5,0. O quanto seria extraído
com 2x50 mL de éter? E com 4x25 mL de éter?
8. O que é efeito Salting-out?
9. Como você separaria uma mistura de p¬-nitro-anilina, ơ-naftol, ácido
salicílico e fenantreno, todos dissolvidos em benzeno. Descreva as etapas
e escreva as reações:
10. Qual técnica você utilizaria para extrair uma substância com éter da
fase aquosa, sabendo que K = 0,1? Descreva o funcionamento de técnica:

REFERÊNCIAS
PAVIA, D. L., LAMPMAN, G. M., KRIZ, G. S., ENGEL, R. G. Química
Orgânica Experimental: Técnicas de escala pequena. 2ª. Ed., Porto Alegre,
Bookman, 2009.
EATON, D. C. Laboratory Investigations in Organic Chemistry. USA,
McGraw-Hill, 1989.
FIESER, L. F., WILLIAMSON, K. L. Organic Experiments. 8th. Ed. USA,
Houghton Mifflin, 1998.

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