(2023) Relatório Direito À Comunicação No Brasil 2022
(2023) Relatório Direito À Comunicação No Brasil 2022
(2023) Relatório Direito À Comunicação No Brasil 2022
COMUNICAÇÃO
NO BRASIL 2022
I NTERVOZES / C O L E T I VO B R A S I L D E C O M U N I C AÇ ÃO S O C I A L
Cordenação Executiva
Ana Claudia Mielke
Gyssele Mendes
Iara Moura
Olívia Bandeira
Pedro Ekman
Pedro Vilaça
Viviane Tavares
Ramênia Vieira
Autores
Alex Pegna Hercog
Ana Maria Conceição Veloso
Eduardo Amorim
Iago Vernek Fernandes
Iury Batistta
Mabel Dias
Mônica Mourão
Nataly Queiroz
Patrícia Paixão de O. Leite
Paulo Victor Melo
Ramênia Vieira
Raquel Baster
Sheley Gomes
Viviane Tavares
Revisão Técnica
Gyssele Mendes e Olívia Bandeira
Revisão
Nathália Cardoso
Apoio
Ford Foundation e Luminate
/intervozes
@intervozes
@intervozes
/intervozes
“O ANO PASSADO EU (QUASE) MORRI, MAS ESSE ANO EU NÃO MORRO”: O FIM DE
UM CICLO E UMA ESPERANÇA DE DEMOCRACIA
ANA MARIA CONCEIÇÃO VELOSO, PATRÍCIA PAIXÃO DE O. LEITE E PAULO VICTOR MELO .............. 80
RECOMENDAÇÕES .................................................................................................................... 87
6
DIREITO À COMUNICAÇÃO NO BRASIL 2022
Apresentação
Ana Maria Conceição Veloso, Patrícia Paixão de O. Leite e Paulo Victor Melo
7
INTERVOZES | COLETIVO BRASIL DE COMUNICAÇÃO SOCIAL
8
DIREITO À COMUNICAÇÃO NO BRASIL 2022
9
INTERVOZES | COLETIVO BRASIL DE COMUNICAÇÃO SOCIAL
10
DIREITO À COMUNICAÇÃO NO BRASIL 2022
11
INTERVOZES | COLETIVO BRASIL DE COMUNICAÇÃO SOCIAL
12
DIREITO À COMUNICAÇÃO NO BRASIL 2022
Caminhos fechados
13
INTERVOZES | COLETIVO BRASIL DE COMUNICAÇÃO SOCIAL
Abre caminho...
14
DIREITO À COMUNICAÇÃO NO BRASIL 2022
15
INTERVOZES | COLETIVO BRASIL DE COMUNICAÇÃO SOCIAL
Laroiê!
Em meio ao caos que apontava para novos rumos, 2022 também foi
marcado pelos trabalhos que foram abrindo os caminhos desse novo projeto.
Algumas propostas foram apresentadas ao então candidato Lula, a exem-
plo do documento “8 pautas prioritárias das e dos jornalistas brasileiros”,
produzido pela Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj) e que defende a
“recuperação da EBC e ampliação do sistema público de comunicação”, além
de cobrar o “reestabelecimento das relações de trabalho com funcionários
da EBC, interrompendo o período que vem desde 2020 sem celebração do
Acordo Coletivo de Trabalho com os sindicatos”.
Já o Fórum Nacional pela Democratização da Comunicação (FNDC), em
sua carta-compromisso entregue aos candidatos, também defendeu a recu-
peração do caráter público da EBC, reestabelecendo o Conselho Curador,
definindo critérios para a escolha da presidência, desvinculando a empresa
pública da Secretaria de Comunicação e regulamentando a contribuição
para o fomento da comunicação pública.
Após o caos, portanto, profissionais e movimentos voltam a sonhar com
a construção de um novo projeto para a comunicação pública, a partir de
2023. O ano, inclusive, será novamente regido por Exu e, também, por Oxum
e Oxóssi. De acordo com o Etemí Dofono Hunxi, “acreditar que um ano será
caminhos múltiplos de possibilidade, saber que onde caminhos se cruzam
16
DIREITO À COMUNICAÇÃO NO BRASIL 2022
17
INTERVOZES | COLETIVO BRASIL DE COMUNICAÇÃO SOCIAL
18
DIREITO À COMUNICAÇÃO NO BRASIL 2022
Iury Batistta
Após a confirmação da vitória de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) nas eleições
presidenciais de 2022, uma profusão de vídeos em que pessoas celebravam
por todo o país o resultado das urnas passou a circular nas redes sociais.
Entre eles, um em particular chamou a atenção e viralizou. Na redação da
maior emissora de televisão do país, a Rede Globo, jornalistas se abraçavam
euforicamente e comemoravam em tom de alívio a derrota do candidato de
extrema-direita Jair Bolsonaro (PL) à reeleição.
Esse fato insólito ilustra a realidade do exercício da atividade jornalística
brasileira durante a gestão Bolsonaro, marcada pela intoxicação do debate
público e pelo estímulo, por parte dos apoiadores do ex-presidente, ao sen-
timento de desconfiança e suspeição em relação à imprensa, situação que
resultou, não raro, em ataques verbais e físicos a jornalistas e comunicadores/
as. Sem falar na redução da regra de transparência de atos públicos, que
resultou em empecilhos ao escrutínio das ações (e omissões) do governo por
parte da mídia. A exemplo do que ocorreu nos países que experimentaram
19
INTERVOZES | COLETIVO BRASIL DE COMUNICAÇÃO SOCIAL
20
DIREITO À COMUNICAÇÃO NO BRASIL 2022
21
INTERVOZES | COLETIVO BRASIL DE COMUNICAÇÃO SOCIAL
Não foram apenas os jornalistas da grande mídia que sofreram algum tipo
de violência; representantes do jornalismo independente também experi-
mentaram tentativas de impedimento de atuação profissional. Foi o caso de
Leandro Demori, ex-editor-executivo do The Intercept Brasil. Às vésperas do
primeiro turno eleitoral, ele deixou o Brasil acompanhado de sua família em
razão dos recentes “episódios de violência”, como revelou em seu canal no
Youtube. Demori, que ganhou projeção após as reportagens da “Vaza-Jato”,
já havia sofrido um caso de violência; em janeiro de 2022, ele foi perseguido
e intimidado por um homem enquanto passava férias em Balneário Camboriú
(SC) – câmeras de segurança registraram o ocorrido.
Defensor de uma política antiaborto, o governo Bolsonaro investiu contra
o site The Intercept Brasil e o Portal Catarinas por terem revelado o episó-
dio de uma menina de 11 anos que havia engravidado após um estupro e
22
DIREITO À COMUNICAÇÃO NO BRASIL 2022
sido pressionada pela juíza responsável pelo caso a não abortar, embora o
aborto para esse tipo de situação esteja amparado na legislação brasileira.
Atendendo ao pedido do então presidente, o antigo Ministério da Mulher, da
Família e dos Direitos Humanos fez representação junto ao Ministério Público
para a abertura de investigações contra os veículos de mídia. Em 2019, a
pasta havia encaminhado denúncia parecida ao MP contra reportagem da
revista AzMina sobre a realização de aborto seguro e legal.
Monitoramento da Repórteres Sem Fronteiras, em parceria com o Labo-
ratório de Estudos sobre Imagem e Cibercultura da Universidade Federal do
Espírito Santo (Labic/UFES), nas contas de 120 jornalistas no Twitter durante o
período eleitoral (16 de agosto a 30 de outubro), revelou a cifra estratosférica
de 2.929.986 postagens contendo termos ofensivos e insultos direciona-
dos à imprensa (os números são preliminares). Entre os dez jornalistas mais
atacados, seis são mulheres.
Dois dias após a derrota no segundo turno das eleições, Bolsonaro fez
um breve pronunciamento ao lado de ministros e políticos de sua base. Ao
chegar ao local onde iria discursar, diante de um batalhão de repórteres que
o aguardava, ele voltou-se para o então ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira,
e comentou em tom de desfaçatez: “eles vão sentir saudades da gente”.
Desafios
23
INTERVOZES | COLETIVO BRASIL DE COMUNICAÇÃO SOCIAL
24
DIREITO À COMUNICAÇÃO NO BRASIL 2022
25
INTERVOZES | COLETIVO BRASIL DE COMUNICAÇÃO SOCIAL
Nataly Queiroz
26
DIREITO À COMUNICAÇÃO NO BRASIL 2022
27
INTERVOZES | COLETIVO BRASIL DE COMUNICAÇÃO SOCIAL
28
DIREITO À COMUNICAÇÃO NO BRASIL 2022
29
INTERVOZES | COLETIVO BRASIL DE COMUNICAÇÃO SOCIAL
que cada assentado fosse para dentro dos seus lotes e produzisse comida
saudável durante a pandemia e durante esse período de ódio. Chegamos a
mais de 12 mil toneladas de alimentos doados, produzidos pelo MST, e quase
três milhões e meio de marmitas e tantas outras ações de solidariedade que
foram acontecendo durante o ano. Então, mobilizamos gente, mobilizamos
esperança para essa luta e para a construção da solidariedade”, afirma Paulo
Mansan, da direção do MST-PE.
Os povos indígenas, alvos de diversos ataques de caráter genocida des-
velados mais fortemente desde o ano passado, fizeram história mobilizando
ações de pressão junto aos poderes do Estado. “Os povos indígenas esti-
veram em Brasília, em 2021 e em 2022, impulsionando o maior movimento
de mobilização já feito pelos indígenas no Brasil. Nenhum direito foi retirado.
Essa mobilização, inclusive, proporcionou colocarmos em pauta o julgamento
do recurso extraordinário que discute a nefasta tese do Marco Temporal [no
STF]. Fizemos uma articulação permanente com vários organismos inter-
nacionais e nos somamos a outros movimentos aqui no Brasil, que perma-
neceram atentos e lutando junto com os povos indígenas. Fruto disso foi a
nossa vitória, em termos [no novo governo Lula] um Ministério dos Povos
Indígenas e os povos indígenas administrando a Funai [Fundação Nacional
dos Povos Indígenas] e a Sesai [Secretaria Especial de Saúde Indígena]. Isso
vai fazer com que os povos indígenas sejam protagonistas na política indi-
genista oficial do governo”, avaliou Eduardo Cerqueira, secretário executivo
do Conselho Indigenista Missionário (Cimi).
A juventude indígena também fez história nesse processo, articulando,
em rede, a produção e circulação de conteúdos a partir de seus territórios
para se opor ao massacre dos povos indígenas e à política do ódio. “A juven-
tude indígena, com maior conhecimento sobre os meios de comunicação,
as novas tecnologias, se fez protagonista nesse processo de repercutir a
luta dos povos indígenas a partir das suas aldeias, dos seus locais. Diaria-
mente recebíamos, por parte desses comunicadores indígenas, conteúdos
importantes e impactantes com relação ao dia a dia dessas comunidades.
A resistência da juventude esteve presente em todos os processos de mobi-
lização, tanto em nível local como regional e nacional”, lembra Cerqueira.
O ódio como política desvelou, por um lado, os mecanismos presentes na
cultura política do país os quais lhe permitiram existir e se espraiar, e houve o
agravamento da sua utilização como dispositivo político nos quatro anos de
governo Bolsonaro, coincidindo com retrocessos que fragilizaram o estado
democrático de direito no país. Por outro lado, também lançou luzes para a
comunicação como elemento político central de intervenção sobre o real.
Em um país com marcantes brechas digitais, fragilidades democráticas e
flertes de grupos conservadores com projetos extremistas, o caminho da
resistência em 2022 enlaçou territórios e redes, acendendo o sinal de alerta
em relação à necessidade de regulação das plataformas digitais e das con-
cessões públicas de radiodifusão. A continuidade desse enfrentamento deve
ser pauta dos próximos anos, sob o risco do fantasma do horror ressurgir.
30
DIREITO À COMUNICAÇÃO NO BRASIL 2022
31
INTERVOZES | COLETIVO BRASIL DE COMUNICAÇÃO SOCIAL
Mabel Dias
32
DIREITO À COMUNICAÇÃO NO BRASIL 2022
33
INTERVOZES | COLETIVO BRASIL DE COMUNICAÇÃO SOCIAL
34
DIREITO À COMUNICAÇÃO NO BRASIL 2022
* Flávia Francischini e Felipe Francischini, do Paraná, e Mário César Balduíno e Wilson Lima, do Amazonas, não
são concessionários de radiodifusão, mas foram incluídos no levantamento por serem sócios e proprietários
de empresas do setor da comunicação. Ainda que a posse de agências de comunicação não configure como
infração ao artigo 54 Constituição Federal, ela aponta para as relações de influência entre o sistema político e os
sistemas de comunicação.
35
INTERVOZES | COLETIVO BRASIL DE COMUNICAÇÃO SOCIAL
36
DIREITO À COMUNICAÇÃO NO BRASIL 2022
37
INTERVOZES | COLETIVO BRASIL DE COMUNICAÇÃO SOCIAL
38
DIREITO À COMUNICAÇÃO NO BRASIL 2022
39
INTERVOZES | COLETIVO BRASIL DE COMUNICAÇÃO SOCIAL
40
DIREITO À COMUNICAÇÃO NO BRASIL 2022
mais comum nos lares brasileiros. Hoje, essa realidade mudou. As pessoas
têm se informado pelo que chamamos de micromeio, que são os grupos de
WhatsApp, por isso resolvemos atuar nesse lugar”, explica.
Com base nos dados, a Ubíqua criou, então, a plataforma educacional
Nestante, que informa de maneira mais direta aos trabalhadores rurais locais.
“Procuramos ir além de combater o deserto de notícias, porque sabemos
que ele não é deserto de informação. As informações são muitas vezes
de má qualidade e com objetivos escusos. E o deserto das notícias é um
deserto útil à manutenção de poder. É claro que ainda atuamos em formação
de rádio, porque ainda há o deserto digital, mas ainda assim, o que temos
experimentado hoje é que as pessoas querem ter acesso à internet. E pre-
cisamos disputar esse espaço”, avaliou.
Para a pesquisadora Ana Regina Rego, fundadora da Rede Nacional do
Combate à Desinformação (RNCD), o Brasil tem peculiaridades muito com-
plexas, por isso o deserto de notícias possui dois vieses: o deserto de notícias
mais tradicional, com ausência de veículos locais, e aquele provocado pela
falta de credibilidade dos meios de comunicação tradicionais nas redes
digitais. “E é nessa questão de entrar com os aplicativos de mensageria onde
ocorre muita desinformação. A gente percebe que [os veículos tradicionais]
não entram nessas esferas. Primeiro, porque já houve ali um movimento de
desqualificar o papel da imprensa a priori e porque, assim como pesquisas
já mostraram, as pessoas evitam as notícias. Podemos, portanto, ver no
aspecto geográfico, mas também aqueles em que os meios não conseguem
entrar porque outras informações estão tomando aquele espaço com outros
interlocutores”, avalia.
41
INTERVOZES | COLETIVO BRASIL DE COMUNICAÇÃO SOCIAL
42
DIREITO À COMUNICAÇÃO NO BRASIL 2022
43
INTERVOZES | COLETIVO BRASIL DE COMUNICAÇÃO SOCIAL
44
DIREITO À COMUNICAÇÃO NO BRASIL 2022
45
INTERVOZES | COLETIVO BRASIL DE COMUNICAÇÃO SOCIAL
46
DIREITO À COMUNICAÇÃO NO BRASIL 2022
47
INTERVOZES | COLETIVO BRASIL DE COMUNICAÇÃO SOCIAL
ano de 2012, o Esporte Interativo (EI), canal brasileiro que surgiu em 2004,
passou ao controle da Turner, empresa estadunidense dona dos canais TNT
e Space. Após transações polêmicas, o grupo foi vendido para a gigante
americana AT&T, detentora da Sky, Time Warner e Discovery. Devido a
questões comerciais, o EI Plus, plataforma de streaming pioneira no Brasil,
foi substituído pelo Estádio TNT Sports e pela HBO Max. Para completar a
história, no ano de 2019, a Disney, detentora dos canais ESPN, concluiu a
compra da 21st Century Fox, adquirindo todo o conteúdo de esporte do
grupo, reunido na plataforma Star+.
Emissoras com direitos de transmissão de campeonatos nacionais e internacionais. Crédito: Iago Vernek
Fernandes.
48
DIREITO À COMUNICAÇÃO NO BRASIL 2022
49
INTERVOZES | COLETIVO BRASIL DE COMUNICAÇÃO SOCIAL
50
DIREITO À COMUNICAÇÃO NO BRASIL 2022
51
INTERVOZES | COLETIVO BRASIL DE COMUNICAÇÃO SOCIAL
52
DIREITO À COMUNICAÇÃO NO BRASIL 2022
53
INTERVOZES | COLETIVO BRASIL DE COMUNICAÇÃO SOCIAL
54
DIREITO À COMUNICAÇÃO NO BRASIL 2022
55
INTERVOZES | COLETIVO BRASIL DE COMUNICAÇÃO SOCIAL
Com isso, o INSS deixa de fazer sua função de orientar sobre os direitos
previdenciários e benefícios que operacionaliza e a população fica à mercê
de estratégias individualizadas para alcançar o que seria direito garantido”.
Filas nas agências da Caixa Econômica Federal durante a pandemia. Crédito: Sindicato dos Bancários de
Conquista e Região.
56
DIREITO À COMUNICAÇÃO NO BRASIL 2022
57
INTERVOZES | COLETIVO BRASIL DE COMUNICAÇÃO SOCIAL
pessoas que vivem nas zonas urbanas e têm internet, os índices foram de
72% e 49%, respectivamente.
Uma pesquisa realizada por três organizações da sociedade civil – Inter-
vozes - Coletivo Brasil de Comunicação Social, Coordenação Nacional de
Articulação das Comunidades Negras Rurais Quilombolas (CONAQ) e Movi-
mento da Mulher Trabalhadora Rural do Nordeste (MMTR/NE) – apresenta
resultados também relevantes para a observação do cruzamento entre
desigualdades e internet: 41,24% das famílias quilombolas e rurais que têm
acesso à internet gastam entre R$ 51 e R$ 200 por mês com o serviço, sendo
que 56,2% possuem renda mensal inferior a um salário mínimo e outras 16%
não têm qualquer remuneração fixa.
A professora Ivonete Lopes, do Departamento de Economia Rural da
Universidade Federal de Viçosa (UFV), que desenvolve trabalhos de pes-
quisa e extensão junto a comunidades rurais e quilombolas, traduz algumas
dessas problemáticas: “nos territórios rurais a internet chega com preço
mais elevado e com qualidade inferior ao serviço prestado na área urbana.
Isso foi verificado sobretudo na comunidade quilombola [participante de um
dos projetos coordenados por ela], que fica a menos de 15 km do centro da
cidade. As moradoras têm renda que as colocam em situação de pobreza e
ainda assim precisam pagar mais caro para ter internet em casa”, diz.
Confirmando a relação direta entre raça, gênero e outras categorias
sociais com as desigualdades de conectividade digital, Ivonete narra que
“entre as assentadas e as agricultoras de Viçosa, as mulheres negras (pretas
e pardas) eram as que tinham acesso mais precarizado às TICs. Isso mostra
a relevância de pesquisas com abordagem interseccional para captar as
diferenças que podem existir dentro do mesmo grupo social. Raça e faixa
etária são duas variáveis que se destacam e sobrepõem para aumentar a
desigualdade digital”.
Ao mencionar um outro projeto, intitulado “Dos quilombos às favelas:
mulheres negras, interseccionalidade e acesso às TICs”, com financiamento
do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq),
Ivonete qualifica como “geografia da desigualdade” a existência de dispa-
ridades na conexão à internet mesmo dentro de uma única cidade. “Temos
como hipótese que embora essas mulheres estejam inseridas em diferentes
territórios rurais (quilombolas) e urbanos (mulheres de favela), há uma rela-
ção entre território, renda, classe, raça e exclusão digital que as colocam
em situação de similaridade em relação à desigualdade de acesso e apro-
priação das TIC. Essa hipótese é baseada em pesquisas, como as do CGI
[Comitê Gestor da Internet no Brasil], que apontam haver uma geografia da
desigualdade em relação ao acesso às tecnologias. Mesmo morando na
mesma metrópole, a exemplo de São Paulo, há significativa desigualdade
de acesso entre o centro e as áreas periféricas”, ressalta.
58
DIREITO À COMUNICAÇÃO NO BRASIL 2022
59
INTERVOZES | COLETIVO BRASIL DE COMUNICAÇÃO SOCIAL
60
DIREITO À COMUNICAÇÃO NO BRASIL 2022
Mônica Mourão
61
INTERVOZES | COLETIVO BRASIL DE COMUNICAÇÃO SOCIAL
Em vídeo que viralizou nas redes sociais, a jornalista Carla Cecato dizia,
em recorte de entrevista que deu à Jovem Pan News, que as emissoras de
tevê só falavam mal de Bolsonaro porque ele deixou de “jorrar dinheiro” na
imprensa. Na ocasião, Carla Cecato já havia sido demitida da RecordTV.
Numa coisa a jornalista bolsonarista tinha razão: Bolsonaro, de fato, foi
muito criticado pela Rede Globo. Segundo levantamento do projeto Manche-
tômetro, o Jornal Nacional fez majoritariamente menções negativas ao então
presidente. A única exceção é o período eleitoral, em que há um pico de
menções neutras. Segundo o pesquisador João Feres Júnior, coordenador
do projeto, a legislação eleitoral, que exige equilíbrio entre a cobertura das
diferentes candidaturas, pode ser uma explicação para isso. Porém, mesmo
se posicionando contra o projeto de Lula e do Partido dos Trabalhadores (PT),
a mídia seguiu firmemente contrária a Jair Bolsonaro até o fim das eleições.
O Manchetômetro é um projeto do Laboratório de Estudos de Mídia e Esfera
Pública (LEMEP), sediado no Instituto de Estudos Sociais e Políticos (IESP)
da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ).
“Nossos estudos do Manchetômetro mostram que, ao longo do mandato
inteiro do Bolsonaro, a TV Globo e o jornal O Globo foram bastante críticos
à figura do Bolsonaro, mas bastante lenientes à figura do Paulo Guedes e
à agenda de reformas neoliberais ou fiscalistas. Existe essa tensão: Bolso-
naro era tratado de uma forma predominantemente negativa, enquanto a
agenda econômica dele e o Paulo Guedes eram tratados de maneira neutra
ou positiva”.
A pesquisadora Eula Dantas Taveira Cabral, coordenadora do grupo Eco-
nomia Política da Comunicação e da Cultura (EPCC), da Fundação Casa de
Rui Barbosa, avalia que, depois de muitos conflitos, o governo levantou a
bandeira da paz. “A Globo, mesmo com todos os entraves, manteve a maior
audiência. Isso em um país onde a TV aberta impera, como ainda é cons-
tatado pelas pesquisas de mercado. Nenhum político consegue abafar por
muito tempo um grupo poderoso e resolve tentar trazê-lo para seu lado”,
afirmou.
A professora Janaine Aires, da Universidade Federal do Rio Grande do
Norte (UFRN) e integrante do Grupo de Pesquisa em Economia Política do
Audiovisual (EPA!), avalia que os empresários de radiodifusão deram grande
apoio ao ex-presidente, desde antes de ser eleito. Mais dependentes de
publicidade oficial que a Globo, os grupos Record, Band e, especialmente,
Rede TV, “permitiram que Bolsonaro aparecesse com muita frequência, que
estivesse constantemente sendo entrevistado, que pudesse falar coisas
muito polêmicas que facilitariam a reverberação do discurso e da imagem
de Bolsonaro em outros suportes, como os grupos de Facebook, YouTube,
nas mensagens instantâneas e assim sucessivamente”.
Desse modo, a estruturação das redes de desinformação bolsonaristas
passou também pela radiodifusão. “Foi a partir dessas emissoras que diver-
sas fake news que circulavam nas redes sociais, nos grupos que o gabinete
do ódio sustentava, ganhou credibilidade. A gente teve o caso das fake news
que diziam que os caixões estavam sendo enterrados vazios, nos momentos
mais graves da pandemia, que foi transmitida no Brasil Urgente, do Datena.
O caso de um homem de Pernambuco que teria morrido vítima de explo-
são de um pneu, e não de covid-19, foi contado pelo próprio Bolsonaro em
entrevista ao vivo a Sikêra Jr. A história foi desmentida pela Secretaria de
Saúde”, contou Janaine. Além disso, houve também o apoio através de ver-
bas publicitárias. A pesquisadora lembra que o programa Brasil Urgente, no
momento mais crítico da pandemia, tinha quadros específicos patrocinados
pelo Ministério da Cidadania, de Onyx Lorenzoni, com participação diária do
staff do governo federal.
Numa análise de cobertura sobre o 7 de setembro de 2022, data
62
DIREITO À COMUNICAÇÃO NO BRASIL 2022
sequestrada pelo governo Bolsonaro, pode-se ter uma ideia do tom das
emissoras de TV. Em texto no blog do Intervozes na CartaCapital, Gyssele
Mendes, Iara Moura, Olívia Bandeira, Ramênia Vieira e Sheley Gomes ana-
lisaram telejornais das emissoras Globo, Record e SBT. A diferença foi gri-
tante. Enquanto o Jornal Nacional criticou o uso eleitoral do Bicentenário
da Independência, os demais funcionaram como linha auxiliar do governo.
No SBT Brasil, houve uma matéria de 2min sobre o Grito dos Excluídos,
que trouxe diferentes vozes dos movimentos sociais, enquanto, na Record,
a manifestação não foi mencionada. A emissora do bispo Edir Macedo deu
destaque aos atos cívico-militares e àqueles em apoio ao então presidente
durante todo o dia, que chegou a ser chamado pela apresentadora Mariana
Godoy, do Fala Brasil, como “um dia de festa”. A emissora mostrou e ouviu
principalmente mulheres com crianças, focando justamente na fatia de elei-
torado que tinha maior rejeição a Bolsonaro. Também foi enfatizado que as
manifestações não eram violentas. A Record não fez nenhum contraponto
às matérias positivas a Bolsonaro, não deu espaço para nenhum outro can-
didato nem para ninguém que denunciasse o caráter eleitoreiro dos atos
daquele dia. Vale lembrar que no primeiro 7 de setembro como presidente,
em 2019, Bolsonaro convidou os radiodifusores Edir Macedo e Silvio Santos
e representantes da Band e da Rede TV para assistirem com ele o tradicio-
nal desfile do Dia da Independência. Janaine Aires considera o caso, que
ganhou destaque no Relatório Direito à Comunicação 2019, muito simbólico
da relação entre a radiodifusão e o então presidente.
A suposta perseguição sofrida por Bolsonaro pela Rede Globo era revi-
dada por ele em lives (transmissões ao vivo pelo canal do ex-presidente no
Youtube) desde 2019, com a ameaça de não renovar a concessão: “Temos
uma conversa em 2022. Eu tenho que estar morto até lá. Porque o processo
de renovação da concessão não vai ser perseguição. Nem pra vocês nem
pra TV nem rádio nenhuma. Mas o processo tem que estar enxuto, tem
que estar legal. Não vai ter jeitinho pra vocês”, disse, em outubro de 2019,
numa das lives. O ano da renovação finalmente chegou e, como se sabe, as
ameaças não se concretizaram. No apagar das luzes de 2022, no dia 20 de
dezembro, Bolsonaro publicou o decreto de renovação das cinco emissoras
da Rede Globo (no Rio de Janeiro, em São Paulo, Brasília, Belo Horizonte
e Recife). Também foram renovadas as concessões da Rádio e Televisão
Bandeirantes de Minas Gerais e da Rádio e Televisão Record, em São Paulo.
Até setembro de 2022, prazo para que a Rede Globo solicitasse a reno-
vação, a possibilidade de perseguição parecia concreta. O site Na Telinha
noticiou que a estratégia do presidente seria, no mínimo, tumultuar o pro-
cesso. Ele enviaria um relatório contrário à emissora ao Congresso Nacional,
onde as concessões são definidas, com posterior sanção presidencial. Em
setembro, quando a emissora deu entrada no pedido de renovação, o mesmo
site lembrou que o ministro das Comunicações, Fábio Faria, genro de Silvio
Santos, fundador e proprietário do SBT, também usou um discurso legalista
ao afirmar que o critério seria “100% técnico”. Em maio de 2022, a Rede
Globo já tinha emitido a seguinte nota sobre o tema: “Esse assunto não se
dá por decreto presidencial. A Globo seguirá os prazos estabelecidos com
a tranquilidade de cumprir e de sempre ter cumprido todas as obrigações
legais para a renovação da concessão”.
Na ocasião da renovação das cinco emissoras da Rede, o então pre-
sidente também editou oito decretos tornando sem efeito concessões de
TV educativa, pois as entidades requisitantes não teriam enviado os docu-
mentos corretos. Não foi informado quais entidades foram essas, num
63
INTERVOZES | COLETIVO BRASIL DE COMUNICAÇÃO SOCIAL
Bolsonaro e seus ministros visitam Silvio Santos. Crédito: Reprodução/Redes sociais de Fabio Faria.
Por outro lado, vale lembrar que, durante três dos quatro anos do governo,
a TV Escola manteve contrato com a produtora de direita Brasil Paralelo. O
contrato data de 28 de novembro de 2019, primeiro ano do governo Bolso-
naro. De acordo com o documento, a produtora cedia o direito não exclusivo
de exibição, de forma gratuita, da série “Brasil: a última cruzada”.
Levantamento que fiz para a elaboração do artigo “A verdade da direita:
a produção audiovisual de memória sobre a ditadura de 1964”, publicado
na edição de 2019 da Avanca Cinema International Conference, mostra que
a forma de financiamento da produtora é um mistério: dificilmente eles con-
seguiriam realizar suas produções apenas com o dinheiro de assinaturas e
venda de cursos, como afirmam. A lista desses assinantes não é divulgada
por eles. Apesar da falta de informações sobre as fontes de recursos, é
possível vislumbrar, a partir da escolha dos entrevistados para os docu-
mentários produzidos, que existe relação entre a produtora e think tanks de
direita, como Instituto Liberal, Instituto Millenium, Instituto Von Mises Brasil,
Instituto Liberdade e Instituto Atlas.
Assim como os outros conteúdos da Brasil Paralelo, a série tem caráter
revisionista e olavista, inclusive com entrevistas com o guru do grupo, o
hoje falecido extremista Olavo de Carvalho. Um dos diretores da Associação
Roquette Pinto seria uma indicação olavista: Eduardo Melo, que Carvalho
gostaria que tivesse sido ministro. A Associação gere a TV Escola com recur-
sos repassados pelo Ministério da Educação (MEC).
Segundo a pesquisadora Eula Cabral, “esse governo de extrema direita
tentou impor suas posições e tirar do mapa todos que podiam atrapalhá-
-lo. No caso da Rede Globo, durante um bom tempo foi abafada e perdeu
publicidade governamental. Enquanto isso, SBT, do sogro do ministro das
Comunicações, e Record, empresa ligada à Igreja Universal que elegeu o
presidente, além da Bandeirantes e Rede TV!, ligadas a empresários que
apoiaram o governo, foram totalmente beneficiadas, inclusive com permissão
de ‘arrendamento’ de horários”.
O arrendamento é a venda de espaço televisivo para terceiros,
64
DIREITO À COMUNICAÇÃO NO BRASIL 2022
65
INTERVOZES | COLETIVO BRASIL DE COMUNICAÇÃO SOCIAL
66
DIREITO À COMUNICAÇÃO NO BRASIL 2022
67
INTERVOZES | COLETIVO BRASIL DE COMUNICAÇÃO SOCIAL
2022 ainda parece um ano que não acabou. Mesmo com as experiências
vividas em anos anteriores, o processo político foi um dos mais intensos e
complicados das últimas décadas no Brasil, especialmente no que se refere
aos abusos de poder, à desinformação e ao desrespeito às regras do jogo
democrático.
Os problemas da desinformação e do poder das plataformas digitais na
construção do debate político estão sob os holofotes desde que Donald
Trump chegou à presidência dos Estados Unidos, em 2016, valendo-se de
uma campanha permeada por fake news e estratégias de segmentação de
conteúdos para públicos mapeados, a partir do uso ilegal dos dados pessoais
dos usuários de redes sociais.
Essas estratégias foram observadas também no Brasil, sobretudo nas
68
DIREITO À COMUNICAÇÃO NO BRASIL 2022
69
INTERVOZES | COLETIVO BRASIL DE COMUNICAÇÃO SOCIAL
O primeiro instrumento legal que serviu como marco para iniciar o debate
sobre o ambiente digital foi o Communications Decency Act (CDA), nos Esta-
dos Unidos, mais precisamente a seção 230, em 1996. Ele determina que
provedores de serviços na internet não podem ser tratados como porta-vo-
zes do que é publicado por terceiros. Ele foi tido como referência, inclusive,
para a constituição do Marco Civil da Internet brasileiro, mais especifica-
mente, o artigo 19, instituído em 2014. O texto do CDA é dividido em duas
seções que tratam sobre a responsabilização das plataformas e a moderação
de conteúdos.
Na União Europeia, o pontapé para instituir regras para o funcionamento
de serviços on-line foi a Diretiva de Comércio Eletrônico. O texto também
trata da responsabilidade de terceiros, quando as plataformas podem ser
responsabilizadas por conteúdos, mas também estabelece regras como
requisitos de transparência e informação para fornecedores de serviços
on-line, comunicações comerciais, contratos eletrônicos e limitações de
responsabilidade dos prestadores de serviços intermediários.
Mais recentemente, em 2020, a União Europeia apresentou o Digital Ser-
vices Act, que atualiza muitas das diretrizes apresentadas na legislação
anterior e que representa um marco na governança da internet e na regu-
lação de plataformas em todo o mundo. O regulamento estabelece novas
regras sobre responsabilidade de intermediários, publicidade, transparência,
remoção de conteúdo, entre outros temas. O novo regulamento aplica-se
a todos os intermediários que prestam serviço on-line na União Europeia:
os que oferecem infraestrutura de rede; os serviços de hospedagem, como
computação em nuvem; os sistemas de pesquisa on-line que atingem mais
de 10% dos 450 milhões de consumidores na União Europeia; as plataformas
on-line que reúnem vendedores e consumidores, como marketplaces; e
redes sociais com um alcance superior a 10% dos 450 milhões de consu-
midores da União Europeia.
70
DIREITO À COMUNICAÇÃO NO BRASIL 2022
que deveriam ser feitas, porém escolhia não fazê-las, porque isso impactaria
seu lucro. E alertou para a falta de transparência da plataforma em relação
a quantas pessoas na empresa estavam olhando para a eleição brasileira
com o objetivo de barrar conteúdo inapropriado ou de coibir a criação de
contas falsas. “Até mesmo deixar de responder perguntas simples, como
quantos moderadores trabalham em português, mostra uma falta de respeito
ao processo eleitoral brasileiro”, destacou Haugen.
Frances Haugen, ex-funcionária do Facebook, em audiência pública na Câmara dos Deputados brasileira.
Crédito: Billy Boss/Câmara dos Deputados.
71
INTERVOZES | COLETIVO BRASIL DE COMUNICAÇÃO SOCIAL
A REGULAÇÃO DAS
PLATAFORMAS
EM 2023
Após os ataques antidemocráticos em
8 de janeiro de 2023, o governo Lula reto-
mou o debate em relação à regulação das
plataformas. O governo elaborou uma
proposta que obrigaria as redes a remo-
verem material que incite golpe de Estado
e encaminhou para o deputado Orlando
Silva, relator do Projeto de Lei 2630/2020.
Orlando Silva aceitou parte das propos-
tas, porém manteve mecanismos para que
o dever de cuidado não fosse utilizado
como justificativa das plataformas
para cercear o debate nas redes sociais
e reiniciou a articulação na Câmara dos
Deputados para a votação da urgência,
que foi aprovada no dia 25 de abril de 2023.
Na semana seguinte, as plataformas lan-
çaram uma ofensiva contra o PL 2630, o
que comprometeu a base de votação favo-
rável ao projeto e fez com que a votação
do mérito da proposta fosse adiada. Este
será um dos principais temas da agenda do
direito à comunicação em 2023.
72
DIREITO À COMUNICAÇÃO NO BRASIL 2022
73
INTERVOZES | COLETIVO BRASIL DE COMUNICAÇÃO SOCIAL
Eduardo Amorim
74
DIREITO À COMUNICAÇÃO NO BRASIL 2022
75
INTERVOZES | COLETIVO BRASIL DE COMUNICAÇÃO SOCIAL
que era cerca de R$ 2 bilhões, foi cortado. O impacto disso foi não apenas
um desmonte da instituição, mas também a impossibilidade de cogitar o
início da execução da pesquisa naquele ano.
Mesmo em 2022, os números de trabalhadores empregados no recen-
seamento ficaram abaixo do esperado, houve desistência pelos baixos valo-
res pagos às equipes de recenseadores e foi necessário rever o processo
para atender populações e locais específicos. Em Roraima, por exemplo, foi
preciso criar uma força-tarefa para buscar os dados dos Yanomami, mesmo
depois do encerramento da coleta domiciliar.
Questionada sobre o Censo 2022, Conceição Silva, que representa a
União de Negros pela Igualdade (Unegro) no Conselho Nacional de Saúde
(CNS), lembra que “você não tendo uma segurança de dados, fica muito
difícil trabalhar para promover política pública e sobretudo nos repasses
que o Ministério [da Saúde] faz para os estados e municípios. Muitas difi-
culdades, muitas reclamações, mas também todas as ações [de denúncia]
foram expostas ali no Conselho Nacional de Saúde através de um conjunto
imenso de notas públicas, recomendações, com relação à própria questão
do financiamento”.
76
DIREITO À COMUNICAÇÃO NO BRASIL 2022
Um caso emblemático
77
INTERVOZES | COLETIVO BRASIL DE COMUNICAÇÃO SOCIAL
78
DIREITO À COMUNICAÇÃO NO BRASIL 2022
79
INTERVOZES | COLETIVO BRASIL DE COMUNICAÇÃO SOCIAL
Ana Maria Conceição Veloso, Patrícia Paixão de O. Leite e Paulo Victor Melo
80
DIREITO À COMUNICAÇÃO NO BRASIL 2022
81
INTERVOZES | COLETIVO BRASIL DE COMUNICAÇÃO SOCIAL
82
DIREITO À COMUNICAÇÃO NO BRASIL 2022
83
INTERVOZES | COLETIVO BRASIL DE COMUNICAÇÃO SOCIAL
A vitória Lula, e sua “frente ampla”, veio com o prenúncio, desde os pri-
meiros discursos, de que o governo iria trabalhar para toda a população, e
não apenas para a maioria que o elegeu. Isso já demonstrava que os ares
republicanos estavam de volta aos parques e ruas brasileiras. O processo
de transição, com a organização de grupos de trabalho congregando espe-
cialistas em vários setores, como os ligados à radiodifusão, às telecomuni-
cações, à regulação da internet, às políticas culturais e às de comunicação
pública e comunicação comunitária, por exemplo, foram fundamentais para
a geração de documentos que poderiam nortear as necessárias políticas
para tais setores.
Lula sobe a rampa do Palácio do Planalto no dia 1º de janeiro de 2023. Crédito: Tânia Rego/Agência Brasil.
84
DIREITO À COMUNICAÇÃO NO BRASIL 2022
85
INTERVOZES | COLETIVO BRASIL DE COMUNICAÇÃO SOCIAL
86
DIREITO À COMUNICAÇÃO NO BRASIL 2022
Recomendações
87
INTERVOZES | COLETIVO BRASIL DE COMUNICAÇÃO SOCIAL
88
DIREITO À COMUNICAÇÃO NO BRASIL 2022
TELECOMUNICAÇÕES E INTERNET
89
INTERVOZES | COLETIVO BRASIL DE COMUNICAÇÃO SOCIAL
90
DIREITO À COMUNICAÇÃO NO BRASIL 2022
RADIODIFUSÃO
91
INTERVOZES | COLETIVO BRASIL DE COMUNICAÇÃO SOCIAL
92
DIREITO À COMUNICAÇÃO NO BRASIL 2022
93
INTERVOZES | COLETIVO BRASIL DE COMUNICAÇÃO SOCIAL
LIBERDADE DE EXPRESSÃO
94
DIREITO À COMUNICAÇÃO NO BRASIL 2022
LIBERDADE DE IMPRENSA
95
INTERVOZES | COLETIVO BRASIL DE COMUNICAÇÃO SOCIAL
96
DIREITO À COMUNICAÇÃO NO BRASIL 2022
97
INTERVOZES | COLETIVO BRASIL DE COMUNICAÇÃO SOCIAL
98
DIREITO À COMUNICAÇÃO NO BRASIL 2022
99
INTERVOZES | COLETIVO BRASIL DE COMUNICAÇÃO SOCIAL
100