TCC em Administração Local e Autárquica.

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INSTITUTO POLITÉCNICO DE ADMINISTRAÇÃO E SERVIÇO Nº5144

(IPAS)

Coordenação de Administração Local e Autárquica

Curso de Administração Local e Autárquica

VENDA AMBULANTE E A SOBREVIVÊNCIA DAS FAMÍLIAS:


ESTUDO DE CASO NO BAIRRO ZANGO 3 DURANTE OS ANOS DE
2019-2022

Grupo nº: 6

Docente: Graciete Escovalo

Luanda, 2023
VENDA AMBULANTE E A SOBREVIVÊNCIA DAS FAMÍLIAS:
ESTUDO DE CASO NO BAIRRO ZANGO 3DURANTE OS ANOS DE
2022 - 2023

EDMAR MIRANDA CHILALA

ESPERANÇA CALEMBE

EDMILSON COTE

ELIAS CALILOÇO

FELISBERTO JOÃO

Trabalho de Conclusão de Curso


apresentado ao Instituto Politécnico de
Administração e Serviço, como parte
dos requisitos para obtenção do grau de
Técnico Médio de Administração Local e
Autárquica, sob orientação daprofessora
Graciete Escovalo.

Sala: 18, 19

Número de estudante: 5

Turno: Tarde
Ano curricular: 2023

LUANDA, 2023
VENDA AMBULANTE E A SOBREVIVÊNCIA DAS FAMÍLIAS: ESTUDO DE CASO
NO BAIRROZANGO 3 DURANTE OS ANOS DE 2022- 2023

Trabalho de Fim de Curso aprovado como requisito para a obtenção do grau


deTécnico Médio em Administração Local e Autárquica no Instituto Politécnico de
Administração eServiço (IPAS), pela Comissão formada pelos professores:

Prof.

Director
Prof.

Subdirector.

BANCA EXAMINADORA (JÚRI)

Este trabalho foi apresentado e definido perante o Júri composto pelos professores:

Presidente Professor

(a).......................................................................................................................

1º Vogal Professor

(b).........................................................................................................................

2º Vogal Professor

(c).........................................................................................................................

Secretário

(d).........................................................................................................................

Aprovado em:_____/_____/2023
DEDICATÓRIA

Dedicamos este trabalho a nossa família, aos colegas que começaram a


formaçãoconnosco mas infelizmente não terminaram por situações diversas e as
pessoas queconsideram a actividade informal da venda ambulante como o principal
recurso para sobrevivência.

III
AGRADECIMENTO

Primeiramente queremos agradecer com muita satisfação a todos que


contribuiramno processo de elaboração desse trabalho, especialmente os
vendedores de rua do Bairro Zango 3, por partilharem connosco alguns aspectos
ligado a sua vida social e económica, pois com essas contribuições foi
possivelatingirmos o nosso objectivo.

Aproveitamos ainda este momento especial para agradacer a Jeová Deus pela
vida e saúdeque nos tem concedido desde o princípio da elaboração do trabalho, até
aqui na suaapresentação.É com muito amor, carinho e respeito que agradecemos
aos nossos pais pelo apoioincondicional que nos têm dado no percurso da nossa
formação académica.Agradecemos também a nossa orientadora Graciete Escovalo
pela paciência eorientação do trabalho.

Agradecemos encarecidamente a nossa instituição e todos os componentes que


fazem parte da mesma, pelos valores cívicos e morais que nos concederam durante
a nossa formação. Um bem haja para os nossos companheiros Luís Sitacki, Silvino
Joaquim, David, que ajudaram-nos de forma prática para a materialização do
trabalho.

IV
LISTA DE ABREVIATURAS

Apud do Latim = Citado por

OIT - Organização Internacional do Trabalho

PREI - Programa de Reconversão da Economia Informal

PNUD - Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento

V
LISTA DE FIGURAS

Figura 1.1 - Trabalho prestado em zona de risco ...................................................... 20


Figura 1. 2 - Comércio de rua fixo em instações desmontável .................................. 27
Figura 1. 3- Venda de rua não fixa ............................................................................ 27
Figura 1. 4 - Vendedor ambulante vendendo baldes................................................. 29
Figura 1. 5 - Vendedora ambulante organizando os produtos na banheira ............... 29
Figura 3. 6 – Mercado da Boa Esperança localizado numa zona pouco movimentada
.................................................................................................................................. 40
Figura 3. 7 - Mercado transformado em feira de bebida no bairro zango 3 ............... 40
Figura 8 - Administração do Mercado Boa Esperança Zango IV.............................. 62
Figura 9 - lojas inacabadas ....................................................................................... 62
Figura 10 - Lojas transformadas em casas ............................................................... 62
Figura 11 - Espaço do mercado abandonado ........................................................... 62

VI
LISTA DE TABELAS

Tabela 1. 1 - Diferenças entre a economia formal e informal .................................... 21


Tabela 1. 2 - Características da economia informal e implicações............................ 23
Tabela 2. 3 - Questões sociodemográficas ............................................................... 35
Tabela 2. 4 - Questões sobre as características dos vendedores de rua .................. 36
Tabela 2. 5 - Questões sobre a valorização pela sociedade e sobre o futuro da
venda ambulante ....................................................................................................... 36

VII
LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 3. 1 – género do inquiridos ........................................................................... 41


Gráfico 3. 2 - idade .................................................................................................... 41
Gráfico 3. 3 – número de filhos ................................................................................. 42
Gráfico 3. 4 – estado civil .......................................................................................... 42
Gráfico 3. 5 – número de pessoas no agregado familiar ........................................... 43
Gráfico 3. 6 – nível de escolaridade .......................................................................... 44
Gráfico 3. 7- entidade de saúde ................................................................................ 44
Gráfico 3. 8 – razões que levam os vendedores a escolherem a rua, invés dos
mercados................................................................................................................... 45
Gráfico 3. 9 – noção sobre os riscos de vender em locais impróprios ...................... 45
Gráfico 3. 10 – razões que levaram os inquiridos para o exercício da actividade .... 45
Gráfico 3. 11 – número de anos como vendedor ambulante ..................................... 46
Gráfico 3. 12 – gosto pela actividade desenvolvida .................................................. 46
Gráfico 3. 13 - trabalho realizado pelos vendedores de rua ..................................... 47
Gráfico 3. 14 – tipo de produtos comercializados...................................................... 47
Gráfico 3. 15- quantos tipo de produto comercializa ................................................. 48
Gráfico 3. 16 – locais de aquisição dos produtos ...................................................... 48
Gráfico 3. 17 – dinheiro ganho por dia de actividade…………………………………..49
Gráfico 3. 18 – aonde guarda o dinheiro ganho………………………………………...49
Gráfico 3. 19– número de horas de trabalho……………………………………………50
Gráfico 3. 20 – o dinheiro que ganho nessa actividade cobre as despesas de
casa?..........................................................................................................................50
Gráfico 3. 21 – aonde os inquiridos mais gastam mensalmente……………………...51
Gráfico 3. 22 – sente que a sociedade valoriza o seu trabalho…..............................51
Gráfico 3. 22 – sente que a sociedade valoriza o seu
trabalho?.....................................................................................................................52
Gráfico 3. 23 - intenção em relação a situação no futuro………………………………52
Gráfico 3. 24 – já ouviu falar do
PREI?.........................................................................................................................53
Gráfico 3. 25 – cartão de vendedor ambulante………………………………………….53
Gráfico 3. 26 – apreensão do negócio por parte dos polícias ou fiscais……………..54
Gráfico 3. 27– avaliação do papel do governo na resolução dos problemas dos
vendedores de rua………………………………………………………………………….54

VIII
RESUMO

Em Angola, a economia informal apresenta-se, cada vez mais, como fazendo


parte intrínseca do modo de ser, estar e de viver da população. O recurso ao mundo
informal da actividade da venda ambulante é, no fundo, o fruto de uma necessidade.
O setor formal, abrange apenas uma parcela da população ativa, sendo assim o
sector informal é responsável pela obtenção de rendimentos de uma parte
significativa da população.

A pesquisa que se segue, tem como objectivo compreender os principais


motivos que levam as pessoas para o exercício da actividade da venda ambulante e
saber como é que essa actividade influencia na sobrevivência de muitas famílias a
nível local, através de um estudo de caso realizado por meio de entrevistas e
questionários aplicados aos vendedores de rua do bairro Zango 3.Os vendedores de
rua vêem no negócio informal uma boa estratégia para fazer face à necessidade de
sustentar as suas famílias, desenvolvem um empreendedores solidário, com
respeito e espírito de entreajuda em relação a quem enfrenta a mesma situação e
corre os mesmos riscos.

Palavras chave: Economia Informal; Comércio informal; Venda ambulante;

IX
ABSTRAT
In Angola, the informal economy increasingly presents itself as making intrinsic
part of the way of being, living and living of the population. The appeal to the world
informal activity of street vending is, deep down, the result of a need.The formal
sector covers only a portion of the active population, thus being the informal sector is
responsible for obtaining income from a part significant part of the population.

The following research aims to understand the main reasons that lead people to
carry out the activity of street vending and know how this activity influences the
survival of many families local level, through a case study carried out through
interviews and questionnaires applied to street vendors in the Zango 3 neighborhood.
street see informal business as a good strategy to meet the need for support their
families, develop solidary entrepreneurs, with respect and spirit of mutual help in
relation to those facing the same situation and run the same risks

Keywords: Informal Economy; Informal trade; street vending.

X
Sumário

DEDICATÓRIA ........................................................................................................... III


AGRADECIMENTO ................................................................................................... IV
LISTA DE ABREVIATURAS ....................................................................................... V
LISTA DE FIGURAS ................................................................................................. VI
LISTA DE TABELAS ................................................................................................ VII
RESUMO................................................................................................................... IX
ABSTRAT……………………………………………………………………………………..X
INTRODUÇÃO .......................................................................................................... 12
CAPÍTULO I: FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ........................................................... 15
1.1. DEFINIÇÃO DE CONCEITOS ........................................................................ 15
1.2. HISTORIAL DA ECONOMIA INFORMAL ....................................................... 17
1.3. CAUSAS ......................................................................................................... 18
1.4. DIFERENÇAS ENTRE ECONOMIA INFORMAL E ECONOMIA FORMAL .... 21
1.5.CARACTERÍSTICAS DA ECONOMIA INFORMAL E SUAS IMPLICAÇÕES .. 22
1.6. MERCADO INFORMAL EM ANGOLA ............................................................ 24
1.7. COMÉRCIO INFORMAL ................................................................................. 26
CAPÍTULO II: METODOLOGIA DO ESTUDO........................................................... 31
2.1. A INVESTIGAÇÃO E AS SUAS QUESTÕES ................................................. 33
2.2. INSTRUMENTOS DE RECOLHA DE DADOS................................................ 34
CAPÍTULO III – APRESENTAÇÃO, ANÁLISE E DISCUSSÃO DE
RESULTADOS……………………………………………………………………………...37
3.1.Análise dos questionários………………………………………………...…………..40

3.2.Caracterização da amostra………………………………………..……………….…40

CONCLUSÃO............................................................................................................ 55
RECOMENDAÇÕES ................................................................................................. 56
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA ............................................................................... 57
APÊNDICE A:............................................................................................................ 59
APÊNDICE B:............................................................................................................ 62
INTRODUÇÃO
As actividades informais são muito importantes na vida económica e social da
população angolana. Tradicionalmente tem sido considerada como um refúgio para
as mulheres e os homens que, não encontrando trabalho na economia formal, estão
dispostos a aceitar qualquer trabalho ou a criar o seu próprio emprego através de
actividades económicas de pequena dimensão ou até marginais. As mulheres e os
jovens também estão desproporcionadamente representados na economia informal
e, muitas vezes, são os mais marginalizados no seio desta.

Somado 21 anos de paz, grande parte da população angolana ainda continua a


viver situações de pobreza, reiterados contextos de carência, de inacessibilidade a
serviços sociais básicos, como: água, energia eléctrica, educação, emprego,
habitação, entre outros, que tendem a agravar a condição de pobreza da população,
que encontra na economia informal a única alternativa para lutar pela sobrevivência.

vulgarmente tem-se assistido a proliferação das actividades informais que de


acordo a gênesi, surgem como o rosto da extrema pobreza e da desigualdade
socioeconómica, resultantes de altas taxas de desemprego, do trabalho precário e
do crescimento vertiginoso da população de Luanda. Surge também, devido ao facto
de o sector formal proporcionar baixas oportunidades de emprego.

Nesta perspectiva, a economia informal assume maior magnitude, estabilidade e


longevidade, e opera de forma interrupta, conferindo alguma dignidade económica a
um grande número de famílias que não conseguem trabalho no sector formal ou
famílias cujos rendimentos fruto da sua actividade neste sector, não fazem face às
necessidades da vida quotidiana.

1 - TEMA

O tema do presente trabalho de investigação é Venda ambulante e a


sobrevivência das famílias.

2 - PROBLEMÁTICA

É comum, nos países em desenvolvimento, com manifestas dificuldades do


Estado e do sector dito formal em darem respostas às necessidades básicas da

12
população, o sector informal suprir essas faltas, quer nas áreas da produção
(agricultura periurbana, artesanato e formas industriais simples), da distribuição
(comércio e serviços), da construção (habitação), dos serviços sociais (educação e
saúde), quer sobretudo do emprego gerador de oportunidades salariais de uma
grande parte da população.

Observado o cenário socio-económico a que diversos países subdesenvolvidos


vivem, como o caso de Angola, levou-nos a traçar a seguinte questão: Porquê que
as pessoas, recorrem a actividade da venda ambulante como o principal meio de
obtenção de rendimentos que garantam a sua subsistência e do seu agregado
familiar?

3 - HIPÓTESES

H1: Falta de formação profissional;

H2: Baixas oportunidades de emprego digno por parte do sector formal;

H3: Crescimento vertiginoso da população;

H4: Existência de mercados em locais pouco movimentado.

4 - OBJECTIVOS

 Geral:

Compreender os principais motivos que levam as pessoas para o exercício da


actividade da venda ambulante e saber como é que esta actividade influencia na
sobrevivência de muitas famílias a nível local.

 Objectivos Específicos:

Apontar as estratégias de venda que os vendedores ambulantes utilizam no


exercício da sua actividade de comércio a retalho;

Identificar os principais locais usados para o exercício da venda ambulante;

Proceder à caracterização do perfil socio-económico dos vendedores


ambulantes;

13
Sugerir soluções para o problema da venda ambulante sedentária nos locias
impróprios do bairro Zango 3;

5 -JUSTIFICATIVA

A motivação e interesse pelo tema, surge como consequência do peso e


influência que a venda ambulante, detém sobre o nosso quotidiano, quer no domínio
da distribuição e sobretudo na dignidade económica que confere a um grande
número de famílias que não conseguem trabalho na economia formal. Em especial,
no que diz respeito ao grande desequilíbrio social, em que as oportunidades de
inserção na vida activa não são fáceis e que não raras vezes contribuem para
comportamentos e escolhas erradas de vida por parte dos jovens. Este estudo
também justifica-se porque o trabalho desenvolvido no âmbito da venda ambulante
vem sendo, há muitos anos, um espaço de luta pela sobrevivência desse segmento
da população que o sector formal não absorve.

6 -DELIMITAÇÕESE LIMITAÇÕES DO ESTUDO

O estudo está limitado na actividade informal de venda ambulante desenvolvida


no Bairro Zango 3, durante os anos de 2019-2022, de forma a restringi-lo e torná-lo
exequível.

7 - ESTRUTURA DO TRABALHO

O presente trabalho de fim de curso está distribuído em 3 capítulos, para além


da introdução onde consta apresentação do tema, a problemática, as hipóteses,
objectivos da pesquisa, justificativa, delimitação e limites do estudo. No capítulos 1,
através da revisão da literatura trazemos algumas fundamentações e conceitos
sobre a economia informal, comércio, comércio informal, comércio ambulante,
vendedor ambulante e as suas envolventes no contexto angolano. No segundo
capítulo apresentamos a metodologia utilizada na investigação e no terceiro capítulo,
trazemos a análise dos resultados das entrevistas e do questionário aplicado ao
vendedores ambulantes.

14
CAPÍTULO I: FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

1.1. DEFINIÇÃO DE CONCEITOS

a) Economia Informal:

De acordo com a OIT (2002, p. 9), a Expressão ‘economia informal’ refere-se:

“a todas as actividades económicas de trabalhadores e unidades


económicas que não são abrangidas, em virtude da legislação ou da
prática, por disposições formais. Estas actividades não entram no âmbito de
aplicação da legislação, o que significa que estes trabalhadores e unidades
operam à margem da lei; ou então não são abrangidos na prática, o que
significa que a legislação não lhes é aplicada, embora operem no âmbito da
lei; ou, ainda, a legislação não é respeitada por ser inadequada, gravosa ou
por impor encargos excessivos”.

Silva (2010, p. 15) define economia informal como sendo “todo um vasto leque
de comportamentos económicos, socialmente admissíveis, realizados fundamental
com finalidades de sobrevivência e que escapam quase totalmente ou, pelo menos,
parcialmente ao controlo dos órgãos de poder público local, regional, nacional em
matéria fiscal, laboral, sanitária ou de registo estatístico”.

b) Comércio

Segundo o nº9 do Art. 4 da Lei nº 1/7 de 14 de Maio (ANGOLA, 2007) “Comércio


é a actividade económica que consiste em comprar bens para os vender no mesmo
estado físico, bem como prestar serviços mercantis, em estabelecimentos
comerciais e outros lugares permitidos por lei”.

c) Comércio Informal

Para Cardoso (2004, p. 49) “comércio informal é a prática de atos de comércio


de caráter espontâneo, realizado em locais impróprios, nomeadamente na rua, de
rua, de esquina, de frente aos estabelecimentos comerciais e nos mercados
paralelos sem obediência a regras e normas técnico-jurídicas, higio-sanitárias,
obrigações fiscais para com o Estado, estabelecidas pela Legislação Comercial
Vigente”.

15
Segundo Sarthi (1983) citado por Félix (2021) o comércio informal é “aquele que
surge como uma estratégia de sobrevivência para os mais desfavorecidos no
sentido de gerar rendimentos. Podendo ser visto como uma consequência dos
desequilíbrios, distorções ou ruturas dos mercados, ou até mesmo de políticas que
não estão ajustadas à realidade e acaba por ter a finalidade de auxiliar a economia,
mesmo no seu lado formal”.

d) Comércio Ambulante

De acordo comArt. 1da Lei nº 48/00 de 2 de Junho (Angola, 2000) é“ a


actividade comercial a retalho exercida de forma não sedentária, por indíviduos que
transportam mercadorias, quer através dos seus próprios meios, quer por veículos
de tracção animal e as vendem nos locais do seu trânsito, fora dos mercados
urbanos ou municipais e em locais afixados pelas administrações municipais.

e) Venda Ambulante

Segundo o Art. 4 da Lei nº 14 de Maio (Angola, 2007) é “aquela que se realiza


fora de estabelecimento comercial permanente, de forma habitual, ocasional,
periódica ou continuada, em perímetros ou locais devidamente autorizados,
instalações comerciais desmontáveis ou transportáveis, incluindo roulottes.

f) Vendedor Ambulante

De acordo nº 50 do Art. 4 da Lei nº14 de Maio (Angola, 2007) é “aquele que


exerce a actividade comercial aretalho de forma não sedentária nos locais por onde
passa ou em zonas quelhe sejam previamente destinadas pela entidade
competente”.

16
1.2. HISTORIAL DA ECONOMIA INFORMAL

Segundo a OIT (2002), Os debates sobre a informalidade, remontaram às


teorias económicas sobre o “sector tradicional”, que predominaram na década de
1950. Onde economistas como Arthur Lewis e outros, acreditavam em duas
verdades fundamentais sobre o sector:

Primeira, que o notável excedente de mão-de-obra, integrado por este sector


nos países em via de desenvolvimento, seria gradualmente absorvido pelo sector
moderno da actividade económica à medida que essas economias crescessem;

Segunda, que esse sector era marginal e que não tinha ligações à economia
formal nem ao desenvolvimento capitalista moderno.

Na década de 1970, prova-se o contrário, fruto das investigações realizadas no


Gana pelo antropólogo Keith Hart, onde concluiu-se que este sector não só persistia,
como também se tinha desenvolvido nos países em via de desenvolvimento. Nesse
período ocorre a transição de sector tradicional para informal, que ganhou
notoriedade em 1972 quando a OIT, utilizou pela primeira vez na análise das
actividades económicas no Quénia, realizada por especialistas da Missão para o
Emprego do ferido país, a equipa da OIT analisou sistematicamente essas
actividades, tendo concluído que não estavam reconhecidas, registadas, protegidas
nem reguladas, e que o sector incluía diversas actividades, desde o trabalho
marginal de sobrevivência até empresas rentáveis. (OIT, 2002).

Décadas seguintes, começou um novo debate teórico e ideológico sobre o


sector informal, com perspectivas diferentes quanto a origem, as características, a
meneira como é osquestrado e como impacta a dinâmica local. Assim, como narra a
literatura sobre o sector informal, as principais discussões teóricas estiveram
centralizadas entre a escola dualista, marxista ou histórico-estruturalista, neoliberal,
neomarxista e voluntarista. (QUEIROZ, 2016).

Durante os anos de 1990, o renovado interesse pelo sector informal e a análise


dos padrões da informalidade, tanto nos países desenvolvidos como nos países em
desenvolvimento, revelaram que a informalidade persistia e estava a aumentar,
17
levando a rever a forma de pensar o sector informal e a uma maior compreensão
das suas dimensões e dinâmica.

Em 2002, a Conferência Internacional do Trabalho propôs o termo “economia


informal”, em substituição do anteriormente utilizado “sector informal”, para
descrever melhor o grandealcance e a diversidade do fenómeno de toda a
economia. Esta compreensão mais abrangente da informalidade ofereceu
oportunidades para uma perspetiva com outras nuances e específica por país sobre
as causas e as consequências da informalidade, bem como das relações existentes
entre a economia informal e o quadro regulamentar formal. (OIT, 2002).

Não existe nenhuma definição universalmente aceite sobre a economia informal,


pelo facto desta variar em função do contexto sociopolítico e económico de cada
país.

1.3.CAUSAS

Contrariamente à perceção comum de que a economia informal constitui uma


plataforma de acesso ao trabalho para os desempregados, desaparecendo quando
as economias crescem eabsorvem o excedente de mão-de-obra, os dados
empíricos por país indicam a sua persistência nos países que registaram um
crescimento económico sólido e sustentado. (OIT, 2002).

Em muitos países em desenvolvimento observa-se uma relação mais complexa,


onde a economia informal, ocupa uma parte significativa da população em idade
economicamente ativa e isso garante a sobrevivência da maioria.

Ernesto (2015), menciona que a existência da Economia Informal reflecte um


desajustamento dos interesses colectivos da sociedade, tal como entendidos pelo
Estado, e os incentivos individuais. O cidadão que não é alcançado pelas políticas
sociais públicas, na maioria das vezes é obrigado a recorrer para o emprego
informal (como opção de sobrevivência).

Segundo Francisco (2019), os principais factores que estão na origem do


crecimento da economia informal são:

18
 Carga tributária

As actividades desenvolvidas no âmbito da informalidade são consequência


direta de altos níveis de impostos, taxas, contribuições sociais e de restrições
governamentais sobre os negócios dos agentes económicos.

 Excesso de Regulamentos

O aumento de regulamentos reduz as escolhas individuais na economia formal.


E o usoopressivo de regulamentos é caracterizado como um elemento-chave na
carga imposta aosoperadores para o mergulho na informalidade.

Francisco (2019, p. 33), refere que “este entendimento é o que se aproxima mais
da realidade de Angola, visto que os operadores económicos informais
simplesmente se pautam pela não declaração das suas actividades económicas
informais”.

 O mercado de trabalho

São vários os factores que conduzem para a informalidade, que em muitos


casos surgecomo alternativa de sobrevivência ou para satisfazer uma necessidade,
um deles é o mercadode trabalho que cada vez menos emprega pessoas, porque
requer mão de obra maisqualificada, e no caso dos mais jovens o rendimento não
sendo suficiente acabampor arranjar um segundo emprego, num outro horário que
complemente a sua actividade, quasesempre no sector informal.

 Outros factores

Ernesto (2015), partindo de um diagnóstico sobre a economia informal em


Angola, faz uma abordagem das causas da informalidade tomando como base
aspectos sociais, demográficos, económicos em que se destaca:

1. Fraca capacidade de geração de emprego na economia oficial;


2. Exigência de mão-de-obra qualificada;
3. Processo de formalização extramente oneroso;
4. Falta ou acesso deficiente a informação sobre o mercado;

19
5. Desconhecimento/faltade divulgação de informação sobre os serviços
públicos;
6. Pobreza extrema da população;
7. Falta de instrução e/ou instrução deficiente;
8. Expulsão decentenas de milhares de famílias das regiões centrais e
suburbanas da cidade.

No que diz respeito as condições de exercício do trabalho, é notório a ausência


de controlo, que influencia a prestação do serviço em condições particularmente
débis e inseguras, aumentando os riscos de doenças profissionais e de acidentes. A
totalidade dos trabalhadores da economia informal angolana na maioria das vezes
não possuem quaisquer direitos, nem segurança no seu posto de trabalho, conforme
ilustra a imagem a baixo.

Figura 1.1 - Trabalho prestado em zona de risco

Fonte: Foto tirada por Silvino Joaquim

A ausência de garantias e protecção dos trabalhadores inevitavelmente a


abusos, discriminação e violência por parte dos empregadores, sendo que a
ausência de direitos fazem-se sentir sobre os autoempregados que são vítimas de
prepotência, chantagem e outras formas de pressão, incluindo extorsão, por parte de
concorrentes formalizados, bem como por parte de agentes fiscalizadores e outras
entidades ligadas à economia formal.

20
1.4.DIFERENÇAS ENTRE ECONOMIA INFORMAL E ECONOMIA FORMAL

As diferenças entre a economia formal e informal são de ordem variada. Países


que vivem o fenómeno da economia informal enfrentam o problema da bipolaridade
na organização quer do sistema económico como do ciclo económico. Por outras
palavras, para um mesmo produto comercializado, há pelo menos dois mercados
com regras de organização diferentes e conceito de produto, preço e qualidade
também diferentes. A tabela abaixo demonstra as principais diferenças entre os dois
mercados.

Tabela 1. 1 - Diferenças entre a economia formal e informal


Diferenciação do ponto de Formal Informal
vista:

Arranque da actividade Dependentesdeautorização Conta apenas a iniciativa


oficial pessoal
Organização Sociedade Individual ou familiar, livre
legalmenteconstituída e flexível.
Instalações Obrigatórias Geralmente inexistentes

Capital de Investimento Elevado Fraco

Capital de reserva Essencial Geralmente inexistente

Tecnologia Importada e de alto nível Inexistente ou primitiva e


ou reproduzidalocalmente adaptada
Trabalho Reduzido em relação ao Abundante,
volume e ao valor da semespecialização
produção
Salário e vínculo Ao abrigo de contrato de Acordado entre pessoas,
trabalho segundo normas sem vínculo
legais
Armazenamento Grandes quantidades e/ ou Quando muito, pequenas
boas qualidade quantidades e de fraca
qualidade
Preços Tabelados oficialmente Objecto de negociação

Crédito Operações bancárias; Pessoal ou familiar;


21
empréstimos ou subsídios recurso a instituições
estatais; investimentos tradicionais (associações
estrangeiros de poupança e crédito, e
banqueiros do povo).
Margem de lucros Pequena por unidade mas Elevado por unidade mas
alta pelo volume de pequena por volume de
negócios, capitalização negócios; capitalização
rara.
Custos fixos Substanciais Não contabilizados.

Contabilidade e Ambas obrigatórias por lei Inexistentes ou, quando


apresentação de contas muito, a primeira em
moldes rudimentares
Reciclagemde Raramente Muito frequente
desperdícios

Publicidade Importante e intensiva, por De pessoa a pessoa,


meios próprios ou por via quando existe
da mídia
Legalidade dos Sociedades legalmente Sociedades legalmente
fornecedores de bens e constituídas constituídas e sociedades
serviços ou fornecedores não
constituídos dentro da
legalidade
Dependência do exterior Grande, com contratos Pequena ou nenhuma

Fonte: Autor adptado com base em Ilídio do Amaral - Importancia do sector informal na economia
urbana em paises da África Subsariana Citado por Ernesto(2015).

1.5.CARACTERÍSTICAS DA ECONOMIA INFORMAL E SUAS IMPLICAÇÕES

A economia informal apresenta várias características e cada uma delas com


implicações diferentes quer sobre a economia formal como para os próprios
trabalhadores que vêem nas actividades informais um meio para suprirem as suas
necessidades de bens e serviços essenciais. A tabela 2.2 demonstra as
características comunmente inerentes à economia informal. (ERNESTO, 2015).

22
Tabela 1. 2 - Características da economia informal e implicações
Características Implicações

Pobreza Sentimentos de impotência, de exclusão


e de vulnerabilidade
Direitos de propriedade não Restrições de acesso ao capital e ao
reconhecidos crédito:Acesso ao crédito solidário não
oficial (KIxikila)
Inexistência jurídica Não acesso ao sistema judicial para
exigir o cumprimento dos seus contratos;
Não acesso ou acesso dificultado a
infraestruturas e prestações públicas
Não pagamentos de obrigações fiscais e Concorrente desleal a Economia formal;
sociais em relação aos trabalhadores Não arrecadação de receitas fiscais
(Estado);
Limitação da capacidade do Estado de
alargar os serviços sociais

Inexistência do contrato de trabalho Despedimentos aleatórios;


Carga horária laboral excessiva
Escape a supervisão administrativa Não observância de
exigênciassanitárias;Trabalho infantil;
Assédio sexual
Actividade de subsistência Pequena dimensão ou familiar

Realidade urbana Ocupação de espaços públicos


(passeios, estradas, parques, pontes).
Contabilidade inexistente Alto risco de extinção

Conhecimentos adquiridos in job e sem


fundamento científico
Alto grau de flexibilidade

Mobilidade Alto grau de competitividade

23
Falta de horário fixo

Tecnologia rudimentar Baixa Produtividade, Salários Baixos

Muitas vezes abastecido pelo mercado São os principais retalhistas daeconomia


formal nacional e as grandessuperfícies
comerciais (vulgo armazéns)dependem
largamente deste mercado para a
distribuição dos seus produtos até ao
consumidor final.
Não raras vezes abastece o mercado Forte influência na especulação dos
formal preços das mercadorias e serviços
Fonte: Relatório Social de Angola 2010 – CEIC- UCAN; OIT (2002);SALVADOR,Yara (2012); SILVA,
Omarildo Citado por (ERNESTO 2015, p. 12).

1.6. MERCADO INFORMAL EM ANGOLA

A economia informal angolana é um processo cuja origem remonta a


temposanteriores à independência do país que ocorreu em novembro de 1975.O
comércio narua, a produção artesanal, como meio de subsistência dos povos faz
parte integrante dacultura angolana e da história económica do povo angolano que
foi, desde sempre,muito empreendedor.

Após a conquista pela independência do domínio colonial português em 1975,


Angolaviveu 27 anos de guerra civil. Durante o conflito devastador, milhões de
pessoas fugiramdas áreas rurais e das cidades provinciais, muitas das quais em
direcção à capital,Luanda, província aonde a investigação está centralizada. Desde
1991, a população de Luanda quadruplicou devido ao influxo de deslocados de
guerra e, posteriormente, a uma migração interna em busca de trabalho.

“Luanda é o exemplo de urbe que passou pelo processo de inchaço urbano,


assim como outras capitais africanas e das demais cidades do chamado
terceiro mundo, Sul, em vias de desenvolvimento, latinas, etc, que
multiplicaram seu contigente populacional nos últimos 20 anos”. (QUEIROZ,
2016, p. 24).

Muitos dos deslocados,ex-combatentes e outros grupos vulneráveis,


encontraram uma ou outra forma de trabalho no chamado sector informal de Luanda
e de outras cidades, incluindo trabalhos precários e irregulares como vendedores

24
ambulantes, lavadores de carros, mototaxistas ou outros serviços semelhantes. Uma
boa parte dos maiores mercados informais de Luanda foram criados sem
autorização na década de 80, mas eram tolerados pelas autoridades, apesar de
medidasrepressivas esporádicas como, por exemplo, rusgas.

A tolerância tem vindo a diminuir nos últimos anos, à medida em que Angola vai
abandonando a fase do pós-guerra e começando a entrar numa nova era, um
capítulo em que o governo procura consolidar o seu estatuto de importante
exportador de petróleo e apresentar uma nova imagem a nível regional e
internacional.

Conforme postulado pelo relátorio da Human Rights Watch (2013, p. 9):

“Luanda tem recebido uma grande fatia dos recursos e que a cidade, tem
um custo de vida elevadíssimo para os seus residentes – foi considerada a
mais cara do mundo para os expatriados em 2012 e 2013 –, está cada vez
mais a tornar-se num símbolo de extremos, em que coexistem fortunas
extraordinárias e pobreza extrema”.

A actual visão de transformar Luanda em uma cidade mundial está directamente


atrelada ao projecto de desenvolvimento em curso em Angola, que pouco enxerga
os potenciais das actividades locais para sobrevivência como forma de
desenvolvimento. Para Queiroz (2016), a informalidade nas ruas de Luanda deveria
vir a enriquecer a principal fonte de inspiração para se repensar o modelo
urbanovigente, pois denuncia o quotidiano urbano como uma construção cultural e
de identidade.

Carlos M. Lopes (2008)identifica cinco grandes etapas do processo de evolução


da economia informal de Luanda:

A primeira grande etapa, compreende data do período anterior à independência


de Angola,1975, em que A economia informal de Luanda restringia-se às actividades
artesanais tradicionais, aos serviços domésticos, ao comércio ambulante, ao
comércio porta a porta, aos mercados dos musseques e às actividades relacionadas
com a construção e alojamento da população autóctone que vivia na periferia da
capital.

A segunda fase foi marcada pelo processo de crescimento que teve o seu
inícionos anos de 1977 e 1978. Neste período, práticas informais como a
25
candonga,rapidamente, se alastraram para os mais diversos sectores de actividade
económica e osatores sociais luandenses, adotaram diferentes formas de
intervenção no contextosocializante de uma economia centralizada e
administrativamente regulada.

A terceira fase surge com o desmantelamento da maioria dos mecanismos


quecaracterizam o centralismo económico decorrido entre 1987 a 1991, que foi
marcadopelo processo de transição de uma economia planificada para uma
economia demercado, provocando alterações circunstâncias na dinâmica do
crescimento aceleradodo sector informal de Luanda.

A quarta fase situa-se no período compreendido entre 1992 a 2002, período


emque se registou um crescimento generalizado das actividades e práticas
informais, queencontraram terreno fértil para a aplicação de critérios dúbios e
ambíguos. Era um período caracterizado pela instabilidade e no qual decorria uma
vasta sucessão de programas de reformas económicas que, uma vez concebidas
eram encetadas e, rapidamente, eram alteradas, substituídas e/ou abandonadas.

A quinta fase considerou que, com a chegada da paz em 2002, deu-se início
àadoção de políticas de estabilização macroeconómica em particular no sector
cambial eno sector interno, porque o contexto de evolução conjuntural do preço do
petróleo nomercado internacional era muito favorável. Verificou-se, nesta época,
uma significativaretração de alguns segmentos da economia informal.

A transição da economia planificada para a economia de mercado, a guerra


civilque se viveu no país, as migrações forçadas das zonas rurais para os centros
urbanos,fez com que a população ativa abandonasse os seus postos de trabalho
resultando,assim, numa perda do dinamismo do sector industrial e um aumento
significativo do trabalho informal.

1.7.COMÉRCIO INFORMAL

H. Soto (1994) citado por Bento (2014) Classifica o comércio informal em dois
tipos:

26
 Comércio informal realizado nas ruas;

 Comércio informal realizado nos mercados.

O comércio informal realizado na rua tem duas modalidades, a do vendedor que


exerce a actividade comercial a retalho em local fixo, normalmente em instalações
desmontáveis ou transportáveis, incluindo roulottes, conforme ilustra a figura abaixo.

Figura 1. 2- Comércio de rua fixo em instações desmontável

Fonte: Foto tirada por Silvino Joaquim

A outra modalidade é aquela em que o indivíduos, ou seja, o vendedor/a


transportam as mercadorias e as vendem nos locais do seu trânsito, causando
poucos problemas. A figura seguinte, ilustra a venda ambulante não fixa:

Figura 1. 3- Venda de rua não fixa

Fonte: Foto tirada por Silvino Joaquim

27
O comércio informal realizado nos mercados são as actividades desenvolvidas
pelos vendedores informais que não possuem licença para o exercício da actividade,
nãopagam impostos e nem emitem faturas relactivas às transações comerciais
efetuadas.

Observa-se que grande parte das terminologias utilizadas pelo Estado,


oficialmente, tende a estigmatizar, a rotular e a criminalizar essa população jovem,
em especial, aquela que trabalha exercendo a actividade do comércio de rua e
Inúmeras vezes, os vendedores ambulantes foram tidos como delinquentes nas
ações de repressão do Estado.

A venda ambulante pode ter diversas causas, algumas delas incluem:Falta de


emprego, muitas vezes a venda ambulante surge como uma opcção para pessoas
que estão desempregadas e precisam encontrar uma fonte de renda.Em alguns
casos, é uma actividade complementar para pessoas que têm uma renda baixa e
precisam aumentar seus ganhos. Algumas pessoas optam por essa actividade
porque ela oferece mais flexibilidade em termos de horários e rotina de trabalho do
que um emprego tradicional.

Os principais agentes economicos informais identificados em Luanda por Lopes


(2006) são:

 Kinguilas e Doleiros

O primeiro grupo é constituído pelas cambistas de rua, habitualmente


denominadas por kínguilas. esta palavra provém da Língua kimbundu, significando
esperar, estar à espera ou à espera de algo. A expressão passou a ser usada pelos
luandenses para identificar as mulheres inseridas no comércio informal de divisas. O
facto destas cambistas se estabelecerem preferencialmente nas esquinas da cidade,
nas ombreiras e entradas dos prédios ou nas imediações dos mercados municipais
e aglomerações de comércio de rua, fez com que passassem a ser designadas por
kínguilas, ou seja, ‘as que esperam.

 Vendedores/as ambulantes

28
No segundo grupo, temos os vendedores/as ambulantes. Que têm como a
principal estratégia o acto de comercializar os produtos no seu trânsito e de forma
sedentária nos diferentes pontos de Luanda. Conforme podemos observar na figura
seguinte.

Figura 1. 4- Vendedor ambulante vendendo baldes

Fonte: Foto de Silvino Joaquim.

Figura 1. 5 - Vendedora ambulante organizando os produtos na banheira

Fonte: Foto tirada a pedido dos investigadores por Silvino Joaquim.

A entrada de indivíduos do género masculino na Zunga é cadavez mais


frequente, no entanto dedicam-se à venda de produtos diferentes.
Normalmenteestão a vender bens duradouros, como vestuário, medicamentos e

29
produtos de bazar. Nodecorrer da investigação observamos a existência de
materiais de construção e produtos demecânica à venda por estes indivíduos.

 Candongueiros

De acordo com Lopes (2006) os candongueiros dedicam-se ao transporte


público depassageiros na cidade de Luanda. A palavra candonga é de origem
kimbundu que têm comosignificado ‘negócios ilegais e clandestinos.

 Roboteiros

Estes indivíduos dedicam-se ao transporte de mercadorias, servindo os


comerciantes grossistas a levarem a mercadoria para o local onde serão vendidos.
Segundo Lopes (2006)este transporte é realizado com a utilização de carrinhos de
madeira ou lata, por vezesconstruídos pelos próprios.

30
CAPÍTULO II: METODOLOGIA DO ESTUDO

Esta investigação assume um carácter exploratório que representa o primeiro


passo para se conhecer a situação do mercado informal ou até aprofundar a
realidade existente, identificando evoluções e tendências de um segmento
específico em que se pretende atuar, sendo que no nosso caso o estudo centra-se
nos vendedores ambulantes do bairro Zango 3 em Viana.

De acordo com Minayo (2006), Citado Quintas (2013, p. 44)

“Para a realização de uma pesquisa deve respeitar-se os fenómenos


humanos, que nem sempre são explicados e que podem ser objeto de
análise. O trabalho de pesquisa que deve ser devidamente planificado e
executado dentro das regras requeridas por cada método de investigação,
sendo as opções mais comuns as técnicas quantitativas, qualitativas
(entrevista estruturadas, estudo de caso) e analise de conteúdos. Ao
planear a investigação pode utilizar-se uma abordagem quantitativa,
qualitativa ou mista”.

Na investigação optamos por aplicar uma técnica de recolha de dados mista.


Iniciamos por uma técnica qualitativa, que permitiu a coleta de dados através de
entrevistas, apoiada com uma técnica de observação de campo e, posterior, análise
dos conteúdos. Ao realizarmos um estudo de caso com os vendedores de rua,
estávamos conscientes de que seria necessário um diálogo com as mulheres
vendedoras e funcionários que, muitas vezes, têm poucas capacidades de leitura e
de escrita, o que dificulta, por exemplo, o preenchimento de um formulário de
inquérito ou mesmo o diálogo num roteiro de entrevista.

Neste sentido, recorreu-se ao método dialético e com base um guião com


perguntas abertas e semiestruturadas, procurou-se dar respostas a alguns
elementos essenciais da pesquisa. Esta técnica é complementada com um
questionário de 27 questões de resposta fechada, que foi aplicada a 100 vendedores
de rua, constituindo assim a nossa amostra representativa da população.

Com base em Gil (2008) a investigação exploratória permite-nos obter um


primeirocontacto com a realidade do objecto em estudo. Para o autor, a investigação
31
exploratóriacaracteriza-se pela sua flexibilidade e versatilidade em relação aos
outros métodos depesquisa, principalmente, os quantitativos. Este tipo de pesquisa
é baseado em pequenasamostras que proporcionam perceções e compreensão do
contexto do problema, tendo comovantagens a sua postura informal na obtenção de
informações, também trabalha com um baixovolume de dados, além de proporcionar
ao pesquisador liberdade para analisar o contextosocial e dali retirar os seus
pareceres. A razão de não conhecermos com profundidade os vendedores que
iríamos entrevistar, levou-nos a escolher este método que nos ajudou acompreender
o comportamento dos vendedores ambulantes que será o objecto desse estudo.

Os vendedores ambulante como referimos anteriormente são aqueles que


realizam o comércio a retalho de forma não sedentária e sedentária. O objetivo
geral deste trabalho era de compreender os principais motivos que levam as
pessoas para o exercício da actividade da venda ambulante e saber como é que
esta actividade influencia na sobrevivência de muitas famílias a nível local.

Chegados a esse ponto, optamos por seguir através de um estudo de caso, uma
vez que nas palavras de Sousa (2005) o estudo de um caso visa essencialmente a
compreensão do comportamento de um sujeito, de um dado acontecimento, ou de
um grupo de sujeitos ou de uma instituição.

A vantagem do estudo de caso é a sua aplicabilidade a situações


contemporâneas e que envolvem contextos reais dos humanos. Outra vantagem, é
que o estudo de caso possui uma dupla vertente: por um lado, é uma modalidade de
investigação apropriada para estudos exploratórios que tem, sobretudo, como
objetivo a descrição de uma situação, a explicação de resultados a partir de uma
teoria, a identificação das relações entre causas e efeitos ou a validação de teorias
(Serrano, 2004) citado por (Francisco, 2019).

Mas, por outro lado permite ilustrar e analisar uma dada situação real e fomentar
a discussão e a tomada de decisões, convenientes, para mudar ou alterar cenários.

Assim os sujeitos do contexto que tornam possível o presente estudo de caso


são: os vendedores ambulantes, escolhidos de modo não aleatório, por
conveniência, baseado na intenção de participarem do nosso estudo.

32
2.1. A INVESTIGAÇÃO E AS SUAS QUESTÕES

A presente investigação será realizada no bairro Zango 3, em Viana. Nesta


investigação pretendemos conhecer o perfil socio-ecónomico dos vendedores
ambulantes, saber em que consiste esta actividade, quais as suas dificuldades,
porque vendem nos locais não apropriados e suas perspetivas de futuro.

Zango 3, é um bairro localizadono Distrito Urbano do Zango, que é uma área


urbana localizada no município de Viana, em Luanda, capital de Angola, é uma área
em grande expansão e desenvolvimento, com vários projectos de infraestrutura em
andamento. O Zango 3 é um dos muitos bairros densamente povoados em Luanda e
é conhecido por suas actividades comerciais e festivas, incluindo a venda
ambulante. A venda ambulante é uma actividade comum nesse bairro,assim como
em outros bairros espalhados por Luanda, onde vendedores ambulantes vendem
uma variedade de produtos, desde alimentos até roupas e eletrônicos, em locais
públicos como ruas e em praças.

A sobrevivência dos vendedores de rua desse bairro, depende de vários


factores. Um dos principais factores é a demanda dos consumidores, se houver uma
alta demanda por produtos, os vendedores terão mais oportunidades de fazer
vendas e gerar receita. No entanto, se a demanda diminuir, pode ser mais difícil para
eles sobreviverem.

Outro factor importante é a concorrência. Como existem muitos vendedores de


rua nesse bairro, chega a ser difícil para cada um deles se destacar e atrair clientes.
Alguns vendedores chegam a baixar os preços de seus produtos para competir com
outros vendedores.Além disso, as condições meteorológicas também afectam a
sobrevivência desses vendedores de rua. Em dias de chuva, por exemplo, observa-
se menos pessoas nas ruas, o que tem afetado os vendedores desse bairro.

Também é importante lembrar que os vendedores ambulantes do Zango


enfrentam desafios legais, porque a sua maioria não está autorizada para o
exercício da actividade, e de segurança porque exercem a actividade em locais não
33
apropriados como: ruas e calçadas ao longo de avenidas movimentadas, praças e
áreas comerciais. Estão vulneráveis à violência e ao crime.Em resumo, a
sobrevivência dos vendedores ambulantes do Zango depende de vários factores,
tais como:

1. Demanda dos consumidores;


2. Concorrência;
3. Condições meteorológicas, questões legais e de segurança.

Enfrentam desafios significativos em sua actividade, como a falta de segurança,


a concorrência com outros ambulantes e o risco de serem multados ou presos pelas
autoridades locais. Algumas táticas de sobrevivência apontadas por esses
vendedores incluem: A escolha de locais onde consigam atrair muitos clientes (áreas
movimentadas), criatividade na escolha dos produtos ou serviços que oferecem, são
simpáticos e amigáveis com os clientes a fim de conseguirem construir uma boa
reputação e incentivar a fidelidade do cliente.

2.2. INSTRUMENTOS DE RECOLHA DE DADOS

Ao optar por uma abordagem qualitativa ponderou-se a utilização de diferentes


instrumentos de recolha de dados, tendo em consideração as palavras de Vilelas
(2009), Citado por Queiroz (2016).Que referem que a utilização de uma
multiplicidade de fontes e de instrumentos é uma vantagem.

Assim usaremos três instrumentos de recolha de informação: a observação


direta, o inquérito por entrevista e o inquérito por questionário, que descreveremos a
seguir.

De acordo com Freixo (2011, p. 197) “A observação direta é caracterizada pela


integração do investigador no ambiente em estudo, quer seja pela via de uma
incorporaçãonatural (quando o investigador já faz parte do grupo) ou, no caso
contrário, de modo artificial.Neste caso o investigador vive a situação em estudo por
dentro, sendo-lhe assim possível conhecê-la de forma mais precisa e profunda”.

34
A observação direta permitiu perceber o ‘modus operandis’ dos vendedores de
rua, isto é, oseu comportamento face aos clientes, o tipo de produto vendido e as
condições de trabalhoque enfrentam diariamente.

Máximo-Esteves (2008), define entrevista como uma conversa intencional e


orientada,com um determinado objectivo, que normalmente implica uma relação
pessoal, durante a qualcada uma das partes desempenha um papeis fixo: o
entrevistador pergunta e o entrevistadoresponde. Neste estudo optamos por realizar
uma entrevista semiestruturada aos ambulantes,que foram entrevistados no
contexto do seu quotidiano, com uma linguagem simples, comquestões curtas e
acessíveis. Ao elaborar o guião tivemos em atenção o objectivo que nosmovia,
conhecer o perfil socio-económico desse segmento da população e a importância
que a actividade desenvolvida desempenha para asobrevivênciadas suas famílias.

O questionário foi elaborado por nós, é composto por 27 questões fechadas,


sendo que tivemos a preocupação que não fosse demasiado extenso para não
prejudicar a actividade dosinquiridos, uma vez que estaríamos a recolher a
informação durante a sua actividade de venda a retalho. Apresenta-se divido em
quatro partes, na primeira delas tivemos como objectivo acaracterização
sociodemográfica de cada uma das Zungueiras. Para isso colocamos asseguintes
questões.

Tabela 2. 3 - Questões sociodemográficas


1. Género
2. Idade
3. Número de filhos
4. Estado cívil
5. Número de indivíduos do agregado familiar
6. Nível de escolaridade
7. Entidade de saúde em que recorrem em caso de doença

Fonte: Os próprios autores.

Na segunda parte tivemos a intenção de recolher informações gerais sobre a


actividadena da venda ambulante, para isso colocamos as seguintes questões

35
Tabela 2. 4 - Questões sobre as características dos vendedores de rua
8. Porque razão exerces a sua actividade nesse local invés do mercado?
9. Estás ciente dos riscos que corres por vender na rua?
10. Indique porque razão exerces essa actividade?
11. Trabalhas como vendedor/a de rua há quanto tempo?
12. Você gosta do que fazes?
13. Trabalhas por conta própria?
14. Que tipo de produtos comercializa?
15. Quantos tipos de produto comercializa?
16. Quais os locais aonde adquires os produtos que comercializa?
17. Diariamente ganhas quanto?
18. Onde guarda o dinheiro que ganha?

19. Trabalhas quantas horas por dia?


20. Com o dinheiro que ganha consegues cobrir as despesas de casa?
21. Em quê a sua família mais gasta mensalmente?
Fonte: Os autores

Tabela 2. 5 - Questões sobre a valorização pela sociedade e sobre o futuro da venda ambulante
22. Sente que o seu trabalho é valorizado pela sociedade?
23. Qual a sua intenção em relação a sua situação no futuro?

24. Já ouviu falar do programa de reconversão da economia informal (PREI),


criado pelo Estado para formalizar e apoiar a sua actividade?
25. Tens cartão de vendedor ambulante e ou de sanidade?

26. Já apreenderam o teu negócio nos agente da ordem pública/ ficais por estar
a vender nesse local?
27. Como avalia o papel do governo na resolução dos problemas da venda de rua
?
Fonte: Os autores

36
CAPÍTULO III – APRESENTAÇÃO, ANÁLISE E DISCUSSÃO DE
RESULTADOS (BAIRRO ZANGO 3)

Iniciamos a análise de resultados pela análise a algumas entrevistas realizadas


às vendedoras de rua, em Março do ano em curso. A fim de explorar ao máximo o
quotidiano e os aspectos da vida dessas vendedoras, no entanto, podemos desde já
afirmar que não é uma tarefa fácil, pois não existe uma tipologia típica destes
vendedores, pois as características variam de vendedor para vendedor, dependendo
das suas necessidades, opções de vida, objectivos e ambições.

Pela observação directa percebemos que muitas vendedoras adquirem os seus


produtosno interior dos armazéns que estão junto as vias principais, como: Alimon.
Também compram em supermercados. Para o financiamento do seu negócio, que
corresponde na venda a retalho para distribuir pelos clientes, recorrem para a
Kixikila – que corresponde a uma prática muito utilizada em Angola para obtenção
demicrocrédito. Esta prática é resultante doslaços de solidariedade entre os
ambulantes e apresenta-se como forte indicador de redes depoupança, se tivermos
em conta que é com o dinheiro adquirido a partir desta prática que elasconseguem
incrementar os seus negócios e arcar com as despesas de casa, a educação com
osfilhos, os cuidados com a saúde, ou ainda garantir dinheiro e o transporte de casa
para o postode trabalho, uma vez que na sua maioria não dependem de um salário
mensal. Conforme mencionaram algumas entrevistadas:

“Sem a kixikila a pessoa não ganha, o nosso salário é a kixkila”

“A kixikila é a coisa mais importante para nós. É o que ajuda mas”.

Também verificou-se uma clara tendência dos mais jovens encararem o


comércio de rua como algo provisório, como foi mencionado por duas jovens
entrevistadas:

“Se ter empregoeu trabalho mesmo, porque sei ler e escrever”.

37
“Se houver emprego a gente sai da rua e vai trabalhar, porque é o que nós
queremos”.

Por outro lado, as mais velhas, com maior tempo na actividade comercial e com
menornível de escolaridade, tenderam a manifestar maior desejo de prosseguir com
esta actividade.Isto porque são geralmente as mais velhas que suportam maiores
encargos e, em função dissomobilizam grande parte dos recursos obtidos na venda
para a educação dos mais jovens e paramanutenção social das suas famílias.

A maior parte dessas mulheres pretende que os seus filhos alcancem


oportunidades sociais muito mais satisfatórias, para que não passem por
necessidades, tenham carreirasprofissionais e especialmente para lhes assegurar
na velhice, como disseram-nos:

“Tenho que apostar o meu dinheiro na formação dos meus filhos, porque eu
quero colher no futuro, com 60 anos já não quero sentar na praça”.

“Os fiscais levam toda hora os nossos negócios mais estamos sempre a voltar,
porque não temos lugar para vendermos, porque senão os filhos tabém ficam
parados, porqueé nesse trabalho que sai o dinheiro para custear a formação das
crianças,é pedir mesmo dinheiro emprestado nas vizinhas para voltar ao trabalho
para os filhos não pararem. ”.

Foi visivel notar que as comerciantes mais velhas que, pela sua antiguidade na
actividade, uma vez que possuem longo percurso no comércio de rua de Luanda.
Têm menor nível de escolaridade e, de alguma forma, encontram-se acomodadas
nessa actividade, ali fizeram as suas vidas, criaram e educaram os seus filhos.Sobre
a inseguraça em que estão sujeitas por não estarem em zonas legalmente
autorizadas, as entrevistadas desabafaram dizendo:

“Se todos ficassem ficassem num sítio seria melhor, apenas assim todos
poderiam vender dentro do mercado. Tem de houver apenas uma ordem, se é
dentro ou fora, palavra do estado ´´é a ordem. Na mata é muito longe. Se a pessoa
tivesse formação teria outras opcções, eu com a minha formação não ficaria aqui,
(tenho que ir a luta). Aqui é só para remedear, para não faltar arroz em casa”.

38
“As praças têm de estar bem localizadas para que os clientes possam ir para lá
(por ser distante estamos sujeitas a muitos perigos). Gosto de vender, mais não na
rua, zungar não está está fácil, sol é de mais… febre é febre, nos dão mesmo lugar
para vendermos. Abençoem o povo, porque é uma benção de Deus porq há países
que estão a precisar… te deram, então cuidebem. Sem trabalhar a pessoa não
ganha o sustento, nós população só queremos paz… só continuamos aqui porque o
estado vem com velocidade, tem que vir pacificamente, vir conversar, nos tirar com
amor… por não conversar, por esta razão vamos e viemos, temos que saber porque
saímos da rua, porque vamos ali. O governo tem que criar condições nas praças,
abrindo as ruas dos locais da praça é o 1º passo para que as pessoas possam
chegar rápido. Cliente não gosta de dificuldade porue ele mesmo e que tem dinheiro.
Somos nós mães batalhadoras que sustentamos as famílias, tal como tiram as
pessoas no batechapa é assim que também têm que nos tirar. Gostaríamos de
guardar mesmo as coisas no mercado. O povo é o filho da nação, o governo tem
que ter amor, sem povo não há nação, esquessem que entre nós a mulheres
deficientes, doentes, grávidas, têm que evitar a brutidez”.

“O governo tem mesmo que criar bons mercados, para os clientes aparecerem,
porque senão vamos mesmo voltar na rua, nesse risco… Deus vai mesmo nos
proteger, o pai nunca deixa male qm sai para ir atraz do pão”.

“Vender aqui é mesmo arriscado, depois perto da estrada, é mesmo Deus qm


está a nos proteger. Melhorem por favor as condições do país, empregando os
jovens e dando um lugar bom e estável para nós vendedoras de rua”.

“Se os que estão a ganhar 1.000.000 dinheiro na está a chegar, imagina o meu
… Os polícias são gatunos, levaram meus dois carros de peixe seco e não
devolveram”.

Por outro lado, foi possível verificar alguma resistência por parte dos vendedores
de rua, em mudarem-se para os locais indicados pelas autoridades, por
considerarem-nos demasiado distantes do movimentado meio urbano e dos
potenciais clientes. Assim, muitas expectativas perduram no tempo. E a esperança
de melhorar as condições de vida torna-se um projecto não tão breve, mas que
estimula o desempenho dos ambulantes.

39
Figura 3.6 – Mercado da Boa Esperança localizado numa zona pouco movimentada

Fonte: Silvino Joaquim

Figura 3. 7 - Mercado transformado em feira de bebida no bairro zango 3

Fonte: Silvino Joaquim

40
3.1.Análise dos questionários

Nesta seção apresentamos a caracterização da amostra, a análise e discussão


dos resultados obtidos através do questionário.

3.2.Caracterização da amostra

A amostra é constituída por 100 inquéritos validados, composta por indivíduos


do género masculino e feminino.Relativamente ao género dos inquiridos,
encontramos 11.0% do género masculino e 89.0% do género femenino.

Gráfico3. 1 – género do inquiridos

11%

Género: Masculino
Género: Femenino

89%

Fonte: Adaptado segundo o questionário.

Relativamente à faixa etária dos inquiridos, encontramos 18% entre os 17 e


25 anos, 27% entre os 26 e os 35 anos, 32% tem entre 36 e 45 anos, 17% está na
faixa etária 46 a 55 anos e apenas 6% tem mais de 56 anos. Denota-se, portanto,
que a maioria dos vendedores são senhores.

Gráfico3. 2 - idade

41
6%
18%
17%
De 17 a 25
De 26 a 35
27% De 36 a 45
32% De 46 a 55
56 anos ou mais

Fonte: Adaptado segundo o questionário.

Quanto ao número de filhos dos que se dedicam a essa actividade, podemos


verificar que 13% não tem filhos, 24% dos inquiridas tem entre 1 e 3 filhos, 52% tem
entre 4 e 6 filhos e ainda 11% tem mais de 6 filhos. Como se pode observar no
gráfico seguinte. Podemos então constatar que a maioria dos vendedores possui 4
ou mais filhos, o que aumenta a preocupação com o sustento da família.

Gráfico3. 3–número de filhos

11% 13%

Nenhum
24%
Entre 1 e 3

52% Entre 4 e 6
Mais de 6

Fonte: Adaptado segundo o questionário.

Quanto ao estado civil dos inquiridos verificamos que 13% são casados,
seguindo-se com 76% os solteiros, apenas 1% é divorciado e com 10%
encontramos as viúvas, conforme também pode ser observado no gráfico seguinte.

Gráfico3. 4–estado civil

42
1%
10% 13%

Casado/a
Solteiro/a
Divorciado/a
76% Viúvo/a

Fonte: Adaptado segundo o questionário.

A questão seguinte diz respeito ao número de indivíduos que compõem o


agregado familiar. Como podemos observar, no gráfico seguinte, 10% dos
agregados familiares possui 3 ou menos pessoas, 49% têm entre 4 e 6 pessoas e
41% dos agregados familiares possui mais de 6 pessoas. Podemos concluir que a
maior parte do vendedores faz parte de um agregado familiar grande.

Gráfico3. 5 – número de pessoas no agregado familiar

10%

41%
Entre 1 a 3
Entre 4 a 6
49%
Mais de 6

Fonte: Adaptado segundo o questionário

Ainda com o intuito de caracterizar os vendedores de rua, perguntamos qual era


o seu nível de escolaridade. O gráfico seguinte mostra que, 48% não frequentou a
escola, 30% terminou o ensino básico (9ª classe), 19% tem o ensino médio, sendo
que 3% até possui ensino superior. Retratando que a maioria pode não possuir

43
habilitações académicas para encontrar um emprego no mercado formal ou na
economia formal.

Gráfico 3. 6–nível de escolaridade

48,0%

30,0%

19,0%

3,0%

Não frequentou a escola Ensino primário Ensino médio Ensino Superior

Fonte: Adaptado segundo o questionário


Buscamos também saber qual é a entidade de saúde a que o nosso objecto de
estudo, recorrem em caso de doença. Verificamos que 69% recorrem para os
hospitais públicos e apenas 31% recorrem para os hospitais privados em busca de
cuidados de saúde.

Gráfico3. 7- entidade de saúde

31%

Público
69% Privado

Fonte: Adaptado segundo o questionário.

Na questão oito buscamos entender as razões que levaram estas pessoas para
o exercício da actividade de comércio a retalho na rua, invés dos mercados. A
análise das respostas revelou que 29% aponta como razão a falta de espaço nos
mercados, 40% afirma que é devido o alto valor cobrado para compra de um lugar
nos mercados, 29% diz que é devido as altas taxas cobradas pela direcção do
mercado, 10% tem como motivo a falta de clientes nos mercados.

44
Gráfico3. 8–razões que levam os vendedores a escolherem a rua, invés dos mercados

10% Falta de espaços nos mercados


37%
Valor cobrado para compra de um
29%
lugar alto
Altas taxas cobradas pela direcção
do mercado

24% Falta de clientes nos mercados

Fonte: Adaptado segundo o questionário.

Na questão seguinte, quisemos saber se os vendedores de rua estão ciente dos


riscos que correm por exercerem actividade comercial nos locias imprórios. As
respostas revelam que a grande maioria, 86% dos vendedores está ciente dos
riscos, 7% diz que não e 7% alega que depende do risco

Gráfico3. 9–noção sobre os riscos de vender em locais impróprios

7%
7%
Sim
Não
Depende
86%

Fonte: Adaptado segundo o questionário

A décima questão do inquérito tem como objectivo descortinar as razões que


levaram essas pessoas para o exercício da actividade da venda de rua. A análise
das respostas revelou que 37% aponta como razão o desemprego, 6% acredita que
é por falta de formação, 4% porque queria constituir uma empresa e 53% porque
precisa de encontrar uma forma de sustentar a família, conforme podemos observar
no gráfico seguinte.

Gráfico3. 10– razões que levaram os inquiridos para o exercício da actividade

45
37%

53%

6%
4%

Desemprego Por não ter formação Constituição de uma empresa Para garantir o sustento familiar

Fonte: Adaptado segundo o questionário

Pela observação dos dados, chegamos à conclusão que a maioria dos


vendedores está há mais de 3 anos nesta actividade. Apenas 11% encontra-se à
menos de 1 ano na actividade. Segue-se, com 18% aqueles que estão entre 1 e 2
anos, 18% estão entre 3 e 5 anos, 26% exercem a actividade entre 6 e 10 e 27%
está a exercer a actividade num período de tempo de mais 10 anos.

Gráfico3. 11–número de anos como vendedor ambulante

27% 11%
18% Menos de 1 ano
Entre 1 e 3 anos

18% Entre 4 e 6 anos


26%
Entre 6 e 10 anos
Mais de 10 anos

Fonte: Adaptado segundo o questionário.

A décima segunda questão do inquerito, busca saber se os vendedores/as de


rua, gostam ou não do trabalho que desenvolvem, apesar das circunstâncias difícieis
em que muitas vezes, são obrigados a exercer o trabalho. Observamos que 97%
gosta do que faz,independentemente das circunstâncias e apenas 3% não gostam.

Gráfico3. 12–gosto pela actividade desenvolvida

46
3%

SIM
Não
97%

Fonte: Adaptado segundo o questionário.

Na décima terceira questamos, procuramos analisar se os vendedores de rua


trabalham por conta própria ou para alguém. Notamos que 94% dos inqueridos
trabalha por conta própria e que apenas 6% trabalha para alguém, conforme ilustra
o gráfico.

Gráfico3. 13 - trabalho realizado pelos vendedores de rua

6%

Conta própria
Para alguém

94%

Fonte: Adaptado segundo o questionário.

Na questão seguinte quisemos saber que tipo de produtos são


comercializados.Verificamos que A maioria dos vendedores comercializa bem
alimentares (55%), Roupas, calçados e acessórios (31%), produtos de higiene (6%),
Cabelos e maquilhagem (1%), Dispositivos electrônico (1%), Água (2%), Carvão
(3%), Saldo (1%).

Gráfico3. 14– tipo de produtos comercializados

47
60 55,0%
50
40 31,0%
30
20
10 6,0%
1,0% 1,0% 2,0% 3,0% 1,0%
0

Produto Porcentagem

Fonte: Adaptado segundo o questionário

Quando procuramos quantificar o número de produtos diferentes


comercializadosobtivemos os seguintes resultados. 29% admite comercializar
apenas um produto, 16%refere que comercializa dois tipos de produtos e a maioria
(55%) refere que comercializavários tipos de produtos, apresentando uma
estratégia, mais ou menos consciente dediversificação.

Gráfico3. 15- quantos tipo de produto comercializa

RESPOSTA

Apenas 1 tipo
29%

Vários tipos
55%
2 Tipos
16%

Fonte: Adaptado segundo o questionário

Em relação aos locais onde adquire os produtos que comercializa, obtivemos


osseguintes resultados: 41% adquire os seus produtos em armazéns, 46% em
praças, 2%em supermercados e 11% adquire em outros locais.

Gráfico3. 16–locais de aquisição dos produtos

48
RESPOSTA

Outro lugar
Supermercado
11%
2% Armazén
41%

Praça
46%

Fonte: Adaptado segundo o questionário

No que diz respeito aos montantes ganhos por dia, os nossos inquiridos deram
asseguintes respostas: 13% ganha entre 200 e 500 Kz por dia, 10% entre 501 e
1000 Kz,5% ganha entre 1001 e 1500 Kz, 19% ganha entre 1501 e 2000, e uma
maioria de 53% a mais de 2001 Kz por dia.

Gráfico3. 17–dinheiro ganho por dia de actividade

RESPOSTA

13%
200 e 500 Kz
10% 501 e 1000 Kz
1001 e 1500 Kz
53% 5%
1501 e 2000 Kz
Mais de 2001 Kz
19%

Fonte: Adaptado segundo o questionário

A décima oitava questão, procurou analisar aonde é que os vendedores de rua,


têm guardado o dinheiro que ganham. As respostas revelaram que 85% guarda o
dinheiro em casa, 10% guarda no banco e 5% guarda em outro lugar.

Gráfico3. 18–aonde guarda o dinheiro ganho

49
RESPOSTA

5%
15%
Em casa
No banco
80%
Outro lugar

Fonte: Adaptado segundo o questionário

A seguinte questão é referente ao número de horas de trabalho em cada dia de


actividade. Como podemos observar pelo gráfico seguinte a maioria dos inquiridos
(66%) trabalha mais de 8 horas por dia, 30% trabalha entre 5 a 8 horas e 4%
trabalha entre 2 a 4 horas por dia.

Gráfico3. 19– número de horas de trabalho


RESPOSTA

4%
30%
Entre 2 a 4 horas

66% Entre 5 a 8 horas


Mais de 8 horas

Fonte: Adaptado segundo o questionário.

Questionados sobre a cobertura das despesas de casa com o dinheiro


arrecadado diariamente com a actividade realizada, obtivemos as seguintes
respostas: 9% diz que o dinheiro que ganha não chega para cobrir nenhuma
despesa de casa, 84% diz que dá para cobrir algumas e 7% diz que cobre todas as
despesas de casa.

Gráfico3. 20 –o dinheiro que ganhonessa actividade cobre as despesas de casa?


50
RESPOSTA

7% 9%
Nenhuma
Algumas
Todas

84%

Fonte: Adaptado segundo o questionário.

Na questão seguinte quisemos saber em que despesa é que os inquiridos mais


gastam mensalmente. Observamos que 58% gasta na alimentação, 19% na saúde,
18% na educação e 5% na renda de casa.

Gráfico3. 21–aonde os inquiridos mais gastam mensalmente


70
58,0%
60

50

40

30
19,0% 18,0%
20

10 5,0%
0,0%
0
Alimentação Saúde Educação Lazer Água, luz e renda de
casa

Despesa Porcentagem

Fonte: Adaptado segundo o questionário.

Na questão seguinte, que no questionário recebeu o número 22, tinha como


objectivosaber se os vendedores/as inquiridos, sentem que sociedade respeita o
trabalho que eles realizam. Encontramos apenas 6% dos inqueridos que
responderam não, 47% responderam sim e 47% responderam que as vezes sentem
que a sociedade valoriza seu trabalho.

51
Gráfico3. 22–sente que a sociedade valoriza o seu trabalho?

RESPOSTA

47% 47% SIM


Não
6% As vezes

Fonte: Adaptado segundo o questionário.

Em relação à situação futura, questionamos os inquiridos a respeito se


pretendem ounão continuar no setor informal da economia. As respostas revelam
que a maioria pretende terum emprego formal, o que corresponde a 93% dos
vendedores e 7% deseja continuar a exercer essa actividade.

Gráfico3. 23 - intenção em relação a situação no futuro

RESPOSTA

7%
Ter um emprego na economia
formal
Continuar na economia informal

93%

Fonte: Adaptado segundo o questionário.

Na questão 24, buscamos saber se os vendedores conhecem o Programa de


Reconversão da Economia Informal (PREI) criado para apoiar e absorver as
pessoas que estão na informalidade. Verificamos que a maioria dos inqueridos
(83%) não conhece o PREI, 14% conhece mais não beneficia da ajuda do programa
e 3% diz talvez já ouviu dizer.

Gráfico3. 24–já ouviu falar do PREI?


52
RESPOSTA

3% 14%
Sim
Não

83% Talvez

Fonte: Adaptado segundo o questionário.

De acordo com o gráfico seguinte, todas respostas (100%) revela que nenhum
vendedor/a ostenta o cartão de vendedor/a de rua.

Gráfico3. 25– cartão de vendedor ambulante

RESPOSTA
0%

TENHO
NÃO TENHO

100%

Fonte: Adaptado segundo o questionário.

Quanto a apreensão do negócio dos inquiridos pelos agentes da ordem pública


ou pelos fiscais, constatamos que 30% já perderam o negócio devido as autoridades
e 70% não.

Gráfico3. 26–apreensão do negócio por parte dos polícias ou fiscais

53
RESPOSTA

30%

Já receberam

70%
Ainda não

Fonte: Adaptado segundo o questionário.

De acordo com o gráfico seguinte, a maioria das respostas revela uma avaliação
doEstado, em relação aos problemas das práticas informais, como muito má (50%) ,
má(34%), boa 13% , sendo a percentagem de vendedores que avalia como muito
boa apenas 3%.

Gráfico3. 27–avaliação do papel do governo na resolução dos problemas dos vendedores de


rua

RESPOSTA

3%
13%
Muito má
50%

34%
Boa

Muito boa

Fonte: Adaptado segundo o questionário

54
CONCLUSÃO

Após a análise de resultados chegamos à conclusão que o ingresso das


pessoas na economia informal constitui uma estratégia de sobrevivência de forma a
aumentar os rendimentos, face às dificuldades diárias e às ineficiências das políticas
públicas. Verificou-se quea maioria das pessoas que sededicama actividade da
venda de ruatem, idade entre 36 e 45 anos, possuem mais de quatrofilhos, são
solteiras, vivem com agregados familiares com mais de seispessoas e tem
poucainstrução.

Em relação à actividade desenvolvida a maioria encontra-se nela há muitos


anos,principalmente por não terem outra actividade profissional e porque têm
necessidade desustentar a família. Verificamos que a maioria vende produtos
alimentares, comercializandovários produtos, como estratégia de diversificação,
adquiridos em armazéns, trabalhando entre5 e 8 horas por dia, trazendo para casa
um lucro diário que varia entre 1501 e 2000 Kwanzas.

A grande maioria dos vendedores é a principal fonte de rendimento das suas


famílias evê como benefício da sua actividade a possibilidade de fazer face às
despesas familiares,sentindo-se como um empreendedor/a. Quanto às táticas de
sobrevivência não existe uma uniformidade nas respostas, referindo a maioria
gostaria de ter um emprego no mercado formal.

Quase todos osvendedores sentem-se valorizadas pela sociedade, trabalham


emcondições muito precárias, sem infraestruturas e sem acesso a qualquer tipo de
ajudas. Muitossentem-se perseguidas pelos polícias e fiscais que lhes ficam com
asmercadorias e por todasessas razões essa actividade é apontada com muito difícil
ou difícil, cansativa e desgastante.

55
RECOMENDAÇÕES

Acabar com a venda ambulante no Zango pode ser um desáfio complexo e


requer uma abordagem cuidadosa e estratégica. Aqui estão algumas possíveis
soluções que podem ajudar:

Regulação da venda ambulante: em vez de tentar acabar com a venda


ambulante, pode-se optar por regulá-la, estabelecendo regras claras para onde e
quando os vendedores ambulantes podem operar, o que podem vender e outras
regulamentações pertinentes. Isso pode reduzir o impacto negativo da venda
ambulante no Zango.

Estabelecer espaços comerciais: uma opção seria a construção de mercados ou


espaços comerciais adequados para os vendedores, oferecendo assim um ambiente
mais organizado e seguro para a venda de produtos. Dessa forma, também é
possível coletar impostos sobre as vendas.

Fiscalização: é importante que haja uma fiscalização efetiva, para garantir que
os vendedores ambulantes estejam operando de acordo com as regulamentações
estabelecidas. Isso pode incluir inspeções regulares, multas para aqueles que não
cumprirem as regras, e outras medidas de fiscalização.

Educação: outra solução possível seria a educação dos vendedores ambulantes


sobre as regulamentações e leis que regem suas actividades. Isso pode incluir
programas de treinamento ou workshops, que ajudem os vendedores a se
adaptarem às novas regulamentações e a operarem de maneira mais segura e legal.

Diálogo: é fundamental estabelecer um diálogo construtivo com os vendedores


ambulantes e outras partes interessadas, incluindo a comunidade local. O diálogo
pode ajudar a encontrar soluções que sejam aceitáveis para todas as partes e a
reduzir o conflito entre os vendedores ambulantes e as autoridades locais.

56
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA

Assembleia Nacional. Lei n. 01/07, de 14 de maio de 2007. Lei das Atividades


Comerciais. Revoga toda a legislação que contrarie o disposto na presente lei.
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mla.org/images/acts/lei-das-actividades-comerciais-2007%20(1).pdf.pdf>. Acesso
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alimentares no mercado do 30 em Viana,Luanda. Dissertação de Mestrado.

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https://www.hrw.org/sites/default/report_pdf/angola1013po.pdf. Acesso em: 10 de


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57
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caso no mercado de S. Pedro (Huambo) e nos mercados dos Kwanzas e Roque
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(Lunada). Scielo.

Lopes, C. (2014). A Economia Informal em Angola: breve panorâmica. Revista


Angolana de Sociologia, 14.

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Quintas, J. (2013). O Empreendedorismo Feminino_ Estudo no Mercado de Humabo


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QUEIROZ, L. H. C. R. (2016). Entre legados coloniais e agências: aszungueiras na


produção do espaço urbano de Luanda. Dissertação (Mestrado em
Desenvolvimento, Sociedade e Cooperação Internacional ) – Programa de Pós-
Graduação emDesenvolvimento, Sociedade e Cooperação Internacional, Centro de
Estudos AvançadosMultidisciplinares, Universidade de Brasília, Brasília.

Relatório sobre o trabalho docente e economia informal. Conferencia Geralda OIT


90ª sessão.

Sousa, A. (2005). Investigação em Educação. Lisboa: Livros Horizonte.

Silva, C. (2010). Impacto da Economia Informal no Processo de Desenvolvimento da


ÁfricaSubsariana (Dissertação de Mestrado em Desenvolvimento e Cooperação
Internacional). Lisboa: ISEG – UTL.

58
APÊNDICE A:

QUESTIONÁRIO

Agradecemos a sua colaboração no preenchimento do questionário a seguir


apresentado, o qual é realizado no âmbito de um trabalho de investigação
académica, intitulado “Venda Ambulante e a Sobrevivência Das Famílias: Estudo de
caso no bairro zango 3 durante os anos de 2019-2022” que tem como objetivo a
recolha dados que permitam entender o perfil económico e social dos vendedores
ambulantes do Zango, suas expectativas e o nível de conhecimento sobre o PREI.
As respostas colhidas serão unicamente utilizadas para fins académicos aqui
anunciados, pelo que se apela o seu grande contributo para o avanço desta
investigação. Informamos que a sua identidade estará no anonimato.

1. Gênero:

Masculino ( ) Femenino ( ).

2. Idade:

17 a 25 anos ( ) 26 a 35 anos ( ) 36 a 45 anos ( ) 46 a 55 anos ( ) Mais de 56


anos ( )

3. Número de filhos:

Nenhum ( ) De 1 a 3 ( ) De 4 a 6 ( ) Mais de 6 ( )

4. Estado civil:

Casado/a ( ) Solteiro/a ( ) Divorciado/a ( ) Viúva ( )

5. Número de indivíduos no seu agregado familiar:

De 1 a 3 ( ) De 4 a 6 ( ) Mais de 6 ( )

6. Aponte o seu nível de escolaridade:

Ensino básico 1ª à 9ª classe ( ) Ensino médio 10ª à 12ª ( ) Ensino superior ( );


Nenhum nível de escolaridade ( ) Outro ( )

7. Indique a entidade de saúde que recorrem em caso de doença:

59
Pública ( ); Privada ( )

8. Porque razão exerces a sua actividade nesse local invés do mercado?

Devido a falta de espaço nos mercados ( )

Devido o alto valor cobrado para compra de um lugar no mercado ( )

Devido as altas taxas cobradas pela direcção do mercado ( )

Devido a falta de clientes no mercado ( )

Devido a facilidade que tenho para vender meus produtos ( )

Porque aqui o negócio acaba rápido ( )

9. Estás ciente dos riscos que corres por vender nesse local?

Sim ( ) Não ( ) Depende ( )

10. Indique porque razão exerce essa actividade?

Falta de emprego ( ) Por não ter formação ( ) Para ter um negócio ( ) Para
garantir o sustento familiar ( )

11. Trabalhas como vendedor/a de rua há quanto tempo?

Menos de 1 ano ( ) Entre 1 e 2 anos ( ) Entre 3 e 5 anos ( ) Entre 6 e 10 anos


( ) Mais de 10 anos ( )

12. Você gosta do que fazes?

Sim ( ) Não ( )

13. Trabalhas por conta própria?

Sim ( ) Não ( ) Para alguém ( )

14. Que tipo de produtos comercializa?

Bens Alimentares ( ) Produtos de higiene ( ) Roupas, calçado e acessório ( )


Dispositivo electônico ( ) Cabelos e maquilhagem ( )

15. Quantos tipos de produto comercializa?


Apenas 1 tipo ( ) 2 tipos ( ) Vários tipos ( )
16. Quais os locais de aquisição dos produtos que comercializa?
60
Armazéns ( ) Praças ( ) Supermercados ( ) Outros ( )

17. Quanto ganha por dia ?

200 a 501 KZ ( ); 1001 a 1500 KZ ( ), 1501 a 2000 KZ ( ); Mais de 200KZ ( )

18. Onde guarda o dinheiro que ganha?

Em casa ( ) No banco ( ) Em outro lugar ( ).

19. Trabalhas quantas horas por dia?

Entre 2 a 4 horas ( ) Entre 5 a 8 horas ( ) Mais de 8 horas ( )

20. Com o dinheiro que ganha consegue cobrir as despesas de casa?

Nenhuma ( ) algumas ( ) Todas ( )

21. Em quê a sua família mais gasta mensalmente?

Alimentação ( ) Saúde ( ) Educação ( ) Lazer ( ) água, luz e renda de casa ( )

22. Sente que o seu trabalho é valorizado pela sociedade?

Sim ( ) Não ( ) As vezes ( )

23. Qual a sua intenção em relação a sua situação no futuro?

ter um emprego no mercado formal ( ) Continuar no mercado informal ( )

24. Já ouviu falar do programa de reconversão da economia informal (PREI), criado


pelo Estado para formalizar e apoiar a sua actividade?

Sim ( ) Não ( ) Talvez ( )

25. Tens cartão de vendedor ambulante e de sanidade?

Sim ( ) Não ( )

26. Já apreenderam o teu negócio nos agente da ordem pública/ ficais por estar a
vender nesse local?

Sim ( ) Não ( )

27. Como avalia o papel do governo na solução dos problemas das práticas
informais?
Muito má ( ) Má ( ) Boa ( ) Muito boa ( )
61
APÊNDICE B:

MERCADO BOA ESPERANÇA

Figura 8 - Administração do Mercado Boa


Esperança Zango IV Figura 9 - lojas inacabadas

Figura 10 - Lojas transformadas em casas Figura 11 - Espaço do mercado abandonado

62
63

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