Aula 03 - Argamassas
Aula 03 - Argamassas
Aula 03 - Argamassas
Argamassas
Argamassas são materiais de construção, com propriedades de aderência e endurecimento,
obtidos a partir da mistura homogênea de um ou mais aglomerantes, agregado miúdo (areia) e
água, podendo conter ainda aditivos e adições minerais.
Função Tipos
Argamassa de assentamento (elevação da
alvenaria)
Para construção de alvenarias
Argamassa de fixação (ou encunhamento) –
alv. de vedação
Argamassa de chapisco
Argamassa de emboço
Argamassa de reboco
Para revestimento de paredes e tetos
Argamassa de camada única
Argamassa para revestimento decorativo
monocamada
Argamassa de contrapiso
Para revestimento de pisos
Argamassa de alta resistência para piso
Argamassa de assentamento de peças
Para revestimentos cerâmicos (paredes/
cerâmicas – colante
pisos)
Argamassa de rejuntamento
Para recuperação de estruturas Argamassa de reparo
Quadro 2 – Classificação das argamassas segundo as suas funções na construção
Argamassa de revestimento
Camadas:
Camada única: Revestimento de um único tipo de argamassa aplicado à base, sobre o qual é
aplicada uma camada decorativa, como, por exemplo, a pintura; também chamado
popularmente de “massa única” ou “reboco paulista” é atualmente a alternativa mais
empregada no Brasil.
É importante enfatizar-se que as propriedades das argamassas só podem ser avaliadas de forma completa
se considerada a sua interação com o material com o qual elas estarão em contato, pois as argamassas se
comportam diferentemente quando aplicadas sobre distintos materiais.
Uma proposta mais recente e mais diversas situações reais de aplicação das
completa que surge no campo de avaliação argamassas, identificando com clareza os
da trabalhabilidade das argamassas é o parâmetros reológicos (tensão de
método do Squeeze-Flow (Figura 8). Este escoamento e viscosidade). No entanto,
método baseia-se na medida do esforço como limitação, tem-se a necessidade de
necessário para a compressão uniaxial de um equipamento relativamente caro, além
uma amostra cilíndrica do material entre de se restringir ao uso em laboratório.
duas placas paralelas, sendo tal esforço
empreendido normalmente por uma
máquina universal de ensaios. O ensaio
permite a variação da taxa de cisalhamento
e também da magnitude das deformações,
sendo, portanto, capaz de detectar
pequenas alterações nas características
reológicas dos materiais e, ao contrário dos
ensaios tradicionais, fornece não apenas
um valor medido, mas um perfil do
comportamento reológico de acordo com Figura 8 – Realização do ensaio Squeeze-
as solicitações impostas (CARDOSO, Flow (CONSITRA, 2005).
PILEGGI, JOHN, 2005). O método tem
como vantagem possibilitar a simulação de
Parâmetro reológico
Propriedade
Método Norma Esquema que controla o
avaliada
fenômeno*
Mesa
Consistência
de NBR 7215
e Viscosidade*
consistência NBR 13276
plasticidade
(flow table)
Penetração
ASTM Tensão de
do Consistência
C 780 escoamento*
cone
BS 1377 e
ASTM D Tensão de
Vane teste Consistência
4648 escoamento*
(solos)
Consistência, Tensão de
Gtec teste --- plasticidade e escoamento e
coesão viscosidade
Quanto mais leve for a argamassa, mais trabalhável será em longo prazo, o que reduz o
esforço do operário na sua aplicação, resultando em um aumento de produtividade ao final da
jornada de trabalho.
A densidade de massa das argamassas, ou massa específica, varia com o teor de ar
incorporado e com a massa específica dos materiais constituintes da argamassa,
principalmente do agregado. O Quadro 9 apresenta uma classificação das argamassas quanto
à densidade.
2. Retração
A retração plástica é influenciada também pelo teor de materiais pulverulentos1. De uma forma
geral, quanto maior o teor de finos, maior a retração, os grãos que possuem dimensões
inferiores a 0,005 mm, chamados de argila, de alto poder plastificante, devido à sua alta
superfície específica e à sua natureza, para uma trabalhabilidade adequada, requerem maior
quantidade de água de amassamento, gerando maior retração e fissuração, o que compromete
a durabilidade dos revestimentos. Além disso, por exigirem mais água, podem interferir no
endurecimento da argamassa e levar a uma redução da resistência mecânica do revestimento,
devido à alta relação água/aglomerante. Exceção ocorre quando os finos são de origem da
britagem de calcário, que levam a uma redução de água, o que resulta em uma menor retração
pela secagem da argamassa (Figura 12).
Figura 12
(a) Gráfico mostrando a relação água/cimento necessária para obtenção de uma consistência
plástica e trabalhável para argamassas de revestimento preparadas com finos de diferentes
naturezas: argila – saibro; silicosos – micaxisto e granulito; e calcário, com um traço de
referência 1:1:6 (cimento:cal:areia, em volume, fazendo as substituições de parte da areia
pelos finos (ANGELIM, ANGELIM, CARASEK, 2003).
(b) Valores de retração após 12 semanas de secagem, para as argamassas com teores
máximos de finos (ANGELIM, ANGELIM, CARASEK, 2003).
O Quadro 12 apresenta dados de Fiorito (1994), com medida da retração livre em barras
prismáticas, tanto para uma pasta como para uma argamassa. Nesse quadro pode-se observar
que a retração das argamassas é menos da metade da medida na pasta e, principalmente, que
a retração aos sete dias, por secagem ao ar, já é da ordem de 60% a 80% do seu valor aos 28
dias. Daí vem a recomendação nos procedimentos para a execução de revestimentos em
argamassa, quando estes servirão de base para outras camadas de argamassa ou
revestimentos colados (por exemplo, emboço ou contrapiso que receberá revestimento
cerâmico aplicado com argamassa colante), de se aguardarem no mínimo 7 dias para a
execução das camadas ou serviços subsequentes, sendo mais prudente aguardar ao menos
14 dias quando a maior parcela de retração já ocorreu. Com isso, garante-se a estabilidade
dimensional das camadas de argamassa utilizadas como base.
1
grãos com tamanho inferior a 0,075 mm
3. Aderência
Figura 14 – Fatores que exercem influência na aderência de argamassas sobre bases porosas.
1) Corte do revestimento
perpendicularmente ao seu plano –
delimitação do corpo- de-prova (CP). A
norma atual permite o emprego de CPs
circulares (de 5 cm de diâmetro) e
quadrados (de 10 cm de lado).
Um aspecto que deve ser observado quando da realização do teste de arrancamento é que tão
importante quanto os valores de resistência de aderência obtidos é a analise do tipo de ruptura.
Quando a ruptura é do tipo coesiva, ocorrendo no interior da argamassa ou da base (tipos B e
C, da Figura 16), os valores são menos preocupantes, ao menos que sejam muito baixos. Por
outro lado, quando a ruptura é do tipo adesiva (tipo A), ou seja, ocorre na interface
argamassa/substrato, os valores devem ser mais elevados, pois existe um maior potencial para
a patologia. A ruptura do tipo D significa que a porção mais fraca é a camada superficial do
revestimento de argamassa e quando os valores obtidos são baixos indica resistência
superficial inadequada (pulverulência). A ruptura do tipo E é um defeito de colagem, devendo
este ponto de ensaio ser desprezado.
Dosagem
Traço em volume
Tipo de argamassa Referências
cimento cal areia
Revestimento NBR 7200
1 2 9 a 11
de paredes interno e de fachada (ABNT, 1982)*
Alvenaria
em contato 1 0–¼
com o solo
2,25 a 3 x
Assentamento Alv. sujeita a
1 ½ (volumes de ASTM
de alvenaria esforços de flexão
cimento + cal) C 270
estrutural Uso geral, sem
1 1
contato com solo
Uso restrito,
1 2
interno/baixa resist.
Quadro 14 – Traços recomendados por algumas entidades normalizadoras.
*Norma antiga: a versão atual (1998) não apresenta proposições de traços de argamassa
Uma vez determinado o traço em massa da argamassa, com base em algum método de
dosagem, pode-se calcular o consumo de materiais, empregando as equações apresentadas a
seguir.
Traço 1 : p : q : a/c (em massa)
Onde:
𝛾𝑎𝑟𝑔
𝐶𝑐 =
1 + 𝑝 + 𝑞 + 𝑎⁄𝑐 p = traço da cal (ou outro plastificante)
q = traço do agregado
a/c = relação água/ cimento
𝐶𝑝 = 𝐶𝑐 ×𝑝 Cc = consumo de cimento
Cp = consumo de cal
𝐶𝑞 = 𝐶𝑐 ×𝑞 Cq = consumo de areia
arg = massa específica da argamassa
𝑝. δc (𝑉ℎ ⁄𝑉𝑜 ). 𝑞. δc
1∶ ∶
δp δp
Onde:
Um aspecto que deve ser observado no preparo das argamassas é o tempo de mistura. Esse
tempo deve ser definido em função do tipo e volume de equipamento empregado, betoneira ou
argamassadeira, e da quantidade de material misturado, garantindo a perfeita homogeneização
da massa. No caso das argamassas que contêm aditivo incorporador, deve-se observar
também o tempo máximo de mistura, pois, em algumas situações, caso o tempo seja elevado,
poderá ocorrer uma incorporação de ar exagerada, o que pode ser prejudicial para o
desempenho da argamassa aplicada.
Normalização
A seguir, nos Quadros 17 e 18, estão resumidas as normas brasileiras da Associação Brasileira
de Normas Técnicas (ABNT) relacionadas ao tema deste capítulo, agrupadas por tipo de
argamassa.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS