Sistema Jurídico Muçulmano - 1
Sistema Jurídico Muçulmano - 1
Sistema Jurídico Muçulmano - 1
1. Introdução............................................................................................................................2
1.1. Objectivos........................................................................................................................2
1.1.1. Objectivos específicos..................................................................................................2
1.1.2. Metodologia.................................................................................................................2
2. A família Jurídica Muçulmana.............................................................................................3
2.1. Âmbito Pessoal Do Direito Muçulmano...........................................................................3
2.2. Países onde vigora............................................................................................................3
2.2.1. Grupos fundamentais do sistema jurídico.....................................................................4
3. Importância do seu conhecimento........................................................................................4
4. Génese e evolução................................................................................................................5
4.1. O Islamismo.....................................................................................................................5
5. O cisma entre Sunismo e Xiismo.........................................................................................5
5.1. Sunismo(sunita)................................................................................................................5
5.2. Xiismo (xiita)...................................................................................................................6
6. Principais fases da evolução do Direito muçulmano............................................................6
7. Características gerais............................................................................................................7
7.1. A base religiosa................................................................................................................7
7.2. A pluralidade das fontes...................................................................................................8
7.3. A tendencial uniformidade do Direito..............................................................................8
8. Fontes de Direito..................................................................................................................9
8.1. A Xaria.............................................................................................................................9
8.2. A Sunna..........................................................................................................................10
8.3. O ijma.............................................................................................................................11
9. As características fundamentais da Xaria...........................................................................11
10. Outras fontes..................................................................................................................11
11. Método jurídico..............................................................................................................12
12. Conclusão.......................................................................................................................14
13. Bibliográfia....................................................................................................................15
1. Introdução
No presente trabalho de Sistemas Africanos e Direito Comparado, abordar-se-á sobre os
aspectos relacionados com o Sistema Jurídico Muçulmano, pois este, trata do um
conjunto de preceitos que regulam as condutas dos muçulmanos e as relações destes
entre si. Tem como bases fundamentais o livro sagrado do islamismo o Corão ou
simplesmente conhecido como Alcorão e tradições do profeta Maomé (a suma),
abordando sobre o Islamismo (que tal como o Judaísmo) é uma religião que não se
distingue, formal e substancialmente, de outros aspectos da vida em sociedade, entre os
quais o Direito: é no livro sagrado do Islão que se contêm alguns dos preceitos
fundamentais do Direito muçulmano.
1.1. Objectivos
Analisar e estudar o sistema muçulmano
1.1.2. Metodologia
Para elaboração deste trabalho, foi utilizada a metodologia de pesquisa
bibliográfica. Essa abordagem consiste em buscar informações relevantes em
fontes bibliográficas, como livros, artigos científicos, teses, dissertações e outras
publicações académicas.
2. A família Jurídica Muçulmana
O Direito destes países não se cinge, todavia à Xariar: há também neles, Direito de
outras fontes. O Direito muçulmano (religioso e essencialmente uniforme) não se
1
Patricia. Cfr…, op. p. 133
2
Vicente. Cfr., op. P. 376
confunde, por isso, com o Direito dos países muçulmanos (em parte laico e variável de
pais para país), nem com a família jurídica muçulmana (integrada pelos sistemas
jurídicos dos países onde vigora Direito muçulmano).
Em primeiro lugar, porque numa época, como a presente, por alguma dita de conflito
de civilizações, se torna especialmente relevante o conhecimento dos valores que
inspiram a civilização islâmica, entre os quais sobressaem aqueles que estão na base do
Direito muçulmano, o qual constitui uma das principais realizações dessa civilização.
4.1. O Islamismo
O Islamismo (tal como o Judaísmo) é uma religião que não se distingue, formal e
substancialmente, de outros aspectos da vida em sociedade 3, entre os quais o Direito:
como dissemos, é no livro sagrado do Islão que se contêm alguns dos preceitos
fundamentais do Direito muçulmano.
5.1. Sunismo(sunita)
Integrou originariamente os partidários da dinastia Umayyad, que, na sequência da
deposição do Califa Ali (599-661), primo e genro do Profeta, governou a comunidade
islâmica entre 661 e 750;
3
Cfr. Vicente…, op. Cit., p. 376
5.2. Xiismo (xiita)
Os opositores aos novos soberanos, para quem a autoridade doutrinal e política cabia
por direito divino exclusivamente aos descendentes de Maomé através de Fátima (6035-
632), sua filha, e Ali (a palavra «xiita» provém justamente de shi'at Ali, ou seja,
partidário de Ali), não podendo o Califa, por conseguinte, ser escolhido por eleição.
Os sunitas constituem hoje a maioria dos muçulmanos; os xiitas são minoritários na
generalidade dos países islâmicos (correspondendo a cerca de dez por cento dos
crentes), mas são maioritários no Irão. O entendimento que estas seitas têm das fontes
do Islão, inclusive as jurídicas, é divergente. Para os sunitas, o Islamismo funda-se no
Corão e na tradição relativa às falas e aos actos do Profeta; é, pois, essencialmente a
estas fontes que os muçulmanos devem obediência. Já para os xiitas à fixação do teor do
Direito islâmico coube igualmente aos doze Imãs (chefes supremos) que sucederam a
Maomé. Aliás, apenas são tidas como autênticas pelo xiismo as tradições sobre a
conduta do Profeta que houverem sido transmitidas pelos Imãs, sendo também
vinculativo para os crentes o exemplo destes.
Formação
Estabilização e disseminação
Declínio
Nos séculos XIX e XX, com a ocupação por potências europeias de vários países
islâmicos e à maior abertura destes às trocas económicas com o mundo ocidental, dá-se
uma mutação no Direito desses países, nomeadamente por via da adopção de
codificações inspiradas nas europeias (posto que nalguns casos as mesmas incorporem à
tradição muçulmana). Foi o que sucedeu, por exemplo, no Império Otomano (que se
dotou de um Código Comercial em 1850 e de um Código Penal em 1858, ambos
decalcados dos códigos franceses), no Egipto (que adoptou um Código Civil de modelo
francês em 1875 é outro, de carácter híbrido, em 1948) e no Irão (cujo Código Civil data
de 1927).
Renascimento
À. partir da crise petrolífera de 1973, abre-se uma nova fase no Direito muçulmano, dita
de renascimento ou retorno à Xaria. Este foi propiciado pela tomada de consciência
pelos povos muçulmanos do seu novo poderio económico, derivado do aumento
exponencial dos preços do petróleo então ocorrido. Para ele contribuiu também o
ressentimento causado pela derrota árabe na guerra dos seis dias travada em 1967 com
Israel, pela ocupação israelita de territórios palestinianos e Líbano, pela guerra do Golfo
e pela ocupação militar estrangeira do Afeganistão e do Iraque subsequente ao 11 de
Setembro de 2001. Esse renascimento tem-se traduzido numa revalorização da
concepção de vida própria do Islão e numa «reislamização» do Direito, patente
designadamente nas Constituições dos países muçulmanos que passaram a proclamar à
Xaria como fonte primária de Direito.
7. Características gerais
Direito religioso
Este ponto de vista não é hoje incontroverso, havendo, como veremos, quem prefira
sublinhar o carácter doutrinal do Direito muçulmano. Seja, porém, como for, parece
claro não existir nos países muçulmanos uma separação entre Estado, Direito e religião
como à que encontramos nó Ocidente e o próprio Evangelho consagra. Pelo contrário:
em vários desses países o Direito é tido, no essencial, como um aspecto da religião e o
Estado encontra-se, inclusive por determinação constitucional, ao serviço desta e do
projeto ideológico nela assente”. Ao que não será porventura alheia a circunstância de,
por um lado, os sucessores de Maomé terem sido os fundadores de um Estado islâmico
e de, por outro, não existir no Islão uma Igreja dotada de autonomia relativamente ao
Estado como as que existem nos países ocidentais, Esta indiferenciação de factos sociais
há muito tidos por distintos reflete uma concepção singular do Direito, que diverge
fundamentalmente daquela que prevalece nos sistemas jurídicos até aqui considerados:
enquanto que nestes o Direito é visto como uma emanação da vontade popular, expressa
directamente (no caso do costume) ou através dos representantes do povo (no caso da
lei).
8.2. A Sunna
A sunna (literalmente, "o caminho percorrido") é o conjunto das regras deduzidas da
conduta do Profeta. Esta é atestada pelos relatos (hadites) feitos pelos doutores do Islão
até ao século IX acerca dos ditos e ações de Maomé”, é-lhe reconhecida a função de
confirmar, explicitar é complementar o Corão. A imperatividade dos seus preceitos para
os crentes resulta aliás deste último O Corão, que tem em qualquer caso primazia sobre
a Suna.
8.3. O ijma
É definido como o consenso da comunidade muçulmana tomada esta no seu todo
(umma), como alguns sustentam, ou restrita aos juristas qualificados (mujtahidun),
consoante outros defendem a respeito de qualquer questão suscitada pela interpretação
ou aplicação das fontes primárias do Direito muçulmano. Na sua acepção mais restrita,
o conceito possui, pois, certa afinidade com a opinião Prudential do Direito Romano.
9. As características fundamentais da Xaria
Tais características distintas com as do direito canónico.
À Xaria é a palavra de Deus, revelada através do seu Profeta. Tal emotivo por
que a sua violação faz incorrer em sanções divinas.
Dada a sua natureza de Direito revelado, ninguém pode modificar a Xaria; nisto
se distingue também do Direito Canónico, pois as leis eclesiásticas, mesmo
quando visam dar expressão a regras e princípios de direito divino, podem ser
alteradas e têm efetivamente conhecido ao longo da História importantes
movimentos de renovação.
Nas matérias compreendidas no estatuto pessoal dos indivíduos, em que a Xaria logrou
afirmar-se de modo mais nítido, a lei ordinária ou não existe (como sucede na Arábia
Saudita, sendo que mesmo no: Egipto o Código Civil não abrange o Direito da Família
e das Sucessões) ou apenas codifica e precisa os preceitos da Xaria, a qual é mandada -
aplicar aos casos omissos, na interpretação que lhe é dada por certa escola jurídica. É o
que sucede, por exemplo, em Marrocos, cujo Código da Família (Mudaá-wana) de
2004, embora ditado pela intenção de melhorar a condição da mulher na sociedade
familiar, se manteve nesta matéria fiel à tradição muçulmana aliás em conformidade
com as orientações que o rei fixara à comissão encarregada da sua preparação, nas quais
declarou que não lhe seria possível "autorizar o que Deus proibiu, nem proibir o que Ele
autorizou", Tal a razão por que se preservaram no código institutos como à poligamia e
o repúdio (talag).
4
Neste sentido, Schacht…, op. Cit., p. 17
5
Vide L. Goldzihen/J. Scacht, «Fikh», in The Encyclopedia of Islam. New Edition, vol. II,
Leida/Londres, 1956, pp. 886 ss.
A importância da analogia deriva do carácter revelado do Direito muçulmano. Aos
juristas é com efeito vedado criar novas regras de Direito muçulmano. Mas por meio de
analogia pode-se aplicar Direito revelado a situações por ele originariamente não
abrangidas. A razão humana adquire desse modo um papel complementar da vontade
divina na formação do Direito muçulmano. São tidos como elementos da analogia no
Direito muçulmano:
a) O caso previsto (asl) numa das fontes da Xaria (Corão, Suna ou ijma);
c) A causa eficiente (llah): a ratio da regulação instituída para o caso previsto, expressa
ou implicitamente referida num texto ou extraída dele por interpretação, à qual deverá
ser também procedente no caso omisso; e
HAILAQ, Wael B. A history of the Arab Peoples, Londres. Faber and Faber, 2002