Acórdão TCU 2021 - Teto Constitucional
Acórdão TCU 2021 - Teto Constitucional
Acórdão TCU 2021 - Teto Constitucional
414/2006-0
RELATÓRIO
Adoto, como relatório, o parecer subscrito no âmbito da Consultoria Jurídica à peça 3, o qual
foi endossado pela representante do Ministério Público junto ao TCU à peça 5:
Judiciário, aplicável este limite aos membros do Ministério Público, aos Procuradores e
aos Defensores Públicos;(...)”
6. Por sua vez, a Emenda Constitucional 47/2005 incluiu o § 11 no art. 37 da Lei
Maior, com a seguinte redação:
“§ 11. Não serão computadas, para efeito dos limites remuneratórios de que trata o inciso
XI do caput deste artigo, as parcelas de caráter indenizatório previstas em lei.”
7. Esses dispositivos constitucionais são o ponto de partida para aplicação da regra do
teto remuneratório, mas não são os únicos a serem observados. Como se verá ao longo deste parecer, a
interpretação do Texto Constitucional exige, entre outros aspectos, a consideração harmônica de
diversos princípios e regras igualmente postos na Lei Maior.
8. As normas constitucionais devem ser interpretadas de modo que lhes seja conferida
a maior efetividade social possível. Trata-se do que a doutrina, a exemplo de Canotilho, denomina de
princípio hermenêutico da máxima efetividade das normas constitucionais, segundo o qual, dentre as
possíveis intepretações, o aplicador da norma deve optar por aquela que melhor viabilize a
materialização dos preceitos constitucionais1.
9. Consoante enfatiza Luís Roberto Barroso, o insucesso do constitucionalismo, via de
regra, vem associado à falta da efetividade da Constituição, que passa a ser incapaz de moldar e
submeter a realidade social2. Por essa razão, é dever do operador do Direito, ao interpretar e aplicar o
ordenamento jurídico, resguardar a força normativa da Constituição.
10. No que tange à hermenêutica constitucional, é oportuna transcrição de trecho inicial do
voto do Ministro-Substituto Marcos Bemquerer no Acórdão 501/2018-Plenário:
“8. Para examinar essa questão específica, entendo essencial, preliminarmente,
desenvolver marco teórico de cariz hermenêutico, acerca da distinção entre texto legal
(texto da norma) e norma jurídica (norma de interpretação) e, posteriormente, investigar a
interpretação conferida à matéria pelo Conselho Nacional de Justiça – CNJ, pelo Superior
Tribunal de Justiça – STJ, por esta Casa de Contas e pelo Supremo Tribunal Federal –
STF.
9. Divisar texto legal e norma jurídica é “advertência epistemológica” necessária,
porquanto, em época de pós-positivismo, alguns conceitos elementares para se decidir as
questões jurídicas foram permeados por mudanças, notadamente o conceito de norma que
passa a ser concretizada, deixando a subsunção de ser o único e último mecanismo para
aplicar o direito.
10. Nessa concepção, o texto da norma ou texto legal não se confunde com a norma
jurídica ou norma de interpretação. Ou seja, o texto legal não é a própria norma jurídica,
mas configura o dado de entrada (input) mais importante ao lado do caso a ser decidido
juridicamente no processo de concretização da norma (ABBOUD, Georges.
Discricionariedade administrativa e judicial. São Paulo: RT, 2014, p. 64).
11. Sendo o texto legal a “entrada”, é necessário haver construção ou concretização para
tenha como resultado a norma jurídica. O texto legal é encontrado nas constituições, leis,
códigos, enquanto a norma jurídica, nos julgados.
12. Como ensina Friedrich Müller, “a norma jurídica não está no texto da norma
codificado, isto é, o produto da legislação. Ela é somente o resultado do trabalho
concretizante do juiz e de outros práticos que, pela ordem jurídica, são estabelecidos e
habilitados para decidir casos concretos, na justiça: os litígios.” (MÜLLER, Friedrich. O
novo paradigma do direito: introdução à teoria e metódica estruturante. Tradução de Ana
Paula Barbosa-Fohmann et al., 3. ed., São Paulo: RT, 2013, p. 243-244). E arremata o
1 CANOTILHO, J. J. Gomes. Direito Constitucional e teoria da Constituição. 7. Ed. Coimbra: Almedina, 2000, p. 1224.
2 BARROSO, Luís Roberto. Interpretação e aplicação da Constituição: fundamentos de uma dogmática constitucional
transformadora. São Paulo: Saraiva, 2009. p. 255.
3
jusfilósofo: “o que se pode ler nos códigos são somente textos da norma. Textos que ainda
devem ser transformados em norma. O direito normativo encontra-se nos textos dos
julgamentos e não já naquilo que produz o poder legislativo.” (idem, p. 235).
13. Estabelecida a diferença teórica entre texto legal e norma jurídica, colhe-se na
jurisprudência dos órgãos mencionados no item 9 [rectius: item 8] acima a norma jurídica
(norma de interpretação) oferecida após a etapa de concretização.”
11. No caso deste Tribunal, os textos de normas a serem concretizados estão na Constituição
Federal, pois inexistem normativos específicos aplicáveis às autoridades e aos servidores do TCU
referentes ao teto remuneratório. Não obstante, as resoluções do Conselho Nacional de Justiça e do
Conselho Nacional do Ministério Público podem ser utilizadas como parâmetro no âmbito desta Corte,
conforme proposto pela representante.
12. O Conselho Nacional de Justiça é órgão do Poder Judiciário e foi instituído pela Emenda
Constitucional 45/2004, conhecida por “Reforma do Judiciário”. A ele compete o controle da atuação
administrativa e financeira daquele Poder e do cumprimento dos deveres funcionais dos juízes, nos
termos do art. 103-B, § 4ª, da Constituição da República. Dessa forma, esta Corte de Contas não está
vinculada aos atos normativos e decisões do CNJ e pode adotar posicionamentos diversos, ainda que a
Constituição Federal equipare os ministros e ministros-substitutos desta Casa aos ministros do Superior
Tribunal de Justiça e aos juízes de Tribunal Regional Federal (art. 73, §§ 3º e 4º).
13. De modo análogo, o Conselho Nacional do Ministério Público foi criado pela EC 45/2004,
que incluiu o art. 130-A na Constituição Federal. A este órgão compete o controle da atuação
administrativa e financeira do Ministério Público e do cumprimento dos deveres funcionais de seus
integrantes (art. 130-A, § 2º, CF/1988). Cabe mencionar que o art. 130 da Lei Maior determina que “aos
membros do Ministério Público junto aos Tribunais de Contas aplicam-se as disposições desta seção
[Seção I – Do Ministério Público] pertinentes a direitos, vedações e forma de investidura”. Além disso,
o art. 84 da Lei 8.443/1992 dispõe que “aos membros do Ministério Público junto ao Tribunal de
Contas da União aplicam-se, subsidiariamente, no que couber, as disposições da Lei orgânica do
Ministério Público da União, pertinentes a direitos, garantias, prerrogativas, vedações, regime
disciplinar e forma de investidura no cargo inicial da carreira.”
14. O CNJ editou a Resolução 13/2006, que dispõe sobre a aplicação do teto remuneratório
constitucional e do subsídio mensal dos integrantes da magistratura, bem como a Resolução 14;2006,
que dispõe sobre a aplicação do teto remuneratório constitucional aos servidores do Poder Judiciário e à
magistratura dos Estados que não adotam o subsídio. A seu turno, o CNMP editou a Resolução 9/2006,
que dispõe sobre a aplicação do teto remuneratório constitucional e o subsídio mensal dos membros do
Ministério Público.
15. Aqueles normativos, além das parcelas de caráter indenizatório previstas em lei, também
excluíram da incidência do teto remuneratório constitucional verbas de caráter permanente e de caráter
eventual ou temporário, não caracterizadas propriamente como de natureza indenizatória.
16. Tais exclusões se deram ora por força de determinação constitucional, que autoriza, por
exemplo, que o magistrado ou o integrante do MP exerça cargo ou função de magistério, ora por força
da natureza jurídica da parcela vindicada, como no caso de determinados benefícios previdenciários. É
forçoso reconhecer, pois, que a aplicação do teto constitucional no âmbito desta Corte de Contas deverá
levar em consideração cada caso concreto, observadas as peculiaridades de cada cargo e aplicadas como
parâmetro, no que for cabível, as aludidas resoluções do CNJ e do CNMP.
17. Feitas essas considerações iniciais na mesma linha do que esta Consultoria Jurídica expôs
em seu parecer anterior (f. 82/119, doc. 1), convém informar que as duas ações diretas de
inconstitucionalidade que motivaram o sobrestamento do presente processo ainda não foram julgadas. A
ADI 3.172, proposta pela Associação Nacional dos Magistrados da Justiça do Trabalho, teve seu
seguimento negado pela relatora, Ministra Carmen Lúcia, por ilegitimidade ativa, em 15/6/ 2011. Já a
ADI 3.184, ajuizada pela Associação dos Magistrados Brasileiros e relatada pela mesma Ministra, não
teve nem mérito, nem liminar apreciados. Destaque-se que, nesta última ação constitucional, a relatora
anterior, Ministra Ellen Gracie, adotou o rito previsto no art. 12 da Lei 9.868/19993.
18. Devem ser comentadas algumas decisões judiciais relacionadas ao tema em estudo.
Primeiramente, na ADI 3.854, o Plenário do STF concedeu liminar, para, ao dar interpretação conforme
à Constituição ao artigo 37, inciso XI e § 12, da Constituição da República - o primeiro dispositivo, na
redação da EC 41/2003, e o segundo, introduzido pela EC 47/2005 - excluir a submissão dos membros
da magistratura estadual ao subteto de remuneração, bem como para suspender a eficácia do artigo 2º da
Resolução 13/2006 e do artigo 1º, parágrafo único, da Resolução 14, ambas do CMJ.
19. Após a elaboração do primeiro parecer jurídico exarado nestes autos, a Resolução CNJ
13/2006 foi alterada pela Resolução 27/2006. Este ato revogou a Resolução 25/2006, que dispunha
sobre a conversão em pecúnia de férias de magistrados não gozadas por necessidade de serviço, bem
como a alínea “e” do inciso I do art. 8º da Resolução 13/2006, dispositivo que aduzia estar excluída da
incidência do teto remuneratório constitucional a indenização de férias não gozadas.
20. Posteriormente a Resolução 42/2007 alterou as Resoluções 13/2006 e 14/2006. Na primeira,
o art. 6º teve sua redação alterada de:
“Art. 6º Está sujeita ao teto remuneratório a percepção cumulativa de subsídios,
remuneração, proventos e pensões, de qualquer origem, nos termos do art. 37, inciso XI,
da Constituição Federal, ressalvado o disposto no art. 8º desta Resolução.”
para:
˜Art. 6º Para efeito de percepção cumulativa de subsídios, remuneração ou proventos,
juntamente com pensão decorrente de falecimento de cônjuge ou companheira(o),
observar-se-á o limite fixado na Constituição Federal como teto remuneratório, hipótese
em que deverão ser considerados individualmente.”
21. A mencionada Resolução CNJ 42/2007 também revogou a alínea “k” do art. 2º da Resolução
14/2006, que estipulava estar sujeita ao teto remuneratório a percepção cumulativa de remuneração,
proventos e pensões, de qualquer origem, nos termos do art. 37, inciso XI, da Constituição Federal,
ressalvado o disposto no art. 4º daquela Resolução. Além disso, acresceu ao referido artigo um
parágrafo único, com a seguinte redação:
“Art. 2º Estão sujeitas aos tetos remuneratórios previstos no art. 1º as seguintes verbas:
(...)
Parágrafo único. Para efeito de percepção cumulativa de subsídios, remuneração ou
proventos, juntamente com pensão decorrente de falecimento de cônjuge ou
companheira(o), observar-se-á o limite fixado na Constituição Federal como teto
remuneratório, hipótese em que deverão ser considerados individualmente.”
22. As modificações introduzidas pela Resolução CNJ 42/2007 nas Resoluções 13/2006 e
14/2006 foram motivadas por deliberação deste Tribunal de Contas, consubstanciada no Acórdão
2.079/2005-Plenário, que assim dispôs:
“9.2. com fulcro no art. 1°, § 2°, da Lei n° 8.443/92 c/c o art. 264, § 3°, do Regimento
Interno, responder à autoridade consulente que, pelo caráter contributivo dos benefícios
(art. 40, caput, da Constituição Federal), o teto constitucional aplica-se à soma dos
valores percebidos pelos instituidores individualmente, mas não para a soma de valores
percebidos de instituidores distintos, portanto não incide o teto constitucional sobre o
montante resultante da acumulação de benefício de pensão com remuneração de cargo
efetivo ou em comissão, e sobre o montante resultante da acumulação do benefício de
pensão com proventos da inatividade, por serem decorrentes de fatos geradores distintos,
3Art. 12. Havendo pedido de medida cautelar, o relator, em face da relevância da matéria e de seu especial significado para
a ordem social e a segurança jurídica, poderá, após a prestação das informações, no prazo de dez dias, e a manifestação do
Advogado-Geral da União e do Procurador-Geral da República, sucessivamente, no prazo de cinco dias, submeter o
processo diretamente ao Tribunal, que terá a faculdade de julgar definitivamente a ação.
5
em face do que dispõem os arts. 37, XI (redação dada pela Emenda Constitucional nº
41/2003), e 40, § 11, da Constituição Federal (redação dada pela Emenda Constitucional
nº 20/1998);(...)”
23. Em razão de haver o TCU adotado, no precedente acima, posicionamento contrário ao que
fixava o art. 6º da Resolução CNJ 13/2006, em sua redação original, instaurou-se o Pedido de
Providências 445 no CNJ, por provocação do Presidente do Tribunal Superior do Trabalho. Confira-se a
ementa deste último julgado, bem como trecho de seu voto condutor (grifos do original):
“EMENTA: 1. CONSELHO NACIONAL DE JUSTIÇA (CNJ) E TRIBUNAL DE
CONTAS DA UNIÃO (TCU). EDIÇÃO DE PRESCRIÇÕES NORMATIVAS
DISSONANTES E CONTRADITÓRIAS. FORMA DE SUPERAÇÃO DO CONFLITO.
A edição pelo CNJ e pelo TCU de orientações normativas contraditórias acerca de uma
mesma questão jurídico-administrativa, cada qual desses órgãos no exercício legítimo de
suas competências constitucionais, não denota antinomia sistêmica grave, antes
evidenciando o resultado do natural e complexo processo de fiscalização da
Administração Pública consagrado no Texto Constitucional. Não havendo hierarquia entre
os órgãos envolvidos, inclusive porque ligados a frações distintas do poder político, não
há possibilidade de imposição recíproca de qualquer das orientações proferidas,
resguardando-se aos eventuais interessados, em qualquer hipótese, o acesso direto ao
Poder Judiciário para a tutela de seus interesses (CF, art. 5°, XXXV). Figurando, porém, o
CNJ como órgão máximo do controle administrativo do aparato judicial brasileiro, de
natureza interna, suas decisões devem ser cumpridas pelos órgãos judiciários, inclusive
porque resultantes do exercício da auto-tutela administrativa (S. 473/STF).
2. ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA. REGIME PREVIDENCIÁRIO. PERCEPÇÃO
CONJUNTA, POR MAGISTRADO OU SERVIDOR, DE PENSÃO E
REMUNERAÇÃO, SUBSÍDIO OU PROVENTO. HIPÓTESE EXCEPCIONAL QUE
NÃO SE SUBMETE À DISCIPLINA INSCRITA NO INCISO XI DO ART. 37 DA CF.
Diante da natureza contributiva do regime previdenciário da Administração Pública (art.
40 da CF), a pensão por morte regularmente instituída constitui direito legítimo do
beneficiário, pouco importando a existência concomitante ou pregressa de vínculo
funcional entre este e a Administração Pública. Deve, por isso, ser preservada a percepção
simultânea de pensão com outras espécies remuneratórias, observando-se, contudo, sobre
qualquer dessas espécies remuneratórias, o teto máximo previsto no Texto Constitucional
(art. 37, inciso XI).
(...)
De fato, o art. 6° da Resolução n°. 13 é clara quanto à limitação ao teto do valor
resultante da soma da pensão e da remuneração ou do subsídio auferidos por servidor ou
membro do Poder Judiciário.
Nada obstante, considerando a excelência e adequação dos motivos apresentados no
Acórdão 2079/2005, do TCU, submetido à autorizada relatoria do e. Ministro Ubiratan
Aguiar, a necessidade de reexame da matéria parece evidente e oportuna.
Buscando objetivar o debate, peço vênia para transcrever, na íntegra, os motivos
apresentados no âmbito do TCU, os quais devem, segundo me parece, nortear a decisão
deste CNJ:
(...)
Os motivos apresentados, portanto, podem ser assim sintetizados: 1) no caráter
contributivo do regime previdenciário do servidor público; 2) no tratamento unipessoal
dado pela Constituição às situações previdenciárias de servidores públicos (§§ 6º e 11 do
art. 40 e no art. 11 da EC 20/98); 3) no equívoco da interpretação isolada e
teologicamente insustentável do inciso XI do art. 37 da CF, relativamente às pensões, que
acaba por consagrar restrição indevida de direito legitimamente instituído, sem que haja
regra clara e expressa na Constituição.
Convencido, portanto, após maturada reflexão, tenho que a posição definida no âmbito
do TCU é a mais coerente e harmônica com os sistemas previdenciários e constitucional,
razão pela qual proponho sejam retificadas as Resoluções n. 13 e 14 deste CNJ, nos
dispositivos correlatos.
III – CONCLUSÃO
Pelos motivos expostos, acolho a consulta para esclarecer que as pensões percebidas
cumulativamente com remunerações, proventos ou subsídios não devem ser computadas
para efeito de aplicação do limite de que trata o inciso XI do artigo 37 da Constituição,
embora estejam submetidas a esse limite quando isoladamente consideradas. Como
consequência, proponho a retificação das Resoluções n°. 13 e 14 deste CNJ. consoante
proposta a ser apresentada ao plenário.” (PP 445-CNJ, relator Conselheiro Douglas
Alencar Rodrigues, julgado em 8/8/2006)
24. Outra decisão que impacta o exame das questões ora tratadas foi proferida pelo Supremo
Tribunal Federal ao julgar os Recursos Extraordinários 602.043/MT e 612.975/MT. Ao analisar
conjuntamente aqueles apelos, o Pretório Excelso fixou a seguinte tese com repercussão geral (Temas
377 e 384):
“Nos casos autorizados constitucionalmente de acumulação de cargos, empregos e
funções, a incidência do art. 37, inciso XI, da Constituição Federal pressupõe
consideração de cada um dos vínculos formalizados, afastada a observância do teto
remuneratório quanto ao somatório dos ganhos do agente público.”
25. A ementa dos REs citados é a seguinte:
“TETO CONSTITUCIONAL – ACUMULAÇÃO DE CARGOS – ALCANCE. Nas situações
jurídicas em que a Constituição Federal autoriza a acumulação de cargos, o teto
remuneratório é considerado em relação à remuneração de cada um deles, e não ao
somatório do que recebido.” (RE 602.043/MT e RE 612.975/MT, relator Ministro Marco
Aurélio, julgados em 27/4/2017)
26. A partir do julgamento desses recursos extraordinários, houve grande debate nesta Corte de
Contas acerca da abrangência da tese fixada, notadamente no âmbito do Acórdão 501/2018-Plenário,
citado pelo eminente relator destes autos (doc. 2). Discutiu-se, basicamente, se o entendimento
constante dos temas 377 e 384, transcrito acima, seria aplicável também nos casos de acumulação de
proventos ou de proventos com vencimentos, uma vez que nem a tese aprovada, nem a ementa dos
acórdãos eram explícitas neste sentido. Assim, poder-se-ia concluir que o entendimento se aplicaria nos
casos de acumulação de cargos, empregos ou funções somente por servidores ativos.
27. Quando da prolação do Acórdão 501/2018-Plenário, os acórdãos dos recursos extraordinários
ainda não haviam sido publicados, e ainda poderiam ser alterados pela interposição de recursos. Assim,
de modo a aclarar a questão e para que não fosse necessário esperar a publicação dos acórdãos dos RE,
o Gabinete do Ministro-Substituto Marcos Bemquerer teve acesso ao voto do Ministro do STF Marco
Aurélio, que foi utilizado na fundamentação da decisão do TCU.
28. Transcreve-se, a seguir, parte do voto condutor do RE 612.975/MT (grifos nossos):
“A solução da controvérsia pressupõe interpretação capaz de compatibilizar os
dispositivos constitucionais em jogo, no que aludem ao acúmulo de cargos públicos e das
respectivas remunerações, incluídos os vencimentos e proventos decorrentes da
aposentadoria, levando em conta os preceitos atinentes ao direito adquirido (artigo 5º,
inciso XXXVI) e da irredutibilidade de vencimentos (artigo 37, inciso XV), pois
instrumentalizam o princípio da segurança jurídica, elemento estruturante do Estado
Democrático do Direito.
Destaco o que ensina o professor Diogo de Figueiredo Moreira Neto: as dificuldades
hermenêuticas do texto constitucional demandam soluções harmônicas, a fim de que os
dispositivos em jogo tenham a eficácia possível, o que não significa cheguem todos,
sobre o somatório dos valores percebidos, cabendo a cada ao órgão responsável pelo
pagamento efetuar a glosa devida;
9.1.6. a destinação dos recursos resultantes do corte deverá ser a mesma que atualmente é
realizada quando da aplicação do abate-teto pelo órgão/entidade público pagador da
remuneração do servidor, ou seja, o valor do abate-teto continua fazendo parte do saldo
do crédito orçamentário disponível do órgão/entidade, cujo saldo credor apresentado no
final do exercício financeiro pode ser devolvido ou inscrito em restos a pagar, para ser
utilizado no exercício seguinte, conforme consta no art. 36 da Lei 4.320/1964;
(...).”(Acórdão 501/2018-Plenário, relator Ministro Benjamin Zymler, julgado em
14/3/2018)
31. Noutro precedente, esta Corte de Contas reafirmou as conclusões acima transcritas e
acrescentou outras:
“9.1. conhecer das presentes Consultas por atenderem aos requisitos de admissibilidade
de que tratam os arts. 1º, inciso XVII, da Lei n. 8.443/1992 e 264 do Regimento
Interno/TCU, para responder aos Consulentes que:
9.1.1. com fulcro na norma jurídica colhida de julgados que examinaram a matéria, na
coerência sistemática e lógico-jurídica dos preceitos constitucionais e nos princípios
hermenêuticos da unidade da Constituição e da concordância prática ou harmonização, e
tendo em vista ainda que não há espaço na ordem constitucional vigente para trabalho não
remunerado, o servidor público faz jus a receber concomitantemente vencimentos ou
proventos decorrentes de acumulação de cargos autorizada pelo art. 37, inciso XVI, da
Constituição Federal, estando ou não envolvidos entes federados, fontes ou Poderes
distintos, ainda que a soma resulte em montante superior ao teto especificado no art. 37,
inciso XI, da CF, devendo incidir o referido limite constitucional sobre cada um dos
vínculos, per si, assim considerados de forma isolada, com contagem separada para fins
de teto vencimental;
9.1.2. a aplicação do teto remuneratório, nos casos de acumulação de cargos, empregos e
funções, na forma do art. 37, inc. XVI, da Constituição Federal, decorrente de esferas,
fontes e/ou poderes distintos, deve ser realizada pelos órgãos e/ou entidades as quais o
servidor estiver subordinado, sempre considerando os vencimentos/proventos à guisa
isolada;
9.1.3. os benefícios advindos do Instituto de Previdência dos Congressistas, atualmente
custeados pela Câmara dos Deputados e pelo Senado Federal, não estão submetidos às
regras do teto remuneratório; porém incidem as regras referentes a critérios e normas de
acumulação de cargos e teto constitucional nos benefícios que tenham sido constituídos
após a edição Lei n. 9.506, de 30/10/1997, sob a égide do Plano de Seguridade Social dos
Congressistas;
9.1.4. quando a remuneração/proventos do servidor estiver acima do teto vencimental,
deve-se, preliminarmente, excluir a parcela excedente ao teto, para após efetuar os
descontos obrigatórios (imposto de renda, contribuição social etc) na remuneração;
9.1.5. os pagamentos decorrentes de excessos remuneratórios percebidos além do teto, nos
casos de acumulações lícitas de remunerações e proventos, vedada a aplicação retroativa
do entendimento ora firmado, devem ter como marco inicial para reposições ao erário a
data de 04/05/2017 que corresponde à publicação da Ata de Julgamento dos REs 602.043
e 612.975, pelo STF (Ata n. 14, de 27/04/2017. DJE n. 93, de 04/05/2017) , quando a
matéria foi definitivamente assentada por aquela Corte Maior, com repercussão geral
reconhecida e julgada, devendo ser assegurada aos interessados a instauração de prévio
processo administrativo em que seja conferido direito ao contraditório e à ampla defesa,
sem que sejam afastados outros marcos temporais definidos em processos específicos do
TCU, com vistas a ressarcimento de verbas recebidas acima do teto vencimental;(...)”
12
É o relatório.
13
VOTO
De início, registro que atuo nos presentes autos em sucessão ao então relator, Exmo. Ministro
Raimundo Carreiro, em face de Sua Excelência ter assumido a Presidência desta Corte no biênio
2017/2018.
2. Cuidam os autos de representação da Diretoria de Pagamento de Pessoal – Dipag acerca do
procedimento a ser adotado, no âmbito do Tribunal de Contas da União, no tocante à aplicação do teto
remuneratório estabelecido pelo artigo 37, inciso XI, da Constituição Federal, na redação dada pela
Emenda Constitucional 41/2003, ao pagamento de ministros, ministros-substitutos, integrantes do
MPTCU, servidores ativos e inativos e pensionistas desta Corte.
3. Naquela ocasião, com a promulgação da Emenda Constitucional n.° 41, de 19 de dezembro de
2003, o art. 37, inciso XI, da Constituição Federal de 1988, que define o limite remuneratório para
servidores públicos, a subunidade lançou consulta solicitando esclarecimentos sobre a aplicação do
teto constitucional remuneratório aos ministros, ministros-substitutos, membros do MPTCU e
servidores do TCU.
4. Em 2006, a Consultoria Jurídica se manifestou por meio dos Pareceres de fls. 82/100 e
101/105, e a Secretaria-Geral de Administração sugeriu o sobrestamento da matéria até eventual
manifestação do Supremo Tribunal Federal nas ADIs 3.172 e 3.184.
5. Acerca da ADI 3.172, a relatora, Exma. Min. Cármen Lúcia, negou seguimento à referida ação.
E quanto à ADI 3.184, ainda se encontra pendente de julgamento definitivo.
6. Adicionalmente, em 2017, o STF negou provimento aos Recursos Extraordinários 602043 e
612975, versando sobre a aplicação do teto quando da situação de acumulação de dois cargos públicos,
pugnando por considerar individualmente o teto para cada cargo acumulado, nas formas autorizadas
pela Constituição.
7. Referido julgamento teve repercussão geral reconhecida, oportunidade em que foi aprovada a
seguinte tese sugerida pelo Exmo. Relator, Min. Marco Aurélio: “Nos casos autorizados,
constitucionalmente, de acumulação de cargos, empregos e funções, a incidência do artigo 37, inciso
XI, da Constituição Federal, pressupõe consideração de cada um dos vínculos formalizados, afastada
a observância do teto remuneratório quanto ao somatório dos ganhos do agente público”.
8. Considerando as recentes decisões do STF, com consequente reflexo nos processos de controle
externo e na jurisprudência do TCU (ex. Acórdão 501/2018-P), solicitei, com fundamento no art. 157
do Regimento Interno, nova manifestação da Conjur e da Segedam, bem assim a remessa dos autos ao
MPTCU, ao final, para emissão de parecer, tendo em vista a natureza jurídica da matéria versada nos
autos.
9. A Consultoria Jurídica se pronunciou à peça 3 com o entendimento de que “o servidor público
ou autoridade faz jus a receber concomitantemente vencimentos ou proventos decorrentes de
acumulação de cargos autorizada pelo art. 37, inciso XVI, da Constituição Federal, envolvidos ou não
entes federados, fontes ou Poderes distintos, ainda que a soma resulte em montante superior ao teto
especificado no art. 37, inciso XI, da CF, devendo incidir o referido limite constitucional sobre cada
um dos vínculos, per si, assim considerados de forma isolada, com contagem separada para fins de teto
remuneratório”.
10. Diante da completude do parecer jurídico e em face da representação ter se originado em
unidade da Segedam, entendi despicienda a nova manifestação daquela Secretaria-Geral anteriormente
alvitrada e remeti o processo ao Ministério Público junto ao TCU. A representante do Parquet,
Procuradora-Geral Cristina Machado, endossou o parecer da Consultoria Jurídica.
11. De fato, com a decisão dos Recursos Extraordinários 602043 e 612975, restou claro que o
limite constitucional para auferimento de rendimentos deve ser adotado individualmente para os casos
em que haja acumulação de cargos permitida pela Constituição, conforme pode ser visto na ementa a
seguir:
“TETO CONSTITUCIONAL – ACUMULAÇÃO DE CARGOS – ALCANCE. Nas situações jurídicas em que a
Constituição Federal autoriza a acumulação de cargos, o teto remuneratório é considerado em relação à
remuneração de cada um deles, e não ao somatório do que recebido.
(RE 602043, Relator(a): MARCO AURÉLIO, Tribunal Pleno, julgado em 27/04/2017, ACÓRDÃO
ELETRÔNICO REPERCUSSÃO GERAL - MÉRITO DJe-203 DIVULG 06-09-2017 PUBLIC 08-09-2017).”
12. Peço vênias para reproduzir um trecho do voto condutor daquela decisão, da lavra do eminente
Ministro do STF Marco Aurélio, em vista do meu total alinhamento das razões ali expostas:
“A regra do teto constitucional expressa duplo objetivo.
De um lado, há nítido intuito ético, de modo a impedir a consolidação de “supersalários”, incompatíveis
com o princípio republicano, indissociável do regime remuneratório dos cargos públicos, no que veda a
apropriação ilimitada e individualizada de recursos escassos.
De outro, é evidente a finalidade protetiva do Erário, visando estancar o derramamento indevido de
verbas públicas. O teto constitucional, quando observado e aliado aos limites globais com despesas de
pessoal – artigos 18 a 23 da Lei Complementar nº 101/2000 –, assume a relevante função de obstar
gastos inconciliáveis com a prudência no emprego dos recursos da coletividade.
A percepção somada de remunerações relativas a cargos acumuláveis, ainda que acima, no cômputo
global, do patamar máximo, não interfere nos objetivos que inspiram o texto constitucional.
Quanto à moralidade, as situações alcançadas pelo artigo 37, inciso XI, da Carta Federal são aquelas nas
quais o servidor obtém ganhos desproporcionais, observadas as atribuições dos cargos públicos
ocupados. Admitida a incidência do limitador em cada uma das matrículas, descabe declarar prejuízo à
dimensão ética da norma, porquanto mantida a compatibilidade exigida entre trabalho e remuneração.
Relativamente à economicidade, a óptica veiculada no extraordinário dá ensejo a distorções.
Em primeiro lugar, por tornar inócuo o artigo 37, inciso XVI, da Lei Básica da República, no que
potencializa o elemento gramatical em detrimento do sistemático. A necessária interação entre os
preceitos – exigência do princípio da unidade da Constituição Federal – provoca esforço interpretativo
que não esvazie o sentido da regra que autoriza a acumulação.
Consoante destaca Celso Antônio Bandeira de Mello, não se pode desconsiderar que “as possibilidades
que a Constituição abre em favor de hipóteses de acumulação de cargos não são para benefício do
servidor, mas da coletividade”, no que o disposto no artigo 37, inciso XI, da Lei Maior, relativamente ao
teto, não pode servir de desestímulo ao exercício das relevantes funções mencionadas no inciso XVI
dele constante, repercutindo, até mesmo, no campo da eficiência administrativa (Curso de Direito
Administrativo. São Paulo: Editora Malheiros, 27ª edição, 2010, p. 277).
Em segundo lugar, por ensejar enriquecimento sem causa do Poder Público. A incidência do limitador,
tendo em vista o somatório dos ganhos, sendo acumuláveis os cargos, viabiliza retribuição pecuniária
inferior ao que se tem como razoável, presentes as atribuições específicas dos vínculos isoladamente
considerados e respectivas remunerações.
Em terceiro lugar, ante a potencial criação de situações contrárias ao princípio da isonomia. Não se deve
extrair do texto constitucional conclusão a possibilitar tratamento desigual entre servidores públicos que
exerçam idênticas funções. O preceito concernente à acumulação preconiza que ela é remunerada, não
admitindo a gratuidade, ainda que parcial, dos serviços prestados, observado o artigo 1º da Lei Maior, no
que evidencia, como fundamento da República, a proteção dos valores sociais do trabalho.”
13. A questão do teto remuneratório dos agentes públicos tem enfrentado nos últimos anos
bastante controvérsia, em vista da necessidade de que sejam limitadas as vantagens que podem
extravasar esse patamar máximo de remuneração devido na Constituição. Nesse sentido, na frente
parlamentar, destaca-se o PLS 449/2016 (Projeto de Lei 6726/16) cujo objetivo é reafirmar que os
rendimentos recebidos por qualquer servidor ativo ou aposentado não poderão exceder o subsídio
mensal dos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF). Com esse objetivo, os parlamentares
buscam definir as parcelas que devem respeitar o teto e aquelas que sejam excluídas.
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14. Diante disso, deixo claro que o tema ora enfrentado nesse processo administrativo não se
relaciona com os salutares limites remuneratórios constitucionais que o Parlamento busca reafirmar.
Isso porque, como bem explicado na decisão da Suprema Corte, busca-se com essa decisão apenas
resguardar a possibilidade constitucional de que o servidor público venha a acumular até dois cargos,
desde que compatíveis.
15. Ao aplicar o teto constitucional para o somatório dos rendimentos dos cargos acumulados
legalmente, estar-se-ia desestimulando o exercício de tal permissão, a qual, busca, em essência,
permitir que servidores públicos possam compartilhar conhecimento técnico como professores, bem
como o exercício de mais de um cargo de professor ou médico.
16. Quero reafirmar com essas palavras que, para qualquer outra situação de acumulação de cargos
que não seja abrigada pela constituição, o teto constitucional deve ser aplicado ao eventual somatório
dos auferimentos de natureza remuneratória.
17. Ademais, faz-se necessário esclarecer que, no caso da acumulação de remuneração ou provento
com pensão por morte, o cômputo individual do teto abrange apenas aquelas que foram instituídas em
data anterior à Emenda Constitucional nº 19, de 4 de junho de 1998, ou seja, os benefícios que foram
instituídos posteriormente devem considerar, para efeitos de teto remuneratório, o somatório dos
valores percebidos, conforme inteligência do RE 602584, cuja ementa abaixo reproduzo:
“TETO CONSTITUCIONAL - PENSÃO - REMUNERAÇÃO OU PROVENTO - ACUMULAÇÃO -
ALCANCE. Ante situação jurídica surgida em data posterior à Emenda Constitucional nº 19, de 4 de
junho de 1998, cabível é considerar, para efeito de teto, o somatório de valores percebidos a título de
remuneração, proventos e pensão.
(RE 602584, Relator(a): MARCO AURÉLIO, Tribunal Pleno, julgado em 06/08/2020, PROCESSO
ELETRÔNICO REPERCUSSÃO GERAL - MÉRITO DJe-277 DIVULG 20-11-2020 PUBLIC 23-11-
2020).”
18. Ao observar os registros dos votos e discussões que foram travadas na Corte Constitucional, é
necessário fazer o registro que o fundamento da distinção é que no caso de pensão por morte, o fato
gerador do benefício tem origem distinta do provento ou remuneração auferida pelo servidor, uma vez
que foi gerado pelo trabalho do instituidor da pensão. Assim, nesse caso particular, a acumulação não
estaria abrigada na tese do RE 602043, uma vez que aquela decisão abrangeu apenas os casos em que a
acumulação de cargos estava prevista na constituição, pelos fundamentos acima reproduzidos.
19. Com esse adendo, entendo que deve ser informado ao representante que “o servidor público ou
autoridade faz jus a receber concomitantemente vencimentos ou proventos decorrentes de acumulação
de cargos autorizada pelo art. 37, inciso XVI, da Constituição Federal, envolvidos ou não entes
federados, fontes ou Poderes distintos, ainda que a soma resulte em montante superior ao teto
especificado no art. 37, inciso XI, da CF, devendo incidir o referido limite constitucional sobre cada
um dos vínculos, per si, assim considerados de forma isolada, com contagem separada para fins de teto
remuneratório, ressalvado o caso da acumulação de proventos ou remunerações com pensão por morte,
em que, ante situação jurídica surgida em data posterior à Emenda Constitucional nº 19, de 4 de junho
de 1998, cabível é considerar, para efeito de teto, o somatório de valores percebidos a título de
remuneração, proventos e pensão”.
20. Assim, incorporando os pareceres da Conjur às minhas próprias razões de decidir, VOTO por
que este Tribunal adote a minuta de Acórdão que trago à apreciação deste Colegiado.
AROLDO CEDRAZ
Relator
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1. Processo TC 010.414/2006-0.
2. Grupo I – Classe de Assunto: VII – Administrativo.
3. Interessados/Responsáveis:
3.1. Interessado: Diretoria Técnica de Pagamento de Pessoal.
4. Órgão/Entidade: não há.
5. Relator: Ministro Aroldo Cedraz.
6. Representante do Ministério Público: não atuou.
7. Unidade Técnica: Secretaria de Gestão de Pessoas (Segep).
8. Representação legal: não há.
9. Acórdão:
VISTOS, relatados e discutidos estes autos de representação da Diretoria de Pagamento de
Pessoal – Dipag acerca do procedimento a ser adotado, no âmbito do Tribunal de Contas da União, no
tocante à aplicação do teto remuneratório estabelecido pelo artigo 37, inciso XI, da Constituição
Federal, na redação dada pela Emenda Constitucional 41/2003, ao pagamento de ministros, ministros-
substitutos, integrantes do MPTCU, servidores ativos e inativos e pensionistas desta Corte;
ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em Sessão do
Plenário, diante das razões expostas pelo Relator, em:
9.1. informar à Diretoria de Pagamento de Pessoal – Dipag do TCU que o servidor público
ou autoridade faz jus a receber concomitantemente vencimentos ou proventos decorrentes de
acumulação de cargos autorizada pelo art. 37, inciso XVI, da Constituição Federal, envolvidos ou não
entes federados, fontes ou Poderes distintos, ainda que a soma resulte em montante superior ao teto
especificado no art. 37, inciso XI, da CF, devendo incidir o referido limite constitucional sobre cada
um dos vínculos, per si, assim considerados de forma isolada, com contagem separada para fins de
teto remuneratório, ressalvado o caso da acumulação de proventos ou remunerações com pensão por
morte, em que, ante situação jurídica surgida em data posterior à Emenda Constitucional nº 19, de 4 de
junho de 1998, cabível é considerar, para efeito de teto, o somatório de valores percebidos a título de
remuneração, proventos e pensão;
9.2. com fundamento no art. 169, inciso V do Regimento Interno do TCU, encerrar e
arquivar os presentes autos.
Fui presente:
(Assinado Eletronicamente)
CRISTINA MACHADO DA COSTA E SILVA
Procuradora-Geral
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