10346-Bij_704
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n. 704
Este informativo contém notícias não oficiais, elaboradas a partir das sinopses
de julgamento e notas taquigráficas conferidas por servidores da Divisão de
Jurisprudência, com a finalidade de antecipar decisões proferidas pela Corte,
não consistindo em repositório oficial da jurisprudência do TRF 1ª Região. O
conteúdo efetivo das decisões, na forma final dos julgados, deve ser aferido após
a publicação no PJe.
Terceira Seção
Conflito negativo de competência. Não ocorrência de demanda relativa a sequestro internacional de crianças.
Afastada a competência da vara especializada. Mera pretensão de reabilitação de passaporte.
O art. 1º da Portaria Presi/CENAG 491/2011 estabelece que compete à 1ª Vara Federal das Seções e
Subseções Judiciárias da 1ª Região, em que houver mais de uma vara federal de competência cível, processar e
julgar as ações civis que tenham por fundamento a Convenção Interamericana sobre a Restituição Internacional
de Menores e a Convenção sobre os Aspectos Civis do Sequestro Internacional de Crianças, cujo objeto esteja
relacionado à pretensão ou medida concernente ao sequestro internacional de crianças. Na hipótese, a demanda
tem como objeto principal a reabilitação de passaporte de menor, não tendo qualquer pretensão ou medida
concernente ao sequestro internacional de crianças. O fato de haver investigação sobre suposto ilícito previsto
em convenções internacionais não atrai a competência da vara especializada, caso a ação trate apenas de situação
correlacionada, como a discussão dos autos, acerca do cancelamento de passaporte. Unânime. (CC 1044456-
47.2023.4.01.0000 – PJe, rel. des. federal Alexandre Vasconcelos, em 23/07/2024.)
Quarta Seção
Mandado de segurança. Impetração contra ato judicial passível de recurso. Execução fiscal. Bloqueio de ativos
financeiros. Sistema Sisbajud. Utilização da ação mandamental como sucedâneo de recurso. Impossibilidade.
O Supremo Tribunal Federal há muito sumulou sua jurisprudência, no sentido de que não é cabível mandado
de segurança contra ato judicial passível de recurso ou correição (Súmula 267). Portanto, tendo o impetrante
recurso próprio ao qual poderia o relator atribuir efeito suspensivo, não se pode admitir a utilização do mandado
de segurança como sucedâneo recursal, pois decisões que determinam o bloqueio de dinheiro via Sisbajud são
passíveis de impugnação por meio de agravo de instrumento. Unânime. (MS 1025963-22.2023.4.01.0000 – PJe,
rel. des. federal Jamil Rosa de Jesus Oliveira, em 24/07/2024.)
Primeira Turma
Servidor público. Acumulação de dois cargos públicos privativos de profissionais da área da saúde. Art. 37, XVI, “C”,
da Constituição Federal. Terapeuta ocupacional. Resolução 218/1997 do Conselho Nacional de Saúde. Carga horária
definida em lei. Compatibilidade. Tema 1.081/STF.
A Resolução 218/1997 do Conselho Nacional de Saúde, do Ministério da Saúde, reconheceu o terapeuta
ocupacional como profissionais de saúde. Sob outro enfoque, o Supremo Tribunal Federal firmou o entendimento
de que “as hipóteses excepcionais autorizadoras de acumulação de cargos públicos previstas na Constituição
Federal sujeitam-se, unicamente, a existência de compatibilidade de horários, verificada no caso concreto, ainda
que haja norma infraconstitucional que limite a jornada semanal” Unânime. (Ap 1000456-08.2022.4.01.3100 – PJe,
rel. juiz federal Clodomir Sebastião Reis (convocado), em sessão virtual realizada no período de 19 a 26/07/2024.)
Servidor público federal. Acumulação de cargos. Auxiliar de meteorologia. Natureza técnica. Cargo de professor.
Possibilidade. Art. 37, XVI, “B”, da Constituição Federal.
Nos termos da jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça, “cargo técnico é aquele que requer
conhecimento específico na área de atuação do profissional, com habilitação específica de grau universitário
ou profissionalizante de segundo grau”. No entanto, cabe destacar que o Instituto Nacional de Meteorologia
informa que no cumprimento de suas atribuições possui um quadro técnico composto de profissional de
nível superior bem como auxiliar de meteorologia. A denominação de Auxiliar de Meteorologia não retira dos
servidores assim enquadrados à condição de servidor de nível médio, posto exercer trabalhos eminentemente
técnico. Nesse sentido: “É possível a acumulação de proventos de aposentadoria oriundos dos cargos de
Professor e de Auxiliar de Meteorologia.” Unânime. (ApReeNec 1012601-94.2021.4.01.3500 – PJe, rel. juiz
federal Clodomir Sebastião Reis (convocado), em sessão virtual realizada no período de 19 a 26/07/2024.)
Servidor público. Anulação de ato administrativo do TJDFT que obstou pedido de remoção c/c com danos morais.
Órgão do Poder Judiciário da União. Competência da Justiça Federal. Impossibilidade de concessão de liminar.
Interesse de agir presente.
O art. 21, inc. XIII, da Constituição Federal de 1988 dispõe que compete à União organizar e manter
o Poder Judiciário, o Ministério Público do Distrito Federal e dos Territórios e a Defensoria Pública dos
Territórios. Dessa forma, como o TJDFT é um órgão do Poder Judiciário Federal e como a parte autora objetiva
anular ato administrativo praticado pela Presidência do TJDFT, é patente a legitimidade passiva da União e,
consequentemente, a competência da Justiça Federal. Por outro lado, o interesse de agir da parte autora
também está demonstrado porque, não obstante a vedação à concessão de liminares e tutelas de urgências
prevista no art. 1º, § 1º, da Lei 8.437/1992, sua pretensão poderá ser atendida após o trânsito em julgado da
sentença a ser prolatada, caso o seu pleito seja acolhido. Unânime. (Ap 0016104-67.2012.4.01.3400 – PJe, rel.
juiz federal Eduardo de Melo Gama (convocado), em sessão virtual realizada no período de 19 a 26/07/2024.)
Revisão de benefício. Aposentadoria por tempo de contribuição. Cumprimento de decisão administrativa. Acórdão
da 4ª Câmara de Julgamento da CRPS. Obrigatoriedade.
O caput do art. 581 da Instrução Normativa 128/2022 atribui ao INSS a obrigação de dar cumprimento
às decisões e diligências requeridas pelo Conselho de Recursos da Previdência Social, enquanto o § 4º
estabelece que, excepcionalmente, o INSS poderá deixar de dar cumprimento às decisões colegiadas, desde
que seja demonstrado pelo Instituto que foi deferido benefício mais vantajoso ou, em caso de identificada
ação judicial com decisão transitada em julgado do mesmo objeto do processo administrativo. No mesmo
sentido é a redação do art. 308, § 2º, do Decreto 3.048/1999, que diz: “É vedado ao INSS escusar-se de cumprir
as diligências solicitadas pelo CRPS, bem como deixar de dar cumprimento às decisões definitivas daquele
colegiado, reduzir ou ampliar o seu alcance ou executá-las de modo que contrarie ou prejudique seu evidente
sentido”. Unânime. (Ap 1007365-15.2017.4.01.3400 – PJe, rel. des. federal Morais da Rocha, em sessão virtual
realizada no período de 19 a 26/07/2024.)
Servidor público federal. Licença para atividade política. Lei Complementar 64/1990. Necessidade de
desincompatibilização do cargo, seis meses antes das eleições. Percepção dos vencimentos integrais. Possibilidade.
A Lei 8.112/1990, em seu art. 86, § 2º, estabelece que “a partir do registro da candidatura e até o décimo
dia seguinte ao da eleição, o servidor fará jus à licença, assegurados os vencimentos do cargo efetivo, somente
pelo período de três meses”. No entanto, a Lei Complementar 64/1990, ao dispor sobre as inelegibilidades,
estabelece a obrigatoriedade de desincompatibilização de determinados cargos por períodos maiores,
devendo, durante esse prazo, ser garantida a percepção dos vencimentos integrais do servidor. Em relação
à categoria profissional representada pela parte impetrante (atividade policial), a LC 64/1990 determina o
prazo mínimo de desincompatibilização de 6 meses antes do pleito eleitoral, em face da natureza de suas
atividades, sem mencionar sobre a remuneração em tal período. Dessa forma, não se mostra razoável que,
por imposição legal, o servidor candidato a cargo eletivo tenha de se afastar de suas funções por 6 meses e,
por isso, ser privado de sua remuneração. O entendimento adotado pela Administração prejudica o exercício
pleno dos direitos políticos dos servidores, bem como fere o princípio da isonomia de tratamento dispensado
aos demais. Unânime. (Ap 1002683-51.2016.4.01.3400 – PJe, rel. des. federal Morais da Rocha, em sessão virtual
realizada no período de 19 a 26/07/2024.)
Servidor público. Ensino superior. Transferência compulsória. Concurso de remoção. Aprovação. Interesse da
Administração. Instituição de ensino superior congênere. Possibilidade.
Nos termos do art. 49 da Lei 9.394/1996 - Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, as instituições
de ensino superior aceitarão a transferência de alunos regulares, para cursos afins, na hipótese de existência de
vagas e mediante processo seletivo, ressalvando, contudo, que as transferências ex officio dar-se-ão na forma
da lei. Por sua vez, a Lei 9.536/1997 estabelece que a transferência ex officio será efetivada entre instituições
vinculadas a qualquer sistema de ensino, em qualquer época do ano e independente da existência de vaga,
quando se tratar de servidor público federal civil ou militar estudante, ou seu dependente estudante, se
requerida em razão de comprovada remoção ou transferência de ofício, que acarrete mudança de domicílio
para o município onde se situe a instituição recebedora, ou para localidade mais próxima desta. Unânime. (Ap
1004812-28.2023.4.01.3903 – PJe, rel. des. federal Morais da Rocha, em sessão virtual realizada no período de
19 a 26/07/2024.)
Servidor público. Professor. Aposentadoria especial. Art. 40, § 5º, da CF/1988. Cômputo do período de capacitação
não se enquadra no conceito da função de magistério. Tempo de serviço efetivo para aposentadoria especial de
professor. Tema 965 (RE 1.039.644 RG). Precedente do STF. RE 1.370.586/RS.
O Tribunal Pleno do STF, no julgamento do Tema 965 (RE 1.039.644 RG), fixou a tese de que “para a
concessão da aposentadoria especial de que trata o art. 40, § 5º, da Constituição, conta-se o tempo de efetivo
exercício, pelo professor, da docência e das atividades de direção de unidade escolar e de coordenação e
assessoramento pedagógico, desde que em estabelecimentos de educação infantil ou de ensino fundamental
e médio”. Nesse aspecto, o STF adota entendimento no sentido de que não é possível contar o período
em que o professor esteve afastado para participar de um programa de pós-graduação stricto sensu como
tempo de serviço efetivo para aposentadoria especial de professor. O afastamento para realização de curso
de mestrado – licença capacitação, não se enquadra no conceito da função de magistério. Unânime. (Ap
1019059-91.2021.4.01.3900 – PJe, rel. des. federal Morais da Rocha, em sessão virtual realizada no período de
19 a 26/07/2024.)
Segunda Turma
Agravo interno. Suposto erro no prazo constante no PJE. Ausência de prova documental. Prints. Impossibilidade.
Precedentes. Intempestividade mantida.
Para a comprovação de eventual erro no prazo constante no sistema processual, torna-se indispensável
a apresentação de prova documental, como a indicação, na própria certidão de intimação, do prazo recursal.
A mera apresentação de prints do PJe não é suficiente, de acordo com o Superior Tribunal de Justiça, para se
concluir pela existência de falha na prestação da informação pelo Tribunal. Precedentes. Unânime. (AI 1024227-
66.2023.4.01.0000 – PJe, rel. juiz federal Alysson Maia Fontenele (convocado), em sessão virtual realizada no
período de 15 a 22/07/2024.)
Servidor público. Acumulação de dois proventos antes da EC 20/1998. Art. 11 exceção. Possibilidade.
A Emenda Constitucional 20/1998 expressamente proibiu a acumulação de proventos e vencimentos,
ressalvando, contudo, em seu art. 11, o direito dos servidores que percebessem aposentadoria e tivessem
ingressado novamente no serviço público, até a data de sua edição. Consequentemente, sendo possível a
percepção de duas aposentadorias de cargo efetivo, cujo ingresso tenha sido antes da EC 20/1998, deve
ser permitida, por simetria, a percepção destas, desde que o novo ingresso ao serviço público e a nova
aposentadoria tenham ocorrido também antes da EC 20/1998. A vedação de nova aposentadoria no mesmo
regime deve ser considerada para aquelas obtidas em data posterior à EC 20/1998, não devendo a norma
transitória retroagir para proibir a cumulação, já deferidas no regime anterior, decorrentes de dois cargos
públicos exercidos cumulativamente. Precedentes. Unânime. (ApReeNec 0017384-94.2008.4.01.3600 – PJe, rel.
juiz federal Wendelson Pereira Pessoa (convocado), em sessão virtual realizada no período de 15 a 22/07/2024.)
Servidor público do Poder Executivo. Exercício de função comissionada no Poder Judiciário. Incorporação com base
no valor da função efetivamente exercida.
De acordo com o entendimento consolidado no Superior Tribunal de Justiça e adotado pela Primeira
Seção deste Tribunal, a incorporação de quintos/décimos à remuneração do servidor que exerce função
no âmbito de outro Poder – no caso, Poder Judiciário –, que não o seu de origem, deve corresponder ao
valor da função efetivamente exercida. Nessa perspectiva, reforça-se a compreensão quanto a possibilidade
de incorporação dos quintos/décimos sobre o cargo efetivamente exercido no âmbito do Poder Judiciário,
bem como a atualização das parcelas incorporadas de acordo com o reajuste das funções promovido pela Lei
9.421/1996. Precedentes. Unânime. (ApReeNec 0002706-29.2007.4.01.3400 – PJe, rel. juiz federal Wendelson
Pereira Pessoa (convocado), em sessão virtual realizada no período de 15 a 22/07/2024.)
Servidor público. Posse tardia decorrente de decisão judicial. Efeitos retroativos funcionais e financeiros.
Impossibilidade. Jurisprudência do STF e STJ.
Pacificou-se na jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, do Superior Tribunal de Justiça e deste
Tribunal o entendimento de que os candidatos aprovados em concurso público, que tiveram suas nomeações
tardiamente efetivadas, não têm direito à indenização, tampouco à retroação dos efeitos funcionais, salvo
situação de arbitrariedade flagrante. Na situação concreta dos autos, não obstante se reconheça as falhas
praticadas pela Administração ao possibilitar a realização de mais de uma inscrição no certame, acarretando,
com isso, a suspensão dos candidatos com múltipla inscrição - mesmo tendo os candidatos logrado êxito no
processo regular de seleção -, essa lamentável circunstância não autoriza a concessão de efeitos funcionais e
financeiros pretéritos aos autores, uma vez que isso pressupõe a efetiva prestação dos serviços, sob pena de
enriquecimento ilícito, não tendo sido demonstrado que os atos da Administração tenham decorrido de má-
fé ou arbitrariedade. Unânime. (Ap 0004424-27.2008.4.01.3400 – PJe, rel. juiz federal Wendelson Pereira Pessoa
(convocado), em sessão virtual realizada no período de 15 a 22/07/2024.)
Servidor público. Incorporação de quintos decorrentes de exercício de cargo em comissão. Período anterior à posse
em cargo efetivo. Possibilidade.
Consoante jurisprudência pacificada do STJ e desta Corte Regional não há óbice legal à incorporação de
vantagem pessoal decorrente do exercício de função comissionada em período anterior ao ingresso no serviço
público efetivo, desde que preenchidos os requisitos legais. Isto porque, tanto o art. 62 da Lei 8.112/1990, em sua
redação original, quanto a Lei 8.911/1994, que regulamentaram os critérios de incorporação de gratificações,
não proibiram a incorporação de parcelas por parte do servidor não ocupante de cargo efetivo. Saliente-se
que o presente caso não trata da hipótese já decidida pelo Supremo Tribunal Federal no julgamento, em sede
de repercussão geral, no RE 638.115/CE, pois a incorporação de quintos concedida à requerida diz respeito
ao período de 12/02/1993 a 31/03/1997, ou seja, antes da edição da Lei 9.624/1998. Unânime. (Ap 0041975-
75.2007.4.01.3400 – PJe, rel. juiz federal Wendelson Pereira Pessoa (convocado), em sessão virtual realizada no
período de 15 a 22/07/2024.)
Habeas corpus. Crime de tráfico internacional de drogas. Ilegalidade acerca do laudo produzido utilizando-se de
material produzido no exercício de auto defesa do paciente. Inexistência. Ampla dilação probatória. Inviabilidade.
Distinção que não se aplica ao caso concreto. Pedido de extensão dos efeitos de decisão em habeas corpus de
outro paciente. Prejudicialidade. Ordem denegada.
O direito ao silêncio é reconhecido pela Constituição Federal (art. 5º, XLIII) e pelo Código de Processo
Penal (art. 186). Infere-se das referidas normas que o acusado possui o direito de permanecer em silêncio
ou de não se autoincriminar, sendo que, por ocasião do seu interrogatório, seja ele realizado durante a
instrução processual ou até mesmo extrajudicial, poderá se calar acerca dos fatos criminosos supostamente
imputados, assim como negar a autoria delitiva, sem ensejar apenação criminal ou mesmo valoração negativa
das declarações postas em juízo, que poderá apenas desconsiderá-las no momento de valoração com os
demais elementos de provas juntadas aos autos. As provas produzidas pelo próprio acusado e/ou investigado,
desde que cientificado do seu direito ao silêncio, podem ser utilizadas contra si, não havendo necessidade
de concordância expressa do acusado com o uso do seu padrão de voz para fins de identificação do possível
autor do delito, inexistindo, portanto, violação ao direito a não autoincriminação. Embora a tese da impetração
esteja amparada em precedente do STJ, referido acórdão foi reformado pelo STF, conforme esclarecido no
voto-condutor. No caso, segundo consta das informações prestadas pela autoridade impetrada, o paciente foi
expressamente cientificado do direito ao silêncio e ao de não autoincriminação e, livre de qualquer coação ou
pressão, decidiu continuar o interrogatório policial, respondendo às perguntas do delegado de polícia, não
havendo nulidade a ser declarada neste writ. Unânime. (HC 1012411-53.2024.4.01.0000 – PJe, rel. des. federal
César Jatahy, em 23/07/2024.)
Sexta Turma
Responsabilidade civil do Estado. Intervenção no domínio econômico. Controle de preços de combustíveis. Setor
sucroalcooleiro. Lei 9.478/1997. Indeferimento de prova pericial. Cerceamento de defesa.
O Supremo Tribunal Federal, em sede de repercussão geral (Tema 826), já fixou o entendimento de que
“é imprescindível para o reconhecimento da responsabilidade civil do Estado em decorrência da fixação de
preços no setor sucroalcooleiro a comprovação de efetivo prejuízo econômico, mediante perícia técnica em
cada caso concreto”. No caso concreto, ao rejeitar o requerimento das apelantes de produção de prova pericial,
sob o argumento de que a questão posta em discussão estaria devidamente documentada nos autos, observa-
se que a sentença divergiu da orientação firmada pelo STF a respeito da matéria, em sede de repercussão
geral. Embora o juiz tenha o poder de conduzir o processo de modo eficiente, inclusive indeferindo as
diligências inúteis ou meramente protelatórias (art. 370, parágrafo único, do CPC/2015), não se pode ignorar
que, em observância ao direito fundamental à ampla defesa e ao contraditório (art. 5º, LV, da CF/1988), faz-se
necessário assegurar à parte o direito de produzir as provas que se mostrem essenciais à resolução da lide,
notadamente em casos de elevada complexidade técnica. Assim, na hipótese, em prestígio à tese exarada pelo
STF e à garantia do devido processo legal (art. 5º, LIV, da CF), sem adentrar no mérito do pedido indenizatório,
deve-se reconhecer que a comprovação do dano indispensável à eventual responsabilização da União no
Concurso público. Contratação de mão de obra temporária pela Administração. Terceirização. Atividade-meio.
Preterição arbitrária. Não configuração. Discricionariedade ampla da Administração.
Com o julgamento conjunto das ADIs 5.685, 5.686, 5.687, 5.735 e 5.695 foram extirpadas as duvidas quanto
à discricionariedade da Administração para a contratação de mão de obra temporária para o desempenho de
atividades-meio, sem que isso represente violação ao regime dos concursos públicos. O fato de se contratar
mão de obra temporária não viola a exigência de concursos públicos. Isso, porque referida mão de obra não
obterá o vínculo estatutário com a Administração. Não serão, portanto, servidores públicos, mas trabalhadores
a serviço da Administração a partir do regime de contratação temporária para o exercício de atividades que
não representam a atuação finalística daquele braço da Administração. Exigir a convocação de servidores
hiperqualificados para o exercício de atribuições meio da Administração vai de encontro à legalidade, na
medida em que o art. 10, § 7º, do Decreto-Lei 200/1967 determina que se impeça “o crescimento desmesurado
da máquina administrativa”. Com efeito, o STF, no julgamento do Tema 725 da Repercussão Geral, relativizou
a dicotomia entre atividade-meio e atividade-fim, sem enfrentamento específico e exauriente em relação à
Administração Pública. Assim, pode-se inferir que em relação às atividades-fim, e apenas em relação a elas, é
que se pode falar em situações de preterição arbitrária no âmbito da contratação por parte da Administração.
Precedentes. Unânime. (Ap 1005473-32.2021.4.01.3303 – PJe, rel. des. federal Flávio Jardim, em sessão virtual
de 22 a 26/07/2024.)
Sétima Turma
Certidão negativa de débito. Débito não inscrito em dívida ativa. Possibilidade.
No âmbito deste Tribunal Regional Federal se vislumbra a existência de precedentes jurisprudenciais,
no sentido de que “é possível a expedição de certidão positiva com efeitos de negativa a ente público, quando
se discute a inclusão do débito oriundo de divergências na GFIP em programa de parcelamento, porquanto
não havendo o lançamento do crédito na dívida ativa da União e inexiste presunção de certeza e liquidez do
título, já que a exigibilidade do débito pode ser suspensa”. Assim, não se encontrando os débitos devidamente
inscritos na dívida ativa, não se apresenta como legítima a recusa no fornecimento da certidão requerida.
Unânime. (Ap 0002085-34.2009.4.01.3700 – PJe, rel. des. federal I’talo Fioravanti Sabo Mendes, em sessão
virtual realizada no período de 22 a 26/07/2024.)
Embargos à execução. Direito à compensação do indébito. Restituição. Opção por inscrição do crédito no sistema
de precatórios. Possibilidade. RE 1.420.691 (Tema 1262). Cálculo. Contadoria do juízo. Presunção de legitimidade.
No julgamento do RE 1.420.691 (Tema 1.262 - possibilidade de restituição administrativa do indébito
reconhecido na via judicial por mandado de segurança), sob a sistemática da repercussão geral, o Supremo
Tribunal Federal fixou a seguinte tese: “Não se mostra admissível a restituição administrativa do indébito
reconhecido na via judicial, sendo indispensável a observância do regime constitucional de precatórios, nos
termos do art. 100 da Constituição Federal”. Sobre essa questão, mencione-se que este Tribunal Regional
Federal possui entendimento jurisprudencial no sentido de que “a exegese do Tema 1.262 do STF conduz ao
entendimento de que tanto a repetição do indébito quanto a compensação, realizadas na via administrativa,
violam o regime constitucional dos pagamentos devidos pela Fazenda Pública em decorrência de
pronunciamentos jurisdicionais, de sorte que, seja qual for a opção do contribuinte, é obrigatória a inscrição
do crédito no sistema de precatórios. Unânime. (ApReeNec 0014312-79.2006.4.01.3500 – PJe, rel. des. federal
I’talo Fioravanti Sabo Mendes, em sessão virtual realizada no período de 22 a 26/07/2024.)
Juízo de retratação. Mandado de segurança. Contribuição previdenciária patronal. Incidência sobre o décimo
terceiro proporcional ao aviso prévio indenizado. Precedente do Superior Tribunal de Justiça sob a sistemática dos
recursos repetitivos. Retratação exercida.
O Superior Tribunal de Justiça, em julgamento do REsp 2.006.644/MG, do REsp 2.000.020/MG e do REsp
1.974.197/AM, realizado sob a sistemática de recursos repetitivos, fixou a tese vinculante, no sentido, em síntese,
de que (Tema 1.170): “A contribuição previdenciária patronal incide sobre os valores pagos ao trabalhador a
título de décimo terceiro salário proporcional relacionado ao período do aviso prévio indenizado”. Unânime.
(Ap 0089044-59.2014.4.01.3400 – PJe, rel. des. federal I’talo Fioravanti Sabo Mendes, em sessão virtual realizada
no período de 22 a 26/07/2024.)
Decisão que determina o sobrestamento do feito judicial. Matéria de fundo afetada com a repercussão geral.
Ausência de prejuízo no sobrestamento. Irrecorribilidade.
O Superior Tribunal de Justiça possui jurisprudência no seguinte sentido: “não é cabível a interposição
de recurso contra decisão que determina o sobrestamento do processo para se aguardar o julgamento de
tema repetitivo ou sujeito à repercussão geral, diante da ausência de prejuízo à parte”. O que justificaria o
cabimento, in casu, do agravo interno seriam situações reveladoras de erro ou equívoco na identificação do
tema, o que não se verifica na hipótese dos autos, considerando que a matéria de fundo foi afetada com a
repercussão geral e que há expressa determinação para a suspensão, em todo o território nacional, dos feitos
judiciais que versem sobre a questão referente ao Tema 985. Precedente do STJ. Unânime. (AgIntCiv 1030522-
46.2019.4.01.3400 – PJe, rel. des. federal I’talo Fioravanti Sabo Mendes, em sessão virtual realizada no período
de 22 a 26/07/2024.)
Prescrição. Contribuição previdenciária. Vale-alimentação (pago in natura, tickets alimentação e cartão pré-pago).
Não incidência. Vale-alimentação pago em pecúnia. Incidência. Compensação ou restituição.
O Superior Tribunal de Justiça, no julgamento do Tema 1.164, em sede de recurso repetitivo, firmou
a seguinte tese: “Incide a contribuição previdenciária a cargo do empregador sobre o auxílio alimentação
pago em pecúnia”. O STJ esclareceu que a controvérsia envolve o auxílio-alimentação pago em dinheiro ao
empregado, que pode ser usado para quaisquer outras finalidades que não sejam a de arcar com os gastos
com sua alimentação, não se discutindo, portanto, neste precedente, a natureza dos valores contidos em
cartões pré-pagos fornecidos pelos empregadores, de empresas como Ticket, Alelo e VR Benefícios, cuja
utilização depende da aceitação em estabelecimentos credenciados”. Lado outro, “o auxílio-alimentação
pago in natura não integra a base de cálculo da contribuição previdenciária, esteja ou não a empresa inscrita
no PAT”. Unânime. (Ap 1005799-74.2021.4.01.3502 – PJe, rel. juiz federal Ilan Presser (convocado), em sessão
virtual realizada no período de 22 a 26/07/2024.)
Militar. Fundo de Saúde da Aeronáutica. Alteração do rol de dependentes do Estatuto dos Militares (art. 50). Lei
13.954/2019. Exclusão de irmãos. Irmã pensionista. Reinclusão. Determinação de suspensão pelo STJ. Tema
Repetitivo 1.080. Casos urgentes. Necessidade de prova. Art. 982, § 2º, do CPC.
A Lei 13.954/2019 retirou, do rol de dependentes do militar, para fins de assistência médica e hospitalar,
o irmão, economicamente dependente e coabitante do militar, como antes constava do art. 50, § 3º, da Lei
6.880/1980. Na hipótese, foi prestigiada nos autos do agravo de instrumento, a cautela do julgador a quo em,
antes de emitir juízo sobre o caso, oportunizar a produção de prova, sobretudo pericial médica, para ratificar
a alegação de que a autora é portadora de doença a demandar cuidados médicos e hospitalares, mormente
em situação em que há determinação do STJ, de suspensão de casos tais, para aguardar julgamento do Tema
Repetitivo 1080. A afetação ocorreu ainda em Sessão do STJ, datada de fevereiro de 2021 e, decorridos meses
desde que negada a tutela provisória e sobrestado o feito, mas também vários anos, os casos selecionados
para o Tema 1.080 (Recursos Especiais 1.080.238/RJ, 1.871.942/PE, 1.880.246/RJ e 1.880.241/RJ) não foram
ainda julgados, o que poderia ensejar a concessão da provisoriedade pretendida. Na hipótese, entretanto,
não há nos autos, ainda, provas materiais a respaldarem as alegações iniciais de urgência e risco irreparável,
de modo que, não estando reunidos os elementos previstos nos arts. 300 e 982, § 2º, do CPC, não é possível
excepcionar a suspensão determinada. Unânime. (AgIntCiv 1000805-62.2023.4.01.0000 – PJe, rel. juiz federal
Paulo Roberto Lyrio Pimenta (convocado), em 24/07/2024.)
Servidor público. Motorista. Diárias. Verba indenizatória. Direito à incorporação. Impossibilidade. Responsabilidade
civil. Inexistência de ato ilícito.
No caso, servidor público (motorista) objetiva a incorporação à sua remuneração do valor que recebia a
título de diárias, antes de seus serviços serem substituídos por empregados de empresa terceirizada. Sustenta
o seu direito com fundamento na previsão constitucional que impede a irredutibilidade salarial, bem como
no art. 457, § 1°, da CLT, que determina a integração das diárias realizadas ao salário mensal. No entanto,
o pagamento de diárias tem caráter de eventualidade ou transitoriedade no afastamento do servidor do
seu local de trabalho e, mais, faz-se necessário que esse afastamento tenha se dado em razão de serviço da
Administração. Nessa conformação, as diárias não podem ser incorporadas aos vencimentos, sob pena de
violação ao princípio da legalidade. Unânime. (ApReeNec 0002171-47.2015.4.01.4200 – PJe, rel. juiz federal
Paulo Roberto Lyrio Pimenta (convocado), em 24/07/2024.)
Servidor público. Aposentadoria especial. Oficial de justiça. Ausência de regulamentação do art. 40, § 4º, da CF.
Aplicação do art. 57, da Lei 8.213/1991 ao RPPS. Entendimento do STF (MI 834). Ausência de comprovação da
efetiva nocividade.
Segundo a jurisprudência do STF, a omissão legislativa na regulamentação do art. 40, § 4º, da Constituição,
deve ser suprida mediante a aplicação das normas do Regime Geral de Previdência Social prevista na Lei
8.213/1991, art. 57. Na hipótese, o direito foi especificamente reconhecido pelo STF no julgamento do MI 834/
DF, em que concedida em parte a segurança, para reconhecer o direito dos substituídos pelo impetrante, de
terem os seus pleitos analisados pela autoridade administrativa competente, à luz do art. 57 da Lei 8.213/1991,
considerada a falta do diploma regulamentador a que se refere o art. 40, § 4º da Constituição Federal.
Nesse sentido, nos moldes do art. 57, da Lei 8.213/1991, para obtenção de aposentadoria especial, além do
cumprimento da carência exigida, mister que o labor tenha ocorrido em condições prejudiciais à saúde ou à
integridade física, de modo habitual, não intermitente, o que não restou comprovado nos autos. Ademais, a
mera percepção de gratificações ou adicionais de periculosidade, não enseja a obtenção de aposentadoria
especial aos oficiais de justiça. Assim, destaca-se que a GAE não foi criada como adicional de insalubridade,
periculosidade ou atividades penosas (art. 68 da Lei 8.112/1990), ou seja, não é propriamente baseada na
atividade de risco e nas condições externas de trabalho, mas, uma vez instituída pela Lei 11.416/2006, é
devida a todos os ocupantes dos cargos dos analistas judiciários - área judiciária cujas atribuições estejam
relacionadas com a execução de mandados e atos processuais de natureza externa”. Unânime. (Ap 0069930-
42.2011.4.01.3400 – PJe, rel. juiz federal Paulo Roberto Lyrio Pimenta (convocado), em 24/07/2024.)
Pensão por morte. Filha maior inválida. Lei 3.807/1960. Decreto 89.312/1984. Cessação do benefício em decorrência
do casamento. Modificação da condição financeira pelo casamento. Não ocorrência.
O direito à percepção do benefício de pensão por morte rege-se pela legislação previdenciária vigente
na data do falecimento do pretenso instituidor da pensão, sendo aplicável a máxima do tempus regit actum
(Súmula 340 do STJ). In casu, o falecimento do instituidor do benefício se deu em 14/6/1986, época que em
vigoravam a Lei 3.807/1960 e o Decreto 89.312/1984. A pensão fora concedida à autora em razão de sua
condição de dependente de seu genitor, tratando-se de filha maior e inválida, sendo mantida desde o óbito até
28/5/2019, ocasião em que fora cessado, unicamente, em razão do INSS ter tomado conhecimento que a autora
contraiu casamento em 1999, ao fundamento de que a autora teria perdido sua qualidade de dependente do
Contaminação pelo Césio 137. Pensão vitalícia. Lei 9.425/1996. Demonstração da relação de causa e efeito entre
a contaminação e o evento danoso. Imprescindibilidade. Constatação de percebimento do benefício. Ausência de
interesse processual. Litigância de má-fé. Necessidade de demonstração do propósito deliberado de causar dano
processual. Precedente do STJ.
De acordo com precedente desta Turma, “é necessária a existência de algum elemento indiciário a
permitir o reconhecimento do nexo de causalidade entre as enfermidades apontadas pelo autor e qualquer
espécie de contato indireto com a radiação proveniente de Césio 137”. No caso, a existência de laudo pericial da
Secretaria de Estado da Saúde de Goiás, nos termos do qual não há demonstração de que a parte interessada
tenha sofrido contaminação pelo Césio 137, e que tal contaminação tenha provocado alterações orgânicas ou
psicológicas, impede o percebimento da pensão vitalícia de que trata a Lei 9.425/1996. A constatação de que
uma das partes já percebe o benefício, cuja concessão se postula, impede o deferimento do pleito, por notória
ausência de interesse processual. E, embora a parte tenha aduzido que o benefício lhe foi concedido no ano
de 2008, e que a sua pretensão seria apenas pelo recebimento dos valores apurados a partir da contaminação,
tal pleito não integrou a petição inicial, pelo que a sentença está correta quanto à ausência de interesse de
agir. Não obstante uma das partes apelantes já percebesse o benefício, e tenha ocultado tal circunstância,
não é possível inferir, ipso facto, a sua efetiva intenção de fraudar o juízo, por alteração da verdade dos
fatos, tampouco o propósito de causar dano, eis que tal ilação dependeria de provas específicas, consoante
precedente do Superior Tribunal de Justiça. Unânime. (Ap 1004403-73.2018.4.01.3500 – PJe, rel. des. federal
Rafael Paulo, em sessão virtual realizada no período de 22 a 26/07/2024.)
Incra. Certificação de georreferenciamento. Gleba matriz. Ausência de certificação. Gleba menor objeto de ocupação
de terras públicas. Impossibilidade de certificação de peças técnicas relativas à gleba menor.
Hipótese em que se debate a possibilidade de expedição de certificação de georreferenciamento de
imóvel rural, cuja área está contida em gleba-matriz ainda não georreferenciada. Sem a certificação regular da
gleba matriz não é possível certificar as peças técnicas de georreferenciamento referentes à gleba menor, sob
pena de causar superposições de áreas e desencontros quantos aos precisos limites de cada propriedade. A
certificação do título de domínio somente será possível se a matrícula originária da gleba estiver certificada.
Ausente a certificação da gleba matriz, impossível certificar as peças técnicas de georreferenciamento
referentes à gleba menor, com grave risco à credibilidade do sistema geodésico de demarcação. Precedente
desta Turma. Unânime. (Ap 0005225-40.2009.4.01.4100 – PJe, rel. des. federal Rafael Paulo, em sessão virtual
realizada no período de 22 a 26/07/2024.)
Ação civil pública. Terras tradicionalmente ocupadas por indígenas. Processo de identificação e demarcação.
Legitimidade da União configurada. Implementação de políticas públicas. Precedente do Supremo Tribunal
Federal. Violação ao princípio da separação dos poderes. Não ocorrência. Prazo do art. 67 do Ato das Disposições
Constitucionais Transitórias (ADCT). Não observância. Cláusula da reserva do possível. Inaplicabilidade.
Reconhecimento de mora ou omissão administrativa. Princípio da razoável duração do processo. Obrigação de
fazer. Imposição de prazo para conclusão do procedimento. Cabimento.
Esta Turma já decidiu sobre a possibilidade de o Poder Judiciário impor prazo máximo para conclusão de
processos de demarcação de terras ocupadas por remanescentes de quilombos, decisão cujos fundamentos,
por analogia, podem ser aplicados no caso de demarcação de terras indígenas, como se observa do seguinte
trecho da ementa do julgado: “a Administração Pública deve observar prazos razoáveis para a instrução e
conclusão dos processos administrativos identificação, reconhecimento e titulação de terras ocupadas
por comunidades remanescentes de quilombos, não se admitindo a perpetuação desses procedimentos
administrativos para que se tornem, na prática, meio estatal para negar vigência à Constituição ou instrumento
de violação dos direitos fundamentais dessas populações”. Desta feita, a existência de processo administrativo
instaurado para demarcação da terra indígena Guanabara (Riozinho do Laço), que se prolonga há mais de
vinte anos, caracteriza demora excessiva, em afronta ao exercício pleno do direito de os povos indígenas
ocuparem suas terras tradicionais, bem como ofensa ao princípio da razoável duração do processo, com os
meios que garantam a celeridade de sua tramitação, no âmbito judicial e administrativo (inciso LXXVIII do
art. 5º da Constituição Federal). Unânime. (Ap 0006441-62.2014.4.01.3000 – PJe, rel. des. federal Rosana Noya
Alves Weibel Kaufmann, em sessão virtual realizada no período de 22 a 26/07/2024.)
Programa de parcelamento. Benefício fiscal com normas preestabelecidas. Consolidação do débito. Lei 12.249/2010.
Condições de adesão ao Refis. Descumprimento. Declaração de inexistência de ação judicial. Portaria 395/2013 da
AGU.
A Lei 12.249/2010, ao instituir o programa de parcelamento extraordinário, estabeleceu, no § 16 do
seu art. 65, que a opção pelo parcelamento caracteriza confissão irretratável e irrevogável dos débitos. A
Portaria 395/2013, que a regulamentou, previu a necessidade de apresentação de “declaração de inexistência
de ação judicial contestando o crédito ou de embargos opostos, ou, na existência desses, de sua desistência
e da renúncia do direito”, e, no caso de créditos não constituídos, “declaração de inexistência de recurso ou
impugnação administrativa contestando o crédito, ou, na existência desses, de sua desistência e da renúncia
do direito, devidamente comprovadas por meio de cópia da petição protocolizada no âmbito administrativo”.
Assim, a jurisprudência firmou entendimento no sentido de que o contribuinte, ao aderir ao programa de
parcelamento especial, como o Refis e o Paes, aceita todas as condições estabelecidas pela lei que o instituiu,
dependendo, ainda, sua adesão, de confissão irrevogável e irretratável dos débitos fiscais. Precedentes do STJ
e deste Tribunal. Unânime. (ApReeNec 1001445-94.2016.4.01.3400 – PJe, rel. des. federal Jamil Rosa de Jesus
Oliveira, em sessão virtual realizada no período de 19 a 26/07/2024.)
Sentença em consonância com a jurisprudência desta Corte Regional e do Superior Tribunal de Justiça.
A sentença concessiva proferida em mandado de segurança submete-se à força da remessa necessária,
conforme estabelece o art. 14, § 1º, da Lei 12.016/2009. Na hipótese, a sentença concedeu a segurança,
para determinar que a Fazenda Nacional se abstenha de exigir tributos PIS, Cofins, IRPJ e CSLL, sobre verbas
denominadas “taxas de serviço” ou “gorjetas”, recebidas nas notas fiscais/faturas e destinadas à distribuição
entre os empregados. De acordo com a jurisprudência do STF e do STJ, as gorjetas, independentemente de
serem cobradas compulsória ou opcionalmente na nota de serviço, têm natureza salarial (art. 457 da CLT), não
constituindo renda, faturamento ou lucro para o estabelecimento, de sorte que, sobre ela, não deve incidir PIS,
Cofins, CSLL e IRPJ”. Unânime. (ReeNec 1079559-03.2023.4.01.3400 – PJe, rel. juz federal Rafael Lima da Costa,
em sessão virtual realizada no período de 19 a 26/07/2024.)