ACTUAL Tagawinse - RELATORIOO
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Faculdade de Direito
Licenciatura em Direito
4o Ano
Discente: Docente:
Beira
2022
UNIVERSIDADE ZAMBEZE
Faculdade de Direito
Licenciatura em Direito
4o Ano
Na Universidade Zambeze
___________________________________________ Docente:
Msc. Tamele
Beira
2022
Índice
I. INTRODUÇÃO ............................................................................................................ 4
1.1. Problematizacao......................................................................................................... 6
3.1.2. Titularidade........................................................................................................... 15
3.2. Conteúdo.................................................................................................................. 17
V. CONCLUSÃO ........................................................................................................... 25
I. INTRODUÇÃO
Quanto aos objectivos do relatorio, constitui objectivo geral deste trabalho fazer uma
análise sobre a dinâmica de uso e aproveitamento de terras nas zonas rurais face aos
investimentos estrangeiros no Ordenamento Jurídico Moçambicano. No que diz respeito
aos objectivos específicos pretende-se: Identificar as causas que propiciam a
discrepância de oportunidades no acesso e aproveitamento da terra nas zonas rurais;
Analisar até que ponto as políticas do governo têm atenção à protecção dos mais
desfavorecidos nas zonas rurais; Identificar medidas a serem tomadas para que a
desigualdade no acesso à terra nas zonas rurais seja revertida.
1.1. Problematizacao
e local), assim como para a sociedade como um todo. Por se tratar de um recurso base
ou fundamental para constituição de qualquer riqueza, a procura por este recurso por
vários segmentos da sociedade tem crescido muito, principalmente em áreas rurais.
Por seu turno, a deficiente e ineficaz gestão e administração da terra pelo Estado,
sobretudo no que se refere à atribuição do Direito de Uso e Aproveitamento de Terra
(DUAT) e à defesa do Direito da população à terra, tem sido largamente estudada e
denunciada. No entanto, os conflitos de terra, na sua grande maioria entre comunidades
rurais e grandes projectos de investimento, permanecem sem resolução. Em 2011, a
Justiça Ambiental (JA) e a União Nacional de Camponeses (UNAC) lançaram um
estudo “Os senhores da Terra”, que apresentava uma série de projectos de investimento
com conflitos de terra com as comunidades locais. Estas e outras evidências foram
submetidas ao Estado, mas, grande parte destes mantêm-se e outros tantos surgiram. A
JA, e várias organizações têm denunciado estes casos e têm exigido a intervenção do
Estado na resolução dos mesmos, inclusive através dos tribunais. No entanto, é evidente
a inacção do Estado e a protecção dos interesses dos grandes investimentos estrangeiros
em detrimento dos direitos das comunidades locais.
1.2. Metodologia
• Os “prédios de rendimento ou parte deles” (art. 6. °, n.º 1), “todos os edifícios que,
sendo destinados a habitação ou outros fins, designadamente comércio, indústria ou
agricultura, não sejam ocupados pelos proprietários ou usufrutuários” (art. 6. °, n.º
2).
O movimento começou com o Decreto n.º 12/90, de 4 de Julho. Este, no seu art.
1, °, veio impor o registo de toda a propriedade imobiliária do Estado resultante de
A terra, expressão cujo sentido jurídico melhor precisaremos adiante, não pode
ser afectada nos termos do direito de propriedade, de um direito subjectivo de exclusivo
no aproveitamento e na disposição e oneração da coisa. O art. 109. ° CRM declara que
“A terra é propriedade do Estado” e que está fora do comércio jurídico da
transmissibilidade, não devendo ser “vendida, ou por qualquer outra forma alienada,
nem hipotecada ou penhorada”. No entanto, admite-se uma afectação privada da terra
que seja um “meio universal de criação da riqueza e do bem-estar social” de “todo o
povo moçambicano” no dizer do art. 110. ° CRM: o direito de uso e aproveitamento da
terra (DUAT). Cabe ao Estado determinar as condições de uso e aproveitamento da terra
(art. 110. ° n.º 2 CRM). Actualmente, é o seguinte o leque de legislação avulsa em
matéria de direitos reais, ao lado do Código Civil e do Código de Registo Predial.
A terra tem uma conotação muito profunda para os povos africanos. A terra não
só simboliza a fertilidade e a vida, mas também o local sagrado que pertenceu e onde
viveram e morreram seus antepassados. Por isso, cada membro da aldeia tem uma
ligação muito forte com a terra, não com qualquer terra, mas a dos seus antepassados1.
Antes da nova lei um dos maiores conflitos que decorre do DUAT deriva de
factores tais como as insuficiências de legislação em vigor, a situação precária a que se
relegou a autoridade tradicional na altura da socialização do campo e, acima de tudo, a
proximidade de infra-estruturas sociais e económica.
Ainda de acordo com o mesmo autor, as comunidades estão protegidas por leis.
Contudo, o que muitas das vezes acontece é que esses mecanismos “são mal aplicados,
o que leva a que pareça que do ponto de vista do Estado não haja medidas protectoras
dos interesses das pessoas mais fracas nessas relações contratuais ao nível da entrada de
investimento privado estrangeiro”.
3.1.2. Titularidade
• Sendo pessoas singulares, desde que residam há pelo menos cinco anos na
República de Moçambique;
• Se for para habitação própria ou para exploração familiar por pessoa singular
nacional não tem prazo.
Em qualquer caso não está sujeito a prazo o DUAT adquirido por ocupação
pelas comunidades locais.
Mas este sistema do art. 1306. ° CC permite os tipos abertos, pois pode apurar-
se se, em relação a um dado direito real legalmente previsto, os interessados apenas
podem aderir ao quadro legal previsto ou se este é maleável, porque apresenta normas
supletivas. Ora, se em relação a certos direitos reais de gozo, como o usufruto (art.
1445. ° CC), as partes podem, em maior ou menor grau, apurar a sua configuração final
por via de normas supletivas já quanto ao DUAT não se vislumbra essa possibilidade. E
que parecem não existir normas supletivas na LT e nos seus regulamentos e, em
especial, o titular do DUAT não poderá negociar com o Estado o conteúdo do direito:
pode determinar a finalidade pela formulação de um plano de exploração, mas não os
direitos e deveres. Ou seja: o DUAT não é passível de estipulações contratuais. Por
isso, o tipo do DUAT tem carácter fechado, sem prejuízo da intervenção do
interessado ao formular o plano de exploração.
Por outro lado, ficam de fora do âmbito da tipicidade imposta pelo art. 1306. °
CC as categorias de vicissitudes por que o direito real pode passar: constituição,
modificação, transmissão, extinção e, bem assim, os factos jurídicos concretos, os
negócios jurídicos de que essas vicissitudes derivam. Por exemplo, o art. 1306. ° CC
não impede as partes de pretenderem constituir direitos reais usando de formas
contratuais atípicas, essa é uma questão obrigacional. O que pretende é o que o efeito
real se coadune com o quadro de tipos legais. Ora, este aspecto não se verifica nos
mesmos termos com o DUAT.
O legislador criou para este direito uma tipicidade reforçada ao fixar de modo
taxativo os factos jurídicos de constituição do direito (art. 12. ° LT), transmissão do
direito (art. 16. °, nºs 1 e 4 LT) e extinção do direito (art. 17. ° LT). Estas normas, ao
contrário das normas congéneres do Código Civil, pretendem não ser exemplificativas.
3.2. Conteúdo
plantação ou obra sua em solo do Estado, consoante seja um prédio rústico ou urbano (o
art. 1524. ° CC). Ou seja: a terra é usada e aproveitada através da implantação ou da
manutenção de uma plantação ou obra e ao, mesmo tempo, o titular do DUAT tem o
direito de propriedade sobre as coisas que plantar ou construir sobre o solo.
De acordo com o art. 1251. ° CC, a posse é o “poder que se manifesta quando
alguém actua por forma correspondente ao exercício do direito de propriedade ou de
outro direito real”. No que aos direitos reais de gozo diz respeito a posse é
manifestação externa do conteúdo de direitos reais de gozo, e do gozo e fruição. A
posse é, assim, uma situação de facto: o próprio aproveitamento material da coisa. O
direito de uso e aproveitamento, sendo um direito real de gozo, confere, por isso, posse.
A função social que está associada à titularidade do direito real traduz-se, por
vontade do legislador, em alguns aspectos do regime dos direitos reais. O direito de uso
e aproveitamento está imbuído fortemente pela ideia de função social: o direito de uso e
Além disso, a Lei de Terras, no seu art. 12. °, al. b) favorece aquele que de facto
fez uso do solo em detrimento de quem o abandonou ao admitir a aquisição do DUAT a
favor das pessoas singulares que, de boa-fé, a tenham utilizado, ou seja, efectiva e
continuamente explorado, há, pelo menos, dez anos. Trata-se de um prazo mais curto
que o prazo normal de 15 anos para a usucapião de imóveis de boa-fé e sem registo, art.
1294. °, al. a) CC.
Levantei alguns factores durante minha pesquisa que determinam as causas dos
conflitos de terra em Moçambique, agrupando-os em geográfico, político, económico,
jurídico e institucional:
Este processo de deslocação dos camponeses de uma região para outra fez surgir
um outro problema que ocorre principalmente no momento de regresso e
reassentamento da população deslocada, o que também provocou a eclosão dos conflitos
de terra.
Os conflitos de terra nem sempre se mostram abertos. A maior parte deles, até
aparecem de forma camuflada, mas são tão nefastos que podem contribuir para criar um
mau ambiente ao desenvolvimento. O processo de concessão de espaços pelos serviços
distritais de planificação e infra-estruturas é feito de acordo com o Regulamento da Lei
de Ordenamento do Território (Decreto no 23/2008, de 1 de Julho).
Esta forma de acesso à terra tem sido problemática devido a sua morosidade,
repelindo deste modo maior parte dos que procuram parcela no distrito em geral,
levando-os a efectuar contactos com os antigos moradores que os vendem as parcelas
que necessitam.
A concorrência pelo acesso à terra, sobretudo nas zonas comercial dos distritos,
constitui o principal eixo de conflitualidade quer no seio de uma mesma família (intra-
familiar), quer entre famílias diferentes (inter-familiar). Nas comunidades rurais o
conflito intra-familiar acontece em muitos casos entre tios e sobrinhos, podendo em
determinadas situações envolver os filhos dentro da mesma família (homens e
mulheres).
Também compreende-se que uma das maiores causas de conflito de terra está
relacionada com a ausência de plano geral de urbanização do distrito devido à falta de
V. CONCLUSÃO
8. Penha Gonçalves, Curso de Direitos Reais, 112-113; Carvalho Fernandes, idem, 80.
Legislação
• Codigo Civil
as de intervenção.