Luana Silva-Silva

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ

INSTITUTO DE GEOCIÊNCIAS
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM GEOLOGIA E GEOQUÍMICA

DISSERTAÇÃO DE MESTRADO

GEOLOGIA E GEOQUÍMICA DOS GRANITOIDES


MESOARQUEANOS DA PORÇÃO NOROESTE DO DOMÍNIO
RIO MARIA DA PROVÍNCIA CARAJÁS:
INDIVIDUALIZAÇÃO E CONTEXTO TECTÔNICO DAS
ROCHAS DA ÁREA DE TUCUMÃ (PA)

Dissertação apresentada por:

LUANA CAMILE SILVA SILVA


Orientador: Prof. Dr. Davis Carvalho de Oliveira (UFPA)

BELÉM-PARÁ
2019
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) de acordo com ISBD Sistema de Bibliotecas da
Universidade Federal do Pará
Gerada automaticamente pelo módulo Ficat, mediante os dados fornecidos pelo(a) autor(a)

S586g Silva Silva, Luana Camile


Geologia e Geoquímica dos Granitoides Mesoarqueanos da
Porção Noroeste do Domínio Rio Maria da Província Carajás:
individualização e contexto tectônico das rochas da área de Tucumã (PA) /
Luana Camile Silva Silva. — 2019.
xviii,79 f. : il. color.
Orientador(a): Prof. Dr. Davis Carvalho de Oliveira
Dissertação (Mestrado) - Programa de Pós-Graduação em
Geologia e Geoquímica, Instituto de Geociências, Universidade Federal do
Pará, Belém, 2019.
1. Granitoide. 2. Arqueano. 3. Geoquímica. 4. Província
Carajás. 5. Cráton Amazônico. I. Título.

CDD 551.909811
Universidade Federal do Pará
Instituto de Geociências
Programa de Pós-Graduação em Geologia e Geoquímica

GEOLOGIA E GEOQUÍMICA DOS GRANITOIDES


MESOARQUEANOS DA PORÇÃO NOROESTE DO DOMÍNIO
RIO MARIA DA PROVÍNCIA CARAJÁS:
INDIVIDUALIZAÇÃO E CONTEXTO TECTÔNICO DAS
ROCHAS DA ÁREA DE TUCUMÃ (PA)

DISSERTAÇÃO APRESENTADA POR:

LUANA CAMILE SILVA SILVA

Como requisito parcial à obtenção de Grau de Mestre em Ciências na Área de


GEOQUÍMICA E PETROLOGIA, Linha de Pesquisa Petrologia e Evolução Crustal

Data de Aprovação: ____/____/______

Banca Examinadora:

_____________________________________________________
Prof. Dr. Davis Carvalho de Oliveira
(Orientador – UFPA)

_____________________________________________________
Profa. Dra. Luana Moreira Florisbal
(Membro – UFSC)

_____________________________________________________
Prof. Dr. José de Arimatéia Costa de Almeida
(Membro – UNIFESSPA)
iv

Dedico a meus admiráveis pais,


Iracelir Silva e José Roberto
v

AGRADECIMENTOS

O presente trabalho foi realizado com apoio da Coordenação de Aperfeiçoamento de


Pessoal de Nível Superior – Brasil (CAPES) – código de financiamento 001.
A realização deste trabalho de pesquisa só se fez possível em razão da colaboração e
incentivo de algumas pessoas e instituições. Registro aqui meus sinceros agradecimentos:
Primeiramente à Universidade Federal do Pará (UFPA), ao Instituto de Geociências e
ao Programa de Pós-graduação em Geologia e Geoquímica (PPGG) pela oportunidade,
infraestrutura e suporte técnico. Agradeço também à Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-
Graduação (PROPESP/UFPA) pelo apoio financeiro.
Ao orientador prof. Dr. Davis Carvalho de Oliveira, primeiramente, pela confiança e
por segundo, pelo compartilhamento de conhecimento, pela paciência e por toda dedicação no
processo de formação de seus alunos.
Aos professores do PPGG, pela disponibilidade e aprendizados. E aos professores
revisores deste trabalho, Luana Florisbal (UFSC) e José de Arimatéia (UNIFESSPA), pelas
críticas e valiosas considerações.
Aos funcionários da secretaria do programa de pós-graduação, em especial à Cleida
Freitas e Joanicy Maciel Lopes pela assitência nas questões administrativas.
Ao Laboratório de laminação da UFPA, nas figuras dos técnicos Joelma Lobo e
Bruno Fernandes, pela atenção durante a preparação das lâminas petrográficas.
Aos colegas, membros do Grupo de Pesquisa Petrologia de Granitoides (GPPG) do
Instituto de Geociências da UFPA, pelas contribuições: Bhrenno Marangoanha, Fernando
Fernandes, Jean Machado e Luciano Ribeiro. Agradeço em especial aos amigos geólogos
Diwhemerson Barbosa e Williamy Felix pela amizade e pelo suporte na etapa de campo e
desenvolvimento da dissertação.
Ao meu namorado, Geólogo Roberto Araújo, que pela segunda vez demonstrou sua
compreensão e parceria. Obrigada pelos sábios conselhos e pelo respeito profissional, seu
apoio foi fundamental.
Aos meus familiares: minhas inspiradoras avós Maria Lúcia e Rita Queiroz (in
memorian) e meus finados avôs Luiz Gonzaga e Irineu da Silva; a meu irmão Márcio
Fabrício, por todo carinho e ao meu pai Márcio Luiz. Sobretudo gostaria de agradecer a meus
pais, Iracelir Silva e Roberto Broni, por me concederem o privilégio de seguir meu sonho na
área da pesquisa. Meu pai Roberto Broni, por toda a dedicação para com a minha educação e
vi

formação pessoal. Minha amada e excepcional mãe que segue sendo minha grande motivação
e meu pilar. Agradeço aos dois.
Sendo assim, sou profundamente grata a todas as pessoas que cooperaram de alguma
maneira com conclusão desta dissertação.
vii

“Basically, I have been compelled by curiosity.”


Mary Leakey
viii

RESUMO

A Província Carajás (PC) representa o maior núcleo Arqueano preservado do Cráton


Amazônico. A área de Tucumã está inserida na porção noroeste do Domínio Rio Maria
(DRM), próximo ao limite tectônico com o Domínio Carajás, e é marcada pela ocorrência de
diferentes tipos de granitoides de idade mesoarqueana. Este estudo trata da discriminação e
individualização dos granitoides desta área, a qual segundo estudos anteriores (de escala
regional) é dominada pela Suíte Rio Maria, por rochas do Complexo Xingu e metamáficas
pertencentes às sequências greenstone belts. A partir de dados obtidos no mapeamento
geológico em escala de detalhe (1:50.000), verificou-se que o quadro geológico da área de
Tucumã é mais diversificado e complexo. Com isso, a unidade mais expressiva na área de
Tucumã passa a ser representada pelas rochas leucomonzograníticas de alto-K que formam
um batólito associado a pequenas intrusões granitoides de naturezas diversas. Tais intrusões
ocorrem na forma de sigmoides, controladas por zonas de cisalhamentos anastomosadas de
direção NE-SW e E-W. A discriminação geoquímica destes corpos levou ao reconhecimento
de cinco grupos: i) Leucomonzogranito alto-K; ii) Granitos alto-HFSE, subdivididos em
médio-Ba e alto-Ba; iii) Granodiorito Pórfiro médio-K; iv) Granodiorito alto-Mg; e v)
Tonalito. Tais granitoides apresentam afinidade com a série cálcio-alcalina, excetuando-se a
unidade tonalítica que seguem o trend trondhjemítico de afinidades TTG. Esta é composta por
rochas magnesianas de baixa razão K2O/Na2O, que também se diferenciam das demais
intrusões por conta de seu padrão estrutural N-S mais antigo, coincidente com aquele
encontrado nas rochas metamáficas (sequência greenstone belt). O padrão ETR destas rochas
é moderadamente fracionado (média razão La/Yb e Sr/Y) com ausência de anomalia negativa
de Eu (típico de granitoides TTG). Tais características são afins daquelas atribuídas às rochas
do Trondhjemito Mogno de média razão La/Yb. Dentre as unidades cálcio-alcalinas, o
Granodiorito Pórfiro médio-K difere dos demais pelo caráter magnesiano e maior
enriquecimento em Na2O (moderada razão K2O/Na2O), o que demonstra certa afinidade com
as suítes TTG. No entanto, o Granodiorito Pórfiro médio-K possui maiores teores de Ba, K e
Th em relação as rochas de composição TTG, indicando fortes semelhanças com as chamadas
suítes TTGs Transicionais ou Enriquecidas do Cráton Yilgarn. Sua origem estaria relacionada
à fusão de uma crosta heterogênea com intercalação de basaltos enriquecidos e rochas
félsicas, enquanto que a unidade tonalítica seria produto da fusão parcial de uma fonte máfica
hidratada (metabasaltos). Os Granodioritos de alto-Mg ocorrem de maneira restrita,
distinguem-se por serem mais enriquecidos em Sr e elementos mantélicos (Mg, Cr e Ni), e
ix

empobrecidos em ETRP em relação aos demais granitoides. Estas características assinalam


fortes afinidades com as suítes sanukitoides (Granodiorito Rio Maria), ligados à fusão parcial
do manto metassomatizado em altas profundidades. Os granitos alto-HFSE (médio- e alto-Ba)
compartilham características geoquímicas com as Suítes Sanukitoide e Leucomonzogranito
alto-K, semelhantes aos Granitos Híbridos do Cráton Dharwar (tipo-Closepet). Estas suítes
podem representar a atuação de processos de interação em diferentes graus (mingling ou
mixing) na crosta média, entre líquidos crustais (tonalitos/metassedimentos) e magmas
diferenciados do manto enriquecido. Já o Leucomonzogranito alto-K representa o grupo de
rochas mais evoluído da região, onde o enriquecimento em LILEs (Ba, K e Rb) e anomalia
negativa de Eu indicam processos de retrabalhamento de uma crosta félsica (provavelmente
tonalítica) antiga em níveis crustais intermediários (transição crosta rúptil-dúctil). Esta
unidade apresenta fortes afinidades com o Granito Xinguara do DRM. A variedade tonalítica
também se distingue das demais por apresentar maior grau de deformação, contrastando com
o padrão estrutural dos granitoides cálcio-alcalinos que registram uma deformação incipiente
a moderada, com desenvolvimento de uma foliação tectônica WNW-ESSE, tornando-se mais
intensa nas porções afetadas pelas zonas de cisalhamento. As texturas observadas (manto-
núcleo e microcracks) indicam a atuação de processos deformacionais durante a cristalização
do magma sob altas temperaturas (>500ºC), típico de granitoides sintectônicos. Granitoides
pouco deformados apresentam evidências de recristalização dinâmica em temperaturas abaixo
de 400ºC. De acordo com o modelo adotado para a porção sul do DRM, os granitoides da área
de Tucumã representam duas fases de magmatismo. A primeira fase (2,98 -2,92 Ga) está
relacionada à formação de uma crosta TTG a partir de fusão de um platô oceânico ou crosta
máfica espessada, com fusão em diferentes níveis crustais e metassomatização do manto por
magmas TTG. A segunda fase de magmatismo (~2.87 Ga) se inicia a partir de eventos termais
(slab breakoff, delaminação ou plumas) que fundem o manto metassomatizado com produção
de magmas sanukitoide e granitos híbridos, que ao se alojarem na base da crosta servem como
fonte de calor para a fusão das rochas sobrejacentes (geração de granitos alto-K).

Palavras-chave: Granitoide. Arqueano; Geoquímica. Província Carajás. Cráton Amazônico.


x

ABSTRACT

The Carajás Province (CP) represents the largest preserved Archaean core of the Amazonian
Craton with worldwide correspondents. Thus the Tucumã área, located in the northwest
portion of the Rio Maria Domain (RMD) near the tectonic border with the Carajás Domain
(CD), is marked by the occurrence of mesoarchean age granitoids. This study deals with the
discrimination and characterization of this region granitoids which according to the regional
studies is dominated by the Rio Maria suíte, by Xingu Complex rocks and metamafics of the
greenstone belts sequences. However since data obtained in this work with geological
mapping in detailed scale showed that the geological framework of Tucumã is much more
diverse and complex. So that contrary to previous studies the most expressive unit in the
region are high-K leucomonzogranites rocks that occur as a large plúton. Associated to this
pluton small enclaves of granitoids of various compositions are presente in the form of lenses,
controlled by NE-SW and E-W anastomosed shear zones. These bodies distinction led to the
recognition of five groups: i) high-K Leucomonzogranite; ii) high-HFSE Granites subdivided
into medium- and high-Ba; iii) porphyry médium-K Granodiorite; iv) high-Mg Granodiorite;
and v) high-Na Tonalite. The granitoids have affinity with the calc-alkaline series, other than
high-Na tonalites which follow the trondhjemitic trend with TTG affinities. The latter refers
to magnesian granitoids Na2O rich (low K2O/Na2O ratio) which also differ from the others
due to the N-S structural pattern often found in greenstone belt sequence, associated with an
older tectonic in the region. The moderately fractionated REE patterns (medium La/Yb and
Sr/Y ratios) and absence or small negative Eu anomaly typical of TTGs, are features similar
to those of médium La/Yb ratio Mogno trondhjemite. With regard to the calc-alkaline units
the porphyry médium-K granodiorites differ from the others by the magnesian feature and
higher enrichment in Na2O (médium K2O/Na2O ratio) which set forth a resemblance to the
TTG suites. However the médium-K granodiorites have higher levels of Ba, K and Th than
TTG composition rocks, indicating strong similarities to the so-called transitional or enriched
TTG suites. The small differences in the geochemical pattern of these two units are related to
changes in the source, where the TTGs (high-Na tonalites) would be the product of the partial
melting of a hydrated mafic source (metabasalts), on the other hand the transitional TTGs
(porphyry médium-K granodiorite) would originate from melts of a heterogeneous crust with
intercalation of enriched basalts and felsic layers. The high-Mg granodiorites occurs in a
restricted way in Tucumã identified only in two outcrops. They are distinctly more enriched in
Sr and mantle elements (Mg, Cr and Ni) and impoverished in HREE regarding the other
xi

granitoids. These features show strong affinities with the sanukitoides suites (Rio Maria
Granodiorite) linked to the partial deep melting of the metassomatized mantle. The high-
HFSE Granites (medium- and high-Ba) share geochemical characteristics with both the
sanukitoide suite and the high-K leucogranites suíte similar to Hybrid granites like the
Closepet-type. These suites represent different degrees of interaction processes (mingling or
mixing), in the middle crust between crustal melts (tonalites/metassediments) and enriched
mantle differentiated melts. Whilst the high-K leucomonzogranites represent the most evolved
rocks in the region, where its enrichment in LILEs (Ba, K and Rb) and presence of the
negative Eu anomaly indicates crustal reworking processes of an ancient felsic (tonalitic)
crust at intermediate crustal levels. This unit has affinities with tha Xinguara and Mata Surrão
granites. Regarding the deformation pattern, the rocks with the highest degree of deformation
are the high-Na tonalities, in the other units this pattern is only identified in the portions
where the shear zones are located. The observed textures (mantle-core and microcracks
textures) suggest the operation of deformation processes during the magma crystallization
typical of sintectonic granitoids under high temperature conditions (>500ºC). Less deformed
granitoids present evidence of dynamic recrystallization at temperatures below 400°C. Thus,
in RMD two phases of magmatism are identified, being the first one (2,98-2,92 Ga) related to
a subduction setting under an oceanic plateau or a thickened mafic crust with melting at
different crustal levels (crust root and slab), and mantle metassomatization by TTG melts and
fluids. The second phase (~2.87 Ga) starts from thermal events (slab breakoff, dalamination
or mantle plumes) that results in partial meltilng of the metassomatized mantle with
production of sanukitoide magmas and hybrid granites. This results in changes of the crustal
root thickness that lead to substancial temperature variations sufficient to generate partial
melting in and beneath the crust associated to generation of high-K granites.

Keywords: Granitoid. Archean. Geochemistry. TTG. Crajás. Amazonian Craton.


xii

LISTA DE ILUSTRAÇÕES

CAPÍTULO 1
Figura 1 – Mapa de localização e acesso da área de Tucumã. ................................................... 2
Figura 2 – Mapa sobre ocontexto tectônico e geológico regional: (a) Cráton Amazônico na
plataforma Sul Americana; (b) localização da Província Carajás no Cráton
Amazônico (Tassinari & Macambira 2004); (c) nova proposta de compartimentação
tectônica para a Província Carajás (Dall’Agnol et al. 2013); (d) mapa geológico da
Província Carajás. Modificado de Feio et al. (2013), Gabriel & Oliveira (2014),
Guimarães et al. (2012), Oliveira et al. (2010), Santos & Oliveira (2012) e Vasquez
et al. (2008). ................................................................................................................. 7
Figura 3 – Mapa de amostragem referente ao trabalho de campo realizado em Tucumã neste
estudo.......................................................................................................................... 13

CAPÍTULO 2
Figura 1 – Contexto geológico e tectônico da Província Carajás: a) Mapa de localização do
Cráton Amazônico no continente sul-americano, evidenciando as províncias
geocronológicas segundo Santos (2003; 2006); b) Mapa geológico da Província
Carajás, destacando a área de Tucumã, objeto de estudo do presente trabalho.
Modificado de Almeida et al. (2011), Feio et al. (2013), Gabriel & Oliveira (2014),
Guimarães et al. (2012), Oliveira et al. (2010), Santos & Oliveira (2012) e Vasquez
et al. (2008). ............................................................................................................... 19
Figura 2 – Mapa geológico da área de Tucumã, ao lado são exibidas as projeções
estereográficas de cada unidade com as principais atitudes de foliação medidas e,
representado ao lado direito da figura, corte transversal esquemático (A-B). ........... 22
Figura 3 – Relações de campo entre as principais unidades de granitoides da região de
Tucumã: a) Ocorrência da AMzGd como pequenos corpos alongados no LMzG; b)
Presença de enclaves tonalíticos angulosos no LMzG; c) Relação de contato brusco
entre o Tonalito e o LMzG; e d) Presença de bolsões leucomonzograníticos na
AMzGd com contato difuso entre ambas. .................................................................. 23
xiii

Figura 4 - Diagramas de análises modais Q-A-P (Le Maitre 2002) e Q-(A+P)-M’ para os
granitoides da região de Tucumã. Legenda: Q – quartzo; A – álcali-feldspato; P –
plagioclásio; M – minerais máficos............................................................................ 26
Figura 5 – Aspectos macro e microscópicos dos granitoides estudados em Tucumã: a)
Leucomonzogranito equigranular médio; b) Leucomonzogranito de textura granular
hipidiomórfica com quartzo primário e quartzo bulging (Qtz1); c) Monzogranito
leucocrático equigranular médio da unidade AMzGd; d) Monzogranito de textura
inequigranularcom cristais subédricos de titanita; e) Granodiorito equigranular fino
com enclaves máficos centimétricos subcirculares da unidade AMzGd; f)
Granodiorito com Hornblenda; g) Granodiorito com fenocristal de álcali-feldspato de
~5 cm de comprimento da unidade GdP; e h) Fenocristal de microclima (Kfs).
Abreviações para o nome dos minerais utilizadas segundo Kretz (1983). ................. 28
Figura 6 – Aspectos microestruturais dos granitoides de Tucumã: a) Mosaico Granodiorito
Pórfiro de textura inequigranular alotriomórfica; b) Porfiroclasto de Bt com clivagem
de crenulação, marcando a foliação S-C da rocha. Ao lado, desenho esquemático ao
lado ressaltando as estruturas; c) Textura manto-núcleo no Plg com a presença de
microfraturas preenchidas. Ao lado, desenho esquemático ressaltando as estruturas;
d) Mosaico do Tonalito evidenciando maior intensidade da deformação com
desenvolvimento de feições proto-miloníticas e formação de textura granoblástica no
Qtz4. ............................................................................................................................ 29
Figura 7 – Diagramas de classificação geoquímica e série magmática dos granitoides da área
de Tucumã: a) Diagrama P-Q (Debon & Le Fort 1983); b) Diagrama Ab-An-Or
normativo (O’Connor 1965, com campos de Barker 1979); c) Diagrama de Fe* ou
FeOt/(FeOt+MgO) vs. SiO2 (Frost et al. 2001); d) diagrama Na2O+K2O-CaO (MALI)
vs. SiO2 (Frost et al. 2001); e) Diagrama K2O vs. SiO2com campos de Peccerillo &
Taylor (1976); e f) Diagrama K-Na-Ca (trends cálcio-alcalino definido por Nockolds
& Allen 1953 e trend e campo trondhjemítico definido por Barker & Arth 1976).
Campos de comparação: Trondhjemito Mogno, Suíte Guarantã e Granito Xinguara
(Almeida et al. 2013); Granodiorito Rio Maria (Oliveira et al. 2009); e Média de
TTGs Transicionais do Cráton Yilgarn (Champion & Sheraton 1997). .................... 32
xiv

Figura 8 - Diagramas de Harker para elementos maiores e menores dos granitoides da área de
Tucumã. Campos de comparação: Trondhjemito Mogno, Suíte Guarantã e Granito
Xinguara (Almeida et al. 2013); Granodiorito Rio Maria (Oliveira et al. 2009); e
Média de TTGs Transicionais do Cráton Yilgarn (Champion & Sheraton 1997): a)
Al2O3; b) TiO2; c) CaO; d) FeOt/MgO; e) Na2O; e f) K2O/Na2O. ............................. 33
Figura 9 - Diagramas de Harker de elementos-traço e razões para os granitoides da área de
Tucumã. Campos de comparação: Trondhjemito Mogno, Suíte Guarantã e Granito
Xinguara (Almeida et al. 2013); Granodiorito Rio Maria (Oliveira et al. 2009); e
média de TTGs Transicionais do Cráton Yilgarn (Champion & Sheraton 1997): a)
Rb/Sr vs. SiO2; b) Ba vs. SiO2; c) Nb+Zr vs. SiO2; d) Ba/Sr vs. Zr; e e)
#Mg=MgO/(MgO+FeOT)mol....................................................................................... 34
Figura 10 - Diagramas de ETR, normalizados para o condrito (Boynton 1984) e
Multielementos, normalizado para o manto primitivo (McDonough & Sun 1995), das
rochas de Tucumã: a) e b) grupo Leucomonzogranito alto-K; c) e d) grupo Granitos
alto-HFSE e médio-Ba; e) e f) grupos de Granitos alto-HFSE e alto-Ba e Grandiorito
alto-Mg; e g) e h) grupos Granodiorito Pórfiro médio-Na e Tonalito alto-Na. Campos
de comparação: Trondhjemito Mogno, Suíte Guarantã e Granito Xinguara (Almeida
et al. 2013); Granodiorito Rio Maria (Oliveira et al. 2009); Granitos Híbridos
(Laurent et al. 2014); e Granitos tipo-Closepet de Ourilândia do Norte (Silva et al.
2018). .......................................................................................................................... 38
Figura 11 – Aspectos petrogenéticos dos granitoides de Tucumã: a) Diagrama de ternário de
Classificação 2* A/CNK (razão molar Al2O3/[CaO + Na2O+K2O]), razão Na2O/K2O,
2 ∗ FMSB (FeOt + MgO)% ∗ (Sr + Ba) % (Laurent et al. 2014); b) diagrama binário
da razão molar Al2O3 / (CaO + TiO2 + MgO + FeOt) vs. K2O/CaO; c) diagrama
Cr+Ni vs. SiO2; d) diagrama Zr vs. Ni (Moyen et al. 2003); e) Diagrama Sr/Y vs. Y
(Almeida et al. 2011); e f) Diagrama ternário de Fontes Al2O3/(FeOt+MgO),3*CaO,
5*(K2O/Na2O) de Laurent et al. (2014). Campos de comparação: Trondhjemito
Mogno, Suíte Guarantã e Granito Xinguara (Almeida et al. 2013); Granodiorito Rio
Maria (Oliveira et al. 2009); Granitos tipo-Closepet de Ourilândia do Norte (Silva et
al. 2018); e média de TTGs Transicionais do Cráton Yilgarn (Champion & Sheraton
1997). .......................................................................................................................... 47
xv

Figura 12 – Mecanismos de deformação para o quartzo e identificação das respectivas


texturas deformacionais nas rochas de Tucumã. Adaptado de Passchier & Trouw
(2005). Tipos de recristalização dinâmica em policristal: a) Recristalização Bulging;
b) Recristalização SGR; c) Recristalização GBM. e d) Recristalização estática
GBAR. ........................................................................................................................ 51
xvi

LISTA DE TABELAS

CAPÍTULO 2
Tabela 1 – Composições modais dos granitoides de Tucumã. ................................................. 25
Tabela 2– Composições químicas representativas dos granitoides da área de Tucumã
(elementos maiores e menores são dados em % e elementos traço em ppm). ........... 37
Tabela 3 – Resumo das principais características geoquímicas e afinidades petrológicas dos
granitoides de Tucumã. .............................................................................................. 43
xvii

SUMÁRIO

DEDICATÓRIA ...................................................................................................................... iv
AGRADECIMENTOS ............................................................................................................. v
EPÍGRAFE ............................................................................................................................. vii
RESUMO................................................................................................................................viii
ABSTRACT .............................................................................................................................. x
LISTA DE ILUSTRAÇÕES ..................................................................................................xii
LISTA DE TABELAS ........................................................................................................... xvi
CAPÍTULO 1 INTRODUÇÃO ............................................................................................... 1
1.1 APRESENTAÇÃO............................................................................................................... 1
1.2 CONTEXTO GEOLÓGICO REGIONAL ........................................................................... 3
1.2.1 Domínio Rio Maria .......................................................................................................... 4
1.2.2 Domínio Sapucaia ............................................................................................................ 5
1.2.3 Domínio Canaã dos Carajás ........................................................................................... 6
1.3 PROBLEMÁTICA E JUSTIFICATIVA ............................................................................. 8
1.4 OBJETIVOS ......................................................................................................................... 9
1.5 MATERIAIS E MÉTODOS............................................................................................... 10
1.5.1 Pesquisa bibliográfica.................................................................................................... 10
1.5.2 Mapeamento geológico .................................................................................................. 10
1.5.3 Petrografia...................................................................................................................... 11
1.5.4 Geoquímica .................................................................................................................... 11
CAPÍTULO 2 CLASSIFICAÇÃO E NATUREZA DE GRANITOIDES
MESOARQUEANOS NA PROVÍNCIA CARAJÁS, SE DO CRÁTON AMAZÔNICO 14
2.1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................. 16
2.2 CONTEXTO GEOLÓGICO REGIONAL ......................................................................... 17
2.3 GEOLOGIA ....................................................................................................................... 20
2.4 PETROGRAFIA................................................................................................................. 24
2.4.1 Composição modal e classificação ................................................................................ 24
2.4.2 Aspectos microtexturais ................................................................................................ 26
2.5 GEOQUÍMICA .................................................................................................................. 30
2.5.1 Procedimentos analíticos ............................................................................................... 30
2.5.2 Classificação e série magmática ................................................................................... 30
2.5.3 Elementos maiores e menores ....................................................................................... 31
xviii

2.5.4 Elementos traço ............................................................................................................. 34


2.5.5 Elementos terras-rara e padrões multielementos ....................................................... 35
2.6 DISCUSSÕES .................................................................................................................... 39
2.6.1 Natureza e afinidades petrológicas .............................................................................. 39
2.6.1.1 Leucomonzogranito alto-K ........................................................................................... 39
2.6.1.2 Granitos alto-HFSE ...................................................................................................... 41
2.6.1.3 Granodiorito alto-Mg.................................................................................................... 43
2.6.1.4 Granodiorito Pórfiro médio-K ...................................................................................... 44
2.6.1.5 Tonalito......................................................................................................................... 46
2.6.2 Considerações deformacionais ..................................................................................... 49
2.7 CONCLUSÕES .................................................................................................................. 51
CAPÍTULO 3 CONCLUSÕES E CONSIDERRAÇÕES FINAIS .................................... 62
REFERÊNCIAS ..................................................................................................................... 65
1

CAPÍTULO 1 INTRODUÇÃO

1.1 APRESENTAÇÃO

Os terrenos arqueanos têm sido alvos de diversos estudos, especialmente depois do


reconhecimento das Suítes TTG (tonalito-trondhjemito-granodiorito) a partir de 1970 (Barker
& Arth 1976, Glikson & Sheraton 1972, Hanson et al. 1971, Hunter 1970, Sheraton 1970). Os
TTGs representam um grande volume da crosta arqueana e são essenciais para a compreensão
do regime tectônico atuante no início da história da Terra e dos processos de formação da
crosta continental (Moyen & Martin 2012). No Cráton Amazônico (Almeida et al. 1981), o
maior núcleo arqueano preservado é representado pela Província Carajás - PC (Santos 2003,
Vasquez et al. 2008) pertencente a Província Amazônia Central, segundo o modelo de
compartimentação tectônica de Tassinari & Macambira (2004). O presente trabalho se baseia
no estudo dos granitoides mesoarqueanos da região de Tucumã (Figura 1), localizada no
sudeste do Estado do Pará, porção centro-oeste da Província Carajás ou noroeste do Domínio
Rio Maria (DRM), próximo ao limite tectônico com o Domínio Carajás (DC). O quadro
geológico de Tucumã evoluiu com a individualização de diversos granitoides a partir de
rochas do embasamento anteriormente atribuídas ao Complexo Xingu (Silva et al. 1974).
Trabalhos realizados por pesquisadores do Grupo de Pesquisa Petrologia de Granitoides
(GPPG) e do Laboratório de Geologia Isotópica (PARA-ISO), ambos vinculados ao Programa
de Pós-graduação de Geologia e Geoquímica (PPGG) do Instituto de Geociências da
Universidade Federal do Pará (IG-UFPA), vêm contribuindo significativamente para compor
um quadro geológico em escala de detalhe, onde diversas unidades de granitoides foram
reconhecidas, especificamente nas áreas de Ourilândia do Norte, Canaã dos Carajás, Rio
Maria, Xinguara, Marajoara e Bannach (Almeida et al. 2010, 2011, 2017, Althoff et al. 2000,
Guimarães et al. 2010, Leite et al. 2004, Macambira & Lancelot 1996, Machado 2018,
Oliveira et al. 2009, Ronaib & Oliveira 2013, Santos & Oliveira 2016, Silva et al. 2016, Silva
et al. 2018, Souza et al. 2001). No entanto, grande parte do acervo de dados geológicos
disponíveis em Tucumã foram obtidos através de trabalhos ainda de escala regional
(1:250.000), ocasionando em um desnivelamento do conhecimento geológico em relação às
demais áreas do DRM.
Segundo estes trabalhos a região seria composta em grande parte pelo Granodiorito
Rio Maria, por rochas do Complexo Xingu e granitoides do tipo Plaquê (Avelar et al. 1999,
Macambira & Vale 1997, Vasquez et al. 2008). Embora estes dados tenham contribuído
2

significativamente para a fundamentação dos principais aspectos evolutivos da crosta de Rio


Maria, a limitação de informações detalhadas gerou incertezas quanto ao agrupamento de
granitoides indiscriminados no contexto do Granodiorito Rio Maria da área de Tucumã.
Dessa forma, a restrição e a incerteza dos dados disponíveis inviabilizam discussões
mais profundas quanto à petrogênese dessas rochas, e suas afinidades com os demais
granitoides já estudados na Província Carajás e em outros Crátons arqueanos. Portanto, este
trabalho tem como principal objetivo determinar os parâmetros geoquímicos que permitam a
individualização dos granitoides mesoarqueanos da área de Tucumã, e a partir disso, estimar a
natureza de seu magmatismo, e os processos que controlaram a sua evolução. Além disso,
será apresentado um mapa geológico em escala 1:50.000 com a delimitação dos novos corpos,
relação temporal entre intrusões, determinação do padrão estrutural da área e uma reavaliação
do posicionamento do limite tectônico entre os domínios Rio Maria e Carajás.

Figura 1 – Mapa de localização e acesso da área de Tucumã.

Esta dissertação foi estruturada com base no modelo de apresentação em forma de


um artigo científico (Capítulo 2), precedido por um capítulo introdutório (Capítulo 1)
3

contendo informações sobre a localização da área de estudo, apresentação da problemática,


objetivos e metodologia aplicada, além de considerações sobre o contexto geológico regional
da PC, com ênfase no DRM. Os principais resultados são expostos no segundo capítulo em
formato de artigo, o qual aborda aspectos geológicos, petrográficos, geoquímicos e
microestruturais, além de discussões sobre suas afinidades petrológicas e os processos que
controlaram a evolução dos granitoides estudados, intitulado: “Classificação e natureza de
granitoides mesoarqueanos na Província Carajás, norte do Brasil”. Este artigo deverá ser
submetido para publicação ao periódico Journal of South American Earth Sciences ou outro
de equivalente classificação (Qualis/CAPES). O Capítulo 3 contém as conclusões da
dissertação na forma de síntese sobre os aspectos mais relevantes do trabalho e suas principais
contribuições para o avanço do conhecimento geológico da região.

1.2 CONTEXTO GEOLÓGICO REGIONAL

O Cráton Amazônico (Almeida et al. 1981) está localizado na porção norte da


América do Sul e constitui uma das principais unidades da Plataforma Sul-Americana. Nele
estão inseridos os escudos das Guianas e Brasil Central, separados pelas bacias do Amazonas
e Solimões. Algumas províncias crustais de idades arqueana à mesoproterozoica fazem parte
desse Cráton, de forma que, existem diversos modelos de compartimentação tectônica
(Amaral 1974, Cordani et al. 1979, Santos et al. 2000). Na porção sudeste do Cráton
encontra-se o maior núcleo arqueano preservado, representado pela Província Carajás - PC
(Figura 2), considerada como uma província geocronológica independente por Santos (2003),
ou parte do contexto geológico da Província Amazônia Central (Bloco Carajás), segundo
Tassinari & Macambira (2004). A mesma é delimitada a leste pelo Cinturão Araguaia
(Neoproterozoico) da Província Tocantins (<850 – 757 Ma), ao norte pelo Domínio Bacajá
(Província Transamazonas de idade 2260 – 1990 Ma), e a sul e oeste encontra-se parcialmente
coberta por rochas sedimentares da Bacia Parecis (fanerozoica) e pelas rochas vulcânicas do
Grupo Iriri (Vasquez et al. 2008). Esta Província é principalmente reconhecida pelo seu
grande potencial metalogenético, principalmente para ocorrências de Fe, Cu, Ni, Ag e Au.
Isto desencadeou uma série de pesquisas ao longo das últimas décadas e consequentemente
um avanço do conhecimento geológico nesta região, levando à individualização de diversos
granitoides a partir do que era considerado historicamente como Complexo Xingu (Silva et al.
1974).
4

Inicialmente, a porção sul da Província Carajás foi caracterizada por rochas mais
antigas e de características ígneas bem preservadas, denominada de Terreno Granito-
Greenstone Rio Maria (TGGRM), e a porção norte por uma vasta sequência
vulcanossedimentar e intrusões de granitoides sintectônicos afetados por eventos
tectonotermais neoarqueanos, denominada de Bloco Carajás (Souza et al. 1996).
Posteriormente, Vasquez et al. (2008), em conformidade com o modelo de Santos (2003),
dividiram a província em dois domínios tectônicos distintos: Domínio Rio Maria (DRM) de
idade mesoarqueana (3,0 – 2,87 Ga), e Domínio Carajás (DC), formado por rochas do
embasamento Mesoarqueano e rochas neoarquenas (3,0 – 2,76 Ga). Dall’Agnol et al. (2013)
observaram que o DC não representaria uma crosta tectonicamente homogênea, o que levou a
divisão deste em Domínio Canaã dos Carajás (DCC) para o segmento a sul da Bacia Carajás,
e em Domínio Sapucaia (DS) para a porção situada entre as cidades de Canaã dos Carajás,
Xinguara e Água Azul do Norte. O DCC é marcado pela vasta ocorrência de granitos stricto
sensu e poucas ocorrências de suítes TTG, granitos anorogênicos, e associações
charnoquíticas (Suíte Planalto e Diopsídio-Norito Pium). Já o DS abrange suítes TTG e
cálcio-alcalinas de alto-K (sanukitoides e leucogranitos) semelhantes ao TGGRM, porém com
um padrão deformacional Neoarqueano.

1.2.1 Domínio Rio Maria

O Domínio Rio Maria, sul da PC (Figura 2), é um terreno granitoide-greestone que


possui as rochas mais antigas do Cráton Amazônico. É caracterizado pelas associações
greenstone belts do Supergrupo Andorinhas, de idade entre 3,0 a 2,9 Ga (Avelar 1999, Lafon
et al. 2000, Macambira & Lancelot 1991, Pimentel & Machado 1994, Rolando & Macambira
2003, Souza et al. 2001), e pelo Grupo Tucumã, diferenciado do Supergrupo Andorinhas
(DOCEGEO, 1988) e formalmente denominado por Araújo & Maia (1991). Além das rochas
supracrustais, o DRM é composto por granitoides diversos, descritos abaixo:
• Série TTG antiga (2,98-2,92 Ga): composta por batólitos de biotita
tonalito/trondhjemito com foliação preferencial de direção NW-SE a E-W. Esta série de
rochas é constituída pelo Tonalito Arco Verde, Trondhjemito Mogno e Tonalito Mariazinha
(Almeida et al. 2008, 2011, 2017, Guimarães et al. 2010, Leite et al. 2004, Macambira &
Lafon 1995, Rolando & Macambira 2003). Estas suítes foram formadas em dois estágios de
magmatismo, sendo o primeiro em ~2,96 Ga, com a cristalização do Trondhjemito Mogno e
5

das rochas mais antigas do Tonalito Arco Verde. E o segundo em ~2,93 Ga, com a
cristalização do Tonalito Mariazinha e as rochas mais novas do Tonalito Arco Verde.
• Granitoide alto-Mg (2,87-2,86 Ga): são representados pelo Granodiorito Rio Maria e
rochas associadas (Medeiros & Dall’Agnol 1988, Oliveira et al. 2009, 2010, Santos &
Oliveira 2016, Silva et al. 2018) de afinidade sanukitoide. Relacionadas a esta unidade,
ocorrem ainda o Quartzo-Diorito Parazônia diferenciado a partir do Tonalito Parazônia
(DOCEGEO 1988, Guimarães 2009, Huhn et al. 1988), além do Granito Rancho de Deus
(Dias 2009).
• Leucogranodioritos-granitos de alto Ba-Sr (2,87-2,86 Ga): inclui os granitos
Guarantã, Trairão e Azulona da Suíte Guarantã (Almeida et al. 2008, 2010, 2013, 2017,
Althoff et al. 2000).
• Leucomonzogranitos de afinidade cálcio-alcalina (2,87-2,89 Ga): são
monzogranitos com restritas ocorrências de granodioritos que caracterizam o Granito Mata
Surrão (Almeida et al. 2013, Duarte 1992, Lafon et al. 1994).
As rochas pertencentes a este evento magmático mais jovem (2,87 Ga) do Domínio
Rio Maria marcam o último evento tectonotermal relacionado à cratonização do DRM. No
Paleoproterozoico (1,88 Ga), essa crosta foi intrudida por granitos tipo-A da Suíte Jamon e
diques associados (Dall’Agnol et al. 2005, Dall’Agnol & Oliveira 2007, Silva et al. 2016).
Estas unidades servem de embasamento para as rochas sedimentares clásticas, transgressivas,
do Grupo Rio Fresco (DOCEGEO 1988).

1.2.2 Domínio Sapucaia

Este domínio representa sequências meso- a neoarqueanas, recentemente


caracterizadas a partir de estudos realizados nas regiões de Água Azul do Norte e Sapucaia
(Figura 2). É reconhecido pela intensa deformação neoarqueana impressa nas rochas
mesoarqueanas e intrusões das suítes Vila Jussara e Planalto. Os greenstone belts
compreendem as rochas metamáficas, metaultramáficas e metassedimentares do Grupo
Sapucaia (Costa et al. 1994, DOCEGEO 1988, Hirata et al. 1982). As suítes TTGs antigas
(2,98-2,92 Ga) englobam o Tonalito Caracol associado ao Tonalito Mariazinha, com idade de
cristalização de 2,94 a 2,93 Ga (Almeida et al. 2011, Leite et al. 2004), além de anfibólio-
biotita tonalitos do Tonalito São Carlos (Silva et al. 2014). As suítes alto-Mg de afinidade
sanukitoides são representadas pelos granodioritos Água Azul e Água Limpa de idade 2,88-
2,87 Ga (Gabriel et al. 2010, 2014, Souza et al. 2010). A geração de TTGs mais jovem é
6

representada pelos trondhjemitos Água Fria, de idade 2,86-2,84 Ga (Almeida et al. 2011,
Leite et al. 2004) e Colorado, com idade aproximadamente de 2,87 Ga (Silva et al. 2010).
Os leucogranitos potássicos de afinidade cálcio-alcalina são representados pelo: (i)
Granito Xinguara de idade de cristalização de 2,86 Ga (Leite et al. 2004), que foi
desvinculada do contexto do DRM (Dall’Agnol et al. 2013); e pelo (ii) Leucogranito Velha
Canadá com idade de cristalização entre 2,74 e 2,73 Ga (Santos et al. 2010, Santos & Oliveira
2012, Souza et al. 2010). Leucogranitos de alto Ba-Sr, similares à Suíte Guarantã, são
representados pelo Leucogranodiorito Nova Canadá (Leite-Santos & Oliveira 2014) e
Leucogranodiorito Pantanal (Teixeira et al. 2013). O magmatismo subalcalino neoarqueano
do tipo-A é representado pelos granitos da Suíte Planalto, individualizados a partir de corpos
graníticos da Suíte Plaquê (Araújo & Maia 1991). Estas rochas possuem idades de
cristalização entre 2,75 e 2,74 Ga e a sua origem está relacionada à fusão parcial das rochas
do Norito Pium (Feio et al. 2012, Oliveira et al. 2010, Silva et al. 2010, Souza et al. 2010).

1.2.3 Domínio Canaã dos Carajás

O conhecimento geológico da PC avançou com o tempo a partir da individualização


de rochas do Complexo Xingu, entendido como uma associação litológica heterogênea
afetada por metamorfismo de fácies anfibolito e granulito, sendo composta por granitoides
variados, migmatitos e gnaisses (Araújo & Maia 1991, DOCEGEO 1988, Silva et al. 1974)
com idades de cristalização variando de 3,06 Ga (Delinardo et al. 2014, 2015), 2,97 Ga
(Avelar et al. 1999) e 2,95 Ga (Melo et al. 2014), e idade de metamorfismo de 2,85 Ga
(Machado et al. 1991) e 2,95 Ga (Delinardo et al. 2014, 2015). Além das rochas do
Complexo Xingu, o DCC é formado pelo: (i) ortogranulito Chicrim-Cateté (3,0 Ga),
identificado em trabalhos anteriores como Complexo Pium (3,00 Ga; Araújo & Maia 1991;
Pidgeon et al. 2000); (ii) Diopsídio-Norito Pium (2,74 Ga); (iii) Trondhjemito Rio Verde
(2,92-2,86 Ga), representando as típicas suítes TTGs arqueanas (Feio et al. 2012); e (iv)
granitoides cálcio-alcalinos potássicos e sódicos. As suítes potássicas são representadas pelos
granitos: Cruzadão (2,84 Ga; Feio et al. 2013), Boa Sorte (2,89-2,85 Ga; Rodrigues et al.
2014), Bom Jesus (2,83 Ga; Feio et al. 2013) e Serra Dourada (Moreto et al. 2011, Feio et al.
2013) com idade mínima de cristalização variando entre 2,86 a 2,83 Ga.
7

Figura 2 – Mapa sobre ocontexto tectônico e geológico regional: (a) Cráton Amazônico na plataforma Sul Americana; (b) localização da Província Carajás no Cráton
Amazônico (Tassinari & Macambira 2004); (c) nova proposta de compartimentação tectônica para a Província Carajás (Dall’Agnol et al. 2013); (d) mapa geológico da
Província Carajás. Modificado de Feio et al. (2013), Gabriel & Oliveira (2014), Guimarães et al. (2012), Oliveira et al. (2010), Santos & Oliveira (2012) e Vasquez et al.
(2008).

7
8

Os granitoides sódicos definem uma série distinta dos TTGs arqueanos, e são
compostos pelo Tonalito Bacaba (~3,0 Ga; Moreto et al. 2011), pelo Granito Canaã dos
Carajás (2,96 Ga; Feio et al. 2013) e pelo Complexo Tonalítico Campina Verde (2,87-2,85
Ga; Feio et al. 2013). Já durante o Neoarqueano foram formadas rochas máfica-ultramáficas,
granitoides diversos e metavulcanossedimentares, dentre elas: o Norito Pium (Ricci &
Carvalho 2006), datado em 2,74 Ga (Santos et al. 2013) com rochas charnoquíticas associadas
(Gabriel et al. 2010); a Suíte Planalto de idade de cristalização entre 2,74 e 2,71 Ga, com
afinidades aos granitos tipo-A (Cunha et al. 2016, Feio et al. 2012, Galarza et al. 2017,
Gomes 2003, Huhn et al. 1999, Marangoanha et al. 2019, Oliveira et al. 2010, Sardinha et al.
2004); a Suíte Pedra Branca (2,75 Ga), representando os granitoides sódicos de afinidade
toleítica que ocorrem associados à Suíte Planalto (Feio et al. 2012, 2013); e a Suíte Plaquê,
caracterizada por granitos potássicos produtos de retrabalhamento crustal em 2,73 Ga (Araújo
et al. 1988, Avelar et al. 1999, Jorge João & Araújo 1992). No Paleoproterozoico (1,88 Ga), o
DCC foi afetado pelo magmatismo dos granitos anorogênicos da Suíte Serra dos Carajás, que
compreendem aos maciços: Central, Cigano, Pojuca, Breves, Rio Branco e Gogó da Onça
(Dall’Agnol et al. 2006, Santos et al. 2013a, Teixeira et al. 2017).

1.3 PROBLEMÁTICA E JUSTIFICATIVA

A área de Tucumã está inserida no contexto geológico do DRM, e apresenta padrões


litológicos e estruturais bastante distintos daqueles do DC. Na porção norte da área (limite
com o DC) são encontradas rochas do Complexo Xingu associadas à ocorrência de
granitoides do tipo Plaquê, e na porção sul (DRM) predominam as rochas do Granodiorito
Rio Maria (Avelar et al. 1999, Vasquez et al. 2008). Contudo, os granitoides encontrados em
Tucumã ainda estão pobremente caracterizados, e indiscriminadamente associados às
principais unidades litoestratigráficas da PC, que devido à ausência de dados petrográficos e
geoquímicos não permitiu estabelecer uma provável sequência litoestratigráfica para as rochas
desta área, muito menos determinar possíveis similaridades com os demais granitoides de
áreas adjacentes, como aquelas de Rio Maria e Canaã dos Carajás. Neste contexto, as
informações a serem obtidas acerca da natureza petrológica das diversas associações
magmáticas da área de Tucumã, permitirão um avanço significativo na compreensão dos
processos evolutivos, e proporcionarão embasamento adequado para uma discussão sobre
suas variações composicionais, afinidades e séries magmáticas, assim como seus principais
aspectos deformacionais e evolutivos.
9

Levando em consideração que as propostas de compartimentação tectônica da


Província Carajás foram baseadas em métodos indiretos (aerogeofísica) e descontinuidades
regionais, aliado a dados geológicos preliminares, é provável que os limites inferidos para
estes dois domínios nesta porção da província não sejam coincidentes com os contatos
geológicos das principais unidades definidas anteriormente. A falta de um modelo tectônico
evolutivo integrado desta região com as demais áreas adjacentes, aliada a inexistência de
estudo geológicos em escala de detalhe (1:50.000) ou menores (1:100.000), levanta dúvidas
quanto ao real quadro geológico da área, a extensão e os limites entre os dois domínios.
Com base no exposto acima, segue abaixo algumas questões ainda não respondidas
sobre a geologia da área de Tucumã:
• Ausência de mapas geológicos em escala de detalhe que permitam a caracterização e
individualização dos granitoides.
• Ausência de dados petrográficos para definição de afinidades petrológicas, origem,
evolução magmática, aspectos estruturais e ambiente de formação dos granitoides
estudados;
• Desconhecimento dos mecanismos de ascensão e colocação do magma que originou
as rochas de Tucumã;
• Incerteza sobre a real localização do limite tectônico entre os dois domínios
supracitados, o que gera dúvidas quanto ao posicionamento desta área no contexto
tectônico dos domínios Rio Maria e Carajás.

1.4 OBJETIVOS

Considerando que o acervo de dados geológicos na área de Tucumã é restrito e


obtido em trabalhos de escala regional, e que ainda existe uma série de questionamentos, já
explanados em tópicos anteriores, sobre a real conjuntura dessas rochas, esta proposta de
dissertação de mestrado tem como objetivo geral individualizar e caracterizar os granitoides
mesoarqueanos aflorantes na região de Tucumã. Isso permitirá classificar estas rochas,
identificar suas variações composicionais, afinidades geoquímicas e séries magmáticas,
correlacionar com outras unidades de terrenos adjacentes, assim como discutir seus principais
aspectos deformacionais e evolutivos. Para isso, foram buscados os seguintes objetivos
específicos:
• Individualizar e classificar petrograficamente as rochas identificadas neste trabalho;
10

• Caracterizar as texturas magmáticas e microestruturas de deformação, as


transformações tardi- a pós-magmáticas e mecanismos de deformação que possam
ter afetado as rochas;
• Definir a tipologia, série magmática e ambiente de formação para os granitoides
estudados;
• Comparar as rochas estudadas com granitoides de áreas adjacentes da Província
Carajás, contribuindo para um melhor entendimento de suas afinidades petrológicas;
• Determinar e esclarecer as relações temporais de campo entre os granitoides;
• Elaborar um mapa geológico em escala de detalhe (1:50.000) para a área de Tucumã,
a partir da integração dos dados de campo e de laboratório;
• Delimitar os limites dos novos corpos identificados na área de trabalho e determinar
as relações (temporais e estruturais) entre as diversas intrusões;
• Revisar o limite tectônico na área estudada entre os domínios Rio Maria e Carajás de
acordo com as observações de campo.

1.5 MATERIAIS E MÉTODOS

1.5.1 Pesquisa bibliográfica

Esta etapa consistiu no levantamento bibliográfico com ênfase na geologia regional e


no magmatismo granítico do Domínio Rio Maria e do Domínio Carajás, principalmente das
rochas afins do Granodiorito Rio Maria e do Complexo Xingu. Além de uma vasta pesquisa
de artigos científicos, mapas geológicos disponíveis, dissertações de mestrado e teses de
doutorado, sobre a geologia de terrenos arqueanos com enfoque em evolução crustal,
petrografia, geoquímica, gênese de rochas graníticas e caracterização geoquímica de suítes
TTG e granitoides cálcio-alcalinos.

1.5.2 Mapeamento geológico

Foi executada uma revisão de mapas geológicos preexistentes na área de trabalho.


Em seguida, na etapa pré-campo, foi elaborado o mapa de logística e o mapa fotogeológico,
com extração das principais feições estruturais a partir de Modelo Digital de Terreno (Shuttle
Radar Topography Mission - SRTM), resolução de 30 m, imagens de satélite (Landsat TM,
Google Earth) e imagens com dados aerogeofísicos (magnetometria e
aerogamaespectrometria) devidamente processados em ambiente SIG utilizando o software
ArcGis 10.4. O trabalho de campo consistiu no mapeamento na escala de 1:50.000 da área,
11

com coleta sistemática de amostras para petrografia e geoquímica em perfis feitos ao longo da
rodovia principal (PA-279) que atravessa a área no sentido E-W e por estradas no sentido N-
S. Foi realizado o estudo sistemático de 99 afloramentos (Figura 3) com descrição
petrográfica e estrutural, e investigação das relações de contato entre os granitoides. A
localização dos pontos descritos e amostrados foi feita utilizando um GPS (Global Position
System) com precisão de aproximadamente 3 m, e na coleta de dados estruturais foi utilizada
uma bussola geológica do modelo Brunton e o tratamento de dados feito com o software
Stereonet 10.2.9.

1.5.3 Petrografia

Inicialmente foi realizado exame macroscópico das amostras para seleção e


confecção de 57 lâminas delgadas dos litotipos mais representativos de cada unidade (22 do
Leucomonzogranito alto-K, 15 dos Granitos alto-HFSE médio-Ba, 5 dos Granitos alto-HFSE
alto-Ba, 2 do Granodiorito alto-Mg, 6 do Granodiorito Pórfiro médio-K, e 7 do Tonalito) na
Oficina de Laminação do Instituto de Geociências da UFPA, com seções de corte
preferencialmente perpendicular à direção do plano de foliação da rocha. O estudo em
microscópio petrográfico consistiu em: (i) identificação dos minerais (Deer et al. 1992, Kerr
1959) e descrição sistemática; (ii) estudo das texturas magmáticas, deformacionais e de
alteração (Hibbard 1995, Mackenzie et al. 1982, Passchier & Trouw 1996); (iii) obtenção de
composições modais em 57 amostras (Chayes 1956, Hutchison 1974) com contador
automático de pontos Stageledge da marca Endeeper (2.000 pontos por amostra), distribuídos
numa malha com espaçamento de 0,4 mm; (iv) e classificação das rochas conforme
estabelecido pela IUGS (Le Maitre 2002). Vale ressaltar que as paragêneses secundarias não
foram inseridas nos cálculos modais, e sim os seus respectivos minerais primários. Em termos
microestruturais, foram estudadas texturas submagmáticas e de recristalização (Best 2003,
Blenkinsop 2000, Hibbard 1987, Paterson et al. 1989, Passchier & Trouw 2005, Trouw et al.
2010, Vernon 2004;) no intuito de estimar a temperatura e o regime deformacional dos
granitoides estudados.

1.5.4 Geoquímica

A primeira fase consistiu no tratamento em laboratório (trituração, pulverização,


homogeneização e quarteamento) na Oficina de Preparação de Amostras (OPA) do Instituto
de Geociências (IG) da Universidade Federal do Pará (UFPA), de 45 amostras
12

representativas, dentre as quais: 16 amostras da unidade Leucomonzogranito alto-K, 11 da


unidade Granitos alto-HFSE médio-Ba, 5 da unidade Granitos alto-HFSE alto-Ba, 2 da
unidade Granodiorito alto-Mg, 6 da unidade Granodiorito Pórfiro médio-K, e 5 da unidade
Tonalito. As análises químicas em rocha total foram realizadas no Laboratório da ALS
Geochemistry Ltda, onde houve a quantificação dos conteúdos de elementos maiores e
menores (SiO2, Al2O3, Fe2O3t, MgO, CaO, Na2O, TiO2, Cr2O3, P2O5, PF), analisados por ICP-
ES (Inductively Coupled Plasma Emission Spectroscopy), os elementos traço (Zn, Cu, Pb, Ba,
Be, Cs, Ga, Hf, Nb, Rb, Sn, Sr, Ta, Th, U, W, Zr, Bi) e terras raras (La, Ce, Pr, Nd, Sm, Eu,
Gd, Tb, Dy, Ho, Er, Tm, Yb e Lu), por ICP-MS (Inductively coupled plasma mass
spectrometry).
Na segunda fase, houve a realização da caracterização geoquímica destas rochas com
base nos princípios gerais discutidos em Ragland (1989) e Rollinson (1993), avaliando-se o
comportamento dos elementos maiores, menores e traço por meio de diagramas de variação
clássicos e vários diagramas propostos na literatura: (i) diagramas de Harker para a
individualização composicional das unidades e possíveis relações entre elas; (ii) diagramas de
classificação (Barker 1979, Debon & Le Fort 1983, O’Connor 1965) e séries magmáticas
(Barker & Arth 1976, Frost et al. 2001, Nockolds & Allen 1953, Peccerillo & Taylor 1976)
para definição das afinidades geoquímicas de cada grupo; (iii) diagramas ETRs (Elementos
Terras Raras) e multielementos, normalizados para condrito de Boynton (1984) e manto
primitivo de McDonough & Sun (1995), respetivamente; e (iv) diagramas utilizados em
outros trabalhos (Laurent et al. 2014, Moyen et al. 2003) para estudos comparativos e
discussões sobre o ambiente, condições de formação e evolução magmática da rochas.
13

Figura 3 – Mapa de amostragem referente ao trabalho de campo realizado em Tucumã neste estudo.
14

CAPÍTULO 2 CLASSIFICAÇÃO E NATUREZA DE GRANITOIDES


MESOARQUEANOS NA PROVÍNCIA CARAJÁS, SE DO CRÁTON AMAZÔNICO

RESUMO
A porção centro-oeste da Província Carajás do Cráton Amazônico representa um segmento de
crosta composto por granitoides mesoarqueanos de naturezas distintas e indiferenciados. A
partir deste contexto, foi possível individualizar na área de Tucumã cinco grupos granitoides,
sendo eles: i) Leucomonzogranito alto-K; ii) Granitos alto-HFSE; iii) Granodiorito alto-Mg;
iv) Granodiorito Pórfiro médio-K; e v) Tonalito. Dentre estes grupos, os Tonalitos
representam rochas de afinidades com a clássica série TTG de média razão La/Yb e Sr/Y. As
demais variedades apresentam afinidades com série cálcio-alcalina, onde os Granodioritos de
médio-K podem ser correlacionados a Suítes TTGs Transicionais, formados a partir de fontes
máficas mais enriquecidas em LILE. Já o Granodiorito alto-Mg possui fortes afinidades com
as Suítes Sanukitoides, ligado à fusão parcial do manto metassomatizado. Os Granitos alto-
HFSE de Tucumã apresentam semelhanças com Granitos Híbridos tipo-Closepet, ainda pouco
conhecidos na província, provavelmente formados por mistura entre líquidos crustais e fusões
do manto enriquecido. Enquanto que os Leucomonzogranitos são afins das suítes de
leucogranitos potássicos, originados por retrabalhamento crustal de uma crosta félsica (TTG).
O contexto tectônico admitido para discutir a formação desta grande diversidade de
granitoides é demostrado a partir de duas fases de magmatismo: (i) entre 2,98 e 2,92 Ga, em
um ambiente de subducção, ligado à formação das Suítes TTG mais antigas e ao primeiro
evento de metassomatização do manto; e (ii) em 2,87 Ga, inicia-se um evento termal em um
ambiente colisional, que resulta na fusão parcial do manto enriquecido e, associado ao
espessamento crustal, ocorre a fusão da crosta continental com a geração dos granitos
potássicos. Esta fase representa o início da produção de magmas cálcio-alcalinos no Domínio
Rio Maria e o começo da estabilização tectônica desta porção do Cráton Amazônico.

Palavras-chave: Província Carajás. Cráton Amazônico. Mesoarqueano. Granitoides;


Geoquímica.
15

ABSTRACT
The center-west portion of the Carajas Province (northwest of the Rio Maria Domain) of the
Amazonian Craton represents a heterogeneous crust segment composed by mesoarchean
granitoids. Based on new data obtained in this work, it was possible to individualize and
characterize five granitoids varieties in this region, among them: i) high-K
Leucomonzogranite; ii) high-HFSE Granites; iii) Porphyry medium-K Granodiorite; iv) high-
Mg Granodiorite; and v) Tonalite. Among these groups, the Tonalites represent rocks of
affinities with the classic series TTG of average La/Yb and Sr/Y ratio. The other varieties
present calcalkaline series affinities, where the medium-K Granodiorites can be correlated to
Transitional TTGs Suites, formed from LILE enriched mafic sources. On the other hand the
high-Mg Granodiorite has strong affinities with the Sanukitoide Suites, linked to the partial
melting of a metassomatized mantle. The high-HFSE Granites of Tucumã show similarities
with Hybrid Granites Closepet-type, yet not widely recognized in the province, probably
formed by mixing between crustal melts and enriched mantle melts. While
Leucomonzogranites are related to the potassic leucogranitic suites originated by crustal
reworking of a felsic crust (TTG). The tectonic contexts used to discuss the formation of this
great diversity of granitoids is demonstrated from two phases of magmatism: (i) between 2.98
and 2.92 Ga in a subduction setting, related to the older TTG suites formation and to the
mantle metassomatism event by melts and fluids; and (ii) in 2.87 Ga, starts thermal events
(slab breakoff, dalamination or mantle plumes) in a collision setting, that results in partial
meltilng of the metassomatized mantle with production of sanukitoide magmas and hybrid
granites. This results in changes of the crustal root thickness that lead to substancial
temperature variations sufficient to generate partial melting in and beneath the crust
associated to generation of high-K granites. This phase represents the beginning of
calcalkaline magmas production in the Rio Maria Domain and the beginning of the tectonic
stabilization of this Amazonian Craton portion.

Keywords: Granitoid. Carajás. Amazonian Craton. Mesoarchean. Geochemistry.


16

2.1 INTRODUÇÃO

O crescimento da crosta continental representa o surgimento dos primeiros


continentes desde o início do Arqueano (4,0 Ga), originados a partir de processos de
diferenciação química e resfriamento do manto primitivo terrestre (Dhuime et al. 2011,
Hawkesworth et al. 2010, Taylor & McLennan 1995). Mais de 50% do volume da crosta
continental foi formado até 2,9 Ga, resultando na geração de granitoides com uma assinatura
geoquímica específica, diferente dos padrões reconhecidos em estilos modernos de tectônica
de placas (Belousova et al. 2010, Condie & Aster 2010, Dhuime et al. 2012, McLennan &
Taylor 1982). A composição da crosta arqueana é tipicamente descrita por terrenos granito-
greenstones com predominância de suítes sódicas tonalíticas-trondhjemíticas-granodioríticas-
TTG (Barker & Arth 1976, Martin, 1987). No entanto, entre 2,95 a 2,55 Ga esta crosta foi
tomada por suítes cálcio-alcalinas de alto-K, marcada pelo aparecimento brusco, em escala
global, de suítes sanukitoides (Shirey & Hanson 1984), cujas assinaturas geoquímicas
sugerem uma origem a partir do manto metassomatizado (Halla et al. 2009, Heilimo et al.
2010). O surgimento destas transformações no registro geológico pode indicar mudanças na
geodinâmica terrestre, já que as condições de formação e a natureza da fonte controlam o
comportamento geoquímico dos granitoides (Martin & Moyen 2002, Martin et al. 2005).
Neste período outras suítes cálcio-alcalinas também surgiram cuja grande
diversidade composicional é decorrente da atuação de processos de diferenciação magmática
em diferentes níveis crustais a partir de fontes distintas. Embora o acervo bibliográfico sobre
estes terrenos seja vasto, ainda existe um amplo debate sobre qual modelo geodinâmico teria
predominado para favorecer a formação de granitoides arqueanos. Processos relacionados à
retrabalhamento da crosta continental são utilizados para explicar a formação de suítes
leucograníticas potássicas (Almeida et al. 2013, Joshi et al. 2016, Patiño Douce 2005). Da
mesma forma, a fusão parcial de fontes basálticas mais enriquecidas na base de platôs
oceânicos espessados é associada à origem de Suítes TTG Transicionais (Champion &
Smithies 2001, 2007). E processos de interação entre magmas relacionados à TTGs,
sanukitoides e biotita granitos são considerados como a provável causa para a formação de
Granitos Híbridos (Laurent et al. 2014). Tais suítes ocorrem em diversos crátons ao redor do
mundo na forma de núcleos remanescentes.
A Província Carajás (PC) representa o principal núcleo arqueano preservado no
Cráton Amazônico, localizado ao norte do Brasil. Com a finalidade de contribuir para o
avanço do conhecimento sobre os principais aspectos evolutivos desta província, o principal
17

objetivo deste estudo é investigar a natureza dos granitoides mesoarqueanos da área de


Tucumã, localizada na porção noroeste do Domínio Rio Maria (sul da PC). Dados geológicos
permitiram a individualização de grupos de granitoides, os quais apresentam afinidades
geoquímicas com as séries cálcio-alcalinas de médio a alto-K e toleíticas. Para atingir o
objetivo deste trabalho, a pesquisa foi constituída pelas seguintes etapas: (i) estimar o limite
dos corpos graníticos e suas relações de campo; (ii) descrever as texturas magmáticas e
microestruturais; (iii) definir as classificações petrográficas e geoquímicas dos granitoides
aflorantes; (iv) identificar as afinidades petrológicas e estabelecer correlações com demais
granitoides de áreas adjacentes e de outros crátons arqueanos; e (v) discutir as condições de
formação dos magmas e a evolução tectono-magmática dos granitoides de Tucumã. A nova
classificação aqui apresentada amplia o entendimento sobre a evolução geológica desta
porção do Domínio Rio Maria.

2.2 CONTEXTO GEOLÓGICO REGIONAL

O Terreno granito-greenstone Rio Maria-TGGRM (Souza et al. 1996) é um dos


segmentos crustais que compõe a Província Carajás (Figura 1), o maior núcleo arqueano
preservado do Cráton Amazônico (Almeida et al. 1981). Segundo o modelo de
compartimentação tectônica de Tassinari & Macambira (2004), a Província Carajás (PC) faz
parte da Província Amazônia Central, subdividida em Bloco Carajás e Bloco Xingu-Iricoumé.
Santos (2003; Figura 1a) e Vasquez et al. (2008), a consideram como uma província
geocronológica independente dividida em dois domínios, separados por uma grande
descontinuidade regional (E-W): a sul, o Domínio Rio Maria (DRM) de idade mesoarqueana
(3,0-2,86 Ga); e ao norte, o Domínio Carajás (DC) com embasamento mesoarqueano afetado
por eventos neoarqueanos (3,0-2,75 Ga). Dall'Agnol et al. (2013) subdividiram o DC em dois
subdomínios (Canaã dos Carajás e Sapucaia – Figura 1b) e a Bacia Carajás formada entre o
Neoarqueano e o Paleoproterozoico (Gibbs et al. 1986, Machado et al. 1991, Martins et al.
2017, Tavares et al. 2018). A Província Carajás é delimitada a leste pelo Cinturão Araguaia
Neoproterozoico da Província Tocantins, a norte pelo Domínio Bacajá, a sudoeste pelo
Domínio Santana do Araguaia (ambos da Província Transamazonas), e a oeste pelo Domínio
Iriri-Xingu da Província Amazônia Central.
O DRM é composto pelas sequencias de rochas mais antigas do Cráton Amazônico,
com características ígneas ainda preservadas e sem interferência de eventos tectonotermais
neoarqueanos. Os greenstone belts (3,0-2,9 Ga) são representados pelo Supergrupo
18

Andorinhas, o qual consiste em rochas metaultramáficas, metamáficas, bem como ocorrências


subordinadas de rochas félsicas a intermediárias e metagrauvacas (Macambira & Lancelot
1991, Pimentel & Machado 1994, Souza et al. 2001). Quanto aos granitoides, as unidades
aflorantes no DRM podem ser divididas em quatro grupos: (i) TTGs antigos (2,98-2,92 Ga)
sendo o Tonalito Arco Verde e Trondhjemito Mogno os mais primitivos, e as rochas mais
jovens representadas pelo Complexo Tonalítico Caracol, Tonalito Mariazinha e rochas mais
novas do Tonalito Arco Verde (Almeida et al. 2011, 2013, Althoff et al. 2000, Huhn et al.
1988, Leite et al. 2004, Rolando & Macambira 2003); (ii) suítes sanukitoides, são intrusivas
nos greenstones e TTGs mais antigos, e compreendem o Granodiorito Rio Maria, Granito
Rancho de Deus e rochas associadas (intermediárias a máficas) de idade de cristalização de
2,87 Ga (Althoff et al. 2000, Dias 2009, Medeiros & Dall’Agnol 1988, Oliveira et al. 2009,
2010, Santos & Oliveira 2016, Silva et al. 2018); (iii) TTGs jovens (2,86 Ga) de ocorrência
limitada, os quais correspondem ao Trondhjemito Água Fria, contemporâneo ao Granito
Xinguara (Almeida et al. 2011, Leite et al. 2004); e (iv) suítes cálcio-alcalinas de alto-K
(2,87-2,86 Ga), composta por leucomonzogranitos tipo Mata Surrão e Xinguara, e
leucogranodioritos e granitos da suíte Guarantã - Granito Guarantã e granodioritos Azulona e
Trairão (Almeida et al. 2010, Duarte 1992, Leite et al. 1999, 2004).
Ao final do Mesoarqueano houve a cratonização do TGGRM (Althoff et al. 2000;
Souza et al. 2001), e em seguida ocorreu a deposição das rochas sedimentares do Grupo Rio
Fresco, e intrusão dos granitos anorogênicos da Suíte Jamon em 1,88 Ga, juntamente com
diques félsicos e máficos (Dall’Agnol et al. 2005; Silva et al. 2016).
O Domínio Canaã dos Carajás (3,0-2,72 Ga) é reconhecido pela dominância de
granitos stricto sensu (granitos Canaã dos Carajás, Bom Jesus, Cruzadão e Serra Dourada) em
relação às Suítes TTG (Trondhjemito Rio Verde e tonalitos Campina Verde e Bacaba). Neste
domínio também ocorrem associações neoarqueanas de enderbitos e charnoquitos (suítes
Planalto, Pedra Branca e diopsídio-norito Pium), além de granitos anorogênicos (Cunha et al.
2016, Feio et al. 2012, 2013, Marangoanha et al. 2019, Oliveira et al. 2018, Santos et al.
2013a). Já o Domínio Sapucaia (3,0-2,70 Ga) é dominado por Suítes TTG (Tonalito São
Carlos, tonalitos Caracol e Mariazinha e trondhjemitos Água Fria e Colorado) semelhante ao
contexto em que se encontram as rochas do DRM, porém com padrão deformacional
Neoarqueano. É formado também por Suítes Sanukitoides (granodioritos Rio Maria, Água
Azul e Água Limpa), leucogranitos diversos e granitos subalcalinos (Gabriel & Oliveira 2014,
Leite-Santos & Oliveira 2016, Santos et al. 2013b, Silva 2013, Teixeira et al. 2013).
19

Figura 1 – Contexto geológico e tectônico da Província Carajás: a) Mapa de localização do Cráton Amazônico
no continente sul-americano, evidenciando as províncias geocronológicas segundo Santos (2003; 2006); b) Mapa
geológico da Província Carajás, destacando a área de Tucumã, objeto de estudo do presente trabalho. Modificado
de Almeida et al. (2011), Feio et al. (2013), Gabriel & Oliveira (2014), Guimarães et al. (2012), Oliveira et al.
(2010), Santos & Oliveira (2012) e Vasquez et al. (2008).
20

2.3 GEOLOGIA

Estudos anteriores apontavam que a área de Tucumã seria composta por granitoides
mesoarqueanos associados ao Granodiorito Rio Maria, Complexo Xingu e Suíte Plaquê
(Avelar et al. 1999, Macambira & Vale 1997, Vasquez et al. 2008). No entanto, o
mapeamento geológico realizado em escala de detalhe (1:50.000) neste trabalho (Figura 2),
revelou um cenário mais variado e complexo para área de Tucumã, onde foram distinguidas
três unidades litológicas (Leucomonzogranito – LMzG, Granodiorito Pórfiro – GdP, e
Tonalito); e um grupo de granitoides indiferenciados denominado de Associação
monzogranítica-granodiorítica (AMzGd). Tais unidades são intrusivas na sequencias
greenstone belts do Grupo Tucumã e seccionadas por diques paleoproterozoicos.
Diferentemente do quadro geológico encontrado em áreas adjacentes, como aquele
de Ourilândia do Norte (Silva et al. 2018), em Tucumã há uma predominância de rochas
leucomozograníticas (LMzG) sobre as demais unidades, onde estas constituem um batólito
com mais de 30 km de diâmetro intrusivo em uma crosta de afinidade TTG. Inseridos nesta
unidade, ocorrem diversos corpos granitoides menores (até 10 km de comprimento; Figura 3a)
dispostos na forma de lentes alongadas na direção NW-SE e E-W, além de exposições de
rochas tonalíticas. A estruturação da área de Tucumã é marcada pela instalação de zonas de
cisalhamento transcorrentes e anastomosadas, dispostas obliquamente na direção NW-SE com
inflexões para E-W (Figura 2). Em alguns casos, tais zonas delimitam os corpos graníticos
que tendem a exibir feições de milonitização (textura porfiroclástica e foliação S-C). Os
tonalitos exibem padrão deformacional mais intenso ligado ao desenvolvimento de uma
tectônica regional. Além de uma foliação tectônica que segue o trend regional, nota-se no
interior do batólito leucogranítico e das intrusões menores, um padrão estrutural marcado pela
distribuição concêntrica da foliação, cujos mergulhos variam de moderado a alto (55-80º). De
maneira mais restrita, é identificada foliação magmática marcada pela orientação de pequenos
enclaves máficos elipsoidais e de fenocristais euédricos de feldspatos. São observadas falhas
normais de direção NE-SW que coincidem com aquelas responsáveis pela colocação de
corpos paleoproterozoicos da Província Carajás (Oliveira et al. 2008).
O Tonalito é formado por rochas de composições tonalíticas a trondhjemíticas com
até 23% de biotita, podem apresentar dobras suaves com enclaves máficos associados e
bandamento composicional. Esta unidade ocorre como fragmentos angulosos (Figura 3b) de
uma crosta mais antiga no interior da batólito leucogranítico. Na porção noroeste da área
exibem foliação de direção E-W e contato brusco com a unidade LMzG (Figura 3c), enquanto
21

que na porção sul a sua ocorrência é mais expressiva e exibe um padrão estrutural com
foliação tectônica de direção N-S e mergulhos de alto ângulo (~75º). A presença de padrões
estruturais contrastantes sugere que aquele N-S é concordante com o padrão encontrado nas
rochas mais antigas do Domínio Rio Maria (TTGs e greenstone belts; Almeida et al. 2011), e
pode representar a janela de um embasamento mais antigo.
As rochas do LMzG apresentam textura heterogranular média à grossa, e baixas
concentrações de minerais máficos (biotita ≤ 5%). Nesta unidade, é frequente a ocorrência de
rochas da AMzGd identificada como pequenos corpos lenticulares ou sigmoidais, formando
por vezes, contatos bruscos com o LMzG. A AMzGd é a segunda unidade mais abundante, e
está concentrada nas porções nordeste e sudoeste da área como corpos de composição
monzogranítica e granodiorítica com conteúdo de máficos (biotita ± anfibólio) > 5% e textura
heterogranular. Restritamente, ocorrem variações locais para uma rocha cinza claro de textura
equigranular e rica em finos enclaves dioríticos subcirculares. Inclusões de líquidos LMzG
podem ser encontradas nesta associação na forma de bolsões com contatos difusos (Figura
3d). Já o GdP ocorre como corpos menores e mais restritos, formados por rochas tonalíticas a
granodioríticas com alto conteúdo de minerais máficos (< 28%). É marcante a presença de
enclaves máficos elipsoidais e de megacristais de feldspatos (< 3 cm).
22

Figura 2 – Mapa geológico da área de Tucumã, ao lado são exibidas as projeções estereográficas de cada unidade com as principais atitudes de foliação medidas e,

22
representado ao lado direito da figura, corte transversal esquemático (A-B).
23

Figura 3 – Relações de campo entre as principais unidades de granitoides da região de Tucumã: a) Ocorrência da
AMzGd como pequenos corpos alongados no LMzG; b) Presença de enclaves tonalíticos angulosos no LMzG; c)
Relação de contato brusco entre o Tonalito e o LMzG; e d) Presença de bolsões leucomonzograníticos na
AMzGd com contato difuso entre ambas.
24

2.4 PETROGRAFIA

2.4.1 Composição modal e classificação

O estudo petrográfico dos granitoides da área de Tucumã foi realizado com base em
análises em escala meso- e microscópica, aliada a contagem modal em 57 lâminas delgadas
(Tabela 1). Nestas, foram analisados 2000 pontos por seção em uma malha de 0,4 mm
contados com auxílio do Software Endeeper Hardledge seguindo as recomendações de Le
Maitre (2002). Isso permitiu uma classificação e individualização mais precisa dos litotipos
estudados (Figura 4). O LMzG é formado essencialmente por monzogranitos e concentração
de minerais máficos ≤ 6,0%; Figuras 5 a,b). Raras amostras incidem no campo dos
granodioritos e quartzo-monzonitos. A biotita (0,3 – 4,4%) é o principal mineral
ferrmagnesiano desta unidade. Os minerais acessórios são representados por epidoto
magmático (0,1 – 3,1%), allanita (0,1 – 1,4%), e traços de titanita, zircão, apatita, fluorita e
minerais opacos. A paragênese secundaria é composta por muscovita, clorita, sericita e
epidoto.
As rochas da AMzGd (Figura 5c) apresentam uma ampla variação composicional
(Figura 4), distinguindo-se dos leucogranitos pelo maior conteúdo modal de minerais máficos
(> 6 %), sendo a biotita o mineral ferromagnesiano mais expressivo (4,0 – 19,9%) seguido por
epidoto magmático (0,6 - 5,3%). A alta concentração de titanita magmática (até 3,3% modal),
que pode atingir até 6 mm (Figura 5d), a distingue das demais unidades estudadas. As
amostras LDW-08 e LDW-38, além de serem enriquecidas em enclaves máficos (Figura 5e),
diferem das demais rochas desta associação pela granulação fina, sendo que na primeira, a
hornblenda é encontrada como mineral varietal (7,4%; Figura 5f). A unidade GdP destaca-se
pela presença de megacristais (Figura 5g) bem desenvolvidos de feldspato potássico que
podem atingir até 12 mm (Figura 5h) e alto conteúdo de minerais máficos (até 27,7%), onde a
biotita é amplamente dominante (até 20,4%). A hornblenda está presente em duas amostras
(LDW-53 e LDW-54) e ocorre como mineral acessório (0,9 – 1,6%; Tabela 1). O Tonalito,
também é enriquecido em biotita (6,5 – 22,9%) e epidoto magmático (até 3,2%).
25

Tabela 1 – Composições modais dos granitoides de Tucumã.


LDW LDW LDW LDW LDW LDW LDW LDW LDW LDW LDW LDW LDW LDW LDW LDW LDW LDW LDW LDW LDW LDW LDW LDW LDW LDW LDW
Amostra
85A 89C 89B 40 90 71 96A 54 84 23 86 76A 53 61 62 21 77 88 8 38 2 96B 51 19 20B 58 63
Unidade Tonalito Granodiorito Pórfiro Associação Monzogranítica-granodiorítica
Litologia BTd BTn EBTn EBTn EBTd EBTd EBTd THEBGrD BGrDp EGrD EBGrD BTn HEBTn TEBGrD TEBGrD EBMzG ETBTn BMzG HGrD BGrDf EBMzG TEBTn TBQMzD TEBGrD EBGrD EBMzG BGrD
Minerais (vol.%)
Quartzo 32,3 34,0 31,2 32,1 30,9 28,2 31,4 23,9 31,8 29,4 34,7 31,0 40,3 29,3 28,6 25,7 21,8 27,2 28,1 23,6 30,9 21,3 17,2 25,8 36,0 27,1 32,9
Plagioclásio 58,4 48,8 42,1 55,8 56,4 60,4 55,6 33,6 41,7 50,7 39,3 53,5 36,8 44,1 49,0 35,8 52,8 39,7 49,3 54,0 33,8 49,3 49,4 37,0 44,0 38,5 40,1
Álkali-feldspato 0,9 2,2 0,2 Tr 3,3 3,3 2,8 14,7 17,1 13,3 18,4 1,6 2,6 11,4 11,8 28,0 5,4 23,0 12,0 11,8 27,1 2,0 23,6 15,5 8,4 23,9 19,1
Hornblenda 0 0 0 0 0 0 0 1,6 0 0 0 0 0,9 0 0 0 0 0 7,4 0 0 0 0 0 0 0 0
Muscovita Tr 0,5 Tr 0 Tr Tr 0,3 Tr 0 Tr 0,6 Tr 0 0 Tr 0 0 0 0 0 0,4 0 Tr 0 0 Tr 0
Biotita 7,6 13,1 22,9 9,3 7,2 6,6 7,1 20,4 8,8 3,3 5,2 11,8 14,9 9,3 6,1 7,5 12,9 8,2 1,4 8,3 5,6 19,9 7,1 12,1 7,4 6,7 5,3
Alanita 0 0,1 0 0,1 0,1 0 0,1 0,1 0,1 0,1 0,3 Tr Tr 0,2 0,2 0,4 Tr 0,1 0,1 0 0,2 0,2 0,1 0,1 0,1 0 0
Titanita 0 Tr Tr 0,1 Tr 0,2 0,3 1,4 0,1 Tr Tr 0,6 0,9 2,5 1,3 0,2 3,1 0,3 0,6 0,7 0,4 1,8 1,1 3,3 0,8 0,6 Tr
Epidoto 0,3 0,8 3,2 2,1 1,5 1,2 2,3 3,3 Tr 2,3 1,1 0,9 3,5 2,5 2,3 1,9 2,8 0,9 0,6 Tr 0,9 5,3 0,9 4,8 1,8 2,4 0,9
Zircão 0 0,1 0,1 0 0,1 0,1 0,1 0,1 0,1 Tr Tr 0,1 Tr Tr Tr Tr 0 0 Tr Tr Tr 0,1 0,1 0,1 0,1 Tr 0,1
Apatita 0,1 0 0,3 0,1 Tr 0 Tr 0,2 Tr Tr 0 Tr Tr Tr Tr 0,1 0 0 0 0 Tr 0,1 Tr 0,3 Tr 0,1 0
Fluorita 0 0 0 0 0 0 0 Tr 0 Tr 0 0 Tr 0 0 Tr Tr 0 0 0 Tr 0 Tr 0 0,1 Tr 0
Minerais opacos 0,5 0,5 0,2 0,4 0,6 0,1 Tr 1,0 0,4 0,9 0,4 0,6 0,2 0,7 0,7 0,4 1,2 0,6 0,4 1,5 0,6 0,3 0,6 0,9 0,4 0,7 1,4
A+P 91,6 71,6 42,6 88,0 59,7 63,8 89,9 48,3 58,9 64,0 57,7 55,1 79,6 55,6 60,8 63,9 68,1 62,7 61,3 65,8 61,0 72,5 73,1 52,6 52,4 62,4 59,2
Indice de cor (M') 8,3 14,4 26,3 11,9 9,3 8,0 9,7 27,6 9,2 6,6 6,7 13,9 20,4 14,9 10,4 9,9 20,0 10,0 10,6 10,6 7,6 27,2 9,7 21,1 10,4 10,4 7,6
LDW LDW LDW LDW LDW LDW LDW LDW LDW LDW LDW LDW LDW LDW LDW LDW LDW LDW LDW LDW LDW LDW LDW LDW LDW LDW LDW LDW LDW LDW
Amostra
1 36 32 3 33 31 4 55 80 10 11 5 29 42 85B 17 20A 28 41 64 68 69 70A 75 89A 91 93 70C 6 76C
Unidade Associação Monzogranítica-granodiorítica Leucomonzogranito
Litologia EBMzG EBMzG EBGrD TEBMzG TEBMzG EMzG EMzG TEBMzG MzG EQMzN BQMzN EMzG EMzG EMzG EMzG MzG MzG MzG MzG MzG MzG MzG MzG MzG MzG MzG MzG MzG GrD GrD
Minerais (vol.%)
Quartzo 30,5 29,9 30,2 28,9 27,5 24,1 28,0 32,3 31,0 6,9 15,9 39,4 19,0 26,5 31,1 25,6 30,1 26,5 26,0 33,5 30,6 27,1 27,5 29,1 27,5 37,5 31,5 39,3 32,9 27,0
Plagioclásio 29,1 35,2 42,5 35,0 35,3 37,2 33,8 23,6 29,4 53,7 50,3 32,4 39,0 36,8 28,2 36,9 33,1 36,8 33,1 33,5 37,2 36,5 36,8 36,0 31,8 35,0 32,6 35,3 42,9 52,7
Álkali-feldspato 29,9 27,0 7,2 24,5 26,3 32,8 31,4 36,0 32,5 36,2 31,0 24,9 33,2 31,4 36,6 34,3 32,1 30,6 36,9 31,2 27,8 33,5 33,0 32,0 36,5 23,5 32,4 20,8 19,8 15,8
Hornblenda 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
Muscovita 0,1 0,2 1,6 0,2 0,1 Tr 0,1 Tr Tr 0 0 Tr Tr Tr 0,8 0 1,0 Tr Tr 0 Tr 0 0 0 Tr Tr Tr Tr 0 0
Biotita 5,4 5,9 15,9 6,9 6,9 4,1 4,0 5,2 4,4 Tr 1,8 0,3 4,6 3,0 1,9 2,3 2,3 4,3 1,9 1,3 3,2 2,0 2,0 2,2 3,1 2,4 2,6 3,8 3,0 3,8
Alanita 0,3 0,3 0,3 0,2 0,1 0 0,3 0 1,4 0,1 0,1 0,3 0,1 0,2 0 0,3 0,1 0,1 0,3 Tr 0,2 0,1 Tr 0,1 0,1 Tr 0,2 0 0,3 0,2
Titanita 0,8 0,1 0,3 1,6 1,3 Tr 0,1 1,1 0 0 0 0,1 0,5 0,3 0 0 0,3 0 0,2 Tr 0 0,1 Tr 0 0 0 Tr Tr 0,1 0,1
Epidoto 2,7 1,1 1,9 1,7 1,8 1,3 1,0 1,4 0 3,1 0 2,3 2,2 1,3 1,0 0 0,3 0 0,6 0 0,8 0,1 0,1 0,1 0,6 0,5 0 0 0 0,2
Zircão 0,1 0,1 0,1 0,1 0,1 0,1 0,1 0,1 0,2 Tr 0,2 0 0,1 0,1 0 0,1 Tr 0,1 Tr Tr 0,1 0 0,1 Tr 0,1 0 0 0,1 0,1 0,1
Apatita Tr 0,1 Tr 0,1 0,1 Tr 0,2 Tr Tr Tr 0 0 Tr 0,0 0,0 Tr 0 Tr Tr 0 0,1 Tr Tr 0 0 0,1 0 0 0,1 Tr
Fluorita Tr Tr Tr Tr 0 0 Tr Tr 0,2 Tr 0 Tr Tr Tr 0,2 0 0,4 Tr Tr 0 Tr Tr 0 0 Tr Tr Tr Tr Tr 0
Minerais opacos 1,0 0,2 Tr 0,7 0,7 0,6 1,1 0,3 0,9 0,1 Tr 0,2 1,4 0,5 0,2 0,6 0,3 1,6 1,0 0,6 0,2 0,6 0,6 0,6 0,3 1,1 0,8 0,8 0,9 0,2
A+P 59,0 62,3 49,7 59,5 61,6 70,0 65,2 59,7 70,0 89,8 81,2 57,3 72,2 68,3 64,8 71,3 65,2 67,5 70,0 64,7 65,0 70,1 69,8 68,0 68,3 58,5 65,0 56,1 62,7 68,5
Indice de cor (M') 10,0 7,3 18,1 10,9 10,7 5,9 6,3 7,9 5,4 3,2 1,8 2,9 8,7 5,0 3,1 2,8 3,1 6,0 3,7 1,9 4,2 2,8 2,7 2,8 4,0 4,1 3,3 4,6 3,9 4,3
Legenda: L–Leuco; f–fino; p–pórfiro; MzG–Monzogranito; GrD–Granodiorito; QMzN–Quartzo Monzonito; QMzD–Quartzo Monzodiorito; Td-Trondhjemito; Tn-Tonalito;
A–Álcali feldspato; P–Plagioclásio; B–Biotita; E-Epidoto; H-Hornblenda; T-Titanita.

25
26

Figura 4 - Diagramas de análises modais Q-A-P (Le Maitre 2002) e Q-(A+P)-M’ para os granitoides da região de
Tucumã. Legenda: Q – quartzo; A – álcali-feldspato; P – plagioclásio; M – minerais máficos.

2.4.2 Aspectos microtexturais

Os monzogranitos e granodioritos identificados na área de Tucumã possuem aspectos


petrográficos bastante semelhantes, que permite uma descrição unificada de suas principais
feições texturais. De modo geral, a textura granular hipidiomórfica destes granitoides é bem
preservada, com o desenvolvimento de uma leve foliação tectônica contínua (ver item 2.6.2).
A presença de rochas com padrão deformacional mais intenso (Figura 6a) se restringe àquelas
afetadas por zonas de cisalhamento e aos tonalitos. Esta última é marcada por uma foliação
espaçada descontínua ou pelo desenvolvimento de feições (proto) miloníticas com presença
de porfiroclastos (Figura 6b). Além disso, ocorre a formação de subgrãos ou neogrãos de
feldspatos, quartzo e biotita de dimensões submilimétricas (≥ 1 mm) nos espaços
intergranulares ou preenchendo microfraturas intragranulares nos feldspatos (Figura 6c).
Nos granitoides da área de Tucumã os feldspatos podem ocorrer como fenocristais,
ou como cristais hipidiomórficos que compõem a matriz. O plagioclásio exibe maclas do tipo
albita e albita-carlsbad, onde as alterações para sericita e epidoto denunciam um zoneamento
concêntrico. Textura mimerquítica na borda dos cristais é encontrada quando em contato com
o quartzo. O feldspato potássico pertítico (lamemas tipo string) apresenta maclamento xadrez
e alteração para argilominerais. O quartzo primário ocorre como cristais hipidiomórficos (1 a
4 mm) com leve extinção ondulante, encontrado nos granitoides menos deformados. Nas
27

rochas com maior grau de deformação, o quartzo forma diferentes tipos morfológicos de
limites de subgrãos (neogrãos), identificadas como: (i) agregados de cristais com extinção
ondulante moderada a forte e contatos interlobados (Qtz1; Figura 5b); (ii) subgrãos associados
aos cristais de feldspatos recristalizados, que ocorrem circundando os fenocristais de
feldspatos e formando contatos irregulares (Qtz2; Figura 5f); (iii) grãos que formam contatos
ameboides ou suturados entre si (Qtz3; Figura 5d); e (iv) são restritos às rochas mais
intensamente deformadas (milonitos), formando subgrãos que estabelecem contatos retos e
poligonais entre si, caracterizando a textura granoblástica (Qtz4).
A biotita é geralmente encontrada moderadamente cloritizada, formando agregados
máficos nas rochas com baixo grau de intensidade de deformação, onde está associada à
titanita, minerais opacos, epidoto magmático, allanita, e por vezes, anfibólio. Nas rochas onde
a deformação é mais intensa, a biotita pode aparecer como porfiroclastos e apresentar
clivagem de crenulação distinta do tipo Z (Figura 6b). Nestas, chega a formar subgrãos (Bt2)
que ocorrem associados aqueles de feldspatos e quartzo.
Já os Tonalitos apresentam textura porfiroclástica com matriz granular alotriomórfica
a granoblástica inequigranular fina a média, onde o quartzo poligonal (Qtz 4) predomina,
disposto em faixas como agregados de subgrãos recristalizados (Figura 6d). Em porções mais
delgadas é identificado o Qtz3, que também podem ser encontrados de forma alongada
(ribbon). Tais aspectos denunciam maior intensidade da deformação sofrida por estas rochas,
onde há pouca preservação de texturas magmáticas (zoneamento concêntrico do plagioclásio e
feldspato micropertítico).
28

Figura 5 – Aspectos macro e microscópicos dos granitoides estudados em Tucumã: a) Leucomonzogranito


equigranular médio; b) Leucomonzogranito de textura granular hipidiomórfica com quartzo primário e quartzo
bulging (Qtz1); c) Monzogranito leucocrático equigranular médio da unidade AMzGd; d) Monzogranito de
textura inequigranularcom cristais subédricos de titanita; e) Granodiorito equigranular fino com enclaves
máficos centimétricos subcirculares da unidade AMzGd; f) Granodiorito com Hornblenda; g) Granodiorito com
fenocristal de álcali-feldspato de ~5 cm de comprimento da unidade GdP; e h) Fenocristal de microclima (Kfs).
Abreviações para o nome dos minerais utilizadas segundo Kretz (1983).
29

Figura 6 – Aspectos microestruturais dos granitoides de Tucumã: a) Mosaico Granodiorito Pórfiro de textura inequigranular alotriomórfica; b) Porfiroclasto de Bt com
clivagem de crenulação, marcando a foliação S-C da rocha. Ao lado, desenho esquemático ao lado ressaltando as estruturas; c) Textura manto-núcleo no Plg com a presença
de microfraturas preenchidas. Ao lado, desenho esquemático ressaltando as estruturas; d) Mosaico do Tonalito evidenciando maior intensidade da deformação com
desenvolvimento de feições proto-miloníticas e formação de textura granoblástica no Qtz4.

29
30

2.5 GEOQUÍMICA

2.5.1 Procedimentos analíticos

Foram realizadas análises químicas em elementos maiores, menores e traços em 45


amostras, as quais foram distribuídas de acordo com a representatividade de cada unidade na
área de Tucumã. Desta maneira, foram analisadas dezoito amostras da associação
monzogranítica-granodiorítica, dezesseis daquelas pertencentes ao leucomonzogranitos, seis
do granodiorito pórfiro e cinco da variedade tonalítica. Tais análises foram realizadas pela
ALS Geochemistry Laboratories, utilizando o pacote BH16178686. A análise destas amostras
ocorreu por ICP-AES para elementos maiores e ICP-MS para elementos menores e traços. Os
diagramas de variação geoquímica foram gerados através do software GCDkit 4.1 (Janousek
et al. 2003). Maiores detalhes acerca do procedimento analítico podem ser encontrados no site
www.alsglobal.com.

2.5.2 Classificação e série magmática

De acordo com o diagrama P-Q de Debon & LeFort (1983), os granitoides tipo
LMzG e aqueles da AMzGd seguem o trend cálcio-alcalino, partindo dos membros menos
evoluídos (granodioritos) até os mais evoluídos (monzogranitos). O GdP se alinha ao trend
subalcalino sódico enquanto o Tonalito segue o trend toleítico (Figura 7a). Tais afinidades
composicionais se repetem no diagrama normativo Ab-An-Or de O’Connor (1965; Figura
7b). O diagrama de Frost et al. (2001) que leva em consideração o índice de ferro (Fe*) versus
SiO2, mostra que as unidades Tonalito e GdP são essencialmente magnesianas, enquanto que
os granitoides dos grupos LMzG e AMzGd são predominantemente ferroan (Figura 7c), com
variações discretas até fortemente magnesianas (amostra LDW-08). Em geral, os granitoides
ferroan de Tucumã (LMzG e AMzGd) apresentam afinidades com a série cálcio-alcalina
(alto-K) nos diagrama de MALI (índice álcali-lime) de Frost et al. (2001; Figura 7d),
diagrama K2O versus SiO2 (Peccerillo & Taylor 1976; Figura 7e) e K-Na-Ca (Nockords &
Allen 1953 e trend definido por Barker & Arth 1976; Figura 7f). Os demais tipos (Tonalito e
GdP) são cálcicos (Figura 7d), sendo que granodiortios pertencem à série cálcio-alcalina
médio K e o Tonalito segue a série toleítica e o trend trondhjemitico (Figura 7e, f).
31

2.5.3 Elementos maiores e menores

Nos diagramas de Harker da figura 8, nota-se que o LMzG é o tipo mais enriquecido
em SiO2, com variação moderada de 72,10 – 77,10%. As unidades Tonalito e GdP são mais
empobrecidas em SiO2 em relação ao tipo anterior, e possuem teores semelhantes entre si, que
variam de 67,80 a 72,30% e 68,80 a 73,40%, respectivamente. As rochas do AMzGd diferem
das demais unidades por apresentarem ampla variação nos teores de SiO2, com valores
mínimo de 64,20% e máximo de 74,50%. Em relação aos demais elementos, nota-se para o
conjunto de rochas analisadas, uma correlação negativa de Al2O3, TiO2, CaO, MgO, FeOT e
Na2O com a SiO2, e positiva deste último com o K2O (Figura 8a-f). Neste caso, o LMzG é
mais enriquecido em K2O (3,84 – 5,44%) e empobrecido nos demais óxidos [Al2O3 (13,50–
14,45%), TiO2 (0,05–0,33%), CaO (0,41-1,62%), MgO (0,12-0,48%), FeOT (0,95-2,74%) e
Na2O (2,82-3,99%)], ao passo que o Tonalito se distingue dos demais granitoides por ser
mais enriquecido em Al2O3 (15,40-15,95%) e Na2O (4,22 – 4,83%), e empobrecido em K2O
(Figuras 8a,e e 7e). Já o GdP é ligeiramente menos aluminoso (14,65-15,15%), sódico (3,57-
4,27%) e mais potássico (2,14-2,89%) que as rochas tonalíticas. A AMzGd apesar de exibir
um amplo espectro composicional, cujos valores dos óxidos supracitados coincidem com
aqueles atribuídos aos demais granitoides, distingue-se destes por apresentar conteúdo mais
elevado de TiO2 (0,23-0,95%) para maioria de suas amostras (Figura 8b). Esta apresentam
ainda maiores afinidades geoquímicas com a unidade leucomonzogranítica, principalmente no
que se refere aos conteúdos de elementos incompatíveis (Figura 8e, 7e). Os contrastes
composicionais apresentados por estes grupos de granitoides é melhor reproduzido pelas
razões FeOT/MgO e K2O/Na2O, onde os maiores valores são atribuídos aos
leucomonzogranitos e os mais baixos aos Tonalitos e GdP (Figura 8d,f).
A ampla distribuição das amostras da AMzGd nos diagramas de Harker para
elementos maiores sugere a existência de dois subgrupos composicionalmente distintos. As
rochas com teores mais baixos de SiO2 (< 71%), são claramente mais enriquecidas em Al2O3
(> 14,5%), e ligeiramente mais cálcicas (> 1,8%) e titaníferas (> 0,50%), com razões
FeOT/MgO e K2O/Na2O mais baixas do que aquelas com teor de SiO2 > 71%. Já a amostra
LDW-08, pertencente ao primeiro subgrupo, possui caráter fortemente magnesiano e sódico, e
consequentemente, baixas razões K2O/Na2O (Figura 8d-f).
32

Figura 7 – Diagramas de classificação geoquímica e série magmática dos granitoides da área de Tucumã: a)
Diagrama P-Q (Debon & Le Fort 1983); b) Diagrama Ab-An-Or normativo (O’Connor 1965, com campos de
Barker 1979); c) Diagrama de Fe* ou FeOt/(FeOt+MgO) vs. SiO2 (Frost et al. 2001); d) diagrama Na2O+K2O-
CaO (MALI) vs. SiO2 (Frost et al. 2001); e) Diagrama K2O vs. SiO2com campos de Peccerillo & Taylor (1976);
e f) Diagrama K-Na-Ca (trends cálcio-alcalino definido por Nockolds & Allen 1953 e trend e campo
trondhjemítico definido por Barker & Arth 1976). Campos de comparação: Trondhjemito Mogno, Suíte
Guarantã e Granito Xinguara (Almeida et al. 2013); Granodiorito Rio Maria (Oliveira et al. 2009); e Média de
TTGs Transicionais do Cráton Yilgarn (Champion & Sheraton 1997).
33

.
Figura 8 - Diagramas de Harker para elementos maiores e menores dos granitoides da área de Tucumã. Campos
de comparação: Trondhjemito Mogno, Suíte Guarantã e Granito Xinguara (Almeida et al. 2013); Granodiorito
Rio Maria (Oliveira et al. 2009); e Média de TTGs Transicionais do Cráton Yilgarn (Champion & Sheraton
1997): a) Al2O3; b) TiO2; c) CaO; d) FeOt/MgO; e) Na2O; e f) K2O/Na2O.
34

2.5.4 Elementos traço

Os granitoides da área de Tucumã mostram uma ampla distribuição de seus


conteúdos de Rb, Ba e Sr (LILEs – large ion lithophile elements) e Y, Nb e Zr (HFSE - high
field strengh elements). Na figura 9 observa-se que o conteúdo de Rb é significativamente
mais elevado na unidade LMzG, assim como nas amostras do subgrupo de alta sílica da
AMzGd (razão Rb/Sr entre 0,25-1,86), em relação aos demais granitoides (razão Rb/Sr<0,55;
Figura 9a). Por outro lado, os granitoides do subgrupo de baixa sílica (SiO2 < 71%) da
AMzGd são nitidamente mais enriquecidos em Ba (>1655 ppm) em relação aos demais
granitoides da área de Tucumã (Figuras 9b, c). Em geral, os grantioides desta associação
distinguem-se claramente das demais unidades pelo enriquecimento em HFSE (Nb+Zr >
225ppm; Figuras 9c,d). Já as amostras LDW-08 e LDW-38 da AMzGd apresentam as mais
baixas razões Rb/Sr e Ba/Sr devido seus altos teores de Sr (634-706 ppm), além de menor
conteúdo de HFSE (Figuras 9a,c e d), cujos aspectos são similares aos observados para os
Tonalitos e GdP.

Figura 9 - Diagramas de Harker de elementos-traço e razões para os granitoides da área de Tucumã. Campos de
comparação: Trondhjemito Mogno, Suíte Guarantã e Granito Xinguara (Almeida et al. 2013); Granodiorito Rio
Maria (Oliveira et al. 2009); e média de TTGs Transicionais do Cráton Yilgarn (Champion & Sheraton 1997): a)
Rb/Sr vs. SiO2; b) Ba vs. SiO2; c) Nb+Zr vs. SiO2; d) Ba/Sr vs. Zr; e e) #Mg=MgO/(MgO+FeOT)mol.
35

2.5.5 Elementos terras-rara e padrões multielementos

As concentrações dos elementos terras raras (ETR), obtidas para as 45 amostras de


granitoides da área de Tucumã, bem como os valores das relações La/Yb e Gd/Yb são
apresentados na tabela 2. As curvas de abundância dos ETR (rocha total) foram construídas a
partir da normalização aos valores condríticos de Boynton (1984). No geral, os padrões ETR
apresentados por estes granitoides mostram enriquecimento em ETRL (elementos terras raras
leves) em relação aos ETRP (elementos terras raras pesados; Figura 10). Neste caso, o LMzG
possui padrão ETR moderadamente fracionado, com média razão (La/Yb)N (16,78 e 110,48) e
discreta anomalia negativa de Eu (0,40 ≤ Eu/Eu* ≤ 0,87; Figura 10a). Duas amostras
distinguem-se das demais por apresetarem padrão ETR mais fracionado com alta razão La/Yb
(129,75 e 362,49). As rochas da unidade tonalítica e do GdP (Figura 10g) mostram
similaridades entre seus valores de ETR, as quais exibem padrões menos fracionados do que
as rochas leucomonzograníticas. Ambos possuem baixa razão (La/Yb)N (Tonalito entre 15,80
e 52,31; GdP entre 11,62 e 76,11) e anomalias negativas de Eu discretas (0,60 ≤Eu/Eu*
≤0,97) ou nulas (Eu/Eu*=1,01). Tais grupos distinguem-se quanto ao conteúdo de ETRP, cuja
somatória é ligeiramente maior no GdP (6,06 - 9,45 ppm) em relação ao Tonalito (3,94 – 7,92
ppm). Em geral, o padrão de ETRP dos tipos mencionados acima é subhorizontalizado com
baixas razões Gd/Yb, variando de 3,91 nos leucogranitos até 3,16 nos GdP, à exceção de três
amostras da unidade leucomonzogranítica (Figura 10a) que apresentam padrões mais
fracionados de ETRP (Gd/Yb = 7,01).
O comportamento dos elementos maiores e traços para os granitoides pertencentes à
AMzGd, indica a existência de pelo menos três grupos distintos que podem ser melhor
individualizados com base no comportamento de ETR (Tabela 2): (i) granitos alto-HFSE e
médio-Ba, com padrões ETR moderadamente fracionados com baixas razões La/Yb (7,82 -
51,26) e Gd/Yb (2,87), e moderada anomalia negativa de Eu (0,38 ≤ Eu/Eu* ≤ 0,70; Figura
10c); (ii) granitos alto-HFSE e alto-Ba, com altas razões La/Yb (42,07 - 125,01) e padrão
ETRP mais fracionado (Gd/Yb = 5,32), com discreta anomalia negativa de Eu (0,56 ≤ Eu/Eu*
≤ 0,75; Figura 10e); e (iii) granodioritos alto-Mg (amostras LDW-08 e LDW-38) , são
empobrecidos em ETR com ausência de anomalia negativa de Eu (Eu/Eu* = 0,89 e 0,90;
Figura 10e). Os aspectos geoquímicos discriminantes apresentados para os granitoides da
AMzGd permitem que os mesmos sejam reconhecidos como tipos específicos, cujos
parâmetros acima serão utilizados para definir suas afinidades petrológicas conforme a tabela
2.
36

No diagrama de multielementos o LMzG apresenta dentre os granitoides estudados


as anomalias negativas de Nb-Ta-P-Ti mais acentuadas (Figura 10b), seguida pelos
granitoides alto-HFSE (Figura 10d, f), sendo que no Tonalito e no GdP tais anomalias são
mais discretas (Figura 10h). Já os granodioritos alto-Mg, apesar de apresentarem anomalias
negativas acentuadas de Nb e Ta, aquelas de P e Ti são mais reduzidas. Além disso, são as
únicas rochas que exibem moderada anomalia positiva de Sr (Figura 10f), indicando que o
plagioclásio não é uma fase residual. Já as anomalias negativas de Nb-Ti-Ta podem indicar a
presença de anfibólio (e/ou rutilo e ilmenita) como fases residuais (Martin et al. 2005).
Anomalias negativas de Ba são mais acentuadas no Tonalito, ligeriamte mais discretas no
LMzG e granitos alto-HFSE médio-Ba, nulas nas amostras do granodiorito alto-Mg e
GdP, e positivas nos granitos alto-HFSE alto-Ba (Figura 10f).
37

Tabela 2– Composições químicas representativas dos granitoides da área de Tucumã (elementos maiores e menores são dados em % e elementos traço em ppm).
Associação Monzogranítica-granodiorítica
Unidade Leucomonzogranito alto-K Granodiorito Pórfiro médio-K Tonalito
Granitos alto-HFSE méido-Ba Granitos alto-HFSE alto-Ba GrD alto-Mg
LDW LDW LDW LDW LDW LDW LDW LDW LDW LDW LDW LDW LDW LDW LDW LDW LDW LDW LDW LDW LDW LDW LDW LDW LDW LDW LDW LDW LDW LDW LDW LDW LDW LDW LDW LDW LDW LDW LDW LDW LDW LDW LDW LDW LDW
Amostras
80 70C 91 11 68 17 70A 20A 41 30 42 6 28 93 64 89A 96B 19 51 3 63 36 59 1 31 4 55 77 61 62 21 88 38 8 76A 23 24 53 84 86 71 85A 89C 90 40
SiO2 (% peso) 72,10 72,50 72,60 72,70 73,10 73,90 74,00 74,20 74,20 74,20 74,20 74,20 74,40 75,90 76,00 77,10 66,50 67,70 70,40 70,60 71,40 71,70 72,00 72,70 73,10 73,60 74,50 64,20 67,90 68,60 69,90 70,70 67,10 68,90 68,80 69,80 70,20 71,00 73,00 73,40 67,80 68,00 70,00 71,50 72,30
TiO2 0,14 0,23 0,33 0,15 0,25 0,14 0,13 0,05 0,12 0,17 0,13 0,24 0,30 0,10 0,14 0,09 0,54 0,58 0,38 0,47 0,42 0,37 0,61 0,33 0,23 0,34 0,30 0,95 0,65 0,64 0,51 0,35 0,40 0,29 0,38 0,48 0,33 0,29 0,25 0,26 0,38 0,39 0,37 0,31 0,24
Al2 O3 14,10 14,25 14,20 15,60 14,40 13,90 14,10 13,75 13,50 14,45 13,70 14,15 14,30 13,55 13,60 13,95 15,85 15,05 15,00 13,75 14,40 14,30 13,10 13,60 14,00 13,55 13,30 15,10 15,05 15,35 14,80 14,90 15,10 14,80 14,70 15,15 14,95 15,10 14,65 14,95 15,95 15,80 15,80 15,65 15,40
Fe2 O3T 2,37 2,74 2,29 1,59 2,01 1,60 1,39 0,97 1,41 2,07 1,40 1,91 2,23 1,12 1,25 0,95 4,68 4,11 2,79 3,20 3,01 2,61 4,07 2,44 1,88 2,43 2,18 5,97 4,07 3,91 2,99 2,88 3,71 2,61 3,78 3,36 3,11 3,06 2,37 2,43 4,15 3,47 2,81 3,12 2,55
MnO 0,03 0,04 0,05 0,02 0,04 0,02 0,01 0,02 0,02 0,02 0,02 0,03 0,03 0,01 0,02 0,02 0,05 0,07 0,04 0,04 0,02 0,04 0,05 0,03 0,03 0,05 0,04 0,04 0,04 0,04 0,04 0,04 0,02 0,03 0,04 0,03 0,05 0,04 0,03 0,04 0,05 0,05 0,04 0,04 0,04
MgO 0,43 0,48 0,45 0,32 0,39 0,27 0,30 0,12 0,23 0,27 0,29 0,30 0,40 0,14 0,17 0,15 1,43 1,09 0,70 0,58 0,57 0,49 0,75 0,41 0,44 0,38 0,36 1,15 0,97 0,82 0,67 0,57 1,09 1,22 1,00 0,81 0,81 1,08 0,57 0,62 1,45 1,06 0,84 0,88 0,74
CaO 1,58 2,58 1,07 0,41 1,62 1,44 1,28 1,38 1,16 1,61 1,34 1,36 1,42 1,04 1,09 1,16 4,48 3,39 2,33 1,84 1,64 1,63 1,92 1,51 1,72 1,30 1,12 2,90 2,39 2,38 1,86 1,99 2,30 2,49 3,47 2,79 3,14 2,72 2,32 2,40 3,38 3,90 3,48 3,48 2,98
Na2 O 3,40 3,99 3,59 5,85 3,72 3,26 3,47 2,82 3,03 3,49 3,10 3,97 3,33 3,42 3,50 3,16 3,96 3,93 3,72 3,41 3,66 3,46 3,33 3,42 3,70 3,57 3,29 4,25 3,62 3,93 3,29 3,53 4,30 4,75 3,57 3,78 4,11 4,08 4,17 4,27 4,83 4,22 4,53 4,37 4,78
K2O 4,22 2,39 5,00 3,84 4,37 4,97 4,63 5,44 4,99 4,54 5,13 4,40 4,96 4,73 4,80 5,18 1,77 2,63 4,03 4,38 4,32 4,32 4,25 4,52 3,67 4,27 5,13 3,04 3,83 3,39 4,81 4,17 2,92 2,88 2,38 2,89 2,14 2,36 2,77 2,48 1,26 1,21 1,31 1,30 1,38
P2 O 5 0,02 0,06 0,11 0,01 0,09 0,05 0,02 0,02 0,03 0,10 0,04 0,07 0,10 0,02 0,03 0,04 0,14 0,19 0,14 0,14 0,12 0,11 0,18 0,09 0,07 0,09 0,05 0,41 0,23 0,20 0,16 0,11 0,18 0,11 0,14 0,16 0,10 0,06 0,07 0,10 0,12 0,13 0,14 0,10 0,09
LOI 0,36 0,29 0,65 0,75 0,62 0,31 0,69 0,47 0,84 0,63 0,59 0,38 0,11 0,42 0,37 0,02 0,58 1,46 0,70 0,68 0,84 0,80 0,60 0,70 0,31 0,83 0,28 0,84 0,74 0,69 1,06 0,93 1,19 0,58 0,72 0,88 0,63 0,93 0,48 0,42 1,05 0,14 0,35 0,84 0,97
Total 98,75 99,6 100,3 101,2 100,6 99,86 100 99,2 99,53 101,6 99,94 101 101,6 100 101 102 99,98 100,20 100,2 99,09 100,40 99,83 100,9 99,75 99,15 100,4 100,6 98,85 99,49 99,95 100,09 100,17 98,31 98,66 98,98 100,13 99,57 100,72 100,68 101,37 100,42 98,37 99,67 101,59 101,47
Ba (ppm) 1955 639 1120 963 904 1340 713 1495 923 1085 789 865 1560 694 1035 1080 693 624 1600 1320 1885 2140 1260 1060 961 974 758 5250 3340 3310 1655 1750 1180 1025 1015 1270 436 589 558 853 184 549 285 416 201
Rb 132,0 101,5 194,0 167,5 171,5 121,0 149,0 161,5 178,0 187,5 170,0 271,0 198,5 162,0 201,0 135,5 97,6 145,5 139,0 188,5 185,0 181,5 179,5 211,0 191,5 239,0 219,0 115,5 161,5 211,0 163,5 144,5 114,0 92,9 84,9 89,3 82,9 81,1 107,5 118,0 97,9 130,5 98,2 75,2 89,6
Sr 529,0 190,5 204,0 161,5 330,0 295,0 224,0 267,0 186,5 220,0 158,5 198,0 264,0 148,5 188,5 228,0 313,0 266,0 500,0 238,0 278,0 328,0 227,0 206,0 277,0 170,5 118,0 776,0 515,0 441,0 291,0 378,0 706,0 634,0 265,0 535,0 240,0 292,0 233,0 366,0 402,0 338,0 301,0 323,0 439,0
Zr 263,0 164,0 295,0 133,0 168,0 216,0 118,0 69,0 130,0 99,0 160,0 269,0 294,0 94,0 113,0 67,0 220,0 196,0 238,0 483,0 384,0 323,0 380,0 384,0 133,0 362,0 248,0 695,0 544,0 511,0 366,0 218,0 150,0 119,0 182,0 152,0 152,0 95,0 147,0 101,0 105,0 161,0 164,0 146,0 151,0
Y 4,6 10,9 13,7 9,0 12,2 5,3 3,8 2,6 6,5 11,5 4,3 16,4 10,1 6,7 13,4 3,4 27,9 41,9 15,4 23,7 16,8 14,4 48,7 21,5 13,3 22,4 16,7 27,8 30,1 20,0 5,9 12,2 6,0 4,7 14,6 8,5 8,8 7,7 3,3 7,0 11,6 8,3 5,3 9,0 6,4
Hf 7,3 4,5 7,6 4,2 4,5 6,3 3,7 2,7 4,3 3,2 4,7 7,5 8,1 3,3 3,6 2,5 5,6 5,0 6,2 11,6 9,2 7,9 10,1 9,4 4,6 10,0 6,9 15,0 13,0 12,2 8,9 5,9 4,3 3,6 4,7 4,1 4,2 2,8 4,4 3,0 3,0 4,0 3,9 3,9 3,9
Nb 4,9 5,6 12,5 7,7 10,5 2,9 3,6 0,9 3,6 4,0 3,2 18,8 8,1 4,2 10,2 2,5 11,0 21,5 12,4 20,3 29,8 14,7 14,9 19,3 8,5 25,7 11,9 21,4 18,3 11,7 7,5 8,1 5,7 3,6 8,9 5,6 7,0 5,2 4,7 6,3 8,2 5,9 4,9 5,9 5,1
Ta 0,2 0,6 1,7 0,7 0,9 0,2 0,3 0,2 0,8 0,6 0,3 1,8 0,4 0,4 1,0 0,2 1,5 3,3 1,2 1,4 3,0 1,0 1,0 1,5 0,9 2,1 0,9 1,3 1,5 0,9 0,6 1,2 0,4 0,6 0,9 0,6 0,7 0,6 0,3 0,6 0,4 0,4 0,7 0,8 1,2
Ni 7,0 8,0 7,0 6,0 6,0 7,0 14,0 4,0 5,0 6,0 7,0 8,0 7,0 6,0 6,0 5,0 14,0 11,0 5,0 11,0 9,0 7,0 13,0 8,0 4,0 8,0 10,0 9,0 13,0 8,0 8,0 5,0 24,0 20,0 9,0 6,0 10,0 20,0 10,0 5,0 18,0 11,0 7,0 7,0 11,0
Cr 50,0 30,0 40,0 30,0 30,0 20,0 30,0 40,0 30,0 50,0 40,0 40,0 40,0 50,0 20,0 30,0 20,0 40,0 40,0 50,0 40,0 50,0 80,0 40,0 40,0 50,0 30,0 40,0 50,0 50,0 40,0 50,0 60,0 70,0 30,0 30,0 30,0 50,0 30,0 30,0 40,0 40,0 30,0 50,0 40,0
La (ppm) 145,00 25,60 78,70 59,50 60,50 80,20 32,10 22,60 46,30 39,20 69,20 65,70 88,50 22,60 47,80 15,20 49,20 33,60 72,70 96,20 120,00 86,70 102,50 86,60 39,10 70,80 54,30 279,00 171,00 196,50 92,60 69,80 37,00 24,10 28,10 40,00 35,60 19,80 32,70 12,40 38,60 29,70 37,20 22,80 9,60
Ce 153,00 44,50 145,00 102,00 109,50 147,00 75,40 30,10 82,30 70,90 119,50 123,50 154,00 48,00 82,20 31,40 84,10 69,30 132,00 183,50 218,00 153,00 139,00 161,50 72,00 134,00 109,00 476,00 303,00 303,00 172,50 131,50 69,30 44,00 50,20 75,60 62,40 33,40 62,50 22,10 67,20 51,90 60,20 42,10 18,10
Pr 25,10 4,71 14,95 11,30 11,15 14,60 6,12 3,92 8,19 7,72 12,10 12,70 16,85 4,89 8,49 3,11 9,02 8,90 14,00 19,30 21,90 15,90 22,20 16,80 7,93 14,10 11,20 46,40 33,30 31,90 17,20 14,30 7,73 4,79 5,30 8,43 6,35 4,03 6,46 2,38 7,72 5,46 6,13 4,53 2,11
Nd 75,20 15,90 50,00 35,20 37,00 45,20 18,70 12,40 24,60 26,30 35,00 41,30 52,90 16,40 28,90 11,00 31,20 35,20 46,20 61,50 68,00 50,00 77,80 52,70 27,10 43,10 36,80 149,00 109,50 99,80 53,50 44,70 27,00 17,20 19,00 30,60 21,20 13,00 22,00 7,80 25,90 18,50 20,40 15,00 7,90
Sm 7,63 2,68 7,34 5,45 5,09 5,80 2,76 1,81 3,34 4,43 4,55 6,29 7,32 2,90 4,35 2,30 5,40 8,03 7,06 9,05 9,14 7,61 13,65 7,93 5,07 6,94 5,39 18,90 15,85 12,40 6,56 6,89 4,48 2,80 3,49 4,96 2,88 2,22 3,28 1,28 4,32 2,89 2,76 2,80 1,63
Eu 1,04 0,57 0,81 0,82 1,08 0,71 0,40 0,54 0,55 0,71 0,52 0,64 0,96 0,51 0,93 0,50 1,07 1,37 1,34 1,14 1,15 1,19 2,02 0,90 0,85 0,88 0,53 3,35 2,26 2,30 0,96 1,14 0,94 0,65 0,87 1,05 0,61 0,56 0,75 0,56 0,70 0,81 0,59 0,59 0,50
Gd 3,11 2,25 4,29 2,52 3,33 2,81 1,48 0,98 1,75 3,06 2,10 3,79 4,29 1,82 3,35 1,35 4,83 7,04 4,79 6,36 4,25 4,46 11,00 4,81 3,68 5,15 3,43 10,65 9,44 7,09 2,71 4,08 2,28 1,80 2,93 3,00 2,04 1,74 1,57 0,89 2,95 2,27 1,60 2,16 1,40
Tb 0,25 0,31 0,52 0,31 0,37 0,30 0,15 0,11 0,20 0,40 0,20 0,56 0,48 0,26 0,42 0,18 0,79 1,02 0,55 0,80 0,52 0,55 1,59 0,65 0,49 0,74 0,50 1,15 1,11 0,80 0,29 0,44 0,26 0,19 0,44 0,36 0,28 0,28 0,15 0,15 0,41 0,28 0,19 0,27 0,17
Dy 1,01 1,69 2,47 1,63 2,08 1,17 0,74 0,51 1,09 2,31 0,98 2,95 2,23 1,32 2,53 0,84 4,68 6,36 3,21 4,56 2,85 2,86 9,39 3,58 2,54 4,12 2,81 5,75 5,72 3,95 1,35 2,57 1,27 0,91 2,61 1,86 1,59 1,71 0,66 1,03 2,05 1,59 0,96 1,64 1,09
Ho 0,17 0,36 0,43 0,26 0,39 0,21 0,13 0,07 0,20 0,37 0,14 0,55 0,38 0,21 0,47 0,13 0,98 1,21 0,51 0,80 0,54 0,49 1,78 0,69 0,42 0,78 0,54 0,97 0,96 0,67 0,22 0,43 0,21 0,16 0,49 0,31 0,29 0,31 0,11 0,22 0,39 0,30 0,17 0,31 0,20
Er 0,36 0,97 1,36 0,82 1,00 0,51 0,39 0,21 0,58 1,02 0,39 1,51 0,83 0,66 1,28 0,27 2,83 3,55 1,29 2,07 1,59 1,40 4,75 2,05 1,30 2,18 1,53 2,37 2,59 1,51 0,58 1,19 0,53 0,40 1,35 0,74 0,83 0,83 0,34 0,71 1,12 0,70 0,45 0,82 0,52
Tm 0,04 0,16 0,17 0,10 0,14 0,09 0,04 0,03 0,08 0,13 0,04 0,22 0,12 0,09 0,19 0,04 0,43 0,47 0,19 0,31 0,26 0,16 0,69 0,31 0,15 0,31 0,25 0,29 0,34 0,20 0,06 0,15 0,08 0,05 0,20 0,11 0,12 0,13 0,05 0,12 0,13 0,10 0,07 0,11 0,07
Yb 0,27 1,03 0,90 0,64 0,89 0,49 0,39 0,20 0,75 0,70 0,36 1,58 0,69 0,55 1,10 0,25 2,85 2,90 1,06 1,86 1,58 1,19 4,20 1,92 1,19 2,00 1,48 1,60 2,00 1,15 0,50 1,12 0,47 0,34 1,24 0,54 0,78 0,98 0,29 0,72 0,75 0,57 0,48 0,71 0,41
Lu 0,07 0,17 0,13 0,11 0,15 0,09 0,07 0,05 0,12 0,11 0,08 0,23 0,10 0,09 0,16 0,03 0,41 0,43 0,19 0,28 0,25 0,18 0,62 0,29 0,20 0,31 0,24 0,25 0,31 0,18 0,07 0,17 0,07 0,06 0,19 0,09 0,12 0,18 0,04 0,09 0,12 0,08 0,08 0,12 0,08
A/CNK 1,08 1,03 1,07 1,07 1,04 1,04 1,08 1,05 1,08 1,06 1,05 1,03 1,06 1,07 1,05 1,08 0,96 0,97 1,02 1,00 1,05 1,07 0,97 1,03 1,06 1,05 1,02 0,97 1,04 1,06 1,06 1,07 1,05 0,96 1,00 1,05 1,01 1,06 1,04 1,06 1,03 1,03 1,04 1,05 1,04
K2 O/ Na2 O 1,24 0,60 1,39 0,66 1,17 1,52 1,33 1,93 1,65 1,30 1,65 1,11 1,49 1,38 1,37 1,64 0,45 0,67 1,08 1,28 1,18 1,25 1,28 1,32 0,99 1,20 1,56 0,72 1,06 0,86 1,46 1,18 0,68 0,61 0,67 0,76 0,52 0,58 0,66 0,58 0,26 0,29 0,29 0,30 0,29
Fe2 O3T +MgO
2,97 3,49 3,12 2,08 2,69 2,03 1,83 1,16 1,78 2,53 1,84 2,48 2,96 1,37 1,58 1,21 6,70 5,85 3,91 4,29 4,02 3,51 5,48 3,21 2,58 3,20 2,88 8,11 5,73 5,41 4,21 3,84 5,22 4,15 5,20 4,68 4,30 4,47 3,22 3,35 6,03 4,97 4,06 4,35 3,57
+MnO+TiO 2
# Mg 0,26 0,26 0,28 0,29 0,28 0,25 0,30 0,20 0,24 0,21 0,29 0,24 0,26 0,20 0,21 0,24 0,38 0,34 0,33 0,26 0,27 0,27 0,27 0,25 0,32 0,24 0,25 0,28 0,32 0,29 0,31 0,28 0,37 0,48 0,34 0,32 0,34 0,41 0,32 0,34 0,41 0,38 0,37 0,36 0,37
Sr/Y 115,0 17,5 14,9 17,9 27,0 55,7 58,9 102,7 28,7 19,1 36,9 12,1 26,1 22,2 14,1 67,1 11,2 6,3 32,5 10,0 16,5 22,8 4,7 9,6 20,8 7,6 7,1 27,9 17,1 22,1 49,3 31,0 117,7 134,9 18,2 62,9 27,3 37,9 70,6 52,3 34,7 40,7 56,8 35,9 68,6
Rb/Sr 0,25 0,53 0,95 1,04 0,52 0,41 0,67 0,60 0,95 0,85 1,07 1,37 0,75 1,09 1,07 0,59 0,31 0,55 0,28 0,79 0,67 0,55 0,79 1,02 0,69 1,40 1,86 0,15 0,31 0,48 0,56 0,38 0,16 0,15 0,32 0,17 0,35 0,28 0,46 0,32 0,24 0,39 0,33 0,23 0,20
Nb/Ta 24,50 9,33 7,35 11,00 11,67 14,50 12,00 4,50 4,50 6,67 10,67 10,44 20,25 10,50 10,20 12,50 7,33 6,52 10,33 14,50 9,93 14,70 14,90 12,87 9,44 12,24 13,22 16,46 12,20 13,00 12,50 6,75 14,25 6,00 9,89 9,33 10,00 8,67 15,67 10,50 20,50 14,75 7,00 7,38 4,25
Gd/Yb 11,52 2,18 4,77 3,94 3,74 5,73 3,79 4,90 2,33 4,37 5,83 2,40 6,22 3,31 3,05 5,40 1,69 2,43 4,52 3,42 2,69 3,75 2,62 2,51 3,09 2,58 2,32 6,66 4,72 6,17 5,42 3,64 4,85 5,29 2,36 5,56 2,62 1,78 5,41 1,24 3,93 3,98 3,33 3,04 3,41
(La/Yb)N 362,49 16,78 59,02 62,75 45,88 110,48 55,56 76,27 41,67 37,80 129,75 28,07 86,57 27,74 29,33 41,04 11,65 7,82 46,29 34,91 51,26 49,18 16,47 30,44 22,18 23,89 24,76 117,70 57,71 115,33 125,01 42,07 53,14 47,84 15,30 50,00 30,81 13,64 76,11 11,62 34,74 35,17 52,31 21,68 15,80
∑LREE 405,93 93,39 295,99 213,45 223,24 292,80 135,08 70,83 164,73 148,55 240,35 249,49 319,57 94,79 171,74 63,01 178,92 155,03 271,96 369,55 437,04 313,21 355,15 325,53 151,20 268,94 216,69 969,30 632,65 643,60 342,36 267,19 145,51 92,89 106,09 159,59 128,43 72,45 126,94 45,96 143,74 108,45 126,69 87,23 39,34
∑HREE 5,28 6,94 10,27 6,39 8,35 5,67 3,39 2,16 4,77 8,10 4,29 11,39 9,12 5,00 9,50 3,09 17,80 22,98 11,79 17,04 11,84 11,29 34,02 14,30 9,97 15,59 10,78 23,03 22,47 15,55 5,78 10,15 5,17 3,91 9,45 7,01 6,05 6,16 3,21 3,93 7,92 5,89 4,00 6,14 3,94
Eu/Eu* 0,65 0,71 0,44 0,68 0,80 0,54 0,61 1,24 0,70 0,59 0,51 0,40 0,52 0,68 0,74 0,87 0,64 0,56 0,70 0,46 0,56 0,62 0,50 0,45 0,60 0,45 0,38 0,72 0,56 0,75 0,70 0,66 0,90 0,89 0,83 0,83 0,77 0,87 1,01 1,60 0,60 0,97 0,86 0,73 1,01

Legenda: GrD = Granodiorito; LOI = loss on ignition; A/CNK=[Al 2O3/(CaO+Na2O+K2O)]mol; #Mg = (MgO/(MgO+FeOT)mol; Eu/Eu* = EuN/(SmN x GdN)2

37
38

Figura 10 - Diagramas de ETR, normalizados para o condrito (Boynton 1984) e Multielementos, normalizado
para o manto primitivo (McDonough & Sun 1995), das rochas de Tucumã: a) e b) grupo Leucomonzogranito
alto-K; c) e d) grupo Granitos alto-HFSE e médio-Ba; e) e f) grupos de Granitos alto-HFSE e alto-Ba e
Grandiorito alto-Mg; e g) e h) grupos Granodiorito Pórfiro médio-Na e Tonalito alto-Na. Campos de
comparação: Trondhjemito Mogno, Suíte Guarantã e Granito Xinguara (Almeida et al. 2013); Granodiorito Rio
Maria (Oliveira et al. 2009); Granitos Híbridos (Laurent et al. 2014); e Granitos tipo-Closepet de Ourilândia do
Norte (Silva et al. 2018).
39

2.6 DISCUSSÕES

2.6.1 Natureza e afinidades petrológicas

Os grupos de granitoides individualizados na área de Tucumã apresentam


comportamentos geoquímicos distintos que podem ser divididos em dois grupos: granitoides
da série toleítica (alto-Na) e aqueles cálcio-alcalinos de médio e alto-K (Figura 7e). O grupo
dos granitoides cálcio-alcalinos é formado por leucomonzogranitos potássicos, granitoides
alto-HFSE, granodiorito alto-Mg e granodiorito pórfiro médio-K. Os dados
composicionais apresentados para estes granitoides, permitem correlacioná-los com os
principais tipos mesoarqueanos já estudados na região de Rio Maria e em outros crátons,
como os granitos híbridos do Cráton Kaapval (Laurent et al. 2014), tipo-Closepet do Cráton
Dhawar (Moyen et al. 2003) e de alto-Ca do Craton Yilgarn (Champion & Sheraton 1997). O
estudo comparativo entre as variações de elementos maiores, menores e traços destes
granitoides, visa aprimorar o conhecimento dos processos petrogenéticos envolvidos na
formação daqueles da área de Tucumã, e consequentemente contribuir para uma melhor
compreeensão sobre a evolução da Província Carajás.

2.6.1.1 Leucomonzogranito alto-K

Os leucomonzogranitos são os principais constituintes da crosta na área de Tucumã e


distinguem-se dos demais graniotoides por apresentarem um carácter francamente ferroan
(alta razão FeOT/MgO) de alto-K (alta razão K2O/Na2O), e conteúdos mais baixos de minerais
máficos (M  6%). Tais aspectos também sugerem que o batólito leucogranítico possa ser
correlacionado ou até mesmo fazer parte, de uma suíte formada pelos granitos cálcio-alcalinos
de alto-K do tipo Xinguara e demais corpos análogos que ocorrem no Domínio Carajás (Feio
et al. 2013, Leite et al. 1999, Rodrigues et al. 2014). Além dos aspectos mencionados acima,
as afinidades entre os granitos de Tucumã e aqueles da Suíte Xingura é dada também pelos
baixos teores de Al2O3 e HFSE (Ti, Zr, Y e Nb), altas razões LILE/Sr e baixos #Mg (Tabela 3
e Figuras 7-9). A forte coincidência nos padrões de ETR do granito de Tucumã com o do tipo
Xinguara corrobora a afinidade geoquímica entre os mesmos, sendo que se observa maior
fracionamento de ETR nos últimos (Figura 10a). Ambos são afins aos leucogranitos cálcio-
alcalinos (biotita granito) dos Crátons Kaapvaal (Laurent et al. 2014) e Dharwar (Moyen et al.
2003) - Figuras 11a,c. Por outro lado, nota-se que tais granitos contrastam com aqueles da
Suíte Guarantã do Domínio Rio Maria (leucogranodioritos-granitos de alto Ba-Sr) estudados
40

por Almeida et al. (2010). Apesar de mostrarem, nos diversos diagramas para elementos
maiores e traço, superposições entre as amostras mais empobrecidas em sílica dos granitos de
Tucumã com aquelas mais evoluídas da Suíte Guarantã, esta última é, em geral, mais
enriquecida em elementos compatíveis em magmas graníticos (Al, Ca, Ti, Mg e Fe), além de
Na (baixa razão K2O/Na2O) e Sr (baixas razões LILE/Sr), e ausência de anomalia negativa de
Eu (Figuras 7-9).
Em grande parte dos terrenos arqueanos a colocação de plútons graníticos de alto-K
sucede a principal fase de magmatismo TTG (Moyen & Laurent 2018). No Domínio Rio
Maria a colocação desses plútons se deu ainda no mesoarqueano (2,87 Ga; Leite et al. 2004),
~70 Ma após a formação da crosta TTG (2,94 Ga). Este evento foi responsável pela geração
de um grande volume e diversidade de magmas cálcio-alcalinos nesta porção do Cráton
Amazônico, e corresponde ao último evento tectonotermal relacionado à estabilização
tectônica Província Carajás (Almeida et al. 2013, Leite et al. 2004, Souza et al. 2001). Na
área de Tucumã, os leucogranitos também são intrusivos em grantioides TTG e podem fazer
parte do mesmo evento tectono-termal que deu origem aos granitoides mesoarqueanos de Rio
Maria. Neste contexto, algumas características geoquímicas dos granitos alto-K, como o
enriquecimto em LILE (K e Rb) e as altas razões K2O/Na2O, podem indicar uma origem a
partir de retrabalhamento crustal, cujo magma produzido se torna mais enriquecido nestes
elementos do que na fonte (Mondal et al. 2019). Diversos modelos de diferenciação para a
crosta continental arqueana explicam a origem das suítes graníticas (alto-K) por fusão de
TTGs (Martin 1994). Patiño Douce (2005) atestou a geração de magmas leucograníticos
peraluminosos por meio de fusão parcial de tonalitos, em condições anidras, no intervalo de
1.5 - 3.2 GPa de pressão e temperaturas acima de 900ºC. No Cráton Bundelkhand (Índia
Central), a origem das suítes potássicas leucograníticas (high sílica low magnesium - HSLM)
é atribuída à fusão parcial de tonalitos ou granodioritos em crosta média ou inferior em altas
temperaturas (Joshi et al. 2016). Almeida et al. (2013) consideram que a origem do Granito
Xinguara está relacionada à fusão parcial (12%) de uma crosta TTG. Processo similar é
atribuído para a produção de grandes volumes de magmas graníticos de alto-K no Domínio
Carajás, onde a fusão parcial anidra de rochas arqueanas sódicas implicou na produção de um
restito granulítico (Ortogranulito Chicrim-Cateté; Marangoanha 2018).
No diagrama discriminante de Laurent et al. (2014), as amostras do granito de alto-K
de Tucumã, assim como o campo do Granito Xinguara, incidem no domínio das rochas com
fonte tonalítica (Figura 11f), o que corrobora os modelos citados acima. Dessa forma, sugere-
se que o magma granítico de alto-K de Tucumã se formou a partir de fusão parcial anidra de
41

uma crosta TTG mais antiga. Além disso, baseado em dados experimentais de Patiño Douce
(2005), tais fusões ocorreriam em condições de pressões moderadas (~1-1.5 GPa; ~30 km de
profundidade), conforme indicado pelas razões Sr/Y (Figura 11e), e sob altas temperaturas (>
900ºC). Nestas condições o plagioclásio ainda é uma fase resídual, uma vez que em sistemas
anidros este mineral pode resistir a temperaturas de até 1100ºC (Moyen & Martin 2012), e
que seria responsável pela presença da anomalia negativa de Eu nos granitos. As moderadas
razões Sr/Y e La/Yb dos granitos de Tucumã indicam que a granada foi uma fase ausente ou
de menor expressão no resíduo (até 15%; Souza et al. 2001), uma vez que a curva de
estabilidade da granada é atingida em ~0.8 GPa (Watkins et al. 2007). Embora o anfibólio
também possa ser responsável pela retenção de Y na fonte. O padrão côncavo dos ETRP é
uma característica típica dos granitos alto-K de Carajás, que atesta o fracionamento da
hornblenda durante a fusão. Tal característica é mais acentuda no Granito Xinguara em
relação ao leucogranito de Tucumã, cujo padrão de ETRP menos fracionado e o maior
enriquecimento em Y (Figura 10b), sugerem que a fusão de sua fonte tenha ocorrido em
menores profundides do que aquela necessária para a geração do Granito Xingura.

2.6.1.2 Granitos alto-HFSE

Estes granitos são expressivos na porção central e nordeste da área, onde ocorrem
como pequenos plútons lenticulares comumente associados às zonas de cisalhamento.
Petrograficamente destacam-se dos demais grupos por apresentarem titanita bem
desenvolvida de hábito bipiramidal que podem atingir até 6 mm, além do alto conteúdo de
minerais máficos (6-27,2%). Apresentam afinidade cálcio-alcalina de alto-K, e são
predominantemente ferroan. Apesar de possuírem características geoquímicas variáveis entre
os Leucomonzogranitos alto-K e Granodioritos alto-Mg (Tabela 3 e Figuras 7-9), os granitos
de alto-HFSE distinguem-se dos demais granitoides pelo alto conteúdo de HFSE (Zr, Y, Nb,
Ti; Figura 9c, d). Dentre as amostras deste grupo, nota-se ainda uma ampla variação no
conteúdo de Ba (Figura 9b, c) que permitu a individualização de dois subgrupos, como
mostrado na tabela 2 e figura 10. Aquelas com o alto-Ba (X̅ = 2513,8 ppm) são identificadas
como tonalitos e granodioritos, as quais são as mais enriquecidas em TiO2, padrão ETR
fortemente fracionado e discreta anomalia negativa de Eu (Figura 10e). Já no subgrupo de
̅ =1206,8 ppm), são em geral mais potássicas (monzogranitos) e possuem
médio-Ba (X
menores teores de TiO2, Al2O3, CaO e #Mg em relação ao subgrupo anterior (Figuras 8 e
42

10d), excetuando-se duas amostras que apresentam comportamento anômalo devido maior
grau de interação com enclaves máficos (LDW-19 e LDW-96B).
Granitoides mesoarqueanos enriquecidos em HFSE (> 300 ppm) e Ba (> 1500 ppm)
são ausentes ou de ocorrência extremamente restrita na Província Carajás. No entanto,
pequenos corpos de biotita granodioritos ricos em titanita análogos aos granitos alto-HFSE
(alto-Ba), foram recentemente identificados na área vizinha de Tucumã (Ourilândia do Norte;
Silva et al. 2018; Tabela 3 e Figura 11c). A presença de titanita varietal combinado com os
altos conteúdos de LILE (K, Ba e Sr) e ETR, e os padrões levemente fracionados com a
presença de discretas anomalias negativas de Eu, indicam que os granitos de alto-HFSE
tiveram a contribuição de um magma parental félsico durante sua gênese. Por outro lado, a
ocorrência frequente de enclaves máficos microgranulares e o alto conteúdo modal de
minerais máficos (M < 27,2%) sugerem que um componente máfico teve participação na
origem dessas rochas. A ambiguidade composicional mostrada por este grupo é similar àquela
identificada para os Granitos Híbridos do Bloco Pietersburg (Figura 11a), cuja origem estaria
ligada à interação entre um magma formado por diferenciação de granitoides de alto-Mg
(sanukitoides) e líquidos crustais (Laurent et al. 2014).
O diagrama discriminante de elementos traço mostra que os granitos alto-HFSE de
Tucumã têm uma clara afinidadade com os granitos tipo-Closepet (granitos de alto-Mg e alto-
K) do Craton Dharwar (Moyen et al. 2003; Figura 11c). Estes dintinguem-se dos sanukitoides
por apresentarem menor #Mg, menores concentrações de Ni e altos conteúdos de HFSE (Ti,
Zr e Y), cuja origem estaria relacionada a processos de mistura em diferentes proporções de
líquidos anatéticos (TTGs) e mantélicos de composições monzonítica a diorítica (Jayananda et
al. 1995, Moyen et al. 2001). As afinidades composicionais entre os granitoides alto-HFSE de
Tucumã e aqueles do tipo-Closepet sugerem uma forte analogia petrogenética (magmas com
alto-Ti e alto-Ba), os quais poderiam ser formados por fusão parcial de uma fonte mantélica
enriquecida (Moyen et al. 2003) ou máfica de alto-K (Figura 11f; Laurent et al. 2014). Fusões
subsequentes do manto enriquecido, provavelmente em um ambiente pós-subduccção ou sin-
colisional, deram origem a estes magmas (alto HFSE, Mg, ETR e K). Como demonstrado
para os granitos tipo-Closepet, um magma quente derivado do manto pode induzir a fusão da
crosta continental (TTG) e interagir com produtos anatéticos (Moyen et al. 2001). Neste
contexto, diferentes graus de mistura entre os dois magmas produzidos podem ser
responsáveis pela ampla faixa composicional descrita para os granitoides alto-HFSE de
Tucumã (Figura 11f), cuja colocação simultânea dos diferentes magmas se daria em zonas de
cisalhamento ativas (Figura 2), consideradas como um mecanismo efetivo para
43

homogeneização de líquidos silicáticos. Antecedendo a isto, assim como nos granitos


Closepet do Cráton Dharwar (Peng et al. 2019), a geração dos granitos alto-HFSE em
Tucumã provavelmente ocorreu em níveis crustais rasos a intermediários dado pelas suas
baixas razões Sr/Y e La/Yb, fora do campo de estabilidade da granada e com variáveis
proporções de plagioclásio e anfibólio no resíduo.

Tabela 3 – Resumo das principais características geoquímicas e afinidades petrológicas dos granitoides de
Tucumã.
Unidade Tonalito GdP AMzGd LMzG
Série Cálcio-alcalino
Trondhjemítico
Magmática médio-K alto-K
Tonalito Granodiorito Granodiorito Alto-HFSE Leucomonzo-
Classificação
Alto-Na pórfiro Médio-K Alto-Mg médio-Ba alto-Ba granito Alto-K
TRONDHJEM ITO TTG GRANODIORITO GRANITO
CORRELAÇÃO CLOSEPET
M OGNO TRANSICIONAL RO M ARIA XINGUARA

K2O 1,3 (1,7) 2,5 (2,7) 2,9 (3,0) 4,3 (4,3) 3,8 (3,9) 4,8 (5,1)
K2 O/Na2 O 0,3 (0,3) 0,6 (0,6) 0,6 (0,7) 1,2 (1,0) 1,0 (1,0) 1,4 (1,5)
Fe* 0,75 (0,74) 0,77 (0,78) 0,71 (0,69) 0,81 (0,77) 0,81 (0,79) 0,84 (0,85)
#Mg 38 (38) 35 (34) 42 (55) 29 (36) 30 (32) 25 (24)
Ba 327 (603) 787 (918) 1103 (1044) 1207 (1347) 2513 (3257) 1072 (1082)
Sr 361 (498) 322 (407) 670 (640) 265 (856) 480 (627) 237 (318)
Zr 145 (140) 138 (125) 135 (130) 305 (293) 467 (381) 180 (161)
HFSE
Y 8 (6) 8 (6) 5 (7) 19 (23) 19 (22) 8 (8)
Nb 6 (4) 6 (5) 5 (5) 17 (-) 13 (16) 6 (6)
Ti 2026 (1711) 1988 (-) 2068 (2241) 2602 (-) 3717 (3377) 998 (763)
Ele m. Cr 40 (22) 33 (5) 65 (128) 40 (16) 46 (18) 36 (-)
Mant.
Ni 11 (8) 8 (5) 22 (54) 9 (9) 9 (14) 6 (-)
La/Yb 32 (60) 33 (-) 50 (27) 31 (41) 91 (47) 59 (75)
Eu/Eu* 0,8 (0,9) 0,9 (-) 0,9 (0,9) 0,5 (0,8) 0,7 (0,7) 0,6 (0,5)
Legenda: valores representados entre parêneteses equivalem à composição média das respectivas unidades da
literatura utilizadas para correlação. Fontes: Trondhjemito Mogno, Granito Xinguara (Almeida et al. 2013); TTG
Transicional (Champion & Sheraton 1997); Granodiorito Rio Maria (Oliveira et al. 2009); Closepet (Jayananda
et al. 1995; Laurent et al. 2014).

2.6.1.3 Granodiorito alto-Mg

Dentre os grupos de granitoides originalmente ligados à Associação Monzogranítica-


granodiorítica, o tipo de alto-Mg ocorre de maneira mais restrita na área sob a forma de uma
pequena intrusão representada pelas amostras LDW-08 e LDW-38. São rochas que
apresentam valores médios da razão K2O/Na2O inferiores aos dos granitos discutidos acima
(ver tabela 3) e tendência cálcio-alcalina médio-K (Figura 7e), além de um caráter mais
magnesiano (baixo Fe* e alto #Mg; Figuras 7c e 11d), maior enriquecimento em elementos
compatíveis mantélicos (Cr, Ni, Sr e Ca) e empobrecimento em HFSE (Nb, Zr e Y; Figura
9d). Tal comportamento, aliado ao padrão ETR, indica que dentre os granitoides
44

mesoarquenos individualizados no Domínio Rio Maria, estas amostras mostram maior


afinidade com aquelas da Suíte Sanukitóide, que também possui alto conteúdo de Ba+Sr
(>1200 ppm). Embora os Granodioritos alto-Mg de Tucumã sejam diretamente
correlacionáveis ao Granodiorito Rio Maria, seus teores mais elevados de sílica e menores
conteúdos de elementos compatíveis mantélicos (Tabela 3), indicam que estes evoluíram por
cristalização fracionada a partir do magma sanukitoide. Processo análogo é admitido para a
formação do Granito Rancho de Deus da área de Rio Maria, cuja origem é atribuída à
cristalização fracionada (23%) do magma sanukitoide (Almeida et al. 2013).
Os altos teores de elementos mantélicos e o numero expressivo de enclaves dioríticos
presente nessas rochas (Figura 5e), são indicativos da contribuição de uma fonte máfica na
sua gênese, conforme indicado pelo diagrama discriminante de Laurent et al. (2014; Figura
10f). No entanto, os Granodioritos alto-Mg são mais enriquecidos em LILE (Rb, Ba, Sr e K)
em relação aos granitoides alto-Na (Tonalitos), indicando que a fonte mantélica dos
sanukitoides seria enriquecida por fluidos ou magmas ricos em Ba-Sr. Neste caso, um manto
litosférico subcontinental metassomatizado (lherzolítico) seria parcialmente fundido em altas
temperaturas (1050 – 1150ºC) e pressões intermediárias 1-1.5 GPa (Conceição & Green 2004,
Heilimo et al. 2010). O forte empobrecimento em ETRP e as mais altas razões Sr/Y (Figura
10e) desta unidade indicam que para sua formação houve a participação de um líquido gerado
no campo de estabilidade da granada (pressões ≥1.5 GPa). Sendo assim, a origem do magma
formador do Granodiorito alto-Mg de Tucumã pode ser atribuída à metassomatização do
manto por líquidos félsicos (TTG) oriundos da fusão da slab oceânica (Martin et al. 2009),
com contribuição de fluidos ricos em H2O e CO2 liberados por sedimentos subductados (Jiang
et al. 2016). A ascensão e colocação de magmas de alto Mg na base da crosta teriam servido
como fonte de calor para a fusão parcial da crosta TTG e geração dos magmas leucograníticos
potássicos (Halla et al. 2016).

2.6.1.4 Granodiorito Pórfiro médio-K

Esta variedade se destingue texturalmente das demais por apresentar fenocristais de


álcali-feldspato centimétricos (Figura 4g). Possui assinatura cálcio-alcalina magnesiana de
médio-K, similar aos Granodioritos alto-Mg. No entanto, os últimos são mais enriquecidos
em LILEs (Ba, Rb, Sr), Cr e Ni, e o seu padrão ETR é mais fracionado em relação ao
Granodiorito Pórfiro médio-K. O padrão ETR dos granitoides médio-K apresentam fortes
similaridade com aquele dos Tonalitos, sendo que este é ligeiramente mais empobrecido em
45

ETRP que o primeiro. Apesar de estas rochas apresentarem fortes afinidades composicionais,
como o caráter sódico, baixas razões Rb/Sr, baixos conteúdos de HFSE e moderado #Mg
(Figuras 7f, 8a,d e 10d), o Granodiorito Pórfiro médio-K não segue o trend trondhjemítico,
como no caso das rochas tonalíticas e trondhjemíticas de afinidade TTG (Figura 6f). Tal
diferença também se reflete nas mais altas razões K2O/Na2O do Granodiorito Pórfiro em
relação aquelas dos TTGs arqueanos, resultando no comportamento transicional no diagrama
discriminante de Laurent et al. (2014) – Figura 10a. Além disso, o conteúdo moderado de Ba
(moderada razão Ba/Sr) do primeiro também o difere dos Tonalitos, cujos valores são
ligeiramente mais baixos (Figura 9h e Tabela 3). Tais aspectos aliados à ausência de trends
colinares entre os granitoides de alto- e médio-Na (médio-K) não sustentam a hipótese para
origem dos Granodioritos Pórfiros a partir da cristalização fracionada de líquidos tonaliticos.
Da mesma forma, seria improvável a origem destas rochas a partir da fusão parcial de uma
crosta TTG mais antiga, dado as baixas razões K2O/Na2O e a ausência da anomalia negativa
de Eu dos granodioritos, que são assinaturas geoquímicas típicas de rochas de
retrabalhamento crustal. Dados experimentais mostram que o conteúdo de K2O em líquidos
produzidos por fusão parcial de TTGs variam entre 2 e 6% (Patiño-Douce & Beard 1995,
Skjerlie & Johnston 1996), contrastando com os baixos teores deste óxidos para os granitos
pórfiros e que, por outro lado, coincidem com os altos teores dos leucomonzogranitos alto-K
de Tucumã (Tabela 3).
Granitoides que compartilham características geoquímicas com os típicos TTGs
arqueanos têm sido descritos em vários terrenos e podem ser exemplificados pelos
granonodioritos-granitos da Província Wyoming (Frost et al. 2006), granitos do oeste do
Cráton Dharwar (Jayananda et al. 2006), além daqueles dos crátons Pilbara e Yilgarn, para os
quais foi atribuído o termo TTG Transicional ou Enriquecido (Champion & Smithies 2001,
2007). Estes seriam mais enriquecidos em LILE e empobrecidos em Sr em relação aos
graniotides TTG. Sua origem ainda é incerta, embora estima-se que sua petrogênese envolva
uma crosta preexistente durante as fases tardias de estabilização de crátons arqueanos. No
Domínio Rio Maria da Província Carajás, granitoides com fortes afinidades geoquímicas com
os TTGs transicionais (granitos cálcico-alcalino de alto-Ca) são associados a um grupo de
leucogranodioritos-granitos enriquecidos em Ba e Sr da Suíte Guarantã formada em 2,87 Ga.
Sua origem é atribuída às variações composicionais da fonte ou a variados graus de fusão
parcial, acumulação e/ou magma mixing (Almeida et al. 2010). Tal suíte apresenta afinidades
geoquímicas com o Granodiorito Pórfiro de Tucumã no que diz aos seus baixos conteúdos de
HFSE, baixas razões Rb/Sr e padrão moderadamente fracionado de ETR (moderadas razões
46

La/Yb e Sr/Y), sendo que amostras da Suíte Guarantã apresentam tipos com maior
fracionamento de ETRP. Por outro lado, a natureza cálcio-alcalina médio-K dos Granodioritos
Pórfiros de Tucumã e seus teores mais elevados de CaO e baixos de LILE, assim como as
mais baixas razões K2O/Na2O, FeOt/MgO e Ba/Sr, os distinguem claramente dos granitoides
desta suíte (Figuras 7 e 8). O comportamento composicional dos granitoides de Tucumã,
considerado como ambíguo em relação à Suíte Guarantã, é visto como afim dos TTGs
Transicionais do grupo alto-Ca e baixo-Y dos crátons Yilgarn (Champion & Sheraton 1997) e
Pilbara (Champion & Smithies 2001, 2007) - Figuras 6 e 10.
A ausência de anomalia negativa de Eu e Sr e o empobrecimento em HFSE
observado no Granodiorito Pórfiro, além do menor fracionamento de ETRP em relação aos
típicos TTGs, podem indicar origem a partir de uma fonte máfica sob pressões moderadas
(~1-1.5 GPa) já no campo de estabilidade da granada (+ anfibólio), e ligeiramente mais rasas
do que aquelas atribuídas aos Granodioritos de alto-Mg. As maiores razões K2O/Na2O destas
rochas em relação aos TTGs, juntamente com o maior enriquecimento em LILE, não é
compatível com uma fonte tipo MORB. Além disso, os baixos conteúdos de #Mg, Cr e Ni
(Tabela 3; Figura 10d) dessas rochas não favorece uma origem por fusão de slab subductada
(Mohan et al. 2012). Alternativamente, foi admitido para os TTGs Transicionais do Cráton
Pilbara, origem a partir da fusão parcial de fontes heterogêneas de platôs oceânicos
espessados (basalto enriquecido com camadas félsicas intercaladas) em ambiente intraplaca
associado a underplating da crosta máfica (Champion & Smithies 2007). Desta forma, a fonte
das rochas estudadas seria compatível com magmas mais enriquecidos (andesíticas/dacíticas)
do que basaltos arqueanos típicos (figura 10f), ou até mesmo uma associação destes basaltos
com um componente crustal.

2.6.1.5 Tonalito

Os granitoides de composição tonalítica da área de Tucumã parecem ocorrer como


fragmentos de uma crosta mais antiga preservada em meio ao magma leucogranítico e janelas
do embasamento, cujo padrão estrutural N-S diverge daquele das demais unidades mapeadas.
Apresentam padrões geoquímicos típicos de suítes TTG [e.g., altos conteúdos de SiO2 ( >
68%) e Na2O (3–7%), baixas razões K2O/Na2O (<0,5%) e empobrecimento em elementos
ferromagnesianos (FeOT + MgO + MnO + TiO2 ≤ 5)] como sugerido pelo diagrama
discriminante de Laurent et al. (2014; Figura 11a).
47

Figura 11 – Aspectos petrogenéticos dos granitoides de Tucumã: a) Diagrama de ternário de Classificação 2*


A/CNK (razão molar Al2O3/[CaO + Na2O+K2O]), razão Na2O/K2O, 2 ∗ FMSB (FeOt + MgO)% ∗ (Sr + Ba) %
(Laurent et al. 2014); b) diagrama binário da razão molar Al 2O3 / (CaO + TiO2 + MgO + FeOt) vs. K2O/CaO; c)
diagrama Cr+Ni vs. SiO2; d) diagrama Zr vs. Ni (Moyen et al. 2003); e) Diagrama Sr/Y vs. Y (Almeida et al.
2011); e f) Diagrama ternário de Fontes Al2O3/(FeOt+MgO),3*CaO, 5*(K2O/Na2O) de Laurent et al. (2014).
Campos de comparação: Trondhjemito Mogno, Suíte Guarantã e Granito Xinguara (Almeida et al. 2013);
Granodiorito Rio Maria (Oliveira et al. 2009); Granitos tipo-Closepet de Ourilândia do Norte (Silva et al. 2018);
e média de TTGs Transicionais do Cráton Yilgarn (Champion & Sheraton 1997).
48

Tais padõres são ainda interiramente coincidentes em termos de elementos maiores e


traços com aqueles do principal batólito TTG de Carajás representado pelo Trondhjemito
Mogno do Domínio Rio Maria (Figura 7 e 8), definido por Almeida et al. (2011) como típico
representante de TTGs arqueanos e correlacionáveis aqueles de alto-Al2O3 e alto-Sr do Cráton
Pilbara (Champion & Smithies 2007). Além disso, a ocorrência do plagioclásio saussuritizado
com zoneamento concêntrico também aproxima as rochas de Tucumã daquelas do
Trondhjemito Mogno. Os granitoides tipo-TTG são os principais componentes dos crátons
arqueanos, e são representados amplamente por tonalitos e trondhjemitos. Estes apresentam
variações nas razões La/Yb e Sr/Y que refletem contrastes em suas gêneses (Almeida et al.
2011). Nos tonalitos de Tucumã tais razões são moderadas, similar ao que é mostrado por
rochas análogas de outros crátons, inclusive aquelas pertencentes ao grupo de TTG de média
razões La/Yb e Sr/Y do Domío Rio Maria (Figura 11e), e que contrastam com os grupos de
alta e baixa razões (Figura 10g). Tais contrastes estão relacionados às diferenças de
profundidade e pressão em que seus magmas foram gerados (Almeida et al. 2011, Moyen &
Martin 2012). Os subgrupos de baixa e média pressão compreendem cerca de 80% do total
das suítes TTGs (Moyen 2011), sendo que seus equivalentes de média razão La/Yb são mais
expressivos no Domínio Rio Maria da Província Carajás. A fonte de magmas TTG é
predominantemente atribuída a um baixo ou moderado grau de fusão parcial de crosta máfica
(metabasaltos hidratados) em condições análogas a de fácies anfibolito, granada-anfibolito ou
eclogito (Halla et al. 2016, Rapp et al. 2003). Neste contexto, existem pelo menos duas
hipóteses uniformitaristas que tentam explicar as condições de formação da crosta félsica
primitiva, que em linhas gerais, são: i) fusão de slab oceânica ou platô oceânico subductado
(Foley et al. 2002, Martin et al. 2014, Rapp et al. 2003); e ii) fusão parcial de uma crosta
máfica de arco de ilha tectonicamente espessada (Adam et al. 2012, Hastie et al. 2016, Polat,
2012). Por sua vez, uma vertente não-uniformitarista defende dominância de uma tectônica
vertical (delaminação e/ou ascensão de plumas mantélicas), geralmente relacionada à fusão de
uma crosta de platô oceânico (Bédard 2006, Johnson et al. 2017, Sizova et al. 2015, Smithies
et al. 2009). Tais hipóteses têm em comum a existência de um espessamento crustal
favorecendo fusão no campo de estabilidade da granada (responsável pelo fracionamento de
ETRP), que se inicia a partir de 0.7 - 0.8 GPa (20 – 35 km) que corresponderia a níveis
inferiores de um platô espessado (Johnson et al. 2017).
Os granitoides sódicos de Tucumã são afins do grupo de TTGs de média pressão,
formados a partir de basaltos toleíticos enriquecidos, em pressões de 1.5 GPa (profundidade
de ~45 km) em equilíbrio com pouca granada e pouco plagioclásio no resíduo (Moyen 2011).
49

Neste sentido, Almeida et al. (2011) propuseram um modelo para a formação das suítes TTGs
de Rio Maria, em que o grupo de média razão La/Yb seria produto da fusão de uma crosta
oceânica quente e jovem subductada sob um platô oceânico espessado em pressões
intermediárias (1.0 – 1.5 GPa), ainda dentro do campo de estabilidade da granada. Este
cenário vai na mesma direção do “modelo híbrido” (fusão de base de platô oceânico e de slab)
de Halla et al. (2009), sendo que neste último, é admitido a origem do subgrupo de baixo-
ERTP pela fusão em altas pressões (> 2.0 GPa) na parte inferior de platô oceânico espessado.
Por sua vez, Martin et al. (2014) apontam que magmas TTGs não podem ser gerados a partir
de basaltos tipo MORB (baixo LILE), e sugerem sua origem a partir da fusão de ilha
oceânicas hidratadas (mais enriquecidas em K) em ambiente de subdução.
A formação de magmas requer a fusão parcial de crosta ou manto em resposta a
processos dinâmicos (movimentos de placas e plumas do manto). No Domínio Rio Maria da
Província Carajás, processos tectônicos convergentes foram responsáveis pela formação de
60% da crosta félsica arqueana no período entre 2,98 e 2,92 Ga (Almeida et al. 2011, Althoff
et al. 2000). O caráter juvenil desta crosta é atribuído à fusão de uma crosta oceânica
komatiítica e basáltica metamorfizada (greenstones belts Identidade e Sapucaia) em ambiente
de arco de ilhas (Souza et al. 2001), conforme indicado pelo diagrama discrimante de fontes
para granitoides arqueanos (Figura 11f). Neste cenário, pode-se estimar para a origem dos
granitoides sódicos da área de Tucumã um ambiente de subducção sob um platô oceânico ou
protocrosta espessada (sequências greenstones) e consequente fusão facilitada por fluidos
derivados da desidratação da slab, que geraria grupos de média pressão e em menores
profundiades aqueles de baixa pressão (baixa razão La/Yb). O baixo conteúdo de elementos
compatíveis mantélicos (e.g., #Mg e Ni) das rochas tonalíticas de Tucumã em relação a TTGs
Enriquecidos e Sanukitoides (Figura 11c,d), aliado às suas razões La/Yb moderadas, indicam
que não houve interação de líquidos crustais com a cunha mantélica, fato que geralmente é
atribuído à magmas TTG de alta pressão (Martin et al. 2014).

2.6.2 Considerações deformacionais

A forma elipsoidal dos granitoides cálcio-alcalinos de Tucumã com contatos difusos


entre si sugere um baixo contraste de viscosidade entre seus magmas no momento da
colocação. Aliado a isto, as inúmeras injeções de magma no interior do batólito leucogranítico
seriam responsáveis pela disposição concêntrica da trajetória da foliação, relacionada à
expansão da câmara magmática (Figura 2). Dados estruturais e microtexturais indicam que
50

estes granitoides podem ser encontrados sob dois domínios deformacionais distintos. As
rochas de baixo grau de deformação (domínios não afetados pelas zonas de cisalhamento)
apresentam evidências tanto de fluxo submagmático quanto de fluxo magmático preservado
(imbricamento de cristais euédricos, zoneamento do plagioclásio e quartzo primário). Neste
contexto, o Qtz1 (grãos com contatos interlobados) representa fluxo submagmático, é formado
por recristalização tipo bulging (BLG) e marca o início da recristalização dinâmica em
temperaturas entre 200 - 300ºC (Passchier & Trouw 2005, Vernon 2004; Figura 12a). As
microfraturas (microcracks) intracristalinas nos feldspatos preenchidas com líquido residual
compatível com a matriz (Figura 6c), são indicativos de que a deformação atuou durante a
cristalização do magma, ou seja, atesta o caráter sintectônico destes granitos (Blenkinsop
2000, Nédélec & Bouchez 2015). Diversos experimentos demonstraram que microfraturas
preenchidas podem ser formadas na presença de até ~15% de líquido (Dell’Angelo & Tullis
1988, Rutter & Neumann 1995). Estas observações indicam que a recristalização do quartzo
ocorreu sob condições de Regime 1 de Hirth & Tullis (1992) de baixa temperatura e alto
strain.
O domínio de médio a alto grau de deformação (áreas onde estão localizadas zonas
de cisalhamento) é caracterizado pela formação de uma trama planar com feições miloníticas
de baixo a médio grau, segundo os critérios de Trouw et al. (2010). A formação de subgrãos
de feldspatos circundando fenocristais, comumente observada nos granitoides de Tucumã,
resulta em uma textura manto-núcleo (Figura 6c), típica de recristalização sintectônica
(Blenkinsop 2000). No campo da deformação sub-solidus está a presença da foliação S-C
porfiroclástica, com ocorrência de porfiroclastos tipo σb (Figura 6b), encontrados em
milonitos S-C ou S-C´ (Passchier & Simpson 1986), indicando cinemática sinistral. A
presença de subgrãos de quartzo (Qtz2) e feldspatos originados por recristalização a partir de
rotação de subgrão (SGR – subgrain rotation) indicam condições de Regime 2 de Hirth &
Tullis (1992) de temperaturas intermediárias. Nestas condições, a recristalização por SGR se
inicia em 400ºC no quartzo (Figura 12b) e em 550ºC em feldspatos (Passchier & Trouw
2005). A recristalização por migração de limite de grão (GBM – grain boundary migration) é
encontrada nos litotipos como Qtz3 (Figura 12c) e indica altas temperaturas compatíveis com
aquelas de fácies anfibolito (Vernon 2004). Estes aspectos são condizentes com o Regime 3
de Hirth & Tullis (1992) que ocorre em altas temperaturas acima de 500ºC e baixa taxa de
strain, stress diferencial e densidade de deslocamento. Com o aumento prolongado da
temperatura após o fim da deformação, os neogrãos são rearranjados em limites poligonais
formando a textura granoblástica (Qtz4; Figura 12d). Esta ocorre em estágio pós-
51

deformacional, a partir da redução de área de limite de grão (GBAR – grain boundary area
reduction), indicando recristalização estática (Nédélec & Bouchez 2015, Passchier & Trouw
2005).
A unidade tonalítica, interpretada como fragmento de crosta mais antiga preservada
na área, apresenta com padrão deformacional mais intenso, onde se observa microbandas de
cisalhamento C, quartzo recristalizado tipo SGR, GBM e GBAR, excedendo 50 µm de
dimensão, assim como a ocorrência da textura manto-núcleo nos porfiroclastos de feldspato
(Figura 6d). Estes são critérios utilizados para caracterizar estas rochas como milonitos de
médio grau, e temperatura de recristalização entre 500 e 650ºC (Trouw et al. 2010).

Figura 12 – Mecanismos de deformação para o quartzo e identificação das respectivas texturas deformacionais
nas rochas de Tucumã. Adaptado de Passchier & Trouw (2005). Tipos de recristalização dinâmica em policristal:
a) Recristalização Bulging; b) Recristalização SGR; c) Recristalização GBM. e d) Recristalização estática
GBAR.

2.7 CONCLUSÕES

A atualização do quadro geológico da área de Tucumã permitiu a individualização de


pelo menos cinco grupos de granitoides mesoarqeuanos que representam um importante
período de formação e diversificação da crosta de Carajás. Estes podem ser separados em
duas séries magmáticas distintas, cujas relações de campo e padrão deformacional indicam
52

uma colocação sinplutônica em diferentes níveis crustais para aqueles da série cálcio-alcalina.
Os granitoides da série toleítica (afinidade TTG) pertencem à unidade tonalítica e possuem
um padrão deformacional mais intenso e estruturação N-S, indicando que a mesma representa
o núcleo da protocrosta ainda preservado, gerado a partir da fusão de rochas máficas de baixo-
K (metabasaltos). O leucomonzogranito é a unidade mais expressiva da área, ocorrendo com o
um batólito de afinidade cálcio-alcalina alto-K e correlacionado ao Granito Xinguara do
Domínio Rio Maria. Este seria produto de retrabalhamento de uma crosta félsica mais antiga
(afim do magma TTG).
Granitoides composicionalmente distintos daqueles de alto-Na e alto-K, ocorrem
como pequenos plutons inseridos no interior do batólito leucogranítico. Aqueles de afinidade
alto-Mg são correlacionáveis ao Sanukitoide Rio Maira que tem origem relacionada à fusão
de um manto metassomatizado. A colocação simultânea de líquidos composicionalmente
distintos deu origem a Granitos Híbridos (alto-HFSE), os quais apresentam fortes afinidades
geoquímicas com os granitos tipo-Closepets (Cráton Dharwar), admitidos como produto de
mixing entre líquidos anatéticos e aqueles derivados do manto metassomatizado. Já o
Granodiorito Pórfiro médio-K de Tucumã é correlacionável aos granitoides das Suítes TGGs
Transicionais (K2O/Na2O > 0.5) do Cráton Yilgarn, cuja fonte é atrubída à presença de
basaltos enriquecidos na base de uma crosta espessada. O cenário tectônico adotado para
explicar a formação e colocação do plutonismo cálcio-alcalino mesoarqueano da área de
Tucumã está relacionado a um contexto colisional que foi precedido pela principal fase de
magmatismo TGG. No Domínio Rio Maria a atuação de processos tectônicos convergentes
foi responsável pela formação da crosta félsica arqueana no período entre 2,98 e 2,92 Ga,
enquanto que em ~2,87 Ga ocorreu o último evento tectonotermal (slab breakoff, delaminação
ou plumas mantélicas) com pico metamórfico na fácies granulito relacionado à cratonização
da Província Carajás.

AGRADECIMENTOS

O presente trabalho foi realizado com apoio da Coordenação de Aperfeiçoamento de


Pessoal de Nível Superior – Brasil (CAPES) – código de financiamento 001. Os autores
agradecem ao Instituto de Geociências e ao Programa de Pós-graduação em Geologia e
Geoquímica (IG e PPGG – UFPA) pelo suporte técnico; ao Conselho Nacional de
Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), por concessão de bolsas de produtividade
em pesquisa (D. C. Oliveira – Processo nº 311388/2016-7 e 435552/2018-0), Vale/FAPESPA
(ICAAF n. 053/2011), o programa INCT (CNPq/FAPESPA/CAPES/PETROBRAS; Proc.
53

573733/2008-2) e PROPESP (PAPQ) /UFPA. Aos pesquisadores do Grupo de Pesquisa


Petrologia de Granitoides (GPPG-IG-UFPA) pela colaboração nas diversas etapas deste
trabalho.

REFERÊNCIAS

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fold belt and the origin of the Earth’s early continental crust: Geology, 40: 363–366.

Almeida F.F.M., Hasui Y., Brito Neves B.B., Fuck R.A. 1981. Brazilian Structural Provinces:
an introduction. Earth-Science Reviews, 17: 1–29.

Almeida J.A.C., Dall’Agnol R., Dias S.B., Althoff F.J. 2010. Origin of the Archean
leucogranodioriteegranite suites: evidence from the Rio Maria. Lithos, 120: 235-257.

Almeida J.A.C., Dall’Agnol R., Oliveira M.A., Macambira M.J.B., Pimentel M.M., Rämö
O.T., Guimarães F.V., Leite A.A.S. 2011. Zircon geochronology and geochemistry of the
TTG suites of the Rio Maria granite-greenstone terrane: implications for the growth of the
Archean crust of Carajás Province, Brazil. Precambrian Research, 187: 201–221.

Almeida J. A. C., Dall’Agnol R., Leite A.A.S. 2013. Geochemistry and zircon geochronology
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62

CAPÍTULO 3 CONCLUSÕES E CONSIDERRAÇÕES FINAIS

Trabalhos regionais anteriores (Avelar 1999; Macambira & Vale 1997; Vasquez et al.
2008) definiram a geologia de Tucumã como dominada por granitoides afins do Granodiorito
Rio Maria e aqueles indiferenciados do Complexo Xingu. A partir do mapeamento geológico
realizado em escala de detalhe e análises petrográficas e geoquímicas obtidas neste trabalho,
foi possível atualizar o quadro geológico da região que se mostrou mais diversificado e
complexo em relação ao que havia sido proposto. O avanço do conhecimento permitiu a
discriminação e delimitação de uma crosta TTG mais antiga e diferentes plútons, dentre os
quais se destacam: i) Leucomonzogranito alto-K; ii) Granitos alto-HFSE; iii) Granodiorito
alto-Mg; e iv) Granodiorito pórfiro médio-K. Onde a unidade leucomonzogranítica ocupa
mais de 70% da área aflorante e, contrariamente aos estudos anteriores, as rochas associadas à
Suíte Rio Maria (Granodiorito alto-Mg) ocorrem de maneira restrita na região.
Os granitoides de afinidade cálcio-alcalina apresentam uma ampla variação
composicional que reflete a heterogeneidade da crosta da região de Tucumã, marcada pela
colocação de plútons de naturezas distintas em diferentes níveis crustais (sin-plutonismo).
Tais rochas foram formadas em um ambiente colisional durante a segunda fase do
magmatismo no DRM em 2,87 Ga, onde ocorreram simultaneamente processos de
retrabalhamento crustal e geração de magmatismo juvenil. A ocorrência da suíte
leucomonzogranítica de alto-K como um grande batólito implica na pré-existência de uma
crosta félsica (TTG) dominente na área. Os demais granitoides cálcio-alcalinos encontram-se
alojados na forma de pequenas “lentes” ou “sigmoides” no batólito leucogranítico, revelando
baixo contraste de viscosidade entre os magmas e sugerindo ainda um modelo de colocação
análogo a diapiros. Estes corpos encontram-se orientados segundo o trend NW-SE e E-W
coincidente com o trend regional formado por deformação dúctil transpressiva sinistral que
afetou a crosta mesoarqueana de Carajás (Araújo & Maia 1991, Pinheiro & Holdsworth 2000,
Santos et al. 2018). A utilização de antigas de zonas de cisalhamento (2.936 Ma; Leite 2001)
como conduto para o transporte destes magmas também controlou os processos de
hibridização. Por outro lado, os tonalitos de afinidade TTG, preservados na porção sul da
região como janela do embasamento, exibem um padrão estrutural N-S, igualmente registrado
nas rochas metamáficas da sequência greestone belt, associado a eventos tectônicos mais
antigos. A ocorrência destes como fragmentos de crosta no leucomonzogranito, bem como o
seu padrão de deformação mais intenso, também são evidências da sua formação pretérita.
63

Desta forma, os tonalitos estariam associados à primeira fase de magmatismo no DRM (2,98
– 2,92 Ga), provavelmente em um ambiente de subducção.
Os mecanismos de deformação que aturam nas rochas de Tucumã começaram antes da
completa cristalização de seus magmas, que é atestado pela presença de microfraturas
(microcracks) preenchidas por fases tardias. A textura manto-núcleo nos feldspatos,
recorrente em grande parte dos litotipos, indica recristalização em corpos sintectônicos
(Blenkinsop 2000). No geral, as rochas exibem baixo grau de deformação, com evidências de
fluxo submagmático marcando o início da recristalização dinâmica em temperaturas entre
200-450ºC. Domínios de média a alta deformação são específicos das áreas afetadas por
zonas de cisalhamento, apresentando formação de uma foliação planar com feições
miloníticas (ou protomiloníticas), segundo os critérios de Trouw et al. (2010). Além de
mecanismos de recristalização tipo SGR e GBM em quartzo e feldspatos, indicando condições
análogas às de fácies anfibolito em temperaturas acima de 500ºC sob regime sin a tardi-
tectônico.
Com base nos dados apresentados acima, pode-se assumir que o cenário tectônico do
DRM durante a primeira fase de magmatismo seria de um ambiente de subducção da crosta
oceânica sob platô oceânico espessado. Onde a fusão parcial de rochas máficas de
(provavelmente metabasaltos dos greenstones belts Identidade e Sapucaia) na base do platô,
deram origem aos Tonalitos de Tucumã que são correlacionáveis à principal crosta TTG
deste domínio - Trondhjemito Mogno (Almeida et al. 2011). Estes seriam formados em
condições de média pressão (1.0 – 1.5 GPa) em equilíbrio com plagioclásio e granada no
resíduo. Enquanto que magmas TTGs de mais alta pressão seriam formados por slab melting,
onde haveria maior interação desses magmas ao atravessar a cunha mantélica que resultaria na
metassomatização do manto.
50 Ma (2,87Ga) após a primeira fase de magmatismo, o segundo estágio magmático se
daria num ambiente geodinâmico sin a tardi-colisional onde eventos termais, provavelmente
relacionados a slab breakoff com ascensão do manto astenosférico (ou delaminação da
litosfera, ou ainda, atividades de plumas mantélicas) induziram um segundo metassomatismo
do manto (fluido) seguido de fusão parcial dando origem aos magmas sanukitoides (Almeida
et al. 2013, Halla et al. 2009, Laurent et al. 2014), representado pela unidade Granodiorito
alto-Mg de Tucumã. Esta unidade teria sido formada em níveis crustais intermediários a altos
(≥1.5 GPa) dentro do campo de estabilidade da granada, sendo correlata às fases mais
evoluídas do Granodiorito Rio Maria. A ascensão desses magmas sanukitoides ou até mesmo
o contínuo espessamento crustal e a presença de zonas quentes na crosta podem ter
64

promovido a fusão parcial de fontes diversas em diferentes níveis crustais, dando origem a: i)
magmas Leucomonzograníticos de alto-K correlacionáveis ao Granito Xinguara (Leite
1995), originados a partir do retrabalhamento de uma crosta tonalítica em profundidades
intermediárias (~30 km), sob condições de média pressão (~1-1.5 GPa) e temperaturas acima
de 900ºC; ii) magmas de origem híbrida (Granitos alto-HFSE), como produto da interação
em diferentes proporções (mingling ou mixing) de líquidos a partir de manto metassomatizado
e líquidos crustais (crosta TTG antiga), em níveis crustais intermediários (1.5 GPa). Estes
granitos se assemelham aos granitos híbridos do Bloco Pietersburg de Laurent et al. (2014) e
aos granitos tipo-Closepets do Cráton Dharwar de Moyen et al. (2003); iii) magmas de
médio-K (Granodiorito pórfiro), semelhantes a TTGs Transicionais, formados por fusão
parcial de basalto enriquecido intercalado com camadas félsicas em platô oceânico Estes
magmas teriam se formado em profundidades ligeiramente mais rasas em relação aos
sanukitoides (1-1.5 GPa), e podem ser comparados ao grupo de alto-Ca e baixo-Y do cráton
Yilgarn de Champion & Sheraton (1997), a granitos do Pilbara Leste de Champion &
Smithies (2001, 2007). Em grande parte dos crátons arqueanos a colocação dos plútons
graníticos de alto-K, assim como dos demais corpos de afinidade cálcio-alcalina, ocorreu no
final do Arqueano durante a fase colisional dentro de um curto intervalo de tempo (10-15
Ma), marcando o último evento tectonotermal Mesoarqueano responsável pela cratonização
da PC.
65

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