Minha Princesa Viking Sophie Saint Rose

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Minha Princesa

Viking

Sophie Saint Rose


Sinopse

Maisey toda a vida suportou o ódio de seu povo por


causa de seu pai. Quando os vikings atacaram sua aldeia, viu
a oportunidade que precisava para chegar até ele, mas seu
sequestrador decidiu reivindicá-la como sua e fazer dela sua
escrava. Talvez devesse mostrar-lhe que não iria ser fácil ...
Minha Princesa Viking – Sophie Saint Rose

Capítulo 1

Maisey virou na cama e choramingou enquanto


sonhava. Cobriu-se com as grossas mantas, pois fazia frio e
deixou que o sonho a envolvesse de novo.
Sua mãe sorria indicando o céu, mostrando estrelas
enquanto a abraçava em seu colo. Seu cabelo castanho caía
até o chão onde estava sentada e Maisey agarrava a uma de
suas mechas.
— Olhe, meu amor! São as estrelas. — Dizia abraçando-
a como só uma mãe podia fazer — Sempre lhe guiarão até
onde queira chegar. Acompanharão você e sempre estarão aí.
— São bonitas. — Disse Maisey recostando-se em seu
peito para olhar o céu— Olhe aquela tão grande!— Suspirou
de felicidade ao vê-la.
— Tem que olhar fixamente para que lhe guiem, minha
vida. Eu te ensinarei como.
— Fará isso?

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— Não estou te ensinando muitas coisas?— Perguntou


acariciando seu cabelo loiro liso.
— Algum dia necessitará de tudo que te ensinei.
— Quando?
— Quando eu faltar. — Disse beijando-a na bochecha—
Então terá que ir procurar seu pai. Ele te ajudará.
— Eu não quero ir! — gritou zangada enrugando seu
pequeno nariz.
— Isso será dentro de muitos anos. Quando for uma
mulher. — Sua mãe olhou seus olhos grandes azuis. Tão
claros que pareciam transparentes, rodeados por umas
surpreendentes pestanas escuras — Tem que procurá-lo
porque aqui não pode ficar, meu amor. Tentarão te fazer mal
e necessita ser protegida . Seu pai o fará. Ele é um homem
importante e cuidará de você.
Maisey com seus seis anos de idade não chegava a
compreender tudo o que sua mãe dizia e esta sorriu — Não se
preocupe, com os anos entenderá e dará importância. Será
duro, mas fará o que te digo. — Acariciou sua ruborizada
bochecha e Maisey sorriu.
— Como é papai?
Sua mãe sorriu com tristeza — Me perguntaste isso mil
vezes.
— Conta-me.
— É um guerreiro de enorme força. Seus braços são
como troncos de árvore e mede tanto quanto nossa casinha.
— Maisey arregalou os olhos — Tem o cabelo um pouco mais
escuro que você, mas não muito e chega até debaixo dos

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ombros. Sua espessa barba não me deixava ver seu rosto


muito bem. — Disse sua mãe rindo — Mas era muito
bonito.— No olhar de sua mãe apareceu tristeza. A tristeza
que a acompanharia toda a vida — É leal e tem palavra. —
Olhou sua filha. — Isso é o importante em um homem,
Maisey. Se um homem não tiver palavra, não tem valor. Tem
que cumpri-la, custe o que custar.
— Sim, mamãe.
— Meu Harald teve que ir, deixando-me aqui, mas sei
que me amou mais que ninguém na vida e voltou para sua
terra porque tinha dado sua palavra a outra mulher. Tem
família lá. Mas só confie em seu pai.
— Sim, mamãe.
Sua mãe sorriu — Quer que te conte como conheci seu
pai?
— Sim, mamãe. Conte-me quando te resgatou.
— Os vikings saqueavam o povo e seu pai era um deles.
Eu estava colhendo amoras quando escutei a luta e fui
correndo ajudar meus pais. Quando ia chegar ao povoado, vi
horrorizada como dois vikings tentavam abusar de minha
prima Rosi, sem me dar conta que tinham me rodeado . Um
deles me agarrou pela cintura, atirando-me ao chão,
levantando minha saia, quando a ponta de uma espada
apareceu sobre seu pescoço. — Sua mãe sorriu como uma
menina — Aí o vi pela primeira vez. E nesse momento me
reclamou para ele. Era o chefe desse grupo e me protegeu.
Não escute as mentiras desta gente. Ele nunca me forçou.
Esperou que me entregasse a ele, como deve fazer um homem

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e me amou. Muitos morreram esse dia e o ódio aos vikings


cresceu. Ficaram na aldeia quatro meses, os mais felizes de
minha vida. Poderia ter me levado com ele, mas eu teria que
ser sua escrava em seu povo. Não podia me levar como sua
esposa porque estava casado, assim decidiu me deixar aqui e
que me casasse com outro homem, para que fosse livre e
feliz. — Disse acariciando seu cabelo loiro— Mas chegou você.
— Sim. — Disse levantando seu queixo.
Sua mãe sorriu com tristeza— Na aldeia não lhe
querem. Sabe por quê?
— Porque meu pai é viking. — Disse franzindo o cenho.
— Não filha, porque seu pai era o chefe e roubou tudo o
que tinham. Derramaram seu ódio em você.
— Você não guarda rancor, mamãe?
— Se conheci o amor nesta vida foi graças a ele. E me
deu o bem mais prezado que tenho na vida.
— E o que é mamãe?— Perguntou acariciando o
bracelete de sua mãe.
— Você. — Disse rindo e levantando do chão, levando-
lhe com ela— Você é a mais bonita do mundo e agora vai pra
cama.
— Me conte mais, mamãe!
— Outro dia, meu céu. — Disse deitando-a na cama que
compartilhava com sua mãe e lhe acariciando a bochecha.

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Maisey gemeu sentindo a carícia e franziu o cenho ao


notar que era uma carícia úmida. Abriu um olho e sorriu—
Raio, deixe-me. — Apartou o focinho de seu cão do rosto e
gemeu ao ver que não tinha amanhecido— É muito cedo. — O
enorme cão levantou as orelhas e Maisey se esticou—
Entendo.
Afastou as peles agarrando a adaga que tinha sob o
travesseiro — Saia.— Sussurrou elevando o ouvido.
Não escutou nada estranho no exterior de sua casa, até
que ouviu um rangido diante da porta. Pegou suas botas e fez
um gesto pra Raio que a seguiu ao alçapão situado na parede
da parte de trás da casa. Olhou para a porta colocando a faca
entre os dentes e calçou as botas. Questionou se pegaria a
capa de pele, mas se tivesse que brigar incomodaria, assim
decidiu que não. Afastou a longa trança, que lhe chegava
abaixo do traseiro e abriu o alçapão fazendo um gesto a Raio
para que saísse. Seu cão a esperou no exterior e agachada
cruzou, fechando a porta brandamente. Escutou o que
acontecia tentando descobrir quem se atrevia a incomodá-la.
— Não faça ruído. — Ouviu um sussurro. Maisey
estreitou os olhos dando um passo para a esquina da casa—
Você mata o cão, eu me encarrego dela.
Virou o olhar pra Raio na escuridão. Seu enorme cão
estava preparado para lutar mostrando suas presas. Escutou
como tentavam abrir a porta que estava trancada.
Aproximou-se sigilosamente pela lateral da casa e encostou
as costas na parede. Viu que não tinham ido a cavalo, assim

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eram da aldeia. Malditos aldeãos! Sempre a estavam


incomodando!
— Abre de uma vez. — Disse outra voz nervosamente—
Se nos pegar despreparados, vai abrir um buraco.
— Essa cadela vai fazer pouco a partir de agora.
Ela olhou pela esquina e agradeceu a luz da lua quando
viu que eram os mesmos que a tinham incomodado essa
tarde, quando tinha se aproximado da aldeia pra vender suas
ervas. Maisey teve que retorcer o braço do que no momento
tentava abrir a porta e como resistiu, atirou-o ao chão
enquanto vários riam a gargalhadas, dizendo com desprezo
que a viking tinha muita força. Quando conseguiu levantar,
coberto de barro, gritou que Maisey pagaria e pelo visto foram
cobrar. Fez um gesto a Raio para que rodeasse a casa pelo
outro lado. Quando viu seus olhos cinzas frente a ela do
outro lado da casa, saiu lentamente. Continuava tentando
abrir a porta, estava a ponto de bater contra ela com um
machado. Maisey se aproximou do que estava atrás dele
observando e lhe tampou a boca, colocando a faca no
pescoço. Nem se moveu enquanto ela o puxava para trás
dando a volta à esquina.
— Você vai me pagar por isso. –Sussurrou ela em seu
ouvido antes de agarrá-lo pelo cabelo e golpear sua cabeça
contra a parede. Caiu mole no chão. Ela fez uma careta
porque era impossível que o outro não tivesse ouvido.
— Miles! Onde está?
— Aqui. — Sussurrou ela divertida.

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O grande idiota deu a volta com o machado na mão.


Quando a viu , gritou levantando sua arma, mas Raio fora de
si mordeu-o no traseiro com força, protegendo a sua dona. O
homem ficou a uivar de dor, deixando cair o machado, com
tão pouca sorte que este caiu em sua cabeça deixando-o sem
sentidos.
— Solte! — Ordenou a Raio que soltou sua presa
imediatamente. Aproximou-se do homem e viu sangue que
saía de suas calças— Não vai poder sentar por um tempo. —
Disse divertida. Aproximou-se de seu cão e acariciou seu pêlo
cinza do lombo. Agachou-se e recolheu o machado.— Como
pesa! — Disse carregando-o com os dois braços. — Não sei
como podem lutar com isto.— Jogou-o em casa pelo alçapão e
abriu a porta principal para sair outra vez.
Agarrou o ferido pelas pernas e tentou carregá-lo , mas
era impossível movê-lo. — Teremos que esperar que
despertem. — Disse afastando sua trança — Mas devemos
amarrá-los, Raio. Assim que despertarem vão estar de muito
mau humor.
Amarrou-lhes as mãos e os pés. Estava decidindo o que
fazer com eles quando começou a amanhecer. Ela olhou sua
camisola e decidiu ir vestir-se. Vestiu o velho vestido marrom
por cima da camisola e ajustou as tiras no pescoço. Olhou a
ponta do cabelo castanho e fez uma careta porque começava
a clarear. Teria que voltar a pintar para escurecê-lo. Sua mãe
havia dito que o fizesse quando fez oito anos. Seu cabelo
chamava muita atenção e como estavam sozinhas no bosque,

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não queria que ninguém se fixasse muito nelas. Sobretudo os


viajantes, porque os da aldeia as ignoravam.
Ou o fizeram até que Maisey começou a crescer. Com
doze anos teve que matar um homem que tentou violá-la
perto de sua casa enquanto sua mãe estava pescando.
Felizmente ninguém soube porque se não as teriam matado.
Quando começou a se dar conta da realidade, entendeu que
as odiavam. Sobre tudo a ela por ser filha do homem que
levou a destruição para seu povo. Mas alguns homens
queriam seu corpo, tinha-o visto em seus olhos. Estranho era
o dia que se aproximava do povo, e que não tinha um conflito
porque recordavam quem era. Por isso, evitava ir o máximo
possível. Antes não ia nunca, mas sua mãe havia falecido um
ano antes e agora não tinha outro jeito se queria vender suas
ervas. Isso toleravam porque necessitavam dessas ervas para
curarem suas doenças, pois a curandeira tinha morrido fazia
anos. Ela as trocava por comida e estava bem sortida para
um par de semanas.
Olhou os homens jogados no chão.— Que confusão! Não
posso matá-los aqui. — Disse a Raio — Saberão. E não posso
deixá-los livres porque voltariam. — Entrecerrou os olhos
olhando-os. — Posso atirá-los pelo penhasco. — Seu cão a
olhou e latiu. Suspirou passando a mão pelo rosto— Sim, vai
ser o melhor. Mas como os levo até lá? Olhou a seu redor e
seu cão se aproximou dela empurrando-a — Você acha? Está
longe, Raio.
Seu cão voltou a latir e Maisey sorriu— Certo, pois
comece.— Raio se aproximou do que tinha o traseiro

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sangrando e o mordeu no tornozelo. O homem despertou


gritando e ela fez uma careta— Me parece que não podemos
levá-lo assim. Seus berros serão ouvidos na aldeia.—
Aproximou-se do homem deu-lhe um chute na cabeça
deixando-o sem sentido outra vez. Raio o soltou e se sentou
olhando-a. Já tinha amanhecido e tinha que apressar-se
antes que começassem a procurá-los. Segurou o cinto do que
tinha a dentada no traseiro e puxou arrastando-o um pouco.
Raio lhe agarrou também pelo cinto e puxou ajudando-a, mas
apenas o moveram um metro. Maisey sabia que não poderia
levá-lo até a borda do penhasco, mas tinha que afastá-los de
sua casa rapidamente.
Então escutou o som de um cavalo e ficou alerta,
também Raio que endireitou as orelhas. Mas quando
começou a mover o rabo de um lado a outro, soube que era a
anciã Dayna. Voltou-se para vê-la chegar pelo atalho e a
saudou com a mão. A mulher que devia ter uns cinquenta
anos, ia vê-la uma vez ao mês desde que havia falecido sua
mãe, para assegurar-se de que estava bem.
Quando chegou a seu lado montada em seu velho cavalo
olhou para os homens deitados no no chão. — Tem um
problema aqui, pequena.
— Sei. Estava pensando em atirá-los do penhasco.—
Disse preocupada.
— Use meu cavalo.— Disse a velha desmontando
lentamente — E seja rápida porque ouvi movimento na
aldeia.

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— Tão cedo?— Perguntou assustando-se — Acaba de


amanhecer.
— Pois aconteceu algo ou já os estão procurando. —
Disse a mulher afastando seu cabelo grisalho para acariciar
Raio.
Não perderam tempo, amarraram os tornozelos dos
homens com cordas ao cavalo, que puxou-os até o penhasco
enquanto Dayna se encarregava de limpar o sangue e apagar
o rastro. Maisey ao chegar, dispôs-se a cortar as cordas dos
homens, se por acaso os descobrissem nas rochas que não os
encontrassem amarrados, quando viu algo que a deixou sem
fôlego. Um navio estava perto da praia. Um navio com a proa
curvada e uma vela central com vivas cores. O coração deu
um pulo ao ver dois homens na praia e por suas vestimentas
soube imediatamente de onde procediam. Estavam armados
com machados e grandes espadas, o que indicava que foram
saquear. Vikings.
Um sorriso iluminou seu rosto e sem incomodar-se em
tirar as cordas, empurrou com o pé os idiotas pelo penhasco
e montou no velho cavalo. Lançou um último olhar ao navio
de onde seguiam descendo homens e fincou os calcanhares
no cavalo para avisar Dayna.
O pobre cavalo chegou esgotado— Dayna!— Gritou
saltando do cavalo. A anciã que estava cobrindo o sangue
com terra se voltou para olhá-la surpreendida— Vieram!
— Quem veio, moça?
— Os vikings! – Gritou excitada.— Vieram!

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A anciã a olhou assustada — Pegue tudo o que tenha de


valor, que vamos às cavernas.
— Mas o que diz, velha? Tenho esperado este momento
toda a vida. — Disse indo para casa para pegar o bracelete de
sua mãe, que era o único bem que queria levar.
Dayna a segurou pelo braço girando-a — Sua mãe te
encheu a cabeça de pássaros com as histórias de vikings! E
não são assim!
— O que está dizendo?
— Assim que te virem, te estuprarão ou matarão,
Maisey. Ou pode ser que façam as duas coisas! E terá sorte
se te matarem, porque podem te levar pra seu povo como
escrava para fazer contigo o que quiserem!
— Como pode falar assim, se também são seu povo?
— Porque vi!
Maisey duvidou pois a velha parecia muito segura —
Mas mamãe….
— Sua mãe teve sorte!— Gritou-lhe — Um deles a
protegeu do horror e ela se apaixonou por ele! Todo o resto
são histórias, Maisey!
— Minha mãe me disse que procurasse meu pai. —
Disse soltando seu braço.— Que ele cuidaria de mim.
— Tem dezessete anos! Acredita que seu pai se interessa
por você? Que se incomodou em saber se tinha descendência
de uma mulher das Highlands? Voltou para sua vida e se
esqueceu de tudo o que deixou pra trás. — A mulher entrou
na casa — Recolhe o que pode carregar porque acabarão com
tudo.

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Atônita olhou à anciã, pois estava aterrorizada— Por que


tem medo? São seu povo.
— Porque não vão perguntar antes de te atravessar com
a espada!
Observou a sua amiga pegar um tecido e começar a
meter nela tudo o que podia de comida. Dayna era viking.
Tinha sido abandonada em outra aldeia porque estava doente
e assim que os vikings se foram deixando-a atrás, conseguiu
escapar para que os escoceses não a matassem. Foi viver
perto da aldeia de Maisey e se mantinha de suas três ovelhas.
Todo mundo dizia que tinha oferecido seus favores para as
conseguir, mas Maisey não se importava. Tinha demonstrado
ser uma boa amiga quando a necessitava. Tinha ensinado-lhe
a linguagem de seu pai e também a tinha ensinado a tingir o
cabelo quando sua mãe acreditou que era o melhor.
Escutaram os gritos e saíram ao exterior da casa— Já
começou— Sussurrou Dayna assustada — Vamos, menina.
Uma coluna de fumaça saía da aldeia, o que indicava
que estavam queimando casas. Dayna se aproximou do
cavalo, mas Maisey negou com a cabeça — Não seja tola, nas
cavernas estaremos seguras até que se vão!
— Eu fico. — Raio se aproximou dela e apertou seu
corpo em sua perna — Se meu destino for que me matem,
que assim seja.
A mulher apertou os lábios— Faça o que quiser. Já te
protegi muito. É hora de que escolha seu caminho. — Olhou-
a com os olhos semicerrados— Mas, vou dar um conselho.
Não diga quem é seu pai.

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— Por que?
— Porque pode ser que sejam inimigos— Disse
agarrando as rédeas.— Assegure-se antes que são amigos ou
lhe utilizarão. Isso se não a matarem antes. E não diga que
sabe sua língua. Assim averiguará suas intenções antes de
que as mostrem. Essa é sua vantagem.
— Sim, Dayna. — Disse obediente.
— Que os Deuses lhe protejam, menina. — Disse
fincando os calcanhares.
— Adeus. — Sussurrou vendo-a afastar-se.
Quando desapareceu olhou para Raio— Vamos, Raio.
Não temos tempo antes de que cheguem.
Correu a preparar-se. Abriu a caixa de madeira de sua
mãe e pegou o bracelete colocando-o no braço à altura do
peito para que não o visse. Vestiu umas calças de couro sob o
vestido e agarrou seu arco pendurando-lhe nas costas.
Colocou as flechas no cinturão de couro e fechou a casa
saindo pelo alçapão. Preparou o campo ao redor da casa e ao
final da pradaria acendeu o fogo. Era apenas uma pequena
chama e se estavam o suficientemente distraídos, não a
veriam .
Assegurou-se de que as armadilhas estavam preparadas
e subiu em uma árvore. Subiu ali milhões de vezes. Não
estava à vista e tinha uma visão perfeita de todo o contorno.
Raio estava sob a árvore e lhe fez um gesto. O cão
desapareceu até que ela o chamasse. Coisa que não faria. Era
sua única família e se ela tinha que morrer esse dia, não
queria ver que sofria por ela. Escutavam-se os gritos na

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aldeia. Eram fracos de onde se encontrava , mas se


distinguiam bem. O aroma de queimado chegava até ali e se
perguntou se teria que aproximar-se um pouco da aldeia. O
som de vários passos sobre o caminho, indicou-lhe que tinha
chegado a hora de saber a quem enfrentava.
— Não sei por que temos que perder tempo desta
maneira. — resmungou um — Estamos atrasando a viagem e
teremos dificuldades para chegar em casa se piorar o tempo.
— Fecha a boca, Tage. Está me aborrecendo. — disse
uma voz grave aproximando-se a toda pressa — Você faz o
que te digo.
— Roald, dê-lhe um murro ou nos deixará loucos com
suas queixas!
Maisey não se moveu retendo o fôlego quando viu suas
cabeças pelo caminho— Sorem, não se meta. Estou falando
com meu primo.
— Silêncio!— gritou o da voz grave — Vamos a essa
maldita casa e veremos se está lá como disse essa velha na
aldeia. E se não for assim, sairemos deste maldito lugar.
Maisey semicerrou os olhos. A quem procuravam?
— Isto é ridículo. A velha está louca!
— Fecha a boca!
Entraram no espaço diante da casa e pôde vê-los
claramente. Maisey reteve o fôlego ao ver o moreno que ia a
frente. Era enorme. Suas coxas eram tão musculosas que se
podiam vê-los marcados através da calça de couro que usava.
Não vestia camisa e seu torso tinha um fino pêlo que ia desde
seus amplos peitorais até chegar a seu umbigo. Maisey nunca

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tinha visto um homem assim e se moveu ligeiramente para


vê-lo melhor fazendo ranger o ramo. Mordeu o lábio inferior
quando viu que ele levantava o braço olhando a seu redor.
— O quê?
— Ouvi algo. — Disse em voz baixa tirando a espada de
seu cinturão e girando sobre si mesmo.
— Que tolice!— Quem protestava tanto era loiro e não
era tão forte, nem alto como o outro. E o último também
estava alerta. Tinha o cabelo avermelhado e umas tranças
que lhe chegavam na metade das costas. Era o único que
tinha barba e se deu conta pelo modo como se movia que era
perigoso — Sorem você também?— queixou-se o loiro.
— Entre na casa e olhe se há alguém.
O loiro levantou as mãos exasperado e foi até a casa.
Tentou abrir a porta mas como estava trancada, deu um
chute rompendo-a em dois. Maisey abriu os olhos como
pratos, pois os aldeãos não eram tão fortes. Escutou um
golpe no interior e o tal Roald gritou— Tage, está bem?
Ao não responder, os dois homens ficaram um de costas
para o outro. Era incrível vê-los mover-se de um lado a outro
como se fossem um. Ela decidiu que era momento de atuar e
tirou uma flecha lentamente — Vá ver o que passa.— disse
Roald ao Sorem — Tome cuidado.
O ruivo sem deixar de olhar a seu redor, aproximou-se
da casa e entrou — Está inconsciente!
Ela esticou o arco sem fazer nenhum ruído e lançou a
flecha acertando no centro da cunha que sujeitava uma

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enorme tábua que caiu fechando a porta com um forte


estrondo.
— Que raios…?— gritou Sorem do interior de sua casa.
Sorem golpeou a enorme tábua que agora cobria a porta,
enquanto que Roald se voltou para ela, já a tinha localizado.
Maisey se endireitou no ramo, sujeitando o arco e tirando
outra flecha. Durante um segundo se olharam aos olhos e
Maisey perdeu o fôlego ao dar-se conta que os seus eram de
um verde profundo. Sem fazer um gesto Roald deu dois
passos laterais empunhando sua espada, ela apontou com a
flecha.
— O que querem?— perguntou em sua língua materna.
Pensava seguir o conselho da Dayna.
— Procuramos uma mulher. — Respondeu tenso dando
outro passo lateral.
— Que mulher?
— Não sei como se chama. Só sei que tem o cabelo
castanho. Tenho ordens de levar todas as mulheres com essa
cor de cabelo.
Ela entrecerrou os olhos— Quem te envia?
— Isso não é de sua conta, mulher!— Respondeu furioso
dando outro passo lateral.
O homem do interior da casa começava a destroçar a
parede, mas ela não podia deixar que saíssem, assim apontou
com sua flecha à pedra que tinha sobre o fogo e esta se
moveu. O fogo começou a correr sobre a trilha e Roald abriu
os olhos como pratos ao dar-se conta que se dirigia
rapidamente para a casa. Pôs-se a correr para o fogo para

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Minha Princesa Viking – Sophie Saint Rose

detê-lo e Maisey não pôde deixar de admirar como se movia.


Desceu da árvore de um salto e se escondeu em outro local.
O viking tentou apagar o fogo com o pé mas encheu de
graxa e queimou a pele da bota. Amaldiçoando tirou a bota
furioso— Quando te agarrar, vou te esfolar, bruxa!
Ela sorriu por ser mal perdedor, mas seu sorriso
desapareceu ao ver a perna de seu companheiro a chutar
uma das tábuas da casa. Sairia dentro de uns minutos e não
podia perder tempo — Quem te envia?
O viking olhou para onde estava antes e rugiu furioso ao
não encontrá-la sobre a árvore. Grunhindo caminhou
descalço de um pé para o centro do descampado.
— Se mostre e te direi quem me envia!— Gritou
procurando-a — Sorem! Quer sair de uma vez?
— Necessita ajuda?— perguntou Tage divertido.
— Já dormiste a sesta?
— É uma bruxa. Disso não há dúvida. Me golpeou com
um martelo na cabeça!
Maisey decidiu que acabou a história. Apertou os olhos
olhando seu objetivo e decidiu montar uma armadilha,
embora ele fosse inteligente. Maisey escondida detrás de um
arbusto pôs-se a correr e ele a viu. Ao vê-la, pôs-se a correr
atrás dela. Sorem saiu nesse momento da casa e os seguiu
com um grito que punha os cabelos em pé.
— Rodeia-a!— gritou Roald.
Sorem correu para o outro lado e ela não se deteve. Nem
se deram conta quando primeiro Sorem e depois Roald foram
apanhados por duas cordas em seus tornozelos,

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catapultando-os ao alto de uma árvore. Ela se deteve e


sorrindo olhou Roald que se balançava de barriga para baixo
de um lado a outro.— Ha, ha!
— Espere quando eu te agarrar. — Disse entre dentes.
— Isso você já disse, mas quem está pendurado em uma
árvore é você. — Disse divertida. Quando a agarraram pela
cintura tomando-a de surpresa, amaldiçoou-se por ser tão
estúpida. Dois fortes braços a levantaram e ela gritou de dor.
Furiosa deu um chute no joelho de seu captor e com a
cabeça deu um golpe seco para trás com força, quebrando-lhe
seu nariz. Soltou-a deixando-a cair no chão, Maisey agachou
no chão e esticou uma perna com força lhe dando um forte
chute na virilha. Quando se dobrou viu que era Tage, que
protestava tanto. Levantou-se de um salto e agarrou o cabelo
loiro do viking lhe dobrando o pescoço para trás colocando
sua adaga em seu pescoço. Olhou Roald que estava fora de si.
— Por que procuram as de cabelo castanho?
— Não sei!— gritou Roald — Se fizer mal a meu primo
está morta!
— São vikings, morrerei da mesma forma.
— Você, é obvio. Não me importo se tenha o cabelo
castanho. — Disse ele com rancor.
— A quem procuram?— Apertou a adaga contra o
pescoço do Tage e uma gota de sangue caiu por seu pescoço.
— Harald nos ordenou isso!— Gritou ao ver que com
certeza o mataria.
Surpreendida olhou Roald nos olhos — Que Harald?

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Minha Princesa Viking – Sophie Saint Rose

Um golpe na cabeça que não viu vir, deixou-a sem


sentido, caindo sobre a erva e ficando totalmente em suas
mãos.

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Minha Princesa Viking – Sophie Saint Rose

Capítulo 2

Um movimento na cabeça a fez despertar. Tinha um


vulto enorme de um lado, mas não abriu os olhos recordando
tudo o que tinha acontecido. Referiria-se o viking a seu pai?
Estaria-a procurando? Não, não podia ser porque não sabia
que ela existia. A dor de cabeça não a deixava nem pensar.
Abriu um olho ligeiramente e viu várias mulheres amarradas
pelos pés e mãos, apoiadas em uma parede de madeira. O
balanço lhe indicou que era um navio e ela estava deitada na
frente delas, mas não a tinham amarrado, ou sim?
Fechou os olhos quando ouviu passos as suas costas –
Ao menos teremos escravas para nos esquentar as camas no
inverno. — Disse alguém na língua de seu pai deixando-a
tensa.
— Acredito que não a encontramos. — Essa voz sim
reconheceu. Era a do chefe, Roald — Harald se desgostará.

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Minha Princesa Viking – Sophie Saint Rose

— É loucura de um velho. Você tem feito o que pode.


Mostraremos as que temos e esperemos que ele se dê por
satisfeito.
— Três são dessas características. Não sei se serão
suficientes. — Seu pé se colocou diante de seu rosto.
— O que vais fazer com esta?
— Se Thorbert não a matou, será minha para lhe dar
seu castigo depois de que Harald a veja. Proibiu-nos de tocá-
las antes, mas depois…— Disse entre dentes com raiva —
Depois não sabe o que lhe espera.
Maisey engoliu a saliva sabendo que falava totalmente a
sério. Sua única esperança a não ser escapar, era que esse
Harald fora seu pai. Porque se acabasse nas mãos desse
homem, iria passar muito mal — De toda maneira esta não
cumpre os requisitos. — Disse o outro homem.— É muito
jovem.
Ela soube nesse instante que procuravam a sua mãe —
É melhor não tê-la encontrado. Tashia a mataria assim que a
visse. — Disse afastando-se dela.
Quem era Tashia? Seria a esposa de seu pai? O navio
balançava muito e com a dor de cabeça estava com vontade
de vomitar. Não pôde evitar um arquejo e abriu os olhos
levando uma mão à boca.
— Está acordada. — Esse tom de voz arrepiou seus
cabelos da nuca e levantou a vista. Os olhos verdes de seu
captor a olhavam com fúria mal dissimulada. Maisey sorriu
porque sabia que se mostrasse temor seria ainda pior. Ele
entrecerrou os olhos e esticou a mão agarrando-a pela

24
Minha Princesa Viking – Sophie Saint Rose

trança. Gritou quando a levantou do chão e bateu em sua


mão para tentar soltar-se — Já não está rindo não é? —
Perguntou em seu idioma. — Vai deixar de rir por muito
tempo.
Ela levantou o queixo e sorriu — Crê que me assusta? É
um cão viking. — As mulheres atrás dela ofegaram— Não me
assusta.
O bofetão a atirou no chão e sentiu o sangue no canto
da boca.
— Pode ser que agora não sinta medo, mas quando
acabar contigo vai sentir terror.
Maisey vomitou sobre o chão e ele gritou— Olav! Que
limpe o chão! A porca o sujou.
Um balde de água apareceu a seu lado. Levantou a vista
para ver um homem alto com uma enorme barriga, coberta
por uma camisa que debaixo deixava ver seu ventre.
— Limpe o chão. –Disse antes de cuspir deixando cair
saliva sobre sua gordurenta barba branca. — E depois pode
ser que lhe daremos o jantar.
Ela olhou às mulheres que choramingavam apertando-
as umas às outras. Tinha-as de todas as idades e se
espantou ao ver uma menina de não mais de doze anos.
Estava claro que suas vidas tinham mudado para sempre.
Tinha frio e a matava a dor de cabeça. Ajoelhou-se
agarrando um trapo que havia dentro do balde. Começou a
esfregar limpando o que tinha sujado. Quando terminou,
Olav que a observava com os braços cruzados disse— Tudo.

25
Minha Princesa Viking – Sophie Saint Rose

Seguiu esfregando e quando chegou na metade do navio


se deu conta de que vários homens a observavam.
— Essa megera vai me pagar. — disse Tage rancoroso—
Quebrou meu nariz.
— É porque é idiota. Que culpa tem ela?— Disse um
moreno que não conhecia.
— Tinha que tê-la visto, Thorbert. — disse Sorem com
admiração.— Luta como uma valquiria. E as armadilhas
eram tão engenhosas…
Ela continuou esfregando enquanto os escutava falar em
sua língua.— Pois não a viram atirar ao arco. — disse Roald
enquanto bebia cerveja.
— E sabe usar a faca. — disse Sorem pegando um pão
da bandeja.— Quase me apaixonei.— Disse divertido.
— Mataria você assim que fechasse os olhos. — Disse
Roald olhando-a — Além disso, é minha.
— Mas não a mate. É valiosa.
— Não tem nenhum valor. Quando acabar com ela pode
ser que lhe dê de presente.
— Obrigado, mas então sim que não valerá nada.
Olharam-se e puseram-se a rir enquanto ela os
observava com desconfiança. Ela seguiu esfregando, fazendo-
se de tola e quando terminou, Olav lhe indicou com a cabeça
que esvaziasse o balde pela amurada. Ela se levantou e
agarrou o balde que pesava bastante, para ver que se
afastaram da costa, embora não o suficiente para não chegar
a nado. Se ficasse ali teria um problema com Roald porque a
destroçaria se pudesse. Tinha-lhe deixado em situação

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Minha Princesa Viking – Sophie Saint Rose

ridícula e quando chegassem a seu destino teria carta branca


para fazer o que quisesse. Além disso era um homem que não
tinha paciência. Não confiava que pudesse conter-se até
chegar em sua casa.
Sem pensar lançou o balde em Olav e se jogou pela
amurada enquanto ouvia gritos atrás dela. A água estava
gelada e embora a cabeça doesse horrores, começou a nadar
para a costa. Sentiu milhares de alfinetes cravando-se em seu
corpo por quão fria estava a água, mas ela não se rendeu,
nadando como podia para chegar a margem. Um puxão na
perna a fez girar e quando viu o rosto do Roald atrás dela
esperneou furiosa tentando soltar-se. Ele a afundou e Maisey
lhe arranhou o peito tentando que a soltasse. Quando subiu
à superfície, sugou ar com força prendendo-a em seus
braços. E quando abriu os olhos disse com o cenho
franzido— Eu te direi quando pode se matar.— A agarrou
pela gola do vestido e a arrastou até o navio. Subiram-na,
Sorem e o tal Thorbert, agarrando-a cada um por um braço
enquanto ao Roald lançaram um cabo pelo qual subiu com
agilidade. Tremendo de frio, todos ficaram olhando e ela
sentada no chão do navio se arrastou para trás.
— É loira!— exclamou Tage sem acreditar-lhe.
Surpreendida olhou seu cabelo que estava perdendo a
cor rapidamente embora ainda estivesse ligeiramente
marrom. Ela chegou para trás olhando para Roald porque
agora que era loira podiam matá-la quando quisessem. Ele
deu um passo para ela e Maisey se levantou rapidamente. O

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Minha Princesa Viking – Sophie Saint Rose

sorriso que apareceu em seu rosto causou-lhe arrepios de


medo.
— Olhe por onde. — Disse agarrando-a pelo braço e
puxando-a até encostá-la em seu peito — Começa a diversão.
— Te apodreça!
Roald agarrou uma mecha de cabelo molhado que ainda
deixava cair a tintura. Enrolou a mecha em seu punho
forçando sua cabeça para trás. — Levem-na à adega. — Disse
entre dentes e não lhe dêem comida para lhe aplacar os
ânimos. Só água.
— Sim, Roald. — disse Sorem agarrando seu braço. Ele
a soltou dando um passo atrás e ela olhando-o com ódio se
deixou levar por seu companheiro. Sorem abriu um alçapão e
a empurrou pra que ela descesse três degraus. Quando
chegou embaixo estreitou os olhos abaixando a cabeça
porque não podia se endireitar todo.
— Eu se fosse você não abriria mais a boca. —
Sussurrou Sorem levando-a a um espaço mais limpo.— Roald
não é famoso por seu bom humor. — Sentou-a no chão e
embora tenha resistido, agarrou seu pulso para prender com
um grilhão fixo na parede. Ficou olhando com os braços
cruzados — Como te chama?
— O que isso te importa?
Ele sorriu divertido — Em um par de dias lhe terão
tirado esse atrevimento. — Maisey fez cara de aborrecimento
e Sorem pôs-se a rir— É dura, verdade?— Perguntou o ruivo.
— Como se sentiu ao voar? Estava do seu agrado ficar
de barriga para baixo?

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Minha Princesa Viking – Sophie Saint Rose

Sorem rindo-se às gargalhadas atravessou a adega. Ao


fechar o alçapão, Maisey se amaldiçoou ao ficar totalmente às
escuras. Atirou do grilhão várias vezes fazendo-se dano.
Tinha muito frio. Estava empapada e as calças de couro lhe
colavam à pele sentindo ainda mais frio. Não tinha uma
manta com a que cobrir-se, mas a umidade das calças
impediria que entrasse calor. Levou a mão livre à correia da
cintura e atirou dela. As calças lhe tinham grudado como
uma segunda pele e lhe custou baixar da cintura, mas as
pernas já era impossível. Tirou delas tudo o que pôde mas ao
chegar às pantorrilhas lhe entupiram pelas botas. Estava
tentado tirá-las quando se abriu o alçapão e ela se cobriu
como pôde com o vestido. Ao ver as pernas, soube quem era
imediatamente e ficou tensa. Roald teve que agachar-se para
chegar até ela. Seu cabelo negro seguia molhado e não trocou
de roupa. Claro, para ele essa temperatura não era nada.
Quando a viu, seu olhar foi até suas pernas. Maisey estava
gelada de frio e se refletia em sua tez pálida e seus ligeiros
tremores.
— Tem frio?
— Morra.
Lhe agarrou um tornozelo atirando para cima e Maisey
gritou quando suas costas ficou sobre o chão. Sem nenhum
olhar lhe tirou a bota e a perna da calça— Não quero que
morra ainda. — disse divertido — Ou não te teria tirado da
água.
Morta de vergonha porque seu vestido subiu até a
cintura, olhava-o do chão enquanto tirava sua outra bota e

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Minha Princesa Viking – Sophie Saint Rose

tirava a calça da outra perna. Ele jogou a calça a seu lado e


se agachou para agarrá-la pela frente do vestido sentando-a
outra vez.
— Agora me diga porque fingia ter o cabelo de outra cor.
— Sua voz indicava que não estava para brincadeiras. Maisey
encolheu as pernas tentando cobrir-se com o vestido mas ele
a agarrou pelos tornozelos as esticando— Tenho muito tempo
— Disse olhando para baixo e entrecerrando os olhos.
Suas mãos subiram por seus tornozelos até chegar a
seus joelhos e Maisey se remexeu furiosa— Me deixe, porco!
— Porco né?— Isso pareceu o divertir e ela tentou
chutar — Sabe? Agora posso fazer contigo o que quiser. —
Agarrou-a pelos tornozelos lhe abrindo as pernas à força
enquanto ela com a mão livre tentava golpeá-lo.
— Vou te matar!— Gritou ela enquanto ele se colocava
entre suas pernas agarrando-a pelo quadril.
Tombou-a novamente e sorriu— Já não ri tanto.
— Furarei seus olhos!— Gritou-lhe na cara tentando
agarrar com sua mão livre o cabelo dele.
Ele pôs-se a rir sujeitando-a fortemente nas pernas —
Vou mudar esse caráter mesmo que seja a última coisa que
eu faça.
— Posso te assegurar que será a última coisa que fará!—
Maisey arregalou os olhos quando sentiu seu membro, olhou
para baixo e viu que o tinha na mão. — Não!
Ele levantou seu quadril e entrou nela com um
empurrão que a fez gritar de dor.

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Minha Princesa Viking – Sophie Saint Rose

— Por todos os raios — Disse ele entre os dentes


fechando os olhos.
Maisey esperou mais dor, mas ele se deteve e pensou
que tinha acabado até que ele abriu os olhos. Olharam-se
uns segundos e Maisey reteve o fôlego quando a dor e a
pressão diminuíram. Roald se moveu saindo dela lentamente
e voltou a entrar com força fazendo-a gemer de dor, mas se
sentiu aliviada ao não ser tão forte como a primeira vez. Seu
captor começou a mover-se em um ritmo lento e Maisey
entrecerrou os olhos quando começou a sentir outra coisa.
Não entendia muito bem o que estava acontecendo, mas
começava a gostar. Um calor começou a percorrê-la de cima a
baixo e sua respiração se alterou quando ele acelerou o ritmo.
Maisey puxou o grilhão com força apertando seus punhos
sem deixar de olhar sua cara. Roald se moveu mais depressa
e ela se arqueou de prazer necessitando de algo. Então ele
grunhiu apertando-a a seu corpo com força.
Derrotada, Maisey deixou cair os braços sabendo que
tinha terminado. Não tinha sido tão duro como acreditava,
pensou ela vendo-o apoiar-se em seus calcanhares. Quando
levantou o olhar e seus olhos se encontraram, saiu dela
zangado subindo as calças, mas ela pôde ver o sangue em
seu membro antes de que o cobrisse. Olhou pra ele com ódio
tentando baixar seu vestido, mas Roald a deteve. Ruborizou-
se ao saber o que olhava. A prova de sua virgindade.
— Então não tinha sido tocada por outro homem. —
Disse ele zangado. Baixou-lhe o vestido de repente rasgando-
o com um puxão.— Melhor para mim— Se levantou e ela

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Minha Princesa Viking – Sophie Saint Rose

suspirou aliviada quando ele se preparou pra partir. Olhou-a


atentamente e Maisey só desejava que desaparecesse— A
partir de agora fará o que eu te ordenar. É minha escrava. —
Essas palavras a surpreenderam, pois pensava que ia matá-
la. — Se tentar escapar, te mato. Se não fizer o que te
ordenar, receberá um castigo. E para que aprenda como será
seu futuro a partir de agora não comerá por dois dias.
Ela sentou no chão olhando-o furiosa.— Te matarei
antes de chegar a seu destino.
— Pode tentar, mas se fizer te atirarei pela amurada e
dessa vez não te resgatarei.
— Vai morrer viking e quando meu pai souber disto não
parará até que você apodreça no inferno.
Ele sorriu divertido.— Esse teu pai vai ter que ir muito
longe para nos encontrar. — Maisey sorriu surpreendendo-o.
— Do que ri?
— Cuspirei sobre seu túmulo.
Surpreendendo-a se agachou rapidamente e a agarrou
pelo cabelo de sua nuca aproximando-a dele
dolorosamente.— Três dias sem comer e se continuar assim
morrerá de fome. — Disse entre dentes perto de seu rosto.
Ela tentou morder Roald, e ele a soltou tornando-se a rir
lhe mostrando uns dentes brancos perfeitos. — Vai ser
divertido te domar.
— Com o que acaba de fazer se sentenciou a morte!—
Gritou ela furiosa puxando o grilhão — Está morto!— Gritou
antes de que ele fechasse o alçapão. — Porco viking, vou
matá-lo!

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Minha Princesa Viking – Sophie Saint Rose

Furiosa se sentou cobrindo-se bem com o úmido vestido


e apoiando as costas na parede. Se acreditava que ia dobra-la
trancando-a ali, estava muito equivocado.
Ela dormiu sentindo frio. Felizmente quando despertou
doía menos a cabeça, mas continuava gelada. Não sabia se
era dia ou noite, mas precisava aliviar-se. Amaldiçoou o
viking que a tinha trancado sem pensar nisso. Aguçou o
ouvido escutando algo lá fora, assim supôs que ainda era de
dia. Umas risadas a fizeram apertar os olhos olhando para
cima. Apalpou o chão e encontrou as calças de couro.
Estavam enroladas, assim as esticou como pôde para que se
secassem mais rápido. Tocou sua roupa e estava úmida
ainda. E seu cabelo se soltou da trança. Acariciou o cabelo
dando-se conta que já tinha outro toque, o que significava
que quase não tinha tintura. Era quase um alívio não ter que
usar a tintura mais. Fez uma careta pensando que não tinha
que ter se jogado do navio, mas agora não era momento de
recriminações. O fato, já estava feito.
Depois de um momento já não aguentava mais a
vontade de urinar e ia fazê-lo quando se abriu o alçapão. Olav
baixou com sua enorme barriga e se aproximou— Não faça
tolices. — Disse o homem olhando-a com seus olhinhos
marrons.
— Tenho que me aliviar.
— Te levarei pra cima agora. — Disse ele abrindo o
grilhão e agarrando-a com força pelo braço— Vamos.
Guiou-a com brutalidade às escadas e subiu na frente
dele. Ao sair no exterior e olhar o céu se deu conta que era o

33
Minha Princesa Viking – Sophie Saint Rose

dia seguinte. Quanto tinha dormido? Os homens a


observavam de onde estavam sentados, conversando na parte
dianteira do navio enquanto que as mulheres seguiam
sentadas em seu lugar na parte de trás. O navio não era
muito grande e ela sabia que não podia ser de outra maneira,
pois tinha que subir por rios até o norte.
Olav a empurrou até uma lateral do navio.— Tome
cuidado, não caia. Agora que te usou duvido que ele se atire
atrás de você. — Disse divertido — Segure nas cordas.
Tinha que aliviar-se diante de todos? Isso sim era
humilhante.
— Olav!— gritou Roald— Vire-se!
O gordo o olhou surpreso sobre seu ombro, mas seguiu
suas ordens. Ela olhou a seu redor e viu que o resto dos
homens tinham baixado a vista. Rapidamente Maisey
levantou o vestido e colocando-se de maneira precária se
alíviou suspirando.
Quando terminou ficou ao lado do Olav depois de deixar
cair suas saias— Terminei.
O homem sorriu e a agarrou pelo braço. Ia levá-la de
volta quando Maisey olhou às mulheres.
— Cadela viking! — Sussurrou uma com ódio.
Maisey se esticou e antes de que Olav se desse conta,
atirou-se sobre ela agarrando seus cabelos. Olav balançou os
braços um pouco surpreso.— Por todos os Deuses! O que
está fazendo?
A aldeã tinha as mãos atadas e tentava tirar Maisey de
cima enquanto gritava como uma louca. As outras se

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Minha Princesa Viking – Sophie Saint Rose

atiraram sobre ela para ajudar a sua companheira e Maisey


gritou quando uma a mordeu no braço. A mulher recebeu
uma cotovelada na cara, enquanto que outra que a agarrava
pelo cabelo recebia um murro na cara.
— Parece que não se dá bem com ninguém. — Disse
Sorem divertido atrás dela em seu idioma.
— Estará louca?— Perguntou Tage.
Ela agarrou as pernas de duas jogando-as no chão de
costas, enquanto dava um chute no estômago de outra para
que lhe soltasse a perna.
— Já basta!— Gritou Roald esticando a mão e agarrando
as costas do seu vestido puxando-a para trás, fazendo com
que caísse sentada no chão. Feito que elas aproveitaram para
atirar-se em cima dela tombando-a de costas.
— Espera, Roald. — disse Sorem — Quero ver como sai
desta.
Maisey agarrou as cabeças de duas que estavam sobre
ela, golpeando uma contra a outra. Enquanto caíam no chão
se sentou agarrando pelo cabelo uma que a segurava na
perna lhe acertando com o joelho na cara.
— As separe antes de que fiquem irreconhecíveis— Disse
Thorbert.
— Um pouco mais. — Pediu Sorem vendo como se
levantava e dando um chute em uma delas no estômago
atirando-a ao chão ao lado da menina, que as olhava com os
olhos arregalados. Ao ver a menina se deteve, mas outra se
aproximou pelas costas tentando enforcá-la com as cordas.

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Minha Princesa Viking – Sophie Saint Rose

Ela segurou seus pulsos se dobrou de repente girando-a,


fazendo-a gritar de dor quando caiu no chão de costas.
— Basta!— Roald a agarrou pelo braço e empurrou ela
até o buraco — Só pode ficar amarrada e acaba de ganhar
outro dia sem comer!— Furioso a jogou dentro e ao cair
Maisey machucou o tornozelo. Roald desceu os degraus e a
agarrou pelo pulso arrastando-a por toda a adega até chegar
ao grilhão — A partir de agora não sairá!— Gritou ele
fechando o grilhão ao redor de seu pulso — E sorte tem de
que não me livre de você!
Saiu da adega deixando-a jogada no chão de barriga
para baixo com a mão estirada para a parede e quando
escutou que fechava a porta gemeu de dor. Aproximou-se da
parede, presa pela mão contrária e tentou colocar-se
confortável com o braço passando pelo peito. Ela curvou-se e
pela primeira vez desde que a tinham pego chorou. Sentia-se
tão sozinha. Desde que sua mãe tinha morrido Raio sempre
tinha estado a seu lado, mas agora estava totalmente só para
que esse viking fizesse o que quisesse com ela. As lágrimas
correram por suas bochechas sem poder as evitar e furiosa se
limpou com o braço que tinha diante do rosto sabendo que
nessa posição não podia ficar muito tempo. Apalpou o chão
até chegar à lateral esquerda e suspirou quando se deu conta
que eram peles. Ela levantou mancando e comprovou até
onde chegavam. Felizmente não chegavam até o teto, apenas
até sua cintura. Se deitasse deixando o braço para baixo
chegaria ao grilhão? Levantou o braço e se deu conta de que
sim. Sorrindo deitou-se de costas deixando o braço direito

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Minha Princesa Viking – Sophie Saint Rose

fora de sua improvisada cama. Ao final ia estar mais


confortável que essas bruxas. Cobriu-se com várias peles e
suspirou contente. Esse viking era idiota.
Poderia ter dormido como nunca se não fosse pelo
pulsar de dor em seu tornozelo. Tinha sede e com tudo o que
tinha passado não lhe tinham dado água. Quando despertou,
decidiu levantar-se e apoiada nas peles esteve um momento
olhando a seu redor, então viu algo. Era uma pequena
abertura no fundo da adega que deixava passar um fio de luz.
Sorriu porque ao menos saberia se era de dia. Escutava
passos acima, mas eram leves. Sobressaltou-se ao ouvir como
abriam a porta e se sentou rapidamente afastada das peles.
— Aqui tem este balde para se aliviar — Disse Olav
quando chegou até ela— E água. — deixou uma jarra de água
no chão e ela a agarrou impaciente. Olhou enquanto ela
bebia. Olav a observava com os braços cruzados —
Comportou-se mal, pequena. Roald está zangado.
Ela engoliu baixando a jarra e fez uma careta antes de
beber outra vez. Olav sorriu— Briga bem… Quem te ensinou?
Esta há dois dias sem falar fazia com que falasse com
qualquer um.
— Minha mãe.
— Deve ser uma mulher incrível.
— Era. Morreu faz um ano. — Disse entregando a jarra
que estava vazia
— Por que essa mulher te chamou de cadela viking?—
Maisey prendeu o fôlego olhando seus olhos marrons. — Me
parece que Roald vai ter muitas surpresas contigo, verdade?

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Minha Princesa Viking – Sophie Saint Rose

Negava-se a dizer algo mais e Olav sorriu— O menino


não vê o que vejo.
— E o que vê?
— Vejo uma rainha. — Maisey apertou os olhos— Uma
rainha viking.
— Está louco! — Disse com desprezo.
— Não creio. Assim que te vi se atirar do navio soube
que não era uma mulher normal como essas que há aí acima.
E escutei o que dizem os meninos de sua forma de lutar. —
Aproximou-se dela agarrando a jarra — E fala meu idioma.
Maisey empalideceu— Não é verdade.
— Vi que entendia o que diziam de você, embora tenha
dissimulado bem. –Olav sorriu— Fique tranquila, não direi
nada. Vou me divertir vendo os acontecimentos. — Ela
suspirou aliviada.— Mas eu se fosse você diria, porque se não
vai sofrer muito no caminho. Tem fome?
— Que pergunta mais tola.
Olav pôs-se a rir — O confirma cada vez que abre a
boca. Esse orgulho. É orgulho viking.
— Fecha a boca!
— Farei-o, pequena. Farei-o.
Voltou-se saindo da adega muito rápido para o gosto de
Maisey que não queria ficar às escuras outra vez.
Fazer suas necessidades no balde implicava cheirar seus
resíduos todo o dia. Mas isso não era o pior. O pior era que
seu estômago doía de fome. Estava há três dias sem comer
porque o dia de sua captura tampouco tinha comido nada.
Sentia-se débil e sem forças. E iria ficar pior a medida que

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Minha Princesa Viking – Sophie Saint Rose

avançassem os dias. E segundo Roald ainda ficaria dois dias


sem comer. A dor do tornozelo tinha diminuido um pouco,
mas não podia apoiar o calcanhar. Abraçando o estômago
com um braço se sentou esperando que passassem as horas.
Essa noite deitou nas peles quando começou o temporal. O
navio balançava muitíssimo e embora tentasse evitar,
começou a enjoar. Não tinha nada no estômago e os vômitos
fizeram doer a garganta do esforço. Um forte movimento que
fez ranger o navio, lançou-a fora de sua cama atirando-a ao
chão. Gritou de dor quando seu braço se retorceu por estar
preso na parede. Sorte não haver-lhe quebrado. Encontrava-
se tão mal que ficou deitada no chão com o braço estirado
enquanto o ruído da tempestade a rodeava.
Um toque em sua coxa a fez gemer e ao tentar levantar o
pescoço, voltou a fazê-lo ao sentir que uma dor atravessava
suas costas.
— Já não é tão dura né?— Perguntou Roald divertido
abrindo o grilhão — Por todos os Deuses está dormindo na
urina?
Levantou-a agarrando-a pelas axilas — Olav!
— Diga, chefe.
— Que uma das de acima limpe aqui!— Disse
arrastando-a até a escada. Levou-a pra fora deixando-a cair
no chão. — Joguem baldes de água nela.
Maisey estava muito enjoada e seu estômago parecia
que ia sair por sua boca em qualquer momento. Doía-lhe o
ombro e o tornozelo. Deitada no chão, nem se moveu quando

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Minha Princesa Viking – Sophie Saint Rose

jogaram um par de baldes de água em cima dela.— A matou?


– Perguntou Sorem indignado.
— Ontem não estava assim. — disse Olav preocupado.
— Bebeu a água.
Um joelho ficou diante de seu rosto.— Faz quanto tempo
que não come?— perguntou Roald afastando seu cabelo de
sua cara.
— Não comeu desde que chegou. — Disse Olav
rapidamente.
— Sério? Já são quatro dias — Disse Tage.
— Temos que alimentá-la. — disse Roald como se fosse
um incomôdo — Viu seu cabelo?
— É mais claro ainda. — Disse Sorem — Ficará mais
claro?
— Comprovemos qual é sua cor— Disse Olav divertido.
Levantaram-na e ela gemeu quando jogaram sua cabeça
para trás colocando seu cabelo em um balde de água. Alguém
massageou seu cabelo e ela abriu os olhos. Roald observava a
água.
— Troca a água. — Disse irritado.
Olav voltou a colocar o balde sob sua cabeça e Roald
seguiu lhe lavando o cabelo.
— Incrível— sussurrou Sorem — É dourado como o sol.
— Agora sim está apaixonado. — disse Tage.
— Você quem disse isso. Chefe sobre isso, quando vai
dá-la pra mim?

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Minha Princesa Viking – Sophie Saint Rose

— Cala a boca. — disse Roald muito tenso olhando os


fios de seu cabelo entre seus dedos. Levantou a vista e a
olhou aos olhos — Leve-a pra baixo.
— Outra vez?— Protestou Sorem— Ao menos lhe dê
comida antes de levá-la. Está pálida.
— Olav, leve algo de comer pra ela.
Olav a pegou nos braços e seu comprido cabelo quase
roçava o chão. Todos a olharam enquanto seu homem a
levava.
— Ela vai se recuperar, certo?— Perguntou Thorbert
preocupado.
— Querem fechar a boca?— Gritou Roald olhando-os
furioso.
Olav a levou à adega apoiando suas costas contra a
parede — Em seguida te trarei algo de comer. — Disse o
homem prendendo a mão correta à parede — Tem que
recuperar as forças.

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Minha Princesa Viking – Sophie Saint Rose

Capítulo 3

Maisey dormiu, molhada como estava, esgotada pela má


noite que tinha passado. Quando despertou uma enorme pele
a cobria e surpreendida a olhou durante uns minutos. Ao
olhar a seu redor viu um prato de comida. Carne seca, um
pouco de queijo e pão. Esticou a mão e começou a comer
devagar para o caso de sentir-se mal. Felizmente seu
estômago deu uma pausa. Comeu tudo e quando terminou,
bebeu a água que tinha na jarra.
Depois de umas horas abriram a porta e ela não se
moveu esperando que fosse Olav levando mais água. Fez uma
careta quando viu as botas de Roald. Agachado se aproximou
dela e quando a olhou nos olhos apertou os lábios— Parece
que não me livro de você.
— Mas quis, viking pulguento. — Disse ela com raiva.
Ele sorriu meio de lado e ajoelhou uma perna na frente
dela. Então Maisey viu os arranhões em seu peito. Ela os fez

42
Minha Princesa Viking – Sophie Saint Rose

na água e sentiu satisfação ao vê-los. Esperava que


infeccionassem nesse asqueroso.
— Então ainda quer briga. — Sussurrou ele esticando
uma mão e agarrando uma mecha de seu cabelo. Agora que
estava seco era ainda mais claro e ela moveu a cabeça para
que o soltasse. Roald lhe deu um puxão e Maisey ficou quieta
— Parece que vai ser sempre assim. Terei que te dar lições
contínuamente para que aprenda. — Acariciou a mecha entre
seus dedos— Como a seda do Oriente.
Maisey o olhou com ódio e Roald a agarrou pelo
queixo— Como se chama?
— Não te interessa.
— Posso mudar seu nome. — Disse olhando-a aos
olhos— Chamarei você de Neza.
— Te apodreça.
— Não me provoque Neza ou terei que acariciar com
força esse traseiro tão suave que tem.
Maisey se ruborizou intensamente e ele a olhou divertido
— Como te chama?
— Maisey.
Quase pareceu surpreso que respondesse. — Bem
Maisey, se comportar-se bem te deixarei passar o dia fora a
partir de amanhã. — Ela não disse nada e ele sorriu— Vai
aprendendo.— Aproximou-se dela mais e roçou brandamente
seus lábios com os seus.
Maisey ficou sem fôlego quando seu estômago deu um
salto e acreditou que a comida voltaria a fazer mal— Afaste
antes que eu vomite! — Disse ela com fúria.

43
Minha Princesa Viking – Sophie Saint Rose

Roald semicerrou os olhos e apanhou o lábio inferior


dela chupando com força enquanto o acariciava com a língua.
Ela arregalou os olhos surpreendida pelo que sentiu e sem
querer abriu a boca. Aprofundou o beijo sujeitando com sua
outra mão a nuca, Maisey sentiu falta de ar quando acariciou
sua língua. Assustada pelo que estava sentindo levou sua
mão livre a seu cabelo negro puxando com força, mas Roald
não a soltou aprofundando suas carícias e fazendo-a gemer.
Separou-se dela e a olhou com seus olhos verdes
entrecerrados. Maisey suspirou abrindo os seus lentamente
ainda envolta em uma neblina confusa.
— Não parece que vai vomitar. — Disse ele soltando-a e
lhe dando as costas.
Maisey gostaria de dar um chute no seu traseiro. — Cão
pulguento. — Disse com a voz rouca— Espero que um raio o
acerte!
A risada de Roald o acompanhou até a saída. Para sua
surpresa deixou o alçapão aberto— Te furarei com minha
adaga me ouve? Suplicará por sua vida!— Gritou furiosa!
— Parece que está melhor. — Ouviu Sorem dizer.
— Amanhã ninguém vai suportá-la. — Respondeu Roald
divertido.
— Arrancarei sua língua!
— Vê?
Afastaram-se da porta para frustração de Maisey.
Quando escureceu Olav lhe entregou uma jarra — Me alegro
te encontrar melhor. — Ela fez uma careta fazendo-o rir.

44
Minha Princesa Viking – Sophie Saint Rose

— Por que não me solta e te demonstro o quanto estou


bem?
Olav aparentou horror e a fez rir. O homem a olhou
maravilhado e pigarreou quando perdeu a risada por sua
expressão — Boa noite, princesa.
— Boa noite, Olav.
À manhã seguinte Olav a soltou— Pode passar o dia
fora. Mas se comporte bem.
Revirou os olhos fazendo-o rir. Ao ficar de pé se deu
conta de que quase não mancava e o ombro já não a
incomodava.
— Pode levar a pele se quiser.
— Não, obrigada. — Respondeu com um sorriso — Agora
não tenho frio.
Saiu sem esperá-lo e ficou no convês olhando a seu
redor. A primeira coisa que fez foi levantar a vista pra o céu e
se deu conta que quase era meio-dia.
Olav a observava sonrrindo.— Pode se sentar em um
desses tonéis. — Eram onde se sentavam os homens pra
conversar e quando os procurou os viu olhando às mulheres.
Entrecerrou os olhos — O que querem?
— Estão interrogando-as a respeito de você. — Disse
divertido— Você os intriga.
Foi para os tonéis e sentou-se. Pelas costas de Roald se
deu conta que não conseguiam o que queriam saber. Ela
olhou nos olhos da mulher que dias antes a tinha chamado
viking e fez um gesto no pescoço indicando que se falasse a
mataria.

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Minha Princesa Viking – Sophie Saint Rose

A mulher empalideceu e Roald se voltou para fulminá-la


com o olhar — Maisey!
— Sim?
— Vem aqui!
Ela apertou os olhos e cruzou os braços.— Não!
— Por todos os raios!— Sussurrou Olav— Vá lá!
Roald cerrou os olhos enquanto Tage a olhava como se
estivesse louca e Sorem sorria.— Move seu traseiro até aqui!
— Não!— Gritou olhando-o do tonel.
Olav gemeu a seu lado — Está louca.
— Caso não venha, aguentará às consequências!
Ela olhou entediada. Sorem e Thorbert puseram-se a rir
— Silêncio!— Gritou Roald aproximando-se dando
grandes passadas até ela. Ali sentada sobre o tonel parecia
quase frágil rodeada de seu longo cabelo loiro. Ele apertou os
lábios ao ficar diante dela — Ou você vem ou eu te levo.
— Por que tenho que ir?
— Não me encha a paciência, Maisey.
Como se estivesse fazendo um favor desceu do tonel
enquanto Tage a olhava como se estivesse louca e seus
amigos riam.
Ficou diante das mulheres e cerrou os olhos as olhando
uma por uma— Do que a conhecem?
As mulheres olharam pra Maisey com temor e ela
cruzou os braços satisfeita.
— Respondam! Não vai acontecer nada com vocês!—
Gritou Roald fora de si ao dar-se conta que não abriam a
boca.

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Minha Princesa Viking – Sophie Saint Rose

— Isso não ajuda, Roald. — Disse Sorem divertido.


— Não tem graça.
— Está claro que a temem.
— Muito observador, Tage. — Disse Roald agarrando-a
pelo braço para olhar-la de frente— Quem é?
— A que vai arrancar sua língua. — Disse calmamente.
— Pelo Thor, esta mulher é impossível! — Disse Tage.
— Me parece maravilhosa.
Roald fulminou Sorem com o olhar antes de voltar-se
para Maisey — Por que te temem? Quem te ensinou a brigar?
— Aprendi quando era pequena. — Disse começando a
divertir-se.
— Sua mãe a ensinou. — Disse uma delas com ódio—
Era uma megera como ela.
Maisey se esticou levantando o queixo e girou a cabeça
lentamente.— Volta a falar de minha mãe, puta e
esparramarei seus intestinos pelo convês.
A mulher empalideceu baixando o olhar e todos a
olharam com admiração. Inclusive Roald — Uma mulher nos
disse que onde você vivia, estava a mulher que
procurávamos.
— Que mulher?— Perguntou fazendo-se de tola.
— Uma mulher de cabelo castanho com menos de
quarenta anos. Era sua mãe?
— Minha mãe era loira. — Disse mentindo
descaradamente. Nenhuma das mulheres abriu a boca e
Maisey sorriu abertamente. Sabiam que ela estava

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Minha Princesa Viking – Sophie Saint Rose

desamarrada e qualquer descuido podia as matar


rapidamente.
— Por que a odeiam?— Perguntou Tage.
— Viu-a, homem? Parece idiota!— Disse Sorem com
admiração — É a mulher mais bela que já vi.
— Sorem, fecha a boca antes de que eu a feche pra
você!— Roald estava furioso.
Seu amigo cerrou os olhos e fez uma careta. Olav soltou
uma risada e piscou-lhe um olho. Não acreditava uma
palavra sobre ser a mulher mais bela que já tinha visto,
embora Maisey nunca tenha se olhado em um espelho, só
tinha visto seu reflexo na água do rio. Realmente seria
bonita? Olhou nos olhos de Roald que apertou seus braços
antes de perguntar— Por que lhe odeiam?
— Não sei. Odeiam-me a vida toda.
— Cadela mentirosa! — Sussurrou uma delas fazendo
Roald esbofear Maisey atirando-a no chão.
— Isso é para que não minta pra mim!— Agarrou-a pelo
cabelo e voltou a levantá-la— Por que lhe odeiam?
Ela levantou o queixo e cuspiu em seu rosto, recebendo
outro golpe na outra bochecha acabando no chão outra vez.
— Por todos os Deuses! Diga-lhe! Gritou Olav.
Nesse momento alguém assobiou e ela fechou os olhos
ajoelhada no chão.
— Um navio do Rutger!— Gritou Thorbert passando por
ela e agarrando uma enorme espada. Os homens agarraram
suas armas olhando pelo flanco do navio e ela se levantou
lentamente acariciando a bochecha. Um navio viking se

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Minha Princesa Viking – Sophie Saint Rose

aproximava deles a toda velocidade. Surpreendida se deu


conta que não fugiam deles, mas sim lhes esperavam para
lutar. Roald se voltou e a olhou com os olhos entrecerrados —
Maisey, desça à adega!
— Não. — Cruzou os braços— Me dê uma arma.
— Está louca, mulher? Para que me acerte pelas costas.
Vá pra adega!
Podia entender a lógica de seus pensamentos. Olhou
sobre seu ombro às mulheres e antes que alguém reagisse
deu um murro na que tinha chamado sua mãe de megera
deixando-a sem sentido. Roald revirou os olhos — À adega!
— Está bem…— Disse zangada olhando o navio que se
aproximava. Via-se ao menos dez pessoas no convês.
— Superam vocês em número…
— À adega!
Então ela se deu conta de algo, não sabia se esses
homens que vinham eram amigos de seu pai ou inimigos,
como tampouco sabia se Roald era, embora parecia que
procuravam a sua mãe. Pensou nisso rapidamente olhando o
navio que se aproximava. Tinha que decidir-se e olhou nos
olhos do Roald— Já vou!— Protestou zangada indo para o
buraco.
Quando desceu fechou a porta, mas voltou a abrir— E
se te matarem?
— Então matarão você também.
— Isso não é justo!
— A vida não é justa. Fecha a porta!
— Uma adaga… pequena.

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Minha Princesa Viking – Sophie Saint Rose

Olav começou a dar gargalhadas e Sorem o seguiu.


— Maisey!
— Tomara que tenha aprendido a brigar, porque comigo
não soube fazê-lo!— Gritou antes de fechar com força.
As risadas dos homens a fizeram fazer uma careta — Se
tivesse meu arco— Sussurrou olhando a seu redor. Começou
a procurar com o que defender-se e revirou os olhos quando
encontrou várias armas em um canto. — Homens estúpidos!
— Um golpe no navio por pouco não a derrubou ela agarrou
uma pequena espada colocando-se junto à escada.
Ouviram-se gritos ensurdecedores no piso de cima e os
sons das espadas ao chocar umas com as outras. Cerrou os
olhos quando ouviu que algo caía e sentiu medo. E se
fizessem mal a ela? Era a única possibilidade de encontrar
seu pai. Os olhos do Roald furiosos apareceram em sua
mente e sentiu medo. Se os matassem, podia acabar como
escrava em qualquer aldeia do norte, submetida por algum
tirano. Ao menos conhecia o Roald e o que ele fazia não era
tão terrível. Subiu vários degraus sem dar-se conta e abriu o
alçapão para olhar. Os homens lutavam bem e eram quase o
dobro que eles. Viu que Olav estava em dificuldades contra
dois homens muito mais jovens que ele. Sem pensar abriu a
porta e um que estava lutando com o Thorbert a olhou com a
boca aberta. Aproveitando o amigo do Roald lhe perfurou o
estômago. Maisey se aproximou por detrás dos que
acossavam Olav e golpeou o interior do joelho de um deles
fazendo-o cair enquanto atravessava com a espada as costas
do outro. Deu um salto para trás quando o do chão tentou

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Minha Princesa Viking – Sophie Saint Rose

alcançá-la com a espada e Olav lhe atravessou o peito —


Princesa. — Disse o homem com a espada ensangüentada no
alto — O que te disse Roald?
Encolheu os ombros e ouviu o grito de fúria de Roald.
Girou com um pulo para ver que seu captor lutava com um
homem enorme e estava ferido de lado. Não era grave, apenas
um arranhão, mas ela cerrou os olhos furiosa dando um grito
de guerra que punha os cabelos em pé. Os homens
surpreendidos se voltaram para ela e com a espada na mão
fez um arco cortando a cabeça do que estava mais próximo.
— Por todos os Deuses! — Sussurrou um deles dando
um passo atrás enquanto a cabeça de seu inimigo caía diante
de Maisey.
Tage aproveitou para matar outro que estava distraído e
a luta recomeçou. Sorem acabou com os que tinha na frente e
ela se aproximou de Roald furiosa— Por que não o matas de
uma vez?— Via-se a distância que era muito superior a seu
inimigo.
O viking a olhou como se fosse um demônio antes que
Roald lhe rachasse o peito de cima abaixo. Roald se voltou
para ela e a agarrou pelo braço— Não te disse que esperasse
lá embaixo?
— Olav necessitava de ajuda! — Gritou-lhe na cara.—
Tem que proteger seus homens mais fracos! Não se divertir
enquanto isso!
— O que sabe você de proteger homens?

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Minha Princesa Viking – Sophie Saint Rose

— Parece que mais que você!— Um gemido a fez olhar


pra o chão e ela chutou a cara do que gemia deixando-o sem
sentido.
— Pelo Thor, quem é você?— Roald estava atônito — À
adega!
Ela levantou a espada colocando-lhe sob o queixo — Me
obrigue.
Olav gemeu — Princesa, não faça isso!
Os homens os rodearam e Roald sorriu lhe alterando o
sangue— Quer lutar comigo?
— Se ganhar, deixará-me livre assim que chegarmos. —
Disse olhando-o nos olhos — Dará sua palavra.
— E se eu ganhar?
— Se você ganhar... — Pensou— Colaborarei.
— Dá-me sua palavra?
— Sim.
Roald fez um rápido movimento tentando tirar sua
pequena espada, mas Maisey deu um salto para trás ficando
fora de seu raio de ação— Tirem os cadáveres. — Disse Roald
começando a divertir-se. Os homens pegaram os corpos
atirando-os pela amurada enquanto Roald e ela caminhavam
em círculo.
— Não lhe faça mal, Roald. — Disse Sorem preocupado.
— Vai ser ela quem chutará seu traseiro. — Disse Tage
divertido sentando-se no parapeito para observar.
— Não é justo, ela veste saias e é mais difícil lutar
assim. — Apontou Olav preocupado.

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Minha Princesa Viking – Sophie Saint Rose

— Você observa. — Disse Tage sem perder nenhum


detalhe.
— Preparada?— Perguntou Roald olhando-a nos olhos.
— E você?
Roald atacou e ela se agachou, a espada passou por
cima dela. Apoiando-se na mão livre estirou a perna com
força e lhe deu um golpe no tornozelo que o fez cambalear-se
e escorregar pelo sangue no chão caindo sobre seu joelho.
Roald grunhiu enquanto os homens riam. Maisey lhe atacou
com a espada, mas ele facilmente rebateu o golpe com sua
enorme espada levantando-se de um salto. Sua força era
incrível e quase derrubou sua espada.
— Sou muito mais forte que você, Maisey. Tem que ser
rápida. É sua única opção.
Surpreendeu-a que ele desse conselhos e se lançou
sobre ele como se fosse um carrapato atirando-o de costas e
colocando sua espada sob seu queixo— Dizia?
Os homens puseram-se a rir, mas ele soltando sua
espada a segurou pela cintura girando-a de costas e
retorcendo sua mão lhe pôs sua própria adaga na garganta.
Foi tão rápido que ela perdeu o fôlego com seu peso
distraindo-se. Estava totalmente imobilizada e ele sorriu—
Ganhei.
Para surpresa de todos que esperavam ouvir seus gritos,
Maisey pôs-se a rir deixando-os com a boca aberta. Roald a
comeu com os olhos e ela prendeu o fôlego— Não.
— Sim. — Afastou a pequena espada e a levantou sem
nenhum esforço. Agarrando-a pelo pulso a levou até o

53
Minha Princesa Viking – Sophie Saint Rose

alçapão enquanto os homens golpeavam o chão com os pés.


Olav sorriu de orelha a orelha e Maisey se ruborizou —
Desça. — disse ele com voz grave.
Ela tinha dado sua palavra e endireitou as costas
levantando o queixo passando na frente dele. Quando chegou
embaixo ficou nervosa vendo-o descer as escadas. Deixou a
porta aberta para ter luz e caminhou para ela. Maisey deu
um passo para trás e logo outro até chegar nas peles.
— Tire o vestido.
— O que?— Na vez anterior não precisou fazê-lo.
Apertou as mãos nervosa.
— Tire se não quiser que eu arranque isso, Maisey. —
Os olhos de Roald não mentiam e ela agarrou o vestido pelo
quadril tirando-o.
— Isso também. — disse mostrando a camisola.
Ruborizada tirou ficando totalmente nua diante dele.
Nervosa porque não dizia nada, levantou os olhos e ele se
aproximou— Não seja tímida. — Disse com voz rouca olhando
seus seios — É tão bonita que dá medo.
Maisey sentiu calor na boca do estômago e seus
mamilos endureceram com seu olhar. A mão do Roald chegou
até seu seio sem tocá-lo e ela prendeu o fôlego. O esfregar de
seu dedo polegar em seu mamilo a sobressaltou e o olhou nos
olhos — Preciosa…— Sussurrou ele antes de que sua mão
acariciasse seu seio. As sensações que a percorreram a
fizeram fechar os olhos e quando sua outra mão tocou sua
cintura, gemeu sem poder evitá-lo. Suas mãos percorreram
seu corpo acariciando suas costas até chegar a sua nuca e

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Minha Princesa Viking – Sophie Saint Rose

quando sentiu os lábios de Roald sobre os seus não pôde


evitar responder com desejo. Roald aprofundou o beijo
abraçando-a e gemeu dentro de sua boca ao sentir seu torso
contra seus seios, abraçando seu pescoço para prender-se a
ele. Nem se deu conta quando a deitou sobre a pele. Roald
abandonou sua boca para acariciar com seus lábios seu
pescoço lhe dando suaves beijos que a deixavam louca.
Descendo por seu seio, gritou surpreendida quando lambeu
um de seus mamilos antes de meter-lhe na boca e chupar
com força. Maisey arqueou as costas necessitando mais e
voltou a gritar ao sentir sua mão acariciando-a entre as
pernas. Cravou as unhas em seus ombros sentindo que algo
se esticava em seu interior e gritou estremecendo-se de
prazer quando Roald mordiscou seu mamilo.
Esgotada abriu os olhos e Roald estava sobre ela
olhando-a muito sério, segurando-a em seus braços—
Cerque-me com suas pernas. — Sussurrou antes de beijá-la.
Sentindo-se maravilhosamente ela fez o que pedia e gritou
dentro de sua boca quando entrou nela com um forte
empurrão. Ele segurou seu quadril saindo dela brandamente
para voltar a entrar com força fazendo-a gritar de prazer.
Olhou-a nos olhos antes de repetir o movimento e Maisey
arqueou seu pescoço para trás sentindo que morria de
prazer. Segurou em seus ombros enquanto Roald beijava seu
pescoço continuando seus movimentos com força, até que
com uma última estocada a fez gritar lançando-a em um
mundo maravilhoso.

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Minha Princesa Viking – Sophie Saint Rose

Com a respiração ofegante, Roald se levantou olhando-a


deitada no chão tentando recuperar-se— Vista-se.
Ela abriu os olhos ainda atordoada pelas sensações que
ele tinha proporcionado nela e gemeu de vergonha porque
tinha desfrutado delas. Voltando para a realidade se sentou
sobre a pele e esticou o braço para pegar sua camisola. Roald
se agachou a seu lado e a agarrou pelo cabelo erguendo seu
rosto.— Lembre de sua promessa, Maisey. Não me faça ter
que lhe recordar isso.
— Recordo minhas promessas. — Disse entre dentes
movendo a cabeça para que a soltasse.
Ele a agarrou mais forte e a beijou nos lábios com
rudeza machucando-a— Se algum dia te encontrar com outro
homem, te mato.
Olhou-a nos olhos e soube que cumpriria sua promessa.
Roald a soltou, erguendo-se saiu deixando-a sozinha. Maisey
ficou olhando por onde ele foi e cerrou os olhos.— Não vou
ficar, viking. — Sussurrou para si.— Prometi que colaboraria,
não que ficaria.
Ela ficou na adega o que restou do dia e estava deitada
sobre as peles quando escutou que alguém descia pela
escada. Virou sobre o monte de peles para ver Roald
aproximando-se. Ficou de barriga para baixo e apoiando-se
nos antebraços olhou-o se aproximar. A verdade é que era
bonito. Admirou seu peito e seu pescoço. Seu quadrado
queixo e sua boca. Recordando o que fez essa boca ruborizou,
assim olhou seus olhos. Não parecia estar de mau humor.
— Maisey.

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Minha Princesa Viking – Sophie Saint Rose

— Sim?
— Está confortável?
— É uma pergunta com armadilha?— Perguntou
desconfianda.
— Essas peles são para vender antes de chegarmos em
casa.
— E?
— Não deveria dormir em cima.
— E a que usamos antes?
— Essa é minha. — Disse agarrando a que tinha nos
braços para tirá-la.— Como você.
— Eu não sou sua. — Disse segurando em seus ombros.
— Claro que é! É minha escrava. É de minha
propriedade. — Deitou-a sobre a pele no chão e se deitou a
seu lado pegando uma mecha de seu cabelo.
— O que está fazendo?— Perguntou puxando a mecha
de sua mão.
— Nada. — Parecia surpreso com sua atitude e não
entendia a razão.
Ela virou as costas pra ele franzindo o cenho. O que
acontecia com esse homem? Uns minutos depois ao ver que
não se movia olhou sobre seu ombro— Vai dormir aqui?—
Continuava olhando-a apoiado em seu antebraço— Por que
não dorme em cima com seus homens?
Ele levantou uma sobrancelha e voltou a pegar uma
mecha de seu cabelo. Ela puxou novamente sentando-se
sobre a pele. Olhou-a divertido— Está incômodada ao lado de
um homem, certo?

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Minha Princesa Viking – Sophie Saint Rose

Que tipo de pergunta era essa? Ele sabia que era virgem
antes de que a tocasse. Roald entendeu sua expressão— Me
refiro a não estar acostumada a te relacionar com homens.
Ruborizou-se ligeiramente porque tinha razão. Sempre
que se relacionava com eles era para lhes golpear ou para
defender-se.
— E daí?— Disse na defensiva.
— Não tem pai ou irmãos?
— Já te disse que meu pai te mataria, então sim, tenho
pai. — Disse irritada voltando a dar-lhe as costas.
— Mas não o conhece, certo?
— O que você sabe? Conheço-o muito bem. — Disse com
raiva.
— E como ele é?
— É forte e alto. Seu cabelo é dourado.
— Como o seu. — Sussurrou ele tocando-lhe.
— Sim!
— Que mais?
— É um homem de honra e queria a minha mãe. — Ao
ver que ele não dizia nada continuou— Protegeu a minha mãe
quando ela necessitou e a amou muito. — Uma lágrima caiu
por sua bochecha— Teve que ir embora. Mas antes ensinou
minha mãe a proteger-se sozinha.
— Foi muito longe?— Sussurrou ele.
Ela estreitou os olhos— E você, porque se importa? Ele
teve que ir! É o bastante.
Voltou a dar-lhe as costas e ele a olhou — Se conhece
tão bem a seu pai como se chamava?

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Minha Princesa Viking – Sophie Saint Rose

Estreitou os olhos.— Por quê?


Ele rasgou a manga de seu vestido e mostrou o bracelete
em seu braço— Seu pai deu de presente isto a sua mãe?
— Você rasgou meu vestido!— Gritou indignada olhando
seu braço. Estreitou os olhos furiosa e com a palma da mão
aberta acertou seu nariz— Rasgou meu vestido!
Roald com a mão em seu nariz grunhiu.— Te
conseguirei outro!— Disse movendo seu nariz de um lado
para outro.
— Não quero outro! Eu gostava deste!
— É um trapo!
— É meu trapo!
Olharam-se nos olhos furiosos e ele a agarrou pela nuca
beijando-a apaixonadamente enquanto ela abraçava ele
quase com desespero. Roald impaciente subiu seu vestido
com toda pressa acariciando seu traseiro e Maisey gemeu
levando suas mãos às tiras de couro que seguravam sua
calça, colocando-se escarranchada sobre ele quando o
liberou. Maisey se esfregou contra ele impaciente e Roald
gemeu lhe apertando as nádegas. Maisey se afastou olhando-
o nos olhos e se levantou ligeiramente para que entrasse nela
lentamente fazendo-a fechar os olhos de prazer. Apoiando as
mãos em seu peito deixou que guiasse seus quadris e
entendeu o que tinha que fazer, continuando enquanto Roald
acariciava seus seios em cima de sua roupa. Sentindo que
necessitava muito mais, moveu-se sobre Roald mais rápido
acariciando seu torso enquanto se olhavam nos olhos. —
Assim mesmo, você faz muito bem! — Sussurrou ele levando

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Minha Princesa Viking – Sophie Saint Rose

uma mão a seu sexo para acariciá-la. Maisey gemeu


arqueando seu pescoço para trás movendo-se mais rápido
enquanto ele seguia acariciando-a. Sentiu que o prazer a
atravessava estremecendo e Roald a deitou de costas dando
estocadas com força, grunhindo contra seu pescoço.
Uns segundos depois se afastou deitando de costas e
levando-a com ele.
— Aprende muito rápido. — Disse acariciando suas
costas.
— Não é difícil. Agora você vai embora?
Roald riu e ela levantou a vista surpresa.
— Isso quer dizer não?— Ele continuou rindo e ela
irritada se afastou dele para lhe dar as costas outra vez.
— Por que usa esse bracelete?— Perguntou encostando
em suas costas — Era de seu pai?
— Por que pergunta tanto por ele?
Roald baixou a manga do vestido e ela soube o que
estava olhando. Um bracelete de ouro com um elaborado
desenho de círculos entrelaçados e uma pedra vermelha no
meio. Era muito grande para ela por isso podia colocá-lo no
alto do braço.
— É que acredito que vi um parecido em algum lugar. —
Sussurrou ele tocando-o.
Maisey prendeu o fôlego. — Eu vi vários parecidos ao
longo dos anos. — Disse mentindo. Não tinha visto nenhum
igual em seus dezessete anos de vida. Seu trabalho era tão
fino que era inconfundível.
Roald deixou cair a cabeça deitando de costas.

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Minha Princesa Viking – Sophie Saint Rose

— Tem razão. Certamente vi um parecido porque seu pai


não é Harald, certo?
Ela se esticou e voltou a olhá-lo.
— Quem é Harald?
— É nosso Jarl. — Ao ver que ela franzia o cenho, o
esclareceu— Como nosso chefe, nosso rei. Sua palavra é lei.
Maisey deixou cair o queixo surpresa. Seu pai era o rei
desses homens? Era uma brincadeira?
— Por que te surpreende tanto?
— Por isso seguem suas ordens de ir a meu povo e
agarrar às mulheres?
Roald estalou a língua.— Tínhamos que vender as peles
e outras coisas. Mas aproveitou nossa viagem. Eu não queria
fazer isso porque se tivermos má sorte começará a nevar e
dificultará a viagem.
— Vivem tão ao norte?
Ele sorriu divertido.— Vivemos no extremo norte. No
inverno neva tanto que quase não saímos de casa. — A cara
de horror de Maisey dizia tudo e Roald pôs-se a rir.—
Acostumará.
— Por que procura essa mulher?
Roald parou de sorrir.— Não sei. Só me disse onde tinha
que ir e procurar uma mulher de uns trinta e cinco anos com
o cabelo castanho.
— Não sabia seu nome?— Sussurrou.
— Na verdade me disse isso, mas estava tão zangado
que não me lembro bem, assim para abreviar pegamos todas
as de cabelo castanho. — Disse indiferente.— De toda

61
Minha Princesa Viking – Sophie Saint Rose

maneira necessitávamos de mulheres. Faz dois anos umas


febres arrasaram a aldeia. Muitos homens dormem sozinhos.
— E não recorda nada de seu nome?— Perguntou
impaciente.
— Começava pela letra A, acredito. — Ele estreitou os
olhos. — Como se chamava sua mãe?
Suspirou decepcionada.— Blair.
Roald assentiu e voltou a agarrar uma mecha de seu
cabelo.— Não se chamava Blair.
Estava enganada? Pensou vendo ele acariciar seu
cabelo. Até agora tudo encaixava, mas esse não era o nome
de sua mãe. Suspirou deitando-se e pensando nisso dormiu.

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Minha Princesa Viking – Sophie Saint Rose

Capítulo 4

Despertou e ao olhar a seu lado viu que estava sozinha.


Aliviada olhou o teto, pois tinha deixado o alçapão aberto e
havia luz. O que devia fazer agora? Antes de lhe dizer o nome
de sua mãe estava convencida de que Harald era seu pai,
mas agora já não estava tão segura. E se tudo aquilo não
tivesse nada a ver com ela? Pode ser que algum dos
companheiros de seu pai procurasse alguém. Mas sua mãe
tinha o cabelo castanho e sua idade coincidia com a mulher
que procuravam. E se chamava Harald o homem que a
procurava. Tinha que ser seu pai. Roald estaria equivocado?
Devia ser isso, não prestou atenção ao nome de sua mãe.
Sorriu levantando-se. depois de usar o balde, tirou-o fora. Os
homens estavam falando entre eles em seu idioma e ela
dissimulou levando o balde até a amurada para esvaziá-lo.
— E o que vai fazer? Porque quando souberem, as
gêmeas vão te matar. — Disse Tage divertido.
— Não vou fazer nada. — Respondeu Roald irritado. —
Por que faria algo? Ela é minha escrava. Como elas. Terão
que acostumar.

63
Minha Princesa Viking – Sophie Saint Rose

Olav a olhou de esguelha enquanto Maisey se esticava.


Tinha duas escravas gemêas! Com certeza também
compartilhavam sua cama.
— Pois verá quando sua mãe souber. — Disse Tage
nesse momento. — Dirá que é um libertino. Já disse isso
quando levou as gêmeas. Agora o expulsará de casa.
— Já é hora de fazer uma casa. — Disse ele olhando-a
enquanto lavava o balde. — Alguma me dará um filho e já
somos muitos nessa casa de loucos.
Os homens puseram-se a rir divertidos enquanto que
Maisey escondia seu rosto ruborizado.
— Estranho é que as gêmeas não lhe tenham feito pai.
— Disse Thorbert divertido.
— Meu pai a primeira vez que me deu uma mulher,
disse-me que não me derramasse dentro.
Os homens riram a gargalhadas— E é capaz?
Maisey não entendia muito bem o que diziam e se voltou
para eles fazendo-se de tola.
— Tenho fome.
— Olav…— disse Roald com aborrecimento.
O homem se levantou e sorriu pra Maisey.
— Vem, princesa. Gosta de arenque?
— O que é isso?
Afastaram-se dos homens e a levou até um barril. Abriu-
o e mostrou o que era.
— É pescado?

64
Minha Princesa Viking – Sophie Saint Rose

— Prova-o. — Deu-lhe uma parte e de outro barril lhe


entregou pão. Aproximou-se dela e lhe sussurrou— Não se
importe.
— Não entendo o que diziam. — disse antes de colocar
um pedaço de pescado na boca. Estava seco, mas gostoso.—
O que não derrama? — Olav se ruborizou.
— A semente, princesa.
— A semente?— perguntou com a boca cheia.
Olav ficou como um tomate. — É muito inocente.
Maisey o olhou confusa e Olav olhou os homens por
cima de seu ombro. — Roald está olhando. — Sussurrou. —
O homem quando termina… — Passou uma mão por sua
espessa barba — derrama sua semente na mulher.
— Ah…— Disse ela entendendo— E ele não o faz.
— Tira seu membro antes. — Disse envergonhado como
um menino metendo um pedaço de arenque na boca.
— Comigo não.
Olav se engasgou e tossiu com força. Preocupada lhe
deu vários tapas nas costas.— Está bem?
Congestionado a olhou com os olhos lacrimejantes
assentindo.
— Maisey!— Voltou-se para Roald que a olhava com os
olhos cerrados.— Vem aqui.
Caminhou para ele e os homens se dispersaram.
— O que quer?
Ele a agarrou pelo vestido aproximando-a dele.
Mastigando seu café da manhã o olhou nos olhos.— A partir
de agora se encarregará das mulheres.

65
Minha Princesa Viking – Sophie Saint Rose

— O quê? Nem pensar!


Roald a sentou sobre seus joelhos e lhe disse ao ouvido.
— Começam a estar inquietas e não quero problemas, é
melhor que você cuide delas. Dará-lhes de comer e as
acompanhará a aliviar-se.
— E por que você não faz isso?
— Muito engraçada! Lembra sua promessa?
Maisey estreitou os olhos pois ele tinha razão.— Está
bem. — Tentou levantar-se, mas ele a segurou pela cintura.
— Como dormiu?
Olhou-o surpreendida.— Bem…
— Certeza?
— Claro.
— Ontem choramingou.
Maisey se esticou. — Ah, sim?
— Sim.
— Pois estou bem.
Ele a observou atentamente.— Está bem. Vá fazer suas
obrigações.
Levantou rapidamente e se afastou dele. Olav lhe deu o
café da manhã das mulheres e ela o levou. Várias a olharam
com ódio, mas pegaram o pescado e o pão que lhes deu.
Depois deu água pra elas. Sorriu pra menina que
correspondeu embora depois olhou pras mulheres com medo
e perdeu o sorriso. Já tinham se aliviado antes de que ela
chegasse, assim esperaria um momento.
Essa foi sua rotina a partir daquele dia. Encarregava-se
das mulheres de dia e de noite se encarregava de Roald. A

66
Minha Princesa Viking – Sophie Saint Rose

segunda tarefa era a mais agradável. Depois daquele dia se


fixou no que haviam dito os homens e Roald com ela não o
fazia. Isso a preocupou porque não podia ter um filho nesse
momento. Se Harald não era seu pai tinha que voltar para
casa. Sentia falta do Raio. Não havia dia que não lembrasse
de seu cão. Esperava que estivesse bem.
Segundo os homens estavam tendo muita sorte com o
tempo e esperavam estar em casa em poucos dias. Isso a
alíviou porque já estava farta do navio. Fazia dias que
navegavam através de um rio e desde seu encontro com
aquele navio não se encontraram com ninguém mais.
Uma manhã Roald despertou lhe movendo o braço.—
Levanta, preguiçosa. Estamos chegando ao Egersund.
— Chegamos então?— Perguntou sentando-se de
repente.
— Aqui venderemos a mercadoria. — Respondeu ele
antes de assobiar.
Os homens começaram a descer e a recolher coisas para
levar ao convês. Ela se levantou a contra gosto.
— Poderei descer?
— Não. — Grunhiu Roald agarrando um monte de pele
em seus enormes braços.
— Por quê?
— Assim irei mais rápido.
— Posso ajudar. — Sugeriu ela.
— Já disse que não!

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Minha Princesa Viking – Sophie Saint Rose

Maisey apertou os lábios e pegou umas peles para


ajudar sem protestar. Em silêncio ajudou no que pôde e Olav
a olhou preocupado.
— O que aconteceu, princesa?
— Não me deixa descer. — Disse enquanto deixava
umas peles sobre a enorme pilha.
— Alguém tem que ficar no navio e vigiar as mulheres.
Ela olhou a seu amigo— Você não vai ficar?
— Eu também. — Respondeu divertido.— Não vai fugir a
menos que leve o navio.
— Muito engraçado.
Olav pôs-se a rir e Roald estreitou os olhos. — Não têm
nada que fazer?
Uns minutos depois passaram ao redor de uma
montanha e Maisey ofegou de assombro ao ver uma aldeia
enorme. As casas situadas em um formoso vale chegavam até
ao pé das montanhas. Nunca tinha visto nada igual, embora
não seja estranho porque só tinha visto sua pequena aldeia.
Ao chegar o navio, ataram umas cordas ao
embarcadouro. Maisey olhava tudo com os olhos arregalados.
Várias mulheres se aproximaram gritando e rindo. Viu que
alguém mostrava muito seus encantos abrindo o decote de
seu vestido.
— Roald, você voltou!— Disse a que mostrava os seios
deixando Maisey atônita. A raiva a invadiu e cerrou os olhos
apoiando as mãos na amurada.
— Sentiu minha falta, preciosa?

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Minha Princesa Viking – Sophie Saint Rose

Maisey voltou os olhos a Roald como uma mola e se


aproximou dele furiosa. — Quem é essa?
Os homens puseram-se a rir dando palmadas nas
costas de Roald— São suas amigas. — Disse Tage.
— Amigas! — Maisey parecia ter sido possuída. Não
entendia o que lhe acontecia, mas sabia que não queria que
ele se aproximasse dessas…. dessas putas.
— Você se encarrega das mulheres, nós voltamos logo.
— Disse Roald muito sério. — Não quero problemas, Maisey.
Fica no navio.
— Vou contigo!— Não confiava que ele não se deitaria
com alguma dessas ou com todas.
— Ficará aqui!— Gritou-lhe ele. — E aguentará às
consequências se não fizer!
Furiosa cruzou os braços e virou as costas pra ele com
vontade de matá-lo.
Foi até a popa e se sentou sobre um barril vendo como
baixavam a rampa e descarregavam a carga. Viu-o descer
pela rampa acompanhado de seus amigos sem olhar atrás,
enquanto as descaradas os seguiam rindo e gritando. Olav a
olhou com pena.
— Não me importo.— Disse ela zangada.
— Não deve preocupar-se. Será você que viverá com ele.
— Ela levantou o olhar e Olav se preocupou.— Não tente
escapar, princesa. Roald fica com muito mal humor quando
se zanga.

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Minha Princesa Viking – Sophie Saint Rose

Não respondeu a seu amigo. Levantou-se e foi olhar


como estavam as mulheres. Estava lhes dando água quando
uma sussurrou— Nos deixe escapar.
— Sim, vou te deixar escapar porque foi muito boa
comigo. — Disse ela divertida — Sorte sua que não disse pra
eles que procuravam a minha mãe e eles matassem todas
vocês.
As mulheres ofegaram assustadas –Não, por favor.
Aproximou-se da menina e lhe deu água.— Como está,
pequena?
— Bem.
— Não minta, doem-lhe os pulsos. — Disse uma das
mulheres.
Preocupada se ajoelhou diante da menina que escondeu
as mãos em sua saia. — Me deixe ver.
A menina a olhou com desconfiança, mas depois de uns
segundos levantou as mãos. Tinha os pulsos em carne viva
pela corda que as amarrava. Tirou-lhe a corda e a menina
tentava ser forte retendo as lágrimas.
— Pode chorar sabe? Não vou dizer a ninguém. —
Sussurrou levantando o vestido e rasgando sua camisola
para lhe cobrir as feridas. A menina levantou o queixo
orgulhoso e ela sorriu— Assim que eu gosto. Que todo mundo
veja quão dura é.
— Como você?
Olhou surpreendida em seus olhos cor de mel.— Eu não
sou dura.
— Pode com todos.

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Minha Princesa Viking – Sophie Saint Rose

— Não é verdade. Sempre há alguém mais forte que você


que pode te fazer mal. Por isso tem que aprender a se
defender para se livrar dos que conseguir.
— Me ensinará?
— Quer aprender comigo? Há pessoas que sabem mais
que eu.
— Você é a melhor. Na aldeia todos lhe temiam.
Sorriu encantada. — Seriamente?— Olhou às mulheres
que desviaram os olhos. Revirou os olhos e terminou de
cobrir suas feridas — Pronto.
Pôs-lhe a corda menos forte para que não apertasse.—
Como se chama?
— Tavie.
— Tavie, eu sou Maisey. — A menina sorriu. — Quer
mais água?
— Eu sim. — Disse uma mulher a seu lado que devia ter
uns vinte anos.
— Perguntei pra você?
— Não.
— Pois então. — Mostrou a chaleira à menina e voltou a
beber.
Ia dar a volta, mas no final se voltou e estendeu a
concha à mulher que sorriu antes de agarrá-lo para beber
ansiosa. — Agora se tiver vontades de se aliviar terá que
aguentar como todas.
— Sim, Maisey. — Respondeu submissa.
Depois de deixar a concha e o balde de água, voltou-se a
sentar sobre o barril olhando o povo. Olav se aproximou dela

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Minha Princesa Viking – Sophie Saint Rose

com algo de comer e ofereceu.— Não tenho fome. —


Sussurrou.
— Tem que comer algo. — Colocou a comida diante dela
que aceitou com relutância. — Por que é tão bom comigo?
Ele se sentou como ela em outro barril.— Não sou bom
contigo. — Disse surpreso — Te trato como se deve tratar
uma mulher.
— Não trata elas assim.
— Elas não são vikings. — Disse como se isso o
explicasse tudo.
Maisey olhou para o povoado.— Vai se deitar com elas
não é verdade?
— Tem que entender algo, princesa. Poucos homens são
fiéis e muito menos se não amarem a sua mulher. Você é
uma escrava porque quer. — Olhou seus olhos azuis.— Se o
que acredito é verdade, Roald não terá outra saída que não
seja casar-se contigo. Será sua esposa e te deverá respeito,
mas se não conseguir que te ame, não será fiel.
— Não quero que me ame. Voltarei para casa. —
Resmungou ela mordendo a carne seca.
Olav a observou comer— Não o fará, Maisey. Desde que
te vi soube que tudo tinha mudado.
— A que se refere?
— Entenderá quando chegarmos em casa. Vais ter
muitas mudanças eu sei. — Levantou-se e foi até o leme
recolhendo uma corda que estava ali jogada. Começou a
enrolá-la em seu braço e Maisey encolheu os ombros. Não
sabia o que queria dizer, mas não se importava. Quando

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Minha Princesa Viking – Sophie Saint Rose

terminou de comer, levantou para beber um pouco de água.


Estava bebendo quando um homem passou em frente ao
navio e ficou olhando-a com a boca aberta. Ela baixou a
concha e confusa olhou para trás, mas ao ver que não havia
ninguém voltou a olhá-lo. Era loiro e muito alto. Trajava
umas calças de pano verde e uma camisa escura de uma cor
indefinida.
— Como se chama?— Perguntou o homem na língua de
seu pai. Ela olhou a sua redor nervosa sem responder.— Não
sabe minha língua?
Sentou-se na amurada do navio e seu longo cabelo loiro
ficou balançando. O homem se aproximou do cais.— Como se
chama?— Perguntou mais perto. Desta vez em sua língua
materna.
— Maisey. — Sorriu ao poder falar com ele. Gostava
como a olhava. Como se fosse a mulher mais linda do mundo.
Ele sorriu e se deu conta de que tinha os olhos cinzas —
Por que não desce e falamos dando um passeio?
— Não posso descer. — Sussurrou olhando para trás.
Olav devia ter descido à adega porque não o via em lugar
algum.
— Pois falamos assim. — Disse sorrindo abertamente. —
Me chamo Sakeri.
— Encantada.
— É preciosa. — Ruborizou-se baixando o olhar— É
casada?
— Não. — Disse levantando o olhar até seus olhos.

73
Minha Princesa Viking – Sophie Saint Rose

Ele pareceu o homem mais feliz do mundo e olhou a seu


redor — Seus pais estão no navio?
— Não. Por que quer saber?
— Eu gostaria de pedir sua mão. É maravilhosa e quero
que seja minha esposa.
Um torso apareceu atrás de Sakeri e ela levantou a vista
surpresa. Ao ver a cara de Roald furioso atrás de Sakeri se
esticou levantando-se.
— O que me diz? Você gostaria de ser minha esposa?
Posso cuidar de você muito bem. Sou carpinteiro e ganho
bem a vida. — Perguntou sem inteirar-se de nada.
— Não vou poder. — Disse torcendo as mãos vendo que
Roald estava a ponto de estourar a veia do pescoço.
— Está comprometida?— Deu outro passo para ela
ficando mais perto do cais.
— Não, mas não posso. — Implorou com o olhar.— Tem
que ir.
— Vamos preciosa, desça do navio e te convido a comer
bolo.
— Não, obrigada. — Temia que Roald fizesse algo com
ele. Estava furioso.
— Posso te apresentar a minha mãe e ela te convidará
pra comer. — Disse com um encantador sorriso.
— Ela já disse que não. — A voz grave do Roald fez que
Sakeri se voltasse surpreso. Depois sorriu com esperança.—
É você um familiar dela?

74
Minha Princesa Viking – Sophie Saint Rose

— É minha, entende ou tenho que quebrar seu pescoço


para que entenda?— Deu um passo em direção a Sakeri, mas
ele pareceu não entender.
— Sakeri, vai embora certo?
O homem a olhou sobre seu ombro — Não, não vou.
Ela gemeu vendo como Roald esticava o braço e o
agarrava pelo ombro. — Te dou uma oportunidade antes de
arrancar sua cabeça.
Sakeri arregalou os olhos.— É solteira.
— Não, não é solteira. É minha. — Disse agarrando-o
pela nuca e aproximando-o dele— Repete comigo. É…
— É…
— Minha…
— Minha…
— Minha, não tua.
— Isso.
Roald levantou o olhar e estreitou os olhos soltando-o,
fazendo que o pobre caísse na água. Ela ofegou indignada
aproximando-se da amurada e comprovando se ele sabia
nadar.
— Maisey!— Disse Roald entre dentes. — Desça à adega.
— Não desci do navio!
— Desça à adega!
— Não!
Ele se dirigiu para a rampa e ela cerrou os olhos —
Desça à adega!
— Não!

75
Minha Princesa Viking – Sophie Saint Rose

Ao ver que subia a rampa furioso, ela caminhou para


trás e suas costas se chocaram com o mastro principal. Ela
levantou o olhar e se agarrou uma corda começando a subir.
Roald correu para ela, mas não foi bastante rápido.
— Desça daí!
— Não!
Pessoas começaram a formar rodas no porto para vê-la.
Subiu ao alto do pau e se sentou com as pernas abertas no
pau transversal onde estava enrolada a vela.
— Maisey, se vê tudo!— Gritou furioso— Desça agora
mesmo!
Ela olhou para baixo, só viam suas pernas até os joelhos
e encolheu os ombros.
— Princesa o que faz aí?
Olav a olhava com a boca aberta e ela protestou
gritando. — Quer que eu vá pra adega e não fiz nada!
Ao olhar para Roald se levantou furiosa e Olav levantou
as mãos gritando.— Sente-se, princesa!
— Não!
— Maisey, sente-se. — Roald se aproximou do mastro.
— Se você subir, caminharei por ele. — Disse dando um
passo.
— Certo!— Disse pedindo calma com as mãos pra o alto.
— Está bem. Não me aproximarei.
Franziu o cenho. — Não estava fazendo nada.
— Estava falando com ele!— Roald estava muito
zangado e ela deu outro passo até o extremo— Maisey! Não se
mova! Sente-se! Olav, vá procurar Tage.

76
Minha Princesa Viking – Sophie Saint Rose

— E onde ele está?


— Com alguma fulana! Busca-o!
Olav saiu correndo pela rampa e empurrou várias
pessoas para poder passar. Maisey com os braços em cruz
olhou ao porto onde Sakeri a observava encharcado.— Peça
perdão a meu amigo.
— Está louca, mulher? Quando descer daí vou te dar
uma surra que não vai poder sentar por uma semana!
Ela deu outro passo pelo pau e Roald estreitou os olhos
com os braços nos quadris— Te advirto, Maisey. Se você cair,
te mato!
— Que tolice. Se eu cair, morro de qualquer jeito.
— Se matará quando eu mandar!— Gritou fora de si.
Vários homens se aproximaram correndo e ela viu que
eram a tripulação.— Que raios aconteceu?— Perguntou
Sorem assombrado subindo pela rampa.
— Tage, desçá-a
Tage olhou para cima. Era o mais ágil de todos e já
tinha visto ele em uma ocasião subido ali porque a vela não
se desenrolou como deveria.
— Não é boa ideia, Roald. — Disse preocupado. — Se
subir e ficar nervosa pode cair.
— Peça perdão a meu amigo!— Gritou ela de cima.
— Nervosa? Tem os nervos de ferro! Sobe aí e desça ela
de uma maldita vez!
— Não descerei até que peça perdão a meu amigo!

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Minha Princesa Viking – Sophie Saint Rose

— Maisey, baixa céu! Falarei com seus pais e tenho


certeza que permirá nos casarmos!— Gritou Sakeri do cais
fazendo com que ela corasse intensamente.
— Quem é esse idiota?— Perguntou Thorbert
espantado.— O que está dizendo sobre casamento?
Os homens do Roald ficaram em guarda olhando pra
Sakeri — Ei, você! Se não quer que eu quebre sua cabeça,
saia daqui!— Gritou Sorem furioso.
Sakeri demonstrando uma coragem que ela admirou,
gritou.— Ela quer casar comigo! Não vêem?
Seus homens olharam pra Roald assombrados e ele
ficou vermelho de fúria.— Maisey!
— Sim?— Perguntou encantada olhando pra Sakeri com
um maravilhoso sorriso.
— Diga a este verme quem é seu dono.
Ela não disse nem uma palavra enquanto seguia
olhando pra Sakeri que lhe lançou um beijo enquanto os
aldeãos lhe aplaudiam pelas costas.
— Maisey!
Olhou pra Roald como se estivesse farta e ele quase
explodiu de fúria. — Por todos os Deuses!
Olav a olhou com a boca aberta. — Princesa, desça daí
antes que se machuque.
— Machucar-se! Se não fizermos algo vai quebrar todos
os ossos!— Gritou Sorem.
Traga o machado. — Disse Roald fora de si.
Todos o olharam com a boca aberta.— Tragam o
machado.

78
Minha Princesa Viking – Sophie Saint Rose

Tage se aproximou do enorme machado com lâminas


curvas e o entregou a Roald.
— Vai descer?
— Não!— Gritou ela furiosa.
— O que vai fazer? Está louco!— Gritou Sakeri do cais.
Roald agarrou o machado com as duas mãos e se
aproximou do mastro— Desça agora mesmo ou eu o derrubo.
E como chegariam a seu destino? Ela observou os
homens que não pareciam nada preocupados se seu chefe
derrubaria o mastro.
— Não vão fazer nada?
— Não! — todos cruzaram os braços e sorriram para seu
espanto.
Seu captor levantou o machado e várias pessoas
gritaram enquanto ela se sentava no mastro outra vez. O
impacto fez que a vibração chegasse até ela e gritou tentando
segurar-se.
— Vai descer?
— Te apodreça!
O seguinte impacto a inclinou e se segurou à vela
tombando seu peito sobre ela enquanto se agarrava a uma
corda com ambas as mãos. Várias pessoas gritaram e Sorem
agarrou Roald pelo braço.— Pare!
— É ágil como um esquilo. — Disse Roald entre dentes
soltando-se agressivo. — Desce ou derrubo o mastro.
— Vai matá-la!— Gritou seu amigo.
— É minha para fazer o que quiser com ela!

79
Minha Princesa Viking – Sophie Saint Rose

Essas palavras os deixaram sem fala e Maisey


empalideceu ao dar-se conta que não se importava com sua
vida absolutamente. Não importava se morria caindo do
mastro contanto que prevalecesse sua opinião. Ela endireitou
as costas e se levantou sem dizer nada. Roald sorriu e a raiva
a percorreu. Então girou sobre o mastro e olhou o mar. Pôs-
se a correr pelo mastro e se lançou à água antes que alguém
se desse conta do que ia fazer. Escutou os gritos ao jogar-se
de cabeça na água e nadou sob a água tão rápido quanto
pôde. Ao voltar à tona viu a distância que tinha percorrido.
Três homens estavam na água olhando para baixo antes de
voltar a mergulhar e ela apertou os lábios furiosa. Seguiu
nadando enquanto ouvia como Roald e Olav a chamavam.
Deu a volta em uma curva e observou. Roald na água gritava
aos outros que a procurassem antes de mergulhar tentando
encontrá-la.
Saiu da água e foi até o cais lentamente torcendo o
cabelo. Alguns se voltaram como se vissem um fantasma
abrindo espaço pra ela subir pela rampa calmamente.
Aproximou-se de Olav que olhava a água de um lado pra
outro.— Não a vejo, Roald. Está se afogando!
— Tem que estar aqui!— Roald mergulhou novamente e
Maisey se sentou na amurada vendo-os nadar de um lado pra
outro. Tage e Thorbert se chocaram entre si ao mergulharem
enquanto Roald afastou mais. Maisey viu Sorem ao lado do
Olav olhando de um lado pra outro e virou um pouco a
cabeça para o ver direito.— Você não quer se banhar?

80
Minha Princesa Viking – Sophie Saint Rose

— Não sei nadar. — Disse olhando a água. Sorem


estreitou os olhos antes de olhá-la com os olhos arregalados
enquanto Olav a observava de cima abaixo assombrado.
— Por todos os trovões e relâmpagos! Foge, princesa! —
Disse angustiado. — Vai matá-la a golpes.
— Maisey, vá pra adega. — Disse Sorem ainda
espantado.— Eu o deterei.
Girou a cabeça pra água — Ao que parece se preocupa
um pouco comigo.
Olav gemeu passando a mão pelo rosto e Maisey sorriu
antes de perguntar aos gritos.— Está boa a água?
As pessoas do cais puseram-se a rir ao escutá-la e Roald
olhou para seu navio vendo-a sentada na amurada
tranqüilamente. Tage agarrou o pescoço de Thorbert para
tirar sua cabeça da água enquanto a olhava como se quizesse
matá-la.
— Maisey, desça pra adega. — Disse Roald entre dentes.
— Não queria que descesse? Pois desci. — Disse
encolhendo os ombros enquanto Olav gemia puxando a
barba.
— Vá pra adega até que eu me acalme, Maisey. – Seus
olhos verdes de uma cor intensa, diziam que estava furioso e
ela não era tola.
— Está bem. — Levantou-se e como se fosse uma rainha
se dirigiu para o alçapão.
— Maisey, meu amor! Encontrarei você e escaparemos
juntos!— Gritou Sakeri — Te encontrarei, me espere!

81
Minha Princesa Viking – Sophie Saint Rose

— Fracote, vou torcer seu pescoço!— Roald subia ao


navio furioso e agarrou o machado. As pessoas começaram a
sair correndo esbaforidas e Sakari lhe lançou um beijo com a
mão antes de voltar-se para sair correndo. Roald se voltou
para ela e gritou— À adega!
— Já vou! Além disso ele já se foi. — Acrescentou como
se isso fosse o mais importante.
Roald deu um passo para ela com o machado na mão
como se quizesse matá-la.— Desça e não sairá até que eu
diga!
Maisey estalou a língua descendo as escadas. Ao chegar
embaixo tudo estava tão espaçoso que se sentiu estranha. Só
ficaram algumas armas e a pele onde dormia ao lado do
grilhão. Suas calças de couro estavam ao lado da pele e ela se
aproximou dali. Tirou a roupa e as botas. Agarrou a pele e se
cobriu sentando-se no chão zangada. Sakeri lhe parecia
encantador e se Roald podia ficar com aquelas prostitutas,
ela podia falar com outro homem ao menos. Não entendia por
que ficou assim. Bufou olhando o fundo da adega.
Possivelmente deveria dizer quem era. Não, não podia fazer
isso porque Olav disse que iam obrigá-la a casar-se com ele.
E não era tola. Então já não se livraria dele. Pode ser que
fizesse coisas que ela gostava e muito, mas não se casaria
com ele. Ela queria que seu marido a amasse como seu pai
amou sua mãe e ele não o fazia. Não, não se casaria com ele
que ainda se unia com outras mulheres. Tinha que amá-la
tanto que não quereria estar com ninguém mais além dela.
Maisey não se conformaria com menos.

82
Minha Princesa Viking – Sophie Saint Rose

Escutou-lhe descer pela escada. E pelo modo como


respirava, soube que estava fora de si.
— Maisey. — Levantou o olhar para ele que parecia estar
a ponto de matá-la— Ficará aqui até chegarmos em casa.
— Não fiz nada!
— Não discuta!— Gritou furioso. agachou-se na frente
dela e a agarrou do pescoço com uma mão.— Estou farto de
você e juro por Odin que se me contradizer novamente eu te
mato!
Maisey sentiu seu estômago se retorcer porque parecia
que falava sério. Sentiu uma vontade enorme de chorar
porque ele não sentia nenhum apreço por ela. Roald ao dar-
se conta de que ela não respondia, assentiu satisfeito e a
beijou com dureza machucando seus lábios.
Maisey tentou afastar-se, mas ele a abraçou em seu
peito devorando sua boca. Afastou-se dela agarrando-a pelo
cabelo e a olhou aos olhos.
— É minha. — Disse entre dentes — E será até o dia em
que morrer.— Ela empalideceu ao escutá-lo.— Repita,
Maisey. Quero ouvir você dizer isso.
— Essas palavras nunca sairão de minha boca. —
Respondeu com ódio.
Roald forçou sua cabeça para trás deixando seu pescoço
descoberto. Seus olhos verdes se obscureceram de fúria e
olhou seu pescoço— Tão preciosa e tão frágil. — Agarrou-a
pelo pescoço e apertou ligeiramente. — Poderia te destroçar o
pescoço com uma só mão.— Voltou a apertar e Maisey não
quis mostrar o medo que a percorreu ao sentir a pressão—

83
Minha Princesa Viking – Sophie Saint Rose

Não é nada para mim. É uma mulher que só serve para me


agradar e isso o posso encontrar em qualquer lugar. — O ódio
de suas palavras fizeram que uma lágrima caísse por sua face
sem dar-se conta. Isso enfureceu ainda mais a Roald que
apertou a mão em seu pescoço. Maisey sentiu que lhe faltava
o ar e agarrou seu pulso com força tentando soltá-la, mas ele
apertou mais.— Sente falta do ar? — Ela não quis mostrar
que estava sofrendo e ficou quieta olhando-o aos olhos. Uma
sopro de ar saiu de seus lábios e deixou cair a mão sentindo
que morria. Sua cabeça caiu para trás perdendo os sentidos e
Roald a olhou surpreso. — Maisey?— Tirou a mão de seu
pescoço e tocou sua face totalmente pálida.— Maisey!—
Gritou lhe dando tapinhas no rosto.— Maisey, acorda!
Deitou-a no chão enquanto gritava seu nome. — O que
aconteceu?— Perguntou Sorem descendo as escadas
correndo.
— Não respira!— Gritou desesperado olhando pra seu
amigo.
— O que você fez?— Sorem correu para ele e se ajoelhou
a seu lado.
— Matei-a!— Estava tão surpreso que não podia
acreditar.
Sorem aproximou o ouvido da boca de Maisey. — Não
respira. — Afastou a pele e pôs a orelha sobre seu peito.
Sorem se aproximou de sua boca e soprou.
— O que está fazendo?— Roald o afastou furioso.
— Dando-lhe ar!— Gritou ele — Você tirou o ar dela
agora tem que dar de novo.

84
Minha Princesa Viking – Sophie Saint Rose

Roald aproximou de sua boca e fez o que Sorem fazia


antes— Vamos, pequena. –Sussurrou contra seus lábios. —
Não faça isto comigo.— Voltou a fazê-lo, mas não funcionava.
— Não pare!— Gritou Sorem enquanto Tage descia para
ver que ocorria.
— Por todos os trovões o que fizeram?
Roald pálido tocava o rosto de Maisey — Eu a matei.
— Não pare!— Sorem se apoiou no peito de Maisey para
afasta-lo e soprou em sua boca enchendo seu peito.
Maisey aspirou levantando o peito e Sorem sorriu caindo
sentado no chão .— Ela é abençoada pelos Deuses, disso
estou seguro. — Disse olhando-a respirar delicadamente.
— Por que não abre os olhos?— Perguntou Tage muito
nervoso.
Roald a pegou nos braços como se fosse uma boneca.—
Vamos preciosa, abre esses olhos azuis.
— Deixa-a respirar, Roald. — Disse Sorem levantando-
se para tirá-la dos seus braços.
Roald o fulminou com o olhar.— Não toque nela!
Seu amigo o olhou surpreso.— Não fui eu quem a
matou!
— Sosseguem!. — Ordenou Tage olhano pra Maisey —
Ela está despertando.
Roald baixou o olhar e a viu abrir os olhos lentamente.
— Maisey?— Não pareceu reconhecê-lo quando o olhou nos
olhos e lhe acariciou a bochecha.— Maisey me ouve?
Olhou em seus olhos durante uns segundos.— Vamos
preciosa, me diga algo.

85
Minha Princesa Viking – Sophie Saint Rose

— Bode! — Doía-lhe a garganta e estava esgotada, mas


isso não impedia querer matá-lo. Ao ver sua cara de alívio
disse com voz áspera.— Quando meu pai souber disto, pode
fugir.
Roald olhou sorrindo pra seus amigos.— Seriamente?
Estou desejando conhecê-lo.
— Espera e verá, vai tirar esses olhos de porco que tem.
— Tossiu levando a mão ao peito.
Surpreendendo-a Roald a abraçou.— Nos deu um susto
de morte. — Disse no seu ouvido.— Não havia dito que
morreria apenas quando eu dissesse!— Gritou-lhe afastando-
a.— Não volte a fazer isto!
Atônita o olhou como se estivesse louco enquanto os
homens pigarreavam incômodos.— Em realidade foi você…—
Começou a dizer Sorem zangado.
— Saiam!— Disse a seus amigos fulminando-os com o
olhar — Saiam!
— Vamos, Sorem. — Tage agarrou o braço do seu
companheiro tirando-o da adega.
Quando ficaram sozinhos ele acariciou seu rosto.— Me
perdoa?
— Está mal da cabeça?— Sussurrou olhando-o com os
olhos cerrados. — Me Solte.
Roald a beijou na bochecha brandamente.— Necessito
que me perdoe. Não queria…
— Não queria me matar? Pois dissimulou muito bem. —
Respondeu com rancor ainda com o medo no corpo
empurrando seu antebraço para que a soltasse.

86
Minha Princesa Viking – Sophie Saint Rose

— Preciosa, sinto muito. — Beijou-a nos lábios com


delicadeza e ela surpreendida ficou quieta — Não queria te
fazer mal.
— Não me toque! — Sussurrou contra seus lábios — Te
odeio!
Ele levantou a cabeça ligeiramente olhando seus olhos.
— Sei, mas não me deixará até que eu queira.
Deixou-a delicadamente no chão e ficou de pé —
Descansa. — Olhou-a de cima a baixo e a cobriu bem com a
pele.— Tem que descansar. Foi uma manhã um pouco
agitada. — Ela o olhava como se estivesse louco e Roald
apertou os lábios.— Tem fome?
Maisey cobriu a cabeça com a pele e lhe deu as costas.
— Está bem. Darei tempo para que passe seu aborrecimento.
Aborrecimento? Tinha tentado estrangulá-la! O
aborrecimento ia durar toda a vida!

87
Minha Princesa Viking – Sophie Saint Rose

Capítulo 5

Mais tarde Olav a despertou tocando-a no ombro.—


Como está, princesa? Trouxe-te algo pra comer.
Não se moveu. — Me matou. — Sussurrou com a voz
áspera lembrando-se de tudo.
— E não sabe o quanto está arrependido. — Respondeu
seu amigo olhando-a preocupado. — Não quer comer nada?—
Mostrou-lhe o prato — Te trouxe arenque.
Ela negou com a cabeça e voltou a fechar os olhos. —
Vai Maisey, tem que comer.
— Não quero!— Cubriu-se com a pele.
— Se não comer, terei que dizer pra Roald. — Ao ver que
não respondia suspirou.— Está bem.
Escutou ele afastar-se e subir os degraus. Uns minutos
depois ouviu passos furiosos descendo-os.— Maisey! Tem que
comer!— Mostrou-lhe a língua debaixo da pele sem mover-se.
— Se isto é uma maneira de se vingar não vai funcionar,
porque sou capaz de colocar comida em sua boca a força.

88
Minha Princesa Viking – Sophie Saint Rose

Ao não ver por parte de Maisey nenhuma reação,


afastou a pele descobrindo meio corpo.
— Me deixe em paz!— Disse sentando-se e tampando-se
outra vez enquanto o fulminava com o olhar.
— Vai comer!— Sentou-se na frente dela e lhe entregou
o prato.— Se não comer não sairei daqui!
Ela agarrou o prato e ele sorriu. Maisey o atirou na cara
dele antes de que se desse conta e Roald estreitou os olhos—
Está me provocando.
— Saia da minha vista, cão pestilento!— Gritou tão alto
quanto foi capaz de elevar a voz.
— Muito bem!— Respondeu. Levantou-se irritado e deu
dois passos para a saída e depois girou de volta. — Sabe de
uma coisa?
— Não, o quê? – Disse desafiante.
— Vai comer. — Aproximou-se e recolheu o arenque do
chão. Aproximou a mão de sua boca e ela semicerrou os
olhos. — Abre a boca.
Abriu-a lentamente e ele aproximou o arenque. Antes
que ele se desse conta ela mordeu os dedos dele com força e
Roald com um grito puxou a mão.— Por todos os trovões! É
uma arpía!
— Não sei o que é isso, mas você é idiota! — Cuspiu o
sangue no chão sobre suas botas e deitou novamente lhe
dando as costas.
Antes que percebesse ele a pegou nos braços e a sentou
sobre seu colo prendendo suas mãos. Ia gritar quando ele
colocou o arenque em sua boca e Maisey arregalou olhos pela

89
Minha Princesa Viking – Sophie Saint Rose

quantidade.— Come. — Disse colocando a mão sobre sua


boca para que não o jogasse fora. Não teve outro jeito a não
ser mastigar, mas lhe doía a garganta ao engolir, assim teve
que mastigar muito para evitar a dor o máximo possível.
Roald assentiu sorrindo.— Vê? Não é tão difícil.
Esse homem era idiota. Maisey já deixou isso claro.
Quando terminou de engolir continuou fingindo mastigar
para evitar que ele colocasse mais comida em sua boca.
Depois de uns minutos ele franziu o cenho.— Abre a boca.
Ela seguiu mastigando, mas Roald não acreditou e
agarrando-a pelo queixo e o nariz obrigou-a a abrir a boca
enquanto ela tentava lhe segurar. — Não pode me enganar,
preciosa. Sou mais velho e mais experiente.
Quando soubesse quem era seu pai ia ter a maior
surpresa de sua vida, pensou ela enquanto ele a obrigava a
comer mais pescado. Quando esteva satisfeito a olhou
sorridente.
–Muito bem!— Disse como se ela fosse um cão e estava
contente com seu comportamento.— Se se comportar bem,
amanhã poderá sair.
Acariciou-lhe as costas e afastou a pele acariciando sua
pele nua. Ela estreitou os olhos.— Volte a me tocar, e cortarei
você quando estiver dormido.
A mão de Roald se deteve no ato. — Se for brincadeira,
não tem graça.
— Nunca falei mais sério. — Disse ela entre dentes—
Despertará sendo mulher. Quer me por a prova?

90
Minha Princesa Viking – Sophie Saint Rose

Ele a agarrou sentando-a de repente em seu lugar. —


Quer que eu te prenda de novo?
— Não saberá quando, mas uma manhã despertará sem
sua dignidade.
Roald franziu o cenho colocando as mãos nos quadris.
— Está começando a me deixar zangado.. Sei que está com
raiva….
— Com raiva!— Gritou ela. – Te mataria se pudesse!
— Não fala a sério.
Fora de si levantou e ele olhou surpreso seu corpo nu de
cima abaixo. Maisey lhe deu um chute nas virilhas que o
dobrou enquanto gemia.
— Estúpido! — Pegou a adaga que levava na bota e
antes que ele se desse conta o agarrou pelo cabelo levantando
sua cabeça.
— Homem estúpido! — Ia colocar a adaga em seu
pescoço, mas ele caiu de joelhos com o rosto vermelho para o
espanto de Maisey.
— Bati muito forte?— Perguntou ao ver sua cara de
sofrimento. Ele assentiu caindo no chão e cobrindo suas
partes íntimas com ambas as mãos e Maisey levantou uma
sobrancelha exasperada.
— Pai dizia que era eficaz, mas não sabia o quanto. —
Disse perplexa.
Roald gemeu. — Isso porque ele não estava excitado.
— OH!! — Furiosa ela gritou.— Seu pervertido!
— Maisey…— Gemeu Roald com sua melhor voz.— Você
vai pagar por isso.

91
Minha Princesa Viking – Sophie Saint Rose

— Você me tem feito sofrer muito mais!— Gritou ela


ameaçando-o com a adaga.
Ele voltou a gemer e Maisey se preocupou.— Não pode
doer tanto. Parece um fraco. –Ao ver que ele não se movia se
aproximou mais – Roald?
Agarrou-a pela cintura surpreendendo-a e a deitou de
costas colocando-se em cima dela depois de tomar o punhal e
colocá-lo em seu pescoço. O sorriso em seu rosto a deixou
irritada.
— Nunca tenha piedade de seus inimigos. — Sussurrou
ele antes de beijá-la delicadamente nos lábios.
— Me solte!— Tentou afastá-lo mas ele apertou o peito
sobre ela. Ao sentir seu torso contra seus seios seu estômago
deu um salto e disse. — Não posso respirar.
— Sério?— Levantou-se ligeiramente e ela tentou soltar-
se mas Roald pôs-se a rir agarrando-a pelo queixo para que
não se movesse e jogou o punhal fora de seu alcance.—
Preciosa, eu disse pra não confiar em seus inimigos e você
ainda não é minha amiga.
— E o que sou, rato pestilento?
Olhou-a com seus olhos verdes de tal maneira que lhe
cortou o fôlego — É minha amante, preciosa. — Disse antes
de beijá-la com paixão. Maisey gemeu contra seus lábios —
Sinto seus mamilos ficarem duros. — A mão de Roald
acariciou o lóbulo de sua orelha e ela gemeu fechando os
olhos de prazer. Beijou-a ligeiramente no pescoço e continuou
descendo até chegar a seus seios. Maisey gemeu agarrando
seus ombros quando ele colocou um mamilo em sua boca e

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Minha Princesa Viking – Sophie Saint Rose

arqueou as costas. Protestou quando deixou seus seios, mas


ao dar-se conta que seguia baixando arregalou os olhos e
gritou surpreendida quando sentiu seus lábios sobre seu
sexo, foi como se um raio a perfurasse ao sentir suas
carícias. Arqueou as costas choramingando pela liberação
que necessitava desesperadamente e Roald se colocou entre
suas pernas enquanto Maisey o atraía ansiosa.— Já vou,
preciosa. — Sussurrou contra seu pescoço. Entrou nela com
uma forte investida que a fez gritar de prazer e quando saiu
dela lentamente, Maisey lhe rodeou com suas pernas para
que não a abandonasse. — Mais?— Perguntou ele contra seu
ouvido. Voltou a entrar com força e começou um vaivém que
a fez perder-se na neblina da paixão, enquanto acelerava o
ritmo até estremecer de prazer gritando contra seu ombro.
— É minha, Maisey. E quando antes aceitar isso será
melhor para todos. — Sussurrou-lhe respirando pesadamente
prendendo-a em seus braços.— Não se aproxime de outro
homem porque se não…— Afastou-se o suficiente para olhar
em seus olhos.— O pagará. Não diga que não te adverti.
Depois dessas palavras se levantou e antes que
percebesse estava sozinha. Envolveu-se na pele, mas depois
de um momento se levantou vestindo suas calças e seu
vestido. Como ainda não estava muito seco decidiu subir.
Tocou seu cabelo e se deu conta de que lhe estava
embaraçado. Saiu para o convês e Roald quando a viu não
disse nada, assim que se sentou em um dos barris começou a
desembaraçar o cabelo com os dedos. Fez um gesto de dor ao

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Minha Princesa Viking – Sophie Saint Rose

tirar um nó e olhou a mecha embaraçada. Com paciência


começou a desembaraçá-lo.
— Temos que remar. — Disse Roald antes de assobiar
ao Tage que estava no mastro.— Enrola-a Tage, está nos
atrasando!— Gritou pra seu amigo.
Olav tirou uns remos muito compridos que ela não tinha
visto e Thorbet se aproximou dele pegando um. Espantada
viu que os homens se dividiam pra cada lado do navio e
colocavam os remos na água. Tage também pegou o seu e se
colocou na frente dela piscando um olho. Começaram a
remar e deixando seu cabelo se levantou para ver como
subiam o rio com velocidade. Voltou-se para Roald que a
estava observando enquanto remava. Seus músculos
brilhavam pelo esforço e ela se aproximou dele.
— Falta muito para chegar?
— Dois dias se tudo correr bem. — Disse olhando seu
cabelo.— Amarre seu cabelo antes de chegar.
— Não tenho com o que. — Disse olhando às mulheres—
Perdi a tira de couro na água.
— Olav te encontrará algo.
— Por que tenho que amarrá-lo?— Perguntou distraída
olhando à menina que estava dormindo.
— Não quero que minha gente te veja. — Disse olhando-
a fixamente— Maisey, me olhe.
Olhou-o dando um passo em sua direção.— Não quero
ter que brigar por você me entende? E assim que virem seu
cabelo muitos lhe quererão.
— E se eu cortá-lo?— Perguntou indiferente.

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Minha Princesa Viking – Sophie Saint Rose

Ele cerrou os olhos.— Se cortar uma mecha te dou uma


surra.
Ficou tão surpresa que não sabia o que dizer. Ninguém
entendia esse homem. — Mas tenho que cortar em algum
momento. Em casa cortava isso duas vezes ao ano.
— Eu direi quando tem que cortar o cabelo.
— É meu cabelo e eu decido quando cortá-lo!
— Já está amarrado. — Disse Sorem entre dentes atrás
de Roald.
— Fará o que eu digo.
— Tenho que fazer tudo como você quer
aparentemente!— Protestou cruzando os braços.
— E termina fazendo o que te dá vontade!
— Exato. — Sorriu de orelha a orelha e foi até as
mulheres deixando-o com a palavra na boca.
Ouviu seu grunhido e as gargalhadas de Sorem, mas ela
só prestava atenção na menina. ajoelhou-se diante dela e
olhou pras mulheres.
— Acredito que esta doente. –Sussurrou a que lhe tinha
pedido a água— Está dormindo muito ultimamente.
Maisey esticou a mão e lhe acariciou a testa afastando
seu cabelo castanho. –Tem febre. — Isso significava que tinha
que encontrar umas ervas para ajudá-la. — Ela tossiu?
— Não, Maisey. — Disseram várias de uma vez.
— Tavie. — Deu-lhe tapinhas no rosto.— Tavie, acorda!
A menina abriu os olhos ligeiramente e sorriu—
Maisey…

95
Minha Princesa Viking – Sophie Saint Rose

— Olá, menina. — Acariciou-lhe a garganta, mas ela não


se queixou.— Sente alguma dor, Tavie?
— Meus pulsos…— Enrugou seu narizinho e Maisey
dessamarrou-a rapidamente. Ao tirar as ataduras que lhe
tinha posto, apertou os lábios ao ver pus nos cortes..
— Estou vendo.
— Meu Deus!!! — Disse a que estava a seu lado— Está
envenenando seu sangue.
— Sim. — Olhou ao seu redor tentando encontrar uma
solução.
Tinha que limpar essas feridas porque terminaria
estendendo-se pelos braços e acabaria matando-a. Tavie
olhava os pulsos, mas fechou os olhos. Colocou suas mãos
delicadamente sobre seu colo e se levantou para falar com
Roald. Aproximou-se apressadamente.
— Temos que parar.
Ele levantou uma sobrancelha. – E posso saber por quê?
— Tenho que encontrar algumas ervas para Tavie. Tem
febre e seu pulsos estão infeccionados.
— Morrerá antes de chegar em casa. –Disse ele
indiferente.
— Se eu encontrar as ervas não tem porque morrer!—
Protestou ela colocando as mãos nos quadris.
— Estamos nas terras dos Rutger. — Disse ele
friamente.— Não pararei até chegar em casa.
— Só por uma hora. Se não as encontrar em uma hora,
não protestarei.
Olharam-se durante uns segundos — Uma hora?

96
Minha Princesa Viking – Sophie Saint Rose

— Juro. — Respondeu sorrindo.


— Não é boa ideia— Disse Thorbert do outro lado.
— Não. — Acrescentou Olav. Maisey o fulminou com o
olhar enquanto dirigia o leme.— Não me olhe assim, princesa.
Se nos agarrarem aqui, matarão a todos.
— Uma hora não é muito tempo. — Disse Sorem. — E
não se afastará muito, certo?
— Juro. Ficarei perto do navio e só será por uma hora.
Todos olharam pra Tage que encolheu os ombros.— Faz
dias que não tenho uma boa luta. Se nos atacarem, brigarei
com gosto.
Maisey arqueou uma sobrancelha divertida. — Então
devem ser muito maus porque você, comigo não durou nem
dois minutos.
Tage ruborizou enquanto os outros riam a
gargalhadas— Me pegou desprevenido.
— Sim! — Olhou pra Roald que ria como outros e
perguntou. — Então?
— Assim que encontremos um lugar seguro, paramos.
Ela sorriu radiante e se afastou para junto das
mulheres. Escutou Sorem dizer no idioma de seu pai.— Por
todos os Deuses, quando sorri é como olhar o sol! Fica-se
vesgo!
Os homens puseram-se a rir e Maisey dissimulou
pegando uma concha de água limpa para aproximar-se das
mulheres. Depois de dar água pra elas, lavou os pulsos da
menina com cuidado para enrrolar outras ataduras limpas.
Roald deu o sinal e pararam atrás de uma curva onde o navio

97
Minha Princesa Viking – Sophie Saint Rose

não ficava muito exposto. Roald se aproximou dela com a


espada na mão.
— Vamos, não percamos o tempo.
Ela se aproximou dele enquanto Olav colocava a rampa.
— Espera. — Desceu à adega e pegou uma pequena espada.
Ao subir Roald assentiu e a pegou pelo braço
encostando-a nele — Preciosa, confie em mim.
— Sim. — Disse olhando seus olhos — Vou te ouvir, não
se preocupe.
— Se vir algo estranho, corre para o navio.
Ela assentiu.— Está bem.
— Não suba em uma árvore, não fique ajudando. Volte
ao navio.
— Sim, Roald.
Ele apertou os lábios. — Não sei porque se esforça. —
Disse Sorem divertido.— ficará a ajudar.
Roald grunhiu e ela sorriu radiante. Agarrou-a pela
nuca e a beijou apaixonadamente. Quando a soltou, segurou-
a pelo braço e meio atordoada ela desceu a rampa. Sorem e
Tage os acompanharam.
— Seja rápida! — Disse Roald olhando a seu redor.
Ela não perdeu tempo e se aproximou de uma zona
úmida que era onde normalmente cresciam as ervas que
precisava. Não encontrou as que queria e seguiu procurando
entrando no bosque. Os homens a seguiam olhando a seu
redor. Depois de um momento, finalmente viu as folhas que
procurava e se aproximou apressadamente. Ajoelhou em

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Minha Princesa Viking – Sophie Saint Rose

frente à planta e com a espada começou a cavar pois lhe


interessavam as raízes.
— Encontrou algo?— Perguntou Sorem olhando-a.
— Sim. — Disse sem deixar de trabalhar.— Em seguida
vamos. — Sorem suspirou de alívio e a viu arrancar a planta
pela raíz. — Pronto. — Disse levantando-se.
— Shiss. — Roald falou ficando alerta e ela ficou em
guarda escutando atentamente. Escutaram dois homens
conversando e ela levantou dois dedos. Roald assentiu
fazendo um gesto para que fosse. Ela negou com a cabeça e
ele revirou os olhos. Sorriu olhando-o nos olhos e ele a
agarrou pelo braço colocando-a ao seu lado. As vozes se
aproximavam e ela desejou que passassem longe deles. Ficou
tensa quando ouviu a voz de um menino e olhou pra Roald
negando com a cabeça. Ele fez um gesto para darem um
passo pra trás quando escutaram as vozes mais perto.
Começaram a recuar para o navio, mas se detiveram quando
escutaram alguém que corria para eles. Um menino de uns
cinco anos apareceu diante deles e se deteve abuptamente ao
vê-los. Afastou seu cabelo loiro do rosto para olhar pra Roald
com os olhos arregalados. Roald pôs um dedo sobre sua boca
indicando que se calasse. Ao ver que o menino não dizia nada
continuaram recuando, mas à medida que retrocediam o
menino avançava igual às vozes.
— Halvor onde está?— Gritou um homem.
— Aqui, papai!
— E onde é aqui?— Perguntou divertido.
— Onde estão os homens do rio!

99
Minha Princesa Viking – Sophie Saint Rose

Então Roald a agarrou pelo braço e puseram-se a correr,


mas o menino os seguiu enquanto os homens gritavam dando
o alerta. Sorem agarrou o menino pela cintura levando-o com
eles e quando chegaram ao navio o menino chorava de medo
pois seu pai o estava chamando aos gritos. Olav subiu a
rampa assim que chegaram e em seguida afastaram o navio
da borda empurrando-o com longas varas. Viram a chegada
dos homens, que só podiam observar impotentes o navio que
se afastava. Um homem de uns trinta anos e de cabelo
castanho chamava o menino que chorava desconsolado.
Nervosa porque o levavam, o tirou dos braços de Sorem e
correndo se aproximou da amurada do navio sem deixar de
olhar o homem. Ao ver sua intenção o homem se atirou na
água e disse ao menino em seu idioma.
— Fique tranqüilo, papai vai te buscar.
O homem se aproximava rapidamente e quando estava
bastante perto ela atirou o menino na água enquanto gritava
e esperneava. Segurou-se na amurada comprovando que o
pai o pegava. Caso contrário teria que jogar-se ela na água.
Felizmente o homem chegou a seu filho agarrando-o em seus
braços. Levantou o olhar e assentiu com a cabeça em sinal de
agradecimento olhando-a nos olhos. Ela sorriu e se despediu
com a mão. Roald a agarrou no braço afastando-a da
amurada.
— Por que fez isso?— Estava muito sério.
— Não há razão para separar um pai de seu filho.
Livramo-nos e o devolvi. O menino não tem porque sofrer.

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Minha Princesa Viking – Sophie Saint Rose

— São nossos inimigos. Esse menino matará aos meus


quando crescer. Com certeza seu pai já fez isso.
— Eu não tenho nada contra esse menino, nem esse pai.
— Disse soltando seu braço— E eu não gosto de fazer mal
apenas por fazer.
Ele grunhiu vendo-a lhe dar as costas e recolhendo a
planta onde a tinha jogado quando tinha subido no navio.
Olav lhe deu uma tigela onde amassou a raiz até fazer uma
massa e se aproximou de Tavie que seguia dormindo. Pôs-lhe
o unguento ao redor das feridas e as cobriu outra vez.
Olhou à mulher que estava ao lado— Como se chama?
— Rose. — Sussurrou a mulher que lhe tinha pedido
água.
— Se vir que as ataduras ficam amarelas, me chame.
Terei que trocar a bandagem e o unguento.
— Farei-o, Maisey. — Olhou-a nos olhos— Por que faz
isto?
— O quê?
— Ajudá-la.
— É uma menina. Não tinha que estar aqui— Sussurrou
— E não me custa nada.
A mulher a observou atentamente— Não é como
pensávamos. O que tem feito por essa menina…
— Fecha a boca. — Levantou recolhendo tudo— Nunca
me deram uma oportunidade. — disse entre dentes — Nos
tratavam pior que aos cães e não nos conheciam.
As mulheres desviaram a cara envergonhadas, mas Rose
assentiu— Estou me desculpando por isso.

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Minha Princesa Viking – Sophie Saint Rose

Maisey apertou os lábios e com a tigela na mão se voltou


para afastar-se. Roald estava remando, mas não tinha
perdido nenhum detalhe da conversa. Ruborizada desceu à
adega para deixar a tigela em um local escuro, esperando que
não estragasse se por acaso precisasse de mais.
Passaram as horas e ela estava entediada porque já
tinha dado jantar às mulheres e Maisey não tinha nada pra
fazer. Sentou-se em um barril apoiando as costas na proa e
os pés sobre outro barril. Tinha uma vista de todo o navio e
olhava Tavie que parecia estar um pouco melhor.
— Preciosa, por que não vai se deitar?
Olhou pra Roald. — Não tenho sono. — Disse com a voz
um pouco áspera.
Tocou o pescoço pigarreando e ele franziu o cenho.—
Dói?
— Não. — Disse mentindo descaradamente desviando o
olhar.
— Como não vai doer?— Perguntou Sorem indignado. —
Não viu as marcas?
Roald se voltou para seu amigo sem soltar o remo.—
Você tem que se meter em todas nossas conversas?
Maisey sorriu divertida ao escutar. — Eu a vi primeiro!
— Isso é mentira! Eu a vi primeiro! Deixa de encher e
fecha o bico!
— É certo que Roald a viu primeiro.— Disse Tage.
— E você o que sabe se estava inconsciente?
A risada do Olav a fez rir.— Não interessa, agora é do
Roald. — Isso lhe tirou a risada de repente e olhou pra seu

102
Minha Princesa Viking – Sophie Saint Rose

amigo como se quizesse matá-lo. Ao ver que ninguém


questionou ela cruzou os braços.
— Isso até que meu pai o encontre e o estripe.
— Preciosa, isso vai ser difícil acontecer. — Disse Roald
divertido.— Tem que ter os melhores rastreadores das
Highlands.
Ela o olhou nos olhos— Recorda minhas palavras,
viking. Conhecerá meu pai muito em breve.
— Então morrerá se quiser te tirar do meu lado. —
Essas palavras gelaram seu sangue e se endireitou no barril.
— Retira isso.
— Não.
— Se fizer mal a meu pai, matarei você. Juro por todos
seus Deuses!
Os homens a olharam espantados. Levantou-se e
endireitando as costas como uma rainha foi até a adega.
O dia seguinte foi igualmente aborrecido. Estava farta de
comer sempre a mesma coisa e estava ansiosa por chegar.
Desejava conhecer esse tal Harald e descobrir se era
realmente a sua mãe a quem ele procurava. Tinha medo de
que ele não fosse seu pai e ter se iludido em vão.
Como só tinha que atender as mulheres, passou quase
todo o dia fantasiando sobre seu encontro. Mas depois de
imaginar que a abraçava e ria dizendo que estava encantado
de que estivesse ali, pensou que estava tendo muitas ilusões.
Felizmente Tavie estava muito melhor. As crianças se
recuperavam muito rápido e já estava acordada embora se
encontrasse fraca.

103
Minha Princesa Viking – Sophie Saint Rose

Estava distraída trancando seu cabelo quando escutou


Thorbert dizer em sua língua. — Contou pra ela sobre as
gêmeas?
Ela sem dar-se conta olhou pra Olav que estava ao leme
e este negou com a cabeça. Dissimulando olhou seu cabelo
sem deixar de trançá-lo.
— Não tenho que dizer nada. Não é problema dela. —
Disse Roald indiferente. — Se acostumará.
— Destroçará-as assim que as veja. — Disse Tage
divertido.
— Não diga tolices.
Ela pensou que não era nenhuma tolice, se ele se
aproximasse de outra mulher estando ela ali, racharia-a de
cima a baixo. Se ela não podia aproximar de outro homem,
ele não poderia aproximar de outra mulher.
— Não são tolices, Roald. — Disse Sorem muito sério.—
Assim que souber que tem outras duas amantes vai correr o
sangue.
— Não é minha proprietária. –Disse irritado.
— Ah não?— A voz divertida de Tage fez com que seu
primo o fulminasse com o olhar.— Não me olhe assim. Vai ver
o que diz Valgard assim que a vir. Vai reivindicá-la!
Esticou-se escutando essas palavras. — Meu irmão já
tentou com as gêmeas. — Disse divertido. — E levou uma boa
surra.
Tinha um irmão. Maisey se perguntou como seria. Seria
tão atraente como ele?

104
Minha Princesa Viking – Sophie Saint Rose

— Pode ser que desta vez ganhe. Tem mais músculo que
dois anos atrás. Treinou como uma besta para não voltar a
perder pra você.
— Que ele tente. — Disse isso com tanta indiferença que
Maisey se deu conta que não se importava com nada.
— Não se importa?— Perguntou assombrado Thorbert.
— Não. Quando vencê-lo, ninguém mais se atreverá a
me desafiar por ela. Assim não terei mais problemas.
Amarrou o final da trança com a tira de couro que Olav
lhe tinha dado.
— Parece-me que estão adiantando os acontecimentos.
— Disse seu amigo sorrindo.— Pode ser que Harald a
reivindique e o assunto é encerrado.
Roald se esticou e olhou ao homem como se quizesse
matá-lo. — O velho não faria isso.
— Pode fazer. — Respondeu divertido. — É o Jarl, pode
fazer o que quiser. Lembre que sua palavra é lei. –Olhou
Maisey nos olhos.— Ela é uma amante digna de nosso Jarl.
Seria a mais bela rainha.
— Harald não faria isso. — Disse Sorem preocupado.—
Ou sim?
Maisey olhou pra seu amigo divertida e ele dissimulou a
risada. — Se o Jarl a reclamar, não poderá fazer nada, Roald.
— Disse Tage preocupado.
— Isso logo veremos. — Apertou o remo com força
olhando-a com os olhos semicerrados.
— De que falam que te irritou tanto? –Perguntou
fazendo-se de tola.

105
Minha Princesa Viking – Sophie Saint Rose

Ele apertou os lábios –De nada que seja do seu


interesse.
Maisey levantou uma de suas finas sobrancelhas loiras.
— Está de mau humor?
— Não. — Grunhiu ele sem deixar de remar.
Fez que não se importava e sorriu radiante pra
Thorbert.— Me conte algo de sua terra.
— Já a verá. — Disse Roald cortando a conversa.—
Agora deixa de incomodar meus homens.
Aparentando surpresa olhou a todos, que desviaram o
olhar rapidamente. Olhou pra Olav e este piscou um olho.
Teve que fazer um esforço para não rir.
Levantou-se graciosamente do barril e disse.— Então
vou dormir uma sesta.
Quando se afastou ouviu Tage dizer.— Pelo Odin que
haverá problemas. Estou desejando chegar em casa.
Roald grunhiu fazendo Maisey sorrir .

106
Minha Princesa Viking – Sophie Saint Rose

Capítulo 6

No dia seguinte ela impaciente olhou o céu do meio


dia.— Falta muito para chegar?
Um grito da margem do rio lhe deu a resposta. Vários
homens saudaram com a mão aos do navio e Tage assobiou
com força. Ao fazer uma curva, viu um cais e se surpreendeu
ao ver mais cinco navios. Muito excitada viu como Olav tirava
um chifre e soprava com força. O som foi tão potente que ela
o olhou surpreendida. Soprou pelo chifre várias vezes e ela
viu como corriam várias pessoas pelo atalho que dava ao cais.
Maisey olhou ansiosa para as pessoas que se
aproximavam até que Roald a agarrou pelo braço girando-a
para que o olhasse de frente. — Irá com o Thorbert até que eu
arrume algumas coisas.
— O quê? –Confusa olhou a seu redor.— Porquê?
— Já disse! Tenho que fazer algumas coisas!— Voltou-se
lhe dando as costas e Maisey mordeu o lábio inferior.

107
Minha Princesa Viking – Sophie Saint Rose

Não podia fazer isso! Tinha que conhecer o Harald!


Nervosa foi até o leme onde Olav estava manobrando.— Tem
que me ajudar. — Sussurrou olhando ao seu redor.
— O que aconteceu, princesa?
— Tenho que ver o Harald e Roald não vai levar-me com
ele.
Olav a olhou surpreso.— E com quem vai?
— Com o Thorbert. — Torceu as mãos olhando o cais
onde ia acumulando gente, gritando e saudando. Estreitou os
olhos ao ver duas garotas morenas bonitas, que desciam
agarradas uma na mão da outra rindo como meninas. Eram
as gêmeas e seus grandes seios balançavam enquanto
corriam para lá. Sem se dar conta do que fazia, olhou seus
seios que não eram como os delas nem de brincadeira. Fez
uma careta e voltou a olhá-las. Realmente eram bonitas e o
rancor começou a correr por suas veias. Estreitou os olhos
olhando como chamavam Roald a gritos saudando com a
mão. Dirigiu seu olhar para o Roald que lhes lançou um beijo
com um pé na amurada e segurando uma corda.
— Cão infiel! — Disse entre dentes.
Olav sorriu. — Não se preocupe, princesa. Logo as
coisas estarão em seu devido lugar. Em relação ao Harald
deixe comigo. Não discuta e vá com o Thorbert. Antes do
anoitecer, chamarão-lhe.
Deu-lhe um beijo na bochecha de seu amigo. —
Obrigada!
— Maisey!— Gritou Roald furioso. — Que raios está
fazendo?

108
Minha Princesa Viking – Sophie Saint Rose

— Agradecendo a Olav por ter sido tão bom comigo. —


Respondeu espantada.
— Eu também quero agradecimentos. — Disse Sorem
olhando-a com adoração.
— Cala a boca!— Gritou Roald aproximando-se com
grandes passadas e pegando-a pelo braço com maus modos.
Fulminou o Olav com o olhar.— Tem sorte de ser um velho
amigo.
— Sei. — O olhar do Olav faiscava de alegria.
Sorem começou a rir enquanto atirava as cordas ao cais
para que os rebocassem. Vários homens puxaram levando-os
ao lugar onde atracariam.
— Cuide das mulheres!— Gritou em seu rosto.
— Não fale assim comigo. — Olharam-se nos olhos
desafiando-se.
— Depois eu deixarei as coisas claras.
— Já deixaste tudo as claras. — Disse desviando-se
dele.
Roald olhou para o cais e a soltou de repente
endireitando-se.— Thorbert!
— Sim. — De repente a cobriram com sua pele e ela
levantou o olhar surpresa.— É para evitar problemas. —
Respondeu o amigo de Roald.
— Problemas?— Olhou para o atalho e desciam um
homem e uma mulher. O homem era o irmão do Roald, disso
não havia dúvida. Devia ter uns cinco anos menos que ele e
era enorme. Quase tão grande como Roald. Seu cabelo negro

109
Minha Princesa Viking – Sophie Saint Rose

também chegava a seus ombros e tinha uma espessa barba.


Certamente para parecer maior.
A mulher era morena também, mas tinha uma mecha
totalmente branca que saía de sua têmpora esquerda. O olhar
da mulher era duro. Embora fosse uma mulher atraente, esse
olhar indicava que nunca tinha sido feliz. Sentiu pena por
ela. Valgard saudou com um assobio assim que chegou e
Roald saltou do navio para ir abraçá-lo. Também saudou a
mulher afastando-os dali. Thorbert a levou pra passarela e a
desceu com toda pressa.
— Não vamos com o Roald?
— Te buscará depois. — Disse empurrando-a para
afastá-la das pessoas.
Surpresa viu que não subiam pelo atalho, mas sim
entravam no bosque certamente para não encontrar-se com
ninguém. Passaram umas árvores e chegaram a um claro
onde havia várias casinhas de madeira com teto de palha.
— Rápido! — Disse o homem olhando a colina. Ela
olhou para lá e viu surpreendida uma grande casa, mas o
que mais a surpreendeu foi que as paredes formavam um
círculo. A casa era redonda! Nunca tinha visto uma casa
redonda, todas as de sua aldeia eram quadradas como as
casinhas que havia ali.
— O que é isso?
— A casa do Jarl.
— É enorme. — Disse deixando-se levar.
— Ali vivem muitos. — Disse sem especificar.

110
Minha Princesa Viking – Sophie Saint Rose

Aproximaram-se de uma cabana e abriu a porta


colocando-a dentro — Fique aqui.
Ela escutou assombrada como fechava a porta por fora
com uma tábua. Olhou a seu redor e viu a luz com uma
panela no fogo. Aproximou-se por curiosidade e aspirou o
aroma. Cheirava bem. Olhou a seu redor e encontrou um
concha de sopa. Colocou-o olhando o conteúdo e sorriu ao
ver que era uma sopa de coelho. Agarrou uma tijela e se
serviu o bastante. Agarrou uma colher de madeira e se
sentou na mesa olhando ao seu redor. A casa era maior do
que parecia. Tinha uma boa cama ao fundo e outra mais
pequena em um lateral. Assim era a cabana de uma família.
Olhou a comida pensando que provavelmente estava tirando
a comida de alguém. Encolheu os ombros e começou a comer
com vontade.
Estava bom e desfrutou da primeira comida quente em
muitos dias. Quando terminou, começou a ficar nervosa. Olav
lhe havia dito que a chamariam, mas estavam demorando.
Ali não havia janelas e a surpreendeu um pouco. Então
entendeu que igual era para que não passasse o frio no
inverno. A luz a deixava ver o suficiente, mas ainda assim
começou a ficar nervosa. Olhou a seu redor e viu um pente.
Sorrindo levantou e esteve um momento escovando o cabelo.
Escutou vozes ao redor da casa e ela tampou com a pele
sua larga cabeleira se por acaso não fosse Olav.
As vozes passaram ao largo e ela suspirou
decepcionada. Tamborilando os dedos sobre a mesa apoiou o
queixo sobre sua outra mão enquanto olhava a porta.

111
Minha Princesa Viking – Sophie Saint Rose

Parecia-lhe que estava passando muito tempo e se


começou a impacientar. Levantou-se e foi para a porta
empurrando-a. O tábua devia ser muito forte porque não se
moveu absolutamente. Que tipo de pessoas eram essas, que
fechavam suas casas por fora? Qualquer um poderia lhes
prender lá dentro. Revirou os olhos porque aquilo não tinha
sentido.
— Há alguém aí?— gritou à porta.
Escutou uns passos e ficou alerta. Eram passados
rápidos e ligeiros— Há alguém aí?— perguntou no idioma de
seu pai.
— Sim. — a voz de uma menina a fez sorrir.
— Pode abrir a porta?
Escutou como a tábua se movia e quase se sentiu
triunfal. A porta se abriu lentamente e uma menina de uns
oito anos a olhou pela abertura. Arregalou os olhos ao vê-la.
— Quem é? Enviaram-lhe os Deuses?
Que pergunta mais estranha— Não. — respondeu
sorrindo.
A menina prendeu fôlego e assentiu— Sim, enviaram-lhe
os Deuses.
— Bom, pois me enviaram os Deuses. Agora quero sair.
A menina se afastou abrindo a porta totalmente e ela
cobriu o cabelo lhe piscando um olho. Sem perder tempo
olhou para a casa do Jarl e subiu a colina a toda pressa. A
menina a seguiu e Maisey a olhou de esguelha— O que faz?
— Quero ver como reagem ao ver a enviada dos Deuses.

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Minha Princesa Viking – Sophie Saint Rose

— Então, somos duas. — disse divertida aproximando-


se da porta.
Escutavam-se vozes e cantos no interior, assim Maisey
entendeu que estavam celebrando a chegada dos seus. Abriu
a porta ligeiramente e colocou a cabeça. Todos em círculo
olhavam algo que havia no centro. Ela só via costas, assim
entrou na casa com a menina atrás dela. A menina sorriu
fechando a porta. Maisey olhou às pessoas e escutou o
cântico de uma mulher.
— Basta!— ouviu gritar. A mulher se calou no ato e
Maisey ficou nas pontas dos pés para ver algo — Agora me
conte o que ocorreu!— a voz desse homem expressava que
estava zangado. Muito zangado.
— Estas são as únicas mulheres de cabelo castanho da
aldeia.
— Tem certeza que era a aldeia correta?
— Sim, Harald. Seguimos suas instruções estritamente.
— escutou Tage dizer.
— Pra que isto, marido?— perguntou uma mulher.
Fez-se o silêncio na sala, Maisey impaciente olhou a seu
redor. Viu um barril em uma esquina e subiu muito devagar
para não fazer ruído. Um homem estava sentado em uma
enorme cadeira. Maisey perdeu o fôlego ao vê-lo porque soube
imediatamente. Estava vendo seu pai. A emoção a embargou
levando uma mão ao peito. Era forte como havia dito sua mãe
e embora fosse mais velho, ainda conservava sua força.
Olhou seu cabelo loiro e era certo que o tinha mais escuro
que ela. Sorriu olhando-o atentamente. Dali não podia ver

113
Minha Princesa Viking – Sophie Saint Rose

seus olhos, que nesse momento pareciam zangados. Não


levava o torso nu mas sim levava uma camisa azul e umas
calças de fino couro. Suas botas chegavam a seus joelhos e
por seu contorno, Maisey se deu conta de que ainda
conservava uns bons músculos.
— Não se intrometa, Tashia. –disse seu pai levantando-
se de seu assento e olhando às mulheres. Sua cara de
decepção era evidente e Maisey se emocionou. Procurava a
sua mãe. Mordeu o lábio inferior, não querendo chorar pelo
amor perdido de seus pais. Maisey procurou com o olhar a
Roald que estava com os braços cruzados olhando seu pai.
— Assim são as únicas.
— Sim, Jarl. — Roald olhou à mulher morena da mecha
branca que o interrogou com o olhar. Roald a ignorou
enquanto seu pai revisava às mulheres.
Ao chegar à última apertou os lábios antes de lhes
dizer— Repartir isso .
Os homens ficaram a discutir e ela assombrada viu que
vários começavam a brigar por elas. Viu Tavie morta de medo
entre dois homens. Estes tinham idade de serem seu pai.
— Basta!— gritou ela furiosa deixando cair a pele que a
cobria. Ninguém a escutou e ela desceu do barril. A menina
lhe mostrou um grande prato de ferro pendurado em uns
paus e um martelo. Aproximou-se a toda pressa e com o
martelo golpeou o prato várias vezes fazendo um grande
estrondo. Todos ficaram em silêncio virando a volta. Maisey
se endireitou com o martelo na mão.
— Quem deu o alarme?— perguntou seu pai zangado.

114
Minha Princesa Viking – Sophie Saint Rose

Maisey levantou o queixo e vários se separaram fazendo


um corredor até o centro onde estavam as garotas e seu pai.
Maisey olhou a seu pai nos olhos e sorriu. A cara de surpresa
do Harald não passou despercebida a ninguém, menos ao
Roald que furioso deu um passo à frente. — Ela é minha! Eu
a capturei! Pertence-me.
Harald não lhe fez caso enquanto dava um passo para
ela. Maisey não o suportou mais e correu para ele atirando-se
a seu pescoço. Harald a abraçou fortemente enquanto Maisey
chorava — Te encontrei –lhe sussurrou ao ouvido — Não
posso acreditar isso.
Seu pai a levantou apertando-a contra ele— Minha
menina.
Todos ofegaram para ouvi-lo.
— Harald, é minha!— gritou Roald furioso dando um
passo para eles com os punhos fechados. Valgard o agarrou
do braço, mas ele se soltou furioso.
Seu pai a deixou no chão muito emocionado— É igual a
sua mãe. — sussurrou lhe acariciando a cara.
— Seriamente?— suas lágrimas caíam por suas
bochechas Se olharam nos olhos que eram da mesma cor— O
que ocorreu?
— A levaram as febres.
— Quando?
— Faz um ano.
Ele fechou os olhos gritando de dor e lhe abraçou pela
cintura lhe consolando.

115
Minha Princesa Viking – Sophie Saint Rose

— Por todos os Deuses o que ocorre aqui?— perguntou a


mulher morena levantando-se de seu assento.
Harald a apertou a ele e sem fazer caso a ninguém a
levou até uma larga mesa onde a sentou. Todos ofegaram ao
ver o lugar que ocupava na cabeceira da mesa. Seu pai se
sentou em outra cadeira diante ela— Não se casou?—
olharam-se nos olhos e lhe agarrou as mãos — Não tinha que
havê-la deixado, verdade?
Os olhos do Maisey se encheram de lágrimas— Não! –
gritou-lhe para estupefação de todos— Nos deixou! Não tinha
que havê-lo feito!
Harald sorriu lhe apertando as mãos — Acreditava que
fazia o melhor. Como se chama?
— Maisey. — respondeu correspondendo seu sorriso.
Olhou-a sem perder um detalhe— Ao menos tenho a ti. –
sussurrou.
Roald ficou a seu lado com os braços cruzados— Te
advirto que se tiver que me desafiar contigo , farei.
Harald levantou a vista divertido — Maisey o que ele
está dizendo?
— OH, se empenha em dizer que sou dele.
— Seriamente?— seu pai ficou de pé enquanto todos
murmuravam — Quais foram minhas ordens, Roald?
— Trazer as mulheres de cabelo castanho. Mas ela não
tem o cabelo castanho.
— Tinha-o quando me conheceu. — disse ela sorrindo
de orelha a orelha— Mas caiu a tintura.

116
Minha Princesa Viking – Sophie Saint Rose

Seu pai pôs-se a rir a gargalhadas surpreendendo a


todos — Então que me trouxe ela porque era castanha.
— Sim. — grunhiu ele irritado. Percebia-se de longe que
ele não entendia nada.
— Sinto muito, filho. Não lhe posso dar isso. — Harald
também estava sem entender nada.
— Como que não?— Roald estava furioso.
— Façamos um desafio. — disse Valgard comendo-lhe
com os olhos.
— Afaste se não quiser que eu te parta a cabeça!—
gritou-lhe Harald deixando claro quem mandava.
Tage e Sorem os olhavam preocupados. Olav sorria ao
lado do Thorbert que olhava pra ela como se quizesse matá-
la.
Harald voltou a olhar pra Roald. Observaram-se um
momento e seu pai disse— Maisey…
— Sim? – começava a divertir-se.
— Ele te tocou?
— Sim.
— Violou-te?
Ela se mordeu o lábio inferior pois não queria mentir pra
seu pai.
–Sim. — sussurrou — Mas não foi grande coisa.
Todos puserem-se a rir e Roald a olhou zangado.
— Fez algo mais?
— Não sei a que vem isto, mas ela é minha!— gritou
Roald fora de si.

117
Minha Princesa Viking – Sophie Saint Rose

— Pegou-me e me matou. — seu pai a olhou surpreso—


Embora logo voltei para a vida.
— Está abençoada pelos Deuses, meu Jarl. –disse Tage
sorrindo.
Harald não deixava de olhar pra Roald que estava tenso
como um arco — Não a merece.
— É minha.
Seu pai a olhou— O que quer fazer?
— Não pergunte a ela!
— Cale a boca!— Harald voltou a olhar a sua filha e
perguntou muito sério — O que quer fazer?
Ela se levantou sorrindo e ficou diante de Roald com as
mãos nos quadris — Preciosa…— a advertência de sua voz
indicava que não estava para brincadeiras.
Maisey sorriu — Pai, disse-lhe que você o estriparia.
Os ofegos os rodearam entendendo a situação, enquanto
que ela sorria abertamente vendo como Roald se esticava.
— Seriamente, filha? — Harald se colocou atrás dela
fulminando Roald.
— Como que pai?— gritou a mulher morena.
Todos a ignoraram pelo duelo que havia entre Harald e
Roald.
— Não sabia que era tua filha. Mentiu pra mim.
— Não sabia que ele era meu pai. Para estar segura
tinha que vê-lo. — disse divertida.— E olhe pra ele, ele é.
Roald grunhiu sem deixar de olhar pra Harald — O que
pensa fazer?
— É minha filha e você a quer?

118
Minha Princesa Viking – Sophie Saint Rose

— Não é justo!— gritou Valgard— Eu também a quero!


Seu pai olhou ao irmão de Roald— Idiota ainda não
entendeste que é sua irmã?
Maisey olhando pra Roald empalideceu— É meu irmão?
— Não. — voltou a grunhir irritado sem deixar de olhá-
la.
— Ele é filho de minha esposa. — disse Harald
agarrando-a pelos ombros para apartá-la. Seu pai e Roald se
olharam fixamente — Sabe o que tem que fazer?
— Sim, Jarl.
— Cumprirá com seu dever?
Ele assentiu olhando-a de lado. Ela semicerrou os olhos
sem entender o que estava acontecendo
— A protegerá e cuidará?
— Sim, Jarl.
Seu pai se aproximou de seu rosto— Se souber que fez
mal a ela de algum jeito, esfolo-te vivo…
Roald estreitou os olhos— Não conhece sua filha. Dentro
de uns dias me suplicará que a dome. — disse no idioma de
seu pai.
Ela ofegou indignada e respondeu no mesmo idioma—
Seu idiota, não fale com meu pai assim sobre mim!
Todos a olharam surpreendidos e Olav gargalhou. —
Sabia!
Harald sorriu abertamente e a agarrou pela cintura
levantando-a enquanto gritava.— Aqui têm a minha filha.
Maisey, filha do Harald e esposa do Roald. — ela ficou com a
boca aberta e olhou pra Roald que sorriu satisfeito cruzando

119
Minha Princesa Viking – Sophie Saint Rose

os braços. Seu olhar não pressagiava nada bom enquanto


todos aclamavam. Estava-lhe dizendo que as pagaria todas
juntas.
Quando seu pai a deixou no chão e Roald a agarrou
pelos ombros pegando-a a seu peito— Agora sim que é
totalmente minha. — disse ele a seu ouvido. Maisey olhou pra
seu pai que estava dando um discurso — Vai ser muito
interessante, preciosa.
Ela olhou a seu redor e viu o olhar de ódio da mulher de
seu pai. Tashia não aceitou muito bem sua chegada. Seus
olhos indicavam que a odiava. Ao seguir observando viu Tavie
escondida entre as mulheres — Pai…
— Sim, filha?
— Essa menina é minha. — disse apontando pra Tavie.
— Maisey…
— É minha!— gritou olhando à menina— Salvei a vida e
é minha. — seu pai assentiu e fez sinal pra menina, que se
aproximou dela a toda pressa — Ninguém a tocará porque é
minha. E se me inteirar que algum homem ponha um dedo
em cima dela os cortarei todos. — disse-o de tal maneira que
acreditaram. Ah se acreditaram. Ao fim e ao cabo era filha de
seu pai. Seu pai riu a gargalhadas e gritou— Hoje é dia de
festa! Celebramos a chegada de minha filha e seu casamento!
Todos aclamaram e sussurrou a Tavie em seu idioma—
Não se separe de mim.
A menina assentiu. Sentaram-se a enorme mesa. Tavie
ficou atrás dela e como uma boa serva, encarregou-se de que

120
Minha Princesa Viking – Sophie Saint Rose

não lhe faltasse nada. Serviram carne de cervo e ela achou


deliciosa.
— Me diga, filho algum problema na viagem?—
perguntou seu pai olhando ao Roald.
— Além de sua filha?— seus homens começaram a rir e
ela os fulminou com o olhar.
Harald sorriu apoiando suas costas no respaldo de sua
grande cadeira— Diz como se fosse um problema mais que
uma bênção.
— É questão de opiniões.
— Diz isso porque subi em uma árvore. É um rancoroso.
— disse ela antes de mastigar.
— Preciosa porque não come e se cala?
Ela sorriu amorosa –Morra!
Seu pai gargalhava e deu vários golpes na mesa que
todos acompanharam. As bandejas de comida ricocheteavam
na mesa e Tavie agarrou sua jarra para que não derramasse.
— É uma lutadora de primeira, Harald. É ágil e muito
rápida. — disse Sorem com admiração.
Ruborizou-se ligeiramente enquanto todos a olhavam —
E com o arco é letal. — acrescentou Roald.
Harald a olhou com um sorriso nostálgico— Então ela te
ensinou a se proteger.
Emocionada assentiu — Sim, praticava todos os dias.
— E quem te ensinou nossa língua?
— Uma mulher que vivia perto de nós. Era viking.
— Ensinou-te bem.

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Minha Princesa Viking – Sophie Saint Rose

— Foi muito boa conosco. — Deu uma piscadela e Roald


franziu o cenho.
— Preciosa, entendeste tudo o que dissemos durante a
viagem, verdade?
Seu pai pôs-se a rir entendendo— Sim. Tinha que saber
o que pretendiam. — disse como se ele fosse estúpido. Seu
pai agarrou o estômago sem deixar de rir.
— É inteligente, minha filha.
Roald grunhiu antes de meter uma parte de carne na
boca. Maisey olhou a seu redor e viu as gêmeas cochichando
no que parecia. — Essas no salão são suas gêmeas?
Fez-se o silêncio na mesa e Roald a fulminou com o
olhar— Maisey…
Ela sorriu –Tranquilo…Só perguntava. — levantou-se de
repente e lançou uma faca que ninguém sabia que tinha na
mão. A faca passou entre as cabeças das gêmeas cravando-se
no enorme poste que havia detrás. As garotas olharam para
trás e gritaram horrorizadas antes de sair correndo uma pra
cada lado — Olhem, podem separar-se.
Seus homens puseram-se a rir enquanto outros a
olhavam atônitos. Voltou a se sentar sorrindo abertamente e
olhou a seu pai que a observava com admiração.
— Sua mãe te ensinou bem, pequena.
— Obrigada, pai.
Lançou um olhar pra Roald que parecia que queria
estrangulá-la.— Marido, ponha outra cara. É nossa
celebração.

122
Minha Princesa Viking – Sophie Saint Rose

Apertou os olhos e agarrou sua mão delicadamente.—


Maisey…
— Sim, marido?— perguntou olhando-o nos olhos como
se fosse a melhor pessoa do mundo.
Ele levantou sua mão e a levou até sua boca beijando
sua palma lhe cortando o fôlego— Deixa as facas.
— Sim, esposo.
Harald riu e levantou sua caneca— Quero brindar por
minha filha e por seu casamento!— Todos aclamaram
levantando-se com as canecas na mão — Pelos netos que me
dê com Roald o grande!
O grande? Ela o olhou a seu lado. Era certo que era
grande e era dela. Sorriu radiante olhando a seu pai — E por
sua nova vida entre nós. Espero que todos lhe dêem as boas-
vindas como merece.
O olhar da mãe do Roald lhe indicava que não ia dar
nenhuma boa-vinda. Maisey levantou o queixo. Não ia poder
com ela.

123
Minha Princesa Viking – Sophie Saint Rose

Capítulo 7

A celebração se estesndeu muito. Vários ficaram a


cantar e a dançar enquanto que outros bebiam hidromel. De
fato, seu pai enchia a caneca assim que esvaziava e houve
um momento em que já não podia mais. Notava que estava
enjoando.
— É a tradição, filha. Deve beber hidromel depois de
seus esponsais para me dar muitos e fortes netos.
Como acabaria era bêbada e seu marido também. Olhou
Roald que sorria de orelha a orelha. Surpreendida lhe olhou
bem. Jamais o tinha visto sorrir assim— Está bêbado?
— Não, ainda. — agarrou-a pela nuca e a beijou
enquanto outros aclamavam. Quando a soltou, seu marido
caiu para trás em sua cadeira fazendo rir a todos.
— Pai, ele não vai servir de nada esta noite!— protestou
ela fazendo-os rir. Seu marido a olhava do chão .— Está bem?
— Preciosa, a vida contigo vai ser muito divertida.
Ela fez uma careta e se voltou para seu pai que também
estava bastante bêbado. — Pode-se saber onde dormiremos?
— Aqui.

124
Minha Princesa Viking – Sophie Saint Rose

Ela olhou a seu redor e não via quartos por nenhum


lugar. Horrorizada arregalou os olhos.— Não pode ser.
— O que ocorre, filha?
— Dormem todos juntos?— só de pensar que quando
um casal queria intimidade, tinha alguém dormindo a seu
lado, punha-lhe os cabelos em pé.
Seu marido se sentou a seu lado — Não juntos. — ela
suspirou de alívio— Cada um em uma zona.
Olhou ao Roald como se fosse idiota— Não!
— Como que não?
Seu pai franziu o cenho— Minha filha quer que estejam
sozinhos. Amanhã lhes construirão uma casa.
Olhou pra o pai cheia de esperança como se ele tivesse-
lhe dado a lua— Seriamente?
— Sim, uma bem grande para toda a família que terão.
— disse satisfeito.
— Obrigada, pai. — fulminou Roald com o olhar— Teria
que ter pensado nisso.
— E o fiz, preciosa. — disse antes de beber.
— É certo, Maisey. Disse-o. — comentou Tage
totalmente bêbado — Mas ele ia levar às gêmeas. — disse
antes de dar uma risada.
Roald se levantou e empurrou seu primo pela cabeça
atirando-o para trás. Maisey se levantou para ver que
ninguém se levantou, nem tinha intenções. Pouco a pouco
vários foram dormir. Seu pai e seu marido seguiam falando,
mas ela fazia tempo que já não escutava suas coisas. Olhou
para trás e viu que Tavie continuava ali.

125
Minha Princesa Viking – Sophie Saint Rose

— Menina, procura um canto para dormir. — negou com


a cabeça. — Não se preocupe, eu estarei perto.
A menina olhou ao seu redor e viu um lugar perto do
fogo onde uma mulher mais velha estava dormindo. Deitou-se
no chão a seu lado e ela sorriu vendo-a pôr as mãos sob o
rosto. — Marido, vou dormir.
Ele a olhou surpreso como se não se lembrasse dela e
Maisey revirou os olhos. Grande noite de bodas!!! Pegou sua
pele que continuava ao lado do barril e se aproximou do fogo
deitando-se a uns metros de Tavie. Dormiu com um suspiro
pensando que ali começava sua nova vida.
Despertou várias vezes pelos roncos dos homens, porque
estava acostumada a ter o sono ligeiro para que não a
surpreendessem dormindo. Sorrindo voltava a dormir entre
os braços do Roald que a tinham abraçado durante a noite.
Escutou um ruído durante a noite perto dela e sem abrir
os olhos escutou atentamente. Alguém estava se
aproximando. No princípio pensou que se aproximava de
Tavie, mas passou por ela indo para eles. Os passos eram
ligeiros, assim era uma mulher. Virou suspirando como se
estivesse dormindo e abriu um pouco um olho. A mãe de
Roald tinha uma adaga na mão e se aproximava dela
decidida. Esperou que se aproximasse e que se ajoelhasse a
seu lado. Levantou a mão com a adaga e Maisey estava
disposta a atacar quando a mão de Roald agarrou a sua mãe
pelo braço fortemente.

126
Minha Princesa Viking – Sophie Saint Rose

— Te afaste de minha esposa. — sussurrou com a voz


fria como o gelo lhe tirando a adaga. Maisey fingiu ainda
dormir.
— Esta puta! — disse com ódio— Filha de uma puta.
Não tinha direito de te obrigar a se casar com ela.
— Não me obrigou. Agora se afaste de minha esposa.
Não podia ver a cara da Tashia, mas sabia que estava
sofrendo. Era lógico. De repente se encontrava com a filha
bastarda de seu marido, que ainda por cima se casa com seu
filho. Devia estar com raiva e magoada.
— Matarei-a cedo ou tarde. — disse a mulher com ódio.
Roald se afastou brandamente de Maisey e levantou sem
fazer ruído — Se afaste de minha esposa. Não se aproxime
nunca mais de Maisey, porque se o fizer terei que fazer algo
que eu não gostarei nada. Jurei protegê-la e o farei.
Sua mãe deu um passo pra trás. Maisey pôde vê-la.
Estava pálida e se sentia traída. Sentiu muita pena dela.
Afastou-se deles e Roald deitou a seu lado abraçando-a.
— Voltará a tentar. — sussurrou ela em seu ouvido.
— Sei. — beijou-a na têmpora— Dorme, preciosa.
Descansa.
Maisey sorriu contra seu peito e se deixou levar pelo
sono.
Os sons do salão a despertaram. Tavie estava sentada a
seu lado sem mover-se e não via o Roald em lugar nenhum—
Onde está meu marido?
— Saiu, Maisey. Disse-me que te vigiasse.

127
Minha Princesa Viking – Sophie Saint Rose

Ela sorriu levantando-se e recolhendo a pele do chão. —


Tomou o café da manhã?— a menina negou com a cabeça—
Pois vamos procurar algo para tomar o café da manhã— disse
decidida olhando ao seu redor.
Foram para a enorme cozinha onde várias mulheres
estavam trabalhando e a olharam de esguelha as ignorando
— Desculpem, temos fome.
Uma mulher com tranças ao redor da cabeça e uma
grande barriga se voltou lentamente. Olhou-a de cima a baixo
com desprezo e Maisey se esticou— Então a bastarda do Jarl
tem fome.
As risadas as rodearam e Tavie se voltou rapidamente
para ver três mulheres atrás delas. aproximou-se de Maisey
nervosa e ela entrecerrou os olhos— Está me dizendo que não
me dará algo pra comer?— deu um passo para a mulher que
cruzou os braços— Não lhe ensinaram boas maneiras quando
era pequena? Em meu povo os convidados recebem alimentos
e proteção se necessitarem.
— Você não é uma convidada.
— Exato. Sou a filha do Jarl e a esposa de Roald. — sua
voz gelada indicava que não estava de bom humor.
— Isso até que Tashia te jogue daqui.
Maisey sorriu diabólicamente – Acredita que conseguirá
me jogar?
— Tenho certeza. Sempre consegue o que quer.
Saltou sobre a mulher atirando-a no chão e agarrando
suas tranças. As mulheres chiaram ao seu redor dando um
passo atrás e Tavie sorriu divertida. Maisey olhou nos olhos

128
Minha Princesa Viking – Sophie Saint Rose

da mulher— Pois inteira-se bem, gorda estúpida. Antes de


que essa asquerosa vingativa me jogue posso partir um par
de ossos assim me dê de comer antes que me ponha de pior
humor!
Levantou-se deixando a mulher ali jogada morta de
medo— Aqui está. — disse uma das mulheres aproximando-
se da luz.
— Não!— gritou Maisey — Ela me dará isso!
A mulher dolorida se levantou lentamente e agarrou
uma tijela servindo o que parecia leite. Estendeu pra Tavie
que o recebeu com desconfiança. Não era tola a menina,
podia ter jogado em cima dela e queimá-la.
Quando Maisey agarrou a tijela, outra mulher estendeu
umas colheres e sorriu antes de dizer— Obrigada…
A mulher gaguejou— Lala.
— Obrigada, Lala.
Tavie a seguiu para a mesa e se sentaram em um
grande banco — Está bom. — disse ela à menina.
— Sim. — Tavie sorriu abertamente— Obrigada.
— Por quê?
— Por cuidar de mim. — sussurrou a menina baixando
o olhar pra tijela
Maisey a observou. Era tão jovem. Não sabia o que teria
feito se sua mãe tivesse desaparecido nessa idade.
Provavelmente estaria morta.
— Fará-me companhia. — disse indiferente olhando a
seu redor. Vários homens seguiam roncando, mas não via
seu pai por nenhum lugar. — Nos divertiremos.

129
Minha Princesa Viking – Sophie Saint Rose

— Farão nossa vida impossível.


— Por isso digo que nos divertiremos.
Tavie soltou uma risada e ela sorriu— Vamos, temos
muito que fazer.
— Como o quê?
— Não sei, mas encontraremos algo.
Sorrindo saíram da casa do Jarl e ficaram com a boca
aberta ao ver muita gente trabalhando fora. Estavam
empilhando enormes trocos diante da casa e ela viu o Tage
com um machado. Aproximou-se apressadamente— O que
fazem?
Tage sorriu — Vamos fazer sua casa.
Maisey olhou a seu redor— Sim, mas como?
— O Jarl vai fazer pregada na sua casa. Para te ter
perto, diz.
Buscou-lhe com o olhar e saiu correndo para seu pai
que estava dando ordens – Pai!
Voltou-se e sorriu abrindo os braços. Maisey lhe
abraçou com força— Vai realmente fazê-la.
— Se a minha menina não gosta de dormir com todos
para ficar a vontade com seu marido, isso terá.
— Maisey…
Voltou-se para ver o Roald a seu lado e ela sorriu
radiante — Vamos ter uma casa!— estava tão excitada que
Roald sorriu agarrando-a pela cintura e encostando-a nele—
Será quadrada?
— Quer que seja quadrada?— perguntou divertido.

130
Minha Princesa Viking – Sophie Saint Rose

Ruborizou-se fazendo rir a seu pai — É que não estou


acostumada a habitações redondas.
— Quadrada será. — disse Roald antes de beijar-la nos
lábios — Agora volte à casa.
— Quero ajudar…
Seu pai e Roald a olharam com o cenho franzido— Filha,
pode se machucar. É melhor que espere na casa perto do
fogo.
Maisey levantou uma sobrancelha e Roald pôs-se a rir—
Harald, é dura como uma rocha. Não pense que tem uma
filha delicada.
— Sou delicada!
— Vá pra dentro e que as mulheres lhe dêem um vestido
novo. — deu-lhe uma palmada no traseiro.
As mulheres não lhe dariam nada, mas não queria
preocupar os homens com esses inconvenientes, assim
sorriu.
— Posso ir caçar…— Roald revirou os olhos — Se me
derem um arco posso trazer algo para o jantar.
Harald pôs os braços nos quadris — Teria que trazer
vinte lebres para alimentar a todos os meus. — parecia
divertido e ela ficou com as mãos nos quadris diante dele.
— E?
— Será capaz?
Ela semicerrou os olhos— Se trouxer as vinte lebres me
conseguirá um cavalo?
Seu pai pôs-se a rir a gargalhadas e deu uma palmada
nas costas de seu marido.

131
Minha Princesa Viking – Sophie Saint Rose

– Um cavalo?— perguntou Roald franzindo o cenho—


Para que quer um cavalo se não vai a nenhum lugar?
— Você não tem um cavalo?
Ele olhou pra seu pai — Não é boa ideia.
Seu pai olhou aos dois — Se seu marido disser que não,
é não, filha.
Ela cruzou os braços.— Quero um grande cavalo
branco. O que tenho que fazer para consegui-lo?
Roald sorriu— Terá o cavalo branco mais formoso destas
terras quando me der um filho.
Ela abriu bem os olhos indignada enquanto seu pai
gargalhava.
— Mas se trouxer as lebres…— olhou ansiosa pra ele.
— Se trouxer as lebres te darei de presente o pente mais
bonito que jamais tenha visto.
Maisey sorriu encantada e pulou de alegria— Trato feito.
Onde está meu arco?
Roald olhou ao redor e viu o Thorbert. Chamou-o aos
gritos— Dê um arco pra Maisey.
— Vamos, Tavie. Temos muito que fazer.
A menina sorriu seguindo-a a uma espécie de abrigo
depois da casa do Jarl. O arco que Thorbert lhe deu não era
como o seu. Era um pouco maior, mas estava bem esticado.
Satisfeita agarrou as flechas e disse — Preciso de uma faca.
Thorbert cerrou os olhos e negou com a cabeça— Arco.
Só isso.
— Mas vou precisar!— protestou ela.
— Arco.

132
Minha Princesa Viking – Sophie Saint Rose

Resmungando saiu dali e Tavie a seguiu.


— Não se afaste muito!— gritou-lhe Thorbert— Roald
nos mataria se te acontecesse algo.
Sorriu sem lhe dar importância e deu uma piscadela à
menina que soltou uma risadinha. Passou toda a manhã
ensinando Tavie a caçar — Muito bem. — sussurrou ela
vendo uma lebre— Quando estiver segura solta a corda. A
confiança é o importante.
Tavie soltou a corda e não acertou a lebre por muito
pouco. Sentiu-se decepcionada e Maisey pôs-se a rir— A
primeira vez que saí pra caçar não vi nem sequer uma lebre.
Fez muito bem. Em pouco tempo você conseguirá o jantar. —
a menina sorriu lhe estendendo o arco— Bom, é hora de
começar ou não teremos tempo de cozinhá-los.
No meio da tarde subiram a colina carregadas de lebres
e quando rodearam a casa para entrar pela porta principal
seu marido estava montado a cavalo gritando:
— Vamos procurá-las no bosque! Se estão feridas tem
que haver algum rastro!
— O que aconteceu?— perguntou ao Tage que também
estava subido ao cavalo.
Tage a olhou e revirou os olhos enquanto Roald seguia
gritando. Sem lhe responder o amigo de seu marido olhou pra
Roald.— Maisey está aqui.
Todos olharam para ela e sorriu –Olá, meninos. A quem
procuram?

133
Minha Princesa Viking – Sophie Saint Rose

— Por todos os Deuses, mulher! Foste-te há horas!—


Roald vociferava descendo do cavalo enquanto seus amigos
riam entre dentes.
— Sabia que tinha ido caçar. — levantou as lebres e
Tavie a imitou— Me deve um pente.
Roald a olhou atônito e seu pai avisado por alguém,
nesse momento saía da casa. Ao vê-la com as lebres em alto
riu estrondosamente. — Você conseguiu, filha.
— Não foi tão difícil. — ignorando seu marido foi até seu
pai— Vou fazer um guisado pra você que vai chupar os
dedos.
Seu pai a olhou emocionado e assentiu enquanto ela
entrava na casa. Pai e genro se olharam — É de usar armas
não é verdade?
Roald grunhiu fazendo seus amigos rirem.
Essa noite no jantar ela lhes serviu o guisado de lebre
que tinha preparado. Seu pai sorriu enquanto mastigava e ela
suspirou de alívio. Não sabia se gostaria de como cozinhava e
não é que ali houvesse muitas ervas para fazê-lo bem. Olhou
Roald que estava levantando a colher olhando o espesso caldo
— Preciosa o que lhe jogaste?
Tage se colocou uma colherada na boca com vontade e
franziu o nariz antes de notar que ela o estava olhando, então
sorriu e começou a mastigar com vontade
— Não está bom?
— Está muito bom, filha. — disse seu pai colocando
outra vez a colher na terrina.

134
Minha Princesa Viking – Sophie Saint Rose

Na mesa se fez um silêncio que lhe fez morder o lábio


inferior. Agarrou sua colher e o provou. Arregalou os olhos
pois estava muito temperado inclusive salgado. Olhou ao seu
redor surpreendida porque não tinha botado sal pois com as
ervas parecia ser suficiente. Ao ver que uma das gêmeas ria
apertou os olhos— Não comam, não está bom. — disse
levantando-se.
— Não está tão mau. — disse Tage antes de beber
hidromel.
— Não, princesa. Pode-se comer. — disse Olav.
Ela com objetivo em seu olhar caminhou para o final da
mesa onde estão sentadas as gêmeas. Ao ver que se
aproximava se calaram no ato.
— Querem conhecer as que me ajudaram pra que saísse
tão bom?— aproximou-se por detrás às gêmeas e as agarrou
pelo cabelo as fazendo gritar quando caíram para trás.
— Maisey, as solte!— a advertência da voz do Roald a
pôs mais furiosa.
— Claro, marido. Em seguida.
Arrastou suas tranças até o centro do salão e as olhou
furiosa— Bem, querem briga?
Uma delas a olhou com ódio— Estúpida escocesa.
Ela a quem sempre tinham chamado viking, isso a
deixou irada.
— Escocesa né?— Acertou-lhe um tapa que a lançou ao
chão.
— Maisey!— o grito do Roald enquanto se levantava de
seu assento fez que o olhasse — Deixe-as!

135
Minha Princesa Viking – Sophie Saint Rose

— Elas começaram!
Seu marido se aproximou furioso e a agarrou pelo braço
afastando-a. A cara de satisfação da que se livrou a pôs ainda
mais nervosa— Do que está rindo, vagabunda?
— Ele voltará para mim. — disse levantando-se e
desafiando-a.
— Basta!— gritou Roald virando-a para que o olhasse —
Não é ninguém para as castigar! São minhas!— essas
palavras foram como um golpe para Maisey que empalideceu
visivelmente— Não pense em encostar um dedo em cima
delas me ouve?— gritou-lhe na cara.
— Roald…— disse Sorem preocupado.
— Fecha a boca! Isto é entre minha esposa e eu!
Maisey soltou seu braço levantando-o de repente e disse
friamente— Não vou deixar que suas putas me pisoteiem.
Não deixarei que ninguém o faça nunca. Nem sequer você.
Roald a agarrou pelo pescoço — Recorda com quem está
falando.
— Recordo-o muito bem. — disse entre dentes — Agora
me solte antes de que volte a fazer uma tolice.
Roald entrecerrou os olhos abaixando sua mão. Ao
voltar-se viu que seu pai estava de pé com os punhos
apertados disposto a intervir. Furiosa foi até a enorme porta e
saiu batendo a porta com força. Começou a caminhar sem
rumo fixo e chegou até o embarcadouro. Caminhou pela
margem do rio com passos rápidos. Não podia acreditar que
se pôs do lado dessas putas. Acaso alguma vez ia ficar do
lado dela? Estava farta de brigar com todo mundo, mas fazê-

136
Minha Princesa Viking – Sophie Saint Rose

lo com seu marido era devastador. Sentiu uma vontade


enorme de chorar e disse pra si mesma que isso não servia de
nada. Viu o reflexo da lua na água e suspirou sentando-se em
um tronco caido. Olhou suas mãos que tremiam e as apertou
com força. Depois de uns minutos escutou que alguém se
aproximava e se voltou para ver Olav chegar.— O que faz
aqui?
— Não deve agir assim, princesa. — disse seu amigo
sentando-se a seu lado.
— Claro. — Irritada cruzou os braços.
— Elas estavam aqui antes de você sentem ciúmes.
— Mas é que agora ele é meu marido!
— Sim. — olhou-a sorrindo— Recorda o que te disse?
Não conseguirá que te seja fiel até…
— Que me ame.
— Isso. — deu-lhe um tapinha no ombro — Muitas
coisas mudarão no futuro. Não se renda, princesa.
Precisamos de você.
— O que quer dizer?
— Ainda não sei. É um pressentimento. — sussurrou
Olav— Como quando sabe que vai chover ou que não está
sozinho. Algo que nos alerta de que alguma coisa vai
acontecer.
— Vai cair um raio em mim?— perguntou divertida.
Olav riu e ela o imitou. Assim os encontrou Roald –Olav
nos deixa sozinhos?
— Sim. — Olav se levantou ainda rindo movendo a
cabeça de um lado a outro como se não pudesse com ela.

137
Minha Princesa Viking – Sophie Saint Rose

Seu marido se aproximou e por sua maneira de olhá-la


estava zangado. Fez uma careta olhando o rio.
— Maisey, aqui as coisas são de uma maneira e tem que
se acostumar. — ela não disse nada enquanto permanecia
olhando a água— É minha esposa e não porque eu tenha
querido!— gritou-lhe fazendo que Maisey sentisse uma dor no
peito— E não vou consentir que me exponha ao ridículo
diante de minha gente!— ao dar-se conta que não dizia nada
continuou— Por todos os Deuses, não pode ir por aí
golpeando todas as mulheres deste clã! Pensa que não soube
do que que fez a Lala! É a mulher mais agradável que há aqui
e você se atiraste sobre ela como uma gata furiosa! Isso se
acabou! Caso veja que levanta a mão pra outra pessoa, vou te
dar uma surra diante de todos! Entendeste-me?
A dor no peito a fazia respirar mal e se dobrou sobre si
mesma tentando recuperar o fôlego— Maisey? — não sabia o
que lhe acontecia e a angústia a embargou levando a mão ao
peito cuja dor a rasgava. Caiu de joelhos sobre a erva úmida
e Roald gritou— Maisey!— agachou-se a seu lado segurando
seus braços para endireitá-la— Preciosa o que está
sentindo?— perguntou ao ver que lhe custava respirar—
Maisey!
Aterrorizou-se quando tudo ficou negro e perdeu Roald
de vista. Caiu entre seus braços desmaiada enquanto Roald a
chamava desesperado.
Quando despertou várias caras estavam sobre ela. Seu
pai a olhava preocupado— Ela despertou. O que você tem,
filha? Está doente?

138
Minha Princesa Viking – Sophie Saint Rose

Ela olhou a todos. Olav a olhava alisando barba


enquanto que Tage parecia ansioso, Sorem estava nervoso e
Roald pálido.
— Não sei o que me aconteceu. — sussurrou com os
olhos muito abertos.
— Está branca como a neve. — disse seu pai lhe
tocando a bochecha— Tage, vá a chamar a Wava.
— Quem é Wava?
— É nossa bruxa. — disse Roald lhe agarrando a mão —
Está melhor?
— Sim, estou bem. — sussurrou afastando a mão e
levando-lhe à frente— Não necessito de ninguém.— sentou-se
e se deu conta que todo o clã a olhava— Estou bem.
Tavie se aproximou com uma taça— Bebe, Maisey. É
que não comeste no café da manhã e está cansada.
— Sim, deve ser isso. — sua mão tremia e Tavie a
ajudou segurando a taça.
— Onde está essa bruxa?— gritou seu pai furioso —
Comida para minha filha!
— Pai, estou bem. — deu-se conta que estava sobre a
enorme mesa e afastou as pernas para descer.
— Espera. — disse Roald muito sério segurando suas
pernas— Até que Wava te veja não te moverá.
A porta da casa se abriu deixando entrar uma mulher
que era linda. Era ruiva e devia ter uns quarenta anos. A
mulher mais formosa que já tinha visto. Assim que a viu
sorriu de orelha a orelha— Assim que sua filha chegou,
Harald.

139
Minha Princesa Viking – Sophie Saint Rose

— Wava, não sei o que lhe passou. Perdeu os sentidos.


— disse seu pai nervoso.
A bruxa a olhou pondo os braços nos quadris. Seu
vestido verde tinha bordados no pescoço e era de qualidade.
Aproximou-se dela e a agarrou pelo queixo lhe levantando o
rosto— É mais formosa do que eu imaginava. — disse
sorrindo— A mais bonita das mulheres.
Olhou surpreendida à mulher— Não é verdade.
Wava sorriu e afastou seu cabelo da cara olhando-a nos
olhos— Tem a força do Thor, pequena. — os murmúrios os
rodearam— Silêncio!— gritou ela olhando a seu redor
furiosa.— Sabem o que estão vendo, bando de ignorantes?—
Maisey surpreendida olhou ao seu redor. Todo o clã escutava
com atenção — Estão vendo a maior das vikings!— Muitos a
olharam como se estivesse louca e várias risadinhas
percorreram a sala — Ela fará que nosso povo se una! Ela é
nossa esperança!
— Mulher o que está dizendo?— perguntou Maisey
confusa. Olhou pra seu pai que a observava com atenção —
Pai, lhe diga pra não dizer essas coisas.
— Bruxa, está dizendo disparates! Agora me diga o que
tem minha esposa. — Roald estava furioso.
Wava sorriu — Sua esposa. — depois começou a rir
muito deixando-os atônitos— Sua esposa não é tua, viking. —
Roald se esticou— Recorda minhas palavras, Roald o grande.
— disse com brincadeira— A filha do Harald fará uma
comprida viagem e terá que decidir. — disse olhando-o com
seus olhos verdes.

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Minha Princesa Viking – Sophie Saint Rose

— O que terá que decidir?— perguntou Olav.


Wava se pôs-se a rir outra vez— Se quer que Roald seja
seu marido. Terá vários para escolher.
Roald se enfureceu— O que diz, bruxa?
— Digo que pode ser que leve sua semente em seu
interior, mas que você não será seu marido até que ela assim
o queira.
— Está dizendo que ela não quer?— olhou pra Maisey
como se quizesse matá-la e Wava riu captando sua atenção.
— O que esperava, viking? Que ela caísse rendida a seus
pés? — apontou-lhe com o dedo— Recorda minhas palavras.
Vários a quererão e ela terá que decidir. E escolherá bem.
— Não escolhi bem o marido a minha filha, bruxa?—
perguntou Harald preocupado.
— Precipitaste-te. Acaso ela disse que quer esta união?
Todos a olharam e ela corou ligeiramente recuperando
um pouco de cor— Responde!— gritou Roald.
Ela o olhou friamente pois lhe tinha feito mal— Eu não
disse que sim e isso todo mundo viu.
Vários ofegos percorreram a sala e Roald a agarrou pela
nuca lhe gritando à cara— É minha! Ouve-me? E antes de
que você vá com outro, eu te mato!
A bruxa pôs-se a rir— Não pode deter os ventos, como
não pode deter os mares. Tampouco poderá deter nossa
princesa.
— Deixa de chamá-la assim!
— Nega-se a aceitar o que todo mundo vê. Ela é especial!

141
Minha Princesa Viking – Sophie Saint Rose

— Isso é certo, não conheci nenhuma mulher como ela.


— disse Sorem muito sério.
— O que tem de especial, pode saber-se?— perguntou
seu marido irônico— Acaso não tem duas pernas e dois
braços? Acaso não sofre se lhe faz mal?
Wava olhou Maisey nos olhos— Claro que sofre. Mas
não o demonstra verdade, pequena? — sorriu como se a
entendesse e Maisey sentiu que via através de seus olhos—
Sofreu muito. — sussurrou Wava— E ainda tem muito por
sofrer.
— O que devo fazer bruxa?— perguntou seu pai
preocupado.
— Você não pode fazer nada. O destino está marcado—
disse virando para ir para a porta — Sua filha seguirá seu
caminho.
— Isso não ocorrerá! Está me ouvindo?— gritou Roald
furioso— Eu me encarregarei de que isso não aconteça!
A risada da Wava se escutou inclusive depois que ela
desapareceu, deixando um silêncio ensurdecedor atrás dela.
Roald a agarrou pelos braços e a levou a uma zona mais
afastada sentando-a no chão.— Escute bem. — disse ele com
os olhos entrecerrados — Caso te ocorra sair da aldeia, eu te
mato!— agarrou-a pela nuca olhando-a nos olhos— Ouviste
bem?— gritou-lhe na cara.— Não sairá daqui até que eu o
diga! E se vejo que se aproxima de algum homem, eu os
mato!
Ergueu-se olhando-a de cima — Por que tem medo?—
perguntou sem pensar.

142
Minha Princesa Viking – Sophie Saint Rose

Nem viu o bofetão que a acertou virando seu rosto—


Roald!— gritou seu pai.
Vários homens se aproximaram agarrando seus
braços— Ela não fez nada, Roald está louco?— perguntou
Olav olhando-o como se não o conhecesse.
Maisey levantou os olhos, limpando o sangue do canto
da boca com o dorso da mão, olhando-o com ódio. Roald deu
um passo atrás quando viu seus olhos cinzentos como um
dia de tormenta — Maisey, eu…
— Não se aproxime mais de mim!— gritou ela furiosa.
Ele deu outro passo pra trás e deu um empurrão em
Tage para afastá-lo, saindo da casa de seu pai a toda pressa.
Harald se aproximou de sua filha e se agachou a seu lado—
Minha menina, está bem?
— Sim, pai. — Deitando-se no chão frio — Estou bem.
Só preciso dormir um pouco.
Seu pai, que não sabia como comportar-se, assentiu—
Isso é, filha. Descansa. Amanhã tudo será diferente.
Tavie deitou a seu lado cobrindo-a com a pele — Me
levará contigo?— sussurrou a menina.
— Não vou a nenhum lugar. Agora durma.

143
Minha Princesa Viking – Sophie Saint Rose

Capítulo 8

Maisey olhando para a parede deixou que as lágrimas


percorressem suas bochechas enquanto tampava seu rosto
com a pele. Recordou as palavras de Roald perto do rio
dizendo que ele não tinha pedido pra casar-se com ela e o
tapa que ele havia dado nela uns minutos antes enquanto a
olhava com fúria. Embora depois de que a tivesse
estrangulado não sabia porque que pensou que seria
diferente. Ele não a queria. Desejava-a, mas não a amava. Ter
que casar-se com ela tinha sido algo que não tinha previsto.
Roald a queria como sua escrava para poder fazer com ela o
que quisesse.
— Não chore, Maisey. — sussurrou Tavie acariciando
suas costas.
— Não choro. — respondeu duramente— Não te disse
que dormisse?
— Sim, Maisey.

144
Minha Princesa Viking – Sophie Saint Rose

Não dormiu nada em toda a noite e assim que


amanheceu cobriu Tavie com a pele saindo da casa. Assim
que se alíviou, foi até o cais e se sentou. Fazia frio, mas não
gostaria de ver ninguém. Sentiu a presença do Roald atrás
dela mas não se voltou.
— Preciosa, perdoa-me?
— Não.
— Não sei o que me passou. — sentou-se atrás dela
passando uma perna a cada lado e abraçando-a. Ela tentou
soltar-se, mas a segurou — Sinto muito, de verdade. —
sussurrou-lhe ao ouvido acariciando seu cabelo com a
bochecha.
— Não quer estar casado comigo, não sei porque se
zanga tanto quando alguém diz que vou te deixar.
Roald ficou tenso atrás dela— Isso não vai acontecer.
— Você quer fazer o que te dá vontade, mas eu tenho
que suportar suas amantes ao meu lado. — disse friamente
— E não posso protestar quando riem de mim.
— Resolverei isso. Juro-te que não rirão mais de ti. E
solucionarei também o de minha mãe. Não tem que
preocupar-se mais com elas, prometo-lhe isso.
Ela suspirou pois não dizia as palavras que queria ouvir.
Beijou-a no pescoço e seguiu descendo por seu ombro
afastando seu vestido. Maisey se apartou levantando-se
agilmente e afastando-se dele. Olhou-lhe furiosa— Não vou
deixar que me toque até que veja que não me trata como uma
escrava.

145
Minha Princesa Viking – Sophie Saint Rose

Roald cerrou os olhos— Isso significa que não me


perdoaste?— levantou-se de repente e a agarrou no braço— É
minha esposa!
— Isso está por ver. — disse tentando soltar-se.
Agarrou-a pelo cabelo e jogou sua cabeça para trás
beijando-a com paixão. Maisey tentou resistir, mas quando
com a mão livre lhe acariciou um peito por cima do vestido,
gemeu em sua boca sem poder evitá-lo. Roald a agarrou pelos
quadris apertando-a a seu corpo e ela pôde sentir sua
excitação. Subiu as mãos a seu pescoço e o abraçou
enquanto Roald a subia até sua altura colando-a nele. Sem
abandonar sua boca, tirou-a do cais para deitá-la sobre a
erva e com pressa lhe subiu o vestido para levar as mãos na
sua calça. Empurrou as calças para baixo e como não podia
tirar-lhe totalmente a deitou de lado colocando-se atrás dela.
Ela gemeu sentindo como entrava nela e levou uma mão
atrás cravando suas unhas em seu traseiro, enquanto ele a
investia com força fazendo-a gritar de prazer. Roald a
abraçou a seu peito enquanto a beijava no pescoço sem
deixar de entrar nela com um ritmo rápido que a deixou sem
fôlego. De repente a percorreu um intenso prazer que
acreditou que a mataria, enquanto Roald a apertava a ele
com força.
Separou-se lentamente e a vestiu como a uma menina
enquanto Maisey tentava recuperar-se. Acariciou seu ventre e
a abraçou sentando-a sobre suas pernas— É minha esposa.
— sussurrou beijando seus lábios com delicadeza— E o será
até o dia de sua morte.

146
Minha Princesa Viking – Sophie Saint Rose

Maisey abriu os olhos olhando sua cara. A barba


começava a crescer obscurecendo sua mandíbula e seus
olhos verdes tinham ligeiras olheiras sob os olhos. Acariciou
sua bochecha sem dar-se conta até chegar a sua cabeleira
negra que colheu com ambas as mãos com força— Se eu te
vir com outra mulher, corto isso que tem entre as pernas!
Roald sorriu acariciando seu traseiro— Está com
ciúmes?
Ela se aproximou pra beijar seus lábios e mordeu com
força seu lábio inferior fazendo-o afastar-se— Isso é para
lembrar o que pode te acontecer.
Roald tirando sua língua limpou o sangue e ela olhando
seus lábios, aproximou-se pra beijar sua ferida e acariciá-la
com sua língua. Beijaram-se apaixonadamente até que ela se
afastou para olhar seus olhos— Agora termina essa casa de
uma maldita vez para poder discutirmos a vontade.
Roald riu acariciando seu peito e voltou a beijá-la antes
de levantá-la levando-a com ele. Assim a levou até a casa
deixando-a na porta— Come algo. Ontem quase não comeu
nada. — beijou-a delicadamente antes de voltar-se e agarrar
um machado que havia sobre um toco.
Sorriu virando-se e entrou na casa.
Ao entrar as pessoas estavam levantando-se e as
mulheres começavam a fazer o café da manhã. Aproximou-se
e perguntou— Posso ajudar?
Lala a olhou surpresa e Maisey se endireitou— Sim,
claro. Traz o leite.
Maisey sorriu e perguntou— E onde está?

147
Minha Princesa Viking – Sophie Saint Rose

Lala sorriu levando a mão ao quadril— Na vaca,


princesa.
Arregalou os olhos e depois gargalhou — Nunca
ordenhei uma vaca.
A mulher sorriu –Pois não percamos tempo. —
acompanhou-a e agarrou um balde. Saíram da casa e
desceram a colina até um grande abrigo. Assombrada viu que
estava cheio de vacas. Lala agarrou um pequeno tamborete e
se aproximou de uma delas deixando o balde sob as úberes
— Sente-se.
Ela o fez decidida e Lala se agachou a seu lado— Agarra
as tetas e tira.
Maisey o fez com delicadeza, mas não saiu nada. Lala
pôs-se a rir— Princesa, de cima a baixo e não lhe faz mal.
Voltou-o a tentar e saiu um jorro. Contente por aprender
algo, voltou a fazê-lo e Lala assentiu— Muito bem. Quando
terminar leva o balde pra casa.
— Sim, Lala. — disse distraída cuidando de não atirar o
leite fora do balde.
A mulher a olhou e sorriu saindo do estábulo. Quando
encheu o balde, olhou o resto das vacas e encolheu os
ombros agarrando a asa para levá-lo a casa. Estava entrando
no salão carregada com o balde quando se encontrou com as
gêmeas. Deixaram-na passar, mas uma delas deu-lhe uma
rasteira atirando-a ao chão e esparramando o leite por todo o
chão.
— Ingrid, Silje!— gritou Lala com um pau na mão—
Venham aqui!

148
Minha Princesa Viking – Sophie Saint Rose

As gêmeas perderam o sorriso— Não fizemos nada!


— Venham aqui!
As gêmeas se aproximaram enquanto Maisey se
ajoelhava no chão olhando seu vestido furiosa. Gemeu ao ver
o leite sobre o chão. Tavie se aproximou dela e a ajudou a
levantar-se. Ao ver seu olhar de fúria lhe sussurrou — Não o
faça.
Lala estava dando uma reprimenda nas gêmeas, que por
suas caras entrava em um ouvido e saía pelo outro.
— Já chega. — disse entre dentes— Essas duas vão
entender agora.
Aproximou-se delas por detrás e as agarrou pelas
tranças puxando-as. Gritaram levando suas mãos à base de
seu cabelo enquanto Maisey as tirava da casa.
— Maisey!— gritou Lala— Vão te dar uma surra!
— Valerá a pena!— gritou atirando elas pela porta.
Ao sair fora as empurrou puxando seus cabelos em
círculo e elas cairam uma sobre a outra— Bem quem é a
primeira?— Uma ficou de joelhos e se levantou rapidamente –
Vamos. — disse sorrindo— Não é o que querem? Vem me
destroçar a cara.
Lançou-se a ela, mas Maisey se esquivou dando uma
joelhada no estômago. Sujeitando o ventre, caiu de joelhos
gemendo. A outra se atirou sobre ela pelas costas, lhe
agarrando o cabelo e Maisey se deixou cair de costas sobre
ela. Ouviu o gemido atrás dela e deu-lhe uma cotovelada de
lado, deixando-a sem fôlego.

149
Minha Princesa Viking – Sophie Saint Rose

— Maisey!— gritou seu marido que chegava correndo


com seus homens atrás.
— Em seguida estou contigo. — disse quando a outra a
agarrou pela perna tentando separa-la da irmã. Liberou a
perna e lhe deu um chute na cara.
Seu pai se aproximou por outro lado— Filha, outra vez?
— Não se dão por vencidas, pai. — disse antes de
morder uma no braço e de lhe dar uma cotovelada na cara.
Quando soltou o cabelo da outra gêmea esta caiu sentada ao
chão, Maisey olhou para baixo enquanto Roald chegava a seu
lado.
— Mulher…— disse seu marido.
— Já terminei. — disse fazendo-se de inocente enquanto
as gêmeas gemiam no chão.
— O que te havia dito, Maisey?— gritou seu marido.
— Derramaram o meu leite!
Roald olhou a seu pai sem entender e este encolheu os
ombros. Mostrou seu vestido e os dois entrecerraram os
olhos. –Ingrid…
Uma delas levantou o olhar enquanto tampava o nariz—
Não é verdade. Tropeçou sozinha.
— Isso é mentira. — disse Lala com várias mulheres
detrás da porta — Eu vi. Fizeram-na cair.
Roald se endireitou e se aproximou das gêmeas—
Fizeram guerra contra minha esposa?— sua voz indicava que
não estava para brincadeiras — Então a deixarei fazer com
vocês o que lhe dê vontade.

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Minha Princesa Viking – Sophie Saint Rose

As gêmeas arregalaram os olhos assustadas — Deveria


as vender, Roald. — disse seu pai — Não haverá paz em sua
casa com as três juntas.
Roald apertou os lábios as olhando. Voltou-se para sua
esposa que sorria angelicalmente— Não parará verdade?
— Farão elas?
— Venda-me elas, Roald— disse Thorbert as olhando
com desejo.
— Negociemos. — disse seu marido fazendo que quase
chiasse de alegria. Olhou triunfante às gêmeas e seu pai a
agarrou pelos ombros antes de lhe dizer ao ouvido— Filha,
deve-me uma.
— Feito.
Os homens entraram na casa e viram as mulheres
limpando o leite do chão. Roald apertou os lábios e Maisey
agarrou o cubo — Lala, agora vou pegar mais.
— Não há pressa, princesa. — disse a mulher do lar.
Tashia a observou da mesa e Maisey franziu o cenho ao
ver seu ódio no olhar. Decidiu ignorá-la e voltou para o
estábulo com Tavie detrás que sorria abertamente. Ao chegar
ali, ensinou Tavie a ordenhar. Pensava lhe ensinar tudo o que
pudesse. E assim que fora maior, escolheria um bom homem
com a que casá-la.
Quando voltaram, deram o leite a Lala que o jogou em
uma enorme panela. Jogou mel e uns cereais triturados.
— Em seguida tomaremos o café da manhã. Por que não
vai trocar de vestido?

151
Minha Princesa Viking – Sophie Saint Rose

Ruborizou-se olhando o rasgo de sua manga— Não


tenho outro.
— Unnea, vem aqui!
Uma garota da idade de Maisey se aproximou a toda
pressa— Busque um vestido à princesa e roupa interior para
que se tire essas horrorosas calças. E algo para que prenda o
cabelo.
A garota se afastou e Maisey disse –Obrigada.
Lala a olhou sorrindo— Sinto muito por ontem.
— Sinto ter te atirado no chão.
— Mentirosa.
Maisey pôs-se a rir atraindo os olhares dos homens
sentados à mesa. Roald a olhou fixamente e piscou pra ela
com um olho. A mulher voltou com um montão de roupa na
mão. Inclusive trouxe uma capa para cobrir-se agora que
começava a fazer frio.
— Obrigado Unnea.
A garota sorriu abaixando a cabeça. Agarrou-lhe a roupa
e se aproximou de seu marido com ela na mão. Disse-lhe ao
ouvido— Quero me banhar.
— Falaremos logo. — disse seu marido levantando-se de
repente deixando-os ainda falando.
Agarrou-a pela cintura fazendo-a rir por sua pressa.
Levou-a a um lugar do rio que estava resguardado e a ajudou
a despir-se entre risadas e beijos apaixonados. Ele fez amor
com ela no rio com paixão e inclusive a ajudou a vestir-se
com a roupa nova.

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Minha Princesa Viking – Sophie Saint Rose

— Está preciosa. — disse-lhe lhe colocando a capa de


cor azul. Seu cabelo estava molhado e ela passou seus dedos
por ele para desenredá-lo.
— Deve-me um pente.
— Darei-lhe isso agora mesmo. — disse agarrando sua
mão e levando-a para as casas.
— Seriamente?
Foram até uma pequena cabana. Mas bem parecia um
pequeno abrigo. Roald abriu a porta e entrou no interior— O
que tem aí?
— São as riquezas que acumulei. — disse ele de dentro
da cabana.
— E as tem aqui? –estava tão surpreendida que não
sabia o que dizer. Abriu a porta e viu ele procurando algo
dentro. Havia peças de ouro e prata. Arma com pedras
preciosas incrustadas e inclusive havia um cofre finamente
trabalhado — Roald… — sussurrou admirada.
— Meu clã não as pegaria, são minhas. — disse
aproximando-se sorrindo com algo na mão. Levantou o pente
e ela gemeu de alegria. Era de ouro e na base tinha umas
pedras vermelhas muito bonitas— Você gosta?
— É belo! — disse emocionada ao bordo das lágrimas.
— Ei, ei — levantou o queixo dela preocupado— Por que
chora?
— Nunca me deram nada tão lindo. — sussurrou
desviando o olhar envergonhado.
Roald sorriu e se afastou abrindo o cofre— Então isto te
vai encantar.

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Minha Princesa Viking – Sophie Saint Rose

— O quê?
— Me dê a mão. — disse escondendo algo em seu
punho.
Ela abriu a mão impaciente com a palma para cima e
Roald a girou pondo um anel em seu dedo indicador. Maisey
ofegou com os olhos arregalados. Era o anel de um rei! Nunca
tinha visto nada igual. Uma pedra verde rodeada de ouro e
um fino aro com símbolos gravados.
— É precioso. — disse admirada. Olhou pra seu
marido— Mas não posso usá-lo
— Por quê?
— Roald, é muito valioso. Não posso pôr isso para
limpar ou ordenhar as vacas.
Roald fechou o punho de sua mão mostrando o anel—
Não tirará esse anel nunca, ouve-me?
— Mas…
— Me diga que não o tirará nunca. — sussurrou ele
olhando-a nos olhos.
— Não o tirarei nunca.
Beijou-a apaixonadamente encostando-a nele e quando
se separaram ela gemeu— Termina a maldita casa.
Os dias seguintes não foram agradáveis. Entre Roald e
ela começava a brotar uma cumplicidade que a Maisey fazia
sentir-se segura e sua relação com seu pai ia cada vez melhor
pois passavam horas conversando. Tashia não se aproximava
dela, o que era um alívio. Evitavam-se mutuamente. Também
evitava o irmão de Roald pois o tinha visto observá-la com um

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Minha Princesa Viking – Sophie Saint Rose

olhar luxurioso do qual não gostava nada. A relação com as


mulheres cada vez ia melhor e Maisey estava contente.
Um dia estavam no exterior da casa, pois embora fazia
muito frio, ainda podiam desfrutar do sol. Estava ensinando
Tavie a lutar com faca e um pau e Lala as olhava enquanto
costurava um vestido.
— Muito bem, Tavie!— animou-a Lala ao executar um
ataque exatamente como Maisey lhe tinha ensinado— Cada
vez faz melhor!
Um assobio as fizeram virar e Roald lhe fez um gesto—
Vem, mulher!
— O que aconteceu?— perguntou Tavie.
— Terão terminado?
Ansiosa Maisey pôs-se a correr e Roald sorriu vendo-a
aproximar-se. Quando chegou a seu lado perguntou— O quê?
Segurou sua mão e a levou a outro lado da casa. Maisey
ficou assombrada pois a casa era enorme.— É a nossa?
Roald a olhou divertido— O que você acha?
Ela gritou como uma louca enquanto seu marido
punha-se a rir a gargalhadas. Maisey se lançou a ele
enchendo o de beijos.
— Ei e nós o que ganhamos?— perguntou Sorem
divertido— Temos feito o trabalho duro.
Maisey ia abraçá-los quando seu marido a agarrou pela
cintura atraindo-a pra ele— Nem sonhe!
Ela sorriu e piscou um olho aos homens que se estavam
rindo — Vamos, entra em casa.

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Minha Princesa Viking – Sophie Saint Rose

— Que emoção! — disse subindo os três degraus que


levavam ao alpendre. Abriu a porta e entrou com ele atrás.
Assombrada viu que era dez vezes maior do que a que tinha
na Escócia — Tem luz…— disse admirada ao ver a chaminé.
— Assim não passará frio no inverno. — disse
abraçando-a pelas costas e acariciando seu ventre— Está
grávida e as grávidas sentem mais frio.
Ela sorriu acariciando suas mãos — Como sabe que
estou grávida?
— A bruxa disse se lembra?
— Disse muitas tolices. — disse irônica. Olhou ao seu
redor e caminhou com ele atrás — E essa porta?
— É para Tavie e os meninos. — surpresa olhou para
trás— Se queria intimidade, não podiam dormir a nosso lado.
Sorriu como se lhe tivesse dado as estrelas e abriu a
porta. A habitação era grande— Quantos filhos acredita que
sou capaz de parir?
— Vinte?
Maisey gargalhou.— Está louco.
— Louco vai me chamar quando terminar a cama.
— Espero que seja grande. — disse voltando-se e
abraçando-o pela cintura.
— A maior que eu possa fazer. — beijou-a brandamente
nos lábios, Tavie apareceu na porta com a pele e o pente de
Maisey— Entre, Tavie. — disse ela com um sorriso. — Você
gosta de nossa nova casa?
— OH! É bonita. — disse olhando ao sua redor
admirada.

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Minha Princesa Viking – Sophie Saint Rose

Estiveram muito ocupadas pois várias pessoas da aldeia


lhes levaram móveis que ela foi colocando a seu gosto,
movendo-os de um lado a outro enquanto deixava louco
Roald e aos homens. Quando ficou satisfeita sorriu e disse –
Só faltam as camas.
Os homens gemeram e seu pai pôs-se a rir encantado —
Tenho algo para você— disse seu pai dando-lhe uma
palmada.
— Papai, não tinha por…— ficou com a boca aberta ao
ver um balde enorme— O que é isso?
— Uma banheira!— gritou Tavie— É uma banheira!
Puseram o balde em um canto e ela se aproximou
olhando-o atônita— E para que serve?
Todos riram e ela se corou por não saber algo que todos
sabiam — Não riam.
— É para banhar-se, Maisey. — disse Tavie encantada.
E abriu muito os olhos antes de dizer lentamente — Com
água quente.
— Água quente?
— E sabão. — disse seu pai lhe mostrando algo. Era um
pedaço de algo sólido da cor da cera.
Ela cheirou a parte e sorriu porque cheirava a limpo—
Vai adorar. — disse seu marido divertido.
Umas mulheres colocaram umas peles e ela disse— O
que fazem?
— São para vocês. — disse seu pai. — Assim estarão
mais confortáveis.

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Minha Princesa Viking – Sophie Saint Rose

Tudo aquilo era um sonho e ela se aproximou de seu pai


para lhe dar um abraço
— Obrigada.
— Pra você tudo o que desejar, filha. — disse antes de
lhe dar um beijo na cabeça.
Essa noite suspirou feliz contra o peito de seu marido e
deixando que o sonho a levasse dormiu abraçada a ele na
casa nova.
No dia seguinte decidiu recolher umas ervas para secar.
Assim teria preparadas caso fossem necessárias.
— Olhe, Tavie. — disse à menina que se converteu em
sua sombra— Esta planta é venenosa— disse destacando-lhe.
A reconhecerá por suas folhas largas. Não a toque. Sairá-te
umas feridas que durará vários dias e coça muito.
— Sim, Maisey.
— Também é boa para fazer alguém dormir para sempre
em uma infusão.
A menina arregalou os olhos— Pode matar?
— Na quantidade necessária sim. — disse piscando um
olho — Há várias plantas desse tipo que podem ser muito
daninhas em grande quantidade e na quantidade adequada
podem tirar a dor ou uma infecção.
— Ensinará-me essas coisas?
— Claro. Ensinarei-te tudo o que eu sei.
— Não tem medo que eu faça algo mau com o que me
ensinar?
Maisey se voltou para olhá-la nos olhos— Tavie, o que te
ensino é para te ajudar. Se quer fazer algo mau com esses

158
Minha Princesa Viking – Sophie Saint Rose

conhecimentos, não posso controlá-lo. Devo deixá-lo a sua


escolha e sua consciência.
— É muito confiante. — disse a menina agarrando uma
flor tardia.
Olhou-a surpreendida— Por que diz isso?
— Espera que lhe dêem o primeiro golpe antes de agir.
— Não deve agir antes porque pode se arrepender.
— Ainda sabendo que vão fazer algo mal? Que lhe farão
mal?
— Ainda assim. — respondeu com um sorriso
acariciando sua bochecha. Tavie a abraçou pela cintura— O
que você tem, pequena?
— Não nos querem aqui. — sussurrou –Vão nos fazer
mal.
— Mudarão de opinião. Temos que lhes dar uma
oportunidade.
Tavie afastou a cabeça para olhá-la nos olhos— A mãe
de Roald não nos quer. Cochicha quando nos vê e nos olha
com maldade.
Maisey estalou a língua— Não nos fará nada. Roald a
impediria.
— Ele não está todo o tempo. Não entendo o que fala,
mas sei quando alguém não é bom e essa mulher não é.
— Se Roald não estiver, eu sim estarei. — Tentou relaxá-
la— Agora vamos trabalhar.
Durante a excursão Maisey foi ensinando palavras no
idioma de seu marido. Palavras importantes como matar ou
adaga.

159
Minha Princesa Viking – Sophie Saint Rose

Voltavam para a casa quando ouviram os gritos— Tavie


sobe a essa árvore e não se mova. — sussurrou à menina.
— Não vá!— disse com medo.
— Tenho que ajudar. Faz o que te digo!
A menina assentiu e Maisey pôs-se a correr para a
aldeia. Em seguida viu o que ocorria. Vários homens a cavalo
estavam atacando a aldeia. Olhou ao seu redor e não viu seus
homens. Deviam ter ido caçar, tornando-os desprevenidos.
Aproximou-se pela lateral de uma choça rapidamente e
observou. Quatro homens a cavalo. Gemeu ao ver como
transpassavam um ancião com a espada. Malditos covardes!
Cerrou os olhos e viu que um morto atirado no chão a três
passos dela, tinha uma adaga na mão. Estava a meio
caminho do abrigo das armas onde poderia agarrar um arco.
Sugando ar saiu correndo.
— Ei!— gritou um deles.
Maisey se agachou pegando a adaga e viu pela
extremidade do olho que um deles se aproximava de cavalo.
Girou com a adaga na mão e a lançou acertando o atacante
no centro da garganta. Seguiu correndo enquanto o homem
montado a cavalo ia atrás dela parecendo que a seguia. Isso
não a preocupou pois estava morto. Entrou no abrigo e pegou
o arco enquanto o cavalo se detinha diante da porta. Colocou
a aljava nas costas e com uma flecha preparada, saiu pela
porta escondida pelo cavalo. Os homens estavam distraídos e
uma flecha atravessou a cabeça de um deles antes de que se
dessem conta. Os outros dois viraram com um grito de guerra
atacando contra ela e Maisey entrecerrou os olhos olhando os

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Minha Princesa Viking – Sophie Saint Rose

do primeiro inimigo que se aproximava rapidamente com a


espada na mão. A flecha o acertou entre os olhos e o segundo
atacante o viu cair notando o que acontecia. Ela sorriu
vendo-o aproximar-se e tirou outra flecha colocando-a no
arco.
— Está morta zorr…— a flecha o impactou no coração,
impulsionando-o fora do cavalo e caindo no chão de barriga
para cima exalando seu último fôlego.
Desconfianda de que não houvesse mais, apertou os
olhos com o arco em posição. Um grito sufocado em uma das
choças, fez com que ela se aproximasse sem deixar de olhar
ao seu redor. Subiu os degraus da casa lentamente e viu que
um homem enorme estava violando uma das mulheres.
Furiosa deixou o arco contra a porta e entrou agarrando uma
faca que havia sobre a mesa. Aproximou-se dele e lhe agarrou
pelo gordurento cabelo negro colocando a faca em sua
garganta. — Afaste-se lentamente.
O homem se deteve no ato e se ergueu lentamente —
Não se levante. — disse divertida. Ao baixar a vista viu quem
era a mulher e amaldiçoou baixo ao ver uma das mulheres
que tinham vindo com ela.
— Rose, se levante e pegue uma faca.
Maisey apertou a faca em sua garganta lhe cortando o
fôlego enquanto Rose se levantava choramingando— Então
você gosta de violar mulheres. — disse entre dentes fora de si
— Quando terminar contigo não poderá fazê-lo mais.
Tentou golpeá-la mas ela que esperava esquivou do
golpe e cortou um pouco sua garganta fazendo-o gritar.

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Minha Princesa Viking – Sophie Saint Rose

— Não deixarei você escapar, porco asqueroso! — Rose


se aproximou tremendo com uma faca enorme na mão—
Deixa de choramingar!— gritou ela furiosa. Rose assentiu
apertando a manga de couro — É teu para fazer o que quiser
com ele.
Rose semicerrou os olhos e aproximou dele— Se me
tocar, cadela… te mato. — disse o homem em seu idioma.
Rose se deteve assustada e Maisey a animou com a cabeça
antes de dizer— Caso volte a abrir a boca, será a última coisa
que dirá na vida.
Para sua surpresa Rose se ajoelhou diante dele e
agarrou seu membro. Olhando-o nos olhos o cortou com um
corte único fazendo-o gritar como um porco enquanto se
mexia levando as mãos pra a área atingida. Maisey sorriu
enquanto Rose se levantava jogando o membro na cara.
— Muito bem. –disse enquanto o homem chorava —
Hora de terminar.— disse antes de cortar o pescoço de um
lado a outro.
Quando o homem caiu de cara sobre o chão, Maisey
perguntou – Quantos eram?
— Não sei. Ouvi os gritos e…
Alguém entrou na casa e elas giraram com a faca na
mão. Era Lala que trazia vários mais detrás.
— Revistem a aldeia!— gritou ela saindo enquanto a
mulher a deixava passar. Agarrou o arco colocando-o nas
costas e se aproximou de um dos cavalos— Revistem todas as
casas! Não deixem nada sem examinar! Pode ter algum

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Minha Princesa Viking – Sophie Saint Rose

escondido. — subiu ao cavalo de seu inimigo e agarrou as


rédeas olhando a Lala — Vem de cima?
— Não, venho de recolher as armadilhas do rio. — disse
a mulher olhando para cima.
Maisey estalou a língua e saiu rapidamente para a casa
do Laird. Esperava que não tivessem chegado até ali. Não via
cavalos diante da casa, mas podiam estar escondidos para
agarrá-los despreparados. Quando chegou à porta desmontou
de um salto e escutou atentamente. Não se ouvia nada e a
porta estava aberta. Nunca deixavam a porta aberta. Olhou
para cima e entrecerrou os olhos vendo a palha. Não tinha
outra opção. Subiu pelos troncos da parede e chegou até o
telhado. Sem fazer ruído afastou a palha que estava
endurecida e conseguiu fazer um buraco pelo qual olhar.
Como suspeitava havia três homens dentro e tinham Tage
amarrado a cadeira do Jarl enquanto faziam várias
perguntas. Ficou sem fôlego ao ver um corpo no chão com o
cabelo preto. Mas ao ver sua roupa reconheceu Thorbert.
Várias mulheres estavam amontoadas na zona da cozinha.
Tinha que tirá-las da casa, assim desceu rapidamente pois
temia pela vida de Tage e abriu a porta totalmente
empurrando-a com um chute, escondendo-se colada a
parede.
— Hans, vai a ver o que está acontecendo!— ordenou
um.
Outro deles saiu com a espada na mão e ela revirou os
olhos antes de atravessá-lo com uma flecha no tronco de lado
a lado.

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Minha Princesa Viking – Sophie Saint Rose

— Hans!— gritou o de dentro vendo-o cair.


Ouviu que alguém corria e preparou outra flecha mas
esse não era tão estúpido e se deteve na porta. Só podia ver a
mão que empunhava a espada, assim apontou ali mas ele
voltou a entrar na casa. Maisey viu pelo canto do olho que
vários da aldeia começavam a se aproximar armados com o
que tinham encontrado e soube que esses homens já não
sairiam sem derramar sangue quando se sentissem
encurralados. Assim voltou a subir no telhado da casa e se
aproximou do buraco que tinha feito. Viu como um homem
agarrava a Tashia pelo cabelo colocando uma espada sob seu
pescoço. Não podia deixar que matassem à mãe de Roald,
assim olhou a chaminé. Seria capaz? Correu até ela atirando
o arco e a aljava. A chaminé era de pedra e nesse momento
estava apagada pois não tinham começado a fazer o jantar.
Meteu-se dentro segurando fortemente nas laterais com as
pernas quando escorregou. Esperando que não tivesse caindo
muito fuligem delatando-a, começou a baixar firmando nas
pedras. Seus dedos ficaram negros a medida que descia
apoiando as costas na parede e fazendo pressão com as
pernas.
— Ponha várias mulheres diante da porta, assim não
poderão passar!— gritou um deles. Maisey chegou embaixo e
tentou não fazer ruído quando pisou nos restos de madeira
do fogo mas uma das mulheres a viu olhando-a assombrada.
Voltou a olhar pra frente e deu um passo cobrindo-a. Maisey
passou com cuidado sob a comida e procurou uma arma.
Várias mulheres se uniram umas às outras gritando, pois um

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Minha Princesa Viking – Sophie Saint Rose

deles devia estar se aproximando e ela passou atrás de suas


costas agarrando uma faca da tábua onde cortavam a carne.
— Se joguem no chão. Agora! — sussurrou. As mulheres
fizeram de repente deixando-a ver seu inimigo que tinha um
machado na mão. A faca lhe acertou no olho fazendo-o cair
para trás. Maisey olhou ao homem que tinha a Tashia sujeita.
Era loiro e muito alto— Solta-a— disse passando sobre as
mulheres.
— E você, quem raios é?— perguntou olhando pra seu
companheiro.
Maisey se aproximou do corpo lentamente e agarrou a
faca tirando o olho de passagem. — Sou a que vai te estripar
caso não a solte. — sua voz arrepiava os cabelos e o homem
apertou a faca na garganta de sua sogra. A mulher a olhava
sabendo que ia morrer. O terror de seus olhos fez que Maisey
tivesse que desviar o olhar — Não sairá daqui se lhe fizer mal,
mas podemos negociar.
— Negociar! Não tenho nada que negociar com vocês,
cães traidores!— estava furioso e ela inclinou a cabeça
olhando-o bem.
— Por que nos chama de traidores?
Ele semicerrou os olhos — Você não é daqui.
— Proponho-te algo. Solta ela e me pega . — sua sogra
arregalou os olhos. Por isso ela não esperava — Sou mais
jovem e mais bonita.
O homem pôs-se a rir— Como você disse, não sairei
daqui vivo. Do que você me serve?
Maisey sorriu— Porque sou a filha do Harald.

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Minha Princesa Viking – Sophie Saint Rose

— Harald não tem filhas.


— Sim que é a filha do Harald. — disse sua sogra
rapidamente — Sua filha bastarda.
Levantou uma sobrancelha olhando a sua sogra que
desviou o olhar — Só sairá daqui comigo. Podemos fazê-lo a
minha maneira ou a minha maneira. Se matar Tashia,
matarei você. Mas se a soltar, comigo terá uma oportunidade.
Ele entrecerrou os olhos — Se aproxime.
Maisey em um ato de boa fé deu dois passos para ele. O
homem agarrou Tashia pelo braço e baixou um pouco a faca
— Jogue a faca.
— Pensa que sou tola? Não até que a afaste mais. —
disse ela olhando-o nos olhos.
Afastou-a um pouco mais colocando a espada nas
costas da Tashia que deu outro passo empurrada por ele e
Maisey deu outro passo ficando ao alcance do braço— Jogue
a faca.
Ela o fez e o homem sorriu. Ia esticar o braço livre para
agarrá-la quando um machado se cravou em suas costas. A
surpresa de sua expressão foi engraçada, enquanto Tashia se
afastava apressadamente.
Maisey se aproximou dele que tinha deixado cair a
espada e disse— Não tinha te apresentado ao meu marido.
Roald, se aproxime.
Seu marido estava atrás do homem ajoelhado — O que
estava fazendo, mulher?
— Não se apresenta?

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Minha Princesa Viking – Sophie Saint Rose

O homem caiu para trás pelo peso do machado e Roald


pôs os braços nos quadris— Que raios aconteceu aqui?—
gritou furioso olhando-a.
— Vá, morreu. — disse olhando sua cara. Sorriu
radiante enquanto seu marido a observava de cima abaixo.
— Está coberta de fuligem?
— Atacaram-nos e só pensa nisso?
— Não estava recolhendo ervas?
— Interromperam-me. — disse levantando o queixo.
— Se expôs ao perigo!
— E eu que esperava ouvir… obrigado por salvar a
minha mãe, Maisey. — disse com brincadeira.
— Eu salvei-a!
— Isso, filho.Foste você, não essa.
Maisey olhou à mãe de Roald— Obrigado, sogra.
A mulher estalou a língua ganhando vários olhares de
desprezo das mulheres. Roald olhou pra Tage preso na
cadeira— E você não diz nada?
— Alguém pode me soltar?
Maisey se aproximou de Thorbert e tentou virá-lo.
— O apunhalaram. — disse Tage preocupado.
Roald se aproximou e virou seu amigo. Estava
inconsciente e ela viu em seu ventre a punhalada. Olhou a
seu marido com pena.
— Sinto muito, Roald. — sussurrou.
— Chama a Wava!— gritou seu marido nervoso
passando uma mão pelo cabelo.

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Minha Princesa Viking – Sophie Saint Rose

— Estou aqui. — disse a bruxa entrando na casa do


Jarl.
Seu pai vinha atrás — Filha está bem?
— Sim pai, mas Thorbert não. E não sei se os feridos da
aldeia estão vivos.
Lala também entrou— Dois estão feridos. — disse
enquanto outros entravam na casa atrás dela — Outros dois
morreram.
— Coloque-os sobre a mesa!— ordenou o Jarl furioso.
Wava se aproximou de Thorbert e agachou a seu lado.
Sem tocá-lo olhou em seu rosto. Maisey se surpreendeu de
que não lhe olhasse a ferida, a não ser a face. Depois de uns
segundos olhou sua ferida e disse— Se salvará.
Levantou-se e foi até a mesa — Esses não. — e sem
mais saiu da casa.
— Mas como sabe?— perguntou assombrada.
Tage se aproximou de seu amigo ajoelhando-se a seu
lado— Não tenho nem ideia, mas me serve.
Maisey olhou a seu redor e saiu correndo— Tragam
água quente e umas ataduras! E que alguém vá procurar à
menina que está em cima de uma árvore com minhas ervas!
Lala lhe proporcionou o que necessitava e Maisey lavou
as mãos enquanto Tage apertava a ferida para deter a
hemorragia. Efetivamente os homens tombados na mesa
morreram em poucos minutos. Seu pai não fazia mais que
gritar enquanto Maisey se ajoelhava ao lado de Thorbert —
Levanta o pano para que vejamos a ferida. — Tage o fez e ela

168
Minha Princesa Viking – Sophie Saint Rose

com cuidado viu que não era tão profunda como pensava a
princípio— Volta a tampar. — disse ela olhando para a porta.
— Preciosa, sabe o que faz?
— Alguém pode fazê-lo melhor?— perguntou
esperançada.
— O que curava as feridas está sobre a mesa.
Maisey gemeu — Só vi minha mãe fazer uma vez e é
doloroso.
— Faça o que tenha que fazer. — Tage a olhava
seriamente.
O fogo já estava aceso, ela se levantou agarrando uma
espada do chão— Aplicarei fogo sobre a ferida para fechá-la.
Colocou a espada no fogo sob o atento olhar de meio clã
e mordeu o lábio inferior preocupada. Esperava que
funcionasse, porque se não já não saberia o que fazer.
Tavie chegou correndo com a Lala atrás sem fôlego.
Trazia a cesta e tinha os olhos vermelhos como se tivesse
chorado.
Quando a ponta da espada estava ao vermelho vivo a
tirou do fogo e olhou seu marido aos olhos— Segure-o bem.
Seu pai se agachou agarrando os braços de Thorbert
enquanto seu marido se sentava sobre suas pernas.
— Tage, tira as ataduras. — disse aproximando a ponta
das costas até seu estômago. Seu amigo o fez e ela deixou
cair a espada plaina sobre a ferida. Thorbert uivou de dor
abrindo os olhos antes de voltar a cair desacordado, quando
ela levantou a espada para ver a ferida. Sorriu porque tinha
funcionado.

169
Minha Princesa Viking – Sophie Saint Rose

— Bem feito, filha.


Deixou cair a espada ao chão olhando a ferida —
Preciosa está bem?
Maisey se sobressaltou e olhou pra seu marido que a
observava preocupado— Sim! Sim, estou bem. — voltou-se
para Tavie e disse que se aproximasse.
A menina o fez correndo levando a cesta na mão e
Maisey pegou as ervas que necessitava enquanto escutava
Roald perguntar
— Onde está Sorem?
— Na aldeia tentando descobrir o que queriam. Sua
esposa não deixou um vivo. — disse um dos homens.
Maisey começou a amassar as ervas e respirou fundo
— Está bem?— perguntou Lala.
Sua mão tremia enquanto espremia as ervas no morteiro
— Continue você— disse afastando-se— E ponham um
cataplasma com elas no ferimento de Thorbert. — estava
ficando sem fôlego e olhou pra seu marido — Roald?
Ele não a escutou enquanto falava com seus homens e
Maisey colocou as mãos em seus joelhos tentando respirar—
Maisey!— gritou Tavie assustada.
— Não passa nada. — sussurrou olhando pra o chão.
Uns braços a agarraram e viu Roald que a subia em seus
braços— Me leve ao rio.
Roald saiu a toda pressa com a Lala e Tavie atrás muito
preocupadas. Ao ver que respirava com mais dificuldade
começou a correr para o cais.
— Me atire à água. — disse sentindo muito calor.

170
Minha Princesa Viking – Sophie Saint Rose

Ele o fez sem duvidar atirando-se atrás dela. O impacto


da água gelada a fez gritar e imediatamente se sentiu muito
melhor. Roald a agarrou nos braços e a abraçou a ele.
— Não sei o que tenho.
— Agora já sei o que tenho que fazer— disse antes de
beijá-la mansamente nos lábios.
— Isto me assusta.
— E enfrentar a homens dispostos a te matar, não?—
olharam-se nos olhos e ele a abraçou com força— Ocorre
quando se irrita.
— Não tinha me acontecido até chegar aqui.
Lala os observava do cais — Tira-a Roald, não é bom
que esteja a essa temperatura. O menino.
Maisey elevou uma sobrancelha e Roald riu alto. — Será
isso?
— Não sei, mas no caso…— A tirou do rio e Tavie estava
ali com uma pele para cobri-la.
— Preciosa, vai pra casa e que Tavie te prepare um
banho.
— Não necessito um banho.
— Acredite, sim o precisa— disse seu marido divertido.
Surpreendida olhou Tavie que assentiu.

171
Minha Princesa Viking – Sophie Saint Rose

Capítulo 9

Ele a acompanhou até chegar ao alto da colina e depois


entrou na casa de seu pai enquanto elas deram a volta pra
sua casa — Que tarde!
— Está melhor?
— Foi só entrar na água e recuperei o fôlego.
— Agora te prepararei um banho. Assim estreará a
banheira. — Tavie sorriu animada lhe dando as costas para
entrar — Não posso acreditar que ainda não a tenha
estreado.
Maisey deu de ombros quando alguém lhe tampou a
boca arrastando-a para trás enquanto Tavie seguia falando. A
menina não se deu conta de que ela não tinha entrado e o
braço que lhe segurava tinha preso seus braços na pele que a
cobria. Desceram-na pela colina pela parte de trás e entraram
no bosque. Maisey esperneava tentando soltar– A agarraste?
— Agora estão confiantes depois de matá-los. — ela
tentou olhar quem falava— Esta puta matou meu irmão. —
aqueles covardes tinham visto morrer os seus e não tinham

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Minha Princesa Viking – Sophie Saint Rose

feito nada por ajudá-los— Harald pagará por ela tudo o que
tem.
Então entendeu que a estavam sequestrando esperando
um resgate. Iria esfolá-los vivos. Viraram-na de repente sem
soltar sua boca e pôde vê-los. Eram dois velhos! Tinham-na
sequestrado dois velhos! Não podia acreditar. Deviam ter
cinquenta anos e suas barbas chegavam na metade de suas
barrigas, cobertas com umas camisas tão sujas, que se as
tirassem ficavam de pé. E um desses era irmão de algum que
tinha matado?
— Coloque-a em cima do cavalo! Não perca mais tempo!
Um deles agarrou uma corda e a rodeou com ela
amarrando-a fortemente. Ela tentou separar os braços do
tronco para que as cordas não estivessem tão apertadas, mas
ao atar o nó quase a deixam sem fôlego, o muito besta.
Felizmente as mãos deixaram livres, embora junto aos seus
quadris de pouco lhe serviam. Começou a escutar os gritos de
Tavie e um desses idiotas a agarrou pela cintura e a subiu a
um cavalo embora esperneasse, soltando sua boca. Maisey
gritou com força e sentada sobre o cavalo, chutou um na cara
que caiu para trás.
Escutou como corriam os seus gritando seu nome e ela
voltou a gritar pedindo ajuda. O que estava a seu lado tentou
subir atrás dela, mas Maisey açoitou o cavalo que saiu
rapidamente. Ela, que não podia segurar-se ao cavalo, caiu a
poucos metros batendo sua cabeça em uma pedra ao cair e
ficando sem sentidos enquanto escutava como seu clã
chegava até ela atacando contra os velhos.

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Minha Princesa Viking – Sophie Saint Rose

Despertou gemendo pois a cabeça a matava de dor— Já


está acordada. — sussurrou alguém a seu lado.
Tentou abrir os olhos, mas a luz a incomodava. O calor
lhe indicou que estava deitada perto do fogo e tentou voltar a
abrir os olhos para ver uma mulher que não conhecia de
lugar algum a seu lado.
— Quem é você?
— Sou Tyree. — a mulher lhe sorriu e por trás dela
apareceu um dos homens que a tinha sequestrado.
Sobressaltada tentou levantar-se mas seguia amarrada. — E
ele é meu marido, Raynor. Levaste um bom golpe na cabeça.
— O que faço aqui?
— Meu marido vai pedir um resgate por ti e depois te
soltará.
— Causaste-me muitas dificuldades... — disse alisando
sua asquerosa barba— Harald terá que pagar.
— Pensei que o tinham pego, porco pulgoso.
Raynor pôs-se a rir— Escapei antes que chegassem em
mim. E te encontrei uns metros mais à frente. Pensei-me
subir ao cavalo e ao final me decidi, embora estivessem a
ponto de me apanhar.
— Parabéns, agora todo meu povo te vai procurar até te
destroçar. — olhou à mulher— me Solte.
Raynor deixou cair sua mão sobre o ombro de sua
esposa que se levantou rapidamente negando com a cabeça
— Assim que chegue, meu Jarl me protegerá.

174
Minha Princesa Viking – Sophie Saint Rose

Maisey entendeu que estava dentro de outro clã e isso a


assustou, embora tentou não demonstrá-lo. Se seu clã o
ajudava, seria difícil escapar.
— Quem é seu Jarl?
Raynor sorriu com malícia— Rutger.
Maisey conhecia esse nome. Era o mesmo que lhe havia
dito Roald ao descer do navio para procurar as ervas pra
Tavie durante a viagem. Fechou os olhos tentando
concentrar-se pois a dor de cabeça era terrível.
— Esperará pra pedir o resgate até que Rutger chegue?
— Acredita que sou estúpido?— Maisey preferia não
responder essa pergunta— Esperarei o respaldo de meu clã,
mas desde já te digo que embora paguem, você está morta
por ter matado a meu irmão.
Maisey sorriu deitando-se outra vez porque sabia que
não lhe faria nada até que chegasse seu chefe.— Ria, puta.
Está morta.
— Raynor quer algo de comer?— perguntou sua mulher
amavelmente. Um bebê chorou, mas Maisey não abriu os
olhos.
— Atende a seu filho. — disse o velho — Comerei mais
tarde.
Disse a si mesma que devia dormir pois necessitaria
todas suas forças quando Rutger chegasse. Abrigada e junto
ao fogo, dormiu minutos depois.
O pranto de um bebê a despertou novamente e abriu
lentamente os olhos. A dor de cabeça agora era um leve

175
Minha Princesa Viking – Sophie Saint Rose

incomôdo e olhou a seu redor vendo a porta da casa aberta.


Era de dia.
— Está acordada?
Sentou-se como pôde e viu a mulher— Se chama Tyree
verdade?
A mulher estava trocando o menino em cima da mesa—
Sim e você?
— Meu nome é Maisey. — olhou a seu redor e viu uma
garotinha de uns cinco anos sentada no chão — E seu
marido? — foi a ver se tinha chegado o Jarl. — a olhou de
esguelha— Tem fome?
— Sim. — sussurrou vendo uma faca sobre a mesa.
— Não tente escapar. Não sabe onde está.
Isso era certo, mas não podia ficar ali. Chegar a sua
casa não seria difícil, seguiria o rio até chegar a sua gente.
— E onde estou?
— Muito esperta. Nossa cabana está no centro da aldeia.
Veriam-lhe vinte pessoas antes de que chegasse aos
subúrbios. — aproximou-se do fogo depois de deixar ao
menino sobre a cama e agarrou uma concha. Serviu um
guisado e a olhou -Eu terei que lhe dar isso.
— Por que não me solta?— o sorriso malicioso de Maisey
a fez rir.
Pegou uma cadeira e se sentou na frente dela— Me
conte algo de ti.
Maisey abriu a boca enquanto Tyree colocava com
cuidado a colher em sua boca. Depois de tragar perguntou—
O que quer saber?

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Minha Princesa Viking – Sophie Saint Rose

— Está casada?
— Acabo de me casar.
— Meu marido disse que é filha do Harald.
Estiveram falando um momento enquanto lhe dava de
comer. Tyree era muito agradável, não podia imaginar porque
estava casada com esse velho.
— Casaram-me com ele quando era uma menina. Tinha
quatorze anos. — olhou-a com assombro — Quando me casei
com ele era um homem atraente. Isso já faz muitos anos.
— Mas tem filhos pequenos.
— Desgraçadamente ainda sou jovem para os ter e meu
marido é muito fogoso. Os maiores já não vivem em casa.
— Quantos tem?
— Doze.
Maisey deixou cair o queixo fazendo-a rir — Não são
tantos.
Ela negou com a cabeça— Eu não terei doze filhos.
— Terá os que lhe enviem os Deuses. — disse
levantando-se e deixando a concha sobre a mesa. Voltou-se
com a mão em sua grossa cintura — Vou dar um conselho,
Maisey.
— Me diga.
— Não contrarie o Rutger. — olhou-a com seus olhos
castanhos preocupada. Odiará você só por ser filha do Harald
e quando souber que mataste alguns de seus homens,
quererá te dar uma lição diante de todos. E será cruel.
— Por que me ajuda?

177
Minha Princesa Viking – Sophie Saint Rose

— Porque vi seus olhos e não é má pessoa. Havia dito a


meu marido que tentar te roubar era uma loucura e fizeram
sem o consentimento de meu Jarl. Não podia voltar com as
mãos vazias e por isso se empenhou em te trazer com ele.
Agora entendia seu empenho. Não podia apresentar-se
ante seu chefe dizendo que seus homens tinham morrido por
nada. Ela era um troféu.
Ouviram passos no alpendre e as duas se voltaram.
Raynor entrou na casa e Maisey pôde comprovar que estava
preocupado. Também se deu conta que trocou de camisa.
— O que ocorre, marido?
— Não voltam antes de uma semana pelo menos. —
disse deixando cair na cadeira que até faz uns minutos Tyree
ocupava. Olhou pra Maisey— Não poderei protegê-la tanto
tempo. Muitos já sabem que está aqui e querem vingança
pela morte dos seus.
— Diga-lhes que Rutger decidirá. Que esperaremos para
ouvir o que diz sobre ela.
Raynor olhou pra sua esposa— Vários homens
morreram e só têm a ela para vingarem-se. Se não a proteger
até que chegue o Jarl, estou morto.
Tyree empalideceu agarrando a seu filho de em cima da
cama — O que vamos fazer?
— Temos que escondê-la até que chegue Rutger. — disse
olhando-a com ódio— Só me dá problemas.
— Deveria ter me deixado com os meus. — disse
levantando o queixo — Ou me solte. Voltarei pra minha
gente.

178
Minha Princesa Viking – Sophie Saint Rose

— Nem pensar. Os teus terão que pagar por você.


— Não seja idiota. Entrarão na casa para me pegar
quando menos esperar por isso e se me acontecer algo, meu
povo arrasará a aldeia.
Tyree arregalou os olhos— Não está mentindo, não é?
— Não me perguntou quem é meu marido.
— Quem é?— o medo em sua voz a fez sorrir.
— Roald o grande. — respondeu com orgulho.
Tyree empalideceu assim como a Raynor que se
levantou de repente— Não pode ser, não está casado.
— Temos pouco tempo de casados. Meu pai e meu
marido quererão vingança. E se lhes conheço um pouco, já
vêm a caminho. — pressionou-lhes ela— Se me soltar antes
que se derrame mais sangue.
— Não posso!— gritou o velho furioso— Como vou dizer
a meu Jarl…
— Como vai dizer pra ele que arrasaram a aldeia por sua
idiotice?— disse olhando-o nos olhos.
— Tira a daqui, Raynor. — disse sua esposa morta de
medo— Matarão a todos.
— Se já estão a caminho não há nada a fazer. — disse
alisando sua grisalha barba.
— Me dê um cavalo e lhes interceptarei. Juro que os
deterei e não haverá represálias.
— Dirão que sou um traidor se te ajudar.
— Pensa em seus filhos!— gritou ela— Quer vê-los
mortos? Meus homens não deixarão pedra sobre pedra.
— Tira a da aldeia. Leva-a…

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Minha Princesa Viking – Sophie Saint Rose

Ouviram-se passos no alpendre e olharam para lá. Uma


anciã entrou na casa como se fosse sua— É ela?
— Sim, Yarmilla…— sussurrou Tyree nervosa.
A anciã tinha as costas curvada e seu comprido cabelo
grisalho estava recolhido em duas enormes tranças sobre sua
cabeça. Aproximou-se apoiada em um cajado, olhando-a com
seus claros olhos azuis rodeados de rugas. — Levê-a pra
minha casa. Ali não entrará ninguém.
Suspiraram de alívio— Está segura, Yarmilla?
— Ninguém violará a entrada da mãe do Jarl, pelo que
lhes tem em conta. Começam a falar de queimá-la viva e até
que meu filho não chegue, não deixarei que ocorra nada.
Raynor a agarrou pelo braço rapidamente e a aproximou
da porta— Seu pai virá procurá-la.
— Não, se pensarem que ela pode morrer. — a anciã
sorriu aproximando-se dela e com sua mão livre lhe agarrou
uma mecha de cabelo que ainda tinha restos de fuligem —
Pagarão o resgate. É muito valiosa para eles.
— E não sabe quem é seu marido.
— Com quem casaria o Jarl a sua filha a não ser com
seu filho predileto?— disse a anciã divertida deixando-os
atônitos. Maisey se deu conta que era muito esperta. Seria
difícil convencê-la para que a deixasse livre — Mova-se!
Várias mulheres estão esquentando os ânimos de seus
familiares para piorar as coisas.
Raynor a empurrou pra fora da casa e ela se voltou para
Tyree.— Obrigada por tudo.

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Minha Princesa Viking – Sophie Saint Rose

Tyree sorriu fracamente em resposta, enquanto


acariciava as costas de seu filho vendo-a afastar-se. Duas
mulheres ficaram olhando o que acontecia uma lhe cuspiu no
rosto. Raynor atirou de seu braço quando a olhou com ódio,
levando-lhe com ele.
Ao olhar a seu redor viu que a aldeia era maior que a
sua, mas havia menos jovens. Provavelmente os outros
tinham ido com o Jarl. Seu captor a levou ao limite da aldeia
pra uma casa exatamente igual as demais. Colocou-a dentro
aos puxões e a empurrou no chão ao lado do fogão apagado.
Dissimulou um tremor ao ver uma mesa com duas cadeiras,
uma cama e um arca. Era tudo o que havia na cabana e
pensou que a anciã era realmente austera. Nem adornos,
nem objetos pessoais que pudessem ver-se a uma simples
olhada. De fato qualquer um pensaria que ali não vivia
ninguém.
Raynor saiu fechando a porta deixando-a na penumbra,
pois só passava a luz pela fresta da porta. Tinha que aliviar-
se e ninguém se preocupou com isso. Tampouco tinham se
preocupado se podia levantar-se. Sorriu de orelha a orelha.
Apoiando-se na parede encostou seus joelhos ao peito e se
arrastou pela parede para cima. Desceu as calças e fez xixi no
chão. Suspirou de alívio olhando a seu redor enquanto subia
as calças. Rapidamente procurou pela casa algo para cortar
as cordas, , mas não viu uma só faca. Virou e viu a mesa.
Aproximou-se de um dos cantos olhando as cordas, tinha que
conseguir baixar a que tinha sobre o peito até a cintura para
afrouxar a corda. Dobrou-se sobre a mesa com a cara

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Minha Princesa Viking – Sophie Saint Rose

encostada na superfície e com cuidado colocou os cantos


entre a pele e a corda. Empurrou com força e gemeu quando
a mesa se deslocou sem mover a corda. Então empurrou a
mesa até a parede em frente para que não se movesse e
voltou a empurrar. Gemeu, pois a corda ao passar sobre seus
seios machucou, , mas depois de vários puxões conseguiu
que baixasse até sua cintura. A corda se afrouxou
imediatamente e se mexendo afastou a pele e tirou primeiro
um braço e depois o outro. Procurou o nó, , mas estava tão
duro que não era capaz de desatá-lo. Deixou cair a pele no
chão e abandonando a corda em sua cintura foi até a porta.
Não escutava nada, , mas não podia confiar-se. Maisey se
voltou para a arca com o cenho franzido e correu até ali
abrindo-o para ver o que podia encontrar. Um vestido e umas
jóias, mas nenhuma arma. Já não podia esperar mais pois
não sabia quando a velha iria vê-la, assim agarrou a pele e
cobriu o cabelo abrindo a porta lentamente. Rodeou a casa e
se surpreendeu bastante por não encontrar ninguém ou que
não a vigiassem. A casa estava situada em um extremo da
aldeia, por isso entrou no bosque sem correr como se fosse do
povo.
Assim que pôde pôs-se a correr. Levantou a vista e pela
posição do sol deduziu que era meio-dia. Seguiu correndo
tentando encontrar o rio e suspirou de alívio por ouvir a água
correr. Quando o viu, fixou-se no curso e se deu conta que
estava na margem correta, assim começou a correr corrente
acima. Quando começou a escurecer estava esgotada. Não
sabia quanto demoraria para chegar, pois recordava que

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Minha Princesa Viking – Sophie Saint Rose

tinham chegado de navio quase dois dias depois de atirar o


menino na água. Exausta e sem comer, olhou a seu redor
procurando alimento. Encontrou umas amoras e bebeu água
do rio. Estava lavando as mãos pois o suco das amoras as
tinham deixado vermelhas quando escutou algo. Alerta se
levantou lentamente e voltou a ouvir. Era um rangido e olhou
corrente acima. O rangido se repetia a cada certos segundos e
Maisey entrecerrou os olhos tentando ver na escuridão.
Cobriu o cabelo escondendo-se depois em uma grande árvore
escutando o ruído que se aproximava. Então abriu os olhos
como pratos quando um navio passou ante ela. Nem podia
imaginar se que era um navio, pois o silêncio era absoluto.
Seria o do Roald? Nervosa tentou ver na escuridão algo que
pudesse reconhecer do navio, mas todos os que tinha visto
eram muito parecidos e a vela não estava estendida para ver
o desenho. Mordeu o lábio inferior pensando em se arriscar.
Antes de que se desse conta gritou— Roald!
Não escutou nada. Parecia um navio fantasma que se
afastava para frustração de Maisey. Um assobio a fez
sobressaltar-se. — Roald!
Outro assobio e viu como o navio acendia uma luz.
Aliviada viu que alguém segurava uma tocha e ficou sem
fôlego ao ver seu marido olhando ao seu redor. Pôs-se a
correr para ele e Roald a viu aproximar-se. Seu marido se
atirou à água assim que a viu e chegou à borda muito rápido.
Quando saiu, abraçou-a fortemente a ele— Está bem?
— Sim. — sussurrou antes de que a beijasse — Vamos,
estarão me procurando.

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Minha Princesa Viking – Sophie Saint Rose

O navio se estava aproximando da borda quando


escutaram um ruído e arregalou os olhos.
— Roald, é uma armadilha!— gritou empurrando seu
marido pra água.
Vários homens saíram do bosque fortemente armados
com gritos de guerra e um deles a segurou pela cintura antes
que ela pudesse atirar-se ao rio. Roald gritou furioso.
— Foge!— gritou ela fora de si enquanto se revolvia—
Foge, Roald!
Seu marido sabendo que não podia fazer nada, nadou a
toda pressa até o navio. Duas mãos o subiram esquivando
uma flecha que acertou no casco.
— O deixem em paz!— gritou ela chutando no joelho a
seu captor.
— Pagará o que pedirmos!— gritou um deles antes de
disparar outra flecha, enquanto que o que a agarrava com
força apertou mais sua cintura tirando seu fôlego.
— Se lhe fizerem mal, matarei todos vocês!— gritou seu
marido na escuridão da noite — Cortarei suas cabeças e as
porei sobre uma lança!
— Eu gosto de sua esposa. — disse alguém — Pode ser
que fique com ela.
— Rutger, te vou esfolar! Caso a toque…
Uma risada arrepiou seus cabelos e virou o olhar para
tentar ver o tal Rutger.
— Primeiro a mostrarei ao Galt. Pode que goste.
— Malditos bastardos!— a voz se afastava e Maisey
quase chorou pela frustração de sua voz. Não podiam

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Minha Princesa Viking – Sophie Saint Rose

arriscar-se a um confronto se por acaso fazessem mal a ela.


Maisey o entendia. Era um suicídio brigar nesse momento.
Quando já não escutaram nada, alguém disse—
Voltemos. Pode ser que ataquem a aldeia enquanto não
estamos lá.
Prenderam seus pulsos diante do estômago e um
homem que estava na frente dela as amarrou com uma
corda.
— Acreditou que era muito esperta, não é verdade?—
perguntou a voz. Ela voltou o olhar, mas só via o contorno de
um corpo — Não somos tão idiotas para deixar uma presa
com a porta aberta.
— Ah não? Pois eu tinha a impressão que sim que foram
idiotas e era sua maneira habitual de agir.
Uma mão a agarrou no cabelo puxando para trás — Não
sei o que vê Roald em você.
Ela mordeu a língua pois sabia que tinha um aspecto
horrível, embora não acreditasse que esse homem visse muito
pois era noite fechada e quase não havia lua.
— Faste, você se encarregará dela. Se acontecer algo
com ela, corto sua garganta de lado a lado.
— Sim, Rutger.
Enquanto a subiam em um cavalo se deu conta de quão
idiota tinha sido. Tudo tinha sido uma farsa. Rutger estava
na aldeia quando chegou e tinham tramado para que os
levasse a Roald e agarrá-los a todos desprevenidos. O tal
Faste se sentou atrás dela agarrando as rédeas.

185
Minha Princesa Viking – Sophie Saint Rose

— Não faça tolices. Embora não o demonstre, Rutger


está furioso. — disse-lhe ao ouvido — É capaz de te matar só
para chatear ao Roald por não havê-lo apanhado.
Irritada afastou a cabeça — Tem caráter. — continuou
divertido— Necessitará ter temperamento para superar os
próximos dias.
Iniciaram a volta à aldeia e gemeu quando se deu conta
que através do campo se chegava em apenas umas horas.
Uma tocha que levava um dos homens do povo lhe mostrou
as caras dos homens que a rodeavam. O homem da tocha,
aproximou-se do homem que ia diante, do que só podia ver
suas musculosas costas e a cor de seu cabelo que era
castanho. Era forte e desceu do cavalo de um salto. Suas
tranças caíram por suas costas mostrando uma mais larga
que as demais, que levava um adorno de metal ao final.
Semicerrou os olhos olhando o adorno que chegava quase ao
final de suas costas e prendeu o fôlego ao dar-se conta que
era a mesma pedra vermelha com o mesmo desenho que ela
levava em seu braço. Como esse homem tinha algo assim?
Olhou ao seu redor ainda um pouco surpreendida
quando Faste a desceu do cavalo. Rutger se voltou e ela
perdeu o fôlego ao ver a cara de um homem muito bonito. Era
muito mais atraente que Roald e isso era dizer muito. Sua
beleza deixava sem fôlego.
— Levê-a à cela!— gritou furioso.
Ainda em sua fúria era tão bonito que devia deixar
deprimidas todas as mulheres com as quais falava. Tinha os

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Minha Princesa Viking – Sophie Saint Rose

olhos claros e seu nariz reto lhe dava personalidade, mas seu
queixo dizia dele que era todo um homem.
Faste puxou Maisey, mas ela se remexeu.— Deve me
soltar!
Rutger centrou o olhar nela e tirou uma larga adaga de
sua bota. Aproximou-se lentamente enquanto o homem da
tocha lhe seguia, lhe dando luz. Quando chegou diante dela
entrecerrou os olhos e a agarrou pelo queixo levantando seu
rosto.
— Não volte a falar até que eu lhe diga isso, puta. —
disse entre dentes furioso.
— Deve me soltar ou haverá derramamento de sangue.
— Como o que você derramou?— gritou-lhe no rosto.
— Atacaram minha aldeia! O que eu devia fazer? Ficar
de braços cruzados enquanto matavam aos meus?—
respondeu-lhe do mesmo modo.
Os murmúrios ao seu redor disse que tinha cometido
um erro, mas não daria um passo atrás. A adaga foi parar
sob seu queixo— Deveria atravessar essa asquerosa cara
para terminar de uma vez.
Ela sorriu surpreendendo-o— Se me machucar, está
morto. Todos morrerão antes de cinco dias.
Empurrou-a atirando-a de costas no chão — Levê-a à
cela. –disse virando-se.
— Desafio-te.
Rutger se voltou lentamente e a olhou de cima. De
repente gargalhou alto e outros o imitaram— Esta louca,
mulher? Não duraria nem um suspiro contra mim.

187
Minha Princesa Viking – Sophie Saint Rose

— Não é um covarde verdade?


As risadas pararam de repente e ele apertou os olhos—
Está pedindo que te mate com cada palavra.
Maisey sorriu ironicamente sentando-se no chão— Crê
que é muito valente empurrando uma mulher com as mãos
amarradas, mas por que não me solta e me dá uma adaga?
Rutger olhou divertido a seu redor— O que me dizem?
— Será divertido ver como você corta a cara dessa puta,
Rutger. — disse um deles— Nos dê esse prazer. Devolva-lhe
ao Roald desfigurada para que seja ainda mais feia.
Os homens puseram-se a rir enquanto Rutger pôs os
braços nos quadris observando-a — Será divertido. Para que
veja que sou justo, darei-te uma adaga e eu lutarei com as
mãos vazias. — os homens riam alto e ela que não era idiota
não ia desperdiçar essa vantagem — Inclusive te darei jantar
e poderá descansar em uma cama quente para que amanhã
tenha todas as forças necessárias.
— Tem o coração mole, Rutger. — disse um antes de
seguir rindo.
— Tenho vontade de me divertir.
— Igual a mim. — acrescentou ela fazendo-os rir mais
forte.
— Faste, que não lhe falte de nada e chama à
curandeira porque amanhã ao amanhecer ela vai precisar. —
disse divertido virando-se –Não se preocupe, não te matarei.
— E se eu te matar?
Rutger se voltou e levantou uma sobrancelha— Se você
me matar, meus homens se comprometem a te deixar livre.

188
Minha Princesa Viking – Sophie Saint Rose

— Jura?
— Juro.
Maisey parou de sorrir vendo-o afastar-se, sabendo que
não tinha outra opção que não fosse matar esse homem tão
bonito. Era uma pena.
Faste a agarrou no braço— Está louca, mulher?—
perguntou-lhe em um sussurro— Vai te partir pela metade.
— Isso veremos. –disse entre dentes.
Seu captor a olhou com admiração— Não estranho que
Roald te queira de volta. Esperemos que Rutger não veja o
mesmo que ele.
— OH, verá. É obvio que verá.
Meteu-a em uma casa e espantada viu Tyree que a
olhava com arrependimento.
— Lhe dê tudo que necessitar. Ordens do Rutger. E não
a solte. Deixarei quatro homens fora. — disse mais para
Maisey que para ela.
Quando as deixaram sozinhas se olharam e Tyree
sussurrou— Não me deixaram outra opção.
— Não se preocupe. Agora tenho que descansar para
estar bem amanhã.
— Pode dormir na cama. — ofereceu-lhe ela — Meu
marido não virá esta noite. Está de guarda.
— Não posso tirar sua cama.
— Quer se lavar? Posso trazer água quente para que o
faça e te limpe um pouco.
— Tenho tão mau aspecto?

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Minha Princesa Viking – Sophie Saint Rose

Tyree fez uma careta — Tem as conchas dos olhos


negras e manchas por toda a pele. Não quero falar de seu
cabelo.
Então se deu conta que surpreender Rutger seria um
ponto a seu favor, assim sorriu — Agradeço se puder fazer
isso...
Tyree iniciou e esquentou água no fogão enquanto a
ajudava a despir-se — Pode me soltar. Juro que até amanhã
não me moverei daqui.
Tyree a olhou nos olhos— Jura?
— Nunca faltei com minha palavra, pois é unicamente o
que tenho. Não vou começar agora.
A mulher sorriu e desamarrou suas cordas. Tirou o
vestido que Lala lhe tinha dado e a roupa de baixo. Desceu as
calças depois de tirar suas botas e Tyree a olhou com a boca
aberta— Por todos os Deuses.
— O quê?
A mulher se ruborizou— Nada. — disse indo para a
água— Me parece que quando estiver arrumada vai ser uma
surpresa.
Ela sorriu olhando as costas da mulher.Tyree aproximou
com um balde de água e um pedaço de sabão — Como se
usa?
— Esfrega-o. — disse lhe dando um pano— Sairá
espuma e com isso se limpa. Depois enxagua. Quando
terminar, lavarei seu cabelo.

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Minha Princesa Viking – Sophie Saint Rose

Quando esfregou o sabão viu surpreendida como saía


uma espuma branca. O aroma era muito agradável. — por
que cheira assim?
— Tem mel. É bom para a pele quando envelhece.
Esfregou-se o corpo com ela e depois se enxaguou. O
que mais lhe custou limpar foi o rosto pois suas orelhas
estavam negras. Quando terminou vestiu uma camisola de
Tyree e se sentou de costas ao fogo enquanto a mulher lhe
lavava o cabelo com sabão— Tem um cabelo precioso. —
sussurrou a mulher.
— Para que serve? — disse indiferente.
— Muitas mulheres matariam por ter esse cabelo e seu
rosto. Amanhã muitos vão se surpreender.
— Isso espero. Tenho que voltar para casa. — disse
entre dentes — Acabo de chegar e acontece isto. É injusto.
— O que é isso que tem no braço?— assombrada Tyree o
pegou –Por todos os Deuses é o bracelete da Yarmilla.
— De quem?
— A mãe do Rutger. — disse com medo.
— A velha?
— Como o conseguiste?
Entrecerrou os olhos levantando sua cabeça do balde—
Meu pai o deu de presente pra minha mãe.
— Por todos os Deuses e como ele o conseguiu?—
espantada deu um passo pra atrás.
— Como você o conhece?
— Pelo adorno de Rutger. O pôs quando tinha cinco
anos. — Maisey escorreu o cabelo enquanto Tyree parecia que

191
Minha Princesa Viking – Sophie Saint Rose

tinha visto um fantasma— O adorno antes era outro


bracelete.
— Eram gêmeos?
— Sim, mas o do Rutger se rompeu e Yarmilla colocou
em seu cabelo quando o outro desapareceu.
Maisey não entendia nada— E como meu pai o
conseguiu?
— Isso é o estranho— sussurrou nervosa— Um dia ele já
não estava.
— O daria Yarmilla a meu pai?
— Quando seu marido, o antigo Jarl, perguntou-lhe o
que tinha sido dele, Yarmilla disse que tinha desaparecido e
que não o encontrava. Ela os levava um em cada braço
quando Rutger ainda não tinha nascido.
— Então um desapareceu e o outro se rompeu.
— O Jarl se enfureceu com ela dizendo que tinha sido
descuidada e lhe deu uma surra da qual não pôde mais
endireitar as costas. Depois nasceu o menino e um dia
Rutger jogando com ele, quebrou-o. Seu pai não disse nada
quando isso aconteceu.
Harald era mais jovem que essa mulher, assim não
tinham sido amantes. Seu pai poderia ter escolhido entre
mulheres muito mais jovens e belas. Arrependeu-se de não
lhe haver mostrado o bracelete a seu pai e que ele lhe
contasse a história. Perguntaria assim que o visse
novamente.
— Cubra-o. Que ninguém o veja –disse com medo.

192
Minha Princesa Viking – Sophie Saint Rose

Escovou-se o cabelo diante do fogo e quando terminou


brilhava como o sol.
— Come. Está faminta. — disse colocando sopa sobre a
mesa — Continuo pensando no bracelete e não consigo uma
explicação pra o que pode ter acontecido.
— Meu pai o encontou em algum lugar e o deu de
presente pra minha mãe. — disse indiferente sabendo que era
impossível que isso tivesse passado.
Tyree assentiu sorrindo— Claro, deve ser isso. Você de
toda maneira não o mostre a ninguém. Para evitar problemas.
Quando terminou de comer Tyree lhe indicou a cama—
Agora dorme. Amanhã vai ser um dia comprido.
— Obrigada. Dormirá comigo? Há espaço de sobra.
Quando se preparou para dormir depois de vigiar o sono
de seus filhos, deitou-se a seu lado. Esgotadas dormiram em
seguida.

193
Minha Princesa Viking – Sophie Saint Rose

Capítulo 10

O pranto do bebê as despertou e Tyree se levantou da


cama— Está amanhecendo. Tem fome— sussurrou ela.
Maisey alerta se levantou a toda pressa pois não queria
que a pegassem desprevenidas. Vestiu as calças e o vestido
enquanto Tyree a olhava sombrada.
— Por que se levantou?
Ela não sabia nada da briga e sorriu— Tenho que me
preparar. Virão me buscar em seguida.
Prendeu o cabelo em uma larga trança que amarrou
com uma corda. Olhou seu vestido. Não podia levantar as
pernas como queria com ele, assim disse pra Tyree.
— Me dê uma faca.
— Para que?— aproximou-se dela com o menino em
braços.
— Para cortar o vestido.
A mulher estendeu a faca e ela o abriu dos quadris até
embaixo. — Por todos os Deuses o que faz?

194
Minha Princesa Viking – Sophie Saint Rose

— Assim não posso lutar cômoda. — respondeu


cortando-o horizontalmente para tirar o resto.
— Lutar?
A porta se abriu de repente surpreendendo Tyree e na
porta estava Faste que a olhou com desconfiança ao vê-la
com a faca na mão.
— Solta isso.
Ela ignorando-o cortou o vestido por trás deixando ver
as pernas cobertas com as calças de couro. O vestido só lhe
cobria o traseiro. Ao levantar o olhar, deu-se conta que Faste
a olhava assombrado e não pelas calças.
— Por todos os raios!— exclamou olhando seu rosto.
Maisey deu um passo para ele deixando a faca sobre a
mesa — Surpreso viking?
Assentiu deixando-a passar e ao sair viu quatro homens
que estavam meio dormindo. Aborrecidos olhavam a seu
redor até que ela desceu um degrau. A surpresa de seus
rostos quase a fez rir— Onde está seu Jarl? Arrependeu-se?
— Fecha a boca. — disse um deles reagindo e
agarrando-a pelo braço. Levaram-na até onde os homens
esperavam rindo. Rutger estava de costas pra ela e quando
seus homens a olharam perdendo a risada, ele se voltou
divertido. A cara de surpresa do Jarl foi tão evidente que
Maisey sorriu radiante. Era o que esperava. Ao menos o tinha
confundido.
— Quem é essa?— perguntou Rutger atônito.
— A filha do Harald, meu Jarl. — disse Faste confuso—
Não queria que lhe trouxesse ela?

195
Minha Princesa Viking – Sophie Saint Rose

Rutger se aproximou olhando-a de cima abaixo. Desde


sua preciosa cara até suas contornadas pantorrilhas— Não
pode ser, se ontem era uma bruxa!
Maisey levantou uma de suas finas sobrancelhas — Não
sabe falar com uma dama, Jarl. Acaso acreditava que meu
marido tinha mau gosto?
Os homens puseram-se a rir e Rutger se voltou furioso
cortando imediatamente — Vamos ao grão.
— Que grão?— perguntou fazendo-a graciosa— Está
perto esse grão?
Rutger entrecerrou os olhos. Queria enfurecê-lo. Deixá-
lo em ridículo — Vou destroçar esse rosto bonito.
— Agora sou bonita? Não se decide Jarl! Não era uma
bruxa?— os homens riram e Rutger se endireitou. Maisey o
olhou com desprezo de cima abaixo— Entretanto você é mais
feio ao chegar o dia. Que coisas mais curiosas acontecem na
escuridão. — Tinha certeza que nunca em sua vida alguém
lhe disse que era feio. Tinha-lhe manchado o orgulho. Deu-se
conta em seguida e sorriu radiante cortando o fôlego.
Furioso a agarrou pelo cabelo soltando sua trança —
Vamos lutar?
— Claro— disse ela perto de sua boca — Estou
desejando isso. Assim poderei me mandar daqui.
Rutger olhou sua boca e a soltou de repente provocando
que seu comprido cabelo a rodeasse. Era um espetáculo
digno de ver.
— Onde está minha adaga?— perguntou divertida
afastando o cabelo. Segurou o cabelo sobre seu ombro e

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Minha Princesa Viking – Sophie Saint Rose

pegou a corda amarrando-o na altura da nuca enquanto


Rutger tirava sua adaga de sua bota— Muito apropriado, que
eu o mate com sua própria adaga. — disse divertida
estendendo a mão.
— Levantou muito contente.
— É que logo poderei fazer amor com meu marido. —
disse com voz sensual fazendo que Rutger entrecerrasse seus
olhos. Estava segura do que fazia. Queria que a desejasse. Se
conseguisse, pensaria antes de ferí-la.
— Isso não vai acontecer. — disse ele colocando a adaga
sobre sua palma.
Ela sorriu irônica ― OH, claro que sim. Meu Roald é
muito homem. Muito mais que você e assim que me vir, me
levará pra cama.
O insulto tinha sido grave e Rutger ficou vermelho de
fúria — Comecemos.
Maisey piscou um olho pra ele ficando em guarda.
Lambeu os lábios e ele a olhou atônito sem perceber que ela
iniciava o ataque cortando seu braço na altura do cotovelo.
Os homens ofegaram ao ver o sangue emanar da ferida , mas
o mais surpreso era o próprio Rutger, que grunhiu olhando-a
com ódio.
— Não me olhe assim. — disse ela fazendo charme—
Não é culpa minha que não esteja atento.
Ele se jogou contra ela querendo pegá-la pelo braço, mas
Maisey fez um giro lhe cortando a coxa. Rutger não se deu
nem conta enquanto Maisey lhe chutava o interior do joelho
antes que girasse. Saltou para trás seguindo o conselho de

197
Minha Princesa Viking – Sophie Saint Rose

seu marido. Tinha que ser muito rápida, pois ele era muito
forte e com um só golpe a deixaria estirada no chão. Rutger
perdeu o equilíbrio sem chegar a cair enquanto os homens os
observavam assombrados.
— É uma valkiria! — sussurrou um.
— Cale a boca!— gritou Rutger furioso apontando pra
ele com o dedo.
Ela sorriu— É como meu marido. Não aceita perder.
— Vou tirar esse sorriso de sua boca.
— Viu?
Ele se atirou sobre ela, mas Maisey se lançou para trás
dando uma cambalhota e lhe golpeando no queixo com força.
Quando voltou para sua posição o olhou, Rutger cambaleava
para trás enquanto os homens murmuravam olhando-a com
admiração.
— Vamos bonito, não diga que não pode com uma
mulher. — disse divertida.
Maisey caminhou a seu redor e parecia que ele estava a
ponto de cair , mas ela não acreditou e assim quando a
atacou estava preparada. Abriu os olhos surpreso quando
sua adaga se cravou em seu lado e ela se afastou
rapidamente girando-se sobre si mesmo e golpeando-o com o
cabo da adaga na têmpora. Caiu tão largo como era no chão
de barriga para cima, enquanto os homens se aproximavam
assombrados. Não o tinha matado porque não quis e todos
sabiam disso. Endireitou-se dando as costas ao Jarl e os
olhou um a um. Faste e Raynor não saíam de seu espanto.
— Agora cumprirão a palavra de seu Jarl?

198
Minha Princesa Viking – Sophie Saint Rose

Os homens assentiram enquanto dois se ajoelhavam ao


lado de seu chefe olhando suas feridas — Por todos os
Deuses, matou-o!
Ela se voltou de repente olhando seu corpo— Não o
matei.
Aproximou-se rapidamente empurrando a um que
estava ao lado e se aproximou de seu peito.
— Está vivo, imbecil!— disse furiosa – Atende seu Jarl!
Viu como o levantaram entre os quatro e se aproximou
de Faste— Têm curandeira verdade?
— Sim, mas não é muito boa. — disse preocupado.
— A ferida do lado é superficial! Só tem que fechá-la!—
não queria que morresse, pois o rancor entre as aldeias
cresceria e não queria ser responsável por isso. Vários
cavalos se aproximaram rapidamente e ela olhou assombrada
aos seis homens.
— Foge, é Galt!
— Quem é Galt?
— O Jarl vizinho. — disse empurrando-a pelo ventre
colocando-se na frente dela.
Um homem da idade de seu pai com aspecto feroz,
aproximava-se a toda velocidade seguido de seus homens.
— Não posso ir até saber se Rutger esta bem!
— Não é problema seu.
— Claro que sim!
Galt viu o Rutger inconsciente e deteve seu cavalo – Que
raios passou?

199
Minha Princesa Viking – Sophie Saint Rose

Um dos homens do Rutger que estava junto ao grupo


contou e Galt a olhou entrecerrando os olhos fazendo Faste
gemer.
— Agora não poderá ir. Não te deixará. Ele não deu sua
palavra.
Maisey se endireitou com a adaga ensangüentada na
mão— Isso é o que veremos.
Os homens levaram Rutger, enquanto que Galt sorrindo
sob sua barba, aproximou-se montado a seu cavalo.
— Então você o desafiou. — disse olhando-a de cima
abaixo — É valente. — estirou tanto as costas que pensou
que as ia quebrar— E formosa.— olhou-a com desejo— Tão
formosa que nubla o sol.
Ela levantou uma sobrancelha fazendo-o rir
gargalhando. Era estranho que alguém que aparentava ser
tão feroz fosse tão lisonjeiro. Não acreditava nele. Esse
homem queria algo.
— Agora se me desculpa, vou ver como está o perdedor.
— disse ela como se fosse uma rainha. Galt a olhou afastar-
se com admiração.
— Como te chama, preciosa?
Ela se voltou— Maisey, esposa do Roald e filha do
Harald.
O olhar do Galt se gelou em um instante— Não, você
não é esposa do Roald. Você será minha esposa.
Essas palavras gelaram seu sangue e ignorando-o deu-
lhe as costas. Sua risada pôs seus cabelos em pé e disse a si
mesma que tinha que sair dali antes de meter-se em mais

200
Minha Princesa Viking – Sophie Saint Rose

confusões. Correu até a cabana onde tinham metido o Rutger


e uma mulher lhe estava atendendo. Quando viu como
pinçava em sua ferida gritou com ela.
— Pare!— todos ficaram em silêncio voltando-se para
ela.
A anciã Yarmilla estava chorando acariciando o cabelo
de seu filho e Maisey empurrou à curandeira de repente
fazendo ofegar os que estavam ao redor.
— Deixa-o viver, viking. — disse a mãe do Rutger— Te
suplico isso.
— Deixa de chorar! Suas lágrimas não lhe servem de
nada!— olhou à curandeira e a apontou com a adaga— O que
está fazendo?
Assustada deu um passo atrás— Não sei a que te refere.
— Estava ferindo-o de propósito e quero saber porque.
A mulher olhou a seu redor procurando ajuda, mas
todos a observavam sem mover um dedo. Maisey deu um
passo para ela e a mulher empalideceu— Não sei o que tenho
que fazer— disse tremendo— Não me ensinaram o que fazer.
Olhou-a assombrada— Acaso não é a curandeira?
— É sua filha, Maisey. — disse Faste atrás dela — A
curandeira morreu faz dois anos. Mas se supunha que sua
mãe tivesse te ensinado tudo.
A mulher negou e olhou Faste com rancor— Dizia que
não tinha o dom!
Maisey levantou os braços pedindo ajuda a seus Deuses.
Aquilo era incrível. Suspirou olhando pra Rutger — Acendem
o fogo!— gritou furiosa — E tragam ataduras!

201
Minha Princesa Viking – Sophie Saint Rose

Enquanto realizava o mesmo processo que fez em


Thorbert, Rutger não moveu um cabelo e isso a preocupou. E
se não despertava nunca mais? Yarmilla ao ver que a ferida
tinha deixado de sangrar pôs-se a chorar do alívio. Maisey ao
passar a seu lado grunhiu –Chora muito, mulher.
Yarmilla a olhou assombrada e de repente sorriu.
Maisey viu algo nela que arrepiou os cabelos e a agarrou pelo
pescoço surpreendendo-os a todos.
— O que está fazendo?— estava assustada , mas,
Maisey não podia deixar de olhar sua cara. Assombrada viu
seus olhos. Os mesmos que os de seu pai. Iguais aos dela
mesma. — De que cor era seu cabelo?
Ninguém a tocou enquanto olhava à mulher que
entrecerrou os olhos — Foi loira?
— Sim era. –disse outra anciã — Tão loira como você.
— Por todos os Deuses!— gritou fora de si— É minha
avó verdade?
A anciã empalideceu e negou com a cabeça. Maisey
olhou à anciã que tinha falado e que agora a olhava de outro
modo— Me pareço com ela?
— Você é muito mais bonita. — disse a anciã sem
duvidar um segundo— Ela era bela, mas não tinha
comparação contigo.
Voltou a olhar à anciã— É a mãe do Harald?—
perguntou entre dentes.
Negou com a cabeça desviando o olhar e Maisey não
soube se estava mentindo— Então como explica isto? rasgou
a manga do vestido mostrando o bracelete. A anciã abriu os

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Minha Princesa Viking – Sophie Saint Rose

olhos como pratos e cambaleou para trás enquanto que a


outra velha a olhou com rancor.
— Foi infiel a meu irmão?
— Não! Foi antes de me casar com ele!— gritou
histérica— Minha mãe ficou com o menino e quando me
comprometi, o pai do Rutger me deu de presente os
braceletes, que eram deles, em sinal de compromisso. Mas
minha mãe não tinha nada e depois de uns anos dei um pra
ela para que o trocasse pelo que necessitasse!
Todos olhavam a Yarmilla assombrados. — Então sim,
sou sua neta. — olhou Rutger sem sair de seu assombro— E
ele é meu tio!— disse-o com tal incredulidade que Faste
sorriu.
— Tem que reconhecer que tem seu sangue.
— Mas briga muito pior. — disse fazendo-os rir.
Maisey olhou a sua avó e suspirou pois se sentou em
uma cadeira a chorar— O que aconteceu a Harald?
— Minha mãe o deu de presente quando tinha três anos.
Não soube nunca o que tinha passado com ele. Olhou-a
assombrada— Harald é meu filho!— de repente sorriu—
Tenho dois filhos Jarl.
Maisey revirou os olhos. — Vocês verão quando ele
souber. Caiu do céu uma filha e uma mãe pra ele em poucos
dias. — então se deu conta que seu pai tinha dado pra sua
mãe seu bem mais prezado. O bracelete que levava desde
pequeno.

203
Minha Princesa Viking – Sophie Saint Rose

Cobriu-se o braço e fez uma careta ao ver o estrago que


tinha feito com seu vestido — Bom… — disse
desconfortável— eu vou.
Sua avó se levantou tão ágil que a surpreendeu e
agarrando-a pelo braço disse— Não pode ir… Acaba de
chegar!
Ruborizou-se ligeiramente – É que meu marido estará
preocupado e meu pai…
Ouviram-se vozes no exterior e Maisey ficou alerta. Saiu
correndo quase arrastando a sua avó e afastou um homem da
porta para olhar pra fora. A metade de seu clã estava ali
montado a cavalo fortemente armados. Os gritos de seu
marido dizendo que queria vê-la poderiam derrubar a aldeia.
Maisey sorriu descendo os degraus rapidamente. Roald a viu
chegar e desceu do cavalo enquanto Tage e Sorem moveram
seus cavalos deixando-o no meio. Maisey gritou de alegria
correndo para ele e Roald sorriu enquanto sua mulher se
atirava sobre ele abraçando-o.
— O que fazem aqui? Estava a ponto de voltar.
Ele a beijou nos lábios e vários homens ficaram em
guarda levantando suas espadas— Sobe ao cavalo, preciosa.
— disse ele afastando-a.
Maisey olhou sobre seu ombro e viu os homens do Galt
dispostos a brigar— O que está acontecendo?
Galt deu um passo adiante com o machado na mão— Te
disse que não é mais sua esposa.
— E? Não me importo com o que você diz!

204
Minha Princesa Viking – Sophie Saint Rose

Os homens do Rutger também levantaram suas armas


deixando-a atônita— Não podem me fazer nada!
— Não lhe faremos nada, mas a eles…— disse Raynor.
— Não pode ir. — disse Faste deixando-a atônita —
Agora é nosso Jarl.
Essas palavras a deixaram petrificada.
— Que fez pequena?
— Não tenho nem ideia, pai.
— Desafiou ao Rutger.
Seu pai riu gargalhadas e Roald revirou os olhos — Não
me diga isso, ganhaste.
O olhou indignada— Claro que ganhei!
Tage sorriu abertamente.— Não esperava menos,
Maisey.
— Será minha esposa. — disse Galt fazendo que os
homens do Rutger se voltassem para ele.
— Silêncio!— gritou Yarmilla do alpendre olhando pra
seu filho.
— Pai… me esqueci de te dizer algo…
— O que, filha?
Yarmilla baixou os degraus olhando a seu filho e
estendeu os braços— meu Filho…
Seu pai a olhou como se estivesse louca e depois olhou a
sua filha.
— Veja, ela foi quem lhe deu isto. — Harald assombrado
viu seu bracelete e desceu do cavalo fazendo que seus
homens lhe rodeassem.

205
Minha Princesa Viking – Sophie Saint Rose

Acariciou-lhe o braço— Já não me lembrava dele. —


sussurrou emocionado.
— Imaginei isso. Mas é que…. — olhou a sua avó que
estava impaciente— o bracelete era dela. Da avó.
Roald ficou com a boca aberta olhando à velha. Seu pai
olhou a Yarmilla como se visse um fantasma— O que diz,
filha? Minha mãe morreu faz anos!
Maisey o olhou confusa— De onde tiraste o bracelete?
— Minha mãe me deu isso.
— E de onde ela o tirou?
— E eu o que sei!— seu pai começava a zangar-se.
— Maisey por que pensa que é sua avó?— perguntou
seu marido cruzando os braços.
— Porque teve um filho que sua mãe deu de presente e o
bracelete era dele!— não queria falar de seus olhos porque a
chamariam louca — Meu tio tem outro parecido pendurado
no cabelo.
Roald abriu bem os olhos— Aí que eu o tinha visto!
Roald olhou à anciã que emocionada deu um passo para
o Harald. Seu pai se esticou— Não se aproxime, velha.
— Não a chame assim. — protestou ela.
— Essa mulher não é minha mãe!
— Preciosa, sobe ao cavalo. Vamos.
— Um momento! Nossa Jarl não vai a nenhum lugar.
Ela se voltou para o Faste – Não sou sua Jarl!
— Claro que é.
— Então não quero sê-lo. — aproximou-se de seu
marido que a agarrou pela cintura.

206
Minha Princesa Viking – Sophie Saint Rose

— Solta-a Roald, ela é minha.


As palavras de Galt foram a gota que encheram a
paciência de seu marido— Matem todos!!
— Não!— gritou ela afastando-se de Roald que a olhou
como se quizesse matá-la por lhe contradizer — Não
percebem? Todos somos família!
— Está louca, são nossos inimigos!
— Vocês podem ir, mas ela fica. — disse Faste.
Ela olhou pra todos com os olhos entrecerrados— Muito
bem. Quem ganhar, decidirá.
— O que quer dizer?— perguntou Roald furioso— Você
vem pra casa comigo. E fará o que eu te disser!
Cruzou os braços — Eles dizem que sou a nova Jarl.
Não vai me obrigar.
Roald arregalou os olhos — Verá que vou te obrigar.
Deu dois passos para ela e uma flecha caiu diante de
seus pés detendo-o.
— Olá?
Todos se voltaram e Maisey abriu os olhos como pratos
ao ver Sakeri montado em um asno.
— Meu amor, ao fim te encontrei!— gritou eufórico
descendo de seus arreios.
Roald ficou assombrado
— Vou matá-lo. — disse entre dentes.
— O que faz aqui?— perguntou sem poder evitar sorrir.
— Vim te buscar. Disse que o faria. Seus pais estão
aqui? — olhou ao seu redor e Harald entrecerou os olhos
— Quem é este piolho?

207
Minha Princesa Viking – Sophie Saint Rose

Sakeri sorriu radiante — Sou o homem que vai casar- se


com ela.
Harald olhou pra sua filha levantando uma sobrancelha
e ela se ruborizou intensamente— Veja, pai…
— Você é seu pai?— aproximou-se correndo— Me
concederia sua mão? Ela me ama sabe?
— Ah, sim?
— Por todos os raios!— gritou Roald fora de si dando um
passo para ele e agarrando-o pela camisa — Juro pelos
Deuses….
— Roald!— gritou ela detendo-o— Deixa-o no chão.
Faste se gargalhava— Menina quantos pretendentes
tem?
— Não interessa, porque é minha. — disse Galt.
— Maisey, sobe no cavalo!— gritou Roald agarrando sua
espada do arreio do cavalo.
— O que ocorre aqui?— perguntou Sakeri confuso.
Olhou a ela e sorriu aproximando-se. Uma flecha caiu ante
seus pés detendo-o.
— Não se aproxime de nossa Jarl!
Sakeri escancarou os olhos— Não pode ser sua Jarl. É
uma mulher.
— Minha neta luta melhor que qualquer homem!—
gritou sua avó.
— Não é sua neta!— gritou seu pai.
— Olha-a bem. É igual a mim quando era jovem. —
disse a anciã levantando o queixo.

208
Minha Princesa Viking – Sophie Saint Rose

A cunhada de sua avó que também estava no alpendre,


assentiu— Agora que a vejo bem. Sim, são iguazinhas.
Maisey revirou os olhos antes de rir novamente
deixando-os todos atônitos — Agora todos me querem? Antes
ninguém me queria e agora todos me querem.
Roald entrecerrou os olhos — Isso não é certo, Maisey.
— Claro que sim!— voltou-se para seu pai e lhe
apontou— Ele não se preocupou em cuidar de nós! Deixou-
nos sozinhas enquanto todos nos odiavam. Sabem como é
viver sabendo que todos lhe odeiam?— voltou-se para o Roald
ignorando a expressão de dor de seu pai — E você nunca me
disse que me aprecia! Por que deveria voltar contigo? Aqui eu
ganhei o respeito!— voltou-se enquanto seu marido
empalidecia –E você…— disse com ódio mostrando Galt— Só
me quer porque não demostrei medo, não é verdade?
O homem assentiu.— Seria a esposa que sempre
procurei.
Olhou ao seu redor. Homens que fazia algumas horas
queriam matá-la, agora a reclamavam como Jarl. Os homens
eram absurdos — O que querem que faça agora?
Olhou a seu redor e ficou sem fôlego enquanto seus
olhos se enchiam de lágrimas— Raio?— sussurrou correndo
para seu cão que ladrou ainda mais ao vê-la. Atirou-se sobre
ela fazendo-a cair ao chão enquanto Maisey chorava de
alegria. Seu cão lhe lambeu a cara.
— Você sim que é fiel. — sussurrou abraçando-se a seu
pescoço— O mais fiel de todos.

209
Minha Princesa Viking – Sophie Saint Rose

As botas de seu marido apareceram ao lado de seu


rosto— Seu cão?
Ela sorriu radiante— Me seguiu até aqui.
Roald sorriu e esticou a mão. Raio grunhiu mostrando
suas presas e ela pôs-se a rir— Sabe que me levaram de seu
lado. É muito inteligente.
— Tem que voltar comigo. — disse Roald.
Maisey se sentou no chão sentindo um tombo no
estômago— Por quê?
— Vamos ter um filho!— respondeu muito tenso. A
decepção na cara de Maisey foi evidente— E Tavie? Está
preocupada com você.
— Enviarei alguém pra cuidar dela. — sussurrou
levantando-se.
— É minha esposa!— gritou ele enquanto Raio lhe
grunhia. Maisey o agarrou pelo lombo detendo o ataque —
Não, Raio. — o cão se acalmou imediatamente e Maisey lhe
aplaudiu — Você não me queria como esposa, assim estou te
fazendo um favor.
Roald passou a mão pelo cabelo furioso — Outro homem
nunca vai te tocar.
Ela levantou o queixo— Isso eu decidirei. — voltou-se
para todos os que estavam ali reunidos e se aproximou
lentamente — Olav, vem aqui!
O homem sorriu aproximando-se rapidamente — Diga,
princesa.
Separaram-se de todos e ela perguntou desesperada— O
que faço?

210
Minha Princesa Viking – Sophie Saint Rose

— Sabe o que conseguiste?— perguntou assombrado—


Estes três clãs não estiveram juntos sem brigar há muitos
anos! Tem que fazer algo para que continue sendo assim.
Juntos somos mais fortes.
Ela entrecerrou os olhos olhando seu amigo — E como o
faço?
Ele sorriu— Sabe como.
Aproximou-se dos homens e se colocou ao lado de sua
avó que a olhava orgulhosa— Decidi. — olhou pra seu pai e
disse— Te desafio por ser o Jarl de seu povo— se voltou para
o Galt para não ver o olhar de incredulidade de seu pai e lhe
disse — Te desafio por ser o Jarl de seu povo. — o homem
pôs-se a rir dando golpes em seu joelho e depois olhou pra
Roald— E te desafio por minha liberdade.
Roald sorriu abertamente— Já ganhei uma vez.
— Veremos o que acantecerá.
Os homens que agora considerava seus a animaram
rindo— Será uma rainha viking!— diziam com admiração —
Nossa rainha!
Sua avó a abraçou— É nossa esperança. Você mudará
as coisas.
— Não sei se serei capaz.
— Não se renda. — disse olhando-a nos olhos — Seu pai
entenderá.
Assentiu voltando-se, fazendo um gesto com a mão pra
Raio para que não se movesse. Aproximou-se de seu pai que
estava muito tenso— Está preparado?
Ele assentiu – Como que vai ser?

211
Minha Princesa Viking – Sophie Saint Rose

— Não sei. Você o que quer usar?


— Adaga. — disse seu pai nervoso.
— Então seja adaga. –olhou de soslaio pra Roald que
estava muito tenso.
Fez-se um grande círculo, pois ninguém queria perder
detalhe e Maisey piscou um olho pra Tyree. Olav se
aproximou dela e lhe entregou sua adaga— Não o mate. —
disse divertido.
— Estou assustada e se fizer mal a ele?
— Está aterrorizado por fazer isso também com você. —
sussurrou olhando-a nos olhos.
— Meu amor por que está fazendo isto?— todos viraram
para Sakeri que corou intensamente. Sorem o agarrou pelo
pescoço atirando-o para trás. O pobre caiu sentado atrás das
pessoas que se colocaram diante dele para não perderem
nenhum detalhe.
Maisey fechou os olhos tomando ar que começava a
falhar. Muitas emoções. Olhou de esguelha pra Roald que se
esticou.
— Volto em um minuto— disse ela entrando a toda
pressa na casa e agarrando um balde de água para jogar em
cima dela mesma . Sua avó que a havia seguido piscou
assombrada — Agora estou melhor. — disse saindo da casa e
ouvindo seu tio gemer. Ninguém lhe fez nem caso. Voltaram a
sair da casa e Roald entrecerrou os olhos ao ver que estava
molhada — Maisey…
Passou a seu lado— Estou bem.

212
Minha Princesa Viking – Sophie Saint Rose

Entrou no círculo com a adaga na mão olhando seu pai


nos olhos. Caminharam um ao redor do outro e ao ver que
seu pai não a atacava ela o fez estendendo o braço e dando
um semicírculo com a adaga. Ele a esquivou com soltura.
— Vamos, pai. — sussurrou olhando-o aos olhos — Se
não acreditam não adiantará de nada.
Deu-se conta quando seu pai entendeu tudo e a atacou
com força lhe dando um golpe de lado que ela repeliu com
uma joelhada em seu estômago. Harald deu um passo atrás e
Maisey saltou dando uma cambalhota lateral que o acertou
na orelha. Seu pai levou uma mão ali e Maisey gemeu quando
viu o sangue. Os homens a aclamavam enquanto que os de
Harald estavam mudos sem entender o que acontecia. Seu
pai deu um passo adiante e sua adaga passou cortando seu
vestido por debaixo de seu peito roçando-a. Roald deu um
passo para ela, mas Sorem o agarrou impedindo-lhe
enquanto Maisey dava uma pezada em seu pai no quadril que
o desequilibrou. Ela aproveitou para atirar-se sobre ele e
colocar a adaga em seu pescoço— Te rende?— gritou
ofegante.
Harald assentiu enquanto seus homens gritavam
levantando os braços. Maisey sorriu levantando-se e dando a
mão a seu pai para que se levantasse. Ele o fez e pondo uma
mão no peito enquanto abaixava a cabeça.
Ela não entendeu, mas todo o clã de seu pai fez o
mesmo antes de aclamá-la. Roald sorria negando com a
cabeça como se não pudesse acreditar.
— Ataque-me. — disse Galt saindo com a adaga.

213
Minha Princesa Viking – Sophie Saint Rose

— Ela deve descansar!— gritou Roald furioso.


— Sim!— apoiou-lhe Faste— Minha rainha hoje desafiou
duas vezes! Não seria uma briga justa!
Galt olhou a seu redor e ao ver que seus dois clãs a
apoiavam assentiu— Muito bem. Que seja esta tarde antes do
anoitecer.
Maisey ia negar, mas Roald se colocou na frente dela
olhando sua ferida sob seus seios.
— Deveria te matar. — disse entre dentes
— Terá oportunidade de fazê-lo. — respondeu divertida.
Faste a agarrou por um braço e Olav pelo outro— Vem,
princesa. Tem que beber algo e comer para repor as forças.
— Tragam um vestido pra nossa rainha!— gritou Faste.
Ao voltar-se viu que Raynor a observava com os olhos
entrecerrados e lembrou sua promessa de matá-la —
Esperem. — disse soltando-se e indo para ele— Raynor…
— Sim, Jarl?
— Recorda o que me disse?
— Espero que o tenha esquecido, meu Jarl.
Ela sorriu— Farei o que puder. — voltou-se e sorriu pra
seus amigos. Meteram-na em uma cabana e a sentaram em
uma mesa. Seu pai se sentou na frente dela e a avó a seu
lado. Roald se sentou do outro, empurrando-a pelo banco e à
avó também de passagem.
— Esse marido teu não tem maneiras. — disse sua avó
com a boca cheia de carne de veado.
— Fique tranquila avó, amanhã já não será meu marido.

214
Minha Princesa Viking – Sophie Saint Rose

— Não é sua neta. — disse seu pai enquanto lhe serviam


hidromel.
— Claro que sim está cego, filho? Somos idênticas!
— Sobre deixar de ser seu marido, veremos. No
momento tem que sobreviver a Galt. — disse entre dentes—
Como pensou em fazer uma coisa assim?
— É minha filha. É muito inteligente.
Roald pôs os olhos em branco— Preciosa, se não puder
com ele perderemos tudo.
— Não me pressione!— gritou muito nervosa. Começou a
dar-se conta do que tinha feito. Dois clãs podiam cair em
mãos do Galt!
— Não fique nervosa. — disse seu pai olhando-a
fixamente — Você saberá o que tem que fazer. Luta como
uma valkiria e não pense. Atua por instinto.
— Tem que ser rápida. Não deixe que te golpeie porque
te destroçará com um golpe. — disse Roald preocupado.
Maisey lhe fulminou com o olhar— Esta arruinando
minha comida!
— Eu não gosto desse seu marido. — disse a avó antes
de beber.— Que tal se procurarmos outro? O Jarl mais ao
norte acaba de ficar viúvo. Não é muito rico mas tem muitas
terras.
— Fecha o bico, avó!— disse Roald furioso— É minha!
Sua avó gargalhou deixando-a atônita. Farta se levantou
com a comida na mão e Roald a obrigou a sentar-se fazendo
com que os homens se aproximassem furiosos.

215
Minha Princesa Viking – Sophie Saint Rose

— Deixe-o, meninos— disse ela indiferente atirando um


osso pra Raio que estava atrás dela — Você tem que me
ouvir! Agora sou sua Jarl! –seu marido levantou uma
sobrancelha— Ao menos dissimula um pouco!
— Sim, Jarl. — disse com brincadeira.
Harald pôs-se a rir e ela vaiou — É impossível.
— Preciosa, te direi quão impossível sou quando
chegarmos em casa. Agora termina, que tem que descansar
um pouco.
— Sim, menina. Uma sesta lhe fará bem. — disse a avó
agarrando outra parte de veado. O que comia essa mulher,
pensou assombrada.
Sorem e Tage estavam alerta pois como era lógico ainda
não se sentiam seguros — Como está Thorbert?
— Resmungando por não poder vir te tirar daqui. —
disse seu marido levantando-se — Vamos.
Maisey se levantou e lhe sussurrou –Não pode vir
comigo. É meu rival. Faste!
O homem se aproximou imediatamente— Sim, minha
rainha?
— Onde posso descansar?
— Onde queira. Pode escolher qualquer cabana. Todos
estarão encantados de te acolher.
Maisey sorriu— Então irei a casa de Tyree.
Saiu e viu os homens do Galt comendo enquanto seu
chefe se exercitava. Era rápido e lhe viu tombar a seu rival
sem nenhum esforço.

216
Minha Princesa Viking – Sophie Saint Rose

— Ainda pode voltar atrás. — disse seu marido a suas


costas— Galt é letal no corpo a corpo.
— Não me matará. Deseja-me.
Seu marido grunhiu atrás dela e Maisey desceu os
degraus divertida. Sua teoria ficou confirmada quando Galt
se deteve para olhá-la. Ela sorrindo lhe lançou um beijo e o
homem riu a gargalhadas— Será minha!
— Não esteja tão seguro. — disse passando ao seu lado.
Maisey se deteve bruscamente ao ver que dois homens do
Rutger se metiam com o Sakeri sacudindo o de um lado a
outro— Ei! Vocês!— os homens se voltaram e a olharam
arrependidos — O que fazem?— gritou furiosa.
Olharam-se antes de dizer— Então, como te
incomodava…
— Eu resolvo meus assuntos!— gritou afastando um e
dando um golpe no seu peito— Querem ser meu assunto?
— Não, minha rainha. — disse o outro dando um passo
atrás.
Sakeri sorriu como se ela tivesse lhe dado a lua— Se
esqueceu de mim, amor.
— Sakeri…— Maisey não pôde evitar responder a seu
sorriso e ele deu um passo para ela.
— Fracote, caso a toque fica sem mãos. — disse seu
marido furioso— Não sei porque lhe defende!
— É o único que só me quer!— gritou-lhe na cara— E
me seguiu porque me quer ou não o ouviu?

217
Minha Princesa Viking – Sophie Saint Rose

— Com loucura. Já disse pra minha mãe e quer te


conhecer. E a sua família— disse ansioso — Quando iremos,
amor?
Maisey se aproximou dele— Não posso ir, Sakeri. Agora
vivo aqui.
— Não se esqueça de lhe dizer que está casada!
— Fecha o bico!
Sakeri olhou pra Roald— Casaram você com ele, não é
verdade? Mas solucionará. Assim que o vença, será livre.
Ela se deu conta que ele pensava que assim que ficasse
livre se iria com ele e não era justo lhe criar esperanças. Já se
sentia fatal porque tivesse ido até ali.
— Não irei contigo, Sakeri. — disse suavemente.
— Porque está casada comigo!
Maisey revirou os olhos e se voltou para lhe dizer
algumas coisas. Sorem e Tage que estavam atrás dele,
tentavam conter a risada. Coisa que faziam mal. Seu marido
com os braços cruzados os olhava como se quizesse matá-los
e Maisey quis vingar-se. Voltou-se para o Sakeri e disse.—
Nossa história de amor é impossível.
Sakerie a agarrou pela mão. Um engano porque saiu
voando assim que a tocou caindo sobre seu traseiro — Quer
deixá-lo em paz de uma vez? Não vê que é inofensivo?
Roald a olhou com seus olhos verdes entrecerrados—
Que não te toque!— gritou-lhe na cara
— Não fale assim comigo!
— Mulher…

218
Minha Princesa Viking – Sophie Saint Rose

— Urrrgg!— voltou-se para o Sakeri— Volta para sua


casa. Busca uma boa mulher e te case com ela.
— Meu amor. Esperarei se por acaso mudar de opinião.
— disse levando uma mão ao peito.
Maisey não pôde evitar sorrir e seu marido gritou— Você
o está incentivando!
— Ele me diz coisas bonitas.
Roald a agarrou pelo braço girando-a— Está dizendo
que eu não lhe digo isso?
Ela fez que pensava e lhe gritou na cara— Não, você não
me diz isso!— seus amigos puseram-se a rir— Não me diz se
sou bela ou quão encantador é meu caráter. Só se queixa de
mim!
Roald estava assombrado— Te dei de presente o anel!
— Urrrggg. — voltou a grunhir e se voltou deixando-o
com a boca aberta.
Zangada foi até a casa de Tyree e fechou a porta atrás
dela. Sua amiga estava dando de comer à menina e levantou
a vista sorrindo— Já comeste, meu Jarl?
— Não me chame assim. — grunhiu ela.
Tyree reprimiu uma risada— Ontem era uma refém e
hoje é nossa líder.
Maisey voltou a grunhir sentando-se na cama — Seu
marido não estará muito contente.
— Quem não vai ficar contente é Rutger quando
melhorar.

219
Minha Princesa Viking – Sophie Saint Rose

Olharam-se e puseram-se a gargalhar. A porta se abriu


de repente e Maisey suspirou ao ver seu marido as olhando
com desconfiança— Me deixe sozinho com minha esposa.
Tyree ia pegar a menina quando Maisey disse — Não se
mova. — levantou aproximando-se de seu marido.— É sua
casa e não tem nenhum direito dar ordens!
Tyree indecisa, pois seu Jarl lhe havia dito que não se
movesse, olhou pra Roald— Será melhor que eu saia. —
sussurrou agarrando a menina— Os deixarei sozinhos se
estiver bem pra você, meu Jarl.
— Obrigada, Tyree.
A mulher passou ao lado do Roald com desconfiança e
este fechou a porta com uma batida.— Não deveria estar
aqui. É meu rival.
— Deixa de tolices!— aproximou-se dela e a agarrou pela
cintura— Preciosa… — a apertou contra ele — Está bem?
Maisey levantou o olhar e de repente seus olhos se
encheram de lágrimas — Me coloquei em uma confusão que
não sei se poderei solucionar.
Roald suspirou levantando-a pelo traseiro enquanto que
ela rodeava o pescoço com seus braços— Tem que vencer
Galt, Maisey. Dois clãs estão em suas mãos. E ele a deseja
muito.
— Sei. — apoiou sua bochecha em seu ombro –Mas
tinha que desafiar a papai para que a provocação fora
irresistível para o Galt.

220
Minha Princesa Viking – Sophie Saint Rose

Roald se sentou na cama com ela em cima e afastou seu


rosto para olhá-la. Estava preocupado— Tem que ser rápida e
evitar que te pegue.
— Você já me disse isso. — sussurrou enquanto uma
lágrima caía por sua bochecha — Se morrer…
— Isso não vai acontecer porque ele te deseja recorda?—
Maisey assentiu— É a mulher com mais poder que já vi até
agora e conseguirá vencer. Tem que confiar. Isso é tudo.
— Você tem medo?
— Sim. –abraçou-a — Tenho medo de que esse
desgraçado te faça mal.
Para Maisey essas palavras foram as mais bonitas que
tinha ouvido dele — Se te vencer, perderá-me.
— Não perderei. — suas mãos desceram de suas costas
a seu traseiro acariciando-lhe por cima de suas calças —
Porque é minha.
Maisey perdeu o fôlego porque pela primeira vez sentiu
que era verdade. Era parte dela e só rogava que Roald
sentisse o mesmo — Tem que ir. — separou-se dele para lhe
ver bem e lhe acariciou a bochecha. Olharam-se durante uns
minutos e Maisey lhe beijou nos lábios suavemente — Vou
sentir sua falta. — disse ela contra seus lábios. Ele levantou
uma sobrancelha e acrescentou divertida— Quando ganhar,
digo.
Roald pôs-se a rir e Maisey se levantou. Pôs os braços
nos quadris.
— Roald, não ria.
— Não vai me deixar.

221
Minha Princesa Viking – Sophie Saint Rose

— Isso logo veremos.


Seu marido se levantou e aproximou seu rosto ao seu
ainda sorrindo— Sabe por quê? Porque me quer. Posso ser
pouco delicado, não te dizer coisas bonitas e segue louca por
mim. Ama-me tanto que não poderia viver sem mim.
— Isso é mentira!— gritou indignada indo para a porta e
lhe abrindo de repente — Saia!
— Então por que fugiu para casa, no lugar de voltar
para Escócia quando teve a oportunidade?— disse saindo da
casa.
— Por meu pai!— gritou lhe fechando a porta no nariz.
As gargalhadas do Roald se afastaram e Maisey sorriu
sem poder evitá-lo. Esse homem era impossível.

222
Minha Princesa Viking – Sophie Saint Rose

Capítulo 11

Deitou-se por um momento, mas não podia dormir.


Estava muito excitada, assim que se deu por vencida e depois
de um par de horas saiu da casa. No alpendre estavam
esperando-a todo seu clã— Como está, princesa?
Ela olhou ao Olav e sorriu— Bem.
— Filha, se não quiser fazê-lo…
— Não a ponham nervosa. — disse Roald olhando-a
fixamente — Está pronta?— olharam-se nos olhos e
assentiu— Necessita água fria?
— Água fria?— perguntou Tage surpreso— Tem sede?
Eles não lhe fizeram caso –Não sei.
— Deixarei um balde perto. Se precisar, diga-me e lhe
jogo a água quando se aproximar.
— Está bem.
Os homens os olharam como se eles estivessem loucos.
— Vamos preciosa, quanto antes melhor.

223
Minha Princesa Viking – Sophie Saint Rose

Faste e outros se uniram ao seu grupo com ela à cabeça.


Olav lhe deu uma adaga e ela olhou seu amigo— Sem
piedade, princesa.
— Sim, amigo. — olhou seu pai que a tocou nas
bochechas— Sinto tudo isto.
— Fez o correto. Agora termina-o. — disse olhando-a
seriamente — Se tiver que matar, não duvide.
— Sim, pai. — disse endireitando-se. Harald a beijou na
bochecha e ela sussurrou a seu ouvido— Cuida de Tavie se
eu não sair desta.
Seu pai emocionado se afastou e ela se voltou para seu
marido — Se notar que está perdendo o fôlego, grita meu
nome — disse ele tenso.
— Está bem.
— Vamos começar?— perguntou Galt divertido.
— Tem pressa por morrer?— as risadas de seus clãs
incomodaram Galt.
— Tome cuidado, preciosa.
— Vejo-te logo. Reserve energias para quando eu te
atacar. — Ela piscou um olho pra ele antes de entrar no
círculo que se formou.
Galt sorriu sem vontade e ela disse pra si mesma que
não estava tão crédulo como tentava aparentar — Ainda pode
se render — disse ele.
— Estava pensando o mesmo pra você. — as risadas os
rodearam e ela ficou em posição de ataque.
— Você quem quis.

224
Minha Princesa Viking – Sophie Saint Rose

Galt dobrou os joelhos e caminhou em círculo vários


passos. Todos esperavam seu primeiro ataque e Galt não o
levou a cabo esperando um dela. Ela fez uma ameaça com a
adaga para movê-lo e Galt atacou. Sua adaga passou tão
perto de seu ombro que cortou o vestido. Aproveitando a
posição, agarrou seu braço e lhe deu uma cotovelada no
peito, mas ele quase nem se alterou, pois era muito forte.
Agarrou-a por sua trança com a outra mão e girou-a rindo.
— Isto vai ser tão fácil, que é engraçado.
Maisey levou a mão entre as pernas dele e apertou com
força fazendo-o gemer. Ao aproximar sua cara a dela, Maisey
golpeou-lhe com a frente no nariz rompendo-lhe, se afastou
assim que lhe soltou o cabelo. Aproveitando sua vantagem o
golpeou no joelho e ouviu um rangido — Sem piedade,
princesa!— gritou Olav.
Galt perdeu o equilíbrio, mas com sua adaga fez um
ataque, cravando na coxa de Maisey. Ela reprimiu um grito
não querendo preocupar aos seus, mas eles tinham notado
como ela foi atingida.
— Maisey!— gritou Roald. Seus homens tiveram que
segurá-lo enquanto Galt tirava a adaga de sua coxa. Furiosa
golpeou-lhe com o punho livre no nariz quebrado e depois lhe
agarrou o cabelo e golpeando-lhe com a perna ferida deu
joelhadas em sua cara várias vezes até fazê-lo cair de costas.
— Rende-se?
— Morre, vadia. — disse com a boca cheia de sangue.
Maisey se aproximou dele— Tome cuidado!— gritou seu
marido enquanto ela dava um chute entre suas pernas que o

225
Minha Princesa Viking – Sophie Saint Rose

fez uivar. Atirou-se sobre ele, mas antes de dar-se conta Galt
rodou colocando-se em cima e pondo sua adaga em seu
flanco sem dar-se conta que Maisey cravava a sua até o fundo
debaixo de sua axila.
Ficaram olhando-se surpreendidos e nenhum dos dois
se moveu enquanto todos os espectadores observavam. Galt
tossiu salpicando-a com seu sangue na cara, antes que sua
cabeça caísse sobre a grama, sem vida. Ninguém se moveu
esperando e Maisey se afastou lentamente tentando levantar-
se. Uns braços a levantaram e abraçou Roald que a apertou
fortemente— Não sairá mais de casa.
— Roald, ela está sangrando muito. — disse seu pai
preocupado.
Antes que percebesse ele a pegou nos braços e a levou
até uma das cabanas. Os homens atiraram as panelas no
chão para deitá-la na mesa. Tyree agarrou uma faca para
rasgar suas calças. Maisey tentou olhar, mas seu marido a
impediu— Me deixe ver!
— Tyree se encarregará.
— Acredito que está deixando de sangrar. — disse Tyree
levantando sua perna — Sim, por trás já não sangra.
— Enfaixa-a! Fortemente. — disse irritada consigo
mesma. Olhou seu marido e sorriu — Eu consegui.
— Sim, quase não deu conta. — disse ele furioso—
Quando ele girou colocando-se sobre você…
— Venci-lhe. — sorriu triunfante e vários puseram-se a
rir.

226
Minha Princesa Viking – Sophie Saint Rose

— É a Jarl de três clãs!— gritou Olav enquanto outros a


animavam.
— A viking mais poderosa!
Ela revirou os olhos e sorriu pra seu marido— Agora
falta você.
— Não penso te desafiar. E menos ainda nestas
condições. Todos diriam que me aproveitei. — disse
aproximando-se e beijando-a nos lábios.
— Estou bem!— gritou ela afastando-o.
— Filha, tem que descansar!
— Saiam!— gritou a todos farta daquilo. Viu que sua
coxa estava fortemente enfaixada e baixou as pernas da mesa
— Olav!
Seu amigo se aproximou e lhe entregou a adaga— É
muito, princesa.
Ela apertou os lábios agarrando a adaga e olhou a seu
marido— Fora, agora!
Roald entrecerrou os olhos.— Isso é ridículo.
— Isso me dirá quando eu tiver te vencido.
Voltou-se deixando-o ali e caminhou sem mostrar a dor
que começava a percorrê-la cada vez que dava um passo.
Saiu ao exterior e os homens ali reunidos a animaram. Sorriu
olhando a seus súditos e desceu os degraus. O corpo do Galt
tinha desaparecido e ela se aproximou da mancha de sangue.
Olhou a seu redor e viu os homens do Galt que agacharam a
cabeça em sinal de reconhecimento— Cumprirão a palavra do
Galt?
— Sim, meu Jarl. — disseram juntos. — Nosso clã é teu.

227
Minha Princesa Viking – Sophie Saint Rose

Ao sentir Roald atrás dela se voltou olhando seu marido


nos olhos— Está preparado?
— Maisey…— sussurrou entre dentes— Está ferida. Não
pode seguir com isto.
Ela entrecerrou os olhos— Recusa o desafio?
Roald se endireitou— Sim.
O mundo lhe caiu ao entender que ele não lutaria por
ela. Sentiu uma dor no peito olhando seus olhos— Então já
não é meu marido. — disse quase sem voz.
— Deixa de dizer tolices, Maisey— sussurrou tentando
tocá-la no braço.
Ela se afastou e gritou — Se afaste!— os homens se
esticaram e vários tiraram suas armas— Se não quiser brigar
pra ser meu marido, perde esse privilégio!
Roald se endireitou furioso— E o que devo fazer, te
vencer quando está ferida? Até eu tenho orgulho e não vou
brigar com quem já é minha esposa, por algo que é meu!
Os murmúrios os rodearam— Isso se me vencer.
— De qualquer maneira, se você tanto se empenha em
não ser minha esposa, não vou obrigá-la! — disse furioso—
Assim não lutarei!
— Não lutarei, meu Jarl!— terminou por ele.
Roald semicerrou os olhos — Meu Jarl.
Ela elevou o queixo e se voltou olhando seu pai que
estava atônito. — Pai, volte para a aldeia. Terão notícias
minhas.— disse ela morta de dor, tentando que não
notassem.
— Mas filha…

228
Minha Princesa Viking – Sophie Saint Rose

— Olav, fica aqui.


— Sim, meu Jarl. — disse aproximando-se rapidamente
olhando de esguelha pra Roald que apertava os punhos
furioso.
Aproximou-se de um dos homens do Galt— Quem é o
segundo no comando?
Um dos homens se aproximou –Eu, meu Jarl. Meu nome
é Harold.
— Harold volta para seu povo. De momento você terá
esse cargo. Assim que resolva vários assuntos, passarei por lá
e contarei meus planos.
— Sim, meu Jarl. — os homens do Galt que agora eram
seus homens se voltaram para seus cavalos e empreenderam
a viagem.
— Maisey…— sussurrou Olav— Fala com ele. Não deixe
as coisas assim.
— Não tenho nada mais que falar. — encaminhou-se até
a cabana de Tyree— Faste! Consiga-me uma cabana!
— Sim, meu Jarl.
Ignorando a todos entrou na cabana de Tyree e fechou a
porta ficando sozinha. Então se deixou levar pela dor que
estava sentindo. Gemeu levando as mãos ao estômago e
chorou deixando-se cair no chão de joelhos sentindo uma dor
dilaceradora que não a deixava respirar. Não podia acreditar
depois de tudo o que Roald lhe havia dito, que se negasse a
lutar por ela. Sentia-se traída. Um homem que não tem
palavra não é nada, havia-lhe dito sua mãe. E tinha razão.

229
Minha Princesa Viking – Sophie Saint Rose

Levantou-se e lentamente foi até a cama. Deixou-se cair


e gemeu pela dor que transpassou sua perna. Desmaiou
imediatamente.
Tyree a sacudiu e abriu os olhos esgotada— Meu Jarl,
tem febre.
— Me traga a curandeira.
A mulher saiu apressadamente e Maisey levou a mão à
frente. A maldita punhalada, a ia deixar uns dias doente. A
curandeira chegou em seguida com Tyree a seu lado— O que
devo fazer, meu Jarl?
Maisey olhou à curandeira— Traga-me as ervas que tem
para febre.
A mulher apertou as mãos nervosa— Não sei quais são,
meu Jarl.
— Por todos os Deuses, acaso não aprendeste nada de
sua mãe?
— Sinto muito. — disse a beira das lágrimas.
— É incrível que não tenha matado ninguém.
Tyree olhou à garota de soslaio e se deu conta que sim
tinha matado a alguém— Sua cabana está muito longe?
— Está aqui ao lado. — disse Tyree— Me diga de que
precisa e eu trarei.
— Tenho que vê-las. — Ergueu-se com esforço
sentando-se na cama. Quase não tinha forças— Chama o
Olav.
Tyree saiu correndo e a curandeira a agarrou pela
cintura para levantá-la— Tem sorte que esteja doente, porque
merece uma surra por não observar com atenção.

230
Minha Princesa Viking – Sophie Saint Rose

— Sim, meu Jarl.


A mulher estava assustada e não se surpreendeu. Uma
palavra dela e podia acabar com a cabeça separada do corpo.
Estavam saindo da casa quando Olav chegou correndo— O
que ocorre, meu Jarl?
— Me ajude a chegar à casa da curandeira.
Olav a pegou nos braços e seguiu a mulher. Ao entrar
na cabana, Maisey viu vários potes — Me leve ali.
Seu amigo o fez rapidamente e ela revisou vários. Abriu
um deles e cheirou— Este.
— O que quer que faça com ele?
— Necessito água quente. Olav, me sente sobre a mesa.
Assim que o fez começou a tirar a atadura de sua perna.
Ao ver sua coxa entrecerrou os olhos ao ver pus amarelado
na ferida— Tenho que tirar pus de minha perna.
— O que faço? — Olhou a seu amigo— Lave bem as
mãos com água quente.
Olav fez o que lhe mandou, inclusive usou sabão.
Aproximou-se dela quando a curandeira se aproximava com a
água quente.
— Traz um pano limpo.
Quando o deixou sobre a mesa olhou a seu amigo— Tem
que apertar a ferida até que o sangue saia limpo.
— Por todos os Deuses — Olav empalideceu — Vai doer.
— Tyree, me dê algo para morder.
Seu amiga lhe estendeu uma colher de madeira e ela a
pôs entre os dentes. Assentiu antes que seu amigo
aproximasse a mão de sua coxa apertando com força. A dor

231
Minha Princesa Viking – Sophie Saint Rose

era insuportável, enquanto a ferida arrebentava salpicando


sangue. Olav voltou a fazê-lo para assegurar-se e quando
terminou, molhou a ferida com a água quente fazendo-a
gritar arqueando as costas. Aliviada quando a dor diminuiu,
olhou em seus olhos.
— Agora por trás. — disse sem fôlego.
— Por todos os Deuses.
Voltaram-na com cuidado e repetiram o processo. Ao
terminar, com a bochecha sobre a mesa sussurrou— Pegue
as ervas. Punha um punhado delas na água quente. Amasse
até fazer uma massa e ponha na ferida antes de voltar a me
enfaixar.
— Qual quantidade? — a curandeira lhe pôs o pote
diante com um concha e Maisey esticou a mão agarrando a
quantidade que desejava — Agora faz o que te digo.
— Sim, meu Jarl.
Quando terminaram estava esgotada e Olav voltou a
leva-la pra cabana de Tyree para deitá-la na cama — Não, me
deixe em minha cabana.
— Não, meu Jarl. — disse Tyree — Não te deixarei
sozinha estando doente. Dormirá a meu lado.
Sorriu sem forças fechando os olhos. Olav a olhou
preocupado— Deveria avisar seu pai ou a seu marido.
— Fecha a boca, amigo. Eu não estou casada.
Olav estalou a língua— Será seu marido até o dia em
que morra.
— Isso mesmo dizia ele e logo não lutou por mim. —
sussurrou até dormir.

232
Minha Princesa Viking – Sophie Saint Rose

— E esse é o problema não é verdade, princesa?


Os dias seguintes teve que descansar e sorriu ao escutar
os gritos do Rutger quando se inteirou que já não era o Jarl.
Abriu a porta da cabana de repente e o menino de Tyree pôs-
se a chorar. Ali estava seu tio com um humor terrível.
— Como se atreve?
— A quê?
— A roubar o que é meu!— gritou furioso.
— Desculpa, mas não perdeu o desafio?
Rutger se ruborizou— Sim.
— Então entendi mal a minha gente? Quem ganha do
Jarl em um desafio não é o novo Jarl?
Era bonito até quando grunhia — Pois então sou seu
Jarl. — olhou-o nos olhos muito séria — Como sou a Jarl de
meu povo e do de Galt.
Abriu os olhos atônito— Desafiou todos?— depois
entrecerrou os olhos— O que é que buscas?
— Procuro fazer o povo forte. Não diminui-los com essas
batalhas e suas disputas, que só levam destruição e ódio. A
partir de agora mando eu! E farão as coisas como eu disser.
— Está louca!
Tyree ofegou— Não fale assim com o Jarl.
Agora ele não tinha autoridade e se surpreendeu que
uma simples mulher lhe falasse assim.
— Fecha a boca, mulher.
Maisey tirou as pernas da cama levantando-se,
mostrando a camisola branca que levava— Falará com

233
Minha Princesa Viking – Sophie Saint Rose

respeito comigo e com a minha gente também! Se não, já


sabe o que tem que fazer.
— Está me expulsando de minha própria aldeia?
— É minha aldeia!— gritou furiosa.
Faste se apresentou atrás do Rutger— O que está
acontecendo aqui?
— Ao que parece seu antigo Jarl não compreende suas
próprias regras. Explique-as pra ele.
— Filho, saia daí. — a voz autoritária da avó fez que
Rutger se endireitasse virando-se.
— Você também, mãe?
— Os fatos são iguais para todos. Dê-se por satisfeito
porque ela não te tirou a vida, mas sim também lhe devolveu
isso.
— Avó. Disse ao tio a boa nova?— Maisey se aproximou
da porta divertida para ver ali metade do clã.
Rutger arregalou os olhos— Avó?
— Vem filho, tenho coisas que te explicar.
Em choque se deixou levar por sua mãe— Ela disse avó?
— Meu céu, ainda não está totalmente bem, não é
verdade?
— Tenho que ver com quem o caso. — disse ela
voltando-se para o Olav— Tem o que te pedi?
— Sim, princesa. — entrou na casa atrás dela e se
sentou a seu lado na cama— Mais ao norte há três Jarl. Só
um está viúvo. Mas os outros têm filhas casadoiras.
— Bem. Amanhã vamos pra casa. Há muito o que fazer.
Olav sorriu— Já está bem?

234
Minha Princesa Viking – Sophie Saint Rose

— Estou bem para a viagem. — disse desviando o olhar


— Três mulheres virão conosco. Tyree, as escolha. Solteiras
em idade de se casar e que não sejam muito feias.
— Sim, Jarl.
— Funcionará?
— Se queremos ser fortes temos que ser um. Não três
tribos separadas, e sim uma somente.
Olav sorriu— Seu pai vai gritar pra o céu quando se
inteirar.
— Quando lhe disser que Valgard será um dos que deve
se casar, me agradecerá.
Olav pôs-se a rir enquanto saía da casa.
— Você começará com a gente não é? Mas não vai parar
aí... — Tyree disse. — É por isso que pediu essa informação
para Olav.
— É esperta, Tyree. Será meus olhos e meus lábios
enquanto eu não estever na aldeia.
Tyree a olhou surpreendida— E Rutger?
— Você vai fazer tudo certo. Ele não ficará aqui. — disse
maliciosa— Me disseram que mais ao norte faz um frio
horrível no inverno.
Tyree riu muito. — Será má.
No dia seguinte lhe deram um cavalo. Na viagem só
foram três homens dos quais ainda não sabia o nome, além
do Faste, Olav e as três garotas. Sua avó se despediu
abraçando-a— Volta logo. Não tivemos oportunidade de falar
muito e quero te conhecer melhor antes de morrer.

235
Minha Princesa Viking – Sophie Saint Rose

Maisey riu e lhe deu um beijo de despedida. Rutger a


olhava com o cenho franzido e ela se aproximou— Tio, deixei
Tyree no comando e caso não cumpra com seu dever, saberei
cedo ou tarde. — disse como se falasse com um menino.
— Está começando a me chatear, sobrinha.
Piscou um olho surpreendendo-o e subiu ao cavalo —
Quero que em minha ausência façam mais dez cabanas.
— Sim, Jarl. — disse Tyree com seu filho nos braços—
Raynor se encarregará da construção.
— Voltarei em uns dias. Quero solucionar tudo antes de
que a neve chegue. — agarrou as rédeas e começou o
caminho com Faste a um lado e Olav do outro.
Dormiram ao relento e se deu conta que as mulheres
estavam preocupadas. Ao amanhecer ela se aproximou e as
levou para um lado.
— Quero que saibam o que irão enfrentar. — as
mulheres sorriram agradecidas— Mostrarei pra vocês uns
homens que procuram esposa e vocês escolherão o que mais
gostarem.
— E se nós não gostarmos de nenhum?
Ela entrecerrou os olhos, pois não tinha pensado que
não gostariam de nenhum— Veremos o que ocorre, de
acordo? Se vocês não gostarem de nenhum tentaremos na
seguinte aldeia.
Suspiraram aliviadas.
Chegaram no meio da tarde e suspirou de alívio ao deter
o cavalo porque lhe doía a perna. Diante da casa do Jarl
vários os observavam chegar e ela sorriu a seu pai que se

236
Minha Princesa Viking – Sophie Saint Rose

aproximou com os braços abertos abraçando-a como um


urso— Como está, filha?
— Vamos entrar e conversar. Como está? Dói-te o
ouvido?
Seu pai sorriu levando-a pra dentro. Surpreendeu-se ao
não ver Tage e os outros — Onde estão os homens?
Harald se sentou a seu lado na cabeceira da mesa— Se
foram, Maisey.
Essas palavras a deixaram sem fala— O que quer dizer
com isso?
— Roald e seus amigos se foram da aldeia. Para fazer
fortuna. Não acredito que voltem.
Atônita se levantou sussurrando— Depois
conversaremos.
Saiu da casa enquanto seus homens a olhavam
preocupados. Foi até sua casa e entrou. Tavie gritou de
alegria ao vê-la e se atirou a seus braços.
— Retornaste…— se agarrou a ela e Maisey fez o
mesmo.
— Como está, pequena?
Tavie assentiu— Bem, mas não vá outra vez.
Maisey a apartou para lhe ver a cara— Tudo ficará bem.
— Roald se foi. O dia em que chegou, foi embora. —
disse Tavie chorando.
Maisey passou a mão por seu cabelo castanho com
carinho — Sei.
— Tem que fazer algo. Tem que fazer com que ele volte.

237
Minha Princesa Viking – Sophie Saint Rose

— Não sei onde ele está. — sentia que as lágrimas


corriam por suas bochechas sem poder evitar. Tavie lhe
acariciou as bochechas limpando seu pranto.
— Voltará em algum momento.
Maisey assentiu e se voltaram quando Raio entrou na
casa. Aproximou-se de sua dona rondando sua perna
notando que estava triste— É teu?
Ela sorriu com tristeza agachando-se a seu lado — Veio
me buscar. Chama-se Raio. — abraçou-se a seu pescoço
escondendo sua cara em sua densa pelagem— Foi meu único
amigo durante muito tempo.
Tavie sorriu ajoelhando-se a seu lado e Raio lhe lambeu
a cara fazendo-a rir— É carinhoso.
— Sim, ele é. — disse acariciando seu lombo com
tristeza— Quando eu não esteja contigo, protegerá-te.
Cuidará de ti como o fez comigo.
A menina a olhou— Obrigada. Agora me conte porque é
a Jarl. Ouvi-lhes falar, mas só Lala me fala em meu idioma e
ela tampouco entende o que está passando.
Explicou à menina seus planos e sorriu— Assim vais
fazer que se casem entre eles para que se unam.
— Exato.
— E com quem vai me casar?
Não havia temor em suas palavras, a não ser
resignação— Não vou te casar com ninguém. É muito jovem.
— Tenho quatorze anos.
Maisey a olhou surpresa— Quatorze?

238
Minha Princesa Viking – Sophie Saint Rose

Tavie corou— É que ainda não me desenvolvi, mas


tenho quatorze. — disse tocando seus seios.
— Se eu lhe…— interrompeu dando-se conta que a
estava envergonhando — Sinto muito.
— Não se preocupe. Algum dia me nascerão os seios
maiores da redondeza. — disse levantando o queixo.
Maisey pôs-se a rir— Não ficará confortável com eles,
asseguro-lhe isso. — olharam-se durante um momento— É
muito jovem para se casar.
— Faz muito que não tenho família…— disse abaixando
a cabeça— nem um lar. Quero ter um.
Entendia-a perfeitamente e embora fosse muito jovem,
se queria casar ajudaria — Você gosta de algum daqui? Eu
não gostaria que estivesse longe de mim.
A garota sorriu de orelha a orelha— Há um que me
parece agradável, mas não me olhará nunca.
— Quem é?— perguntou intrigada.
Ruborizou-se ligeiramente— É Tage.
Maisey gargalhou— Não pode ser!
Tavie sorriu— É agradável comigo.
— Sim, ele é.
— Mas nunca me quererá como esposa.
Maisey entrecerrou os olhos — Isso é o que veremos. No
momento vai começar a tomar umas ervas que dão força.
Parece-me que não lhe alimentaram muito bem e necessita
essa força para crescer.
— Você acha?— a garota animada aplaudiu— Posso
fazer algo mais para isto?— disse alisando seu peito plano.

239
Minha Princesa Viking – Sophie Saint Rose

Maisey pôs-se a rir— Dizem que o caldo de frango ajuda,


mas me parece um conto de velhas.
A porta da casa se abriu lentamente e seu pai as viu
sentadas no chão com Raio deitado a seu lado— Filha,
devemos falar.
— Sei. — sorriu a seu pai que se aproximou
lentamente— Tavie pode nos deixar sozinhos?
— Vou pegar um frango. — disse levantando-se
rapidamente fazendo-a rir.
Harald a viu sair— Ela disse frango?
— Coisas de mulheres. — seu pai pareceu um pouco
incômodado e se levantou agarrando sua mão. Sentaram-se à
mesa e Maisey o olhou nos olhos. Os mesmos olhos que os
seus. — O plano não saiu muito bem.
— Sei. — acariciou-lhe o cabelo — Quando me desafiou
me dei conta do que se propunha, mas Roald é muito
teimoso.
— Estragou tudo!— disse frustrada — Se tivesse me
vencido, agora seria o Jarl de todos, mas teve que negar-se!
— e zangando-se levantou— Tenho um marido que é idiota!
— Você não está zangada por isso.
— Claro que sim! Agora sou a Jarl de uma gente que
nem conheço. Eu não queria isto.
— Você está doída porque não lutou por ti.
— Isso também! Disse que o faria e me decepcionou. Já
não é meu marido!
Voltou-se para ocultar sua dor. As mãos de seu pai em
seus ombros a reconfortaram— Tem que entender Roald.

240
Minha Princesa Viking – Sophie Saint Rose

Brigar contra sua esposa, que além disso estava ferida, para
seguir casado com ela, é um pouco humilhante. Ele teria te
vencido. Todos sabem.
— Isso não importa.
— É um guerreiro e tem seu orgulho. Que tenha dito
diante de todos que não queria continuar casada com ele, foi
muito duro para Roald. E que te empenhasse em que lutasse,
mais ainda.
Não tinha visto desse ponto de vista e apertou os lábios.
Gemeu tampando o rosto— Não sei como arrumar isto.
— No momento é a Jarl e deve cumprir com seu dever
até que possamos arrumá-lo. Pode fazê-lo. Ganhaste o
respeito de todos.
Maisey se voltou e o abraçou com força— Me alegro de
ter te encontrado.
— Não tanto como eu, filha. — disse contra ela antes de
lhe beijar a cabeça— Agora me conte seus planos.
Estiveram falando horas e só quando as tripas de
Maisey protestaram, reuniram-se com outros. As três
mulheres, que tinha levado até ali, estavam ao final da mesa
e depois de jantar se aproximou delas.
— Bem, vamos começar. — olharam-na assustadas e ela
sorriu para as tranquilizar— Me escutem todos. Os homens
solteiros fiquem naquela metade do salão.
Vários olharam uns aos outros enquanto Harald ria
baixo. Foram levantando lentamente fazendo o que seu Jarl
lhes ordenava. As mulheres sentadas na mesa olhavam aos
homens muito interessadas.

241
Minha Princesa Viking – Sophie Saint Rose

— Não sejam tímidas — disse-lhes — Aproximem-se.


Devem se conhecer.
Uma delas se levantou rapidamente e se aproximou de
um homem muito corpulento. O homem com o cenho
franzido, olhou-a de cima abaixo. Estiveram olhando um
momento até que o homem a agarrou, carregando-lhe no
ombro e levando-lhe enquanto os outros riam. Maisey sorriu.
Aquilo não seria tão difícil como esperava. Ou possivelmente
tinha tido sorte. As outras duas mulheres se aproximaram
timidamente e um homem se adiantou estendendo a mão a
uma, que o observou de cima abaixo antes de olhar seus
olhos. Ela agarrou sua mão e o homem sorriu encantado.
A terceira mulher olhou aos seis homens que ficavam
um por um e voltou a passar a vista para trás entrecerrando
os olhos. Um deles deu um passo atrás e ela se aproximou
furiosa com os braços nos quadris.
— Gert?— o homem gemeu surpreendendo a todos— Por
todos os Deuses é você?— o homem assentiu dando um
passo à frente.
— Olá, Halley.
— Olá, Halley? É tudo o que tem que dizer depois de me
deixar?
— Não te deixei. Fui fazer fortuna!— resmungou
envergonhado, fazendo todos rirem.
— Fortuna! Já te darei uma fortuna! Caminha para
casa!— gritou-lhe furiosa lhe mostrando a porta.
Todos riram vendo como com a cabeça encurvada ia
para a porta enquanto ela não deixava de lhe gritar.

242
Minha Princesa Viking – Sophie Saint Rose

Maisey pôs-se a rir e olhou a seu pai que assentiu.

243
Minha Princesa Viking – Sophie Saint Rose

Capítulo 12

Assim começou a união das tribos e seguiu com seu


plano, indo de uma pra outra com grupos de três. O mais
difícil, pois não a conheciam nem um pouco, foi a tribo do
Galt. Seus homens seguiam suas instruções ao pé da letra
pois tinham dado sua palavra, mas alguns não estavam
muito contentes com seus planos até que viram as seis
mulheres que ela trouxe. Três de seu clã e três do clã Rutger.
Não sobrou nenhuma mulher, todas foram bem recebidas. Só
uma delas não se decidiu por nenhum.
Chamava-se Kolina e tinha caráter. Maisey sorria
interiormente com as respostas que dava aos homens que se
ruborizavam envergonhados e saíam aterrorizados. Quando
uns resmungaram— Que mulher mais insuportável. Prefiro
me casar com um cavalo que com ela. Receberei menos
coices. — Maisey decidiu falar com ela.
Saiu pra passear e a viu olhando o rio. Aproximou-se
lentamente vendo-a ensimismada em seus pensamentos. Era

244
Minha Princesa Viking – Sophie Saint Rose

bonita. Tinha o cabelo loiro escuro que caía em grossos


cachos por suas costas e uns bonitos olhos cor mel. Não
entendia porque não estava casada ainda, pois devia ter vinte
anos.
– Kolina?
Ruborizou-se ao vê-la e ocultou seu olhar— Meu Jarl…
— Vamos dar um passeio.
A mulher caminhava a seu lado em silêncio— Me conte
o que te ocorre.
— Eu não gosto de nenhum!— exclamou frustrada
fazendo-a sorrir — Não sei para que vim.
— O que você não gosta neles?
— São estúpidos! Não me conhecem por que iriam
querer casar-se comigo?
Maisey sorriu— Não dá oportunidade para que lhe
conheçam. — ao ver que se ruborizava franziu os olhos—
Muito bem, quem é?
— Não sei do que fala, meu Jarl.
— Não te faça de idiota. A quem amas?
— É um idiota, cego como um morcego!— gritou
frustrada— E estou farta de que não perceba que estou viva!
Vou casar- me com outro!
Maisey reteve a risada. Kolina era uma das garotas de
seu clã e estava intrigada— Quem é?
— Um idiota, já disse isso. — apertou as mãos nervosa e
ao ver seu firme olhar deixou cair os ombros— É Sorem.
Maisey abriu a boca surpreendida— Sorem?

245
Minha Princesa Viking – Sophie Saint Rose

— Sim, sei que nunca me olhará. Está apaixonado por


você e não há nada que eu possa fazer.
— Por que diz que está apaixonado por mim?
— Pelo modo como te olha!— gritou-lhe no rosto — Você
é mais formosa e luta bem e…
— Basta, Kolina!— de repente Maisey não suportou
mais e começou a gargalhar.
Kolina endireitou as costas ofendida, mas Maisey não
pôde evitá-lo. Tudo aquilo era ridículo. Tavie louca pelo Tage
e Kolina por Sorem.
— Não tem graça. Não gosto de nenhum outro. Todos eu
comparo com ele. — disse deixando-se cair na erva úmida.
— Não sabemos quando voltará… prefere o esperar? Não
tem obrigação de se casar.
— Odeio-lhe. — disse a beira das lágrimas — Me casarei
com outro.
Maisey suspirou agachando-se a seu lado— O que tem
feito para que te note?
Kolina a olhou confusa— Não tenho que fazer nada! O
homem é ele!
— Não tenho muita experiência com os homens, mas sei
que para conquistá-los tem que sorrir um pouco, que lhe
vejam bonita…
— Eu não faço essas tolices!
Maisey não se deu por vencida— O que lhe disse em sua
última conversa?

246
Minha Princesa Viking – Sophie Saint Rose

Kolina entrecerrou os olhos— Ei você, me passe uma


parte de veado!— Maisey pôs-se a rir a gargalhadas e Kolina
zangada cruzou os braços— Não aceito bem estas coisas!
— Estou vendo. Vem, vamos praticar. Tem que aprender
a seduzir um homem e quando terminar contigo, Sorem
estará perdido.
— Jura? — perguntou esperaçosa. Maisey a observou
bem e assentiu erguendo-se.
Começaram nessa mesma noite no jantar. Maisey da
cabeceira da mesa observou Kolina e lhe fez um gesto com a
cabeça indicando que começasse. Kolina negou bebendo
hidromel e ela insistiu com a cabeça. A mulher revirou os
olhos fazendo-a rir— Gosta da comida, meu Jarl?—
perguntou Harold, seu segundo no comando no clã do Galt.
— Tudo está delicioso. — respondeu com um sorriso
sem deixar de olhar pra Kolina que pegou um prato e o pôs
sob o nariz do homem que tinha ao lado. Escutou-a dizer—
Quer carne?
— Já tenho. — respondeu um pouco surpreso de que
lhe dirigisse a palavra.
— Come homem, que tem que encher de músculo esse
braço tão adoentado.
Maisey viu como o homem se ruborizava agarrando uma
parte de frango e deixando-o em seu prato. Olhou a Kolina
que ao invês de sorrir tinha uma careta macabra na cara e
Maisey já não pôde mais. Suas gargalhadas se ouviram em
todo o salão provocando os sorrisos de seus homens. Kolina

247
Minha Princesa Viking – Sophie Saint Rose

franziu o cenho e zangada deixou cair o prato no centro da


mesa salpicando de molho o homem que tinha em frente.
— Perdão, embora essa camisa já necessitasse de uma
boa lavagem.
Maisey não podia parar e teve que limpar as lágrimas de
seus olhos ao ver a cara do outro que parecia ofendido,
embora Kolina houvesse dito a pura verdade. Nervosa, a
mulher se levantou chocando com o quadril no cotovelo de
seu companheiro, derrubando a hidromel em cima— Uff!! Vá,
sinto muito. Embora assim asseamos um pouco essa barba
né?— Kolina entrecerrou os olhos aproximando sua cara a do
homem –Por todos os Deuses, isso são piolhos?— perguntou
com um grito, fazendo com que os que estavam ao lado,
movessem-se no banco afastando-se dele, provocando que
seu segundo em comando caísse do banco.
Maisey não esperou mais, antes que ela provocasse um
conflito— Kolina!
— Sim, meu Jarl?
— Vem aqui.
Kolina saiu do banco e com as costas muito reta se
aproximou— Eu tentei, mas são muito secos comigo.
— Vamos ver. — olhou pra seu segundo em comando
que ainda estava sentado no chão fulminando com o olhar
seu companheiro de mesa — Sorria pra o Harold. Mas antes
relaxa a expressão.
A mulher com o cenho franzido enquanto o homem se
levantava forçou as bochechas mostrando os dentes como se
fosse atacar em algum momento. Harold deu um passo atrás

248
Minha Princesa Viking – Sophie Saint Rose

e Maisey suspirou — Isto vai ser mais difícil do que eu


esperava. Vá descansar. Amanhã voltaremos para casa.
Kolina lhe sorriu radiante e Maisey levantou uma
sobrancelha vendo-a sair do salão. Faste gemeu a seu lado e
Maisey sorriu— Eu conseguirei.
— Não o duvido, meu Jarl. Mas é como ensinar a um
gato selvagem.
— Então voltarão para casa?— perguntou Harold
preocupado.
— Sim, logo começará a nevar e tenho que descansar,
pois nos últimos tempos não parei um momento. — disse
olhando-o fixamente— Terá algum problema?
— Não, meu Jarl.
— Se acontecer algo me envie um recado e se não puder
vir, enviarei alguém.
— Será um inverno tranquilo, meu Jarl. Temos tudo
preparado, assim não haverá problemas.
— Tem suficientes provisões?
— Precisamos de um pouco mais de carne, mas iremos
caçar para solucioná-lo.
Maisey franziu os olhos. Não gostava de partir sem que
tudo estivesse em ordem.
— Atrasaremos a saída um dia e amanhã iremos a caça.
— Não tem que fazê-lo, meu Jarl. Eu me encarregarei.
— Sim, Maisey. — disse Olav advertindo-a com seu
olhar. Harold se encarregará. Sabe quais são suas
obrigações.

249
Minha Princesa Viking – Sophie Saint Rose

Ela olhou pra Harold e sorriu— É verdade. E tem feito


muito bem estas semanas.
Harold sorriu inchado o peito — Obrigado, meu Jarl.
— Bem. — levantou-se acariciando sua pequena
barriga— Vou descansar.
— Descansa, meu Jarl. — disse Olav preocupado
olhando-a— Amanhã vai ser exaustivo e precisa repor as
forças.
Quando chegou a sua cama suspirou olhando o teto de
palha, que estava avermelhada pelo reflexo do fogo que
esquentava a habitação. Uns olhos verdes apareceram em
sua mente e suspirou acariciando o ventre, enquanto
pensava onde estaria o idiota de seu marido.
E sobre tudo, com quem estava. Caso tocasse outra
mulher, matava-o e assunto encerrado. Morto o cão, acabou-
se a raiva.
Empreendendo o caminho de volta começou a nevar com
força, mas não quis deter-se. Queria chegar em casa o quanto
antes e teve que discutir com Olav para que continuassem o
caminho.
Quando chegaram à aldeia, a neve tinha era tão espessa
que custava andar. Todos estavam esgotados, mas contentes
de estar em casa. Ao entrar no salão todos estavam jantando
e Harald se aproximou pra saudá-la— Filha está louca? Como
te ocorre viajar com este tempo em seu estado?
— Estou bem. — sorriu esgotada e morta de frio— Só
necessito uma bebida quente.

250
Minha Princesa Viking – Sophie Saint Rose

Lala a agarrou pelo braço para sentá-la em seu lugar—


Minha menina, tem que estar exausta.
Quando tirou a pele Lala olhou sua barriga e franziu o
cenho
— Está louca – saiu correndo e Maisey a olhou divertida.
— Como vai tudo, pai?
— Roubaram-nos.
Surpresa o olhou— O que roubaram?
— Várias ovelhas e mataram uma vaca.
— Mataram uma vaca?
— Esquartejaram-na e deixaram o que não queriam.
— Sabe-se quem foi?
Seu pai sorriu— Todos os anos antes do inverno ocorre
algo assim.
— E não fazem nada?
— Não sabemos quem são.
— Eu digo que é alguém que vive nas montanhas. —
disse Olav sentando-se a seu lado. Lala deixou uma terrina
diante deles, enquanto os homens foram entrando depois de
atender os cavalos — E que guarda a carne para o inverno.
Maisey agarrou a terrina e bebeu um pouco de caldo
reconfortando-se com o calor que lhe proporcionou — Está
muito saboroso, Lala.
— Obrigada, meu Jarl.
Faste se sentou ao lado do Olav. Desde que tinham se
conhecido eram inseparáveis, converteram-se em grandes
amigos — Bom, teremos que deixá-lo passar até o ano que
vem. Onde está Tavie?

251
Minha Princesa Viking – Sophie Saint Rose

— Está um pouco resfriada. — disse Lala um pouco


preocupada. Tomou uma infusão que preparei pra ela, mas
não vejo melhoria.
Terminou o caldo e se levantou pegando a pele—
Imagino que Raio está com ela.
— Não sai de seu lado. — respondeu seu pai sorrindo.
— Vou descansar.
— Até amanhã, Jarl. — disse seu pai lhe piscando um
olho.
Quando entrou em sua casa viu que o fogo não estava
muito forte e jogou uma lenha. Tirando a pele e deixando-a
sobre a cama olhou a porta de Tavie que estava entreaberta.
A luz de sua chaminé brilhava com força e sorriu pensando
no que devia estar assando. Aproximou-se e abriu a porta.
Estava metida em sua cama coberta até a cabeça. Raio se
aproximou movendo o rabo— Olá, amigo. O que está
acontecendo?— perguntou sentindo preocupação porque a
garota não se moveu da cama.
Aproximou-se sentando-se na cama e moveu o ombro de
Tavie para despertá-la— Tavie?
A garota gemeu e Maisey franziu o cenho. Virou-a e viu
que tinha muita febre — Tavie?— chamou-a mais alto.
Suspirou de alívio ao ver que abria os olhos— Voltou. —
sussurrou com a voz rouca.
— O que tomaste?
Tavie tossiu com força e Maisey a ajudou a sentar-se
para que respirasse melhor — As ervas de febres que me deu.
— disse assim que pôde.

252
Minha Princesa Viking – Sophie Saint Rose

Maisey tocou em sua testa.— Quando as tomou?


— Depois de comer.
— Encontrava-se assim quando tomou?
— Estava melhor.
Isso indicava que não tinham funcionado, assim se
levantou e foi pra cozinha. Foi até os potes de ervas que tinha
ali armazenados e procurou em vários até que encontrou o
que queria. Então entrecerrou os olhos ao ver algo que lhe
chamou a atenção. Umas folhas se amarelaram dentro do
pote e isso não podia ser. Colocou a mão no pote e viu que as
ervas estavam misturadas.
— Mas como…?
Voltou para o quarto e voltou a despertar Tavie—
Misturou as ervas?
— O quê?
— Estão misturadas, Tavie.
A garota a olhou com seus olhos lacrimosos pela febre—
Faz uma semana encontrei Tashia na casa. Disse-me que
tinha vindo comprovar que eu não necessitava de nada.
Maisey a deixou descansar. Furiosa voltou para a
cozinha e olhou os potes pensando no que fazer. Dava graças
aos Deuses porque as ervas misturadas não tinham matado
Tavie ou a outra pessoa. Agarrou o pote e atirou seu
conteúdo sobre a mesa. Separou com paciência as folhas que
Tavie precisava e lhe fez uma infusão que lhe deu muito
devagar, pois tinha dificuldade pra engolir.

253
Minha Princesa Viking – Sophie Saint Rose

Revisou todos os potes e vários tinham as ervas


misturadas. Felizmente nunca as triturava antes de colocar
no pote, pois assim podia usá-las para outras coisas.
Furiosa saiu da casa e entrou no salão. Tashia estava
sentada em seu lugar no final da mesa. Sem deter-se foi até
ela e lhe deu um tapa que a tirou da cadeira.
— Filha!
Seu pai se levantou rapidamente e Maisey sem deixar de
olhar a Tashia deu um passo para ela com vontade de matá-
la— Por que fez isso?
— Não sei que quer dizer, meu Jarl.
— Não se faça de idiota comigo.
Vários homens se levantaram para as rodear— Deixa a
minha mãe!— gritou Valgard zangado.
Maisey o olhou apontando com o dedo pra ele— Não se
intrometa! Isto é entre sua mãe e eu!
— O que ela fez?— seu pai se agachou e levantou sua
mulher.
— Misturou as ervas que eu tinha reservado para o
inverno. Sabe o que poderia provocar se eu não tivesse
notado?
— Sua protegida teria morrido?— perguntou com
brincadeira.
Assombrada porque não tinha nenhum remorso,
agarrou-a pelo cabelo furiosa— Quer saber o que é necessitar
uma cura e não tê-la?— tirou-a a puxões pra fora —
Amarrem-na ao poste!

254
Minha Princesa Viking – Sophie Saint Rose

— Maisey, por todos os Deuses vai morrer de frio. —


disse seu pai tentando detê-la. Olav e Faste agarraram a
Tashia que gritava como uma louca amarrando-a ao poste.
Maisey o olhou— Sabe o que podia ter provocado? Pai,
se Tavie tivesse distribuido as ervas como eu tinha mandado,
podia ter morrido gente. Sua gente! Não penso aceitar mais
sua atitude! É intolerável que se comporte assim!
Maisey sentiu a ponta de uma espada na base de suas
costas e se voltou ligeiramente. Valgard estava atrás dela
empunhando-a— Solta a minha mãe!
— É muito valente atacando pelas costas, irmão.
— Deixa essa espada, Valgard!
— Desde que ela veio tudo mudou!— gritou furioso— E
você se deixa levar como um velho estúpido, mas eu estou
farto! Assim que a matar, eu serei o Jarl dos três clãs! Não
ela!
Seu pai o olhou com vergonha— Não tem honra. Nunca
será o Jarl de nosso povo e nem de nenhum outro.
Envergonho-me de ti.
Valgard o olhou com desprezo — Isso é o que veremos.
— Solta essa espada, Valgard. — disse ela olhando-o
nos olhos— Não quer matar o filho de seu irmão.
— Esse feto deve morrer tanto quanto você. — o ódio de
sua voz era tão intenso, que ela se deu conta que sua relação
não teria conserto.
— Está morto sabe?
Ele apertou a espada sobre suas costas e Maisey fez um
gesto de dor ao sentir como lhe rompia a carne. Valgard caiu

255
Minha Princesa Viking – Sophie Saint Rose

no chão antes de dar-se conta, com Raio em cima dele. O cão


lhe mordia o braço por debaixo do ombro com fúria, enquanto
ele gritava que o tirassem de cima.
— Pra trás!
Raio o soltou imediatamente— Não te mato porque é
filho de meu pai. — os homens o levantaram e ela observou
que sangrava muito pelo braço— Mas não continuará vivendo
perto de mim.— olhou a seu pai que assentiu— Fica banido e
pode levar a sua mãe se ela quiser ir contigo. Faça um
curativo nessa ferida e lhe darei um cavalo antes que se vá.
Que alguém o vigie até que saia do povoado.
— Sim, meu Jarl. — disse Olav agarrando-o pelo
pescoço com desprezo.
Maisey olhou pra mãe que permanecia amarrada ao
poste –Irei com meu filho.
— Sinto por meu pai. Mas é tua decisão.
Voltou-se dando-lhe as costas — Faste, que a vigiem
também até que se vão e solte-a do poste. Já terá frio na
viagem.
— Sim, meu Jarl. — disse olhando-a com admiração.
Maisey agarrou o braço de seu pai entrando no salão e
levando-o para o fogo enquanto Olav atendia ao Valgard—
Pai…
— Não tem que dizer nada. Fez o correto. Não merece
nenhuma piedade alguém que se volta contra sua própria
família.

256
Minha Princesa Viking – Sophie Saint Rose

Olharam-se nos olhos entendendo o que cada um


sentia. Ela, medo por ter cometido um engano e ele dor pela
traição de seu filho. — Sinto muito.
— Eu também sinto que um filho que eu criei, tenha
menos honra que uma que acabo de conhecer. Isso diz muito
de meu papel como pai.
— É um pai muito bom. — Maisey lhe abraçou pela
cintura lhe dando ânimos — Ao menos para mim o é.
— Como disse, não estive contigo.
— Sinto por essas palavras…— sussurrou— Como dizia
minha mãe, cumpriu sua palavra ao voltar para cuidar dos
teus.
— Tinha que tê-la trazido comigo.
— E viver como uma escrava toda sua vida. Viver vendo
a Tashia a seu lado?
Harald assentiu — Não teria gostado.
— Fez bem. Agora não se incomode mais.
— O que dirá Roald quando voltar?— perguntou
preocupado.
Maisey olhou nos olhos apartando— Pouco me importa.
— Algum dia voltará e…
— Não quero falar disso. Agora vou descansar porque foi
um dia duro.
Ignorando os gritos do Valgard saiu da casa do Jarl e
voltou para a sua. Lala estava sentada na cama de Tavie.
— Ficarei esta noite. Você descansa.
— Obrigado Lala, é um sol.

257
Minha Princesa Viking – Sophie Saint Rose

— Já não te atirará sobre mim, me agarrando as


tranças?
Maisey riu — Parece que foi há mil anos. É incrível que
só tenham acontecido há uns poucos meses. — afastou indo
para sua cama e suspirou olhando-a, pois era a que lhe tinha
feito Roald. Enquanto se despia recordou as noites que
passou ali com ele e reteve as lágrimas sentindo sua falta.
Possivelmente deveria ter explicado seu plano pra ele, mas
tinha tido medo a que se negasse, que foi precisamente o que
fez.
Abraçou o travesseiro pensando em seu cenho franzido
quando a olhava pendurado na árvore. Sorriu com nostalgia
pensando em tudo o que tinha passado em tão pouco tempo.
Como havia dito a Lala, parecia que tinham acontecido há mil
anos.
O inverno foi muito cru para Maisey que não estava
acostumada a tanto frio. Sentia-se muito incômoda grávida,
pois tinha que estar tão vestida que entre as roupas e a
barriga não podia mover-se como estava acostumada. Seu pai
e outros a mimavam em excesso. Lala sempre lhe tinha
preparado algum pão-doce ou sua comida favorita. Seu
humor começou a variar e tinha que encerrar-se em sua casa
frequentemente a chorar amaldiçoando ao Roald por haver-se
ido.
A primavera não trouxe calor precisamente, pois seguiu
nevando até bem entrada a estação. Os velhos diziam que
fazia anos que não viam um inverno tão longo e frio,
certamente porque se atrasou e precisamente porque tinha

258
Minha Princesa Viking – Sophie Saint Rose

que deixá-la doida. Seu enorme ventre a deixava com um


humor de mil demônios, pois não a deixavam fazer nada e se
aborrecia enormemente.
Tavie se recuperou muito bem de seu resfriado e seguia
tomando caldo como uma louca. A infusão que bebia para lhe
dar força, parecia que estava dando seus frutos porque a via
mais mulher. Inclusive começava a ter peitos. Emocionada
esperava impaciente a chegada de Tage para que a visse.
Outra que estava louca com a chegada dos homens era
Kolina. Praticavam seu comportamento cem vezes ao dia e
Lala a observava com o cenho franzido, corrigindo-a para
depois repreendê-la por ser tão brusca.
Um dia pela manhã, saiu de sua casa para ir tomar o
café da manhã com outros quando se deu conta que havia
menos neve. Algo lhe saltou no peito e levou ali a mão
sentindo que seu coração pulsava com mais força.
— Já falta pouco. — escutou atrás dela.
Voltou-se surpresa — O que faz aqui, Wava?
— Te prevenir. — a ruiva coberta com uma grande pele
cinza se abrigou mais dando um passo para ela.
— Me prevenir do quê?
— Mais que te prevenir, é te dar um conselho antes de
que meta os pés pelas mãos.
Olhou-a com desconfiança –Diga então, pois tenho frio.
— Seu destino está pra chegar, não lhe bata com a porta
no nariz. — disse antes de dar a volta.
— Um momento! O que quer dizer?

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Minha Princesa Viking – Sophie Saint Rose

Wava a olhou sobre seu ombro — Não se deixe levar pelo


orgulho, meu Jarl. O ciúmes e o rancor acabam com muitas
relações.
— Ele vai voltar?— perguntou com esperança.
— Por que pergunta se acaba de sentir? Às vezes fazem
umas perguntas muito tolas.
Wava lhe deu as costas e começou a descer a colina.
Maisey sorriu olhando o rio e desejando que a neve
desaparecesse.
— Meu Jarl!— gritou Wava de baixo— Não chegará
agora! E entre que vai sentir muito frio!
Sorriu olhando suas costas e contente entrou na casa de
seu pai. Aproximou-se dele impaciente e se sentou agarrando
sua mão sobre a mesa— Filha, está gelada.
— Sabe o que Wava acaba de me dizer?
— Ela esteve aqui?
— Que Roald chegará logo.
Seu pai sorriu— Sério?
— Não é ótimo?
— Me alegro muito, filha.
Quando souberam, as garotas gritaram de alegria
abraçando-se embora Tavie depois olhou seus seios fazendo
uma careta— Não cresceram o suficiente.
— Já tem quinze anos e cresceram um pouco. Agora ele
te notará. — disse Kolina.
— Estou desejando vê-lo, embora não me tenham
crescido as tetas— disse sem pensar as fazendo rir.

260
Minha Princesa Viking – Sophie Saint Rose

Ruborizada olhou a seu redor esperando que ninguém a


tivesse escutado.
— E você, está desejando vê-lo?— perguntou-lhe a
garota olhando-a nos olhos.
— Sim. — acariciou o ventre que nesse momento lhe
deu um chute. — Uff. Dá-me uns chutes que parece que quer
sair.
Nesse momento a porta se abriu de repente e todo o
salão olhou para lá. Ficou sem fôlego ao ver seu marido com
uma barba horrível, entrando no salão seguido de seus
amigos. Vários dos homens ali reunidos gritaram de alegria
ao vê-los e se aproximaram pra saudá-los. As gêmeas
correram para o Thorbert, atirando-se em cima dele enquanto
ele gargalhava.
— Não disse que chegariam depois de alguns dias?—
sussurrou Kolina comendo Sorem com o olhar.
Ignorando-a se levantou da cadeira vendo como seu
marido sorrindo abertamente, saudava seu pai com um
abraço. Ela deu um passo para ele e Roald levantou a vista
olhando-a nos olhos. Olhou seu ventre apertando os lábios e
se separou do Harald.
— Como foi a viagem?
Nesse momento entraram várias mulheres no salão. E
uma se aproximou de Roald, colocando-se a seu lado
enquanto tirava a grossa pele. O decote de seu vestido era
revoltante e Maisey entrecerrou os olhos. Roald passou um
braço por seus ombros e a aproximou de seu peito— O que
você acha?

261
Minha Princesa Viking – Sophie Saint Rose

— Quem são essas vadias?— Kolina estava a beira de


gritar e Maisey a olhou.
— Não diga nada. Wava me advertiu sobre isto. —
estava tão calma que suas amigas a olharam como se não a
conhecessem.
— Está tocando o seu homem.
— Rechacei-lhe. — disse tomando ar— Tem direito a
fazer o que quiser— Maisey sorriu sem vontade e voltou a
olhar seu marido que não se aproximava dela. Uma falta de
respeito tendo em conta que era a Jarl do povoado. Um chute
no ventre voltou a atravessá-la, mas ela não se alterou.
Seguia olhando-o esperando que se aproximasse dela. Harald
a olhava de esguelha— Então conseguiste riqueza.
— Tantas que não teremos tempo de gastá-lo. — disse
Tage antes de beijar no peito a uma de suas mulheres.
— Estúpido caipira. — sussurrou Tavie com raiva.
Olhou-a— Não vai dizer nada?
— Não.
— É a Jarl, tem que apresentar seus respeitos.
Nesse momento Roald fez como se a acabasse de ver—
Então está aqui a Jarl.
A ninguém passou despercebido que não havia dito meu
Jarl. Maisey sorriu por seu comportamento e ele entrecerrou
os olhos— O que faz aqui, Roald?
— Acaso esta não é minha casa?— perguntou atônito.
— Não foi isso que eu quis dizer e sabe…
Roald apertou a mulher contra ele e a beijou na boca,
provocando ofegos entre as mulheres que ali havia. Olav e

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Minha Princesa Viking – Sophie Saint Rose

Faste se esticaram visivelmente e vários de seus homens se


ofenderam. Ver como beijava os lábios de outra mulher,
transpassou-a como um raio, mas não moveu um gesto.
Todos sabiam que a tinha rechaçado ao não querer lutar por
ela, então aquele comportamento público era um intento de
humilhá-la ainda mais.
Apertou os punhos escondendo-os com a pele que
estava coberta — Maisey…— disse Tavie com pena.
Seu pai estava entre assombrado e furioso. Maisey com
um olhar lhe indicou que não dissesse nada e ele cruzou os
braços. Certamente para não moê-lo a golpes. Ou ao menos
tentá-lo.
— Roald…— a voz de advertência de Olav, fez que seu
marido levantasse o olhar do que estava fazendo, mas a
mulher passou seus braços por seu pescoço segurando-o.
Rindo a apartou— Mais tarde, preciosa.
O apelido que utilizou machucou ainda mais e o menino
se moveu inquieto. Engoliu em seco vendo-o afastá-la e
perguntar a seu amigo— Que tal tudo por aqui, Olav?
— Não pergunta como se encontra a mãe de seu filho?
— Ah, mas é meu?
O insulto era tão grave que todos ficaram em silêncio.
Inclusive seus amigos o olharam horrorizados. Roald a olhou
irônico— Então não tocou ninguém mais? Não me admiro.
Um dos homens mais jovens se atirou sobre ele, mas
Faste o segurou — Vejo que tem admiradores. — disse rindo-
se divertido.

263
Minha Princesa Viking – Sophie Saint Rose

— Aconselho-te que feche a boca. — disse Harald


furioso— Antes de que eu faça algo do qual possa me
arrepender.
Roald o olhou irônico e depois deu uma olhada ao seu
redor— Onde está minha mãe? E Valgard?
Todos se mexeram e Harald disse, pois ela não tinha
palavras— Foram banidos por traição.
— O que disse?
— Sua mãe tentou atentar contra a vida de vários
pessoas para deixar Maisey em evidência e Valgar tentou
matá-la para conseguir ser Jarl.
Roald a fulminou com o olhar— Só traz problemas, não
é verdade? Maldito o dia que fui te buscar naquela aldeia.
— Roald…— Sorem deu um passo à frente enquanto
Tavie a agarrava pelo braço tentando protegê-la— está sendo
injusto.
— Não fale assim com nossa Jarl!— gritou um dos
homens dando um passo para ele tirando sua espada.
— Silêncio!
Todos a olharam e ela soltando o braço de Tavie deu
vários passos para o Roald. Ele se esticou endireitando as
costas. A mulher que estava entre ela e seu marido a olhava
divertida. Era bonita. Morena com o cabelo muito comprido
que chegava até o quadril e com os olhos negros como a
noite. Também era voluptuosa. Justamente o contrário dela.
Levantou a vista pra seu marido e sorriu surpreendendo-o—
Se não te conhecesse diria que me quer fazer ciúmes com
esta puta. — a mulher ofegou indignada— É um insulto tão

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Minha Princesa Viking – Sophie Saint Rose

evidente que mais parece patético. Ao que parece seu orgulho


não se recuperou de que eu tenha te deixado. — Roald a
olhou furioso, mas não o deixou falar— Por outro lado que
insinue que levo o filho de outro dentro de mim, indica que
não me tem nenhum respeito. Uma autêntica pena. Esperava
que ao menos houvesse respeito entre nós. — olhou pra seus
homens que estavam mais tranquilos antes de voltar a lhe
olhar. A veia torcida de seu pescoço indicava que estava a
ponto de explodir— Pode ficar, posto que esta é sua casa,
mas caso volte a ofender aos meus ou a mim, terá que
abandonar a aldeia. — olhou Sorem e os outros e sorriu—
Bem-vindos a casa, meninos.
Emocionada viu como se aproximaram dela e a
abraçaram os três. Thorbert fulminou com o olhar a seu
amigo que parecia envergonhado.
— Bom, bom…— disse ela sorrindo tentando conter as
lágrimas afastando-se— Me alegro que tenham retornado.
Necessito de babás.
Os homens puseram-se a rir olhando seu ventre— Está
enorme. — disse Tage.
— Está preciosa. Não poderia estar mais bela. — disse
Sorem olhando-a com adoração. Kolina apareceu a seu lado e
ele a olhou brevemente.
— Kolina acompanha-me a minha casa?
— Claro, Maisey. — disse olhando com aversão ao
Sorem que se surpreendeu— E Tavie também vem, certo?
— Sim. — passou ao lado de Tage e lhe pisou sem
querer— Ui, perdão.

265
Minha Princesa Viking – Sophie Saint Rose

Tage franziu o cenho, mas disse — Não é nada. —


quando saíam ouviram que perguntava— Essa era a menina
que trouxemos na viagem anterior?
As três foram em silêncio para a casa e quando
entraram Kolina explorou— Como se atreve a te fazer isso?
Maisey teve que sentar-se na cama, pois lhe tremiam as
pernas. Outra dor no ventre a fez acariciar-se irritada,
enquanto seu amiga continuava reclamando— Tinha que tê-
lo posto em seu lugar! Tinha que ter ordenado que lhe
dessem cem chicotadas por sua ousadia…
— Kolina…— a interrompeu Tavie aproximando-se de
Maisey— Está bem?
— Sim, só quero me deitar. Ajudem-me a me trocar. —
disse sem forças. Só tinha vontade de chorar, mas nem isso
se permitia em público, se quizesse que não a considerassem
fraca. Entre as duas a despiram e lhe puseram a camisola.
Suspirou deitando-se na cama e outra dor a percorreu.
Franziu o cenho porque aquilo já não era normal e ficou de
barriga para cima. Seus amigas a olhavam preocupadas.
— Vão dormir, estou bem.
— Seguro? Melhor ficar dormindo com Tavie.
— Sim, será o melhor. — disse a garota.
Raio subiu à cama e se aninhou em sua perna. Estava
inquieto e Tavie se preocupou — O que lhe ocorre?
— Nada. — disse divertida — Certamente está assim
porque Roald retornou e não lhe cai muito bem.
— Que cão mais esperto. — disse Kolina indo em volta
da habitação da garota — Até amanhã, Maisey.

266
Minha Princesa Viking – Sophie Saint Rose

— Até amanhã.
Tavie ficou olhando— Seguro que te encontra bem?
— Um pouco decepcionada. Isso é tudo.
— Sim…— Tavie apertou os lábios antes de dizer—
Descanse, Maisey.
Antes de ir pôs mais lenha no fogo e Maisey suspirou
olhando as chamas enquanto Raio deitava ao seu lado
colocando o lombo junto a sua perna, como se temesse que
desaparecesse. Suspirou sorrindo, mas logo recordou as
palavras de Roald. Uma lágrima percorreu seu nariz e ela a
limpou furiosa. Sabia que estava zangado, mas insultá-la em
público era o cúmulo. Não entendia como podia tratá-la
assim. Ou possivelmente sim. A razão era que não a amava.

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Minha Princesa Viking – Sophie Saint Rose

Capítulo 13

Dormiu, mas a dor no ventre a despertava todo tempo.


Tentou ficar confortável, mas não conseguia. Algo molhou
suas pernas e se amaldiçoou afastando os lençóis, pois tinha
feito xixi.
— Ótimo. — sussurrou vendo a mancha de umidade.
Raio gemeu e se aproximou pra lamber sua cara — O que
você tem, amigo?— Raio voltou a gemer e lhe acariciou o
rosto. Uma dor terrível a transpassou e Maisey não pôde
evitar gemer agarrando a barriga.
— Maisey?— Kolina chegou correndo e se sentou na
cama ao seu lado— Está em trabalho de parto?
— Não sei. — disse ofegante — Molhei a cama.
— Tavie!
— O que foi?
— Vá chamar Wava…
— É bruxa, não curandeira.

268
Minha Princesa Viking – Sophie Saint Rose

— Mas se encarrega dos partos muito bem. — disse


deitando-a na cama com cuidado.
Tavie colocou uma pele por cima e as botas. Saiu
correndo da casa enquanto Maisey começava a se assustar.
Doía-lhe muito.
— Tudo ficará bem, não é verdade?
— Fique tranquila. — sua amiga sorriu— Seu filho
chegará a este mundo antes de que você se dê conta.
Mas isso não foi assim porque três horas depois gritava
de dor retorcendo-se na cama. Ouvia vozes no exterior e
Wava não tinha chegado, embora Tavie tinha ido a sua casa
para dizer-lhe — Está sangrando. — disse Tavie asustada
olhando suas pernas.
— Chegará no último momento, a maldita bruxa— disse
ela entre dentes suando.
Kolina preocupada passou um pano úmido pela sua
testa— Tente relaxar.
— Dói muito. Tirem-me isso já!— gritou fora de si.
A porta se abriu de repente e Roald entrou na casa
empalidecendo ao ver seu estado— Façam algo!
— Ainda não chegou a hora!— disse Kolina zangada—
Além do mais que te importa se ela morrer? Não se importou
em todos estes meses e inclusive insinuaste que não é teu
filho!
Um grito dilacerador de Maisey interrompeu a discussão
e Roald a empurrou para aproximar-se de Maisey.
— Vamos, preciosa. Você pode com isto.

269
Minha Princesa Viking – Sophie Saint Rose

— Não serei capaz. — disse entre lágrimas — Não posso


fazê-lo.
— Claro que sim. — Roald estava totalmente pálido— É
capaz de tudo. Isto é uma moleza.
— Está sangrando. — disse Tavie assustada olhando
suas pernas.
— Onde está Wava?— gritou Kolina.
Roald saiu correndo e Maisey pôs-se a chorar mais
forte— Dói muito. Está me rasgando.
Kolina pegou sua mão — Tudo ficará bem! Ouve-me?
Estava dando outro grito que punha os cabelos em pé
quando a porta se abriu e Wava entrou tranquilamente
seguida de Roald. Aproximou-se dela e tirou o lençol que
cobria seus joelhos abertos.
— Está nascendo de nádegas. Adiantou-se.
Roald se assustou— Faz algo!
— Não posso fazer nada.
Ele empalideceu e agarrou seus braços— O que diz
bruxa? Tem que salvá-la!
Wava sorriu surpreendendo-o— Agora se importa?
— Claro que me importo!
— Não faz diferença. — disse a mulher soltando seus
braços. Roald deu um passo atrás e olhou pra Maisey— Eu
não posso fazer nada. Pode ser capaz de pari-lo. — disse indo
para a porta — Nunca se sabe.
Kolina a olhou assombrada quando se foi— Nunca fez
isso…
— O quê?— perguntou Tavie histérica.

270
Minha Princesa Viking – Sophie Saint Rose

— Ir embora antes de que nascesse o menino.


Roald passou uma mão pelo cabelo desesperado e se
aproximou de Maisey— Vamos preciosa, tem que pô-lo pra
fora.
Maisey já não podia pensar por causa da dor e com os
olhos vermelhos de chorar, negou com a cabeça.
— Não diga que não! Vais parir!
Outra contração fez que Maisey arqueasse as costas de
dor suplicando que o tirassem.
— Me escute!— Roald a agarrou pelo queixo — Tem que
pari-lo! Agora vais empurrar.
— Não. — respondeu chorando.
— Maisey! Empurra!
Ela empurrou com força enquanto Kolina se colocava
entre suas pernas— Muito bem, Maisey. Outra vez.
Roald lhe acariciou a cabeça, enquanto ela por causa do
esforço agarrava seu outro braço, cravando suas unhas nele
arqueando o pescoço gritando de dor ao empurrar tudo o
mais forte que podia. Esgotada deixou-se cair na cama e
olhando nos olhos de Roald sussurrou— Não posso.
— Está fazendo muito bem. — disse com os olhos cheios
de lágrimas— Vamos, preciosa, um pouco mais.
— Um último empurrão. — disse Kolina insegura
olhando pra Tavie.
— Empurra!— gritou ele — Empurra, Maisey!
— Chama papai. Quero me despedir.

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Minha Princesa Viking – Sophie Saint Rose

— Não!— agarrou-a pelo queixo— Vai empurrar! Agora!


Não me faça isto— disse ao ver que não se movia— Tem que
empurrar. Por favor, preciosa, empurra.
Maisey empurrou com todas as forças de que dispunha
quando sentiu que a pressão diminuía.
— Só falta um pouco, Maisey. Um empurrão mais. —
disse Kolina alegremente — Já está quase fora. É um menino.
Sentindo as forças renovadas, voltou a empurrar com
força e Roald lhe agarrou a mão animando-a. Quando ouviu o
pranto do menino suspirou aliviada e sorriu pra seu marido.
Antes de deixar cair sua mão sem forças sobre a cama e seu
rosto caísse pra um lado desmaiada. Não escutou os gritos
desesperados de Roald chamando-a.
Despertou com o pranto de um menino, sentindo-se
esgotada e ao abrir os olhos viu Roald de pé na frente dela
com um vulto nos braços, sorrindo como nunca tinha visto.
Era todo um espetáculo vê-lo tão contente — Maisey?— virou
a cabeça para ver Tavie olhando-a preocupada— Como se
encontra?
Roald se aproximou dela. Tinha perdido o sorriso e a
olhava preocupado— Cansada.
Tavie sorriu— Não me admiro.
— O que aconteceu?
— Você desmaiou. — disse Roald sentando-se na cama
a seu lado.
Raio subiu à cama e lambeu sua cara fazendo-a sorrir—
Te assustei, pequeno?

272
Minha Princesa Viking – Sophie Saint Rose

— Assustaste a todos. — disse Tavie levantando-se de


sua cadeira— Irei buscar algo pra você comer. Precisa
recuperar as forças.
Maisey acariciando a pelagem de Raio olhou pra Roald—
Não vai me deixar vê-lo?
Seu marido olhando-a fixamente se deu conta que ela
não tinha visto o menino e o estendeu para que o pegasse.
Quase não tinha forças nem para segurá-lo, mas ver o rosto
de seu filho pela primeira vez era algo que não esqueceria
nunca. Estava roliço e era lindo.
— É grande. — disse emocionada acariciando sua
cabecinha.
— É perfeito. — disse Roald com um sorriso nos lábios—
É loiro como sua mãe.
— Sim. — acariciou seu cabelo loiro com amor— Não é
porque é nosso, mas saiu bonito.
Roald pôs-se a rir assentindo— Vai ser um rompe
corações.
— Sim ele será. — disse concentrada em seus pequenos
punhos.
— Maisey eu…
— Pode me trazer água?— perguntou sem querer olhá-
lo.
Roald se levantou e da jarra lhe serviu água. Quando lhe
entregou o copo seus dedos se roçaram e ela desviou o olhar.
— Sobre ontem…
— Pode chamar meu pai?
— Sei que isto foi minha culpa e…

273
Minha Princesa Viking – Sophie Saint Rose

Maisey o olhou nos olhos— Pode ir chamar a meu pai,


por favor?
Ele apertou os lábios e assentiu antes de voltar-se pra
porta — Virá em seguida. Está impaciente por vê-la.
— Obrigada. — sussurrou olhando seu filho que franziu
o queixo como se fosse a chorar— Ei, nem pense nisso ouviu?
O menino balbuciou e Maisey sorriu — Assim eu gosto,
você me obecece. — depois de uns segundos olhando-o, a
porta se abriu e seu pai entrou com Tavie que trazia a comida
em uma tigela.
— Como está filha?— sua preocupação era evidente
— Muito melhor. Viu o menino?
Seu pai assentiu e a beijou na testa— Não tinha
passado tanto medo na vida. Ouvir seus gritos de fora e não
poder fazer nada.
— Sinto ter te preocupado. — olhou seu filho com amor
— Mas valeu a pena.
— Tem que comer, Maisey. Dê o menino pra seu pai.
Maisey o fez— Se tornou uma mandona.
— Fará bem ao Tage — disse seu pai as deixando
atônitas— O quê?— perguntou olhando as duas— Era um
segredo?
Tavie ficou como um tomate e Maisey pôs-se a rir— Pois
todo o povo sabe, assim ele saberá em seguida.
— Papai!— Tavie gemeu tampando o rosto e saiu
correndo para seu quarto— É muito jovem e a envergonhaste.
— Vá, sinto, mas é a verdade. Todo mundo sabe.
Maisey entrecerrou os olhos — E o de…

274
Minha Princesa Viking – Sophie Saint Rose

— Kolina? Todos sabem a muito tempo.


Quando sua amiga soubesse iria gritar até o céu —
Sabe…
— Sorem? Não acredito que se deu conta.
— Algo mais que eu deva saber?— perguntou irônica.
Seu pai a olhou nos olhos— Ficou como louco. Pensava
que tinha morrido e até que Kolina lhe disse que estava
desacordada, pensei que ia fazer uma loucura.
Deu-lhe um tombo o coração— Sério?
— Em realidade eu também estava fora de mim, assim
não escutava o que dizia enquanto te abraçava. Tiveram que
separá-lo de você para que Kolina comprovasse que estava
viva.
— Abraçava-me?— perguntou sem fôlego com a tigela na
mão.
Seu pai assentiu e olhou seu neto— Este safado nos deu
um bom susto.
Maisey sorriu e olhou para a porta— Onde ele está?
— Ficou no salão. — disse seu pai tocando a cabeça do
menino— Como lhe chamarão?
Ficou em branco pois não tinha nem ideia. Com todo o
tempo que tinha tido para escolher um nome e não se decidiu
por nenhum— Temos que decidi-lo juntos. — disse para sair
do impasse. Tinha todo o direito de pôr em seu filho o nome
que lhe desse vontade depois das palavras de Roald, mas não
queria fazer isso. Queria que seu filho tivesse relação com seu
pai embora eles não se dessem bem.

275
Minha Princesa Viking – Sophie Saint Rose

Bebeu seu caldo e seu pai foi embora quando ia dar de


mamar ao menino. Tavie a ajudou e quando estava trocando
o seio, entrou Roald como se entrasse em sua casa. – O que
faz aqui?
— Vim vê-la. — disse cruzando os braços como se
tivesse todo o direito do mundo a estar ali. Maisey corou
quando lhe olhou o seio ao que seu filho se aferrava — Tem
apetite. — disse ele incomodando-a mais.
— Sim. — sussurrou.
— Maisey, sobre ontem…
— Tavie pode colocar outro travesseiro nas minhas
costas?
Roald se aproximou antes de poder impedi-lo e lhe
colocou um travesseiro a suas costas. O roce de seu fôlego
em seu pescoço deixou tensa e o menino protestou trazendo-
a ao presente— Obrigada.
— Está claro que não quer falar sobre ontem…— lhe
sussurrou ao ouvido— Mas, cedo ou tarde teremos que
discuti-lo.
— Que nome lhe pomos?
Roald suspirou erguendo-se e olhando seu filho— O que
te parece Harald?
Maisey também tinha pensado no nome de seu pai e lhe
alegrou que ele também o fizesse— Já que é o único pai que
conheceremos, acredito que é boa ideia que nosso primeiro
filho se chame como ele.
— Será nosso único filho. — disse ela perdendo o
sorriso.

276
Minha Princesa Viking – Sophie Saint Rose

Ele disse algo baixo e Maisey lhe perguntou— O que


disse?
— Nada.
— Disse que veremos. — disse Tavie que os observava
com os braços cruzados ao pé da cama — Harald terminou.
O menino ficou dormindo com o mamilo em sua boca e
Maisey lhe olhou surpresa— Que afortunados são alguns. —
disse seu marido fazendo que se ruborizasse intensamente.
Sabia que seus peitos estavam maiores e a envergonhava que
a olhasse. Tavie reprimiu uma risada enquanto Maisey só
pensava em matar Roald.
Sua amiga pegou o menino e o pôs com delicadeza no
ombro lhe dando tapinhas nas costas. O arroto de seu filho
fez inchar o peito de orgulhoso do pai. Maisey levantou uma
sobrancelha divertida por sua atitude. Quando dissesse sua
primeira palavra faria uma festa.
Maisey ficou confortável enquanto Tavie colocava o
menino no berço que uma das mulheres lhe tinha dado.
— De onde tiraste esse berço?— perguntou Roald com o
cenho franzido.
— Da aldeia. — disse deitando-se na cama para
descansar um momento.
— Por que ninguém fez um pra ele?
— Para quê? Esse serve. — disse fechando os olhos.
Roald grunhiu e ela abriu um olho— O que foi?
— Teria que ter um berço mais bonito.
— Pois deveria ter estado aqui para fazê-lo!— replicou
lhe fechando a boca.

277
Minha Princesa Viking – Sophie Saint Rose

Voltou-se lhe dando as costas e Tavie saiu do quarto


silenciosamente. Sentou-se a seu lado na cama e escutou um
suspiro. Sentiu como pegava uma mecha de seu cabelo e o
acariciava, mas ela não se moveu— Me diga uma coisa.
Sentiu minha falta?
Maisey não queria responder que tinha sentido sua falta
todos os dias, mas logo recordou as palavras da Wava sobre
bater-lhe com a porta no nariz, assim respondeu – Talvez.
Roald perdeu o fôlego e seguiu acariciando seu cabelo—
Talvez eu também tenha sentido sua falta.
— Sim, percebi. — replicou sem poder evitá-lo.
— Está com ciúmes?— o tom da pergunta a fez esticar-
se. Estava rindo dela?
Voltou-se para ver sua cara e sim estava rindo.
Indicavam-no seus olhos e ela entrecerrou os seus— Estou
cansada.
— Vamos, não seja assim…— disse esticando a mão
para tocar seu ombro.
Ela se afastou e lhe deu as costas enquanto Raio
grunhia ficando de pé na cama — Ataque Raio!
O cão o fez em seguida e Maisey esperou. Um suspiro a
suas costas e uns passos afastando lhe disseram o que
esperava. Que a tinha deixado sozinha. Outra vez.
Os dias passaram rapidamente e a neve foi
desaparecendo embora continuasse fazendo frio. Maisey se
levantou da cama embora as garotas protestavam e Roald
gritou quando a viu.

278
Minha Princesa Viking – Sophie Saint Rose

— Está louca, mulher?— gritou ao vê-la entrar no salão


lentamente. Todos o olharam como se quisessem matá-lo —
Melhor dizendo, está louca, meu Jarl?
Vários puseram-se a rir e Lala cobriu a boca com a mão
para que não vissem que ria. Ignorando-o se aproximou de
seu lugar e sentou lentamente. Seu pai a olhou preocupado—
estiveste a ponto de morrer. Ninguém espera que esteja em
pé.
— Aborreço-me na cama.
— Pois, cuide do menino. — disse seu marido entre
dentes.
Sorem pigarreou— Se encontra melhor?
— Parecia que estavam matando um porco. — disse
Tage ganhando uma joelhada de Thorbert.
Maisey pôs-se a rir e Tavie olhou Tage como se ele fosse
idiota.
— Como vai tudo?— perguntou servindo-a de comida.
— Seu pai já me explicou seu plano. — disse Roald
olhando-a atentamente. Afastou-lhe uma mecha loira da
bochecha e todos ficaram em silêncio observando sua reação.
Ao sentir o olhar de sua gente fez de conta que não notou e
continuou comendo— É muito inteligente.
— Obrigada. Faste sabe algo de seu clã?
— Enviei um homem a cada clã para ter notícias o
quanto antes.
— Muito bem. Alguma imperfeição depois do degelo?
Roald a observava falar com seus homens e levantando
uma sobrancelha olhou pra Harald que estava orgulhoso.

279
Minha Princesa Viking – Sophie Saint Rose

Quando terminaram o café da manhã, Roald se levantou e a


mulher que havia trazido da viagem se aproximou
apressadamente.
— Meu amo posso ir contigo?
Todos da mesa se voltaram para eles e Roald
pigarreou— Melhor que fique aqui.
— Se for caçar, posso ir contigo— disse insinuando que
não iriam caçar precisamente.
— Sim, Roald. — disse ela levantando-se de seu
assento— Leve isso para caçar. Pode ser que alguém a
confunda com uma raposa e a transpasse com uma flecha.
A mulher ofegou e deu um passo para ela. Toda a mesa
se levantou de repente e a mulher deu um passo atrás.
— Fiquem tranquilos, meninos. — disse divertida—
Ainda posso com ela.
Os homens puseram-se a rir enquanto que a mulher a
olhava como se quisesse matá-la — Vai trabalhar. — disse
Roald irritado— Lala te dirá o que tem que fazer.
— Será um prazer. — disse Lala com malícia.
Maisey saiu do salão para ir ver o menino e Roald a
agarrou pelo braço girando-a— Temos que falar disto.
— Não tenho nada que falar contigo!— disse soltando
seu braço.
Seguiu caminhando para sua casa e quando já estava
em seu quarto olhando o berço do menino a porta abriu
novamente — Pois vai me escutar!
Ela cruzou os braços e Roald furioso deu vários passos
para ela — Não podia aceitar o desafio! Não podia brigar com

280
Minha Princesa Viking – Sophie Saint Rose

minha esposa pra continuar casado contigo, porque todo


mundo saberia que não teria sido justo e além do mais não
queria fazê-lo! É minha esposa! Ponto!
— Disse que o faria. — disse com lágrimas nos olhos —
Não lutou por mim.
— Estava ferida!
— Rejeitou-me diante de todos!
Roald passou uma mão por seu cabelo negro olhando-a
nos olhos— Não podia fazê-lo.
— Não era pra que continuássemos casados, idiota! Era
para que fosse o Jarl dos três clãs!
Roald surpreso deu um passo atrás— O que está
dizendo?
— Se me tivesse vencido teria conseguido os três clãs.
Meu pai imaginou, por que você não? Quer saber por quê?
Porque é idiota!
— Maisey…— arrependido tentou se aproximar, mas ela
o rechaçou.
— E ainda por cima foi embora!— gritou ela — Quando
cheguei aqui já não estava! Deixou-me!
— Maisey eu…
— E volta com essa vagabunda! — disse com desprezo
— Dizendo que Harald não é seu filho. Não tem palavra!—
gritou ela.
Roald empalideceu vendo-a chorar — Preciosa…
— Não me chame assim! — Virou cobrindo o rosto.— Já
não é meu marido! Foste-me infiel e já não é meu marido! —

281
Minha Princesa Viking – Sophie Saint Rose

disse desequilibrada — Procurarei outro. Outro que me


queira!
Ao ver que não lhe respondia se voltou e estava sozinha.
Tornou-se a ir.
O rancor porque não a tinha consolado a percorreu de
cima abaixo. Jogou-se na cama furiosa. Podia esperar que
recuperasse as forças. Então iria ver.
Passaram os dias e não o viu muito. Em realidade só o
via no jantar e virtualmente não falavam. Ele só falava do que
era estritamente necessário. Uma noite voltou para sua casa
depois de jantar e encontrou um bracelete sobre a cama. Era
precioso com desenhos de dois pássaros que voavam para
unir-se. Emocionada o pôs acariciando-o. Olhou seu anel e o
pente que lhe tinha dado. Por que lhe tinha dado o bracelete?
Então sorriu entendendo que queria consertar sua relação. E
sentia sua falta. Desejava que a abraçasse a noite.
Saiu com o bracelete posto depois de dar de mamar ao
bebê a manhã seguinte e se decidiu ir buscá-lo. Ao não estar
na casa de seu pai perguntou ao Tage.
— Foi caçar. — disse seu amigo olhando Tavie que
estava com o bebê nos braços ao lado do fogo.
Ela olhou a sua amiga e sorriu porque estava bonita —
Quer casar sabia?
Tage a olhou surpreso— O que quer dizer?
— Pediu-me que encontre marido.
— Mas é uma criança!
— Tem quinze anos.

282
Minha Princesa Viking – Sophie Saint Rose

Tage a olhou novamente— Não pode casá-la ainda. É


muito jovem.
— Sabe muito bem que muitas garotas se casam nessa
idade e ela quer sua própria família. Não sou ninguém para
negar-lhe. — Tage a fulminou com o olhar e Maisey conteve
um sorriso— Acaso tem algo a dizer?
— Eu?— parecia assombrado com a pergunta. Depois
entrecerrou os olhos— Por que pergunta?
— Todos sabem que está louca por você e…
Tage a olhou como se tivesse duas cabeças— Eu me
casar? Com ela?
Maisey revirou os olhos— Pense nisso. Senão terei que
procurar outro candidato. — encolheu os ombros
aparentando indiferença— Não será difícil. Está bonita e será
uma boa mãe. Não haverá esposa melhor.
Voltou-se e sorriu para ouvir um grunhido atrás dela.
Foi procurar seu cavalo e estava chegando ao estábulo
quando viu na porta um formoso cavalo branco. Seu pai e
Thorbert tentavam dominá-lo enquanto levantava suas patas
dianteiras muito inquieto.
— É lindo! — sussurrou aproximando-se— De quem é?
— Teu. — disse Thorbert sorrindo.
Então recordou quando Roald havia dito que lhe daria
de presente um quando lhe desse um filho— Roald me trouxe
isso?
Aproximou-se do cavalo e aproximou a mão para
acariciar o focinho— Tome cuidado, filha. Ainda não está
domado.

283
Minha Princesa Viking – Sophie Saint Rose

— Como não está domado?— perguntou surpresa.


— Roald, o domará. Não se preocupe. É muito bom
fazendo-o.
— Onde ele está?
— Foi caçar no norte.
Voltou-se e não viu que os homens se olhavam sorrindo.
Montada a cavalo rodeou a casa para ir buscá-lo, quando viu
Kolina levando um cesto com roupa até sua casa. Sorem ia a
seu lado lhe dizendo que a ajudava e Kolina se deteve
sorrindo. Maisey ficou estática. Era um sorriso de verdade.
Aquilo ia bem.
Dirigiu-se para o norte procurando por Roald, mas
depois de umas horas se deu por vencida. Estava chegando
em casa e ia sair do bosque quando ouviu vozes.
— Não, deixa-o. — endireitou-se sobre o cavalo, pois era
a voz do Roald.
— Mas por quê? Antes não dizia isso. — a voz da
escrava do Roald lhe pôs os cabelos em pé.
Desceu do cavalo e sem fazer ruído se aproximou. Roald
estava de costas pra ela, e a puta sorria enquanto abria a
parte superior do vestido mostrando uns grandes peitos.
— Você gosta de verdade? Por isso me escolheu. São
maiores que os de sua mulher.
— Não fale de Maisey. — disse ele dando um passo para
ela.
A mulher sorriu e levou suas mãos ao peito de seu
marido — Ninguém tem que saber. Só nós.

284
Minha Princesa Viking – Sophie Saint Rose

— Pois, não estão escondendo muito bem. — disse ela


furiosa.
Roald girou surpreso — Não estava fazendo nada.
— Cale a boca. — disse entre dentes sem deixar de olhar
à mulher que levou as mãos ao vestido tentando cobrir seus
seios — Ao que parece você gosta de tocar o que não é seu.
— Maisey…
— Isto é entre ela e eu. — disse aproximando-se furiosa.
— Foi ele! Deseja-me, que culpa eu tenho?
Essas palavras a fizeram olhar pra Roald que as
observava com os olhos entrecerrados — Não vou me
justificar. Você não me quer a seu lado.
— Disse-lhe que fechasse a boca! — olhou pra mulher —
Ninguém toca o que é meu e menos ainda embaixo do meu
nariz, puta!
A mulher empalideceu— Roald!
— Maisey preciosa, eu não ia fazer nada. — agarrou-a
pelo braço para detê-la. Ela se voltou para ele. — Então você
gosta mais dos seus peitos né?
— Não!
Soltou-se e antes que pudesse evitá-lo agarrou a mulher
por seu cabelo negro enquanto ela gritava— Vou te ensinar
quem sou!
— Maisey, solte-a. — disse com voz cansada— Isto é
ridículo.
— Vou te ensinar o quão ridículo é. — disse puxando ela
para a casa. Subiu-a aos empurrões e seus gritos fizeram que
toda gente da casa saísse.

285
Minha Princesa Viking – Sophie Saint Rose

Ao chegar à porta a jogou sobre o chão lhe gritando no


rosto— Acaso não sabe quem sou?
— Sim, meu Jarl. — disse assustada.
— E por que tem que me provocar? Parece que quer que
te mate!
— Maisey. Não aconteceu nada!— gritou Roald furioso.
Maisey não deixava de olhar à mulher e viu algo em
seus olhos negros que lhe indicou a verdade— Por todos os
Deuses. Quer que te mate, não é verdade?
A mulher desviou o olhar envergonhado— Faz de uma
vez!
Roald a olhou surpreso— Mas o que diz, mulher?
— Odeio vocês!— gritou fora de si— Me separastes de
tudo o que amava! Prefiro morrer a continuar vivendo
assim!— olhou pras pessoas que os rodeava com ódio— São
odiosos e nos tratam como putas!
Maisey endireitou as costas e olhou pra seu marido que
estava espantado— Devolve-a.
— Está louca? Sabe onde a recolhi?
— Pois não devia ter feito isso!
— Nem sequer estava em uma aldeia. Estava lavando
roupa à margem do rio!
— Não terá filhos?
Thorbert se aproximou preocupado— Não perguntamos.
— Roald!
Seu marido entrecerrou os olhos— Não vou devolvê-la.
Agora é uma escrava. Venderei-a.
Maisey olhou à mulher— Tem filhos?

286
Minha Princesa Viking – Sophie Saint Rose

— Não, mas tenho marido.


— Devolve-a.
Deu-se a volta para ir ao salão quando seu marido
disse— Não.
Lentamente virou para olhar pra Roald. Não podia
acreditar que estivesse contradizendo-a em público — Como
disse?
— Não a devolverei. — disse cruzando os braços— E te
desafio por ser o Jarl de todos.
Os ofegos de indignação percorreram o grupo, mas
Maisey se voltou olhando-o de cima abaixo — Então agora me
desafia.
Roald sorriu – Rejeita o desafio?
Olharam-se nos olhos e o coração do Maisey saltou de
alegria.
— Não está ainda em condições de lutar contigo! —
disse Lala zangada— Não é justo.
— Lala, tem razão. — disse Kolina — Deverá esperar
uns dias até que esteja totalmente bem.
— Não tem porquê. — disse Sorem ganhando um olhar
de ódio de Kolina— Qualquer um pode desafiá-la em
qualquer momento. É o Jarl todos os dias do ano. Nossos
inimigos não vão esperar que esteja recuperada.
— Sorem tem razão. — disse ela. Deu um passo para
seu marido olhando-o nos olhos— Não confie, Roald. Ainda
posso te surpreender.
Seu marido gargalhou— Não duvido, preciosa.

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Minha Princesa Viking – Sophie Saint Rose

Afastou-se dele reprimindo um sorriso e Faste a


interrompeu— Ele seguirá com o plano?
— Sua confiança em mim é aduladora. — disse
ruborizando ao velho — Vou me vestir confortavelmente.
— Filha…— seu pai a seguiu sussurrando— Tudo bem?
— Tudo perfeito, pai. Não se preocupe.
Entrou em sua casa e vestiu um vestido velho em cima
de suas calças novas de couro. Kolina lhe cortou o vestido
como a vez anterior— Tem certeza?
— Nunca estive tão segura de algo. — disse olhando seu
filho dormir. Pegou sua adaga e saiu pra onde todos estavam
esperando. Desceu a colina com sua amiga atrás e chegou a
clareira— Já estou aqui. — disse aproximando-se do centro
do círculo. Sorriu pra seu marido— Está seguro disto? Depois
não te curarei.
— Preciosa, cuida de seu traseiro. Eu me ocuparei do
meu. — disse colocando-se diante dela.
— Adverti-lhe isso e o que adverte…— deu um salto e
lhe deu uma pesada com as duas pernas no estômago
atirando-o ao chão de costas. As pessoas começaram a gritar
animando um ou o outro enquanto Maisey atacou contra ele,
cravando a adaga no chão quando Roald rodou sobre o chão.
Roald lhe deu uma patada no quadril e Maisey se levantou de
um salto. Enfrentaram-se um ao outro caminhando em
círculos — Preciosa, não quero deixar o menino órfão.
— Então não morra. — disse ela trocando a adaga de
mão e atacando seu antebraço. Fez-lhe um talho e gemeu por

288
Minha Princesa Viking – Sophie Saint Rose

dentro ao ver o sangue, mas não podia se deter. Roald


tampouco o fez e também trocou a adaga de mão.
— Eu também tenho surpresas, preciosa.
Maisey sorriu e quando Roald atacou, ela saltou para
trás fazendo várias cambalhotas enquanto ele a seguia
movendo a adaga de um lado a outro. Quando se deteve se
agachou de repente varrendo o chão e Roald cambaleou, mas
antes de cair a agarrou pelo cabelo levando-lhe com ele.
Roald caiu no chão de costas e viu Maisey levantando o braço
para apunhalá-lo, mas ele soltou sua adaga agarrando seu
pulso com força— É minha, preciosa.
— Isso está por ver. — levantou o joelho com força lhe
pegando na virilha e Roald gemeu sem soltar seu agarre — Se
rende?
Olhou-a nos olhos e sussurrou com a cara
congestionada— Nunca.
Voltou-se levando-lhe com ele, mas Maisey encolheu as
pernas e lhe empurrou pelo ventre fazendo-o voar para trás
caindo de costas de novo. Maisey com a mão ainda sujeita
por ele, arqueou as costas apoiando-se nos calcanhares e se
impulsionou caindo sobre o Roald escarranchado sobre seu
abdômen. Seu marido grunhiu ao senti-la despencar sobre
ele— E agora?
Roald estava sem fôlego pela queda. Maisey nem se deu
conta quando o punho de seu marido se estrelou sobre sua
mandíbula deixando-a sem sentido e caindo mole sobre ele.
Olav se aproximou apressadamente olhando pra Roald
de cima— Está bem?

289
Minha Princesa Viking – Sophie Saint Rose

— Tire ela de cima de mim antes de que desperte. —


respondeu quase sem voz. Olav pôs-se a rir alto e outros
sorriram.
Roald custou levantar-se e seus amigos tiveram que
ajudá-lo, pois enjoou ao fazê-lo. — Tenho várias costelas
quebradas. — disse entre dentes segurando seu próprio lado
vendo que vários levavam a sua esposa.
Sorem riu entre dentes— Pensei que te mataria.
Roald grunhiu— Será vingativa.
— Vai pagar o caso da morena por muito tempo, amigo.
— disse Tage a gargalhadas.
— Sim. — disse sorrindo — Mas é minha.
Seus amigos riram a gargalhadas porque parecia
exausto. Quando chegou em casa Maisey estava deitada
sobre a cama e um arroxeado saía em sua bochecha. Com
um gemido se deitou a seu lado fechando os olhos, pois
estava esgotado.
— Terá que te curar o braço— disse Olav sorrindo de
orelha a orelha.
Ele levantou o antebraço vendo o talho que Maisey tinha
feito e sorriu — deixou de sangrar. Enfaixa-o. Depois Maisey
se encarregará.
Girou a cabeça para sua esposa que ainda não
despertou— Terei batido muito forte?
— É dura de cortar. Ela vai durar muitos anos.

Harald o olhava com o cenho franzido— Não me olhe


assim. Tinha que fazer algo ou me mataria.

290
Minha Princesa Viking – Sophie Saint Rose

— Prometeu não machucá-la.


— E o que queria que eu fizesse? Que deixasse me
matar?— seu sogro grunhiu e Roald o olhou surpreso —
Muito gracioso.
— Agora você é o Jarl. Espero que esteja a altura.
— Foste um exemplo que seguirei.
— Tinha que ter prestado atenção em sua esposa, mas
felizmente ainda a tem ao seu lado para que possa te
aconselhar.
Roald olhou a sua mulher e sorriu— Certo. E daí não se
moverá.
— É o melhor.
O menino pôs-se a chorar e Maisey despertou de repente
sentando-se na cama.
— Harald. — disse confusa olhando a seu redor.
Roald suspirou de alívio e a olhou— O que faz em minha
cama?
— É minha cama. Eu a fiz.
Olav estava enfaixando seu braço e ela o olhou com o
cenho franzido. O velho se deteve — Será melhor que você
continue.
— Sim, será melhor.
Todos saíram da casa deixando-os a sós e olhou-o nos
olhos— Como está? Como eu me saí?
— Preciosa, você nunca fica por baixo. — disse tocando
o lado.

291
Minha Princesa Viking – Sophie Saint Rose

— Sinto muito. — disse aproximando-se para lhe


agarrar o braço— Mas tinha que ser convincente. Se não os
homens não o engoliriam.
— Posso te assegurar que foi acreditável. — agarrou-lhe
uma mecha de cabelo e o acariciou— Me perdoaste?
— Não sei. Estou pensando isso. Mas vai por um bom
caminho.
Segurou sua mecha enrolando-a em seu dedo— Me dê
um beijo como deve ser, esposa. Venci.
— Certo. — sussurrou contra seus lábios— Venceste
justamente.— Roald gemeu antes de apoderar-se de sua boca
com paixão. Desesperado esticou a mão agarrando sua
cintura, mas ao pegá-la ele gemeu de dor. Ela sorriu contra
seus lábios — Quando estiver melhor.
— Sim.
O menino choramingou no berço e ela se levantou
imediatamente— Tem fome, meu amor?
Roald viu como o segurava em seus braços e abriu o
vestido para lhe dar de mamar. — Fica linda quando faz isso.
Maisey olhou nos olhos — Seriamente? Não são muito
pequenos?
Roald fez uma cara como se ela fosse louca. — São
perfeitos. Cabem na palma da minha mão.
— Agora já não. — disse olhando ao menino.
— Estou desejando comprová-lo— disse com voz rouca.
— Pois demorará um tempo. E eu também.
— Esperarei, preciosa. Esperarei.

292
Minha Princesa Viking – Sophie Saint Rose

Levantou o olhar para ver o desejo em seus olhos — A


devolverá?
— Sim.
— E me será fiel?
— Sim.
— Você me ama?
Roald sorriu— Você me ama?
— Talvez. — respondeu ruborizando-se.
— Talvez eu te ame também. — disse levantando-se e
aproximando-se dela. Acariciou-lhe a bochecha — Não posso
viver sem você, preciosa. Tentei ir embora, mas pensava em
você todos os dias.
— Senti sua falta. — disse emocionada — Eu não queria
isto.
— Sei, meu amor. — aproximou-se e a beijou nos lábios
brandamente— Fez o que era correto.
— Amo-te. — disse contra seus lábios. Roald gemeu
beijando-a com ardor e Harald protestou entre os braços de
sua esposa separando-os de repente.
— Está claro que consegue o que quer, como sua mãe.
— disse divertido olhando a cara de protesto do bebê, que
tinha o cenho franzido sem deixar de mamar.
— Acredita que será o Jarl quando crescer?
— Se você se empenhar…

293
Minha Princesa Viking – Sophie Saint Rose

Epílogo.

— Roald você prometeu que nos banharíamos juntos. —


disse ela metida na banheira
— Preciosa, eu não entro aí.
— Ficarei por cima.
Roald pôs-se a rir enquanto se despia. Ia tirar as calças
quando a porta da casa se abriu de repente— Maisey!—
gritou Kolina furiosa— Já estou farta!
Seu marido gemeu sentando-se na cama— O que ocorre
agora?
— Disse-me que não se casará! Que estamos bem assim!
— Se deitou com ele?
Kolina corou— É que… é tão bonito…
— Kolina!
— Você se deitou com ele antes de se casar!
— Isso foi diferente.

294
Minha Princesa Viking – Sophie Saint Rose

Kolina cruzou os braços e Roald pigarreou — Sinto


muito Jarl, mas até que sua mulher não me dê uma solução,
não irei daqui.
Roald se levantou da cama e descalço foi até a porta
gritando— Sorem!— seu amigo tentou entrar na casa, mas ele
o impediu empurrando-o no peito — Amanhã se casará!
— O quê?
Roald fechou-lhe a porta no nariz e Kolina sorriu— Bem
dito, chefe.
— A sua casa!
— Sim, Jarl. — Kolina piscou um olho pra Maisey que
sorriu cúmplice. O plano tinha dado resultado cem por cento.
Quando ficaram sozinhos, Roald ia tirar as calças
quando a porta se abriu novamente e Tavie entrou furiosa—
Como que ela se casa e eu não?
Roald foi até a porta agarrando-a pelo braço— Tage,
amanhã se casa!— disse aos gritos. O primo de seu marido
gritou ao longe que nem louco— Te ordena isso seu Jarl!
— Não sei do que se queixa tanto!— gritou Tavie – Está
louco por mim!
— Maldita pirralha!
Roald fechou a porta e a trancou com uma tábua de
madeira antes de voltar-se sorrindo— Bem onde estávamos?
Maisey levantou uma perna colocando o calcanhar na
borda da banheira. A luz do fogo mostrava uma imagem
muito sugestiva e seu marido tirou as calças com toda
pressa.

295
Minha Princesa Viking – Sophie Saint Rose

— Cada dia é mais preciosa. — disse colocando as mãos


na banheira e levantando-a fazendo-a rir— Sinto meu amor,
mas aí não há lugar para mim.
Abraçou-o pelo pescoço— Estou te molhando.
— Em seguida me secará.
Quando a deitou na cama, colocou-se em cima dela
acariciando seu corpo.
— Te amo. — disse-lhe em voz muito baixa, olhando-o
nos olhos— Me alegro de que tenha me encontrado.
— Eu também me alegro, meu amor. Quando te
encontrei comecei a viver, minha princesa viking. —
sussurrou contra seus lábios.
— O mesmo digo, meu Jarl.

296

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