Discussões e Argumentos
Discussões e Argumentos
Discussões e Argumentos
Otto e Inga querem visitar o Museu de Arte Moderna. Otto tem doença de Alzheimer.
Ele consulta um caderno que sempre carrega com ele. Seu caderno desempenha o
mesmo papel que a memória biológica geralmente desempenha. O caderno diz que o
museu fica na rua 53. Inga consulta sua memória biológica e forma a mesma crença.
Parece que Inga tem uma crença sobre o lugar onde o museu fica antes de
recuperá-lo de sua memória biológica. E quanto a Otto? Embora não esteja
armazenada em seu cérebro, mas em um caderno, podemos dizer que a informação
de Otto sobre a localização do museu é uma crença?
Um experimento mental - Otto e Inga visitam um museu
A relevância dessa discussão: esse conceito foi criado por Andy Clark e David Chalmers em
“The Extended Mind”. A questão trabalhada pelos autores é a seguinte: os pensamentos são
apenas coisas que acontecem em nossos cérebros, ou também no mundo? Parece, neste
caso, que o caderno de Otto funciona exatamente do mesmo modo que o cérebro de Inga.
Então, se chamarmos a memória de Inga da localização do museu de crença, devemos
chamar a de Otto também, mesmo que não esteja em seu cérebro. É possível argumentar
que a lembrança de Otto não é uma crença, porque alguém poderia manipular ou roubar
seu caderno. Mas o cérebro de Inga também pode ser afetado, por exemplo, quando ela
está embriagada.
As explicações são diferentes dos argumentos, porque têm propósitos diferentes num diálogo.
O objetivo de uma explicação não é convencer ou persuadir uma das partes de que uma dada afirmação
é verdadeira, mas sim exprimir a afirmação investigada em termos mais familiares, ou relacioná-la de tal
modo que possam ecoar mais compreensíveis.
Já um argumento é um conjunto de afirmações de tal modo estruturadas que se pretende que uma delas
(a conclusão) seja apoiada pelas outras (as premissas).
Exemplo:
<<O aborto devia ser proibido. Nunca devemos fazer um aborto, seja qual for a circunstância. Penso que
quem faz um aborto não está a ver bem o que está a fazer, não tem consciência de que está na prática a
assassinar um ser humano.>> é uma explicação.
Um argumento bom leva-nos a aceitar uma ideia nova ou reestruturar nossas crenças de maneira profunda. Ao
contrário de uma explicação, num argumento é necessário fundamentar as evidências para que as pessoas se
tornem mais conscientes.
Em um argumento, as pessoas devem ser capazes das seguintes qualificações:
● Prever objeções
● Aceitar o que não pode refutar
● Impor as condições limitadoras
● Limitar o alcance das afirmações e das evidências.
Lembrando que as setas indicam relações lógicas, não uma sequência necessária de um argumento.
Vídeo: O que é um argumento?
Link: https://www.youtube.com/watch?v=SNMPMjRVMiM&t=222s
O tema do aborto é complexo por levar em consideração uma série de informações necessárias para
"abrir" as premissas, esclarecendo os prós e os contras, saber se os argumentos são válidos ou não,
articulando assim, teorias que não podem entrar em conflito com outras verdades que conhecemos.
Armadilhas Comuns
Uma sugestão para consertar um argumento é testar aqueles que são mais importantes dos
pontos de vista seu e do interlocutor. O truque é saber quais argumentos testar e, muitas vezes,
os que parecem mais óbvios geralmente precisam ser testados com mais cuidado.
E não existe argumentação mais difícil do que aquela em que você precisa pedir aos
interlocutores que mudem de opinião, não só quanto àquilo em que acreditam, mas por que e
como acreditam. Se você souber que tipo de evidência sustenta um fundamento, encontrará a
melhor maneira de contestá-lo.
BOOTH, W.C.; COLOMB, G.G. & WILLIAMS, J.M. A Arte da Pesquisa. Martins Fontes. 2005.
CRUZ, Helen de. 8 Philosophical Thought Experiments That I Illustrated To Broaden Your Mind. Disponível em
<https://www.boredpanda.com/im-a-philosopher-who-has-illustrated-a-series-of-philosophical-thought-experiments/> Acesso em 08/08/21
VÁRIOS AUTORES. A Arte de Pensar 10º Ano: Volume I. Didáctica Editora. 2007.