Omalizumabe Asma Final
Omalizumabe Asma Final
Omalizumabe Asma Final
Omalizumabe para o
tratamento da asma grave
Abril de 2013
É permitida a reprodução parcial ou total desta obra, desde que citada a fonte e que
não seja para venda ou qualquer fim comercial.
Informações:
MINISTÉRIO DA SAÚDE
E-mail: [email protected]
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tecnologia, que leva em consideração as evidências científicas, a avaliação econômica
e o impacto da incorporação da tecnologia no SUS.
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SUMÁRIO
1. A DOENÇA .................................................................................................................................... 5
2. A TECNOLOGIA ....................................................................................................................... 12
3. ANÁLISE DA EVIDÊNCIA APRESENTADA PELO DEMANDANTE .............................. 15
4. EVIDÊNCIAS CIENTÍFICAS ................................................................................................... 22
5. IMPACTO ORÇAMENTÁRIO................................................................................................. 34
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS...................................................................................................... 35
7. RECOMENDAÇÃO DA CONITEC ......................................................................................... 39
8. CONSULTA PÚBLICA .............................................................................................................. 39
9. DELIBERAÇÃO FINAL ............................................................................................................ 41
10. DECISÃO..................................................................................................................................... 42
11. REFERÊNCIAS .......................................................................................................................... 43
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1. A DOENÇA
A asma é uma doença inflamatória crônica das vias respiratórias, geralmente associada à
hiper-reatividade das vias aéreas e obstrução do fluxo de ar e caracterizada por crises
recorrentes de sibilos, dispneia, opressão torácica e tosse. Durante uma crise asmática, cuja
frequência e gravidade variam de pessoa para pessoa, a membrana que envolve os brônquios
se torna edemaciada, o que provoca estreitamento das vias aéreas e reduz o fluxo de ar para
dentro e fora dos pulmões. Afeta tanto adultos quanto crianças e é a doença crônica mais
comum entre essas últimas1,2.
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Um estudo foi realizado numa coorte de crianças (5 a 12 anos de idade) em Salvador – Bahia,
para avaliar a distribuição da gravidade da asma na infância. Dentre as 397 crianças avaliadas,
36% apresentavam asma intermitente, 40% tinham asma persistente leve; 12,8% asma
persistente moderada e 10,8%, asma persistente grave8.
A asma não possui cura, entretanto as manifestações clínicas e funcionais podem ser
controladas com medicamentos e ao se evitar os fatores que desencadeiam as crises. A falta
de adesão ou o uso inapropriado dos medicamentos podem provocar a morte. Calcula-se que,
anualmente, 250.000 mortes ocorram devido à asma, mas o número de mortes não é
proporcional à prevalência da doença1,2.
O controle da asma se refere à extensão com a qual suas manifestações estão suprimidas e
inclui não somente o controle das manifestações clínicas (sintomas, despertares noturnos, uso
de medicamento de alívio, limitação das atividades físicas e intensidade da limitação do fluxo
aéreo), como também a redução dos riscos futuros (exacerbações, declínio acelerado da
função pulmonar e eventos adversos dos tratamentos). Com base nesses parâmetros, a asma
pode ser classificada em três grupos distintos: asma controlada, asma parcialmente controlada
e asma não controlada5,10. (Quadro I)
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a
Quadro I - Níveis de controle da asma .
Avaliação do controle clínico atual
(preferencialmente nas últimas quatro semanas)
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Quadro II - Conduta medicamentosa baseada na gravidade da asma
Gravidade da asma Tratamento
Asma intermitente B2CA, quando necessário
Asma persistente leve CI em doses médias associados aos B2CA para alívio conforme a demanda
Asma persistente
CI em doses média a alta associados a B2CA para alívio conforme demanda
moderada
CI em doses altas associados a B2CA para alívio conforme demanda; se a
asma permanece clinicamente estável, são associados B2LA 1 a 2 vezes por
Asma persistente grave dia; no caso de crise aguda ou instabilidade clínica, deve-se considerar o
uso de CO (por aproximadamente 7 dias). B2LA não deve ser usado no
tratamento de crises com sinais de gravidade
Exacerbações CO associado a broncodilatadores de curta ação
B2CA: beta-2 agonistas inalatórios de curta ação
CI: corticosteroide inalatório
B2LA: beta2-agonistas de longa ação
CO: corticosteroide oral
Fonte: Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas – Asma – Ministério da Saúde (2010)
A Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia – SBPT (2012)5, em sua diretriz atual sobre
o manejo da asma, baseada na última diretriz da Iniciativa Global para Asma (Global Initiative
for Asthma – GINA)10, divide o tratamento em cinco etapas. Cada paciente deve ser alocado
em uma dessas etapas de acordo com seu tratamento atual e seu nível de controle e o
tratamento é ajustado num ciclo contínuo de acordo com as mudanças nos estados de
controle da asma. (Quadro IV)
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pacientes atópicos, pois sua utilização pode melhorar o controle da asma e reduzir o risco de
exacerbações.
ASMA E ATOPIA
A evidência para uma relação causal entre asma e alergia é derivada de achados
epidemiológicos que mostram uma forte associação entre anticorpos imunoglobulina E (IgE)
específicos ou IgE total e asma. O IgE inicia a resposta alérgica ao se ligar aos mastócitos,
provocando a liberação de mediadores inflamatórios, como histaminas e metabólitos de ácido
araquidônico (ex: leucotrienos e prostaglandinas), e ao recrutar eosinófilos14.
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alérgenos inalatórios, somente uma parte dos indivíduos alérgicos desenvolvem doença
persistente das vias aéreas16.
A atopia é definida pela presença de níveis elevados de anticorpos IgE, resultante de respostas
exageradas do sistema imune aos alérgenos ambientais, em pacientes com predisposição
genética para seu desenvolvimento17. A presença de atopia pode ser determinada através de
testes cutâneos (puntura, escarificação e intradérmico), pelos níveis de IgE específica para
alérgenos comuns e pela dosagem da IgE sérica total18.
Aproximadamente 90% das crianças com asma possuem testes cutâneos positivos, indicando a
presença de imunoglobulina E específica (IgE), com sensibilidade aos alérgenos comumente
ligados à doença19.
Altos níveis de IgE sérico também estão presentes em outras disfunções do sistema imunitário,
como parasitoses intestinais e cutâneas, imunodeficiências congênitas ou adquiridas, infecções
virais e neoplasias20.
Apesar do fato de mais de 90% dos adultos asmáticos serem atópicos, os dados de prevalência
da asma em adultos e adolescentes mostram que somente 25-30% dos atópicos progridem
para asma16.
De acordo com Pearce e colegas (1999)21, em estudos que avaliaram a IgE sérica total, o risco
de asma atribuível à atopia (definida como aumento dos níveis séricos de IgE total) variaram
de menos de 0% (associação inversa) a 80%, com média ponderada de 33%.(Tabela I)
Tabela I – Porcentagem dos casos de asma atribuíveis à atopia (definida como nível sérico total de IgE
acima de 100 UI/mL) em estudos de base populacional
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medida de IgE total sérica não possui valor como teste diagnostico para identificação de atopia
e não discrimina indivíduos alérgicos de não-alérgicos5,10,20.
Em Porto Alegre, foi realizado um estudo para investigar os níveis de IgE sérica em um grupo
de pacientes atópicos, tendo como controle indivíduos não-atópicos da mesma idade e sexo.
Foi investigado um total de 178 indivíduos entre 15 e 29 anos. A presença de atopia foi
determinada por exame físico e histórico clínico e confirmada pela reação a testes cutâneos
com alérgenos inalatórios. Foi observado que os níveis de IgE sérica são mais elevados no
adulto jovem, tendendo a declinar com a idade, e nos homens do que nas mulheres. No grupo
de indivíduos não atópicos (86 indivíduos assintomáticos), o nível médio de IgE sérico total foi
de 78,5 UI/mL em homens e de 30,2 UI/mL em mulheres. No grupo de indivíduos considerados
atópicos (92 pacientes com manifestações de asma e/ou rinite nos últimos 12 meses), os níveis
médios de IgE total para homens e mulheres foram de 574,2 UI/mL e 227,8 UI/mL,
respectivamente20. (Tabelas II e III)
Tabela II – Resultado médio das dosagens de IgE total (UI/mL) em indivíduos assintomáticos conforme
faixa etária e sexo
Tabela III – Resultado médio das dosagens de IgE total (UI/mL) em indivíduos com sintomatologia
respiratória conforme faixa etária e sexo
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2. A TECNOLOGIA
Tipo: medicamento
Fabricante: Novartis
Indicação proposta: Tratamento da ASMA ALÉRGICA GRAVE NÃO CONTROLADA mesmo com a
adição de corticosteroide oral (etapa 5 das diretrizes da Sociedade Brasileira de Pneumologia e
Tisiologia para o Manejo da Asma), em pacientes acima de 6 anos.
A dose e frequência apropriadas de Xolair® são determinadas pelo nível sérico basal de
imunoglobulina E (IgE)(UI/mL), medido antes do início do tratamento e pelo peso corpóreo
(kg). Antes da dose inicial, pacientes devem ter seu nível de IgE determinado por qualquer
dosagem sérica de IgE total para determinação da dose. Com base nestasmedidas, 75 a 600 mg
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de Xolair® em 1 a 4 injeções devem ser necessários para cada administração. Veja as Tabelas
abaixo (retiradas da bula do medicamento e numeradas como Tabela 2 e Tabela 3) para a
determinação das doses em crianças (de 6 anos a menos que 12 anos de idade) e em adultos e
adolescentes (12 anos de idade ou mais). Para doses de 225, 375 ou 525 mg, metade da dose
de Xolair®150 mg (75 mg), equivalente a 0,6 mL da solução preparada, deve ser utilizada para
completar a dose recomendada. Pacientes cujo nível basal de IgE ou peso corpóreo em kg
estiverem fora dos limites da tabela de dose, não devem receber Xolair®.
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Preço proposto para incorporação:
Preço CMED (preço Preço proposto para
APRESENTAÇÃO fábrica - ICMS 18%) incorporação
Na bula americana do omalizumabe, disponível nos sítios da agência americana Food and Drug
Administration (FDA) e da empresa Genentech22, há um aviso de cautela com o uso do
medicamento devido ao risco de anafilaxia com broncoespasmo, hipotensão, síncope, urticária
e/ou angioedema de língua ou garganta. Os casos de reação anafilática foram relatados logo
após a administração da primeira dose de omalizumabe, mas também ocorreu após um ano de
administração regular do medicamento.
Nos estudos disponíveis até o momento, uma maior incidência de neoplasias foi descrita com
o uso do omalizumabe (0,5%) em relação ao grupo controle (0,2%). Tipos de tumores variados
foram observados, incluindo tumor de mama, próstata, melanoma, tumores cutâneos não
melanocíticos e tumor de parótidas. Na maior parte dos estudos, os pacientes receberam o
medicamento por até um ano. As consequências do uso prolongado ou em população com
maior risco de doença maligna (idosos, fumantes) não está estabelecida.
Eventos adversos: Durante os estudos clínicos com pacientes adultos e adolescentes com
idade acima de 12 anos, as reações adversas mais frequentes foram cefaleias e reações no
local da injeção, tais como dor, edema, eritema e prurido. Em estudos clínicos com pacientes
de 6 a < 12 anos de idade, as reações adversas mais comumente relatadas (frequência ≥ 1/10)
foram dor de cabeça, pirexia e dor na parte superior do abdômen. Quanto à gravidade, em sua
maioria, as reações foram de leves a moderadas. As reações anafiláticas registradas em
estudos clínicos foram consideradas raras (< 1/1.000).
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administrações subsequentes e doença do soro; alopecia; trombocitopenia idiopática grave;
angeíte granulomatosa alérgica (por exemplo, Síndrome de Churg-Strauss); artralgia, mialgia e
inchaço das articulações.
De acordo com o demandante, a eficácia de omalizumabe foi avaliada até o momento em sete
estudos clínicosde fase I, II e III, envolvendo mais de 7.500 pacientes. Os estudos apresentados
pela empresa estão apresentados abaixo.
Análise agrupada
Bousquet 2005b27
Bousquet et al. 2005b conduziram uma análise agrupada de 7 estudos: INNOVATE (Humbert
2005)5; ETOPA (Ayres 2004)24; SOLAR (Vignola 2004)28; Busse 200129 e sua fase de extensão;
Solèr 200130 e sua fase de extensão; Holgate 200431; e ALTO (não publicado). Do total de 4.308
pacientes (12 a 79 anos), 93% tinham asma persistente grave e 2.511 foram tratados com
omalizumabe. O objetivo dessa análise foi avaliar os efeitos do omalizumabe nas exacerbações
da asma. Em todos os estudos o omalizumabe foi dado como terapia adjuvate ao tratamento
da asma. Cinco estudos eram randomizados, duplo cegos, controlados por placebo, nos quais
os pacientes receberam omalizumabe ou placebo; e dois estudos eram randomizados,
controlados e abertos, sendo um deles um estudo não publicado desenhado para avaliar a
segurança do omalizumabe. A duração dos estudos variou de 24 a 52 semanas. A taxa anual
de exacerbação relacionada à asma foi de 0,910 no grupo omalizumabe e 1,474 no grupo
15
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controle (RR = 0,617; IC 95%: 0,535–0,712). A taxa anual de visitas à emergência (internação
hospitalar, pronto-socorro e visitas não programadas ao médico) foi de 0,332 no grupo
omalizumabe e 0,623 no grupo controle (RR = 0,533; IC 95%: 0,401-0,709); a taxa de
internação hospitalar foi menor com omalizumabe do que com controle (0,030 versus 0,062,
respectivamente, RR = 0,489; IC 95%: 0,246-0,972).
Análise de subgrupo do estudo Lanier 2009 realizado em crianças com idade de 6 a < 12 anos.
Análises de subgrupos, principalmente quando não planejadas antes da realização do estudo,
como é o caso desta, podem gerar resultados enviesados e sem poder estatístico. Por isso,
decidiu-se não apresentar os dados da análise de subgrupo e apresentar os dados do estudo
completo. Os resultados do estudo Lanier 2009 serão apresentados no item 4 (Evidencias
Científicas) deste relatório.
Milgrom 201135
16
CONITEC
na taxa de eventos adversos entre omalizumabe e placebo. Os eventos adversos mais comuns
foram nasofaringite, infecções do trato respiratório superior e cefaleia. Os eventos adversos
com suspeita de serem relacionados ao tratamento incluíram cefaleia, eritema e urticária.
Eventos adversos graves foram relatados por 3,4% e 6,6% dos pacientes recebendo
omalizumabe e placebo, respectivamente; os mais comuns foram apendicite, pneumonia e
bronquite.
Análise agrupada (n=1071) de 2 ensaios clínicos randomizados, duplo cego, controlados por
placebo (Busse 2001 e Solèr 2001) e de suas fases de extensão (Lanier 2003 e Buhl 2002). Os
pacientes (12 a 75 anos) tinham asma alérgica persistente moderada a grave,
inadequadamente controlada com CI. Os pacientes receberam omalizumabe ou placebo em 28
semanas de estudo, mais 24 semanas de fase de extensão. Os pacientes no grupo
omalizumabe necessitaram de menor número de resgate com CO para tratamento das
exacerbações agudas do que o placebo (número médio de necessidade de resgate com CO foi
de 0,2 versus 0,3, respectivamente; RR = 0,56; IC 95%: 0,41-0,76).
Holgate 200140
17
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morbidade e mortalidade, relacionadas à asma (pacientes que foram entubados antes do
recrutamento do estudo ou que, durante o ano anterior, visitaram o pronto-socorro, passaram
a noite internados em hospital, ou foram submetidos a tratamento em unidade de tratamento
intensivo). O objetivo principal da análise de subgrupo foi avaliar a taxa de eventos adversos
do omalizumabe em relação ao placebo, em 16 semanas de tratamento com doses estáveis
de corticosteroides. Nesse grupo de alto risco, a taxa de eventos adversos considerados
significativos (EAS) (necessitando do dobro da dose de CI utilizada no início do estudo ou do
uso de corticosteroide sistêmico) foi de 1,56 por paciente/ano no grupo placebo e de 0,69
(p=0,007) no grupo omalizumabe. Dos EAS, 94% necessitaram de tratamento com
corticosteroides sistêmicos. O número de pacientes com pelo menos um EAS foi de 42 de um
total de 119 (35%) no grupo placebo e de 24 de 135 (18%) no grupo omalizumabe.
Molimard 2008b44
18
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tratamento, os pacientes apresentaram redução de 62% nas exacerbações que exigiam CO, de
65% nas visitas ao pronto-socorro e de 29% nas hospitalizações anuais.
Molimard 2008a45
Análise combinada de pesquisas realizadas com médicos do Reino Unido e da França para
verificar o efeito do tratamento com omalizumabe, por pelo menos 16 semanas, na redução
da necessidade de uso de CO em pacientes com asma alérgica persistente grave. Foram
avaliados 97 pacientes que estavam recebendo CO como tratamento de manutenção no início
da pesquisa. No total, 60 pacientes (61,9%) haviam interrompido ou reduzido suas doses de
CO no momento da coleta de dados. A dose de CO foi aumentada ou permaneceu inalterada
em 37 (38,1%) dos pacientes.
O estudo de avaliação econômica, cujos dados são apresentados a seguir, foi realizado pelo
demandante.
O estudo de avaliação econômica elaborado pela Novartis foi realizado com o objetivo de
avaliar a relação de custo-efetividade do uso do omalizumabe associado à terapia padrão (CI +
B2LA) versus terapia padrão isolada no tratamento de pacientes com asma alérgica grave não
controlada, mesmo com a adição de corticoide oral.
A perspectiva utilizada foi do pagador público brasileiro (SUS), num horizonte temporal por
toda a vida do paciente. A taxa de desconto anual aplicada aos custos e às medidas de eficácia
foi de 5%.
Foi elaborado um Modelo de Markov com ciclos de 3 meses de duração e com os seguintes
estados de saúde: em tratamento com omalizumabe associado à terapia padrão
(respondedores); em tratamento com terapia padrão isolada (não respondedores ao
omalizumabe ou pacientes alocados no grupo terapia padrão no início do modelo);
19
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exacerbação clinicamente significante (ECS); exacerbação grave clinicamente significante
(EGCS); morte por qualquer causa; e morte pela asma.
Para o cálculo do custo de tratamento com omalizumabe foram utilizadas as mesmas doses
utilizadas no INNOVATE. No caso base, o custo médio foi calculado pelo número de ampolas e
na análise de sensibilidade foi calculado com base no número de miligramas utilizado por
paciente, considerando-se o aproveitamento da ampola. Foi considerado que 11% dos
pacientes usaram a dose de 375mg 2x/mês (750mg = 6 ampolas), 17% usaram 300mg 2x/mês
(600mg = 4 ampolas), 19% usaram 225mg 2x/mês (450mg = 4 ampolas), 32% usaram a dose
baixa de 300mg/mês (2 ampolas) e 21%, a dose muito baixa de 150mg/mês (1 ampola).
Foi considerado que os pacientes que respondem ao omalizumabe tem um máximo de 5 anos
de tratamento com o medicamento, após esse período todos os pacientes passam a usar
apenas o tratamento com terapia padrão. Considerou-se que a taxa de exacerbações futuras é
independente das exacerbações que ocorreram durante os ciclos anteriores. Portanto, após 5
anos, a probabilidade de exacerbações foi considerada a mesma para todos os pacientes, não
havendo diferença em custo e qualidade de vida entre os tratamentos analisados.
20
CONITEC
Foram realizadas análises de sensibilidade univariada e probabilística com o objetivo de avaliar
as incertezas inerentes ao modelo econômico.
Comentários:
Os dados de eficácia do modelo de avaliação econômica utilizados foram baseados nos dados
do estudo INNOVATE. Aparentemente, não foi levada em conta a susceptibilidade de presença
de vieses nesse estudo, como o sigilo da alocação dos pacientes nos grupos durante a
randomização, o que não é mencionado no estudo INNOVATE. Além disso, o número de
pacientes randomizados no INNOVATE não foi o mesmo utilizado na análise de eficácia, devido
ao abandono do tratamento por 10,8% dos pacientes do estudo (30 pacientes no grupo
omalizumabe e 22 no grupo placebo). Após ajuste no protocolo do estudo, esses pacientes
foram desconsiderados na análise de eficácia. Essas podem ser possíveis explicações para o
fato de que, após a randomização, os dois grupos de tratamento ficaram desbalanceados em
relação ao histórico de exacerbações ocorridas no ano anterior.
O estudo INNOVATE não traz todos os dados utilizados na avaliação econômica feita pelo
demandante, como a quantidade de recursos utilizada, na qual o modelo econômico se
baseou, não sendo possível verificar esses dados.
Embora, no estudo INNOVATE, a maioria dos pacientes asmáticos tivessem sido classificados
como graves, somente 22% deles estava em uso de corticosteroide oral. A randomização dos
pacientes no estudo INNOVATE foi estratificada pelos medicamentos concomitantes usados no
tratamento da asma, mas os resultados dessas análises não são mostrados no estudo.
Portanto, não se sabe a real eficácia, nesse estudo, do omalizumabe nos pacientes com asma
não controlada, mesmo em uso de CO (indicação solicitada pelo demandante para a
incorporação do medicamento no SUS).
Para o cálculo do custo de tratamento com omalizumabe foram utilizadas as mesmas doses
utilizadas no INNOVATE e foram consideradas diferentes porcentagens de pacientes utilizando
diferentes doses de omalizumabe (esses dados foram apresentados no estudo INNOVATE),
sendo que mais de 50% dos pacientes estavam usando doses mensais baixas e muito baixas do
medicamento. Não foi possível determinar pelos dados apresentados, se essas porcentagens
foram mantidas nos pacientes respondedores ao omalizumabe após a semana 16 de
tratamento e se elas realmente correspondem à dose utilizada por esses pacientes.
21
CONITEC
O risco de hospitalização poderia ter sido utilizado como desfecho, por ser um desfecho de alta
relevância na qualidade de vida dos pacientes. Entretanto, como não houve diferença
estatisticamente significativa entre omalizumabe e placebo na taxa de hospitalização, o uso
deste desfecho geraria uma relação de custo-efetividade desfavorável para o omalizumabe.
4. EVIDÊNCIAS CIENTÍFICAS
INNOVATE (Humbert 2005)6
O estudo INNOVATE foi um ensaio clínico randomizado (ECR), controlado por placebo, duplo
cego, em 419 pacientes (12 a 75 anos de idade) com asma persistente grave não controlada
com CI em alta dose associado a B2LA, com função pulmonar reduzida e história recente de
exacerbações clinicamente relevantes. Os pacientes foram randomizados para receber
omalizumabe (dose calculada pelo peso corporal e níveis basais de IgE, sendo de pelo menos
0,016 mg/kg por UI/mL de IgE) ou placebo a cada 2 ou 4 semanas, por um período de 28
semanas. Um total de 482 pacientes foi randomizado, mas 52 (10,8% do total, representado
12,2% dos pacientes no grupo omalizumabe e 9,3% no placebo) saíram do estudo antes de
completar as 28 semanas, sendo que 3,1% dos pacientes saíram devido a eventos adversos
(4,5% no grupo omalizumabe e 1,7% no grupo placebo). Esses pacientes foram excluídos da
análise de eficácia e após ajustes no protocolo, foram avaliados 419 pacientes. Quase todos os
pacientes (97%) apresentavam asma persistente grave. As características demográficas e as
histórias prévias dos pacientes foram similares entre os 2 grupos, com exceção do histórico de
exacerbações referentes ao ano anterior ao estudo. Os pacientes randomizados para
omalizumabe tiveram maior frequência de episódios de exacerbação e de múltiplas
exacerbações no ano anterior ao estudo do que os pacientes recebendo placebo. O desfecho
primário de eficácia foi a taxa de exacerbações da asma clinicamente relevantes (definida
como piora dos sintomas e necessitando de tratamento com corticosteroide sistêmico).
Resultados:
22
CONITEC
para prevenir uma exacerbação clinicamente relevante em 1 ano foi de 2,2 (intervalo
de confiança não apresentado).
A taxa de exacerbações graves foi reduzida pela metade no grupo de omalizumabe
(49 episódios em 16,8% dos pacientes) em comparação com o grupo placebo (100
episódios em 26,2% dos pacientes): 0,24 (IC 95%: 0,17-0,35) para omalizumabe e 0,48
(0,36-0,64) para o placebo (p=0,002). Os intervalos de confiança para as taxas de
exacerbação grave não foram apresentados no estudo. O NNT para evitar uma
exacerbação grave em 1 ano foi de 2,2 (intervalo de confiança não apresentado).
A taxa de visitas emergenciais totais (hospitalizações, visitas ao pronto-socorro e
visitas não programadas ao médico) foi mais baixa no grupo de omalizumabe (total de
50 visitas no grupo, com uma taxa de 0,24 visitas por período de tratamento,) em
comparação com o grupo placebo (total de 93 visitas no grupo, com uma taxa de 0,43),
redução de 46%, RR = 0,561 (IC 95% 0,325-0,968).
Quando as visitas emergenciais foram avaliadas separadamente pelo tipo, não
houve diferenças estatisticamente significativas entre o placebo e o omalizumabe
para as hospitalizações, visitas ao pronto-socorro e visitas não programadas ao
médico.
Uma proporção significativamente maior de pacientes que recebeu omalizumabe
atingiu uma melhora clinicamente relevante (≥0,5 pontos) na qualidade de vida,
avaliada através do Questionário de Qualidadede Vida relacionada à Asma (AQLQ de
Juniper)1, em relação à baseline, comparado ao placebo (60,8% versus 47,8%,
p=0,008).
O estudo ETOPA foi um ECR, aberto, em 312 pacientes (12 a 73 anos de idade) com asma
persistente moderada a grave não controlada com CI em alta dose associado ou não a B2LA
(78% dos pacientes usavam a associação na baseline). Os pacientes foram randomizados 2:1
para receber o melhor tratamento de suporte com ou sem omalizumabe por 12 meses. O
desfecho primário de eficácia foi o número de incidentes relacionados à piora da asma
1
Em 1992, Juniper et al., desenvolveram o Asthma Quality of Life Questionnaire (AQLQ). O AQLQ é
composto de 32 itens, divididos em quatro domínios: limitação das atividades (11 itens), sintomas (12
itens), função emocional (5 itens) e estímulo ambiental (4 itens). Os pacientes são questionados sobre
seu estado durante as 2 semanas prévias e respondem a cada uma das 32 questões empregando-se uma
escala de 7 pontos, onde “1” indica o máximo prejuízo e “7” indica nenhum prejuízo. O escore total é a
média das 32 respostas. Escores mais altos indicam melhor qualidade de vida.
23
CONITEC
(IRPAs). Os IRPAs foram definidos como ≥ 1 dos seguintes eventos relacionados à asma: curso
de corticosteroides sistêmicos ou antibióticos por ≥ 2 dias; ≥ 2 dias perdidos de trabalho ou
escola; visita não programada ao médico; ou visitas ao pronto-socorro ou hospital. Os
pacientes tratados com omalizumabe + tratamento de suporte, em relação aos pacientes
tratados com tratamento de suporte isolado tiveram:
4,84 IRPAs a menos por paciente/ano, ou seja, uma redução de 49,6% (IC 95%: 27,8 a
64,8%) (n=280);
Maior tempo para a ocorrência do primeiro IRPA (126 e 75 dias, respectivamente);
Menor número médio de exacerbações anuais clinicamente relevantes (1,12 e 2,86
por paciente/ano, respectivamente), representando uma reduçãode 60,8% (IC 95%:
46,9 a 71%) (n=312).
Broncodilatadores de resgate foram requeridos em < 1 dia por semana por 17% (30 de
179) pacientes tratados com omalizumabe e 11% (9 de 83) pacientes tratados com
tratamento de suporte isolado, após 14 dias de tratamento. Ao final do estudo, as
porcentagens de pacientes aumentou para 41,4% (75 de 181) no grupo omalizumabe,
comparado com 20,7% (18 de 87) no grupo tratamento de suporte isolado (P < 0,001).
Estudo randomizado e aberto em pacientes (12-75 anos) com asma alérgica (mediada por IgE)
persistente grave, inadequadamente controlada, apesar de terapia com altas doses de CI e um
B2LA. O desfecho primário de eficácia avaliado foi a taxa de persistência da resposta ao
tratamento com omalizumabe adicionado à terapia otimizada da asma (TOA), nas semanas 16
e 32. Um total de 404 pacientes foi randomizado 2:1 para receber omalizumabe + TOA
(n=272) ou TOA isolada (n=128) por 32 semanas. A resposta foi baseada na avaliação global da
efetividade do tratamento realizada pelo médico (GETE)2.
24
CONITEC
Ao todo, 349 pacientes (258 no grupo omalizumabe + TOA e 91 no grupo TOA) tiveram taxas
de GETE disponíveis para avaliação da persistência de resposta nas semanas 16 e 32. No grupo
omalizumabe, dos pacientes classificados como respondedores na semana 16, 171 de 187
(91,4%; IC 95%: 87,4-95,5%) permaneceram respondedores na semana 32. A taxa de
persistência de resposta no grupo TOA foi de 64,3% (IC 95%: 46,5-82%; n=18/28).
Na semana 32, a taxa média de exacerbações clinicamente relevantes foi de 0,55 no grupo
omalizumabe (n=272) e 0,98 no grupo TOA (n=128) (RR = 0,57; IC 95% 0,417–0,778), a de
exacerbações graves foi de 0,24 e 0,42, respectivamente, (RR = 0,341; IC 95% 0,341-0,924) e a
de hospitalizações devido a exacerbações foram de 0,05 e 0,14, respectivamente (RR = 0,33 IC
95% 0,118–0,937).
25
CONITEC
entre os grupos no uso de medicamentos de resgate, na incidência de exacerbações
relacionadas à asma e nos eventos adversos. Aumentos superiores a 1,5 pontos no escore
AQLQ, em relação aos valores do início do estudo, foram de 41,9% e 2,8% na semana 20, nos
grupos omalizumabe e controle, respectivamente. Os eventos adversos que ocorreram com
maior frequência nos 2 grupos foram cefaleia, rinite e sinusite. No grupo omalizumabe houve 3
eventos adversos graves (não relatados no estudo). Os eventos adversos no grupo
omalizumabe que provocaram a interrupção permanente do tratamento fomam cefaleia,
insônia, pneumotórax e gravidez.
Milgrom 200119
Ensaio clínico randomizado duplo cego em crianças de 6 a 12 anos nas quais os sintomas da
asma estavam bem controlados com o uso de CI, equivalente a 168 a 420 mcg/dia de
dipropionato de beclometasona (dose considerada média para crianças maiores de 5 anos, de
acordo com a diretriz SBPT 2012), e terapia com broncodilatador para alívio conforme
demanda, por mais de 3 meses antes da randomização. Só foram incluídas crianças com asma
estável (sem mudança significativa nos medicamentos de uso regular e sem exacerbação
relacionada à asma necessitando corticosteroide de resgate, por pelo menos 4 semanas antes
do recrutamento) e com VEF1 ≥ 60% do valor normal previsto. Portanto, as crianças incluídas
nesse estudo não compreendem a população considerada na indicação de bula do
medicamento omalizumabe, qual seja, pacientes com asma moderada a grave cujos sintomas
são inadequadamente controlados com CI. De acordo com as diretrizes SBPT 2012, em relação
ao manejo da asma baseado no nível de controle para pacientes maiores de 5 anos, esses
pacientes estariam na Etapa 3 do tratamento da asma.
Lanier 200936
26
CONITEC
Ensaio clínico randomizado, duplo cego, controlado por placebo com o objetivo de avaliar a
eficácia e a segurança do omalizumabe em crianças com idade 6 a < 12 anos com asma
alérgica (mediada por IgE) persistente moderada a grave inadequadamente controlada,
apesar de tratamento com doses médias a altas de CI (≥200 mcg/dia de propionato de
fluticasona ou equivalente). O período de tratamento duplo cego consistiu de uma fase de 24
semanas de dose fixa de esteroide (dose constante de CI, a não ser que o ajuste fosse
necessário devido a uma exacerbação) e de outra fase de 28 semanas na qual a dose de
esteroide poderia ser reduzida.
Na primeira fase de 24 semanas, os pacientes tratados com omalizumabe tiveram uma taxa
significativamente menor de exacerbações clinicamente relevantes em relação ao placebo
(0,45 vs 0,64; RR = 0,69; IC 95%: 0,53-0,90) e de exacerbações clinicamente graves (0,10 vs
0,18; RR = 0,55; IC 95%: 0,32-0,95). As diferenças entre os grupos na taxa de redução das
exacerbações clinicamente relevantes (0,78 vs 1,36; RR = 0,57; IC 95%: 0,45-0,73) e de
exacerbações graves (0,12 vs 0,24; RR = 0,49; IC 95% 0,30-0,80) foram sustentadas durante o
período de 52 semanas na população mITT, permanecendo estatisticamente significativas em
relação ao placebo. Na semana 52, 101 pacientes haviam saído do estudo, 62 (16,4%) no grupo
omalizumabe e 32 (15,5%) no grupo placebo, sendo os principais motivos: problemas
administrativos3 e retirada do consentimento de participação do estudo. Em relação aos
3
A forma como os ensaios estavam sendo conduzidos e os dados coletados em 2 locais foram
consideradas inadequadas pelos patrocinadores do estudo e como resultado, todos os pacientes
27
CONITEC
desfechos secundários, não houve diferenças estatisticamente significativas entre os grupos,
em 24 semanas, no escore de sintomas noturnos da asma, no uso diário de medicamento de
resgate e no questionário de qualidade de vida (Pediatric Asthma Quality of Life
Questionnaire – PAQLQ) e, na segunda fase de 28 semanas, na redução da dose de CI.
A ocorrência de eventos adversos foi similar nos 2 grupos e a de eventos adversos graves foi
menor no grupo omalizumabe em relação ao placebo (4% vs 8%, respectivamente). Somente
um paciente no grupo omalizumabe teve um evento adverso grave (“tique” de intensidade
moderada) suspeito de ser relacionado ao medicamento. Um paciente em cada grupo teve
uma reação anafilática não relacionada ao medicamento (no grupo omalizumabe foi atribuída
ao uso de meperidina).
Revisões Sistemáticas
Cochrane 200641
A Revisão Sistemática (RS) da Cochrane (2006) foi realizada com o objetivo de avaliar os
desfechos clínicos dos estudos que compararam o omalizumabe com placebo ou outras
terapias convencionais para o tratamento da asma crônica. Foram considerados somente
ensaios clínicos randomizados (ECR) e 14 estudos preencheram os critérios de inclusão e
foram selecionados. Dos estudos selecionados, 10 ECR avaliaram o omalizumabe administrado
por via subcutânea e, destes, 6 foram realizados em pacientes com asma moderada a grave; os
outros 8 estudos ou avaliaram outras vias de administração ou foram realizados em pacientes
com asma leve. Somente os resultados dos 6 ECR que avaliaram o omalizumabe subcutâneo
em pacientes com asma moderada a grave serão descritos neste relatório.
Estudos que avaliaram o omalizumabe como terapia adjuvante aos corticosteroides (inalatório
ou oral) versus placebo, durante as fases em que os esteroides foram mantidos em doses
estáveis:
randomizados nesses locais foram retirados do estudo e os dados de eficácia foram excluídos. As razões
da retirada dos pacientes nesses locais foram consideradas “problemas administrativos”.
28
CONITEC
12 a 28 semanas foi 10 (IC 95% 8-14). Considerando-se somente os pacientes com
asma grave (Holgate 2004), não houve diferença entre os grupos no número de
pacientes com pelo menos uma exacerbação (RR = 0,81; IC 95% 0,37-1,77).
Em relação ao número médio de exacerbações, a diferença entre os grupos também
foi a favor do omalizumabe (redução de 0,18 exacerbação; IC 95%: -0,08 a -0,27; 7
estudos com 2.570 participantes – incluído um estudo em asma leve).
Considerando somente um estudo em pacientes com asma grave (Humbert 2005), os
pacientes tratados com omalizumabe tiveram um risco significativamente menor de
apresentar uma exacerbação em relação ao placebo (RR = 0,74; IC 95%: 0,552-0,998).
Em um ECR (Busse 200129), a duração das exacerbações em pacientes com asma
moderada a grave foi de 7,8 dias no grupo omalizumabe versus 12,7 dias no grupo
controle.
No estudo de Milgrom 2001 em pacientes pediátricos, não houve diferenças
estatisticamente significativas entre omalizumabe e controle na duração das
exacerbações (10,2 dias versus 14 dias, respectivamente, P=0,97), nem na taxa de
exacerbações.
Adultos e adolescentes tratados com omalizumabe necessitaram de menos beta-2
agonista de resgate em relação ao placebo (-0,63 puffs/dia; IC 95%: -0,90 a -0,36; 6
ECR com 2.223 participantes).
Não houve diferenças no VEF1 ao final do tratamento entre os grupos.
Os participantes recebendo omalizumabe tiveram menores escores de sintomas
relacionados à asma (diferença média de -0,46; IC 95%: -0,75 a -0,29; 3 estudos), o que
representa uma redução de aproximadamente 10% dos valores basais. Na população
pediátrica, não houve mudanças significativas nos sintomas da asma entre os grupos.
Houve uma melhora estatisticamente significativa no escore do questionário AQLQ a
favor do omalizumabe de 0,32 pontos (IC 95%: 0,22-0,43), mas não atingiu o tamanho
de efeito considerado clinicamente relevante de 0,5 pontos.
Estudos que avaliaram o omalizumabe como terapia adjuvante aos corticosteroides (inalatório
ou oral) versus placebo, durante as fases em que as doses de esteroides foram reduzidas:
29
CONITEC
Assumindo-se um risco basal de 23%, para que um indivíduo pudesse interromper o
tratamento com CI, 6 indivíduos deveriam ser tratados com omalizumabe (NNT = 6; IC
95%:5-8) durante 4 semanas (da semana 12 a 16 dos estudos).
Em uma fase de extensão de 32 semanas de um estudo, 34% (85/254) pacientes no
grupo omalizumabe puderam manter seu tratamento sem o uso de CI por esse
período, comparado com 14% (31/229) pacientes no grupo placebo.
Os participantes tratados com omalizumabe tiveram uma chance significativamente
maior de reduzir em mais de 50% suas doses em CI (OR = 2,50; IC 95%: 2,02-3,10; NNT
= 5).
Em uma análise de subgrupo de pacientes dependentes de CO, não houve diferenças
significativas entre o número de pacientes que puderam parar o tratamento com CO
entre omalizumabe e placebo (OR = 1,18; IC 95%: 0,53 a 2,63), nem na redução
mediana das doses diárias desses medicamentos (69% versus 75%, respectivamente).
Em 3 estudos em que os pacientes usavam aproximadamente 4,5 puffs/dia de
medicamento de resgate, aqueles que usaram omalizumabe reduziram o uso desses
medicamentos de forma significativamente maior que os usaram placebo (Diferença
média ponderada = -0,74; IC 95%: -1,05 a -0,43).
Os pacientes tratados com omalizumabe tiveram uma chance menor de ter uma
exacerbação do que aqueles tratados com placebo (OR = 0,46; IC 95%: 0,36-0,59; 4
estudos com 1.631 participantes). Assumindo-se uma taxa de exacerbação no grupo
controle de 32%, 8 pacientes precisariam ser tratados com omalizumabe para prevenir
uma exacerbação (NNT = 8; IC 95%: 7-11) em relação ao placebo, em 4 semanas
(semana 12 a 16 dos estudos).
Houve uma redução significativamente maior na chance de hospitalização nos
pacientes tratados com omalizumabe em relação ao placebo (OR = 0,11; IC 95%: 0,03 a
0,78; 3 estudos; NNT = 57).
Em relação ao número de exacerbações por paciente, aqueles tratados com
omalizumabe tiveram menos exacerbações comparados aos tratados com placebo
(Diferença média: -0,27; IC 95%: -0,37 a -0,16; 4 estudos).
Eventos adversos:
Não houve diferenças entre omalizumabe e placebo no número de pacientes com
cefaleia, urticária ou com qualquer evento adverso, nem de retirada do estudo devido
a eventos adversos. O omalizumabe apresentou uma chance maior de reações no local
da injeção do que o placebo (OR = 2; IC 95%: 1,37-2,92).
30
CONITEC
Rodrigo 201148
Durante a fase com doses estáveis de esteróide, o número de pacientes com pelo menos um
episódio de exacerbação da asma foi de 262 (14%) de um total de 1883 pacientes no grupo
omalizumabe versus 374 (24%) de um total de 1546 pacientes no grupo placebo (RR = 0,57; IC
95%: 0,48-0,66 / NNT = 10; IC 95%: 7-13). Houve menos hospitalizações relacionadas às
exacerbações da asma no grupo omalizumabe em relação ao grupo placebo (1,7% vs 4,8%,
respectivamente; RR = 0,44; IC 95%: 0,23-0,83 / NNT = 33; IC 95%: 22-69). Somente 4 dos 5
estudos que apresentaram a fase de redução da dose de esteróide mostraram dados em
relação à interrupção do tratamento com esteróides ou redução de suas doses. A análise
desses 4 estudos mostrou que os pacientes no grupo omalizumabe apresentaram uma maior
chance de retirar completamente os corticosteróides, comparado com os pacientes do grupo
placebo (41,8% vs 21%; RR = 1,80; IC 95%: 1,42-2,28 / NNT = 5; IC 95%: 4-6), e de reduzir suas
doses de esteróide em 50% (76% vs 56%; RR = 1,34; IC 95%: 1,23-1,46 / NNT = 5; IC 95%: 4-6).
Não houve diferenças entre os grupos em relação ao número de pacientes que abandonou o
estudo devido a eventos adversos. Eventos adversos graves ocorreram com maior freqüência
no grupo placebo (5,3%) do que no omalizumabe (3,8%). A taxa de eventos adversos
relacionados ao tratamento foi significativamente maior no grupo omalizumabe (5%) do que
no placebo (3,2%), principalmente devido às reações no local da injeção (eritema, prurido,
edema, dor e rigidez) que foram mais freqüentes com omalizumabe (19,9%) do que com
31
CONITEC
placebo (13,2%). A ocorrencia de reações de hipersensibilidade foi baixa. Não houve diferenças
entre os grupos nos relatos de reações anafiláticas (0,33% no grupo omalizumabe versus
0,24% no grupo placebo). A prevalência de anafilaxia na população de todos os estudos
controlados foi de 0,14% nos pacientes que receberam omalizumabe e de 0,07% nos que
receberam placebo.
Dados de segurança
A agência americana FDA (United States Food and Drug Adminitration) está avaliando os
achados de um estudo epidemiológico, denominado EXCELS, sobre a segurança do
omalizumabe, que deve ser publicado ainda neste ano. EXCELS (Evaluating the Clinical
Effectiveness and Long-Term Safety in Patients with Moderate to Severe Asthma) foi um estudo
observacional de aproximadamente 5.000 pacientes tratados com omalizumabe e um grupo
controle de 2.500 pacientes não tratados com omalizumabe. O objetivo primário de EXCELS foi
avaliar a segurança em longo prazo do omalizumabe em pacientes (> 12 anos) com asma
persistente moderada a grave acompanhados por 5 anos. Resultados prévios do estudo
sugeriram um aumento no número de eventos cardiovasculares e cerebrovasculares no grupo
de pacientes utilizando omalizumabe em relação ao grupo controle. Os eventos trombóticos
arteriais (ETAs) observados incluíram acidente vascular cerebral, ataque isquêmico transitório,
infarto do miocárdio, angina instável e morte cardiovascular51.
No estudo observacional EXCELS, a taxa de ETAs foi de 5,59 para os pacientes tratados com
omalizumabe e de 3,71 para o grupo controle. Em análise multivariada para controlar os
fatores basais de risco cardiovascular, o omalizumabe não foi associado com risco de ETAs (HR
= 1,11; IC 95%: 0,70-1,76). Esses dados devem ser avaliados após a publicação do estudo50.
Nos ensaios clínicos controlados, a taxa de ETAs foi de 6,29 no grupo omalizumabe e 3,42 no
grupo controle. Em modelo de risco proporcional Cox, o omalizumabe não foi associado com
risco de ETAs (HR = 1,86; IC 95%: 0,73-4,72)50.
32
CONITEC
total, houve 2.274 ETAs relacionados aos medicamentos usados no tratamento da asma.
Quando comparado com outros medicamentos usados no tratamento da asma, a chance do
omalizumabe provocar um ETA foi significativamente maior (OR = 2,75; IC 95% 2,39-319), mas
com um intervalo de confiança impreciso. Quando os medicamentos foram ranqueados para o
risco de provocar ETAs, o omalizumabe ficou em quarto lugar, precedido por B2LA+CI, beta-2
agonistas de curta ação inalatórios e anti-muscarínicos inalatórios. Para os ETAs graves (que
provocaram morte), o omalizumabe ficou em terceiro lugar, precedido de anti-muscarínicos
inalatórios e beta-2 agonistas de curta ação inalatórios.
Um ensaio clínico randomizado e duplo cego foi realizado no Brasil para investigar a segurança
do omalizumabe em 137 pacientes (12-30 anos) com asma e/ou rinite alérgica e com alto risco
de infecções intestinais por helmintos. Todos os pacientes receberam tratamento anti-
helmíntico antes do estudo e foram tratados por 52 semanas com omalizumabe ou placebo.
No grupo omalizumabe, 50% dos pacientes (34/68) apresentaram pelo menos uma infecção
intestinal por helmintos, comparados com 41% (28/69) dos pacientes no grupo placebo, mas
essa diferença não foi significativa (OR = 1,47; IC 95%: 0,74-2,95)53.
Agências Internacionais
O NICE recomenda omalizumabe como opção para o tratamento da asma alérgica persistente
grave (mediada por IgE) como terapia adjuvante à terapia padrão, somente em adultos e
adolescentes (maiores de 12 anos) que tenham sido identificados como tendo doença grave
instável55.
O NICE não recomenda uso de omalizumabe para tratamento da asma alérgica persistente
grave em crianças entre 6 e 11 anos de idade56.
De acordo com o National Heart, Lung, and Blood Institute, o omalizumabe pode ser usado em
pacientes maiores de 12 anos com asma persistente e alérgica, com sensibilidade a alérgenos
33
CONITEC
perenes relevantes. Entretanto, os médicos devem estar preparados e equipados para
identificação e tratamento de potencial anafilaxia; para observar os pacientes por um período
de tempo apropriado após a injeção do medicamento; e para educar os pacientes sobre os
riscos de anafilaxia, a reconhecer e tratar seus sintomas, caso ocorra57.
5. IMPACTO ORÇAMENTÁRIO
A análise de impacto orçamentário, cujos dados são apresentados a seguir, foi realizada pelo
demandante.
34
CONITEC
De acordo com as estimativas de Enfumosa et al (2003)59, a empresa considerou que 69% dos
pacientes asmáticos são portadores de asma alérgica. Destes, somente 2,4% foram
classificados como portadores de asma grave (Hoskins 2000)60. E destes, aproximadamente
25% apresentam asma grave não controlada e com resposta insatisfatória às doses otimizadas
de corticosteroides sistêmicos. Ainda, conforme bula do medicamento omalizumabe, apenas
pacientes com 1500 ≥ IgE ≥ 30 UI/mL são elegíveis para o tratamento, e portanto, segundo
estudos clínicos do omalizumabe, estimou-se que 51% dos pacientes apresentam esses níveis
de IgE.
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS
As referências disponíveis até o momento mostram que o omalizumabe, quando adicionado à
terapia padrão no tratamento de pacientes com asma moderada a grave, reduz as taxas de
exacerbação da doença, em relação ao placebo ou terapia padrão isolada.
A maioria dos estudos disponíveis foi realizada em pacientes com asma moderada a grave, não
controlada com CI em alta dose associado a B2LA (etapa 4 das diretrizes da SBPT – 2012). Esses
pacientes são candidatos à etapa 5 de tratamento nessa mesma diretriz, que adiciona o
corticoide oral ao tratamento já instituído na etapa 4, entretanto não estavam em uso de CO,
conforme a indicação proposta pelo demandante para a incorporação do medicamento no
SUS.
35
CONITEC
reduzindo sua confiabilidade: o estudo não menciona se houve sigilo da alocação dos
pacientes nos grupos de randomização; a análise foi feita por protocolo e não por intenção e
tratar; após a randomização, verificou-se que os pacientes do grupo omalizumabe eram mais
graves, pois apresentaram maior frequência de episódios de exacerbação e de múltiplas
exacerbações no ano anterior ao estudo, do que o grupo placebo.
Somente após um ajuste estatístico das diferenças entre os históricos iniciais de exacerbações
dos dois grupos do estudo INNOVATE, não previsto no protocolo, as taxas de exacerbação
clinicamente relevantes (que evitaram uma admistração de CO) foram significativamente
menores no grupo omalizumabe do que no placebo RR = 0,738 (IC 95% 0,552-0,998). Sem o
ajuste, a diferença entre os grupos neste desfecho não apresentou significância estatística. As
taxas de exacerbações graves e de visitas emergenciais totais foram significativamente
menores no grupo omalizumabe do que no placebo. Entretanto, quando as visitas
emergenciais foram avaliadas separadamente (hospitalizações, visitas ao pronto-socorro e
visitas não programadas ao médico), não houve diferenças estatisticamente significativas entre
o placebo e o omalizumabe.
No estudo de Rubin (2012), em pacientes brasileiros com asma alérgica persistente grave,
inadequadamente controlados com CI e B2LA, aqueles que receberam omalizumabe
adicionado a B2LA + CI apresentaram melhoras na qualidade de vida. Não houve diferenças,
em relação ao grupo recebendo B2LA + CI isoladamente, no uso de medicamentos de resgate e
na incidência de exacerbações relacionadas à asma.
36
CONITEC
prévios da asma estavam balanceados entre os grupos de crianças recendo placebo e
omalizumabe, visto que esses dados não foram apresentados para a população considerada na
análise de eficácia. Portanto, caso as características dos grupos na baseline não estejam
balanceadas, os resultados do estudo podem estar enviesados.
O NICE não recomenda uso de omalizumabe para tratamento da asma alérgica persistente
grave em crianças entre 6 e 11 anos de idade.
Nota-se, nos estudos que avaliaram o omalizumabe, que os indivíduos tratados com placebo
também apresentaram uma significativa redução da necessidade de uso de CI, possivelmente
devido à melhor adesão aos tratamentos, gerada pelo monitoramento e controle mais
rigorosos do ensaio clínico. A adesão ao tratamento é um importante fator que determina o
sucesso ou insucesso do tratamento da asma e deve ser avaliada quando ocorre falha de
alguma terapia, antes da adição de novos medicamentos.
37
CONITEC
As evidências mostram que os níveis de IgE séricos estão relacionados à asma alérgica.
Entretanto, é possível que alguns pacientes com asma alérgica apresentem níveis de IgE fora
dos limites da faixa de concentração para a qual o omalizumabe é indicado (1500 ≤ IgE ≤ 30
UI/mL).
De acordo com o estudo realizado pelo grupo ENFUMOSA59, análises dos diferentes
marcadores de atopia mostraram, de forma consistente, que ela é inversamente relacionada à
asma, ou seja, os níveis séricos médios de IgE são menores nos pacientes com asma grave (109
UI/mL; IC 95% 85-139) do que naqueles com asma controlada (148 UI/mL; IC 95% 118-188).
Em modelo de regressão linear múltipla, o valor sérico de IgE total não foi associado com a
gravidade da asma.
38
CONITEC
7. RECOMENDAÇÃO DA CONITEC
Os membros da CONITEC presentes na 8ª reunião do dia 06/09/2012 apreciaram a proposta de
incorporação do omalizumabe para o tratamento da asma grave e se detiveram nos seguintes
pontos para embasar sua deliberação.
8. CONSULTA PÚBLICA
No dia 05 de outubro de 2012, o presente relatório foi colocado em consulta pública para
manifestação da sociedade civil a respeito da recomendação da CONITEC, relativa à proposta
de incorporação no Sistema Único de Saúde do medicamento omalizumabe, indicado para
tratamento da asma alérgica grave não controlada.
Foram enviadas 125 contribuições à Consulta Pública nº 27/2012, dispostas no gráfico a seguir
conforme a sua origem:
39
CONITEC
50
40
30
18
20 14
8 10
10 5 7
3 4
0
0
http://portal.saude.gov.br/portal/saude/Gestor/visualizar_texto.cfm?idtxt=39823&janela=1
O demandante enviou novos estudos sobre o uso de omalizumabe em pacientes com asma
alérgica grave e não controlada apesar de uso de CO e sobre o uso de omalizumabe por
período superior a um ano. Os estudos mostraram que os pacientes em tratamento com
omalizumabe puderam reduzir suas doses de CO, mantiveram os efeitos benéficos do
tratamento por mais de 4 anos de tratamento e não apresentaram eventos adversos
importantes em longo prazo. Entretanto, esses estudos apresentaram limitações
metodológicas: foram análises de subgrupos de ensaios clínicos (não planejadas previamente
40
CONITEC
no protocolo dos estudos), ou foram estudos não controlados que não permitem inferir se os
pacientes alcançariam melhora nos parâmetros avaliados com outro medicamento ou mesmo
sem o uso do omalizumabe. O fato dos estudos apresentarem limitações metodológicas não
quer dizer que seus resultados são inválidos, mas somente que precisam de comprovação,
através de estudos com desenhos apropriados que reduzam a possibilidade de vieses, por
exemplo.
9. DELIBERAÇÃO FINAL
Após a análise das evidencias apresentadas no dossiê de incorporação encaminhado pela
empresa, somadas às contribuições da consulta pública, a CONITEC entendeu que os estudos
apresentados até o momento não comprovam a eficácia do omalizumabe na indicação
proposta pelo demandante (pacientes com asma alérgica grave não controlada, mesmo com a
adição de corticosteroide oral).
41
CONITEC
10. DECISÃO
Art. 3º A matéria poderá ser submetida a novo processo de avaliação pela CONITEC
caso sejam apresentados fatos novos que possam alterar o resultado da análise efetuada.
Publicação no Diário Oficial da União: D.O.U. Nº 63, de 3 de abril de 2013, pág. 49.
42
CONITEC
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