Introdução

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Guião HPV

● Introdução

O HPV, ou Vírus do HPV, ou Vírus do Papiloma Humano, é responsável por um elevado


número de infeções, que na maioria das vezes são assintomáticas e de regressão
espontânea. Esta é uma das infeções de transmissão sexual mais comuns a nível
mundial.

O HPV pode originar lesões benignas, como as verrugas, os condilomas e as lesões


benignas da orofaringe, e, em situações relativamente raras, pode evoluir para cancro,
com destaque especial para o cancro do colo do útero.

Como o nome faz supor, o HPV é um vírus frequente nos humanos, responsável pela
formação de lesões chamadas papilomas. Existem diferentes tipos de HPV; alguns tipos
podem infetar a área anogenital, enquanto outros infetam áreas como os pés ou as
mãos, onde podem originar verrugas ou “cravos”. Os vírus que infetam a área
anogenital podem ser transmitidos durante o sexo vaginal, oral ou anal, ou durante o
contacto íntimo de pele com pele entre pessoas em que pelo menos um esteja
infetado.

Na população sexualmente ativa, 50 a 80% dos indivíduos adquirem infeção por HPV
nalguma altura da sua vida, apesar de, na grande maioria dos casos, não haver.

Até à data, existem mais de 200 tipos de HPV identificados dos quais cerca de 40
infetam, preferencialmente, o sistema anogenital: vulva, vagina, colo do útero, pénis e
áreas perianais.

● Sintomas

O HPV provoca frequentemente uma infeção silenciosa em que muitos dos infetados
não têm sintomas nem sinais. Por vezes, as verrugas estão presentes mas não visíveis
por se encontrarem numa parte interna do corpo, ou por serem muito pequenas.

As verrugas anogenitais, também chamadas condilomas, podem apresentar-se como


pequenas lesões elevadas, tipo couve-flor, ou podem ser planas.
Nas mulheres, as verrugas podem aparecer na vulva, colo do útero, coxas, ânus, reto,
ou uretra.

O HPV não parece afetar a capacidade de engravidar. Em situações muito raras, o HPV
pode alojar-se na orofaringe da criança infetada durante o parto. Durante a gravidez, o
número e tamanho das verrugas pode aumentar, mas normalmente diminuem depois
do parto.

● Causas

As infeções genitais por HPV são, geralmente, transmitidas por via sexual, através do
contacto direto com a pele ou mucosa, e, mais raramente, durante o parto.

Estão também descritos alguns casos de transmissão por contacto orogenital. Embora
muitas mulheres se infetem com HPV, raramente a infeção progride para cancro. Foram
identificados alguns fatores que aumentam o risco de infeção persistente por HPV e a
progressão para cancro: alguns tipos de vírus (HPV 16 e o HPV 18); co-infeção com
várias imunodeficiências; início precoce da atividade sexual; múltiplos parceiros
sexuais; múltiplos partos; predisposição genética; hábitos tabágicos; co-infecção com
outros microrganismos de transmissão sexual (principalmente vírus Herpes Simplex
tipo 2 e Chlamydia trachomatis).

Alguns estudos sugerem que o uso prolongado de contracetivos orais pode ser um
outro fator de risco para essa progressão para cancro do colo do útero.

● Diagnóstico

A realização regular do teste de Papanicolau ajuda a identificar alterações precoces das


células do colo, permitindo o seu tratamento e vigilância. Este teste citológico de rotina
é uma ferramenta de rastreio importante, pois não há forma de saber previamente em
que pessoa o vírus vai persistir e evoluir para cancro.
Se estas alterações não forem identificadas precocemente, existe a possibilidade de
evoluírem para lesões mais graves e, eventualmente, para cancro.

O teste do HPV-DNA, que possibilita a caracterização genética do vírus, está disponível


em Portugal, mas não faz parte de um rastreio regular. Este teste mais específico pode
estar recomendado em situações de alterações do colo, detetadas pelo teste de
rastreio.

● Tratamento

Não há cura conhecida para as infeções por HPV, mas a grande maioria das pessoas
tem um sistema imune adequado e consegue eliminar a infeção do seu organismo.
Embora uma elevada percentagem de pessoas sexualmente ativas seja infetada pelo
HPV, só numa pequena proporção irá ocorrer evolução para cancro.

O tratamento passa pela aplicação de produto nas lesões. Os métodos podem variar
entre a crioterapia, a eletrocoagulação, laser, ou, muito raramente, excisão cirúrgica.

Por vezes, as verrugas podem retornar depois do tratamento, sendo necessário repeti-
lo.

● Prevenção

A prevenção da infeção pelo HPV depende, sobretudo dos comportamentos adotados.

É importante conhecer as medidas preventivas e utilizá-las de forma consistente,


aprender a reconhecer os sinais e sintomas de infeções de transmissão sexual, as suas
consequências e métodos de transmissão.

As mulheres devem realizar regularmente um exame ginecológico e fazer a


colpocitologia e/ou o teste de HPV-DNA, se recomendado e disponível, mesmo que
tenha feito a vacina.
O uso de preservativos está indicado na prevenção de todas as infeções de transmissão
sexual. É importante reforçar que as áreas de pele não cobertas pelo preservativo não
estão protegidas.

É muito importante falar com o parceiro(a) sobre as infeções de transmissão sexual e


sua prevenção e ter em conta que os comportamentos prévios de um parceiro(a)
também são um fator de risco, principalmente se este teve múltiplos parceiros
anteriores.

A vacina é fundamental e deve ser feita pelas mulheres, de acordo com o Programa
Nacional de Vacinação, ou consoante recomendação médica.

Atualmente existem duas vacinas que oferecem proteção para os tipos 16 e 18,
responsáveis por cerca de 70% de casos de cancro do colo do útero. Uma delas protege
também para os tipos 6 e 11, responsáveis por cerca de 90% das verrugas anogenitais
e, adicionalmente, contra os tipos 31, 33, 45, 52 e 58, que conferem uma proteção extra
contra os cancros do colo do útero em mais 20%.

A vacinação universal de rotina com a vacina HPV aplica-se aos jovens que fazem dez
anos de idade no respetivo ano civil, em duas doses. A vacinação não requer a
realização de qualquer teste analítico prévio.

● Cancro do colo do útero

O cancro do colo do útero, o segundo tipo de cancro mais frequente na mulher em


todo o mundo, é a doença mais relevante associada à infeção por HPV, especialmente
quando não é detetado precocemente, evoluindo para formas invasivas. Na realidade,
aproximadamente 100% dos casos de cancro do colo do útero estão relacionados com
infeção por HPV. A evolução para cancro do colo do útero é muito lenta e, geralmente,
assintomática.

A infeção persistente por HPV tem um período de latência prolongado (anos ou


décadas entre o início da infeção e o desenvolvimento de tumores) passando por
diversas fases.

Relativamente ao cancro do colo do útero, os dados nacionais existentes apontam para


cerca de 1.000 novos casos todos anos, com uma taxa de incidência de 20,95/100.000
mulheres, para todas as idades. A mortalidade total por cancro do colo do útero em
Portugal é de 4,5/100.000 mulheres acima dos 15 anos de idade. O HPV também pode
estar associado a cancro da vulva, pénis e ânus, entre outros.

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