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SUMÁRIO
Direito Constitucional...................................................................................................Pág 3
Direito Penal..................................................................................................................Pág 28
Direito Processual Penal..............................................................................................Pág 56
Legislação Extravagante..............................................................................................Pág 70
Direito Humanos..........................................................................................................Pág 220
Direito Administrativo.................................................................................................Pág 224

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IV - não-intervenção;
DIREITO CONSTITUCIONAL
V - igualdade entre os Estados;
TÍTULO I
VI - defesa da paz;
Dos Princípios Fundamentais
VII - solução pacífica dos conflitos;
Art. 1º A República Federativa do Brasil,
formada pela união indissolúvel dos Estados e
VIII - repúdio ao terrorismo e ao racismo;
Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em
Estado Democrático de Direito e tem como
fundamentos: IX - cooperação entre os povos para o progresso da
humanidade;
I - a soberania;
X - concessão de asilo político.
II - a cidadania
Parágrafo único. A República Federativa do Brasil
buscará a integração econômica, política, social e
III - a dignidade da pessoa humana;
cultural dos povos da América Latina, visando à
formação de uma comunidade latino-americana de
IV - os valores sociais do trabalho e da livre nações.
iniciativa; (Vide Lei nº 13.874, de 2019)
TÍTULO II
V - o pluralismo político. Dos Direitos e Garantias Fundamentais
CAPÍTULO I
Parágrafo único. Todo o poder emana do povo, que o DOS DIREITOS E DEVERES INDIVIDUAIS E
exerce por meio de representantes eleitos ou COLETIVOS
diretamente, nos termos desta Constituição.
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de
Art. 2º São Poderes da União, independentes e qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e
harmônicos entre si, o Legislativo, o Executivo e o aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade
Judiciário. do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança
e à propriedade, nos termos seguintes:
Art. 3º Constituem objetivos fundamentais da
República Federativa do Brasil: I - homens e mulheres são iguais em direitos e
obrigações, nos termos desta Constituição;
I - construir uma sociedade livre, justa e solidária;
II - ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer
II - garantir o desenvolvimento nacional; alguma coisa senão em virtude de lei;

III - erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as III - ninguém será submetido a tortura nem a tratamento
desigualdades sociais e regionais; desumano ou degradante;

IV - promover o bem de todos, sem preconceitos de IV - é livre a manifestação do pensamento, sendo


origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras vedado o anonimato;
formas de discriminação.
V - é assegurado o direito de resposta, proporcional ao
Art. 4º A República Federativa do Brasil rege-se nas agravo, além da indenização por dano material, moral
suas relações internacionais pelos seguintes ou à imagem;
princípios:
VI - é inviolável a liberdade de consciência e de crença,
I - independência nacional; sendo assegurado o livre exercício dos cultos
religiosos e garantida, na forma da lei, a proteção aos
II - prevalência dos direitos humanos; locais de culto e a suas liturgias;

III - autodeterminação dos povos;

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VII - é assegurada, nos termos da lei, a prestação de XIX - as associações só poderão ser compulsoriamente
assistência religiosa nas entidades civis e militares de dissolvidas ou ter suas atividades suspensas por
internação coletiva; decisão judicial, exigindo-se, no primeiro caso, o
trânsito em julgado;
VIII - ninguém será privado de direitos por motivo de
crença religiosa ou de convicção filosófica ou política, XX - ninguém poderá ser compelido a associar-se ou a
salvo se as invocar para eximir-se de obrigação legal permanecer associado;
a todos imposta e recusar-se a cumprir prestação
alternativa, fixada em lei; XXI - as entidades associativas, quando
expressamente autorizadas, têm legitimidade para
IX - é livre a expressão da atividade intelectual, artística, representar seus filiados judicial ou
científica e de comunicação, independentemente de extrajudicialmente;
censura ou licença;
XXII - é garantido o direito de propriedade;
X - são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra
e a imagem das pessoas, assegurado o direito a XXIII - a propriedade atenderá a sua função social;
indenização pelo dano material ou moral decorrente
de sua violação; XXIV - a lei estabelecerá o procedimento para
desapropriação por necessidade ou utilidade pública,
XI - a casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém nela ou por interesse social, mediante justa e prévia
podendo penetrar sem consentimento do morador, indenização em dinheiro, ressalvados os casos
salvo em caso de flagrante delito ou desastre, ou para previstos nesta Constituição;
prestar socorro, ou, durante o dia, por determinação
judicial; XXV - no caso de iminente perigo público, a autoridade
competente poderá usar de propriedade particular,
XII - é inviolável o sigilo da correspondência e das assegurada ao proprietário indenização ulterior, se
comunicações telegráficas, de dados e das houver dano;
comunicações telefônicas, salvo, no último caso, por
ordem judicial, nas hipóteses e na forma que a lei
XXVI - a pequena propriedade rural, assim definida em
estabelecer para fins de investigação criminal ou
lei, desde que trabalhada pela família, não será objeto
instrução processual penal;
de penhora para pagamento de débitos decorrentes
de sua atividade produtiva, dispondo a lei sobre os
XIII - é livre o exercício de qualquer trabalho, ofício ou meios de financiar o seu desenvolvimento;
profissão, atendidas as qualificações profissionais
que a lei estabelecer;
XXVII - aos autores pertence o direito exclusivo de
utilização, publicação ou reprodução de suas obras,
XIV - é assegurado a todos o acesso à informação e transmissível aos herdeiros pelo tempo que a lei fixar;
resguardado o sigilo da fonte, quando necessário ao
exercício profissional;
XXVIII - são assegurados, nos termos da lei:

XV - é livre a locomoção no território nacional em tempo a) a proteção às participações individuais em obras


de paz, podendo qualquer pessoa, nos termos da lei, coletivas e à reprodução da imagem e voz humanas,
nele entrar, permanecer ou dele sair com seus bens; inclusive nas atividades desportivas;

XVI - todos podem reunir-se pacificamente, sem armas,


b) o direito de fiscalização do aproveitamento
em locais abertos ao público, independentemente de econômico das obras que criarem ou de que
autorização, desde que não frustrem outra reunião participarem aos criadores, aos intérpretes e às
anteriormente convocada para o mesmo local, sendo
respectivas representações sindicais e associativas;
apenas exigido prévio aviso à autoridade competente;
XXIX - a lei assegurará aos autores de inventos
XVII - é plena a liberdade de associação para fins industriais privilégio temporário para sua utilização,
lícitos, vedada a de caráter paramilitar; bem como proteção às criações industriais, à
propriedade das marcas, aos nomes de empresas e a
XVIII - a criação de associações e, na forma da lei, a de outros signos distintivos, tendo em vista o interesse
cooperativas independem de autorização, sendo social e o desenvolvimento tecnológico e econômico
vedada a interferência estatal em seu funcionamento; do País;

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XXX - é garantido o direito de herança; XLII - a prática do racismo constitui crime inafiançável e
imprescritível, sujeito à pena de reclusão, nos termos
XXXI - a sucessão de bens de estrangeiros situados no da lei;
País será regulada pela lei brasileira em benefício do
cônjuge ou dos filhos brasileiros, sempre que não lhes XLIII - a lei considerará crimes inafiançáveis e
seja mais favorável a lei pessoal do "de cujus"; insuscetíveis de graça ou anistia a prática da tortura,
o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, o
XXXII - o Estado promoverá, na forma da lei, a defesa terrorismo e os definidos como crimes hediondos, por
do consumidor; eles respondendo os mandantes, os executores e os
que, podendo evitá-los, se omitirem;
XXXIII - todos têm direito a receber dos órgãos públicos
informações de seu interesse particular, ou de XLIV - constitui crime inafiançável e imprescritível a
interesse coletivo ou geral, que serão prestadas no ação de grupos armados, civis ou militares, contra a
prazo da lei, sob pena de responsabilidade, ordem constitucional e o Estado Democrático;
ressalvadas aquelas cujo sigilo seja imprescindível à
segurança da sociedade e do Estado; XLV - nenhuma pena passará da pessoa do
condenado, podendo a obrigação de reparar o dano e
XXXIV - são a todos assegurados, independentemente a decretação do perdimento de bens ser, nos termos
do pagamento de taxas: da lei, estendidas aos sucessores e contra eles
executadas, até o limite do valor do patrimônio
transferido;
a) o direito de petição aos Poderes Públicos em defesa
de direitos ou contra ilegalidade ou abuso de poder;
XLVI - a lei regulará a individualização da pena e
b) a obtenção de certidões em repartições públicas, adotará, entre outras, as seguintes:
para defesa de direitos e esclarecimento de situações
de interesse pessoal; a) privação ou restrição da liberdade;

XXXV - a lei não excluirá da apreciação do Poder b) perda de bens;


Judiciário lesão ou ameaça a direito;
c) multa;
XXXVI - a lei não prejudicará o direito adquirido, o ato
jurídico perfeito e a coisa julgada; d) prestação social alternativa;

XXXVII - não haverá juízo ou tribunal de exceção; e) suspensão ou interdição de direitos;

XXXVIII - é reconhecida a instituição do júri, com a XLVII - não haverá penas:


organização que lhe der a lei, assegurados:
a) de morte, salvo em caso de guerra declarada, nos
a) a plenitude de defesa; termos do art. 84, XIX;

b) o sigilo das votações; b) de caráter perpétuo;

c) a soberania dos veredictos; c) de trabalhos forçados;

d) a competência para o julgamento dos crimes dolosos d) de banimento;


contra a vida;
e) cruéis;
XXXIX - não há crime sem lei anterior que o defina, nem
pena sem prévia cominação legal; XLVIII - a pena será cumprida em estabelecimentos
distintos, de acordo com a natureza do delito, a idade
XL - a lei penal não retroagirá, salvo para beneficiar o e o sexo do apenado;
réu;
XLIX - é assegurado aos presos o respeito à integridade
XLI - a lei punirá qualquer discriminação atentatória dos física e moral;
direitos e liberdades fundamentais;

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L - às presidiárias serão asseguradas condições para LXIV - o preso tem direito à identificação dos
que possam permanecer com seus filhos durante o responsáveis por sua prisão ou por seu interrogatório
período de amamentação; policial;

LI - nenhum brasileiro será extraditado, salvo o LXV - a prisão ilegal será imediatamente relaxada pela
naturalizado, em caso de crime comum, praticado autoridade judiciária;
antes da naturalização, ou de comprovado
envolvimento em tráfico ilícito de entorpecentes e LXVI - ninguém será levado à prisão ou nela mantido,
drogas afins, na forma da lei; quando a lei admitir a liberdade provisória, com ou
sem fiança;
LII - não será concedida extradição de estrangeiro por
crime político ou de opinião; LXVII - não haverá prisão civil por dívida, salvo a do
responsável pelo inadimplemento voluntário e
LIII - ninguém será processado nem sentenciado senão inescusável de obrigação alimentícia e a do
pela autoridade competente; depositário infiel;

LIV - ninguém será privado da liberdade ou de seus LXVIII - conceder-se-á habeas corpus sempre que
bens sem o devido processo legal; alguém sofrer ou se achar ameaçado de sofrer
violência ou coação em sua liberdade de locomoção,
LV - aos litigantes, em processo judicial ou por ilegalidade ou abuso de poder;
administrativo, e aos acusados em geral são
assegurados o contraditório e ampla defesa, com os LXIX - conceder-se-á mandado de segurança para
meios e recursos a ela inerentes; proteger direito líquido e certo, não amparado
por habeas corpus ou habeas data, quando o
LVI - são inadmissíveis, no processo, as provas obtidas responsável pela ilegalidade ou abuso de poder for
por meios ilícitos; autoridade pública ou agente de pessoa jurídica no
exercício de atribuições do Poder Público;
LVII - ninguém será considerado culpado até o trânsito
em julgado de sentença penal condenatória; LXX - o mandado de segurança coletivo pode ser
impetrado por:
LVIII - o civilmente identificado não será submetido a
identificação criminal, salvo nas hipóteses previstas a) partido político com representação no Congresso
em lei; Nacional;

LIX - será admitida ação privada nos crimes de ação b) organização sindical, entidade de classe ou
pública, se esta não for intentada no prazo legal; associação legalmente constituída e em
funcionamento há pelo menos um ano, em defesa dos
interesses de seus membros ou associados;
LX - a lei só poderá restringir a publicidade dos atos
processuais quando a defesa da intimidade ou o
interesse social o exigirem; LXXI - conceder-se-á mandado de injunção sempre que
a falta de norma regulamentadora torne inviável o
exercício dos direitos e liberdades constitucionais e
LXI - ninguém será preso senão em flagrante delito ou
das prerrogativas inerentes à nacionalidade, à
por ordem escrita e fundamentada de autoridade
soberania e à cidadania;
judiciária competente, salvo nos casos de
transgressão militar ou crime propriamente militar,
definidos em lei; LXXII - conceder-se-á habeas data:

LXII - a prisão de qualquer pessoa e o local onde se a) para assegurar o conhecimento de informações
encontre serão comunicados imediatamente ao juiz relativas à pessoa do impetrante, constantes de
competente e à família do preso ou à pessoa por ele registros ou bancos de dados de entidades
indicada; governamentais ou de caráter público;

LXIII - o preso será informado de seus direitos, entre os b) para a retificação de dados, quando não se prefira
quais o de permanecer calado, sendo-lhe assegurada fazê-lo por processo sigiloso, judicial ou
a assistência da família e de advogado; administrativo;

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LXXIII - qualquer cidadão é parte legítima para propor DOS DIREITOS SOCIAIS
ação popular que vise a anular ato lesivo ao
patrimônio público ou de entidade de que o Estado Art. 6º São direitos sociais a educação, a saúde, a
participe, à moralidade administrativa, ao meio alimentação, o trabalho, a moradia, o transporte, o
ambiente e ao patrimônio histórico e cultural, ficando lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à
o autor, salvo comprovada má-fé, isento de custas maternidade e à infância, a assistência aos
judiciais e do ônus da sucumbência; desamparados, na forma desta Constituição.

LXXIV - o Estado prestará assistência jurídica integral e Parágrafo único. Todo brasileiro em situação de
gratuita aos que comprovarem insuficiência de vulnerabilidade social terá direito a uma renda básica
recursos; familiar, garantida pelo poder público em programa
permanente de transferência de renda, cujas normas
LXXV - o Estado indenizará o condenado por erro e requisitos de acesso serão determinados em lei,
judiciário, assim como o que ficar preso além do observada a legislação fiscal e orçamentária
tempo fixado na sentença;
Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais,
LXXVI - são gratuitos para os reconhecidamente além de outros que visem à melhoria de sua condição
pobres, na forma da lei: social:

a) o registro civil de nascimento; I - relação de emprego protegida contra despedida


arbitrária ou sem justa causa, nos termos de lei
b) a certidão de óbito; complementar, que preverá indenização
compensatória, dentre outros direitos;
LXXVII - são gratuitas as ações de habeas
corpus e habeas data, e, na forma da lei, os atos II - seguro-desemprego, em caso de desemprego
necessários ao exercício da cidadania. involuntário;

LXXVIII - a todos, no âmbito judicial e administrativo, III - fundo de garantia do tempo de serviço;
são assegurados a razoável duração do processo e
os meios que garantam a celeridade de sua IV - salário mínimo , fixado em lei, nacionalmente
tramitação. unificado, capaz de atender a suas necessidades
vitais básicas e às de sua família com moradia,
LXXIX - é assegurado, nos termos da lei, o direito à alimentação, educação, saúde, lazer, vestuário,
proteção dos dados pessoais, inclusive nos meios higiene, transporte e previdência social, com reajustes
digitais. periódicos que lhe preservem o poder aquisitivo,
sendo vedada sua vinculação para qualquer fim;
§ 1º As normas definidoras dos direitos e garantias
fundamentais têm aplicação imediata. V - piso salarial proporcional à extensão e à
complexidade do trabalho;
§ 2º Os direitos e garantias expressos nesta
Constituição não excluem outros decorrentes do VI - irredutibilidade do salário, salvo o disposto em
regime e dos princípios por ela adotados, ou dos convenção ou acordo coletivo;
tratados internacionais em que a República
Federativa do Brasil seja parte. VII - garantia de salário, nunca inferior ao mínimo, para
os que percebem remuneração variável;
§ 3º Os tratados e convenções internacionais sobre
direitos humanos que forem aprovados, em cada VIII - décimo terceiro salário com base na remuneração
Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, por três integral ou no valor da aposentadoria;
quintos dos votos dos respectivos membros, serão
equivalentes às emendas constitucionais. IX – remuneração do trabalho noturno superior à do
diurno;
§ 4º O Brasil se submete à jurisdição de Tribunal Penal
Internacional a cuja criação tenha manifestado X - proteção do salário na forma da lei, constituindo
adesão. crime sua retenção dolosa;

CAPÍTULO II

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XI – participação nos lucros, ou resultados, XXVIII - seguro contra acidentes de trabalho, a cargo
desvinculada da remuneração, e, excepcionalmente, do empregador, sem excluir a indenização a que este
participação na gestão da empresa, conforme definido está obrigado, quando incorrer em dolo ou culpa;
em lei;
XXIX - ação, quanto aos créditos resultantes das
XII - salário-família pago em razão do dependente do relações de trabalho, com prazo prescricional de cinco
trabalhador de baixa renda nos termos da lei; anos para os trabalhadores urbanos e rurais, até o
limite de dois anos após a extinção do contrato de
XIII - duração do trabalho normal não superior a oito trabalho;
horas diárias e quarenta e quatro semanais, facultada
a compensação de horários e a redução da jornada, a) (Revogada).
mediante acordo ou convenção coletiva de trabalho;
b) (Revogada).
XIV - jornada de seis horas para o trabalho realizado
em turnos ininterruptos de revezamento, salvo XXX - proibição de diferença de salários, de exercício
negociação coletiva; de funções e de critério de admissão por motivo de
sexo, idade, cor ou estado civil;
XV - repouso semanal remunerado, preferencialmente
aos domingos; XXXI - proibição de qualquer discriminação no tocante
a salário e critérios de admissão do trabalhador
XVI - remuneração do serviço extraordinário superior, portador de deficiência;
no mínimo, em cinqüenta por cento à do normal;
XXXII - proibição de distinção entre trabalho manual,
XVII - gozo de férias anuais remuneradas com, pelo técnico e intelectual ou entre os profissionais
menos, um terço a mais do que o salário normal; respectivos;

XVIII - licença à gestante, sem prejuízo do emprego e XXXIII - proibição de trabalho noturno, perigoso ou
do salário, com a duração de cento e vinte dias; insalubre a menores de dezoito e de qualquer trabalho
a menores de dezesseis anos, salvo na condição de
XIX - licença-paternidade, nos termos fixados em lei; aprendiz, a partir de quatorze anos;

XX - proteção do mercado de trabalho da mulher, XXXIV - igualdade de direitos entre o trabalhador com
mediante incentivos específicos, nos termos da lei; vínculo empregatício permanente e o trabalhador
avulso.
XXI - aviso prévio proporcional ao tempo de serviço,
sendo no mínimo de trinta dias, nos termos da lei; Parágrafo único. São assegurados à categoria dos
trabalhadores domésticos os direitos previstos nos
incisos IV, VI, VII, VIII, X, XIII, XV, XVI, XVII, XVIII,
XXII - redução dos riscos inerentes ao trabalho, por
XIX, XXI, XXII, XXIV, XXVI, XXX, XXXI e XXXIII e,
meio de normas de saúde, higiene e segurança;
atendidas as condições estabelecidas em lei e
observada a simplificação do cumprimento das
XXIII - adicional de remuneração para as atividades obrigações tributárias, principais e acessórias,
penosas, insalubres ou perigosas, na forma da lei; decorrentes da relação de trabalho e suas
peculiaridades, os previstos nos incisos I, II, III, IX, XII,
XXIV - aposentadoria; XXV e XXVIII, bem como a sua integração à
previdência social.
XXV - assistência gratuita aos filhos e dependentes
desde o nascimento até 5 (cinco) anos de idade em Art. 8º É livre a associação profissional ou sindical,
creches e pré-escolas; observado o seguinte:

XXVI - reconhecimento das convenções e acordos I - a lei não poderá exigir autorização do Estado para a
coletivos de trabalho; fundação de sindicato, ressalvado o registro no órgão
competente, vedadas ao Poder Público a interferência
XXVII - proteção em face da automação, na forma da e a intervenção na organização sindical;
lei;

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II - é vedada a criação de mais de uma organização Art. 11. Nas empresas de mais de duzentos
sindical, em qualquer grau, representativa de empregados, é assegurada a eleição de um
categoria profissional ou econômica, na mesma base representante destes com a finalidade exclusiva de
territorial, que será definida pelos trabalhadores ou promover-lhes o entendimento direto com os
empregadores interessados, não podendo ser inferior empregadores.
à área de um Município;
CAPÍTULO III
III - ao sindicato cabe a defesa dos direitos e interesses DA NACIONALIDADE
coletivos ou individuais da categoria, inclusive em
questões judiciais ou administrativas; Art. 12. São brasileiros:

IV - a assembleia geral fixará a contribuição que, em se I - natos:


tratando de categoria profissional, será descontada
em folha, para custeio do sistema confederativo da
a) os nascidos na República Federativa do Brasil, ainda
representação sindical respectiva,
que de pais estrangeiros, desde que estes não
independentemente da contribuição prevista em lei;
estejam a serviço de seu país;
V - ninguém será obrigado a filiar-se ou a manter-se
b) os nascidos no estrangeiro, de pai brasileiro ou mãe
filiado a sindicato;
brasileira, desde que qualquer deles esteja a serviço
da República Federativa do Brasil;
VI - é obrigatória a participação dos sindicatos nas
negociações coletivas de trabalho;
c) os nascidos no estrangeiro de pai brasileiro ou de
mãe brasileira, desde que sejam registrados em
VII - o aposentado filiado tem direito a votar e ser votado repartição brasileira competente ou venham a residir
nas organizações sindicais; na República Federativa do Brasil e optem, em
qualquer tempo, depois de atingida a maioridade, pela
VIII - é vedada a dispensa do empregado sindicalizado nacionalidade brasileira;
a partir do registro da candidatura a cargo de direção
ou representação sindical e, se eleito, ainda que II - naturalizados:
suplente, até um ano após o final do mandato, salvo
se cometer falta grave nos termos da lei.
a) os que, na forma da lei, adquiram a nacionalidade
brasileira, exigidas aos originários de países de língua
Parágrafo único. As disposições deste artigo aplicam- portuguesa apenas residência por um ano ininterrupto
se à organização de sindicatos rurais e de colônias de e idoneidade moral;
pescadores, atendidas as condições que a lei
estabelecer.
b) os estrangeiros de qualquer nacionalidade,
residentes na República Federativa do Brasil há mais
Art. 9º É assegurado o direito de greve, competindo de quinze anos ininterruptos e sem condenação
aos trabalhadores decidir sobre a oportunidade de penal, desde que requeiram a nacionalidade
exercê-lo e sobre os interesses que devam por meio brasileira.
dele defender.
§ 1º Aos portugueses com residência permanente no
§ 1º A lei definirá os serviços ou atividades essenciais País, se houver reciprocidade em favor de brasileiros,
e disporá sobre o atendimento das necessidades serão atribuídos os direitos inerentes ao brasileiro,
inadiáveis da comunidade. salvo os casos previstos nesta Constituição.

§ 2º Os abusos cometidos sujeitam os responsáveis às § 2º A lei não poderá estabelecer distinção entre
penas da lei. brasileiros natos e naturalizados, salvo nos casos
previstos nesta Constituição.
Art. 10. É assegurada a participação dos trabalhadores
e empregadores nos colegiados dos órgãos públicos § 3º São privativos de brasileiro nato os cargos:
em que seus interesses profissionais ou
previdenciários sejam objeto de discussão e
I - de Presidente e Vice-Presidente da República;
deliberação.

II - de Presidente da Câmara dos Deputados;

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III - de Presidente do Senado Federal; a) os analfabetos;

IV - de Ministro do Supremo Tribunal Federal; b) os maiores de setenta anos;

V - da carreira diplomática; c) os maiores de dezesseis e menores de dezoito anos.

VI - de oficial das Forças Armadas. § 2º Não podem alistar-se como eleitores os


estrangeiros e, durante o período do serviço militar
VII - de Ministro de Estado da Defesa obrigatório, os conscritos.

§ 4º - Será declarada a perda da nacionalidade do § 3º São condições de elegibilidade, na forma da lei:


brasileiro que:
I - a nacionalidade brasileira;
I - tiver cancelada sua naturalização, por sentença
judicial, em virtude de atividade nociva ao interesse II - o pleno exercício dos direitos políticos;
nacional;
III - o alistamento eleitoral;
II - adquirir outra nacionalidade, salvo nos casos:
IV - o domicílio eleitoral na circunscrição;
a) de reconhecimento de nacionalidade originária pela
lei estrangeira; V - a filiação partidária;

b) de imposição de naturalização, pela norma VI - a idade mínima de:


estrangeira, ao brasileiro residente em estado
estrangeiro, como condição para permanência em
a) trinta e cinco anos para Presidente e Vice-Presidente
seu território ou para o exercício de direitos civis;
da República e Senador;

Art. 13. A língua portuguesa é o idioma oficial da b) trinta anos para Governador e Vice-Governador de
República Federativa do Brasil. Estado e do Distrito Federal;

§ 1º São símbolos da República Federativa do Brasil a


c) vinte e um anos para Deputado Federal, Deputado
bandeira, o hino, as armas e o selo nacionais.
Estadual ou Distrital, Prefeito, Vice-Prefeito e juiz de
paz;
§ 2º Os Estados, o Distrito Federal e os Municípios
poderão ter símbolos próprios.
d) dezoito anos para Vereador.

CAPÍTULO IV § 4º São inelegíveis os inalistáveis e os analfabetos.


DOS DIREITOS POLÍTICOS
§ 5º O Presidente da República, os Governadores de
Art. 14. A soberania popular será exercida pelo Estado e do Distrito Federal, os Prefeitos e quem os
sufrágio universal e pelo voto direto e secreto, com houver sucedido, ou substituído no curso dos
valor igual para todos, e, nos termos da lei, mediante: mandatos poderão ser reeleitos para um único
período subseqüente.
I - plebiscito;
§ 6º Para concorrerem a outros cargos, o Presidente da
II - referendo; República, os Governadores de Estado e do Distrito
Federal e os Prefeitos devem renunciar aos
III - iniciativa popular. respectivos mandatos até seis meses antes do pleito.

§ 1º O alistamento eleitoral e o voto são: § 7º São inelegíveis, no território de jurisdição do titular,


o cônjuge e os parentes consangüíneos ou afins, até
I - obrigatórios para os maiores de dezoito anos; o segundo grau ou por adoção, do Presidente da
República, de Governador de Estado ou Território, do
Distrito Federal, de Prefeito ou de quem os haja
II - facultativos para:
substituído dentro dos seis meses anteriores ao pleito,

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salvo se já titular de mandato eletivo e candidato à IV - recusa de cumprir obrigação a todos imposta ou
reeleição. prestação alternativa, nos termos do art. 5º, VIII;

§ 8º O militar alistável é elegível, atendidas as seguintes V - improbidade administrativa, nos termos do art. 37, §
condições: 4º.

I - se contar menos de dez anos de serviço, deverá Art. 16. A lei que alterar o processo eleitoral entrará em
afastar-se da atividade; vigor na data de sua publicação, não se aplicando à
eleição que ocorra até um ano da data de sua
II - se contar mais de dez anos de serviço, será vigência.
agregado pela autoridade superior e, se eleito,
passará automaticamente, no ato da diplomação, CAPÍTULO V
para a inatividade. DOS PARTIDOS POLÍTICOS

§ 9º Lei complementar estabelecerá outros casos de Art. 17. É livre a criação, fusão, incorporação e extinção
inelegibilidade e os prazos de sua cessação, a fim de de partidos políticos, resguardados a soberania
proteger a probidade administrativa, a moralidade nacional, o regime democrático, o pluripartidarismo,
para exercício de mandato considerada vida os direitos fundamentais da pessoa humana e
pregressa do candidato, e a normalidade e observados os seguintes preceitos:
legitimidade das eleições contra a influência do poder
econômico ou o abuso do exercício de função, cargo I - caráter nacional;
ou emprego na administração direta ou indireta.
II - proibição de recebimento de recursos financeiros de
§ 10. O mandato eletivo poderá ser impugnado ante a entidade ou governo estrangeiros ou de subordinação
Justiça Eleitoral no prazo de quinze dias contados da a estes;
diplomação, instruída a ação com provas de abuso do
poder econômico, corrupção ou fraude.
III - prestação de contas à Justiça Eleitoral;
§ 11. A ação de impugnação de mandato tramitará em
IV - funcionamento parlamentar de acordo com a lei.
segredo de justiça, respondendo o autor, na forma da
lei, se temerária ou de manifesta má-fé.
§ 1º É assegurada aos partidos políticos autonomia
para definir sua estrutura interna e estabelecer regras
§ 12. Serão realizadas concomitantemente às eleições
sobre escolha, formação e duração de seus órgãos
municipais as consultas populares sobre questões
permanentes e provisórios e sobre sua organização e
locais aprovadas pelas Câmaras Municipais e
funcionamento e para adotar os critérios de escolha e
encaminhadas à Justiça Eleitoral até 90 (noventa)
o regime de suas coligações nas eleições
dias antes da data das eleições, observados os limites
majoritárias, vedada a sua celebração nas eleições
operacionais relativos ao número de quesitos.
proporcionais, sem obrigatoriedade de vinculação
entre as candidaturas em âmbito nacional, estadual,
§ 13. As manifestações favoráveis e contrárias às distrital ou municipal, devendo seus estatutos
questões submetidas às consultas populares nos estabelecer normas de disciplina e fidelidade
termos do § 12 ocorrerão durante as campanhas partidária.
eleitorais, sem a utilização de propaganda gratuita no
rádio e na televisão.
§ 2º Os partidos políticos, após adquirirem
personalidade jurídica, na forma da lei civil,
Art. 15. É vedada a cassação de direitos políticos, cuja registrarão seus estatutos no Tribunal Superior
perda ou suspensão só se dará nos casos de: Eleitoral.

I - cancelamento da naturalização por sentença § 3º Somente terão direito a recursos do fundo


transitada em julgado; partidário e acesso gratuito ao rádio e à televisão, na
forma da lei, os partidos políticos que
II - incapacidade civil absoluta; alternativamente:

III - condenação criminal transitada em julgado, I - obtiverem, nas eleições para a Câmara dos
enquanto durarem seus efeitos; Deputados, no mínimo, 3% (três por cento) dos votos
válidos, distribuídos em pelo menos um terço das

11
unidades da Federação, com um mínimo de 2% (dois § 2º Os Territórios Federais integram a União, e sua
por cento) dos votos válidos em cada uma delas; ou criação, transformação em Estado ou reintegração ao
Estado de origem serão reguladas em lei
II - tiverem elegido pelo menos quinze Deputados complementar.
Federais distribuídos em pelo menos um terço das
unidades da Federação. § 3º Os Estados podem incorporar-se entre si,
subdividir-se ou desmembrar-se para se anexarem a
§ 4º É vedada a utilização pelos partidos políticos de outros, ou formarem novos Estados ou Territórios
organização paramilitar. Federais, mediante aprovação da população
diretamente interessada, através de plebiscito, e do
Congresso Nacional, por lei complementar.
§ 5º Ao eleito por partido que não preencher os
requisitos previstos no § 3º deste artigo é assegurado
o mandato e facultada a filiação, sem perda do § 4º A criação, a incorporação, a fusão e o
mandato, a outro partido que os tenha atingido, não desmembramento de Municípios, far-se-ão por lei
sendo essa filiação considerada para fins de estadual, dentro do período determinado por Lei
distribuição dos recursos do fundo partidário e de Complementar Federal, e dependerão de consulta
acesso gratuito ao tempo de rádio e de televisão. prévia, mediante plebiscito, às populações dos
Municípios envolvidos, após divulgação dos Estudos
de Viabilidade Municipal, apresentados e publicados
§ 6º Os Deputados Federais, os Deputados Estaduais, na forma da lei.
os Deputados Distritais e os Vereadores que se
desligarem do partido pelo qual tenham sido eleitos
perderão o mandato, salvo nos casos de anuência do Art. 19. É vedado à União, aos Estados, ao Distrito
partido ou de outras hipóteses de justa causa Federal e aos Municípios:
estabelecidas em lei, não computada, em qualquer
caso, a migração de partido para fins de distribuição I - estabelecer cultos religiosos ou igrejas, subvencioná-
de recursos do fundo partidário ou de outros fundos los, embaraçar-lhes o funcionamento ou manter com
públicos e de acesso gratuito ao rádio e à televisão. eles ou seus representantes relações de dependência
ou aliança, ressalvada, na forma da lei, a colaboração
§ 7º Os partidos políticos devem aplicar no mínimo 5% de interesse público;
(cinco por cento) dos recursos do fundo partidário na
criação e na manutenção de programas de promoção II - recusar fé aos documentos públicos;
e difusão da participação política das mulheres, de
acordo com os interesses intrapartidários. III - criar distinções entre brasileiros ou preferências
entre si.
§ 8º O montante do Fundo Especial de Financiamento
de Campanha e da parcela do fundo partidário CAPÍTULO II
destinada a campanhas eleitorais, bem como o tempo DA UNIÃO
de propaganda gratuita no rádio e na televisão a ser
distribuído pelos partidos às respectivas candidatas,
deverão ser de no mínimo 30% (trinta por cento), Art. 20. São bens da União:
proporcional ao número de candidatas, e a
distribuição deverá ser realizada conforme critérios I - os que atualmente lhe pertencem e os que lhe vierem
definidos pelos respectivos órgãos de direção e pelas a ser atribuídos;
normas estatutárias, considerados a autonomia e o
interesse partidário. II - as terras devolutas indispensáveis à defesa das
fronteiras, das fortificações e construções militares,
TÍTULO III das vias federais de comunicação e à preservação
Da Organização do Estado ambiental, definidas em lei;
CAPÍTULO I
DA ORGANIZAÇÃO POLÍTICO-ADMINISTRATIVA III - os lagos, rios e quaisquer correntes de água em
terrenos de seu domínio, ou que banhem mais de um
Art. 18. A organização político-administrativa da Estado, sirvam de limites com outros países, ou se
República Federativa do Brasil compreende a União, estendam a território estrangeiro ou dele provenham,
os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, todos bem como os terrenos marginais e as praias fluviais;
autônomos, nos termos desta Constituição.
IV as ilhas fluviais e lacustres nas zonas limítrofes com
§ 1º Brasília é a Capital Federal. outros países; as praias marítimas; as ilhas oceânicas

12
e as costeiras, excluídas, destas, as que contenham VII - emitir moeda;
a sede de Municípios, exceto aquelas áreas afetadas
ao serviço público e a unidade ambiental federal, e as VIII - administrar as reservas cambiais do País e
referidas no art. 26, II; fiscalizar as operações de natureza financeira,
especialmente as de crédito, câmbio e capitalização,
V - os recursos naturais da plataforma continental e da bem como as de seguros e de previdência privada;
zona econômica exclusiva;
IX - elaborar e executar planos nacionais e regionais de
VI - o mar territorial; ordenação do território e de desenvolvimento
econômico e social;
VII - os terrenos de marinha e seus acrescidos;
X - manter o serviço postal e o correio aéreo nacional;
VIII - os potenciais de energia hidráulica;
XI - explorar, diretamente ou mediante autorização,
IX - os recursos minerais, inclusive os do subsolo; concessão ou permissão, os serviços de
telecomunicações, nos termos da lei, que disporá
X - as cavidades naturais subterrâneas e os sítios sobre a organização dos serviços, a criação de um
arqueológicos e pré-históricos; órgão regulador e outros aspectos institucionais;

XII - explorar, diretamente ou mediante autorização,


XI - as terras tradicionalmente ocupadas pelos índios.
concessão ou permissão:
§ 1º É assegurada, nos termos da lei, à União, aos
a) os serviços de radiodifusão sonora, e de sons e
Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios a
imagens;
participação no resultado da exploração de
petróleo ou gás natural, de recursos hídricos para fins
de geração de energia elétrica e de outros recursos b) os serviços e instalações de energia elétrica e o
minerais no respectivo território, plataforma aproveitamento energético dos cursos de água, em
continental, mar territorial ou zona econômica articulação com os Estados onde se situam os
exclusiva, ou compensação financeira por potenciais hidroenergéticos;
essa exploração.
c) a navegação aérea, aeroespacial e a infra-estrutura
§ 2º A faixa de até cento e cinqüenta quilômetros de aeroportuária;
largura, ao longo das fronteiras terrestres, designada
como faixa de fronteira, é considerada fundamental d) os serviços de transporte ferroviário e aquaviário
para defesa do território nacional, e sua ocupação e entre portos brasileiros e fronteiras nacionais, ou que
utilização serão reguladas em lei. transponham os limites de Estado ou Território;

Art. 21. Compete à União: e) os serviços de transporte rodoviário interestadual e


internacional de passageiros;
I - manter relações com Estados estrangeiros e
participar de organizações internacionais; f) os portos marítimos, fluviais e lacustres;

II - declarar a guerra e celebrar a paz; XIII - organizar e manter o Poder Judiciário, o Ministério
Público do Distrito Federal e dos Territórios e a
III - assegurar a defesa nacional; Defensoria Pública dos Territórios;

IV - permitir, nos casos previstos em lei complementar, XIV - organizar e manter a polícia civil, a polícia penal,
que forças estrangeiras transitem pelo território a polícia militar e o corpo de bombeiros militar do
nacional ou nele permaneçam temporariamente; Distrito Federal, bem como prestar assistência
financeira ao Distrito Federal para a execução de
serviços públicos, por meio de fundo próprio;
V - decretar o estado de sítio, o estado de defesa e a
intervenção federal;
XV - organizar e manter os serviços oficiais de
VI - autorizar e fiscalizar a produção e o comércio de estatística, geografia, geologia e cartografia de âmbito
material bélico; nacional;

13
XVI - exercer a classificação, para efeito indicativo, de Art. 22. Compete privativamente à União legislar sobre:
diversões públicas e de programas de rádio e
televisão; I - direito civil, comercial, penal, processual, eleitoral,
agrário, marítimo, aeronáutico, espacial e do trabalho;
XVII - conceder anistia;
II - desapropriação;
XVIII - planejar e promover a defesa permanente contra
as calamidades públicas, especialmente as secas e III - requisições civis e militares, em caso de iminente
as inundações; perigo e em tempo de guerra;

XIX - instituir sistema nacional de gerenciamento de IV - águas, energia, informática, telecomunicações e


recursos hídricos e definir critérios de outorga de radiodifusão;
direitos de seu uso;
V - serviço postal;
XX - instituir diretrizes para o desenvolvimento urbano,
inclusive habitação, saneamento básico e transportes VI - sistema monetário e de medidas, títulos e garantias
urbanos; dos metais;

XXI - estabelecer princípios e diretrizes para o sistema


VII - política de crédito, câmbio, seguros e transferência
nacional de viação;
de valores;

XXII - executar os serviços de polícia marítima,


VIII - comércio exterior e interestadual;
aeroportuária e de fronteiras;
IX - diretrizes da política nacional de transportes;
XXIII - explorar os serviços e instalações nucleares de
qualquer natureza e exercer monopólio estatal sobre
a pesquisa, a lavra, o enriquecimento e X - regime dos portos, navegação lacustre, fluvial,
reprocessamento, a industrialização e o comércio de marítima, aérea e aeroespacial;
minérios nucleares e seus derivados, atendidos os
seguintes princípios e condições: XI - trânsito e transporte;

a) toda atividade nuclear em território nacional somente XII - jazidas, minas, outros recursos minerais e
será admitida para fins pacíficos e mediante metalurgia;
aprovação do Congresso Nacional;
XIII - nacionalidade, cidadania e naturalização;
b) sob regime de permissão, são autorizadas a
comercialização e a utilização de radioisótopos para XIV - populações indígenas;
pesquisa e uso agrícolas e industriais;
XV - emigração e imigração, entrada, extradição e
c) sob regime de permissão, são autorizadas a expulsão de estrangeiros;
produção, a comercialização e a utilização de
radioisótopos para pesquisa e uso médicos; XVI - organização do sistema nacional de emprego e
condições para o exercício de profissões;
d) a responsabilidade civil por danos nucleares
independe da existência de culpa. XVII - organização judiciária, do Ministério Público do
Distrito Federal e dos Territórios e da Defensoria
XXIV - organizar, manter e executar a inspeção do Pública dos Territórios, bem como organização
trabalho; administrativa destes;

XXV - estabelecer as áreas e as condições para o XVIII - sistema estatístico, sistema cartográfico e de
exercício da atividade de garimpagem, em forma geologia nacionais;
associativa.
XIX - sistemas de poupança, captação e garantia da
XXVI - organizar e fiscalizar a proteção e o tratamento poupança popular;
de dados pessoais, nos termos da lei.

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XX - sistemas de consórcios e sorteios; V - proporcionar os meios de acesso à cultura, à
educação, à ciência, à tecnologia, à pesquisa e à
XXI - normas gerais de organização, efetivos, material inovação;
bélico, garantias, convocação, mobilização,
inatividades e pensões das polícias militares e dos VI - proteger o meio ambiente e combater a poluição em
corpos de bombeiros militares; qualquer de suas formas;

XXII - competência da polícia federal e das polícias VII - preservar as florestas, a fauna e a flora;
rodoviária e ferroviária federais;
VIII - fomentar a produção agropecuária e organizar o
XXIII - seguridade social; abastecimento alimentar;

XXIV - diretrizes e bases da educação nacional; IX - promover programas de construção de moradias e


a melhoria das condições habitacionais e de
XXV - registros públicos; saneamento básico;

XXVI - atividades nucleares de qualquer natureza; X - combater as causas da pobreza e os fatores de


marginalização, promovendo a integração social dos
setores desfavorecidos;
XXVII – normas gerais de licitação e contratação, em
todas as modalidades, para as administrações
públicas diretas, autárquicas e fundacionais da União, XI - registrar, acompanhar e fiscalizar as concessões de
Estados, Distrito Federal e Municípios, obedecido o direitos de pesquisa e exploração de recursos hídricos
disposto no art. 37, XXI, e para as empresas públicas e minerais em seus territórios;
e sociedades de economia mista, nos termos do art.
173, § 1°, III; XII - estabelecer e implantar política de educação para
a segurança do trânsito.
XXVIII - defesa territorial, defesa aeroespacial, defesa
marítima, defesa civil e mobilização nacional; Parágrafo único. Leis complementares fixarão normas
para a cooperação entre a União e os Estados, o
XXIX - propaganda comercial. Distrito Federal e os Municípios, tendo em vista o
equilíbrio do desenvolvimento e do bem-estar em
âmbito nacional.
XXX - proteção e tratamento de dados pessoais.
Art. 24. Compete à União, aos Estados e ao Distrito
Parágrafo único. Lei complementar poderá autorizar os Federal legislar concorrentemente sobre:
Estados a legislar sobre questões específicas das
matérias relacionadas neste artigo.
I - direito tributário, financeiro, penitenciário, econômico
e urbanístico;
Art. 23. É competência comum da União, dos Estados,
do Distrito Federal e dos Municípios:
II - orçamento;
I - zelar pela guarda da Constituição, das leis e das
instituições democráticas e conservar o patrimônio III - juntas comerciais;
público;
IV - custas dos serviços forenses;
II - cuidar da saúde e assistência pública, da proteção e
garantia das pessoas portadoras de deficiência; V - produção e /consumo;

III - proteger os documentos, as obras e outros bens de VI - florestas, caça, pesca, fauna, conservação da
valor histórico, artístico e cultural, os monumentos, as natureza, defesa do solo e dos recursos naturais,
paisagens naturais notáveis e os sítios arqueológicos; proteção do meio ambiente e controle da poluição;

IV - impedir a evasão, a destruição e a VII - proteção ao patrimônio histórico, cultural, artístico,


descaracterização de obras de arte e de outros bens turístico e paisagístico;
de valor histórico, artístico ou cultural;

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VIII - responsabilidade por dano ao meio ambiente, ao § 3º Os Estados poderão, mediante lei complementar,
consumidor, a bens e direitos de valor artístico, instituir regiões metropolitanas, aglomerações
estético, histórico, turístico e paisagístico; urbanas e microrregiões, constituídas por
agrupamentos de municípios limítrofes, para integrar
IX - educação, cultura, ensino, desporto, ciência, a organização, o planejamento e a execução de
tecnologia, pesquisa, desenvolvimento e inovação; funções públicas de interesse comum.

X - criação, funcionamento e processo do juizado de Art. 26. Incluem-se entre os bens dos Estados:
pequenas causas;
I - as águas superficiais ou subterrâneas, fluentes,
XI - procedimentos em matéria processual; emergentes e em depósito, ressalvadas, neste caso,
na forma da lei, as decorrentes de obras da União;
XII - previdência social, proteção e defesa da saúde;
II - as áreas, nas ilhas oceânicas e costeiras, que
estiverem no seu domínio, excluídas aquelas sob
XIII - assistência jurídica e Defensoria pública;
domínio da União, Municípios ou terceiros;
XIV - proteção e integração social das pessoas
III - as ilhas fluviais e lacustres não pertencentes à
portadoras de deficiência;
União;
XV - proteção à infância e à juventude;
IV - as terras devolutas não compreendidas entre as da
União.
XVI - organização, garantias, direitos e deveres das
polícias civis.
Art. 27. O número de Deputados à Assembléia
Legislativa corresponderá ao triplo da representação
§ 1º No âmbito da legislação concorrente, a do Estado na Câmara dos Deputados e, atingido o
competência da União limitar-se-á a estabelecer número de trinta e seis, será acrescido de tantos
normas gerais. quantos forem os Deputados Federais acima de doze.

§ 2º A competência da União para legislar sobre normas § 1º Será de quatro anos o mandato dos Deputados
gerais não exclui a competência suplementar dos Estaduais, aplicando- sê-lhes as regras desta
Estados. Constituição sobre sistema eleitoral, inviolabilidade,
imunidades, remuneração, perda de mandato,
§ 3º Inexistindo lei federal sobre normas gerais, os licença, impedimentos e incorporação às Forças
Estados exercerão a competência legislativa plena, Armadas.
para atender a suas peculiaridades.
§ 2º O subsídio dos Deputados Estaduais será fixado
§ 4º A superveniência de lei federal sobre normas por lei de iniciativa da Assembléia Legislativa, na
gerais suspende a eficácia da lei estadual, no que lhe razão de, no máximo, setenta e cinco por cento
for contrário. daquele estabelecido, em espécie, para os Deputados
Federais, observado o que dispõem os arts. 39, § 4º,
CAPÍTULO III 57, § 7º, 150, II, 153, III, e 153, § 2º, I.
DOS ESTADOS FEDERADOS
§ 3º Compete às Assembléias Legislativas dispor sobre
Art. 25. Os Estados organizam-se e regem-se pelas seu regimento interno, polícia e serviços
Constituições e leis que adotarem, observados os administrativos de sua secretaria, e prover os
princípios desta Constituição. respectivos cargos.

§ 1º São reservadas aos Estados as competências que § 4º A lei disporá sobre a iniciativa popular no processo
não lhes sejam vedadas por esta Constituição. legislativo estadual.

§ 2º Cabe aos Estados explorar diretamente, ou Art. 28. A eleição do Governador e do Vice-Governador
mediante concessão, os serviços locais de gás de Estado, para mandato de 4 (quatro) anos, realizar-
canalizado, na forma da lei, vedada a edição de se-á no primeiro domingo de outubro, em primeiro
medida provisória para a sua regulamentação. turno, e no último domingo de outubro, em segundo
turno, se houver, do ano anterior ao do término do

16
mandato de seus antecessores, e a posse ocorrerá d) 15 (quinze) Vereadores, nos Municípios de mais de
em 6 de janeiro do ano subsequente, observado, 50.000 (cinquenta mil) habitantes e de até 80.000
quanto ao mais, o disposto no art. 77 desta (oitenta mil) habitantes;
Constituição.
e) 17 (dezessete) Vereadores, nos Municípios de mais
§ 1º Perderá o mandato o Governador que assumir de 80.000 (oitenta mil) habitantes e de até 120.000
outro cargo ou função na administração pública direta (cento e vinte mil) habitantes;
ou indireta, ressalvada a posse em virtude de
concurso público e observado o disposto no art. 38, I, f) 19 (dezenove) Vereadores, nos Municípios de mais
IV e V. de 120.000 (cento e vinte mil) habitantes e de até
160.000 (cento sessenta mil) habitantes;
§ 2º Os subsídios do Governador, do Vice-Governador
e dos Secretários de Estado serão fixados por lei de g) 21 (vinte e um) Vereadores, nos Municípios de mais
iniciativa da Assembléia Legislativa, observado o que de 160.000 (cento e sessenta mil) habitantes e de até
dispõem os arts. 37, XI, 39, § 4º, 150, II, 153, III, e 153, 300.000 (trezentos mil) habitantes;
§ 2º, I.
h) 23 (vinte e três) Vereadores, nos Municípios de mais
CAPÍTULO IV de 300.000 (trezentos mil) habitantes e de até 450.000
Dos Municípios (quatrocentos e cinquenta mil) habitantes;

Art. 29. O Município reger-se-á por lei orgânica, votada i) 25 (vinte e cinco) Vereadores, nos Municípios de mais
em dois turnos, com o interstício mínimo de dez dias, de 450.000 (quatrocentos e cinquenta mil) habitantes
e aprovada por dois terços dos membros da Câmara e de até 600.000 (seiscentos mil) habitantes;
Municipal, que a promulgará, atendidos os princípios
estabelecidos nesta Constituição, na Constituição do j) 27 (vinte e sete) Vereadores, nos Municípios de mais
respectivo Estado e os seguintes preceitos: de 600.000 (seiscentos mil) habitantes e de até
750.000 (setecentos cinquenta mil) habitantes;
I - eleição do Prefeito, do Vice-Prefeito e dos
Vereadores, para mandato de quatro anos, mediante k) 29 (vinte e nove) Vereadores, nos Municípios de mais
pleito direto e simultâneo realizado em todo o País; de 750.000 (setecentos e cinquenta mil) habitantes e
de até 900.000 (novecentos mil) habitantes;
II - eleição do Prefeito e do Vice-Prefeito realizada no
primeiro domingo de outubro do ano anterior ao l) 31 (trinta e um) Vereadores, nos Municípios de mais
término do mandato dos que devam suceder, de 900.000 (novecentos mil) habitantes e de até
aplicadas as regras do art. 77, no caso de Municípios 1.050.000 (um milhão e cinquenta mil) habitantes;
com mais de duzentos mil eleitores;
m) 33 (trinta e três) Vereadores, nos Municípios de mais
III - posse do Prefeito e do Vice-Prefeito no dia 1º de de 1.050.000 (um milhão e cinquenta mil) habitantes
janeiro do ano subseqüente ao da eleição; e de até 1.200.000 (um milhão e duzentos mil)
habitantes;
IV - para a composição das Câmaras Municipais, será
observado o limite máximo de: n) 35 (trinta e cinco) Vereadores, nos Municípios de
mais de 1.200.000 (um milhão e duzentos mil)
a) 9 (nove) Vereadores, nos Municípios de até 15.000 habitantes e de até 1.350.000 (um milhão e trezentos
(quinze mil) habitantes; e cinquenta mil) habitantes;

b) 11 (onze) Vereadores, nos Municípios de mais de o) 37 (trinta e sete) Vereadores, nos Municípios de
15.000 (quinze mil) habitantes e de até 30.000 (trinta 1.350.000 (um milhão e trezentos e cinquenta mil)
mil) habitantes; habitantes e de até 1.500.000 (um milhão e
quinhentos mil) habitantes;
c) 13 (treze) Vereadores, nos Municípios com mais de
30.000 (trinta mil) habitantes e de até 50.000 p) 39 (trinta e nove) Vereadores, nos Municípios de
(cinquenta mil) habitantes; mais de 1.500.000 (um milhão e quinhentos mil)
habitantes e de até 1.800.000 (um milhão e oitocentos
mil) habitantes;

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q) 41 (quarenta e um) Vereadores, nos Municípios de corresponderá a quarenta por cento do subsídio dos
mais de 1.800.000 (um milhão e oitocentos mil) Deputados Estaduais;
habitantes e de até 2.400.000 (dois milhões e
quatrocentos mil) habitantes; d) em Municípios de cem mil e um a trezentos mil
habitantes, o subsídio máximo dos Vereadores
r) 43 (quarenta e três) Vereadores, nos Municípios de corresponderá a cinqüenta por cento do subsídio dos
mais de 2.400.000 (dois milhões e quatrocentos mil) Deputados Estaduais;
habitantes e de até 3.000.000 (três milhões) de
habitantes; e) em Municípios de trezentos mil e um a quinhentos
mil habitantes, o subsídio máximo dos Vereadores
s) 45 (quarenta e cinco) Vereadores, nos Municípios de corresponderá a sessenta por cento do subsídio dos
mais de 3.000.000 (três milhões) de habitantes e de Deputados Estaduais;
até 4.000.000 (quatro milhões) de habitantes;
f) em Municípios de mais de quinhentos mil habitantes,
t) 47 (quarenta e sete) Vereadores, nos Municípios de o subsídio máximo dos Vereadores corresponderá a
mais de 4.000.000 (quatro milhões) de habitantes e de setenta e cinco por cento do subsídio dos Deputados
até 5.000.000 (cinco milhões) de habitantes: Estaduais;

u) 49 (quarenta e nove) Vereadores, nos Municípios de VII - o total da despesa com a remuneração dos
mais de 5.000.000 (cinco milhões) de habitantes e de Vereadores não poderá ultrapassar o montante de
até 6.000.000 (seis milhões) de habitantes; cinco por cento da receita do Município;

v) 51 (cinquenta e um) Vereadores, nos Municípios de VIII - inviolabilidade dos Vereadores por suas opiniões,
mais de 6.000.000 (seis milhões) de habitantes e de palavras e votos no exercício do mandato e na
até 7.000.000 (sete milhões) de habitantes; circunscrição do Município;

w) 53 (cinquenta e três) Vereadores, nos Municípios de IX - proibições e incompatibilidades, no exercício da


mais de 7.000.000 (sete milhões) de habitantes e de vereança, similares, no que couber, ao disposto nesta
até 8.000.000 (oito milhões) de habitantes; e Constituição para os membros do Congresso
Nacional e na Constituição do respectivo Estado para
x) 55 (cinquenta e cinco) Vereadores, nos Municípios os membros da Assembléia Legislativa;
de mais de 8.000.000 (oito milhões) de habitantes;
X - julgamento do Prefeito perante o Tribunal de Justiça;
V - subsídios do Prefeito, do Vice-Prefeito e dos
Secretários Municipais fixados por lei de iniciativa da XI - organização das funções legislativas e
Câmara Municipal, observado o que dispõem os arts. fiscalizadoras da Câmara Municipal;
37, XI, 39, § 4º, 150, II, 153, III, e 153, § 2º, I;
XII - cooperação das associações representativas no
VI - o subsídio dos Vereadores será fixado pelas planejamento municipal;
respectivas Câmaras Municipais em cada legislatura
para a subseqüente, observado o que dispõe esta XIII - iniciativa popular de projetos de lei de interesse
Constituição, observados os critérios estabelecidos específico do Município, da cidade ou de bairros,
na respectiva Lei Orgânica e os seguintes limites através de manifestação de, pelo menos, cinco por
máximos: cento do eleitorado;

a) em Municípios de até dez mil habitantes, o subsídio XIV - perda do mandato do Prefeito, nos termos do art.
máximo dos Vereadores corresponderá a vinte por 28, parágrafo único.
cento do subsídio dos Deputados Estaduais;
Art. 29-A. O total da despesa do Poder Legislativo
b) em Municípios de dez mil e um a cinqüenta mil Municipal, incluídos os subsídios dos Vereadores e
habitantes, o subsídio máximo dos Vereadores excluídos os gastos com inativos, não poderá
corresponderá a trinta por cento do subsídio dos ultrapassar os seguintes percentuais, relativos ao
Deputados Estaduais; somatório da receita tributária e das transferências
previstas no § 5o do art. 153 e nos arts. 158 e 159,
c) em Municípios de cinqüenta mil e um a cem mil efetivamente realizado no exercício anterior:
habitantes, o subsídio máximo dos Vereadores

18
I - 7% (sete por cento) para Municípios com população IV - criar, organizar e suprimir distritos, observada a
de até 100.000 (cem mil) habitantes; legislação estadual;

II - 6% (seis por cento) para Municípios com população V - organizar e prestar, diretamente ou sob regime de
entre 100.000 (cem mil) e 300.000 (trezentos mil) concessão ou permissão, os serviços públicos de
habitantes: interesse local, incluído o de transporte coletivo, que
tem caráter essencial;
III - 5% (cinco por cento) para Municípios com
população entre 300.001 (trezentos mil e um) e VI - manter, com a cooperação técnica e financeira da
500.000 (quinhentos mil) habitantes; União e do Estado, programas de educação infantil e
de ensino fundamental;
IV - 4,5% (quatro inteiros e cinco décimos por cento)
para Municípios com população entre 500.001 VII - prestar, com a cooperação técnica e financeira da
(quinhentos mil e um) e 3.000.000 (três milhões) de União e do Estado, serviços de atendimento à saúde
habitantes; da população;

V - 4% (quatro por cento) para Municípios com VIII - promover, no que couber, adequado ordenamento
população entre 3.000.001 (três milhões e um) e territorial, mediante planejamento e controle do uso,
8.000.000 (oito milhões) de habitantes; do parcelamento e da ocupação do solo urbano;

VI - 3,5% (três inteiros e cinco décimos por cento) para IX - promover a proteção do patrimônio histórico-
Municípios com população acima de 8.000.001 (oito cultural local, observada a legislação e a ação
milhões e um) habitantes. fiscalizadora federal e estadual.

§ 1o A Câmara Municipal não gastará mais de setenta Art. 31. A fiscalização do Município será exercida pelo
por cento de sua receita com folha de pagamento, Poder Legislativo Municipal, mediante controle
incluído o gasto com o subsídio de seus Vereadores. externo, e pelos sistemas de controle interno do Poder
Executivo Municipal, na forma da lei.
§ 2o Constitui crime de responsabilidade do Prefeito
Municipal: § 1º O controle externo da Câmara Municipal será
exercido com o auxílio dos Tribunais de Contas dos
I - efetuar repasse que supere os limites definidos neste Estados ou do Município ou dos Conselhos ou
artigo; Tribunais de Contas dos Municípios, onde houver.

II - não enviar o repasse até o dia vinte de cada mês; § 2º O parecer prévio, emitido pelo órgão competente
ou sobre as contas que o Prefeito deve anualmente
prestar, só deixará de prevalecer por decisão de dois
terços dos membros da Câmara Municipal.
III - enviá-lo a menor em relação à proporção fixada na
Lei Orçamentária.
§ 3º As contas dos Municípios ficarão, durante sessenta
§ 3o Constitui crime de responsabilidade do Presidente dias, anualmente, à disposição de qualquer
contribuinte, para exame e apreciação, o qual poderá
da Câmara Municipal o desrespeito ao § 1o deste
questionar-lhes a legitimidade, nos termos da lei.
artigo.

§ 4º É vedada a criação de Tribunais, Conselhos ou


Art. 30. Compete aos Municípios:
órgãos de Contas Municipais.
I - legislar sobre assuntos de interesse local;
CAPÍTULO VII
DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
II - suplementar a legislação federal e a estadual no que
Seção I
couber;
DISPOSIÇÕES GERAIS

III - instituir e arrecadar os tributos de sua competência,


Art. 37. A administração pública direta e indireta de
bem como aplicar suas rendas, sem prejuízo da
qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do
obrigatoriedade de prestar contas e publicar
Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos
balancetes nos prazos fixados em lei;

19
princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, administração direta, autárquica e fundacional, dos
publicidade e eficiência e, também, ao seguinte: membros de qualquer dos Poderes da União, dos
Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, dos
I - os cargos, empregos e funções públicas são detentores de mandato eletivo e dos demais agentes
acessíveis aos brasileiros que preencham os políticos e os proventos, pensões ou outra espécie
requisitos estabelecidos em lei, assim como aos remuneratória, percebidos cumulativamente ou não,
estrangeiros, na forma da lei; incluídas as vantagens pessoais ou de qualquer outra
natureza, não poderão exceder o subsídio mensal, em
II - a investidura em cargo ou emprego público depende espécie, dos Ministros do Supremo Tribunal Federal,
aplicando-se como limite, nos Municípios, o subsídio
de aprovação prévia em concurso público de provas
do Prefeito, e nos Estados e no Distrito Federal, o
ou de provas e títulos, de acordo com a natureza e a
subsídio mensal do Governador no âmbito do Poder
complexidade do cargo ou emprego, na forma
Executivo, o subsídio dos Deputados Estaduais e
prevista em lei, ressalvadas as nomeações para cargo
em comissão declarado em lei de livre nomeação e Distritais no âmbito do Poder Legislativo e o subsidio
exoneração; dos Desembargadores do Tribunal de Justiça,
limitado a noventa inteiros e vinte e cinco centésimos
por cento do subsídio mensal, em espécie, dos
III - o prazo de validade do concurso público será de até Ministros do Supremo Tribunal Federal, no âmbito do
dois anos, prorrogável uma vez, por igual período; Poder Judiciário, aplicável este limite aos membros do
Ministério Público, aos Procuradores e aos
IV - durante o prazo improrrogável previsto no edital de Defensores Públicos;
convocação, aquele aprovado em concurso público
de provas ou de provas e títulos será convocado com XII - os vencimentos dos cargos do Poder Legislativo e
prioridade sobre novos concursados para assumir do Poder Judiciário não poderão ser superiores aos
cargo ou emprego, na carreira; pagos pelo Poder Executivo;

V - as funções de confiança, exercidas exclusivamente XIII - é vedada a vinculação ou equiparação de


por servidores ocupantes de cargo efetivo, e os quaisquer espécies remuneratórias para o efeito de
cargos em comissão, a serem preenchidos por remuneração de pessoal do serviço público;
servidores de carreira nos casos, condições e
percentuais mínimos previstos em lei, destinam-se
XIV - os acréscimos pecuniários percebidos por
apenas às atribuições de direção, chefia e
servidor público não serão computados nem
assessoramento;
acumulados para fins de concessão de acréscimos
ulteriores;
VI - é garantido ao servidor público civil o direito à livre
associação sindical;
XV - o subsídio e os vencimentos dos ocupantes de
cargos e empregos públicos são irredutíveis,
VII - o direito de greve será exercido nos termos e nos ressalvado o disposto nos incisos XI e XIV deste artigo
limites definidos em lei específica; e nos arts. 39, § 4º, 150, II, 153, III, e 153, § 2º, I;

VIII - a lei reservará percentual dos cargos e empregos XVI - é vedada a acumulação remunerada de cargos
públicos para as pessoas portadoras de deficiência e públicos, exceto, quando houver compatibilidade de
definirá os critérios de sua admissão; horários, observado em qualquer caso o disposto no
inciso XI:
IX - a lei estabelecerá os casos de contratação por
tempo determinado para atender a necessidade a) a de dois cargos de professor;
temporária de excepcional interesse público;
b) a de um cargo de professor com outro técnico ou
X - a remuneração dos servidores públicos e o subsídio científico;
de que trata o § 4º do art. 39 somente poderão ser
fixados ou alterados por lei específica, observada a
c) a de dois cargos ou empregos privativos de
iniciativa privativa em cada caso, assegurada revisão
geral anual, sempre na mesma data e sem distinção profissionais de saúde, com profissões
de índices; regulamentadas;

XVII - a proibição de acumular estende-se a empregos


XI - a remuneração e o subsídio dos ocupantes de
e funções e abrange autarquias, fundações,
cargos, funções e empregos públicos da
empresas públicas, sociedades de economia mista,

20
suas subsidiárias, e sociedades controladas, direta ou periódica, externa e interna, da qualidade dos
indiretamente, pelo poder público; serviços;

XVIII - a administração fazendária e seus servidores II - o acesso dos usuários a registros administrativos e
fiscais terão, dentro de suas áreas de competência e a informações sobre atos de governo, observado o
jurisdição, precedência sobre os demais setores disposto no art. 5º, X e XXXIII;
administrativos, na forma da lei;
III - a disciplina da representação contra o exercício
XIX – somente por lei específica poderá ser criada negligente ou abusivo de cargo, emprego ou função
autarquia e autorizada a instituição de empresa na administração pública.
pública, de sociedade de economia mista e de
fundação, cabendo à lei complementar, neste último § 4º - Os atos de improbidade administrativa importarão
caso, definir as áreas de sua atuação; a suspensão dos direitos políticos, a perda da função
pública, a indisponibilidade dos bens e o
XX - depende de autorização legislativa, em cada caso, ressarcimento ao erário, na forma e gradação
a criação de subsidiárias das entidades mencionadas previstas em lei, sem prejuízo da ação penal cabível.
no inciso anterior, assim como a participação de
qualquer delas em empresa privada; § 5º A lei estabelecerá os prazos de prescrição para
ilícitos praticados por qualquer agente, servidor ou
XXI - ressalvados os casos especificados na legislação, não, que causem prejuízos ao erário, ressalvadas as
as obras, serviços, compras e alienações serão respectivas ações de ressarcimento.
contratados mediante processo de licitação pública
que assegure igualdade de condições a todos os § 6º As pessoas jurídicas de direito público e as de
concorrentes, com cláusulas que estabeleçam direito privado prestadoras de serviços públicos
obrigações de pagamento, mantidas as condições responderão pelos danos que seus agentes, nessa
efetivas da proposta, nos termos da lei, o qual qualidade, causarem a terceiros, assegurado o direito
somente permitirá as exigências de qualificação de regresso contra o responsável nos casos de dolo
técnica e econômica indispensáveis à garantia do ou culpa.
cumprimento das obrigações.
§ 7º A lei disporá sobre os requisitos e as restrições ao
XXII - as administrações tributárias da União, dos ocupante de cargo ou emprego da administração
Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, direta e indireta que possibilite o acesso a
atividades essenciais ao funcionamento do Estado, informações privilegiadas.
exercidas por servidores de carreiras específicas,
terão recursos prioritários para a realização de suas
§ 8º A autonomia gerencial, orçamentária e financeira
atividades e atuarão de forma integrada, inclusive
dos órgãos e entidades da administração direta e
com o compartilhamento de cadastros e de
indireta poderá ser ampliada mediante contrato, a ser
informações fiscais, na forma da lei ou convênio. firmado entre seus administradores e o poder público,
que tenha por objeto a fixação de metas de
§ 1º A publicidade dos atos, programas, obras, serviços desempenho para o órgão ou entidade, cabendo à lei
e campanhas dos órgãos públicos deverá ter caráter dispor sobre:
educativo, informativo ou de orientação social, dela
não podendo constar nomes, símbolos ou imagens
I - o prazo de duração do contrato;
que caracterizem promoção pessoal de autoridades
ou servidores públicos.
II - os controles e critérios de avaliação de desempenho,
direitos, obrigações e responsabilidade dos
§ 2º A não observância do disposto nos incisos II e III
dirigentes;
implicará a nulidade do ato e a punição da autoridade
responsável, nos termos da lei.
III - a remuneração do pessoal.
§ 3º A lei disciplinará as formas de participação do
usuário na administração pública direta e indireta, § 9º O disposto no inciso XI aplica-se às empresas
regulando especialmente: públicas e às sociedades de economia mista, e suas
subsidiárias, que receberem recursos da União, dos
Estados, do Distrito Federal ou dos Municípios para
I - as reclamações relativas à prestação dos serviços
pagamento de despesas de pessoal ou de custeio em
públicos em geral, asseguradas a manutenção de
geral.
serviços de atendimento ao usuário e a avaliação

21
§ 10. É vedada a percepção simultânea de proventos I - tratando-se de mandato eletivo federal, estadual ou
de aposentadoria decorrentes do art. 40 ou dos arts. distrital, ficará afastado de seu cargo, emprego ou
42 e 142 com a remuneração de cargo, emprego ou função;
função pública, ressalvados os cargos acumuláveis
na forma desta Constituição, os cargos eletivos e os II - investido no mandato de Prefeito, será afastado do
cargos em comissão declarados em lei de livre cargo, emprego ou função, sendo-lhe facultado optar
nomeação e exoneração. pela sua remuneração;

§ 11. Não serão computadas, para efeito dos limites III - investido no mandato de Vereador, havendo
remuneratórios de que trata o inciso XI do caput deste compatibilidade de horários, perceberá as vantagens
artigo, as parcelas de caráter indenizatório previstas de seu cargo, emprego ou função, sem prejuízo da
em lei. remuneração do cargo eletivo, e, não havendo
compatibilidade, será aplicada a norma do inciso
§ 12. Para os fins do disposto no inciso XI do caput anterior;
deste artigo, fica facultado aos Estados e ao Distrito
Federal fixar, em seu âmbito, mediante emenda às IV - em qualquer caso que exija o afastamento para o
respectivas Constituições e Lei Orgânica, como limite exercício de mandato eletivo, seu tempo de serviço
único, o subsídio mensal dos Desembargadores do será contado para todos os efeitos legais, exceto para
respectivo Tribunal de Justiça, limitado a noventa promoção por merecimento;
inteiros e vinte e cinco centésimos por cento do
subsídio mensal dos Ministros do Supremo Tribunal
V - na hipótese de ser segurado de regime próprio de
Federal, não se aplicando o disposto neste parágrafo
previdência social, permanecerá filiado a esse regime,
aos subsídios dos Deputados Estaduais e Distritais e
no ente federativo de origem.
dos Vereadores.
Seção II
§ 13. O servidor público titular de cargo efetivo poderá DOS SERVIDORES PÚBLICOS
ser readaptado para exercício de cargo cujas
atribuições e responsabilidades sejam compatíveis
Art. 39. A União, os Estados, o Distrito Federal e os
com a limitação que tenha sofrido em sua capacidade
Municípios instituirão, no âmbito de sua competência,
física ou mental, enquanto permanecer nesta
regime jurídico único e planos de carreira para os
condição, desde que possua a habilitação e o nível de
escolaridade exigidos para o cargo de destino, servidores da administração pública direta, das
mantida a remuneração do cargo de origem. autarquias e das fundações públicas.

§ 14. A aposentadoria concedida com a utilização de


tempo de contribuição decorrente de cargo, emprego
ou função pública, inclusive do Regime Geral de Art. 39. A União, os Estados, o Distrito Federal e os
Previdência Social, acarretará o rompimento do Municípios instituirão conselho de política de
vínculo que gerou o referido tempo de contribuição. administração e remuneração de pessoal, integrado
por servidores designados pelos respectivos Poderes
§ 15. É vedada a complementação de aposentadorias
de servidores públicos e de pensões por morte a seus § 1º A fixação dos padrões de vencimento e dos demais
dependentes que não seja decorrente do disposto nos componentes do sistema remuneratório observará:
§§ 14 a 16 do art. 40 ou que não seja prevista em lei
que extinga regime próprio de previdência social. I - a natureza, o grau de responsabilidade e a
complexidade dos cargos componentes de cada
§ 16. Os órgãos e entidades da administração pública, carreira;
individual ou conjuntamente, devem realizar avaliação
das políticas públicas, inclusive com divulgação do II - os requisitos para a investidura;
objeto a ser avaliado e dos resultados alcançados, na
forma da lei. III - as peculiaridades dos cargos.

Art. 38. Ao servidor público da administração direta, § 2º A União, os Estados e o Distrito Federal manterão
autárquica e fundacional, no exercício de mandato escolas de governo para a formação e o
eletivo, aplicam-se as seguintes disposições: aperfeiçoamento dos servidores públicos,
constituindo-se a participação nos cursos um dos
requisitos para a promoção na carreira, facultada,

22
para isso, a celebração de convênios ou contratos I - por incapacidade permanente para o trabalho, no
entre os entes federados. cargo em que estiver investido, quando insuscetível
de readaptação, hipótese em que será obrigatória a
§ 3º Aplica-se aos servidores ocupantes de cargo realização de avaliações periódicas para verificação
público o disposto no art. 7º, IV, VII, VIII, IX, XII, XIII, da continuidade das condições que ensejaram a
XV, XVI, XVII, XVIII, XIX, XX, XXII e XXX, podendo a concessão da aposentadoria, na forma de lei do
lei estabelecer requisitos diferenciados de admissão respectivo ente federativo;
quando a natureza do cargo o exigir.
II - compulsoriamente, com proventos proporcionais ao
§ 4º O membro de Poder, o detentor de mandato tempo de contribuição, aos 70 (setenta) anos de
eletivo, os Ministros de Estado e os Secretários idade, ou aos 75 (setenta e cinco) anos de idade, na
Estaduais e Municipais serão remunerados forma de lei complementar;
exclusivamente por subsídio fixado em parcela única,
vedado o acréscimo de qualquer gratificação, III - no âmbito da União, aos 62 (sessenta e dois) anos
adicional, abono, prêmio, verba de representação ou de idade, se mulher, e aos 65 (sessenta e cinco) anos
outra espécie remuneratória, obedecido, em qualquer de idade, se homem, e, no âmbito dos Estados, do
caso, o disposto no art. 37, X e XI. Distrito Federal e dos Municípios, na idade mínima
estabelecida mediante emenda às respectivas
§ 5º Lei da União, dos Estados, do Distrito Federal e Constituições e Leis Orgânicas, observados o tempo
dos Municípios poderá estabelecer a relação entre a de contribuição e os demais requisitos estabelecidos
maior e a menor remuneração dos servidores em lei complementar do respectivo ente federativo.
públicos, obedecido, em qualquer caso, o disposto no
art. 37, XI. § 2º Os proventos de aposentadoria não poderão ser
inferiores ao valor mínimo a que se refere o § 2º do
§ 6º Os Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário art. 201 ou superiores ao limite máximo estabelecido
publicarão anualmente os valores do subsídio e da para o Regime Geral de Previdência Social,
remuneração dos cargos e empregos públicos. observado o disposto nos §§ 14 a 16.

§ 7º Lei da União, dos Estados, do Distrito Federal e § 3º As regras para cálculo de proventos de
dos Municípios disciplinará a aplicação de recursos aposentadoria serão disciplinadas em lei do
orçamentários provenientes da economia com respectivo ente federativo.
despesas correntes em cada órgão, autarquia e
fundação, para aplicação no desenvolvimento de § 4º É vedada a adoção de requisitos ou critérios
programas de qualidade e produtividade, treinamento diferenciados para concessão de benefícios em
e desenvolvimento, modernização, reaparelhamento regime próprio de previdência social, ressalvado o
e racionalização do serviço público, inclusive sob a disposto nos §§ 4º-A, 4º-B, 4º-C e 5º.
forma de adicional ou prêmio de produtividade.
§ 4º-A. Poderão ser estabelecidos por lei complementar
§ 8º A remuneração dos servidores públicos do respectivo ente federativo idade e tempo de
organizados em carreira poderá ser fixada nos termos contribuição diferenciados para aposentadoria de
do § 4º. servidores com deficiência, previamente submetidos
a avaliação biopsicossocial realizada por equipe
§ 9º É vedada a incorporação de vantagens de caráter multiprofissional e interdisciplinar.
temporário ou vinculadas ao exercício de função de
confiança ou de cargo em comissão à remuneração § 4º-B. Poderão ser estabelecidos por lei complementar
do cargo efetivo. do respectivo ente federativo idade e tempo de
contribuição diferenciados para aposentadoria de
Art. 40. O regime próprio de previdência social dos ocupantes do cargo de agente penitenciário, de
servidores titulares de cargos efetivos terá caráter agente socioeducativo ou de policial dos órgãos de
contributivo e solidário, mediante contribuição do que tratam o inciso IV do caput do art. 51, o inciso XIII
respectivo ente federativo, de servidores ativos, de do caput do art. 52 e os incisos I a IV do caput do art.
aposentados e de pensionistas, observados critérios 144.
que preservem o equilíbrio financeiro e atuarial.
§ 4º-C. Poderão ser estabelecidos por lei complementar
§ 1º O servidor abrangido por regime próprio de do respectivo ente federativo idade e tempo de
previdência social será aposentado: contribuição diferenciados para aposentadoria de

23
servidores cujas atividades sejam exercidas com couber, os requisitos e critérios fixados para o Regime
efetiva exposição a agentes químicos, físicos e Geral de Previdência Social.
biológicos prejudiciais à saúde, ou associação desses
agentes, vedada a caracterização por categoria § 13. Aplica-se ao agente público ocupante,
profissional ou ocupação. exclusivamente, de cargo em comissão declarado em
lei de livre nomeação e exoneração, de outro cargo
§ 5º Os ocupantes do cargo de professor terão idade temporário, inclusive mandato eletivo, ou de emprego
mínima reduzida em 5 (cinco) anos em relação às público, o Regime Geral de Previdência Social.
idades decorrentes da aplicação do disposto no inciso
III do § 1º, desde que comprovem tempo de efetivo § 14. A União, os Estados, o Distrito Federal e os
exercício das funções de magistério na educação Municípios instituirão, por lei de iniciativa do
infantil e no ensino fundamental e médio fixado em lei respectivo Poder Executivo, regime de previdência
complementar do respectivo ente federativo. complementar para servidores públicos ocupantes de
cargo efetivo, observado o limite máximo dos
§ 6º Ressalvadas as aposentadorias decorrentes dos benefícios do Regime Geral de Previdência Social
cargos acumuláveis na forma desta Constituição, é para o valor das aposentadorias e das pensões em
vedada a percepção de mais de uma aposentadoria à regime próprio de previdência social, ressalvado o
conta de regime próprio de previdência social, disposto no § 16.
aplicando-se outras vedações, regras e condições
para a acumulação de benefícios previdenciários § 15. O regime de previdência complementar de que
estabelecidas no Regime Geral de Previdência Social. trata o § 14 oferecerá plano de benefícios somente na
modalidade contribuição definida, observará o
§ 7º Observado o disposto no § 2º do art. 201, quando disposto no art. 202 e será efetivado por intermédio de
se tratar da única fonte de renda formal auferida pelo entidade fechada de previdência complementar ou de
dependente, o benefício de pensão por morte será entidade aberta de previdência complementar.
concedido nos termos de lei do respectivo ente
federativo, a qual tratará de forma diferenciada a § 16 - Somente mediante sua prévia e expressa opção,
hipótese de morte dos servidores de que trata o § 4º- o disposto nos §§ 14 e 15 poderá ser aplicado ao
B decorrente de agressão sofrida no exercício ou em servidor que tiver ingressado no serviço público até a
razão da função. data da publicação do ato de instituição do
correspondente regime de previdência complementar.
§ 8º É assegurado o reajustamento dos benefícios para
preservar-lhes, em caráter permanente, o valor real, § 17. Todos os valores de remuneração considerados
conforme critérios estabelecidos em lei. para o cálculo do benefício previsto no § 3° serão
devidamente atualizados, na forma da lei.
§ 9º O tempo de contribuição federal, estadual, distrital
ou municipal será contado para fins de aposentadoria, § 18. Incidirá contribuição sobre os proventos de
observado o disposto nos §§ 9º e 9º-A do art. 201, e o aposentadorias e pensões concedidas pelo regime de
tempo de serviço correspondente será contado para que trata este artigo que superem o limite máximo
fins de disponibilidade. estabelecido para os benefícios do regime geral de
previdência social de que trata o art. 201, com
§ 10 - A lei não poderá estabelecer qualquer forma de percentual igual ao estabelecido para os servidores
contagem de tempo de contribuição fictício. titulares de cargos efetivos.

§ 11 - Aplica-se o limite fixado no art. 37, XI, à soma § 19. Observados critérios a serem estabelecidos em lei
total dos proventos de inatividade, inclusive quando do respectivo ente federativo, o servidor titular de
decorrentes da acumulação de cargos ou empregos cargo efetivo que tenha completado as exigências
públicos, bem como de outras atividades sujeitas a para a aposentadoria voluntária e que opte por
contribuição para o regime geral de previdência permanecer em atividade poderá fazer jus a um abono
social, e ao montante resultante da adição de de permanência equivalente, no máximo, ao valor da
proventos de inatividade com remuneração de cargo sua contribuição previdenciária, até completar a idade
acumulável na forma desta Constituição, cargo em para aposentadoria compulsória.
comissão declarado em lei de livre nomeação e
exoneração, e de cargo eletivo. § 20. É vedada a existência de mais de um regime
próprio de previdência social e de mais de um órgão
§ 12. Além do disposto neste artigo, serão observados, ou entidade gestora desse regime em cada ente
em regime próprio de previdência social, no que federativo, abrangidos todos os poderes, órgãos e

24
entidades autárquicas e fundacionais, que serão I - em virtude de sentença judicial transitada em julgado;
responsáveis pelo seu financiamento, observados os
critérios, os parâmetros e a natureza jurídica definidos II - mediante processo administrativo em que lhe seja
na lei complementar de que trata o § 22. assegurada ampla defesa;

§ 21. (Revogado). III - mediante procedimento de avaliação periódica de


desempenho, na forma de lei complementar,
§ 22. Vedada a instituição de novos regimes próprios assegurada ampla defesa.
de previdência social, lei complementar federal
estabelecerá, para os que já existam, normas gerais § 2º Invalidada por sentença judicial a demissão do
de organização, de funcionamento e de servidor estável, será ele reintegrado, e o eventual
responsabilidade em sua gestão, dispondo, entre ocupante da vaga, se estável, reconduzido ao cargo
outros aspectos, sobre: de origem, sem direito a indenização, aproveitado em
outro cargo ou posto em disponibilidade com
I - requisitos para sua extinção e consequente migração remuneração proporcional ao tempo de serviço.
para o Regime Geral de Previdência Social;
§ 3º Extinto o cargo ou declarada a sua
II - modelo de arrecadação, de aplicação e de utilização desnecessidade, o servidor estável ficará em
dos recursos; disponibilidade, com remuneração proporcional ao
tempo de serviço, até seu adequado aproveitamento
em outro cargo.
III - fiscalização pela União e controle externo e social;
§ 4º Como condição para a aquisição da estabilidade, é
IV - definição de equilíbrio financeiro e atuarial; obrigatória a avaliação especial de desempenho por
comissão instituída para essa finalidade.
V - condições para instituição do fundo com finalidade
previdenciária de que trata o art. 249 e para CAPÍTULO III
vinculação a ele dos recursos provenientes de DA SEGURANÇA PÚBLICA
contribuições e dos bens, direitos e ativos de qualquer
natureza;
Art. 144. A segurança pública, dever do Estado, direito
e responsabilidade de todos, é exercida para a
VI - mecanismos de equacionamento preservação da ordem pública e da incolumidade das
do deficit atuarial; pessoas e do patrimônio, através dos seguintes
órgãos:
VII - estruturação do órgão ou entidade gestora do
regime, observados os princípios relacionados com I - polícia federal;
governança, controle interno e transparência:
II - polícia rodoviária federal;
VIII - condições e hipóteses para responsabilização
daqueles que desempenhem atribuições III - polícia ferroviária federal;
relacionadas, direta ou indiretamente, com a gestão
do regime; IV - polícias civis;

IX - condições para adesão a consórcio público; V - polícias militares e corpos de bombeiros militares.

X - parâmetros para apuração da base de cálculo e VI - polícias penais federal, estaduais e distrital.
definição de alíquota de contribuições ordinárias e
extraordinárias.
§ 1º A polícia federal, instituída por lei como órgão
permanente, organizado e mantido pela União e
Art. 41. São estáveis após três anos de efetivo estruturado em carreira, destina-se a:
exercício os servidores nomeados para cargo de
provimento efetivo em virtude de concurso público. I - apurar infrações penais contra a ordem política e
social ou em detrimento de bens, serviços e
§ 1º O servidor público estável só perderá o cargo: interesses da União ou de suas entidades autárquicas
e empresas públicas, assim como outras infrações

25
cuja prática tenha repercussão interestadual ou § 9º A remuneração dos servidores policiais integrantes
internacional e exija repressão uniforme, segundo se dos órgãos relacionados neste artigo será fixada na
dispuser em lei; forma do § 4º do art. 39.

II - prevenir e reprimir o tráfico ilícito de entorpecentes § 10. A segurança viária, exercida para a preservação
e drogas afins, o contrabando e o descaminho, sem da ordem pública e da incolumidade das pessoas e do
prejuízo da ação fazendária e de outros órgãos seu patrimônio nas vias públicas:
públicos nas respectivas áreas de competência;
I - compreende a educação, engenharia e fiscalização
III - exercer as funções de polícia marítima, de trânsito, além de outras atividades previstas em lei,
aeroportuária e de fronteiras; que assegurem ao cidadão o direito à mobilidade
urbana eficiente; e
IV - exercer, com exclusividade, as funções de polícia
judiciária da União. II - compete, no âmbito dos Estados, do Distrito Federal
e dos Municípios, aos respectivos órgãos ou
§ 2º A polícia rodoviária federal, órgão permanente, entidades executivos e seus agentes de trânsito,
organizado e mantido pela União e estruturado em estruturados em Carreira, na forma da lei.
carreira, destina-se, na forma da lei, ao patrulhamento
ostensivo das rodovias federais. CAPÍTULO II
DA POLÍTICA URBANA
§ 3º A polícia ferroviária federal, órgão permanente,
organizado e mantido pela União e estruturado em Art. 182. A política de desenvolvimento urbano,
carreira, destina-se, na forma da lei, ao patrulhamento executada pelo Poder Público municipal, conforme
ostensivo das ferrovias federais. diretrizes gerais fixadas em lei, tem por objetivo
ordenar o pleno desenvolvimento das funções sociais
§ 4º Às polícias civis, dirigidas por delegados de polícia da cidade e garantir o bem- estar de seus habitantes.
de carreira, incumbem, ressalvada a competência da
União, as funções de polícia judiciária e a apuração § 1º O plano diretor, aprovado pela Câmara Municipal,
de infrações penais, exceto as militares. obrigatório para cidades com mais de vinte mil
habitantes, é o instrumento básico da política de
§ 5º Às polícias militares cabem a polícia ostensiva e a desenvolvimento e de expansão urbana.
preservação da ordem pública; aos corpos de
bombeiros militares, além das atribuições definidas § 2º A propriedade urbana cumpre sua função social
em lei, incumbe a execução de atividades de defesa quando atende às exigências fundamentais de
civil. ordenação da cidade expressas no plano diretor.

§ 5º-A. Às polícias penais, vinculadas ao órgão § 3º As desapropriações de imóveis urbanos serão


administrador do sistema penal da unidade federativa feitas com prévia e justa indenização em dinheiro.
a que pertencem, cabe a segurança dos
estabelecimentos penais. § 4º É facultado ao Poder Público municipal, mediante
lei específica para área incluída no plano diretor,
§ 6º As polícias militares e os corpos de bombeiros exigir, nos termos da lei federal, do proprietário do
militares, forças auxiliares e reserva do Exército solo urbano não edificado, subutilizado ou não
subordinam-se, juntamente com as polícias civis e as utilizado, que promova seu adequado
polícias penais estaduais e distrital, aos aproveitamento, sob pena, sucessivamente, de:
Governadores dos Estados, do Distrito Federal e dos
Territórios. I - Parcelamento ou edificação compulsórios;

§ 7º A lei disciplinará a organização e o funcionamento II - imposto sobre a propriedade predial e territorial


dos órgãos responsáveis pela segurança pública, de urbana progressivo no tempo;
maneira a garantir a eficiência de suas atividades.
III - desapropriação com pagamento mediante títulos da
§ 8º Os Municípios poderão constituir guardas dívida pública de emissão previamente aprovada pelo
municipais destinadas à proteção de seus bens, Senado Federal, com prazo de resgate de até dez
serviços e instalações, conforme dispuser a lei. anos, em parcelas anuais, iguais e sucessivas,

26
assegurados o valor real da indenização e os juros § 8º O Estado assegurará a assistência à família na
legais. pessoa de cada um dos que a integram, criando
mecanismos para coibir a violência no âmbito de suas
Art. 183. Aquele que possuir como sua área urbana de relações.
até duzentos e cinqüenta metros quadrados, por cinco
anos, ininterruptamente e sem oposição, utilizando-a Art. 227. É dever da família, da sociedade e do Estado
para sua moradia ou de sua família, adquirir-lhe-á o assegurar à criança, ao adolescente e ao jovem, com
domínio, desde que não seja proprietário de outro absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à
imóvel urbano ou rural. alimentação, à educação, ao lazer, à
profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito,
§ 1º O título de domínio e a concessão de uso serão à liberdade e à convivência familiar e comunitária,
conferidos ao homem ou à mulher, ou a ambos, além de colocá-los a salvo de toda forma de
independentemente do estado civil. negligência, discriminação, exploração, violência,
crueldade e opressão.
§ 2º Esse direito não será reconhecido ao mesmo
possuidor mais de uma vez. § 1º O Estado promoverá programas de assistência
integral à saúde da criança, do adolescente e do
§ 3º Os imóveis públicos não serão adquiridos por jovem, admitida a participação de entidades não
usucapião governamentais, mediante políticas específicas e
obedecendo aos seguintes preceitos:
CAPÍTULO VII
I - aplicação de percentual dos recursos públicos
Da Família, da Criança, do Adolescente, do Jovem
e do Idoso destinados à saúde na assistência materno-infantil;

Art. 226. A família, base da sociedade, tem especial II - criação de programas de prevenção e atendimento
especializado para as pessoas portadoras de
proteção do Estado.
deficiência física, sensorial ou mental, bem como de
integração social do adolescente e do jovem portador
§ 1º O casamento é civil e gratuita a celebração. de deficiência, mediante o treinamento para o trabalho
e a convivência, e a facilitação do acesso aos bens e
§ 2º O casamento religioso tem efeito civil, nos termos serviços coletivos, com a eliminação de obstáculos
da lei. arquitetônicos e de todas as formas de discriminação.

§ 3º Para efeito da proteção do Estado, é reconhecida § 2º A lei disporá sobre normas de construção dos
a união estável entre o homem e a mulher como logradouros e dos edifícios de uso público e de
entidade familiar, devendo a lei facilitar sua conversão fabricação de veículos de transporte coletivo, a fim de
em casamento. garantir acesso adequado às pessoas portadoras de
deficiência.
§ 4º Entende-se, também, como entidade familiar a
comunidade formada por qualquer dos pais e seus § 3º O direito a proteção especial abrangerá os
descendentes. seguintes aspectos:

§ 5º Os direitos e deveres referentes à sociedade I - idade mínima de quatorze anos para admissão ao
conjugal são exercidos igualmente pelo homem e pela trabalho, observado o disposto no art. 7º, XXXIII;
mulher.
II - garantia de direitos previdenciários e trabalhistas;
§ 6º O casamento civil pode ser dissolvido pelo divórcio.
III - garantia de acesso do trabalhador adolescente e
§ 7º Fundado nos princípios da dignidade da pessoa jovem à escola;
humana e da paternidade responsável, o
planejamento familiar é livre decisão do casal, IV - garantia de pleno e formal conhecimento da
competindo ao Estado propiciar recursos atribuição de ato infracional, igualdade na relação
educacionais e científicos para o exercício desse processual e defesa técnica por profissional
direito, vedada qualquer forma coercitiva por parte de habilitado, segundo dispuser a legislação tutelar
instituições oficiais ou privadas. específica;

27
V - obediência aos princípios de brevidade, § 2º Aos maiores de sessenta e cinco anos é garantida
excepcionalidade e respeito à condição peculiar de a gratuidade dos transportes coletivos urbanos
pessoa em desenvolvimento, quando da aplicação de
qualquer medida privativa da liberdade;

VI - estímulo do Poder Público, através de assistência


DIREITO PENAL
jurídica, incentivos fiscais e subsídios, nos termos da
lei, ao acolhimento, sob a forma de guarda, de criança TÍTULO II
ou adolescente órfão ou abandonado; DO CRIME

VII - programas de prevenção e atendimento Relação de causalidade


especializado à criança, ao adolescente e ao jovem
dependente de entorpecentes e drogas afins. Art. 13 - O resultado, de que depende a existência
do crime, somente é imputável a quem lhe deu causa.
§ 4º A lei punirá severamente o abuso, a violência e a Considera-se causa a ação ou omissão sem a qual o
exploração sexual da criança e do adolescente. resultado não teria ocorrido.

Superveniência de causa independente


§ 5º A adoção será assistida pelo Poder Público, na
forma da lei, que estabelecerá casos e condições de § 1º - A superveniência de causa relativamente
sua efetivação por parte de estrangeiros. independente exclui a imputação quando, por si só,
produziu o resultado; os fatos anteriores, entretanto,
§ 6º Os filhos, havidos ou não da relação do casamento, imputam-se a quem os praticou.
ou por adoção, terão os mesmos direitos e
qualificações, proibidas quaisquer designações Relevância da omissão
discriminatórias relativas à filiação.
§ 2º - A omissão é penalmente relevante quando o
omitente devia e podia agir para evitar o resultado. O
§ 7º No atendimento dos direitos da criança e do
adolescente levar-se- á em consideração o disposto dever de agir incumbe a quem:
no art. 204. a) tenha por lei obrigação de cuidado, proteção ou
vigilância;
§ 8º A lei estabelecerá:
b) de outra forma, assumiu a responsabilidade de
I - o estatuto da juventude, destinado a regular os impedir o resultado;
direitos dos jovens;
c) com seu comportamento anterior, criou o risco
da ocorrência do resultado.
II - o plano nacional de juventude, de duração decenal,
visando à articulação das várias esferas do poder Art. 14 - Diz-se o crime:
público para a execução de políticas públicas.
Crime consumado
Art. 228. São penalmente inimputáveis os menores de
dezoito anos, sujeitos às normas da legislação I - consumado, quando nele se reúnem todos os
especial. elementos de sua definição legal;

Tentativa
Art. 229. Os pais têm o dever de assistir, criar e educar
os filhos menores, e os filhos maiores têm o dever de II - tentado, quando, iniciada a execução, não se
ajudar e amparar os pais na velhice, carência ou consuma por circunstâncias alheias à vontade do
enfermidade. agente.

Art. 230. A família, a sociedade e o Estado têm o dever Pena de tentativa


de amparar as pessoas idosas, assegurando sua
Parágrafo único - Salvo disposição em contrário,
participação na comunidade, defendendo sua
dignidade e bem-estar e garantindo-lhes o direito à pune-se a tentativa com a pena correspondente ao
vida. crime consumado, diminuída de um a dois terços.

Desistência voluntária e arrependimento


§ 1º Os programas de amparo aos idosos serão eficaz
executados preferencialmente em seus lares.

28
Art. 15 - O agente que, voluntariamente, desiste de § 3º - O erro quanto à pessoa contra a qual o crime
prosseguir na execução ou impede que o resultado se é praticado não isenta de pena. Não se consideram,
produza, só responde pelos atos já praticados. neste caso, as condições ou qualidades da vítima,
senão as da pessoa contra quem o agente queria
Arrependimento posterior praticar o crime.
Art. 16 - Nos crimes cometidos sem violência ou Erro sobre a ilicitude do fato
grave ameaça à pessoa, reparado o dano ou
restituída a coisa, até o recebimento da denúncia ou Art. 21 - O desconhecimento da lei é inescusável.
da queixa, por ato voluntário do agente, a pena será O erro sobre a ilicitude do fato, se inevitável, isenta de
reduzida de um a dois terços. pena; se evitável, poderá diminuí-la de um sexto a um
terço.
Crime impossível
Parágrafo único - Considera-se evitável o erro se
Art. 17 - Não se pune a tentativa quando, por o agente atua ou se omite sem a consciência da
ineficácia absoluta do meio ou por absoluta ilicitude do fato, quando lhe era possível, nas
impropriedade do objeto, é impossível consumar-se o circunstâncias, ter ou atingir essa consciência.
crime.
Coação irresistível e obediência hierárquica
Art. 18 - Diz-se o crime:
Art. 22 - Se o fato é cometido sob coação
Crime doloso irresistível ou em estrita obediência a ordem, não
I - doloso, quando o agente quis o resultado ou manifestamente ilegal, de superior hierárquico, só é
assumiu o risco de produzi-lo; punível o autor da coação ou da ordem.

Crime culposo Exclusão de ilicitude

II - culposo, quando o agente deu causa ao Art. 23 - Não há crime quando o agente pratica o
resultado por imprudência, negligência ou imperícia. fato:

Parágrafo único - Salvo os casos expressos em lei, I - em estado de necessidade;


ninguém pode ser punido por fato previsto como II - em legítima defesa;
crime, senão quando o pratica dolosamente.
III - em estrito cumprimento de dever legal ou no
Agravação pelo resultado exercício regular de direito.
Art. 19 - Pelo resultado que agrava especialmente Excesso punível
a pena, só responde o agente que o houver causado
ao menos culposamente. Parágrafo único - O agente, em qualquer das
hipóteses deste artigo, responderá pelo excesso
Erro sobre elementos do tipo doloso ou culposo.
Art. 20 - O erro sobre elemento constitutivo do tipo Estado de necessidade
legal de crime exclui o dolo, mas permite a punição
por crime culposo, se previsto em lei. Art. 24 - Considera-se em estado de necessidade
quem pratica o fato para salvar de perigo atual, que
Descriminantes putativas não provocou por sua vontade, nem podia de outro
§ 1º - É isento de pena quem, por erro plenamente modo evitar, direito próprio ou alheio, cujo sacrifício,
justificado pelas circunstâncias, supõe situação de nas circunstâncias, não era razoável exigir-se.
fato que, se existisse, tornaria a ação legítima. Não há § 1º - Não pode alegar estado de necessidade
isenção de pena quando o erro deriva de culpa e o quem tinha o dever legal de enfrentar o perigo.
fato é punível como crime culposo.
§ 2º - Embora seja razoável exigir-se o sacrifício
Erro determinado por terceiro do direito ameaçado, a pena poderá ser reduzida de
§ 2º - Responde pelo crime o terceiro que um a dois terços.
determina o erro. Legítima defesa
Erro sobre a pessoa

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Art. 25 - Entende-se em legítima defesa quem, Pena - reclusão, de doze a trinta anos.
usando moderadamente dos meios necessários,
repele injusta agressão, atual ou iminente, a direito Feminicídio
seu ou de outrem. VI - contra a mulher por razões da condição de sexo
Parágrafo único. Observados os requisitos feminino:
previstos no caput deste artigo, considera-se também VII – contra autoridade ou agente descrito nos arts.
em legítima defesa o agente de segurança pública 142 e 144 da Constituição Federal, integrantes do
que repele agressão ou risco de agressão a vítima sistema prisional e da Força Nacional de Segurança
mantida refém durante a prática de crimes. Pública, no exercício da função ou em decorrência
dela, ou contra seu cônjuge, companheiro ou parente
consanguíneo até terceiro grau, em razão dessa
condição:

VIII - com emprego de arma de fogo de uso restrito ou


proibido:

Homicídio contra menor de 14 (quatorze) anos

IX - contra menor de 14 (quatorze) anos:


TÍTULO I
DOS CRIMES CONTRA A PESSOA Pena - reclusão, de doze a trinta anos.

CAPÍTULO I § 2o-A Considera-se que há razões de condição de sexo


DOS CRIMES CONTRA A VIDA feminino quando o crime envolve:

I - violência doméstica e familiar;

Homicídio simples II - menosprezo ou discriminação à condição de


mulher.
Art. 121. Matar alguem:
§ 2º-B. A pena do homicídio contra menor de 14
Pena - reclusão, de seis a vinte anos. (quatorze) anos é aumentada de:
Caso de diminuição de pena I - 1/3 (um terço) até a metade se a vítima é pessoa com
§ 1º Se o agente comete o crime impelido por deficiência ou com doença que implique o aumento de
motivo de relevante valor social ou moral, ou sob o sua vulnerabilidade;
domínio de violenta emoção, logo em seguida a II - 2/3 (dois terços) se o autor é ascendente, padrasto
injusta provocação da vítima, o juiz pode reduzir a ou madrasta, tio, irmão, cônjuge, companheiro, tutor,
pena de um sexto a um terço. curador, preceptor ou empregador da vítima ou por
Homicídio qualificado qualquer outro título tiver autoridade sobre ela.

§ 2° Se o homicídio é cometido: Homicídio culposo

I - mediante paga ou promessa de recompensa, ou § 3º Se o homicídio é culposo:


por outro motivo torpe; Pena - detenção, de um a três anos.
II - por motivo futil; Aumento de pena
III - com emprego de veneno, fogo, explosivo, § 4o No homicídio culposo, a pena é aumentada de
asfixia, tortura ou outro meio insidioso ou cruel, ou de 1/3 (um terço), se o crime resulta de inobservância de
que possa resultar perigo comum; regra técnica de profissão, arte ou ofício, ou se o
IV - à traição, de emboscada, ou mediante agente deixa de prestar imediato socorro à vítima, não
dissimulação ou outro recurso que dificulte ou torne procura diminuir as conseqüências do seu ato, ou foge
impossivel a defesa do ofendido; para evitar prisão em flagrante. Sendo doloso o
homicídio, a pena é aumentada de 1/3 (um terço) se
V - para assegurar a execução, a ocultação, a o crime é praticado contra pessoa menor de 14
impunidade ou vantagem de outro crime: (quatorze) ou maior de 60 (sessenta) anos.

30
§ 5º - Na hipótese de homicídio culposo, o juiz § 4º A pena é aumentada até o dobro se a conduta é
poderá deixar de aplicar a pena, se as conseqüências realizada por meio da rede de computadores, de rede
da infração atingirem o próprio agente de forma tão social ou transmitida em tempo real
grave que a sanção penal se torne desnecessária.
§ 5º Aumenta-se a pena em metade se o agente é líder
§ 6o A pena é aumentada de 1/3 (um terço) até a ou coordenador de grupo ou de rede virtual.
metade se o crime for praticado por milícia privada,
sob o pretexto de prestação de serviço de segurança, § 6º Se o crime de que trata o § 1º deste artigo resulta
ou por grupo de extermínio. em lesão corporal de natureza gravíssima e é
cometido contra menor de 14 (quatorze) anos ou
§ 7o A pena do feminicídio é aumentada de 1/3 (um contra quem, por enfermidade ou deficiência mental,
terço) até a metade se o crime for praticado: não tem o necessário discernimento para a prática do
ato, ou que, por qualquer outra causa, não pode
I - durante a gestação ou nos 3 (três) meses posteriores oferecer resistência, responde o agente pelo crime
ao parto; descrito no § 2º do art. 129 deste Código.
II - contra pessoa maior de 60 (sessenta) anos, com § 7º Se o crime de que trata o § 2º deste artigo é
deficiência ou com doenças degenerativas que cometido contra menor de 14 (quatorze) anos ou
acarretem condição limitante ou de vulnerabilidade contra quem não tem o necessário discernimento para
física ou mental; a prática do ato, ou que, por qualquer outra causa, não
III - na presença física ou virtual de descendente ou de pode oferecer resistência, responde o agente pelo
ascendente da vítima; crime de homicídio, nos termos do art. 121 deste
Código.
IV - em descumprimento das medidas protetivas de
urgência previstas nos incisos I, II e III do caput do art. Infanticídio
22 da Lei nº 11.340, de 7 de agosto de 2006. Art. 123 - Matar, sob a influência do estado
puerperal, o próprio filho, durante o parto ou logo
após:

Pena - detenção, de dois a seis anos.


Induzimento, instigação ou auxílio a suicídio ou a
automutilação Aborto provocado pela gestante ou com seu
consentimento
Art. 122. Induzir ou instigar alguém a suicidar-se ou a
praticar automutilação ou prestar-lhe auxílio material Art. 124 - Provocar aborto em si mesma ou
para que o faça: consentir que outrem lho provoque:

Pena - reclusão, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos. Pena - detenção, de um a três anos.

§ 1º Se da automutilação ou da tentativa de suicídio Aborto provocado por terceiro


resulta lesão corporal de natureza grave ou Art. 125 - Provocar aborto, sem o consentimento
gravíssima, nos termos dos §§ 1º e 2º do art. 129 da gestante:
deste Código:
Pena - reclusão, de três a dez anos.
Pena - reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos.
Art. 126 - Provocar aborto com o consentimento da
§ 2º Se o suicídio se consuma ou se da automutilação gestante:
resulta morte:
Pena - reclusão, de um a quatro anos.
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos.
Parágrafo único. Aplica-se a pena do artigo
§ 3º A pena é duplicada: anterior, se a gestante não é maior de quatorze anos,
I - se o crime é praticado por motivo egoístico, torpe ou ou é alienada ou debil mental, ou se o consentimento
fútil; é obtido mediante fraude, grave ameaça ou violência

II - se a vítima é menor ou tem diminuída, por qualquer Forma qualificada


causa, a capacidade de resistência.

31
Art. 127 - As penas cominadas nos dois artigos Lesão corporal seguida de morte
anteriores são aumentadas de um terço, se, em
conseqüência do aborto ou dos meios empregados § 3° Se resulta morte e as circunstâncias
para provocá-lo, a gestante sofre lesão corporal de evidenciam que o agente não quís o resultado, nem
natureza grave; e são duplicadas, se, por qualquer assumiu o risco de produzí-lo:
dessas causas, lhe sobrevém a morte. Pena - reclusão, de quatro a doze anos.
Art. 128 - Não se pune o aborto praticado por Diminuição de pena
médico:
§ 4° Se o agente comete o crime impelido por
Aborto necessário motivo de relevante valor social ou moral ou sob o
I - se não há outro meio de salvar a vida da domínio de violenta emoção, logo em seguida a
gestante; injusta provocação da vítima, o juiz pode reduzir a
pena de um sexto a um terço.
Aborto no caso de gravidez resultante de
estupro Substituição da pena

II - se a gravidez resulta de estupro e o aborto é § 5° O juiz, não sendo graves as lesões, pode
precedido de consentimento da gestante ou, quando ainda substituir a pena de detenção pela de multa, de
incapaz, de seu representante legal. duzentos mil réis a dois contos de réis:

CAPÍTULO II I - se ocorre qualquer das hipóteses do parágrafo


DAS LESÕES CORPORAIS anterior;

Lesão corporal II - se as lesões são recíprocas.

Art. 129. Ofender a integridade corporal ou a saúde Lesão corporal culposa


de outrem: § 6° Se a lesão é culposa:
Pena - detenção, de três meses a um ano. Pena - detenção, de dois meses a um ano.
Lesão corporal de natureza grave Aumento de pena
§ 1º Se resulta: § 7o Aumenta-se a pena de 1/3 (um terço) se
I - Incapacidade para as ocupações habituais, por ocorrer qualquer das hipóteses dos §§ 4 o e 6o do art.
mais de trinta dias; 121 deste Código.

II - perigo de vida; § 8º - Aplica-se à lesão culposa o disposto no § 5º


do art. 121.
III - debilidade permanente de membro, sentido ou
função; Violência Doméstica

IV - aceleração de parto: § 9o Se a lesão for praticada contra ascendente,


descendente, irmão, cônjuge ou companheiro, ou com
Pena - reclusão, de um a cinco anos. quem conviva ou tenha convivido, ou, ainda,
prevalecendo-se o agente das relações domésticas,
§ 2° Se resulta: de coabitação ou de hospitalidade:
I - Incapacidade permanente para o trabalho; Pena - detenção, de 3 (três) meses a 3 (três) anos.
II - enfermidade incuravel; § 10. Nos casos previstos nos §§ 1o a 3o deste
III perda ou inutilização do membro, sentido ou artigo, se as circunstâncias são as indicadas no §
função; 9o deste artigo, aumenta-se a pena em 1/3 (um
terço).
IV - deformidade permanente;
§ 11. Na hipótese do § 9o deste artigo, a pena será
V - aborto: aumentada de um terço se o crime for cometido contra
pessoa portadora de deficiência.
Pena - reclusão, de dois a oito anos.

32
§ 12. Se a lesão for praticada contra autoridade ou //z
agente descrito nos arts. 142 e 144 da Constituição
Federal, integrantes do sistema prisional e da Força Art. 133 - Abandonar pessoa que está sob seu
Nacional de Segurança Pública, no exercício da cuidado, guarda, vigilância ou autoridade, e, por
função ou em decorrência dela, ou contra seu qualquer motivo, incapaz de defender-se dos riscos
cônjuge, companheiro ou parente consanguíneo até resultantes do abandono:
terceiro grau, em razão dessa condição, a pena é Pena - detenção, de seis meses a três anos.
aumentada de um a dois terços.
§ 1º - Se do abandono resulta lesão corporal de
§ 13. Se a lesão for praticada contra a mulher, por natureza grave:
razões da condição do sexo feminino, nos termos do
§ 2º-A do art. 121 deste Código: Pena - reclusão, de um a cinco anos.

Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro anos). § 2º - Se resulta a morte:

CAPÍTULO III Pena - reclusão, de quatro a doze anos.


DA PERICLITAÇÃO DA VIDA E DA SAÚDE
Aumento de pena
Perigo de contágio venéreo
§ 3º - As penas cominadas neste artigo aumentam-
Art. 130 - Expor alguém, por meio de relações se de um terço:
sexuais ou qualquer ato libidinoso, a contágio de
I - se o abandono ocorre em lugar ermo;
moléstia venérea, de que sabe ou deve saber que
está contaminado: II - se o agente é ascendente ou descendente,
cônjuge, irmão, tutor ou curador da vítima.
Pena - detenção, de três meses a um ano, ou
multa. III – se a vítima é maior de 60 (sessenta) anos
§ 1º - Se é intenção do agente transmitir a moléstia: Exposição ou abandono de recém-nascido
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa. Art. 134 - Expor ou abandonar recém-nascido,
para ocultar desonra própria:
§ 2º - Somente se procede mediante
representação. Pena - detenção, de seis meses a dois anos.
Perigo de contágio de moléstia grave § 1º - Se do fato resulta lesão corporal de natureza
grave:
Art. 131 - Praticar, com o fim de transmitir a outrem
moléstia grave de que está contaminado, ato capaz Pena - detenção, de um a três anos.
de produzir o contágio:
§ 2º - Se resulta a morte:
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.
Pena - detenção, de dois a seis anos.
Perigo para a vida ou saúde de outrem
Omissão de socorro
Art. 132 - Expor a vida ou a saúde de outrem a
perigo direto e iminente: Art. 135 - Deixar de prestar assistência, quando
possível fazê-lo sem risco pessoal, à criança
Pena - detenção, de três meses a um ano, se o abandonada ou extraviada, ou à pessoa inválida ou
fato não constitui crime mais grave. ferida, ao desamparo ou em grave e iminente perigo;
ou não pedir, nesses casos, o socorro da autoridade
Parágrafo único. A pena é aumentada de um sexto
pública:
a um terço se a exposição da vida ou da saúde de
outrem a perigo decorre do transporte de pessoas Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa.
para a prestação de serviços em estabelecimentos de
qualquer natureza, em desacordo com as normas Parágrafo único - A pena é aumentada de metade,
legais. se da omissão resulta lesão corporal de natureza
grave, e triplicada, se resulta a morte.

33
Condicionamento de atendimento médico- Calúnia
hospitalar emergencial
Art. 138 - Caluniar alguém, imputando-lhe
Art. 135-A. Exigir cheque-caução, nota falsamente fato definido como crime:
promissória ou qualquer garantia, bem como o
preenchimento prévio de formulários administrativos, Pena - detenção, de seis meses a dois anos, e
como condição para o atendimento médico-hospitalar multa.
emergencial: § 1º - Na mesma pena incorre quem, sabendo falsa
Pena - detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, a imputação, a propala ou divulga.
e multa. § 2º - É punível a calúnia contra os mortos.
Parágrafo único. A pena é aumentada até o dobro Exceção da verdade
se da negativa de atendimento resulta lesão corporal
de natureza grave, e até o triplo se resulta a morte. § 3º - Admite-se a prova da verdade, salvo:

Maus-tratos I - se, constituindo o fato imputado crime de ação


privada, o ofendido não foi condenado por sentença
Art. 136 - Expor a perigo a vida ou a saúde de irrecorrível;
pessoa sob sua autoridade, guarda ou vigilância, para
fim de educação, ensino, tratamento ou custódia, quer II - se o fato é imputado a qualquer das pessoas
privando-a de alimentação ou cuidados indicadas no nº I do art. 141;
indispensáveis, quer sujeitando-a a trabalho
III - se do crime imputado, embora de ação pública,
excessivo ou inadequado, quer abusando de meios
o ofendido foi absolvido por sentença irrecorrível.
de correção ou disciplina:
Difamação
Pena - detenção, de dois meses a um ano, ou
multa. Art. 139 - Difamar alguém, imputando-lhe fato
ofensivo à sua reputação:
§ 1º - Se do fato resulta lesão corporal de natureza
grave: Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa.
Pena - reclusão, de um a quatro anos. Exceção da verdade
§ 2º - Se resulta a morte: Parágrafo único - A exceção da verdade somente
se admite se o ofendido é funcionário público e a
Pena - reclusão, de quatro a doze anos.
ofensa é relativa ao exercício de suas funções.
§ 3º - Aumenta-se a pena de um terço, se o crime
Injúria
é praticado contra pessoa menor de 14 (catorze)
anos. Art. 140 - Injuriar alguém, ofendendo-lhe a
dignidade ou o decoro:
CAPÍTULO IV
DA RIXA Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa.
Rixa § 1º - O juiz pode deixar de aplicar a pena:
Art. 137 - Participar de rixa, salvo para separar os I - quando o ofendido, de forma reprovável,
contendores: provocou diretamente a injúria;
Pena - detenção, de quinze dias a dois meses, ou II - no caso de retorsão imediata, que consista em
multa. outra injúria.
Parágrafo único - Se ocorre morte ou lesão § 2º - Se a injúria consiste em violência ou vias de
corporal de natureza grave, aplica-se, pelo fato da fato, que, por sua natureza ou pelo meio empregado,
participação na rixa, a pena de detenção, de seis se considerem aviltantes:
meses a dois anos.
Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa,
CAPÍTULO V além da pena correspondente à violência.
DOS CRIMES CONTRA A HONRA

34
§ 3º Se a injúria consiste na utilização de elementos Art. 143 - O querelado que, antes da sentença, se
referentes a religião ou à condição de pessoa idosa retrata cabalmente da calúnia ou da difamação, fica
ou com deficiência: isento de pena.

Pena - reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos, e multa. Parágrafo único. Nos casos em que o querelado
tenha praticado a calúnia ou a difamação utilizando-
Disposições comuns se de meios de comunicação, a retratação dar-se-á,
Art. 141 - As penas cominadas neste Capítulo se assim desejar o ofendido, pelos mesmos meios em
aumentam-se de um terço, se qualquer dos crimes é que se praticou a ofensa.
cometido: Art. 144 - Se, de referências, alusões ou frases, se
I - contra o Presidente da República, ou contra infere calúnia, difamação ou injúria, quem se julga
chefe de governo estrangeiro; ofendido pode pedir explicações em juízo. Aquele que
se recusa a dá-las ou, a critério do juiz, não as dá
II - contra funcionário público, em razão de suas satisfatórias, responde pela ofensa.
funções, ou contra os Presidentes do Senado Federal,
da Câmara dos Deputados ou do Supremo Tribunal Art. 145 - Nos crimes previstos neste Capítulo
Federal; somente se procede mediante queixa, salvo quando,
no caso do art. 140, § 2º, da violência resulta lesão
III - na presença de várias pessoas, ou por meio corporal.
que facilite a divulgação da calúnia, da difamação ou
da injúria. Parágrafo único. Procede-se mediante requisição
do Ministro da Justiça, no caso do inciso I do caput do
IV - contra criança, adolescente, pessoa maior de art. 141 deste Código, e mediante representação do
60 (sessenta) anos ou pessoa com deficiência, exceto ofendido, no caso do inciso II do mesmo artigo, bem
na hipótese prevista no § 3º do art. 140 deste como no caso do § 3o do art. 140 deste Código.
Código.

§ 1º - Se o crime é cometido mediante paga ou


promessa de recompensa, aplica-se a pena em CAPÍTULO VI
dobro. DOS CRIMES CONTRA A LIBERDADE
INDIVIDUAL
§ 2º Se o crime é cometido ou divulgado em
quaisquer modalidades das redes sociais da rede SEÇÃO I
mundial de computadores, aplica-se em triplo a DOS CRIMES CONTRA A LIBERDADE PESSOAL
pena. Constrangimento ilegal
Exclusão do crime Art. 146 - Constranger alguém, mediante violência
Art. 142 - Não constituem injúria ou difamação ou grave ameaça, ou depois de lhe haver reduzido,
punível: por qualquer outro meio, a capacidade de resistência,
a não fazer o que a lei permite, ou a fazer o que ela
I - a ofensa irrogada em juízo, na discussão da não manda:
causa, pela parte ou por seu procurador;
Pena - detenção, de três meses a um ano, ou
II - a opinião desfavorável da crítica literária, multa.
artística ou científica, salvo quando inequívoca a
intenção de injuriar ou difamar; Aumento de pena

III - o conceito desfavorável emitido por funcionário § 1º - As penas aplicam-se cumulativamente e em


público, em apreciação ou informação que preste no dobro, quando, para a execução do crime, se reúnem
cumprimento de dever do ofício. mais de três pessoas, ou há emprego de armas.

Parágrafo único - Nos casos dos ns. I e III, § 2º - Além das penas cominadas, aplicam-se as
responde pela injúria ou pela difamação quem lhe dá correspondentes à violência.
publicidade. § 3º - Não se compreendem na disposição deste
Retratação artigo:

35
I - a intervenção médica ou cirúrgica, sem o Sequestro e cárcere privado
consentimento do paciente ou de seu representante
legal, se justificada por iminente perigo de vida; Art. 148 - Privar alguém de sua liberdade,
mediante sequestro ou cárcere privado:
II - a coação exercida para impedir suicídio.
Pena - reclusão, de um a três anos.
Ameaça
§ 1º - A pena é de reclusão, de dois a cinco anos:
Art. 147 - Ameaçar alguém, por palavra, escrito ou
gesto, ou qualquer outro meio simbólico, de causar- I – se a vítima é ascendente, descendente, cônjuge
lhe mal injusto e grave: ou companheiro do agente ou maior de 60 (sessenta)
anos;
Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa.
II - se o crime é praticado mediante internação da
Parágrafo único - Somente se procede mediante vítima em casa de saúde ou hospital;
representação.
III - se a privação da liberdade dura mais de quinze
Perseguição dias.

Art. 147-A. Perseguir alguém, reiteradamente e por IV – se o crime é praticado contra menor de 18
qualquer meio, ameaçando-lhe a integridade física ou (dezoito) anos;
psicológica, restringindo-lhe a capacidade de
locomoção ou, de qualquer forma, invadindo ou V – se o crime é praticado com fins
perturbando sua esfera de liberdade ou libidinosos.
privacidade. § 2º - Se resulta à vítima, em razão de maus-tratos
Pena – reclusão, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e ou da natureza da detenção, grave sofrimento físico
multa. ou moral:

§ 1º A pena é aumentada de metade se o crime é Pena - reclusão, de dois a oito anos.


cometido: Redução a condição análoga à de escravo
I – contra criança, adolescente ou idoso; Art. 149. Reduzir alguém a condição análoga à de
II – contra mulher por razões da condição de sexo escravo, quer submetendo-o a trabalhos forçados ou
feminino, nos termos do § 2º-A do art. 121 deste a jornada exaustiva, quer sujeitando-o a condições
Código; degradantes de trabalho, quer restringindo, por
qualquer meio, sua locomoção em razão de dívida
III – mediante concurso de 2 (duas) ou mais pessoas ou contraída com o empregador ou preposto:
com o emprego de arma.
Pena - reclusão, de dois a oito anos, e multa, além
§ 2º As penas deste artigo são aplicáveis sem prejuízo da pena correspondente à violência.
das correspondentes à violência.
§ 1o Nas mesmas penas incorre quem:
§ 3º Somente se procede mediante representação.
I – cerceia o uso de qualquer meio de transporte
Violência psicológica contra a mulher por parte do trabalhador, com o fim de retê-lo no local
de trabalho;
Art. 147-B. Causar dano emocional à mulher que a
prejudique e perturbe seu pleno desenvolvimento ou II – mantém vigilância ostensiva no local de
que vise a degradar ou a controlar suas ações, trabalho ou se apodera de documentos ou objetos
comportamentos, crenças e decisões, mediante pessoais do trabalhador, com o fim de retê-lo no local
ameaça, constrangimento, humilhação, manipulação, de trabalho.
isolamento, chantagem, ridicularização, limitação do
direito de ir e vir ou qualquer outro meio que cause § 2o A pena é aumentada de metade, se o crime é
prejuízo à sua saúde psicológica e cometido:
autodeterminação: I – contra criança ou adolescente;
Pena - reclusão, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e II – por motivo de preconceito de raça, cor, etnia,
multa, se a conduta não constitui crime mais grave. religião ou origem.

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Tráfico de Pessoas § 1º - Se o crime é cometido durante a noite, ou
em lugar ermo, ou com o emprego de violência ou de
Art. 149-A. Agenciar, aliciar, recrutar, transportar, arma, ou por duas ou mais pessoas:
transferir, comprar, alojar ou acolher pessoa,
mediante grave ameaça, violência, coação, fraude ou Pena - detenção, de seis meses a dois anos, além
abuso, com a finalidade de: da pena correspondente à violência.

I - remover-lhe órgãos, tecidos ou partes do § 2º - (Revogado pela Lei nº 13.869, de


corpo; 2019) (Vigência)

II - submetê-la a trabalho em condições análogas à de § 3º - Não constitui crime a entrada ou


escravo; permanência em casa alheia ou em suas
dependências:
III - submetê-la a qualquer tipo de servidão
I - durante o dia, com observância das
IV - adoção ilegal; ou formalidades legais, para efetuar prisão ou outra
V - exploração sexual. diligência;

Pena - reclusão, de 4 (quatro) a 8 (oito) anos, e II - a qualquer hora do dia ou da noite, quando
multa. algum crime está sendo ali praticado ou na iminência
de o ser.
§ 1o A pena é aumentada de um terço até a metade
se: § 4º - A expressão "casa" compreende:

I - o crime for cometido por funcionário público no I - qualquer compartimento habitado;


exercício de suas funções ou a pretexto de exercê- II - aposento ocupado de habitação coletiva;
las;
III - compartimento não aberto ao público, onde
II - o crime for cometido contra criança, adolescente ou alguém exerce profissão ou atividade.
pessoa idosa ou com deficiência;
§ 5º - Não se compreendem na expressão "casa":
III - o agente se prevalecer de relações de parentesco,
domésticas, de coabitação, de hospitalidade, de I - hospedaria, estalagem ou qualquer outra
dependência econômica, de autoridade ou de habitação coletiva, enquanto aberta, salvo a restrição
superioridade hierárquica inerente ao exercício de do n.º II do parágrafo anterior;
emprego, cargo ou função; ou
II - taverna, casa de jogo e outras do mesmo
IV - a vítima do tráfico de pessoas for retirada do gênero.
território nacional.
SEÇÃO III
§ 2o A pena é reduzida de um a dois terços se o agente DOS CRIMES CONTRA A
for primário e não integrar organização INVIOLABILIDADE DE CORRESPONDÊNCIA
criminosa.
Violação de correspondência

Art. 151 - Devassar indevidamente o conteúdo de


correspondência fechada, dirigida a outrem:

SEÇÃO II Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa.


DOS CRIMES CONTRA A INVIOLABILIDADE DO
DOMICÍLIO Sonegação ou destruição de correspondência

Violação de domicílio § 1º - Na mesma pena incorre:

Art. 150 - Entrar ou permanecer, clandestina ou I - quem se apossa indevidamente de


astuciosamente, ou contra a vontade expressa ou correspondência alheia, embora não fechada e, no
tácita de quem de direito, em casa alheia ou em suas todo ou em parte, a sonega ou destrói;
dependências: Violação de comunicação telegráfica,
Pena - detenção, de um a três meses, ou multa. radioelétrica ou telefônica

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II - quem indevidamente divulga, transmite a Pena – detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e
outrem ou utiliza abusivamente comunicação multa.
telegráfica ou radioelétrica dirigida a terceiro, ou
conversação telefônica entre outras pessoas; § 2o Quando resultar prejuízo para a
Administração Pública, a ação penal será
III - quem impede a comunicação ou a incondicionada.
conversação referidas no número anterior;
Violação do segredo profissional
IV - quem instala ou utiliza estação ou aparelho
radioelétrico, sem observância de disposição legal. Art. 154 - Revelar alguém, sem justa causa,
segredo, de que tem ciência em razão de função,
§ 2º - As penas aumentam-se de metade, se há ministério, ofício ou profissão, e cuja revelação possa
dano para outrem. produzir dano a outrem:

§ 3º - Se o agente comete o crime, com abuso de Pena - detenção, de três meses a um ano, ou
função em serviço postal, telegráfico, radioelétrico ou multa de um conto a dez contos de réis.
telefônico:
Parágrafo único - Somente se procede mediante
Pena - detenção, de um a três anos. representação.

§ 4º - Somente se procede mediante Invasão de dispositivo informático


representação, salvo nos casos do § 1º, IV, e do § 3º.
Art. 154-A. Invadir dispositivo informático de uso alheio,
Correspondência comercial conectado ou não à rede de computadores, com o fim
de obter, adulterar ou destruir dados ou informações
Art. 152 - Abusar da condição de sócio ou sem autorização expressa ou tácita do usuário do
empregado de estabelecimento comercial ou dispositivo ou de instalar vulnerabilidades para obter
industrial para, no todo ou em parte, desviar, sonegar, vantagem ilícita:
subtrair ou suprimir correspondência, ou revelar a
estranho seu conteúdo: Pena – reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e
multa.
Pena - detenção, de três meses a dois anos.
§ 1o Na mesma pena incorre quem produz, oferece,
Parágrafo único - Somente se procede mediante distribui, vende ou difunde dispositivo ou programa de
representação. computador com o intuito de permitir a prática da
SEÇÃO IV conduta definida no caput.
DOS CRIMES CONTRA A INVIOLABILIDADE DOS § 2º Aumenta-se a pena de 1/3 (um terço) a 2/3 (dois
SEGREDOS terços) se da invasão resulta prejuízo econômico.
Divulgação de segredo § 3o Se da invasão resultar a obtenção de conteúdo de
Art. 153 - Divulgar alguém, sem justa causa, comunicações eletrônicas privadas, segredos
conteúdo de documento particular ou de comerciais ou industriais, informações sigilosas,
correspondência confidencial, de que é destinatário assim definidas em lei, ou o controle remoto não
ou detentor, e cuja divulgação possa produzir dano a autorizado do dispositivo invadido:
outrem: Pena – reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e
Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa, de multa. § 4o Na hipótese do § 3o, aumenta-se a
trezentos mil réis a dois contos de réis. pena de um a dois terços se houver divulgação,
comercialização ou transmissão a terceiro, a qualquer
§ 1º Somente se procede mediante título, dos dados ou informações obtidos.
representação.
§ 5o Aumenta-se a pena de um terço à metade se o
§1o-A. Divulgar, sem justa causa, informações crime for praticado contra:
sigilosas ou reservadas, assim definidas em lei,
contidas ou não nos sistemas de informações ou I - Presidente da República, governadores e
banco de dados da Administração Pública: prefeitos;

II - Presidente do Supremo Tribunal Federal;

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III - Presidente da Câmara dos Deputados, do Senado § 4º-B. A pena é de reclusão, de 4 (quatro) a 8 (oito)
Federal, de Assembleia Legislativa de Estado, da anos, e multa, se o furto mediante fraude é cometido
Câmara Legislativa do Distrito Federal ou de Câmara por meio de dispositivo eletrônico ou informático,
Municipal; ou conectado ou não à rede de computadores, com ou
sem a violação de mecanismo de segurança ou a
IV - dirigente máximo da administração direta e indireta utilização de programa malicioso, ou por qualquer
federal, estadual, municipal ou do Distrito Federal. outro meio fraudulento análogo.
Ação penal § 4º-C. A pena prevista no § 4º-B deste artigo,
Art. 154-B. Nos crimes definidos no art. 154-A, considerada a relevância do resultado gravoso:
somente se procede mediante representação, salvo I – aumenta-se de 1/3 (um terço) a 2/3 (dois terços), se
se o crime é cometido contra a administração pública o crime é praticado mediante a utilização de servidor
direta ou indireta de qualquer dos Poderes da União, mantido fora do território nacional;
Estados, Distrito Federal ou Municípios ou contra
empresas concessionárias de serviços públicos. II – aumenta-se de 1/3 (um terço) ao dobro, se o crime
é praticado contra idoso ou vulnerável.
TÍTULO II
DOS CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO § 5º - A pena é de reclusão de três a oito anos, se
a subtração for de veículo automotor que venha a ser
CAPÍTULO I transportado para outro Estado ou para o
DO FURTO exterior.
Furto § 6o A pena é de reclusão de 2 (dois) a 5 (cinco)
Art. 155 - Subtrair, para si ou para outrem, coisa anos se a subtração for de semovente domesticável
alheia móvel: de produção, ainda que abatido ou dividido em partes
no local da subtração.
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.
§ 7º A pena é de reclusão de 4 (quatro) a 10 (dez)
§ 1º - A pena aumenta-se de um terço, se o crime anos e multa, se a subtração for de substâncias
é praticado durante o repouso noturno. explosivas ou de acessórios que, conjunta ou
isoladamente, possibilitem sua fabricação, montagem
§ 2º - Se o criminoso é primário, e é de pequeno
ou emprego.
valor a coisa furtada, o juiz pode substituir a pena de
reclusão pela de detenção, diminuí-la de um a dois Furto de coisa comum
terços, ou aplicar somente a pena de multa.
Art. 156 - Subtrair o condômino, co-herdeiro ou
§ 3º - Equipara-se à coisa móvel a energia elétrica sócio, para si ou para outrem, a quem legitimamente
ou qualquer outra que tenha valor econômico. a detém, a coisa comum:
Furto qualificado Pena - detenção, de seis meses a dois anos, ou
multa.
§ 4º - A pena é de reclusão de dois a oito anos, e
multa, se o crime é cometido: § 1º - Somente se procede mediante
representação.
I - com destruição ou rompimento de obstáculo à
subtração da coisa; § 2º - Não é punível a subtração de coisa comum
fungível, cujo valor não excede a quota a que tem
II - com abuso de confiança, ou mediante fraude,
direito o agente.
escalada ou destreza;
CAPÍTULO II
III - com emprego de chave falsa;
DO ROUBO E DA EXTORSÃO
IV - mediante concurso de duas ou mais pessoas.
Roubo
§ 4º-A A pena é de reclusão de 4 (quatro) a 10
Art. 157 - Subtrair coisa móvel alheia, para si ou
(dez) anos e multa, se houver emprego de explosivo
para outrem, mediante grave ameaça ou violência a
ou de artefato análogo que cause perigo
pessoa, ou depois de havê-la, por qualquer meio,
comum.
reduzido à impossibilidade de resistência:

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Pena - reclusão, de quatro a dez anos, e multa. para outrem indevida vantagem econômica, a fazer,
tolerar que se faça ou deixar de fazer alguma coisa:
§ 1º - Na mesma pena incorre quem, logo depois
de subtraída a coisa, emprega violência contra Pena - reclusão, de quatro a dez anos, e multa.
pessoa ou grave ameaça, a fim de assegurar a
impunidade do crime ou a detenção da coisa para si § 1º - Se o crime é cometido por duas ou mais
ou para terceiro. pessoas, ou com emprego de arma, aumenta-se a
pena de um terço até metade.
§ 2º A pena aumenta-se de 1/3 (um terço) até
metade: § 2º - Aplica-se à extorsão praticada mediante
violência o disposto no § 3º do artigo
I – (revogado); anterior.

II - se há o concurso de duas ou mais pessoas; § 3o Se o crime é cometido mediante a restrição da


liberdade da vítima, e essa condição é necessária
III - se a vítima está em serviço de transporte de para a obtenção da vantagem econômica, a pena é de
valores e o agente conhece tal circunstância. reclusão, de 6 (seis) a 12 (doze) anos, além da multa;
IV - se a subtração for de veículo automotor que se resulta lesão corporal grave ou morte, aplicam-se
venha a ser transportado para outro Estado ou para o as penas previstas no art. 159, §§ 2o e 3o,
exterior; respectivamente.

V - se o agente mantém a vítima em seu poder, Extorsão mediante seqüestro


restringindo sua liberdade. Art. 159 - Seqüestrar pessoa com o fim de obter,
VI – se a subtração for de substâncias explosivas para si ou para outrem, qualquer vantagem, como
ou de acessórios que, conjunta ou isoladamente, condição ou preço do resgate:
possibilitem sua fabricação, montagem ou Pena - reclusão, de oito a quinze anos..
emprego.
§ 1o Se o seqüestro dura mais de 24 (vinte e
VII - se a violência ou grave ameaça é exercida quatro) horas, se o seqüestrado é menor de 18
com emprego de arma branca; (dezoito) ou maior de 60 (sessenta) anos, ou se o
§ 2º-A A pena aumenta-se de 2/3 (dois crime é cometido por bando ou quadrilha.
terços): Pena - reclusão, de doze a vinte anos.
I – se a violência ou ameaça é exercida com § 2º - Se do fato resulta lesão corporal de natureza
emprego de arma de fogo grave:
II – se há destruição ou rompimento de obstáculo Pena - reclusão, de dezesseis a vinte e quatro
mediante o emprego de explosivo ou de artefato anos.
análogo que cause perigo comum.
§ 3º - Se resulta a morte:
§ 2º-B. Se a violência ou grave ameaça é exercida
com emprego de arma de fogo de uso restrito ou Pena - reclusão, de vinte e quatro a trinta
proibido, aplica-se em dobro a pena prevista anos.
no caput deste artigo.
§ 4º - Se o crime é cometido em concurso, o
§ 3º Se da violência resulta: concorrente que o denunciar à autoridade, facilitando
a libertação do seqüestrado, terá sua pena reduzida
I – lesão corporal grave, a pena é de reclusão de de um a dois terços.
7 (sete) a 18 (dezoito) anos, e multa;
Extorsão indireta
II – morte, a pena é de reclusão de 20 (vinte) a 30
(trinta) anos, e multa. Art. 160 - Exigir ou receber, como garantia de
dívida, abusando da situação de alguém, documento
Extorsão que pode dar causa a procedimento criminal contra a
Art. 158 - Constranger alguém, mediante violência vítima ou contra terceiro:
ou grave ameaça, e com o intuito de obter para si ou Pena - reclusão, de um a três anos, e multa.

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CAPÍTULO III III - contra o patrimônio da União, de Estado, do
DA USURPAÇÃO Distrito Federal, de Município ou de autarquia,
fundação pública, empresa pública, sociedade de
Alteração de limites economia mista ou empresa concessionária de
Art. 161 - Suprimir ou deslocar tapume, marco, ou serviços públicos;
qualquer outro sinal indicativo de linha divisória, para IV - por motivo egoístico ou com prejuízo
apropriar-se, no todo ou em parte, de coisa imóvel considerável para a vítima:
alheia:
Pena - detenção, de seis meses a três anos, e
Pena - detenção, de um a seis meses, e multa. multa, além da pena correspondente à violência.
§ 1º - Na mesma pena incorre quem: Introdução ou abandono de animais em
Usurpação de águas propriedade alheia

I - desvia ou represa, em proveito próprio ou de Art. 164 - Introduzir ou deixar animais em


outrem, águas alheias; propriedade alheia, sem consentimento de quem de
direito, desde que o fato resulte prejuízo:
Esbulho possessório
Pena - detenção, de quinze dias a seis meses, ou
II - invade, com violência a pessoa ou grave multa.
ameaça, ou mediante concurso de mais de duas
pessoas, terreno ou edifício alheio, para o fim de Dano em coisa de valor artístico, arqueológico
esbulho possessório. ou histórico

§ 2º - Se o agente usa de violência, incorre também Art. 165 - Destruir, inutilizar ou deteriorar coisa
na pena a esta cominada. tombada pela autoridade competente em virtude de
valor artístico, arqueológico ou histórico:
§ 3º - Se a propriedade é particular, e não há
emprego de violência, somente se procede mediante Pena - detenção, de seis meses a dois anos, e
queixa. multa.

Alteração de local especialmente protegido

Supressão ou alteração de marca em animais Art. 166 - Alterar, sem licença da autoridade
competente, o aspecto de local especialmente
Art. 162 - Suprimir ou alterar, indevidamente, em protegido por lei:
gado ou rebanho alheio, marca ou sinal indicativo de
propriedade: Pena - detenção, de um mês a um ano, ou multa.

Pena - detenção, de seis meses a três anos, e


multa. Ação penal
CAPÍTULO IV Art. 167 - Nos casos do art. 163, do inciso IV do
DO DANO seu parágrafo e do art. 164, somente se procede
Dano mediante queixa.

Art. 163 - Destruir, inutilizar ou deteriorar coisa CAPÍTULO V


alheia: DA APROPRIAÇÃO INDÉBITA

Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa. Apropriação indébita

Dano qualificado Art. 168 - Apropriar-se de coisa alheia móvel, de


que tem a posse ou a detenção:
Parágrafo único - Se o crime é cometido:
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.
I - com violência à pessoa ou grave ameaça;
Aumento de pena
II - com emprego de substância inflamável ou
explosiva, se o fato não constitui crime mais grave

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§ 1º - A pena é aumentada de um terço, quando o cujo valor, inclusive dos acessórios, seja superior
agente recebeu a coisa: àquele estabelecido, administrativamente, como
sendo o mínimo para o ajuizamento de suas
I - em depósito necessário; execuções fiscais.
II - na qualidade de tutor, curador, síndico, Apropriação de coisa havida por erro, caso
liquidatário, inventariante, testamenteiro ou fortuito ou força da natureza
depositário judicial;
Art. 169 - Apropriar-se alguém de coisa alheia
III - em razão de ofício, emprego ou profissão. vinda ao seu poder por erro, caso fortuito ou força da
Apropriação indébita previdenciária natureza:

Art. 168-A. Deixar de repassar à previdência social Pena - detenção, de um mês a um ano, ou multa.
as contribuições recolhidas dos contribuintes, no Parágrafo único - Na mesma pena incorre:
prazo e forma legal ou convencional:
Apropriação de tesouro
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e
multa. I - quem acha tesouro em prédio alheio e se
apropria, no todo ou em parte, da quota a que tem
§ 1o Nas mesmas penas incorre quem deixar de: direito o proprietário do prédio;
I – recolher, no prazo legal, contribuição ou outra Apropriação de coisa achada
importância destinada à previdência social que tenha
sido descontada de pagamento efetuado a II - quem acha coisa alheia perdida e dela se
segurados, a terceiros ou arrecadada do público; apropria, total ou parcialmente, deixando de restituí-la
ao dono ou legítimo possuidor ou de entregá-la à
II – recolher contribuições devidas à previdência autoridade competente, dentro no prazo de quinze
social que tenham integrado despesas contábeis ou dias.
custos relativos à venda de produtos ou à prestação
de serviços; Art. 170 - Nos crimes previstos neste Capítulo,
aplica-se o disposto no art. 155, § 2º.
III - pagar benefício devido a segurado, quando as
respectivas cotas ou valores já tiverem sido CAPÍTULO VI
reembolsados à empresa pela previdência social. DO ESTELIONATO E OUTRAS FRAUDES
§ 2o É extinta a punibilidade se o agente, Estelionato
espontaneamente, declara, confessa e efetua o
pagamento das contribuições, importâncias ou Art. 171 - Obter, para si ou para outrem, vantagem
valores e presta as informações devidas à previdência ilícita, em prejuízo alheio, induzindo ou mantendo
social, na forma definida em lei ou regulamento, antes alguém em erro, mediante artifício, ardil, ou qualquer
do início da ação fiscal. outro meio fraudulento:

§ 3o É facultado ao juiz deixar de aplicar a pena ou Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa, de
aplicar somente a de multa se o agente for primário e quinhentos mil réis a dez contos de réis.
de bons antecedentes, desde que: § 1º - Se o criminoso é primário, e é de pequeno
I – tenha promovido, após o início da ação fiscal e valor o prejuízo, o juiz pode aplicar a pena conforme
antes de oferecida a denúncia, o pagamento da o disposto no art. 155, § 2º.
contribuição social previdenciária, inclusive § 2º - Nas mesmas penas incorre quem:
acessórios; ou
Disposição de coisa alheia como própria
II – o valor das contribuições devidas, inclusive
acessórios, seja igual ou inferior àquele estabelecido I - vende, permuta, dá em pagamento, em locação
pela previdência social, administrativamente, como ou em garantia coisa alheia como própria;
sendo o mínimo para o ajuizamento de suas
execuções fiscais. Alienação ou oneração fraudulenta de coisa
própria
§ 4o A faculdade prevista no § 3o deste artigo não se
aplica aos casos de parcelamento de contribuições

42
II - vende, permuta, dá em pagamento ou em I - a Administração Pública, direta ou indireta;
garantia coisa própria inalienável, gravada de ônus ou
litigiosa, ou imóvel que prometeu vender a terceiro, II - criança ou adolescente;
mediante pagamento em prestações, silenciando III - pessoa com deficiência mental; ou
sobre qualquer dessas circunstâncias;
IV - maior de 70 (setenta) anos de idade ou
Defraudação de penhor incapaz.
III - defrauda, mediante alienação não consentida Duplicata simulada
pelo credor ou por outro modo, a garantia pignoratícia,
quando tem a posse do objeto empenhado; Art. 172 - Emitir fatura, duplicata ou nota de venda
que não corresponda à mercadoria vendida, em
Fraude na entrega de coisa quantidade ou qualidade, ou ao serviço prestado.
IV - defrauda substância, qualidade ou quantidade Pena - detenção, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e
de coisa que deve entregar a alguém; multa.
Fraude para recebimento de indenização ou Parágrafo único. Nas mesmas penas incorrerá
valor de seguro aquêle que falsificar ou adulterar a escrituração do
V - destrói, total ou parcialmente, ou oculta coisa Livro de Registro de Duplicatas.
própria, ou lesa o próprio corpo ou a saúde, ou agrava Abuso de incapazes
as conseqüências da lesão ou doença, com o intuito
de haver indenização ou valor de seguro; Art. 173 - Abusar, em proveito próprio ou alheio, de
necessidade, paixão ou inexperiência de menor, ou da
Fraude no pagamento por meio de cheque alienação ou debilidade mental de outrem, induzindo
VI - emite cheque, sem suficiente provisão de qualquer deles à prática de ato suscetível de produzir
fundos em poder do sacado, ou lhe frustra o efeito jurídico, em prejuízo próprio ou de terceiro:
pagamento. Pena - reclusão, de dois a seis anos, e multa.
Fraude eletrônica Induzimento à especulação
§ 2º-A. A pena é de reclusão, de 4 (quatro) a 8 (oito) Art. 174 - Abusar, em proveito próprio ou alheio, da
anos, e multa, se a fraude é cometida com a utilização inexperiência ou da simplicidade ou inferioridade
de informações fornecidas pela vítima ou por terceiro mental de outrem, induzindo-o à prática de jogo ou
induzido a erro por meio de redes sociais, contatos aposta, ou à especulação com títulos ou mercadorias,
telefônicos ou envio de correio eletrônico fraudulento, sabendo ou devendo saber que a operação é ruinosa:
ou por qualquer outro meio fraudulento análogo.
Pena - reclusão, de um a três anos, e multa.
§ 2º-B. A pena prevista no § 2º-A deste artigo,
considerada a relevância do resultado gravoso, Fraude no comércio
aumenta-se de 1/3 (um terço) a 2/3 (dois terços), se o
Art. 175 - Enganar, no exercício de atividade
crime é praticado mediante a utilização de servidor
comercial, o adquirente ou consumidor:
mantido fora do território nacional.
I - vendendo, como verdadeira ou perfeita,
§ 3º - A pena aumenta-se de um terço, se o crime
mercadoria falsificada ou deteriorada;
é cometido em detrimento de entidade de direito
público ou de instituto de economia popular, II - entregando uma mercadoria por outra:
assistência social ou beneficência.
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, ou
Estelionato contra idoso ou vulnerável multa.
§ 4º A pena aumenta-se de 1/3 (um terço) ao dobro, se § 1º - Alterar em obra que lhe é encomendada a
o crime é cometido contra idoso ou vulnerável, qualidade ou o peso de metal ou substituir, no mesmo
considerada a relevância do resultado gravoso. caso, pedra verdadeira por falsa ou por outra de
menor valor; vender pedra falsa por verdadeira;
§ 5º Somente se procede mediante representação,
vender, como precioso, metal de ou outra qualidade:
salvo se a vítima for:

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Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa. VII - o diretor, o gerente ou o fiscal que, por
interposta pessoa, ou conluiado com acionista,
§ 2º - É aplicável o disposto no art. 155, § 2º. consegue a aprovação de conta ou parecer;
Outras fraudes VIII - o liquidante, nos casos dos ns. I, II, III, IV, V
Art. 176 - Tomar refeição em restaurante, alojar-se e VII;
em hotel ou utilizar-se de meio de transporte sem IX - o representante da sociedade anônima
dispor de recursos para efetuar o pagamento: estrangeira, autorizada a funcionar no País, que
Pena - detenção, de quinze dias a dois meses, ou pratica os atos mencionados nos ns. I e II, ou dá falsa
multa. informação ao Governo.

Parágrafo único - Somente se procede mediante § 2º - Incorre na pena de detenção, de seis meses
representação, e o juiz pode, conforme as a dois anos, e multa, o acionista que, a fim de obter
circunstâncias, deixar de aplicar a pena. vantagem para si ou para outrem, negocia o voto nas
deliberações de assembléia geral.
Fraudes e abusos na fundação ou
administração de sociedade por ações Emissão irregular de conhecimento de
depósito ou "warrant"
Art. 177 - Promover a fundação de sociedade por
ações, fazendo, em prospecto ou em comunicação ao Art. 178 - Emitir conhecimento de depósito ou
público ou à assembléia, afirmação falsa sobre a warrant, em desacordo com disposição legal:
constituição da sociedade, ou ocultando Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.
fraudulentamente fato a ela relativo:
Fraude à execução
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa, se
o fato não constitui crime contra a economia popular. Art. 179 - Fraudar execução, alienando, desviando,
destruindo ou danificando bens, ou simulando dívidas:
§ 1º - Incorrem na mesma pena, se o fato não
constitui crime contra a economia popular: (Vide Lei Pena - detenção, de seis meses a dois anos, ou
nº 1.521, de 1951) multa.

I - o diretor, o gerente ou o fiscal de sociedade por Parágrafo único - Somente se procede mediante
ações, que, em prospecto, relatório, parecer, balanço queixa.
ou comunicação ao público ou à assembléia, faz
afirmação falsa sobre as condições econômicas da
sociedade, ou oculta fraudulentamente, no todo ou em CAPÍTULO VII
parte, fato a elas relativo; DA RECEPTAÇÃO
II - o diretor, o gerente ou o fiscal que promove, por Receptação
qualquer artifício, falsa cotação das ações ou de
outros títulos da sociedade; Art. 180 - Adquirir, receber, transportar, conduzir ou
ocultar, em proveito próprio ou alheio, coisa que sabe
III - o diretor ou o gerente que toma empréstimo à ser produto de crime, ou influir para que terceiro, de
sociedade ou usa, em proveito próprio ou de terceiro, boa-fé, a adquira, receba ou oculte:
dos bens ou haveres sociais, sem prévia autorização
da assembléia geral; Pena - reclusão, de um a quatro anos, e
multa.
IV - o diretor ou o gerente que compra ou vende,
por conta da sociedade, ações por ela emitidas, salvo Receptação qualificada
quando a lei o permite;
§ 1º - Adquirir, receber, transportar, conduzir,
V - o diretor ou o gerente que, como garantia de ocultar, ter em depósito, desmontar, montar, remontar,
crédito social, aceita em penhor ou em caução ações vender, expor à venda, ou de qualquer forma utilizar,
da própria sociedade; em proveito próprio ou alheio, no exercício de
atividade comercial ou industrial, coisa que deve
VI - o diretor ou o gerente que, na falta de balanço, saber ser produto de crime:
em desacordo com este, ou mediante balanço falso,
distribui lucros ou dividendos fictícios; Pena - reclusão, de três a oito anos, e multa

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§ 2º - Equipara-se à atividade comercial, para cometido em prejuízo: (Vide Lei nº 10.741, de
efeito do parágrafo anterior, qualquer forma de 2003)
comércio irregular ou clandestino, inclusive o
exercício em residência. I - do cônjuge desquitado ou judicialmente
separado;
§ 3º - Adquirir ou receber coisa que, por sua
natureza ou pela desproporção entre o valor e o II - de irmão, legítimo ou ilegítimo;
preço, ou pela condição de quem a oferece, deve III - de tio ou sobrinho, com quem o agente coabita.
presumir-se obtida por meio criminoso:
Art. 183 - Não se aplica o disposto nos dois artigos
Pena - detenção, de um mês a um ano, ou multa, anteriores:
ou ambas as penas.
I - se o crime é de roubo ou de extorsão, ou, em
§ 4º - A receptação é punível, ainda que geral, quando haja emprego de grave ameaça ou
desconhecido ou isento de pena o autor do crime de violência à pessoa;
que proveio a coisa.
II - ao estranho que participa do crime.
§ 5º - Na hipótese do § 3º, se o criminoso é
primário, pode o juiz, tendo em consideração as III – se o crime é praticado contra pessoa com
circunstâncias, deixar de aplicar a pena. Na idade igual ou superior a 60 (sessenta) anos.
receptação dolosa aplica-se o disposto no § 2º do art.
155.

§ 6o Tratando-se de bens do patrimônio da União,


de Estado, do Distrito Federal, de Município ou de
autarquia, fundação pública, empresa pública,
sociedade de economia mista ou empresa TÍTULO VI
concessionária de serviços públicos, aplica-se em DOS CRIMES CONTRA A DIGNIDADE SEXUAL
dobro a pena prevista no caput deste
artigo.
CAPÍTULO I
Receptação de animal DOS CRIMES CONTRA A LIBERDADE SEXUAL

Art. 180-A. Adquirir, receber, transportar, conduzir,


ocultar, ter em depósito ou vender, com a finalidade Estupro
de produção ou de comercialização, semovente
Art. 213. Constranger alguém, mediante violência ou
domesticável de produção, ainda que abatido ou
grave ameaça, a ter conjunção carnal ou a praticar ou
dividido em partes, que deve saber ser produto de
permitir que com ele se pratique outro ato
crime:
libidinoso:
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e
Pena - reclusão, de 6 (seis) a 10 (dez) anos.
multa.
§ 1o Se da conduta resulta lesão corporal de natureza
CAPÍTULO VIII
grave ou se a vítima é menor de 18 (dezoito) ou maior
DISPOSIÇÕES GERAIS
de 14 (catorze) anos:
Art. 181 - É isento de pena quem comete qualquer
Pena - reclusão, de 8 (oito) a 12 (doze) anos.
dos crimes previstos neste título, em
prejuízo: (Vide Lei nº 10.741, de 2003) § 2o Se da conduta resulta morte:
I - do cônjuge, na constância da sociedade Pena - reclusão, de 12 (doze) a 30 (trinta) anos
conjugal;
Art. 214 -
II - de ascendente ou descendente, seja o
parentesco legítimo ou ilegítimo, seja civil ou natural. Violação sexual mediante fraude

Art. 182 - Somente se procede mediante Art. 215. Ter conjunção carnal ou praticar outro ato
representação, se o crime previsto neste título é libidinoso com alguém, mediante fraude ou outro meio

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que impeça ou dificulte a livre manifestação de Art. 217 - (Revogado pela Lei nº 11.106, de
vontade da vítima: 2005)

Pena - reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos. Estupro de vulnerável

Parágrafo único. Se o crime é cometido com o fim de Art. 217-A. Ter conjunção carnal ou praticar outro ato
obter vantagem econômica, aplica-se também libidinoso com menor de 14 (catorze) anos:
multa.
Pena - reclusão, de 8 (oito) a 15 (quinze) anos.
Importunação sexual
§ 1o Incorre na mesma pena quem pratica as ações
Art. 215-A. Praticar contra alguém e sem a sua descritas no caput com alguém que, por enfermidade
anuência ato libidinoso com o objetivo de satisfazer a ou deficiência mental, não tem o necessário
própria lascívia ou a de terceiro: discernimento para a prática do ato, ou que, por
qualquer outra causa, não pode oferecer
Pena - reclusão, de 1 (um) a 5 (cinco) anos, se o ato resistência.
não constitui crime mais grave.
§ 2o (VETADO)
Art. 216. (Revogado pela Lei nº 12.015, de
2009) § 3o Se da conduta resulta lesão corporal de natureza
grave:
Assédio sexual
Pena - reclusão, de 10 (dez) a 20 (vinte) anos.
Art. 216-A. Constranger alguém com o intuito de
obter vantagem ou favorecimento sexual, § 4o Se da conduta resulta morte:
prevalecendo-se o agente da sua condição de
superior hierárquico ou ascendência inerentes ao Pena - reclusão, de 12 (doze) a 30 (trinta) anos.
exercício de emprego, cargo ou função. § 5º As penas previstas no caput e nos §§ 1º, 3º e 4º
Pena – detenção, de 1 (um) a 2 (dois) deste artigo aplicam-se independentemente do
anos. consentimento da vítima ou do fato de ela ter mantido
relações sexuais anteriormente ao crime.
Parágrafo único. (VETADO)
Corrupção de menores
§ 2o A pena é aumentada em até um terço se a
vítima é menor de 18 (dezoito) anos. Art. 218. Induzir alguém menor de 14 (catorze) anos a
satisfazer a lascívia de outrem:
CAPÍTULO I-A
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos.
DA EXPOSIÇÃO DA INTIMIDADE SEXUAL
Parágrafo único. (VETADO).
Registro não autorizado da intimidade sexual
Satisfação de lascívia mediante presença de
Art. 216-B. Produzir, fotografar, filmar ou registrar, por
criança ou adolescente
qualquer meio, conteúdo com cena de nudez ou ato
sexual ou libidinoso de caráter íntimo e privado sem Art. 218-A. Praticar, na presença de alguém menor de
autorização dos participantes: 14 (catorze) anos, ou induzi-lo a presenciar,
conjunção carnal ou outro ato libidinoso, a fim de
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 1 (um) ano, e
satisfazer lascívia própria ou de outrem:
multa.
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos.
Parágrafo único. Na mesma pena incorre quem realiza
montagem em fotografia, vídeo, áudio ou qualquer Favorecimento da prostituição ou de outra forma
outro registro com o fim de incluir pessoa em cena de de exploração sexual de criança ou adolescente
nudez ou ato sexual ou libidinoso de caráter íntimo. ou de vulnerável.
CAPÍTULO II Art. 218-B. Submeter, induzir ou atrair à prostituição ou
DOS CRIMES SEXUAIS CONTRA VULNERÁVEL outra forma de exploração sexual alguém menor de
18 (dezoito) anos ou que, por enfermidade ou
deficiência mental, não tem o necessário
Sedução

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discernimento para a prática do ato, facilitá-la, impedir
ou dificultar que a abandone:
TÍTULO X
Pena - reclusão, de 4 (quatro) a 10 (dez) anos. DOS CRIMES CONTRA A FÉ PÚBLICA

§ 1o Se o crime é praticado com o fim de obter CAPÍTULO I


vantagem econômica, aplica-se também DA MOEDA FALSA
multa.
Moeda Falsa
§ 2o Incorre nas mesmas penas:
Art. 289 - Falsificar, fabricando-a ou alterando-a,
I - quem pratica conjunção carnal ou outro ato moeda metálica ou papel-moeda de curso legal no
libidinoso com alguém menor de 18 (dezoito) e maior país ou no estrangeiro:
de 14 (catorze) anos na situação descrita
no caput deste artigo; Pena - reclusão, de três a doze anos, e multa.

II - o proprietário, o gerente ou o responsável pelo local § 1º - Nas mesmas penas incorre quem, por conta
em que se verifiquem as práticas referidas própria ou alheia, importa ou exporta, adquire, vende,
no caput deste artigo. troca, cede, empresta, guarda ou introduz na
circulação moeda falsa.
§ 3o Na hipótese do inciso II do § 2 o, constitui efeito
obrigatório da condenação a cassação da licença de § 2º - Quem, tendo recebido de boa-fé, como
localização e de funcionamento do verdadeira, moeda falsa ou alterada, a restitui à
estabelecimento. circulação, depois de conhecer a falsidade, é punido
com detenção, de seis meses a dois anos, e multa.
Divulgação de cena de estupro ou de cena de
estupro de vulnerável, de cena de sexo ou de § 3º - É punido com reclusão, de três a quinze
pornografia anos, e multa, o funcionário público ou diretor,
gerente, ou fiscal de banco de emissão que fabrica,
Art. 218-C. Oferecer, trocar, disponibilizar, transmitir, emite ou autoriza a fabricação ou emissão:
vender ou expor à venda, distribuir, publicar ou
divulgar, por qualquer meio - inclusive por meio de I - de moeda com título ou peso inferior ao
comunicação de massa ou sistema de informática ou determinado em lei;
telemática -, fotografia, vídeo ou outro registro II - de papel-moeda em quantidade superior à
audiovisual que contenha cena de estupro ou de autorizada.
estupro de vulnerável ou que faça apologia ou induza
a sua prática, ou, sem o consentimento da vítima, § 4º - Nas mesmas penas incorre quem desvia e
cena de sexo, nudez ou pornografia: faz circular moeda, cuja circulação não estava ainda
autorizada.
Pena - reclusão, de 1 (um) a 5 (cinco) anos, se o fato
não constitui crime mais grave. Crimes assimilados ao de moeda falsa

Aumento de pena Art. 290 - Formar cédula, nota ou bilhete


representativo de moeda com fragmentos de cédulas,
§ 1º A pena é aumentada de 1/3 (um terço) a 2/3 (dois notas ou bilhetes verdadeiros; suprimir, em nota,
terços) se o crime é praticado por agente que mantém cédula ou bilhete recolhidos, para o fim de restituí-los
ou tenha mantido relação íntima de afeto com a vítima à circulação, sinal indicativo de sua inutilização;
ou com o fim de vingança ou humilhação. restituir à circulação cédula, nota ou bilhete em tais
Exclusão de ilicitude condições, ou já recolhidos para o fim de inutilização:

§ 2º Não há crime quando o agente pratica as condutas Pena - reclusão, de dois a oito anos, e multa.
descritas no caput deste artigo em publicação de Parágrafo único - O máximo da reclusão é elevado
natureza jornalística, científica, cultural ou acadêmica a doze anos e multa, se o crime é cometido por
com a adoção de recurso que impossibilite a funcionário que trabalha na repartição onde o dinheiro
identificação da vítima, ressalvada sua prévia se achava recolhido, ou nela tem fácil ingresso, em
autorização, caso seja maior de 18 (dezoito) anos. razão do cargo.

Petrechos para falsificação de moeda

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Art. 291 - Fabricar, adquirir, fornecer, a título I – usa, guarda, possui ou detém qualquer dos
oneroso ou gratuito, possuir ou guardar maquinismo, papéis falsificados a que se refere este artigo;
aparelho, instrumento ou qualquer objeto
especialmente destinado à falsificação de moeda: II – importa, exporta, adquire, vende, troca, cede,
empresta, guarda, fornece ou restitui à circulação selo
Pena - reclusão, de dois a seis anos, e multa. falsificado destinado a controle tributário;

Emissão de título ao portador sem permissão III – importa, exporta, adquire, vende, expõe à
legal venda, mantém em depósito, guarda, troca, cede,
empresta, fornece, porta ou, de qualquer forma, utiliza
Art. 292 - Emitir, sem permissão legal, nota, em proveito próprio ou alheio, no exercício de
bilhete, ficha, vale ou título que contenha promessa de atividade comercial ou industrial, produto ou
pagamento em dinheiro ao portador ou a que falte mercadoria:
indicação do nome da pessoa a quem deva ser pago:
a) em que tenha sido aplicado selo que se destine
Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa. a controle tributário, falsificado;
Parágrafo único - Quem recebe ou utiliza como b) sem selo oficial, nos casos em que a legislação
dinheiro qualquer dos documentos referidos neste tributária determina a obrigatoriedade de sua
artigo incorre na pena de detenção, de quinze dias a aplicação.
três meses, ou multa.
§ 2º - Suprimir, em qualquer desses papéis,
quando legítimos, com o fim de torná-los novamente
utilizáveis, carimbo ou sinal indicativo de sua
inutilização:
CAPÍTULO II
DA FALSIDADE DE TÍTULOS E OUTROS PAPÉIS Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.
PÚBLICOS § 3º - Incorre na mesma pena quem usa, depois
Falsificação de papéis públicos de alterado, qualquer dos papéis a que se refere o
parágrafo anterior.
Art. 293 - Falsificar, fabricando-os ou alterando-os:
§ 4º - Quem usa ou restitui à circulação, embora
I – selo destinado a controle tributário, papel recebido de boa-fé, qualquer dos papéis falsificados
selado ou qualquer papel de emissão legal destinado ou alterados, a que se referem este artigo e o seu §
à arrecadação de tributo; 2º, depois de conhecer a falsidade ou alteração,
incorre na pena de detenção, de seis meses a dois
II - papel de crédito público que não seja moeda
anos, ou multa.
de curso legal;
§ 5o Equipara-se a atividade comercial, para os
III - vale postal;
fins do inciso III do § 1o, qualquer forma de comércio
IV - cautela de penhor, caderneta de depósito de irregular ou clandestino, inclusive o exercido em vias,
caixa econômica ou de outro estabelecimento praças ou outros logradouros públicos e em
mantido por entidade de direito público; residências.

V - talão, recibo, guia, alvará ou qualquer outro Petrechos de falsificação


documento relativo a arrecadação de rendas públicas
Art. 294 - Fabricar, adquirir, fornecer, possuir ou
ou a depósito ou caução por que o poder público seja
guardar objeto especialmente destinado à falsificação
responsável;
de qualquer dos papéis referidos no artigo anterior:
VI - bilhete, passe ou conhecimento de empresa
Pena - reclusão, de um a três anos, e multa.
de transporte administrada pela União, por Estado ou
por Município: Art. 295 - Se o agente é funcionário público, e
comete o crime prevalecendo-se do cargo, aumenta-
Pena - reclusão, de dois a oito anos, e multa.
se a pena de sexta parte.
§ 1o Incorre na mesma pena quem:
CAPÍTULO III
DA FALSIDADE DOCUMENTAL

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Falsificação do selo ou sinal público III – em documento contábil ou em qualquer outro
documento relacionado com as obrigações da
Art. 296 - Falsificar, fabricando-os ou alterando-os: empresa perante a previdência social, declaração
I - selo público destinado a autenticar atos oficiais falsa ou diversa da que deveria ter constado.
da União, de Estado ou de Município; § 4o Nas mesmas penas incorre quem omite, nos
II - selo ou sinal atribuído por lei a entidade de documentos mencionados no § 3o, nome do segurado
direito público, ou a autoridade, ou sinal público de e seus dados pessoais, a remuneração, a vigência do
tabelião: contrato de trabalho ou de prestação de serviços.

Pena - reclusão, de dois a seis anos, e multa. Falsificação de documento particular

§ 1º - Incorre nas mesmas penas: Art. 298 - Falsificar, no todo ou em parte, documento
particular ou alterar documento particular verdadeiro:
I - quem faz uso do selo ou sinal falsificado;
Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa.
II - quem utiliza indevidamente o selo ou sinal
verdadeiro em prejuízo de outrem ou em proveito Falsificação de cartão
próprio ou alheio. Parágrafo único. Para fins do disposto no caput,
III - quem altera, falsifica ou faz uso indevido de equipara-se a documento particular o cartão de
marcas, logotipos, siglas ou quaisquer outros crédito ou débito.
símbolos utilizados ou identificadores de órgãos ou Falsidade ideológica
entidades da Administração Pública.
Art. 299 - Omitir, em documento público ou
§ 2º - Se o agente é funcionário público, e comete particular, declaração que dele devia constar, ou nele
o crime prevalecendo-se do cargo, aumenta-se a inserir ou fazer inserir declaração falsa ou diversa da
pena de sexta parte. que devia ser escrita, com o fim de prejudicar direito,
Falsificação de documento público criar obrigação ou alterar a verdade sobre fato
juridicamente relevante:
Art. 297 - Falsificar, no todo ou em parte,
documento público, ou alterar documento público Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa, se o
verdadeiro: documento é público, e reclusão de um a três anos, e
multa, de quinhentos mil réis a cinco contos de réis,
Pena - reclusão, de dois a seis anos, e multa. se o documento é particular.
§ 1º - Se o agente é funcionário público, e comete Parágrafo único - Se o agente é funcionário
o crime prevalecendo-se do cargo, aumenta-se a público, e comete o crime prevalecendo-se do cargo,
pena de sexta parte. ou se a falsificação ou alteração é de assentamento
de registro civil, aumenta-se a pena de sexta parte.
§ 2º - Para os efeitos penais, equiparam-se a
documento público o emanado de entidade Falso reconhecimento de firma ou letra
paraestatal, o título ao portador ou transmissível por
endosso, as ações de sociedade comercial, os livros Art. 300 - Reconhecer, como verdadeira, no
mercantis e o testamento particular. exercício de função pública, firma ou letra que o não
seja:
§ 3o Nas mesmas penas incorre quem insere ou
faz inserir: Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa, se o
documento é público; e de um a três anos, e multa, se
I – na folha de pagamento ou em documento de o documento é particular.
informações que seja destinado a fazer prova perante
a previdência social, pessoa que não possua a Certidão ou atestado ideologicamente falso
qualidade de segurado obrigatório; Art. 301 - Atestar ou certificar falsamente, em razão
II – na Carteira de Trabalho e Previdência Social de função pública, fato ou circunstância que habilite
do empregado ou em documento que deva produzir alguém a obter cargo público, isenção de ônus ou de
efeito perante a previdência social, declaração falsa serviço de caráter público, ou qualquer outra
ou diversa da que deveria ter sido escrita; vantagem:

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Pena - detenção, de dois meses a um ano. CAPÍTULO IV
DE OUTRAS FALSIDADES
Falsidade material de atestado ou certidão
Falsificação do sinal empregado no contraste
§ 1º - Falsificar, no todo ou em parte, atestado ou de metal precioso ou na fiscalização alfandegária,
certidão, ou alterar o teor de certidão ou de atestado ou para outros fins
verdadeiro, para prova de fato ou circunstância que
habilite alguém a obter cargo público, isenção de ônus Art. 306 - Falsificar, fabricando-o ou alterando-o,
ou de serviço de caráter público, ou qualquer outra marca ou sinal empregado pelo poder público no
vantagem: contraste de metal precioso ou na fiscalização
alfandegária, ou usar marca ou sinal dessa natureza,
Pena - detenção, de três meses a dois anos. falsificado por outrem:
§ 2º - Se o crime é praticado com o fim de lucro, Pena - reclusão, de dois a seis anos, e multa.
aplica-se, além da pena privativa de liberdade, a de
multa. Parágrafo único - Se a marca ou sinal falsificado é
o que usa a autoridade pública para o fim de
Falsidade de atestado médico fiscalização sanitária, ou para autenticar ou encerrar
Art. 302 - Dar o médico, no exercício da sua determinados objetos, ou comprovar o cumprimento
profissão, atestado falso: de formalidade legal:

Pena - detenção, de um mês a um ano. Pena - reclusão ou detenção, de um a três anos, e


multa.
Parágrafo único - Se o crime é cometido com o fim
de lucro, aplica-se também multa. Falsa identidade

Reprodução ou adulteração de selo ou peça Art. 307 - Atribuir-se ou atribuir a terceiro falsa
filatélica identidade para obter vantagem, em proveito próprio
ou alheio, ou para causar dano a outrem:
Art. 303 - Reproduzir ou alterar selo ou peça
filatélica que tenha valor para coleção, salvo quando Pena - detenção, de três meses a um ano, ou
a reprodução ou a alteração está visivelmente multa, se o fato não constitui elemento de crime mais
anotada na face ou no verso do selo ou peça: grave.

Pena - detenção, de um a três anos, e multa. Art. 308 - Usar, como próprio, passaporte, título de
eleitor, caderneta de reservista ou qualquer
Parágrafo único - Na mesma pena incorre quem, documento de identidade alheia ou ceder a outrem,
para fins de comércio, faz uso do selo ou peça para que dele se utilize, documento dessa natureza,
filatélica. próprio ou de terceiro:
Uso de documento falso Pena - detenção, de quatro meses a dois anos, e
multa, se o fato não constitui elemento de crime mais
Art. 304 - Fazer uso de qualquer dos papéis
grave.
falsificados ou alterados, a que se referem os arts. 297
a 302: Fraude de lei sobre estrangeiro
Pena - a cominada à falsificação ou à alteração. Art. 309 - Usar o estrangeiro, para entrar ou
permanecer no território nacional, nome que não é o
Supressão de documento
seu:
Art. 305 - Destruir, suprimir ou ocultar, em benefício
Pena - detenção, de um a três anos, e multa.
próprio ou de outrem, ou em prejuízo alheio,
documento público ou particular verdadeiro, de que Parágrafo único - Atribuir a estrangeiro falsa
não podia dispor: qualidade para promover-lhe a entrada em território
nacional:
Pena - reclusão, de dois a seis anos, e multa, se o
documento é público, e reclusão, de um a cinco anos, Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.
e multa, se o documento é particular.
Art. 310 - Prestar-se a figurar como proprietário ou
possuidor de ação, título ou valor pertencente a

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estrangeiro, nos casos em que a este é vedada por lei CAPÍTULO I
a propriedade ou a posse de tais bens: DOS CRIMES PRATICADOS
POR FUNCIONÁRIO PÚBLICO
Pena - detenção, de seis meses a três anos, e CONTRA A ADMINISTRAÇÃO EM GERAL
multa.
Peculato
Adulteração de sinal identificador de veículo
automotor Art. 312 - Apropriar-se o funcionário público de
dinheiro, valor ou qualquer outro bem móvel, público
Art. 311 - Adulterar ou remarcar número de chassi ou particular, de que tem a posse em razão do cargo,
ou qualquer sinal identificador de veículo automotor, ou desviá-lo, em proveito próprio ou alheio:
de seu componente ou equipamento:
Pena - reclusão, de dois a doze anos, e multa.
Pena - reclusão, de três a seis anos, e multa.
§ 1º - Aplica-se a mesma pena, se o funcionário
§ 1º - Se o agente comete o crime no exercício da público, embora não tendo a posse do dinheiro, valor
função pública ou em razão dela, a pena é aumentada ou bem, o subtrai, ou concorre para que seja
de um terço. subtraído, em proveito próprio ou alheio, valendo-se
§ 2º - Incorre nas mesmas penas o funcionário de facilidade que lhe proporciona a qualidade de
público que contribui para o licenciamento ou registro funcionário.
do veículo remarcado ou adulterado, fornecendo Peculato culposo
indevidamente material ou informação oficial.
§ 2º - Se o funcionário concorre culposamente para
CAPÍTULO V o crime de outrem:
DAS FRAUDES EM CERTAMES DE INTERESSE
PÚBLICO Pena - detenção, de três meses a um ano.

§ 3º - No caso do parágrafo anterior, a reparação


Fraudes em certames de interesse público do dano, se precede à sentença irrecorrível, extingue
a punibilidade; se lhe é posterior, reduz de metade a
Art. 311-A. Utilizar ou divulgar, indevidamente, com o pena imposta.
fim de beneficiar a si ou a outrem, ou de comprometer
a credibilidade do certame, conteúdo sigiloso de: Peculato mediante erro de outrem

I - concurso público; Art. 313 - Apropriar-se de dinheiro ou qualquer


utilidade que, no exercício do cargo, recebeu por erro
II - avaliação ou exame públicos; de outrem:
III - processo seletivo para ingresso no ensino superior; Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.
ou
Inserção de dados falsos em sistema de
IV - exame ou processo seletivo previstos em lei: informações
Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa. Art. 313-A. Inserir ou facilitar, o funcionário
§ 1o Nas mesmas penas incorre quem permite ou autorizado, a inserção de dados falsos, alterar ou
facilita, por qualquer meio, o acesso de pessoas não excluir indevidamente dados corretos nos sistemas
autorizadas às informações mencionadas no caput. informatizados ou bancos de dados da Administração
Pública com o fim de obter vantagem indevida para si
§ 2o Se da ação ou omissão resulta dano à ou para outrem ou para causar dano:
administração pública:
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e multa. multa.
§ 3o Aumenta-se a pena de 1/3 (um terço) se o fato é Modificação ou alteração não autorizada de
cometido por funcionário público. sistema de informações
TÍTULO XI Art. 313-B. Modificar ou alterar, o funcionário,
DOS CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO sistema de informações ou programa de informática
PÚBLICA

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sem autorização ou solicitação de autoridade Pena – reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e
competente: multa.

Pena – detenção, de 3 (três) meses a 2 (dois) § 1º - A pena é aumentada de um terço, se, em


anos, e multa. conseqüência da vantagem ou promessa, o
funcionário retarda ou deixa de praticar qualquer ato
Parágrafo único. As penas são aumentadas de um de ofício ou o pratica infringindo dever funcional.
terço até a metade se da modificação ou alteração
resulta dano para a Administração Pública ou para o § 2º - Se o funcionário pratica, deixa de praticar ou
administrado. retarda ato de ofício, com infração de dever funcional,
cedendo a pedido ou influência de outrem:
Extravio, sonegação ou inutilização de livro ou
documento Pena - detenção, de três meses a um ano, ou
multa.
Art. 314 - Extraviar livro oficial ou qualquer
documento, de que tem a guarda em razão do cargo; Facilitação de contrabando ou descaminho
sonegá-lo ou inutilizá-lo, total ou parcialmente:
Art. 318 - Facilitar, com infração de dever funcional,
Pena - reclusão, de um a quatro anos, se o fato a prática de contrabando ou descaminho (art. 334):
não constitui crime mais grave.
Pena - reclusão, de 3 (três) a 8 (oito) anos, e
Emprego irregular de verbas ou rendas multa.
públicas
Prevaricação
Art. 315 - Dar às verbas ou rendas públicas
aplicação diversa da estabelecida em lei: Art. 319 - Retardar ou deixar de praticar,
indevidamente, ato de ofício, ou praticá-lo contra
Pena - detenção, de um a três meses, ou multa. disposição expressa de lei, para satisfazer interesse
ou sentimento pessoal:
Concussão
Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa.
Art. 316 - Exigir, para si ou para outrem, direta ou
indiretamente, ainda que fora da função ou antes de Art. 319-A. Deixar o Diretor de Penitenciária e/ou
assumi-la, mas em razão dela, vantagem indevida: agente público, de cumprir seu dever de vedar ao
preso o acesso a aparelho telefônico, de rádio ou
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e similar, que permita a comunicação com outros presos
multa. ou com o ambiente externo:
Excesso de exação Pena: detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano.
§ 1º - Se o funcionário exige tributo ou contribuição Condescendência criminosa
social que sabe ou deveria saber indevido, ou, quando
devido, emprega na cobrança meio vexatório ou Art. 320 - Deixar o funcionário, por indulgência, de
gravoso, que a lei não autoriza: responsabilizar subordinado que cometeu infração no
exercício do cargo ou, quando lhe falte competência,
Pena - reclusão, de 3 (três) a 8 (oito) anos, e não levar o fato ao conhecimento da autoridade
multa. competente:
§ 2º - Se o funcionário desvia, em proveito próprio Pena - detenção, de quinze dias a um mês, ou
ou de outrem, o que recebeu indevidamente para multa.
recolher aos cofres públicos:
Advocacia administrativa
Pena - reclusão, de dois a doze anos, e multa.
Art. 321 - Patrocinar, direta ou indiretamente,
Corrupção passiva interesse privado perante a administração pública,
Art. 317 - Solicitar ou receber, para si ou para valendo-se da qualidade de funcionário:
outrem, direta ou indiretamente, ainda que fora da Pena - detenção, de um a três meses, ou multa.
função ou antes de assumi-la, mas em razão dela,
vantagem indevida, ou aceitar promessa de tal Parágrafo único - Se o interesse é ilegítimo:
vantagem:

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Pena - detenção, de três meses a um ano, além § 2o Se da ação ou omissão resulta dano à
da multa. Administração Pública ou a outrem:

Violência arbitrária Pena – reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e


multa.
Art. 322 - Praticar violência, no exercício de função
ou a pretexto de exercê-la: Violação do sigilo de proposta de concorrência

Pena - detenção, de seis meses a três anos, além Art. 326 - Devassar o sigilo de proposta de
da pena correspondente à violência. concorrência pública, ou proporcionar a terceiro o
ensejo de devassá-lo:
Abandono de função
Pena - Detenção, de três meses a um ano, e multa.
Art. 323 - Abandonar cargo público, fora dos casos
permitidos em lei: Funcionário público

Pena - detenção, de quinze dias a um mês, ou Art. 327 - Considera-se funcionário público, para
multa. os efeitos penais, quem, embora transitoriamente ou
sem remuneração, exerce cargo, emprego ou função
§ 1º - Se do fato resulta prejuízo público: pública.
Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa. § 1º - Equipara-se a funcionário público quem
§ 2º - Se o fato ocorre em lugar compreendido na exerce cargo, emprego ou função em entidade
faixa de fronteira: paraestatal, e quem trabalha para empresa
prestadora de serviço contratada ou conveniada para
Pena - detenção, de um a três anos, e multa. a execução de atividade típica da Administração
Pública.
Exercício funcional ilegalmente antecipado ou
prolongado § 2º - A pena será aumentada da terça parte
quando os autores dos crimes previstos neste
Art. 324 - Entrar no exercício de função pública
Capítulo forem ocupantes de cargos em comissão
antes de satisfeitas as exigências legais, ou continuar
ou de função de direção ou assessoramento de órgão
a exercê-la, sem autorização, depois de saber
da administração direta, sociedade de economia
oficialmente que foi exonerado, removido, substituído
mista, empresa pública ou fundação instituída pelo
ou suspenso:
poder público.
Pena - detenção, de quinze dias a um mês, ou
CAPÍTULO II
multa.
DOS CRIMES PRATICADOS POR
Violação de sigilo funcional PARTICULAR CONTRA A ADMINISTRAÇÃO EM
GERAL
Art. 325 - Revelar fato de que tem ciência em razão
do cargo e que deva permanecer em segredo, ou Usurpação de função pública
facilitar-lhe a revelação:
Art. 328 - Usurpar o exercício de função pública:
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, ou
Pena - detenção, de três meses a dois anos, e
multa, se o fato não constitui crime mais grave.
multa.
§ 1o Nas mesmas penas deste artigo incorre
Parágrafo único - Se do fato o agente aufere
quem:
vantagem:
I – permite ou facilita, mediante atribuição,
Pena - reclusão, de dois a cinco anos, e multa.
fornecimento e empréstimo de senha ou qualquer
outra forma, o acesso de pessoas não autorizadas a Resistência
sistemas de informações ou banco de dados da
Administração Pública; Art. 329 - Opor-se à execução de ato legal,
mediante violência ou ameaça a funcionário
II – se utiliza, indevidamente, do acesso restrito. competente para executá-lo ou a quem lhe esteja
prestando auxílio:

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Pena - detenção, de dois meses a dois anos. § 1o Incorre na mesma pena quem:

§ 1º - Se o ato, em razão da resistência, não se I - pratica navegação de cabotagem, fora dos casos
executa: permitidos em lei;

Pena - reclusão, de um a três anos. II - pratica fato assimilado, em lei especial, a


descaminho;
§ 2º - As penas deste artigo são aplicáveis sem
prejuízo das correspondentes à violência. III - vende, expõe à venda, mantém em depósito ou, de
qualquer forma, utiliza em proveito próprio ou alheio,
Desobediência no exercício de atividade comercial ou industrial,
Art. 330 - Desobedecer a ordem legal de mercadoria de procedência estrangeira que introduziu
funcionário público: clandestinamente no País ou importou
fraudulentamente ou que sabe ser produto de
Pena - detenção, de quinze dias a seis meses, e introdução clandestina no território nacional ou de
multa. importação fraudulenta por parte de outrem;
Desacato IV - adquire, recebe ou oculta, em proveito próprio ou
alheio, no exercício de atividade comercial ou
Art. 331 - Desacatar funcionário público no
industrial, mercadoria de procedência estrangeira,
exercício da função ou em razão dela:
desacompanhada de documentação legal ou
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, ou acompanhada de documentos que sabe serem
multa. falsos.

Tráfico de Influência § 2o Equipara-se às atividades comerciais, para os


efeitos deste artigo, qualquer forma de comércio
Art. 332 - Solicitar, exigir, cobrar ou obter, para si irregular ou clandestino de mercadorias estrangeiras,
ou para outrem, vantagem ou promessa de vantagem, inclusive o exercido em residências.
a pretexto de influir em ato praticado por funcionário
público no exercício da função: § 3o A pena aplica-se em dobro se o crime de
descaminho é praticado em transporte aéreo,
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e marítimo ou fluvial.
multa.
Contrabando
Parágrafo único - A pena é aumentada da metade,
se o agente alega ou insinua que a vantagem é Art. 334-A. Importar ou exportar mercadoria proibida:
também destinada ao funcionário.
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 5 ( cinco) anos.
Corrupção ativa
§ 1o Incorre na mesma pena quem:
Art. 333 - Oferecer ou prometer vantagem indevida
I - pratica fato assimilado, em lei especial, a
a funcionário público, para determiná-lo a praticar,
contrabando;
omitir ou retardar ato de ofício:
II - importa ou exporta clandestinamente mercadoria
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e
que dependa de registro, análise ou autorização de
multa.
órgão público competente;
Parágrafo único - A pena é aumentada de um
III - reinsere no território nacional mercadoria brasileira
terço, se, em razão da vantagem ou promessa, o
destinada à exportação;
funcionário retarda ou omite ato de ofício, ou o pratica
infringindo dever funcional. IV - vende, expõe à venda, mantém em depósito ou, de
qualquer forma, utiliza em proveito próprio ou alheio,
Descaminho
no exercício de atividade comercial ou industrial,
Art. 334. Iludir, no todo ou em parte, o pagamento de mercadoria proibida pela lei brasileira;
direito ou imposto devido pela entrada, pela saída ou
V - adquire, recebe ou oculta, em proveito próprio ou
pelo consumo de mercadoria
alheio, no exercício de atividade comercial ou
Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos. industrial, mercadoria proibida pela lei brasileira.

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§ 2º - Equipara-se às atividades comerciais, para os trabalhador avulso ou trabalhador autônomo ou a este
efeitos deste artigo, qualquer forma de comércio equiparado que lhe prestem serviços;
irregular ou clandestino de mercadorias estrangeiras,
inclusive o exercido em residências. II – deixar de lançar mensalmente nos títulos
próprios da contabilidade da empresa as quantias
descontadas dos segurados ou as devidas pelo
empregador ou pelo tomador de serviços;
§ 3o A pena aplica-se em dobro se o crime de
contrabando é praticado em transporte aéreo, III – omitir, total ou parcialmente, receitas ou lucros
marítimo ou fluvial. auferidos, remunerações pagas ou creditadas e
demais fatos geradores de contribuições sociais
Impedimento, perturbação ou fraude de previdenciárias:
concorrência
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e
Art. 335 - Impedir, perturbar ou fraudar multa.
concorrência pública ou venda em hasta pública,
promovida pela administração federal, estadual ou § 1o É extinta a punibilidade se o agente,
municipal, ou por entidade paraestatal; afastar ou espontaneamente, declara e confessa as
procurar afastar concorrente ou licitante, por meio de contribuições, importâncias ou valores e presta as
violência, grave ameaça, fraude ou oferecimento de informações devidas à previdência social, na forma
vantagem: definida em lei ou regulamento, antes do início da
ação fiscal.
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, ou
multa, além da pena correspondente à violência. § 2o É facultado ao juiz deixar de aplicar a pena ou
aplicar somente a de multa se o agente for primário e
Parágrafo único - Incorre na mesma pena quem se de bons antecedentes, desde que:
abstém de concorrer ou licitar, em razão da vantagem
oferecida. I – (VETADO)

Inutilização de edital ou de sinal II – o valor das contribuições devidas, inclusive


acessórios, seja igual ou inferior àquele estabelecido
Art. 336 - Rasgar ou, de qualquer forma, inutilizar pela previdência social, administrativamente, como
ou conspurcar edital afixado por ordem de funcionário sendo o mínimo para o ajuizamento de suas
público; violar ou inutilizar selo ou sinal empregado, execuções fiscais.
por determinação legal ou por ordem de funcionário
público, para identificar ou cerrar qualquer objeto: § 3o Se o empregador não é pessoa jurídica e sua
folha de pagamento mensal não ultrapassa R$
Pena - detenção, de um mês a um ano, ou multa. 1.510,00 (um mil, quinhentos e dez reais), o juiz
Subtração ou inutilização de livro ou poderá reduzir a pena de um terço até a metade ou
documento aplicar apenas a de multa.

Art. 337 - Subtrair, ou inutilizar, total ou § 4o O valor a que se refere o parágrafo anterior
parcialmente, livro oficial, processo ou documento será reajustado nas mesmas datas e nos mesmos
confiado à custódia de funcionário, em razão de ofício, índices do reajuste dos benefícios da previdência
ou de particular em serviço público: social.

Pena - reclusão, de dois a cinco anos, se o fato


não constitui crime mais grave.

Sonegação de contribuição previdenciária

Art. 337-A. Suprimir ou reduzir contribuição social


previdenciária e qualquer acessório, mediante as
seguintes condutas:

I – omitir de folha de pagamento da empresa ou de


documento de informações previsto pela legislação
previdenciária segurados empregado, empresário,

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I – se possivel e conveniente, dirigir-se ao local,
DIREITO PROCESSUAL PENAL providenciando para que se não alterem o estado e
conservação das coisas, enquanto necessário;
TÍTULO II I - dirigir-se ao local, providenciando para que não se
DO INQUÉRITO POLICIAL alterem o estado e conservação das coisas, até a
chegada dos peritos criminais;
Art. 4º A polícia judiciária será exercida pelas
autoridades policiais no território de suas respectivas II – apreender os instrumentos e todos os objetos que
circunscrições e terá por fim a apuração das infrações tiverem relação com o fato;
penais e da sua autoria. II - apreender os objetos que tiverem relação com o fato,
Parágrafo único. A competência definida neste artigo após liberados pelos peritos criminais;
não excluirá a de autoridades administrativas, a quem III - colher todas as provas que servirem para o
por lei seja cometida a mesma função. esclarecimento do fato e suas circunstâncias;
Art. 5o Nos crimes de ação pública o inquérito policial IV - ouvir o ofendido;
será iniciado:
V - ouvir o indiciado, com observância, no que for
I - de ofício;
aplicável, do disposto no Capítulo III do Título Vll,
II - mediante requisição da autoridade judiciária ou do deste Livro, devendo o respectivo termo ser assinado
Ministério Público, ou a requerimento do ofendido ou por duas testemunhas que Ihe tenham ouvido a
de quem tiver qualidade para representá-lo. leitura;

§ 1o O requerimento a que se refere o no II conterá VI - proceder a reconhecimento de pessoas e coisas e


sempre que possível: a acareações;

a) a narração do fato, com todas as circunstâncias; VII - determinar, se for caso, que se proceda a exame
de corpo de delito e a quaisquer outras perícias;
b) a individualização do indiciado ou seus sinais
característicos e as razões de convicção ou de VIII - ordenar a identificação do indiciado pelo processo
presunção de ser ele o autor da infração, ou os datiloscópico, se possível, e fazer juntar aos autos sua
motivos de impossibilidade de o fazer; folha de antecedentes;

c) a nomeação das testemunhas, com indicação de sua IX - averiguar a vida pregressa do indiciado, sob o ponto
profissão e residência. de vista individual, familiar e social, sua condição
econômica, sua atitude e estado de ânimo antes e
§ 2o Do despacho que indeferir o requerimento de depois do crime e durante ele, e quaisquer outros
abertura de inquérito caberá recurso para o chefe de elementos que contribuírem para a apreciação do seu
Polícia. temperamento e caráter.
§ 3o Qualquer pessoa do povo que tiver conhecimento X - colher informações sobre a existência de filhos,
da existência de infração penal em que caiba ação respectivas idades e se possuem alguma deficiência
pública poderá, verbalmente ou por escrito, comunicá- e o nome e o contato de eventual responsável pelos
la à autoridade policial, e esta, verificada a cuidados dos filhos, indicado pela pessoa presa.
procedência das informações, mandará instaurar
inquérito. Art. 7o Para verificar a possibilidade de haver a
infração sido praticada de determinado modo, a
§ 4o O inquérito, nos crimes em que a ação pública autoridade policial poderá proceder à reprodução
depender de representação, não poderá sem ela ser simulada dos fatos, desde que esta não contrarie a
iniciado. moralidade ou a ordem pública.
§ 5o Nos crimes de ação privada, a autoridade policial Art. 8o Havendo prisão em flagrante, será observado
somente poderá proceder a inquérito a requerimento o disposto no Capítulo II do Título IX deste Livro.
de quem tenha qualidade para intentá-la.
Art. 9o Todas as peças do inquérito policial serão, num
Art. 6o Logo que tiver conhecimento da prática da só processado, reduzidas a escrito ou datilografadas
infração penal, a autoridade policial deverá: e, neste caso, rubricadas pela autoridade.

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Art. 10. O inquérito deverá terminar no prazo de 10 Art. 13-B. Se necessário à prevenção e à repressão
dias, se o indiciado tiver sido preso em flagrante, ou dos crimes relacionados ao tráfico de pessoas, o
estiver preso preventivamente, contado o prazo, nesta membro do Ministério Público ou o delegado de
hipótese, a partir do dia em que se executar a ordem polícia poderão requisitar, mediante autorização
de prisão, ou no prazo de 30 dias, quando estiver judicial, às empresas prestadoras de serviço de
solto, mediante fiança ou sem ela. telecomunicações e/ou telemática que disponibilizem
imediatamente os meios técnicos adequados – como
§ 1o A autoridade fará minucioso relatório do que tiver sinais, informações e outros – que permitam a
sido apurado e enviará autos ao juiz competente. localização da vítima ou dos suspeitos do delito em
§ 2o No relatório poderá a autoridade indicar curso.
testemunhas que não tiverem sido inquiridas, § 1o Para os efeitos deste artigo, sinal significa
mencionando o lugar onde possam ser encontradas. posicionamento da estação de cobertura, setorização
§ 3o Quando o fato for de difícil elucidação, e o e intensidade de radiofrequência.
indiciado estiver solto, a autoridade poderá requerer § 2o Na hipótese de que trata o caput, o sinal:
ao juiz a devolução dos autos, para ulteriores
diligências, que serão realizadas no prazo marcado I - não permitirá acesso ao conteúdo da comunicação
pelo juiz. de qualquer natureza, que dependerá de autorização
judicial, conforme disposto em lei;
Art. 11. Os instrumentos do crime, bem como os
objetos que interessarem à prova, acompanharão os II - deverá ser fornecido pela prestadora de telefonia
autos do inquérito. móvel celular por período não superior a 30 (trinta)
dias, renovável por uma única vez, por igual período;
Art. 12. O inquérito policial acompanhará a denúncia
ou queixa, sempre que servir de base a uma ou outra. III - para períodos superiores àquele de que trata o
inciso II, será necessária a apresentação de ordem
Art. 13. Incumbirá ainda à autoridade policial: judicial.
I - fornecer às autoridades judiciárias as informações § 3o Na hipótese prevista neste artigo, o inquérito
necessárias à instrução e julgamento dos processos; policial deverá ser instaurado no prazo máximo de 72
II - realizar as diligências requisitadas pelo juiz ou pelo (setenta e duas) horas, contado do registro da
Ministério Público; respectiva ocorrência policial.

III - cumprir os mandados de prisão expedidos pelas § 4o Não havendo manifestação judicial no prazo de
autoridades judiciárias; 12 (doze) horas, a autoridade competente requisitará
às empresas prestadoras de serviço de
IV - representar acerca da prisão preventiva. telecomunicações e/ou telemática que disponibilizem
imediatamente os meios técnicos adequados – como
Art. 13-A. Nos crimes previstos nos arts. 148, 149 e
sinais, informações e outros – que permitam a
149-A, no § 3º do art. 158 e no art. 159 do Decreto-Lei
localização da vítima ou dos suspeitos do delito em
no 2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código Penal),
curso, com imediata comunicação ao juiz.
e no art. 239 da Lei no 8.069, de 13 de julho de 1990
(Estatuto da Criança e do Adolescente), o membro do Art. 14. O ofendido, ou seu representante legal, e o
Ministério Público ou o delegado de polícia poderá indiciado poderão requerer qualquer diligência, que
requisitar, de quaisquer órgãos do poder público ou de será realizada, ou não, a juízo da autoridade.
empresas da iniciativa privada, dados e informações
cadastrais da vítima ou de suspeitos. Art. 14-A. Nos casos em que servidores vinculados às
instituições dispostas no art. 144 da Constituição
Parágrafo único. A requisição, que será atendida no Federal figurarem como investigados em inquéritos
prazo de 24 (vinte e quatro) horas, conterá: policiais, inquéritos policiais militares e demais
procedimentos extrajudiciais, cujo objeto for a
I - o nome da autoridade requisitante;
investigação de fatos relacionados ao uso da força
II - o número do inquérito policial; e letal praticados no exercício profissional, de forma
consumada ou tentada, incluindo as situações
III - a identificação da unidade de polícia judiciária dispostas no art. 23 do Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de
responsável pela investigação.

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dezembro de 1940 (Código Penal), o indiciado poderá Art. 16. O Ministério Público não poderá requerer a
constituir defensor. devolução do inquérito à autoridade policial, senão
para novas diligências, imprescindíveis ao
§ 1º Para os casos previstos no caput deste artigo, o oferecimento da denúncia.
investigado deverá ser citado da instauração do
procedimento investigatório, podendo constituir Art. 17. A autoridade policial não poderá mandar
defensor no prazo de até 48 (quarenta e oito) horas a arquivar autos de inquérito.
contar do recebimento da citação.
Art. 18. Depois de ordenado o arquivamento do
§ 2º Esgotado o prazo disposto no § 1º deste artigo inquérito pela autoridade judiciária, por falta de base
com ausência de nomeação de defensor pelo para a denúncia, a autoridade policial poderá
investigado, a autoridade responsável pela proceder a novas pesquisas, se de outras provas tiver
investigação deverá intimar a instituição a que estava notícia.
vinculado o investigado à época da ocorrência dos
fatos, para que essa, no prazo de 48 (quarenta e oito) Art. 19. Nos crimes em que não couber ação pública,
horas, indique defensor para a representação do os autos do inquérito serão remetidos ao juízo
investigado. competente, onde aguardarão a iniciativa do ofendido
ou de seu representante legal, ou serão entregues ao
§ 3º (VETADO). requerente, se o pedir, mediante traslado.

§ 4º (VETADO). Art. 20. A autoridade assegurará no inquérito o sigilo


necessário à elucidação do fato ou exigido pelo
§ 5º (VETADO). interesse da sociedade.
§ 3º Havendo necessidade de indicação de defensor Parágrafo único. Nos atestados de antecedentes que
nos termos do § 2º deste artigo, a defesa caberá Ihe forem solicitados, a autoridade policial não poderá
preferencialmente à Defensoria Pública, e, nos locais mencionar quaisquer anotações referentes a
em que ela não estiver instalada, a União ou a instauração de inquérito contra os requerentes, salvo
Unidade da Federação correspondente à respectiva no caso de existir condenação anterior.
competência territorial do procedimento instaurado
deverá disponibilizar profissional para Parágrafo único. Nos atestados de antecedentes que
acompanhamento e realização de todos os atos lhe forem solicitados, a autoridade policial não poderá
relacionados à defesa administrativa do investigado. mencionar quaisquer anotações referentes a
instauração de inquérito contra os requerentes.
§ 4º A indicação do profissional a que se refere o § 3º
deste artigo deverá ser precedida de manifestação de Art. 21. A incomunicabilidade do indiciado dependerá
que não existe defensor público lotado na área sempre de despacho nos autos e somente será
territorial onde tramita o inquérito e com atribuição permitida quando o interesse da sociedade ou a
para nele atuar, hipótese em que poderá ser indicado conveniência da investigação o exigir.
profissional que não integre os quadros próprios da
Administração. Parágrafo único. A incomunicabilidade não excederá de
três dias.
§ 5º Na hipótese de não atuação da Defensoria Pública,
os custos com o patrocínio dos interesses dos Parágrafo único. A incomunicabilidade, que não
investigados nos procedimentos de que trata este excederá de três dias, será decretada por despacho
artigo correrão por conta do orçamento próprio da fundamentado do Juiz, a requerimento da autoridade
instituição a que este esteja vinculado à época da policial, ou do órgão do Ministério Público, respeitado,
ocorrência dos fatos investigados. em qualquer hipótese, o disposto no artigo 89, inciso
III, do Estatuto da Ordem dos Advogados do Brasil
§ 6º As disposições constantes deste artigo se aplicam (Lei n. 4.215, de 27 de abril de 1963)
aos servidores militares vinculados às instituições
dispostas no art. 142 da Constituição Federal, desde Art. 22. No Distrito Federal e nas comarcas em que
que os fatos investigados digam respeito a missões houver mais de uma circunscrição policial, a
para a Garantia da Lei e da Ordem. autoridade com exercício em uma delas poderá, nos
inquéritos a que esteja procedendo, ordenar
Art. 15. Se o indiciado for menor, ser-lhe-á nomeado diligências em circunscrição de outra,
curador pela autoridade policial. independentemente de precatórias ou requisições, e
bem assim providenciará, até que compareça a

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autoridade competente, sobre qualquer fato que causalidade entre umas e outras, ou quando as
ocorra em sua presença, noutra circunscrição. derivadas puderem ser obtidas por uma fonte
independente das primeiras.
Art. 23. Ao fazer a remessa dos autos do inquérito ao
juiz competente, a autoridade policial oficiará ao § 2o Considera-se fonte independente aquela que por
Instituto de Identificação e Estatística, ou repartição si só, seguindo os trâmites típicos e de praxe, próprios
congênere, mencionando o juízo a que tiverem sido da investigação ou instrução criminal, seria capaz de
distribuídos, e os dados relativos à infração penal e à conduzir ao fato objeto da prova.
pessoa do indiciado.
§ 3o Preclusa a decisão de desentranhamento da
TÍTULO VII prova declarada inadmissível, esta será inutilizada por
decisão judicial, facultado às partes acompanhar o
DA PROVA incidente.
CAPÍTULO I § 4o (VETADO)
DISPOSIÇÕES GERAIS § 5º O juiz que conhecer do conteúdo da prova
Art. 155. No juízo penal, somente quanto ao estado das declarada inadmissível não poderá proferir a sentença
pessoas, serão observadas as restrições à prova ou acórdão.
estabelecidas na lei civil. CAPÍTULO II
Art. 155. O juiz formará sua convicção pela livre DO EXAME DO CORPO DE DELITO, E DAS
apreciação da prova produzida em contraditório PERÍCIAS EM GERAL
judicial, não podendo fundamentar sua decisão
exclusivamente nos elementos informativos colhidos Art. 158. Quando a infração deixar vestígios, será
na investigação, ressalvadas as provas cautelares, indispensável o exame de corpo de delito, direto ou
não repetíveis e antecipadas. indireto, não podendo supri-lo a confissão do
acusado.
Parágrafo único. Somente quanto ao estado das
pessoas serão observadas as restrições Parágrafo único. Dar-se-á prioridade à realização do
estabelecidas na lei civil. exame de corpo de delito quando se tratar de crime
que envolva:
Art. 156. A prova da alegação incumbirá a quem a fizer;
mas o juiz poderá, no curso da instrução ou antes de I - violência doméstica e familiar contra mulher;
proferir sentença, determinar, de ofício, diligências
para dirimir dúvida sobre ponto relevante. II - violência contra criança, adolescente, idoso ou
pessoa com deficiência.
Art. 156. A prova da alegação incumbirá a quem a
fizer, sendo, porém, facultado ao juiz de ofício: Art. 158-A. Considera-se cadeia de custódia o
conjunto de todos os procedimentos utilizados para
I – ordenar, mesmo antes de iniciada a ação penal, a manter e documentar a história cronológica do
produção antecipada de provas consideradas vestígio coletado em locais ou em vítimas de crimes,
urgentes e relevantes, observando a necessidade, para rastrear sua posse e manuseio a partir de seu
adequação e proporcionalidade da medida; reconhecimento até o descarte.

II – determinar, no curso da instrução, ou antes de § 1º O início da cadeia de custódia dá-se com a


proferir sentença, a realização de diligências para preservação do local de crime ou com procedimentos
dirimir dúvida sobre ponto relevante. policiais ou periciais nos quais seja detectada a
existência de vestígio.
Art. 157. O juiz formará sua convicção pela livre
apreciação da prova. § 2º O agente público que reconhecer um elemento
como de potencial interesse para a produção da prova
Art. 157. São inadmissíveis, devendo ser pericial fica responsável por sua preservação.
desentranhadas do processo, as provas ilícitas, assim
entendidas as obtidas em violação a normas § 3º Vestígio é todo objeto ou material bruto, visível ou
constitucionais ou legais. latente, constatado ou recolhido, que se relaciona à
infração penal.
§ 1o São também inadmissíveis as provas derivadas
das ilícitas, salvo quando não evidenciado o nexo de

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Art. 158-B. A cadeia de custódia compreende o X - descarte: procedimento referente à liberação do
rastreamento do vestígio nas seguintes etapas: vestígio, respeitando a legislação vigente e, quando
pertinente, mediante autorização judicial.
I - reconhecimento: ato de distinguir um elemento como
de potencial interesse para a produção da prova Art. 158-C. A coleta dos vestígios deverá ser realizada
pericial; preferencialmente por perito oficial, que dará o
encaminhamento necessário para a central de
II - isolamento: ato de evitar que se altere o estado das custódia, mesmo quando for necessária a realização
coisas, devendo isolar e preservar o ambiente de exames complementares.
imediato, mediato e relacionado aos vestígios e local
de crime; § 1º Todos vestígios coletados no decurso do inquérito
ou processo devem ser tratados como descrito nesta
III - fixação: descrição detalhada do vestígio conforme Lei, ficando órgão central de perícia oficial de natureza
se encontra no local de crime ou no corpo de delito, e criminal responsável por detalhar a forma do seu
a sua posição na área de exames, podendo ser cumprimento.
ilustrada por fotografias, filmagens ou croqui, sendo
indispensável a sua descrição no laudo pericial § 2º É proibida a entrada em locais isolados bem como
produzido pelo perito responsável pelo atendimento; a remoção de quaisquer vestígios de locais de crime
antes da liberação por parte do perito responsável,
IV - coleta: ato de recolher o vestígio que será sendo tipificada como fraude processual a sua
submetido à análise pericial, respeitando suas realização.
características e natureza;
Art. 158-D. O recipiente para acondicionamento do
V - acondicionamento: procedimento por meio do qual vestígio será determinado pela natureza do material.
cada vestígio coletado é embalado de forma
individualizada, de acordo com suas características § 1º Todos os recipientes deverão ser selados com
físicas, químicas e biológicas, para posterior análise, lacres, com numeração individualizada, de forma a
com anotação da data, hora e nome de quem realizou garantir a inviolabilidade e a idoneidade do vestígio
a coleta e o acondicionamento; durante o transporte.

VI - transporte: ato de transferir o vestígio de um local § 2º O recipiente deverá individualizar o vestígio,


para o outro, utilizando as condições adequadas preservar suas características, impedir contaminação
(embalagens, veículos, temperatura, entre outras), de e vazamento, ter grau de resistência adequado e
modo a garantir a manutenção de suas características espaço para registro de informações sobre seu
originais, bem como o controle de sua posse; conteúdo.

VII - recebimento: ato formal de transferência da posse § 3º O recipiente só poderá ser aberto pelo perito que
do vestígio, que deve ser documentado com, no vai proceder à análise e, motivadamente, por pessoa
mínimo, informações referentes ao número de autorizada.
procedimento e unidade de polícia judiciária
relacionada, local de origem, nome de quem § 4º Após cada rompimento de lacre, deve se fazer
transportou o vestígio, código de rastreamento, constar na ficha de acompanhamento de vestígio o
natureza do exame, tipo do vestígio, protocolo, nome e a matrícula do responsável, a data, o local, a
assinatura e identificação de quem o recebeu; finalidade, bem como as informações referentes ao
novo lacre utilizado.
VIII - processamento: exame pericial em si,
manipulação do vestígio de acordo com a § 5º O lacre rompido deverá ser acondicionado no
metodologia adequada às suas características interior do novo recipiente.
biológicas, físicas e químicas, a fim de se obter o Art. 158-E. Todos os Institutos de Criminalística
resultado desejado, que deverá ser formalizado em deverão ter uma central de custódia destinada à
laudo produzido por perito; guarda e controle dos vestígios, e sua gestão deve ser
IX - armazenamento: procedimento referente à guarda, vinculada diretamente ao órgão central de perícia
em condições adequadas, do material a ser oficial de natureza criminal.
processado, guardado para realização de § 1º Toda central de custódia deve possuir os serviços
contraperícia, descartado ou transportado, com de protocolo, com local para conferência, recepção,
vinculação ao número do laudo correspondente; devolução de materiais e documentos, possibilitando

60
a seleção, a classificação e a distribuição de § 2o Os peritos não oficiais prestarão o compromisso
materiais, devendo ser um espaço seguro e de bem e fielmente desempenhar o encargo.
apresentar condições ambientais que não interfiram
nas características do vestígio. § 3o Serão facultadas ao Ministério Público, ao
assistente de acusação, ao ofendido, ao querelante e
§ 2º Na central de custódia, a entrada e a saída de ao acusado a formulação de quesitos e indicação de
vestígio deverão ser protocoladas, consignando-se assistente técnico.
informações sobre a ocorrência no inquérito que a
eles se relacionam. § 4o O assistente técnico atuará a partir de sua
admissão pelo juiz e após a conclusão dos exames e
§ 3º Todas as pessoas que tiverem acesso ao vestígio elaboração do laudo pelos peritos oficiais, sendo as
armazenado deverão ser identificadas e deverão ser partes intimadas desta decisão.
registradas a data e a hora do acesso.
§ 5o Durante o curso do processo judicial, é permitido
§ 4º Por ocasião da tramitação do vestígio armazenado, às partes, quanto à perícia:
todas as ações deverão ser registradas, consignando-
se a identificação do responsável pela tramitação, a I – requerer a oitiva dos peritos para esclarecerem a
destinação, a data e horário da ação. prova ou para responderem a quesitos, desde que o
mandado de intimação e os quesitos ou questões a
Art. 158-F. Após a realização da perícia, o material serem esclarecidas sejam encaminhados com
deverá ser devolvido à central de custódia, devendo antecedência mínima de 10 (dez) dias, podendo
nela permanecer. apresentar as respostas em laudo complementar;

Parágrafo único. Caso a central de custódia não possua II – indicar assistentes técnicos que poderão apresentar
espaço ou condições de armazenar determinado pareceres em prazo a ser fixado pelo juiz ou ser
material, deverá a autoridade policial ou judiciária inquiridos em audiência.
determinar as condições de depósito do referido
material em local diverso, mediante requerimento do § 6o Havendo requerimento das partes, o material
diretor do órgão central de perícia oficial de natureza probatório que serviu de base à perícia será
criminal. disponibilizado no ambiente do órgão oficial, que
manterá sempre sua guarda, e na presença de perito
Art. 159. Os exames de corpo de delito e as outras oficial, para exame pelos assistentes, salvo se for
perícias serão em regra feitos por peritos oficiais. impossível a sua conservação.

Art. 159. Os exames de corpo de delito e as outras § 7o Tratando-se de perícia complexa que abranja mais
perícias serão feitos por dois peritos oficiais. de uma área de conhecimento especializado, poder-
se-á designar a atuação de mais de um perito oficial,
§ 1º Não havendo peritos oficiais, o exame será feito e a parte indicar mais de um assistente técnico.
por duas pessoas idôneas, escolhidas de preferência
as que tiverem habilitação técnica. Art. 160. Os peritos descreverão minuciosamente o que
examinarem e responderão aos quesitos formulados.
§ 1o Não havendo peritos oficiais, o exame será
realizado por duas pessoas idôneas, portadoras de Parágrafo único. Se os peritos não puderem formar logo
diploma de curso superior, escolhidas, de preferência, juizo seguro ou fazer relatório completo de exame,
entre as que tiverem habilitação técnica relacionada à ser-lhes-á concedido prazo até cinco dias. Em casos
natureza do exame. especiais, esse prazo poderá ser prorrogado,
razoavelmente, a requerimento dos peritos.
§ 2o Os peritos não oficiais prestarão o compromisso
de bem e fielmente desempenhar o encargo. Art. 160. Os peritos elaborarão o laudo pericial, onde
descreverão minuciosamente o que examinarem, e
Art. 159. O exame de corpo de delito e outras perícias responderão aos quesitos formulados.
serão realizados por perito oficial, portador de diploma
de curso superior. Parágrafo único. O laudo pericial será elaborado no
prazo máximo de 10 dias, podendo este prazo ser
§ 1o Na falta de perito oficial, o exame será realizado prorrogado, em casos excepcionais, a requerimento
por 2 (duas) pessoas idôneas, portadoras de diploma dos peritos.
de curso superior preferencialmente na área
específica, dentre as que tiverem habilitação técnica Art. 161. O exame de corpo de delito poderá ser feito
relacionada com a natureza do exame. em qualquer dia e a qualquer hora.

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Art. 162. A autópsia será feita pelo menos seis horas Ministério Público, do ofendido ou do acusado, ou de
depois do óbito, salvo se os peritos, pela evidência seu defensor.
dos sinais de morte, julgarem que possa ser feita
antes daquele prazo, o que declararão no auto. § 1o No exame complementar, os peritos terão
presente o auto de corpo de delito, a fim de suprir-lhe
Parágrafo único. Nos casos de morte violenta, bastará a deficiência ou retificá-lo.
o simples exame externo do cadáver, quando não
houver infração penal que apurar, ou quando as § 2o Se o exame tiver por fim precisar a classificação
lesões externas permitirem precisar a causa da morte do delito no art. 129, § 1o, I, do Código Penal, deverá
e não houver necessidade de exame interno para a ser feito logo que decorra o prazo de 30 dias, contado
verificação de alguma circunstância relevante. da data do crime.

Art. 163. Em caso de exumação para exame § 3o A falta de exame complementar poderá ser suprida
cadavérico, a autoridade providenciará para que, em pela prova testemunhal.
dia e hora previamente marcados, se realize a Art. 169. Para o efeito de exame do local onde houver
diligência, da qual se lavrará auto circunstanciado. sido praticada a infração, a autoridade providenciará
Parágrafo único. O administrador de cemitério público imediatamente para que não se altere o estado das
ou particular indicará o lugar da sepultura, sob pena coisas até a chegada dos peritos, que poderão instruir
de desobediência. No caso de recusa ou de falta de seus laudos com fotografias, desenhos ou esquemas
quem indique a sepultura, ou de encontrar-se o elucidativos.
cadáver em lugar não destinado a inumações, a Parágrafo único. Os peritos registrarão, no laudo, as
autoridade procederá às pesquisas necessárias, o alterações do estado das coisas e discutirão, no
que tudo constará do auto. relatório, as conseqüências dessas alterações na
Art. 164. Os cadáveres serão, sempre que possivel, dinâmica dos fatos.
fotografados na posição em que forem encontrados. Art. 170. Nas perícias de laboratório, os peritos
Art. 164. Os cadáveres serão sempre fotografados na guardarão material suficiente para a eventualidade de
posição em que forem encontrados, bem como, na nova perícia. Sempre que conveniente, os laudos
medida do possível, todas as lesões externas e serão ilustrados com provas fotográficas, ou
vestígios deixados no local do crime. microfotográficas, desenhos ou esquemas.

Art. 165. Para representar as lesões encontradas no Art. 171. Nos crimes cometidos com destruição ou
cadáver, os peritos, quando possível, juntarão ao rompimento de obstáculo a subtração da coisa, ou por
laudo do exame provas fotográficas, esquemas ou meio de escalada, os peritos, além de descrever os
desenhos, devidamente rubricados. vestígios, indicarão com que instrumentos, por que
meios e em que época presumem ter sido o fato
Art. 166. Havendo dúvida sobre a identidade do praticado.
cadáver exumado, proceder-se-á ao reconhecimento
pelo Instituto de Identificação e Estatística ou Art. 172. Proceder-se-á, quando necessário, à
repartição congênere ou pela inquirição de avaliação de coisas destruídas, deterioradas ou que
testemunhas, lavrando-se auto de reconhecimento e constituam produto do crime.
de identidade, no qual se descreverá o cadáver, com Parágrafo único. Se impossível a avaliação direta, os
todos os sinais e indicações. peritos procederão à avaliação por meio dos
Parágrafo único. Em qualquer caso, serão arrecadados elementos existentes nos autos e dos que resultarem
e autenticados todos os objetos encontrados, que de diligências.
possam ser úteis para a identificação do cadáver. Art. 173. No caso de incêndio, os peritos verificarão a
Art. 167. Não sendo possível o exame de corpo de causa e o lugar em que houver começado, o perigo
delito, por haverem desaparecido os vestígios, a que dele tiver resultado para a vida ou para o
prova testemunhal poderá suprir-lhe a falta. patrimônio alheio, a extensão do dano e o seu valor e
as demais circunstâncias que interessarem à
Art. 168. Em caso de lesões corporais, se o primeiro elucidação do fato.
exame pericial tiver sido incompleto, proceder-se-á a
exame complementar por determinação da autoridade
policial ou judiciária, de ofício, ou a requerimento do

62
Art. 174. No exame para o reconhecimento de um terceiro; se este divergir de ambos, a autoridade
escritos, por comparação de letra, observar-se-á o poderá mandar proceder a novo exame por outros
seguinte: peritos.

I - a pessoa a quem se atribua ou se possa atribuir o Art. 181. No caso de inobservância de formalidade ou
escrito será intimada para o ato, se for encontrada; no caso de omissões, obscuridades ou contradições,
a autoridade policial ou judiciária mandará suprir a
II - para a comparação, poderão servir quaisquer formalidade ou completar ou esclarecer o laudo.
documentos que a dita pessoa reconhecer ou já
tiverem sido judicialmente reconhecidos como de seu Art. 181. No caso de inobservância de formalidades,
punho, ou sobre cuja autenticidade não houver ou no caso de omissões, obscuridades ou
dúvida; contradições, a autoridade judiciária mandará suprir a
formalidade, complementar ou esclarecer o laudo.
III - a autoridade, quando necessário, requisitará, para
o exame, os documentos que existirem em arquivos Parágrafo único. A autoridade poderá também ordenar
ou estabelecimentos públicos, ou nestes realizará a que se proceda a novo exame, por outros peritos, se
diligência, se daí não puderem ser retirados; julgar conveniente.

IV - quando não houver escritos para a comparação ou Art. 182. O juiz não ficará adstrito ao laudo, podendo
forem insuficientes os exibidos, a autoridade mandará aceitá-lo ou rejeitá-lo, no todo ou em parte.
que a pessoa escreva o que Ihe for ditado. Se estiver
ausente a pessoa, mas em lugar certo, esta última Art. 183. Nos crimes em que não couber ação pública,
diligência poderá ser feita por precatória, em que se observar-se-á o disposto no art. 19.
consignarão as palavras que a pessoa será intimada Art. 184. Salvo o caso de exame de corpo de delito, o
a escrever. juiz ou a autoridade policial negará a perícia requerida
Art. 175. Serão sujeitos a exame os instrumentos pelas partes, quando não for necessária ao
empregados para a prática da infração, a fim de se esclarecimento da verdade.
Ihes verificar a natureza e a eficiência.

Art. 176. A autoridade e as partes poderão formular


CAPÍTULO XI
quesitos até o ato da diligência.
DA BUSCA E DA APREENSÃO
Art. 177. No exame por precatória, a nomeação dos
peritos far-se-á no juízo deprecado. Havendo, porém, Art. 240. A busca será domiciliar ou pessoal.
no caso de ação privada, acordo das partes, essa
nomeação poderá ser feita pelo juiz deprecante. § 1o Proceder-se-á à busca domiciliar, quando
fundadas razões a autorizarem, para:
Parágrafo único. Os quesitos do juiz e das partes serão
transcritos na precatória. a) prender criminosos;

Art. 178. No caso do art. 159, o exame será b) apreender coisas achadas ou obtidas por meios
requisitado pela autoridade ao diretor da repartição, criminosos;
juntando-se ao processo o laudo assinado pelos
c) apreender instrumentos de falsificação ou de
peritos.
contrafação e objetos falsificados ou contrafeitos;
Art. 179. No caso do § 1o do art. 159, o escrivão
d) apreender armas e munições, instrumentos
lavrará o auto respectivo, que será assinado pelos
utilizados na prática de crime ou destinados a fim
peritos e, se presente ao exame, também pela
delituoso;
autoridade.
e) descobrir objetos necessários à prova de infração ou
Parágrafo único. No caso do art. 160, parágrafo único,
à defesa do réu;
o laudo, que poderá ser datilografado, será subscrito
e rubricado em suas folhas por todos os peritos. f) apreender cartas, abertas ou não, destinadas ao
acusado ou em seu poder, quando haja suspeita de
Art. 180. Se houver divergência entre os peritos, serão
que o conhecimento do seu conteúdo possa ser útil à
consignadas no auto do exame as declarações e
elucidação do fato;
respostas de um e de outro, ou cada um redigirá
separadamente o seu laudo, e a autoridade nomeará

63
g) apreender pessoas vítimas de crimes; § 4o Observar-se-á o disposto nos §§ 2o e 3o, quando
ausentes os moradores, devendo, neste caso, ser
h) colher qualquer elemento de convicção. intimado a assistir à diligência qualquer vizinho, se
§ 2o Proceder-se-á à busca pessoal quando houver houver e estiver presente.
fundada suspeita de que alguém oculte consigo arma § 5o Se é determinada a pessoa ou coisa que se vai
proibida ou objetos mencionados nas letras b a f e procurar, o morador será intimado a mostrá-la.
letra h do parágrafo anterior.
§ 6o Descoberta a pessoa ou coisa que se procura,
Art. 241. Quando a própria autoridade policial ou será imediatamente apreendida e posta sob custódia
judiciária não a realizar pessoalmente, a busca da autoridade ou de seus agentes.
domiciliar deverá ser precedida da expedição de
mandado. § 7o Finda a diligência, os executores lavrarão auto
circunstanciado, assinando-o com duas testemunhas
Art. 242. A busca poderá ser determinada de ofício ou presenciais, sem prejuízo do disposto no § 4o.
a requerimento de qualquer das partes.
Art. 246. Aplicar-se-á também o disposto no artigo
Art. 243. O mandado de busca deverá: anterior, quando se tiver de proceder a busca em
I - indicar, o mais precisamente possível, a casa em que compartimento habitado ou em aposento ocupado de
será realizada a diligência e o nome do respectivo habitação coletiva ou em compartimento não aberto
proprietário ou morador; ou, no caso de busca ao público, onde alguém exercer profissão ou
pessoal, o nome da pessoa que terá de sofrê-la ou os atividade.
sinais que a identifiquem; Art. 247. Não sendo encontrada a pessoa ou coisa
II - mencionar o motivo e os fins da diligência; procurada, os motivos da diligência serão
comunicados a quem tiver sofrido a busca, se o
III - ser subscrito pelo escrivão e assinado pela requerer.
autoridade que o fizer expedir.
Art. 248. Em casa habitada, a busca será feita de
§ 1o Se houver ordem de prisão, constará do próprio modo que não moleste os moradores mais do que o
texto do mandado de busca. indispensável para o êxito da diligência.
§ 2o Não será permitida a apreensão de documento Art. 249. A busca em mulher será feita por outra
em poder do defensor do acusado, salvo quando mulher, se não importar retardamento ou prejuízo da
constituir elemento do corpo de delito. diligência.
Art. 244. A busca pessoal independerá de mandado, Art. 250. A autoridade ou seus agentes poderão
no caso de prisão ou quando houver fundada suspeita penetrar no território de jurisdição alheia, ainda que de
de que a pessoa esteja na posse de arma proibida ou outro Estado, quando, para o fim de apreensão, forem
de objetos ou papéis que constituam corpo de delito, no seguimento de pessoa ou coisa, devendo
ou quando a medida for determinada no curso de apresentar-se à competente autoridade local, antes
busca domiciliar. da diligência ou após, conforme a urgência desta.
Art. 245. As buscas domiciliares serão executadas de § 1o Entender-se-á que a autoridade ou seus agentes
dia, salvo se o morador consentir que se realizem à vão em seguimento da pessoa ou coisa, quando:
noite, e, antes de penetrarem na casa, os executores
mostrarão e lerão o mandado ao morador, ou a quem a) tendo conhecimento direto de sua remoção ou
o represente, intimando-o, em seguida, a abrir a porta. transporte, a seguirem sem interrupção, embora
depois a percam de vista;
§ 1o Se a própria autoridade der a busca, declarará
previamente sua qualidade e o objeto da diligência. b) ainda que não a tenham avistado, mas sabendo, por
informações fidedignas ou circunstâncias indiciárias,
§ 2o Em caso de desobediência, será arrombada a que está sendo removida ou transportada em
porta e forçada a entrada. determinada direção, forem ao seu encalço.
§ 3o Recalcitrando o morador, será permitido o § 2o Se as autoridades locais tiverem fundadas razões
emprego de força contra coisas existentes no interior para duvidar da legitimidade das pessoas que, nas
da casa, para o descobrimento do que se procura. referidas diligências, entrarem pelos seus distritos, ou
da legalidade dos mandados que apresentarem,

64
poderão exigir as provas dessa legitimidade, mas de § 6o A prisão preventiva será determinada quando não
modo que não se frustre a diligência. for cabível a sua substituição por outra medida
cautelar (art. 319).

§ 2º As medidas cautelares serão decretadas pelo juiz


a requerimento das partes ou, quando no curso da
TÍTULO IX investigação criminal, por representação da
autoridade policial ou mediante requerimento do
DA PRISÃO, DAS MEDIDAS CAUTELARES E DA Ministério Público.
LIBERDADE PROVISÓRIA
§ 3º Ressalvados os casos de urgência ou de perigo de
CAPÍTULO I ineficácia da medida, o juiz, ao receber o pedido de
medida cautelar, determinará a intimação da parte
DISPOSIÇÕES GERAIS contrária, para se manifestar no prazo de 5 (cinco)
Art. 282. À exceção do flagrante delito, a prisão não dias, acompanhada de cópia do requerimento e das
poderá efetuar-se senão em virtude de pronúncia ou peças necessárias, permanecendo os autos em juízo,
nos casos determinados em lei, e mediante ordem e os casos de urgência ou de perigo deverão ser
escrita da autoridade competente. justificados e fundamentados em decisão que
contenha elementos do caso concreto que justifiquem
Art. 282. As medidas cautelares previstas neste Título essa medida excepcional.
deverão ser aplicadas observando-se a:
§ 4º No caso de descumprimento de qualquer das
I - necessidade para aplicação da lei penal, para a obrigações impostas, o juiz, mediante requerimento
investigação ou a instrução criminal e, nos casos do Ministério Público, de seu assistente ou do
expressamente previstos, para evitar a prática de querelante, poderá substituir a medida, impor outra
infrações penais; em cumulação, ou, em último caso, decretar a prisão
preventiva, nos termos do parágrafo único do art. 312
II - adequação da medida à gravidade do crime, deste Código.
circunstâncias do fato e condições pessoais do
indiciado ou acusado. § 5º O juiz poderá, de ofício ou a pedido das partes,
revogar a medida cautelar ou substituí-la quando
§ 1o As medidas cautelares poderão ser aplicadas verificar a falta de motivo para que subsista, bem
isolada ou cumulativamente. como voltar a decretá-la, se sobrevierem razões que
§ 2o As medidas cautelares serão decretadas pelo juiz, a justifiquem.
de ofício ou a requerimento das partes ou, quando no § 6º A prisão preventiva somente será determinada
curso da investigação criminal, por representação da quando não for cabível a sua substituição por outra
autoridade policial ou mediante requerimento do medida cautelar, observado o art. 319 deste Código,
Ministério Público. e o não cabimento da substituição por outra medida
§ 3o Ressalvados os casos de urgência ou de perigo cautelar deverá ser justificado de forma
de ineficácia da medida, o juiz, ao receber o pedido fundamentada nos elementos presentes do caso
de medida cautelar, determinará a intimação da parte concreto, de forma individualizada.
contrária, acompanhada de cópia do requerimento e Art. 283. A prisão poderá ser efetuada em qualquer dia
das peças necessárias, permanecendo os autos em e a qualquer hora, respeitadas as restrições relativas
juízo. à inviolabilidade do domicílio.
§ 4o No caso de descumprimento de qualquer das Art. 283. Ninguém poderá ser preso senão em flagrante
obrigações impostas, o juiz, de ofício ou mediante delito ou por ordem escrita e fundamentada da
requerimento do Ministério Público, de seu assistente autoridade judiciária competente, em decorrência de
ou do querelante, poderá substituir a medida, impor sentença condenatória transitada em julgado ou, no
outra em cumulação, ou, em último caso, decretar a curso da investigação ou do processo, em virtude de
prisão preventiva (art. 312, parágrafo único). prisão temporária ou prisão preventiva.
§ 5o O juiz poderá revogar a medida cautelar ou Art. 283. Ninguém poderá ser preso senão em
substituí-la quando verificar a falta de motivo para que flagrante delito ou por ordem escrita e fundamentada
subsista, bem como voltar a decretá-la, se da autoridade judiciária competente, em decorrência
sobrevierem razões que a justifiquem.

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de prisão cautelar ou em virtude de condenação autoridade competente, devendo ser passado recibo
criminal transitada em julgado. da entrega do preso, com declaração de dia e hora.

§ 1o As medidas cautelares previstas neste Título não Parágrafo único. O recibo poderá ser passado no
se aplicam à infração a que não for isolada, próprio exemplar do mandado, se este for o
cumulativa ou alternativamente cominada pena documento exibido.
privativa de liberdade.
Art. 289. Quando o réu estiver no território nacional, em
§ 2o A prisão poderá ser efetuada em qualquer dia e a lugar estranho ao da jurisdição, será deprecada a sua
qualquer hora, respeitadas as restrições relativas à prisão, devendo constar da precatória o inteiro teor do
inviolabilidade do domicílio. mandado.

Art. 284. Não será permitido o emprego de força, salvo Parágrafo único. Havendo urgência, o juiz poderá
a indispensável no caso de resistência ou de tentativa requisitar a prisão por telegrama, do qual deverá
de fuga do preso. constar o motivo da prisão, bem como, se afiançável
a infração, o valor da fiança. No original levado à
Art. 285. A autoridade que ordenar a prisão fará agência telegráfica será autenticada a firma do juiz, o
expedir o respectivo mandado. que se mencionará no telegrama.
Parágrafo único. O mandado de prisão: Art. 289. Quando o acusado estiver no território
a) será lavrado pelo escrivão e assinado pela nacional, fora da jurisdição do juiz processante, será
autoridade; deprecada a sua prisão, devendo constar da
precatória o inteiro teor do mandado.
b) designará a pessoa, que tiver de ser presa, por seu
nome, alcunha ou sinais característicos; § 1o Havendo urgência, o juiz poderá requisitar a prisão
por qualquer meio de comunicação, do qual deverá
c) mencionará a infração penal que motivar a prisão; constar o motivo da prisão, bem como o valor da
fiança se arbitrada.
d) declarará o valor da fiança arbitrada, quando
afiançável a infração; § 2o A autoridade a quem se fizer a requisição tomará
as precauções necessárias para averiguar a
e) será dirigido a quem tiver qualidade para dar-lhe
autenticidade da comunicação.
execução.
§ 3o O juiz processante deverá providenciar a remoção
Art. 286. O mandado será passado em duplicata, e o
do preso no prazo máximo de 30 (trinta) dias,
executor entregará ao preso, logo depois da prisão,
contados da efetivação da medida.
um dos exemplares com declaração do dia, hora e
lugar da diligência. Da entrega deverá o preso passar Art. 289-A. O juiz competente providenciará o
recibo no outro exemplar; se recusar, não souber ou imediato registro do mandado de prisão em banco de
não puder escrever, o fato será mencionado em dados mantido pelo Conselho Nacional de Justiça
declaração, assinada por duas testemunhas. para essa finalidade.
Art. 287. Se a infração for inafiançável, a falta de § 1o Qualquer agente policial poderá efetuar a prisão
exibição do mandado não obstará à prisão, e o preso, determinada no mandado de prisão registrado no
em tal caso, será imediatamente apresentado ao juiz Conselho Nacional de Justiça, ainda que fora da
que tiver expedido o mandado. competência territorial do juiz que o expediu.
Art. 287. Se a infração for inafiançável, a falta de § 2o Qualquer agente policial poderá efetuar a prisão
exibição do mandado não obstará a prisão, e o preso, decretada, ainda que sem registro no Conselho
em tal caso, será imediatamente apresentado ao juiz Nacional de Justiça, adotando as precauções
que tiver expedido o mandado, para a realização de necessárias para averiguar a autenticidade do
audiência de custódia. mandado e comunicando ao juiz que a decretou,
devendo este providenciar, em seguida, o registro do
Art. 288. Ninguém será recolhido à prisão, sem que
mandado na forma do caput deste artigo.
seja exibido o mandado ao respectivo diretor ou
carcereiro, a quem será entregue cópia assinada pelo § 3o A prisão será imediatamente comunicada ao juiz
executor ou apresentada a guia expedida pela do local de cumprimento da medida o qual
providenciará a certidão extraída do registro do

66
Conselho Nacional de Justiça e informará ao juízo que e durante o trabalho de parto, bem como em mulheres
a decretou. durante o período de puerpério imediato.

§ 4o O preso será informado de seus direitos, nos Art. 293. Se o executor do mandado verificar, com
termos do inciso LXIII do art. 5o da Constituição segurança, que o réu entrou ou se encontra em
Federal e, caso o autuado não informe o nome de seu alguma casa, o morador será intimado a entregá-lo, à
advogado, será comunicado à Defensoria Pública. vista da ordem de prisão. Se não for obedecido
imediatamente, o executor convocará duas
§ 5o Havendo dúvidas das autoridades locais sobre a testemunhas e, sendo dia, entrará à força na casa,
legitimidade da pessoa do executor ou sobre a arrombando as portas, se preciso; sendo noite, o
identidade do preso, aplica-se o disposto no § 2o do executor, depois da intimação ao morador, se não for
art. 290 deste Código. atendido, fará guardar todas as saídas, tornando a
§ 6o O Conselho Nacional de Justiça regulamentará o casa incomunicável, e, logo que amanheça,
registro do mandado de prisão a que se refere o caput arrombará as portas e efetuará a prisão.
deste artigo. Parágrafo único. O morador que se recusar a entregar
Art. 290. Se o réu, sendo perseguido, passar ao o réu oculto em sua casa será levado à presença da
território de outro município ou comarca, o executor autoridade, para que se proceda contra ele como for
poderá efetuar-lhe a prisão no lugar onde o alcançar, de direito.
apresentando-o imediatamente à autoridade local, Art. 294. No caso de prisão em flagrante, observar-se-
que, depois de lavrado, se for o caso, o auto de á o disposto no artigo anterior, no que for aplicável.
flagrante, providenciará para a remoção do preso.
Art. 295. Serão recolhidos a quartéis ou a prisão
§ 1o - Entender-se-á que o executor vai em perseguição especial, à disposição da autoridade competente,
do réu, quando: quando sujeitos a prisão antes de condenação
a) tendo-o avistado, for perseguindo-o sem interrupção, definitiva:
embora depois o tenha perdido de vista; I - os ministros de Estado;
b) sabendo, por indícios ou informações fidedignas, que II – os governadores ou interventores de Estados, ou
o réu tenha passado, há pouco tempo, em tal ou qual Territórios, o prefeito do Distrito Federal, seus
direção, pelo lugar em que o procure, for no seu respectivos secretários e chefes de Polícia;
encalço.
II - os governadores ou interventores de Estados ou
§ 2o Quando as autoridades locais tiverem fundadas Territórios, o prefeito do Distrito Federal, seus
razões para duvidar da legitimidade da pessoa do respectivos secretários, os prefeitos municipais, os
executor ou da legalidade do mandado que vereadores e os chefes de Polícia;
apresentar, poderão pôr em custódia o réu, até que
fique esclarecida a dúvida. III - os membros do Parlamento Nacional, do Conselho
de Economia Nacional e das Assembléias Legislativas
Art. 291. A prisão em virtude de mandado entender- dos Estados;
se-á feita desde que o executor, fazendo-se conhecer
do réu, Ihe apresente o mandado e o intime a IV - os cidadãos inscritos no "Livro de Mérito";
acompanhá-lo.
V - os oficiais das Forças Armadas e do Corpo de
Art. 292. Se houver, ainda que por parte de terceiros, Bombeiros;
resistência à prisão em flagrante ou à determinada por
autoridade competente, o executor e as pessoas que V – os oficiais das Forças Armadas e os militares dos
o auxiliarem poderão usar dos meios necessários Estados, do Distrito Federal e dos Territórios;
para defender-se ou para vencer a resistência, do que VI - os magistrados;
tudo se lavrará auto subscrito também por duas
testemunhas. VII - os diplomados por qualquer das faculdades
superiores da República;
Parágrafo único. É vedado o uso de algemas em
mulheres grávidas durante os atos médico- VIII - os ministros de confissão religiosa;
hospitalares preparatórios para a realização do parto
IX - os ministros do Tribunal de Contas;

67
X - os cidadãos que já tiverem exercido efetivamente a Art. 300. Sempre que possível, as pessoas presas
função de jurado, salvo quando excluídos da lista por provisoriamente ficarão separadas das que já
motivo de incapacidade para o exercício daquela estiverem definitivamente condenadas.
função;
Art. 300. As pessoas presas provisoriamente ficarão
XI - os guardas-civis dos Estados e Territórios, ativos ou separadas das que já estiverem definitivamente
inativos. condenadas, nos termos da lei de execução penal.

XI - os delegados de polícia e os guardas-civis dos Parágrafo único. O militar preso em flagrante delito,
Estados e Territórios, ativos e inativos. após a lavratura dos procedimentos legais, será
recolhido a quartel da instituição a que pertencer,
§ 1o A prisão especial, prevista neste Código ou em onde ficará preso à disposição das autoridades
outras leis, consiste exclusivamente no recolhimento competentes.
em local distinto da prisão comum.

§ 2o Não havendo estabelecimento específico para o


preso especial, este será recolhido em cela distinta do CAPÍTULO II
mesmo estabelecimento.
DA PRISÃO EM FLAGRANTE
§ 3o A cela especial poderá consistir em alojamento
coletivo, atendidos os requisitos de salubridade do Art. 301. Qualquer do povo poderá e as autoridades
ambiente, pela concorrência dos fatores de aeração, policiais e seus agentes deverão prender quem quer
insolação e condicionamento térmico adequados à que seja encontrado em flagrante delito.
existência humana.
Art. 302. Considera-se em flagrante delito quem:
§ 4o O preso especial não será transportado
I - está cometendo a infração penal;
juntamente com o preso comum
II - acaba de cometê-la;
§ 5o Os demais direitos e deveres do preso especial
serão os mesmos do preso comum. III - é perseguido, logo após, pela autoridade, pelo
ofendido ou por qualquer pessoa, em situação que
Art. 296. Os inferiores e praças de pré, onde for
faça presumir ser autor da infração;
possível, serão recolhidos à prisão, em
estabelecimentos militares, de acordo com os IV - é encontrado, logo depois, com instrumentos,
respectivos regulamentos. armas, objetos ou papéis que façam presumir ser ele
autor da infração.
Art. 297. Para o cumprimento de mandado expedido
pela autoridade judiciária, a autoridade policial poderá Art. 303. Nas infrações permanentes, entende-se o
expedir tantos outros quantos necessários às agente em flagrante delito enquanto não cessar a
diligências, devendo neles ser fielmente reproduzido permanência.
o teor do mandado original.
Art. 304. Apresentado o preso à autoridade
Art. 298. Se a autoridade tiver conhecimento de que o competente, ouvirá esta o condutor e as testemunhas
réu se acha em território estranho ao da sua que o acompanharam e interrogará o acusado sobre
jurisdição, poderá, por via postal ou telegráfica, a imputação que Ihe é feita, lavrando-se auto, que
requisitar a sua captura, declarando o motivo da será por todos assinado.
prisão e, se afiançável a infração, o valor da fiança
Art. 304. Apresentado o preso à autoridade
Art. 299. Se a infração for inafiançável, a captura competente, ouvirá esta o condutor e colherá, desde
poderá ser requisitada, à vista de mandado judicial, logo, sua assinatura, entregando a este cópia do
por via telefônica, tomadas pela autoridade, a quem termo e recibo de entrega do preso. Em seguida,
se fizer a requisição, as precauções necessárias para procederá à oitiva das testemunhas que o
averiguar a autenticidade desta. acompanharem e ao interrogatório do acusado sobre
a imputação que lhe é feita, colhendo, após cada
Art. 299. A captura poderá ser requisitada, à vista de
oitiva suas respectivas assinaturas, lavrando, a
mandado judicial, por qualquer meio de comunicação,
autoridade, afinal, o auto.
tomadas pela autoridade, a quem se fizer a
requisição, as precauções necessárias para averiguar
a autenticidade desta.

68
§ 1o Resultando das respostas fundada a suspeita autoridade, com o motivo da prisão, o nome do
contra o conduzido, a autoridade mandará recolhê-lo condutor e o das testemunhas.
à prisão, exceto no caso de livrar-se solto ou de
prestar fiança, e prosseguirá nos atos do inquérito ou Art. 306. A prisão de qualquer pessoa e o local onde
processo, se para isso for competente; se não o for, se encontre serão comunicados imediatamente ao
enviará os autos à autoridade que o seja. juiz competente, ao Ministério Público e à família do
preso ou à pessoa por ele indicada.
§ 2o A falta de testemunhas da infração não impedirá o
auto de prisão em flagrante; mas, nesse caso, com o § 1o Em até 24 (vinte e quatro) horas após a realização
condutor, deverão assiná-lo pelo menos duas da prisão, será encaminhado ao juiz competente o
pessoas que hajam testemunhado a apresentação do auto de prisão em flagrante e, caso o autuado não
preso à autoridade. informe o nome de seu advogado, cópia integral para
a Defensoria Pública.
§ 3o Quando o acusado se recusar a assinar, não
souber ou não puder fazê-lo, o auto de prisão em § 2o No mesmo prazo, será entregue ao preso,
flagrante será assinado por duas testemunhas, que mediante recibo, a nota de culpa, assinada pela
Ihe tenham ouvido a leitura na presença do acusado, autoridade, com o motivo da prisão, o nome do
do condutor e das testemunhas. condutor e os das testemunhas.

§ 3o Quando o acusado se recusar a assinar, não Art. 307. Quando o fato for praticado em presença da
souber ou não puder fazê-lo, o auto de prisão em autoridade, ou contra esta, no exercício de suas
flagrante será assinado por duas testemunhas, que funções, constarão do auto a narração deste fato, a
tenham ouvido sua leitura na presença deste. voz de prisão, as declarações que fizer o preso e os
depoimentos das testemunhas, sendo tudo assinado
§ 4o Da lavratura do auto de prisão em flagrante deverá pela autoridade, pelo preso e pelas testemunhas e
constar a informação sobre a existência de filhos, remetido imediatamente ao juiz a quem couber tomar
respectivas idades e se possuem alguma deficiência conhecimento do fato delituoso, se não o for a
e o nome e o contato de eventual responsável pelos autoridade que houver presidido o auto.
cuidados dos filhos, indicado pela pessoa presa.
Art. 308. Não havendo autoridade no lugar em que se
Art. 305. Na falta ou no impedimento do escrivão, tiver efetuado a prisão, o preso será logo apresentado
qualquer pessoa designada pela autoridade lavrará o à do lugar mais próximo.
auto, depois de prestado o compromisso legal.
Art. 309. Se o réu se livrar solto, deverá ser posto em
Art. 306. Dentro em vinte e quatro horas depois da liberdade, depois de lavrado o auto de prisão em
prisão, será dada ao preso nota de culpa assinada flagrante.
pela autoridade, com o motivo da prisão, o nome do
condutor e os das testemunhas. Art. 310. Quando o juiz verificar pelo auto de prisão em
flagrante que o agente praticou o fato, nas condições
Parágrafo único. O preso passará recibo da nota de do art. 19, I, II e III, do Código Penal, poderá, depois
culpa, o qual será assinado por duas testemunhas, de ouvir o Ministério Público, conceder ao réu
quando ele não souber, não puder ou não quiser liberdade provisória, mediante termo de
assinar. comparecimento a todos os atos do processo, sob
pena de revogação.
Art. 306. A prisão de qualquer pessoa e o local onde se
encontre serão comunicados imediatamente ao juiz Parágrafo único. Igual procedimento será adotado
competente e à família do preso ou a pessoa por ele quando o juiz verificar, pelo auto de prisão em
indicada. flagrante, a inocorrência de qualquer das hipóteses
que autorizam a prisão preventiva (arts. 311 e 312).
§ 1o Dentro em 24h (vinte e quatro horas) depois da
prisão, será encaminhado ao juiz competente o auto Art. 310. Ao receber o auto de prisão em flagrante, o
de prisão em flagrante acompanhado de todas as juiz deverá fundamentadamente:
oitivas colhidas e, caso o autuado não informe o nome
de seu advogado, cópia integral para a Defensoria Art. 310. Após receber o auto de prisão em flagrante,
Pública. no prazo máximo de até 24 (vinte e quatro) horas após
a realização da prisão, o juiz deverá promover
§ 2o No mesmo prazo, será entregue ao preso, audiência de custódia com a presença do acusado,
mediante recibo, a nota de culpa, assinada pela seu advogado constituído ou membro da Defensoria

69
Pública e o membro do Ministério Público, e, nessa
audiência, o juiz deverá, fundamentadamente: LEGISLAÇÃO EXTRAVAGENTE
I - relaxar a prisão ilegal; ou
Estatuto das Guardas
II - converter a prisão em flagrante em preventiva,
quando presentes os requisitos constantes do art. 312
deste Código, e se revelarem inadequadas ou CAPÍTULO I
insuficientes as medidas cautelares diversas da DISPOSIÇÕES PRELIMINARES
prisão; ou
Art. 1º Esta Lei institui normas gerais para as guardas
III - conceder liberdade provisória, com ou sem fiança. municipais, disciplinando o § 8º do art. 144 da
Constituição Federal.
Parágrafo único. Se o juiz verificar, pelo auto de prisão
em flagrante, que o agente praticou o fato nas
Art. 2º Incumbe às guardas municipais, instituições de
condições constantes dos incisos I a III do caput do
caráter civil, uniformizadas e armadas conforme
art. 23 do Decreto-Lei no 2.848, de 7 de dezembro de
previsto em lei, a função de proteção municipal
1940 - Código Penal, poderá, fundamentadamente,
preventiva, ressalvadas as competências da União,
conceder ao acusado liberdade provisória, mediante
dos Estados e do Distrito Federal.
termo de comparecimento a todos os atos
processuais, sob pena de revogação.
CAPÍTULO II
§ 1º Se o juiz verificar, pelo auto de prisão em flagrante, DOS PRINCÍPIOS
que o agente praticou o fato em qualquer das
condições constantes dos incisos I, II ou III do caput Art. 3º São princípios mínimos de atuação das guardas
do art. 23 do Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro municipais:
de 1940 (Código Penal), poderá,
fundamentadamente, conceder ao acusado liberdade I - proteção dos direitos humanos fundamentais, do
provisória, mediante termo de comparecimento exercício da cidadania e das liberdades públicas;
obrigatório a todos os atos processuais, sob pena de
revogação. II - preservação da vida, redução do sofrimento e
diminuição das perdas;
§ 2º Se o juiz verificar que o agente é reincidente ou que
integra organização criminosa armada ou milícia, ou III - patrulhamento preventivo;
que porta arma de fogo de uso restrito, deverá
denegar a liberdade provisória, com ou sem medidas IV - compromisso com a evolução social da
cautelares. comunidade; e
§ 3º A autoridade que deu causa, sem motivação
idônea, à não realização da audiência de custódia no V - uso progressivo da força.
prazo estabelecido no caput deste artigo responderá
administrativa, civil e penalmente pela omissão.
CAPÍTULO III
§ 4º Transcorridas 24 (vinte e quatro) horas após o
decurso do prazo estabelecido no caput deste artigo, DAS COMPETÉNCIAS
a não realização de audiência de custódia sem
motivação idônea ensejará também a ilegalidade da Art. 4º É competência geral das guardas municipais a
prisão, a ser relaxada pela autoridade competente, proteção de bens, serviços, logradouros públicos
sem prejuízo da possibilidade de imediata decretação municipais e instalações do Município.
de prisão preventiva.
Parágrafo único. Os bens mencionados no caput
abrangem os de uso comum, os de uso especial e os
dominiais.

Art. 5º São competências específicas das guardas


municipais, respeitadas as competências dos órgãos
federais e estaduais:

70
XIII - garantir o atendimento de ocorrências
I - zelar pelos bens, equipamentos e prédios públicos emergenciais, ou prestá-lo direta e imediatamente
do Município; quando deparar-se com elas;

II - prevenir e inibir, pela presença e vigilância, bem XIV - encaminhar ao delegado de polícia, diante de
como coibir, infrações penais ou administrativas e flagrante delito, o autor da infração, preservando o
atos infracionais que atentem contra os bens, serviços local do crime, quando possível e sempre que
e instalações municipais; necessário;

III - atuar, preventiva e permanentemente, no território XV - contribuir no estudo de impacto na segurança


do Município, para a proteção sistêmica da população local, conforme plano diretor municipal, por ocasião
que utiliza os bens, serviços e instalações municipais; da construção de empreendimentos de grande porte;

IV - colaborar, de forma integrada com os órgãos de XVI - desenvolver ações de prevenção primária à
segurança pública, em ações conjuntas que violência, isoladamente ou em conjunto com os
contribuam com a paz social; demais órgãos da própria municipalidade, de outros
Municípios ou das esferas estadual e federal;
V - colaborar com a pacificação de conflitos que seus
integrantes presenciarem, atentando para o respeito XVII - auxiliar na segurança de grandes eventos e na
aos direitos fundamentais das pessoas; proteção de autoridades e dignatários; e

VI - exercer as competências de trânsito que lhes forem XVIII - atuar mediante ações preventivas na segurança
conferidas, nas vias e logradouros municipais, nos escolar, zelando pelo entorno e participando de ações
termos da Lei nº 9.503, de 23 de setembro de 1997 educativas com o corpo discente e docente das
(Código de Trânsito Brasileiro), ou de forma unidades de ensino municipal, de forma a colaborar
concorrente, mediante convênio celebrado com órgão com a implantação da cultura de paz na comunidade
de trânsito estadual ou municipal; local.

VII - proteger o patrimônio ecológico, histórico, cultural, Parágrafo único. No exercício de suas competências, a
arquitetônico e ambiental do Município, inclusive guarda municipal poderá colaborar ou atuar
adotando medidas educativas e preventivas; conjuntamente com órgãos de segurança pública da
União, dos Estados e do Distrito Federal ou de
VIII - cooperar com os demais órgãos de defesa civil em congêneres de Municípios vizinhos e, nas hipóteses
suas atividades; previstas nos incisos XIII e XIV deste artigo, diante do
comparecimento de órgão descrito nos incisos do
IX - interagir com a sociedade civil para discussão de caput do art. 144 da Constituição Federal , deverá a
soluções de problemas e projetos locais voltados à guarda municipal prestar todo o apoio à continuidade
melhoria das condições de segurança das do atendimento.
comunidades;
CAPÍTULO IV
X - estabelecer parcerias com os órgãos estaduais e da
União, ou de Municípios vizinhos, por meio da DA CRIAÇÃO
celebração de convênios ou consórcios, com vistas ao
desenvolvimento de ações preventivas integradas; Art. 6º O Município pode criar, por lei, sua guarda
municipal.
XI - articular-se com os órgãos municipais de políticas
sociais, visando à adoção de ações interdisciplinares Parágrafo único. A guarda municipal é subordinada ao
de segurança no Município; chefe do Poder Executivo municipal.

XII - integrar-se com os demais órgãos de poder de Art. 7º As guardas municipais não poderão ter efetivo
polícia administrativa, visando a contribuir para a superior a:
normatização e a fiscalização das posturas e
ordenamento urbano municipal; I - 0,4% (quatro décimos por cento) da população, em
Municípios com até 50.000 (cinquenta mil) habitantes;

71
II - 0,3% (três décimos por cento) da população, em
Municípios com mais de 50.000 (cinquenta mil) e
menos de 500.000 (quinhentos mil) habitantes, desde CAPÍTULO VI
que o efetivo não seja inferior ao disposto no inciso I;
DA CAPACITAÇÃO
III - 0,2% (dois décimos por cento) da população, em
Municípios com mais de 500.000 (quinhentos mil) Art. 11. O exercício das atribuições dos cargos da
habitantes, desde que o efetivo não seja inferior ao
guarda municipal requer capacitação específica, com
disposto no inciso II. matriz curricular compatível com suas atividades.

Parágrafo único. Se houver redução da população Parágrafo único. Para fins do disposto no caput , poderá
referida em censo ou estimativa oficial da Fundação ser adaptada a matriz curricular nacional para
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), formação em segurança pública, elaborada pela
é garantida a preservação do efetivo existente, o qual Secretaria Nacional de Segurança Pública (Senasp)
deverá ser ajustado à variação populacional, nos
do Ministério da Justiça.
termos de lei municipal.
Art. 12. É facultada ao Município a criação de órgão de
Art. 8º Municípios limítrofes podem, mediante consórcio formação, treinamento e aperfeiçoamento dos
público, utilizar, reciprocamente, os serviços da integrantes da guarda municipal, tendo como
guarda municipal de maneira compartilhada.
princípios norteadores os mencionados no art. 3º .
Art. 9º A guarda municipal é formada por servidores
§ 1º Os Municípios poderão firmar convênios ou
públicos integrantes de carreira única e plano de consorciar-se, visando ao atendimento do disposto no
cargos e salários, conforme disposto em lei municipal. caput deste artigo.

CAPÍTULO V § 2º O Estado poderá, mediante convênio com os


Municípios interessados, manter órgão de formação e
DAS EXIGÊNCIAS PARA INVESTIDURA aperfeiçoamento centralizado, em cujo conselho
gestor seja assegurada a participação dos Municípios
Art. 10. São requisitos básicos para investidura em conveniados.
cargo público na guarda municipal:
§ 3º O órgão referido no § 2º não pode ser o mesmo
I - nacionalidade brasileira; destinado a formação, treinamento ou
aperfeiçoamento de forças militares.
II - gozo dos direitos políticos;
CAPÍTULO VII
III - quitação com as obrigações militares e eleitorais;
DO CONTROLE
IV - nível médio completo de escolaridade;
Art. 13. O funcionamento das guardas municipais será
V - idade mínima de 18 (dezoito) anos;
acompanhado por órgãos próprios, permanentes,
autônomos e com atribuições de fiscalização,
VI - aptidão física, mental e psicológica; e
investigação e auditoria, mediante:
VII - idoneidade moral comprovada por investigação I - controle interno, exercido por corregedoria, naquelas
social e certidões expedidas perante o Poder
com efetivo superior a 50 (cinquenta) servidores da
Judiciário estadual, federal e distrital. guarda e em todas as que utilizam arma de fogo, para
apurar as infrações disciplinares atribuídas aos
Parágrafo único. Outros requisitos poderão ser integrantes de seu quadro; e
estabelecidos em lei municipal.
II - controle externo, exercido por ouvidoria,
independente em relação à direção da respectiva
guarda, qualquer que seja o número de servidores da

72
guarda municipal, para receber, examinar e Art. 16. Aos guardas municipais é autorizado o porte de
encaminhar reclamações, sugestões, elogios e arma de fogo, conforme previsto em lei.
denúncias acerca da conduta de seus dirigentes e
integrantes e das atividades do órgão, propor Parágrafo único. Suspende-se o direito ao porte de
soluções, oferecer recomendações e informar os arma de fogo em razão de restrição médica, decisão
resultados aos interessados, garantindo-lhes judicial ou justificativa da adoção da medida pelo
orientação, informação e resposta. respectivo dirigente.

§ 1º O Poder Executivo municipal poderá criar órgão


colegiado para exercer o controle social das Art. 17. A Agência Nacional de Telecomunicações
atividades de segurança do Município, analisar a (Anatel) destinará linha telefônica de número 153 e
alocação e aplicação dos recursos públicos e faixa exclusiva de frequência de rádio aos Municípios
monitorar os objetivos e metas da política municipal que possuam guarda municipal.
de segurança e, posteriormente, a adequação e
eventual necessidade de adaptação das medidas Art. 18. É assegurado ao guarda municipal o
adotadas face aos resultados obtidos. recolhimento à cela, isoladamente dos demais presos,
quando sujeito à prisão antes de condenação
§ 2º Os corregedores e ouvidores terão mandato cuja definitiva.
perda será decidida pela maioria absoluta da Câmara
Municipal, fundada em razão relevante e específica CAPÍTULO IX
prevista em lei municipal.
DAS VEDAÇÕES
Art. 14. Para efeito do disposto no inciso I do caput do
art. 13, a guarda municipal terá código de conduta Art. 19. A estrutura hierárquica da guarda municipal não
próprio, conforme dispuser lei municipal. pode utilizar denominação idêntica à das forças
militares, quanto aos postos e graduações, títulos,
Parágrafo único. As guardas municipais não podem uniformes, distintivos e condecorações.
ficar sujeitas a regulamentos disciplinares de natureza
militar. CAPÍTULO X

DA REPRESENTATIVIDADE

CAPÍTULO VIII Art. 20. É reconhecida a representatividade das


guardas municipais no Conselho Nacional de
DAS PRERROGATIVAS Segurança Pública, no Conselho Nacional das
Guardas Municipais e, no interesse dos Municípios,
Art. 15. Os cargos em comissão das guardas no Conselho Nacional de Secretários e Gestores
municipais deverão ser providos por membros Municipais de Segurança Pública.
efetivos do quadro de carreira do órgão ou entidade.
CAPÍTULO XI
§ 1º Nos primeiros 4 (quatro) anos de funcionamento, a
guarda municipal poderá ser dirigida por profissional DISPOSIÇÕES DIVERSAS E TRANSITÓRIAS
estranho a seus quadros, preferencialmente com
experiência ou formação na área de segurança ou Art. 21. As guardas municipais utilizarão uniforme e
defesa social, atendido o disposto no caput . equipamentos padronizados, preferencialmente, na
cor azul-marinho.
§ 2º Para ocupação dos cargos em todos os níveis da
carreira da guarda municipal, deverá ser observado o Art. 22. Aplica-se esta Lei a todas as guardas
percentual mínimo para o sexo feminino, definido em municipais existentes na data de sua publicação, a
lei municipal. cujas disposições devem adaptar-se no prazo de 2
(dois) anos.
§ 3º Deverá ser garantida a progressão funcional da
carreira em todos os níveis. Parágrafo único. É assegurada a utilização de outras
denominações consagradas pelo uso, como guarda

73
civil, guarda civil municipal, guarda metropolitana e I - a prevenção do uso indevido, a atenção e a
guarda civil metropolitana. reinserção social de usuários e dependentes de
drogas;
Art. 23. Esta Lei entra em vigor na data de sua
publicação. II - a repressão da produção não autorizada e do tráfico
ilícito de drogas.

Lei de Drogas § 1º Entende-se por Sisnad o conjunto ordenado de


princípios, regras, critérios e recursos materiais e
humanos que envolvem as políticas, planos,
TÍTULO I programas, ações e projetos sobre drogas, incluindo-
DISPOSIÇÕES PRELIMINARES se nele, por adesão, os Sistemas de Políticas Públicas
sobre Drogas dos Estados, Distrito Federal e
Art. 1º Esta Lei institui o Sistema Nacional de Políticas Municípios.
Públicas sobre Drogas - Sisnad; prescreve medidas
para prevenção do uso indevido, atenção e reinserção § 2º O Sisnad atuará em articulação com o Sistema
social de usuários e dependentes de drogas; Único de Saúde - SUS, e com o Sistema Único de
estabelece normas para repressão à produção não Assistência Social - SUAS.
autorizada e ao tráfico ilícito de drogas e define
crimes. CAPÍTULO I
DOS PRINCÍPIOS E DOS OBJETIVOS DO SIS TEMA
Parágrafo único. Para fins desta Lei, consideram-se NACIONAL DE POLÍTICAS PÚBLICAS SOBRE
como drogas as substâncias ou os produtos capazes DROGAS
de causar dependência, assim especificados em lei
ou relacionados em listas atualizadas periodicamente Art. 4º São princípios do Sisnad:
pelo Poder Executivo da União.
I - o respeito aos direitos fundamentais da pessoa
Art. 2º Ficam proibidas, em todo o território nacional, as humana, especialmente quanto à sua autonomia e à
drogas, bem como o plantio, a cultura, a colheita e a sua liberdade;
exploração de vegetais e substratos dos quais
possam ser extraídas ou produzidas drogas, II - o respeito à diversidade e às especificidades
ressalvada a hipótese de autorização legal ou populacionais existentes;
regulamentar, bem como o que estabelece a
Convenção de Viena, das Nações Unidas, sobre III - a promoção dos valores éticos, culturais e de
Substâncias Psicotrópicas, de 1971, a respeito de cidadania do povo brasileiro, reconhecendo-os como
plantas de uso estritamente ritualístico-religioso. fatores de proteção para o uso indevido de drogas e
outros comportamentos correlacionados;
Parágrafo único. Pode a União autorizar o plantio, a
cultura e a colheita dos vegetais referidos no caput IV - a promoção de consensos nacionais, de ampla
deste artigo, exclusivamente para fins medicinais ou participação social, para o estabelecimento dos
científicos, em local e prazo predeterminados, fundamentos e estratégias do Sisnad;
mediante fiscalização, respeitadas as ressalvas
supramencionadas. V - a promoção da responsabilidade compartilhada
entre Estado e Sociedade, reconhecendo a
TÍTULO II importância da participação social nas atividades do
DO SIS TEMA NACIONAL DE POLÍTICAS Sisnad;
PÚBLICAS SOBRE DROGAS
VI - o reconhecimento da intersetorialidade dos fatores
Art. 3º O Sisnad tem a finalidade de articular, integrar, correlacionados com o uso indevido de drogas, com a
organizar e coordenar as atividades relacionadas sua produção não autorizada e o seu tráfico ilícito;
com:
VII - a integração das estratégias nacionais e
internacionais de prevenção do uso indevido, atenção
e reinserção social de usuários e dependentes de

74
drogas e de repressão à sua produção não autorizada Da Composição do Sistema Nacional de Políticas
e ao seu tráfico ilícito; Públicas sobre Drogas

VIII - a articulação com os órgãos do Ministério Público Art. 6º (VETADO)


e dos Poderes Legislativo e Judiciário visando à
cooperação mútua nas atividades do Sisnad; Art. 7º A organização do Sisnad assegura a orientação
central e a execução descentralizada das atividades
IX - a adoção de abordagem multidisciplinar que realizadas em seu âmbito, nas esferas federal,
reconheça a interdependência e a natureza distrital, estadual e municipal e se constitui matéria
complementar das atividades de prevenção do uso definida no regulamento desta Lei.
indevido, atenção e reinserção social de usuários e
dependentes de drogas, repressão da produção não Art. 7º-A. (VETADO).
autorizada e do tráfico ilícito de drogas;
Art. 8º (VETADO)
X - a observância do equilíbrio entre as atividades de
prevenção do uso indevido, atenção e reinserção Seção II
social de usuários e dependentes de drogas e de
repressão à sua produção não autorizada e ao seu
tráfico ilícito, visando a garantir a estabilidade e o
bem-estar social; Das Competências

XI - a observância às orientações e normas emanadas Art. 8º-A. Compete à União


do Conselho Nacional Antidrogas - Conad.
I - formular e coordenar a execução da Política Nacional
Art. 5º O Sisnad tem os seguintes objetivos: sobre Drogas;

I - contribuir para a inclusão social do cidadão, visando II - elaborar o Plano Nacional de Políticas sobre Drogas,
a torná-lo menos vulnerável a assumir em parceria com Estados, Distrito Federal, Municípios
comportamentos de risco para o uso indevido de e a sociedade;
drogas, seu tráfico ilícito e outros comportamentos
correlacionados; III - coordenar o Sisnad;

II - promover a construção e a socialização do IV - estabelecer diretrizes sobre a organização e


conhecimento sobre drogas no país; funcionamento do Sisnad e suas normas de
referência;
III - promover a integração entre as políticas de
prevenção do uso indevido, atenção e reinserção V - elaborar objetivos, ações estratégicas, metas,
social de usuários e dependentes de drogas e de prioridades, indicadores e definir formas de
repressão à sua produção não autorizada e ao tráfico financiamento e gestão das políticas sobre drogas;
ilícito e as políticas públicas setoriais dos órgãos do
Poder Executivo da União, Distrito Federal, Estados e VI – (VETADO);
Municípios;
VII – (VETADO);
IV - assegurar as condições para a coordenação, a
integração e a articulação das atividades de que trata VIII - promover a integração das políticas sobre drogas
o art. 3º desta Lei. com os Estados, o Distrito Federal e os Municípios;

CAPÍTULO II IX - financiar, com Estados, Distrito Federal e


Municípios, a execução das políticas sobre drogas,
DO SISTEMA NACIONAL DE POLÍTICAS PÚBLICAS observadas as obrigações dos integrantes do Sisnad;
SOBRE DROGAS
X - estabelecer formas de colaboração com Estados,
Seção I Distrito Federal e Municípios para a execução das
políticas sobre drogas;

75
IV - ampliar as alternativas de inserção social e
XI - garantir publicidade de dados e informações sobre econômica do usuário ou dependente de drogas,
repasses de recursos para financiamento das promovendo programas que priorizem a melhoria de
políticas sobre drogas: sua escolarização e a qualificação profissional;

XII - sistematizar e divulgar os dados estatísticos V - promover o acesso do usuário ou dependente de


nacionais de prevenção, tratamento, acolhimento, drogas a todos os serviços públicos;
reinserção social e econômica e repressão ao tráfico
ilícito de drogas: VI - estabelecer diretrizes para garantir a efetividade
dos programas, ações e projetos das políticas sobre
XIII - adotar medidas de enfretamento aos crimes drogas;
transfronteiriços;
VII - fomentar a criação de serviço de atendimento
XIV - estabelecer uma política nacional de controle de telefônico com orientações e informações para apoio
fronteiras, visando a coibir o ingresso de drogas no aos usuários ou dependentes de drogas;
País.
VIII - articular programas, ações e projetos de incentivo
Art. 8º-B . (VETADO). ao emprego, renda e capacitação para o trabalho,
com objetivo de promover a inserção profissional da
Art. 8º-C. (VETADO). pessoa que haja cumprido o plano individual de
atendimento nas fases de tratamento ou acolhimento;
CAPÍTULO II-A
IX - promover formas coletivas de organização para o
trabalho, redes de economia solidária e o
cooperativismo, como forma de promover autonomia
DA FORMULAÇÃO DAS POLÍTICAS SOBRE ao usuário ou dependente de drogas egresso de
DROGAS tratamento ou acolhimento, observando-se as
especificidades regionais;
Seção I
X - propor a formulação de políticas públicas que
conduzam à efetivação das diretrizes e princípios
previstos no art. 22;
Do Plano Nacional de Políticas sobre Drogas
XI - articular as instâncias de saúde, assistência social
Art. 8º-D. São objetivos do Plano Nacional de Políticas e de justiça no enfrentamento ao abuso de drogas; e
sobre Drogas, dentre outros:
XII - promover estudos e avaliação dos resultados das
I - promover a interdisciplinaridade e integração dos políticas sobre drogas.
programas, ações, atividades e projetos dos órgãos e
entidades públicas e privadas nas áreas de saúde, § 1º O plano de que trata o caput terá duração de 5
educação, trabalho, assistência social, previdência (cinco) anos a contar de sua aprovação.
social, habitação, cultura, desporto e lazer, visando à
prevenção do uso de drogas, atenção e reinserção § 2º O poder público deverá dar a mais ampla
social dos usuários ou dependentes de drogas; divulgação ao conteúdo do Plano Nacional de
Políticas sobre Drogas.
II - viabilizar a ampla participação social na formulação,
implementação e avaliação das políticas sobre Seção II
drogas;

III - priorizar programas, ações, atividades e projetos


articulados com os estabelecimentos de ensino, com Dos Conselhos de Políticas sobre Drogas
a sociedade e com a família para a prevenção do uso
de drogas;

76
Art. 8º-E. Os conselhos de políticas sobre drogas,
constituídos por Estados, Distrito Federal e DO ACOMPANHAMENTO E DA AVALIAÇÃO DAS
Municípios, terão os seguintes objetivos: POLÍTICAS SOBRE DROGAS

I - auxiliar na elaboração de políticas sobre drogas; Art. 15. (VETADO)

II - colaborar com os órgãos governamentais no Art. 16. As instituições com atuação nas áreas da
planejamento e na execução das políticas sobre atenção à saúde e da assistência social que atendam
drogas, visando à efetividade das políticas sobre usuários ou dependentes de drogas devem comunicar
drogas; ao órgão competente do respectivo sistema municipal
de saúde os casos atendidos e os óbitos ocorridos,
III - propor a celebração de instrumentos de preservando a identidade das pessoas, conforme
cooperação, visando à elaboração de programas, orientações emanadas da União.
ações, atividades e projetos voltados à prevenção,
tratamento, acolhimento, reinserção social e Art. 17. Os dados estatísticos nacionais de repressão
econômica e repressão ao tráfico ilícito de drogas; ao tráfico ilícito de drogas integrarão sistema de
informações do Poder Executivo.
IV - promover a realização de estudos, com o objetivo
de subsidiar o planejamento das políticas sobre TÍTULO III
drogas; DAS ATIVIDADES DE PREVENÇÃO DO USO
INDEVIDO, ATENÇÃO E REINSERÇÃO SOCIAL
V - propor políticas públicas que permitam a integração DE USUÁRIOS E DEPENDENTES DE DROGAS
e a participação do usuário ou dependente de drogas CAPÍTULO I
no processo social, econômico, político e cultural no DA PREVENÇÃO
respectivo ente federado; Seção I

VI - desenvolver outras atividades relacionadas às


políticas sobre drogas em consonância com o Sisnad
e com os respectivos planos. Das Diretrizes

Seção III Art. 18. Constituem atividades de prevenção do uso


indevido de drogas, para efeito desta Lei, aquelas
direcionadas para a redução dos fatores de
Dos Membros dos Conselhos de Políticas sobre Drogas vulnerabilidade e risco e para a promoção e o
fortalecimento dos fatores de proteção.
Art. 8º-F. (VETADO).
Art. 19. As atividades de prevenção do uso indevido de
CAPÍTULO III drogas devem observar os seguintes princípios e
(VETADO) diretrizes:
Art. 9º (VETADO)
I - o reconhecimento do uso indevido de drogas como
Art. 10. (VETADO) fator de interferência na qualidade de vida do
indivíduo e na sua relação com a comunidade à qual
Art. 11. (VETADO) pertence;

Art. 12. (VETADO) II - a adoção de conceitos objetivos e de fundamentação


científica como forma de orientar as ações dos
Art. 13. (VETADO) serviços públicos comunitários e privados e de evitar
preconceitos e estigmatização das pessoas e dos
Art. 14. (VETADO) serviços que as atendam;

CAPÍTULO IV III - o fortalecimento da autonomia e da


responsabilidade individual em relação ao uso
indevido de drogas;

77
IV - o compartilhamento de responsabilidades e a Seção II
colaboração mútua com as instituições do setor
privado e com os diversos segmentos sociais,
incluindo usuários e dependentes de drogas e
respectivos familiares, por meio do estabelecimento Da Semana Nacional de Políticas Sobre Drogas
de parcerias;
Art. 19-A. Fica instituída a Semana Nacional de
V - a adoção de estratégias preventivas diferenciadas e Políticas sobre Drogas, comemorada anualmente, na
adequadas às especificidades socioculturais das quarta semana de junho.
diversas populações, bem como das diferentes
drogas utilizadas; § 1º No período de que trata o caput , serão
intensificadas as ações de:
VI - o reconhecimento do “não-uso”, do “retardamento
do uso” e da redução de riscos como resultados I - difusão de informações sobre os problemas
desejáveis das atividades de natureza preventiva, decorrentes do uso de drogas;
quando da definição dos objetivos a serem
alcançados; II - promoção de eventos para o debate público sobre
as políticas sobre drogas;
VII - o tratamento especial dirigido às parcelas mais
vulneráveis da população, levando em consideração III - difusão de boas práticas de prevenção, tratamento,
as suas necessidades específicas; acolhimento e reinserção social e econômica de
usuários de drogas;
VIII - a articulação entre os serviços e organizações que
atuam em atividades de prevenção do uso indevido de IV - divulgação de iniciativas, ações e campanhas de
drogas e a rede de atenção a usuários e dependentes prevenção do uso indevido de drogas;
de drogas e respectivos familiares;
V - mobilização da comunidade para a participação nas
IX - o investimento em alternativas esportivas, culturais, ações de prevenção e enfrentamento às drogas;
artísticas, profissionais, entre outras, como forma de
inclusão social e de melhoria da qualidade de vida; VI - mobilização dos sistemas de ensino previstos na
Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996 - Lei de
X - o estabelecimento de políticas de formação Diretrizes e Bases da Educação Nacional , na
continuada na área da prevenção do uso indevido de realização de atividades de prevenção ao uso de
drogas para profissionais de educação nos 3 (três) drogas.
níveis de ensino;
CAPÍTULO II
XI - a implantação de projetos pedagógicos de DAS ATIVIDADES DE ATENÇÃO E DE
prevenção do uso indevido de drogas, nas instituições REINSERÇÃO SOCIAL DE USUÁRIOS O U
de ensino público e privado, alinhados às Diretrizes DEPENDENTES DE DROGAS
Curriculares Nacionais e aos conhecimentos
relacionados a drogas; Seção I

XII - a observância das orientações e normas


emanadas do Conad;
Disposições Gerais
XIII - o alinhamento às diretrizes dos órgãos de controle
social de políticas setoriais específicas. Art. 20. Constituem atividades de atenção ao usuário e
dependente de drogas e respectivos familiares, para
Parágrafo único. As atividades de prevenção do uso efeito desta Lei, aquelas que visem à melhoria da
indevido de drogas dirigidas à criança e ao qualidade de vida e à redução dos riscos e dos danos
adolescente deverão estar em consonância com as associados ao uso de drogas.
diretrizes emanadas pelo Conselho Nacional dos
Direitos da Criança e do Adolescente - Conanda.

78
Art. 21. Constituem atividades de reinserção social do
usuário ou do dependente de drogas e respectivos Seção III
familiares, para efeito desta Lei, aquelas direcionadas
para sua integração ou reintegração em redes sociais. Do Trabalho na Reinserção Social e Econômica

Art. 22. As atividades de atenção e as de reinserção Art. 22-B. (VETADO).


social do usuário e do dependente de drogas e
respectivos familiares devem observar os seguintes Seção IV
princípios e diretrizes:
Do Tratamento do Usuário ou Dependente de
I - respeito ao usuário e ao dependente de drogas, Drogas
independentemente de quaisquer condições,
observados os direitos fundamentais da pessoa Art. 23. As redes dos serviços de saúde da União, dos
humana, os princípios e diretrizes do Sistema Único Estados, do Distrito Federal, dos Municípios
de Saúde e da Política Nacional de Assistência Social; desenvolverão programas de atenção ao usuário e ao
dependente de drogas, respeitadas as diretrizes do
II - a adoção de estratégias diferenciadas de atenção e Ministério da Saúde e os princípios explicitados no art.
reinserção social do usuário e do dependente de 22 desta Lei, obrigatória a previsão orçamentária
drogas e respectivos familiares que considerem as adequada.
suas peculiaridades socioculturais;
Art. 23-A. O tratamento do usuário ou dependente de
III - definição de projeto terapêutico individualizado, drogas deverá ser ordenado em uma rede de atenção
orientado para a inclusão social e para a redução de à saúde, com prioridade para as modalidades de
riscos e de danos sociais e à saúde; tratamento ambulatorial, incluindo excepcionalmente
formas de internação em unidades de saúde e
IV - atenção ao usuário ou dependente de drogas e aos hospitais gerais nos termos de normas dispostas pela
respectivos familiares, sempre que possível, de forma União e articuladas com os serviços de assistência
multidisciplinar e por equipes multiprofissionais; social e em etapas que permitam:

V - observância das orientações e normas emanadas I - articular a atenção com ações preventivas que
do Conad; atinjam toda a população;

VI - o alinhamento às diretrizes dos órgãos de controle II - orientar-se por protocolos técnicos predefinidos,
social de políticas setoriais específicas. baseados em evidências científicas, oferecendo
atendimento individualizado ao usuário ou
VII - estímulo à capacitação técnica e profissional; dependente de drogas com abordagem preventiva e,
sempre que indicado, ambulatorial;
VIII - efetivação de políticas de reinserção social
voltadas à educação continuada e ao trabalho; III - preparar para a reinserção social e econômica,
respeitando as habilidades e projetos individuais por
IX - observância do plano individual de atendimento na meio de programas que articulem educação,
forma do art. 23-B desta Lei; capacitação para o trabalho, esporte, cultura e
acompanhamento individualizado; e
X - orientação adequada ao usuário ou dependente de
drogas quanto às consequências lesivas do uso de IV - acompanhar os resultados pelo SUS, Suas e
drogas, ainda que ocasional. Sisnad, de forma articulada.

Seção II § 1º Caberá à União dispor sobre os protocolos


Da Educação na Reinserção Social e Econômica técnicos de tratamento, em âmbito nacional.

Art. 22-A. As pessoas atendidas por órgãos integrantes § 2º A internação de dependentes de drogas somente
do Sisnad terão atendimento nos programas de será realizada em unidades de saúde ou hospitais
educação profissional e tecnológica, educação de gerais, dotados de equipes multidisciplinares e deverá
jovens e adultos e alfabetização. ser obrigatoriamente autorizada por médico

79
devidamente registrado no Conselho Regional de (setenta e duas) horas, ao Ministério Público, à
Medicina - CRM do Estado onde se localize o Defensoria Pública e a outros órgãos de fiscalização,
estabelecimento no qual se dará a internação. por meio de sistema informatizado único, na forma do
regulamento desta Lei.
§ 3º São considerados 2 (dois) tipos de internação:
§ 8º É garantido o sigilo das informações disponíveis
I - internação voluntária: aquela que se dá com o no sistema referido no § 7º e o acesso será permitido
consentimento do dependente de drogas; apenas às pessoas autorizadas a conhecê-las, sob
pena de responsabilidade.
II - internação involuntária: aquela que se dá, sem o
consentimento do dependente, a pedido de familiar ou § 9º É vedada a realização de qualquer modalidade de
do responsável legal ou, na absoluta falta deste, de internação nas comunidades terapêuticas
servidor público da área de saúde, da assistência acolhedoras.
social ou dos órgãos públicos integrantes do Sisnad,
com exceção de servidores da área de segurança § 10. O planejamento e a execução do projeto
pública, que constate a existência de motivos que terapêutico individual deverão observar, no que
justifiquem a medida. couber, o previsto na Lei nº 10.216, de 6 de abril de
2001 , que dispõe sobre a proteção e os direitos das
§ 4º A internação voluntária: pessoas portadoras de transtornos mentais e
redireciona o modelo assistencial em saúde mental.
I - deverá ser precedida de declaração escrita da
pessoa solicitante de que optou por este regime de Seção V
tratamento;

II - seu término dar-se-á por determinação do médico


responsável ou por solicitação escrita da pessoa que Do Plano Individual de Atendimento
deseja interromper o tratamento.
Art. 23-B . O atendimento ao usuário ou dependente de
§ 5º A internação involuntária: drogas na rede de atenção à saúde dependerá de:

I - deve ser realizada após a formalização da decisão I - avaliação prévia por equipe técnica multidisciplinar e
por médico responsável; multissetorial; e

II - será indicada depois da avaliação sobre o tipo de II - elaboração de um Plano Individual de Atendimento -
droga utilizada, o padrão de uso e na hipótese PIA.
comprovada da impossibilidade de utilização de
outras alternativas terapêuticas previstas na rede de § 1º A avaliação prévia da equipe técnica subsidiará a
atenção à saúde; elaboração e execução do projeto terapêutico
individual a ser adotado, levantando no mínimo:
III - perdurará apenas pelo tempo necessário à
desintoxicação, no prazo máximo de 90 (noventa) I - o tipo de droga e o padrão de seu uso; e
dias, tendo seu término determinado pelo médico
responsável; II - o risco à saúde física e mental do usuário ou
dependente de drogas ou das pessoas com as quais
IV - a família ou o representante legal poderá, a convive.
qualquer tempo, requerer ao médico a interrupção do
tratamento. § 2º (VETADO).

§ 6º A internação, em qualquer de suas modalidades, § 3º O PIA deverá contemplar a participação dos


só será indicada quando os recursos extra- familiares ou responsáveis, os quais têm o dever de
hospitalares se mostrarem insuficientes. contribuir com o processo, sendo esses, no caso de
crianças e adolescentes, passíveis de
§ 7º Todas as internações e altas de que trata esta Lei responsabilização civil, administrativa e criminal, nos
deverão ser informadas, em, no máximo, de 72

80
termos da Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990 - de atenção à sua saúde, definidos pelo respectivo
Estatuto da Criança e do Adolescente . sistema penitenciário.

§ 4º O PIA será inicialmente elaborado sob a Seção VI


responsabilidade da equipe técnica do primeiro
projeto terapêutico que atender o usuário ou
dependente de drogas e será atualizado ao longo das
diversas fases do atendimento. Do Acolhimento em Comunidade Terapêutica
Acolhedora
§ 5º Constarão do plano individual, no mínimo:
Art. 26-A. O acolhimento do usuário ou dependente de
I - os resultados da avaliação multidisciplinar; drogas na comunidade terapêutica acolhedora
caracteriza-se por:
II - os objetivos declarados pelo atendido;
I - oferta de projetos terapêuticos ao usuário ou
III - a previsão de suas atividades de integração social dependente de drogas que visam à abstinência;
ou capacitação profissional;
II - adesão e permanência voluntária, formalizadas por
IV - atividades de integração e apoio à família; escrito, entendida como uma etapa transitória para a
reinserção social e econômica do usuário ou
V - formas de participação da família para efetivo dependente de drogas;
cumprimento do plano individual;
III - ambiente residencial, propício à formação de
VI - designação do projeto terapêutico mais adequado vínculos, com a convivência entre os pares, atividades
para o cumprimento do previsto no plano; e práticas de valor educativo e a promoção do
desenvolvimento pessoal, vocacionada para
VII - as medidas específicas de atenção à saúde do acolhimento ao usuário ou dependente de drogas em
atendido. vulnerabilidade social;

§ 6º O PIA será elaborado no prazo de até 30 (trinta) IV - avaliação médica prévia;


dias da data do ingresso no atendimento.
V - elaboração de plano individual de atendimento na
§ 7º As informações produzidas na avaliação e as forma do art. 23-B desta Lei; e
registradas no plano individual de atendimento são
consideradas sigilosas. VI - vedação de isolamento físico do usuário ou
dependente de drogas.
Art. 24. A União, os Estados, o Distrito Federal e os
Municípios poderão conceder benefícios às § 1º Não são elegíveis para o acolhimento as pessoas
instituições privadas que desenvolverem programas com comprometimentos biológicos e psicológicos de
de reinserção no mercado de trabalho, do usuário e natureza grave que mereçam atenção médico-
do dependente de drogas encaminhados por órgão hospitalar contínua ou de emergência, caso em que
oficial. deverão ser encaminhadas à rede de saúde.

Art. 25. As instituições da sociedade civil, sem fins § 2º (VETADO).


lucrativos, com atuação nas áreas da atenção à saúde
e da assistência social, que atendam usuários ou § 3º (VETADO).
dependentes de drogas poderão receber recursos do
Funad, condicionados à sua disponibilidade § 4º (VETADO).
orçamentária e financeira.
§ 5º (VETADO).
Art. 26. O usuário e o dependente de drogas que, em
razão da prática de infração penal, estiverem CAPÍTULO III
cumprindo pena privativa de liberdade ou submetidos DOS CRIMES E DAS PENAS
a medida de segurança, têm garantidos os serviços

81
Art. 27. As penas previstas neste Capítulo poderão ser II - multa.
aplicadas isolada ou cumulativamente, bem como
substituídas a qualquer tempo, ouvidos o Ministério § 7º O juiz determinará ao Poder Público que coloque à
Público e o defensor. disposição do infrator, gratuitamente, estabelecimento
de saúde, preferencialmente ambulatorial, para
Art. 28. Quem adquirir, guardar, tiver em depósito, tratamento especializado.
transportar ou trouxer consigo, para consumo
pessoal, drogas sem autorização ou em desacordo Art. 29. Na imposição da medida educativa a que se
com determinação legal ou regulamentar será refere o inciso II do § 6º do art. 28, o juiz, atendendo
submetido às seguintes penas: à reprovabilidade da conduta, fixará o número de dias-
multa, em quantidade nunca inferior a 40 (quarenta)
I - advertência sobre os efeitos das drogas; nem superior a 100 (cem), atribuindo depois a cada
um, segundo a capacidade econômica do agente, o
II - prestação de serviços à comunidade; valor de um trinta avos até 3 (três) vezes o valor do
maior salário mínimo.
III - medida educativa de comparecimento a programa
ou curso educativo. Parágrafo único. Os valores decorrentes da imposição
da multa a que se refere o § 6º do art. 28 serão
§ 1º Às mesmas medidas submete-se quem, para seu creditados à conta do Fundo Nacional Antidrogas.
consumo pessoal, semeia, cultiva ou colhe plantas
destinadas à preparação de pequena quantidade de Art. 30. Prescrevem em 2 (dois) anos a imposição e a
substância ou produto capaz de causar dependência execução das penas, observado, no tocante à
física ou psíquica. interrupção do prazo, o disposto nos arts. 107 e
seguintes do Código Penal.
§ 2º Para determinar se a droga destinava-se a
consumo pessoal, o juiz atenderá à natureza e à TÍTULO IV
quantidade da substância apreendida, ao local e às DA REPRESSÃO À PRODUÇÃO NÃO AUTORIZADA
condições em que se desenvolveu a ação, às E AO TRÁFICO ILÍCITO DE DROGAS
circunstâncias sociais e pessoais, bem como à CAPÍTULO I
conduta e aos antecedentes do agente. DISPOSIÇÕES GERAIS
Art. 31. É indispensável a licença prévia da autoridade
§ 3º As penas previstas nos incisos II e III do caput deste competente para produzir, extrair, fabricar,
artigo serão aplicadas pelo prazo máximo de 5 (cinco) transformar, preparar, possuir, manter em depósito,
meses. importar, exportar, reexportar, remeter, transportar,
expor, oferecer, vender, comprar, trocar, ceder ou
§ 4º Em caso de reincidência, as penas previstas nos adquirir, para qualquer fim, drogas ou matéria-prima
incisos II e III do caput deste artigo serão aplicadas destinada à sua preparação, observadas as demais
pelo prazo máximo de 10 (dez) meses. exigências legais.

§ 5º A prestação de serviços à comunidade será Art. 32. As plantações ilícitas serão imediatamente
cumprida em programas comunitários, entidades destruídas pelo delegado de polícia na forma do art.
educacionais ou assistenciais, hospitais, 50-A, que recolherá quantidade suficiente para exame
estabelecimentos congêneres, públicos ou privados pericial, de tudo lavrando auto de levantamento das
sem fins lucrativos, que se ocupem, condições encontradas, com a delimitação do local,
preferencialmente, da prevenção do consumo ou da asseguradas as medidas necessárias para a
recuperação de usuários e dependentes de drogas. preservação da prova.

§ 6º Para garantia do cumprimento das medidas § 1º (Revogado). (Redação dada pela Lei nº
educativas a que se refere o caput, nos incisos I, II e 12.961, de 2014)
III, a que injustificadamente se recuse o agente,
poderá o juiz submetê-lo, sucessivamente a: § 2º (Revogado). (Redação dada pela Lei nº
12.961, de 2014)
I - admoestação verbal;

82
§ 3º Em caso de ser utilizada a queimada para destruir disfarçado, quando presentes elementos probatórios
a plantação, observar-se-á, além das cautelas razoáveis de conduta criminal preexistente.
necessárias à proteção ao meio ambiente, o disposto
no Decreto nº 2.661, de 8 de julho de 1998, no que § 2º Induzir, instigar ou auxiliar alguém ao uso indevido
couber, dispensada a autorização prévia do órgão de droga:
próprio do Sistema Nacional do Meio Ambiente -
Sisnama. Pena - detenção, de 1 (um) a 3 (três) anos, e multa de
100 (cem) a 300 (trezentos) dias-multa.
§ 4º As glebas cultivadas com plantações ilícitas serão
expropriadas, conforme o disposto no art. 243 da § 3º Oferecer droga, eventualmente e sem objetivo de
Constituição Federal, de acordo com a legislação em lucro, a pessoa de seu relacionamento, para juntos a
vigor. consumirem:

CAPÍTULO II Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 1 (um) ano, e


DOS CRIMES pagamento de 700 (setecentos) a 1.500 (mil e
Art. 33. Importar, exportar, remeter, preparar, produzir, quinhentos) dias-multa, sem prejuízo das penas
fabricar, adquirir, vender, expor à venda, oferecer, ter previstas no art. 28.
em depósito, transportar, trazer consigo, guardar,
prescrever, ministrar, entregar a consumo ou fornecer § 4º Nos delitos definidos no caput e no § 1º deste
drogas, ainda que gratuitamente, sem autorização ou artigo, as penas poderão ser reduzidas de um sexto a
em desacordo com determinação legal ou dois terços, desde que o agente seja primário, de bons
regulamentar: antecedentes, não se dedique às atividades
criminosas nem integre organização criminosa.
Pena - reclusão de 5 (cinco) a 15 (quinze) anos e
pagamento de 500 (quinhentos) a 1.500 (mil e Art. 34. Fabricar, adquirir, utilizar, transportar, oferecer,
quinhentos) dias-multa. vender, distribuir, entregar a qualquer título, possuir,
guardar ou fornecer, ainda que gratuitamente,
§ 1º Nas mesmas penas incorre quem: maquinário, aparelho, instrumento ou qualquer objeto
destinado à fabricação, preparação, produção ou
I - importa, exporta, remete, produz, fabrica, adquire, transformação de drogas, sem autorização ou em
vende, expõe à venda, oferece, fornece, tem em desacordo com determinação legal ou regulamentar:
depósito, transporta, traz consigo ou guarda, ainda
que gratuitamente, sem autorização ou em desacordo Pena - reclusão, de 3 (três) a 10 (dez) anos, e
com determinação legal ou regulamentar, matéria- pagamento de 1.200 (mil e duzentos) a 2.000 (dois
prima, insumo ou produto químico destinado à mil) dias-multa.
preparação de drogas;
Art. 35. Associarem-se duas ou mais pessoas para o fim
II - semeia, cultiva ou faz a colheita, sem autorização ou de praticar, reiteradamente ou não, qualquer dos
em desacordo com determinação legal ou crimes previstos nos arts. 33, caput e § 1º , e 34 desta
regulamentar, de plantas que se constituam em Lei:
matéria-prima para a preparação de drogas;
Pena - reclusão, de 3 (três) a 10 (dez) anos, e
III - utiliza local ou bem de qualquer natureza de que pagamento de 700 (setecentos) a 1.200 (mil e
tem a propriedade, posse, administração, guarda ou duzentos) dias-multa.
vigilância, ou consente que outrem dele se utilize,
ainda que gratuitamente, sem autorização ou em Parágrafo único. Nas mesmas penas do caput deste
desacordo com determinação legal ou regulamentar, artigo incorre quem se associa para a prática reiterada
para o tráfico ilícito de drogas. do crime definido no art. 36 desta Lei.

IV - vende ou entrega drogas ou matéria-prima, insumo Art. 36. Financiar ou custear a prática de qualquer dos
ou produto químico destinado à preparação de crimes previstos nos arts. 33, caput e § 1º , e 34 desta
drogas, sem autorização ou em desacordo com a Lei:
determinação legal ou regulamentar, a agente policial

83
Pena - reclusão, de 8 (oito) a 20 (vinte) anos, e III - a infração tiver sido cometida nas dependências ou
pagamento de 1.500 (mil e quinhentos) a 4.000 imediações de estabelecimentos prisionais, de ensino
(quatro mil) dias-multa. ou hospitalares, de sedes de entidades estudantis,
sociais, culturais, recreativas, esportivas, ou
Art. 37. Colaborar, como informante, com grupo, beneficentes, de locais de trabalho coletivo, de
organização ou associação destinados à prática de recintos onde se realizem espetáculos ou diversões
qualquer dos crimes previstos nos arts. 33, caput e § de qualquer natureza, de serviços de tratamento de
1º , e 34 desta Lei: dependentes de drogas ou de reinserção social, de
unidades militares ou policiais ou em transportes
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e públicos;
pagamento de 300 (trezentos) a 700 (setecentos)
dias-multa. IV - o crime tiver sido praticado com violência, grave
ameaça, emprego de arma de fogo, ou qualquer
Art. 38. Prescrever ou ministrar, culposamente, drogas, processo de intimidação difusa ou coletiva;
sem que delas necessite o paciente, ou fazê-lo em
doses excessivas ou em desacordo com V - caracterizado o tráfico entre Estados da Federação
determinação legal ou regulamentar: ou entre estes e o Distrito Federal;

Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e VI - sua prática envolver ou visar a atingir criança ou
pagamento de 50 (cinqüenta) a 200 (duzentos) dias- adolescente ou a quem tenha, por qualquer motivo,
multa. diminuída ou suprimida a capacidade de
entendimento e determinação;
Parágrafo único. O juiz comunicará a condenação ao
Conselho Federal da categoria profissional a que VII - o agente financiar ou custear a prática do crime.
pertença o agente.
Art. 41. O indiciado ou acusado que colaborar
Art. 39. Conduzir embarcação ou aeronave após o voluntariamente com a investigação policial e o
consumo de drogas, expondo a dano potencial a processo criminal na identificação dos demais co-
incolumidade de outrem: autores ou partícipes do crime e na recuperação total
ou parcial do produto do crime, no caso de
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 3 (três) anos, condenação, terá pena reduzida de um terço a dois
além da apreensão do veículo, cassação da terços.
habilitação respectiva ou proibição de obtê-la, pelo
mesmo prazo da pena privativa de liberdade aplicada, Art. 42. O juiz, na fixação das penas, considerará, com
e pagamento de 200 (duzentos) a 400 (quatrocentos) preponderância sobre o previsto no art. 59 do Código
dias-multa. Penal, a natureza e a quantidade da substância ou do
produto, a personalidade e a conduta social do
Parágrafo único. As penas de prisão e multa, aplicadas agente.
cumulativamente com as demais, serão de 4 (quatro)
a 6 (seis) anos e de 400 (quatrocentos) a 600 Art. 43. Na fixação da multa a que se referem os arts.
(seiscentos) dias-multa, se o veículo referido no caput 33 a 39 desta Lei, o juiz, atendendo ao que dispõe o
deste artigo for de transporte coletivo de passageiros. art. 42 desta Lei, determinará o número de dias-multa,
atribuindo a cada um, segundo as condições
Art. 40. As penas previstas nos arts. 33 a 37 desta Lei econômicas dos acusados, valor não inferior a um
são aumentadas de um sexto a dois terços, se: trinta avos nem superior a 5 (cinco) vezes o maior
salário-mínimo.
I - a natureza, a procedência da substância ou do
produto apreendido e as circunstâncias do fato Parágrafo único. As multas, que em caso de concurso
evidenciarem a transnacionalidade do delito; de crimes serão impostas sempre cumulativamente,
podem ser aumentadas até o décuplo se, em virtude
II - o agente praticar o crime prevalecendo-se de função da situação econômica do acusado, considerá-las o
pública ou no desempenho de missão de educação, juiz ineficazes, ainda que aplicadas no máximo.
poder familiar, guarda ou vigilância;

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Art. 44. Os crimes previstos nos arts. 33, caput e § 1º ,
e 34 a 37 desta Lei são inafiançáveis e insuscetíveis § 2º Tratando-se da conduta prevista no art. 28 desta
de sursis, graça, indulto, anistia e liberdade provisória, Lei, não se imporá prisão em flagrante, devendo o
vedada a conversão de suas penas em restritivas de autor do fato ser imediatamente encaminhado ao juízo
direitos. competente ou, na falta deste, assumir o
compromisso de a ele comparecer, lavrando-se termo
Parágrafo único. Nos crimes previstos no caput deste circunstanciado e providenciando-se as requisições
artigo, dar-se-á o livramento condicional após o dos exames e perícias necessários.
cumprimento de dois terços da pena, vedada sua
concessão ao reincidente específico. § 3º Se ausente a autoridade judicial, as providências
previstas no § 2º deste artigo serão tomadas de
Art. 45. É isento de pena o agente que, em razão da imediato pela autoridade policial, no local em que se
dependência, ou sob o efeito, proveniente de caso encontrar, vedada a detenção do agente.
fortuito ou força maior, de droga, era, ao tempo da
ação ou da omissão, qualquer que tenha sido a § 4º Concluídos os procedimentos de que trata o § 2º
infração penal praticada, inteiramente incapaz de deste artigo, o agente será submetido a exame de
entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se corpo de delito, se o requerer ou se a autoridade de
de acordo com esse entendimento. polícia judiciária entender conveniente, e em seguida
liberado.
Parágrafo único. Quando absolver o agente,
reconhecendo, por força pericial, que este § 5º Para os fins do disposto no art. 76 da Lei nº 9.099,
apresentava, à época do fato previsto neste artigo, as de 1995, que dispõe sobre os Juizados Especiais
condições referidas no caput deste artigo, poderá Criminais, o Ministério Público poderá propor a
determinar o juiz, na sentença, o seu aplicação imediata de pena prevista no art. 28 desta
encaminhamento para tratamento médico adequado. Lei, a ser especificada na proposta.

Art. 46. As penas podem ser reduzidas de um terço a Art. 49. Tratando-se de condutas tipificadas nos arts.
dois terços se, por força das circunstâncias previstas 33, caput e § 1º , e 34 a 37 desta Lei, o juiz, sempre
no art. 45 desta Lei, o agente não possuía, ao tempo que as circunstâncias o recomendem, empregará os
da ação ou da omissão, a plena capacidade de instrumentos protetivos de colaboradores e
entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se testemunhas previstos na Lei nº 9.807, de 13 de julho
de acordo com esse entendimento. de 1999.

Art. 47. Na sentença condenatória, o juiz, com base em Seção I


avaliação que ateste a necessidade de Da Investigação
encaminhamento do agente para tratamento, Art. 50. Ocorrendo prisão em flagrante, a autoridade de
realizada por profissional de saúde com competência polícia judiciária fará, imediatamente, comunicação ao
específica na forma da lei, determinará que a tal se juiz competente, remetendo-lhe cópia do auto lavrado,
proceda, observado o disposto no art. 26 desta Lei. do qual será dada vista ao órgão do Ministério Público,
em 24 (vinte e quatro) horas.
CAPÍTULO III
DO PROCEDIMENTO PENAL § 1º Para efeito da lavratura do auto de prisão em
Art. 48. O procedimento relativo aos processos por flagrante e estabelecimento da materialidade do
crimes definidos neste Título rege-se pelo disposto delito, é suficiente o laudo de constatação da natureza
neste Capítulo, aplicando-se, subsidiariamente, as e quantidade da droga, firmado por perito oficial ou,
disposições do Código de Processo Penal e da Lei de na falta deste, por pessoa idônea.
Execução Penal.
§ 2º O perito que subscrever o laudo a que se refere o
§ 1º O agente de qualquer das condutas previstas no § 1º deste artigo não ficará impedido de participar da
art. 28 desta Lei, salvo se houver concurso com os elaboração do laudo definitivo.
crimes previstos nos arts. 33 a 37 desta Lei, será
processado e julgado na forma dos arts. 60 e § 3º Recebida cópia do auto de prisão em flagrante, o
seguintes da Lei nº 9.099, de 26 de setembro de 1995, juiz, no prazo de 10 (dez) dias, certificará a
que dispõe sobre os Juizados Especiais Criminais. regularidade formal do laudo de constatação e

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determinará a destruição das drogas apreendidas, ao juízo competente até 3 (três) dias antes da
guardando-se amostra necessária à realização do audiência de instrução e julgamento.
laudo definitivo.
Art. 53. Em qualquer fase da persecução criminal
§ 4º A destruição das drogas será executada pelo relativa aos crimes previstos nesta Lei, são
delegado de polícia competente no prazo de 15 permitidos, além dos previstos em lei, mediante
(quinze) dias na presença do Ministério Público e da autorização judicial e ouvido o Ministério Público, os
autoridade sanitária. seguintes procedimentos investigatórios:

§ 5º O local será vistoriado antes e depois de efetivada I - a infiltração por agentes de polícia, em tarefas de
a destruição das drogas referida no § 3º , sendo investigação, constituída pelos órgãos especializados
lavrado auto circunstanciado pelo delegado de polícia, pertinentes;
certificando-se neste a destruição total delas.
II - a não-atuação policial sobre os portadores de
Art. 50-A. A destruição das drogas apreendidas sem a drogas, seus precursores químicos ou outros
ocorrência de prisão em flagrante será feita por produtos utilizados em sua produção, que se
incineração, no prazo máximo de 30 (trinta) dias encontrem no território brasileiro, com a finalidade de
contados da data da apreensão, guardando-se identificar e responsabilizar maior número de
integrantes de operações de tráfico e distribuição,
Art. 51. O inquérito policial será concluído no prazo de sem prejuízo da ação penal cabível.
30 (trinta) dias, se o indiciado estiver preso, e de 90
(noventa) dias, quando solto. Parágrafo único. Na hipótese do inciso II deste artigo, a
autorização será concedida desde que sejam
Parágrafo único. Os prazos a que se refere este artigo conhecidos o itinerário provável e a identificação dos
podem ser duplicados pelo juiz, ouvido o Ministério agentes do delito ou de colaboradores.
Público, mediante pedido justificado da autoridade de
polícia judiciária. Seção II
Da Instrução Criminal
Art. 52. Findos os prazos a que se refere o art. 51 desta Art. 54. Recebidos em juízo os autos do inquérito
Lei, a autoridade de polícia judiciária, remetendo os policial, de Comissão Parlamentar de Inquérito ou
autos do inquérito ao juízo: peças de informação, dar-se-á vista ao Ministério
Público para, no prazo de 10 (dez) dias, adotar uma
I - relatará sumariamente as circunstâncias do fato, das seguintes providências:
justificando as razões que a levaram à classificação
do delito, indicando a quantidade e natureza da I - requerer o arquivamento;
substância ou do produto apreendido, o local e as
condições em que se desenvolveu a ação criminosa, II - requisitar as diligências que entender necessárias;
as circunstâncias da prisão, a conduta, a qualificação
e os antecedentes do agente; ou III - oferecer denúncia, arrolar até 5 (cinco) testemunhas
e requerer as demais provas que entender
II - requererá sua devolução para a realização de pertinentes.
diligências necessárias.
Art. 55. Oferecida a denúncia, o juiz ordenará a
Parágrafo único. A remessa dos autos far-se-á sem notificação do acusado para oferecer defesa prévia,
prejuízo de diligências complementares: por escrito, no prazo de 10 (dez) dias.

I - necessárias ou úteis à plena elucidação do fato, cujo § 1º Na resposta, consistente em defesa preliminar e
resultado deverá ser encaminhado ao juízo exceções, o acusado poderá argüir preliminares e
competente até 3 (três) dias antes da audiência de invocar todas as razões de defesa, oferecer
instrução e julgamento; documentos e justificações, especificar as provas que
pretende produzir e, até o número de 5 (cinco), arrolar
II - necessárias ou úteis à indicação dos bens, direitos testemunhas.
e valores de que seja titular o agente, ou que figurem
em seu nome, cujo resultado deverá ser encaminhado

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§ 2º As exceções serão processadas em apartado, nos
termos dos arts. 95 a 113 do Decreto-Lei nº 3.689, de § 2º (Revogado pela Lei nº 12.961, de 2014)
3 de outubro de 1941 - Código de Processo Penal.
Art. 59. Nos crimes previstos nos arts. 33, caput e § 1º
§ 3º Se a resposta não for apresentada no prazo, o juiz , e 34 a 37 desta Lei, o réu não poderá apelar sem
nomeará defensor para oferecê-la em 10 (dez) dias, recolher-se à prisão, salvo se for primário e de bons
concedendo-lhe vista dos autos no ato de nomeação. antecedentes, assim reconhecido na sentença
condenatória.
§ 4º Apresentada a defesa, o juiz decidirá em 5 (cinco)
dias. CAPÍTULO IV
DA APREENSÃO, ARRECADAÇÃO E DESTINAÇÃO
§ 5º Se entender imprescindível, o juiz, no prazo DE BENS DO ACUSADO
máximo de 10 (dez) dias, determinará a apresentação
do preso, realização de diligências, exames e Art. 60. O juiz, a requerimento do Ministério Público ou
perícias. do assistente de acusação, ou mediante
representação da autoridade de polícia judiciária,
Art. 56. Recebida a denúncia, o juiz designará dia e poderá decretar, no curso do inquérito ou da ação
hora para a audiência de instrução e julgamento, penal, a apreensão e outras medidas assecuratórias
ordenará a citação pessoal do acusado, a intimação nos casos em que haja suspeita de que os bens,
do Ministério Público, do assistente, se for o caso, e direitos ou valores sejam produto do crime ou
requisitará os laudos periciais. constituam proveito dos crimes previstos nesta Lei,
procedendo-se na forma dos arts. 125 e seguintes do
§ 1º Tratando-se de condutas tipificadas como infração Decreto-Lei nº 3.689, de 3 de outubro de 1941 -
do disposto nos arts. 33, caput e § 1º , e 34 a 37 desta Código de Processo Penal .
Lei, o juiz, ao receber a denúncia, poderá decretar o
afastamento cautelar do denunciado de suas § 1º (Revogado).
atividades, se for funcionário público, comunicando ao
órgão respectivo. § 2º (Revogado).

§ 2º A audiência a que se refere o caput deste artigo § 3º Na hipótese do art. 366 do Decreto-Lei nº 3.689,
será realizada dentro dos 30 (trinta) dias seguintes ao de 3 de outubro de 1941 - Código de Processo Penal
recebimento da denúncia, salvo se determinada a , o juiz poderá determinar a prática de atos
realização de avaliação para atestar dependência de necessários à conservação dos bens, direitos ou
drogas, quando se realizará em 90 (noventa) dias. valores.

Art. 57. Na audiência de instrução e julgamento, após o § 4º A ordem de apreensão ou sequestro de bens,
interrogatório do acusado e a inquirição das direitos ou valores poderá ser suspensa pelo juiz,
testemunhas, será dada a palavra, sucessivamente, ouvido o Ministério Público, quando a sua execução
ao representante do Ministério Público e ao defensor imediata puder comprometer as investigações.
do acusado, para sustentação oral, pelo prazo de 20
(vinte) minutos para cada um, prorrogável por mais 10 § 5º Decretadas quaisquer das medidas previstas no
(dez), a critério do juiz. caput deste artigo, o juiz facultará ao acusado que, no
prazo de 5 (cinco) dias, apresente provas, ou requeira
Parágrafo único. Após proceder ao interrogatório, o juiz a produção delas, acerca da origem lícita do bem ou
indagará das partes se restou algum fato para ser do valor objeto da decisão, exceto no caso de veículo
esclarecido, formulando as perguntas apreendido em transporte de droga ilícita.
correspondentes se o entender pertinente e relevante.
§ 6º Provada a origem lícita do bem ou do valor, o juiz
Art. 58. Encerrados os debates, proferirá o juiz decidirá por sua liberação, exceto no caso de veículo
sentença de imediato, ou o fará em 10 (dez) dias, apreendido em transporte de droga ilícita, cuja
ordenando que os autos para isso lhe sejam destinação observará o disposto nos arts. 61 e 62
conclusos. desta Lei, ressalvado o direito de terceiro de boa-fé.

§ 1º (Revogado pela Lei nº 12.961, de 2014)

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Art. 60-A. Se as medidas assecuratórias de que trata o § 2º A alienação será realizada em autos apartados,
art. 60 desta Lei recaírem sobre moeda estrangeira, dos quais constará a exposição sucinta do nexo de
títulos, valores mobiliários ou cheques emitidos como instrumentalidade entre o delito e os bens
ordem de pagamento, será determinada, apreendidos, a descrição e especificação dos objetos,
imediatamente, a sua conversão em moeda nacional. as informações sobre quem os tiver sob custódia e o
local em que se encontrem.
§ 1º A moeda estrangeira apreendida em espécie deve
ser encaminhada a instituição financeira, ou § 3º O juiz determinará a avaliação dos bens
equiparada, para alienação na forma prevista pelo apreendidos, que será realizada por oficial de justiça,
Conselho Monetário Nacional. no prazo de 5 (cinco) dias a contar da autuação, ou,
caso sejam necessários conhecimentos
§ 2º Na hipótese de impossibilidade da alienação a que especializados, por avaliador nomeado pelo juiz, em
se refere o § 1º deste artigo, a moeda estrangeira será prazo não superior a 10 (dez) dias.
custodiada pela instituição financeira até decisão
sobre o seu destino. § 4º Feita a avaliação, o juiz intimará o órgão gestor do
Funad, o Ministério Público e o interessado para se
§ 3º Após a decisão sobre o destino da moeda manifestarem no prazo de 5 (cinco) dias e, dirimidas
estrangeira a que se refere o § 2º deste artigo, caso eventuais divergências, homologará o valor atribuído
seja verificada a inexistência de valor de mercado, aos bens.
seus espécimes poderão ser destruídos ou doados à
representação diplomática do país de origem. § 5º (VETADO).

§ 4º Os valores relativos às apreensões feitas antes da


data de entrada em vigor da Medida Provisória nº 885,
de 17 de junho de 2019, e que estejam custodiados § 6º (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 13.886,
nas dependências do Banco Central do Brasil devem de 2019)
ser transferidos à Caixa Econômica Federal, no prazo
de 360 (trezentos e sessenta) dias, para que se § 7º (Revogado). (Redação dada pela Lei nº
proceda à alienação ou custódia, de acordo com o 13.886, de 2019)
previsto nesta Lei.
§ 8º (Revogado). (Redação dada pela Lei nº
Art. 61. A apreensão de veículos, embarcações, 13.886, de 2019)
aeronaves e quaisquer outros meios de transporte e
dos maquinários, utensílios, instrumentos e objetos de § 9º O Ministério Público deve fiscalizar o cumprimento
qualquer natureza utilizados para a prática dos crimes da regra estipulada no § 1º deste artigo.
definidos nesta Lei será imediatamente comunicada
pela autoridade de polícia judiciária responsável pela § 10. Aplica-se a todos os tipos de bens confiscados a
investigação ao juízo competente. regra estabelecida no § 1º deste artigo.

Art. 61. A apreensão de veículos, embarcações, § 11. Os bens móveis e imóveis devem ser vendidos por
aeronaves e quaisquer outros meios de transporte e meio de hasta pública, preferencialmente por meio
dos maquinários, utensílios, instrumentos e objetos de eletrônico, assegurada a venda pelo maior lance, por
qualquer natureza utilizados para a prática, habitual preço não inferior a 50% (cinquenta por cento) do
ou não, dos crimes definidos nesta Lei será valor da avaliação judicial.
imediatamente comunicada pela autoridade de polícia
judiciária responsável pela investigação ao juízo § 12. O juiz ordenará às secretarias de fazenda e aos
competente. órgãos de registro e controle que efetuem as
averbações necessárias, tão logo tenha
§ 1º O juiz, no prazo de 30 (trinta) dias contado da conhecimento da apreensão.
comunicação de que trata o caput , determinará a
alienação dos bens apreendidos, excetuadas as § 13. Na alienação de veículos, embarcações ou
armas, que serão recolhidas na forma da legislação aeronaves, a autoridade de trânsito ou o órgão
específica. congênere competente para o registro, bem como as
secretarias de fazenda, devem proceder à

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regularização dos bens no prazo de 30 (trinta) dias,
ficando o arrematante isento do pagamento de § 5º Na hipótese de levantamento, se houver indicação
multas, encargos e tributos anteriores, sem prejuízo de que os bens utilizados na forma deste artigo
de execução fiscal em relação ao antigo proprietário. sofreram depreciação superior àquela esperada em
razão do transcurso do tempo e do uso, poderá o
§ 14. Eventuais multas, encargos ou tributos pendentes interessado requerer nova avaliação judicial.
de pagamento não podem ser cobrados do
arrematante ou do órgão público alienante como § 6º Constatada a depreciação de que trata o § 5º, o
condição para regularização dos bens. ente federado ou a entidade que utilizou o bem
indenizará o detentor ou proprietário dos bens.
§ 15. Na hipótese de que trata o § 13 deste artigo, a
autoridade de trânsito ou o órgão congênere § 7º (Revogado).
competente para o registro poderá emitir novos
identificadores dos bens. § 8º (Revogado).

Art. 62. Comprovado o interesse público na utilização § 9º (Revogado).


de quaisquer dos bens de que trata o art. 61, os
órgãos de polícia judiciária, militar e rodoviária § 10. (Revogado).
poderão deles fazer uso, sob sua responsabilidade e
com o objetivo de sua conservação, mediante § 11. (Revogado).
autorização judicial, ouvido o Ministério Público e
garantida a prévia avaliação dos respectivos bens. Art. 62-A. O depósito, em dinheiro, de valores
referentes ao produto da alienação ou a numerários
§ 1º (Revogado). apreendidos ou que tenham sido convertidos deve ser
efetuado na Caixa Econômica Federal, por meio de
§ 1º-A. O juízo deve cientificar o órgão gestor do Funad documento de arrecadação destinado a essa
para que, em 10 (dez) dias, avalie a existência do finalidade.
interesse público mencionado no caput deste artigo e
indique o órgão que deve receber o bem. § 1º Os depósitos a que se refere o caput deste artigo
devem ser transferidos, pela Caixa Econômica
§ 1º-B. Têm prioridade, para os fins do § 1º-A deste Federal, para a conta única do Tesouro Nacional,
artigo, os órgãos de segurança pública que independentemente de qualquer formalidade, no
participaram das ações de investigação ou repressão prazo de 24 (vinte e quatro) horas, contado do
ao crime que deu causa à medida. momento da realização do depósito, onde ficarão à
disposição do Funad.
§ 2º A autorização judicial de uso de bens deverá conter
a descrição do bem e a respectiva avaliação e indicar § 2º Na hipótese de absolvição do acusado em decisão
o órgão responsável por sua utilização. judicial, o valor do depósito será devolvido a ele pela
Caixa Econômica Federal no prazo de até 3 (três) dias
§ 3º O órgão responsável pela utilização do bem úteis, acrescido de juros, na forma estabelecida pelo
deverá enviar ao juiz periodicamente, ou a qualquer § 4º do art. 39 da Lei nº 9.250, de 26 de dezembro de
momento quando por este solicitado, informações 1995.
sobre seu estado de conservação.
§ 3º Na hipótese de decretação do seu perdimento em
§ 4º Quando a autorização judicial recair sobre favor da União, o valor do depósito será transformado
veículos, embarcações ou aeronaves, o juiz ordenará em pagamento definitivo, respeitados os direitos de
à autoridade ou ao órgão de registro e controle a eventuais lesados e de terceiros de boa-fé.
expedição de certificado provisório de registro e
licenciamento em favor do órgão ao qual tenha § 4º Os valores devolvidos pela Caixa Econômica
deferido o uso ou custódia, ficando este livre do Federal, por decisão judicial, devem ser efetuados
pagamento de multas, encargos e tributos anteriores como anulação de receita do Funad no exercício em
à decisão de utilização do bem até o trânsito em que ocorrer a devolução.
julgado da decisão que decretar o seu perdimento em
favor da União.

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§ 5º A Caixa Econômica Federal deve manter o controle
dos valores depositados ou devolvidos. § 5º (VETADO).

Art. 63. Ao proferir a sentença, o juiz decidirá sobre: § 6º Na hipótese do inciso II do caput , decorridos 360
(trezentos e sessenta) dias do trânsito em julgado e
I - o perdimento do produto, bem, direito ou valor do conhecimento da sentença pelo interessado, os
apreendido ou objeto de medidas assecuratórias; e bens apreendidos, os que tenham sido objeto de
medidas assecuratórias ou os valores depositados
II - o levantamento dos valores depositados em conta que não forem reclamados serão revertidos ao Funad.
remunerada e a liberação dos bens utilizados nos
termos do art. 62. Art. 63-A. Nenhum pedido de restituição será
conhecido sem o comparecimento pessoal do
§ 1º Os bens, direitos ou valores apreendidos em acusado, podendo o juiz determinar a prática de atos
decorrência dos crimes tipificados nesta Lei ou objeto necessários à conservação de bens, direitos ou
de medidas assecuratórias, após decretado seu valores.
perdimento em favor da União, serão revertidos
diretamente ao Funad. Art. 63-B. O juiz determinará a liberação total ou parcial
dos bens, direitos e objeto de medidas assecuratórias
§ 2º O juiz remeterá ao órgão gestor do Funad relação quando comprovada a licitude de sua origem,
dos bens, direitos e valores declarados perdidos, mantendo-se a constrição dos bens, direitos e valores
indicando o local em que se encontram e a entidade necessários e suficientes à reparação dos danos e ao
ou o órgão em cujo poder estejam, para os fins de sua pagamento de prestações pecuniárias, multas e
destinação nos termos da legislação vigente. custas decorrentes da infração penal.

§ 3º (Revogado).
Art. 63-C. Compete à Senad, do Ministério da Justiça e
§ 4º Transitada em julgado a sentença condenatória, o Segurança Pública, proceder à destinação dos bens
juiz do processo, de ofício ou a requerimento do apreendidos e não leiloados em caráter cautelar, cujo
Ministério Público, remeterá à Senad relação dos perdimento seja decretado em favor da União, por
bens, direitos e valores declarados perdidos em favor meio das seguintes modalidades:
da União, indicando, quanto aos bens, o local em que
se encontram e a entidade ou o órgão em cujo poder I – alienação, mediante:
estejam, para os fins de sua destinação nos termos da
legislação vigente. a) licitação;

§ 4º-A. Antes de encaminhar os bens ao órgão gestor b) doação com encargo a entidades ou órgãos públicos,
do Funad, o juíz deve: bem como a comunidades terapêuticas acolhedoras
que contribuam para o alcance das finalidades do
I – ordenar às secretarias de fazenda e aos órgãos de Funad; ou
registro e controle que efetuem as averbações
necessárias, caso não tenham sido realizadas quando c) venda direta, observado o disposto no inciso II do
da apreensão; e caput do art. 24 da Lei nº 8.666, de 21 de junho de
1993:
II – determinar, no caso de imóveis, o registro de
propriedade em favor da União no cartório de registro II – incorporação ao patrimônio de órgão da
de imóveis competente, nos termos do caput e do administração pública, observadas as finalidades do
parágrafo único do art. 243 da Constituição Federal, Funad:
afastada a responsabilidade de terceiros prevista no
inciso VI do caput do art. 134 da Lei nº 5.172, de 25 III – destruição;ou
de outubro de 1966 (Código Tributário Nacional), bem
como determinar à Secretaria de Coordenação e IV – inutilização.
Governança do Patrimônio da União a incorporação e
entrega do imóvel, tornando-o livre e desembaraçado § 1º A alienação por meio de licitação deve ser realizada
de quaisquer ônus para sua destinação. na modalidade leilão, para bens móveis e imóveis,

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independentemente do valor de avaliação, isolado ou sub-rogação sobre o valor da arrematação para saldar
global, de bem ou de lotes, assegurada a venda pelo eventuais multas, encargos ou tributos pendentes de
maior lance, por preço não inferior a 50% (cinquenta pagamento.
por cento) do valor da avaliação.
Parágrafo único. O disposto no caput deste artigo não
§ 2º O edital do leilão a que se refere o § 1º deste artigo prejudica o ajuizamento de execução fiscal em
será amplamente divulgado em jornais de grande relação aos antigos devedores.
circulação e em sítios eletrônicos oficiais,
principalmente no Município em que será realizado, Art. 63-F. Na hipótese de condenação por infrações às
dispensada a publicação em diário oficial. quais esta Lei comine pena máxima superior a 6 (seis)
anos de reclusão, poderá ser decretada a perda,
§ 3º Nas alienações realizadas por meio de sistema como produto ou proveito do crime, dos bens
eletrônico da administração pública, a publicidade correspondentes à diferença entre o valor do
dada pelo sistema substituirá a publicação em diário patrimônio do condenado e aquele compatível com o
oficial e em jornais de grande circulação. seu rendimento lícito.

§ 4º Na alienação de imóveis, o arrematante fica livre § 1º A decretação da perda prevista no caput deste
do pagamento de encargos e tributos anteriores, sem artigo fica condicionada à existência de elementos
prejuízo de execução fiscal em relação ao antigo probatórios que indiquem conduta criminosa habitual,
proprietário. reiterada ou profissional do condenado ou sua
vinculação a organização criminosa.
§ 5º Na alienação de veículos, embarcações ou
aeronaves deverão ser observadas as disposições § 2º Para efeito da perda prevista no caput deste artigo,
dos §§ 13 e 15 do art. 61 desta Lei. entende-se por patrimônio do condenado todos os
bens:
§ 6º Aplica-se às alienações de que trata este artigo a
proibição relativa à cobrança de multas, encargos ou I – de sua titularidade, ou sobre os quais tenha domínio
tributos prevista no § 14 do art. 61 desta Lei. e benefício direto ou indireto, na data da infração
penal, ou recebidos posteriormente; e
§ 7º A Senad, do Ministério da Justiça e Segurança
Pública, pode celebrar convênios ou instrumentos II – transferidos a terceiros a título gratuito ou mediante
congêneres com órgãos e entidades da União, dos contraprestação irrisória, a partir do início da atividade
Estados, do Distrito Federal ou dos Municípios, bem criminal.
como com comunidades terapêuticas acolhedoras, a
fim de dar imediato cumprimento ao estabelecido § 3º O condenado poderá demonstrar a inexistência da
neste artigo. incompatibilidade ou a procedência lícita do
patrimônio.
§ 8º Observados os procedimentos licitatórios previstos
em lei, fica autorizada a contratação da iniciativa Art. 64. A União, por intermédio da Senad, poderá firmar
privada para a execução das ações de avaliação, de convênio com os Estados, com o Distrito Federal e
administração e de alienação dos bens a que se refere com organismos orientados para a prevenção do uso
esta Lei. indevido de drogas, a atenção e a reinserção social de
usuários ou dependentes e a atuação na repressão à
Art. 63-D. Compete ao Ministério da Justiça e produção não autorizada e ao tráfico ilícito de drogas,
Segurança Pública regulamentar os procedimentos com vistas na liberação de equipamentos e de
relativos à administração, à preservação e à recursos por ela arrecadados, para a implantação e
destinação dos recursos provenientes de delitos e execução de programas relacionados à questão das
atos ilícitos e estabelecer os valores abaixo dos quais drogas.
se deve proceder à sua destruição ou inutilização.
TÍTULO V
Art. 63-E. O produto da alienação dos bens DA COOPERAÇÃO INTERNACIONAL
apreendidos ou confiscados será revertido
integralmente ao Funad, nos termos do parágrafo Art. 65. De conformidade com os princípios da não-
único do art. 243 da Constituição Federal, vedada a intervenção em assuntos internos, da igualdade

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jurídica e do respeito à integridade territorial dos à documentação e a todos os elementos necessários
Estados e às leis e aos regulamentos nacionais em à efetiva fiscalização pelos órgãos competentes.
vigor, e observado o espírito das Convenções das
Nações Unidas e outros instrumentos jurídicos Art. 68. A União, os Estados, o Distrito Federal e os
internacionais relacionados à questão das drogas, de Municípios poderão criar estímulos fiscais e outros,
que o Brasil é parte, o governo brasileiro prestará, destinados às pessoas físicas e jurídicas que
quando solicitado, cooperação a outros países e colaborem na prevenção do uso indevido de drogas,
organismos internacionais e, quando necessário, atenção e reinserção social de usuários e
deles solicitará a colaboração, nas áreas de: dependentes e na repressão da produção não
autorizada e do tráfico ilícito de drogas.
I - intercâmbio de informações sobre legislações,
experiências, projetos e programas voltados para Art. 69. No caso de falência ou liquidação extrajudicial
atividades de prevenção do uso indevido, de atenção de empresas ou estabelecimentos hospitalares, de
e de reinserção social de usuários e dependentes de pesquisa, de ensino, ou congêneres, assim como nos
drogas; serviços de saúde que produzirem, venderem,
adquirirem, consumirem, prescreverem ou
II - intercâmbio de inteligência policial sobre produção e fornecerem drogas ou de qualquer outro em que
tráfico de drogas e delitos conexos, em especial o existam essas substâncias ou produtos, incumbe ao
tráfico de armas, a lavagem de dinheiro e o desvio de juízo perante o qual tramite o feito:
precursores químicos;
I - determinar, imediatamente à ciência da falência ou
III - intercâmbio de informações policiais e judiciais liquidação, sejam lacradas suas instalações;
sobre produtores e traficantes de drogas e seus
precursores químicos. II - ordenar à autoridade sanitária competente a urgente
adoção das medidas necessárias ao recebimento e
guarda, em depósito, das drogas arrecadadas;
TÍTULO V-A
III - dar ciência ao órgão do Ministério Público, para
DO FINANCIAMENTO DAS POLÍTICAS SOBRE acompanhar o feito.
DROGAS
§ 1º Da licitação para alienação de substâncias ou
Art. 65-A . (VETADO). produtos não proscritos referidos no inciso II do caput
deste artigo, só podem participar pessoas jurídicas
TÍTULO VI regularmente habilitadas na área de saúde ou de
DISPOSIÇÕES FINAIS E TRANSITÓRIAS pesquisa científica que comprovem a destinação lícita
a ser dada ao produto a ser arrematado.
Art. 66. Para fins do disposto no parágrafo único do art.
1º desta Lei, até que seja atualizada a terminologia da § 2º Ressalvada a hipótese de que trata o § 3º deste
lista mencionada no preceito, denominam-se drogas artigo, o produto não arrematado será, ato contínuo à
substâncias entorpecentes, psicotrópicas, hasta pública, destruído pela autoridade sanitária, na
precursoras e outras sob controle especial, da presença dos Conselhos Estaduais sobre Drogas e do
Portaria SVS/MS nº 344, de 12 de maio de 1998. Ministério Público.

Art. 67. A liberação dos recursos previstos na Lei nº § 3º Figurando entre o praceado e não arrematadas
7.560, de 19 de dezembro de 1986, em favor de especialidades farmacêuticas em condições de
Estados e do Distrito Federal, dependerá de sua emprego terapêutico, ficarão elas depositadas sob a
adesão e respeito às diretrizes básicas contidas nos guarda do Ministério da Saúde, que as destinará à
convênios firmados e do fornecimento de dados rede pública de saúde.
necessários à atualização do sistema previsto no art.
17 desta Lei, pelas respectivas polícias judiciárias. Art. 70. O processo e o julgamento dos crimes previstos
nos arts. 33 a 37 desta Lei, se caracterizado ilícito
Art. 67-A. Os gestores e entidades que recebam transnacional, são da competência da Justiça
recursos públicos para execução das políticas sobre Federal.
drogas deverão garantir o acesso às suas instalações,

92
Parágrafo único. Os crimes praticados nos Municípios Parágrafo único. A pena é aumentada de metade se o
que não sejam sede de vara federal serão crime for cometido mediante concurso de 2 (duas) ou
processados e julgados na vara federal da mais pessoas.
circunscrição respectiva.
Art. 3º Impedir ou obstar o acesso de alguém,
Art. 71. (VETADO) devidamente habilitado, a qualquer cargo da
Administração Direta ou Indireta, bem como das
Art. 72. Encerrado o processo criminal ou arquivado o concessionárias de serviços públicos.
inquérito policial, o juiz, de ofício, mediante
representação da autoridade de polícia judiciária, ou Pena: reclusão de dois a cinco anos.
a requerimento do Ministério Público, determinará a
destruição das amostras guardadas para contraprova, Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem, por
certificando nos autos. motivo de discriminação de raça, cor, etnia, religião ou
procedência nacional, obstar a promoção funcional.
Art. 73. A União poderá estabelecer convênios com os
Estados e o com o Distrito Federal, visando à Art. 4º Negar ou obstar emprego em empresa privada.
prevenção e repressão do tráfico ilícito e do uso
indevido de drogas, e com os Municípios, com o Pena: reclusão de dois a cinco anos.
objetivo de prevenir o uso indevido delas e de
possibilitar a atenção e reinserção social de usuários § 1o Incorre na mesma pena quem, por motivo de
e dependentes de drogas. discriminação de raça ou de cor ou práticas
resultantes do preconceito de descendência ou
Art. 74. Esta Lei entra em vigor 45 (quarenta e cinco) origem nacional ou étnica:
dias após a sua publicação.
I - deixar de conceder os equipamentos necessários ao
Art. 75. Revogam-se a Lei nº 6.368, de 21 de outubro empregado em igualdade de condições com os
de 1976, e a Lei nº 10.409, de 11 de janeiro de 2002. demais trabalhadores;

II - impedir a ascensão funcional do empregado ou


obstar outra forma de benefício profissional;
Lei nº 7.716/1989 (Crimes
resultantes de III - proporcionar ao empregado tratamento diferenciado
no ambiente de trabalho, especialmente quanto ao
preconceitos de raça ou salário.
de cor)
§ 2o Ficará sujeito às penas de multa e de prestação
de serviços à comunidade, incluindo atividades de
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, faço saber que o promoção da igualdade racial, quem, em anúncios ou
Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte qualquer outra forma de recrutamento de
Lei: trabalhadores, exigir aspectos de aparência próprios
de raça ou etnia para emprego cujas atividades não
Art. 1º Serão punidos, na forma desta Lei, os crimes justifiquem essas exigências.
resultantes de discriminação ou preconceito de raça,
cor, etnia, religião ou procedência nacional. Art. 5º Recusar ou impedir acesso a estabelecimento
comercial, negando-se a servir, atender ou receber
Art. 2º (Vetado). cliente ou comprador.

Art. 2º-A Injuriar alguém, ofendendo-lhe a dignidade ou Pena: reclusão de um a três anos.
o decoro, em razão de raça, cor, etnia ou procedência
nacional. Art. 6º Recusar, negar ou impedir a inscrição ou
ingresso de aluno em estabelecimento de ensino
Pena: reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa. público ou privado de qualquer grau.

Pena: reclusão de três a cinco anos.

93
Art. 16. Constitui efeito da condenação a perda do cargo
Parágrafo único. Se o crime for praticado contra menor ou função pública, para o servidor público, e a
de dezoito anos a pena é agravada de 1/3 (um terço). suspensão do funcionamento do estabelecimento
particular por prazo não superior a três meses.
Art. 7º Impedir o acesso ou recusar hospedagem em
hotel, pensão, estalagem, ou qualquer Art. 17. (Vetado).
estabelecimento similar.
Art. 18. Os efeitos de que tratam os arts. 16 e 17 desta
Pena: reclusão de três a cinco anos. Lei não são automáticos, devendo ser motivadamente
declarados na sentença.
Art. 8º Impedir o acesso ou recusar atendimento em
restaurantes, bares, confeitarias, ou locais Art. 19. (Vetado).
semelhantes abertos ao público.
Art. 20. Praticar, induzir ou incitar a discriminação ou
Pena: reclusão de um a três anos. preconceito de raça, cor, etnia, religião ou
procedência nacional.
Art. 9º Impedir o acesso ou recusar atendimento em
estabelecimentos esportivos, casas de diversões, ou Pena: reclusão de um a três anos e multa.
clubes sociais abertos ao público.
§ 1º Fabricar, comercializar, distribuir ou veicular
Pena: reclusão de um a três anos. símbolos, emblemas, ornamentos, distintivos ou
propaganda que utilizem a cruz suástica ou gamada,
Art. 10. Impedir o acesso ou recusar atendimento em para fins de divulgação do nazismo.
salões de cabeleireiros, barbearias, termas ou casas
de massagem ou estabelecimento com as mesmas Pena: reclusão de dois a cinco anos e multa.
finalidades.
§ 2º Se qualquer dos crimes previstos neste artigo for
Pena: reclusão de um a três anos. cometido por intermédio dos meios de comunicação
social, de publicação em redes sociais, da rede
Art. 11. Impedir o acesso às entradas sociais em mundial de computadores ou de publicação de
edifícios públicos ou residenciais e elevadores ou qualquer natureza:
escada de acesso aos mesmos:
Pena: reclusão de dois a cinco anos e multa.
Pena: reclusão de um a três anos.
§ 2º-A Se qualquer dos crimes previstos neste artigo for
Art. 12. Impedir o acesso ou uso de transportes cometido no contexto de atividades esportivas,
públicos, como aviões, navios barcas, barcos, ônibus, religiosas, artísticas ou culturais destinadas ao
trens, metrô ou qualquer outro meio de transporte público:
concedido.
Pena: reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e proibição
Pena: reclusão de um a três anos. de frequência, por 3 (três) anos, a locais destinados a
práticas esportivas, artísticas ou culturais destinadas
Art. 13. Impedir ou obstar o acesso de alguém ao ao público, conforme o caso.
serviço em qualquer ramo das Forças Armadas.
§ 2º-B Sem prejuízo da pena correspondente à
Pena: reclusão de dois a quatro anos. violência, incorre nas mesmas penas previstas no
caput deste artigo quem obstar, impedir ou empregar
Art. 14. Impedir ou obstar, por qualquer meio ou forma, violência contra quaisquer manifestações ou práticas
o casamento ou convivência familiar e social. religiosas.

Pena: reclusão de dois a quatro anos. § 3º No caso do § 2º deste artigo, o juiz poderá
determinar, ouvido o Ministério Público ou a pedido
Art. 15. (Vetado). deste, ainda antes do inquérito policial, sob pena de
desobediência:

94
I - o recolhimento imediato ou a busca e apreensão dos
exemplares do material respectivo;

II - a cessação das respectivas transmissões ECA


radiofônicas, televisivas, eletrônicas ou da publicação
por qualquer meio; Título I

III - a interdição das respectivas mensagens ou páginas Das Disposições Preliminares


de informação na rede mundial de computadores.
Art. 1º Esta Lei dispõe sobre a proteção integral à
§ 4º Na hipótese do § 2º, constitui efeito da condenação, criança e ao adolescente.
após o trânsito em julgado da decisão, a destruição do
material apreendido. Art. 2º Considera-se criança, para os efeitos desta Lei,
a pessoa até doze anos de idade incompletos, e
Art. 20-A. Os crimes previstos nesta Lei terão as penas adolescente aquela entre doze e dezoito anos de
aumentadas de 1/3 (um terço) até a metade, quando idade.
ocorrerem em contexto ou com intuito de
descontração, diversão ou recreação. Parágrafo único. Nos casos expressos em lei, aplica-se
excepcionalmente este Estatuto às pessoas entre
Art. 20-B. Os crimes previstos nos arts. 2º-A e 20 desta dezoito e vinte e um anos de idade.
Lei terão as penas aumentadas de 1/3 (um terço) até
a metade, quando praticados por funcionário público, Art. 3º A criança e o adolescente gozam de todos os
conforme definição prevista no Decreto-Lei nº 2.848, direitos fundamentais inerentes à pessoa humana,
de 7 de dezembro de 1940 (Código Penal), no sem prejuízo da proteção integral de que trata esta
exercício de suas funções ou a pretexto de exercê-las. Lei, assegurando-se-lhes, por lei ou por outros meios,
todas as oportunidades e facilidades, a fim de lhes
Art. 20-C. Na interpretação desta Lei, o juiz deve facultar o desenvolvimento físico, mental, moral,
considerar como discriminatória qualquer atitude ou espiritual e social, em condições de liberdade e de
tratamento dado à pessoa ou a grupos minoritários dignidade.
que cause constrangimento, humilhação, vergonha,
medo ou exposição indevida, e que usualmente não Parágrafo único. Os direitos enunciados nesta Lei
se dispensaria a outros grupos em razão da cor, etnia, aplicam-se a todas as crianças e adolescentes, sem
religião ou procedência. discriminação de nascimento, situação familiar, idade,
sexo, raça, etnia ou cor, religião ou crença,
Art. 20-D. Em todos os atos processuais, cíveis e deficiência, condição pessoal de desenvolvimento e
criminais, a vítima dos crimes de racismo deverá estar aprendizagem, condição econômica, ambiente social,
acompanhada de advogado ou defensor público. região e local de moradia ou outra condição que
diferencie as pessoas, as famílias ou a comunidade
Art. 21. Esta Lei entra em vigor na data de sua em que vivem.
publicação.
Art. 4º É dever da família, da comunidade, da sociedade
Art. 22. Revogam-se as disposições em contrário. em geral e do poder público assegurar, com absoluta
prioridade, a efetivação dos direitos referentes à vida,
à saúde, à alimentação, à educação, ao esporte, ao
lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao
respeito, à liberdade e à convivência familiar e
comunitária.

Parágrafo único. A garantia de prioridade compreende:

a) primazia de receber proteção e socorro em quaisquer


circunstâncias;

95
b) precedência de atendimento nos serviços públicos acesso a outros serviços e a grupos de apoio à
ou de relevância pública; amamentação.

c) preferência na formulação e na execução das § 4 o Incumbe ao poder público proporcionar


políticas sociais públicas; assistência psicológica à gestante e à mãe, no
período pré e pós-natal, inclusive como forma de
d) destinação privilegiada de recursos públicos nas prevenir ou minorar as consequências do estado
áreas relacionadas com a proteção à infância e à puerperal.
juventude.
§ 5 o A assistência referida no § 4 o deste artigo deverá
Art. 5º Nenhuma criança ou adolescente será objeto de ser prestada também a gestantes e mães que
qualquer forma de negligência, discriminação, manifestem interesse em entregar seus filhos para
exploração, violência, crueldade e opressão, punido adoção, bem como a gestantes e mães que se
na forma da lei qualquer atentado, por ação ou encontrem em situação de privação de liberdade.
omissão, aos seus direitos fundamentais.
§ 6 o A gestante e a parturiente têm direito a 1 (um)
Art. 6º Na interpretação desta Lei levar-se-ão em conta acompanhante de sua preferência durante o período
os fins sociais a que ela se dirige, as exigências do do pré-natal, do trabalho de parto e do pós-parto
bem comum, os direitos e deveres individuais e imediato.
coletivos, e a condição peculiar da criança e do
adolescente como pessoas em desenvolvimento. § 7 o A gestante deverá receber orientação sobre
aleitamento materno, alimentação complementar
Título II saudável e crescimento e desenvolvimento infantil,
Dos Direitos Fundamentais bem como sobre formas de favorecer a criação de
Capítulo I vínculos afetivos e de estimular o desenvolvimento
Do Direito à Vida e à Saúde integral da criança.

Art. 7º A criança e o adolescente têm direito a proteção § 8 o A gestante tem direito a acompanhamento
à vida e à saúde, mediante a efetivação de políticas saudável durante toda a gestação e a parto natural
sociais públicas que permitam o nascimento e o cuidadoso, estabelecendo-se a aplicação de
desenvolvimento sadio e harmonioso, em condições cesariana e outras intervenções cirúrgicas por
dignas de existência. motivos médicos.

Art. 8 o É assegurado a todas as mulheres o acesso § 9 o A atenção primária à saúde fará a busca ativa da
aos programas e às políticas de saúde da mulher e de gestante que não iniciar ou que abandonar as
planejamento reprodutivo e, às gestantes, nutrição consultas de pré-natal, bem como da puérpera que
adequada, atenção humanizada à gravidez, ao parto não comparecer às consultas pós-parto.
e ao puerpério e atendimento pré-natal, perinatal e
pós-natal integral no âmbito do Sistema Único de § 10. Incumbe ao poder público garantir, à gestante e
Saúde. à mulher com filho na primeira infância que se
encontrem sob custódia em unidade de privação de
§ 1 o O atendimento pré-natal será realizado por liberdade, ambiência que atenda às normas sanitárias
profissionais da atenção primária. e assistenciais do Sistema Único de Saúde para o
acolhimento do filho, em articulação com o sistema de
§ 2 o Os profissionais de saúde de referência da ensino competente, visando ao desenvolvimento
gestante garantirão sua vinculação, no último integral da criança.
trimestre da gestação, ao estabelecimento em que
será realizado o parto, garantido o direito de opção da Art. 8º-A. Fica instituída a Semana Nacional de
mulher. Prevenção da Gravidez na Adolescência, a ser
realizada anualmente na semana que incluir o dia 1º
§ 3 o Os serviços de saúde onde o parto for realizado de fevereiro, com o objetivo de disseminar
assegurarão às mulheres e aos seus filhos recém- informações sobre medidas preventivas e educativas
nascidos alta hospitalar responsável e que contribuam para a redução da incidência da
contrarreferência na atenção primária, bem como o gravidez na adolescência.

96
§ 1º Os testes para o rastreamento de doenças no
Parágrafo único. As ações destinadas a efetivar o recém-nascido serão disponibilizados pelo Sistema
disposto no caput deste artigo ficarão a cargo do Único de Saúde, no âmbito do Programa Nacional de
poder público, em conjunto com organizações da Triagem Neonatal (PNTN), na forma da
sociedade civil, e serão dirigidas prioritariamente ao regulamentação elaborada pelo Ministério da Saúde,
público adolescente. com implementação de forma escalonada, de acordo
com a seguinte ordem de progressão:
Art. 9º O poder público, as instituições e os
empregadores propiciarão condições adequadas ao I – etapa 1:
aleitamento materno, inclusive aos filhos de mães
submetidas a medida privativa de liberdade. a) fenilcetonúria e outras hiperfenilalaninemias;

§ 1 o Os profissionais das unidades primárias de saúde b) hipotireoidismo congênito;


desenvolverão ações sistemáticas, individuais ou
coletivas, visando ao planejamento, à implementação c) doença falciforme e outras hemoglobinopatias;
e à avaliação de ações de promoção, proteção e apoio
ao aleitamento materno e à alimentação d) fibrose cística;
complementar saudável, de forma contínua.
e) hiperplasia adrenal congênita;
§ 2 o Os serviços de unidades de terapia intensiva
neonatal deverão dispor de banco de leite humano ou f) deficiência de biotinidase;
unidade de coleta de leite humano.
g) toxoplasmose congênita;
Art. 10. Os hospitais e demais estabelecimentos de
atenção à saúde de gestantes, públicos e particulares, II – etapa 2:
são obrigados a:
a) galactosemias;
I - manter registro das atividades desenvolvidas,
através de prontuários individuais, pelo prazo de b) aminoacidopatias;
dezoito anos;
c) distúrbios do ciclo da ureia;
II - identificar o recém-nascido mediante o registro de
sua impressão plantar e digital e da impressão digital d) distúrbios da betaoxidação dos ácidos graxos;
da mãe, sem prejuízo de outras formas normatizadas
pela autoridade administrativa competente; III – etapa 3: doenças lisossômicas;

III - proceder a exames visando ao diagnóstico e IV – etapa 4: imunodeficiências primárias;


terapêutica de anormalidades no metabolismo do
recém-nascido, bem como prestar orientação aos V – etapa 5: atrofia muscular espinhal.
pais;
§ 2º A delimitação de doenças a serem rastreadas pelo
IV - fornecer declaração de nascimento onde constem teste do pezinho, no âmbito do PNTN, será revisada
necessariamente as intercorrências do parto e do periodicamente, com base em evidências científicas,
desenvolvimento do neonato; considerados os benefícios do rastreamento, do
diagnóstico e do tratamento precoce, priorizando as
V - manter alojamento conjunto, possibilitando ao doenças com maior prevalência no País, com
neonato a permanência junto à mãe. protocolo de tratamento aprovado e com tratamento
incorporado no Sistema Único de Saúde.
VI - acompanhar a prática do processo de
amamentação, prestando orientações quanto à § 3º O rol de doenças constante do § 1º deste artigo
técnica adequada, enquanto a mãe permanecer na poderá ser expandido pelo poder público com base
unidade hospitalar, utilizando o corpo técnico já nos critérios estabelecidos no § 2º deste artigo.
existente.

97
§ 4º Durante os atendimentos de pré-natal e de § 2 o Os serviços de saúde em suas diferentes portas
puerpério imediato, os profissionais de saúde devem de entrada, os serviços de assistência social em seu
informar a gestante e os acompanhantes sobre a componente especializado, o Centro de Referência
importância do teste do pezinho e sobre as eventuais Especializado de Assistência Social (Creas) e os
diferenças existentes entre as modalidades demais órgãos do Sistema de Garantia de Direitos da
oferecidas no Sistema Único de Saúde e na rede Criança e do Adolescente deverão conferir máxima
privada de saúde. prioridade ao atendimento das crianças na faixa etária
da primeira infância com suspeita ou confirmação de
Art. 11. É assegurado acesso integral às linhas de violência de qualquer natureza, formulando projeto
cuidado voltadas à saúde da criança e do terapêutico singular que inclua intervenção em rede e,
adolescente, por intermédio do Sistema Único de se necessário, acompanhamento domiciliar.
Saúde, observado o princípio da equidade no acesso
a ações e serviços para promoção, proteção e Art. 14. O Sistema Único de Saúde promoverá
recuperação da saúde. programas de assistência médica e odontológica para
a prevenção das enfermidades que ordinariamente
§ 1 o A criança e o adolescente com deficiência serão afetam a população infantil, e campanhas de
atendidos, sem discriminação ou segregação, em educação sanitária para pais, educadores e alunos.
suas necessidades gerais de saúde e específicas de
habilitação e reabilitação. § 1 o É obrigatória a vacinação das crianças nos casos
recomendados pelas autoridades sanitárias.
§ 2 o Incumbe ao poder público fornecer gratuitamente,
àqueles que necessitarem, medicamentos, órteses, § 2 o O Sistema Único de Saúde promoverá a atenção
próteses e outras tecnologias assistivas relativas ao à saúde bucal das crianças e das gestantes, de forma
tratamento, habilitação ou reabilitação para crianças e transversal, integral e intersetorial com as demais
adolescentes, de acordo com as linhas de cuidado linhas de cuidado direcionadas à mulher e à criança.
voltadas às suas necessidades específicas.
§ 3 o A atenção odontológica à criança terá função
§ 3 o Os profissionais que atuam no cuidado diário ou educativa protetiva e será prestada, inicialmente,
frequente de crianças na primeira infância receberão antes de o bebê nascer, por meio de aconselhamento
formação específica e permanente para a detecção pré-natal, e, posteriormente, no sexto e no décimo
de sinais de risco para o desenvolvimento psíquico, segundo anos de vida, com orientações sobre saúde
bem como para o acompanhamento que se fizer bucal.
necessário.
§ 4 o A criança com necessidade de cuidados
Art. 12. Os estabelecimentos de atendimento à saúde, odontológicos especiais será atendida pelo Sistema
inclusive as unidades neonatais, de terapia intensiva Único de Saúde.
e de cuidados intermediários, deverão proporcionar
condições para a permanência em tempo integral de § 5 º É obrigatória a aplicação a todas as crianças, nos
um dos pais ou responsável, nos casos de internação seus primeiros dezoito meses de vida, de protocolo ou
de criança ou adolescente. outro instrumento construído com a finalidade de
facilitar a detecção, em consulta pediátrica de
Art. 13. Os casos de suspeita ou confirmação de castigo acompanhamento da criança, de risco para o seu
físico, de tratamento cruel ou degradante e de maus- desenvolvimento psíquico.
tratos contra criança ou adolescente serão
obrigatoriamente comunicados ao Conselho Tutelar Capítulo II
da respectiva localidade, sem prejuízo de outras
providências legais. Do Direito à Liberdade, ao Respeito e à Dignidade

§ 1 o As gestantes ou mães que manifestem interesse Art. 15. A criança e o adolescente têm direito à
em entregar seus filhos para adoção serão liberdade, ao respeito e à dignidade como pessoas
obrigatoriamente encaminhadas, sem humanas em processo de desenvolvimento e como
constrangimento, à Justiça da Infância e da sujeitos de direitos civis, humanos e sociais
Juventude. garantidos na Constituição e nas leis.

98
Art. 16. O direito à liberdade compreende os seguintes a) humilhe; ou
aspectos:
b) ameace gravemente; ou
I - ir, vir e estar nos logradouros públicos e espaços
comunitários, ressalvadas as restrições legais; c) ridicularize.

II - opinião e expressão; Art. 18-B. Os pais, os integrantes da família ampliada,


os responsáveis, os agentes públicos executores de
III - crença e culto religioso; medidas socioeducativas ou qualquer pessoa
encarregada de cuidar de crianças e de adolescentes,
IV - brincar, praticar esportes e divertir-se; tratá-los, educá-los ou protegê-los que utilizarem
castigo físico ou tratamento cruel ou degradante como
V - participar da vida familiar e comunitária, sem formas de correção, disciplina, educação ou qualquer
discriminação; outro pretexto estarão sujeitos, sem prejuízo de outras
sanções cabíveis, às seguintes medidas, que serão
VI - participar da vida política, na forma da lei; aplicadas de acordo com a gravidade do caso:

VII - buscar refúgio, auxílio e orientação. I - encaminhamento a programa oficial ou comunitário


de proteção à família;
Art. 17. O direito ao respeito consiste na inviolabilidade
da integridade física, psíquica e moral da criança e do II - encaminhamento a tratamento psicológico ou
adolescente, abrangendo a preservação da imagem, psiquiátrico;
da identidade, da autonomia, dos valores, idéias e
crenças, dos espaços e objetos pessoais. III - encaminhamento a cursos ou programas de
orientação;
Art. 18. É dever de todos velar pela dignidade da
criança e do adolescente, pondo-os a salvo de IV - obrigação de encaminhar a criança a tratamento
qualquer tratamento desumano, violento, especializado;
aterrorizante, vexatório ou constrangedor.
V - advertência.
Art. 18-A. A criança e o adolescente têm o direito de ser
educados e cuidados sem o uso de castigo físico ou VI - garantia de tratamento de saúde especializado à
de tratamento cruel ou degradante, como formas de vítima.
correção, disciplina, educação ou qualquer outro
pretexto, pelos pais, pelos integrantes da família Parágrafo único. As medidas previstas neste artigo
ampliada, pelos responsáveis, pelos agentes públicos serão aplicadas pelo Conselho Tutelar, sem prejuízo
executores de medidas socioeducativas ou por de outras providências legais.
qualquer pessoa encarregada de cuidar deles, tratá-
los, educá-los ou protegê-los. Capítulo III

Parágrafo único. Para os fins desta Lei, considera-se: Do Direito à Convivência Familiar e Comunitária

I - castigo físico: ação de natureza disciplinar ou punitiva Seção I


aplicada com o uso da força física sobre a criança ou
o adolescente que resulte em: Disposições Gerais

a) sofrimento físico; ou Art. 19. É direito da criança e do adolescente ser criado


e educado no seio de sua família e,
b) lesão; excepcionalmente, em família substituta, assegurada
a convivência familiar e comunitária, em ambiente que
II - tratamento cruel ou degradante: conduta ou forma garanta seu desenvolvimento integral.
cruel de tratamento em relação à criança ou ao
adolescente que: § 1 o Toda criança ou adolescente que estiver inserido
em programa de acolhimento familiar ou institucional

99
terá sua situação reavaliada, no máximo, a cada 3
(três) meses, devendo a autoridade judiciária § 3 o A busca à família extensa, conforme definida nos
competente, com base em relatório elaborado por termos do parágrafo único do art. 25 desta Lei,
equipe interprofissional ou multidisciplinar, decidir de respeitará o prazo máximo de 90 (noventa) dias,
forma fundamentada pela possibilidade de prorrogável por igual período.
reintegração familiar ou pela colocação em família
substituta, em quaisquer das modalidades previstas § 4 o Na hipótese de não haver a indicação do genitor
no art. 28 desta Lei. e de não existir outro representante da família extensa
apto a receber a guarda, a autoridade judiciária
§ 2 o A permanência da criança e do adolescente em competente deverá decretar a extinção do poder
programa de acolhimento institucional não se familiar e determinar a colocação da criança sob a
prolongará por mais de 18 (dezoito meses), salvo guarda provisória de quem estiver habilitado a adotá-
comprovada necessidade que atenda ao seu superior la ou de entidade que desenvolva programa de
interesse, devidamente fundamentada pela acolhimento familiar ou institucional.
autoridade judiciária.
§ 5 o Após o nascimento da criança, a vontade da mãe
§ 3 o A manutenção ou a reintegração de criança ou ou de ambos os genitores, se houver pai registral ou
adolescente à sua família terá preferência em relação pai indicado, deve ser manifestada na audiência a que
a qualquer outra providência, caso em que será esta se refere o § 1 o do art. 166 desta Lei, garantido o
incluída em serviços e programas de proteção, apoio sigilo sobre a entrega.
e promoção, nos termos do § 1 o do art. 23, dos
incisos I e IV do caput do art. 101 e dos incisos I a IV § 6º Na hipótese de não comparecerem à audiência
do caput do art. 129 desta Lei. nem o genitor nem representante da família extensa
para confirmar a intenção de exercer o poder familiar
§ 4 o Será garantida a convivência da criança e do ou a guarda, a autoridade judiciária suspenderá o
adolescente com a mãe ou o pai privado de liberdade, poder familiar da mãe, e a criança será colocada sob
por meio de visitas periódicas promovidas pelo a guarda provisória de quem esteja habilitado a adotá-
responsável ou, nas hipóteses de acolhimento la.
institucional, pela entidade responsável,
independentemente de autorização judicial § 7 o Os detentores da guarda possuem o prazo de 15
(quinze) dias para propor a ação de adoção, contado
§ 5 o Será garantida a convivência integral da criança do dia seguinte à data do término do estágio de
com a mãe adolescente que estiver em acolhimento convivência.
institucional.
§ 8 o Na hipótese de desistência pelos genitores -
§ 6 o A mãe adolescente será assistida por equipe manifestada em audiência ou perante a equipe
especializada multidisciplinar. interprofissional - da entrega da criança após o
nascimento, a criança será mantida com os genitores,
Art. 19-A. A gestante ou mãe que manifeste interesse e será determinado pela Justiça da Infância e da
em entregar seu filho para adoção, antes ou logo após Juventude o acompanhamento familiar pelo prazo de
o nascimento, será encaminhada à Justiça da Infância 180 (cento e oitenta) dias.
e da Juventude,
§ 9 o É garantido à mãe o direito ao sigilo sobre o
§ 1 o A gestante ou mãe será ouvida pela equipe nascimento, respeitado o disposto no art. 48 desta Lei.
interprofissional da Justiça da Infância e da
Juventude, que apresentará relatório à autoridade § 10. Serão cadastrados para adoção recém-nascidos
judiciária, considerando inclusive os eventuais efeitos e crianças acolhidas não procuradas por suas famílias
do estado gestacional e puerperal. no prazo de 30 (trinta) dias, contado a partir do dia do
acolhimento.
§ 2 o De posse do relatório, a autoridade judiciária
poderá determinar o encaminhamento da gestante ou Art. 19-B. A criança e o adolescente em programa de
mãe, mediante sua expressa concordância, à rede acolhimento institucional ou familiar poderão
pública de saúde e assistência social para participar de programa de apadrinhamento.
atendimento especializado.

100
§ 1 o O apadrinhamento consiste em estabelecer e compartilhados no cuidado e na educação da criança,
proporcionar à criança e ao adolescente vínculos devendo ser resguardado o direito de transmissão
externos à instituição para fins de convivência familiar familiar de suas crenças e culturas, assegurados os
e comunitária e colaboração com o seu direitos da criança estabelecidos nesta Lei.
desenvolvimento nos aspectos social, moral, físico,
cognitivo, educacional e financeiro. Art. 23. A falta ou a carência de recursos materiais não
constitui motivo suficiente para a perda ou a
§ 2º Podem ser padrinhos ou madrinhas pessoas suspensão do pátrio poder poder familiar
maiores de 18 (dezoito) anos não inscritas nos
cadastros de adoção, desde que cumpram os § 1 o Não existindo outro motivo que por si só autorize
requisitos exigidos pelo programa de apadrinhamento a decretação da medida, a criança ou o adolescente
de que fazem parte. será mantido em sua família de origem, a qual deverá
obrigatoriamente ser incluída em serviços e
§ 3 o Pessoas jurídicas podem apadrinhar criança ou programas oficiais de proteção, apoio e promoção.
adolescente a fim de colaborar para o seu
desenvolvimento. § 2º A condenação criminal do pai ou da mãe não
implicará a destituição do poder familiar, exceto na
§ 4 o O perfil da criança ou do adolescente a ser hipótese de condenação por crime doloso sujeito à
apadrinhado será definido no âmbito de cada pena de reclusão contra outrem igualmente titular do
programa de apadrinhamento, com prioridade para mesmo poder familiar ou contra filho, filha ou outro
crianças ou adolescentes com remota possibilidade descendente.
de reinserção familiar ou colocação em família
adotiva. Art. 24. A perda e a suspensão do pátrio poder poder
familiar serão decretadas judicialmente, em
§ 5 o Os programas ou serviços de apadrinhamento procedimento contraditório, nos casos previstos na
apoiados pela Justiça da Infância e da Juventude legislação civil, bem como na hipótese de
poderão ser executados por órgãos públicos ou por descumprimento injustificado dos deveres e
organizações da sociedade civil. obrigações a que alude o art. 22.

§ 6 o Se ocorrer violação das regras de Seção II


apadrinhamento, os responsáveis pelo programa e
pelos serviços de acolhimento deverão Da Família Natural
imediatamente notificar a autoridade judiciária
competente. Art. 25. Entende-se por família natural a comunidade
formada pelos pais ou qualquer deles e seus
Art. 20. Os filhos, havidos ou não da relação do descendentes.
casamento, ou por adoção, terão os mesmos direitos
e qualificações, proibidas quaisquer designações Parágrafo único. Entende-se por família extensa ou
discriminatórias relativas à filiação. ampliada aquela que se estende para além da
unidade pais e filhos ou da unidade do casal, formada
Art. 21. O pátrio poder poder familiar será exercido, em por parentes próximos com os quais a criança ou
igualdade de condições, pelo pai e pela mãe, na forma adolescente convive e mantém vínculos de afinidade
do que dispuser a legislação civil, assegurado a e afetividade.
qualquer deles o direito de, em caso de discordância,
recorrer à autoridade judiciária competente para a Art. 26. Os filhos havidos fora do casamento poderão
solução da divergência. ser reconhecidos pelos pais, conjunta ou
separadamente, no próprio termo de nascimento, por
Art. 22. Aos pais incumbe o dever de sustento, guarda testamento, mediante escritura ou outro documento
e educação dos filhos menores, cabendo-lhes ainda, público, qualquer que seja a origem da filiação.
no interesse destes, a obrigação de cumprir e fazer
cumprir as determinações judiciais. Parágrafo único. O reconhecimento pode preceder o
nascimento do filho ou suceder-lhe ao falecimento, se
Parágrafo único. A mãe e o pai, ou os responsáveis, deixar descendentes.
têm direitos iguais e deveres e responsabilidades

101
Art. 27. O reconhecimento do estado de filiação é direito § 6 o Em se tratando de criança ou adolescente
personalíssimo, indisponível e imprescritível, podendo indígena ou proveniente de comunidade
ser exercitado contra os pais ou seus herdeiros, sem remanescente de quilombo, é ainda obrigatório:
qualquer restrição, observado o segredo de Justiça.
I - que sejam consideradas e respeitadas sua
identidade social e cultural, os seus costumes e
tradições, bem como suas instituições, desde que não
Seção III sejam incompatíveis com os direitos fundamentais
reconhecidos por esta Lei e pela Constituição Federal;
Da Família Substituta
II - que a colocação familiar ocorra prioritariamente no
Subseção I seio de sua comunidade ou junto a membros da
mesma etnia
Disposições Gerais
III - a intervenção e oitiva de representantes do órgão
Art. 28. A colocação em família substituta far-se-á federal responsável pela política indigenista, no caso
mediante guarda, tutela ou adoção, de crianças e adolescentes indígenas, e de
independentemente da situação jurídica da criança ou antropólogos, perante a equipe interprofissional ou
adolescente, nos termos desta Lei. multidisciplinar que irá acompanhar o caso.

§ 1 o Sempre que possível, a criança ou o adolescente Art. 29. Não se deferirá colocação em família substituta
será previamente ouvido por equipe interprofissional, a pessoa que revele, por qualquer modo,
respeitado seu estágio de desenvolvimento e grau de incompatibilidade com a natureza da medida ou não
compreensão sobre as implicações da medida, e terá ofereça ambiente familiar adequado.
sua opinião devidamente considerada.
Art. 30. A colocação em família substituta não admitirá
§ 2 o Tratando-se de maior de 12 (doze) anos de idade, transferência da criança ou adolescente a terceiros ou
será necessário seu consentimento, colhido em a entidades governamentais ou não-governamentais,
audiência sem autorização judicial.

§ 3 o Na apreciação do pedido levar-se-á em conta o Art. 31. A colocação em família substituta estrangeira
grau de parentesco e a relação de afinidade ou de constitui medida excepcional, somente admissível na
afetividade, a fim de evitar ou minorar as modalidade de adoção.
consequências decorrentes da medida.
Art. 32. Ao assumir a guarda ou a tutela, o responsável
§ 4 o Os grupos de irmãos serão colocados sob adoção, prestará compromisso de bem e fielmente
tutela ou guarda da mesma família substituta, desempenhar o encargo, mediante termo nos autos.
ressalvada a comprovada existência de risco de
abuso ou outra situação que justifique plenamente a Subseção II
excepcionalidade de solução diversa, procurando-se,
em qualquer caso, evitar o rompimento definitivo dos Da Guarda
vínculos fraternais.
Art. 33. A guarda obriga a prestação de assistência
§ 5 o A colocação da criança ou adolescente em família material, moral e educacional à criança ou
substituta será precedida de sua preparação adolescente, conferindo a seu detentor o direito de
gradativa e acompanhamento posterior, realizados opor-se a terceiros, inclusive aos pais.
pela equipe interprofissional a serviço da Justiça da
Infância e da Juventude, preferencialmente com o § 1º A guarda destina-se a regularizar a posse de fato,
apoio dos técnicos responsáveis pela execução da podendo ser deferida, liminar ou incidentalmente, nos
política municipal de garantia do direito à convivência procedimentos de tutela e adoção, exceto no de
familiar. adoção por estrangeiros.

§ 2º Excepcionalmente, deferir-se-á a guarda, fora dos


casos de tutela e adoção, para atender a situações

102
peculiares ou suprir a falta eventual dos pais ou
responsável, podendo ser deferido o direito de Da Tutela
representação para a prática de atos determinados.
Art. 36. A tutela será deferida, nos termos da lei civil, a
§ 3º A guarda confere à criança ou adolescente a pessoa de até 18 (dezoito) anos incompletos.
condição de dependente, para todos os fins e efeitos
de direito, inclusive previdenciários. Parágrafo único. O deferimento da tutela pressupõe a
prévia decretação da perda ou suspensão do pátrio
§ 4 o Salvo expressa e fundamentada determinação em poder poder familiar e implica necessariamente o
contrário, da autoridade judiciária competente, ou dever de guarda.
quando a medida for aplicada em preparação para
adoção, o deferimento da guarda de criança ou Art. 37. O tutor nomeado por testamento ou qualquer
adolescente a terceiros não impede o exercício do documento autêntico, conforme previsto no parágrafo
direito de visitas pelos pais, assim como o dever de único do art. 1.729 da Lei n o 10.406, de 10 de janeiro
prestar alimentos, que serão objeto de de 2002 - Código Civil , deverá, no prazo de 30 (trinta)
regulamentação específica, a pedido do interessado dias após a abertura da sucessão, ingressar com
ou do Ministério Público. pedido destinado ao controle judicial do ato,
observando o procedimento previsto nos arts. 165 a
Art. 34. O poder público estimulará, por meio de 170 desta Lei.
assistência jurídica, incentivos fiscais e subsídios, o
acolhimento, sob a forma de guarda, de criança ou Parágrafo único. Na apreciação do pedido, serão
adolescente afastado do convívio familiar. observados os requisitos previstos nos arts. 28 e 29
desta Lei, somente sendo deferida a tutela à pessoa
§ 1 o A inclusão da criança ou adolescente em indicada na disposição de última vontade, se restar
programas de acolhimento familiar terá preferência a comprovado que a medida é vantajosa ao tutelando e
seu acolhimento institucional, observado, em que não existe outra pessoa em melhores condições
qualquer caso, o caráter temporário e excepcional da de assumi-la.
medida, nos termos desta Lei.
Art. 38. Aplica-se à destituição da tutela o disposto no
§ 2 o Na hipótese do § 1 o deste artigo a pessoa ou art. 24.
casal cadastrado no programa de acolhimento familiar
poderá receber a criança ou adolescente mediante Subseção IV
guarda, observado o disposto nos arts. 28 a 33 desta
Lei. Da Adoção

§ 3 o A União apoiará a implementação de serviços de Art. 39. A adoção de criança e de adolescente reger-se-
acolhimento em família acolhedora como política á segundo o disposto nesta Lei.
pública, os quais deverão dispor de equipe que
organize o acolhimento temporário de crianças e de § 1 o A adoção é medida excepcional e irrevogável, à
adolescentes em residências de famílias qual se deve recorrer apenas quando esgotados os
selecionadas, capacitadas e acompanhadas que não recursos de manutenção da criança ou adolescente
estejam no cadastro de adoção. na família natural ou extensa, na forma do parágrafo
único do art. 25 desta Lei.
§ 4 o Poderão ser utilizados recursos federais,
estaduais, distritais e municipais para a manutenção § 2 o É vedada a adoção por procuração.
dos serviços de acolhimento em família acolhedora,
facultando-se o repasse de recursos para a própria § 3 o Em caso de conflito entre direitos e interesses do
família acolhedora. adotando e de outras pessoas, inclusive seus pais
biológicos, devem prevalecer os direitos e os
Art. 35. A guarda poderá ser revogada a qualquer interesses do adotando.
tempo, mediante ato judicial fundamentado, ouvido o
Ministério Público. Art. 40. O adotando deve contar com, no máximo,
dezoito anos à data do pedido, salvo se já estiver sob
Subseção III a guarda ou tutela dos adotantes.

103
Art. 44. Enquanto não der conta de sua administração
Art. 41. A adoção atribui a condição de filho ao adotado, e saldar o seu alcance, não pode o tutor ou o curador
com os mesmos direitos e deveres, inclusive adotar o pupilo ou o curatelado.
sucessórios, desligando-o de qualquer vínculo com
pais e parentes, salvo os impedimentos matrimoniais. Art. 45. A adoção depende do consentimento dos pais
ou do representante legal do adotando.
§ 1º Se um dos cônjuges ou concubinos adota o filho do
outro, mantêm-se os vínculos de filiação entre o § 1º. O consentimento será dispensado em relação à
adotado e o cônjuge ou concubino do adotante e os criança ou adolescente cujos pais sejam
respectivos parentes. desconhecidos ou tenham sido destituídos do pátrio
poder poder familiar .
§ 2º É recíproco o direito sucessório entre o adotado,
seus descendentes, o adotante, seus ascendentes, § 2º. Em se tratando de adotando maior de doze anos
descendentes e colaterais até o 4º grau, observada a de idade, será também necessário o seu
ordem de vocação hereditária. consentimento.

Art. 42. Podem adotar os maiores de 18 (dezoito) anos, Art. 46. A adoção será precedida de estágio de
independentemente do estado civil. convivência com a criança ou adolescente, pelo prazo
máximo de 90 (noventa) dias, observadas a idade da
§ 1º Não podem adotar os ascendentes e os irmãos do criança ou adolescente e as peculiaridades do caso.
adotando.
§ 1 o O estágio de convivência poderá ser dispensado
§ 2 o Para adoção conjunta, é indispensável que os se o adotando já estiver sob a tutela ou guarda legal
adotantes sejam casados civilmente ou mantenham do adotante durante tempo suficiente para que seja
união estável, comprovada a estabilidade da família. possível avaliar a conveniência da constituição do
vínculo.
§ 3º O adotante há de ser, pelo menos, dezesseis anos
mais velho do que o adotando. § 2 o A simples guarda de fato não autoriza, por si só, a
dispensa da realização do estágio de convivência.
§ 4 o Os divorciados, os judicialmente separados e os
ex-companheiros podem adotar conjuntamente, § 2 o -A. O prazo máximo estabelecido no caput deste
contanto que acordem sobre a guarda e o regime de artigo pode ser prorrogado por até igual período,
visitas e desde que o estágio de convivência tenha mediante decisão fundamentada da autoridade
sido iniciado na constância do período de convivência judiciária.
e que seja comprovada a existência de vínculos de
afinidade e afetividade com aquele não detentor da § 3 o Em caso de adoção por pessoa ou casal residente
guarda, que justifiquem a excepcionalidade da ou domiciliado fora do País, o estágio de convivência
concessão. será de, no mínimo, 30 (trinta) dias e, no máximo, 45
(quarenta e cinco) dias, prorrogável por até igual
§ 5 o Nos casos do § 4 o deste artigo, desde que período, uma única vez, mediante decisão
demonstrado efetivo benefício ao adotando, será fundamentada da autoridade judiciária.
assegurada a guarda compartilhada, conforme
previsto no art. 1.584 da Lei n o 10.406, de 10 de § 3 o -A. Ao final do prazo previsto no § 3 o deste artigo,
janeiro de 2002 - Código Civil . deverá ser apresentado laudo fundamentado pela
equipe mencionada no § 4 o deste artigo, que
§ 6 o A adoção poderá ser deferida ao adotante que, recomendará ou não o deferimento da adoção à
após inequívoca manifestação de vontade, vier a autoridade judiciária.
falecer no curso do procedimento, antes de prolatada
a sentença. § 4 o O estágio de convivência será acompanhado pela
equipe interprofissional a serviço da Justiça da
Art. 43. A adoção será deferida quando apresentar reais Infância e da Juventude, preferencialmente com apoio
vantagens para o adotando e fundar-se em motivos dos técnicos responsáveis pela execução da política
legítimos. de garantia do direito à convivência familiar, que

104
apresentarão relatório minucioso acerca da uma única vez por igual período, mediante decisão
conveniência do deferimento da medida. fundamentada da autoridade judiciária.

§ 5 o O estágio de convivência será cumprido no Art. 48. O adotado tem direito de conhecer sua origem
território nacional, preferencialmente na comarca de biológica, bem como de obter acesso irrestrito ao
residência da criança ou adolescente, ou, a critério do processo no qual a medida foi aplicada e seus
juiz, em cidade limítrofe, respeitada, em qualquer eventuais incidentes, após completar 18 (dezoito)
hipótese, a competência do juízo da comarca de anos.
residência da criança.
Parágrafo único. O acesso ao processo de adoção
Art. 47. O vínculo da adoção constitui-se por sentença poderá ser também deferido ao adotado menor de 18
judicial, que será inscrita no registro civil mediante (dezoito) anos, a seu pedido, assegurada orientação
mandado do qual não se fornecerá certidão. e assistência jurídica e psicológica.

§ 1º A inscrição consignará o nome dos adotantes como Art. 49. A morte dos adotantes não restabelece o pátrio
pais, bem como o nome de seus ascendentes. poder poder familiar dos pais naturais.

§ 2º O mandado judicial, que será arquivado, cancelará Art. 50. A autoridade judiciária manterá, em cada
o registro original do adotado. comarca ou foro regional, um registro de crianças e
adolescentes em condições de serem adotados e
§ 3 o A pedido do adotante, o novo registro poderá ser outro de pessoas interessadas na adoção.
lavrado no Cartório do Registro Civil do Município de
sua residência. § 1º O deferimento da inscrição dar-se-á após prévia
consulta aos órgãos técnicos do juizado, ouvido o
§ 4 o Nenhuma observação sobre a origem do ato Ministério Público.
poderá constar nas certidões do registro.
§ 2º Não será deferida a inscrição se o interessado não
§ 5 o A sentença conferirá ao adotado o nome do satisfizer os requisitos legais, ou verificada qualquer
adotante e, a pedido de qualquer deles, poderá das hipóteses previstas no art. 29.
determinar a modificação do prenome.
§ 3 o A inscrição de postulantes à adoção será
§ 6 o Caso a modificação de prenome seja requerida precedida de um período de preparação psicossocial
pelo adotante, é obrigatória a oitiva do adotando, e jurídica, orientado pela equipe técnica da Justiça da
observado o disposto nos §§ 1 o e 2 o do art. 28 desta Infância e da Juventude, preferencialmente com apoio
Lei. dos técnicos responsáveis pela execução da política
municipal de garantia do direito à convivência familiar.
§ 7 o A adoção produz seus efeitos a partir do trânsito
em julgado da sentença constitutiva, exceto na § 4 o Sempre que possível e recomendável, a
hipótese prevista no § 6 o do art. 42 desta Lei, caso preparação referida no § 3 o deste artigo incluirá o
em que terá força retroativa à data do óbito. contato com crianças e adolescentes em acolhimento
familiar ou institucional em condições de serem
§ 8 o O processo relativo à adoção assim como outros adotados, a ser realizado sob a orientação,
a ele relacionados serão mantidos em arquivo, supervisão e avaliação da equipe técnica da Justiça
admitindo-se seu armazenamento em microfilme ou da Infância e da Juventude, com apoio dos técnicos
por outros meios, garantida a sua conservação para responsáveis pelo programa de acolhimento e pela
consulta a qualquer tempo. execução da política municipal de garantia do direito
à convivência familiar.
§ 9º Terão prioridade de tramitação os processos de
adoção em que o adotando for criança ou adolescente § 5 o Serão criados e implementados cadastros
com deficiência ou com doença crônica. estaduais e nacional de crianças e adolescentes em
condições de serem adotados e de pessoas ou casais
§ 10. O prazo máximo para conclusão da ação de habilitados à adoção.
adoção será de 120 (cento e vinte) dias, prorrogável

105
§ 6 o Haverá cadastros distintos para pessoas ou casais adolescente, desde que o lapso de tempo de
residentes fora do País, que somente serão convivência comprove a fixação de laços de afinidade
consultados na inexistência de postulantes nacionais e afetividade, e não seja constatada a ocorrência de
habilitados nos cadastros mencionados no § 5 o deste má-fé ou qualquer das situações previstas nos arts.
artigo. 237 ou 238 desta Lei.

§ 7 o As autoridades estaduais e federais em matéria § 14. Nas hipóteses previstas no § 13 deste artigo, o
de adoção terão acesso integral aos cadastros, candidato deverá comprovar, no curso do
incumbindo-lhes a troca de informações e a procedimento, que preenche os requisitos
cooperação mútua, para melhoria do sistema. necessários à adoção, conforme previsto nesta Lei.

§ 8 o A autoridade judiciária providenciará, no prazo de § 15. Será assegurada prioridade no cadastro a


48 (quarenta e oito) horas, a inscrição das crianças e pessoas interessadas em adotar criança ou
adolescentes em condições de serem adotados que adolescente com deficiência, com doença crônica ou
não tiveram colocação familiar na comarca de origem, com necessidades específicas de saúde, além de
e das pessoas ou casais que tiveram deferida sua grupo de irmãos.
habilitação à adoção nos cadastros estadual e
nacional referidos no § 5 o deste artigo, sob pena de Art. 51. Considera-se adoção internacional aquela na
responsabilidade. qual o pretendente possui residência habitual em
país-parte da Convenção de Haia, de 29 de maio de
§ 9 o Compete à Autoridade Central Estadual zelar pela 1993, Relativa à Proteção das Crianças e à
manutenção e correta alimentação dos cadastros, Cooperação em Matéria de Adoção Internacional,
com posterior comunicação à Autoridade Central promulgada pelo Decreto n o 3.087, de 21 junho de
Federal Brasileira. 1999 , e deseja adotar criança em outro país-parte da
Convenção.
§ 10. Consultados os cadastros e verificada a ausência
de pretendentes habilitados residentes no País com § 1 o A adoção internacional de criança ou adolescente
perfil compatível e interesse manifesto pela adoção de brasileiro ou domiciliado no Brasil somente terá lugar
criança ou adolescente inscrito nos cadastros quando restar comprovado:
existentes, será realizado o encaminhamento da
criança ou adolescente à adoção internacional. I - que a colocação em família adotiva é a solução
adequada ao caso concreto;
§ 11. Enquanto não localizada pessoa ou casal
interessado em sua adoção, a criança ou o II - que foram esgotadas todas as possibilidades de
adolescente, sempre que possível e recomendável, colocação da criança ou adolescente em família
será colocado sob guarda de família cadastrada em adotiva brasileira, com a comprovação, certificada nos
programa de acolhimento familiar. autos, da inexistência de adotantes habilitados
residentes no Brasil com perfil compatível com a
§ 12. A alimentação do cadastro e a convocação criança ou adolescente, após consulta aos cadastros
criteriosa dos postulantes à adoção serão fiscalizadas mencionados nesta Lei;
pelo Ministério Público.
III - que, em se tratando de adoção de adolescente, este
§ 13. Somente poderá ser deferida adoção em favor de foi consultado, por meios adequados ao seu estágio
candidato domiciliado no Brasil não cadastrado de desenvolvimento, e que se encontra preparado
previamente nos termos desta Lei quando: para a medida, mediante parecer elaborado por
equipe interprofissional, observado o disposto nos §§
I - se tratar de pedido de adoção unilateral; 1 o e 2 o do art. 28 desta Lei.

II - for formulada por parente com o qual a criança ou § 2 o Os brasileiros residentes no exterior terão
adolescente mantenha vínculos de afinidade e preferência aos estrangeiros, nos casos de adoção
afetividade; internacional de criança ou adolescente brasileiro.

III - oriundo o pedido de quem detém a tutela ou guarda


legal de criança maior de 3 (três) anos ou

106
§ 3 o A adoção internacional pressupõe a intervenção laudo de habilitação à adoção internacional, que terá
das Autoridades Centrais Estaduais e Federal em validade por, no máximo, 1 (um) ano;
matéria de adoção internacional.
VIII - de posse do laudo de habilitação, o interessado
§ 4º (Revogado pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência será autorizado a formalizar pedido de adoção
perante o Juízo da Infância e da Juventude do local
Art. 52. A adoção internacional observará o em que se encontra a criança ou adolescente,
procedimento previsto nos arts. 165 a 170 desta Lei, conforme indicação efetuada pela Autoridade Central
com as seguintes adaptações: Estadual.

I - a pessoa ou casal estrangeiro, interessado em adotar § 1 o Se a legislação do país de acolhida assim o


criança ou adolescente brasileiro, deverá formular autorizar, admite-se que os pedidos de habilitação à
pedido de habilitação à adoção perante a Autoridade adoção internacional sejam intermediados por
Central em matéria de adoção internacional no país organismos credenciados.
de acolhida, assim entendido aquele onde está
situada sua residência habitual; § 2 o Incumbe à Autoridade Central Federal Brasileira o
credenciamento de organismos nacionais e
II - se a Autoridade Central do país de acolhida estrangeiros encarregados de intermediar pedidos de
considerar que os solicitantes estão habilitados e habilitação à adoção internacional, com posterior
aptos para adotar, emitirá um relatório que contenha comunicação às Autoridades Centrais Estaduais e
informações sobre a identidade, a capacidade jurídica publicação nos órgãos oficiais de imprensa e em sítio
e adequação dos solicitantes para adotar, sua próprio da internet.
situação pessoal, familiar e médica, seu meio social,
os motivos que os animam e sua aptidão para assumir § 3 o Somente será admissível o credenciamento de
uma adoção internacional; organismos que:

III - a Autoridade Central do país de acolhida enviará o I - sejam oriundos de países que ratificaram a
relatório à Autoridade Central Estadual, com cópia Convenção de Haia e estejam devidamente
para a Autoridade Central Federal Brasileira; credenciados pela Autoridade Central do país onde
estiverem sediados e no país de acolhida do adotando
IV - o relatório será instruído com toda a documentação para atuar em adoção internacional no Brasil;
necessária, incluindo estudo psicossocial elaborado
por equipe interprofissional habilitada e cópia II - satisfizerem as condições de integridade moral,
autenticada da legislação pertinente, acompanhada competência profissional, experiência e
da respectiva prova de vigência; responsabilidade exigidas pelos países respectivos e
pela Autoridade Central Federal Brasileira;
V - os documentos em língua estrangeira serão
devidamente autenticados pela autoridade consular, III - forem qualificados por seus padrões éticos e sua
observados os tratados e convenções internacionais, formação e experiência para atuar na área de adoção
e acompanhados da respectiva tradução, por tradutor internacional;
público juramentado;
IV - cumprirem os requisitos exigidos pelo ordenamento
VI - a Autoridade Central Estadual poderá fazer jurídico brasileiro e pelas normas estabelecidas pela
exigências e solicitar complementação sobre o estudo Autoridade Central Federal Brasileira.
psicossocial do postulante estrangeiro à adoção, já
realizado no país de acolhida; § 4 o Os organismos credenciados deverão ainda:

VII - verificada, após estudo realizado pela Autoridade I - perseguir unicamente fins não lucrativos, nas
Central Estadual, a compatibilidade da legislação condições e dentro dos limites fixados pelas
estrangeira com a nacional, além do preenchimento autoridades competentes do país onde estiverem
por parte dos postulantes à medida dos requisitos sediados, do país de acolhida e pela Autoridade
objetivos e subjetivos necessários ao seu Central Federal Brasileira;
deferimento, tanto à luz do que dispõe esta Lei como
da legislação do país de acolhida, será expedido

107
II - ser dirigidos e administrados por pessoas autorização de viagem, bem como para obtenção de
qualificadas e de reconhecida idoneidade moral, com passaporte, constando, obrigatoriamente, as
comprovada formação ou experiência para atuar na características da criança ou adolescente adotado,
área de adoção internacional, cadastradas pelo como idade, cor, sexo, eventuais sinais ou traços
Departamento de Polícia Federal e aprovadas pela peculiares, assim como foto recente e a aposição da
Autoridade Central Federal Brasileira, mediante impressão digital do seu polegar direito, instruindo o
publicação de portaria do órgão federal competente; documento com cópia autenticada da decisão e
certidão de trânsito em julgado.
III - estar submetidos à supervisão das autoridades
competentes do país onde estiverem sediados e no § 10. A Autoridade Central Federal Brasileira poderá, a
país de acolhida, inclusive quanto à sua composição, qualquer momento, solicitar informações sobre a
funcionamento e situação financeira; situação das crianças e adolescentes adotados

IV - apresentar à Autoridade Central Federal Brasileira, § 11. A cobrança de valores por parte dos organismos
a cada ano, relatório geral das atividades credenciados, que sejam considerados abusivos pela
desenvolvidas, bem como relatório de Autoridade Central Federal Brasileira e que não
acompanhamento das adoções internacionais estejam devidamente comprovados, é causa de seu
efetuadas no período, cuja cópia será encaminhada descredenciamento.
ao Departamento de Polícia Federal;
§ 12. Uma mesma pessoa ou seu cônjuge não podem
V - enviar relatório pós-adotivo semestral para a ser representados por mais de uma entidade
Autoridade Central Estadual, com cópia para a credenciada para atuar na cooperação em adoção
Autoridade Central Federal Brasileira, pelo período internacional.
mínimo de 2 (dois) anos. O envio do relatório será
mantido até a juntada de cópia autenticada do registro § 13. A habilitação de postulante estrangeiro ou
civil, estabelecendo a cidadania do país de acolhida domiciliado fora do Brasil terá validade máxima de 1
para o adotado; (um) ano, podendo ser renovada.

VI - tomar as medidas necessárias para garantir que os § 14. É vedado o contato direto de representantes de
adotantes encaminhem à Autoridade Central Federal organismos de adoção, nacionais ou estrangeiros,
Brasileira cópia da certidão de registro de nascimento com dirigentes de programas de acolhimento
estrangeira e do certificado de nacionalidade tão logo institucional ou familiar, assim como com crianças e
lhes sejam concedidos. adolescentes em condições de serem adotados, sem
a devida autorização judicial.
§ 5 o A não apresentação dos relatórios referidos no §
4 o deste artigo pelo organismo credenciado poderá § 15. A Autoridade Central Federal Brasileira poderá
acarretar a suspensão de seu credenciamento. limitar ou suspender a concessão de novos
credenciamentos sempre que julgar necessário,
§ 6 o O credenciamento de organismo nacional ou mediante ato administrativo fundamentado.
estrangeiro encarregado de intermediar pedidos de
adoção internacional terá validade de 2 (dois) anos. Art. 52-A. É vedado, sob pena de responsabilidade e
descredenciamento, o repasse de recursos
§ 7 o A renovação do credenciamento poderá ser provenientes de organismos estrangeiros
concedida mediante requerimento protocolado na encarregados de intermediar pedidos de adoção
Autoridade Central Federal Brasileira nos 60 internacional a organismos nacionais ou a pessoas
(sessenta) dias anteriores ao término do respectivo físicas.
prazo de validade.
Parágrafo único. Eventuais repasses somente poderão
§ 8 o Antes de transitada em julgado a decisão que ser efetuados via Fundo dos Direitos da Criança e do
concedeu a adoção internacional, não será permitida Adolescente e estarão sujeitos às deliberações do
a saída do adotando do território nacional. respectivo Conselho de Direitos da Criança e do
Adolescente
§ 9 o Transitada em julgado a decisão, a autoridade
judiciária determinará a expedição de alvará com

108
Art. 52-B. A adoção por brasileiro residente no exterior
em país ratificante da Convenção de Haia, cujo Capítulo IV
processo de adoção tenha sido processado em
conformidade com a legislação vigente no país de Do Direito à Educação, à Cultura, ao Esporte e ao
residência e atendido o disposto na Alínea “c” do Lazer
Artigo 17 da referida Convenção, será
automaticamente recepcionada com o reingresso no Art. 53. A criança e o adolescente têm direito à
Brasil. educação, visando ao pleno desenvolvimento de sua
pessoa, preparo para o exercício da cidadania e
§ 1 o Caso não tenha sido atendido o disposto na Alínea qualificação para o trabalho, assegurando-se-lhes:
“c” do Artigo 17 da Convenção de Haia, deverá a
sentença ser homologada pelo Superior Tribunal de I - igualdade de condições para o acesso e
Justiça. permanência na escola;

§ 2 o O pretendente brasileiro residente no exterior em II - direito de ser respeitado por seus educadores;
país não ratificante da Convenção de Haia, uma vez
reingressado no Brasil, deverá requerer a III - direito de contestar critérios avaliativos, podendo
homologação da sentença estrangeira pelo Superior recorrer às instâncias escolares superiores;
Tribunal de Justiça.
IV - direito de organização e participação em entidades
Art. 52-C. Nas adoções internacionais, quando o Brasil estudantis;
for o país de acolhida, a decisão da autoridade
competente do país de origem da criança ou do V - acesso à escola pública e gratuita, próxima de sua
adolescente será conhecida pela Autoridade Central residência, garantindo-se vagas no mesmo
Estadual que tiver processado o pedido de habilitação estabelecimento a irmãos que frequentem a mesma
dos pais adotivos, que comunicará o fato à Autoridade etapa ou ciclo de ensino da educação básica.
Central Federal e determinará as providências (Redação dada pela Lei nº 13.845, de 2019)
necessárias à expedição do Certificado de
Naturalização Provisório. Parágrafo único. É direito dos pais ou responsáveis ter
ciência do processo pedagógico, bem como participar
§ 1 o A Autoridade Central Estadual, ouvido o Ministério da definição das propostas educacionais.
Público, somente deixará de reconhecer os efeitos
daquela decisão se restar demonstrado que a adoção Art. 53-A. É dever da instituição de ensino, clubes e
é manifestamente contrária à ordem pública ou não agremiações recreativas e de estabelecimentos
atende ao interesse superior da criança ou do congêneres assegurar medidas de conscientização,
adolescente. prevenção e enfrentamento ao uso ou dependência
de drogas ilícitas.
§ 2 o Na hipótese de não reconhecimento da adoção,
prevista no § 1 o deste artigo, o Ministério Público Art. 54. É dever do Estado assegurar à criança e ao
deverá imediatamente requerer o que for de direito adolescente:
para resguardar os interesses da criança ou do
adolescente, comunicando-se as providências à I - ensino fundamental, obrigatório e gratuito, inclusive
Autoridade Central Estadual, que fará a comunicação para os que a ele não tiveram acesso na idade
à Autoridade Central Federal Brasileira e à Autoridade própria;
Central do país de origem.
II - progressiva extensão da obrigatoriedade e
Art. 52-D. Nas adoções internacionais, quando o Brasil gratuidade ao ensino médio;
for o país de acolhida e a adoção não tenha sido
deferida no país de origem porque a sua legislação a III - atendimento educacional especializado aos
delega ao país de acolhida, ou, ainda, na hipótese de, portadores de deficiência, preferencialmente na rede
mesmo com decisão, a criança ou o adolescente ser regular de ensino;
oriundo de país que não tenha aderido à Convenção
referida, o processo de adoção seguirá as regras da IV – atendimento em creche e pré-escola às crianças
adoção nacional. de zero a cinco anos de idade;

109
recursos e espaços para programações culturais,
V - acesso aos níveis mais elevados do ensino, da esportivas e de lazer voltadas para a infância e a
pesquisa e da criação artística, segundo a capacidade juventude.
de cada um;
Capítulo V
VI - oferta de ensino noturno regular, adequado às
condições do adolescente trabalhador; Do Direito à Profissionalização e à Proteção no
Trabalho
VII - atendimento no ensino fundamental, através de
programas suplementares de material didático- Art. 60. É proibido qualquer trabalho a menores de
escolar, transporte, alimentação e assistência à quatorze anos de idade, salvo na condição de
saúde. aprendiz.

§ 1º O acesso ao ensino obrigatório e gratuito é direito Art. 61. A proteção ao trabalho dos adolescentes é
público subjetivo. regulada por legislação especial, sem prejuízo do
disposto nesta Lei.
§ 2º O não oferecimento do ensino obrigatório pelo
poder público ou sua oferta irregular importa Art. 62. Considera-se aprendizagem a formação
responsabilidade da autoridade competente. técnico-profissional ministrada segundo as diretrizes
e bases da legislação de educação em vigor.
§ 3º Compete ao poder público recensear os educandos
no ensino fundamental, fazer-lhes a chamada e zelar, Art. 63. A formação técnico-profissional obedecerá aos
junto aos pais ou responsável, pela freqüência à seguintes princípios:
escola.
I - garantia de acesso e freqüência obrigatória ao ensino
Art. 55. Os pais ou responsável têm a obrigação de regular;
matricular seus filhos ou pupilos na rede regular de
ensino. II - atividade compatível com o desenvolvimento do
adolescente;
Art. 56. Os dirigentes de estabelecimentos de ensino
fundamental comunicarão ao Conselho Tutelar os III - horário especial para o exercício das atividades.
casos de:
Art. 64. Ao adolescente até quatorze anos de idade é
I - maus-tratos envolvendo seus alunos; assegurada bolsa de aprendizagem.

II - reiteração de faltas injustificadas e de evasão Art. 65. Ao adolescente aprendiz, maior de quatorze
escolar, esgotados os recursos escolares; anos, são assegurados os direitos trabalhistas e
previdenciários.
III - elevados níveis de repetência.
Art. 66. Ao adolescente portador de deficiência é
Art. 57. O poder público estimulará pesquisas, assegurado trabalho protegido.
experiências e novas propostas relativas a calendário,
seriação, currículo, metodologia, didática e avaliação, Art. 67. Ao adolescente empregado, aprendiz, em
com vistas à inserção de crianças e adolescentes regime familiar de trabalho, aluno de escola técnica,
excluídos do ensino fundamental obrigatório. assistido em entidade governamental ou não-
governamental, é vedado trabalho:
Art. 58. No processo educacional respeitar-se-ão os
valores culturais, artísticos e históricos próprios do I - noturno, realizado entre as vinte e duas horas de um
contexto social da criança e do adolescente, dia e as cinco horas do dia seguinte;
garantindo-se a estes a liberdade da criação e o
acesso às fontes de cultura. II - perigoso, insalubre ou penoso;

Art. 59. Os municípios, com apoio dos estados e da


União, estimularão e facilitarão a destinação de

110
III - realizado em locais prejudiciais à sua formação e não violentas de educação de crianças e de
ao seu desenvolvimento físico, psíquico, moral e adolescentes, tendo como principais ações:
social;
I - a promoção de campanhas educativas permanentes
IV - realizado em horários e locais que não permitam a para a divulgação do direito da criança e do
freqüência à escola. adolescente de serem educados e cuidados sem o
uso de castigo físico ou de tratamento cruel ou
Art. 68. O programa social que tenha por base o degradante e dos instrumentos de proteção aos
trabalho educativo, sob responsabilidade de entidade direitos humanos;
governamental ou não-governamental sem fins
lucrativos, deverá assegurar ao adolescente que dele II - a integração com os órgãos do Poder Judiciário, do
participe condições de capacitação para o exercício Ministério Público e da Defensoria Pública, com o
de atividade regular remunerada. Conselho Tutelar, com os Conselhos de Direitos da
Criança e do Adolescente e com as entidades não
§ 1º Entende-se por trabalho educativo a atividade governamentais que atuam na promoção, proteção e
laboral em que as exigências pedagógicas relativas defesa dos direitos da criança e do adolescente;
ao desenvolvimento pessoal e social do educando
prevalecem sobre o aspecto produtivo. III - a formação continuada e a capacitação dos
profissionais de saúde, educação e assistência social
§ 2º A remuneração que o adolescente recebe pelo e dos demais agentes que atuam na promoção,
trabalho efetuado ou a participação na venda dos proteção e defesa dos direitos da criança e do
produtos de seu trabalho não desfigura o caráter adolescente para o desenvolvimento das
educativo. competências necessárias à prevenção, à
identificação de evidências, ao diagnóstico e ao
Art. 69. O adolescente tem direito à profissionalização enfrentamento de todas as formas de violência contra
e à proteção no trabalho, observados os seguintes a criança e o adolescente;
aspectos, entre outros:
IV - o apoio e o incentivo às práticas de resolução
I - respeito à condição peculiar de pessoa em pacífica de conflitos que envolvam violência contra a
desenvolvimento; criança e o adolescente;

II - capacitação profissional adequada ao mercado de V - a inclusão, nas políticas públicas, de ações que
trabalho. visem a garantir os direitos da criança e do
adolescente, desde a atenção pré-natal, e de
atividades junto aos pais e responsáveis com o
objetivo de promover a informação, a reflexão, o
Título III debate e a orientação sobre alternativas ao uso de
castigo físico ou de tratamento cruel ou degradante no
Da Prevenção processo educativo;

Capítulo I VI - a promoção de espaços intersetoriais locais para a


articulação de ações e a elaboração de planos de
Disposições Gerais atuação conjunta focados nas famílias em situação de
violência, com participação de profissionais de saúde,
Art. 70. É dever de todos prevenir a ocorrência de de assistência social e de educação e de órgãos de
ameaça ou violação dos direitos da criança e do promoção, proteção e defesa dos direitos da criança
adolescente. e do adolescente.

Art. 70-A. A União, os Estados, o Distrito Federal e os VII - a promoção de estudos e pesquisas, de
Municípios deverão atuar de forma articulada na estatísticas e de outras informações relevantes às
elaboração de políticas públicas e na execução de consequências e à frequência das formas de violência
ações destinadas a coibir o uso de castigo físico ou contra a criança e o adolescente para a
de tratamento cruel ou degradante e difundir formas sistematização de dados nacionalmente unificados e

111
a avaliação periódica dos resultados das medidas reconhecer e a comunicar ao Conselho Tutelar
adotadas; suspeitas ou casos de crimes praticados contra a
criança e o adolescente.
VIII - o respeito aos valores da dignidade da pessoa
humana, de forma a coibir a violência, o tratamento Parágrafo único. São igualmente responsáveis pela
cruel ou degradante e as formas violentas de comunicação de que trata este artigo, as pessoas
educação, correção ou disciplina; encarregadas, por razão de cargo, função, ofício,
ministério, profissão ou ocupação, do cuidado,
IX - a promoção e a realização de campanhas assistência ou guarda de crianças e adolescentes,
educativas direcionadas ao público escolar e à punível, na forma deste Estatuto, o injustificado
sociedade em geral e a difusão desta Lei e dos retardamento ou omissão, culposos ou dolosos.
instrumentos de proteção aos direitos humanos das
crianças e dos adolescentes, incluídos os canais de Art. 71. A criança e o adolescente têm direito a
denúncia existentes; informação, cultura, lazer, esportes, diversões,
espetáculos e produtos e serviços que respeitem sua
X - a celebração de convênios, de protocolos, de condição peculiar de pessoa em desenvolvimento.
ajustes, de termos e de outros instrumentos de
promoção de parceria entre órgãos governamentais Art. 72. As obrigações previstas nesta Lei não excluem
ou entre estes e entidades não governamentais, com da prevenção especial outras decorrentes dos
o objetivo de implementar programas de erradicação princípios por ela adotados.
da violência, de tratamento cruel ou degradante e de
formas violentas de educação, correção ou disciplina; Art. 73. A inobservância das normas de prevenção
importará em responsabilidade da pessoa física ou
XI - a capacitação permanente das Polícias Civil e jurídica, nos termos desta Lei.
Militar, da Guarda Municipal, do Corpo de Bombeiros,
dos profissionais nas escolas, dos Conselhos Capítulo II
Tutelares e dos profissionais pertencentes aos órgãos Da Prevenção Especial
e às áreas referidos no inciso II deste caput, para que
identifiquem situações em que crianças e Seção I
adolescentes vivenciam violência e agressões no Da informação, Cultura, Lazer, Esportes, Diversões
âmbito familiar ou institucional; e Espetáculos

XII - a promoção de programas educacionais que Art. 74. O poder público, através do órgão competente,
disseminem valores éticos de irrestrito respeito à regulará as diversões e espetáculos públicos,
dignidade da pessoa humana, bem como de informando sobre a natureza deles, as faixas etárias
programas de fortalecimento da parentalidade a que não se recomendem, locais e horários em que
positiva, da educação sem castigos físicos e de ações sua apresentação se mostre inadequada.
de prevenção e enfrentamento da violência doméstica
e familiar contra a criança e o adolescente; Parágrafo único. Os responsáveis pelas diversões e
espetáculos públicos deverão afixar, em lugar visível
XIII - o destaque, nos currículos escolares de todos os e de fácil acesso, à entrada do local de exibição,
níveis de ensino, dos conteúdos relativos à informação destacada sobre a natureza do espetáculo
prevenção, à identificação e à resposta à violência e a faixa etária especificada no certificado de
doméstica e familiar; classificação.

Parágrafo único. As famílias com crianças e Art. 75. Toda criança ou adolescente terá acesso às
adolescentes com deficiência terão prioridade de diversões e espetáculos públicos classificados como
atendimento nas ações e políticas públicas de adequados à sua faixa etária.
prevenção e proteção.
Parágrafo único. As crianças menores de dez anos
Art. 70-B. As entidades, públicas e privadas, que atuem somente poderão ingressar e permanecer nos locais
nas áreas da saúde e da educação, além daquelas às de apresentação ou exibição quando acompanhadas
quais se refere o art. 71 desta Lei, entre outras, devem dos pais ou responsável.
contar, em seus quadros, com pessoas capacitadas a

112
Art. 76. As emissoras de rádio e televisão somente III - produtos cujos componentes possam causar
exibirão, no horário recomendado para o público dependência física ou psíquica ainda que por
infanto juvenil, programas com finalidades educativas, utilização indevida;
artísticas, culturais e informativas.
IV - fogos de estampido e de artifício, exceto aqueles
Parágrafo único. Nenhum espetáculo será apresentado que pelo seu reduzido potencial sejam incapazes de
ou anunciado sem aviso de sua classificação, antes provocar qualquer dano físico em caso de utilização
de sua transmissão, apresentação ou exibição. indevida;

Art. 77. Os proprietários, diretores, gerentes e V - revistas e publicações a que alude o art. 78;
funcionários de empresas que explorem a venda ou
aluguel de fitas de programação em vídeo cuidarão VI - bilhetes lotéricos e equivalentes.
para que não haja venda ou locação em desacordo
com a classificação atribuída pelo órgão competente. Art. 82. É proibida a hospedagem de criança ou
adolescente em hotel, motel, pensão ou
Parágrafo único. As fitas a que alude este artigo estabelecimento congênere, salvo se autorizado ou
deverão exibir, no invólucro, informação sobre a acompanhado pelos pais ou responsável.
natureza da obra e a faixa etária a que se destinam.
Seção III
Art. 78. As revistas e publicações contendo material
impróprio ou inadequado a crianças e adolescentes Da Autorização para Viajar
deverão ser comercializadas em embalagem lacrada,
com a advertência de seu conteúdo. Art. 83. Nenhuma criança ou adolescente menor de 16
(dezesseis) anos poderá viajar para fora da comarca
Parágrafo único. As editoras cuidarão para que as onde reside desacompanhado dos pais ou dos
capas que contenham mensagens pornográficas ou responsáveis sem expressa autorização judicial.
obscenas sejam protegidas com embalagem opaca. (Redação dada pela Lei nº 13.812, de 2019)

Art. 79. As revistas e publicações destinadas ao público § 1º A autorização não será exigida quando:
infanto-juvenil não poderão conter ilustrações,
fotografias, legendas, crônicas ou anúncios de a) tratar-se de comarca contígua à da residência da
bebidas alcoólicas, tabaco, armas e munições, e criança ou do adolescente menor de 16 (dezesseis)
deverão respeitar os valores éticos e sociais da anos, se na mesma unidade da Federação, ou
pessoa e da família. incluída na mesma região metropolitana;

Art. 80. Os responsáveis por estabelecimentos que b) a criança ou o adolescente menor de 16 (dezesseis)
explorem comercialmente bilhar, sinuca ou congênere anos estiver acompanhado:
ou por casas de jogos, assim entendidas as que
realizem apostas, ainda que eventualmente, cuidarão 1) de ascendente ou colateral maior, até o terceiro grau,
para que não seja permitida a entrada e a comprovado documentalmente o parentesco;
permanência de crianças e adolescentes no local,
afixando aviso para orientação do público. 2) de pessoa maior, expressamente autorizada pelo pai,
mãe ou responsável.
Seção II
§ 2º A autoridade judiciária poderá, a pedido dos pais
Dos Produtos e Serviços ou responsável, conceder autorização válida por dois
anos.
Art. 81. É proibida a venda à criança ou ao adolescente
de: Art. 84. Quando se tratar de viagem ao exterior, a
autorização é dispensável, se a criança ou
I - armas, munições e explosivos; adolescente:

II - bebidas alcoólicas; I - estiver acompanhado de ambos os pais ou


responsável;

113
VII - campanhas de estímulo ao acolhimento sob forma
II - viajar na companhia de um dos pais, autorizado de guarda de crianças e adolescentes afastados do
expressamente pelo outro através de documento com convívio familiar e à adoção, especificamente inter-
firma reconhecida. racial, de crianças maiores ou de adolescentes, com
necessidades específicas de saúde ou com
Art. 85. Sem prévia e expressa autorização judicial, deficiências e de grupos de irmãos.
nenhuma criança ou adolescente nascido em território
nacional poderá sair do País em companhia de Art. 88. São diretrizes da política de atendimento:
estrangeiro residente ou domiciliado no exterior.
I - municipalização do atendimento;
Parte Especial
II - criação de conselhos municipais, estaduais e
nacional dos direitos da criança e do adolescente,
órgãos deliberativos e controladores das ações em
todos os níveis, assegurada a participação popular
paritária por meio de organizações representativas,
Título I segundo leis federal, estaduais e municipais;
Da Política de Atendimento
III - criação e manutenção de programas específicos,
Capítulo I observada a descentralização político-administrativa;
Disposições Gerais
IV - manutenção de fundos nacional, estaduais e
Art. 86. A política de atendimento dos direitos da criança municipais vinculados aos respectivos conselhos dos
e do adolescente far-se-á através de um conjunto direitos da criança e do adolescente;
articulado de ações governamentais e não-
governamentais, da União, dos estados, do Distrito V - integração operacional de órgãos do Judiciário,
Federal e dos municípios. Ministério Público, Defensoria, Segurança Pública e
Assistência Social, preferencialmente em um mesmo
Art. 87. São linhas de ação da política de atendimento: local, para efeito de agilização do atendimento inicial
a adolescente a quem se atribua autoria de ato
I - políticas sociais básicas; infracional;

II - serviços, programas, projetos e benefícios de VI - integração operacional de órgãos do Judiciário,


assistência social de garantia de proteção social e de Ministério Público, Defensoria, Conselho Tutelar e
prevenção e redução de violações de direitos, seus encarregados da execução das políticas sociais
agravamentos ou reincidências; básicas e de assistência social, para efeito de
agilização do atendimento de crianças e de
III - serviços especiais de prevenção e atendimento adolescentes inseridos em programas de acolhimento
médico e psicossocial às vítimas de negligência, familiar ou institucional, com vista na sua rápida
maus-tratos, exploração, abuso, crueldade e reintegração à família de origem ou, se tal solução se
opressão; mostrar comprovadamente inviável, sua colocação
em família substituta, em quaisquer das modalidades
IV - serviço de identificação e localização de pais, previstas no art. 28 desta Lei;
responsável, crianças e adolescentes desaparecidos;
VII - mobilização da opinião pública para a
V - proteção jurídico-social por entidades de defesa dos indispensável participação dos diversos segmentos
direitos da criança e do adolescente. da sociedade.

VI - políticas e programas destinados a prevenir ou VIII - especialização e formação continuada dos


abreviar o período de afastamento do convívio familiar profissionais que trabalham nas diferentes áreas da
e a garantir o efetivo exercício do direito à convivência atenção à primeira infância, incluindo os
familiar de crianças e adolescentes; conhecimentos sobre direitos da criança e sobre
desenvolvimento infantil;

114
IX - formação profissional com abrangência dos § 2 o Os recursos destinados à implementação e
diversos direitos da criança e do adolescente que manutenção dos programas relacionados neste artigo
favoreça a intersetorialidade no atendimento da serão previstos nas dotações orçamentárias dos
criança e do adolescente e seu desenvolvimento órgãos públicos encarregados das áreas de
integral; Educação, Saúde e Assistência Social, dentre outros,
observando-se o princípio da prioridade absoluta à
X - realização e divulgação de pesquisas sobre criança e ao adolescente preconizado pelo caput do
desenvolvimento infantil e sobre prevenção da art. 227 da Constituição Federal e pelo caput e
violência. parágrafo único do art. 4 o desta Lei.

Art. 89. A função de membro do conselho nacional e dos § 3 o Os programas em execução serão reavaliados
conselhos estaduais e municipais dos direitos da pelo Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do
criança e do adolescente é considerada de interesse Adolescente, no máximo, a cada 2 (dois) anos,
público relevante e não será remunerada. constituindo-se critérios para renovação da
autorização de funcionamento:
Capítulo II
I - o efetivo respeito às regras e princípios desta Lei,
Das Entidades de Atendimento bem como às resoluções relativas à modalidade de
atendimento prestado expedidas pelos Conselhos de
Seção I Direitos da Criança e do Adolescente, em todos os
Disposições Gerais níveis;

Art. 90. As entidades de atendimento são responsáveis II - a qualidade e eficiência do trabalho desenvolvido,
pela manutenção das próprias unidades, assim como atestadas pelo Conselho Tutelar, pelo Ministério
pelo planejamento e execução de programas de Público e pela Justiça da Infância e da Juventude;
proteção e sócio-educativos destinados a crianças e
adolescentes, em regime de: (Vide) III - em se tratando de programas de acolhimento
institucional ou familiar, serão considerados os índices
I - orientação e apoio sócio-familiar; de sucesso na reintegração familiar ou de adaptação
à família substituta, conforme o caso.
II - apoio sócio-educativo em meio aberto;
Art. 91. As entidades não-governamentais somente
III - colocação familiar; poderão funcionar depois de registradas no Conselho
Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente, o
IV - acolhimento institucional; qual comunicará o registro ao Conselho Tutelar e à
autoridade judiciária da respectiva localidade.
V - prestação de serviços à comunidade;
§ 1 o Será negado o registro à entidade que:
VI - liberdade assistida;
a) não ofereça instalações físicas em condições
VII - semiliberdade; adequadas de habitabilidade, higiene, salubridade e
segurança;
VIII - internação.
b) não apresente plano de trabalho compatível com os
§ 1 o As entidades governamentais e não princípios desta Lei;
governamentais deverão proceder à inscrição de seus
programas, especificando os regimes de atendimento, c) esteja irregularmente constituída;
na forma definida neste artigo, no Conselho Municipal
dos Direitos da Criança e do Adolescente, o qual d) tenha em seus quadros pessoas inidôneas.
manterá registro das inscrições e de suas alterações,
do que fará comunicação ao Conselho Tutelar e à e) não se adequar ou deixar de cumprir as resoluções
autoridade judiciária. e deliberações relativas à modalidade de atendimento
prestado expedidas pelos Conselhos de Direitos da
Criança e do Adolescente, em todos os níveis.

115
crianças e adolescentes, incluindo membros do Poder
§ 2 o O registro terá validade máxima de 4 (quatro) Judiciário, Ministério Público e Conselho Tutelar.
anos, cabendo ao Conselho Municipal dos Direitos da
Criança e do Adolescente, periodicamente, reavaliar o § 4 o Salvo determinação em contrário da autoridade
cabimento de sua renovação, observado o disposto judiciária competente, as entidades que desenvolvem
no § 1 o deste artigo. programas de acolhimento familiar ou institucional, se
necessário com o auxílio do Conselho Tutelar e dos
Art. 92. As entidades que desenvolvam programas de órgãos de assistência social, estimularão o contato da
acolhimento familiar ou institucional deverão adotar os criança ou adolescente com seus pais e parentes, em
seguintes princípios: cumprimento ao disposto nos incisos I e VIII do caput
deste artigo.
I - preservação dos vínculos familiares e promoção da
reintegração familiar; § 5 o As entidades que desenvolvem programas de
acolhimento familiar ou institucional somente poderão
II - integração em família substituta, quando esgotados receber recursos públicos se comprovado o
os recursos de manutenção na família natural ou atendimento dos princípios, exigências e finalidades
extensa; desta Lei.

III - atendimento personalizado e em pequenos grupos; § 6 o O descumprimento das disposições desta Lei pelo
dirigente de entidade que desenvolva programas de
IV - desenvolvimento de atividades em regime de co- acolhimento familiar ou institucional é causa de sua
educação; destituição, sem prejuízo da apuração de sua
responsabilidade administrativa, civil e criminal.
V - não desmembramento de grupos de irmãos;
§ 7 o Quando se tratar de criança de 0 (zero) a 3 (três)
VI - evitar, sempre que possível, a transferência para anos em acolhimento institucional, dar-se-á especial
outras entidades de crianças e adolescentes atenção à atuação de educadores de referência
abrigados; estáveis e qualitativamente significativos, às rotinas
específicas e ao atendimento das necessidades
VII - participação na vida da comunidade local; básicas, incluindo as de afeto como prioritárias.

VIII - preparação gradativa para o desligamento; Art. 93. As entidades que mantenham programa de
acolhimento institucional poderão, em caráter
IX - participação de pessoas da comunidade no excepcional e de urgência, acolher crianças e
processo educativo. adolescentes sem prévia determinação da autoridade
competente, fazendo comunicação do fato em até 24
§ 1 o O dirigente de entidade que desenvolve programa (vinte e quatro) horas ao Juiz da Infância e da
de acolhimento institucional é equiparado ao Juventude, sob pena de responsabilidade.
guardião, para todos os efeitos de direito.
Parágrafo único. Recebida a comunicação, a
§ 2 o Os dirigentes de entidades que desenvolvem autoridade judiciária, ouvido o Ministério Público e se
programas de acolhimento familiar ou institucional necessário com o apoio do Conselho Tutelar local,
remeterão à autoridade judiciária, no máximo a cada tomará as medidas necessárias para promover a
6 (seis) meses, relatório circunstanciado acerca da imediata reintegração familiar da criança ou do
situação de cada criança ou adolescente acolhido e adolescente ou, se por qualquer razão não for isso
sua família, para fins da reavaliação prevista no § 1 o possível ou recomendável, para seu encaminhamento
do art. 19 desta Lei. a programa de acolhimento familiar, institucional ou a
família substituta, observado o disposto no § 2 o do
§ 3 o Os entes federados, por intermédio dos Poderes art. 101 desta Lei.
Executivo e Judiciário, promoverão conjuntamente a
permanente qualificação dos profissionais que atuam Art. 94. As entidades que desenvolvem programas de
direta ou indiretamente em programas de acolhimento internação têm as seguintes obrigações, entre outras:
institucional e destinados à colocação familiar de

116
I - observar os direitos e garantias de que são titulares XVIII - manter programas destinados ao apoio e
os adolescentes; acompanhamento de egressos;

II - não restringir nenhum direito que não tenha sido XIX - providenciar os documentos necessários ao
objeto de restrição na decisão de internação; exercício da cidadania àqueles que não os tiverem;

III - oferecer atendimento personalizado, em pequenas XX - manter arquivo de anotações onde constem data
unidades e grupos reduzidos; e circunstâncias do atendimento, nome do
adolescente, seus pais ou responsável, parentes,
IV - preservar a identidade e oferecer ambiente de endereços, sexo, idade, acompanhamento da sua
respeito e dignidade ao adolescente; formação, relação de seus pertences e demais dados
que possibilitem sua identificação e a individualização
V - diligenciar no sentido do restabelecimento e da do atendimento.
preservação dos vínculos familiares;
§ 1 o Aplicam-se, no que couber, as obrigações
VI - comunicar à autoridade judiciária, periodicamente, constantes deste artigo às entidades que mantêm
os casos em que se mostre inviável ou impossível o programas de acolhimento institucional e familiar.
reatamento dos vínculos familiares;
§ 2º No cumprimento das obrigações a que alude este
VII - oferecer instalações físicas em condições artigo as entidades utilizarão preferencialmente os
adequadas de habitabilidade, higiene, salubridade e recursos da comunidade.
segurança e os objetos necessários à higiene
pessoal; Art. 94-A. As entidades, públicas ou privadas, que
abriguem ou recepcionem crianças e adolescentes,
VIII - oferecer vestuário e alimentação suficientes e ainda que em caráter temporário, devem ter, em seus
adequados à faixa etária dos adolescentes atendidos; quadros, profissionais capacitados a reconhecer e
reportar ao Conselho Tutelar suspeitas ou ocorrências
IX - oferecer cuidados médicos, psicológicos, de maus-tratos.
odontológicos e farmacêuticos;

X - propiciar escolarização e profissionalização;


Seção II
XI - propiciar atividades culturais, esportivas e de lazer;
Da Fiscalização das Entidades
XII - propiciar assistência religiosa àqueles que
desejarem, de acordo com suas crenças; Art. 95. As entidades governamentais e não-
governamentais referidas no art. 90 serão fiscalizadas
XIII - proceder a estudo social e pessoal de cada caso; pelo Judiciário, pelo Ministério Público e pelos
Conselhos Tutelares.
XIV - reavaliar periodicamente cada caso, com intervalo
máximo de seis meses, dando ciência dos resultados Art. 96. Os planos de aplicação e as prestações de
à autoridade competente; contas serão apresentados ao estado ou ao
município, conforme a origem das dotações
XV - informar, periodicamente, o adolescente internado orçamentárias.
sobre sua situação processual;
Art. 97. São medidas aplicáveis às entidades de
XVI - comunicar às autoridades competentes todos os atendimento que descumprirem obrigação constante
casos de adolescentes portadores de moléstias do art. 94, sem prejuízo da responsabilidade civil e
infecto-contagiosas; criminal de seus dirigentes ou prepostos:

XVII - fornecer comprovante de depósito dos pertences I - às entidades governamentais:


dos adolescentes;
a) advertência;

117
b) afastamento provisório de seus dirigentes; Art. 99. As medidas previstas neste Capítulo poderão
ser aplicadas isolada ou cumulativamente, bem como
c) afastamento definitivo de seus dirigentes; substituídas a qualquer tempo.

d) fechamento de unidade ou interdição de programa. Art. 100. Na aplicação das medidas levar-se-ão em
conta as necessidades pedagógicas, preferindo-se
II - às entidades não-governamentais: aquelas que visem ao fortalecimento dos vínculos
familiares e comunitários.
a) advertência;
Parágrafo único. São também princípios que regem a
b) suspensão total ou parcial do repasse de verbas aplicação das medidas:
públicas;
I - condição da criança e do adolescente como sujeitos
c) interdição de unidades ou suspensão de programa; de direitos: crianças e adolescentes são os titulares
dos direitos previstos nesta e em outras Leis, bem
d) cassação do registro. como na Constituição Federal;

§ 1 o Em caso de reiteradas infrações cometidas por II - proteção integral e prioritária: a interpretação e


entidades de atendimento, que coloquem em risco os aplicação de toda e qualquer norma contida nesta Lei
direitos assegurados nesta Lei, deverá ser o fato deve ser voltada à proteção integral e prioritária dos
comunicado ao Ministério Público ou representado direitos de que crianças e adolescentes são titulares;
perante autoridade judiciária competente para as
providências cabíveis, inclusive suspensão das III - responsabilidade primária e solidária do poder
atividades ou dissolução da entidade. público: a plena efetivação dos direitos assegurados
a crianças e a adolescentes por esta Lei e pela
§ 2 o As pessoas jurídicas de direito público e as Constituição Federal, salvo nos casos por esta
organizações não governamentais responderão pelos expressamente ressalvados, é de responsabilidade
danos que seus agentes causarem às crianças e aos primária e solidária das 3 (três) esferas de governo,
adolescentes, caracterizado o descumprimento dos sem prejuízo da municipalização do atendimento e da
princípios norteadores das atividades de proteção possibilidade da execução de programas por
específica. entidades não governamentais;

Título II IV - interesse superior da criança e do adolescente: a


Das Medidas de Proteção intervenção deve atender prioritariamente aos
Capítulo I interesses e direitos da criança e do adolescente, sem
Disposições Gerais prejuízo da consideração que for devida a outros
interesses legítimos no âmbito da pluralidade dos
Art. 98. As medidas de proteção à criança e ao interesses presentes no caso concreto;
adolescente são aplicáveis sempre que os direitos
reconhecidos nesta Lei forem ameaçados ou V - privacidade: a promoção dos direitos e proteção da
violados: criança e do adolescente deve ser efetuada no
respeito pela intimidade, direito à imagem e reserva
I - por ação ou omissão da sociedade ou do Estado; da sua vida privada;

II - por falta, omissão ou abuso dos pais ou responsável; VI - intervenção precoce: a intervenção das autoridades
competentes deve ser efetuada logo que a situação
III - em razão de sua conduta. de perigo seja conhecida;

Capítulo II VII - intervenção mínima: a intervenção deve ser


exercida exclusivamente pelas autoridades e
Das Medidas Específicas de Proteção instituições cuja ação seja indispensável à efetiva
promoção dos direitos e à proteção da criança e do
adolescente;

118
VIII - proporcionalidade e atualidade: a intervenção VI - inclusão em programa oficial ou comunitário de
deve ser a necessária e adequada à situação de auxílio, orientação e tratamento a alcoólatras e
perigo em que a criança ou o adolescente se toxicômanos;
encontram no momento em que a decisão é tomada;
VII - acolhimento institucional;
IX - responsabilidade parental: a intervenção deve ser
efetuada de modo que os pais assumam os seus VIII - inclusão em programa de acolhimento familiar;
deveres para com a criança e o adolescente;
IX - colocação em família substituta.
X - prevalência da família: na promoção de direitos e na
proteção da criança e do adolescente deve ser dada § 1 o O acolhimento institucional e o acolhimento
prevalência às medidas que os mantenham ou familiar são medidas provisórias e excepcionais,
reintegrem na sua família natural ou extensa ou, se utilizáveis como forma de transição para reintegração
isso não for possível, que promovam a sua integração familiar ou, não sendo esta possível, para colocação
em família adotiva; em família substituta, não implicando privação de
liberdade.
XI - obrigatoriedade da informação: a criança e o
adolescente, respeitado seu estágio de § 2 o Sem prejuízo da tomada de medidas emergenciais
desenvolvimento e capacidade de compreensão, para proteção de vítimas de violência ou abuso sexual
seus pais ou responsável devem ser informados dos e das providências a que alude o art. 130 desta Lei, o
seus direitos, dos motivos que determinaram a afastamento da criança ou adolescente do convívio
intervenção e da forma como esta se processa; familiar é de competência exclusiva da autoridade
judiciária e importará na deflagração, a pedido do
XII - oitiva obrigatória e participação: a criança e o Ministério Público ou de quem tenha legítimo
adolescente, em separado ou na companhia dos pais, interesse, de procedimento judicial contencioso, no
de responsável ou de pessoa por si indicada, bem qual se garanta aos pais ou ao responsável legal o
como os seus pais ou responsável, têm direito a ser exercício do contraditório e da ampla defesa.
ouvidos e a participar nos atos e na definição da
medida de promoção dos direitos e de proteção, § 3 o Crianças e adolescentes somente poderão ser
sendo sua opinião devidamente considerada pela encaminhados às instituições que executam
autoridade judiciária competente, observado o programas de acolhimento institucional,
disposto nos §§ 1 o e 2 o do art. 28 desta Lei. governamentais ou não, por meio de uma Guia de
Acolhimento, expedida pela autoridade judiciária, na
Art. 101. Verificada qualquer das hipóteses previstas no qual obrigatoriamente constará, dentre outros:
art. 98, a autoridade competente poderá determinar,
dentre outras, as seguintes medidas: I - sua identificação e a qualificação completa de seus
pais ou de seu responsável, se conhecidos;
I - encaminhamento aos pais ou responsável, mediante
termo de responsabilidade; II - o endereço de residência dos pais ou do
responsável, com pontos de referência;
II - orientação, apoio e acompanhamento temporários;
III - os nomes de parentes ou de terceiros interessados
III - matrícula e freqüência obrigatórias em em tê-los sob sua guarda;
estabelecimento oficial de ensino fundamental;
IV - os motivos da retirada ou da não reintegração ao
IV - inclusão em serviços e programas oficiais ou convívio familiar.
comunitários de proteção, apoio e promoção da
família, da criança e do adolescente; § 4 o Imediatamente após o acolhimento da criança ou
do adolescente, a entidade responsável pelo
V - requisição de tratamento médico, psicológico ou programa de acolhimento institucional ou familiar
psiquiátrico, em regime hospitalar ou ambulatorial; elaborará um plano individual de atendimento,
visando à reintegração familiar, ressalvada a
existência de ordem escrita e fundamentada em
contrário de autoridade judiciária competente, caso

119
em que também deverá contemplar sua colocação em
família substituta, observadas as regras e princípios § 10. Recebido o relatório, o Ministério Público terá o
desta Lei. prazo de 15 (quinze) dias para o ingresso com a ação
de destituição do poder familiar, salvo se entender
§ 5 o O plano individual será elaborado sob a necessária a realização de estudos complementares
responsabilidade da equipe técnica do respectivo ou de outras providências indispensáveis ao
programa de atendimento e levará em consideração a ajuizamento da demanda.
opinião da criança ou do adolescente e a oitiva dos
pais ou do responsável. § 11. A autoridade judiciária manterá, em cada comarca
ou foro regional, um cadastro contendo informações
§ 6 o Constarão do plano individual, dentre outros: atualizadas sobre as crianças e adolescentes em
regime de acolhimento familiar e institucional sob sua
I - os resultados da avaliação interdisciplinar; responsabilidade, com informações pormenorizadas
sobre a situação jurídica de cada um, bem como as
II - os compromissos assumidos pelos pais ou providências tomadas para sua reintegração familiar
responsável; ou colocação em família substituta, em qualquer das
modalidades previstas no art. 28 desta Lei.
III - a previsão das atividades a serem desenvolvidas
com a criança ou com o adolescente acolhido e seus § 12. Terão acesso ao cadastro o Ministério Público, o
pais ou responsável, com vista na reintegração Conselho Tutelar, o órgão gestor da Assistência Social
familiar ou, caso seja esta vedada por expressa e e os Conselhos Municipais dos Direitos da Criança e
fundamentada determinação judicial, as providências do Adolescente e da Assistência Social, aos quais
a serem tomadas para sua colocação em família incumbe deliberar sobre a implementação de políticas
substituta, sob direta supervisão da autoridade públicas que permitam reduzir o número de crianças
judiciária. e adolescentes afastados do convívio familiar e
abreviar o período de permanência em programa de
§ 7 o O acolhimento familiar ou institucional ocorrerá no acolhimento.
local mais próximo à residência dos pais ou do
responsável e, como parte do processo de Art. 102. As medidas de proteção de que trata este
reintegração familiar, sempre que identificada a Capítulo serão acompanhadas da regularização do
necessidade, a família de origem será incluída em registro civil. Vigência
programas oficiais de orientação, de apoio e de
promoção social, sendo facilitado e estimulado o § 1º Verificada a inexistência de registro anterior, o
contato com a criança ou com o adolescente acolhido. assento de nascimento da criança ou adolescente
será feito à vista dos elementos disponíveis, mediante
§ 8 o Verificada a possibilidade de reintegração familiar, requisição da autoridade judiciária.
o responsável pelo programa de acolhimento familiar
ou institucional fará imediata comunicação à § 2º Os registros e certidões necessários à
autoridade judiciária, que dará vista ao Ministério regularização de que trata este artigo são isentos de
Público, pelo prazo de 5 (cinco) dias, decidindo em multas, custas e emolumentos, gozando de absoluta
igual prazo. prioridade.

§ 9 o Em sendo constatada a impossibilidade de § 3 o Caso ainda não definida a paternidade, será


reintegração da criança ou do adolescente à família deflagrado procedimento específico destinado à sua
de origem, após seu encaminhamento a programas averiguação, conforme previsto pela Lei n o 8.560, de
oficiais ou comunitários de orientação, apoio e 29 de dezembro de 1992.
promoção social, será enviado relatório
fundamentado ao Ministério Público, no qual conste a § 4 o Nas hipóteses previstas no § 3 o deste artigo, é
descrição pormenorizada das providências tomadas e dispensável o ajuizamento de ação de investigação
a expressa recomendação, subscrita pelos técnicos de paternidade pelo Ministério Público se, após o não
da entidade ou responsáveis pela execução da comparecimento ou a recusa do suposto pai em
política municipal de garantia do direito à convivência assumir a paternidade a ele atribuída, a criança for
familiar, para a destituição do poder familiar, ou encaminhada para adoção.
destituição de tutela ou guarda.

120
§ 5 o Os registros e certidões necessários à inclusão, a
qualquer tempo, do nome do pai no assento de Parágrafo único. A decisão deverá ser fundamentada e
nascimento são isentos de multas, custas e basear-se em indícios suficientes de autoria e
emolumentos, gozando de absoluta prioridade. materialidade, demonstrada a necessidade imperiosa
da medida.
§ 6 o São gratuitas, a qualquer tempo, a averbação
requerida do reconhecimento de paternidade no Art. 109. O adolescente civilmente identificado não será
assento de nascimento e a certidão correspondente. submetido a identificação compulsória pelos órgãos
policiais, de proteção e judiciais, salvo para efeito de
Título III confrontação, havendo dúvida fundada.

Da Prática de Ato Infracional Capítulo III


Das Garantias Processuais
Capítulo I
Art. 110. Nenhum adolescente será privado de sua
Disposições Gerais liberdade sem o devido processo legal.

Art. 103. Considera-se ato infracional a conduta Art. 111. São asseguradas ao adolescente, entre outras,
descrita como crime ou contravenção penal. as seguintes garantias:

Art. 104. São penalmente inimputáveis os menores de I - pleno e formal conhecimento da atribuição de ato
dezoito anos, sujeitos às medidas previstas nesta Lei. infracional, mediante citação ou meio equivalente;

Parágrafo único. Para os efeitos desta Lei, deve ser II - igualdade na relação processual, podendo
considerada a idade do adolescente à data do fato. confrontar-se com vítimas e testemunhas e produzir
todas as provas necessárias à sua defesa;
Art. 105. Ao ato infracional praticado por criança
corresponderão as medidas previstas no art. 101. III - defesa técnica por advogado;

Capítulo II IV - assistência judiciária gratuita e integral aos


necessitados, na forma da lei;
Dos Direitos Individuais
V - direito de ser ouvido pessoalmente pela autoridade
Art. 106. Nenhum adolescente será privado de sua competente;
liberdade senão em flagrante de ato infracional ou por
ordem escrita e fundamentada da autoridade VI - direito de solicitar a presença de seus pais ou
judiciária competente. responsável em qualquer fase do procedimento.

Parágrafo único. O adolescente tem direito à Capítulo IV


identificação dos responsáveis pela sua apreensão, Das Medidas Sócio-Educativas
devendo ser informado acerca de seus direitos.
Seção I
Art. 107. A apreensão de qualquer adolescente e o local Disposições Gerais
onde se encontra recolhido serão incontinenti
comunicados à autoridade judiciária competente e à Art. 112. Verificada a prática de ato infracional, a
família do apreendido ou à pessoa por ele indicada. autoridade competente poderá aplicar ao adolescente
as seguintes medidas:
Parágrafo único. Examinar-se-á, desde logo e sob pena
de responsabilidade, a possibilidade de liberação I - advertência;
imediata.
II - obrigação de reparar o dano;
Art. 108. A internação, antes da sentença, pode ser
determinada pelo prazo máximo de quarenta e cinco III - prestação de serviços à comunidade;
dias.

121
IV - liberdade assistida; Da Prestação de Serviços à Comunidade

V - inserção em regime de semi-liberdade; Art. 117. A prestação de serviços comunitários consiste


na realização de tarefas gratuitas de interesse geral,
VI - internação em estabelecimento educacional; por período não excedente a seis meses, junto a
entidades assistenciais, hospitais, escolas e outros
VII - qualquer uma das previstas no art. 101, I a VI. estabelecimentos congêneres, bem como em
programas comunitários ou governamentais.
§ 1º A medida aplicada ao adolescente levará em conta
a sua capacidade de cumpri-la, as circunstâncias e a Parágrafo único. As tarefas serão atribuídas conforme
gravidade da infração. as aptidões do adolescente, devendo ser cumpridas
durante jornada máxima de oito horas semanais, aos
§ 2º Em hipótese alguma e sob pretexto algum, será sábados, domingos e feriados ou em dias úteis, de
admitida a prestação de trabalho forçado. modo a não prejudicar a freqüência à escola ou à
jornada normal de trabalho.
§ 3º Os adolescentes portadores de doença ou
deficiência mental receberão tratamento individual e Seção V
especializado, em local adequado às suas condições.
Da Liberdade Assistida
Art. 113. Aplica-se a este Capítulo o disposto nos arts.
99 e 100. Art. 118. A liberdade assistida será adotada sempre que
se afigurar a medida mais adequada para o fim de
Art. 114. A imposição das medidas previstas nos incisos acompanhar, auxiliar e orientar o adolescente.
II a VI do art. 112 pressupõe a existência de provas
suficientes da autoria e da materialidade da infração, § 1º A autoridade designará pessoa capacitada para
ressalvada a hipótese de remissão, nos termos do art. acompanhar o caso, a qual poderá ser recomendada
127. por entidade ou programa de atendimento.

Parágrafo único. A advertência poderá ser aplicada § 2º A liberdade assistida será fixada pelo prazo mínimo
sempre que houver prova da materialidade e indícios de seis meses, podendo a qualquer tempo ser
suficientes da autoria. prorrogada, revogada ou substituída por outra
medida, ouvido o orientador, o Ministério Público e o
Seção II defensor.

Da Advertência Art. 119. Incumbe ao orientador, com o apoio e a


supervisão da autoridade competente, a realização
Art. 115. A advertência consistirá em admoestação dos seguintes encargos, entre outros:
verbal, que será reduzida a termo e assinada.
I - promover socialmente o adolescente e sua família,
Seção III fornecendo-lhes orientação e inserindo-os, se
necessário, em programa oficial ou comunitário de
Da Obrigação de Reparar o Dano auxílio e assistência social;

Art. 116. Em se tratando de ato infracional com reflexos II - supervisionar a freqüência e o aproveitamento
patrimoniais, a autoridade poderá determinar, se for o escolar do adolescente, promovendo, inclusive, sua
caso, que o adolescente restitua a coisa, promova o matrícula;
ressarcimento do dano, ou, por outra forma,
compense o prejuízo da vítima. III - diligenciar no sentido da profissionalização do
adolescente e de sua inserção no mercado de
Parágrafo único. Havendo manifesta impossibilidade, a trabalho;
medida poderá ser substituída por outra adequada.
IV - apresentar relatório do caso.
Seção IV
Seção VI

122
Do Regime de Semi-liberdade I - tratar-se de ato infracional cometido mediante grave
ameaça ou violência a pessoa;
Art. 120. O regime de semi-liberdade pode ser
determinado desde o início, ou como forma de II - por reiteração no cometimento de outras infrações
transição para o meio aberto, possibilitada a graves;
realização de atividades externas,
independentemente de autorização judicial. III - por descumprimento reiterado e injustificável da
medida anteriormente imposta.
§ 1º São obrigatórias a escolarização e a
profissionalização, devendo, sempre que possível, ser § 1 o O prazo de internação na hipótese do inciso III
utilizados os recursos existentes na comunidade. deste artigo não poderá ser superior a 3 (três) meses,
devendo ser decretada judicialmente após o devido
§ 2º A medida não comporta prazo determinado processo legal.
aplicando-se, no que couber, as disposições relativas
à internação. § 2º. Em nenhuma hipótese será aplicada a internação,
Seção VII havendo outra medida adequada.

Da Internação Art. 123. A internação deverá ser cumprida em entidade


exclusiva para adolescentes, em local distinto daquele
Art. 121. A internação constitui medida privativa da destinado ao abrigo, obedecida rigorosa separação
liberdade, sujeita aos princípios de brevidade, por critérios de idade, compleição física e gravidade
excepcionalidade e respeito à condição peculiar de da infração.
pessoa em desenvolvimento.
Parágrafo único. Durante o período de internação,
§ 1º Será permitida a realização de atividades externas, inclusive provisória, serão obrigatórias atividades
a critério da equipe técnica da entidade, salvo pedagógicas.
expressa determinação judicial em contrário.
Art. 124. São direitos do adolescente privado de
§ 2º A medida não comporta prazo determinado, liberdade, entre outros, os seguintes:
devendo sua manutenção ser reavaliada, mediante
decisão fundamentada, no máximo a cada seis I - entrevistar-se pessoalmente com o representante do
meses. Ministério Público;

§ 3º Em nenhuma hipótese o período máximo de II - peticionar diretamente a qualquer autoridade;


internação excederá a três anos.
III - avistar-se reservadamente com seu defensor;
§ 4º Atingido o limite estabelecido no parágrafo anterior,
o adolescente deverá ser liberado, colocado em IV - ser informado de sua situação processual, sempre
regime de semi-liberdade ou de liberdade assistida. que solicitada;

§ 5º A liberação será compulsória aos vinte e um anos V - ser tratado com respeito e dignidade;
de idade.
VI - permanecer internado na mesma localidade ou
§ 6º Em qualquer hipótese a desinternação será naquela mais próxima ao domicílio de seus pais ou
precedida de autorização judicial, ouvido o Ministério responsável;
Público.
VII - receber visitas, ao menos, semanalmente;
§ 7 o A determinação judicial mencionada no § 1 o
poderá ser revista a qualquer tempo pela autoridade VIII - corresponder-se com seus familiares e amigos;
judiciária.
IX - ter acesso aos objetos necessários à higiene e
Art. 122. A medida de internação só poderá ser aplicada asseio pessoal;
quando:

123
X - habitar alojamento em condições adequadas de exceto a colocação em regime de semi-liberdade e a
higiene e salubridade; internação.

XI - receber escolarização e profissionalização; Art. 128. A medida aplicada por força da remissão
poderá ser revista judicialmente, a qualquer tempo,
XII - realizar atividades culturais, esportivas e de lazer: mediante pedido expresso do adolescente ou de seu
representante legal, ou do Ministério Público.
XIII - ter acesso aos meios de comunicação social;
Título IV
XIV - receber assistência religiosa, segundo a sua
crença, e desde que assim o deseje; Das Medidas Pertinentes aos Pais ou
Responsável
XV - manter a posse de seus objetos pessoais e dispor
de local seguro para guardá-los, recebendo Art. 129. São medidas aplicáveis aos pais ou
comprovante daqueles porventura depositados em responsável:
poder da entidade;
I - encaminhamento a serviços e programas oficiais ou
XVI - receber, quando de sua desinternação, os
comunitários de proteção, apoio e promoção da
documentos pessoais indispensáveis à vida em família; (Redação dada dada pela Lei nº 13.257, de
sociedade. 2016)

§ 1º Em nenhum caso haverá incomunicabilidade. II - inclusão em programa oficial ou comunitário de


auxílio, orientação e tratamento a alcoólatras e
§ 2º A autoridade judiciária poderá suspender toxicômanos;
temporariamente a visita, inclusive de pais ou
responsável, se existirem motivos sérios e fundados
III - encaminhamento a tratamento psicológico ou
de sua prejudicialidade aos interesses do psiquiátrico;
adolescente.
IV - encaminhamento a cursos ou programas de
Art. 125. É dever do Estado zelar pela integridade física orientação;
e mental dos internos, cabendo-lhe adotar as medidas
adequadas de contenção e segurança. V - obrigação de matricular o filho ou pupilo e
acompanhar sua freqüência e aproveitamento
Capítulo V escolar;

Da Remissão VI - obrigação de encaminhar a criança ou adolescente


a tratamento especializado;
Art. 126. Antes de iniciado o procedimento judicial para
apuração de ato infracional, o representante do VII - advertência;
Ministério Público poderá conceder a remissão, como
forma de exclusão do processo, atendendo às VIII - perda da guarda;
circunstâncias e conseqüências do fato, ao contexto
social, bem como à personalidade do adolescente e IX - destituição da tutela;
sua maior ou menor participação no ato infracional.
X - suspensão ou destituição do pátrio poder poder
Parágrafo único. Iniciado o procedimento, a concessão familiar .
da remissão pela autoridade judiciária importará na
suspensão ou extinção do processo. Parágrafo único. Na aplicação das medidas previstas
nos incisos IX e X deste artigo, observar-se-á o
Art. 127. A remissão não implica necessariamente o disposto nos arts. 23 e 24.
reconhecimento ou comprovação da
responsabilidade, nem prevalece para efeito de Art. 130. Verificada a hipótese de maus-tratos,
antecedentes, podendo incluir eventualmente a opressão ou abuso sexual impostos pelos pais ou
aplicação de qualquer das medidas previstas em lei, responsável, a autoridade judiciária poderá

124
determinar, como medida cautelar, o afastamento do Tutelar e à remuneração e formação continuada dos
agressor da moradia comum. conselheiros tutelares.

Parágrafo único. Da medida cautelar constará, ainda, Art. 135. O exercício efetivo da função de conselheiro
a fixação provisória dos alimentos de que necessitem constituirá serviço público relevante e estabelecerá
a criança ou o adolescente dependentes do agressor. presunção de idoneidade moral.

Título V Capítulo II
Do Conselho Tutelar
Das Atribuições do Conselho
Capítulo I
Art. 136. São atribuições do Conselho Tutelar:
Disposições Gerais
I - atender as crianças e adolescentes nas hipóteses
Art. 131. O Conselho Tutelar é órgão permanente e previstas nos arts. 98 e 105, aplicando as medidas
autônomo, não jurisdicional, encarregado pela
previstas no art. 101, I a VII;
sociedade de zelar pelo cumprimento dos direitos da
criança e do adolescente, definidos nesta Lei.
II - atender e aconselhar os pais ou responsável,
aplicando as medidas previstas no art. 129, I a VII;
Art. 132. Em cada Município e em cada Região
Administrativa do Distrito Federal haverá, no mínimo,
III - promover a execução de suas decisões, podendo
1 (um) Conselho Tutelar como órgão integrante da para tanto:
administração pública local, composto de 5 (cinco)
membros, escolhidos pela população local para a) requisitar serviços públicos nas áreas de saúde,
mandato de 4 (quatro) anos, permitida recondução educação, serviço social, previdência, trabalho e
por novos processos de escolha.
segurança;
Art. 133. Para a candidatura a membro do Conselho
b) representar junto à autoridade judiciária nos casos
Tutelar, serão exigidos os seguintes requisitos: de descumprimento injustificado de suas
deliberações.
I - reconhecida idoneidade moral;
IV - encaminhar ao Ministério Público notícia de fato que
II - idade superior a vinte e um anos;
constitua infração administrativa ou penal contra os
direitos da criança ou adolescente;
III - residir no município.
V - encaminhar à autoridade judiciária os casos de sua
Art. 134. Lei municipal ou distrital disporá sobre o local, competência;
dia e horário de funcionamento do Conselho Tutelar,
inclusive quanto à remuneração dos respectivos VI - providenciar a medida estabelecida pela autoridade
membros, aos quais é assegurado o direito a:
judiciária, dentre as previstas no art. 101, de I a VI,
para o adolescente autor de ato infracional;
I - cobertura previdenciária;
VII - expedir notificações;
II - gozo de férias anuais remuneradas, acrescidas de
1/3 (um terço) do valor da remuneração mensal;
VIII - requisitar certidões de nascimento e de óbito de
criança ou adolescente quando necessário;
III - licença-maternidade;
IX - assessorar o Poder Executivo local na elaboração
IV - licença-paternidade; da proposta orçamentária para planos e programas de
atendimento dos direitos da criança e do adolescente;
V - gratificação natalina.
X - representar, em nome da pessoa e da família, contra
Parágrafo único. Constará da lei orçamentária a violação dos direitos previstos no art. 220, § 3º,
municipal e da do Distrito Federal previsão dos inciso II, da Constituição Federal ;
recursos necessários ao funcionamento do Conselho

125
XI - representar ao Ministério Público para efeito das XX - representar à autoridade judicial ou ao Ministério
ações de perda ou suspensão do poder familiar, após Público para requerer a concessão de medidas
esgotadas as possibilidades de manutenção da cautelares direta ou indiretamente relacionada à
criança ou do adolescente junto à família natural. eficácia da proteção de noticiante ou denunciante de
informações de crimes que envolvam violência
XII - promover e incentivar, na comunidade e nos doméstica e familiar contra a criança e o adolescente.
grupos profissionais, ações de divulgação e
treinamento para o reconhecimento de sintomas de Parágrafo único. Se, no exercício de suas atribuições,
maus-tratos em crianças e adolescentes. o Conselho Tutelar entender necessário o
afastamento do convívio familiar, comunicará
XIII - adotar, na esfera de sua competência, ações incontinenti o fato ao Ministério Público, prestando-lhe
articuladas e efetivas direcionadas à identificação da informações sobre os motivos de tal entendimento e
agressão, à agilidade no atendimento da criança e do as providências tomadas para a orientação, o apoio e
adolescente vítima de violência doméstica e familiar e a promoção social da família.
à responsabilização do agressor;
Art. 137. As decisões do Conselho Tutelar somente
XIV - atender à criança e ao adolescente vítima ou poderão ser revistas pela autoridade judiciária a
testemunha de violência doméstica e familiar, ou pedido de quem tenha legítimo interesse.
submetido a tratamento cruel ou degradante ou a
formas violentas de educação, correção ou disciplina, Capítulo III
a seus familiares e a testemunhas, de forma a prover
orientação e aconselhamento acerca de seus direitos Da Competência
e dos encaminhamentos necessários;
Art. 138. Aplica-se ao Conselho Tutelar a regra de
XV - representar à autoridade judicial ou policial para competência constante do art. 147.
requerer o afastamento do agressor do lar, do
domicílio ou do local de convivência com a vítima nos Capítulo IV
casos de violência doméstica e familiar contra a
criança e o adolescente; Da Escolha dos Conselheiros

XVI - representar à autoridade judicial para requerer a Art. 139. O processo para a escolha dos membros do
concessão de medida protetiva de urgência à criança Conselho Tutelar será estabelecido em lei municipal e
ou ao adolescente vítima ou testemunha de violência realizado sob a responsabilidade do Conselho
doméstica e familiar, bem como a revisão daquelas já Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente, e
concedidas; a fiscalização do Ministério Público. (Redação dada
pela Lei nº 8.242, de 12.10.1991)
XVII - representar ao Ministério Público para requerer a
propositura de ação cautelar de antecipação de § 1 o O processo de escolha dos membros do Conselho
produção de prova nas causas que envolvam Tutelar ocorrerá em data unificada em todo o território
violência contra a criança e o adolescente; nacional a cada 4 (quatro) anos, no primeiro domingo
do mês de outubro do ano subsequente ao da eleição
XVIII - tomar as providências cabíveis, na esfera de sua presidencial.
competência, ao receber comunicação da ocorrência
de ação ou omissão, praticada em local público ou § 2 o A posse dos conselheiros tutelares ocorrerá no dia
privado, que constitua violência doméstica e familiar 10 de janeiro do ano subsequente ao processo de
contra a criança e o adolescente; escolha.

XIX - receber e encaminhar, quando for o caso, as § 3 o No processo de escolha dos membros do
informações reveladas por noticiantes ou Conselho Tutelar, é vedado ao candidato doar,
denunciantes relativas à prática de violência, ao uso oferecer, prometer ou entregar ao eleitor bem ou
de tratamento cruel ou degradante ou de formas vantagem pessoal de qualquer natureza, inclusive
violentas de educação, correção ou disciplina contra brindes de pequeno valor.
a criança e o adolescente;

126
Art. 143. E vedada a divulgação de atos judiciais,
policiais e administrativos que digam respeito a
Capítulo V crianças e adolescentes a que se atribua autoria de
ato infracional.
Dos Impedimentos
Parágrafo único. Qualquer notícia a respeito do fato não
Art. 140. São impedidos de servir no mesmo Conselho poderá identificar a criança ou adolescente, vedando-
marido e mulher, ascendentes e descendentes, sogro se fotografia, referência a nome, apelido, filiação,
e genro ou nora, irmãos, cunhados, durante o parentesco, residência e, inclusive, iniciais do nome e
cunhadio, tio e sobrinho, padrasto ou madrasta e sobrenome. (Redação dada pela Lei nº 10.764, de
enteado. 12.11.2003)

Parágrafo único. Estende-se o impedimento do Art. 144. A expedição de cópia ou certidão de atos a que
conselheiro, na forma deste artigo, em relação à se refere o artigo anterior somente será deferida pela
autoridade judiciária e ao representante do Ministério autoridade judiciária competente, se demonstrado o
Público com atuação na Justiça da Infância e da interesse e justificada a finalidade.
Juventude, em exercício na comarca, foro regional ou
distrital. Capítulo II

Título VI Da Justiça da Infância e da Juventude

Do Acesso à Justiça Seção I

Capítulo I Disposições Gerais

Disposições Gerais Art. 145. Os estados e o Distrito Federal poderão criar


varas especializadas e exclusivas da infância e da
Art. 141. É garantido o acesso de toda criança ou juventude, cabendo ao Poder Judiciário estabelecer
adolescente à Defensoria Pública, ao Ministério sua proporcionalidade por número de habitantes,
Público e ao Poder Judiciário, por qualquer de seus dotá-las de infra-estrutura e dispor sobre o
órgãos. atendimento, inclusive em plantões.

§ 1º. A assistência judiciária gratuita será prestada aos Seção II


que dela necessitarem, através de defensor público
ou advogado nomeado. Do Juiz

§ 2º As ações judiciais da competência da Justiça da Art. 146. A autoridade a que se refere esta Lei é o Juiz
Infância e da Juventude são isentas de custas e da Infância e da Juventude, ou o juiz que exerce essa
emolumentos, ressalvada a hipótese de litigância de função, na forma da lei de organização judiciária local.
má-fé.
Art. 147. A competência será determinada:
Art. 142. Os menores de dezesseis anos serão
representados e os maiores de dezesseis e menores I - pelo domicílio dos pais ou responsável;
de vinte e um anos assistidos por seus pais, tutores
ou curadores, na forma da legislação civil ou II - pelo lugar onde se encontre a criança ou
processual. adolescente, à falta dos pais ou responsável.

Parágrafo único. A autoridade judiciária dará curador § 1º. Nos casos de ato infracional, será competente a
especial à criança ou adolescente, sempre que os autoridade do lugar da ação ou omissão, observadas
interesses destes colidirem com os de seus pais ou as regras de conexão, continência e prevenção.
responsável, ou quando carecer de representação ou
assistência legal ainda que eventual. § 2º A execução das medidas poderá ser delegada à
autoridade competente da residência dos pais ou

127
responsável, ou do local onde sediar-se a entidade d) conhecer de pedidos baseados em discordância
que abrigar a criança ou adolescente. paterna ou materna, em relação ao exercício do pátrio
poder poder familiar ;
§ 3º Em caso de infração cometida através de
transmissão simultânea de rádio ou televisão, que e) conceder a emancipação, nos termos da lei civil,
atinja mais de uma comarca, será competente, para quando faltarem os pais;
aplicação da penalidade, a autoridade judiciária do
local da sede estadual da emissora ou rede, tendo a f) designar curador especial em casos de apresentação
sentença eficácia para todas as transmissoras ou de queixa ou representação, ou de outros
retransmissoras do respectivo estado. procedimentos judiciais ou extrajudiciais em que haja
interesses de criança ou adolescente;
Art. 148. A Justiça da Infância e da Juventude é
competente para: g) conhecer de ações de alimentos;

I - conhecer de representações promovidas pelo h) determinar o cancelamento, a retificação e o


Ministério Público, para apuração de ato infracional suprimento dos registros de nascimento e óbito.
atribuído a adolescente, aplicando as medidas
cabíveis; Art. 149. Compete à autoridade judiciária disciplinar,
através de portaria, ou autorizar, mediante alvará:
II - conceder a remissão, como forma de suspensão ou
extinção do processo; I - a entrada e permanência de criança ou adolescente,
desacompanhado dos pais ou responsável, em:
III - conhecer de pedidos de adoção e seus incidentes;
a) estádio, ginásio e campo desportivo;
IV - conhecer de ações civis fundadas em interesses
individuais, difusos ou coletivos afetos à criança e ao b) bailes ou promoções dançantes;
adolescente, observado o disposto no art. 209;
c) boate ou congêneres;
V - conhecer de ações decorrentes de irregularidades
em entidades de atendimento, aplicando as medidas d) casa que explore comercialmente diversões
cabíveis; eletrônicas;

VI - aplicar penalidades administrativas nos casos de e) estúdios cinematográficos, de teatro, rádio e


infrações contra norma de proteção à criança ou televisão.
adolescente;
II - a participação de criança e adolescente em:
VII - conhecer de casos encaminhados pelo Conselho
Tutelar, aplicando as medidas cabíveis. a) espetáculos públicos e seus ensaios;

Parágrafo único. Quando se tratar de criança ou b) certames de beleza.


adolescente nas hipóteses do art. 98, é também
competente a Justiça da Infância e da Juventude para § 1º Para os fins do disposto neste artigo, a autoridade
o fim de: judiciária levará em conta, dentre outros fatores:

a) conhecer de pedidos de guarda e tutela; a) os princípios desta Lei;

b) conhecer de ações de destituição do pátrio poder b) as peculiaridades locais;


poder familiar , perda ou modificação da tutela ou
guarda; c) a existência de instalações adequadas;

c) suprir a capacidade ou o consentimento para o d) o tipo de freqüência habitual ao local;


casamento;
e) a adequação do ambiente a eventual participação ou
freqüência de crianças e adolescentes;

128
§ 2º Os prazos estabelecidos nesta Lei e aplicáveis aos
f) a natureza do espetáculo. seus procedimentos são contados em dias corridos,
excluído o dia do começo e incluído o dia do
§ 2º As medidas adotadas na conformidade deste artigo vencimento, vedado o prazo em dobro para a
deverão ser fundamentadas, caso a caso, vedadas as Fazenda Pública e o Ministério Público.
determinações de caráter geral.
Art. 153. Se a medida judicial a ser adotada não
Seção III corresponder a procedimento previsto nesta ou em
outra lei, a autoridade judiciária poderá investigar os
Dos Serviços Auxiliares fatos e ordenar de ofício as providências necessárias,
ouvido o Ministério Público.
Art. 150. Cabe ao Poder Judiciário, na elaboração de
sua proposta orçamentária, prever recursos para Parágrafo único. O disposto neste artigo não se aplica
manutenção de equipe interprofissional, destinada a para o fim de afastamento da criança ou do
assessorar a Justiça da Infância e da Juventude. adolescente de sua família de origem e em outros
procedimentos necessariamente contenciosos.
Art. 151. Compete à equipe interprofissional dentre
outras atribuições que lhe forem reservadas pela Art. 154. Aplica-se às multas o disposto no art. 214.
legislação local, fornecer subsídios por escrito,
mediante laudos, ou verbalmente, na audiência, e Seção II
bem assim desenvolver trabalhos de
aconselhamento, orientação, encaminhamento, Da Perda e da Suspensão do Pátrio Poder Poder
prevenção e outros, tudo sob a imediata subordinação Familiar
à autoridade judiciária, assegurada a livre
manifestação do ponto de vista técnico.
Art. 155. O procedimento para a perda ou a suspensão
Parágrafo único. Na ausência ou insuficiência de do pátrio poder poder familiar terá início por
servidores públicos integrantes do Poder Judiciário provocação do Ministério Público ou de quem tenha
responsáveis pela realização dos estudos legítimo interesse.
psicossociais ou de quaisquer outras espécies de
avaliações técnicas exigidas por esta Lei ou por Art. 156. A petição inicial indicará:
determinação judicial, a autoridade judiciária poderá
proceder à nomeação de perito, nos termos do art. I - a autoridade judiciária a que for dirigida;
156 da Lei no 13.105, de 16 de março de 2015
(Código de Processo Civil) . II - o nome, o estado civil, a profissão e a residência do
requerente e do requerido, dispensada a qualificação
Capítulo III em se tratando de pedido formulado por
representante do Ministério Público;
Dos Procedimentos
III - a exposição sumária do fato e o pedido;
Seção I
IV - as provas que serão produzidas, oferecendo, desde
Disposições Gerais logo, o rol de testemunhas e documentos.

Art. 152. Aos procedimentos regulados nesta Lei Art. 157. Havendo motivo grave, poderá a autoridade
aplicam-se subsidiariamente as normas gerais judiciária, ouvido o Ministério Público, decretar a
previstas na legislação processual pertinente. suspensão do pátrio poder poder familiar , liminar ou
incidentalmente, até o julgamento definitivo da causa,
§ 1º É assegurada, sob pena de responsabilidade, ficando a criança ou adolescente confiado a pessoa
prioridade absoluta na tramitação dos processos e idônea, mediante termo de responsabilidade.
procedimentos previstos nesta Lei, assim como na
execução dos atos e diligências judiciais a eles § 1 o Recebida a petição inicial, a autoridade judiciária
referentes. determinará, concomitantemente ao despacho de
citação e independentemente de requerimento do

129
interessado, a realização de estudo social ou perícia seja nomeado dativo, ao qual incumbirá a
por equipe interprofissional ou multidisciplinar para apresentação de resposta, contando-se o prazo a
comprovar a presença de uma das causas de partir da intimação do despacho de nomeação.
suspensão ou destituição do poder familiar,
ressalvado o disposto no § 10 do art. 101 desta Lei, e Parágrafo único. Na hipótese de requerido privado de
observada a Lei n o 13.431, de 4 de abril de 2017 . liberdade, o oficial de justiça deverá perguntar, no
momento da citação pessoal, se deseja que lhe seja
§ 2 o Em sendo os pais oriundos de comunidades nomeado defensor.
indígenas, é ainda obrigatória a intervenção, junto à
equipe interprofissional ou multidisciplinar referida no Art. 160. Sendo necessário, a autoridade judiciária
§ 1 o deste artigo, de representantes do órgão federal requisitará de qualquer repartição ou órgão público a
responsável pela política indigenista, observado o apresentação de documento que interesse à causa,
disposto no § 6 o do art. 28 desta Lei. de ofício ou a requerimento das partes ou do
Ministério Público.
§ 3º A concessão da liminar será, preferencialmente,
precedida de entrevista da criança ou do adolescente Art. 161. Se não for contestado o pedido e tiver sido
perante equipe multidisciplinar e de oitiva da outra concluído o estudo social ou a perícia realizada por
parte, nos termos da Lei nº 13.431, de 4 de abril de equipe interprofissional ou multidisciplinar, a
2017. (Incluído pela Lei nº 14.340, de 2022) autoridade judiciária dará vista dos autos ao Ministério
Público, por 5 (cinco) dias, salvo quando este for o
§ 4º Se houver indícios de ato de violação de direitos de requerente, e decidirá em igual prazo.
criança ou de adolescente, o juiz comunicará o fato ao
Ministério Público e encaminhará os documentos § 1º A autoridade judiciária, de ofício ou a requerimento
pertinentes. (Incluído pela Lei nº 14.340, de 2022) das partes ou do Ministério Público, determinará a
oitiva de testemunhas que comprovem a presença de
Art. 158. O requerido será citado para, no prazo de dez uma das causas de suspensão ou destituição do
dias, oferecer resposta escrita, indicando as provas a poder familiar previstas nos arts. 1.637 e 1.638 da Lei
serem produzidas e oferecendo desde logo o rol de n o 10.406, de 10 de janeiro de 2002 (Código Civil) ,
testemunhas e documentos. ou no art. 24 desta Lei.

§ 1 o A citação será pessoal, salvo se esgotados todos § 2 o (Revogado) .


os meios para sua realização.
§ 3 o Se o pedido importar em modificação de guarda,
§ 2 o O requerido privado de liberdade deverá ser citado será obrigatória, desde que possível e razoável, a
pessoalmente. oitiva da criança ou adolescente, respeitado seu
estágio de desenvolvimento e grau de compreensão
§ 3 o Quando, por 2 (duas) vezes, o oficial de justiça sobre as implicações da medida.
houver procurado o citando em seu domicílio ou
residência sem o encontrar, deverá, havendo suspeita § 4º É obrigatória a oitiva dos pais sempre que eles
de ocultação, informar qualquer pessoa da família ou, forem identificados e estiverem em local conhecido,
em sua falta, qualquer vizinho do dia útil em que ressalvados os casos de não comparecimento
voltará a fim de efetuar a citação, na hora que perante a Justiça quando devidamente citados.
designar, nos termos do art. 252 e seguintes da Lei n
o 13.105, de 16 de março de 2015 (Código de § 5 o Se o pai ou a mãe estiverem privados de
Processo Civil) . liberdade, a autoridade judicial requisitará sua
apresentação para a oitiva.
§ 4 o Na hipótese de os genitores encontrarem-se em
local incerto ou não sabido, serão citados por edital no Art. 162. Apresentada a resposta, a autoridade
prazo de 10 (dez) dias, em publicação única, judiciária dará vista dos autos ao Ministério Público,
dispensado o envio de ofícios para a localização. por cinco dias, salvo quando este for o requerente,
designando, desde logo, audiência de instrução e
Art. 159. Se o requerido não tiver possibilidade de julgamento.
constituir advogado, sem prejuízo do próprio sustento
e de sua família, poderá requerer, em cartório, que lhe § 1º (Revogado)

130
adolescente, especificando se tem ou não parente
§ 2 o Na audiência, presentes as partes e o Ministério vivo;
Público, serão ouvidas as testemunhas, colhendo-se
oralmente o parecer técnico, salvo quando III - qualificação completa da criança ou adolescente e
apresentado por escrito, manifestando-se de seus pais, se conhecidos;
sucessivamente o requerente, o requerido e o
Ministério Público, pelo tempo de 20 (vinte) minutos IV - indicação do cartório onde foi inscrito nascimento,
cada um, prorrogável por mais 10 (dez) minutos. anexando, se possível, uma cópia da respectiva
certidão;
§ 3 o A decisão será proferida na audiência, podendo a
autoridade judiciária, excepcionalmente, designar V - declaração sobre a existência de bens, direitos ou
data para sua leitura no prazo máximo de 5 (cinco) rendimentos relativos à criança ou ao adolescente.
dias.
Parágrafo único. Em se tratando de adoção, observar-
§ 4 o Quando o procedimento de destituição de poder se-ão também os requisitos específicos.
familiar for iniciado pelo Ministério Público, não haverá
necessidade de nomeação de curador especial em Art. 166. Se os pais forem falecidos, tiverem sido
favor da criança ou adolescente. destituídos ou suspensos do poder familiar, ou
houverem aderido expressamente ao pedido de
Art. 163. O prazo máximo para conclusão do colocação em família substituta, este poderá ser
procedimento será de 120 (cento e vinte) dias, e formulado diretamente em cartório, em petição
caberá ao juiz, no caso de notória inviabilidade de assinada pelos próprios requerentes, dispensada a
manutenção do poder familiar, dirigir esforços para assistência de advogado.
preparar a criança ou o adolescente com vistas à
colocação em família substituta. § 1 o Na hipótese de concordância dos pais, o juiz:

Parágrafo único. A sentença que decretar a perda ou a I - na presença do Ministério Público, ouvirá as partes,
suspensão do poder familiar será averbada à margem devidamente assistidas por advogado ou por defensor
do registro de nascimento da criança ou do público, para verificar sua concordância com a
adolescente. adoção, no prazo máximo de 10 (dez) dias, contado
da data do protocolo da petição ou da entrega da
Seção III criança em juízo, tomando por termo as declarações;
e
Da Destituição da Tutela
II - declarará a extinção do poder familiar.
Art. 164. Na destituição da tutela, observar-se-á o
procedimento para a remoção de tutor previsto na lei § 2 o O consentimento dos titulares do poder familiar
processual civil e, no que couber, o disposto na seção será precedido de orientações e esclarecimentos
anterior. prestados pela equipe interprofissional da Justiça da
Infância e da Juventude, em especial, no caso de
Seção IV adoção, sobre a irrevogabilidade da medida.

Da Colocação em Família Substituta § 3 o São garantidos a livre manifestação de vontade


dos detentores do poder familiar e o direito ao sigilo
Art. 165. São requisitos para a concessão de pedidos das informações. (Redação dada pela Lei nº 13.509,
de colocação em família substituta: de 2017)

I - qualificação completa do requerente e de seu § 4 o O consentimento prestado por escrito não terá
eventual cônjuge, ou companheiro, com expressa validade se não for ratificado na audiência a que se
anuência deste; refere o § 1 o deste artigo. (Redação dada pela Lei nº
13.509, de 2017)
II - indicação de eventual parentesco do requerente e
de seu cônjuge, ou companheiro, com a criança ou § 5 o O consentimento é retratável até a data da
realização da audiência especificada no § 1 o deste

131
artigo, e os pais podem exercer o arrependimento no
prazo de 10 (dez) dias, contado da data de prolação Seção V
da sentença de extinção do poder familiar. (Redação
dada pela Lei nº 13.509, de 2017) Da Apuração de Ato Infracional Atribuído a Adolescente

§ 6 o O consentimento somente terá valor se for dado Art. 171. O adolescente apreendido por força de ordem
após o nascimento da criança. judicial será, desde logo, encaminhado à autoridade
judiciária.
§ 7 o A família natural e a família substituta receberão a
devida orientação por intermédio de equipe técnica Art. 172. O adolescente apreendido em flagrante de ato
interprofissional a serviço da Justiça da Infância e da infracional será, desde logo, encaminhado à
Juventude, preferencialmente com apoio dos técnicos autoridade policial competente.
responsáveis pela execução da política municipal de
garantia do direito à convivência familiar. Parágrafo único. Havendo repartição policial
especializada para atendimento de adolescente e em
Art. 167. A autoridade judiciária, de ofício ou a se tratando de ato infracional praticado em co-autoria
requerimento das partes ou do Ministério Público, com maior, prevalecerá a atribuição da repartição
determinará a realização de estudo social ou, se especializada, que, após as providências necessárias
possível, perícia por equipe interprofissional, e conforme o caso, encaminhará o adulto à repartição
decidindo sobre a concessão de guarda provisória, policial própria.
bem como, no caso de adoção, sobre o estágio de
convivência. Art. 173. Em caso de flagrante de ato infracional
cometido mediante violência ou grave ameaça a
Parágrafo único. Deferida a concessão da guarda pessoa, a autoridade policial, sem prejuízo do
provisória ou do estágio de convivência, a criança ou disposto nos arts. 106, parágrafo único, e 107, deverá:
o adolescente será entregue ao interessado,
mediante termo de responsabilidade. I - lavrar auto de apreensão, ouvidos as testemunhas e
o adolescente;
Art. 168. Apresentado o relatório social ou o laudo
pericial, e ouvida, sempre que possível, a criança ou II - apreender o produto e os instrumentos da infração;
o adolescente, dar-se-á vista dos autos ao Ministério
Público, pelo prazo de cinco dias, decidindo a III - requisitar os exames ou perícias necessários à
autoridade judiciária em igual prazo. comprovação da materialidade e autoria da infração.

Art. 169. Nas hipóteses em que a destituição da tutela, Parágrafo único. Nas demais hipóteses de flagrante, a
a perda ou a suspensão do pátrio poder poder familiar lavratura do auto poderá ser substituída por boletim
constituir pressuposto lógico da medida principal de de ocorrência circunstanciada.
colocação em família substituta, será observado o
procedimento contraditório previsto nas Seções II e III Art. 174. Comparecendo qualquer dos pais ou
deste Capítulo. responsável, o adolescente será prontamente
liberado pela autoridade policial, sob termo de
Parágrafo único. A perda ou a modificação da guarda compromisso e responsabilidade de sua
poderá ser decretada nos mesmos autos do apresentação ao representante do Ministério Público,
procedimento, observado o disposto no art. 35. no mesmo dia ou, sendo impossível, no primeiro dia
útil imediato, exceto quando, pela gravidade do ato
Art. 170. Concedida a guarda ou a tutela, observar-se- infracional e sua repercussão social, deva o
á o disposto no art. 32, e, quanto à adoção, o contido adolescente permanecer sob internação para garantia
no art. 47. de sua segurança pessoal ou manutenção da ordem
pública.
Parágrafo único. A colocação de criança ou
adolescente sob a guarda de pessoa inscrita em Art. 175. Em caso de não liberação, a autoridade policial
programa de acolhimento familiar será comunicada encaminhará, desde logo, o adolescente ao
pela autoridade judiciária à entidade por este representante do Ministério Público, juntamente com
responsável no prazo máximo de 5 (cinco) dias. cópia do auto de apreensão ou boletim de ocorrência.

132
§ 1º Sendo impossível a apresentação imediata, a III - representar à autoridade judiciária para aplicação
autoridade policial encaminhará o adolescente à de medida sócio-educativa.
entidade de atendimento, que fará a apresentação ao
representante do Ministério Público no prazo de vinte Art. 181. Promovido o arquivamento dos autos ou
e quatro horas. concedida a remissão pelo representante do
Ministério Público, mediante termo fundamentado,
§ 2º Nas localidades onde não houver entidade de que conterá o resumo dos fatos, os autos serão
atendimento, a apresentação far-se-á pela autoridade conclusos à autoridade judiciária para homologação.
policial. À falta de repartição policial especializada, o
adolescente aguardará a apresentação em § 1º Homologado o arquivamento ou a remissão, a
dependência separada da destinada a maiores, não autoridade judiciária determinará, conforme o caso, o
podendo, em qualquer hipótese, exceder o prazo cumprimento da medida.
referido no parágrafo anterior.
§ 2º Discordando, a autoridade judiciária fará remessa
Art. 176. Sendo o adolescente liberado, a autoridade dos autos ao Procurador-Geral de Justiça, mediante
policial encaminhará imediatamente ao representante despacho fundamentado, e este oferecerá
do Ministério Público cópia do auto de apreensão ou representação, designará outro membro do Ministério
boletim de ocorrência. Público para apresentá-la, ou ratificará o
arquivamento ou a remissão, que só então estará a
Art. 177. Se, afastada a hipótese de flagrante, houver autoridade judiciária obrigada a homologar.
indícios de participação de adolescente na prática de
ato infracional, a autoridade policial encaminhará ao Art. 182. Se, por qualquer razão, o representante do
representante do Ministério Público relatório das Ministério Público não promover o arquivamento ou
investigações e demais documentos. conceder a remissão, oferecerá representação à
autoridade judiciária, propondo a instauração de
Art. 178. O adolescente a quem se atribua autoria de procedimento para aplicação da medida sócio-
ato infracional não poderá ser conduzido ou educativa que se afigurar a mais adequada.
transportado em compartimento fechado de veículo
policial, em condições atentatórias à sua dignidade, § 1º A representação será oferecida por petição, que
ou que impliquem risco à sua integridade física ou conterá o breve resumo dos fatos e a classificação do
mental, sob pena de responsabilidade. ato infracional e, quando necessário, o rol de
testemunhas, podendo ser deduzida oralmente, em
Art. 179. Apresentado o adolescente, o representante sessão diária instalada pela autoridade judiciária.
do Ministério Público, no mesmo dia e à vista do auto
de apreensão, boletim de ocorrência ou relatório § 2º A representação independe de prova pré-
policial, devidamente autuados pelo cartório judicial e constituída da autoria e materialidade.
com informação sobre os antecedentes do
adolescente, procederá imediata e informalmente à Art. 183. O prazo máximo e improrrogável para a
sua oitiva e, em sendo possível, de seus pais ou conclusão do procedimento, estando o adolescente
responsável, vítima e testemunhas. internado provisoriamente, será de quarenta e cinco
dias.
Parágrafo único. Em caso de não apresentação, o
representante do Ministério Público notificará os pais Art. 184. Oferecida a representação, a autoridade
ou responsável para apresentação do adolescente, judiciária designará audiência de apresentação do
podendo requisitar o concurso das polícias civil e adolescente, decidindo, desde logo, sobre a
militar. decretação ou manutenção da internação, observado
o disposto no art. 108 e parágrafo.
Art. 180. Adotadas as providências a que alude o artigo
anterior, o representante do Ministério Público poderá: § 1º O adolescente e seus pais ou responsável serão
cientificados do teor da representação, e notificados a
I - promover o arquivamento dos autos; comparecer à audiência, acompanhados de
advogado.
II - conceder a remissão;

133
§ 2º Se os pais ou responsável não forem localizados, da equipe interprofissional, será dada a palavra ao
a autoridade judiciária dará curador especial ao representante do Ministério Público e ao defensor,
adolescente. sucessivamente, pelo tempo de vinte minutos para
cada um, prorrogável por mais dez, a critério da
§ 3º Não sendo localizado o adolescente, a autoridade autoridade judiciária, que em seguida proferirá
judiciária expedirá mandado de busca e apreensão, decisão.
determinando o sobrestamento do feito, até a efetiva
apresentação. Art. 187. Se o adolescente, devidamente notificado, não
comparecer, injustificadamente à audiência de
§ 4º Estando o adolescente internado, será requisitada apresentação, a autoridade judiciária designará nova
a sua apresentação, sem prejuízo da notificação dos data, determinando sua condução coercitiva.
pais ou responsável.
Art. 188. A remissão, como forma de extinção ou
Art. 185. A internação, decretada ou mantida pela suspensão do processo, poderá ser aplicada em
autoridade judiciária, não poderá ser cumprida em qualquer fase do procedimento, antes da sentença.
estabelecimento prisional.
Art. 189. A autoridade judiciária não aplicará qualquer
§ 1º Inexistindo na comarca entidade com as medida, desde que reconheça na sentença:
características definidas no art. 123, o adolescente
deverá ser imediatamente transferido para a I - estar provada a inexistência do fato;
localidade mais próxima.
II - não haver prova da existência do fato;
§ 2º Sendo impossível a pronta transferência, o
adolescente aguardará sua remoção em repartição III - não constituir o fato ato infracional;
policial, desde que em seção isolada dos adultos e
com instalações apropriadas, não podendo IV - não existir prova de ter o adolescente concorrido
ultrapassar o prazo máximo de cinco dias, sob pena para o ato infracional.
de responsabilidade.
Parágrafo único. Na hipótese deste artigo, estando o
Art. 186. Comparecendo o adolescente, seus pais ou adolescente internado, será imediatamente colocado
responsável, a autoridade judiciária procederá à oitiva em liberdade.
dos mesmos, podendo solicitar opinião de profissional
qualificado. Art. 190. A intimação da sentença que aplicar medida
de internação ou regime de semi-liberdade será feita:
§ 1º Se a autoridade judiciária entender adequada a
remissão, ouvirá o representante do Ministério I - ao adolescente e ao seu defensor;
Público, proferindo decisão.
II - quando não for encontrado o adolescente, a seus
§ 2º Sendo o fato grave, passível de aplicação de pais ou responsável, sem prejuízo do defensor.
medida de internação ou colocação em regime de
semi-liberdade, a autoridade judiciária, verificando § 1º Sendo outra a medida aplicada, a intimação far-se-
que o adolescente não possui advogado constituído, á unicamente na pessoa do defensor.
nomeará defensor, designando, desde logo, audiência
em continuação, podendo determinar a realização de § 2º Recaindo a intimação na pessoa do adolescente,
diligências e estudo do caso. deverá este manifestar se deseja ou não recorrer da
sentença.
§ 3º O advogado constituído ou o defensor nomeado,
no prazo de três dias contado da audiência de Seção V-A
apresentação, oferecerá defesa prévia e rol de
testemunhas. Da Infiltração de Agentes de Polícia para a Investigação
de Crimes contra a Dignidade Sexual de Criança e de
§ 4º Na audiência em continuação, ouvidas as Adolescente”
testemunhas arroladas na representação e na defesa
prévia, cumpridas as diligências e juntado o relatório

134
Art. 190-A. A infiltração de agentes de polícia na internet Parágrafo único. Antes da conclusão da operação, o
com o fim de investigar os crimes previstos nos arts. acesso aos autos será reservado ao juiz, ao Ministério
240 , 241 , 241-A , 241-B , 241-C e 241-D desta Lei e Público e ao delegado de polícia responsável pela
nos arts. 154-A , 217-A , 218 , 218-A e 218-B do operação, com o objetivo de garantir o sigilo das
Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940 investigações.
(Código Penal) , obedecerá às seguintes regras:
Art. 190-C. Não comete crime o policial que oculta a sua
I – será precedida de autorização judicial devidamente identidade para, por meio da internet, colher indícios
circunstanciada e fundamentada, que estabelecerá os de autoria e materialidade dos crimes previstos nos
limites da infiltração para obtenção de prova, ouvido o arts. 240 , 241 , 241-A , 241-B , 241-C e 241-D desta
Ministério Público; Lei e nos arts. 154-A , 217-A , 218 , 218-A e 218-B do
Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940
II – dar-se-á mediante requerimento do Ministério (Código Penal) .
Público ou representação de delegado de polícia e
conterá a demonstração de sua necessidade, o Parágrafo único. O agente policial infiltrado que deixar
alcance das tarefas dos policiais, os nomes ou de observar a estrita finalidade da investigação
apelidos das pessoas investigadas e, quando responderá pelos excessos praticados.
possível, os dados de conexão ou cadastrais que
permitam a identificação dessas pessoas; Art. 190-D. Os órgãos de registro e cadastro público
poderão incluir nos bancos de dados próprios,
III – não poderá exceder o prazo de 90 (noventa) dias, mediante procedimento sigiloso e requisição da
sem prejuízo de eventuais renovações, desde que o autoridade judicial, as informações necessárias à
total não exceda a 720 (setecentos e vinte) dias e seja efetividade da identidade fictícia criada.
demonstrada sua efetiva necessidade, a critério da
autoridade judicial. Parágrafo único. O procedimento sigiloso de que trata
esta Seção será numerado e tombado em livro
§ 1 º A autoridade judicial e o Ministério Público poderão específico.
requisitar relatórios parciais da operação de infiltração
antes do término do prazo de que trata o inciso II do § Art. 190-E. Concluída a investigação, todos os atos
1 º deste artigo. eletrônicos praticados durante a operação deverão
ser registrados, gravados, armazenados e
§ 2 º Para efeitos do disposto no inciso I do § 1 º deste encaminhados ao juiz e ao Ministério Público,
artigo, consideram-se: juntamente com relatório circunstanciado.

I – dados de conexão: informações referentes a hora, Parágrafo único. Os atos eletrônicos registrados citados
data, início, término, duração, endereço de Protocolo no caput deste artigo serão reunidos em autos
de Internet (IP) utilizado e terminal de origem da apartados e apensados ao processo criminal
conexão; juntamente com o inquérito policial, assegurando-se a
preservação da identidade do agente policial infiltrado
II – dados cadastrais: informações referentes a nome e e a intimidade das crianças e dos adolescentes
endereço de assinante ou de usuário registrado ou envolvidos.
autenticado para a conexão a quem endereço de IP,
identificação de usuário ou código de acesso tenha Seção VI
sido atribuído no momento da conexão.
Da Apuração de Irregularidades em Entidade de
§ 3 º A infiltração de agentes de polícia na internet não Atendimento
será admitida se a prova puder ser obtida por outros
meios. Art. 191. O procedimento de apuração de
irregularidades em entidade governamental e não-
Art. 190-B. As informações da operação de infiltração governamental terá início mediante portaria da
serão encaminhadas diretamente ao juiz responsável autoridade judiciária ou representação do Ministério
pela autorização da medida, que zelará por seu sigilo. Público ou do Conselho Tutelar, onde conste,
necessariamente, resumo dos fatos.

135
Parágrafo único. Havendo motivo grave, poderá a § 2º Sempre que possível, à verificação da infração
autoridade judiciária, ouvido o Ministério Público, seguir-se-á a lavratura do auto, certificando-se, em
decretar liminarmente o afastamento provisório do caso contrário, dos motivos do retardamento.
dirigente da entidade, mediante decisão
fundamentada. Art. 195. O requerido terá prazo de dez dias para
apresentação de defesa, contado da data da
Art. 192. O dirigente da entidade será citado para, no intimação, que será feita:
prazo de dez dias, oferecer resposta escrita, podendo
juntar documentos e indicar as provas a produzir. I - pelo autuante, no próprio auto, quando este for
lavrado na presença do requerido;
Art. 193. Apresentada ou não a resposta, e sendo
necessário, a autoridade judiciária designará II - por oficial de justiça ou funcionário legalmente
audiência de instrução e julgamento, intimando as habilitado, que entregará cópia do auto ou da
partes. representação ao requerido, ou a seu representante
legal, lavrando certidão;
§ 1º Salvo manifestação em audiência, as partes e o
Ministério Público terão cinco dias para oferecer III - por via postal, com aviso de recebimento, se não for
alegações finais, decidindo a autoridade judiciária em encontrado o requerido ou seu representante legal;
igual prazo.
IV - por edital, com prazo de trinta dias, se incerto ou
§ 2º Em se tratando de afastamento provisório ou não sabido o paradeiro do requerido ou de seu
definitivo de dirigente de entidade governamental, a representante legal.
autoridade judiciária oficiará à autoridade
administrativa imediatamente superior ao afastado, Art. 196. Não sendo apresentada a defesa no prazo
marcando prazo para a substituição. legal, a autoridade judiciária dará vista dos autos do
Ministério Público, por cinco dias, decidindo em igual
§ 3º Antes de aplicar qualquer das medidas, a prazo.
autoridade judiciária poderá fixar prazo para a
remoção das irregularidades verificadas. Satisfeitas Art. 197. Apresentada a defesa, a autoridade judiciária
as exigências, o processo será extinto, sem procederá na conformidade do artigo anterior, ou,
julgamento de mérito. sendo necessário, designará audiência de instrução e
julgamento.
§ 4º A multa e a advertência serão impostas ao dirigente
da entidade ou programa de atendimento. Parágrafo único. Colhida a prova oral, manifestar-se-ão
sucessivamente o Ministério Público e o procurador
Seção VII do requerido, pelo tempo de vinte minutos para cada
um, prorrogável por mais dez, a critério da autoridade
Da Apuração de Infração Administrativa às Normas de judiciária, que em seguida proferirá sentença.
Proteção à Criança e ao Adolescente

Art. 194. O procedimento para imposição de penalidade Da Habilitação de Pretendentes à Adoção


administrativa por infração às normas de proteção à
criança e ao adolescente terá início por representação Art. 197-A. Os postulantes à adoção, domiciliados no
do Ministério Público, ou do Conselho Tutelar, ou auto Brasil, apresentarão petição inicial na qual conste:
de infração elaborado por servidor efetivo ou
voluntário credenciado, e assinado por duas I - qualificação completa;
testemunhas, se possível.
II - dados familiares;
§ 1º No procedimento iniciado com o auto de infração,
poderão ser usadas fórmulas impressas, III - cópias autenticadas de certidão de nascimento ou
especificando-se a natureza e as circunstâncias da casamento, ou declaração relativa ao período de
infração. união estável;

136
IV - cópias da cédula de identidade e inscrição no da equipe técnica da Justiça da Infância e da
Cadastro de Pessoas Físicas; Juventude e dos grupos de apoio à adoção, com apoio
dos técnicos responsáveis pelo programa de
V - comprovante de renda e domicílio; acolhimento familiar e institucional e pela execução da
política municipal de garantia do direito à convivência
VI - atestados de sanidade física e mental familiar. (Redação dada pela Lei nº 13.509, de 2017)

VII - certidão de antecedentes criminais; § 3 o É recomendável que as crianças e os


adolescentes acolhidos institucionalmente ou por
VIII - certidão negativa de distribuição cível. família acolhedora sejam preparados por equipe
interprofissional antes da inclusão em família adotiva.
Art. 197-B. A autoridade judiciária, no prazo de 48
(quarenta e oito) horas, dará vista dos autos ao Art. 197-D. Certificada nos autos a conclusão da
Ministério Público, que no prazo de 5 (cinco) dias participação no programa referido no art. 197-C desta
poderá: Lei, a autoridade judiciária, no prazo de 48 (quarenta
e oito) horas, decidirá acerca das diligências
I - apresentar quesitos a serem respondidos pela requeridas pelo Ministério Público e determinará a
equipe interprofissional encarregada de elaborar o juntada do estudo psicossocial, designando, conforme
estudo técnico a que se refere o art. 197-C desta Lei; o caso, audiência de instrução e julgamento.

II - requerer a designação de audiência para oitiva dos Parágrafo único. Caso não sejam requeridas
postulantes em juízo e testemunhas; diligências, ou sendo essas indeferidas, a autoridade
judiciária determinará a juntada do estudo
III - requerer a juntada de documentos complementares psicossocial, abrindo a seguir vista dos autos ao
e a realização de outras diligências que entender Ministério Público, por 5 (cinco) dias, decidindo em
necessárias. igual prazo.

Art. 197-C. Intervirá no feito, obrigatoriamente, equipe Art. 197-E. Deferida a habilitação, o postulante será
interprofissional a serviço da Justiça da Infância e da inscrito nos cadastros referidos no art. 50 desta Lei,
Juventude, que deverá elaborar estudo psicossocial, sendo a sua convocação para a adoção feita de
que conterá subsídios que permitam aferir a acordo com ordem cronológica de habilitação e
capacidade e o preparo dos postulantes para o conforme a disponibilidade de crianças ou
exercício de uma paternidade ou maternidade adolescentes adotáveis.
responsável, à luz dos requisitos e princípios desta
Lei. § 1 o A ordem cronológica das habilitações somente
poderá deixar de ser observada pela autoridade
§ 1 o É obrigatória a participação dos postulantes em judiciária nas hipóteses previstas no § 13 do art. 50
programa oferecido pela Justiça da Infância e da desta Lei, quando comprovado ser essa a melhor
Juventude, preferencialmente com apoio dos técnicos solução no interesse do adotando.
responsáveis pela execução da política municipal de
garantia do direito à convivência familiar e dos grupos § 2 o A habilitação à adoção deverá ser renovada no
de apoio à adoção devidamente habilitados perante a mínimo trienalmente mediante avaliação por equipe
Justiça da Infância e da Juventude, que inclua interprofissional. (Redação dada pela Lei nº 13.509,
preparação psicológica, orientação e estímulo à de 2017)
adoção inter-racial, de crianças ou de adolescentes
com deficiência, com doenças crônicas ou com § 3 o Quando o adotante candidatar-se a uma nova
necessidades específicas de saúde, e de grupos de adoção, será dispensável a renovação da habilitação,
irmãos. (Redação dada pela Lei nº 13.509, de 2017) bastando a avaliação por equipe interprofissional.

§ 2 o Sempre que possível e recomendável, a etapa § 4 o Após 3 (três) recusas injustificadas, pelo
obrigatória da preparação referida no § 1 o deste habilitado, à adoção de crianças ou adolescentes
artigo incluirá o contato com crianças e adolescentes indicados dentro do perfil escolhido, haverá
em regime de acolhimento familiar ou institucional, a reavaliação da habilitação concedida.
ser realizado sob orientação, supervisão e avaliação

137
§ 5 o A desistência do pretendente em relação à guarda Público, no prazo de cinco dias, contados da
para fins de adoção ou a devolução da criança ou do intimação.
adolescente depois do trânsito em julgado da
sentença de adoção importará na sua exclusão dos Art. 199. Contra as decisões proferidas com base no art.
cadastros de adoção e na vedação de renovação da 149 caberá recurso de apelação.
habilitação, salvo decisão judicial fundamentada, sem
prejuízo das demais sanções previstas na legislação Art. 199-A. A sentença que deferir a adoção produz
vigente. efeito desde logo, embora sujeita a apelação, que
será recebida exclusivamente no efeito devolutivo,
Art. 197-F. O prazo máximo para conclusão da salvo se se tratar de adoção internacional ou se
habilitação à adoção será de 120 (cento e vinte) dias, houver perigo de dano irreparável ou de difícil
prorrogável por igual período, mediante decisão reparação ao adotando.
fundamentada da autoridade judiciária.
Art. 199-B. A sentença que destituir ambos ou qualquer
Capítulo IV dos genitores do poder familiar fica sujeita a apelação,
que deverá ser recebida apenas no efeito devolutivo.
Dos Recursos
Art. 199-C. Os recursos nos procedimentos de adoção
Art. 198. Nos procedimentos afetos à Justiça da e de destituição de poder familiar, em face da
Infância e da Juventude, inclusive os relativos à relevância das questões, serão processados com
execução das medidas socioeducativas, adotar-se-á prioridade absoluta, devendo ser imediatamente
o sistema recursal da Lei n o 5.869, de 11 de janeiro distribuídos, ficando vedado que aguardem, em
de 1973 (Código de Processo Civil) , com as seguintes qualquer situação, oportuna distribuição, e serão
adaptações: colocados em mesa para julgamento sem revisão e
com parecer urgente do Ministério Público.
I - os recursos serão interpostos independentemente de
preparo; Art. 199-D. O relator deverá colocar o processo em
mesa para julgamento no prazo máximo de 60
II - em todos os recursos, salvo nos embargos de (sessenta) dias, contado da sua conclusão.
declaração, o prazo para o Ministério Público e para a
defesa será sempre de 10 (dez) dias; Parágrafo único. O Ministério Público será intimado da
data do julgamento e poderá na sessão, se entender
III - os recursos terão preferência de julgamento e necessário, apresentar oralmente seu parecer.
dispensarão revisor;
Art. 199-E. O Ministério Público poderá requerer a
IV - instauração de procedimento para apuração de
responsabilidades se constatar o descumprimento
V- das providências e do prazo previstos nos artigos
anteriores.
VI -
Capítulo V
VII - antes de determinar a remessa dos autos à
superior instância, no caso de apelação, ou do Do Ministério Público
instrumento, no caso de agravo, a autoridade
judiciária proferirá despacho fundamentado, Art. 200. As funções do Ministério Público previstas
mantendo ou reformando a decisão, no prazo de cinco nesta Lei serão exercidas nos termos da respectiva lei
dias; orgânica.

VIII - mantida a decisão apelada ou agravada, o Art. 201. Compete ao Ministério Público:
escrivão remeterá os autos ou o instrumento à
superior instância dentro de vinte e quatro horas, I - conceder a remissão como forma de exclusão do
independentemente de novo pedido do recorrente; se processo;
a reformar, a remessa dos autos dependerá de pedido
expresso da parte interessada ou do Ministério

138
II - promover e acompanhar os procedimentos relativos X - representar ao juízo visando à aplicação de
às infrações atribuídas a adolescentes; penalidade por infrações cometidas contra as normas
de proteção à infância e à juventude, sem prejuízo da
III - promover e acompanhar as ações de alimentos e promoção da responsabilidade civil e penal do infrator,
os procedimentos de suspensão e destituição do quando cabível;
pátrio poder poder familiar , nomeação e remoção de
tutores, curadores e guardiães, bem como oficiar em XI - inspecionar as entidades públicas e particulares de
todos os demais procedimentos da competência da atendimento e os programas de que trata esta Lei,
Justiça da Infância e da Juventude; adotando de pronto as medidas administrativas ou
judiciais necessárias à remoção de irregularidades
IV - promover, de ofício ou por solicitação dos porventura verificadas;
interessados, a especialização e a inscrição de
hipoteca legal e a prestação de contas dos tutores, XII - requisitar força policial, bem como a colaboração
curadores e quaisquer administradores de bens de dos serviços médicos, hospitalares, educacionais e de
crianças e adolescentes nas hipóteses do art. 98; assistência social, públicos ou privados, para o
desempenho de suas atribuições.
V - promover o inquérito civil e a ação civil pública para
a proteção dos interesses individuais, difusos ou XIII - intervir, quando não for parte, nas causas cíveis e
coletivos relativos à infância e à adolescência, criminais decorrentes de violência doméstica e
inclusive os definidos no art. 220, § 3º inciso II, da familiar contra a criança e o adolescente.
Constituição Federal ;
§ 1º A legitimação do Ministério Público para as ações
VI - instaurar procedimentos administrativos e, para cíveis previstas neste artigo não impede a de
instruí-los: terceiros, nas mesmas hipóteses, segundo
dispuserem a Constituição e esta Lei.
a) expedir notificações para colher depoimentos ou
esclarecimentos e, em caso de não comparecimento § 2º As atribuições constantes deste artigo não excluem
injustificado, requisitar condução coercitiva, inclusive outras, desde que compatíveis com a finalidade do
pela polícia civil ou militar; Ministério Público.

b) requisitar informações, exames, perícias e § 3º O representante do Ministério Público, no exercício


documentos de autoridades municipais, estaduais e de suas funções, terá livre acesso a todo local onde
federais, da administração direta ou indireta, bem se encontre criança ou adolescente.
como promover inspeções e diligências
investigatórias; § 4º O representante do Ministério Público será
responsável pelo uso indevido das informações e
c) requisitar informações e documentos a particulares e documentos que requisitar, nas hipóteses legais de
instituições privadas; sigilo.

VII - instaurar sindicâncias, requisitar diligências § 5º Para o exercício da atribuição de que trata o inciso
investigatórias e determinar a instauração de inquérito VIII deste artigo, poderá o representante do Ministério
policial, para apuração de ilícitos ou infrações às Público:
normas de proteção à infância e à juventude;
a) reduzir a termo as declarações do reclamante,
VIII - zelar pelo efetivo respeito aos direitos e garantias instaurando o competente procedimento, sob sua
legais assegurados às crianças e adolescentes, presidência;
promovendo as medidas judiciais e extrajudiciais
cabíveis; b) entender-se diretamente com a pessoa ou
autoridade reclamada, em dia, local e horário
IX - impetrar mandado de segurança, de injunção e previamente notificados ou acertados;
habeas corpus, em qualquer juízo, instância ou
tribunal, na defesa dos interesses sociais e individuais c) efetuar recomendações visando à melhoria dos
indisponíveis afetos à criança e ao adolescente; serviços públicos e de relevância pública afetos à

139
criança e ao adolescente, fixando prazo razoável para
sua perfeita adequação. Capítulo VII

Art. 202. Nos processos e procedimentos em que não Da Proteção Judicial dos Interesses Individuais,
for parte, atuará obrigatoriamente o Ministério Público Difusos e Coletivos
na defesa dos direitos e interesses de que cuida esta
Lei, hipótese em que terá vista dos autos depois das Art. 208. Regem-se pelas disposições desta Lei as
partes, podendo juntar documentos e requerer ações de responsabilidade por ofensa aos direitos
diligências, usando os recursos cabíveis. assegurados à criança e ao adolescente, referentes
ao não oferecimento ou oferta irregular:
Art. 203. A intimação do Ministério Público, em qualquer
caso, será feita pessoalmente. I - do ensino obrigatório;

Art. 204. A falta de intervenção do Ministério Público II - de atendimento educacional especializado aos
acarreta a nulidade do feito, que será declarada de portadores de deficiência;
ofício pelo juiz ou a requerimento de qualquer
interessado. III – de atendimento em creche e pré-escola às crianças
de zero a cinco anos de idade;
Art. 205. As manifestações processuais do
representante do Ministério Público deverão ser IV - de ensino noturno regular, adequado às condições
fundamentadas. do educando;

Capítulo VI V - de programas suplementares de oferta de material


didático-escolar, transporte e assistência à saúde do
Do Advogado educando do ensino fundamental;

Art. 206. A criança ou o adolescente, seus pais ou VI - de serviço de assistência social visando à proteção
responsável, e qualquer pessoa que tenha legítimo à família, à maternidade, à infância e à adolescência,
interesse na solução da lide poderão intervir nos bem como ao amparo às crianças e adolescentes que
procedimentos de que trata esta Lei, através de dele necessitem;
advogado, o qual será intimado para todos os atos,
pessoalmente ou por publicação oficial, respeitado o VII - de acesso às ações e serviços de saúde;
segredo de justiça.
VIII - de escolarização e profissionalização dos
Parágrafo único. Será prestada assistência judiciária adolescentes privados de liberdade.
integral e gratuita àqueles que dela necessitarem.
IX - de ações, serviços e programas de orientação,
Art. 207. Nenhum adolescente a quem se atribua a apoio e promoção social de famílias e destinados ao
prática de ato infracional, ainda que ausente ou pleno exercício do direito à convivência familiar por
foragido, será processado sem defensor. crianças e adolescentes.

§ 1º Se o adolescente não tiver defensor, ser-lhe-á X - de programas de atendimento para a execução das
nomeado pelo juiz, ressalvado o direito de, a todo medidas socioeducativas e aplicação de medidas de
tempo, constituir outro de sua preferência. proteção.

§ 2º A ausência do defensor não determinará o XI - de políticas e programas integrados de atendimento


adiamento de nenhum ato do processo, devendo o à criança e ao adolescente vítima ou testemunha de
juiz nomear substituto, ainda que provisoriamente, ou violência.
para o só efeito do ato.
§ 1 o As hipóteses previstas neste artigo não excluem
§ 3º Será dispensada a outorga de mandato, quando se da proteção judicial outros interesses individuais,
tratar de defensor nomeado ou, sido constituído, tiver difusos ou coletivos, próprios da infância e da
sido indicado por ocasião de ato formal com a adolescência, protegidos pela Constituição e pela Lei.
presença da autoridade judiciária.

140
§ 2 o A investigação do desaparecimento de crianças que se regerá pelas normas da lei do mandado de
ou adolescentes será realizada imediatamente após segurança.
notificação aos órgãos competentes, que deverão
comunicar o fato aos portos, aeroportos, Polícia Art. 213. Na ação que tenha por objeto o cumprimento
Rodoviária e companhias de transporte interestaduais de obrigação de fazer ou não fazer, o juiz concederá
e internacionais, fornecendo-lhes todos os dados a tutela específica da obrigação ou determinará
necessários à identificação do desaparecido. providências que assegurem o resultado prático
equivalente ao do adimplemento.
Art. 209. As ações previstas neste Capítulo serão
propostas no foro do local onde ocorreu ou deva § 1º Sendo relevante o fundamento da demanda e
ocorrer a ação ou omissão, cujo juízo terá havendo justificado receio de ineficácia do provimento
competência absoluta para processar a causa, final, é lícito ao juiz conceder a tutela liminarmente ou
ressalvadas a competência da Justiça Federal e a após justificação prévia, citando o réu.
competência originária dos tribunais superiores.
§ 2º O juiz poderá, na hipótese do parágrafo anterior ou
Art. 210. Para as ações cíveis fundadas em interesses na sentença, impor multa diária ao réu,
coletivos ou difusos, consideram-se legitimados independentemente de pedido do autor, se for
concorrentemente: suficiente ou compatível com a obrigação, fixando
prazo razoável para o cumprimento do preceito.
I - o Ministério Público;
§ 3º A multa só será exigível do réu após o trânsito em
II - a União, os estados, os municípios, o Distrito Federal julgado da sentença favorável ao autor, mas será
e os territórios; devida desde o dia em que se houver configurado o
descumprimento.
III - as associações legalmente constituídas há pelo
menos um ano e que incluam entre seus fins Art. 214. Os valores das multas reverterão ao fundo
institucionais a defesa dos interesses e direitos gerido pelo Conselho dos Direitos da Criança e do
protegidos por esta Lei, dispensada a autorização da Adolescente do respectivo município.
assembléia, se houver prévia autorização estatutária.
§ 1º As multas não recolhidas até trinta dias após o
§ 1º Admitir-se-á litisconsórcio facultativo entre os trânsito em julgado da decisão serão exigidas através
Ministérios Públicos da União e dos estados na defesa de execução promovida pelo Ministério Público, nos
dos interesses e direitos de que cuida esta Lei. mesmos autos, facultada igual iniciativa aos demais
legitimados.
§ 2º Em caso de desistência ou abandono da ação por
associação legitimada, o Ministério Público ou outro § 2º Enquanto o fundo não for regulamentado, o
legitimado poderá assumir a titularidade ativa. dinheiro ficará depositado em estabelecimento oficial
de crédito, em conta com correção monetária.
Art. 211. Os órgãos públicos legitimados poderão tomar
dos interessados compromisso de ajustamento de Art. 215. O juiz poderá conferir efeito suspensivo aos
sua conduta às exigências legais, o qual terá eficácia recursos, para evitar dano irreparável à parte.
de título executivo extrajudicial.
Art. 216. Transitada em julgado a sentença que impuser
Art. 212. Para defesa dos direitos e interesses condenação ao poder público, o juiz determinará a
protegidos por esta Lei, são admissíveis todas as remessa de peças à autoridade competente, para
espécies de ações pertinentes. apuração da responsabilidade civil e administrativa do
agente a que se atribua a ação ou omissão.
§ 1º Aplicam-se às ações previstas neste Capítulo as
normas do Código de Processo Civil. Art. 217. Decorridos sessenta dias do trânsito em
julgado da sentença condenatória sem que a
§ 2º Contra atos ilegais ou abusivos de autoridade associação autora lhe promova a execução, deverá
pública ou agente de pessoa jurídica no exercício de fazê-lo o Ministério Público, facultada igual iniciativa
atribuições do poder público, que lesem direito líquido aos demais legitimados.
e certo previsto nesta Lei, caberá ação mandamental,

141
Art. 218. O juiz condenará a associação autora a pagar Ministério público, poderão as associações
ao réu os honorários advocatícios arbitrados na legitimadas apresentar razões escritas ou
conformidade do § 4º do art. 20 da Lei n.º 5.869, de documentos, que serão juntados aos autos do
11 de janeiro de 1973 (Código de Processo Civil) , inquérito ou anexados às peças de informação.
quando reconhecer que a pretensão é
manifestamente infundada. § 4º A promoção de arquivamento será submetida a
exame e deliberação do Conselho Superior do
Parágrafo único. Em caso de litigância de má-fé, a Ministério Público, conforme dispuser o seu
associação autora e os diretores responsáveis pela regimento.
propositura da ação serão solidariamente
condenados ao décuplo das custas, sem prejuízo de § 5º Deixando o Conselho Superior de homologar a
responsabilidade por perdas e danos. promoção de arquivamento, designará, desde logo,
outro órgão do Ministério Público para o ajuizamento
Art. 219. Nas ações de que trata este Capítulo, não da ação.
haverá adiantamento de custas, emolumentos,
honorários periciais e quaisquer outras despesas. Art. 224. Aplicam-se subsidiariamente, no que couber,
as disposições da Lei n.º 7.347, de 24 de julho de
Art. 220. Qualquer pessoa poderá e o servidor público 1985 .
deverá provocar a iniciativa do Ministério Público,
prestando-lhe informações sobre fatos que
constituam objeto de ação civil, e indicando-lhe os
elementos de convicção. Título VII
Dos Crimes e Das Infrações Administrativas
Art. 221. Se, no exercício de suas funções, os juízos e
tribunais tiverem conhecimento de fatos que possam Capítulo I
ensejar a propositura de ação civil, remeterão peças Dos Crimes
ao Ministério Público para as providências cabíveis.
Seção I
Art. 222. Para instruir a petição inicial, o interessado
poderá requerer às autoridades competentes as Disposições Gerais
certidões e informações que julgar necessárias, que
serão fornecidas no prazo de quinze dias. Art. 225. Este Capítulo dispõe sobre crimes praticados
contra a criança e o adolescente, por ação ou
Art. 223. O Ministério Público poderá instaurar, sob sua omissão, sem prejuízo do disposto na legislação
presidência, inquérito civil, ou requisitar, de qualquer penal.
pessoa, organismo público ou particular, certidões,
informações, exames ou perícias, no prazo que Art. 226. Aplicam-se aos crimes definidos nesta Lei as
assinalar, o qual não poderá ser inferior a dez dias normas da Parte Geral do Código Penal e, quanto ao
úteis. processo, as pertinentes ao Código de Processo
Penal.
§ 1º Se o órgão do Ministério Público, esgotadas todas
as diligências, se convencer da inexistência de § 1º Aos crimes cometidos contra a criança e o
fundamento para a propositura da ação cível, adolescente, independentemente da pena prevista,
promoverá o arquivamento dos autos do inquérito civil não se aplica a Lei nº 9.099, de 26 de setembro de
ou das peças informativas, fazendo-o 1995.
fundamentadamente.
§ 2º Nos casos de violência doméstica e familiar contra
§ 2º Os autos do inquérito civil ou as peças de a criança e o adolescente, é vedada a aplicação de
informação arquivados serão remetidos, sob pena de penas de cesta básica ou de outras de prestação
se incorrer em falta grave, no prazo de três dias, ao pecuniária, bem como a substituição de pena que
Conselho Superior do Ministério Público. implique o pagamento isolado de multa.

§ 3º Até que seja homologada ou rejeitada a promoção Art. 227. Os crimes definidos nesta Lei são de ação
de arquivamento, em sessão do Conselho Superior do pública incondicionada.

142
Art. 227-A Os efeitos da condenação prevista no inciso Art. 231. Deixar a autoridade policial responsável pela
I do caput do art. 92 do Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de apreensão de criança ou adolescente de fazer
dezembro de 1940 (Código Penal), para os crimes imediata comunicação à autoridade judiciária
previstos nesta Lei, praticados por servidores públicos competente e à família do apreendido ou à pessoa por
com abuso de autoridade, são condicionados à ele indicada:
ocorrência de reincidência. (Incluído pela Lei nº
13.869. de 2019) Pena - detenção de seis meses a dois anos.

Parágrafo único. A perda do cargo, do mandato ou da Art. 232. Submeter criança ou adolescente sob sua
função, nesse caso, independerá da pena aplicada na autoridade, guarda ou vigilância a vexame ou a
reincidência. (Incluído pela Lei nº 13.869. de 2019) constrangimento:

Seção II Pena - detenção de seis meses a dois anos.

Dos Crimes em Espécie Art. 233. (Revogado pela Lei nº 9.455, de 7.4.1997 :

Art. 228. Deixar o encarregado de serviço ou o dirigente Art. 234. Deixar a autoridade competente, sem justa
de estabelecimento de atenção à saúde de gestante causa, de ordenar a imediata liberação de criança ou
de manter registro das atividades desenvolvidas, na adolescente, tão logo tenha conhecimento da
forma e prazo referidos no art. 10 desta Lei, bem como ilegalidade da apreensão:
de fornecer à parturiente ou a seu responsável, por
ocasião da alta médica, declaração de nascimento, Pena - detenção de seis meses a dois anos.
onde constem as intercorrências do parto e do
desenvolvimento do neonato: Art. 235. Descumprir, injustificadamente, prazo fixado
nesta Lei em benefício de adolescente privado de
Pena - detenção de seis meses a dois anos. liberdade:

Parágrafo único. Se o crime é culposo: Pena - detenção de seis meses a dois anos.

Pena - detenção de dois a seis meses, ou multa. Art. 236. Impedir ou embaraçar a ação de autoridade
judiciária, membro do Conselho Tutelar ou
Art. 229. Deixar o médico, enfermeiro ou dirigente de representante do Ministério Público no exercício de
estabelecimento de atenção à saúde de gestante de função prevista nesta Lei:
identificar corretamente o neonato e a parturiente, por
ocasião do parto, bem como deixar de proceder aos Pena - detenção de seis meses a dois anos.
exames referidos no art. 10 desta Lei:
Art. 237. Subtrair criança ou adolescente ao poder de
Pena - detenção de seis meses a dois anos. quem o tem sob sua guarda em virtude de lei ou
ordem judicial, com o fim de colocação em lar
Parágrafo único. Se o crime é culposo: substituto:

Pena - detenção de dois a seis meses, ou multa. Pena - reclusão de dois a seis anos, e multa.

Art. 230. Privar a criança ou o adolescente de sua Art. 238. Prometer ou efetivar a entrega de filho ou
liberdade, procedendo à sua apreensão sem estar em pupilo a terceiro, mediante paga ou recompensa:
flagrante de ato infracional ou inexistindo ordem
escrita da autoridade judiciária competente: Pena - reclusão de um a quatro anos, e multa.

Pena - detenção de seis meses a dois anos. Parágrafo único. Incide nas mesmas penas quem
oferece ou efetiva a paga ou recompensa.
Parágrafo único. Incide na mesma pena aquele que
procede à apreensão sem observância das Art. 239. Promover ou auxiliar a efetivação de ato
formalidades legais. destinado ao envio de criança ou adolescente para o

143
exterior com inobservância das formalidades legais ou § 1 o Nas mesmas penas incorre quem:
com o fito de obter lucro:
I – assegura os meios ou serviços para o
Pena - reclusão de quatro a seis anos, e multa. armazenamento das fotografias, cenas ou imagens de
que trata o caput deste artigo;
Parágrafo único. Se há emprego de violência, grave
ameaça ou fraude: (Incluído pela Lei nº 10.764, de II – assegura, por qualquer meio, o acesso por rede de
12.11.2003) computadores às fotografias, cenas ou imagens de
que trata o caput deste artigo.
Pena - reclusão, de 6 (seis) a 8 (oito) anos, além da
pena correspondente à violência. § 2 o As condutas tipificadas nos incisos I e II do § 1 o
deste artigo são puníveis quando o responsável legal
Art. 240. Produzir, reproduzir, dirigir, fotografar, filmar pela prestação do serviço, oficialmente notificado,
ou registrar, por qualquer meio, cena de sexo explícito deixa de desabilitar o acesso ao conteúdo ilícito de
ou pornográfica, envolvendo criança ou adolescente: que trata o caput deste artigo.

Pena – reclusão, de 4 (quatro) a 8 (oito) anos, e multa. Art. 241-B. Adquirir, possuir ou armazenar, por
qualquer meio, fotografia, vídeo ou outra forma de
§ 1 o Incorre nas mesmas penas quem agencia, facilita, registro que contenha cena de sexo explícito ou
recruta, coage, ou de qualquer modo intermedeia a pornográfica envolvendo criança ou adolescente:
participação de criança ou adolescente nas cenas
referidas no caput deste artigo, ou ainda quem com Pena – reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.
esses contracena.
§ 1 o A pena é diminuída de 1 (um) a 2/3 (dois terços)
§ 2 o Aumenta-se a pena de 1/3 (um terço) se o agente se de pequena quantidade o material a que se refere
comete o crime: o caput deste artigo.

I – no exercício de cargo ou função pública ou a pretexto § 2 o Não há crime se a posse ou o armazenamento


de exercê-la; tem a finalidade de comunicar às autoridades
competentes a ocorrência das condutas descritas nos
II – prevalecendo-se de relações domésticas, de arts. 240, 241, 241-A e 241-C desta Lei, quando a
coabitação ou de hospitalidade; ou comunicação for feita por:

III – prevalecendo-se de relações de parentesco I – agente público no exercício de suas funções;


consangüíneo ou afim até o terceiro grau, ou por
adoção, de tutor, curador, preceptor, empregador da II – membro de entidade, legalmente constituída, que
vítima ou de quem, a qualquer outro título, tenha inclua, entre suas finalidades institucionais, o
autoridade sobre ela, ou com seu consentimento. recebimento, o processamento e o encaminhamento
de notícia dos crimes referidos neste parágrafo;
Art. 241. Vender ou expor à venda fotografia, vídeo ou
outro registro que contenha cena de sexo explícito ou III – representante legal e funcionários responsáveis de
pornográfica envolvendo criança ou adolescente: provedor de acesso ou serviço prestado por meio de
rede de computadores, até o recebimento do material
Pena – reclusão, de 4 (quatro) a 8 (oito) anos, e multa. relativo à notícia feita à autoridade policial, ao
Ministério Público ou ao Poder Judiciário.
Art. 241-A. Oferecer, trocar, disponibilizar, transmitir,
distribuir, publicar ou divulgar por qualquer meio, § 3 o As pessoas referidas no § 2 o deste artigo deverão
inclusive por meio de sistema de informática ou manter sob sigilo o material ilícito referido.
telemático, fotografia, vídeo ou outro registro que
contenha cena de sexo explícito ou pornográfica Art. 241-C. Simular a participação de criança ou
envolvendo criança ou adolescente: adolescente em cena de sexo explícito ou
pornográfica por meio de adulteração, montagem ou
Pena – reclusão, de 3 (três) a 6 (seis) anos, e multa. modificação de fotografia, vídeo ou qualquer outra
forma de representação visual:

144
provocar qualquer dano físico em caso de utilização
Pena – reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos, e multa. indevida:

Parágrafo único. Incorre nas mesmas penas quem Pena - detenção de seis meses a dois anos, e multa.
vende, expõe à venda, disponibiliza, distribui, publica
ou divulga por qualquer meio, adquire, possui ou Art. 244-A. Submeter criança ou adolescente, como tais
armazena o material produzido na forma do caput definidos no caput do art. 2 o desta Lei, à prostituição
deste artigo. ou à exploração sexual: (Incluído pela Lei nº 9.975, de
23.6.2000)
Art. 241-D. Aliciar, assediar, instigar ou constranger, por
qualquer meio de comunicação, criança, com o fim de Pena – reclusão de quatro a dez anos e multa, além da
com ela praticar ato libidinoso: perda de bens e valores utilizados na prática
criminosa em favor do Fundo dos Direitos da Criança
Pena – reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos, e multa. e do Adolescente da unidade da Federação (Estado
ou Distrito Federal) em que foi cometido o crime,
Parágrafo único. Nas mesmas penas incorre quem: ressalvado o direito de terceiro de boa-fé. (Redação
dada pela Lei nº 13.440, de 2017)
I – facilita ou induz o acesso à criança de material
contendo cena de sexo explícito ou pornográfica com § 1 o Incorrem nas mesmas penas o proprietário, o
o fim de com ela praticar ato libidinoso; gerente ou o responsável pelo local em que se
verifique a submissão de criança ou adolescente às
II – pratica as condutas descritas no caput deste artigo práticas referidas no caput deste artigo. (Incluído pela
com o fim de induzir criança a se exibir de forma Lei nº 9.975, de 23.6.2000)
pornográfica ou sexualmente explícita.
§ 2 o Constitui efeito obrigatório da condenação a
Art. 241-E. Para efeito dos crimes previstos nesta Lei, cassação da licença de localização e de
a expressão “cena de sexo explícito ou pornográfica” funcionamento do estabelecimento. (Incluído pela Lei
compreende qualquer situação que envolva criança nº 9.975, de 23.6.2000)
ou adolescente em atividades sexuais explícitas, reais
ou simuladas, ou exibição dos órgãos genitais de uma Art. //////244-B. Corromper ou facilitar a corrupção de
criança ou adolescente para fins primordialmente menor de 18 (dezoito) anos, com ele praticando
sexuais. infração penal ou induzindo-o a praticá-la: (Incluído
pela Lei nº 12.015, de 2009)
Art. 242. Vender, fornecer ainda que gratuitamente ou
entregar, de qualquer forma, a criança ou adolescente Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos. (Incluído
arma, munição ou explosivo: pela Lei nº 12.015, de 2009)

Pena - reclusão, de 3 (três) a 6 (seis) anos. (Redação § 1 o Incorre nas penas previstas no caput deste artigo
dada pela Lei nº 10.764, de 12.11.2003) quem pratica as condutas ali tipificadas utilizando-se
de quaisquer meios eletrônicos, inclusive salas de
Art. 243. Vender, fornecer, servir, ministrar ou entregar, bate-papo da internet. (Incluído pela Lei nº 12.015, de
ainda que gratuitamente, de qualquer forma, a criança 2009)
ou a adolescente, bebida alcoólica ou, sem justa
causa, outros produtos cujos componentes possam § 2 o As penas previstas no caput deste artigo são
causar dependência física ou psíquica: aumentadas de um terço no caso de a infração
cometida ou induzida estar incluída no rol do art. 1 o
Pena - detenção de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa, da Lei n o 8.072, de 25 de julho de 1990 . (Incluído
se o fato não constitui crime mais grave. pela Lei nº 12.015, de 2009)

Art. 244. Vender, fornecer ainda que gratuitamente ou Capítulo II


entregar, de qualquer forma, a criança ou adolescente
fogos de estampido ou de artifício, exceto aqueles Das Infrações Administrativas
que, pelo seu reduzido potencial, sejam incapazes de

145
Art. 245. Deixar o médico, professor ou responsável por Pena - multa de três a vinte salários de referência,
estabelecimento de atenção à saúde e de ensino aplicando-se o dobro em caso de reincidência.
fundamental, pré-escola ou creche, de comunicar à
autoridade competente os casos de que tenha Art. 250. Hospedar criança ou adolescente
conhecimento, envolvendo suspeita ou confirmação desacompanhado dos pais ou responsável, ou sem
de maus-tratos contra criança ou adolescente: autorização escrita desses ou da autoridade judiciária,
em hotel, pensão, motel ou congênere: (Redação
Pena - multa de três a vinte salários de referência, dada pela Lei nº 12.038, de 2009).
aplicando-se o dobro em caso de reincidência.
Pena – multa. (Redação dada pela Lei nº 12.038, de
Art. 246. Impedir o responsável ou funcionário de 2009).
entidade de atendimento o exercício dos direitos
constantes nos incisos II, III, VII, VIII e XI do art. 124 § 1 º Em caso de reincidência, sem prejuízo da pena de
desta Lei: multa, a autoridade judiciária poderá determinar o
fechamento do estabelecimento por até 15 (quinze)
Pena - multa de três a vinte salários de referência, dias. (Incluído pela Lei nº 12.038, de 2009).
aplicando-se o dobro em caso de reincidência.
§ 2 º Se comprovada a reincidência em período inferior
Art. 247. Divulgar, total ou parcialmente, sem a 30 (trinta) dias, o estabelecimento será
autorização devida, por qualquer meio de definitivamente fechado e terá sua licença cassada.
comunicação, nome, ato ou documento de (Incluído pela Lei nº 12.038, de 2009).
procedimento policial, administrativo ou judicial
relativo a criança ou adolescente a que se atribua ato Art. 251. Transportar criança ou adolescente, por
infracional: qualquer meio, com inobservância do disposto nos
arts. 83, 84 e 85 desta Lei:
Pena - multa de três a vinte salários de referência,
aplicando-se o dobro em caso de reincidência. Pena - multa de três a vinte salários de referência,
aplicando-se o dobro em caso de reincidência.
§ 1º Incorre na mesma pena quem exibe, total ou
parcialmente, fotografia de criança ou adolescente Art. 252. Deixar o responsável por diversão ou
envolvido em ato infracional, ou qualquer ilustração espetáculo público de afixar, em lugar visível e de fácil
que lhe diga respeito ou se refira a atos que lhe sejam acesso, à entrada do local de exibição, informação
atribuídos, de forma a permitir sua identificação, direta destacada sobre a natureza da diversão ou
ou indiretamente. espetáculo e a faixa etária especificada no certificado
de classificação:
§ 2º Se o fato for praticado por órgão de imprensa ou
emissora de rádio ou televisão, além da pena prevista Pena - multa de três a vinte salários de referência,
neste artigo, a autoridade judiciária poderá determinar aplicando-se o dobro em caso de reincidência.
a apreensão da publicação ou a suspensão da
programação da emissora até por dois dias, bem Art. 253. Anunciar peças teatrais, filmes ou quaisquer
como da publicação do periódico até por dois representações ou espetáculos, sem indicar os limites
números. (Expressão declarada inconstitucional pela de idade a que não se recomendem:
ADIN 869).
Pena - multa de três a vinte salários de referência,
Art. 248. (Revogado pela Lei nº 13.431, de 2017) duplicada em caso de reincidência, aplicável,
(Vigência) separadamente, à casa de espetáculo e aos órgãos
de divulgação ou publicidade.
Art. 249. Descumprir, dolosa ou culposamente, os
deveres inerentes ao pátrio poder poder familiar ou Art. 254. Transmitir, através de rádio ou televisão,
decorrente de tutela ou guarda, bem assim espetáculo em horário diverso do autorizado ou sem
determinação da autoridade judiciária ou Conselho aviso de sua classificação: (Expressão declarada
Tutelar: inconstitucional pela ADI 2.404).

146
Pena - multa de vinte a cem salários de referência; e de crianças e adolescentes em regime de
duplicada em caso de reincidência a autoridade acolhimento institucional ou familiar.
judiciária poderá determinar a suspensão da
programação da emissora por até dois dias. Art. 258-B. Deixar o médico, enfermeiro ou dirigente de
estabelecimento de atenção à saúde de gestante de
Art. 255. Exibir filme, trailer, peça, amostra ou efetuar imediato encaminhamento à autoridade
congênere classificado pelo órgão competente como judiciária de caso de que tenha conhecimento de mãe
inadequado às crianças ou adolescentes admitidos ao ou gestante interessada em entregar seu filho para
espetáculo: adoção:

Pena - multa de vinte a cem salários de referência; na Pena - multa de R$ 1.000,00 (mil reais) a R$ 3.000,00
reincidência, a autoridade poderá determinar a (três mil reais).
suspensão do espetáculo ou o fechamento do
estabelecimento por até quinze dias. Parágrafo único. Incorre na mesma pena o funcionário
de programa oficial ou comunitário destinado à
Art. 256. Vender ou locar a criança ou adolescente fita garantia do direito à convivência familiar que deixa de
de programação em vídeo, em desacordo com a efetuar a comunicação referida no caput deste artigo.
classificação atribuída pelo órgão competente:
Art. 258-C. Descumprir a proibição estabelecida no
Pena - multa de três a vinte salários de referência; em inciso II do art. 81:
caso de reincidência, a autoridade judiciária poderá
determinar o fechamento do estabelecimento por até Pena - multa de R$ 3.000,00 (três mil reais) a R$
quinze dias. 10.000,00 (dez mil reais);

Art. 257. Descumprir obrigação constante dos arts. 78 Medida Administrativa - interdição do estabelecimento
e 79 desta Lei: comercial até o recolhimento da multa aplicada.

Pena - multa de três a vinte salários de referência, Disposições Finais e Transitórias


duplicando-se a pena em caso de reincidência, sem
prejuízo de apreensão da revista ou publicação. Art. 259. A União, no prazo de noventa dias contados
da publicação deste Estatuto, elaborará projeto de lei
Art. 258. Deixar o responsável pelo estabelecimento ou dispondo sobre a criação ou adaptação de seus
o empresário de observar o que dispõe esta Lei sobre órgãos às diretrizes da política de atendimento fixadas
o acesso de criança ou adolescente aos locais de no art. 88 e ao que estabelece o Título V do Livro II.
diversão, ou sobre sua participação no espetáculo:
Parágrafo único. Compete aos estados e municípios
Pena - multa de três a vinte salários de referência; em promoverem a adaptação de seus órgãos e
caso de reincidência, a autoridade judiciária poderá programas às diretrizes e princípios estabelecidos
determinar o fechamento do estabelecimento por até nesta Lei.
quinze dias.
Art. 260. Os contribuintes poderão efetuar doações aos
Art. 258-A. Deixar a autoridade competente de Fundos dos Direitos da Criança e do Adolescente
providenciar a instalação e operacionalização dos nacional, distrital, estaduais ou municipais,
cadastros previstos no art. 50 e no § 11 do art. 101 devidamente comprovadas, sendo essas
desta Lei: integralmente deduzidas do imposto de renda,
obedecidos os seguintes limites:
Pena - multa de R$ 1.000,00 (mil reais) a R$ 3.000,00
(três mil reais). I - 1% (um por cento) do imposto sobre a renda devido
apurado pelas pessoas jurídicas tributadas com base
Parágrafo único. Incorre nas mesmas penas a no lucro real; e
autoridade que deixa de efetuar o cadastramento de
crianças e de adolescentes em condições de serem II - 6% (seis por cento) do imposto sobre a renda
adotadas, de pessoas ou casais habilitados à adoção apurado pelas pessoas físicas na Declaração de

147
Ajuste Anual, observado o disposto no art. 22 da Lei n
o 9.532, de 10 de dezembro de 1997 . I - (VETADO);

§ 1º - II - (VETADO);

§ 1 o -A. Na definição das prioridades a serem III - 3% (três por cento) a partir do exercício de 2012.
atendidas com os recursos captados pelos fundos
nacional, estaduais e municipais dos direitos da § 2 o A dedução de que trata o caput :
criança e do adolescente, serão consideradas as
disposições do Plano Nacional de Promoção, I - está sujeita ao limite de 6% (seis por cento) do
Proteção e Defesa do Direito de Crianças e imposto sobre a renda apurado na declaração de que
Adolescentes à Convivência Familiar e Comunitária e trata o inciso II do caput do art. 260;
as do Plano Nacional pela Primeira Infância.
II - não se aplica à pessoa física que:
§ 2 o Os conselhos nacional, estaduais e municipais
dos direitos da criança e do adolescente fixarão a) utilizar o desconto simplificado;
critérios de utilização, por meio de planos de
aplicação, das dotações subsidiadas e demais b) apresentar declaração em formulário; ou
receitas, aplicando necessariamente percentual para
incentivo ao acolhimento, sob a forma de guarda, de c) entregar a declaração fora do prazo;
crianças e adolescentes e para programas de atenção
integral à primeira infância em áreas de maior III - só se aplica às doações em espécie; e
carência socioeconômica e em situações de
calamidade. IV - não exclui ou reduz outros benefícios ou deduções
em vigor.
§ 3º O Departamento da Receita Federal, do Ministério
da Economia, Fazenda e Planejamento, § 3 o O pagamento da doação deve ser efetuado até a
regulamentará a comprovação das doações feitas aos data de vencimento da primeira quota ou quota única
fundos, nos termos deste artigo. do imposto, observadas instruções específicas da
Secretaria da Receita Federal do Brasil.
§ 4º O Ministério Público determinará em cada comarca
a forma de fiscalização da aplicação, pelo Fundo § 4 o O não pagamento da doação no prazo
Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente, estabelecido no § 3 o implica a glosa definitiva desta
dos incentivos fiscais referidos neste artigo. parcela de dedução, ficando a pessoa física obrigada
ao recolhimento da diferença de imposto devido
§ 5 o Observado o disposto no § 4 o do art. 3 o da Lei n apurado na Declaração de Ajuste Anual com os
o 9.249, de 26 de dezembro de 1995 , a dedução de acréscimos legais previstos na legislação.
que trata o inciso I do caput :
§ 5 o A pessoa física poderá deduzir do imposto
I - será considerada isoladamente, não se submetendo apurado na Declaração de Ajuste Anual as doações
a limite em conjunto com outras deduções do imposto; feitas, no respectivo ano-calendário, aos fundos
e controlados pelos Conselhos dos Direitos da Criança
e do Adolescente municipais, distrital, estaduais e
II - não poderá ser computada como despesa nacional concomitantemente com a opção de que
operacional na apuração do lucro real. trata o caput , respeitado o limite previsto no inciso II
do art. 260.
Art. 260-A. A partir do exercício de 2010, ano-calendário
de 2009, a pessoa física poderá optar pela doação de Art. 260-B. A doação de que trata o inciso I do art. 260
que trata o inciso II do caput do art. 260 diretamente poderá ser deduzida:
em sua Declaração de Ajuste Anual.
I - do imposto devido no trimestre, para as pessoas
§ 1 o A doação de que trata o caput poderá ser deduzida jurídicas que apuram o imposto trimestralmente; e
até os seguintes percentuais aplicados sobre o
imposto apurado na declaração:

148
II - do imposto devido mensalmente e no ajuste anual,
para as pessoas jurídicas que apuram o imposto III - considerar como valor dos bens doados:
anualmente.
a) para as pessoas físicas, o valor constante da última
Parágrafo único. A doação deverá ser efetuada dentro declaração do imposto de renda, desde que não
do período a que se refere a apuração do imposto. exceda o valor de mercado;

Art. 260-C. As doações de que trata o art. 260 desta Lei b) para as pessoas jurídicas, o valor contábil dos bens.
podem ser efetuadas em espécie ou em bens.
Parágrafo único. O preço obtido em caso de leilão não
Parágrafo único. As doações efetuadas em espécie será considerado na determinação do valor dos bens
devem ser depositadas em conta específica, em doados, exceto se o leilão for determinado por
instituição financeira pública, vinculadas aos autoridade judiciária.
respectivos fundos de que trata o art. 260.
Art. 260-F. Os documentos a que se referem os arts.
Art. 260-D. Os órgãos responsáveis pela administração 260-D e 260-E devem ser mantidos pelo contribuinte
das contas dos Fundos dos Direitos da Criança e do por um prazo de 5 (cinco) anos para fins de
Adolescente nacional, estaduais, distrital e municipais comprovação da dedução perante a Receita Federal
devem emitir recibo em favor do doador, assinado por do Brasil.
pessoa competente e pelo presidente do Conselho
correspondente, especificando: Art. 260-G. Os órgãos responsáveis pela administração
das contas dos Fundos dos Direitos da Criança e do
I - número de ordem; Adolescente nacional, estaduais, distrital e municipais
devem:
II - nome, Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica
(CNPJ) e endereço do emitente; I - manter conta bancária específica destinada
exclusivamente a gerir os recursos do Fundo;
III - nome, CNPJ ou Cadastro de Pessoas Físicas (CPF)
do doador; II - manter controle das doações recebidas; e

IV - data da doação e valor efetivamente recebido; e III - informar anualmente à Secretaria da Receita
Federal do Brasil as doações recebidas mês a mês,
V - ano-calendário a que se refere a doação. identificando os seguintes dados por doador:

§ 1 o O comprovante de que trata o caput deste artigo a) nome, CNPJ ou CPF;


pode ser emitido anualmente, desde que discrimine
os valores doados mês a mês. b) valor doado, especificando se a doação foi em
espécie ou em bens.
§ 2 o No caso de doação em bens, o comprovante deve
conter a identificação dos bens, mediante descrição Art. 260-H. Em caso de descumprimento das
em campo próprio ou em relação anexa ao obrigações previstas no art. 260-G, a Secretaria da
comprovante, informando também se houve Receita Federal do Brasil dará conhecimento do fato
avaliação, o nome, CPF ou CNPJ e endereço dos ao Ministério Público.
avaliadores.
Art. 260-I. Os Conselhos dos Direitos da Criança e do
Art. 260-E. Na hipótese da doação em bens, o doador Adolescente nacional, estaduais, distrital e municipais
deverá: divulgarão amplamente à comunidade:

I - comprovar a propriedade dos bens, mediante I - o calendário de suas reuniões;


documentação hábil;
II - as ações prioritárias para aplicação das políticas de
II - baixar os bens doados na declaração de bens e atendimento à criança e ao adolescente;
direitos, quando se tratar de pessoa física, e na
escrituração, no caso de pessoa jurídica; e

149
III - os requisitos para a apresentação de projetos a recursos referentes aos programas e atividades
serem beneficiados com recursos dos Fundos dos previstos nesta Lei, tão logo estejam criados os
Direitos da Criança e do Adolescente nacional, conselhos dos direitos da criança e do adolescente
estaduais, distrital ou municipais; nos seus respectivos níveis.

IV - a relação dos projetos aprovados em cada ano- Art. 262. Enquanto não instalados os Conselhos
calendário e o valor dos recursos previstos para Tutelares, as atribuições a eles conferidas serão
implementação das ações, por projeto; exercidas pela autoridade judiciária.

V - o total dos recursos recebidos e a respectiva Art. 263. O Decreto-Lei n.º 2.848, de 7 de dezembro de
destinação, por projeto atendido, inclusive com 1940 (Código Penal), passa a vigorar com as
cadastramento na base de dados do Sistema de seguintes alterações:
Informações sobre a Infância e a Adolescência; e
1) Art. 121 ............................................................
VI - a avaliação dos resultados dos projetos
beneficiados com recursos dos Fundos dos Direitos § 4º No homicídio culposo, a pena é aumentada de um
da Criança e do Adolescente nacional, estaduais, terço, se o crime resulta de inobservância de regra
distrital e municipais. técnica de profissão, arte ou ofício, ou se o agente
deixa de prestar imediato socorro à vítima, não
Art. 260-J. O Ministério Público determinará, em cada procura diminuir as conseqüências do seu ato, ou foge
Comarca, a forma de fiscalização da aplicação dos para evitar prisão em flagrante. Sendo doloso o
incentivos fiscais referidos no art. 260 desta Lei. homicídio, a pena é aumentada de um terço, se o
crime é praticado contra pessoa menor de catorze
Parágrafo único. O descumprimento do disposto nos anos.
arts. 260-G e 260-I sujeitará os infratores a responder
por ação judicial proposta pelo Ministério Público, que 2) Art. 129 ...............................................................
poderá atuar de ofício, a requerimento ou
representação de qualquer cidadão. § 7º Aumenta-se a pena de um terço, se ocorrer
qualquer das hipóteses do art. 121, § 4º.
Art. 260-K. A Secretaria de Direitos Humanos da
Presidência da República (SDH/PR) encaminhará à § 8º Aplica-se à lesão culposa o disposto no § 5º do art.
Secretaria da Receita Federal do Brasil, até 31 de 121.
outubro de cada ano, arquivo eletrônico contendo a
relação atualizada dos Fundos dos Direitos da 3) Art. 136.................................................................
Criança e do Adolescente nacional, distrital, estaduais
e municipais, com a indicação dos respectivos § 3º Aumenta-se a pena de um terço, se o crime é
números de inscrição no CNPJ e das contas praticado contra pessoa menor de catorze anos.
bancárias específicas mantidas em instituições
financeiras públicas, destinadas exclusivamente a 4) Art. 213 ..................................................................
gerir os recursos dos Fundos.
Parágrafo único. Se a ofendida é menor de catorze
Art. 260-L. A Secretaria da Receita Federal do Brasil anos:
expedirá as instruções necessárias à aplicação do
disposto nos arts. 260 a 260-K. Pena - reclusão de quatro a dez anos.

Art. 261. A falta dos conselhos municipais dos direitos 5) Art. 214...................................................................
da criança e do adolescente, os registros, inscrições
e alterações a que se referem os arts. 90, parágrafo Parágrafo único. Se o ofendido é menor de catorze
único, e 91 desta Lei serão efetuados perante a anos:
autoridade judiciária da comarca a que pertencer a
entidade. Pena - reclusão de três a nove anos.»

Parágrafo único. A União fica autorizada a repassar aos Art. 264. O art. 102 da Lei n.º 6.015, de 31 de dezembro
estados e municípios, e os estados aos municípios, os de 1973 , fica acrescido do seguinte item:

150
"Art. 102 .................................................................... Art. 3º As pessoas jurídicas serão responsabilizadas
administrativa, civil e penalmente conforme o disposto
6º) a perda e a suspensão do pátrio poder. " nesta Lei, nos casos em que a infração seja cometida
por decisão de seu representante legal ou contratual,
Art. 265. A Imprensa Nacional e demais gráficas da ou de seu órgão colegiado, no interesse ou benefício
União, da administração direta ou indireta, inclusive da sua entidade.
fundações instituídas e mantidas pelo poder público
federal promoverão edição popular do texto integral Parágrafo único. A responsabilidade das pessoas
deste Estatuto, que será posto à disposição das jurídicas não exclui a das pessoas físicas, autoras, co-
escolas e das entidades de atendimento e de defesa autoras ou partícipes do mesmo fato.
dos direitos da criança e do adolescente.
Art. 4º Poderá ser desconsiderada a pessoa jurídica
Art. 265-A. O poder público fará periodicamente ampla sempre que sua personalidade for obstáculo ao
divulgação dos direitos da criança e do adolescente ressarcimento de prejuízos causados à qualidade do
nos meios de comunicação social. meio ambiente.

Parágrafo único. A divulgação a que se refere o caput Art. 5º (VETADO)


será veiculada em linguagem clara, compreensível e
adequada a crianças e adolescentes, especialmente
às crianças com idade inferior a 6 (seis) anos.

Art. 266. Esta Lei entra em vigor noventa dias após sua
publicação. CAPÍTULO II

Parágrafo único. Durante o período de vacância DA APLICAÇÃO DA PENA


deverão ser promovidas atividades e campanhas de
divulgação e esclarecimentos acerca do disposto Art. 6º Para imposição e gradação da penalidade, a
nesta Lei. autoridade competente observará:

Art. 267. Revogam-se as Leis n.º 4.513, de 1964 , e I - a gravidade do fato, tendo em vista os motivos da
6.697, de 10 de outubro de 1979 (Código de infração e suas conseqüências para a saúde pública
Menores), e as demais disposições em contrário. e para o meio ambiente;

II - os antecedentes do infrator quanto ao cumprimento


Crimes contra o Meio da legislação de interesse ambiental;
Ambiente
III - a situação econômica do infrator, no caso de multa.

CAPÍTULO I Art. 7º As penas restritivas de direitos são autônomas e


substituem as privativas de liberdade quando:
DISPOSIÇÕES GERAIS
I - tratar-se de crime culposo ou for aplicada a pena
Art. 1º (VETADO) privativa de liberdade inferior a quatro anos;

Art. 2º Quem, de qualquer forma, concorre para a II - a culpabilidade, os antecedentes, a conduta social e
prática dos crimes previstos nesta Lei, incide nas a personalidade do condenado, bem como os motivos
penas a estes cominadas, na medida da sua e as circunstâncias do crime indicarem que a
culpabilidade, bem como o diretor, o administrador, o substituição seja suficiente para efeitos de reprovação
membro de conselho e de órgão técnico, o auditor, o e prevenção do crime.
gerente, o preposto ou mandatário de pessoa jurídica,
que, sabendo da conduta criminosa de outrem, deixar Parágrafo único. As penas restritivas de direitos a que
de impedir a sua prática, quando podia agir para evitá- se refere este artigo terão a mesma duração da pena
la. privativa de liberdade substituída.

151
II - arrependimento do infrator, manifestado pela
Art. 8º As penas restritivas de direito são: espontânea reparação do dano, ou limitação
significativa da degradação ambiental causada;
I - prestação de serviços à comunidade;
III - comunicação prévia pelo agente do perigo iminente
II - interdição temporária de direitos; de degradação ambiental;

III - suspensão parcial ou total de atividades; IV - colaboração com os agentes encarregados da


vigilância e do controle ambiental.
IV - prestação pecuniária;
Art. 15. São circunstâncias que agravam a pena,
V - recolhimento domiciliar. quando não constituem ou qualificam o crime:

Art. 9º A prestação de serviços à comunidade consiste I - reincidência nos crimes de natureza ambiental;
na atribuição ao condenado de tarefas gratuitas junto
a parques e jardins públicos e unidades de II - ter o agente cometido a infração:
conservação, e, no caso de dano da coisa particular,
pública ou tombada, na restauração desta, se a) para obter vantagem pecuniária;
possível.
b) coagindo outrem para a execução material da
Art. 10. As penas de interdição temporária de direito são infração;
a proibição de o condenado contratar com o Poder
Público, de receber incentivos fiscais ou quaisquer c) afetando ou expondo a perigo, de maneira grave, a
outros benefícios, bem como de participar de saúde pública ou o meio ambiente;
licitações, pelo prazo de cinco anos, no caso de
crimes dolosos, e de três anos, no de crimes culposos. d) concorrendo para danos à propriedade alheia;

Art. 11. A suspensão de atividades será aplicada e) atingindo áreas de unidades de conservação ou
quando estas não estiverem obedecendo às áreas sujeitas, por ato do Poder Público, a regime
prescrições legais. especial de uso;

Art. 12. A prestação pecuniária consiste no pagamento f) atingindo áreas urbanas ou quaisquer assentamentos
em dinheiro à vítima ou à entidade pública ou privada humanos;
com fim social, de importância, fixada pelo juiz, não
inferior a um salário mínimo nem superior a trezentos g) em período de defeso à fauna;
e sessenta salários mínimos. O valor pago será
deduzido do montante de eventual reparação civil a h) em domingos ou feriados;
que for condenado o infrator.
i) à noite;
Art. 13. O recolhimento domiciliar baseia-se na
autodisciplina e senso de responsabilidade do j) em épocas de seca ou inundações;
condenado, que deverá, sem vigilância, trabalhar,
freqüentar curso ou exercer atividade autorizada, l) no interior do espaço territorial especialmente
permanecendo recolhido nos dias e horários de folga protegido;
em residência ou em qualquer local destinado a sua
moradia habitual, conforme estabelecido na sentença m) com o emprego de métodos cruéis para abate ou
condenatória. captura de animais;

Art. 14. São circunstâncias que atenuam a pena: n) mediante fraude ou abuso de confiança;

I - baixo grau de instrução ou escolaridade do agente; o) mediante abuso do direito de licença, permissão ou
autorização ambiental;

152
p) no interesse de pessoa jurídica mantida, total ou II - restritivas de direitos;
parcialmente, por verbas públicas ou beneficiada por
incentivos fiscais; III - prestação de serviços à comunidade.

q) atingindo espécies ameaçadas, listadas em Art. 22. As penas restritivas de direitos da pessoa
relatórios oficiais das autoridades competentes; jurídica são:

r) facilitada por funcionário público no exercício de suas I - suspensão parcial ou total de atividades;
funções.
II - interdição temporária de estabelecimento, obra ou
Art. 16. Nos crimes previstos nesta Lei, a suspensão atividade;
condicional da pena pode ser aplicada nos casos de
condenação a pena privativa de liberdade não III - proibição de contratar com o Poder Público, bem
superior a três anos. como dele obter subsídios, subvenções ou doações.

Art. 17. A verificação da reparação a que se refere o § § 1º A suspensão de atividades será aplicada quando
2º do art. 78 do Código Penal será feita mediante estas não estiverem obedecendo às disposições
laudo de reparação do dano ambiental, e as legais ou regulamentares, relativas à proteção do
condições a serem impostas pelo juiz deverão meio ambiente.
relacionar-se com a proteção ao meio ambiente.
§ 2º A interdição será aplicada quando o
Art. 18. A multa será calculada segundo os critérios do estabelecimento, obra ou atividade estiver
Código Penal; se revelar-se ineficaz, ainda que funcionando sem a devida autorização, ou em
aplicada no valor máximo, poderá ser aumentada até desacordo com a concedida, ou com violação de
três vezes, tendo em vista o valor da vantagem disposição legal ou regulamentar.
econômica auferida.
§ 3º A proibição de contratar com o Poder Público e dele
Art. 19. A perícia de constatação do dano ambiental, obter subsídios, subvenções ou doações não poderá
sempre que possível, fixará o montante do prejuízo exceder o prazo de dez anos.
causado para efeitos de prestação de fiança e cálculo
de multa. Art. 23. A prestação de serviços à comunidade pela
pessoa jurídica consistirá em:
Parágrafo único. A perícia produzida no inquérito civil
ou no juízo cível poderá ser aproveitada no processo I - custeio de programas e de projetos ambientais;
penal, instaurando-se o contraditório.
II - execução de obras de recuperação de áreas
Art. 20. A sentença penal condenatória, sempre que degradadas;
possível, fixará o valor mínimo para reparação dos
danos causados pela infração, considerando os III - manutenção de espaços públicos;
prejuízos sofridos pelo ofendido ou pelo meio
ambiente. IV - contribuições a entidades ambientais ou culturais
públicas.
Parágrafo único. Transitada em julgado a sentença
condenatória, a execução poderá efetuar-se pelo Art. 24. A pessoa jurídica constituída ou utilizada,
valor fixado nos termos do caput, sem prejuízo da preponderantemente, com o fim de permitir, facilitar
liquidação para apuração do dano efetivamente ou ocultar a prática de crime definido nesta Lei terá
sofrido. decretada sua liquidação forçada, seu patrimônio será
considerado instrumento do crime e como tal perdido
Art. 21. As penas aplicáveis isolada, cumulativa ou em favor do Fundo Penitenciário Nacional.
alternativamente às pessoas jurídicas, de acordo com
o disposto no art. 3º, são:

I - multa;

153
CAPÍTULO III responsável por sua apreensão. (Incluído pela
Medida provisória nº 62, de 2002) Prejudicada
DA APREENSÃO DO PRODUTO E DO
INSTRUMENTO DE INFRAÇÃO

ADMINISTRATIVA OU DE CRIME

Art. 25. Verificada a infração, serão apreendidos seus


produtos e instrumentos, lavrando-se os respectivos CAPÍTULO IV
autos. (Vide ADPF 640)
DA AÇÃO E DO PROCESSO PENAL
§ 1º Os animais serão libertados em seu habitat ou
entregues a jardins zoológicos, fundações ou Art. 26. Nas infrações penais previstas nesta Lei, a ação
entidades assemelhadas, desde que fiquem sob a penal é pública incondicionada.
responsabilidade de técnicos habilitados.
Parágrafo único. (VETADO)
§ 1o Os animais serão prioritariamente libertados em
seu habitat ou, sendo tal medida inviável ou não Art. 27. Nos crimes ambientais de menor potencial
recomendável por questões sanitárias, entregues a ofensivo, a proposta de aplicação imediata de pena
jardins zoológicos, fundações ou entidades restritiva de direitos ou multa, prevista no art. 76 da
assemelhadas, para guarda e cuidados sob a Lei nº 9.099, de 26 de setembro de 1995, somente
responsabilidade de técnicos habilitados. poderá ser formulada desde que tenha havido a prévia
composição do dano ambiental, de que trata o art. 74
§ 2º Tratando-se de produtos perecíveis ou madeiras, da mesma lei, salvo em caso de comprovada
serão estes avaliados e doados a instituições impossibilidade.
científicas, hospitalares, penais e outras com fins
beneficentes. Art. 28. As disposições do art. 89 da Lei nº 9.099, de 26
de setembro de 1995, aplicam-se aos crimes de
§ 2o Tratando-se de produtos perecíveis, serão estes menor potencial ofensivo definidos nesta Lei, com as
avaliados e doados a instituições científicas, seguintes modificações:
hospitalares, penais e outras com fins beneficentes.
I - a declaração de extinção de punibilidade, de que
§ 2o Até que os animais sejam entregues às trata o § 5° do artigo referido no caput, dependerá de
instituições mencionadas no § 1o deste artigo, o órgão laudo de constatação de reparação do dano
autuante zelará para que eles sejam mantidos em ambiental, ressalvada a impossibilidade prevista no
condições adequadas de acondicionamento e inciso I do § 1° do mesmo artigo;
transporte que garantam o seu bem-estar físico.
II - na hipótese de o laudo de constatação comprovar
§ 3º Tratando-se de produtos perecíveis ou madeiras, não ter sido completa a reparação, o prazo de
serão estes avaliados e doados a instituições suspensão do processo será prorrogado, até o
científicas, hospitalares, penais e outras com fins período máximo previsto no artigo referido no caput,
beneficentes. acrescido de mais um ano, com suspensão do prazo
da prescrição;
§ 4° Os produtos e subprodutos da fauna não
perecíveis serão destruídos ou doados a instituições III - no período de prorrogação, não se aplicarão as
científicas, culturais ou educacionais. condições dos incisos II, III e IV do § 1° do artigo
mencionado no caput;
§ 5º Os instrumentos utilizados na prática da infração
serão vendidos, garantida a sua descaracterização IV - findo o prazo de prorrogação, proceder-se-á à
por meio da reciclagem. lavratura de novo laudo de constatação de reparação
do dano ambiental, podendo, conforme seu resultado,
§ 5o Tratando-se de madeiras, serão levadas a leilão, ser novamente prorrogado o período de suspensão,
e o valor arrecadado, revertido ao órgão ambiental até o máximo previsto no inciso II deste artigo,
observado o disposto no inciso III;

154
§ 3° São espécimes da fauna silvestre todos aqueles
V - esgotado o prazo máximo de prorrogação, a pertencentes às espécies nativas, migratórias e
declaração de extinção de punibilidade dependerá de quaisquer outras, aquáticas ou terrestres, que tenham
laudo de constatação que comprove ter o acusado todo ou parte de seu ciclo de vida ocorrendo dentro
tomado as providências necessárias à reparação dos limites do território brasileiro, ou águas
integral do dano. jurisdicionais brasileiras.

§ 4º A pena é aumentada de metade, se o crime é


praticado:

I - contra espécie rara ou considerada ameaçada de


extinção, ainda que somente no local da infração;

II - em período proibido à caça;

CAPÍTULO V III - durante a noite;

DOS CRIMES CONTRA O MEIO AMBIENTE IV - com abuso de licença;

Seção I V - em unidade de conservação;

Dos Crimes contra a Fauna VI - com emprego de métodos ou instrumentos capazes


de provocar destruição em massa.
Art. 29. Matar, perseguir, caçar, apanhar, utilizar
espécimes da fauna silvestre, nativos ou em rota § 5º A pena é aumentada até o triplo, se o crime decorre
migratória, sem a devida permissão, licença ou do exercício de caça profissional.
autorização da autoridade competente, ou em
desacordo com a obtida: § 6º As disposições deste artigo não se aplicam aos
atos de pesca.
Pena - detenção de seis meses a um ano, e multa.
Art. 30. Exportar para o exterior peles e couros de
§ 1º Incorre nas mesmas penas: anfíbios e répteis em bruto, sem a autorização da
autoridade ambiental competente:
I - quem impede a procriação da fauna, sem licença,
autorização ou em desacordo com a obtida; Pena - reclusão, de um a três anos, e multa.

II - quem modifica, danifica ou destrói ninho, abrigo ou Art. 31. Introduzir espécime animal no País, sem
criadouro natural; parecer técnico oficial favorável e licença expedida
por autoridade competente:
III - quem vende, expõe à venda, exporta ou adquire,
guarda, tem em cativeiro ou depósito, utiliza ou Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa.
transporta ovos, larvas ou espécimes da fauna
silvestre, nativa ou em rota migratória, bem como Art. 32. Praticar ato de abuso, maus-tratos, ferir ou
produtos e objetos dela oriundos, provenientes de mutilar animais silvestres, domésticos ou
criadouros não autorizados ou sem a devida domesticados, nativos ou exóticos:
permissão, licença ou autorização da autoridade
competente. Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa.

§ 2º No caso de guarda doméstica de espécie silvestre § 1º Incorre nas mesmas penas quem realiza
não considerada ameaçada de extinção, pode o juiz, experiência dolorosa ou cruel em animal vivo, ainda
considerando as circunstâncias, deixar de aplicar a que para fins didáticos ou científicos, quando
pena. existirem recursos alternativos

155
§ 1º-A Quando se tratar de cão ou gato, a pena para as
condutas descritas no caput deste artigo será de II - substâncias tóxicas, ou outro meio proibido pela
reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, multa e autoridade competente:
proibição da guarda.
Pena - reclusão de um ano a cinco anos.
§ 2º A pena é aumentada de um sexto a um terço, se
ocorre morte do animal. Art. 36. Para os efeitos desta Lei, considera-se pesca
todo ato tendente a retirar, extrair, coletar, apanhar,
Art. 33. Provocar, pela emissão de efluentes ou apreender ou capturar espécimes dos grupos dos
carreamento de materiais, o perecimento de peixes, crustáceos, moluscos e vegetais hidróbios,
espécimes da fauna aquática existentes em rios, suscetíveis ou não de aproveitamento econômico,
lagos, açudes, lagoas, baías ou águas jurisdicionais ressalvadas as espécies ameaçadas de extinção,
brasileiras: constantes nas listas oficiais da fauna e da flora.

Pena - detenção, de um a três anos, ou multa, ou Art. 37. Não é crime o abate de animal, quando
ambas cumulativamente. realizado:

Parágrafo único. Incorre nas mesmas penas: I - em estado de necessidade, para saciar a fome do
agente ou de sua família;
I - quem causa degradação em viveiros, açudes ou
estações de aqüicultura de domínio público; II - para proteger lavouras, pomares e rebanhos da ação
predatória ou destruidora de animais, desde que legal
II - quem explora campos naturais de invertebrados e expressamente autorizado pela autoridade
aquáticos e algas, sem licença, permissão ou competente;
autorização da autoridade competente;
III – (VETADO)
III - quem fundeia embarcações ou lança detritos de
qualquer natureza sobre bancos de moluscos ou IV - por ser nocivo o animal, desde que assim
corais, devidamente demarcados em carta náutica. caracterizado pelo órgão competente.

Art. 34. Pescar em período no qual a pesca seja Seção II


proibida ou em lugares interditados por órgão
competente: Dos Crimes contra a Flora

Pena - detenção de um ano a três anos ou multa, ou Art. 38. Destruir ou danificar floresta considerada de
ambas as penas cumulativamente. preservação permanente, mesmo que em formação,
ou utilizá-la com infringência das normas de proteção:
Parágrafo único. Incorre nas mesmas penas quem:
Pena - detenção, de um a três anos, ou multa, ou
I - pesca espécies que devam ser preservadas ou ambas as penas cumulativamente.
espécimes com tamanhos inferiores aos permitidos;
Parágrafo único. Se o crime for culposo, a pena será
II - pesca quantidades superiores às permitidas, ou reduzida à metade.
mediante a utilização de aparelhos, petrechos,
técnicas e métodos não permitidos; Art. 38-A. Destruir ou danificar vegetação primária ou
secundária, em estágio avançado ou médio de
III - transporta, comercializa, beneficia ou industrializa regeneração, do Bioma Mata Atlântica, ou utilizá-la
espécimes provenientes da coleta, apanha e pesca com infringência das normas de proteção:
proibidas.
Pena - detenção, de 1 (um) a 3 (três) anos, ou multa,
Art. 35. Pescar mediante a utilização de: ou ambas as penas cumulativamente.

I - explosivos ou substâncias que, em contato com a Parágrafo único. Se o crime for culposo, a pena será
água, produzam efeito semelhante; reduzida à metade.

156
Conservação de Uso Sustentável será considerada
Art. 39. Cortar árvores em floresta considerada de circunstância agravante para a fixação da pena.
preservação permanente, sem permissão da
autoridade competente: § 3o Se o crime for culposo, a pena será reduzida à
metade.
Pena - detenção, de um a três anos, ou multa, ou
ambas as penas cumulativamente. Art. 41. Provocar incêndio em mata ou floresta:

Art. 40. Causar dano direto ou indireto às Unidades de Pena - reclusão, de dois a quatro anos, e multa.
Conservação e às áreas de que trata o art. 27 do
Decreto nº 99.274, de 6 de junho de 1990, Parágrafo único. Se o crime é culposo, a pena é de
independentemente de sua localização: detenção de seis meses a um ano, e multa.

Pena - reclusão, de um a cinco anos. Art. 42. Fabricar, vender, transportar ou soltar balões
que possam provocar incêndios nas florestas e
§ 1º Entende-se por Unidades de Conservação as demais formas de vegetação, em áreas urbanas ou
Reservas Biológicas, Reservas Ecológicas, Estações qualquer tipo de assentamento humano:
Ecológicas, Parques Nacionais, Estaduais e
Municipais, Florestas Nacionais, Estaduais e Pena - detenção de um a três anos ou multa, ou ambas
Municipais, Áreas de Proteção Ambiental, Áreas de as penas cumulativamente.
Relevante Interesse Ecológico e Reservas
Extrativistas ou outras a serem criadas pelo Poder Art. 43. (VETADO)
Público.
Art. 44. Extrair de florestas de domínio público ou
§ 1o Entende-se por Unidades de Conservação de consideradas de preservação permanente, sem
Proteção Integral as Estações Ecológicas, as prévia autorização, pedra, areia, cal ou qualquer
Reservas Biológicas, os Parques Nacionais, os espécie de minerais:
Monumentos Naturais e os Refúgios de Vida Silvestre.
(Redação dada pela Lei nº 9.985, de 2000) Pena - detenção, de seis meses a um ano, e multa.

§ 2º A ocorrência de dano afetando espécies Art. 45. Cortar ou transformar em carvão madeira de lei,
ameaçadas de extinção no interior das Unidades de assim classificada por ato do Poder Público, para fins
Conservação será considerada circunstância industriais, energéticos ou para qualquer outra
agravante para a fixação da pena. exploração, econômica ou não, em desacordo com as
determinações legais:
§ 2o A ocorrência de dano afetando espécies
ameaçadas de extinção no interior das Unidades de Pena - reclusão, de um a dois anos, e multa.
Conservação de Proteção Integral será considerada
circunstância agravante para a fixação da pena. Art. 46. Receber ou adquirir, para fins comerciais ou
industriais, madeira, lenha, carvão e outros produtos
§ 3º Se o crime for culposo, a pena será reduzida à de origem vegetal, sem exigir a exibição de licença do
metade. vendedor, outorgada pela autoridade competente, e
sem munir-se da via que deverá acompanhar o
Art. 40-A. (VETADO) produto até final beneficiamento:

§ 1o Entende-se por Unidades de Conservação de Uso Pena - detenção, de seis meses a um ano, e multa.
Sustentável as Áreas de Proteção Ambiental, as
Áreas de Relevante Interesse Ecológico, as Florestas Parágrafo único. Incorre nas mesmas penas quem
Nacionais, as Reservas Extrativistas, as Reservas de vende, expõe à venda, tem em depósito, transporta ou
Fauna, as Reservas de Desenvolvimento Sustentável guarda madeira, lenha, carvão e outros produtos de
e as Reservas Particulares do Patrimônio Natural. origem vegetal, sem licença válida para todo o tempo
da viagem ou do armazenamento, outorgada pela
§ 2o A ocorrência de dano afetando espécies autoridade competente.
ameaçadas de extinção no interior das Unidades de

157
Art. 47. (VETADO) Art. 53. Nos crimes previstos nesta Seção, a pena é
aumentada de um sexto a um terço se:
Art. 48. Impedir ou dificultar a regeneração natural de
florestas e demais formas de vegetação: I - do fato resulta a diminuição de águas naturais, a
erosão do solo ou a modificação do regime climático;
Pena - detenção, de seis meses a um ano, e multa.
II - o crime é cometido:
Art. 49. Destruir, danificar, lesar ou maltratar, por
qualquer modo ou meio, plantas de ornamentação de a) no período de queda das sementes;
logradouros públicos ou em propriedade privada
alheia: b) no período de formação de vegetações;

Pena - detenção, de três meses a um ano, ou multa, ou c) contra espécies raras ou ameaçadas de extinção,
ambas as penas cumulativamente. ainda que a ameaça ocorra somente no local da
infração;
Parágrafo único. No crime culposo, a pena é de um a
seis meses, ou multa. d) em época de seca ou inundação;

Art. 50. Destruir ou danificar florestas nativas ou e) durante a noite, em domingo ou feriado.
plantadas ou vegetação fixadora de dunas, protetora
de mangues, objeto de especial preservação: Seção III

Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa. Da Poluição e outros Crimes Ambientais

Art. 50-A. Desmatar, explorar economicamente ou Art. 54. Causar poluição de qualquer natureza em
degradar floresta, plantada ou nativa, em terras de níveis tais que resultem ou possam resultar em danos
domínio público ou devolutas, sem autorização do à saúde humana, ou que provoquem a mortandade de
órgão competente: animais ou a destruição significativa da flora:

Pena - reclusão de 2 (dois) a 4 (quatro) anos e multa. Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.

§ 1o Não é crime a conduta praticada quando § 1º Se o crime é culposo:


necessária à subsistência imediata pessoal do agente
ou de sua família. Pena - detenção, de seis meses a um ano, e multa.

§ 2o Se a área explorada for superior a 1.000 ha (mil § 2º Se o crime:


hectares), a pena será aumentada de 1 (um) ano por
milhar de hectare. I - tornar uma área, urbana ou rural, imprópria para a
ocupação humana;
Art. 51. Comercializar motosserra ou utilizá-la em
florestas e nas demais formas de vegetação, sem II - causar poluição atmosférica que provoque a
licença ou registro da autoridade competente: retirada, ainda que momentânea, dos habitantes das
áreas afetadas, ou que cause danos diretos à saúde
Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa. da população;

Art. 52. Penetrar em Unidades de Conservação III - causar poluição hídrica que torne necessária a
conduzindo substâncias ou instrumentos próprios interrupção do abastecimento público de água de uma
para caça ou para exploração de produtos ou comunidade;
subprodutos florestais, sem licença da autoridade
competente: IV - dificultar ou impedir o uso público das praias;

Pena - detenção, de seis meses a um ano, e multa. V - ocorrer por lançamento de resíduos sólidos, líquidos
ou gasosos, ou detritos, óleos ou substâncias

158
oleosas, em desacordo com as exigências
estabelecidas em leis ou regulamentos: Art. 57. (VETADO)

Pena - reclusão, de um a cinco anos. Art. 58. Nos crimes dolosos previstos nesta Seção, as
penas serão aumentadas:
§ 3º Incorre nas mesmas penas previstas no parágrafo
anterior quem deixar de adotar, quando assim o exigir I - de um sexto a um terço, se resulta dano irreversível
a autoridade competente, medidas de precaução em à flora ou ao meio ambiente em geral;
caso de risco de dano ambiental grave ou irreversível.
II - de um terço até a metade, se resulta lesão corporal
Art. 55. Executar pesquisa, lavra ou extração de de natureza grave em outrem;
recursos minerais sem a competente autorização,
permissão, concessão ou licença, ou em desacordo III - até o dobro, se resultar a morte de outrem.
com a obtida:
Parágrafo único. As penalidades previstas neste artigo
Pena - detenção, de seis meses a um ano, e multa. somente serão aplicadas se do fato não resultar crime
mais grave.
Parágrafo único. Nas mesmas penas incorre quem
deixa de recuperar a área pesquisada ou explorada, Art. 59. (VETADO)
nos termos da autorização, permissão, licença,
concessão ou determinação do órgão competente. Art. 60. Construir, reformar, ampliar, instalar ou fazer
funcionar, em qualquer parte do território nacional,
Art. 56. Produzir, processar, embalar, importar, exportar, estabelecimentos, obras ou serviços potencialmente
comercializar, fornecer, transportar, armazenar, poluidores, sem licença ou autorização dos órgãos
guardar, ter em depósito ou usar produto ou ambientais competentes, ou contrariando as normas
substância tóxica, perigosa ou nociva à saúde legais e regulamentares pertinentes:
humana ou ao meio ambiente, em desacordo com as
exigências estabelecidas em leis ou nos seus Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa, ou
regulamentos: ambas as penas cumulativamente.

Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa. Art. 61. Disseminar doença ou praga ou espécies que
possam causar dano à agricultura, à pecuária, à
§ 1º Nas mesmas penas incorre quem abandona os fauna, à flora ou aos ecossistemas:
produtos ou substâncias referidos no caput, ou os
utiliza em desacordo com as normas de segurança. Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.

§ 1o Nas mesmas penas incorre quem: Seção IV

I - abandona os produtos ou substâncias referidos no Dos Crimes contra o Ordenamento Urbano e o


caput ou os utiliza em desacordo com as normas Patrimônio Cultural
ambientais ou de segurança;
Art. 62. Destruir, inutilizar ou deteriorar:
II - manipula, acondiciona, armazena, coleta,
transporta, reutiliza, recicla ou dá destinação final a I - bem especialmente protegido por lei, ato
resíduos perigosos de forma diversa da estabelecida administrativo ou decisão judicial;
em lei ou regulamento.
II - arquivo, registro, museu, biblioteca, pinacoteca,
§ 2º Se o produto ou a substância for nuclear ou instalação científica ou similar protegido por lei, ato
radioativa, a pena é aumentada de um sexto a um administrativo ou decisão judicial:
terço.
Pena - reclusão, de um a três anos, e multa.
§ 3º Se o crime é culposo:

Pena - detenção, de seis meses a um ano, e multa.

159
Parágrafo único. Se o crime for culposo, a pena é de
seis meses a um ano de detenção, sem prejuízo da Seção V
multa.
Dos Crimes contra a Administração Ambiental
Art. 63. Alterar o aspecto ou estrutura de edificação ou
local especialmente protegido por lei, ato Art. 66. Fazer o funcionário público afirmação falsa ou
administrativo ou decisão judicial, em razão de seu enganosa, omitir a verdade, sonegar informações ou
valor paisagístico, ecológico, turístico, artístico, dados técnico-científicos em procedimentos de
histórico, cultural, religioso, arqueológico, etnográfico autorização ou de licenciamento ambiental:
ou monumental, sem autorização da autoridade
competente ou em desacordo com a concedida: Pena - reclusão, de um a três anos, e multa.

Pena - reclusão, de um a três anos, e multa. Art. 67. Conceder o funcionário público licença,
autorização ou permissão em desacordo com as
Art. 64. Promover construção em solo não edificável, ou normas ambientais, para as atividades, obras ou
no seu entorno, assim considerado em razão de seu serviços cuja realização depende de ato autorizativo
valor paisagístico, ecológico, artístico, turístico, do Poder Público:
histórico, cultural, religioso, arqueológico, etnográfico
ou monumental, sem autorização da autoridade Pena - detenção, de um a três anos, e multa.
competente ou em desacordo com a concedida:
Parágrafo único. Se o crime é culposo, a pena é de três
Pena - detenção, de seis meses a um ano, e multa. meses a um ano de detenção, sem prejuízo da multa.

Art. 65. Pichar, grafitar ou por outro meio conspurcar Art. 68. Deixar, aquele que tiver o dever legal ou
edificação ou monumento urbano: contratual de fazê-lo, de cumprir obrigação de
relevante interesse ambiental:
Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa.
Pena - detenção, de um a três anos, e multa.
Parágrafo único. Se o ato for realizado em monumento
ou coisa tombada em virtude do seu valor artístico, Parágrafo único. Se o crime é culposo, a pena é de três
arqueológico ou histórico, a pena é de seis meses a meses a um ano, sem prejuízo da multa.
um ano de detenção, e multa.
Art. 69. Obstar ou dificultar a ação fiscalizadora do
Art. 65. Pichar ou por outro meio conspurcar edificação Poder Público no trato de questões ambientais:
ou monumento urbano:
Pena - detenção, de um a três anos, e multa.
Pena - detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, e
multa. Art. 69-A. Elaborar ou apresentar, no licenciamento,
concessão florestal ou qualquer outro procedimento
§ 1o Se o ato for realizado em monumento ou coisa administrativo, estudo, laudo ou relatório ambiental
tombada em virtude do seu valor artístico, total ou parcialmente falso ou enganoso, inclusive por
arqueológico ou histórico, a pena é de 6 (seis) meses omissão:
a 1 (um) ano de detenção e multa.
Pena - reclusão, de 3 (três) a 6 (seis) anos, e multa.
§ 2o Não constitui crime a prática de grafite realizada
com o objetivo de valorizar o patrimônio público ou § 1o Se o crime é culposo:
privado mediante manifestação artística, desde que
consentida pelo proprietário e, quando couber, pelo Pena - detenção, de 1 (um) a 3 (três) anos.
locatário ou arrendatário do bem privado e, no caso
de bem público, com a autorização do órgão § 2o A pena é aumentada de 1/3 (um terço) a 2/3 (dois
competente e a observância das posturas municipais terços), se há dano significativo ao meio ambiente, em
e das normas editadas pelos órgãos governamentais decorrência do uso da informação falsa, incompleta
responsáveis pela preservação e conservação do ou enganosa.
patrimônio histórico e artístico nacional.

160
CAPÍTULO VI Art. 72. As infrações administrativas são punidas com
as seguintes sanções, observado o disposto no art. 6º:
DA INFRAÇÃO ADMINISTRATIVA
I - advertência;
Art. 70. Considera-se infração administrativa ambiental
toda ação ou omissão que viole as regras jurídicas de II - multa simples;
uso, gozo, promoção, proteção e recuperação do
meio ambiente. III - multa diária;

§ 1º São autoridades competentes para lavrar auto de IV - apreensão dos animais, produtos e subprodutos da
infração ambiental e instaurar processo administrativo fauna e flora, instrumentos, petrechos, equipamentos
os funcionários de órgãos ambientais integrantes do ou veículos de qualquer natureza utilizados na
Sistema Nacional de Meio Ambiente - SISNAMA, infração;
designados para as atividades de fiscalização, bem
como os agentes das Capitanias dos Portos, do V - destruição ou inutilização do produto;
Ministério da Marinha.
VI - suspensão de venda e fabricação do produto;
§ 2º Qualquer pessoa, constatando infração ambiental,
poderá dirigir representação às autoridades VII - embargo de obra ou atividade;
relacionadas no parágrafo anterior, para efeito do
exercício do seu poder de polícia. VIII - demolição de obra;

§ 3º A autoridade ambiental que tiver conhecimento de IX - suspensão parcial ou total de atividades;


infração ambiental é obrigada a promover a sua
apuração imediata, mediante processo administrativo X – (VETADO)
próprio, sob pena de co-responsabilidade.
XI - restritiva de direitos.
§ 4º As infrações ambientais são apuradas em processo
administrativo próprio, assegurado o direito de ampla § 1º Se o infrator cometer, simultaneamente, duas ou
defesa e o contraditório, observadas as disposições mais infrações, ser-lhe-ão aplicadas,
desta Lei. cumulativamente, as sanções a elas cominadas.

Art. 71. O processo administrativo para apuração de § 2º A advertência será aplicada pela inobservância das
infração ambiental deve observar os seguintes prazos disposições desta Lei e da legislação em vigor, ou de
máximos: preceitos regulamentares, sem prejuízo das demais
sanções previstas neste artigo.
I - vinte dias para o infrator oferecer defesa ou
impugnação contra o auto de infração, contados da § 3º A multa simples será aplicada sempre que o
data da ciência da autuação; agente, por negligência ou dolo:

II - trinta dias para a autoridade competente julgar o I - advertido por irregularidades que tenham sido
auto de infração, contados da data da sua lavratura, praticadas, deixar de saná-las, no prazo assinalado
apresentada ou não a defesa ou impugnação; por órgão competente do SISNAMA ou pela Capitania
dos Portos, do Ministério da Marinha;
III - vinte dias para o infrator recorrer da decisão
condenatória à instância superior do Sistema II - opuser embaraço à fiscalização dos órgãos do
Nacional do Meio Ambiente - SISNAMA, ou à Diretoria SISNAMA ou da Capitania dos Portos, do Ministério
de Portos e Costas, do Ministério da Marinha, de da Marinha.
acordo com o tipo de autuação;
§ 4° A multa simples pode ser convertida em serviços
IV – cinco dias para o pagamento de multa, contados de preservação, melhoria e recuperação da qualidade
da data do recebimento da notificação. do meio ambiente.

161
§ 5º A multa diária será aplicada sempre que o
cometimento da infração se prolongar no tempo.
CAPÍTULO VII
§ 6º A apreensão e destruição referidas nos incisos IV
e V do caput obedecerão ao disposto no art. 25 desta DA COOPERAÇÃO INTERNACIONAL PARA A
Lei. PRESERVAÇÃO DO MEIO AMBIENTE

§ 7º As sanções indicadas nos incisos VI a IX do caput Art. 77. Resguardados a soberania nacional, a ordem
serão aplicadas quando o produto, a obra, a atividade pública e os bons costumes, o Governo brasileiro
ou o estabelecimento não estiverem obedecendo às prestará, no que concerne ao meio ambiente, a
prescrições legais ou regulamentares. necessária cooperação a outro país, sem qualquer
ônus, quando solicitado para:
§ 8º As sanções restritivas de direito são:
I - produção de prova;
I - suspensão de registro, licença ou autorização;
II - exame de objetos e lugares;
II - cancelamento de registro, licença ou autorização;
III - informações sobre pessoas e coisas;
III - perda ou restrição de incentivos e benefícios fiscais;
IV - presença temporária da pessoa presa, cujas
IV - perda ou suspensão da participação em linhas de declarações tenham relevância para a decisão de
financiamento em estabelecimentos oficiais de uma causa;
crédito;
V - outras formas de assistência permitidas pela
V - proibição de contratar com a Administração Pública, legislação em vigor ou pelos tratados de que o Brasil
pelo período de até três anos. seja parte.

Art. 73. Os valores arrecadados em pagamento de § 1° A solicitação de que trata este artigo será dirigida
multas por infração ambiental serão revertidos ao ao Ministério da Justiça, que a remeterá, quando
Fundo Nacional do Meio Ambiente, criado pela Lei nº necessário, ao órgão judiciário competente para
7.797, de 10 de julho de 1989, Fundo Naval, criado decidir a seu respeito, ou a encaminhará à autoridade
pelo Decreto nº 20.923, de 8 de janeiro de 1932, capaz de atendê-la.
fundos estaduais ou municipais de meio ambiente, ou
correlatos, conforme dispuser o órgão arrecadador. § 2º A solicitação deverá conter:

Art. 74. A multa terá por base a unidade, hectare, metro I - o nome e a qualificação da autoridade solicitante;
cúbico, quilograma ou outra medida pertinente, de
acordo com o objeto jurídico lesado. II - o objeto e o motivo de sua formulação;

Art. 75. O valor da multa de que trata este Capítulo será III - a descrição sumária do procedimento em curso no
fixado no regulamento desta Lei e corrigido país solicitante;
periodicamente, com base nos índices estabelecidos
na legislação pertinente, sendo o mínimo de R$ 50,00 IV - a especificação da assistência solicitada;
(cinqüenta reais) e o máximo de R$ 50.000.000,00
(cinqüenta milhões de reais). V - a documentação indispensável ao seu
esclarecimento, quando for o caso.
Art. 76. O pagamento de multa imposta pelos Estados,
Municípios, Distrito Federal ou Territórios substitui a Art. 78. Para a consecução dos fins visados nesta Lei e
multa federal na mesma hipótese de incidência. especialmente para a reciprocidade da cooperação
internacional, deve ser mantido sistema de
comunicações apto a facilitar o intercâmbio rápido e
seguro de informações com órgãos de outros países.

CAPÍTULO VIII

162
DISPOSIÇÕES FINAIS § 2o No tocante aos empreendimentos em curso até o
dia 30 de março de 1998, envolvendo construção,
Art. 79. Aplicam-se subsidiariamente a esta Lei as instalação, ampliação e funcionamento de
disposições do Código Penal e do Código de estabelecimentos e atividades utilizadores de
Processo Penal. recursos ambientais, considerados efetiva ou
potencialmente poluidores, a assinatura do termo de
Art. 79-A. Para o cumprimento do disposto nesta Lei, os compromisso deverá ser requerida pelas pessoas
órgãos ambientais integrantes do SISNAMA, físicas e jurídicas interessadas, até o dia 31 de
responsáveis pela execução de programas e projetos dezembro de 1998, mediante requerimento escrito
e pelo controle e fiscalização dos estabelecimentos e protocolizado junto aos órgãos competentes do
das atividades suscetíveis de degradarem a qualidade SISNAMA, devendo ser firmado pelo dirigente
ambiental, ficam autorizados a celebrar, com força de máximo do estabelecimento.
título executivo extrajudicial, termo de compromisso
com pessoas físicas ou jurídicas responsáveis pela § 3o Da data da protocolização do requerimento
construção, instalação, ampliação e funcionamento previsto no § 2o e enquanto perdurar a vigência do
de estabelecimentos e atividades utilizadores de correspondente termo de compromisso, ficarão
recursos ambientais, considerados efetiva ou suspensas, em relação aos fatos que deram causa à
potencialmente poluidores. celebração do instrumento, a aplicação de sanções
administrativas contra a pessoa física ou jurídica que
§ 1o O termo de compromisso a que se refere este o houver firmado.
artigo destinar-se-á, exclusivamente, a permitir que as
pessoas físicas e jurídicas mencionadas no caput § 4o A celebração do termo de compromisso de que
possam promover as necessárias correções de suas trata este artigo não impede a execução de eventuais
atividades, para o atendimento das exigências multas aplicadas antes da protocolização do
impostas pelas autoridades ambientais competentes, requerimento.
sendo obrigatório que o respectivo instrumento
disponha sobre: § 5o Considera-se rescindido de pleno direito o termo
de compromisso, quando descumprida qualquer de
I - o nome, a qualificação e o endereço das partes suas cláusulas, ressalvado o caso fortuito ou de força
compromissadas e dos respectivos representantes maior.
legais;
§ 6o O termo de compromisso deverá ser firmado em
II - o prazo de vigência do compromisso, que, em até noventa dias, contados da protocolização do
função da complexidade das obrigações nele fixadas, requerimento.
poderá variar entre o mínimo de noventa dias e o
máximo de três anos, com possibilidade de § 7o O requerimento de celebração do termo de
prorrogação por igual período; compromisso deverá conter as informações
necessárias à verificação da sua viabilidade técnica e
III - a descrição detalhada de seu objeto, o valor do jurídica, sob pena de indeferimento do plano.
investimento previsto e o cronograma físico de
execução e de implantação das obras e serviços § 8o Sob pena de ineficácia, os termos de
exigidos, com metas trimestrais a serem atingidas; compromisso deverão ser publicados no órgão oficial
competente, mediante extrato.
IV - as multas que podem ser aplicadas à pessoa física
ou jurídica compromissada e os casos de rescisão, Art. 80. O Poder Executivo regulamentará esta Lei no
em decorrência do não-cumprimento das obrigações prazo de noventa dias a contar de sua publicação.
nele pactuadas;
Art. 81. (VETADO)
V - o valor da multa de que trata o inciso IV não poderá
ser superior ao valor do investimento previsto; Art. 82. Revogam-se as disposições em contrário.

VI - o foro competente para dirimir litígios entre as


partes. Estatuto do Desarmamento

163
autorizações de porte de armas de fogo nos
respectivos territórios, bem como manter o cadastro
CAPÍTULO I atualizado para consulta.

DO SISTEMA NACIONAL DE ARMAS Parágrafo único. As disposições deste artigo não


alcançam as armas de fogo das Forças Armadas e
Art. 1o O Sistema Nacional de Armas – Sinarm, Auxiliares, bem como as demais que constem dos
instituído no Ministério da Justiça, no âmbito da seus registros próprios.
Polícia Federal, tem circunscrição em todo o território
nacional. CAPÍTULO II

Art. 2o Ao Sinarm compete: DO REGISTRO

I – identificar as características e a propriedade de Art. 3o É obrigatório o registro de arma de fogo no


armas de fogo, mediante cadastro; órgão competente.

II – cadastrar as armas de fogo produzidas, Parágrafo único. As armas de fogo de uso restrito
importadas e vendidas no País; serão registradas no Comando do Exército, na forma
do regulamento desta Lei.
III – cadastrar as autorizações de porte de arma de
fogo e as renovações expedidas pela Polícia Federal; Art. 4o Para adquirir arma de fogo de uso permitido
o interessado deverá, além de declarar a efetiva
IV – cadastrar as transferências de propriedade, necessidade, atender aos seguintes requisitos:
extravio, furto, roubo e outras ocorrências suscetíveis
de alterar os dados cadastrais, inclusive as I - comprovação de idoneidade, com a
decorrentes de fechamento de empresas de apresentação de certidões negativas de antecedentes
segurança privada e de transporte de valores; criminais fornecidas pela Justiça Federal, Estadual,
Militar e Eleitoral e de não estar respondendo a
V – identificar as modificações que alterem as inquérito policial ou a processo criminal, que poderão
características ou o funcionamento de arma de fogo; ser fornecidas por meios eletrônicos;

VI – integrar no cadastro os acervos policiais já II – apresentação de documento comprobatório de


existentes; ocupação lícita e de residência certa;

VII – cadastrar as apreensões de armas de fogo, III – comprovação de capacidade técnica e de


inclusive as vinculadas a procedimentos policiais e aptidão psicológica para o manuseio de arma de fogo,
judiciais; atestadas na forma disposta no regulamento desta
Lei.
VIII – cadastrar os armeiros em atividade no País,
bem como conceder licença para exercer a atividade; § 1o O Sinarm expedirá autorização de compra de
arma de fogo após atendidos os requisitos
IX – cadastrar mediante registro os produtores, anteriormente estabelecidos, em nome do requerente
atacadistas, varejistas, exportadores e importadores e para a arma indicada, sendo intransferível esta
autorizados de armas de fogo, acessórios e autorização.
munições;
§ 2o A aquisição de munição somente poderá ser
X – cadastrar a identificação do cano da arma, as feita no calibre correspondente à arma registrada e na
características das impressões de raiamento e de quantidade estabelecida no regulamento desta Lei.
microestriamento de projétil disparado, conforme
marcação e testes obrigatoriamente realizados pelo § 3o A empresa que comercializar arma de fogo
fabricante; em território nacional é obrigada a comunicar a venda
à autoridade competente, como também a manter
XI – informar às Secretarias de Segurança Pública banco de dados com todas as características da arma
dos Estados e do Distrito Federal os registros e e cópia dos documentos previstos neste artigo.

164
de residência fixa, ficando dispensado do pagamento
§ 4o A empresa que comercializa armas de fogo, de taxas e do cumprimento das demais exigências
acessórios e munições responde legalmente por constantes dos incisos I a III do caput do art. 4o desta
essas mercadorias, ficando registradas como de sua Lei.
propriedade enquanto não forem vendidas.
§ 4o Para fins do cumprimento do disposto no §
§ 5o A comercialização de armas de fogo, 3o deste artigo, o proprietário de arma de fogo poderá
acessórios e munições entre pessoas físicas somente obter, no Departamento de Polícia Federal, certificado
será efetivada mediante autorização do Sinarm. de registro provisório, expedido na rede mundial de
computadores - internet, na forma do regulamento e
§ 6o A expedição da autorização a que se refere o obedecidos os procedimentos a seguir:
§ 1o será concedida, ou recusada com a devida
fundamentação, no prazo de 30 (trinta) dias úteis, a I - emissão de certificado de registro provisório
contar da data do requerimento do interessado. pela internet, com validade inicial de 90 (noventa)
dias; e
§ 7o O registro precário a que se refere o § 4o
prescinde do cumprimento dos requisitos dos incisos II - revalidação pela unidade do Departamento de
I, II e III deste artigo. Polícia Federal do certificado de registro provisório
pelo prazo que estimar como necessário para a
§ 8o Estará dispensado das exigências emissão definitiva do certificado de registro de
constantes do inciso III do caput deste artigo, na forma propriedade.
do regulamento, o interessado em adquirir arma de
fogo de uso permitido que comprove estar autorizado § 5º Aos residentes em área rural, para os fins do
a portar arma com as mesmas características daquela disposto no caput deste artigo, considera-se
a ser adquirida. residência ou domicílio toda a extensão do respectivo
imóvel rural. (Incluído pela Lei nº 13.870, de
Art. 5o O certificado de Registro de Arma de Fogo, 2019)
com validade em todo o território nacional, autoriza o
seu proprietário a manter a arma de fogo CAPÍTULO III
exclusivamente no interior de sua residência ou
domicílio, ou dependência desses, ou, ainda, no seu DO PORTE
local de trabalho, desde que seja ele o titular ou o
responsável legal pelo estabelecimento ou empresa. Art. 6o É proibido o porte de arma de fogo em todo
(Redação dada pela Lei nº 10.884, de 2004) o território nacional, salvo para os casos previstos em
legislação própria e para:
§ 1o O certificado de registro de arma de fogo será
expedido pela Polícia Federal e será precedido de I – os integrantes das Forças Armadas;
autorização do Sinarm.
II - os integrantes de órgãos referidos nos incisos
§ 2o Os requisitos de que tratam os incisos I, II e I, II, III, IV e V do caput do art. 144 da Constituição
III do art. 4o deverão ser comprovados Federal e os da Força Nacional de Segurança Pública
periodicamente, em período não inferior a 3 (três) (FNSP);
anos, na conformidade do estabelecido no
regulamento desta Lei, para a renovação do III – os integrantes das guardas municipais das
Certificado de Registro de Arma de Fogo. capitais dos Estados e dos Municípios com mais de
500.000 (quinhentos mil) habitantes, nas condições
§ 3o O proprietário de arma de fogo com estabelecidas no regulamento desta Lei;
certificados de registro de propriedade expedido por
órgão estadual ou do Distrito Federal até a data da IV - os integrantes das guardas municipais dos
publicação desta Lei que não optar pela entrega Municípios com mais de 50.000 (cinqüenta mil) e
espontânea prevista no art. 32 desta Lei deverá menos de 500.000 (quinhentos mil) habitantes,
renová-lo mediante o pertinente registro federal, até o quando em serviço;
dia 31 de dezembro de 2008, ante a apresentação de
documento de identificação pessoal e comprovante

165
V – os agentes operacionais da Agência Brasileira
de Inteligência e os agentes do Departamento de II - sujeitos à formação funcional, nos termos do
Segurança do Gabinete de Segurança Institucional da regulamento; e
Presidência da República;
III - subordinados a mecanismos de fiscalização e de
VI – os integrantes dos órgãos policiais referidos controle interno.
no art. 51, IV, e no art. 52, XIII, da Constituição
Federal; § 1º-C. (VETADO).

VII – os integrantes do quadro efetivo dos agentes § 2o A autorização para o porte de arma de fogo
e guardas prisionais, os integrantes das escoltas de aos integrantes das instituições descritas nos incisos
presos e as guardas portuárias; V, VI, VII e X do caput deste artigo está condicionada
à comprovação do requisito a que se refere o inciso III
VIII – as empresas de segurança privada e de do caput do art. 4o desta Lei nas condições
transporte de valores constituídas, nos termos desta estabelecidas no regulamento desta Lei.
Lei;
§ 3o A autorização para o porte de arma de fogo
IX – para os integrantes das entidades de desporto das guardas municipais está condicionada à formação
legalmente constituídas, cujas atividades esportivas funcional de seus integrantes em estabelecimentos de
demandem o uso de armas de fogo, na forma do ensino de atividade policial, à existência de
regulamento desta Lei, observando-se, no que mecanismos de fiscalização e de controle interno, nas
couber, a legislação ambiental. condições estabelecidas no regulamento desta Lei,
observada a supervisão do Ministério da Justiça.
X - integrantes das Carreiras de Auditoria da
Receita Federal do Brasil e de Auditoria-Fiscal do § 4o Os integrantes das Forças Armadas, das
Trabalho, cargos de Auditor-Fiscal e Analista polícias federais e estaduais e do Distrito Federal,
Tributário. bem como os militares dos Estados e do Distrito
Federal, ao exercerem o direito descrito no art. 4o,
XI - os tribunais do Poder Judiciário descritos no art. 92 ficam dispensados do cumprimento do disposto nos
da Constituição Federal e os Ministérios Públicos da incisos I, II e III do mesmo artigo, na forma do
União e dos Estados, para uso exclusivo de regulamento desta Lei.
servidores de seus quadros pessoais que
efetivamente estejam no exercício de funções de § 5o Aos residentes em áreas rurais, maiores de
segurança, na forma de regulamento a ser emitido 25 (vinte e cinco) anos que comprovem depender do
pelo Conselho Nacional de Justiça - CNJ e pelo emprego de arma de fogo para prover sua
Conselho Nacional do Ministério Público - CNMP. subsistência alimentar familiar será concedido pela
Polícia Federal o porte de arma de fogo, na categoria
§ 1o As pessoas previstas nos incisos I, II, III, V e caçador para subsistência, de uma arma de uso
VI do caput deste artigo terão direito de portar arma permitido, de tiro simples, com 1 (um) ou 2 (dois)
de fogo de propriedade particular ou fornecida pela canos, de alma lisa e de calibre igual ou inferior a 16
respectiva corporação ou instituição, mesmo fora de (dezesseis), desde que o interessado comprove a
serviço, nos termos do regulamento desta Lei, com efetiva necessidade em requerimento ao qual deverão
validade em âmbito nacional para aquelas constantes ser anexados os seguintes documentos:
dos incisos I, II, V e VI.
I - documento de identificação pessoal;
§ 1o-A
II - comprovante de residência em área rural; e
§ 1º-B. Os integrantes do quadro efetivo de agentes e
guardas prisionais poderão portar arma de fogo de III - atestado de bons antecedentes.
propriedade particular ou fornecida pela respectiva
corporação ou instituição, mesmo fora de serviço, § 6o O caçador para subsistência que der outro
desde que estejam: uso à sua arma de fogo, independentemente de
outras tipificações penais, responderá, conforme o
I - submetidos a regime de dedicação exclusiva;

166
caso, por porte ilegal ou por disparo de arma de fogo § 2o O presidente do tribunal ou o chefe do Ministério
de uso permitido. Público designará os servidores de seus quadros
pessoais no exercício de funções de segurança que
§ 7o Aos integrantes das guardas municipais dos poderão portar arma de fogo, respeitado o limite
Municípios que integram regiões metropolitanas será máximo de 50% (cinquenta por cento) do número de
autorizado porte de arma de fogo, quando em serviço. servidores que exerçam funções de segurança.

Art. 7o As armas de fogo utilizadas pelos § 3o O porte de arma pelos servidores das instituições
empregados das empresas de segurança privada e de que trata este artigo fica condicionado à
de transporte de valores, constituídas na forma da lei, apresentação de documentação comprobatória do
serão de propriedade, responsabilidade e guarda das preenchimento dos requisitos constantes do art. 4o
respectivas empresas, somente podendo ser desta Lei, bem como à formação funcional em
utilizadas quando em serviço, devendo essas estabelecimentos de ensino de atividade policial e à
observar as condições de uso e de armazenagem existência de mecanismos de fiscalização e de
estabelecidas pelo órgão competente, sendo o controle interno, nas condições estabelecidas no
certificado de registro e a autorização de porte regulamento desta Lei.
expedidos pela Polícia Federal em nome da empresa.
§ 4o A listagem dos servidores das instituições de que
§ 1o O proprietário ou diretor responsável de trata este artigo deverá ser atualizada
empresa de segurança privada e de transporte de semestralmente no Sinarm.
valores responderá pelo crime previsto no parágrafo
único do art. 13 desta Lei, sem prejuízo das demais § 5o As instituições de que trata este artigo são
sanções administrativas e civis, se deixar de registrar obrigadas a registrar ocorrência policial e a comunicar
ocorrência policial e de comunicar à Polícia Federal à Polícia Federal eventual perda, furto, roubo ou
perda, furto, roubo ou outras formas de extravio de outras formas de extravio de armas de fogo,
armas de fogo, acessórios e munições que estejam acessórios e munições que estejam sob sua guarda,
sob sua guarda, nas primeiras 24 (vinte e quatro) nas primeiras 24 (vinte e quatro) horas depois de
horas depois de ocorrido o fato. ocorrido o fato.

§ 2o A empresa de segurança e de transporte de Art. 8o As armas de fogo utilizadas em entidades


valores deverá apresentar documentação desportivas legalmente constituídas devem obedecer
comprobatória do preenchimento dos requisitos às condições de uso e de armazenagem
constantes do art. 4o desta Lei quanto aos estabelecidas pelo órgão competente, respondendo o
empregados que portarão arma de fogo. possuidor ou o autorizado a portar a arma pela sua
guarda na forma do regulamento desta Lei.
§ 3o A listagem dos empregados das empresas
referidas neste artigo deverá ser atualizada Art. 9o Compete ao Ministério da Justiça a
semestralmente junto ao Sinarm. autorização do porte de arma para os responsáveis
pela segurança de cidadãos estrangeiros em visita ou
Art. 7o-A. As armas de fogo utilizadas pelos servidores sediados no Brasil e, ao Comando do Exército, nos
das instituições descritas no inciso XI do art. 6o serão termos do regulamento desta Lei, o registro e a
de propriedade, responsabilidade e guarda das concessão de porte de trânsito de arma de fogo para
respectivas instituições, somente podendo ser colecionadores, atiradores e caçadores e de
utilizadas quando em serviço, devendo estas observar representantes estrangeiros em competição
as condições de uso e de armazenagem internacional oficial de tiro realizada no território
estabelecidas pelo órgão competente, sendo o nacional.
certificado de registro e a autorização de porte
expedidos pela Polícia Federal em nome da Art. 10. A autorização para o porte de arma de fogo
instituição. de uso permitido, em todo o território nacional, é de
competência da Polícia Federal e somente será
§ 1o A autorização para o porte de arma de fogo de que concedida após autorização do Sinarm.
trata este artigo independe do pagamento de taxa.
§ 1o A autorização prevista neste artigo poderá ser
concedida com eficácia temporária e territorial

167
limitada, nos termos de atos regulamentares, e
dependerá de o requerente: § 1o Na comprovação da aptidão psicológica, o
valor cobrado pelo psicólogo não poderá exceder ao
I – demonstrar a sua efetiva necessidade por valor médio dos honorários profissionais para
exercício de atividade profissional de risco ou de realização de avaliação psicológica constante do item
ameaça à sua integridade física; 1.16 da tabela do Conselho Federal de Psicologia.

II – atender às exigências previstas no art. 4o § 2o Na comprovação da capacidade técnica, o


desta Lei; valor cobrado pelo instrutor de armamento e tiro não
poderá exceder R$ 80,00 (oitenta reais), acrescido do
III – apresentar documentação de propriedade de custo da munição.
arma de fogo, bem como o seu devido registro no
órgão competente. § 3o A cobrança de valores superiores aos
previstos nos §§ 1o e 2o deste artigo implicará o
§ 2o A autorização de porte de arma de fogo, descredenciamento do profissional pela Polícia
prevista neste artigo, perderá automaticamente sua Federal.
eficácia caso o portador dela seja detido ou abordado
em estado de embriaguez ou sob efeito de
substâncias químicas ou alucinógenas.

Art. 11. Fica instituída a cobrança de taxas, nos


valores constantes do Anexo desta Lei, pela
prestação de serviços relativos:

I – ao registro de arma de fogo; CAPÍTULO IV

II – à renovação de registro de arma de fogo; DOS CRIMES E DAS PENAS

III – à expedição de segunda via de registro de Posse irregular de arma de fogo de uso permitido
arma de fogo;
Art. 12. Possuir ou manter sob sua guarda arma de
IV – à expedição de porte federal de arma de fogo; fogo, acessório ou munição, de uso permitido, em
desacordo com determinação legal ou regulamentar,
V – à renovação de porte de arma de fogo; no interior de sua residência ou dependência desta,
ou, ainda no seu local de trabalho, desde que seja o
VI – à expedição de segunda via de porte federal titular ou o responsável legal do estabelecimento ou
de arma de fogo. empresa:

§ 1o Os valores arrecadados destinam-se ao Pena – detenção, de 1 (um) a 3 (três) anos, e


custeio e à manutenção das atividades do Sinarm, da multa.
Polícia Federal e do Comando do Exército, no âmbito
de suas respectivas responsabilidades. Omissão de cautela

§ 2o São isentas do pagamento das taxas Art. 13. Deixar de observar as cautelas
previstas neste artigo as pessoas e as instituições a necessárias para impedir que menor de 18 (dezoito)
que se referem os incisos I a VII e X e o § 5o do art. anos ou pessoa portadora de deficiência mental se
6o desta Lei. (Redação dada pela Lei nº 11.706, apodere de arma de fogo que esteja sob sua posse
de 2008) ou que seja de sua propriedade:

Art. 11-A. O Ministério da Justiça disciplinará a Pena – detenção, de 1 (um) a 2 (dois) anos, e
forma e as condições do credenciamento de multa.
profissionais pela Polícia Federal para comprovação
da aptidão psicológica e da capacidade técnica para Parágrafo único. Nas mesmas penas incorrem o
o manuseio de arma de fogo. proprietário ou diretor responsável de empresa de

168
segurança e transporte de valores que deixarem de I – suprimir ou alterar marca, numeração ou
registrar ocorrência policial e de comunicar à Polícia qualquer sinal de identificação de arma de fogo ou
Federal perda, furto, roubo ou outras formas de artefato;
extravio de arma de fogo, acessório ou munição que
estejam sob sua guarda, nas primeiras 24 (vinte II – modificar as características de arma de fogo,
quatro) horas depois de ocorrido o fato. de forma a torná-la equivalente a arma de fogo de uso
proibido ou restrito ou para fins de dificultar ou de
Porte ilegal de arma de fogo de uso permitido qualquer modo induzir a erro autoridade policial, perito
ou juiz;
Art. 14. Portar, deter, adquirir, fornecer, receber, ter
em depósito, transportar, ceder, ainda que III – possuir, detiver, fabricar ou empregar artefato
gratuitamente, emprestar, remeter, empregar, manter explosivo ou incendiário, sem autorização ou em
sob guarda ou ocultar arma de fogo, acessório ou desacordo com determinação legal ou regulamentar;
munição, de uso permitido, sem autorização e em
desacordo com determinação legal ou regulamentar: IV – portar, possuir, adquirir, transportar ou
fornecer arma de fogo com numeração, marca ou
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e qualquer outro sinal de identificação raspado,
multa. suprimido ou adulterado;

Parágrafo único. O crime previsto neste artigo é V – vender, entregar ou fornecer, ainda que
inafiançável, salvo quando a arma de fogo estiver gratuitamente, arma de fogo, acessório, munição ou
registrada em nome do agente. (Vide Adin 3.112- explosivo a criança ou adolescente; e
1)
VI – produzir, recarregar ou reciclar, sem
Disparo de arma de fogo autorização legal, ou adulterar, de qualquer forma,
munição ou explosivo.
Art. 15. Disparar arma de fogo ou acionar munição
em lugar habitado ou em suas adjacências, em via § 2º Se as condutas descritas no caput e no § 1º deste
pública ou em direção a ela, desde que essa conduta artigo envolverem arma de fogo de uso proibido, a
não tenha como finalidade a prática de outro crime: pena é de reclusão, de 4 (quatro) a 12 (doze) anos.

Pena – reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e Comércio ilegal de arma de fogo


multa.
Art. 17. Adquirir, alugar, receber, transportar,
Parágrafo único. O crime previsto neste artigo é conduzir, ocultar, ter em depósito, desmontar, montar,
inafiançável. (Vide Adin 3.112-1) remontar, adulterar, vender, expor à venda, ou de
qualquer forma utilizar, em proveito próprio ou alheio,
Posse ou porte ilegal de arma de fogo de uso no exercício de atividade comercial ou industrial, arma
restrito de fogo, acessório ou munição, sem autorização ou
em desacordo com determinação legal ou
Art. 16. Possuir, deter, portar, adquirir, fornecer, regulamentar:
receber, ter em depósito, transportar, ceder, ainda que
gratuitamente, emprestar, remeter, empregar, manter Pena - reclusão, de 6 (seis) a 12 (doze) anos, e
sob sua guarda ou ocultar arma de fogo, acessório ou multa.
munição de uso restrito, sem autorização e em
desacordo com determinação legal ou regulamentar: § 1º Equipara-se à atividade comercial ou industrial,
para efeito deste artigo, qualquer forma de prestação
Pena – reclusão, de 3 (três) a 6 (seis) anos, e de serviços, fabricação ou comércio irregular ou
multa. clandestino, inclusive o exercido em residência.

§ 1º Nas mesmas penas incorre quem: § 2º Incorre na mesma pena quem vende ou entrega
arma de fogo, acessório ou munição, sem autorização
ou em desacordo com a determinação legal ou
regulamentar, a agente policial disfarçado, quando

169
presentes elementos probatórios razoáveis de § 1o Todas as munições comercializadas no País
conduta criminal preexistente. deverão estar acondicionadas em embalagens com
sistema de código de barras, gravado na caixa,
Tráfico internacional de arma de fogo visando possibilitar a identificação do fabricante e do
adquirente, entre outras informações definidas pelo
Art. 18. Importar, exportar, favorecer a entrada ou regulamento desta Lei.
saída do território nacional, a qualquer título, de arma
de fogo, acessório ou munição, sem autorização da § 2o Para os órgãos referidos no art. 6o, somente
autoridade competente: serão expedidas autorizações de compra de munição
com identificação do lote e do adquirente no culote
Pena - reclusão, de 8 (oito) a 16 (dezesseis) anos, dos projéteis, na forma do regulamento desta Lei.
e multa.
§ 3o As armas de fogo fabricadas a partir de 1 (um)
Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem vende ano da data de publicação desta Lei conterão
ou entrega arma de fogo, acessório ou munição, em dispositivo intrínseco de segurança e de identificação,
operação de importação, sem autorização da gravado no corpo da arma, definido pelo regulamento
autoridade competente, a agente policial disfarçado, desta Lei, exclusive para os órgãos previstos no art.
quando presentes elementos probatórios razoáveis 6o.
de conduta criminal preexistente.
§ 4o As instituições de ensino policial e as
Art. 19. Nos crimes previstos nos arts. 17 e 18, a guardas municipais referidas nos incisos III e IV do
pena é aumentada da metade se a arma de fogo, caput do art. 6o desta Lei e no seu § 7o poderão
acessório ou munição forem de uso proibido ou adquirir insumos e máquinas de recarga de munição
restrito. para o fim exclusivo de suprimento de suas atividades,
mediante autorização concedida nos termos definidos
Art. 20. Nos crimes previstos nos arts. 14, 15, 16, em regulamento.
17 e 18, a pena é aumentada da metade se:
Art. 24. Excetuadas as atribuições a que se refere
I - forem praticados por integrante dos órgãos e o art. 2º desta Lei, compete ao Comando do Exército
empresas referidas nos arts. 6º, 7º e 8º desta Lei; ou autorizar e fiscalizar a produção, exportação,
importação, desembaraço alfandegário e o comércio
II - o agente for reincidente específico em crimes dessa de armas de fogo e demais produtos controlados,
natureza. inclusive o registro e o porte de trânsito de arma de
fogo de colecionadores, atiradores e caçadores.
Art. 21. Os crimes previstos nos arts. 16, 17 e 18
são insuscetíveis de liberdade provisória. (Vide Art. 25. As armas de fogo apreendidas, após a
Adin 3.112-1) elaboração do laudo pericial e sua juntada aos autos,
quando não mais interessarem à persecução penal
CAPÍTULO V serão encaminhadas pelo juiz competente ao
Comando do Exército, no prazo de até 48 (quarenta e
DISPOSIÇÕES GERAIS oito) horas, para destruição ou doação aos órgãos de
segurança pública ou às Forças Armadas, na forma
Art. 22. O Ministério da Justiça poderá celebrar do regulamento desta Lei.
convênios com os Estados e o Distrito Federal para o
cumprimento do disposto nesta Lei. § 1o As armas de fogo encaminhadas ao
Comando do Exército que receberem parecer
Art. 23. A classificação legal, técnica e geral bem favorável à doação, obedecidos o padrão e a dotação
como a definição das armas de fogo e demais de cada Força Armada ou órgão de segurança
produtos controlados, de usos proibidos, restritos, pública, atendidos os critérios de prioridade
permitidos ou obsoletos e de valor histórico serão estabelecidos pelo Ministério da Justiça e ouvido o
disciplinadas em ato do chefe do Poder Executivo Comando do Exército, serão arroladas em relatório
Federal, mediante proposta do Comando do Exército. reservado trimestral a ser encaminhado àquelas
instituições, abrindo-se-lhes prazo para manifestação
de interesse.

170
III, V, VI, VII e X do caput do art. 6o desta Lei.
§ 1º-A. As armas de fogo e munições apreendidas em (Redação dada pela Lei nº 11.706, de 2008)
decorrência do tráfico de drogas de abuso, ou de
qualquer forma utilizadas em atividades ilícitas de Art. 29. As autorizações de porte de armas de fogo
produção ou comercialização de drogas abusivas, ou, já concedidas expirar-se-ão 90 (noventa) dias após a
ainda, que tenham sido adquiridas com recursos publicação desta Lei.
provenientes do tráfico de drogas de abuso, perdidas
em favor da União e encaminhadas para o Comando Parágrafo único. O detentor de autorização com
do Exército, devem ser, após perícia ou vistoria que prazo de validade superior a 90 (noventa) dias poderá
atestem seu bom estado, destinadas com prioridade renová-la, perante a Polícia Federal, nas condições
para os órgãos de segurança pública e do sistema dos arts. 4o, 6o e 10 desta Lei, no prazo de 90
penitenciário da unidade da federação responsável (noventa) dias após sua publicação, sem ônus para o
pela apreensão. requerente.

§ 2o O Comando do Exército encaminhará a Art. 30. Os possuidores e proprietários de arma de


relação das armas a serem doadas ao juiz fogo de uso permitido ainda não registrada deverão
competente, que determinará o seu perdimento em solicitar seu registro até o dia 31 de dezembro de
favor da instituição beneficiada. 2008, mediante apresentação de documento de
identificação pessoal e comprovante de residência
§ 3o O transporte das armas de fogo doadas será fixa, acompanhados de nota fiscal de compra ou
de responsabilidade da instituição beneficiada, que comprovação da origem lícita da posse, pelos meios
procederá ao seu cadastramento no Sinarm ou no de prova admitidos em direito, ou declaração firmada
Sigma. na qual constem as características da arma e a sua
condição de proprietário, ficando este dispensado do
§ 4o (VETADO) pagamento de taxas e do cumprimento das demais
exigências constantes dos incisos I a III do caput do
§ 5o O Poder Judiciário instituirá instrumentos art. 4o desta Lei.
para o encaminhamento ao Sinarm ou ao Sigma,
conforme se trate de arma de uso permitido ou de uso Parágrafo único. Para fins do cumprimento do
restrito, semestralmente, da relação de armas disposto no caput deste artigo, o proprietário de arma
acauteladas em juízo, mencionando suas de fogo poderá obter, no Departamento de Polícia
características e o local onde se encontram. Federal, certificado de registro provisório, expedido na
forma do § 4o do art. 5o desta Lei.
Art. 26. São vedadas a fabricação, a venda, a
comercialização e a importação de brinquedos, Art. 31. Os possuidores e proprietários de armas
réplicas e simulacros de armas de fogo, que com de fogo adquiridas regularmente poderão, a qualquer
estas se possam confundir. tempo, entregá-las à Polícia Federal, mediante recibo
e indenização, nos termos do regulamento desta Lei.
Parágrafo único. Excetuam-se da proibição as
réplicas e os simulacros destinados à instrução, ao Art. 32. Os possuidores e proprietários de arma de
adestramento, ou à coleção de usuário autorizado, fogo poderão entregá-la, espontaneamente, mediante
nas condições fixadas pelo Comando do Exército. recibo, e, presumindo-se de boa-fé, serão
indenizados, na forma do regulamento, ficando extinta
Art. 27. Caberá ao Comando do Exército autorizar, a punibilidade de eventual posse irregular da referida
excepcionalmente, a aquisição de armas de fogo de arma.
uso restrito.
Parágrafo único.
Parágrafo único. O disposto neste artigo não se
aplica às aquisições dos Comandos Militares. Art. 33. Será aplicada multa de R$ 100.000,00
(cem mil reais) a R$ 300.000,00 (trezentos mil reais),
Art. 28. É vedado ao menor de 25 (vinte e cinco) conforme especificar o regulamento desta Lei:
anos adquirir arma de fogo, ressalvados os
integrantes das entidades constantes dos incisos I, II, I – à empresa de transporte aéreo, rodoviário,
ferroviário, marítimo, fluvial ou lacustre que

171
deliberadamente, por qualquer meio, faça, promova,
facilite ou permita o transporte de arma ou munição CAPÍTULO VI
sem a devida autorização ou com inobservância das
normas de segurança; DISPOSIÇÕES FINAIS

II – à empresa de produção ou comércio de Art. 35. É proibida a comercialização de arma de


armamentos que realize publicidade para venda, fogo e munição em todo o território nacional, salvo
estimulando o uso indiscriminado de armas de fogo, para as entidades previstas no art. 6o desta Lei.
exceto nas publicações especializadas.
§ 1o Este dispositivo, para entrar em vigor,
Art. 34. Os promotores de eventos em locais dependerá de aprovação mediante referendo popular,
fechados, com aglomeração superior a 1000 (um mil) a ser realizado em outubro de 2005.
pessoas, adotarão, sob pena de responsabilidade, as
providências necessárias para evitar o ingresso de § 2o Em caso de aprovação do referendo popular,
pessoas armadas, ressalvados os eventos garantidos o disposto neste artigo entrará em vigor na data de
pelo inciso VI do art. 5o da Constituição Federal. publicação de seu resultado pelo Tribunal Superior
Eleitoral.
Parágrafo único. As empresas responsáveis pela
prestação dos serviços de transporte internacional e Art. 36. É revogada a Lei no 9.437, de 20 de
interestadual de passageiros adotarão as fevereiro de 1997.
providências necessárias para evitar o embarque de
passageiros armados. Art. 37. Esta Lei entra em vigor na data de sua
publicação.
Art. 34-A. Os dados relacionados à coleta de registros
balísticos serão armazenados no Banco Nacional de
Perfis Balísticos. Lei Maria da Penha
§ 1º O Banco Nacional de Perfis Balísticos tem como TÍTULO I
objetivo cadastrar armas de fogo e armazenar
características de classe e individualizadoras de DISPOSIÇÕES PRELIMINARES
projéteis e de estojos de munição deflagrados por
arma de fogo. Art. 1º Esta Lei cria mecanismos para coibir e prevenir
a violência doméstica e familiar contra a mulher, nos
§ 2º O Banco Nacional de Perfis Balísticos será termos do § 8º do art. 226 da Constituição Federal, da
constituído pelos registros de elementos de munição Convenção sobre a Eliminação de Todas as Formas
deflagrados por armas de fogo relacionados a crimes, de Violência contra a Mulher, da Convenção
para subsidiar ações destinadas às apurações Interamericana para Prevenir, Punir e Erradicar a
criminais federais, estaduais e distritais. Violência contra a Mulher e de outros tratados
internacionais ratificados pela República Federativa
§ 3º O Banco Nacional de Perfis Balísticos será gerido do Brasil; dispõe sobre a criação dos Juizados de
pela unidade oficial de perícia criminal. Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher; e
estabelece medidas de assistência e proteção às
§ 4º Os dados constantes do Banco Nacional de Perfis mulheres em situação de violência doméstica e
Balísticos terão caráter sigiloso, e aquele que permitir familiar.
ou promover sua utilização para fins diversos dos
previstos nesta Lei ou em decisão judicial responderá Art. 2º Toda mulher, independentemente de classe,
civil, penal e administrativamente. raça, etnia, orientação sexual, renda, cultura, nível
educacional, idade e religião, goza dos direitos
§ 5º É vedada a comercialização, total ou parcial, da fundamentais inerentes à pessoa humana, sendo-lhe
base de dados do Banco Nacional de Perfis Balísticos. asseguradas as oportunidades e facilidades para
viver sem violência, preservar sua saúde física e
§ 6º A formação, a gestão e o acesso ao Banco mental e seu aperfeiçoamento moral, intelectual e
Nacional de Perfis Balísticos serão regulamentados social.
em ato do Poder Executivo federal.

172
Art. 3º Serão asseguradas às mulheres as condições III - em qualquer relação íntima de afeto, na qual o
para o exercício efetivo dos direitos à vida, à agressor conviva ou tenha convivido com a ofendida,
segurança, à saúde, à alimentação, à educação, à independentemente de coabitação.
cultura, à moradia, ao acesso à justiça, ao esporte, ao
lazer, ao trabalho, à cidadania, à liberdade, à Parágrafo único. As relações pessoais enunciadas
dignidade, ao respeito e à convivência familiar e neste artigo independem de orientação sexual.
comunitária.
Art. 6º A violência doméstica e familiar contra a mulher
§ 1º O poder público desenvolverá políticas que visem constitui uma das formas de violação dos direitos
garantir os direitos humanos das mulheres no âmbito humanos.
das relações domésticas e familiares no sentido de
resguardá-las de toda forma de negligência, CAPÍTULO II
discriminação, exploração, violência, crueldade e
opressão. DAS FORMAS DE VIOLÊNCIA DOMÉSTICA E
FAMILIAR CONTRA A MULHER
§ 2º Cabe à família, à sociedade e ao poder público criar
as condições necessárias para o efetivo exercício dos Art. 7º São formas de violência doméstica e familiar
direitos enunciados no caput. contra a mulher, entre outras:

Art. 4º Na interpretação desta Lei, serão considerados I - a violência física, entendida como qualquer conduta
os fins sociais a que ela se destina e, especialmente, que ofenda sua integridade ou saúde corporal;
as condições peculiares das mulheres em situação de
violência doméstica e familiar. II - a violência psicológica, entendida como qualquer
conduta que lhe cause dano emocional e diminuição
da auto-estima ou que lhe prejudique e perturbe o
pleno desenvolvimento ou que vise degradar ou
controlar suas ações, comportamentos, crenças e
decisões, mediante ameaça, constrangimento,
TÍTULO II humilhação, manipulação, isolamento, vigilância
constante, perseguição contumaz, insulto,
DA VIOLÊNCIA DOMÉSTICA E FAMILIAR CONTRA chantagem, ridicularização, exploração e limitação do
A MULHER direito de ir e vir ou qualquer outro meio que lhe cause
prejuízo à saúde psicológica e à autodeterminação;
CAPÍTULO I
II - a violência psicológica, entendida como qualquer
DISPOSIÇÕES GERAIS conduta que lhe cause dano emocional e diminuição
da autoestima ou que lhe prejudique e perturbe o
Art. 5º Para os efeitos desta Lei, configura violência pleno desenvolvimento ou que vise degradar ou
doméstica e familiar contra a mulher qualquer ação ou controlar suas ações, comportamentos, crenças e
omissão baseada no gênero que lhe cause morte, decisões, mediante ameaça, constrangimento,
lesão, sofrimento físico, sexual ou psicológico e dano humilhação, manipulação, isolamento, vigilância
moral ou patrimonial: constante, perseguição contumaz, insulto,
chantagem, violação de sua intimidade,
I - no âmbito da unidade doméstica, compreendida ridicularização, exploração e limitação do direito de ir
como o espaço de convívio permanente de pessoas, e vir ou qualquer outro meio que lhe cause prejuízo à
com ou sem vínculo familiar, inclusive as saúde psicológica e à autodeterminação;
esporadicamente agregadas;
III - a violência sexual, entendida como qualquer
II - no âmbito da família, compreendida como a conduta que a constranja a presenciar, a manter ou a
comunidade formada por indivíduos que são ou se participar de relação sexual não desejada, mediante
consideram aparentados, unidos por laços naturais, intimidação, ameaça, coação ou uso da força; que a
por afinidade ou por vontade expressa; induza a comercializar ou a utilizar, de qualquer modo,
a sua sexualidade, que a impeça de usar qualquer
método contraceptivo ou que a force ao matrimônio, à

173
gravidez, ao aborto ou à prostituição, mediante IV - a implementação de atendimento policial
coação, chantagem, suborno ou manipulação; ou que especializado para as mulheres, em particular nas
limite ou anule o exercício de seus direitos sexuais e Delegacias de Atendimento à Mulher;
reprodutivos;
V - a promoção e a realização de campanhas
IV - a violência patrimonial, entendida como qualquer educativas de prevenção da violência doméstica e
conduta que configure retenção, subtração, familiar contra a mulher, voltadas ao público escolar e
destruição parcial ou total de seus objetos, à sociedade em geral, e a difusão desta Lei e dos
instrumentos de trabalho, documentos pessoais, instrumentos de proteção aos direitos humanos das
bens, valores e direitos ou recursos econômicos, mulheres;
incluindo os destinados a satisfazer suas
necessidades; VI - a celebração de convênios, protocolos, ajustes,
termos ou outros instrumentos de promoção de
V - a violência moral, entendida como qualquer conduta parceria entre órgãos governamentais ou entre estes
que configure calúnia, difamação ou injúria. e entidades não-governamentais, tendo por objetivo a
implementação de programas de erradicação da
TÍTULO III violência doméstica e familiar contra a mulher;

DA ASSISTÊNCIA À MULHER EM SITUAÇÃO DE VII - a capacitação permanente das Polícias Civil e


VIOLÊNCIA DOMÉSTICA E FAMILIAR Militar, da Guarda Municipal, do Corpo de Bombeiros
e dos profissionais pertencentes aos órgãos e às
CAPÍTULO I áreas enunciados no inciso I quanto às questões de
gênero e de raça ou etnia;
DAS MEDIDAS INTEGRADAS DE PREVENÇÃO
VIII - a promoção de programas educacionais que
Art. 8º A política pública que visa coibir a violência disseminem valores éticos de irrestrito respeito à
doméstica e familiar contra a mulher far-se-á por meio dignidade da pessoa humana com a perspectiva de
de um conjunto articulado de ações da União, dos gênero e de raça ou etnia;
Estados, do Distrito Federal e dos Municípios e de
ações não-governamentais, tendo por diretrizes: IX - o destaque, nos currículos escolares de todos os
níveis de ensino, para os conteúdos relativos aos
I - a integração operacional do Poder Judiciário, do direitos humanos, à eqüidade de gênero e de raça ou
Ministério Público e da Defensoria Pública com as etnia e ao problema da violência doméstica e familiar
áreas de segurança pública, assistência social, contra a mulher.
saúde, educação, trabalho e habitação;
CAPÍTULO II
II - a promoção de estudos e pesquisas, estatísticas e
outras informações relevantes, com a perspectiva de DA ASSISTÊNCIA À MULHER EM SITUAÇÃO DE
gênero e de raça ou etnia, concernentes às causas, VIOLÊNCIA DOMÉSTICA E FAMILIAR
às conseqüências e à freqüência da violência
doméstica e familiar contra a mulher, para a Art. 9º A assistência à mulher em situação de violência
sistematização de dados, a serem unificados doméstica e familiar será prestada de forma articulada
nacionalmente, e a avaliação periódica dos resultados e conforme os princípios e as diretrizes previstos na
das medidas adotadas; Lei Orgânica da Assistência Social, no Sistema Único
de Saúde, no Sistema Único de Segurança Pública,
III - o respeito, nos meios de comunicação social, dos entre outras normas e políticas públicas de proteção,
valores éticos e sociais da pessoa e da família, de e emergencialmente quando for o caso.
forma a coibir os papéis estereotipados que legitimem
ou exacerbem a violência doméstica e familiar, de § 1º O juiz determinará, por prazo certo, a inclusão da
acordo com o estabelecido no inciso III do art. 1º , no mulher em situação de violência doméstica e familiar
inciso IV do art. 3º e no inciso IV do art. 221 da no cadastro de programas assistenciais do governo
Constituição Federal ; federal, estadual e municipal.

174
§ 2º O juiz assegurará à mulher em situação de próxima de seu domicílio, ou transferi-los para essa
violência doméstica e familiar, para preservar sua instituição, mediante a apresentação dos documentos
integridade física e psicológica: comprobatórios do registro da ocorrência policial ou
do processo de violência doméstica e familiar em
I - acesso prioritário à remoção quando servidora curso.
pública, integrante da administração direta ou indireta;
§ 8º Serão sigilosos os dados da ofendida e de seus
II - manutenção do vínculo trabalhista, quando dependentes matriculados ou transferidos conforme o
necessário o afastamento do local de trabalho, por até disposto no § 7º deste artigo, e o acesso às
seis meses. informações será reservado ao juiz, ao Ministério
Público e aos órgãos competentes do poder público.
III - encaminhamento à assistência judiciária, quando
for o caso, inclusive para eventual ajuizamento da CAPÍTULO III
ação de separação judicial, de divórcio, de anulação
de casamento ou de dissolução de união estável DO ATENDIMENTO PELA AUTORIDADE POLICIAL
perante o juízo competente.
Art. 10. Na hipótese da iminência ou da prática de
§ 3º A assistência à mulher em situação de violência violência doméstica e familiar contra a mulher, a
doméstica e familiar compreenderá o acesso aos autoridade policial que tomar conhecimento da
benefícios decorrentes do desenvolvimento científico ocorrência adotará, de imediato, as providências
e tecnológico, incluindo os serviços de contracepção legais cabíveis.
de emergência, a profilaxia das Doenças
Sexualmente Transmissíveis (DST) e da Síndrome da Parágrafo único. Aplica-se o disposto no caput deste
Imunodeficiência Adquirida (AIDS) e outros artigo ao descumprimento de medida protetiva de
procedimentos médicos necessários e cabíveis nos urgência deferida.
casos de violência sexual.
Art. 10-A. É direito da mulher em situação de violência
§ 4º Aquele que, por ação ou omissão, causar lesão, doméstica e familiar o atendimento policial e pericial
violência física, sexual ou psicológica e dano moral ou especializado, ininterrupto e prestado por servidores -
patrimonial a mulher fica obrigado a ressarcir todos os preferencialmente do sexo feminino - previamente
danos causados, inclusive ressarcir ao Sistema Único capacitados.
de Saúde (SUS), de acordo com a tabela SUS, os
custos relativos aos serviços de saúde prestados para § 1º A inquirição de mulher em situação de violência
o total tratamento das vítimas em situação de doméstica e familiar ou de testemunha de violência
violência doméstica e familiar, recolhidos os recursos doméstica, quando se tratar de crime contra a mulher,
assim arrecadados ao Fundo de Saúde do ente obedecerá às seguintes diretrizes:
federado responsável pelas unidades de saúde que
prestarem os serviços. I - salvaguarda da integridade física, psíquica e
emocional da depoente, considerada a sua condição
§ 5º Os dispositivos de segurança destinados ao uso peculiar de pessoa em situação de violência
em caso de perigo iminente e disponibilizados para o doméstica e familiar;
monitoramento das vítimas de violência doméstica ou
familiar amparadas por medidas protetivas terão seus II - garantia de que, em nenhuma hipótese, a mulher em
custos ressarcidos pelo agressor. situação de violência doméstica e familiar, familiares
e testemunhas terão contato direto com investigados
§ 6º O ressarcimento de que tratam os §§ 4º e 5º deste ou suspeitos e pessoas a eles relacionadas;
artigo não poderá importar ônus de qualquer natureza
ao patrimônio da mulher e dos seus dependentes, III - não revitimização da depoente, evitando sucessivas
nem configurar atenuante ou ensejar possibilidade de inquirições sobre o mesmo fato nos âmbitos criminal,
substituição da pena aplicada. cível e administrativo, bem como questionamentos
sobre a vida privada.
§ 7º A mulher em situação de violência doméstica e
familiar tem prioridade para matricular seus § 2º Na inquirição de mulher em situação de violência
dependentes em instituição de educação básica mais doméstica e familiar ou de testemunha de delitos de

175
que trata esta Lei, adotar-se-á, preferencialmente, o I - ouvir a ofendida, lavrar o boletim de ocorrência e
seguinte procedimento: tomar a representação a termo, se apresentada;

I - a inquirição será feita em recinto especialmente II - colher todas as provas que servirem para o
projetado para esse fim, o qual conterá os esclarecimento do fato e de suas circunstâncias;
equipamentos próprios e adequados à idade da
mulher em situação de violência doméstica e familiar III - remeter, no prazo de 48 (quarenta e oito) horas,
ou testemunha e ao tipo e à gravidade da violência expediente apartado ao juiz com o pedido da
sofrida; ofendida, para a concessão de medidas protetivas de
urgência;
II - quando for o caso, a inquirição será intermediada
por profissional especializado em violência doméstica IV - determinar que se proceda ao exame de corpo de
e familiar designado pela autoridade judiciária ou delito da ofendida e requisitar outros exames periciais
policial; necessários;

III - o depoimento será registrado em meio eletrônico ou V - ouvir o agressor e as testemunhas;


magnético, devendo a degravação e a mídia integrar
o inquérito. VI - ordenar a identificação do agressor e fazer juntar
aos autos sua folha de antecedentes criminais,
Art. 11. No atendimento à mulher em situação de indicando a existência de mandado de prisão ou
violência doméstica e familiar, a autoridade policial registro de outras ocorrências policiais contra ele;
deverá, entre outras providências:
VI-A - verificar se o agressor possui registro de porte ou
I - garantir proteção policial, quando necessário, posse de arma de fogo e, na hipótese de existência,
comunicando de imediato ao Ministério Público e ao juntar aos autos essa informação, bem como notificar
Poder Judiciário; a ocorrência à instituição responsável pela concessão
do registro ou da emissão do porte, nos termos da Lei
II - encaminhar a ofendida ao hospital ou posto de nº 10.826, de 22 de dezembro de 2003 (Estatuto do
saúde e ao Instituto Médico Legal; Desarmamento);

III - fornecer transporte para a ofendida e seus VII - remeter, no prazo legal, os autos do inquérito
dependentes para abrigo ou local seguro, quando policial ao juiz e ao Ministério Público.
houver risco de vida;
§ 1º O pedido da ofendida será tomado a termo pela
IV - se necessário, acompanhar a ofendida para autoridade policial e deverá conter:
assegurar a retirada de seus pertences do local da
ocorrência ou do domicílio familiar; I - qualificação da ofendida e do agressor;

V - informar à ofendida os direitos a ela conferidos nesta II - nome e idade dos dependentes;
Lei e os serviços disponíveis.
III - descrição sucinta do fato e das medidas protetivas
V - informar à ofendida os direitos a ela conferidos nesta solicitadas pela ofendida.
Lei e os serviços disponíveis, inclusive os de
assistência judiciária para o eventual ajuizamento IV - informação sobre a condição de a ofendida ser
perante o juízo competente da ação de separação pessoa com deficiência e se da violência sofrida
judicial, de divórcio, de anulação de casamento ou de resultou deficiência ou agravamento de deficiência
dissolução de união estável. preexistente. (Incluído pela Lei nº 13.836, de
2019)
Art. 12. Em todos os casos de violência doméstica e
familiar contra a mulher, feito o registro da ocorrência, § 2º A autoridade policial deverá anexar ao documento
deverá a autoridade policial adotar, de imediato, os referido no § 1º o boletim de ocorrência e cópia de
seguintes procedimentos, sem prejuízo daqueles todos os documentos disponíveis em posse da
previstos no Código de Processo Penal: ofendida.

176
§ 3º Serão admitidos como meios de prova os laudos concomitantemente. (Incluído pela Lei nº 13.827,
ou prontuários médicos fornecidos por hospitais e de 2019)
postos de saúde.
§ 2º Nos casos de risco à integridade física da ofendida
Art. 12-A. Os Estados e o Distrito Federal, na ou à efetividade da medida protetiva de urgência, não
formulação de suas políticas e planos de atendimento será concedida liberdade provisória ao preso.
à mulher em situação de violência doméstica e (Incluído pela Lei nº 13.827, de 2019)
familiar, darão prioridade, no âmbito da Polícia Civil, à
criação de Delegacias Especializadas de Atendimento TÍTULO IV
à Mulher (Deams), de Núcleos Investigativos de
Feminicídio e de equipes especializadas para o DOS PROCEDIMENTOS
atendimento e a investigação das violências graves
contra a mulher. CAPÍTULO I

Art. 12-B. (VETADO). DISPOSIÇÕES GERAIS

§ 1º (VETADO). Art. 13. Ao processo, ao julgamento e à execução das


causas cíveis e criminais decorrentes da prática de
§ 2º (VETADO. violência doméstica e familiar contra a mulher aplicar-
se-ão as normas dos Códigos de Processo Penal e
§ 3º A autoridade policial poderá requisitar os serviços Processo Civil e da legislação específica relativa à
públicos necessários à defesa da mulher em situação criança, ao adolescente e ao idoso que não
de violência doméstica e familiar e de seus conflitarem com o estabelecido nesta Lei.
dependentes.
Art. 14. Os Juizados de Violência Doméstica e Familiar
Art. 12-C. Verificada a existência de risco atual ou contra a Mulher, órgãos da Justiça Ordinária com
iminente à vida ou à integridade física da mulher em competência cível e criminal, poderão ser criados pela
situação de violência doméstica e familiar, ou de seus União, no Distrito Federal e nos Territórios, e pelos
dependentes, o agressor será imediatamente Estados, para o processo, o julgamento e a execução
afastado do lar, domicílio ou local de convivência com das causas decorrentes da prática de violência
a ofendida: (Incluído pela Lei nº 13.827, de 2019) doméstica e familiar contra a mulher.

Art. 12-C. Verificada a existência de risco atual ou Parágrafo único. Os atos processuais poderão realizar-
iminente à vida ou à integridade física ou psicológica se em horário noturno, conforme dispuserem as
da mulher em situação de violência doméstica e normas de organização judiciária.
familiar, ou de seus dependentes, o agressor será
imediatamente afastado do lar, domicílio ou local de Art. 14-A. A ofendida tem a opção de propor ação de
convivência com a ofendida: divórcio ou de dissolução de união estável no Juizado
de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher.
I - pela autoridade judicial; (Incluído pela Lei nº 13.894, de 2019)

II - pelo delegado de polícia, quando o Município não for § 1º Exclui-se da competência dos Juizados de
sede de comarca; ou Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher a
pretensão relacionada à partilha de bens.
III - pelo policial, quando o Município não for sede de (Incluído pela Lei nº 13.894, de 2019)
comarca e não houver delegado disponível no
momento da denúncia. § 2º Iniciada a situação de violência doméstica e familiar
após o ajuizamento da ação de divórcio ou de
§ 1º Nas hipóteses dos incisos II e III do caput deste dissolução de união estável, a ação terá preferência
artigo, o juiz será comunicado no prazo máximo de 24 no juízo onde estiver. (Incluído pela Lei nº 13.894,
(vinte e quatro) horas e decidirá, em igual prazo, sobre de 2019)
a manutenção ou a revogação da medida aplicada,
devendo dar ciência ao Ministério Público Art. 15. É competente, por opção da ofendida, para os
processos cíveis regidos por esta Lei, o Juizado:

177
Art. 19. As medidas protetivas de urgência poderão ser
I - do seu domicílio ou de sua residência; concedidas pelo juiz, a requerimento do Ministério
Público ou a pedido da ofendida.
II - do lugar do fato em que se baseou a demanda;
§ 1º As medidas protetivas de urgência poderão ser
III - do domicílio do agressor. concedidas de imediato, independentemente de
audiência das partes e de manifestação do Ministério
Art. 16. Nas ações penais públicas condicionadas à Público, devendo este ser prontamente comunicado.
representação da ofendida de que trata esta Lei, só
será admitida a renúncia à representação perante o § 2º As medidas protetivas de urgência serão aplicadas
juiz, em audiência especialmente designada com tal isolada ou cumulativamente, e poderão ser
finalidade, antes do recebimento da denúncia e substituídas a qualquer tempo por outras de maior
ouvido o Ministério Público. eficácia, sempre que os direitos reconhecidos nesta
Lei forem ameaçados ou violados.
Art. 17. É vedada a aplicação, nos casos de violência
doméstica e familiar contra a mulher, de penas de § 3º Poderá o juiz, a requerimento do Ministério Público
cesta básica ou outras de prestação pecuniária, bem ou a pedido da ofendida, conceder novas medidas
como a substituição de pena que implique o protetivas de urgência ou rever aquelas já
pagamento isolado de multa. concedidas, se entender necessário à proteção da
ofendida, de seus familiares e de seu patrimônio,
CAPÍTULO II ouvido o Ministério Público.

DAS MEDIDAS PROTETIVAS DE URGÊNCIA Art. 20. Em qualquer fase do inquérito policial ou da
instrução criminal, caberá a prisão preventiva do
Seção I agressor, decretada pelo juiz, de ofício, a
requerimento do Ministério Público ou mediante
Disposições Gerais representação da autoridade policial.

Art. 18. Recebido o expediente com o pedido da Parágrafo único. O juiz poderá revogar a prisão
ofendida, caberá ao juiz, no prazo de 48 (quarenta e preventiva se, no curso do processo, verificar a falta
oito) horas: de motivo para que subsista, bem como de novo
decretá-la, se sobrevierem razões que a justifiquem.
I - conhecer do expediente e do pedido e decidir sobre
as medidas protetivas de urgência; Art. 21. A ofendida deverá ser notificada dos atos
processuais relativos ao agressor, especialmente dos
II - determinar o encaminhamento da ofendida ao órgão pertinentes ao ingresso e à saída da prisão, sem
de assistência judiciária, quando for o caso; prejuízo da intimação do advogado constituído ou do
defensor público.
II - determinar o encaminhamento da ofendida ao órgão
de assistência judiciária, quando for o caso, inclusive Parágrafo único. A ofendida não poderá entregar
para o ajuizamento da ação de separação judicial, de intimação ou notificação ao agressor .
divórcio, de anulação de casamento ou de dissolução
de união estável perante o juízo competente;
(Redação dada pela Lei nº 13.894, de 2019)

III - comunicar ao Ministério Público para que adote as


providências cabíveis.
Seção II
IV - determinar a apreensão imediata de arma de fogo
sob a posse do agressor. (Incluído pela Lei nº Das Medidas Protetivas de Urgência que Obrigam o
13.880, de 2019) Agressor

Art. 22. Constatada a prática de violência doméstica e


familiar contra a mulher, nos termos desta Lei, o juiz

178
poderá aplicar, de imediato, ao agressor, em conjunto
ou separadamente, as seguintes medidas protetivas § 3º Para garantir a efetividade das medidas protetivas
de urgência, entre outras: de urgência, poderá o juiz requisitar, a qualquer
momento, auxílio da força policial.
I - suspensão da posse ou restrição do porte de armas,
com comunicação ao órgão competente, nos termos § 4º Aplica-se às hipóteses previstas neste artigo, no
da Lei nº 10.826, de 22 de dezembro de 2003 ; que couber, o disposto no caput e nos §§ 5º e 6º do
art. 461 da Lei no 5.869, de 11 de janeiro de 1973
II - afastamento do lar, domicílio ou local de convivência (Código de Processo Civil).
com a ofendida;
Seção III
III - proibição de determinadas condutas, entre as quais:
Das Medidas Protetivas de Urgência à Ofendida
a) aproximação da ofendida, de seus familiares e das
testemunhas, fixando o limite mínimo de distância Art. 23. Poderá o juiz, quando necessário, sem prejuízo
entre estes e o agressor; de outras medidas:

b) contato com a ofendida, seus familiares e I - encaminhar a ofendida e seus dependentes a


testemunhas por qualquer meio de comunicação; programa oficial ou comunitário de proteção ou de
atendimento;
c) freqüentação de determinados lugares a fim de
preservar a integridade física e psicológica da II - determinar a recondução da ofendida e a de seus
ofendida; dependentes ao respectivo domicílio, após
afastamento do agressor;
IV - restrição ou suspensão de visitas aos dependentes
menores, ouvida a equipe de atendimento III - determinar o afastamento da ofendida do lar, sem
multidisciplinar ou serviço similar; prejuízo dos direitos relativos a bens, guarda dos
filhos e alimentos;
V - prestação de alimentos provisionais ou provisórios.
IV - determinar a separação de corpos.
VI – comparecimento do agressor a programas de
recuperação e reeducação; e V - determinar a matrícula dos dependentes da
ofendida em instituição de educação básica mais
VII – acompanhamento psicossocial do agressor, por próxima do seu domicílio, ou a transferência deles
meio de atendimento individual e/ou em grupo de para essa instituição, independentemente da
apoio. existência de vaga.

§ 1º As medidas referidas neste artigo não impedem a Art. 24. Para a proteção patrimonial dos bens da
aplicação de outras previstas na legislação em vigor, sociedade conjugal ou daqueles de propriedade
sempre que a segurança da ofendida ou as particular da mulher, o juiz poderá determinar,
circunstâncias o exigirem, devendo a providência ser liminarmente, as seguintes medidas, entre outras:
comunicada ao Ministério Público.
I - restituição de bens indevidamente subtraídos pelo
§ 2º Na hipótese de aplicação do inciso I, encontrando- agressor à ofendida;
se o agressor nas condições mencionadas no caput e
incisos do art. 6º da Lei nº 10.826, de 22 de dezembro II - proibição temporária para a celebração de atos e
de 2003, o juiz comunicará ao respectivo órgão, contratos de compra, venda e locação de propriedade
corporação ou instituição as medidas protetivas de em comum, salvo expressa autorização judicial;
urgência concedidas e determinará a restrição do
porte de armas, ficando o superior imediato do III - suspensão das procurações conferidas pela
agressor responsável pelo cumprimento da ofendida ao agressor;
determinação judicial, sob pena de incorrer nos
crimes de prevaricação ou de desobediência, IV - prestação de caução provisória, mediante depósito
conforme o caso. judicial, por perdas e danos materiais decorrentes da

179
prática de violência doméstica e familiar contra a
ofendida. CAPÍTULO IV

Parágrafo único. Deverá o juiz oficiar ao cartório DA ASSISTÊNCIA JUDICIÁRIA


competente para os fins previstos nos incisos II e III
deste artigo. Art. 27. Em todos os atos processuais, cíveis e
criminais, a mulher em situação de violência
Seção IV doméstica e familiar deverá estar acompanhada de
advogado, ressalvado o previsto no art. 19 desta Lei.

Do Crime de Descumprimento de Medidas Protetivas Art. 28. É garantido a toda mulher em situação de
de Urgência violência doméstica e familiar o acesso aos serviços
Descumprimento de Medidas Protetivas de Urgência de Defensoria Pública ou de Assistência Judiciária
Gratuita, nos termos da lei, em sede policial e judicial,
Art. 24-A. Descumprir decisão judicial que defere mediante atendimento específico e humanizado.
medidas protetivas de urgência previstas nesta Lei:
TÍTULO V
Pena – detenção, de 3 (três) meses a 2 (dois) anos.
DA EQUIPE DE ATENDIMENTO MULTIDISCIPLINAR
§ 1º A configuração do crime independe da
competência civil ou criminal do juiz que deferiu as Art. 29. Os Juizados de Violência Doméstica e Familiar
medidas. contra a Mulher que vierem a ser criados poderão
contar com uma equipe de atendimento
§ 2º Na hipótese de prisão em flagrante, apenas a multidisciplinar, a ser integrada por profissionais
autoridade judicial poderá conceder fiança. especializados nas áreas psicossocial, jurídica e de
saúde.
§ 3º O disposto neste artigo não exclui a aplicação de
outras sanções cabíveis. (Incluído pela Lei nº Art. 30. Compete à equipe de atendimento
13.641, de 2018) multidisciplinar, entre outras atribuições que lhe forem
reservadas pela legislação local, fornecer subsídios
CAPÍTULO III por escrito ao juiz, ao Ministério Público e à
Defensoria Pública, mediante laudos ou verbalmente
DA ATUAÇÃO DO MINISTÉRIO PÚBLICO em audiência, e desenvolver trabalhos de orientação,
encaminhamento, prevenção e outras medidas,
Art. 25. O Ministério Público intervirá, quando não for voltados para a ofendida, o agressor e os familiares,
parte, nas causas cíveis e criminais decorrentes da com especial atenção às crianças e aos adolescentes.
violência doméstica e familiar contra a mulher.
Art. 31. Quando a complexidade do caso exigir
Art. 26. Caberá ao Ministério Público, sem prejuízo de avaliação mais aprofundada, o juiz poderá determinar
outras atribuições, nos casos de violência doméstica a manifestação de profissional especializado,
e familiar contra a mulher, quando necessário: mediante a indicação da equipe de atendimento
multidisciplinar.
I - requisitar força policial e serviços públicos de saúde,
de educação, de assistência social e de segurança, Art. 32. O Poder Judiciário, na elaboração de sua
entre outros; proposta orçamentária, poderá prever recursos para a
criação e manutenção da equipe de atendimento
II - fiscalizar os estabelecimentos públicos e multidisciplinar, nos termos da Lei de Diretrizes
particulares de atendimento à mulher em situação de Orçamentárias.
violência doméstica e familiar, e adotar, de imediato,
as medidas administrativas ou judiciais cabíveis no TÍTULO VI
tocante a quaisquer irregularidades constatadas;
DISPOSIÇÕES TRANSITÓRIAS
III - cadastrar os casos de violência doméstica e familiar
contra a mulher.

180
Art. 33. Enquanto não estruturados os Juizados de constituída há pelo menos um ano, nos termos da
Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher, as legislação civil.
varas criminais acumularão as competências cível e
criminal para conhecer e julgar as causas decorrentes Parágrafo único. O requisito da pré-constituição poderá
da prática de violência doméstica e familiar contra a ser dispensado pelo juiz quando entender que não há
mulher, observadas as previsões do Título IV desta outra entidade com representatividade adequada para
Lei, subsidiada pela legislação processual pertinente. o ajuizamento da demanda coletiva.

Parágrafo único. Será garantido o direito de Art. 38. As estatísticas sobre a violência doméstica e
preferência, nas varas criminais, para o processo e o familiar contra a mulher serão incluídas nas bases de
julgamento das causas referidas no caput. dados dos órgãos oficiais do Sistema de Justiça e
Segurança a fim de subsidiar o sistema nacional de
TÍTULO VII dados e informações relativo às mulheres.

DISPOSIÇÕES FINAIS Parágrafo único. As Secretarias de Segurança Pública


dos Estados e do Distrito Federal poderão remeter
Art. 34. A instituição dos Juizados de Violência suas informações criminais para a base de dados do
Doméstica e Familiar contra a Mulher poderá ser Ministério da Justiça.
acompanhada pela implantação das curadorias
necessárias e do serviço de assistência judiciária. Art. 38-A. O juiz competente providenciará o registro da
medida protetiva de urgência.
Art. 35. A União, o Distrito Federal, os Estados e os
Municípios poderão criar e promover, no limite das Parágrafo único. As medidas protetivas de urgência
respectivas competências: serão registradas em banco de dados mantido e
regulamentado pelo Conselho Nacional de Justiça,
I - centros de atendimento integral e multidisciplinar garantido o acesso do Ministério Público, da
para mulheres e respectivos dependentes em Defensoria Pública e dos órgãos de segurança
situação de violência doméstica e familiar; pública e de assistência social, com vistas à
fiscalização e à efetividade das medidas protetivas.
II - casas-abrigos para mulheres e respectivos
dependentes menores em situação de violência Parágrafo único. As medidas protetivas de urgência
doméstica e familiar; serão, após sua concessão, imediatamente
registradas em banco de dados mantido e
III - delegacias, núcleos de defensoria pública, serviços regulamentado pelo Conselho Nacional de Justiça,
de saúde e centros de perícia médico-legal garantido o acesso instantâneo do Ministério Público,
especializados no atendimento à mulher em situação da Defensoria Pública e dos órgãos de segurança
de violência doméstica e familiar; pública e de assistência social, com vistas à
fiscalização e à efetividade das medidas protetivas.
IV - programas e campanhas de enfrentamento da
violência doméstica e familiar; Art. 39. A União, os Estados, o Distrito Federal e os
Municípios, no limite de suas competências e nos
V - centros de educação e de reabilitação para os termos das respectivas leis de diretrizes
agressores. orçamentárias, poderão estabelecer dotações
orçamentárias específicas, em cada exercício
Art. 36. A União, os Estados, o Distrito Federal e os financeiro, para a implementação das medidas
Municípios promoverão a adaptação de seus órgãos estabelecidas nesta Lei.
e de seus programas às diretrizes e aos princípios
desta Lei. Art. 40. As obrigações previstas nesta Lei não excluem
outras decorrentes dos princípios por ela adotados.
Art. 37. A defesa dos interesses e direitos
transindividuais previstos nesta Lei poderá ser Art. 41. Aos crimes praticados com violência doméstica
exercida, concorrentemente, pelo Ministério Público e e familiar contra a mulher, independentemente da
por associação de atuação na área, regularmente pena prevista, não se aplica a Lei nº 9.099, de 26 de
setembro de 1995.

181
Art. 42. O art. 313 do Decreto-Lei nº 3.689, de 3 de Art. 45. O art. 152 da Lei nº 7.210, de 11 de julho de
outubro de 1941 (Código de Processo Penal), passa 1984 (Lei de Execução Penal), passa a vigorar com a
a vigorar acrescido do seguinte inciso IV: seguinte redação:

“Art. 313. ................................................. “Art. 152. ...................................................

................................................................ Parágrafo único. Nos casos de violência doméstica


contra a mulher, o juiz poderá determinar o
IV - se o crime envolver violência doméstica e familiar comparecimento obrigatório do agressor a programas
contra a mulher, nos termos da lei específica, para de recuperação e reeducação.” (NR)
garantir a execução das medidas protetivas de
urgência.” (NR) Art. 46. Esta Lei entra em vigor 45 (quarenta e cinco)
dias após sua publicação.
Art. 43. A alínea f do inciso II do art. 61 do Decreto-Lei
nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código Penal),
passa a vigorar com a seguinte redação:
Lei de Abuso de Autoridade
“Art. 61. ..................................................
CAPÍTULO I
.................................................................
DISPOSIÇÕES GERAIS
II - ............................................................
Art. 1º Esta Lei define os crimes de abuso de
................................................................. autoridade, cometidos por agente público, servidor ou
não, que, no exercício de suas funções ou a pretexto
f) com abuso de autoridade ou prevalecendo-se de de exercê-las, abuse do poder que lhe tenha sido
relações domésticas, de coabitação ou de atribuído.
hospitalidade, ou com violência contra a mulher na
forma da lei específica; § 1º As condutas descritas nesta Lei constituem crime
de abuso de autoridade quando praticadas pelo
........................................................... ” (NR) agente com a finalidade específica de prejudicar
outrem ou beneficiar a si mesmo ou a terceiro, ou,
Art. 44. O art. 129 do Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de ainda, por mero capricho ou satisfação pessoal.
dezembro de 1940 (Código Penal), passa a vigorar
com as seguintes alterações: § 2º A divergência na interpretação de lei ou na
avaliação de fatos e provas não configura abuso de
“Art. 129. .................................................. autoridade.

..................................................................

§ 9º Se a lesão for praticada contra ascendente, CAPÍTULO II


descendente, irmão, cônjuge ou companheiro, ou com
quem conviva ou tenha convivido, ou, ainda, DOS SUJEITOS DO CRIME
prevalecendo-se o agente das relações domésticas,
de coabitação ou de hospitalidade: Art. 2º É sujeito ativo do crime de abuso de autoridade
qualquer agente público, servidor ou não, da
Pena - detenção, de 3 (três) meses a 3 (três) anos. administração direta, indireta ou fundacional de
qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do
.................................................................. Distrito Federal, dos Municípios e de Território,
compreendendo, mas não se limitando a:
§ 11. Na hipótese do § 9º deste artigo, a pena será
aumentada de um terço se o crime for cometido contra I - servidores públicos e militares ou pessoas a eles
pessoa portadora de deficiência.” (NR) equiparadas;

182
ofendido, fixar na sentença o valor mínimo para
II - membros do Poder Legislativo; reparação dos danos causados pela infração,
considerando os prejuízos por ele sofridos;
III - membros do Poder Executivo;
II - a inabilitação para o exercício de cargo, mandato ou
IV - membros do Poder Judiciário; função pública, pelo período de 1 (um) a 5 (cinco)
anos;
V - membros do Ministério Público;
III - a perda do cargo, do mandato ou da função pública.
VI - membros dos tribunais ou conselhos de contas.
Parágrafo único. Os efeitos previstos nos incisos II e III
Parágrafo único. Reputa-se agente público, para os do caput deste artigo são condicionados à ocorrência
efeitos desta Lei, todo aquele que exerce, ainda que de reincidência em crime de abuso de autoridade e
transitoriamente ou sem remuneração, por eleição, não são automáticos, devendo ser declarados
nomeação, designação, contratação ou qualquer motivadamente na sentença.
outra forma de investidura ou vínculo, mandato,
cargo, emprego ou função em órgão ou entidade Seção II
abrangidos pelo caput deste artigo.
Das Penas Restritivas de Direitos
CAPÍTULO III
Art. 5º As penas restritivas de direitos substitutivas das
DA AÇÃO PENAL privativas de liberdade previstas nesta Lei são:

Art. 3º Os crimes previstos nesta Lei são de ação penal I - prestação de serviços à comunidade ou a entidades
pública incondicionada. públicas;

§ 1º Será admitida ação privada se a ação penal II - suspensão do exercício do cargo, da função ou do
pública não for intentada no prazo legal, cabendo ao mandato, pelo prazo de 1 (um) a 6 (seis) meses, com
Ministério Público aditar a queixa, repudiá-la e a perda dos vencimentos e das vantagens;
oferecer denúncia substitutiva, intervir em todos os
termos do processo, fornecer elementos de prova, III - (VETADO).
interpor recurso e, a todo tempo, no caso de
negligência do querelante, retomar a ação como parte Parágrafo único. As penas restritivas de direitos podem
principal. ser aplicadas autônoma ou cumulativamente.

§ 2º A ação privada subsidiária será exercida no prazo CAPÍTULO V


de 6 (seis) meses, contado da data em que se esgotar
o prazo para oferecimento da denúncia. DAS SANÇÕES DE NATUREZA CIVIL E
ADMINISTRATIVA

CAPÍTULO IV Art. 6º As penas previstas nesta Lei serão aplicadas


independentemente das sanções de natureza civil ou
DOS EFEITOS DA CONDENAÇÃO E DAS PENAS administrativa cabíveis.
RESTRITIVAS DE DIREITOS
Parágrafo único. As notícias de crimes previstos nesta
Seção I Lei que descreverem falta funcional serão informadas
à autoridade competente com vistas à apuração.
Dos Efeitos da Condenação
Art. 7º As responsabilidades civil e administrativa são
Art. 4º São efeitos da condenação: independentes da criminal, não se podendo mais
questionar sobre a existência ou a autoria do fato
I - tornar certa a obrigação de indenizar o dano causado quando essas questões tenham sido decididas no
pelo crime, devendo o juiz, a requerimento do juízo criminal.

183
III - deixa de entregar ao preso, no prazo de 24 (vinte e
Art. 8º Faz coisa julgada em âmbito cível, assim como quatro) horas, a nota de culpa, assinada pela
no administrativo-disciplinar, a sentença penal que autoridade, com o motivo da prisão e os nomes do
reconhecer ter sido o ato praticado em estado de condutor e das testemunhas;
necessidade, em legítima defesa, em estrito
cumprimento de dever legal ou no exercício regular de IV - prolonga a execução de pena privativa de liberdade,
direito. de prisão temporária, de prisão preventiva, de medida
de segurança ou de internação, deixando, sem motivo
CAPÍTULO VI justo e excepcionalíssimo, de executar o alvará de
soltura imediatamente após recebido ou de promover
DOS CRIMES E DAS PENAS a soltura do preso quando esgotado o prazo judicial
ou legal.
Art. 9º Decretar medida de privação da liberdade em
manifesta desconformidade com as hipóteses legais: Art. 13. Constranger o preso ou o detento, mediante
violência, grave ameaça ou redução de sua
Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa. capacidade de resistência, a:

Parágrafo único. Incorre na mesma pena a autoridade I - exibir-se ou ter seu corpo ou parte dele exibido à
judiciária que, dentro de prazo razoável, deixar de: curiosidade pública;

I - relaxar a prisão manifestamente ilegal; II - submeter-se a situação vexatória ou a


constrangimento não autorizado em lei;
II - substituir a prisão preventiva por medida cautelar
diversa ou de conceder liberdade provisória, quando III - produzir prova contra si mesmo ou contra terceiro:
manifestamente cabível;
Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa,
III - deferir liminar ou ordem de habeas corpus, quando sem prejuízo da pena cominada à violência.
manifestamente cabível.’
Art. 14. (VETADO).
Art. 10. Decretar a condução coercitiva de testemunha
ou investigado manifestamente descabida ou sem Art. 15. Constranger a depor, sob ameaça de prisão,
prévia intimação de comparecimento ao juízo: pessoa que, em razão de função, ministério, ofício ou
profissão, deva guardar segredo ou resguardar sigilo:
Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.
Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.
Art. 11. (VETADO).
Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem
Art. 12. Deixar injustificadamente de comunicar prisão prossegue com o interrogatório:
em flagrante à autoridade judiciária no prazo legal:
I - de pessoa que tenha decidido exercer o direito ao
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e silêncio; ou
multa.
II - de pessoa que tenha optado por ser assistida por
Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem: advogado ou defensor público, sem a presença de
seu patrono.
I - deixa de comunicar, imediatamente, a execução de
prisão temporária ou preventiva à autoridade judiciária Art. 15-A. Submeter a vítima de infração penal ou a
que a decretou; testemunha de crimes violentos a procedimentos
desnecessários, repetitivos ou invasivos, que a leve a
II - deixa de comunicar, imediatamente, a prisão de reviver, sem estrita necessidade:
qualquer pessoa e o local onde se encontra à sua
família ou à pessoa por ela indicada; I - a situação de violência; ou

184
II - outras situações potencialmente geradoras de Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e
sofrimento ou estigmatização: multa.

Pena - detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, e Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem impede
multa. o preso, o réu solto ou o investigado de entrevistar-se
pessoal e reservadamente com seu advogado ou
§ 1º Se o agente público permitir que terceiro intimide a defensor, por prazo razoável, antes de audiência
vítima de crimes violentos, gerando indevida judicial, e de sentar-se ao seu lado e com ele
revitimização, aplica-se a pena aumentada de 2/3 comunicar-se durante a audiência, salvo no curso de
(dois terços). interrogatório ou no caso de audiência realizada por
videoconferência.
§ 2º Se o agente público intimidar a vítima de crimes
violentos, gerando indevida revitimização, aplica-se a Art. 21. Manter presos de ambos os sexos na mesma
pena em dobro. cela ou espaço de confinamento:

Art. 16. Deixar de identificar-se ou identificar-se Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.
falsamente ao preso por ocasião de sua captura ou
quando deva fazê-lo durante sua detenção ou prisão: Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem
mantém, na mesma cela, criança ou adolescente na
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e companhia de maior de idade ou em ambiente
multa. inadequado, observado o disposto na Lei nº 8.069, de
13 de julho de 1990 (Estatuto da Criança e do
Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem, como Adolescente).
responsável por interrogatório em sede de
procedimento investigatório de infração penal, deixa Art. 22. Invadir ou adentrar, clandestina ou
de identificar-se ao preso ou atribui a si mesmo falsa astuciosamente, ou à revelia da vontade do ocupante,
identidade, cargo ou função. imóvel alheio ou suas dependências, ou nele
permanecer nas mesmas condições, sem
Art. 17. (VETADO). determinação judicial ou fora das condições
estabelecidas em lei:
Art. 18. Submeter o preso a interrogatório policial
durante o período de repouso noturno, salvo se Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.
capturado em flagrante delito ou se ele, devidamente
assistido, consentir em prestar declarações: § 1º Incorre na mesma pena, na forma prevista no
caput deste artigo, quem:
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e
multa. I - coage alguém, mediante violência ou grave ameaça,
a franquear-lhe o acesso a imóvel ou suas
Art. 19. Impedir ou retardar, injustificadamente, o envio dependências;
de pleito de preso à autoridade judiciária competente
para a apreciação da legalidade de sua prisão ou das II - (VETADO);
circunstâncias de sua custódia:
III - cumpre mandado de busca e apreensão domiciliar
Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa. após as 21h (vinte e uma horas) ou antes das 5h
(cinco horas).
Parágrafo único. Incorre na mesma pena o magistrado
que, ciente do impedimento ou da demora, deixa de § 2º Não haverá crime se o ingresso for para prestar
tomar as providências tendentes a saná-lo ou, não socorro, ou quando houver fundados indícios que
sendo competente para decidir sobre a prisão, deixa indiquem a necessidade do ingresso em razão de
de enviar o pedido à autoridade judiciária que o seja. situação de flagrante delito ou de desastre.

Art. 20. Impedir, sem justa causa, a entrevista pessoal Art. 23. Inovar artificiosamente, no curso de diligência,
e reservada do preso com seu advogado: de investigação ou de processo, o estado de lugar, de
coisa ou de pessoa, com o fim de eximir-se de

185
responsabilidade ou de responsabilizar criminalmente Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.
alguém ou agravar-lhe a responsabilidade:
Art. 29. Prestar informação falsa sobre procedimento
Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa. judicial, policial, fiscal ou administrativo com o fim de
prejudicar interesse de investigado
Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem pratica
a conduta com o intuito de: Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e
multa.
I - eximir-se de responsabilidade civil ou administrativa
por excesso praticado no curso de diligência; Parágrafo único. (VETADO).

II - omitir dados ou informações ou divulgar dados ou Art. 30. Dar início ou proceder à persecução penal, civil
informações incompletos para desviar o curso da ou administrativa sem justa causa fundamentada ou
investigação, da diligência ou do processo. contra quem sabe inocente:

Art. 24. Constranger, sob violência ou grave ameaça, Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.
funcionário ou empregado de instituição hospitalar
pública ou privada a admitir para tratamento pessoa Art. 31. Estender injustificadamente a investigação,
cujo óbito já tenha ocorrido, com o fim de alterar local procrastinando-a em prejuízo do investigado ou
ou momento de crime, prejudicando sua apuração: fiscalizado:

Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa, Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e
além da pena correspondente à violência. multa.

Art. 25. Proceder à obtenção de prova, em Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem,
procedimento de investigação ou fiscalização, por inexistindo prazo para execução ou conclusão de
meio manifestamente ilícito: procedimento, o estende de forma imotivada,
procrastinando-o em prejuízo do investigado ou do
Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa. fiscalizado.

Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem faz uso Art. 32. Negar ao interessado, seu defensor ou
de prova, em desfavor do investigado ou fiscalizado, advogado acesso aos autos de investigação
com prévio conhecimento de sua ilicitude. preliminar, ao termo circunstanciado, ao inquérito ou
a qualquer outro procedimento investigatório de
Art. 26. (VETADO). infração penal, civil ou administrativa, assim como
impedir a obtenção de cópias, ressalvado o acesso a
Art. 27. Requisitar instauração ou instaurar peças relativas a diligências em curso, ou que
procedimento investigatório de infração penal ou indiquem a realização de diligências futuras, cujo
administrativa, em desfavor de alguém, à falta de sigilo seja imprescindível:
qualquer indício da prática de crime, de ilícito
funcional ou de infração administrativa: Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e
multa.
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e
multa. Art. 33. Exigir informação ou cumprimento de
obrigação, inclusive o dever de fazer ou de não fazer,
Parágrafo único. Não há crime quando se tratar de sem expresso amparo legal:
sindicância ou investigação preliminar sumária,
devidamente justificada. Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e
multa.
Art. 28. Divulgar gravação ou trecho de gravação sem
relação com a prova que se pretenda produzir, Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem se
expondo a intimidade ou a vida privada ou ferindo a utiliza de cargo ou função pública ou invoca a
honra ou a imagem do investigado ou acusado: condição de agente público para se eximir de

186
obrigação legal ou para obter vantagem ou privilégio ........................................................................................
indevido. ................................

Art. 34. (VETADO). § 4º-A O mandado de prisão conterá necessariamente


o período de duração da prisão temporária
Art. 35. (VETADO). estabelecido no caput deste artigo, bem como o dia
em que o preso deverá ser libertado.
Art. 36. Decretar, em processo judicial, a
indisponibilidade de ativos financeiros em quantia que ........................................................................................
extrapole exacerbadamente o valor estimado para a .................................
satisfação da dívida da parte e, ante a demonstração,
pela parte, da excessividade da medida, deixar de § 7º Decorrido o prazo contido no mandado de prisão,
corrigi-la: a autoridade responsável pela custódia deverá,
independentemente de nova ordem da autoridade
Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa. judicial, pôr imediatamente o preso em liberdade,
salvo se já tiver sido comunicada da prorrogação da
Art. 37. Demorar demasiada e injustificadamente no prisão temporária ou da decretação da prisão
exame de processo de que tenha requerido vista em preventiva.
órgão colegiado, com o intuito de procrastinar seu
andamento ou retardar o julgamento: § 8º Inclui-se o dia do cumprimento do mandado de
prisão no cômputo do prazo de prisão temporária.”
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e (NR)
multa.
Art. 41. O art. 10 da Lei nº 9.296, de 24 de julho de
Art. 38. Antecipar o responsável pelas investigações, 1996, passa a vigorar com a seguinte redação:
por meio de comunicação, inclusive rede social,
atribuição de culpa, antes de concluídas as apurações “Art. 10. Constitui crime realizar interceptação de
e formalizada a acusação: comunicações telefônicas, de informática ou
telemática, promover escuta ambiental ou quebrar
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e segredo da Justiça, sem autorização judicial ou com
multa. objetivos não autorizados em lei:

CAPÍTULO VII Pena - reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa.

DO PROCEDIMENTO Parágrafo único. Incorre na mesma pena a autoridade


judicial que determina a execução de conduta prevista
Art. 39. Aplicam-se ao processo e ao julgamento dos no caput deste artigo com objetivo não autorizado em
delitos previstos nesta Lei, no que couber, as lei.” (NR)
disposições do Decreto-Lei nº 3.689, de 3 de outubro
de 1941 (Código de Processo Penal), e da Lei nº Art. 42. A Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990 (Estatuto
9.099, de 26 de setembro de 1995. da Criança e do Adolescente), passa a vigorar
acrescida do seguinte art. 227-A:
CAPÍTULO VIII
“Art. 227-A Os efeitos da condenação prevista no inciso
DISPOSIÇÕES FINAIS I do caput do art. 92 do Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de
dezembro de 1940 (Código Penal), para os crimes
Art. 40. O art. 2º da Lei nº 7.960, de 21 de dezembro previstos nesta Lei, praticados por servidores públicos
de 1989, passa a vigorar com a seguinte redação: com abuso de autoridade, são condicionados à
ocorrência de reincidência.
“Art.2º
..................................................................................... Parágrafo único. A perda do cargo, do mandato ou da
.................. função, nesse caso, independerá da pena aplicada na
reincidência.”

187
Art. 43. A Lei nº 8.906, de 4 de julho de 1994, passa a
vigorar acrescida do seguinte art. 7º-B: Parágrafo único-A organização administrativa do
Município de Fortaleza será descentralizada.
‘Art. 7º-B Constitui crime violar direito ou prerrogativa
de advogado previstos nos incisos II, III, IV e V do
caput do art. 7º desta Lei: Art. 3º - Todo cidadão tem o direito de requerer
informações sobre os atos da administração
Pena - detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, e municipal, sendo parte legítima para pleitear, perante
multa.’” os poderes públicos competentes, a declaração de
nulidade ou anulação de atos lesivos aos patrimônios
Art. 44. Revogam-se a Lei nº 4.898, de 9 de dezembro público, histórico e cultural.
de 1965, e o § 2º do art. 150 e o art. 350, ambos do
Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940
(Código Penal). Art. 4°- O Município protegerá o consumidor,
estabelecendo, por leis, sanções de natureza
Art. 45. Esta Lei entra em vigor após decorridos 120 administrativa, econômica e financeira às violações
(cento e vinte) dias de sua publicação oficial. ou ofensas aos seus direitos Parágrafo único. Caberá
ao órgão específico do Município, dotado de
autonomia orçamentária e financeira, a fiscalização,
Lei Orgânica do Município autuação, mediação de litígios e todos os demais atos
necessários para a salvaguarda eficaz dos usuários
dos seus serviços e do consumidor em geral.
TÍTULO I
DOS PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS
Art. 5º- A iniciativa popular de lei, o plebiscito, o
Art. 1°- O Município de Fortaleza, unidade integrante do referendo, o orçamento participativo e o veto popular
Estado do Ceará, pessoa jurídica de direito público são formas de assegurara efetiva participação do
interno, organiza-se de forma autônoma em tudo que povo nas definições das questões fundamentais de
diz respeito a seu peculiar interesse, regendo-se por interesse coletivo.
esta Lei Orgânica e as demais leis que adotar,
observados os princípios da Constituição Federal e Parágrafo único- O veto popular não alcançará matérias
Estadual. que versem sobre tributos, organização
administrativa,servidores públicos e seu regime
jurídico, funções ou empregos públicos, aumento de
§ 1º - Esta Lei estabelece normas auto aplicáveis, remuneração de pessoal, provimento de cargos,
excetuadas aquelas que expressamente dependam estabilidade e aposentadoria, criação, estruturação e
de outros diplomas legais e regulamentares. atribuições das secretarias e órgãos da administração
pública.

§ 2º- São símbolos oficiais do Município: a bandeira, o


hino e o brasão, além de outros representativos de Art. 6º-Para garantir a gestão democrática da cidade,
sua cultura e história que sejam estabelecidos em lei. deverão ser utilizados, entre outros, os seguintes
instrumentos:

Art. 2º- O Município, entidade básica autônoma da I – órgãos colegiados de políticas públicas;
República Federativa do Brasil, garantirá vida digna
aos seus munícipes e será administrado com base na II – debates, audiências e consultas públicas;
legalidade, impessoalidade, moralidade,
transparência e participação popular, devendo ainda III – conferência sobre os assuntos de interesse público;
observar, na elaboração e execução de sua política
urbana, o pleno desenvolvimento das funções sociais IV – iniciativa popular de planos, programas e projetos
da cidade e da propriedade urbana, o equilíbrio de desenvolvimento;
ambiental e a preservação dos valores históricos e
culturais da população.

188
V – a elaboração e a gestão participativa do Plano X – promover a proteção, preservação e recuperação
Plurianual, nas diretrizes orçamentárias e do do meio ambiente natural e construído, dos
orçamento anual, como condição obrigatória para a patrimônios cultural,histórico, artístico, paisagístico e
sua aprovação pela Câmara Municipal. arqueológico, observadas as legislações federal e
estadual;

Art. 7º- Os direitos e as garantias expressos nesta Lei XI – promover a geração de emprego e renda para a
Orgânica não excluem outros decorrentes do regime população excluída das atividades econômicas
e dos princípios adotados pela Constituição Federal e formais, dando prioridade ao cooperativismo e às
por ela própria. demais formas de autogestão econômica;

XII – regulamentar e fiscalizar a circulação e o


estacionamento de transporte de carga;
TÍTULO II
DA COMPETÊNCIA DO MUNICÍPIO XIII – equipar a Guarda Municipal com armamento e
viaturas, para que, de acordo com o programa de
Art. 8°- Compete ao Município: segurança pública, possa dar proteção e segurança
de seus bens, serviços e instalações, inclusive nas
escolas, unidades de saúde,centros sociais e praças,
I – legislar sobre assuntos de interesse local; conforme dispuser lei complementar;

II – suplementar as legislações federal e a estadual, no XIV – incentivar a cultura e promover o lazer;


que couber;
XV – realizar programas de apoio às práticas
III – instituir e arrecadar os tributos de sua competência, desportivas;
bem como aplicar suas rendas;
XVI – realizar atividades de defesa civil, inclusive as de
IV – criar, organizar e suprimir distritos, observadas as combate a incêndios e prevenção de acidentes
legislações federal e estadual; naturais, em coordenação com a União e o Estado;

V – organizar e prestar, diretamente ou sob regime de XVII – fixar tarifas dos serviços públicos, inclusive as
concessão ou permissão, os serviços públicos de dos serviços de táxi, obedecendo à proporcionalidade
interesse local, incluídos o de transporte coletivo, de quinhentos habitantes por unidade, de acordo com
iluminação pública e o de fornecimento de água a projeção do IBGE;
potável, que têm caráter essencial;
XVIII – sinalizar as vias públicas urbanas e rurais,
VI – manter, com a cooperação técnica e financeira da regulamentando e fiscalizando a utilização de vias e
União e do Estado, programas de educação pré- logradouros públicos;
escolar e de ensino fundamental;
XIX – elaborar e executar o plano plurianual;
VII – promover, no que couber, adequado ordenamento
territorial, mediante planejamento e controle do uso, XX – efetuar a drenagem e a pavimentação de todas as
do parcelamento e da ocupação do solo urbano; vias de Fortaleza;

VIII – prestar, com a cooperação técnica e financeira da XXI – Criar mecanismos que combatam a discriminação
União e do Estado, serviços de atendimento à saúde à mulher, à criança e ao adolescente em situação de
da população; risco, às pessoas portadoras de deficiência e de
doenças contagiosas, obesos mórbidos, ao
IX – ordenar as atividades urbanas, fixando condições homossexual, ao idoso, ao índio, ao negro, ao ex-
e horário para funcionamento de estabelecimentos detento e promovam a igualdade entre cidadãos.
industriais, comerciais, empresas prestadoras de
serviços similares; XXII – promover, no âmbito do território do Município, a
exploração do serviço de Radiodifusão Comunitária a
ser disciplinada por lei específica;

189
XXIII – promover a descentralização, a Art. 98º - A administração pública direta, indireta ou
desconcentração e a democratização da fundacional, de qualquer dos Poderes do Município,
administração pública municipal; obedecerá aos seguintes princípios:

XXIV – respeitar a autonomia e a independência de I - os cargos, empregos e funções públicas são


atuação das associações e movimentos sociais. acessíveis a todos os brasileiros que preencham os
requisitos estabelecidos em lei;
XXV – realizar campanhas educativas de combate à
violência causada pelo trânsito, a fim de promover a II – a investidura em cargo ou emprego público depende
educação de motoristas e transeuntes; da aprovação prévia em concurso de provas ou de
provas e títulos, ressalvadas as nomeações para
XXVI – realizar programas de incentivo ao turismo no cargos em comissão, declarados em lei, de livre
município de Fortaleza; nomeação e exoneração;

XXVII – celebrar convênios com a União, o Estado e III – o prazo de validade do concurso público será de
outros Municípios, mediante autorização da Câmara dois anos, prorrogável, por igual período, uma única
Municipal, para execução de serviços, obras e vez;
decisões, bem como de encargos dessas esferas;
IV – durante o prazo improrrogável previsto no edital de
§ 1º- O Município participará de organismos públicos convocação, o aprovado por concurso público de
que contribuam para integrar a organização, o provas ou de provas e títulos será convocado com
planejamento e a execução de função pública de prioridade sobre os novos concursados para assumir
interesse comum. cargo ou emprego na carreira;

V – é garantido ao servidor ou empregado municipal o


§ 2º- Poder ainda o Município, através de convênios ou direito à livre organização sindical, inclusive podendo
consórcios com outros Municípios da mesma constituir comissões sindicais no local de trabalho;
comunidade socioeconômica, criar entidades
intermunicipais para a realização de obras, atividades VI – é assegurado, nos termos da lei, o direito de greve,
ou serviços específicos de interesse comum, devendo competindo aos servidores e empregados decidirem
ser aprovados por leis dos Municípios que deles sobre a oportunidade de exercê-lo e sobre os
participarem. interesses que devam por meio dele defender, sem
que haja desobediência à decisão judicial que julgar a
greve ilegal;
§ 3º É permitido delegar, entre o Estado e o Município,
também por convênio, os serviços de competência VII – a lei reservará percentual de cargos e empregos
concorrente, assegurados os recursos necessários. públicos para as pessoas portadoras de deficiência e
definirá os critérios de sua admissão;

TÍTULO III VIII – o não-cumprimento dos encargos trabalhistas


DA ORGANIZAÇÃO DOS PODERES pelas prestadoras de serviços, apurados na forma da
legislação específica importará rescisão do contrato
Capitulo I sem direito a indenização;
DOS PODERES MUNICIPAIS
IX – a lei fixará o limite máximo de valores entre a maior
Art. 9º -Todo poder emana do povo, e em seu nome será e a menor remuneração dos servidores públicos
exercido, direta ou indiretamente, por meio de seus municipais, observados, como limites máximos, os
representantes eleitos para desempenharem seus valores percebidos como remuneração, em espécie,
respectivos mandatos. a qualquer título, por membros da Câmara Municipal
e pelo Prefeito Municipal, no âmbito dos respectivos
poderes;
SEÇÃO I
DOS PRINCÍPIOS GERAIS

190
IX — a remuneração e o subsídio dos ocupantes de fundação, cabendo à lei complementar, neste último
cargos, funções e empregos públicos da caso, definir as áreas de sua atuação;
administração direta, autárquica e fundacional, dos
detentores de mandato eletivo e dos demais agentes XV – depende de autorização legislativa, em qualquer
políticos e os proventos, pensões ou outra espécie caso, a criação de subsidiárias das entidades
remuneratória, percebidos cumulativamente ou não, mencionadas no inciso anterior, assim como a
incluídas as vantagens pessoais ou de qualquer outra participação de qualquer delas em empresa privada;
natureza, não poderão exceder, no âmbito do Poder
Legislativo e no âmbito do Poder Executivo, o subsídio XVI – ressalvados os casos especificados na
mensal, em espécie, do prefeito municipal de legislação, as obras, serviços, compras e alienações
Fortaleza, exceto quanto aos procuradores do serão contratados mediante processo de licitação
Município de Fortaleza enquadrados na Lei pública que assegure igualdade de condições a todos
Complementar n. 006, de 29 de maio de 1992, e suas os concorrentes, com cláusulas que estabeleçam
alterações posteriores, aos quais se aplica a ressalva obrigações de pagamento, mantidas as condições
constante da parte final do inciso XI do art. 37 da efetivas da proposta, nos termos da lei, o qual
Constituição Federal, com a redação que foi dada pela somente permitirá as exigências de qualificação
Emenda Constitucional n. 41, de 19 de dezembro de técnica e econômica indispensáveis à garantia do
2003; cumprimento das obrigações;

X – lei complementar estabelecerá os casos de XVII – a administração municipal fica obrigada, nas
contratação por tempo determinado, não superior a licitações sob as modalidades de tomadas de preço e
seis meses, para atender à necessidade temporária concorrências, fixar preços teto ou preços base,
de excepcional interesse público; devendo manter serviço adequado para o
acompanhamento permanente dos preços e pessoal
XI – os acréscimos pecuniários percebidos por servidor apto para projetar e orçar os custos reais das obras e
público não serão computados nem acumulados para serviços a serem executados;
fins de concessão de acréscimos ulteriores, sob o
mesmo título ou idêntico fundamento; XVIII – a publicidade dos atos, programas, obras,
serviços e campanhas dos órgãos públicos deverá ter
XII – é vedada a acumulação remunerada de cargos caráter educativo, informativo ou de orientação social,
públicos, exceto quando houver compatibilidade de dela não podendo constar nomes, símbolos ou
horários: a) a de dois cargos de professor; b) a de um imagens que caracterizem promoção pessoal de
cargo de professor com outro técnico ou científico; c) autoridades ou servidores públicos;
a de dois cargos privativos da área de saúde;
XIX – a administração direta, indireta e fundacional
XIII – a proibição de acumular estende-se a empregos publicará, semestralmente, no órgão oficial do
e funções e abrange autarquias, empresas públicas, Município, relatório das despesas realizadas com a
sociedades de economia mista e fundações mantidas propaganda e publicidade dos atos, programas,
pelo Poder Público; obras, serviços e campanhas, específicos nomes das
empresas de comunicação nas quais foram
XIII — a proibição de acumular estende-se a empregos veiculadas;
e funções e abrange autarquias, fundações,
empresas públicas, sociedades de economia mista, XX – a pensão paga pelo Tesouro Municipal ou pelo
suas subsidiárias, e sociedades controladas, direta ou Instituto de Previdência do Município não poderá ser
indiretamente, pelo Poder Público; inferior ao valor de um salário mínimo;

XIV – somente por lei específica poderão ser criadas XXI – é assegurado o controle popular na prestação dos
empresa pública,sociedade de economia mista, serviços públicos, mediante direito de petição,
autarquia ou fundação pública; representação e fiscalização, esta última podendo ser
feita ainda por controladorias sociais, criadas
XIV — somente por lei específica poderá ser criada livremente por usuários, ficando a autoridade a quem
autarquia e autorizada a instituição de empresa for dirigida a ação de controle obrigada a oficializar o
pública, de sociedade de economia mista, e de seu ingresso, assegurando-lhe tramitação rápida e
comunicação, por correspondência oficial, da decisão

191
adotada, com obediência ao prazo de 15 (quinze) § 3º- As pessoas jurídicas de direito privado a que se
dias; refere o caput deste artigo são as concessionárias e
permissionárias de serviços público, bem como toda
XXII – todos os órgãos da administração direta, indireta e qualquer pessoas jurídica de direito privado que
ou fundacional prestarão aos interessados, no prazo tenha prestado serviço ao Poder público e resultante
de 30 (trinta) dias, sob pena de responsabilidade, as disto tenha recebido recursos financeiros.
informações de interesse particular, coletivo ou geral,
ressalvadas aquelas cujo sigilo seja imprescindível
nos casos referidos na Constituição Federal; Art. 100°- A lei estabelecerá as circunstancias e as
exceções em que se aplicarão sanções
XXIII – Independerá de pagamento de taxa o exercício administrativas, inclusive a demissão ou destituição
do direito de petição ou representação em defesa de do servidor público que:
direitos contra ilegalidade ou abuso de poder, bem
como a obtenção, para idênticos fins, de certidões I – firmar ou mantiver contrato com pessoas jurídicas de
junto a repartições públicas municipais. direito público, autarquia, empresa pública, sociedade
de economia mista ou empresa concessionária de
XXIV – pode o cidadão, diante de lesão ao patrimônio serviço público, no âmbito do município de Fortaleza;
público municipal, promover ação popular contra
abuso de poder, para defesa do meio ambiente, II - for proprietário, controlador ou diretor de empresa
ficando o infrator ou autoridade omissa responsável que mantenha contrato com pessoas jurídicas de
pelos danos causados e custas processuais; direito público;

XXV – a administração municipal direta, indireta e III - patrocinar causa em que seja interessada pessoa
fundacional manterá, na forma da lei, as suas contas jurídica de direito público, autarquia, empresa pública,
e fará a movimentação e as aplicações financeiras em sociedade de economia mista e fundação
estabelecimentos oficiais ou bancos estatais,
ressalvadas as hipóteses previstas em lei.
Art. 101º- Qualquer cidadão, partido político, sindicato
ou entidade da sociedade civil local, inclusive
Art. 99°- As pessoas jurídicas de direito público e as de controladoria social criada livremente por usuários, na
direito privado que prestem serviços ao Poder forma e prazo estabelecidos em lei, poderá obter
Executivo Municipal, sempre que solicitadas por informações a respeito da execução de contratos ou
cidadãos, órgãos públicos, sindicatos ou entidades da consórcios firmados por órgãos públicos ou entidades
sociedade civil local, inclusive as controladorias integrantes da administração direta, indireta e
sociais criadas livremente por usuários, prestarão, no fundacional do Município, podendo, ainda, denunciar
prazo de 30 dias, informações detalhadas sobre quaisquer irregularidades ou ilegalidades perante o
planos, projetos, investimentos, custos, desempenhos Tribunal de Contas dos Municípios ou à Câmara
e demais aspectos pertinentes à sua execução, sob Municipal.
pena de rescisão, sem direito a indenização.
Parágrafo único- Para efeito do disposto neste artigo,
§ 1°- As pessoas jurídicas de direito público e as de os órgãos e entidades contratantes deverão remeter
direito privado prestadoras de serviço público ao Tribunal de Contas dos Municípios e à Câmara
responderão pelos danos que seus agentes, nessa Municipal cópias do inteiro teor dos contratos ou
qualidade, causarem a terceiros, assegurado o direito convênios respectivos, no prazo de 10 dias após a sua
de regresso contra o responsável, nos casos de dolo assinatura.
ou culpa.

§ 2º- O tempo de serviço dos servidores públicos da Art. 102º - A Comissão Central de Licitação do
administração direta, indireta e fundacional do Executivo será instituída pelo Prefeito, e dela deverá
Município será contado como título, ao se participar um membro da Câmara Municipal, indicado
submeterem a concurso público para efetivação na pelo Plenário. (Revogado pela Emenda à LOM n.
forma da lei. 013/14)

192
Art. 103º - Constituem bens do Município todas as fins assistenciais a instituições filantrópicas sem fins
coisas móveis, imóveis e semoventes, direitos e lucrativos, ou quando houver interesse público
ações que a qualquer título lhes pertençam. relevante, justificado pelo chefe do Poder Executivo
ou pelo Presidente da Mesa Diretora da Câmara
Municipal.
Art. 104º - Os bens públicos municipais, quanto a sua
destinação, podem ser: § 1° - Ficam proibidas: a doação, permuta, venda,
locação ou concessão de uso de qualquer fração de
I – de uso comum do povo: tais como estradas áreas dos parques, praças, jardins ou lagos públicos,
municipais, ruas, praças, logradouros públicos e admitindo-se apenas a permissão de uso de
outros da mesma espécie; pequenos espaços destinados à venda de jornais,
revistas, artesanatos ou lanches, em condições a
II – de uso especial: os destinados à administração, tais serem estabelecidas por ato do Prefeito.
como os edifícios das repartições públicas, os
terrenos destinados ao serviço público e outras § 2º- A concessão de uso das áreas institucionais
serventias da mesma espécie; somente poderá ser outorgada a entidades
assistenciais e sem fins lucrativos e para implantação
III – bens dominiais: aqueles sobre os quais o Município de equipamentos comunitários.
exerce os direitos de proprietário e são considerados
como bens patrimoniais disponíveis.
Art. 108º- A venda aos proprietários de imóveis lindeiros
de áreas urbanas remanescentes e inaproveitáveis
Art. 105º- Deverá ser feita, anualmente, a conferência para edificações resultantes de obras públicas
da escrituração patrimonial com bens existentes e, na dependerá apenas de prévia avaliação e autorização
prestação de contas de cada exercício, será incluído legislativa, dispensada a licitação; as áreas
o inventário de todos os bens móveis e imóveis do resultantes de modificação de alinhamento serão
Município, compreendendo os últimos aqueles de uso alienadas nas mesmas condições, quer sejam
especial e os dominiais. aproveitáveis, ou não.

Parágrafo único- Na hipótese de existir mais de um


Art. 106º - Todos os bens municipais deverão ser imóvel lindeiro com proprietários diversos, a venda
cadastrados, com a identificação respectiva, dependerá de licitação.
numerando-se os bens imóveis aludidos no artigo
anterior, segundo o que for estabelecido em
regulamento, ficando esses bens imóveis sob a Art. 109° - Os bens municipais poderão ser utilizados
responsabilidade do chefe da secretaria ou diretor do por terceiros, mediante concessão, permissão e
órgão a que forem destinados. autorização conforme o caso e o interesse público ou
social o exigir, devidamente justificado.

Art. 107º - A alienação de bens municipais, subordinada § 1º- A concessão administrativa de bens públicos será
à existência de interesse público devidamente formalizada mediante contrato e depende de prévia
justificado, será sempre precedida de avaliação e autorização legislativa e de licitação, na modalidade
obedecerá às seguintes normas: de concorrência, sendo dispensada esta quando o
uso se destinar a concessionárias de serviço público,
I - quando de bens imóveis, dependerá de autorização entidades assistenciais ou filantrópicas ou nas demais
legislativa e concorrência pública, somente hipóteses legais.
dispensada no caso de permuta para fins de
urbanização de favelas, obedecidos os requisitos § 2º- A permissão de uso dependerá de licitação sempre
previstos em lei; que houver mais de um interessado na utilização do
bem e será formalizada por termo administrativo.
II - quando de bens móveis, dependerá apenas de hasta
pública, efetuada privativamente por leiloeiro § 3º- A autorização será formalizada por termo
público,dispensando-se este procedimento nos casos administrativo para atividades ou usos específicos e
de doação, que será permitida exclusivamente para transitórios, pelo prazo máximo de 90 (noventa) dias.

193
Parágrafo único- Os servidores públicos da
Art. 110º - As terras públicas não utilizadas ou administração direta terão assegurados todos os seus
subutilizadas serão prioritariamente destinadas a direitos remuneratórios, com irredutibilidade de seu
assentamentos de população de baixa renda e à vencimento para cargos de atribuições iguais ou
instalação de equipamentos coletivos. assemelhados do mesmo Poder,ressalvadas as
vantagens de caráter individual e as relativas à
§ 1°- Considerar-se-ão como população de baixa renda natureza ou ao local de trabalho.
as famílias com renda média não superior a três
salários mínimos.
Art. 115º - Todo cidadão, no gozo de suas prerrogativas
§ 2°- Ficam excluídas de qualquer assentamento as constitucionais, poderá prestar concurso para
terras públicas destinadas a logradouros públicos. preenchimento de cargos da administração pública
municipal, na forma que a lei estabelecer.

Art. 111º- Todos os bens municipais são imprescritíveis, Parágrafo único- Ficam assegurados o ingresso e o
impenhoráveis, inalienáveis e inoneráveis, admitidas acesso de pessoas portadoras de deficiência, na
as exceções que a lei estabelecer para os bens do forma da lei, aos cargos, empregos e funções
patrimônio disponível e sua posse caberá conjunta e administrativas da administração direta e indireta do
indistintamente a toda a comunidade que exercer seu Município, garantindo-se as adaptações necessárias
direito de uso comum, obedecidas as limitações. para sua participação nos concursos públicos.

Parágrafo único- Os bens públicos tornar-se-ão


indisponíveis ou disponíveis por meio, Art. 116º- São direitos dos servidores públicos
respectivamente, da afetação ou desafetação, esta municipais, entre outros previstos nas Constituições
última dependente de lei. da República e do Estado:

I – décimo terceiro salário com base na remuneração


Art. 112º - A manutenção das áreas verdes, integral ou valor da aposentadoria;
equipamentos de uso público e unidades de
conservação pode ser feita com a participação da II – remuneração ou proventos não inferiores ao salário
comunidade. mínimo, inclusive para aposentados;

III – irredutibilidade dos vencimentos;


Art. 113º - Os bens considerados inservíveis deverão
ser protegidos da ação do tempo ou levados a leilão o IV – duração do trabalho normal não superior a oito
mais rápido possível, visando à obtenção do melhor horas diárias e quarenta e quatro horas semanais;
preço, em função de seu estado e utilidade, na forma
da lei. V – repouso semanal remunerado, preferencialmente
aos domingos;

VI – remuneração do serviço extraordinário superior, no


CAPITULO II mínimo, em cinqüenta por cento, à hora normal;
DOS SERVIDORES PÚBLICOS
VII – gozo de férias remuneradas com, pelo menos, um
SEÇÃO I terço a mais do valor normal da remuneração;
DOS DIREITOS DOS SERVIDORES
VIII – licença-gestante, sem prejuízo do emprego e do
Art. 114º - O Município, no âmbito de sua competência, salário, com duração de 180 (cento e oitenta) dias;
instituirá regime jurídico único e planos de carreira
para os servidores da administração direta, das VIII — licença-gestante sem prejuízo do cargo ou
autarquias e das fundações públicas, atendendo aos emprego e do salário, com duração de 180 (cento e
princípios das Constituições da República e do oitenta) dias. (Redação dada pela Emenda à LOM n.
Estado. 002/08)

194
XVI - redução de riscos inerentes ao trabalho por meio
IX – licença-paternidade, sem prejuízo do emprego e de normas de saúde, higiene e segurança;
dos vencimentos, com duração de 10 (dez) dias,
assistindo igual direito ao pai adotante; XVII - adicional de remuneração para as atividades
penosas, insalubres ou perigosas, na forma da lei;
X – assistência gratuita aos filhos e dependentes desde
o nascimento até seis anos de idade em creches e XVIII - proibição de diferença de salário e de critério de
pré-escolas; admissão por motivo de sexo, idade, cor ou estado
civil;
XI – participação dos servidores nos colegiados dos
órgãos públicos em que seus interesses profissionais XIX – participação de representação sindical nas
e previdenciários sejam objeto de discussão e comissões de sindicância e inquérito que apurarem
deliberação; falta funcional;

XII – liberdade de filiação político-partidária; XX – livre acesso à associação sindical e direito de


organização no local de trabalho.
XIII – licença de três meses, após a implementação de
cada cinco anos de efetivo exercício;
Art. 117°-São assegurados ao servidor:
XIV – licença especial servidor que adotar legalmente
criança recém nascida ou obtiver guarda judicial para I - afastamento de seu emprego ou função, quando
fins de adoção, nos seguintes termos: eleito para diretoria de sua entidade sindical, durante
o período do mandato, sem prejuízo de seus direitos;
a) no caso de adoção ou guarda judicial de criança até
1 (um) ano de idade, o período de licença será de 180 II - permissão, na forma da lei, para conclusão de
(cento e oitenta) dias; cursos em que estejam inscritos ou que venham a se
inscrever, desde que possa haver compensação, com
b) no caso de adoção ou guarda judicial de criança a a prestação do serviço público;
partir de 1 (um) ano até 4 (quatro) anos de idade, o
período de licença será de 60 (sessenta) dias; III - quando investido nas suas funções de direção
executiva de entidades representativas de classe ou
c) no caso de adoção ou guarda judicial de criança a conselheiro de entidades de fiscalização do exercício
partir de 4 (quatro) anos até 8 (oito) anos de idade, o das profissões liberais, o exercício de suas funções
período de licença será de 30 (trinta) dias. nestas entidades, sem prejuízos nos seus salários e
demais vantagens na sua instituição de origem;
Parágrafo único- A licença especial prevista neste inciso
só será concedida mediante apresentação do termo IV - a carga horária reduzida em até duas horas, a
judicial de guarda à adotante ou guardiã. critério da administração, enquanto perdurar a
freqüência a curso de nível superior;
XV – ao professor regente de sala de aula, licença de
até 180 (cento e oitenta) dias, quando constatado V - a percepção do salário mínimo ou o piso da
comprometimento de suas cordas vocais em função categoria, na forma da lei;
do exercício profissional, devidamente comprovado
por perícia médica do Instituto de Previdência do VI - o servidor que contar tempo de serviço igual ou
Município (IPM); superior ao fixado para aposentadoria voluntária com
proventos integrais, ou aos setenta anos de idade, a
Parágrafo único- Findo o período de licença para aposentadoria com as vantagens do cargo em
tratamento e comprovadamente persistindo os comissão, em cujo exercício se encontrar, desde que
sintomas da disfunção vocal, o professor deverá ser o tenha ocupado durante cinco anos ininterruptos, ou
readaptado de função, sem qualquer prejuízo dos sete anos alternados, ou ainda que o tenha
seus vencimentos e vantagens, como se na regência incorporado.
de sala de aula estivesse.

195
VII - além da gratificação natalina, aos servidores representação profissional e sindical, é garantida a
municipais aposentados a percepção de proventos estabilidade a partir da data do registro do candidato
nunca inferior ao valor de salário mínimo; até um ano após o término do mandato, ou até cento
e oitenta dias após a publicação dos resultados em
VIII - dispensa de dois dias úteis de serviço, quando o caso de não serem eleitos, salvo se ocorrer
servidor funcionar como presidente, mesário ou exoneração nos termos da lei.
suplente de mesa receptora em eleições majoritárias
e proporcionais; Parágrafo único- Enquanto durar o mandato dos eleitos,
o órgão empregador recolherá mensalmente as
IX - dispensa do expediente no dia do aniversário obrigações sociais e garantirá ao servidor ou
natalício, bem assim facultado o ponto, na data empregado os serviços médicos e previdenciários dos
consagrada à sua categoria; quais era beneficiário antes de se eleger.

X - ponto facultativo por ocasião das greves dos


transportes coletivos;
Art. 119º - Nenhum servidor poderá ser diretor ou
XI - o direito de ser readaptado de função por motivo de integrar conselhos de empresas privadas
doença que o impossibilite de continuar fornecedoras ou prestadoras de serviços ou que
desempenhando as atividades próprias do seu cargo realizem qualquer contrato com o Município.
ou função;

XII - o recolhimento da contribuição previdenciária, no Art. 120º - São estáveis, após 3 (três) anos de efetivo
gozo de licença para interesse particular, e aos exercício, os servidores nomeados em virtude de
ocupantes de cargo de confiança, que contribuíram, aprovação em concurso público.
por período não inferior a cinco anos;
§ 1º- O servidor público estável só perderá o cargo em
XIII - a gratificação adicional por tempo de serviço, à virtude de sentença judicial transitada em julgado ou
razão de um por cento por anuênio de serviço público, mediante processo administrativo em que lhe seja
elevando-se de igual porcentagem a cada ano; assegurada ampla defesa.

XIV - garantia de salário nunca inferior ao salário § 2º- Invalidada por sentença judicial a demissão do
mínimo para o que percebe remuneração variável; servidor estável, será ele reintegrado e o eventual
ocupante da vaga reconduzido ao cargo de origem,
XV - a gratificação de produtividade, que será fixada por sem direito a indenização, aproveitado em outro cargo
lei; ou posto em disponibilidade.

XVI - aos servidores municipais da administração § 3º- Extinto o cargo ou declarada sua desnecessidade,
direta, indireta e fundação, que exerçam cargo ou o servidor estável ficará em disponibilidade
função de nível superior, fica assegurada a remunerada, até seu adequado aproveitamento em
gratificação correspondente a vinte por cento sobre o outro cargo.
seu salário ou vencimento básico;

XVII - a garantia dos direitos adquiridos, anteriores à Art. 121º - Ao servidor é assegurado o direito de petição
promulgação desta Lei Orgânica. para reclamar, representar, pedir reconsideração e
recorrer, desde que o faça dentro das normas de
XVIII – garantia de adaptação funcional à gestante nos urbanidade em termos, vedado à autoridade negar
casos em que houver recomendação médica, sem conhecimento à petição devidamente assinada,
prejuízo de seus vencimentos de demais vantagens devendo decidi-lo no prazo hábil para obtenção dos
do cargo; efeitos desejados, não podendo, em qualquer caso,
ser superior a 60 (sessenta) dias.

Art. 118º - Aos servidores da administração direta, Art. 122º - Os servidores somente serão indicados a
indireta e funcional que concorram a mandatos participar de cursos de pós-graduação ou de
eletivos, inclusive nos casos de mandato de capacitação técnica e profissional custeados pelo

196
Município quando houver correlação entre o conteúdo municipais da administração pública direta, autárquica
programático e as atribuições do cargo exercido ou e funcional:
outro da mesma carreira e em instituições I - política de recursos humanos;
devidamente reconhecidas pelo Poder Público, além
de conveniência para o serviço. II - acesso a cargos, obedecidas às condições e
requisitos fixados em Lei;
Parágrafo único- Quando sem ônus para o Município, o III - irredutibilidade de vencimentos;
servidor interessado requererá liberação.
IV - vencimento base não inferior ao salário mínimo
nacional;
Art. 123º - Enquanto perdurar a freqüência a curso de
nível superior, o servidor poderá requerer a redução V – 13ª remuneração;
da jornada diária de trabalho em até duas horas, VI - remuneração do trabalho noturno superior à do
ficando a critério da administração a concessão do diurno;
benefício.
VII - remuneração do trabalho extraordinário superior,
no mínimo em 50% (cinqüenta por cento) à da hora
normal de trabalho;
Estatuto do Servidor do VIII - salário-família:
Município de Fortaleza IX - auxílios pecuniários, adicionais e gratificações na
forma estabelecida nesta Lei:
X - licenças, na forma estabelecida nesta Lei;

LEI Nº 6.794, DE 27 DE DEZEMBRO 1990 XI - gozo de férias anuais remuneradas, com


acréscimo de pelo menos 1/3 (um terço) da
remuneração normal:
Art. 1º- Esta Lei regula o regime jurídico dos
servidores municipais de Fortaleza, tendo em vista o XII - amparo de normas técnicas de saúde, higiene e
disposto no art. 39, da Constituição da República segurança do trabalho, sem prejuízo de adicionais
Federativa do Brasil e na Lei Complementar nº 002,de remuneratórios por serviços penosos, insalubres ou
17de setembro de 1990. perigosos:
§ 1º- Servidor Público Municipal, para fins deste XIII - aposentadoria;
Estatuto, é a pessoa legalmente investida em cargo XIV - participação em órgãos colegiados municipais
público de provimento efetivo, de carreira ou isolado, que tenham atribuições para discussão e deliberação
ou de provimento em comissão, que receba de assuntos de interesse profissional dos servidores;
remuneração dos cofres públicos e cujas atribuições
correspondam a atividades caracteristicamente XV - proteção ao trabalho da mulher, mediante
estatais da Administração Pública Municipal. incentivos específicos, na forma da Lei;
§ 1º- com redação dada pela Lei nº 6.901/91. XVI - proibição de diferenças remuneratórias, de
exercício de cargos e de critérios de admissão, por
motivo de cor, idade, sexo ou estado civil;
§ 2º- Cargo público é o lugar, inserido no Sistema XVII - inexistência de limite de idade para o servidor
Administrativo do Município, caracterizando-se, cada público, em atividade, na participação em concursos;
um, por determinado conjunto de atribuições e
responsabilidades de natureza permanente, com XVIII - proteção ao trabalho do portador de deficiência,
denominação própria, número certo e pagamento pelo na forma constitucional;
Erário Municipal e criação por Lei.
XIX - o adicional de 1% (um por cento) por anuência
de tempo de serviço;
Art. 2º- Os servidores municipais abrangidos por esta
XX - promoção por merecimento e antiguidade,
Lei serão integrados em Plano de Carreira específico,
conforme critérios estabelecidos em Lei;
conforme dispuser lei própria, distribuindo-se em
Quadro de Cargos Efetivos e Quadro de Cargos XXI - pensão especial à família, na forma da lei, se
Comissionados. falecer em conseqüência de acidente de serviço ou de
moléstia dele decorrente;
Art. 3º- São direitos assegurados aos servidores XXII – VETADO.

197
XXIII - proteção ao mercado de trabalho das diversas XVII - ser parcimonioso e cauteloso no uso dos
categorias profissionais, mediante exigência de recursos públicos, buscando sempre o menor custo e
habilitação específica declarada pelos respectivos o maior lucro social no seu emprego.
órgãos regionais fiscalizadores;
XXIV - percepção de todos os direitos e vantagens,
inclusive promoções, quando à disposição dos
demais poderes e órgãos ou entidade do Município,
para exercer cargos em comissão;
XXV - direito de greve, nos termos da Lei;
XXVI - ao servidor público municipal é livre a TÍTULO II
associação profissional ou sindical, nos termos da DO PROVIMENTO DOS CARGOS
Legislação em vigor.

Art. 4º - São deveres dos servidores municipais: CAPÍTULO I


Das Disposições Preliminares
I - cumprir jornada de trabalho de 08 (oito) horas
diárias e 40 (quarenta) semanais:
Art. 5º - Os cargos dispõem-se em padrões
II - desempenhar suas atribuições em dia e de acordo horizontais e classes verticais, formados das
com as rotinas estabelecidas ou as determinações categorias funcionais de cada grupo, nos níveis
recebidas de seus superiores: básicos, médio e superior, a serem providos de acordo
III - justificar, em cada caso e de imediato, o não com os requisitos constitucionais.
cumprimento do serviço cometido ou de parte dele: Parágrafo único - Os cargos, padrões, classes,
IV - observar todas as normas legais e categorias funcionais, grupos ocupacionais e
regulamentares em vigor; referências integrarão o Plano Municipal de Cargos e
Carreiras.
V - cumprir as ordens de seus superiores, salvo
quando manifestamente impraticáveis, abusivas ou Art. 6º - O provimento dos cargos far-se-á por ato do
ilegais: Prefeito ou do Presidente da Câmara Municipal de
Fortaleza e do Dirigente de autarquias ou de fundação
VI - atender com presteza e precisão ao público pública, conforme o caso.
externo e interno:
VII - responder direta e permanentemente pelo uso de
material de consumo e bens patrimoniais, sob sua Art. 7º - São formas de provimento dos cargos:
guarda ou responsabilidade: I - nomeação:
VIII - levar à autoridade superior as irregularidades II - promoção:
que vier a conhecer, quando do exercício de suas
funções; III - transferência:
IX - guardar sigilo profissional: IV - readaptação:
X - ser assíduo e pontual ao serviço; V - reversão:
XI - observar conduta funcional e pessoal compatível VI - reintegração:
com a moralidade administrativa e profissional:
VII - recondução:
XII - representar à instancia superior contra
VIII – aproveitamento.
ilegalidade ou abuso de poder:
XIII - abster-se de anonimato:
Art. 8º - Os cargos são de provimento efetivo ou
XIV - atender às notificações para depor ou realizar
comissionado, devendo ser considerados como
perícias ou vistorias nos procedimentos disciplinares;
requisitos básicos para a sua investidura:
XV - atender, nos prazos da lei ou regulamento, as
I - ser brasileiro;
requisições para defesa da Fazenda Pública;
II - estar em gozo dos direitos políticos;
XVI - atender, nos prazos da lei ou regulamento, os
requerimentos de certidões para defesa de direitos ou III - nível de escolaridade para o exercício do cargo;
esclarecimentos de situações:
IV - aptidão física e mental.

198
II - para provimentos de cargos comissionados.
§ 1º - Os cargos comissionados são de livre
provimento e exoneração, respeitados a
especificação e os pré-requisitos exigidos para o seu
Art. 12º - A nomeação para cargo efetivo inicial de
exercício, 50% (cinqüenta por cento) deles, devendo
carreira depende de aprovação em concurso público,
ser providos por servidores municipais, a estes
observada a ordem de classificação e dentro do prazo
reservados os de símbolo DNI.
de sua validade.
Parágrafo único - O concurso observará as
§ 2º - As reservas feitas no disposto no parágrafo
disposições constitucionais e as condições fixadas em
anterior não se aplicam aos cargos de Secretário
edital específico.
Municipal, Chefe de Gabinete do Prefeito, Procurador
Geral do Município, Presidente ou Superintendente de
Autarquia, Fundação, Empresa Pública e de Art. 13º - O servidor nomeado em virtude de concurso
Sociedade Mista e ainda aqueles que integram a rede público tem direito à posse, observado o disposto no
ambulatorial e hospitalar do Sistema Único de Saúde § 1º do Art.14 desta Lei
(SUS), gerido pela Secretaria de Saúde do Município.

SEÇÃO II
CAPÍTULO II DA POSSE
Do Concurso Público
Art. 14º - Posse é a investidura no cargo, com
Art. 9º - O concurso será de caráter competitivo, aceitação expressa das atribuições, condições e
eliminatório e classificatório e poderá ser realizado em responsabilidades a ele inerentes, formalizada em
02 (duas) etapas, quando a natureza do cargo o exigir. assinatura do termo respectivo pela autoridade
competente e pelo empossado.
§ 1º - A primeira etapa, de caráter eliminatório, § 1º - A posse ocorrerá no prazo de 30 (trinta) dias,
constituir-se-á de provas escritas. contado da publicação do ato de nomeação,
prorrogável por mais de 30 (trinta) dias, a
requerimento do interessado ou por quem o
§ 2º - A segunda etapa, de caráter classificatório,
represente legalmente.
constará de cômputo de títulos e/ou de treinamento,
cujo tipo e duração serão indicados no edital do
respectivo concurso. § 2º - A posse poderá dar-se mediante procuração
específica.
Art. 10° - O concurso terá validade de até 02 (dois)
anos, podendo ser prorrogado uma única vez, por
igual período. § 3º - Em se tratando de servidor em licença ou em
qualquer outro tipo de afastamento legal, o prazo será
Parágrafo único - O prazo de validade do concurso e
contado do término do afastamento.
as condições de sua realização serão fixados em
edital, que serão publicados no Diário Oficial do
Município e em jornal diário de grande circulação, não § 4º - A posse ocorrerá em virtude de nomeação para
se abrindo novo concurso enquanto houver candidato cargos de provimento efetivo e em comissão.
aprovado em concurso anterior e cujo prazo não tenha
expirado.
§ 5º - No ato da posse, o servidor apresentará,
CAPÍTULO III obrigatoriamente, declaração dos bens e valores que
Da Nomeação, da Posse e do Exercício constituem seu patrimônio e declaração sobre
exercício de outro cargo, emprego ou função pública.

SEÇÃO I
Art. 15º - A posse dependerá de prévia inspeção
Da Nomeação
médica, pela Junta Médica Municipal, para comprovar
Art. 11º - Haverá nomeação: que o candidato se encontra apto para o desempenho
das atribuições do cargo.
I - para provimento de cargos efetivos de classe inicial
de carreira; SEÇÃO III

199
DO EXERCÍCIO § 1º - A vista de informação da chefia imediata do
SUBSEÇÃO I servidor, o órgão de pessoal emitirá parecer escrito,
Das Disposiçoes Preliminares concluindo a favor ou contra a confirmação do
estagiário.

Art. 16º- Exercício é o efetivo desempenho das § 2º - Desse parecer, se contrário à confirmação, dar-
atribuições do cargo. se-á vista ao estagiário, pelo prazo de 10 (dez)
§ 1º - É de 30 (trinta) dias improrrogáveis o prazo para dias,para oferecer defesa.
o servidor entrar em exercício, contados da data da
posse. § 3º - Julgados o parecer e a defesa, o órgão de
administração geral, se considerar aconselhável a
§ 2º - Será revogado o ato de nomeação, se não exoneração do servidor estagiário, encaminhará ao
ocorrerem a posse e o exercício nos prazos previstos chefe do Poder competente o respectivo decreto com
nesta Lei. exposição de motivos sobre o assunto.

§ 3º - A autoridade dirigente do órgão ou entidade para § 4º - Se o despacho do órgão de pessoal for


onde for designado o servidor compete dar-lhe favorável à permanência do servidor estagiário, fica
exercício. automaticamente ratificado o ato de nomeação.

Art. 17º - O início, a interrupção e o reinício do § 5º - A apuração dos requisitos exigidos no estágio
exercício serão registrados no cadastro funcional do probatório deverá processar-se de modo que a
servidor. exoneração do servidor estagiário possa ser feita
antes de findar o período do estágio.

Art. 18º - O exercício de cargo comissionado exigirá


de seu ocupante integral dedicação ao serviço, § 6º - O órgão de pessoal diligenciará junto às chefias
podendo ser convocado sempre que houver interesse que supervisionam servidor em estágio probatório, de
da Administração. forma a evitar que se dê por mero transcurso de
prazo.

SUBSEÇÃO II
Do Estágio Probatório SUBSEÇÃO III
Da Lotação, da Relotação e da Remoção

Art. 19º - Ao entrar em exercício, o servidor nomeado


para cargo de provimento efetivo ficará sujeito a Art. 21º - Entende-se por lotação o número de cargos
estágio probatório por período de 02 (dois) anos, existentes em cada Órgão da Administração Direta,
durante o qual sua aptidão e capacidade para o que constituem o Quadro Único de Pessoal, e o
desempenho do cargo serão avaliados número de cargos constantes nos Quadros de
trimestralmente, por critérios próprios, fixados em Pessoal das Entidades da Administração Indireta e
regulamento, observados especialmente os seguinte Fundacional do Poder Executivo Municipal.
requisitos:
I - idoneidade moral; Art. 22º - Relotação é o deslocamento do servidor,
II- assiduidade; com o respectivo cargo, de um para outro órgão do
mesmo Poder, observado sempre o interesse da
III - pontualidade; Administração.
IV - disciplina;
V - eficiência. Parágrafo único - A relotação dependerá da
existência de vaga e será processada por ato do
Chefe do Poder Executivo.
Art. 20º - O chefe imediato do servidor sujeito a
estágio probatório, 60 (sessenta) dias antes do Art. 23º - A remoção é o deslocamento do servidor de
término deste, informará ao órgão de pessoal sobre o um para outro órgão de unidade administrativa e
servidor, tendo em vista os requisitos enumerados no processar-se-á "ex-officio" ou a pedido do servidor,
artigo anterior. respeitada a lotação de cada Secretaria ou entidade.

200
CAPÍTULO IV § 2º - As vagas reservadas para transformação não
Da Ascensão Funcional poderão ultrapassar o limite de 50% (cinqüenta por
cento) dos cargos não preenchidos.

Art. 24º - O desenvolvimento do servidor municipal na


carreira ocorrerá mediante ascensão funcional em CAPÍTULO V
suas modalidades: progressão, promoção, Da Transferência
readaptação e transformação.
SEÇÃO I Art. 29° - A transferência é a passagem do servidor de
Da Progressão, Promoção, Readaptação e cargo de carreira para outro de igual denominação,
Transformação classe e referência, pertencentes a Quadro de
Pessoal diverso.
Art. 25º – Progressão é a passagem do servidor de
uma referência para a seguinte, dentro da mesma
classe,obedecidos os critérios de merecimento ou Art. 30º - A transferência ocorrerá de ofício ou a pedido
antiguidade. do servidor, atendido o interesse do serviço mediante
o preenchimento de vaga.

Art. 26º – Promoção é a passagem do servidor de uma


classe para a imediatamente superior, dentro da CAPÍTULO VI
mesma carreira, obedecidos os critérios de Da Reversão
merecimento ou antiguidade.
Art. 31º - Reversão é o reingresso do aposentado no
serviço público municipal, após verificado, em
Art. 27º - Readaptação é a passagem do servidor de processo, que não subsistem os motivos
uma carreira para outra carreira diferente, de determinantes da aposentadoria.
referência de igual valor salarial, mais compatível com
sua capacidade funcional, podendo ser de oficio ou a
pedido e dependerá, cumulativamente, de: Art. 32º - A reversão far-se-á a pedido do servidor.
I - inspeção da Junta Médica Municipal que comprove
sua incapacidade para a carreira ou classe que ocupa § 1º - A reversão depende de exame médico, pela
a capacidade para a nova carreira ou classe; Junta Médica Municipal, em que fique comprovada a
II - possuir habilitação legal para o ingresso na nova capacidade para o exercício da função.
carreira ou classe;
III - existência de vaga. § 2º - Será tornada sem efeito a reversão e cassada a
aposentadoria do servidor que não tomar posse ou
Art. 28º - Transformação é a passagem do servidor de não entrar em exercício nos prazos previstos nesta
qualquer classe de nível básico para a inicial de nível Lei.
médio ou superior, ou de qualquer classe de nível Art. 33º - Não ocorrerá reversão nas hipóteses de
médio para a primeira de nível superior, obedecidos servidor aposentado voluntariamente.
os critérios exigidos para o ingresso nas respectivas
carreiras.
Art. 34º- A reversão dar-se-á, de preferência, no
mesmo cargo anteriormente ocupado.
§ 1º - A transformação depende de habilitação em
seleção interna de caráter competitivo, eliminatório e
classificatório que poderá ser realizada em duas Art. 35º - A reversão não dará direito, para nova
etapas, a seguir definidas: aposentadoria e disponibilidade, à contagem do
a) a primeira etapa, de caráter eliminatório, constituir- tempo em que o servidor esteve aposentado.
se-á de provas escritas,
b) a segunda etapa, de caráter classificatório, CAPÍTULO VII
constará de cômputo de títulos e/ ou treinamento, cujo
Da Recondução
tipo e duração serão indicados no edital da respectiva
seleção.

201
Art. 36º – Recondução é o retorno do servidor ao
Art. 40º - A exoneração de cargo de carreira dar-se-á
cargo anteriormente ocupado.
a pedido do servidor ou de ofício.
§ 1º - A recondução decorrerá de reintegração do
Parágrafo único - a exoneração de oficio será
anterior ocupante.
aplicada;
a) quando não satisfeitas as condições do estágio
§ 2º - Encontrando-se provido o cargo de origem, o
probatório;
servidor será aproveitado em outro, observando o
disposto no art. 127. b) quando o servidor não entrar em exercício no prazo
estabelecido Lei.

CAPÍTULO VIII
Da Reintegração Art. 41º - A exoneração de cargo em comissão dar-se-
á:
Art. 37º – Reintegração é a reinvestidura do servidor I - a juízo da autoridade competente;
no cargo anteriormente ocupado, ou no cargo II - a pedido do próprio servidor.
resultante de sua transformação, quando invalidada a
sua demissão ou readaptação, por decisão
administrativa ou judicial, com ressarcimento de todas Art. 42º - A vaga ocorrerá na data:
as vantagens.
I - da vigência do ato administrativo que lhe der causa;
.
II - da morte do ocupante do cargo:
§ 1º - Encontrando-se provido o cargo, o seu ocupante III - da vigência do ato que criar e conceder dotação
será reconduzido ao cargo de origem, ou aproveitado para o seu provimento ou de que determinar esta
em outro cargo, ou, ainda, posto em disponibilidade última medida, se o cargo já estiver criado;
com remuneração integral.
IV - da vigência do ato que extinguir cargo e autorizar
que sua dotação permita o preenchimento de cargo
§ 2º - Comprovada a má fé por parte de que deu causa vago.
à demissão invalidada, responderá este, civil, penal e
Parágrafo único - Verificada a vaga, serão
administrativamente.
consideradas abertas, na mesma data, todas as que
decorrerem de seu preenchimento.
Art. 38º - O servidor reintegrado será submetido à
inspeção médica, pela Junta Médica Municipal, e
aposentado, se julgado incapaz.
CAPÍTULO II
Da Substituição

TÍTULO III
DA VACÂNCIA E SUBSTITUIÇÃO Art. 43º - Os ocupantes de cargos em comissão terão
substitutos indicados no regulamento ou estatuto do
órgão ou Entidade ou, em caso de omissão,
CAPÍTULO I previamente designados pela autoridade competente.
Da Vacância
TÍTULO IV
Art. 39º - A vacância do cargo público decorrerá de: DOS DIREITOS E VANTAGENS
I – exoneração; CAPÍTULO I
Do Tempo de Serviço
II – demissão;
III – promoção ou readaptação.
Art. 44º - A apuração do tempo de serviço será feita
IV – aposentadoria; em dias que serão convertidos em anos, considerado
V – falecimento; o no de trezentos e sessenta e cinco dias.

VI – transferência.

202
Art. 45º - Serão considerados de efetivo exercício os SEÇÃO I
afastamentos em virtude de: Do Direito à Férias e a da sua Duração
I - férias;
II - casamento, até oito dias corridos. Art. 48º - O servidor faz jus, anualmente, a 30 (trinta)
III - luto até cinco dias corridos, por falecimento do dias consecutivos de férias, que podem ser
cônjuge, companheiro, pais, madrasta, padrasto, acumuladas até o máximo de 02 (dois) períodos, no
filhos, enteados, irmãos, genros, noras, avós, sogro e caso de necessidade do serviço.
sogra. § 1º - Para cada período aquisitivo serão exigidos 12
IV - nascimento de filho, até cinco dias corridos; (doze) meses de exercício.

V - exercício de cargo em comissão ou equivalente § 2º - É vedado levar à conta de férias qualquer falta
em órgãos ou entidades dos Poderes da União, ao serviço.
Estados, Municípios ou Distrito Federal, quando
legalmente autorizado;
VI - convocação para o Serviço Militar; Art. 49º - As férias poderão ser interrompidas por
VII - júri e outros serviços obrigatórios por Lei; motivo de calamidade pública, comoção interna,
convocação para o júri, serviço militar ou eleitoral ou
VIII - estudo em outro Município, Estado ou País, necessidade comprovada de retorno inadiável ao
quando legalmente autorizado; trabalho.
IX - licença:
a) à maternidade, à adotante e à paternidade; SEÇÃO II
b) para tratamento de saúde; Da Concessão e da Época das Férias
c) por motivo de doença em pessoa da família;
d) para o desempenho de mandato eletivo;
Art. 50º - As férias serão concedidas por ato do
e) prêmio. Dirigente da Unidade Administrativa, em um só
período,nos 12 (doze) meses subseqüentes a data
Art. 46º - É vedada a contagem cumulativa de tempo em que o servidor tiver adquirido o direito.
de serviço prestado concomitantemente em mais de Parágrafo único - Somente em casos excepcionais
um cargo ou função de órgão ou entidade dos serão as férias concedidas em dois períodos, um dos
Poderes da União, Estado, Distrito Federal e quais não poderá ser inferior a 10 (dez) dias corridos.
Município, autarquia, fundação pública, sociedade de
economia mista e empresa pública.
Art. 51º - A concessão das férias será participada, por
escrito, ao servidor, com antecedência de no mínimo
Art. 47º - Contar-se-á apenas para efeito de 15 (quinze) dias, cabendo a este assinar a respectiva
aposentadoria, disponibilidade e promoção por notificação.
antigüidade:
Parágrafo único - O período de férias não gozadas
Caput com redação dada pela Lei nº 6.901/91. durante a vida funcional, por necessidade de
I - o tempo de serviço público prestado à União, serviço,será contado em dobro para efeito de
Estado ou outro Município; aposentadoria e disponibilidade.
II - a licença para mandato eletivo;
III - o tempo de serviço em atividade privada,
vinculada à Previdência Social. Art. 52º – A época da concessão das férias será a que
melhor consulte os interesses do Serviço Público,
Parágrafo único - O tempo de serviço prestado às obedecidas as respectivas escalas, elaboradas,
Forças Armadas, em operações de guerra, será dentro do possível, atendendo aos interesses do
contado em dobro.. servidor.

CAPÍTULO II SEÇÃO III


Das Férias Anuais Da Remuneração e do Abono de Férias

203
Parágrafo único - O pedido de prorrogação deverá
ser apresentado antes de finda a licença e, se
Art. 53º - O servidor perceberá, antes do início do gozo
indeferido, contar-se-á como licença o período
de suas férias, a remuneração que lhe for devida na
compreendido entre a data do término e a do
data da respectiva concessão, acrescida de pelo
conhecimento oficial do despacho.
menos 1/ 3 (um terço).

Art. 58º - As licenças concedidas dentro de 60


SEÇÃO IV
(sessenta) dias, contados do término da anterior,
Dos Efeitos da Exoneração ou Demissão
serão consideradas em prorrogação.
Parágrafo único - Para efeito deste artigo, somente
Art. 54º - Concretizada a exoneração ou demissão de serão levadas em consideração as licenças da
cargo efetivo, será devida ao servidor a remuneração mesma espécie, com o mesmo objetivo.
correspondente ao período de férias cujo direito tenha
adquirido.
Art. 59º - Todas as licenças serão concedidas pelo
Parágrafo único - O servidor exonerado terá direito a
Prefeito, Presidente da Câmara Municipal ou
remuneração relativa ao período incompleto de
Dirigente da Entidade ou por delegação destes a
férias,na proporção de 1/ 12 (um doze avos) por mês
pessoa credenciada.
de serviço ou fração igual ou superior a 15 (quinze)
dias.
Art. 60º - O ocupante do cargo em comissão, não
titular de cargo de carreira, terá direito às licenças
CAPÍTULO III referidas nos itens I a IV do art. 55.
Das Licenças
SECÃO I
Das Disposições Preliminares SEÇÃO II
Da Licença para Tratamento de Saúde
Art. 55º – Conceder-se-á ao servidor licença;
I - para tratamento de saúde; Art. 61º - A licença para tratamento de saúde será “ex-
ofício” ou a pedido do servidor ou de seu legítimo
II - por motivo de doença em pessoa da família; representante, quando aquele não poder fazê-lo.
III – maternidade; Parágrafo único - O servidor licenciado para
IV - paternidade; tratamento de saúde, não poderá dedicar-se a
qualquer atividade remunerada, sob pena de ser
V - para serviço militar obrigatório; cassada a licença.
VI - para acompanhar o cônjuge ou companheiro;
VII - para desempenho de mandato eletivo;
VIII - prêmio. Art. 62º - O exame, para concessão de licença para
tratamento de saúde será feito pela Junta Médica
Municipal, salvo se fora do Município.
Art. 56º - A licença para tratamento de saúde depende Parágrafo único - O atestado ou laudo passado por
de inspeção médica, pela Junta Médica Municipal, médico ou junta médica particular, só produzirá efeitos
terá a duração que for indicada no respectivo laudo. depois de homologado pela Junta Médica Municipal.
§ 1º - Terminado o prazo, o servidor será submetido a
nova inspeção médica, devendo o laudo concluir pela
volta do servidor ao exercício, pela prorrogação da
licença ou, se for o caso, pela aposentadoria. Art. 63 °– Será punido disciplinarmente, com
suspensão de 30 (trinta) dias, o servidor que recusar
§ 2º - Terminada a licença o servidor reassumirá a submeter-se a exame médico, cessando o efeito da
imediatamente o exercício. penalidade, logo que se verifique o exame.
Art. 64º - Considerado apto, em exame médico, o
servidor reassumirá, sob pena de se apurarem, como
Art. 57º - A licença poderá ser terminada ou faltas injustificadas, os dias de ausência.
prorrogada de ofício ou a pedido.

204
Parágrafo único - No curso da licença poderá o adoção, apresentar registro civil de nascimento da
servidor requerer exame médico, caso se julgue em criança ou prova da adoção.
condições de reassumir o exercício.
Parágrafo único - A licença paternidade é de 05
(cinco) dias corridos, contados a partir do nascimento
ou adoção da criança.
Art. 65º - A licença a servidor atacado de tuberculose SEÇÃO VI
ativa, alienação mental, neoplasia maligna, cegueira Da Licença para Serviço Militar Obrigatório
ou redução de vista que lhe seja praticamente
equivalente, hanseníase, espondilartrose
anquilosante, epilepsia vera, nefropatia grave, Art. 70º - Ao servidor que for convocado para o serviço
estados avançados de Paget (osteite deformante) ou militar, e outros encargos de segurança nacional,será
de outra moléstia que,a juízo de Junta Médica concedida licença com remuneração integral.
Municipal, ocasionar incapacidade total e definitiva, § 1º - A licença será concedida à vista de documento
será concedida quando o exame médico não concluir oficial que comprove a incorporação.
pela concessão imediata da aposentadoria.
§ 2º - Da remuneração descontar-se-á a importância
que o servidor perceber na qualidade de
incorporado,salvo se optar pelas vantagens do
Art. 66º - Será integral a remuneração do servidor serviço militar.
licenciado para tratamento de saúde. § 3º - Ao servidor desincorporado conceder-se-á
SEÇÃO III prazo não excedente a 30 (trinta) dias, para que
reassuma o exercício, sem perda de remuneração.
Da Licença por Motivo de Doença em Pessoa
da Família § 4º - A licença de que se trata este artigo será
também concedida ao servidor que houver feito curso
para ser admitido como oficial das Forças Armadas,
Art. 67º - Será concedida licença ao servidor, por durante os estágios prescritos pelos regulamentos
motivo de doença do cônjuge ou companheiro, militares, aplicando-se o disposto no § 2º deste artigo.
padrasto ou madrasta, ascendentes, descendentes,
enteado e colateral consanguíneo ou afim até o SEÇÃO VII
segundo grau civil, mediante comprovação médica. Da Licença para Acompanhar o Cônjuge ou
§ 1º - A licença somente será deferida se a assistência Companheiro
direta do servidor for indispensável e não puder ser
prestado simultaneamente com o exercício do cargo, Art. 71º - O servidor, cujo cônjuge ou companheiro
o que deverá ser apurado através de tiver sido mandado servir, independentemente de
acompanhamento social. solicitação, em outro ponto do território nacional, ou
§ 2º - A licença será concedida sem prejuízo de no estrangeiro, terá direito a licença sem
remuneração integral. remuneração;

SEÇÃO IV § 1º - Excluem-se da regra do caput deste artigo os


municípios integrantes da Região Metropolitana de
Da Licença Maternidade
Fortaleza.
§ 2º - A licença será concedida mediante pedido
Art. 68º - A servidora gestante, mediante inspeção devidamente instruído e vigorará pelo tempo que
médica, será licenciada por 120 (cento e vinte) dias durar a comissão ou a nova função do cônjuge ou
corridos com remuneração integral. companheiro.
§ 1º - A prescrição médica determinará a data de início
SEÇÃO VIII
da licença a ser concedida à gestante.
Da Licença para Desempenho de Mandato
§ 2º- Aplica-se à servidora adotante o disposto no Eletivo
caput deste artigo.
Art. 72º - O servidor investido em mandato eletivo será
SEÇÃO V considerado em licença, aplicando-se as seguintes
Da Licença Paternidade disposições:
I - tratando-se de mandato eletivo federal, estadual ou
Art. 69º - Será concedida licença paternidade ao
distrital, ficará afastado do seu cargo, emprego ou
servidor que, por ocasião do nascimento de filho ou
função sem remuneração;

205
II - investido no mandato de Prefeito, será afastado do c) por afastamento para acompanhar o cônjuge ou
cargo, emprego ou função, sendo-lhe facultado optar companheiro, por mais de 03 (três) meses
pela sua remuneração; ininterruptos ou não:
III - investido no mandato de Vereador, havendo d) licença para tratamento de saúde por prazo
compatibilidade de horários, perceberá as vantagens superior a 06 (seis) meses ininterruptos ou não;
de seu cargo, emprego ou função, sem prejuízo da
e) disposição sem ônus.
remuneração do cargo eletivo, e, não havendo
compatibilidade, será aplicada a norma do inciso Alínea “e” acrescentada pela Lei nº 6.901/91.
anterior.
Parágrafo único - As faltas injustificadas ao serviço
§ 1º - A licença prevista neste artigo considerar-se-á retardarão a concessão da licença prevista neste
automática com a posse no mandato eletivo. artigo, na proporção de um mês para cada alta.
§ 2º - O servidor municipal, afastado nos termos deste
artigo, só poderá reassumir o exercício do cargo,após
Art. 77º - A licença-prêmio, a pedido do servidor,
o término ou renúncia do mandato.
poderá ser gozada por inteiro ou parceladamente.
Parágrafo único - Requerida para gozo parcelado, a
Art. 73º - O servidor ocupante de cargo em comissão licença-prêmio não será concedida por período
será exonerado com a posse no mandato eletivo. inferior a um mês.
Parágrafo único - Se o ocupante do cargo em Art. 78º - É facultado à autoridade competente, tendo
comissão for também de um cargo de carreira em vista o interesse da Administração, devidamente
ficaráexonerado daquele e licenciado deste, na forma fundamentado, determinar, dentro de 90 (noventa)
prevista no artigo anterior. dias seguintes da apuração do direito, a data do início
do gozo pela licença prêmio, bem como decidir se
poderá ser concedida por inteiro ou parceladamente.
Art. 74º - O servidor municipal deverá licenciar-se
antes da eleição a que for concorrer, na forma dos Art. 79º - A licença-prêmio poderá ser interrompida, de
dispositivos legais que regulamentam a matéria. ofício, quando o exigir interesse público, ou a pedido
do servidor, preservado em qualquer caso, o direito ao
SEÇÃO IX gozo do período restante da licença.
Da Licença-Prêmio
Art. 80º - É facultado ao servidor contar em dobro o
Art. 75º – Após cada quinquênio de efetivo exercício o tempo de licença-prêmio não gozada, para efeito de
servidor fará jus a 03 (três) meses de licença, a título aposentadoria e disponibilidade.
de prêmio por assiduidade, sem prejuízo de sua
remuneração.
Art. 81º - O servidor deverá aguardar em exercício a
§ 1º - Para que o servidor titular de cargo de carreira, concessão da licença prêmio.
no exercício de cargo em comissão, goze de
licençaprêmio,com as vantagens desse cargo, deve Parágrafo único - O direito de requerer licença-
ter nele pelo menos dois anos de exercício prêmio não está sujeito à caducidade.
ininterruptos. CAPÍTULO IV
§ 2º - Somente o tempo de serviço público prestado Dos Afastamentos
ao Município de Fortaleza, será contado para efeito de SEÇÃO I
licença-prêmio. Das Disposições Preliminares

Art. 76º – Não se concederá licença-prêmio ao Art. 82º - O servidor poderá se afastar do exercício
servidor que no período aquisitivo: funcional:

I - sofrer penalidade disciplinar de suspensão.


I – sem prejuízo da remuneração, quando:
II - afastar-se do cargo em virtude de:
a) for estudante para incentivo à sua formação
a) licença para tratamento em pessoa da família por profissional e dentro dos limites estabelecidos nesta
mais de 04 (quatro) meses ininterruptos ou não; Lei;
b) para trato de interesse particular; b) for realizar missão ou estudo fora do Município de
Fortaleza;

206
c) por motivo de casamento até o máximo de 08 (oito)
dias; Art. 88º - Poderá ser autorizado o afastamento, de até
02 (duas) horas diárias, ao servidor que frequente
d) por motivo de luto, até 05 (cinco) dias;
curso regular de 1º grau, 2º grau ou do ensino
e) - VETADO. superior, a critério da Administração.
Parágrafo único - A autorização prevista neste artigo
poderá dispor que a redução dar-se-á por prorrogação
II - sem direito a percepção da remuneração quando
do início ou antecipação do término do expediente
se tratar de afastamento para o trato de
diário, conforme considerar mais conveniente ao
interesseparticular;
estudante e aos interesses da repartição.
III - com ou sem direito a percepção da remuneração, Art. 89º - O afastamento para missão ou estudo fora
conforme se dispuser em lei ou regulamento, quando
do Município ou no estrangeiro será autorizado nos
para o exercício das atribuições de cargo, função ou
mesmos atos que designarem o servidor a realizar a
emprego em órgãos ou entidades da Administração
missão ou estudo, quando do interesse do Município.
Federal, Estadual ou Municipal;
Art. 90º - As autorizações previstas nesta seção
Parágrafo único - Os servidores ocupantes de cargo dependerão de comprovação, mediante documento
de carreira ou comissão poderão, devidamente oficial,das condições previstas para as mesmas,
autorizados, integrar ou assessorar comissões,
podendo a autoridade competente exigi-la, prévia ou
grupos de trabalho ou programas, com ou sem
posteriormente, conforme julgar conveniente.
prejuízos da remuneração.

CAPÍTULO V
SEÇÃO II Do Direito de Petição
Para Trato de Interesse Particular
Art. 91º - É assegurado ao servidor o direito de petição
Art. 83º - Depois de 02 (dois) anos de efetivo para requerer ou representar e pedir reconsideração.
exercício, o servidor poderá obter autorização de
§ 1º - VETADO.
afastamento para o trato de interesse particular, por
um período não superior a 10 (dez) anos, § 2º - O pedido de reconsideração será dirigido à
consecutivos ou não. autoridade que houver expedido o ato ou proferido a
primeira decisão, não podendo ser renovado.
Parágrafo único - O servidor deverá aguardar em
exercício a autorização do seu afastamento. § 3º - O pedido de reconsideração deverá ser decidido
dentro do prazo de 30 (trinta) dias.
Art. 84º - Não será autorizado o afastamento do
servidor removido antes de ter assumido o exercício. Art. 92º - Caberá recurso:
I – do indeferimento do pedido de reconsideração;
Art. 85º - O afastamento para o trato de interesse
particular será negado quando for inconveniente ao II – das decisões sobre os recursos sucessivamente
interesse público. interpostos.
Parágrafo único - O recurso, que não terá efeito
Art. 86º - Quando o interesse do serviço o exigir, a suspensivo, será dirigido à autoridade imediatamente
autorização poderá ser revogada, a juízo da superior a quem tiver expedido o ato ou proferido a
autoridade competente, devendo, neste caso, o decisão, e, sucessivamente, em escala, às demais
servidor ser expressamente notificado para autoridades.
apresentar-se ao serviço no prazo máximo de Art. 93º - O direito de pleitear na esfera administrativa
30(trinta) dias, prorrogável por igual período, findo o prescreverá:
qual caracterizar-se-á o abandono do cargo.
I – em 05 (cinco) anos, quanto aos atos de que
decorrerem demissão, cassação de aposentadoria ou
Art. 87º - O servidor poderá a qualquer tempo disponibilidade;
reassumir o exercício, desistindo da autorização.
II – em 120 (cento e vinte) dias, nos demais casos.
SEÇÃO III
Das Autorizações para o Incentivo à Art. 94º - O prazo de prescrição contar-se-á da data
Formação Profissional do Servidor da publicação do ato impugnado e quando esta for de

207
natureza reservada, da data em que o interessado CAPÍTULO VII
dele tiver ciência. Das Vantagens Pecuniárias
SEÇÃO I
Art. 95º - O pedido de reconsideração, quando Das Disposições Preliminares
cabível, interrompe a prescrição.
Parágrafo único - A prescrição interrompida Art. 103º - Juntamente com o vencimento, poderão ser
recomeçará a correr pela metade do prazo da data do pagas ao servidor as seguintes vantagens:
ato que a interrompeu, ou do último ato ou termo do I – 13ª Remuneração;
respectivo processo.
II – gratificação de insalubridade, periculosidade e
CAPÍTULO VI risco de vida;
Do Vencimento e Remuneração
III – gratificação por serviço extraordinário;

Art. 96º - Vencimento é a retribuição pecuniária pelo IV – gratificação por participação em órgão de
exercício de cargo público, com valor fixado em lei. deliberação coletiva;
V – gratificação por participação em comissão
Art. 97º - Remuneração é o vencimento do cargo, examinadora de concurso;
acrescido das vantagens pecuniárias permanentes ou VI – gratificação por exercício de magistério;
temporárias estabelecidas em Lei.
VII – diárias;
Parágrafo único - VETADO.
VIII – adicional por tempo de serviço;
Art. 98º - O servidor perderá:
IX – adicional por trabalho noturno;
I - a remuneração dos dias que faltar ao serviço, salvo
os casos previstos nesta Lei; X – gratificação por representação;

II – a parcela da remuneração diária proporcional aos XI – gratificação pelo aumento de produtividade;


atrasos, ausências e saídas antecipadas, na forma XII – (suprimido pela Lei nº 6.901, de 25 de Junho de
que se dispuser por Decreto. 1991).
Art. 99º - O vencimento, a remuneração, o provento XIII – gratificação pela execução de trabalho
ou qualquer vantagem pecuniária atribuída ao relevante, técnico ou científico;
servidornão sofrerão descontos além dos previstos
expressamente em lei, nem serão objeto de arresto, XIV – retribuição adicional variável;
seqüestro ou penhora, salvo em se tratando de: XV – gratificação de raio X;
I – prestação de alimentos, determinada judicialmente XVI – gratificação pela prestação de serviço em
ou acordada; regime de sobre aviso permanente;
II – reposição ou indenização devida à Fazenda XVII – gratificação de plantão.
Municipal.
Parágrafo único – Leis específicas regulamentarão
Art. 100º - As reposições e indenizações à Fazenda as vantagens pecuniárias constantes nos incisos VI,
Municipal serão descontadas em parcelas mensais XI,XII, XIII, XV e XVI deste artigo.
não excedentes da 10ª (décima) parte da
remuneração. SEÇÃO II
Da 13ª remuneração
Parágrafo único - Quando o servidor for exonerado
ou demitido, a quantia por ele devida será inscrita
como divida ativa para os efeitos legais. Art. 104º - A 13ª remuneração corresponde a 1/12 (um
doze avos) da remuneração a que o servidor fizer jus
Art. 101º - O servidor que não estiver no exercício do no mês de dezembro, por mês de exercício, no
cargo somente poderá perceber vencimento ou
respectivo ano.
remuneração nos casos previstos em lei ou
regulamento. Parágrafo único - A fração igual ou superior a 15
(quinze) dia será considerada como mês integral.
Art. 102º - A remuneração do servidor e os proventos
do aposentado, quando falecidos, são indivisíveis e
pagos de acordo com a ordem de preferência Art. 105º - No caso de vacância em cargo de carreira,
estabelecida na lei civil. qualquer que seja a sua causa, o servidor perceberá
13ª remuneração proporcionalmente aos meses de

208
efetivo exercício, calculada sobre a remuneração do
último mês trabalhado. Art. 112º - O direito do servidor à gratificação de
insalubridade, periculosidade ou risco de vida,
Art. 106º - A 13ª remuneração não será considerada
cessará com a eliminação do risco à saúde ou
para cálculo de qualquer vantagem pecuniária.
integridade física.
SEÇÃO III
Da Gratificação de Insalubridade,
Periculosidade e Risco de Vida
Art. 113º - O servidor poderá optar pela gratificação de
insalubridade, periculosidade ou risco de vida, vedada
Art. 107º - São consideradas atividades ou operações a acumulação dessas gratificações, garantida a
insalubres aquelas que, por sua natureza, condições incorporação aos proventos desde que comprovada
ou métodos de trabalho, exponham os servidores a apercepção do benefício por período superior a 02
agente nocivo à saúde, acima dos limites de tolerância (dois) anos, de forma ininterrupta, na data de
fixados em razão da natureza e da intensidade do postulação da aposentadoria. •
agente e o tempo de exposição aos seus efeitos.
SEÇÃO IV
Art. 108º - A eliminação ou a neutralização da Da Gratificação por Serviço Extraordinário
insalubridade ocorrerá:
I - com adoção de medidas que conservem o Art. 114º - O serviço extraordinário será calculado com
ambiente de trabalho dentro dos limites de tolerância; acréscimo de 50% (cinquenta por cento) em relação à
hora normal de trabalho, incidindo sobre a
II - com a utilização de equipamentos de proteção remuneração do servidor, excetuando-se a
individual ao servidor, que diminuam a intensidade do representação de cargo comissionado. •
agente agressivo a limites de tolerância.
Parágrafo único - A insalubridade e periculosidade Art. 115º - Somente será permitido serviço
serão comprovadas por meio de perícia médica. extraordinário para atender situações excepcionais e
temporárias, respeitado o limite máximo de 02 (duas)
Art. 109º - O exercício de trabalho em condições horas diárias.
insalubres, acima dos limites de tolerância SEÇÃO V
estabelecidos pelo Ministério do Trabalho, assegura a
Das Diárias
percepção da gratificação de insalubridade.
Parágrafo único - A gratificação a que se refere o Art. 116º - O servidor que, a serviço, se afastar do
caput deste artigo se classifica segundo os graus Município, em caráter eventual ou transitório, para
máximo,médio e mínimo, com valores de 40% outro ponto do Território Nacional, fará jus a
(quarenta por cento), 20% (vinte por cento) e 10% passagens e diárias, para cobrir as despesas de
(dez por cento)do vencimento base do servidor, hospedagem, alimentação e locomoção, cujo valor
respectivamente. será fixado por ato do Prefeito ou Presidente da
Câmara, conforme o caso.
Parágrafo único - A diária será concedida por dia de
afastamento, sendo devida pela metade quando o
Art. 110º - São consideradas atividades ou operações
deslocamento não exigir pernoite fora do Município.
perigosas, aquelas que, por sua natureza ou método
de trabalho, impliquem em contato permanente com
inflamáveis ou explosivos em condições de risco Art. 117º - O servidor que receber diárias e não se
acentuado. afastar do Município, por qualquer motivo, fica
obrigado restituí-las, integralmente, no prazo de 05
Parágrafo único - O trabalho em condições de
(cinco) dias.
periculosidade assegura ao servidor uma gratificação
de 30% (trinta por cento) sobre o vencimento base. Parágrafo único - Na hipótese do servidor retornar
ao Município em prazo menor do que o previsto para
seu afastamento, restituirá as diárias recebidas em
Art. 111º - Pela execução de trabalho de natureza excesso no prazo de 05 (cinco) dias.
especial com risco de vida será concedida uma
gratificação de 20% (vinte por cento), calculada sobre
SEÇÃO VI
o vencimento base do servidor. Do Adicional por Tempo de Serviço

Art. 118º - O adicional por tempo de serviço é devido


à razão de 1% (um por cento) por anuênio de efetivo

209
serviço público, incidente sobre o vencimento do Parágrafo único - Os percentuais da gratificação
servidor. serão estabelecidos em Lei, em ordem decrescente,
a partir da remuneração de Secretário Municipal.
§ 1º - O servidor fará jus ao adicional por tempo de
serviço a partir do mês subsequente àquele em que
completar anuênio.
Art. 121º - O servidor investido em cargo em
comissão, quando deste afastado depois de 08 (oito)
§ 2º - O limite do adicional a que se refere o “caput” anos sem interrupção ou 10 (dez) anos consecutivos
deste artigo é de 35% (trinta e cinco por cento). ou não, fica com o direito de continuar a perceber a
representação correspondente ao cargo em comissão
que ocupava à época do afastamento, garantida a
§ 3º - O anuênio calculado sobre o vencimento,
incorporação desta vantagem aos proventos de
mantidas as condições estabelecidas pela Lei nº
aposentadoria.
5.391, de 06 de maio de 1981 e pelo Art. 53 da Lei
Complementar nº 001, de 13 de setembro de 1990,
incorporandose aos vencimentos para todos os § 1º - Também para integralização do tempo de
efeitos, inclusive para aposentadoria e serviço exigido no caput deste artigo, computar-se-á:
disponibilidade.

I - O período em que o servidor atuar como membro


§ 4º - Não poderá receber o adicional a que se refere
de comissão, percebendo gratificação equivalente a
este artigo o servidor que perceber qualquer
cargo comissionado, a qualquer tempo.
vantagem por tempo de serviço, salvo opção por uma
delas. •
§ 2º - O servidor beneficiado pelo disposto neste
SEÇÃO VII artigo poderá optar pela maior representação dos
Do Adicional por Trabalho Noturno cargos em comissão exercidos, no qual tenha
permanecido por um período mínimo de 12 (doze)
Art. 119° - O trabalho noturno terá remuneração meses.
superior à do diurno e, para esse efeito, sua
remuneração terá um acréscimo de 20% (vinte por Art. 122º - O servidor que já tenha adicionado aos
cento) sobre a hora diurna. seus vencimentos a vantagem do artigo anterior,
§ 1º - A hora do trabalho noturno será computada quando nomeado para cargo comissionado, poderá
como de 52 (cinquenta e dois) minutos e 30 perceber, a título de verba especial, o valor
(trinta)segundos. correspondente a 60% (sessenta por cento) da
representação do cargo em comissão que esteja
exercendo.
§ 2º - Considera-se noturno, para efeito deste artigo,
o trabalho executado entre às 19 (dezenove) horas de Parágrafo único - O direito à percepção da vantagem
um dia e às 7 (sete) horas do dia seguinte. de que trata este artigo cessa quando o servidor
deixar de exercer o cargo em comissão, não podendo
§ 2º com redação dada pela Lei nº 7.442/93. esta vantagem, sob qualquer hipótese, ser adicionada
ou incorporada a seus vencimentos ou proventos,
§ 3º - Nos horários mistos, assim entendidos os que para nenhum efeito.
abrangem períodos diurnos e noturnos, aplica-se às CAPÍTULO VIII
horas de trabalho noturno o disposto neste artigo e Da Estabilidade
seus parágrafos.
SEÇÃO VIII Art. 123º - O servidor habilitado em concurso público
Da Gratificação de Representação e empossado em cargo de carreira adquirirá
estabilidade no serviço público após 02 (dois) anos de
Art. 120º - A gratificação de representação é atribuída efetivo exercício.
aos ocupantes de cargos em comissão e outros que a
legislação determinar, tendo em vista despesas de
natureza social e profissional determinadas pelo Art. 124º - O servidor estável só perderá o cargo em
exercício funcional. virtude de sentença judicial transitada em julgado ou
de processo administrativo disciplinar no qual lhe seja
assegurada ampla defesa.

210
VIII – (Revogado pela Lei nº 8.814/2003).
Art. 125º - Invalidada a demissão do servidor estável
será ele reintegrado, e o eventual ocupante da vaga
Parágrafo único - Os benefícios e serviços serão
reconduzido ao cargo de origem, sem direito a
concedidos, nos termos e condições definidos em
indenização, aproveitado em outro cargo ou posto em
regulamento, observadas as disposições desta Lei.
disponibilidade.
CAPÍTULO IX Art. 131º - O recebimento indevido de benefícios
Da Disponibilidade e do Aproveitamento havidos por fraude, dolo ou má fé, implicará devolução
ao Erário do total auferido, sem prejuízo da ação
Art. 126º – Extinto o cargo ou declarada a sua cabível.
desnecessidade, o servidor estável ficará em CAPITULO II
disponibilidade, com remuneração integral.
Da Aposentadoria
SEÇÃO I
Art. 127º - O retorno à atividade de servidor em Das Disposições Preliminares
disponibilidade far-se-á mediante aproveitamento
obrigatório em cargo de atribuições e vencimentos
compatíveis com o anteriormente ocupado. Art. 132º - O servidor será aposentado:
I - por invalidez permanente;
Art. 128º – O aproveitamento de servidor que se II – compulsoriamente;
encontra em disponibilidade a mais de 01 (um) ano
dependerá de prévia comprovação de sua capacidade III - voluntariamente.
física e mental, por Junta Médica Municipal.
§ 1º - Se julgado apto, o servidor assumirá o exercício Art. 133º - A proporcionalidade dos proventos da
do cargo no prazo de 30 (trinta) dias contados da aposentadoria, com base no tempo de serviço,
publicação do ato de aproveitamento. obedecerá sempre aos seguintes percentuais sobre o
vencimento do cargo:

§ 2º - Verificada a incapacidade definitiva, o servidor I - até 10 (dez) anos de tempo de serviço, 50%
em disponibilidade será aposentado. (cinqüenta por cento);
II - de mais de 10 (dez) anos até 15 (quinze) anos de
Art. 129º - Será tornado sem efeito o aproveitamento tempo de serviço, 60 % (sessenta por cento);
e cessada a disponibilidade se o servidor não entrar III - de mais de 15 (quinze) até 20 (vinte) anos de
em exercício no prazo legal, salvo doença tempo de serviço, 70% (setenta por cento);
comprovada por Junta Médica Municipal.
IV - de mais de 20 (vinte) anos até 25 (vinte e cinco)
TÍTULO V anos de tempo de serviço, 80% (oitenta por cento);
DA PREVIDÊNCIA E DA ASSISTÊNCIA
V - de mais de 25 (vinte e cinco) e menos de 30 (trinta)
CAPÍTULO I
e 35 (trinta e cinco) anos, conforme o caso,
Das Disposições Preliminares 90%(noventa por cento).

Art. 130º - O Município assegurará a manutenção de Parágrafo único - O resultado da aplicação da


um sistema de previdência e assistência que, dentre proporcionalidade, na forma prevista no caput deste
outros, preste os seguintes benefícios ao servidor e à artigo,constituirá a parte fixa dos proventos do inativo,
sua família: a que se acrescentarão as vantagens pecuniárias que
I – aposentadoria; deverão integrá-los.

II – (Revogado pela Lei nº 8.814/2003). Art. 134º - O servidor que contar tempo de serviço
igual ou superior ao fixado para aposentadoria
III – (Revogado pela Lei nº 8.814/2003). voluntária com proventos integrais, ou aos 70
IV – (Revogado pela Lei nº 8.814/2003). (setenta) anos de idade, aposentar-se-á com as
vantagens do cargo em comissão, em cujo exercício
V – pensão; se encontrar, desde que haja ocupado durante 05
VI – assistência médica, odontológica e hospitalar; (cinco) anos ininterruptamente ou 07 (sete) anos
consecutivos ou não.
VII – (Revogado pela Lei nº 8.814/2003).

211
§ 3º - Entende-se por doença profissional a que
Parágrafo único - O servidor beneficiado pelo decorrer das condições de serviço de fato nele
disposto neste artigo poderá optar pela maior ocorridas,devendo o laudo médico estabelecer-lhe a
representação dos cargos em comissão exercidos, e precisa caracterização.
no qual tenha permanecido por um período mínimo de
12 (doze)meses.
§ 4º - A prova de acidente será feita em processo
especial, no prazo de 10 (dez) dias, prorrogáveis
Art. 135º - Os proventos da aposentadoria serão
quando as circunstâncias o exigirem, sob pena de
revistos, na mesma proporção e na mesma data,
suspensão de quem omitir ou retardar providências.
sempre que se modificar a remuneração dos
servidores em atividade, sendo também estendidos
aos inativos quaisquer benefícios ou vantagens
§ 5º - Nos demais casos, os proventos de
posteriormente concedidas aos servidores em
aposentadoria por invalidez serão proporcionais ao
atividade, inclusive quando decorrentes da
tempo de serviço, na forma prevista pelo art. 133º,
transformação ou reclassificação do cargo ou função
em que se deu a aposentadoria. deste Estatuto. •

SEÇÃO III
SEÇÃO II Da Aposentadoria Compulsória
Da Aposentadoria por Invalidez
Art. 137º - O servidor será aposentado
compulsoriamente aos 70 (setenta) anos de idade,
Art. 136º - O servidor será aposentado por invalidez com proventos proporcionais ao tempo de serviço.
permanente, sendo os proventos integrais, quando:
Parágrafo único - O retardamento do ato que
I - decorrer de acidente em serviço: declarar a aposentadoria compulsória não impedirá
II - por moléstia profissional ou doença grave, que o servidor se afaste do exercício de seu cargo ou
contagiosa ou incurável, especificada em lei, função no dia imediato ao que atingir a idade limite.
inclusive:
a) quando acometido de tuberculose ativa, alienação SEÇÃO IV
mental, neoplasia maligna, cegueira ou redução de
Da Aposentadoria Voluntária
vista que lhe seja praticamente equivalente;
b) quando acometido de hanseníase, paralisia
Art. 138º - O servidor será aposentado
irreversível e incapacitante, cardiopatia grave, doença
voluntariamente:
de Parkinson, espondiartrose anquilosante, epilepsia
vera, nefropatia grave e estados avançados de I - aos 35 (trinta e cinco) anos de serviço, se homem,
Paget(osteíte deformante) e síndrome da e aos 30 (trinta), de mulher, com proventos integrais;
imunodeficiência adquirida.
II - aos 30 (trinta) anos de efetivo exercício em função
de magistério, se professor, e 25 (vinte e cinco), se
professora, com proventos integrais;
§ 1º - Entende-se por acidente em serviço todo aquele
que, acarretando dano físico ou mental para o III - aos 30 (trinta) anos de serviço, se homem, e aos
servidor, ocorra em razão do desempenho do cargo, 25 (vinte e cinco), se mulher, com proventos
ainda que fora da sede, ou durante o período de proporcionais a esse tempo;
trânsito, inclusive no deslocamento do ou para o
IV - aos 65 (sessenta e cinco) anos de idade, se
trabalho.
homem, e aos 60 (sessenta), se mulher, com
proventos proporcionais ao tempo de serviço.
§ 2º - Considera-se também acidente em serviço, para Parágrafo único - O servidor que requerer
efeito desta Lei, a agressão sofrida e não provocada aposentadoria nos termos deste artigo, poderá
pelo servidor, em decorrência do desempenho do afastar-se do exercício de seu cargo ou função após
cargo, ainda que fora do local de trabalho. decorridos 60 (sessenta) dias da data da postulação,
mediante expedição de documento fornecido pelo
órgão, comprobatório de que o servidor implementou
o tempo de serviço necessário à aposentadoria..

212
b) a pessoa separada judicialmente ou divorciada,
CAPÍTULO III com percepção de pensão alimentícia;
Do Salário-Família c) a companheira que comprove convivência há 05
(cinco) anos ou que tenha filho em comum com o
Art. 139° – (Revogado pela Lei nº 8.814/2003). servidor;
Art. 140°– (Revogado pela Lei nº 8.814/2003). d) a mãe e/ou pai que comprovem dependência
Art. 141° – (Revogado pela Lei nº 8.814/2003). econômica ao servidor;

Art. 142° – (Revogado pela Lei nº 8.814/2003) e) a pessoa designada maior de 60 (sessenta) anos e
a pessoa portadora de deficiência que viva sob a
Art. 143° – (Revogado pela Lei nº 8.814/2003). dependência econômica do servidor;
Art. 144° – (Revogado pela Lei nº 8.814/2003).
CAPÍTULO IV II – temporária:
Do Auxílio-Natalidade
a) Os filhos de qualquer condição, ou enteados até 21
Art. 145º – (Revogado pela Lei nº 8.814/2003). (vinte e um) anos de idade, ou se inválidos enquanto
durar a invalidez;
Art. 146º – (Revogado pela Lei nº 8.814/2003).
b) - O menor sob a guarda ou tutela até 21 (vinte e
um) anos de idade;
CAPÍTULO V c) - O irmão órfão de pai e sem padrasto, até 21 (vinte
Do Auxílio-Funeral e um) anos, e o inválido que comprove dependência
Art. 147º – (Revogado pela Lei nº 8.814/2003). econômica ao servidor; e

Art. 148º – (Revogado pela Lei nº 8.814/2003). d) - a pessoa designada que viva na dependência
econômica do servidor, até 21 (vinte e um) anos, ou
Art. 149º – (Revogado pela Lei nº 8.814/2003). inválida.
CAPÍTULO VI
Da Pensão
Art. 153º – Ocorrendo habilitação de vários titulares à
pensão vitalícia, o valor será distribuído em partes
- O regime previdenciário dos servidores públicos iguais entre os beneficiários habilitados.
municipais ocupantes de cargos efetivos (PREVIFOR)
Art. 154º – Ocorrendo habilitação às pensões vitalícia
é atualmente disciplinado na Lei nº 9.103/2006.
e temporária, metade do valor caberá ao titular ou
titulares da pensão vitalícia, sendo a outra metade
rateada, em partes iguais entre os titulares da pensão
Art. 150º – Por morte do servidor, os dependentes
temporária.
fazem jus a uma pensão mensal de valor
Art. 155º - Ocorrendo habilitação somente à pensão
correspondente,até o limite fixado em lei, ao da
temporária, o valor integral da pensão será rateado,
respectiva remuneração ou proventos.
em partes iguais, entre os que se habilitarem.
Art. 156º – Concedida a pensão, qualquer prova
Art. 151º - As pensões distinguem-se quanto à
posterior ou habilitação tardia que implique exclusão
natureza em vitalícia e temporária.
de beneficiário ou redução de pensão só produzirá
§ 1º - A pensão vitalícia é composta de cota ou cotas efeitos a partir da data em que foi oferecida.
permanentes, que somente se extinguem ou revertem
Art. 157º – Será concedida pensão provisória por
com a morte de seus beneficiários.
morte presumida do servidor ou inativo, nos seguintes
§ 2º - A pensão temporária é composta de cota ou casos:
cotas que podem extinguir-se ou reverter por motivo
I – declaração de ausência, pela autoridade judiciária
de morte, cessação da invalidez ou maioridade do
competente;
beneficiário.
II – desaparecimento em desabamento, inundação,
Art. 152º - São beneficiários das pensões:
incêndio, ou acidente não caracterizado como em
serviço.
I – vitalícia:
III – desaparecimento no desempenho das atribuições
a) cônjuge; do cargo.

213
Art. 158º - A pensão será transformada em vitalícia ou Art. 167º - O servidor que faltar ao serviço fica
temporária, conforme o eventual reaparecimento do obrigado a justificar a falta, por escrito, ao chefe
servidor. imediato,no primeiro dia em que comparecer ao
trabalho.
Art. 159º – Acarreta perda da qualidade de
beneficiário: § 1º - Não poderão ser justificadas as faltas que
excederem de 20 (vinte) por ano, obedecido o limite
I - o seu falecimento;
de 03(três) ao mês.
II - a anulação do casamento, quando a decisão
§ 2º - O chefe imediato do servidor decidirá sobre a
ocorrer após a concessão da pensão ao cônjuge;
justificação das faltas, até o máximo de 10 (dez) por
III - a cessação de invalidez em se tratando de ano; a justificação das que excederem a esse número
beneficiário inválido; até o limite de 20 (vinte) será submetida, devidamente
informada por essa autoridade, à decisão do seu
IV - a maioridade de filho, irmão, órfão ou pessoa
superior hierárquico, no prazo de 05 (cinco) dias.
designada aos 21 (vinte e um) anos de idade:
§ 3º - Para justificação de faltas, poderão ser exigidas
V - a acumulação de pensão na forma do art. 163;
provas do motivo alegado pelo servidor.
VI - a renúncia expressa. § 4º - A autoridade competente decidirá sobre a
Art. 160º - Por morte ou perda da qualidade de justificação no prazo de 05 (cinco) dias, cabendo
beneficiário a respectiva cota reverterá: recurso para autoridade superior, quando indeferido o
pedido.
I - da pensão vitalícia para os remanescentes desta
ou para os titulares da pensão temporária, se não § 5º - Deferido o pedido de justificação da falta, será
houver pensionista remanescente de pensão vitalícia; o requerimento encaminhado ao órgão de pessoal
para as devidas providências.
II - da pensão temporária para os co-beneficiários ou,
na falta destes, para o beneficiário da pensão vitalícia. CAPÍTULO II
Art. 161º – A pensão poderá ser requerida a qualquer Das Proibições
tempo, prescrevendo tão somente as prestações Art. 168º - Ao servidor é proibido:
exigíveis há mais de 05 (cinco) anos.
I – ausentar-se do serviço durante o expediente, sem
prévia autorização do chefe imediato;
Art. 162º – As pensões serão automaticamente II – retirar, sem prévia anuência da autoridade
atualizadas na mesma proporção e condições dos competente, qualquer documento ou objeto da
reajustes dos vencimentos dos servidores em repartição;
atividade.
III – recusar fé a documentos públicos;
Art. 163º – Ressalvado o direito de opção, é vedada a
percepção cumulativa de pensão, salvo a hipótese de IV – opor resistência injustificada ao andamento de
02 (duas) pensões originárias de cargos ou empregos documento e processo ou execução de serviço;
públicos constitucionalmente acumuláveis. V - referir-se de modo depreciativo ou desrespeitoso
às autoridades públicas ou aos atos do Poder Público,
CAPÍTULO VII
mediante manifestação escrita ou oral;
Do Pecúlio
VI - cometer a pessoa estranha à repartição, fora dos
Art. 164º – (Revogado pela Lei nº 8.814/2003).
casos previstos em Lei, o desempenho de encargos
Art. 165º – (Revogado pela Lei nº 8.814/2003). que sejam da sua competência ou de seu
subordinado;
TÍTULO VI
DO REGIME DISCIPLINAR VII – compelir ou aliciar outro servidor no sentido de
CAPÍTULO I filiação à associação profissional ou sindical, ou a
partido político;
Das Faltas ao Serviço
VIII – manter, sob sua chefia imediata, cônjuge,
Art. 166º – Nenhum servidor poderá faltar ao serviço
companheiro ou parente até o segundo grau civil;
sem causa justificada, sob pena de ter descontados
dos seus vencimentos os dias de ausência. IX - valer-se do cargo para lograr proveito pessoal ou
de outrem, em detrimento da dignidade da função
Parágrafo único – Considera-se causa justificada o
pública;
fato que por natureza e circunstância, possa
razoavelmente constituir escusa do comportamento.

214
X - exercer comércio ou participar de sociedade Art. 174º – A responsabilidade civil ou administrativa
comercial, exceto como acionista, cotista ou do servidor será afastada no caso de absolvição
comandatário; criminal que neguem a existência do fato ou sua
autoria.
XI – participar de gerência de administração de
empresa privada e, nessas condições, transacionar CAPÍTULO IV
com o Estado; Das Penalidades
XII – receber propina, comissão, presente ou Art. 175º – São penalidades disciplinares:
vantagens de qualquer espécie, em razão de suas
atribuições;
I – advertência;
XIII – praticar usura sob qualquer de suas formas;
II – suspensão;
XIV – proceder de forma desidiosa;
III – demissão;
XV - cometer a outro servidor atribuições estranhas às
do cargo que ocupa, exceto em situações de IV - cassação de aposentadoria ou disponibilidade;
emergência e transitórias; V – destituição de cargo em comissão.
XVI – utilizar pessoal ou recursos materiais da Art. 176º - Na aplicação das penalidades serão
repartição em serviços ou atividades particulares; consideradas a natureza e a gravidade da infração
XVII – exercer quaisquer atividades que sejam cometida,os danos que dela proverem para o serviço
incompatíveis com o exercício do cargo e com o público, as circunstâncias agravantes ou atenuantes
horário de trabalho; e os antecedentes funcionais.

XVIII - acumular cargos, funções e empregos públicos Art.177º - A advertência será aplicada por escrito, nos
nos termos da Constituição Federal; casos de violação de proibições constantes do
art.168, incisos I a IX, e de inobservância de dever
funcional previsto nesta Lei, regulamento ou normas
Parágrafo único - Verificada em processo internas.
administrativo a acumulação ilícita, desde que seja
comprovada a boa-fé, o servidor optará por um dos Art.178º - A suspensão será aplicada em caso de
cargos e, se não o fizer dentro de 15 (quinze) dias, reincidência das faltas punidas com advertência e de
será exonerado de qualquer deles, a critério da violação das demais proibições que não tipifiquem
Administração. infração sujeita a penalidade de demissão, não
podendo exceder de 90 (noventa) dias.
CAPÍTULO III
Parágrafo único – Quando houver conveniência para
Das Responsabilidades
o serviço, a penalidade de suspensão poderá ser
Art. 169º – O servidor responde civil, penal e convertida em multa, na base de 50% (cinquenta por
administrativamente pelo exercício irregular de suas cento) por dia da remuneração, ficando o servidor
atribuições. obrigado a permanecer em serviço.
Art. 170º - A responsabilidade civil decorre de ato Art. 179º – As penalidades de advertência e de
omissivo ou comissivo, doloso ou culposo, de que suspensão terão seus registros cancelados, após o
resulte prejuízo ao Erário ou terceiros. decurso de 03 (t rês) e 05 (cinco) anos de efetivo
exercício, respectivamente, se o servidor não houver
Parágrafo único - Tratando-se de dano causado a
, nesse período,praticado nova infração disciplinar.
terceiros, responderá o servidor perante a Fazenda
Municipal em ação regressiva, nos casos de dolo ou Art. 180º - A demissão será aplicada nos seguintes
culpa. casos:
Art. 171º - A responsabilidade penal abrange os I - crime contra a administração pública;
critérios e contravenções, imputadas ao servidor,
II - abandono de cargo;
nesta qualidade.
III – inassiduidade habitual;
Art. 172º - A responsabilidade administrativa resulta
de ato omissivo ou comissivo praticado no IV – improbidade administrativa;
desempenho do cargo ou função.
V – insubordinação grave em serviço;
Art. 173º – As sanções civis, penais e administrativas
VI - ofensa física, em serviço, a servidor ou a
poderão cumular-se, sendo independentes entre si.
particular, salvo em legítima defesa própria ou de
ourem;

215
VII – aplicação irregular de dinheiro público; aplicam-se às infrações disciplinares capituladas
também como crime.
VIII – revelação de segredo apropriado em razão do
cargo;
§ 3º - A abertura de sindicância ou a instauração de
IX - lesão aos cofres públicos e dilapidação do
processo disciplinar interrompe a prescrição.
patrimônio municipal;
X – acumulação ilegal de cargos, empregos ou
§ 4º - Suspenso o curso da prescrição, este
funções públicas, ressalvado o disposto no parágrafo
recomeçará a ocorrer, pelo prazo restante, a partir do
único do art.168;
dia em que cessara suspensão.
XI – transgressão do art. 168, incisos X a XV.
Art. 181º – Entende-se por abandono de cargo a § 5º - São imprescritíveis o ilícito de abandono de
deliberada ausência ao serviço, sem justa causa, por cargo e a respectiva sanção.
mais de 30 (trinta) dias consecutivos.
TÍTULO VII
Art. 182º – Entende- se por inassiduidade habitual a DO PROCESSO ADMINISTRATIVO
falta ao serviço, sem causa justificada, por 60 DISCIPLINAR
(sessenta) dias,interpoladamente, durante o período
de 12 (doze) meses.
Art.183º – O ato de imposição da penalidade CAPÍTULO I
mencionará sempre o fundamento legal e a causa da Das Disposições Preliminares
sanção disciplinar.
Art. 186º – A autoridade que tiver ciência de
Art. 184º - As penalidades disciplinares serão irregularidade no serviço público é obrigada a
aplicadas: promover a sua apuração imediata, mediante
sindicância ou processo administrativo disciplinar,
I - pelo Prefeito, Presidente da Câmara ou dirigente
assegurada ao acusado ampla defesa.
superior de autarquias ou fundações, as de
demissão,cassação de disponibilidade e Art. 187º – As denúncias sobre irregularidades serão
aposentadoria; objeto de apuração, desde que contenham a
identificação e o endereço do denunciante e sejam
II - pelo Secretário Municipal ou autoridade
formuladas por escrito, confirmada a autenticidade.
equivalente, a de suspensão superior a 30 (trinta)
dias; Art. 188º – Ao ato que cominar sanção precederá
sempre procedimento disciplinar, assegurado ao
III - a aplicação das penas de advertência e
servidor ampla defesa, nos termos desta Lei, sob
suspensão até 30 ( trinta) dias é da competência de
pena de nulidade da cominação imposta.
todas as autoridades administrativas em relação a
seus subordinados; Art. 189º- A autoridade que determinar a instauração
da sindicância terá prazo nunca inferior a (30) trinta
IV - pela autoridade que houver feito a nomeação,
dias, para a sua conclusão, prorrogáveis até o máximo
quando se tratar de destituição de cargo em comissão
de 15 (quinze) dias, à vista da representação
de não ocupante de cargo de carreira.
motivada do sindicante.
Art. 185° - A ação disciplinar prescreverá:
Art. 190º - Da sindicância instaurada pela autoridade
I - em 05 (cinco) anos, quanto às infrações puníveis poderá resultar:
com demissão, cassação de aposentadoria e
I – arquivamento do processo;
disponibilidade e destituição de cargo em comissão.
II - abertura de inquérito administrativo.
II - em 02 (dois) anos, quanto à suspensão; e Art. 191º - A sindicância será aberta por portaria, em
que se indique seu objeto e um servidor ou comissão
de servidores, para realizá-la.
III - em 180 (cento e oitenta) dias, quanto à
advertência. § 1º - Quando a sindicância for realizada apenas por
um sindicante este designará outro servidor para
secretariar os trabalhos mediante a aprovação do
§ 1º - O prazo de prescrição começa a correr da data
superior hierárquico.
em que o ilícito foi praticado.
§ 2º - O processo de sindicância será sumário, feitas
as diligências necessárias à apuração das
§ 2º - Os prazos de prescrição previstos na lei penal
irregularidades e ouvido o indiciado e todas as

216
pessoas envolvidas nos fatos, bem como peritos e recorrendo, quando necessário, a técnicos e peritos
técnicos necessários ao esclarecimento de questões de modo a permitir a completa elucidação dos fatos.
especializadas.
Art.199º - É assegurado ao servidor o direito de
acompanhar o processo, pessoalmente ou por
intermédio deadvogado, arrolar e reinquirir
CAPÍTULO II testemunhas, produzir provas e contraprovas e
Do Processo Disciplinar formular quesitos, quando se tratar de prova pericial.
Art. 192º – O processo disciplinar é o instrumento § 1º - O Presidente da Comissão poderá denegar
destinado a apurar responsabilidade de servidor por pedidos considerados impertinentes, meramente
infração praticada no exercício de suas atribuições, ou protelatórios ou de nenhum interesse para o
que tenha relação mediata com as atribuições do esclarecimento dos fatos.
cargo em que se encontre investido.
Art. 193º – O processo disciplinar será conduzido por § 2º - Será indeferido o pedido de prova pericial,
Comissão de Inquérito Composta de servidores quando a comprovação do fato independer de
designados pela autoridade competente que indicará, conhecimento especial do perito.
dentre eles, o seu presidente e secretário. Art. 200º – As testemunhas serão intimadas a depor
Parágrafo único - Não poderá participar de comissão mediante mandado expedido pelo Presidente da
de sindicância ou de inquérito, parente do Comissão, devendo a segunda via, com o ciente do
acusado,consangüíneo ou afim, em linha reta ou interessado, ser anexada aos autos.
colateral, até o terceiro grau. Parágrafo único - Se a testemunha for servidor
Art. 194º - A Comissão de Inquérito exercerá suas público, a expedição do mandato será imediatamente
atividades com independência e comunicada ao chefe da repartição onde serve, com
imparcialidade,assegurado o sigilo necessário à a indicação do dia e hora marcados para inquirição.
elucidação do fato ou exigido pelo interesse da Art. 201º - O depoimento será prestado oralmente e
Administração, sem prejuízo do direito de defesa do reduzido a termo, não sendo à testemunha trazê-lo
indiciado. por escrito.
SEÇÃO I § 1 º - As testemunhas serão inquiridas
Do Inquérito separadamente.
Art. 195º – O inquérito administrativo será
contraditório, assegurada ao acusado ampla defesa, § 2 º - Na hipótese de depoimentos contraditórios ou
com a utilização de meios e recursos admitidos em que se infirme, proceder-se-á à acareação entre os
direito. depoentes.
Art. 196º - O relatório da sindicância integrará o Art. 202º – Concluída a inquirição das testemunhas, a
inquérito administrativo, como peça informativa da comissão promoverá o interrogatório do acusado,
instrução do processo. observados os procedimentos previstos nos artigos
Parágrafo único - Na hipótese do relatório da 200 e 201.
sindicância concluir pela prática de crime, a § 1º - No caso de mais de um acusado, cada um deles
autoridade competente oficiará à autoridade policial, será ouvido separadamente, e sempre que divergirem
para abertura do inquérito, independentemente da em suas declarações sobre os fatos ou
imediata instauração do processo disciplinar. circunstâncias, será promovida a acareação entre
Art. 197º - O prazo para a conclusão do inquérito não eles.
excederá 60 (sessenta) dias úteis, contados da data
de publicação do ato que constituir a comissão, § 2º - O defensor do acusado poderá assistir ao
admitida a sua prorrogação por igual prazo, quando interrogatório bem como a inquirição das
as circunstâncias o exigirem. testemunhas, podendo reinquiri-las por intermédio do
Parágrafo único - Sob pena de nulidade, as reuniões Presidente da Comissão.
e as diligências realizadas pela comissão de Inquérito Art. 203º – Quando houver dúvida sobre a sanidade
serão consignadas em atas. mental do acusado, a comissão proporá à autoridade
Art. 198º – Na fase do inquérito a comissão promoverá competente que ele será submetido a exame por junta
a tomada de depoimentos, acareações, investigações médica oficial, da qual participe pelo menos um
e diligências cabíveis, objetivando a coleta de prova, médico psiquiatra.

217
Parágrafo único - O incidente de sanidade mental Art. 210º – Aplicam-se subsidiariamente ao processo
será processado em auto apartado e apenso ao disciplinar as regras contidas nos Códigos de
processo principal, após a expedição do laudo Processo Civil e Penal.
pericial.
SEÇÃO II
Art. 204º – Tipificada a infração disciplinar será Do Julgamento
elaborada a peça de instrução do processo com a
indicação do servidor. Art. 211º– No prazo de 60 (sessenta) dias, contados
do recebimento do processo, a autor idade julgadora
§ 1º - O indiciado será citado por mandado expedido proferirá a sua decisão.
pelo Presidente da Comissão para apresentar defesa
escrita, no prazo de 10 (dez) dias, assegurando-se- § 1º - Se a penalidade a ser aplicada exceder a alçada
lhe vista do processo na repartição. da autoridade instauradora do processo, este será
ecaminhado à autoridade competente, que decidirá
§ 2º - Havendo 02 (dois) ou mais indiciados, o prazo em igual prazo.
será comum é de 20 (vinte) dias.
§ 3º - O prazo de defesa poderá ser prorrogado, pelo § 2º - Havendo mais de um indiciado e diversidade de
dobro, para diligências reputadas indispensáveis. sanções, o julgamento caberá a autoridade
competente para a imposição da pena mais grave.
§ 4º - No caso de recusa do indiciado em apor o ciente
no mandado de citação, o prazo para defesa contarse- § 3º - Se a penalidade prevista for a de demissão ou
á da data declarada em termo próprio, pelo servidor cassação de aposentadoria ou cassação de
encarregado da diligência. disponibilidade, o julgamento caberá ao Prefeito,
Presidente da Câmara Municipal, ou ao dirigente
Art. 205º - O indiciado que mudar de residência fica superior e autarquia ou fundação.
obrigado a comunicar á comissão o lugar onde poderá
ser encontrado.
Art. 206º – Achando-se o indiciado em lugar incerto e
não sabido, será citado por edital, publicado no Diário Art. 212º- O julgamento acatará o relatório da
Oficial do Município e em jornal de grande circulação comissão de inquérito, salvo quando contraditórias as
na localidade do último domicílio conhecido, para provas dos autos.
apresentar defesa.
Parágrafo único - Quando do relatório da comissão
Parágrafo único - Na hipótese deste artigo, o prazo contrariar as provas dos autos, a autoridade julgadora
para defesa será de 15 (quinze) dias a partis da última poderá,motivadamente, agravar a penalidade
publicação do edital. proposta, abrandá-la, ou isentar o servidor de
Art. 207º – Considerar-se-á revel o indiciado que, responsabilidade.
regularmente citado, não apresentar defesa no prazo Art. 213º – Verifica-se a existência de vício insanável,
legal. a autoridade julgadora declarará a nulidade do
§ 1º - A revelia será declarada por despacho nos autos processo ou de atos do processo e ordenará a
do processo e devolverá o prazo para a defesa. constituição de outra comissão, para instauração de
novo processo.
§ 2º - Para defender o indiciado revel, a autor idade
instauradora do processo designará um defensor § 1 º - O julgamento fora do prazo legal não implica
dativo, que deverá ser um advogado. nulidade do processo.

Art.208º – Apreciada a defesa, a comissão elaborará § 2º - A autoridade julgadora que der causa à
relatório minucioso, onde resumirá as peças principais prescrição de que trata o art. 185, § 2º será
dos autos e mencionará as provas em que se baseou responsabilizada na forma do capítulo IV, do Título VI
para formar a sua convicção. , desta Lei.

§ 1º - O relatório será sempre conclusivo quanto à Art. 214º – Extinta a punibilidade pela prescrição, a
inocência ou à responsabilidade do servidor. autoridade julgadora determinará o registro do fato
nos assentamentos individuais do servidor.
§ 2º - Reconhecida a responsabilidade do servidor, a
comissão indicará o dispositivo legal ou regulamentar Art. 215º – Quando a infração estiver capitulada como
transgredido, bem como as circunstâncias agravantes crime, o processo disciplinar será remetido ao
ou atenuantes. Ministério Público para instauração da ação penal,
ficando traslado repartição.
Art. 209º – O processo disciplinar, com o relatório da
comissão, será remetido à autor idade que Art. 216º - O servidor que responde a processo
determinou a sua instauração, para julgamento. disciplinar só poderá ser exonerado, a pedido, do
cargo, ou aposentado voluntariamente, após a

218
conclusão do processo e o cumprimento da III - à autoridade responsável pela designação quando
penalidade, acaso aplicada. a penalidade for destituição de cargo em comissão.
SEÇÃO III § 1º - O prazo para julgamento será de até 60
Da Revisão do Processo (sessenta) dias contados do recebimento do
processo, no curso do qual a autor idade julgadora
Art. 217º - O processo disciplinar poderá ser revisto, a poderá determinar diligências.
qualquer tempo, a pedido ou de oficio, quando se
aduzirem fatos novos ou circunstâncias suscetíveis de § 2º - Concluídas as diligências; será renovado o
justificar a inocência do punido ou a inadequação da prazo para julgamento.
penalidade aplicada. Art. 225º – Julgada procedente a revisão, será
§ 1º - Em caso de falecimento, ausência ou declarada sem efeito a penalidade aplicada,
desaparecimento do servidor , qualquer pessoa da restabelecendo-se todos os direitos atingidos, exceto
família poderá requerer a revisão do processo. em relação à destituição de cargo em comissão,
hipótese em que ocorrerá apenas a conversão da
penalidade em exoneração.
§ 2º - No caso de incapacidade mental do servidor, a
revisão será requerida pelo respectivo curador. Parágrafo único - Da revisão do processo não
poderá resultar agravamento da penalidade.
Art. 218º - No processo revisional, o ônus da prova
cabe ao requerente. TÍTULO VIII
CAPÍTULO ÚNICO
Art. 219º – A simples alegação de injustiça da
penalidade não constitui fundamento para a revisão
Das Disposições Gerais Transitórias
que requer elementos novos, ainda não apreciados no Art. 226º - O dia do servidor público será comemorado
processo originário. a 28 de outubro, e nesta data, considerado ponto
Art. 220º – O requerimento de revisão do processo facultativo, far-se-á a outorga do título de Servidor
será dirigido ao Secretário Municipal ou autor idade Padrão Municipal, a ser regulamentado em Lei.
equivalente, que, se autorizar a revisão, encaminhará Art. 227º - O servidor é dispensado do expediente de
o pedido ao dirigente do órgão ou entidade onde se trabalho no dia do seu aniversário natalício, sem
originou o processo disciplinar. prejuízo da sua remuneração.
Art. 228º – Contar-se-ão por dias corridos os prazos
Parágrafo único - Recebida a petição, o dirigente do previstos nesta Lei, salvo exceções expressamente
órgão ou entidade providenciará a constituição da previstas.
comissão, na forma prevista no ar t. 193 desta Lei.
Parágrafo único - Na contagem dos prazos, salvo
Art. 221º - A revisão correrá em apenso ao processo disposições em contrário, excluir-se-á o dia do
originário. começo e incluir-se-á o dia do vencimento; se esse
Parágrafo único - Na petição inicial, o requerente dia cair em véspera de feriado, sexta- feira, sábado,
pedirá dia e hora para a produção de provas e domingo,feriado ou dia de ponto facultativo, o prazo
inquirição das testemunhas que ar rolar. considera- se prorrogado até o primeiro dia útil.

Art. 222º - A comissão revisora terá até 60 (sessenta) Art. 229º - O Regime Jurídico decorrente desta Lei é
dias para a conclusão dos trabalhos, prorrogável por igualmente aplicável aos servidores que, por força do
igual prazo, quando as circunstâncias o exigirem. que dispõe a Lei Complementar nº 02, de 17 de
setembro de 1990, exerçam funções da Parte
Art. 223º – Aplicam-se aos trabalhos da comissão Especial do Quadro de cada órgão da administração
revisora, no que couber, as normas e procedimentos direta, autárquica e fundacional.
próprios da comissão de inquérito.
Art. 230º – Ficam mantidas as atuais jornadas de
Art. 224º - O julgamento caberá: trabalho dos servidores da administração direta,
autarquia e fundacional.
I - ao Prefeito, Presidente da Câmara Municipal ou
dirigente superior da autarquia ou fundação, quando Art. 231º – São isentos de taxas ou emolumentos os
do processo revisto houver resultado pena de requerimentos, certidões e outros papéis que, na
demissão ou cassação de aposentadoria ou cassação ordem administrativa, interessar ao servidor público
de disponibilidade; municipal ativo e ao inativo.
II - ao Secretário Municipal ou autoridade equivalente, Art. 232º - Poderão ser instituídos, no âmbito dos
quando houver resultado penalidade de suspensão ou Poderes Executivos e Legislativo, os seguintes
de advertência;

219
incentivos funcionais, além daqueles já previstos nos
respectivos planos de cargos e carreiras: DIREITOS HUMANOS
I - prêmios pela apresentação de idéias, inventos ou
trabalhos que favoreçam o aumento de produtividade
e a redução dos custos operacionais; e Os Direitos Humanos, segundo a Organização das
Nações Unidas, foram definidos como sendo uma
II - concessão de medalhas, diploma e honra ao
garantida fundamental e universal que visa proteger
mérito, condecoração e elogio.
os indivíduos e grupos sociais contra as diversas
Art. 233º - O Prefeito, o Presidente da Câmara e o ações ou omissões daqueles que atentem contra a
dirigente superior de autarquia e fundação poderão dignidade da pessoa humana.
delegar a seus auxiliares as atribuições que lhe são
cometidas por esta lei, exceto as que impliquem em CONCEITO
punição de servidor.
Os Direitos Humanos são direitos conquistados ao
Art. 234º - As atuais funções gratificadas passam à longo de toda história e hoje estão interligados com o
categoria de cargos em comissão, convertendo- se objetivo de garantir a todos os direitos fundamentais a
automaticamente os valores das gratificações em pessoa humana, independente da nacionalidade,
gratificações de representação, mantida a simbologia
sexo, religião, cor, ou qualquer outro aspecto que
vigente.
possa provocar diferenciação entre os seres
Art. 235º - É assegurado o exercício de cargo humanos.
comissionado de símbolo DAS-2 ou DAS-3, que
esteja sendo exercido por servidor não ocupante de Em extraordinária obra acerca do tema abordado, o
cargo efetivo ou função no Município de Fortaleza, até renomado jurista Ricardo Castilho, contextualizou os
a respectiva exoneração. Direitos Humanos e os Direitos Fundamentais, da
Art. 236º - As despesas decorrentes da aplicação seguinte forma:
desta Lei correrão por conta das dotações Assim como a expressão “pessoa humana”, a
orçamentárias de cada órgão ou entidade, podendo
expressão “direitos humanos” também tem sido tema
ser suplementadas se insuficientes.
de grande debate, ao longo do tempo. Há autores que
Parágrafo único - Os efeitos financeiros, da entendem que direitos humanos e direitos
aplicação desta lei, serão produzidos a partir do fundamentais são nomenclaturas sinônimas, mas a
primeiro dia do mês subseqüente ao da publicação maioria concorda que existam diferenças conceituais.
desta lei no Diário Oficial do Município. Falar em direitos fundamentais, simplesmente,
Art. 237º - O Prefeito e o Presidente da Câmara elimina da expressão a importância das lutas que
expedirão a regulamentação necessária à per feita ocorreram para situar os direitos humanos em sua
execução desta Lei. perspectiva histórica, social, política e econômica, no
Art. 238º - Esta Lei entrará em vigor na data da sua processo de transformação da civilização. Além disso,
publicação, ficando revogadas todas as disposições direitos humanos traz, no seu bojo, a ideia de
legais ou regulamentares que, implícita ou reconhecimento e de proteção, que direitos
explicitamente, colidam com esta Lei, especialmente fundamentais não contêm, uma vez que são apenas
a Lei nº 3174, de 31 de dezembro de 1965, com nova as inscrições legais dos direitos inerentes à pessoa
redação dada pela Lei nº 4058, de 02 de outubro de humana. Os direitos humanos não foram dados, ou
1972. revelados, mas conquistados, e muitas vezes à custa
de sacrifícios de vidas.

A Constituição Federal da República normatizou


em seu artigo 1º, inciso III, que aborda os
fundamentos do Estado Democrático de Direito, a
dignidade da pessoa humana, em vista da
importante obrigação do Estado de garantir a
todos, o mínimo para a sobrevivência de uma
maneira digna.

Em contígua, a expressão “direitos humanos” é


utilizada para denominar aqueles direitos já
positivados na esfera internacional. Reiterando o

220
conhecimento do jurista citado “a expressão seria modalidades do Direito. A legislação de direitos
imprecisa, uma vez que não há direito que não seja humanos obriga os Estados a agir de uma
humano, pois somente o homem pode ser titular de determinada maneira e proíbe os Estados de se
direitos. Mas, forçoso reconhecer que “humanos”, na envolverem em atividades específicas. No entanto, a
expressão, não se refere à titularidade do direito, mas, legislação não estabelece os direitos humanos. Os
sim, ao bem protegido” direitos humanos são direitos inerentes a cada pessoa
simplesmente por ela ser um humano. Tratados e
Já no que se refere aos Direitos Fundamentais, a outras modalidades do Direito costumam servir para
terminologia serve para conceituar os direitos proteger formalmente os direitos de indivíduos ou
reconhecidos e aplicados pela Constituição de cada grupos contra ações ou abandono dos governos, que
país, que, no ordenamento jurídico brasileiro se faz interferem no desfrute de seus direitos humanos.
presente no Artigo 5º da Constituição Federal de Algumas das características mais importantes dos
1988, garantindo a todos os residentes no país, sejam direitos humanos são: Os direitos humanos são
eles brasileiros ou estrangeiros, alguns direitos fundados sobre o respeito pela dignidade e o valor de
inerentes a sobrevivência humana, dentre eles, a cada pessoa; Os direitos humanos são universais, o
vida, a segurança, a propriedade e a igualdade. que quer dizer que são aplicados de forma igual e sem
Nesta senda, se faz de suma importância a visão discriminação a todas as pessoas; Os direitos
globalizada dos Direitos Humanos, pois eles são humanos são inalienáveis, e ninguém pode ser
os responsáveis por garantir a liberdade humana, privado de seus direitos humanos; eles podem ser
a liberdade de expressão, o trabalho digno, dentre limitados em situações específicas. Por exemplo, o
outros aspectos essenciais para a evolução global direito à liberdade pode ser restringido se uma pessoa
e para a proteção integral de todos os seres é considerada culpada de um crime diante de um
humanos. tribunal e com o devido processo legal; Os direitos
humanos são indivisíveis, inter-relacionados e
Os Direitos Humanos, ao longo dos anos, tornaram- interdependentes, já que é insuficiente respeitar
se cada vez mais consolidado, superando, a cada dia, alguns direitos humanos e outros não. Na prática, a
o preconceito e o ódio emanado pela sociedade, que violação de um direito vai afetar o respeito por muitos
movida pelas mídias sociais e pelos noticiários, em outros; Todos os direitos humanos devem, portanto,
tempos onde a verdade individual cega e impede a ser vistos como de igual importância, sendo
ampliação de estudos e a compreensão da história, igualmente essencial respeitar a dignidade e o valor
acredita que os Direitos Humanos são criados e de cada pessoa.
postulados de forma a proteger àqueles que cometem
delitos. EVOLUÇÃO HISTÓRICA

A Organização das Nações Unidas, fundada em 24 de Ao se falar em direitos do homem, trata-se de direitos
outubro de 1945, conhecida pela sigla ONU, é não positivados, quer no plano do direito interno, quer
formada por países que, voluntariamente, se uniram no plano do direito internacional. Atualmente, por
para trabalhar em prol do desenvolvimento mundial e conta da existência de inúmeros tratados e
da paz, sendo considerada uma organização constituições, é muito difícil haver um direito do
internacional e intergovernamental. Quando elucida o homem. Isso porque, a maior parte já se encontra
tema de Direitos Humanos, assim dispõe: positivada. Trata-se de expressão proveniente do
direito natural. - A expressão “direitos fundamentais” é
Os direitos humanos são comumente compreendidos reservada única e exclusivamente para o plano
como aqueles direitos inerentes ao ser humano. O doméstico. Não existe direito fundamental no plano
conceito de Direitos Humanos reconhece que cada internacional. Além disso, todo direito fundamental
ser humano pode desfrutar de seus direitos humanos encontra-se positivado na ordem interna, já a
sem distinção de raça, cor, sexo, língua, religião, expressão “direitos humanos” diz respeito ao plano
opinião política ou de outro tipo, origem social ou internacional. Nesse sentido, fala-se em tratados de
nacional ou condição de nascimento ou riqueza. Os direitos humanos.
direitos humanos são garantidos legalmente pela lei
de direitos humanos, protegendo indivíduos e grupos CARACTERÍSTICAS
contra ações que interferem nas liberdades • Historicidade
fundamentais e na dignidade humana. Estão
expressos em tratados, no direito internacional Os direitos humanos ganharam importância e
consuetudinário, conjuntos de princípios e outras relevância no século XX já estando incorporados ao

221
pensamento jurídico do século XXI. Os doutrinadores A autorização do seu titular NÃO convalida a sua
sustentam que o fundamento e a justificativa dos violação ou revogação.
direitos humanos estariam ligados ao positivismo ou
ao jusnaturalismo. • Inalienabilidade

O positivismo estaria representado na estruturação Os direitos humanos são inalienáveis, isto é, eles não
jurídica previsão legal dos direitos humanos. Nesse podem ser trocados ou cedidos, onerosa ou
sentido é o pensamento de Norberto Bobbio e Hans gratuitamente. Os direitos humanos são inegociáveis.
Kelsen. Uma vez previstos no ordenamento jurídico • Inexauribilidade
interno (Constituição e normas infraconstitucionais),
podem ser exigidos. Também podem ser previstos em Os direitos são inesgotáveis. Trata-se do art. 5o, §2o
tratados e convenções internacionais sobre direitos (cláusula de não exclusão) da CF/88. Art. 5o (...) § 2º
humanos. - Os direitos e garantias expressos nesta Constituição
não excluem outros decorrentes do regime e dos
Já o jusnaturalismo entende que a pessoa humana princípios por ela adotados, ou dos tratados
é o fundamento absoluto dos direitos humanos, internacionais em que a República Federativa do
independentemente do lugar em que esteja, devendo Brasil seja parte.
ser tratada de modo justo e solidário. Nesse sentido
posicionam-se os juristas brasileiros Dalmo de Abreu • Imprescritibilidade
Dallari e Fábio Konder Comparato.
No plano do direito internacional, não haverá
Desse modo, os direitos humanos são preexistentes prescrição, a qualquer momento pode ser vindicado,
ao direito, que apenas os declara. O direito só existe mas desde que ainda esteja no plano internacional, à
em função do homem, e é nele que se fundamenta imprescritibilidade é em relação ao fato.
todo e qualquer direito.
• Vedação do Retrocesso / Proibição de Regresso /
Destaque-se que sobre o tema direitos humanos, “Efeito cliquet”
existem três marcos históricos fundamentais: o
Os Estados, em geral, ao assumirem compromissos
iluminismo, a Revolução Francesa e o término da
em convenções humanas, devem zelar para que os
II Guerra Mundial.
direitos humanos não regridam na sua proteção.
Nesse sentido, veda-se a regressão. Esse princípio
acaba por impedir a aplicação da ideia tradicional de
• Universalidade que lei posterior derroga lei anterior
Basta a condição de ser pessoa para que se possam GERAÇÕES DE DIREITOS HUMANOS
usufruir os direitos humanos. O direito ao voto é
fundamental e individual, mas não é universal, logo Os direitos de 1° geração são os direitos e garantias
não se trata de um direito humano, se assim fosse individuais e políticos clássicos que tem no indivíduo
todos poderiam votar. Trata-se de característica o centro de proteção (liberdades públicas como o
criada, em especial, diante das atrocidades da 2a direito à vida, à liberdade, à expressão e à
Guerra. locomoção). Representam um limite na atuação do
Estado, ou seja, não mate, não prenda, entre outras
• Essencialidade atividades constritivas. Tem origem nas revoluções
Os direitos humanos são essenciais por natureza, sob liberais, tais como a Magna Carta de 1215, Habeas
duplo aspecto: formal, pois, na ordem topográfica da Corpus Act (1679), Declaração de Direitos do Homem
constituição, os direitos humanos encontram-se e do Cidadão, entre outros.
previstos antes mesmo de se tratar da estrutura de
governo, poderes e administração; material, pois eles
congregam valores que pertencem ao núcleo material Os direitos de 2ª geração são os direitos sociais,
das constituições. Trata-se de valores que pertencem econômicos e culturais que valorizam grupos de
à matéria constitucional por excelência (Canotilho). indivíduos, tais como os trabalhadores e aposentados
Nesse sentido, os direitos humanos pertencem ao direito ao trabalho, ao seguro social, à subsistência,
“bloco de constitucionalidade”. amparo à doença, à velhice, entre outros. Espera-se
uma ação positiva por parte do Estado viabilizando
• Irrenunciabilidade tais direitos. Surgem em virtude dos excessos da
revolução industrial, que consistiu em um conjunto de

222
mudanças tecnológicas com profundo impacto no
processo produtivo em nível econômico e social.
Iniciada na Inglaterra, em meados do século XVIII,
expandiu-se pelo mundo a partir do século XIX. Além
disso, houve a omissão do Estado liberal, ou seja, o
Estado interfere de modo mínimo na sociedade.
Destacam-se a Constituição Mexicana de 1917, a
Declaração Russa dos Direitos do Povo Trabalhador
e Explorado de 1918, a Constituição Alemã de 1919
(Weimar), a criação da Organização Internacional do
Trabalho (1919), entre outros.

Os direitos da 3ª geração são conhecidos por


direitos de fraternidade ou solidariedade e abrange a
paz universal, um meio ambiente equilibrado, entre
outros direitos difusos. Desse modo, busca-se
proteger um número indeterminado e indeterminável
de pessoas. São enfatizados após a Segunda Guerra
Mundial, principalmente com a criação da
Organização das Nações Unidas (1945) e a
internacionalização dos direitos humanos.

Os direitos de 4ª geração são conhecidos por


direitos dos povos e são fruto da última fase da
estruturação do Estado Social. Abrangem o direito à
informação, ao pluralismo, à democracia entre outros.
Há quem sustente ser o direito vinculado ao
desenvolvimento científico, também chamado de
desenvolvimento biotecnológico (DNA, genética,
nanotecnologia, clonagem, biotecnologia, entre
outros). Na atualidade, tem forte influência no campo
jurídico, especialmente no que se refere aos estudos
de células tronco, aborto, estabelecimento de
paternidade, sucessão hereditária, dentre outros
Percebe-se que se trata de um desdobramento da 3.a
geração.

"Enquanto os direitos de primeira geração (direitos


civis e políticos) que compreendem as liberdades
clássicas, negativas ou formais - realçam o princípio
da liberdade e os direitos de segunda geração
(direitos econômicos, sociais e culturais) - que se
identificam com as liberdades positivas, reais ou
concretas acentuando princípio da igualdade, os
direitos de terceira geração, que materializam
poderes de titularidade coletiva atribuídos
genericamente a todas as formações sociais,
consagram o princípio da solidariedade e constituem
um momento importante no processo de
desenvolvimento, expansão e reconhecimento dos
direitos humanos, caracterizados, enquanto valores
fundamentais indisponíveis, pela nota de uma
essencial inexauribilidade”

223
DIREITO ADMINISTRATIVO
Como é comum saber, a disciplina de Direito Administrativo não tem um código específico para podermos estudar. Seu
estudo é basicamente doutrinário e por artigos espaços da Constituição. Porém, buscando o melhor para vocês, além
da base constitucional que se trata, fizemos um resumo sobre o conceito, fontes e princípios do Direito Adm., bem como
sobre o tópico “ato administrativo”, este muito cobrado.

FONTES

Não se engane!! O Direito Administrativo não tem um código específico, assim como é a maioria dos ramos, mas a
“LEI” é uma de suas fontes. Afinal de contas, várias legislações regulam este nosso ramo. Ei concurseiro, sabe a lei lá
da GCM de Fortalezal?? Sim, é uma lei Administrativa! alguns artigos da sua Constituição também!!

Se liga -> Principais fontes de Direito Administrativo:

• LEI
• DOUTRINA
• JURISPRUDÊNCIA
• COSTUMES
• PRINCÍPIOS
• ATOS NORMATIVOS INFRALEGAIS

PRINCÍPIOS

Os princípios do Direito Administrativo se dividem em dois grandes grupos, os expressos no caput do artigo 37 da
Constituição Federal, bem como os que não se constam expressos, vejamos a seguir:
Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos
Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade,
impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência e, também, ao seguinte (...).
- PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS EXPRESSOS (LIMPE):
LEGALIDADE
IMPESSOALIDADE
MORALIDADE
PUBLICIDADE
EFICIÊNCIA

224
- Princípios Constitucionais Implícitos:

GRAU DE OLHE DECORE APRENDA, MEU


IMPORTÂNCIA AMIGO (A)
PRINCÍPIO - Especialidade - Autotutela - Supremacia do
- Tutela - Continuidade do interesse público
- Responsabilização serviço público sobre o privado
- Hierarquia - Razoabilidade e
proporcionalidade - Indisponibilidade do
- Motivação interesse público
- Segurança jurídica
- Inafastabilidade do - Presunção de
controle judicial legitimidade
- Isonomia
-Autoexecutoriedade

BIZU EXTRA: NÃO CONFUNDA AUTOEXECUTORIEDADE COM AUTOTUTELA!!

• AUTOEXECUTORIEDADE: Neste Princípio, a Administração tem a “possibilidade de auto-executar”, ou seja,


ela, por meio de seus agentes, pode executar seus próprios atos sem a necessidade de recorrer previamente
ao Judiciário para o fim de eventual autorização.

• AUTOTUTELA: Este Princípio permite que a Administração Direta controle os seus próprios atos,
internamente, podendo anular os atos eivados de vícios quanto a sua legalidade e revogar os atos que julgar
inconvenientes por uma mera análise do mérito (No próximo tópico veremos a diferença entre anulação e
revogação, é aquele assunto que cai muito, é fácil e te garanto aqui que você não errará mais uma questão).

3. Ato Administrativo: 3.1. Conceito, requisitos, atributos, classificação e espécies; 3.2. Invalidação, anulação e
revogação; 3.3. Prescrição.

CONCEITO

Atos administrativos constituem uma das variadas espécies de atos praticados pela administração. É possível, afinal,
que a administração pratique vários tipos de atos: Atos políticos, Atos privados, Atos materiais e:

• Atos administrativos: são aqueles praticados no exercício da função administrativa, no exercício do


direito público, e ensejando a manifestação de vontade do Estado. É uma manifestação da vontade funcional
apta a gerar efeitos jurídicos, produzida no exercício da função administrativa, Marçal Justen Filho

ESPÉCIES DE ATOS ADMINISTRATIVOS

Os atos são classificados quanto sua espécie em 5 principais tipos de atos:

(Normativos, Ordinatórios, negociais, Enunciativos e Punitivos)

225
NORMATIVOS:

São atos praticados pelo Estado para os quais se estabelecem normas gerais e abstratas. São decorrência do poder
normativo, isto é, é a possibilidade de se expedirem normas gerais e abstratas dentro dos limites da lei. Principais
atos normativos:

Regulamentos (decretos)

Avisos (ministeriais)

Instruções normativas

Deliberações / Resoluções

ORDINATÓRIOS:

São atos praticados para ordenação interna da atividade pública e praticados internamente para a organização não
atingindo terceiros. Decorrendo, assim, do Poder Hierárquico. Principais atos ordinatórios:

Portaria

Circular

Ordem de serviço

Memorandos

Ofícios

NEGOCIAIS:

São atos de consentimento. O estado concede ao particular algo que se é pleiteado, devendo haver coincidência entre
manifestação de vontade do particular e o interesse do Estado, sendo estes espedidos por meio de Alvará. Principais
atos negociais:

Licença

Autorização

Permissão

Admissão

ENUNCIATIVOS:

São atos por meio dos quais a administração pública atesta fato ou emite opinião. Principais atos enunciativos:

Parecer

Atestado

Certidão

Apostila

PUNITIVOS:

226
É ato sancionatório, decorrendo do Poder Disciplinar. Deve ser analisado com base em 2 princípios:
1-Proporcionalidade;
2-Devido processo legal

REQUISITOS; ATRIBUTOS

BIZU: ELEMENTOS (Com Fi For M Ob) e ATRIBUTOS (PATI)

ELEMENTOS: partes do ato


COMpetência: poder atribuído
FInalidade: interesse público (resultado mediato)
FORma: como o ato vem ao mundo
Motivo: pressupostos de fato e de direito
OBjeto: conteúdo (resultado imediato)

ATRIBUTOS: características do ato

Presunção de legitimidade: conformidade do ato com a ordem jurídica e veracidade dos fatos (sempre existe).
Autoexecutoriedade: permite que a Administração atue independente de autorização judicial.
Tipicidade: vem sempre definido em lei.
Imperatividade: faz com que o destinatário deva obediência ao ato, independente de concordância.

INVALIDAÇÃO, ANULAÇÃO E REVOGAÇÃO


Neste tópico, o que é mais cobrado em concursos, versa sobre diferenciar sobre a anulação e a revogação.

Sempre que se falar em ANULAÇÃO temos um ato ilegal e poderá ser feita tanto pela própria Administração
(Principio da autotutela), como pelo Poder Judiciário, se provocado.

Quando se falar em REVOGAÇÃO temos um ato legal, porém, por conveniência e oportunidade, este ato
se invalidará pelo julgamento do seu mérito! Lembrem-se, nesse caso apenas a Administração pode revogar, sendo
vedado ao Poder Judiciário.

Por fim, temos a CONVALIDAÇÃO, que consiste na correção de vícios sanáveis. Bizu: só haverá
convalidação em vícios quanto à FOrma e a COmpetência, então decora a frase: FO.CO na Convalidação.

227

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