DISSERTAÇÃO ENCADERNADA - Pe. CLAUDIO

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UNIVERSIDADE CATÓLICA DE PETRÓPOLIS

PRÓ-REITORIA DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO


CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE
MESTRADO EM PSICOLOGIA

Cláudio Manoel Luiz de Santana

CRENÇAS NA ESPIRITUALIDADE E REALIZAÇÃO DE SENTIDO DE VIDA:


UMA PESQUISA EM COGNIÇÃO SOCIAL

Petrópolis
2020
UNIVERSIDADE CATÓLICA DE PETRÓPOLIS
PRÓ-REITORIA DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO
CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE
MESTRADO EM PSICOLOGIA

CRENÇAS NA ESPIRITUALIDADE E REALIZAÇÃO DE SENTIDO DE VIDA:


UMA PESQUISA EM COGNIÇÃO SOCIAL

Dissertação apresentada ao Curso de Mestrado


em Psicologia do Centro de Ciências da Saúde
da Universidade Católica de Petrópolis (UCP)
como requisito parcial para a obtenção do título
de Mestre em Psicologia.

Orientador(a): Profª Drª Cleia Zanatta C. G. Duarte

Petrópolis

2020
Autorizo a reprodução e divulgação total ou parcial deste trabalho, por qualquer meio
convencional ou eletrônico, para fins de estudo e pesquisa, desde que citada a fonte.

CIP – Catalogação na Publicação

S232c Santana, Cláudio Manoel Luiz de.


Crenças na espiritualidade e realização de sentido de vida: uma
pesquisa em cognição social / Cláudio Manoel Luiz de Santana. –
2020.
136 f. : il.

Dissertação (Mestrado em Psicologia) – Universidade


Católica de Petrópolis, 2020.
Orientação: Profa. Dra. Cleia Zanatta Clavery Guarnido Duarte.
Linha de Pesquisa: Processo cognitivo, interação social e
problemas sociais.

1. Crenças. 2. Espiritualidade. 3. Sentido de vida. I. Duarte, Cleia


Zanatta Clavery Guarnido (Orient.). II. Título.

CDD: 150.198

Universidade Católica de Petrópolis (UCP)

Bibliotecária responsável: Marlena H. Pereira – CRB7: 5075


UNIVERSIDADE CATÓLICA DE PETRÓPOLIS
Centro de Ciências da Saúde
Curso de Mestrado em Psicologia

MESTRANDO: Cláudio Manoel Luiz de Santana

TITULO DA DISSERTAÇÃO: Crenças na Espiritualidade e Realização de


Sentido de Vida: uma pesquisa em cognição social.

Dissertação apresentada como requisito para


obtenção do grau de Mestre pelo Programa de
Pós- Graduação em Psicologia da UCP.
Aprovada pela Banca Examinadora abaixo assinada

Profª Drª Cleia Zanatta Clavery Guarnido Duarte


Orientadora
Universidade Católica de Petrópolis

Prof. Dr. Thiago Antônio Avellar de Aquino


Universidade Federal da Paraíba

Prof. Dr. Luís Antônio Monteiro Campos


Universidade Católica de Petrópolis

Petrópolis, 28 de agosto de 2020.

Prof. Dr. Luís Antônio Monteiro Campos


Coordenador do Mestrado em Psicologia/UCP

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Sincronizado com o NTP.br e Observatório Nacional (ON)

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Assinaturas (4)
Sueli Reis (Participante)
Assinou em 18/11/2020 às 13:08:02 (GMT -3:00)

Thiago Antônio (Participante)


Assinou em 18/11/2020 às 15:19:26 (GMT -3:00)

Luís Antônio (Participante)


Assinou em 18/11/2020 às 13:10:38 (GMT -3:00)

Cleia Zanatta (Participante)


Assinou em 18/11/2020 às 16:23:03 (GMT -3:00)

Histórico completo
Data e hora Evento
18/11/2020 às 13:07:18 Sueli Reis solicitou as assinaturas.
(GMT -3:00)
18/11/2020 às 13:08:02 Sueli Reis E-mail [email protected], IP: 179.233.106.120 assinou.
(GMT -3:00)
18/11/2020 às 15:19:26 Thiago Antônio E-mail [email protected], IP:
(GMT -3:00) 179.183.184.206 assinou.

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Comprovante de Assinatura Eletrônica

Data e hora Evento


18/11/2020 às 13:10:38 Luís Antônio E-mail [email protected], IP: 179.34.132.79 assinou.
(GMT -3:00)
18/11/2020 às 16:23:03 Cleia Zanatta E-mail [email protected], IP: 131.0.31.90 assinou.
(GMT -3:00)

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ocumento assinado eletronicamente, conforme MP 2.200-2/01, Art. 10o, §2. Página 2 de 2
Cláudio Manoel Luiz de Santana

CRENÇAS NA ESPIRITUALIDADE E REALIZAÇÃO DE SENTIDO DE VIDA:


UMA PESQUISA EM COGNIÇÃO SOCIAL

Dissertação apresentada ao Curso de Mestrado


em Psicologia do Centro de Ciências da Saúde
da Universidade Católica de Petrópolis (UCP)
como requisito parcial para a obtenção do
título de Mestre em Psicologia.

__________________________________________________
Profª Drª Cleia Zanatta Clavery Guarnido Duarte
Orientadora

__________________________________________________
Prof.º Dr.º Luiz Antônio Monteiro Campos
Coordenador

Nota: _______
Aprovado em: ______/______/________

___________________________________________________________
Prof.ª Dr.ª Cleia Zanatta Clavery Guarnido Duarte

___________________________________________________________
Prof.º Dr.º Luis Antonio Monteiro Campos

__________________________________________________________
Prof. º Dr.º Thiago Antonio Avellar de Aquino
Dedico o presente trabalho a Bete Schineidr e
Sônia Nascimento que me ensinaram a amar a
Psicologia e a Logoterapia, a todos os 1714
jovens que responderam a pesquisa e também
a todos os que buscam de forma sincera
encontrar sentido para o seu existir…
AGRADECIMENTOS

Minha profunda gratidão a Deus razão do meu viver, e à Igreja Católica que me
proporcionou este estudo.

Aos meus pais: Fernando Luiz de Santana e Sônia Santana Silva que são o sentido
para o meu existir.

Aos meus irmãos: Vanessa, Giulliano e Fernando Júnior (in memoriam)

Aos amigos sempre presentes: Luiz Fábio Domingos, Bruno Magalhães, Guilherme
Almeida, Fabio Azevedo, Kátia Nascimento, Priscila Engelke e Adriano Marques, por
estarem sempre comigo em todas as etapas de minha vida e me ajudarem a realizar o meu
sentido de vida hoje. Vocês são o meu sustento!

A minha querida orientadora Cléia Zanatta, sempre me surpreendendo como ser


humano. Seus ensinamentos e amizade transcendem o ambiente acadêmico, levarei por toda
minha vida.

E, por fim, agradeço a todos os professores, em especial aos Professores Tavares e


Luiz Antônio M. Campos e todos os amigos da Universidade Católica de Petrópolis, que me
ajudaram a chegar até aqui.
"Tem um sentido a minha vida?
A vida de um homem tem sentido?
Posso responder a tais perguntas
se tenho um espírito religioso"

(Albert Einstein)
RESUMO

A presente pesquisa contextualiza-se nos estudos da Cognição Social, particularmente


no conceito das Crenças, que constitui um tema largamente estudado não só na Psicologia
Social como na Psicologia Cognitiva, ciências humanas e sociais em geral. Crenças dizem
respeito a proposições que estabelecem relações entre objetos, pessoas e objetos, ideias,
dentre outros. A investigação ora em questão propõe-se a relacionar estes estudos com o de
Espiritualidade e Sentido de vida. Para tal, definiu-se como problema a seguinte questão: que
relações se pode estabelecer entre Crenças na Espiritualidade e realização de Sentido de vida
numa amostra de estudantes universitários brasileiros? A partir daí, definiu-se como objetivo
geral correlacionar crenças na espiritualidade, investigadas numa amostra de universitários
brasileiros, com a realização de sentido de vida e como objetivos específicos fundamentar, no
âmbito, dos estudos de cognição social o tema crenças na espiritualidade; compreender com
base nos estudos da Logoterapia a relação entre crenças na espiritualidade e sentido de vida e
investigar, empiricamente, a relação entre crenças na espiritualidade de jovens universitários
brasileiros, com a realização de sentido de vida. A pesquisa justifica-se pelo fato do
pesquisador ser sacerdote da Arquidiocese do Rio de Janeiro, tendo percebido, através de
diálogos com alguns jovens atendidos nas direções espirituais e aconselhamentos, que os
mesmos demonstram, às vezes, comportamento desinteressado e dificuldades para direcionar
suas vidas em busca da realização de sentido. Os estudos relativos aos temas dessa dissertação
fundamentam-se nos conceitos de crenças, na perspectiva da cognição social; espiritualidade
no âmbito dos estudos da Psicologia e Teologia e sentido de vida na perspectiva da
Logoterapia. Quanto à metodologia, trata-se de uma pesquisa empírica, quantitativa,
descritiva, correlacional, ex post facto, que traduz em números as respostas de 1298
universitários da Federação Brasileira. Os resultados da pesquisa mostraram que a maior parte
da amostra atingiu índices altos de realização de sentido de vida, bem como, em relação às
crenças na espiritualidade. As análises estatísticas (teste de normalidade, Estatística
inferencial, teste de hipóteses, ANOVA, MANCOVA, dentre outros) confirmaram uma
correlação forte entre as variáveis Crenças na Espiritualidade e Realização de sentido de vida,
ou seja, as Crenças na espiritualidade apresentam-se como preditoras para a realização de
sentido de Vida, nesta amostra. A dissertação está estruturada em torno de quatro capítulos,
onde o primeiro capítulo trata da introdução, com uma visão global do trabalho; o segundo diz
respeito à espiritualidade na perspectiva dos estudos das crenças em cognição social; o
terceiro diz respeito às contribuições da Logoterapia para estudar o conceito de sentido de
vida e relacioná-lo com crenças na espiritualidade e, por fim, o quarto dedica-se à pesquisa
empírica referente ao tema.

Palavras-chaves: Crenças. Espiritualidade. Sentido de Vida.


ABSTRACT

The present research is contextualized in the studies of Social Cognition, particularly


in the concept of Beliefs, which is a topic widely studied not only in the Social Psychology as
in Cognitive Psychology, human and social sciences in general. Beliefs concern propositions
that establish relationships between objects, people and objects, ideas, among others. The
investigation now in question aims to relate these studies with that of Spirituality and Sense of
life. To this end, it was defined as an issue the following question: what relationships can be
established between Beliefs in Spirituality and realization of the meaning of life in a sample
of students Brazilian university students? From there, it was established as a general objective
to correlate beliefs in spirituality, investigated in a sample of Brazilian university students,
with the realization of the meaning of life and as specific goals to support, in the scope, from
the studies of social cognition the theme of beliefs in spirituality; understand, based on the
reviews of Logotherapy, the relationship between beliefs in spirituality and sense of life and
investigate, empirically, the relationship between beliefs in the spirituality of young people
Brazilian university students, with the realization of a sense of life. The research is justified
because the researcher is a priest of the Archdiocese of Rio de Janeiro, having perceived
through dialogues with some young people served in the spiritual and counseling, which they
sometimes demonstrate disinterested behavior and difficulties to direct their lives in search of
the realization of meaning. The studies related to the themes of this dissertation are based on
the concepts of beliefs, social cognition perspective; spirituality in the field of Psychology and
Theology and meaning of life from the standpoint of Logotherapy. As for the methodology,
we empirical, quantitative, descriptive, correlational research, ex post facto, which translates
the responses of 1298 university students from the Brazilian Federation into numbers. The
survey results showed that most of the sample reached high rates of realizing the meaning of
life, as well as concerning beliefs in spirituality. Statistical analyzes (normality test, inferential
statistics, hypothesis test, ANOVA, MANCOVA, among others) confirmed a strong
correlation between variables Beliefs in Spirituality and Realization of the meaning of life that
is, the Beliefs in spirituality present themselves as predictors for the realization of meaning in
this sample. The dissertation is structured around four chapters, where the first chapter deals
with the introduction, with an overview of the work; The the second concerns spirituality
from the perspective of studies of beliefs in social cognition; the third is related to the
contributions of Logoterapia to study the concept of meaning of life and relate it to beliefs in
spirituality and, finally, the fourth is dedicated to empirical research on the topic.

Keywords: Beliefs. Spirituality. Sense of Life.


LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1: Disposição dos 5 Principais Estados com Respondentes Predominantes no


Brasil.......................................................................................................................................62
Gráfico 1: Histograma da Idade da Amostra.........................................................................62
Gráfico 2: Sexo......................................................................................................................63
Gráfico 3: Religiosidade........................................................................................................63
Gráfico 4: Estado Civil..........................................................................................................64
Gráfico 5: Cursos universitários............................................................................................64
Tabela 1: Descritivos de Instrumentos Psicométricos...........................................................72
Gráfico 6: Histograma Questionário de Sentido de Vida – Presença....................................74
Gráfico 7: Boxplot - QSV – Presença....................................................................................75
Gráfico 8: Histograma - Q S V – Busca.................................................................................76
Gráfico 9: Histograma Boxplot – Q S V- Busca....................................................................76
Gráfico 10: Histograma – WHOQOL-SRBP - Conexão a ser ou força espiritual.................77
Gráfico 11: Histograma – WHOQOL-SRBP – FÉ................................................................78
Tabela 2: Testes de Normalidade/ Fonte: Elaborado pelo autor............................................79
Tabela 3: Correlações Não-Paramétricas...............................................................................81
Figura 2: Testes de U de Mann-Whitney para diferença entre sexos....................................82
Tabela 4: Descritivos..............................................................................................................83
Gráfico 12: Histograma do Sexo Masculino para Presença de Sentido de Vida....................84
Gráfico 13: Histograma do Sexo Feminino para Presença de Sentido de Vida......................85
Gráfico 14: Histograma do Sexo Masculino para Conexão a Ser ou Força Superior.............85
Gráfico 15: Histograma do Sexo Feminino para Conexão a Ser ou Força Superior...............86
Gráfico 16: Boxplot dos Sexos para Presença de Sentido de Vida.........................................87
Gráfico 17: H2.8 – Boxplot dos Sexos para Presença de Sentido de Vida.............................87
Tabela 5: H3.1 – Correlações Não-Paramétricas de Spearman..............................................89
Figura 3: Religiosidade I........................................................................................................89
Figura 4: Religiosidade II.......................................................................................................90
Tabela 6: ANOVA..................................................................................................................91
Tabela 7: Comparações múltiplas...........................................................................................92
Figura 5: Diferença de Médias para Presença de Sentido de Vida entre diferentes grupos
referentes a Religiosidade........................................................................................................95
Figura 6: Diferença de Médias para Busca de Sentido de Vida entre diferentes grupos
referentes à Religiosidade........................................................................................................96
Figura 7: Diferença de Médias para Conexão a Ser ou Força Superior entre diferentes grupos
de Religiosidade......................................................................................................................96
Figura 8: Diferença de Médias para Fé entre diferentes grupos de Religiosidade.................97
Tabela 8: Descritivos..............................................................................................................98
Figura 9: Desenho da Pesquisa para uma ANOVA...............................................................99
Figura 10: Desenho da Pesquisa para uma MANCOVA.......................................................99
Tabela 9: Testes Multivariáveisa...........................................................................................100
Tabela 10: Testes de efeitos entre assuntos...........................................................................102
LISTA DE ABREVIATURAS

ANOVA Análise das variâncias


COVID 19 Doença infecciosa causada pelo Coronavírus
DP Desvio padrão
EBE Escala de Bem-Estar Espiritual
H1 Hipótese 1
H2 Hipótese 2
H3 Hipótese 3
H4 Hipótese 4
WHOQOL Escala de Qualidade de Vida
WHOQOL-BRIF Escala de Qualidade de Vida Abreviada
WHOQOL-SRPB Escala de Espiritualidade, Religião e Crenças Pessoais
M Média
OMS Organização Mundial da Saúde
QSV Questionário de Sentido de Vida
QV Qualidade de Vida
SV Sentido de Vida
TCLE Termo de Consentimento Livre Esclarecido
UCP Universidade Católica de Petrópolis
MANCOVA Análise de Covariância Multivariada
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO .......................................................................................................... 16

1.1 TEMA........................................................................................................................ 16

1.2 QUESTÃO PROBLEMA ......................................................................................... 19

1.3 OBJETIVOS ............................................................................................................. 20

1.3.1 Objetivo geral ................................................................................................ 20

1.3.2 Objetivos específicos ..................................................................................... 20

1.4 HIPÓTESES.............................................................................................................. 20

1.5 JUSTIFICATIVA ...................................................................................................... 21

1.6 RELEVÂNCIA ......................................................................................................... 22

1.7 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ............................................................................ 23

1.8 METODOLOGIA ..................................................................................................... 27

1.8.1 Delineamento de pesquisa ............................................................................ 27

1.8.2 Participantes .................................................................................................. 27

1.8.3 Variáveis sociodemográficas ........................................................................ 27

1.8.4 Instrumentos de coleta de dados .................................................................. 27

1.8.5 Estruturação dos capítulos ........................................................................... 28

2 A ESPIRITUALIDADE NA PERSPECTIVA DOS ESTUDOS DAS CRENÇAS


E COGNIÇÃO SOCIAL ........................................................................................................ 29

2.1 CONCEITO DE ESPIRITUALIDADE .................................................................... 29

2.2 CRENÇAS NA ESPIRITUALIDADE ..................................................................... 35

2.3 CRENÇAS NA ESPIRITUALIDADE NA PERSPECTIVA DOS ESTUDOS DA


COGNIÇÃO SOCIAL.............................................................................................................. 42

3 CONTRIBUIÇÕES DA LOGOTERAPIA PARA RELACIONAR OS TEMAS


CRENÇAS NA ESPIRITUALIDADE E SENTIDO DE VIDA ......................................... 46

3.1 LOGOTERAPIA COMO CAMPO DE ESTUDOS EM PSICOLOGIA ................. 46


3.2 O CONCEITO DE SENTIDO DE VIDA ................................................................. 50

3.3 RELAÇÕES ENTRE CRENÇAS NA ESPIRITUALIDADE E SENTIDO DE


VIDA................. ....................................................................................................................... 55

4 PESQUISA .................................................................................................................. 61

4.1 DELIMITAÇÃO DA PESQUISA ............................................................................ 61

4.2 DESCRIÇÃO DA AMOSTRA DE PARTICIPANTES E DELIMITAÇÃO


SOCIODEMOGRÁFICA DA PESQUISA .............................................................................. 61

4.3 INSTRUMENTOS DE COLETA DE DADOS ........................................................ 65

4.5 RESULTADOS E DISCUSSÃO .............................................................................. 71

4.5.1 Análise das variáveis ..................................................................................... 71

4.5.2 Testes de normalidade .................................................................................. 78

4.5.3 Hipóteses e estatística inferencial ................................................................ 79

4.5.4 Anova ............................................................................................................. 90

4.5.5 Mancova ......................................................................................................... 98

4.6 CONCLUSÃO ........................................................................................................ 103

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS .................................................................................. 106

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ...................................................................... 108

APÊNDICES................................................................................................................ 119

APÊNDICE A – TABELA DE DADOS SOCIODEMOGRÁFICOS .......................... 119

APÊNDICE B – DIVULGAÇÃO DA PESQUISA ...................................................... 120

ANEXOS ...................................................................................................................... 122

ANEXO A – ESCALA DE SENTIDO DE VIDA........................................................ 122

ANEXO B – WHOQOL-SRPB .................................................................................... 123

ANEXO C – CARTA DE APRESENTAÇÃO............................................................. 125

ANEXO D – TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO ............. 126


ANEXO E – PARECER DO COMITÊ DE ÉTICA ..................................................... 127
16

1 INTRODUÇÃO

1.1 TEMA

Esta pesquisa tem como tema crenças na espiritualidade e realização de sentido de


vida. De início, é importante destacar e localizar o estudo das crenças - numa abordagem
psicológica - dentro do segmento teórico das disciplinas de Psicologia Social e Cognição
Social, considerando que elas (crenças) são primordialmente representações mentais,
simbólicas, fruto de uma convicção da pessoa relacionada às cognições, afetos e motivações.
Segundo Krüger (1986), as crenças podem ser entendidas como “proposições que, na sua
formulação mais simples, afirmam ou negam uma relação entre dois objetos concretos ou
abstratos, ou entre algum objeto ou algum possível atributo deste” (Krüger 1986, p. 32).

A compreensão do conceito de crenças apresenta-se por meio de uma sentença


deliberada por uma pessoa que se constitui fruto de uma experiência vivida previamente e que
é marcada por uma representação carregada de significados e simbolismos. É exatamente na
experiência particular do dia-a-dia que reside o surgimento das crenças, embebidas dos
processos cognitivos – principalmente pela percepção – e que geram representações
psicológicas da realidade. Guimarães (2010) define crenças como um estado teorético que
caracteriza a forma com que a pessoa se orienta na realidade vivida, como uma expectativa ou
predisposição desse indivíduo para a ação, face ao que lhe apresenta a realidade. Para
Rokeach (1968, p.113), “todas as crenças são predisposição para a ação”. Nesse sentido, as
crenças servem para conduzir e orientar o homem nas suas interações com o mundo,
predispondo-o a agir.

O conceito de crenças, segundo Tompson (1992), tem sido considerado insuficiente,


conquanto se reconheça o esforço de muitos pesquisadores em se debruçar na tarefa de
entender a distinção entre crença e conhecimento. O termo crença, no seu significado mais
primitivo, designa “uma realidade mental de aceitação ou assentimento” (Fontaine, 1998, p.
523), diante de sentenças que são tidas como verdadeiras, constituindo um devaneio ou até
mesmo uma possibilidade de verdade sobre essa proposição que se dá desde uma simples
declaração ou uma afirmação de cunho científico.

É imprescindível ressaltar que a crença em si dispensa o grau da veracidade. Ou seja,


não supõe valor algum diante da realidade epistemológica, bastando ser aceita ainda que,
17

subjetivamente, por, ao menos, um indivíduo. Corroborando tal ideia, entende-se que as


crenças encontram-se presentes nos processos cognitivos e, indubitavelmente, são
consideradas como tais, através de uma adesão individual ou coletiva (Fiske e Taylor, 2017).

Para Nassif (2019), as crenças são estabelecidas na vida do homem, primordialmente


na infância, quando a criança começa a experimentar as realidades a sua volta e aos poucos
vão se transformando em verdades absolutas. Tais verdades constituem o ethos humano, ou
seja, realidades experienciadas que estão presentes e atuam a todo o tempo, exercendo uma
influência que determina o agir humano. Segundo o mesmo autor, quando o homem percebe o
que está ao seu redor, ele volta toda sua atenção para as informações que conjuguem com suas
crenças pessoais, podendo ou não gerar antagonismo, desconsiderando, assim, as que entram
em contradição com elas.

Sabe-se que as crenças são aprendidas, podem ser avaliadas e permitem fazer juízo
acerca de sua adequação aos contextos, pois algumas podem trazer prejuízos às pessoas,
limitando-as e dificultando-as em suas escolhas e decisões assertivas. Assim, o indivíduo
pode identificá-las, abandoná-las ou substituí-las para que encontre equilíbrio e tenha
possibilidade de fazer outras interpretações e dar novos significados às realidades vividas
anteriormente em que não houve tanto sucesso (Nassif, 2019).

O processo de aquisição, bem como o de mudança de concepção das crenças dá-se no


desenrolar de toda vida do ser humano, por meio da interação social que é reconhecida como
“transmissão cultural". Alguns autores acreditam que esse processo se desenvolve em três
etapas, a saber: em primeiro lugar a inculturação, que corresponde ao processo de aprendizado
não orientado, onde as pessoas aprendem pela "observação, participação e imitações
individuais” (Tompson, 1992, p. 316); em segundo lugar, a educação que se dá pelo processo
inverso, ou seja, orientado de forma intencional, que visa uma aprendizagem dentro de
normas culturais; e, por fim, a instrução que é o ensino propriamente dito, que ocorre também
de forma intencional nas instituições específicas (Guimarães, 2010).

Segundo Rokeach (1981), quanto maior for o grau de importância da crença para uma
pessoa, tanto maior será a dificuldade que haverá de enfrentar para desassociar-se dela. Tais
crenças enraizadas dizem respeito, primordialmente, à apresentação daquilo que a pessoa é ou
considera ser, sua própria essência ou identidade. As crenças são modeladoras da
representação da realidade e estão diretamente relacionadas à maneira como agem os
indivíduos. Na verdade, elas influenciam o modo como o ser humano se relaciona, se percebe
18

e interage com os demais e determina o comportamento, as atitudes, as escolhas, que estão em


consonância direta com seu estilo de vida e crenças.

O conjunto de crenças, formado com todo o arcabouço de impressões, denominado


sistemas de crenças, determina ao longo da vida do homem a sua percepção social, levando-o
a interpretar os fatos, construindo, assim, sua identidade e fazendo-o expressar-se nos
processos sociais coletivos. O processo de formação desse importante sistema se dá pela
aprendizagem, pela educação recebida, pela socialização, pelos valores e costumes adquiridos
(Krüger, 2018).

Dado o exposto da pesquisa, pode–se afirmar que os sistemas de crenças configuram a


singularidade humana, fazendo-os diferentes uns dos outros, permitindo assim que cada ser
seja capaz de deixar a impressão dos traços da sua pessoalidade nas diversas atividades que
desempenha ao longo da vida. Já para Rokeach (1976), o homem possui uma quantidade
incalculável de crenças muito bem organizadas que se constituem segundo os níveis próprios
de sua estrutura. Tais agrupamentos apresentam a maneira como são formadas e conservadas
no ser humano. Nesse sentido, para os sistemas de crenças, o modo como o ser humano
percebe e considera a realidade é mais importante do que o ato de acreditar.

Como afirmou Shermer (2012), as crenças são sustentadas por escolhas pessoais,
psicológicas, emocionais que estão diretamente ligados à realidade de família, rede de amigos,
visão de mundo e percepção social. Deste modo, faz-se mister notar que, em primeiro lugar, o
indivíduo formula suas crenças e, logo em seguida, busca fundamentos para corroborá-las e
mantê-las. O homem vive mergulhado em seu sistema de crenças e faz todo esforço possível
para defendê-lo, utilizando, muitas vezes, raciocínios lógicos e explicações convincentes para
alimentá-lo e reforçá-lo.

É importante destacar a contribuição de Spezio e Adolphs (2010) e Danásio (2004)


que por meio de pesquisas, concluíram que a formação das crenças se dá, indubitavelmente,
pela emoção e cognição. Tais crenças são capazes de fazer com que o indivíduo acredite em
tudo ou apresente razões para reforçá-las ou justificá-las sempre. Segundo Beck, o pai da
Teoria Cognitivo Comportamental, “a maneira como os indivíduos percebem e processam a
realidade influenciará na maneira como eles sentem e se comportam” (Knapp e Beck, 2008, p.
57). Tal abordagem terapêutica assegura que as emoções e os comportamentos dos seres
humanos não são influenciados pelos eventos em si, mas, no fundo, eles se dão à medida em
que os eventos são percebidos, uma vez que são frutos de experiências acumuladas ao longo
de suas vidas.
19

Dentro da cognição social, o tema das crenças é de suma importância, já que este
direciona o agir do indivíduo e regula os processos humanos de interação dentro e fora dele.
Quando as crenças estabelecem relação com as motivações interiores do homem, são capazes
de fazer contato com toda a dimensão humana, inclusive com a sua espiritualidade,
permitindo denominá-las crenças espirituais. Este tema será melhor abordado ao longo do
subcapítulo 2.1 da presente dissertação.

Os estudos sobre crenças favorecem inserir o conceito de espiritualidade numa


perspectiva científica. Assim, a espiritualidade aqui considerada corresponde a uma realidade
para além da materialidade. Ou seja, pode ser compreendida como uma força interior do
homem que o motiva e impulsiona a buscar o sentido último de sua vida, conduzindo-o por
um caminho de superação e autoconhecimento. Acima de tudo, é a abertura que o homem
possui para o que lhe é transcendente, para o Sagrado, que se dá num processo de
relacionamento, de entrega e de mútua escuta, conferindo ao ser humano uma capacidade
maior de se escutar e progredir numa vida de alteridade e realização.

Outro conceito abordado nessa dissertação é o de sentido de vida na perspectiva da


Logoterapia que supõe a ideia de crenças em ideais superiores ou valores éticos que
determinam a realização de sentidos para viver. Pretende-se, portanto, que o conceito de
crenças possa subsidiar os estudos dos temas da espiritualidade e sentido de vida no contexto
da cognição social dado que tanto a espiritualidade quanto a realização de sentido de vida
dependem da ação dos processos psíquicos (percepção, linguagem, atenção, memória,
capacidade de emitir juízos, dentre outros) em interação social experimentada pelas pessoas.

Em outras palavras, os estudos sobre a cognição social e crenças favorecem a


possibilidade de relacionar o tema espiritualidade, como uma dimensão humana para além da
realidade percebida e realização do sentido de vida como decorrente de uma vida voltada para
a construção de valores éticos.

1.2 QUESTÃO PROBLEMA

A partir das análises acima, definiu-se como questão problema: que relações se pode
estabelecer entre crenças na espiritualidade e realização de sentido de vida numa amostra de
estudantes universitários brasileiros?
20

1.3 OBJETIVOS

1.3.1 Objetivo geral

Correlacionar crenças na espiritualidade, investigadas numa amostra de universitários


brasileiros, com a realização de sentido de vida.

1.3.2 Objetivos específicos

• Fundamentar no âmbito dos estudos de cognição social o tema crenças na


espiritualidade.
• Compreender, com base nos estudos da Logoterapia, a relação entre crenças na
espiritualidade e sentido de vida.
• Investigar, empiricamente, a relação entre crenças na espiritualidade de jovens
universitários brasileiros, com a realização de sentido de vida.

1.4 HIPÓTESES

• H1 - Há relações significativas entre crenças na espiritualidade e sentido de vida em


universitários brasileiros
• H2 - Há relações significativas entre crenças na espiritualidade e sentido de vida em
universitários brasileiros quando se considera sexo como fator diferenciador
• H3 - Há relações significativas entre crenças na espiritualidade e sentido de vida em
universitários brasileiros quando se considera faixa etária como fator diferenciador
• H4 - Há relações significativas entre crenças na espiritualidade e sentido de vida em
universitários brasileiros quando se considera categorias: religioso, ateu, agnóstico,
espiritualista como fator diferenciador
21

1.5 JUSTIFICATIVA

O presente projeto de pesquisa justifica-se pelo interesse do pesquisador em estudar o


tema crenças na espiritualidade e realização de sentido de vida nos universitários, uma vez
que o mesmo é religioso (sacerdote da Arquidiocese do Rio de Janeiro) e, com muita
frequência, acompanha jovens seja pela direção espiritual, por conversas e aconselhamentos e
pelas vivências sacramentais, percebendo que alguns deles costumam demonstrar um
comportamento desmotivado ou apresentam dificuldades para direcionar suas vidas em busca
de realização de sentido.

Nesse contexto, surge ainda a constatação de que, de acordo com estudos sociológicos,
antropológicos e da Psicologia Social, corroborados e difundidos pela mídia, estamos
inseridos numa época de mudanças aceleradas, relacionamentos interpessoais e até mesmo
coletivos marcados por turbulência, ausência de ideais superiores para inspirar a vida,
dificuldades de estabelecer vínculos, diminuição da influência dos valores morais, éticos e das
tradições. Assim, admite-se que os jovens possam experimentar uma carência de critérios
sólidos para direcionar suas vidas e nelas realizarem-se como pessoas.

Optou-se por pesquisar os universitários, por perceber que nessa fase da vida em que o
jovem adentra a universidade até o seu término, existem profundas transformações. Se os
estudantes universitários forem analisados pelo viés antropológico-social poder-se-ia afirmar
que sua passagem para a vida adulta se constitui por fechamentos e aberturas de ciclos:
término da escola, ingresso na faculdade, formatura, conquista do trabalho, namoro,
casamento, dentre outros. Na atualidade, esse fechamento de um ciclo e abertura de outro, não
tem sido tão bem definido como outrora e, na verdade, muitos desses acontecimentos ocorrem
durante esse período universitário.

Em rigor, o estudante quando entra no ambiente universitário possui muitas


expectativas, desde a instituição a que pertence, como são vistos pelos professores, se são
aceitos ou não pelos outros estudantes, se o curso que está fazendo é o que lhe realizará como
pessoa ou se é apenas o que lhe dará um lugar qualificado no mercado de trabalho, dentre
outras. Neste ínterim, percebe-se, em meio a heterogeneidade de pensamentos e expectativas,
que cada um possui o desejo de que essa etapa de suas vidas seja trilhada da forma mais
singular possível, muito embora, saibam que é um período de descobertas, de mudanças ou de
fortalecimento de seus valores e ideais de vida.
22

Na atualidade, o perfil do jovem universitário tem sido alvo de muitas pesquisas, que
inclusive apontam que, apesar de se preocuparem com a estabilidade financeira, - para não
depender tanto de seus pais – como estágios remunerados e posicionamento frente ao mercado
de trabalho, comparados às gerações anteriores, estão desenvolvendo mais lentamente o
processo de amadurecimento (Ramos, 2006; INPR, 2005; Singly, 2007). Tal constatação
reflete diretamente em suas relações de amizade e também com seus professores. De um
modo geral, esses dados decorrem justamente das exigências sociais que lhes são impostas e
inseguranças pessoais para manter sua autonomia nessa nova fase de sua vida.

O estudante universitário, ao iniciar esse ciclo, sofre com algumas possíveis


mudanças: o distanciamento de sua família, uma nova rede de amizades, novas propostas de
entretenimento, exigência de uma postura sóbria para cumprir as novas responsabilidades
acadêmicas. Se por um lado, o ambiente universitário oferece crescimento em âmbito pessoal
e profissional, por outro lado, percebe-se que existem propostas que podem influenciar sua
saúde, seja por meio de uso de drogas, bem como a presença de diversos fatores estressores
como o aumento da cobrança, competições impostas, trote de calouros, maior dificuldade nas
avaliações, escassez de tempo para as antigas amizades, dentre outros (Soares, Baldez, &
Mello, 2011)

Segundo Costa e Leal (2008), um expressivo número de pesquisadores, ao procurar


técnicas e estratégias para otimizar e melhorar o estilo e qualidade de vida dos universitários,
constatou que a espiritualidade pode atuar como um excelente recurso psicossocial, preditora
de saúde e protetor contra fatores estressantes, gerando, assim, um melhor estado psicológico
e emocional, trazendo maior equilíbrio frente aos desafios que lhes são impostos. Assim, a
espiritualidade contribui positivamente combatendo esses fatores estressantes, bem como
auxiliando um número considerável de estudantes com depressão.

1.6 RELEVÂNCIA

O trabalho pretende ser relevante do ponto de vista acadêmico já que se propõe a


discutir e relacionar temas abrangentes do âmbito teórico de Psicologia e Teologia: crenças na
espiritualidade e sentido de vida.

A espiritualidade, como a expressão possível do que transcende ao humano, constitui


tema que desperta e aguça também a curiosidade do meio acadêmico, principalmente em
23

relação à Psicologia, haja vista que esta dimensão interage, em muitos momentos, com
processos psíquicos cognitivos, afetivos, repercutindo sobre a conduta e o comportamento das
pessoas em diferentes contextos da vida individual e coletiva. Afora isto, há estudos
científicos que envolvem a temática das crenças na espiritualidade como um fator
expressivamente influente sobre a vida das pessoas, saúde psíquica, prevenção a doenças,
desde que estas crenças estejam numa proporção construtiva, lógica e que favoreçam a
melhoria das condições humanas.

Assim, supõe-se que a pesquisa seja relevante para estudantes e profissionais das áreas
de ciências humanas, sociais, da saúde, bem como, no âmbito da teologia por se tratar de uma
reflexão baseada numa revisão de literatura provinda dos estudos no âmbito da psicologia
sobre um tema que transcende esta área do conhecimento numa época da sociedade
caracterizada por relativismo, núcleos típicos de individualismo, baixa perspectiva de futuro e
ritmo acelerado que interferem nos relacionamentos pessoais e interpessoais de forma
negativa. Tudo isso, contribuindo para um vazio existencial e menor probabilidade de
realização de sentido de vida.

1.7 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Optou-se por abordar neste item algumas considerações teóricas sobre o tema sentido
de vida sob a égide Logoterápica, teoria criada por Frankl, pesquisador, neurologista e
filósofo nascido em Viena no ano de 1905. A Logoterapia constitui-se uma abordagem
psicoterápica, desenvolvida posterior à escola psicanalista de Freud e à Psicologia Individual
de Adler. Por um lado, tal abordagem trata da busca de significado para a vida e da realização
de sentidos como motivador primário do ser humano e, por outro, das possibilidades de
desajustes psíquicos por ocasião da frustração existencial, quando essa realização não é
concretizada. A teoria foi constituída na primeira metade do século XX, com sólidas bases
filosóficas e mediante as experiências clínicas com jovens de Viena em situação de risco
(Frankl, 1989).

O sistema frankliano baseia-se na crença de que o principal objetivo do homem é


encontrar e realizar sentidos em sua vida. Para Frankl (1989), sua experiência como
prisioneiro de campo de concentração nazista na Segunda Guerra Mundial o fez fortalecer as
suas crenças pessoais no sentido da vida, ao analisar sua própria existência o que lhe permitiu
24

conhecer melhor quem é o homem. Como ele bem indaga: “O que é, então, um ser humano?
É o ser que sempre decide o que ele é. É o ser que inventou as câmaras de gás; mas é também
aquele ser que entrou nas câmaras de gás, ereto, com uma oração nos lábios” (Frankl, 1989,
p.113).

O tema sentido de vida no corpo teórico da Psicologia classifica-se como o principal


conceito de Logoterapia que se inclui como uma teoria psicológica de base humanista
existencial. Sendo a busca de sentido a principal tarefa do indivíduo, este sentido é específico
e particular para cada pessoa considerada individualmente e só pode ser cumprido por ela,
assumindo a importância que vai satisfazer a sua própria vontade de sentido.

A auto-realização não constitui a busca última do ser humano. Não é sequer


sua intenção primária. A auto-realização, se transformada num fim em si
mesmo, contradiz o caráter auto transcendente da existência humana. Assim
como a felicidade, a auto-realização aparece como efeito, isto é, o efeito da
realização de um sentido. Apenas na medida em que o homem preenche um
sentido lá fora, no mundo, é que ele realizará a si mesmo. Se ele decide
realizar a si mesmo, ao invés de preencher um sentido, a auto-realização
perde imediatamente sua razão de ser (Frankl, 2017, p. 38).

A abordagem de Frankl (2005) tem um viés existencial e é uma proposta de re-


humanização das teorias psicológicas que se apoia numa visão antropológico-filosófica
tridimensional do ser humano, ou seja, de que o homem é um ser bio-psico-espiritual, sendo a
dimensão espiritual também denominada noética. Para Frankl (2005), as dimensões biológica
e psicológica constituem o psicofísico, que é subordinado à dimensão noética. Esta dimensão
constitui uma realidade ontológica que, portanto, caracteriza a essência daquilo que é humano,
isto é, o lócus do sentido da vida, de consciência, de liberdade, de responsabilidade, de senso
de humor, de criatividade, de espiritualidade, de religiosidade. Assim, quando a dimensão
psicofísica adoece ou enfraquece, o homem busca vida e força na dimensão noética, porque
esta não adoece (Zanatta, 2018) e exerce uma função protetiva.

Outro pressuposto filosófico da teoria de Frankl são os três pilares nos quais se baseia:
a liberdade da vontade, a vontade de sentido e o sentido de vida. A liberdade da vontade, de
acordo com a teoria frankliana, sustenta que o homem não está inteiramente sujeito aos seus
condicionamentos, mas detém a condição de decidir em face às questões internas
(psicológicas) e externas (biológicas e sociais). A liberdade, segundo Frankl (2018), é
apresentada como o “espaço da vida de alguém dentro dos limites das possibilidades dadas”.
25

Em ouras palavras, ainda que não se consiga mudar as circunstâncias, o indivíduo possui a
capacidade de decidir como responder, diante desses acontecimentos (Frankl, 2018, p.39).

Em rigor, Frankl (2006) sugere que o mesmo ser é condicionado tanto pela dimensão
biológica quanto pelas dimensões psíquica e social, entretanto possui a capacidade de decidir
perante tais condicionamentos. Sobre a vontade de sentido, Frankl (2017) declara ser uma das
motivações primárias de todo homem. Segundo ele, o ser humano não almeja apenas a
liberdade, ele deseja ser livre para algo – seus objetivos ou propósitos, por exemplo. A busca
pelo sentido é vista como uma pretensão primordial do ser humano. Quando o homem não
consegue ascender o seu ‘desejo por sentido’, sua vida pode fazer contato com um abismo. E,
por último, o sentido de vida, que se constitui como um axioma filosófico concebendo que, se
há uma busca de sentido por parte do ser humano, há também um sentido a ser desvelado e o
mesmo estaria latente em suas realidades vivenciais (Frankl, 2008).

A Escola de Frankl acredita que os seres humanos são chamados a oferecer o melhor
que possuem de si mesmos no mundo, exatamente neste instante. Ele entende que o indivíduo
busca significado em tudo que vive, em suas experiências, boas ou não. Deste modo, a
Logoterapia não ensina que se tenha apenas um significado geral da vida, dado que, “cada
instante contém um significado em si mesmo, específico, cabendo ao que vive aquele
momento descobrir qual o significado que ele possui, a fim de poder ter uma vida sadia, feliz
e realizada” (Frankl, 2006, p.72).

É imprescindível ressaltar que o indivíduo encontrará sentidos na vida por meio de sua
relação com o mundo, uma vez que o homem se constitui “ser no mundo”. Assim sendo,
Frankl (1989) assegura, a partir dessa premissa, que o ser humano será capaz de realizar os
sentidos por três vias, a saber: valores vivenciais (onde o indivíduo realizaria o sentido
vivenciando algo especial ou com alguém ao seu lado), valores criativos (onde o indivíduo
realizaria o sentido criando algo, por exemplo, científico ou artístico, etc.), valores atitudinais
(onde o indivíduo realizaria o sentido mediante a tomada de atitude, perante situações que não
pode transformar: uma tragédia, por exemplo).

No tocante à realização pessoal, Frankl assegura que o ser humano “se realiza, não se
preocupando com o realizar-se, mas esquecendo a si mesmo e dando-se, descuidando de si e
concentrando seus pensamentos para além de si” (Frankl, 2005, p. 29). Em sua etimologia, a
palavra existir, advinda do latim “ek-sistere”, diz respeito primordialmente a “sair de si”.
Desse modo, a Logoterapia fala do conceito de autotranscedência como capacidade humana
de sobrepor-se a si e suas necessidades, abdicando de si, para então encontrar o sentido. Em
26

todos os seus escritos, Frankl descarta a noção de “autorrealização” no que tange a buscas
pessoais, deixando em segundo plano a realização de sentido de vida. Frankl (1988) afirma
que a preocupação em excesso em autorrealizar-se leva o ser humano ao vácuo existencial,
uma vez que o indivíduo erra o alvo ao buscar em coisas e situações algo que possa ocupar ou
saciar suas inquietações e desejos.

Em rigor, a logoterapia apresenta a visão do homem que precisa ser concebido como
ser integral e capaz de encontrar sentido. Ao compreender o ser humano em apenas a uma
dimensão, seja ela biológica, psicológica, social ou mesmo espiritual, as diferenças ficam
camufladas e há risco de massificação e de uma visão reducionista do indivíduo. Questionado
muito tempo após sua libertação a respeito das limitações fisiológicas do ser humano, ele
respondeu:

É verdade, como professor de neurofisiologia e psiquiatra, compreendo


muito bem as limitações fisiológicas do ser humano. Porém, como
sobrevivente de um campo de concentração, sei também de tudo que o ser
humano pode realizar apesar das circunstâncias extremas (Frankl, 2006, p.
125).

Não se pode deixar de ressaltar que os pressupostos estabelecidos pela Logoterapia


têm seus fundamentos no fato de que o homem é o único animal a pensar sobre essa realidade
de satisfação de vida, posto que possui uma dimensão espiritual – denominada como
dimensão noológica, - dos quais procedem todos os fenômenos eminentemente próprios do
homo sapiens. Por conta dessa realidade, o homem pode superar todos os condicionamentos e
desenvolver estratégias para a realização de sentido de vida. Segundo o mesmo Frankl (2005),
uma tensão é sempre gerada quando o homem busca seu sentido de vida, que consiste em um
pré-requisito básico para a saúde mental, uma vez que “ a saúde mental está baseada em certo
grau de tensão, tensão entre aquilo que já se alcançou e aquilo que deveria alcançar, ou o hiato
entre o que se é e o que deveria vir a ser” (Frankl, 2011, p.61).

Por fim, em seu livro Em Busca de Sentido, Frankl (1989) narra um fato ocorrido em
Dachal quando conheceu um jovem que disse que iria se matar, justificando não suportar mais
tal condição. Frankl questionou se ele não tinha nenhum motivo para estar vivo. Conforme a
conversa foi se desenvolvendo, o rapaz relatou que, antes de ser preso pelos nazistas e
enviado ao campo de concentração, lecionava geografia, que havia começado a escrever
alguns livros e que gostaria muito de terminá-los. Foi através desse propósito que Frankl o
27

incentivou a resistir e lutar por sua sobrevivência. Em suma: a proposta de Frankl perpassa a
vivência diária de cada um, cujo fundamento motivacional está em fazê-lo descobrir o
sentido. Tal experiência humana apresenta a luta (capaz de transcender o sofrimento) que
cada um deve travar para encontrar na leitura da realidade a realização de sentidos.

1.8 METODOLOGIA

1.8.1 Delineamento de pesquisa

Trata-se de uma pesquisa empírica, quantitativa, descritiva, que traduz em números as


respostas dos estudantes universitários, investigados com relação às crenças na espiritualidade
frente à realização de sentido de vida, provindos de todos os estados da Federação Brasileira.

1.8.2 Participantes

A pesquisa ocorreu com 1289 estudantes provindos dos diversos estados do Brasil,
que responderam a pesquisa de forma virtual, on-line, por meio de um link gerado pelo
Google Forms.

1.8.3 Variáveis sociodemográficas

As variáveis elencadas com base nos estudos que foram feitos sobre o tema da
pesquisa e também nos fatores dos instrumentos de coleta de dados escolhidos foram: faixa
etária, sexo, crença religiosa ou não, curso universitário e estado da Federação Brasileira a
qual pertence, por entender que seriam as que melhor fornecem condições de análise viável
em relação aos temas da pesquisa.

1.8.4 Instrumentos de coleta de dados


28

Dois foram os instrumentos utilizados na pesquisa. O primeiro é o (WHOQOL-SRPB)


da Organização Mundial da Saúde. Trata-se de um instrumento que avalia de que forma a
espiritualidade, religião e crenças pessoais estão relacionadas à Qualidade de Vida (QV). O
módulo WHOQOL-SRPB versão português brasileiro é constituído de 26 perguntas (sendo os
itens 1 e 2 sobre a qualidade de vida geral). As respostas seguem uma escala Likert (de 1 a 5)
e quanto maior a pontuação melhor a qualidade de vida, considerando que dos 5 pontos
1corresponde a nada e 5 a extremamente. Fora esses dois itens (1 e 2), o instrumento tem 24,
os quais compõem 4 fatores que são: físico, psicológico, relações sociais e meio- ambiente.

O segundo instrumento é a Escala de Sentido de Vida de autoria de Steger (2006), que


consta de 10 itens e 7 alternativas de resposta tipo Likert (totalmente falso, geralmente falso,
parcialmente falso, nem verdadeiro nem falso, parcialmente verdadeiro, geralmente
verdadeiro, absolutamente verdade) e avalia dois fatores pertinentes ao conceito conforme a
Logoterapia o apresenta: a busca e a presença de sentido ou realização de sentido.

1.8.5 Estruturação dos capítulos

A dissertação está estruturada em torno de quatro capítulos, onde o primeiro capítulo


trata da introdução, com uma visão global do trabalho; o segundo diz respeito à
espiritualidade na perspectiva dos estudos das crenças em cognição social; o terceiro é
relativo às contribuições da Logoterapia para estudar o conceito de sentido de vida e
relacioná-lo com crenças na espiritualidade e, por fim, o quarto, dedica-se à pesquisa empírica
relativa ao tema.
29

2 A ESPIRITUALIDADE NA PERSPECTIVA DOS ESTUDOS DAS CRENÇAS E


COGNIÇÃO SOCIAL

2.1 CONCEITO DE ESPIRITUALIDADE

“Eu queria conhecer seus mistérios, viver sem fronteiras,


nessas experiências, busquei a compreensão para
fenômenos situados próximos à interface
entre a ciência e a espiritualidade”.
Fernando Pessoa

Nos dias atuais, cresce o interesse pela investigação sobre o tema


espiritualidade/religiosidade no âmbito das ciências da saúde, objetivando possíveis relações
com a busca de caminhos para lidar com a questão do sofrimento humano. Nesse ínterim,
percebe-se que tais pesquisas destacam a relação da influência da espiritualidade e
religiosidade sobre a vida dos homens e coadunam que existe, de fato, uma ampla e longínqua
história desta dimensão sobre comportamentos, condutas, tradições que no fio da história
chegam de modo concreto ao homem contemporâneo (Sá, 2009). Este interesse em pesquisar
o tema espiritualidade/religiosidade decorre, em grande parte, por se considerar que esta
dimensão está presente num olhar mais ampliado sobre o homem, interagindo todo tempo, de
modo consciente ou não, sobre a sua vida como se pode constatar na história da humanidade.

Anteriormente, talvez pelo processo de secularização desde o século XIX, no ocidente,


houve um desinteresse tamanho e tal temática ficou abandonada e esquecida (Nascimento et
al., 2013). Alguns autores, como Dalgalarrondo (2008); Pinto (2009); Vergílio e Holanda
(2010); Esperandio e Freitas (2017); Freitas, Zanetti e Pereira (2017), consideram que o
conhecimento e diálogos acerca da temática espiritualidade/religiosidade têm sido esquecidos
e negligenciados nos ambientes universitários e, principalmente, no Curso de Psicologia; e
mais: muitas vezes os alunos têm aprendido a possuir um olhar psicopatologizante, pejorativo
ou negativo sobre o tema.

Entretanto, para a Psicologia e áreas da saúde, tal reflexão faz-se necessária uma vez
que estudos atuais confirmam a espiritualidade e religiosidade como um forte recurso para o
enfrentamento da dor e do sofrimento (Pargament, 1997; Panzini & Bandeira, 2007;
Esperandio, 2014; Freitas, Zanetti e Pereira 2017) como forma de encontrar sentido para sua
vida (Fry, 2000). Gerado Júnior (2011) ressalta a importância, tendo em vista que tal temática
30

está mais presente nos consultórios de Psicologia Clínica, seja pela condição humana, seja por
ser veículo de superação de problemas da vida: "situações limites, com o advento do
envelhecimento, em que um "balanço existencial" acaba se tornando inevitável a despeito de
crenças religiosas” (Geraldo Júnior, 2011, p.37).

Segundo Holanda (2017), profissionais da área de Psicologia desconsideram o tema,


embebidos numa frágil justificativa por considerar a compreensão de um caráter não
científico dado a essa ciência e esclarece que uma possível laicidade não nega nem exclui os
fenômenos religiosos como objeto de estudo psicológico. Assim, Verona (2013) concorda que
o fato de alguns se pautarem na “possível laicidade”, não implica negar uma interface e
aproximação entre Psicologia/religião e espiritualidade. De forma clara, os autores
Nascimento et al. (2013) complementam acerca desse assunto:

Mesmo assim, é comum haver contradições e incompreensões na


apropriação do fenômeno religioso ao contexto das práticas psicológicas, nos
diversos contextos, seja por uma defesa excessivamente arraigada – e nem
sempre criteriosa ou embasada – desta laicidade; seja numa crítica
igualmente ampla à aproximação de aspectos religiosos ao campo psi, como
temos em alguns casos de Comunidades Terapêuticas que utilizam doutrinas
religiosas como parte do tratamento, por exemplo (Nascimento et al., 2013,
p. 23).

É imprescindível ressaltar que a Psicologia ainda que seja considerada e vinculada ao


crivo de ciência natural, empírico-biológica, é eminentemente reconhecida como a ciência que
estuda não só a psique, mas principalmente o comportamento humano e, neste ínterim, não
poderia ser diferente que, desde os primórdios, tenha estudado o comportamento religioso,
quando ainda não se postulava o termo espiritualidade (Aquino, Correia, Marques, Souza,
2009). Ainda no tocante ao despreparo na formação do psicólogo, Giovanetti (1999) instrui
que, por causa dessa lacuna na abstenção do tema da religião/espiritualidade, muitos
psicólogos ignoram esse assunto, trabalhando de forma incorreta e incompleta em seus
consultórios. Para tanto, sugere que devem "procurar entender o que é o psicólogo na vivência
de uma religião para assim, compreender melhor a existência de seu cliente e ajudá-lo a
integrar melhor os diversos aspectos de sua vida” (Giovanetti, 1999, p.88-89).

Por volta do séc. XX, a Psicologia dá início no estudo da religião, ao mesmo tempo
em que as ciências da religião (Antropologia, Sociologia e a própria Psicologia se
consolidaram como saber científico) começam a florescer. Durkeheim (1989) considera que a
31

religião seria um sistema de mitos, dogmas e ritos de cerimônias, cujo objetivo principal seria
ligar o homem à sociedade. No âmbito da saúde mental, alguns autores apresentam uma visão
negativa da religiosidade como, por exemplo, a psicanálise de Freud que considerava a atitude
religiosa como transtorno neurótico ou uma patologia. Segundo Freud: “a religião seria a
neurose obsessiva universal da humanidade. Tal como neurose obsessiva da criança, ela
surgiu do complexo de Édipo, do relacionamento com o pai" (Freud, 1974, p. 57).

Por outro lado, um importante estudo realizado pelo pesquisador Allport (1975)
ganhou visibilidade ao considerar as ideias psicanalistas equivocadas quando compreendiam a
religião como uma ideia defensiva do ego em vez de entendê-la como núcleo que integra o
desenvolvimento do Ego. Corroborando esse pensamento, Massimi e Mahfould (1997)
asseguram que Freud era consciente de que a Psicanálise não possuía subsídios suficientes
para interpretar a realidade religiosa e seus fenômenos.

Jung (1958), retrocedendo à mitologia, considerou a espiritualidade como uma


expressão da subjetividade do homem, de caráter espiritual e universal, expresso pelo
inconsciente coletivo. Depois de um longo caminho, marcado por diferentes óticas, a
Psicologia percebe que houve um progresso nesse sentido, uma vez que foram criadas
possibilidades a este estudo de uma forma mais comprometida e aberta. Antal (1991), por
exemplo, sinaliza que antes, a metodologia era baseada na introspecção sistemática e hoje
emprega todos os métodos considerados válidos para o seu estudo. Tais estudos dizem
respeito desde a medição das relações fisiológicas até atividades de fundo psíquico, descrição
de fenômenos vivenciais e investigações de motivos inconscientes.

É imprescindível ressaltar a importância dos estudos de Pargament (1997) ao concluir


que o cooping religioso é uma ferramenta que o indivíduo possui de enfrentamento em
situações limites ocorridas no âmbito diário. Ele continua ao afirmar: “a psicologia tradicional
diz que a busca religiosa é ilusória, sendo a espiritualidade, na verdade, uma expressão de
motivos psicossociais e desejos fundamentais” (Pargament, 1997, p. 45).

A espiritualidade é tema de interesse de diversas disciplinas: Antropologia, Teologia,


Psicologia, Sociologia e Filosofia, o que faz com que a definição do termo/conceito
espiritualidade não goze de um significado apenas, mas de inúmeros. Isso se dá, justamente,
porque os pesquisadores não conhecem um consenso. Assim sendo, usar-se-á como definição
aproximada daquilo que representa o pensamento vigente e por diferentes ideias que estão
estritamente interligadas (Dezorzi & Crossetti, 2008).
32

A pesquisa entende, portanto, a espiritualidade como uma abertura do ser humano


relacionada ao desejo de encontrar respostas para as questões interiores sobre sua vida e o seu
fim último, sobre o seu sentido de vida e realização e, também, abertura ao Sagrado ou
realidade transcendente que, por sua vez pode ou não se encaminhar para a realização de
rituais religiosos e instituições religiosas (Koening, Mccllough & Larson, 2001).

Dado o exposto na pesquisa, convém definir que religião, religiosidade e


espiritualidade, apesar de serem termos relacionados, não são claramente descritos como
sinônimos. Segundo Koening, Mccllough e Larson (2001):

A Religião é o sistema organizado de crenças, práticas, rituais e símbolos


designados para facilitar o acesso ao sagrado (Deus, força maior, verdade
suprema); Religiosidade se refere o quanto o indivíduo acredita, segue e
pratica uma determinada religião e Espiritualidade se refere a uma busca
pessoal de compreensão relacionada a questões existenciais maiores (por
exemplo, o fim e o sentido da vida) e suas relações com o sagrado e/ou
transcendente. Esse processo não necessariamente resulta no
desenvolvimento de práticas religiosas ou na formação de comunidades
religiosas (Koening, 2001, p.12).

É imprescindível ressaltar que o termo espiritualidade engloba a religiosidade como


um dos caminhos para se cultivar o dado espiritual, sendo composto por um sistema de
crenças organizado, simbolismos, práticas rituais que proporcionam uma maior conexão ou
aproximação do homem com o ser transcendental ou Sagrado. Uma contribuição que
corrobora com este pensamento é dos pesquisadores Zinnbauer, Pargament e Scoot (1999)
quando asseguram que a espiritualidade “tem a ver com os caminhos que as pessoas utilizam
no sentido de encontrar, preservar e transformar o sagrado em suas vidas” (Zinnbauer,
Pargament e Scott, 1999, p.909).

Segundo o teólogo Romão (2012), o ser humano tem sede por um encontro com o
transcendente e como o “homem sempre experimentou a distância incomensurável que o
separa de Deus, esta experiência universal testemunha o limite das possibilidades humanas
para chegar ao Deus que salva” (Romão, 2012, p. 95). Desse modo, segundo o autor,
configura-se uma realidade paradoxal do indivíduo que, mesmo sem enxergar claramente o
caminho, percorre todo um itinerário de vida, seguindo pistas de germes do Sagrado, em
busca de um encontro definitivo com Ele que enxugará suas lágrimas e saciará todas as suas
carências e necessidades, conferindo, dessa forma, o sentido pleno ao seu existir.
33

Assim, nota-se a proximidade dos conceitos e, também, que os saberes se tocam.


Exatamente por isso, essa pesquisa encaminhará o entendimento do termo espiritualidade,
sendo concebido numa compreensão mais ampla ou, como entendem Worthington e Aten
(2009), que vinculam o conceito de espiritualidade com a possibilidade de abarcar, associar e
englobar as realidades da religião/religiosidade numa busca genuína pelo Sagrado. É salutar
observar que essa diferenciação tem um importante significado, uma vez que se pode
considerar o fato de que uma pessoa que não possua uma religião consiga encontrar na
espiritualidade uma fonte de apoio, capaz de alimentá-la e orientá-la para o enfrentamento de
suas questões particulares e, em sentido oposto, as pessoas que têm religião não
necessariamente possuem sentido e/ou encontram fortalecimento em sua doutrina
(Nascimentos, Santos, Freitas, 2013).

Assim, um importante filósofo e teólogo italiano Luigi Giussani (1997) conseguiu


descrever tal realidade ao afirmar que o ser humano possui em seu âmago uma busca por
sentido que denominou “senso de Deus,” (Giussani 1997, p. 19). Tal busca corresponde a uma
sede pelo Sagrado e se traduz numa interrogação primordial e pessoal dirigida a uma
realidade transcendental, que se faz presente tanto no que crê de forma fervorosa quanto no
que não crê, e, igualmente, no materialista convicto, nos místicos, pervertidos, espiritualistas,
teóricos e práticos do mundo inteiro.

Em rigor, a espiritualidade oferta aos seus adeptos um sentido para vida, garantindo
um local de paz, onde se pode encontrar consolo e forças para o enfrentamento das
vicissitudes da vida, bem como a superação do medo, preconceito, discriminação, solidão,
dor, perda e resiliência, frente às enfermidades (Meneghel, 2008). Assim sendo, pode-se
afirmar que a mesma confere ao indivíduo a capacidade de superar as fases difíceis de sua
vida e ter um olhar valorativo, fazendo-o enxergar as coisas boas e lições, frente ao dado do
sofrimento.

Dessa forma, a espiritualidade configura-se como uma fonte de esperança, segurança,


valores, bem-estar e significado em meio aos eventos da vida que paralisam o homem,
fazendo-o superá-los. Através dela, o homem é capaz de experimentar um sentido que é bem
maior que ele próprio, concedendo-lhe a capacidade de visitar recursos interiores que podem
ser acionados por sua fé. É aqui que a espiritualidade oferece critérios para suportar e
enfrentar as piores intempéries da vida do homem, seja sentimento de culpa, ansiedade,
revolta, doenças etc. (Saad e Medeiros, 2008).
34

Como mencionado acima, o indivíduo que faz contato com a espiritualidade é capaz
de reconfigurar um acontecimento ruim, extraindo dele aspectos positivos, transformando o
seu pranto numa dança, pois, em todas as suas experiências, inclusive nas de sofrimento,
acaba por valorar ou ressignificar tal circunstância a partir de sentido maior, tornando o
evento traumático ou pérfido um acontecimento capaz de conceder maturidade e força para
continuar sua caminhada.

Uma das consequências diretas dessa ressignificação, proveniente da espiritualidade, é


uma força que proporciona o equilíbrio corpo-mente, manifestando assim a capacidade de
sentir alegria, recomeçar e sentimento de felicidade, até mesmo em situação de adoecimento.
Considera-se, portanto, a espiritualidade como um instrumento poderoso de resistência e
enfrentamento, contribuindo até para a aceitação de uma enfermidade. Pede-se citar também
entre os exemplos: possibilidade de perdão, atividades altruístas, oferecendo um novo sentido
para as situações que não são possíveis de serem transformadas. (Meneghel, 2008).

Segundo E. Santo, Gomes e Oliveira (2013), a espiritualidade considera a religião, a


igreja, a confissão e a fé como apoio, fazendo parte do cotidiano do homem e alimentando seu
espírito. Assim, esses mesmos autores asseguram que uma importante característica da
espiritualidade “é o relacionamento transcendental consigo, com o outro e com o divino,
fazendo com que as pessoas passem a amar-se mais, a cuidar-se mais, a preocupar-se com os
outros” (E. Santo, Gomes e Oliveira, 2013, p. 25) e encontrar meios de ajudá-los através de
relações altruístas.

Por fim, como supracitado, a espiritualidade tornou-se um assunto de interesse de


diversas disciplinas, especialmente a Psicologia, tendo como foco de estudo o homem e não
sua opção religiosa. Conforme James (1995) havia afirmado: "para o psicólogo, as tendências
religiosas do homem hão de ser, pelo menos, tão interessantes quanto quaisquer outros fatores
pertencentes a sua constituição mental". (James, 1995, p. 16). Em suma, a espiritualidade
representa um ponto importante, dentro e fora dos consultórios de psicologia, uma vez que o
cuidado espiritual contribui para a maximização das potencialidades dos indivíduos,
valorizando suas capacidades, renovando as forças e trazendo uma paz interior ao longo de
toda sua vida.
35

2.2 CRENÇAS NA ESPIRITUALIDADE

O senso religioso do homem se encontra com o seu objeto com a mesma


rapidez com a qual um homem se depara com outro homem. O
relacionamento deixa de ser interpretação ou uma impressão de grandes
momentos, mas torna-se uma convivência habitual a qual o objeto divino
indica os termos dos desejos e traça a fisionomia das ações: todo o homem
se torna discípulo e toda a sua expressão se torna imitação do mistério
último, que se fez gesto visível ao seu lado (Giussani, 1986, p. 79).

Inicialmente, pode-se afirmar que o termo crenças possui diversos significados de


acordo com a abordagem científica. Na Filosofia, é entendido como um argumento verdadeiro
que jamais pode ser abarcado e avaliado em sua globalidade, cuja análise tem como objetivo
alcançar o conhecimento científico. A Teologia utiliza-se desse termo para falar da adesão do
homem ao relacionamento com o Sagrado. De acordo com o ponto de vista da Psicologia,
entende-se crenças como:

Tudo aquilo que acreditamos enquanto verdade através de nossa experiência


pessoal, nossa maneira de pensar e agir. É a verdade de cada um, sua
maneira de ver o mundo e as situações em que estão inseridas; é o atributo
mais importante da nossa saúde mental, o ponto de partida para compreensão
de si mesmo, das demais pessoas e dos contextos nos quais experienciam
suas vidas” (Krüger, 2018; Odegen, J, 2004, p.75).

Em Kruger, (1989) encontram-se quatro características básicas das crenças, a saber:


são proposições sobre objetos da realidade objetiva (tangíveis), instaladas em processos
cognitivos ou na própria linguagem; são aceitas por, ao menos, uma pessoa; são
subjetivamente endossadas, segundo níveis qualitativamente diversos de convicção; são
passíveis de observação, quando se declara ostensivamente; e encontram-se presentes em
processos cognitivos de modo geral, influenciando a percepção e a interpretação dos fatos, a
formação de identidades, as relações interpessoais e os processos sociais coletivos.

De um modo geral, pode-se dizer que crença é uma propensão do homem em acreditar
numa determinada verdade, em alguma realidade ou opinião adotada por alguém com
convicção e fé. Em outras palavras, crenças são o conjunto de ideias, conceitos, princípios,
conclusões e valores na vida, consolidados individualmente, que formam pressupostos. E
mais: é a visão a respeito do mundo e de si mesmo, estruturada em processos de pensamentos,
que definem nosso presente e futuro.
36

As crenças afetam o comportamento do homem como um todo: o humor, as relações,


os estudos, a autoestima, as emoções, a saúde e, até mesmo, a perspectiva religiosa ou
espiritual e se apresentam de acordo com a singularidade de cada pessoa, produzindo efeitos
sobre suas experiências, emocionalidade, condutas em geral, relações interpessoais, entre
outros.

Dado o exposto, não se deve esquecer que existe uma relação entre crença e
conhecimento: Pode-se afirmar que a formação de conhecimento passa por um processo mais
rigoroso, uma vez que se deseja alcançar a veracidade do dado a ser exposto, enquanto que a
crença em si não depende desse arcabouço do crivo da verdade. Conforme Krüger (in notas de
aula), a crença é sempre maior que o conhecimento. Entretanto, o mesmo tende a tornar-se
uma crença com o passar do tempo. E mais: as crenças são analisadas quanto a sua aceitação
subjetiva, enquanto o conhecimento pelo dado valorativo da verdade.

É importante afirmar que, independente da crença ser ou não falsa, se ela for adotada
por alguém que não a considera errada, automaticamente, é aceita como verdadeira. É um
aparente paradoxo, pois, como já foi sublinhado, o que caracteriza a existência de uma dada
crença não é veracidade da mesma, mas sim a sua aceitação pelo indivíduo que acredita. Caso
uma crença seja compartilhada por um grupo, tem força de padrão.

Nesse ínterim, sublinha-se que o grau de aceitação de uma crença é muito variável,
indo desde o extremo de uma aceitação absoluta — dogmatismo — ao outro, o da recusa e /ou
fechamento de determinada crença — ceticismo. Conforme a cultura, sociedade e as
mudanças sociais, as crenças evoluem. Vide, por exemplo, a crença sobre conceitos de
medicina ao longo do tempo. Na Idade Média, prevaleciam os dogmas, até mesmo para
influenciar os tratamentos médicos. Atualmente, prevalece o conteúdo científico.

É plausível destacar que a adoção ou recusa de uma determinada crença sugestionará a


conduta em relação a este objeto e que a mesma influenciará o proceder dos outros, assim
como os processos coletivos. Desse modo, percebe-se o quanto as crenças têm o poder de
persuadir não apenas a vida pessoal de cada indivíduo, mas também a vida coletiva e social.
As crenças, de um modo geral, agrupam-se, formando esquemas, definidos por processos
cognitivos que articulam e elaboram a forma e conteúdo de esquema, realizado pelo sujeito.
Tal proximidade lógica se dá de maneira subjetiva (por meio de fatores internos e pessoais).
Essas conexões são chamadas de sistemas de crenças e dado que o indivíduo as assume para
si, ele tende a interpretar o mundo de acordo com o sistema que adotou como referência.
37

Tendo em mente esses pressupostos acima assinalados, observa-se que as “crenças e


sistemas de crenças são elementos de representação mental, essencialmente abstratos,
oriundos de experiências individuais e coletivas” (Krüger, 1995, p. 31). Krüger (1989)
assegura que as crenças podem ser estritamente pessoais quando expressam, por exemplo,
uma avaliação ou julgamento a respeito de alguém, mas também podem ser compartilhadas,
como nos casos da opinião pública e dos estereótipos sociais.

Ressalta-se que as convicções são as certezas, isto é, tudo o que o indivíduo acredita
ser verdadeiro. Elas são capazes de definir se os homens possuem valor ou não, se são
poderosos ou fracassados, competentes ou incompetentes, seguros ou dependentes,
atualizados ou ultrapassados, amados ou odiados, etc. Em rigor, dessas convicções surgem as
crenças, que têm consequências de longo alcance na vida do homem e podem ser
consideradas positivas ou negativas.

Mediante ao que foi descrito anteriormente, pode-se afirmar que as crenças,


formuladas pelos indivíduos, não necessariamente são compatíveis com a realidade, por isso
tem-se dificuldades de perceber a realidade objetiva dos fatos. A ilusão instalada por essas
crenças produz efeitos psicológicos, que se manifestam nos diversos segmentos das relações
interpessoais (Krüger, 2004). A forma como cada pessoa se relaciona é compatível as suas
crenças, onde as experiências pessoais tornaram-se esquemas mentais, tidos como referências
para categorizar, qualificar ou julgar as experiências posteriores e as tomadas de decisão.
Assim, também, como direcionar comportamentos e condutas ao longo da vida.

O conceito de crenças constitui tema de relevância em Psicologia e, particularmente,


também nessa pesquisa, uma vez que visa estudar a maneira como as pessoas relacionam
ideias, atitudes, atributos individuais ou gerais do objeto, objetos e pessoas, dentre outros.
Crenças evidenciam as formas como as pessoas agem, decidem, julgam, organizam-se,
direcionam suas vidas, assim como lidam com as circunstâncias adversas e estressantes como,
por exemplo, o término de um relacionamento, desemprego, perdas de pessoas queridas,
perda da saúde, frustrações pessoais, etc.

Com frequência, tais crenças oferecem um senso de controle e ajudam pessoas a se


adaptarem mais rapidamente ao sofrimento que julgam viver. Do mesmo modo, a
espiritualidade também é uma fonte importante de suporte social para o homem de uma
maneira geral. Assim, este trabalho visa analisar o tema crenças na espiritualidade como uma
das várias modalidades que influenciam o agir e a obtenção do sentido de vida das pessoas.
38

As crenças na espiritualidade, bem como os ensinamentos religiosos, têm um papel


preponderante na influência do indivíduo para tomar melhores decisões, por exemplo. Tais
crenças podem contribuir para reduzir o comportamento de saúde negativos, como também
diminuir o consumo de substâncias ilícitas, uso excessivo de álcool, tabagismo, dentre outros.
Por outro lado, podem levar o indivíduo à confluência do aumento de atitudes mais altruístas
e pró-sociais.

Estudar em caráter científico a espiritualidade é uma tarefa um tanto quanto delicada,


muito embora não deixe de ser instigante do ponto de vista acadêmico-científico. Ora, essa é
uma área muitas vezes polêmica e até mesmo revestida de preconceitos com relação à adoção
de diferentes perspectivas teóricas. Em rigor, as pessoas até possuem uma opinião formada
sobre o tema, entretanto, na maioria das vezes, estão desprovidas de um crivo científico ou
lhes falta uma análise apurada das evidências disponíveis. Assim sendo, o que se percebe é
que facilmente elas se adequam a posturas extremistas, que desembocam tanto para um
ceticismo inflexível e uma rejeição dogmática, quanto para uma aceitação ingênua de
afirmações, sem nenhum tipo de fundamentação.

Não importa se se possui crenças espiritualistas ou materiais ou atitudes religiosas ou


antirreligiosas, mas entende-se ser relevante, neste trabalho, explorar o dado científico da
relação entre crença na espiritualidade e sentido de vida para cizelar o conhecimento sobre o
ser humano, no contexto de suas transcendências. À primeira vista, a espiritualidade constitui
um campo de estudo da Teologia. Entretanto, na atualidade, o tema tem sido visto de forma
mais abrangente, relacionado a outras disciplinas e tocando outros sítios científicos.

A espiritualidade é a dimensão peculiar de todo ser humano e o impulsiona na busca


do Sagrado, da experiência transcendente na tentativa de dar sentido e resposta aos aspectos
fundamentais da vida. É importante afirmar que a espiritualidade não é monopólio das
religiões ou de algum movimento espiritual particular; antes, ela é inerente ao ser humano. É a
dimensão que eleva a pessoa para além de seu universo e a coloca frente às questões mais
profundas, aquelas que brotam da sua interioridade, no anseio de encontrar resposta às
perguntas existenciais “De onde vim? Para onde vou? Qual é o sentido da minha vida? Que
lugar eu ocupo neste Universo? Por que aconteceu isso comigo?”. A espiritualidade ajuda a
expor a questão fundamental do ser humano contemporâneo que é a de busca de sentido.

De acordo com a definição do termo espiritualidade, observa-se, mais uma vez, que o
mesmo não tem uma definição que seja completamente aceita por todos. Ainda que, com o
passar dos anos, cada vez mais sejam encontradas pesquisas acadêmicas sobre o tema,
39

percebe-se que exista uma aceitação de que a espiritualidade pode ser compreendida como a
propensão do homem a buscar o significado para a vida, por meio de definições que
transcendem o concreto (Mowat & O'Neill, 2013).

A conceituação de Ross (1995) sobre espiritualidade depende necessariamente de três


componentes básicos: em primeiro lugar, a necessidade de encontrar significado, razão e
realização na vida; em segundo lugar, a necessidade de esperança/vontade para viver; por fim,
a necessidade de ter fé em si mesmo, nos outros e em Deus. Ora, tais necessidades, de
significado e de ter fé, são consideradas condições essenciais à vida de maneira que quando o
ser humano não consegue encontrá-los experimentam sentimento de vazio, dúvida e
desespero. Desse modo, é completamente razoável perceber a necessidade que o homem tem
de fazer uma conexão com o transcendente.

É imprescindível ressaltar que, segundo o psicólogo Valdir Neto (2013),

A espiritualidade caracterizaria a dimensão eminentemente humana e


existencial, aberta e transcendente, que se constitui como consciência e
responsabilidade. Esta dimensão relaciona-se com a totalidade, tomando-a
enquanto horizonte. Apontando para o absoluto, a relação espiritual
originária com o sagrado, tal linguagem expressa a relação do Eu com o Tu
eterno. Poderia, sinteticamente, ser colocada a espiritualidade como a
dimensão propriamente humana que se abre para o mundo e a religiosidade
como a qualidade do espírito que está em relação com a totalidade,
constituindo-se como a palavra dirigida ao absoluto. Nesse sentido, a
espiritualidade e a religiosidade tornam-se questões reconhecidamente
humanas para a Análise Existencial, não se constituindo como epifenômenos
resultantes de fantasiais ou de projeções do homem para reconfortar a
existência, pressuposta sem sentido (Valdir Neto, 2013, p. 227).

Para fins de apresentar a conexão dos campos de estudo entre a Psicologia e a


Espiritualidade, Frankl (1989), fundador da Logoterapia, em sua teoria assegura que a relação
do homem com o transcendente se dá através da dimensão noética, que será mais aprofundada
no corpo teórico do próximo capítulo desta dissertação, a saber, o item 3.3.. A doutrina
frankliana sustenta a tese de que exista uma relação a nível inconsciente ou, ao menos, não
reflexivo, com a instância do sagrado, de modo ontológico no ser humano-dimensão noética.
Para Frankl existe “um nível de consciência pré-reflexiva, em que a vivência da relação com o
Tu eterno é possível, porém sempre de maneira experienciada e nunca objetivada”. (Frankl,
1989, p. 81)
40

De acordo com o autor mencionado, o sentido último é desdobrado no momento em


que as pessoas chegam ao final de suas vidas e a religião é compreendida, neste prisma, como
uma tentativa humana de redirecionar-se para este sentido último, que é singular e próprio a
cada vivência pessoal de sua essência (Frankl, 1989). Desse modo, a espiritualidade e a
religião teriam, para Frankl (1989), um papel capaz de direcionar o ser humano para seu
sentido último. Apesar disso, todas as vezes em que os valores e costumes morais das
comunidades religiosas se impuserem à frente da relação vivencial do homem espiritual com
o Sagrado, mais ‘coisificante’ e distante da relação genuína com o Sagrado tal experiência se
apresentará.

O relacionamento que o homem possui com o Sagrado para Frankl (1990) é entendido
como um “reconhecimento da humanidade e da genuinidade dos fenômenos religiosos, mas
nunca como uma aproximação religiosamente institucional valorativa ou mesmo moralista a
respeito de sua visão de homem” (Frankl, 1990, p.45).

Atenta à relevância da dimensão espiritual para a integralidade da saúde, a


Organização Mundial de Saúde (OMS) considerou e incluiu, no ano de 1988, a espiritualidade
no conceito multidimensional de saúde, referindo-a àquelas questões de significado e sentido
da vida e não a restringe a nenhuma denominação específica de crença ou religião (Oliveira &
Junges, 2012). Pillon et al. (2010) realizaram um interessante levantamento retrospectivo
sobre o conceito de espiritualidade na literatura científica, ao longo de 25 anos e observaram
que houve um aumento significativo na frequência do termo e, indubitavelmente, grande
número desses estudos, que correlacionam a espiritualidade e saúde nos mais variados
contextos, apresenta aspectos positivos dessas relações.

Moreira-Almeida, Lotufo Neto e Koening (2006) mostram conclusões, a partir de


estudos, de que a espiritualidade/religiosidade está associada ao bem-estar psicológico. Além
disso, pesquisas destes autores mostraram melhor qualidade de vida quando há espiritualidade
ou religiosidade desenvolvida no cotidiano de pessoas portadoras de enfermidades. Na
atualidade, vê-se um crescente envolvimento das pessoas com a sua espiritualidade. Ela é
vista como uma dimensão profunda, um lugar de paz em meio aos problemas e conflitos
sociais e existenciais do Homem. Dessa forma, falar de espiritualidade é também falar do
indivíduo e de sua essência.

Em diversas culturas, existe uma crescente valorização da dimensão espiritual do


paciente para a compreensão da dicotomia saúde-doença e ela é frequentemente considerada
uma grande aliada da saúde. Por outro lado, é bem verdade que essa dimensão espiritual
41

tem sido negligenciada por conta do preconceito religioso. Panzini (2011) afirma que
pesquisas atuais revelam que existe uma relação entre a dimensão espiritual e qualidade de
vida (QV). Em frutos dessa reflexão científica encontram-se por um lado, aspectos positivos
como: o bem-estar, estabilidade, satisfação de vida, boa convivência familiar e valores pró-
sociais. Por outro lado, há também aspectos negativos como comportamento de risco,
depressão, suicídio e ansiedade (Panzini 2011, p.1).

Contribuições da espiritualidade em relação à saúde mental, tais como: o


desenvolvimento de sistema de crenças, o suporte social, aquisição de estilos de vida
saudável, o autoconhecimento implicam em benefícios na aceitação de si e de outrem e no
aumento da resiliência frente ao sofrimento. Em contrapartida, também se tem dados
negativos – ainda que sejam ínfimos. Em alguns casos, a espiritualidade pode promover uma
rígida cobrança em hábitos cotidianos.

Tratando-se de Brasil, no qual a maior parte da população se declara ter religião e


também consideram a religião muito importante, o estudo sobre espiritualidade tem crescido
bastante (Moreira – Almeida 2010, p.37). Não obstante a essa realidade, há uma escassez de
instrumentos validados no Brasil, tais como a Escala de Bem-Estar Espiritual (EBE), a Escala
de Cooping Religioso Espiritual, o Inventário de Religiosidade Intrínseca (Duke–DUREL) e a
WHOQOL - SRPB (Tuany, 2012, p.34), um instrumento que avalia de que forma a
espiritualidade, religião e crenças pessoais estão relacionadas à qualidade de vida. Esta foi
criada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e será utilizada nesta dissertação.

A espiritualidade tem sido indicada como um indispensável componente da qualidade


de vida. Segundo Boff (2007), a espiritualidade possui intensidade na influência da cura que o
homem tem dentro de si. É uma canalização de energias que vem do plano espiritual, levada
para o físico, que para ele são tão válidas como a inteligência, o afeto e a libido. Ainda para o
autor, as energias provindas do campo espiritual são tão intensas quanto energias de amor pela
própria vida, atitudes altruístas e fraternais.

Por fim, importa relacionar conceitos das crenças e sua relevância para o exercício da
espiritualidade, que se apoia, em termos psicossociais, em valores culturalmente
compartilhados e em termos de busca de sentido, propósitos e objetivos de vida, nos preceitos
da espiritualidade. O capítulo apresentou alguns teóricos para subsidiar a análise dos temas
desta dissertação nos dois domínios: o da cognição social, sustentando o conceito de crenças,
e a descrição do que é compreendido como conceito de espiritualidade aqui inserido, também
através do conceito de crenças.
42

2.3 CRENÇAS NA ESPIRITUALIDADE NA PERSPECTIVA DOS ESTUDOS DA


COGNIÇÃO SOCIAL

As relações estabelecidas pelo homem dentro e fora do ambiente familiar, bem como
nos mais diversos ambientes sociais e as experiências vividas ao longo da vida, decorrentes
dos desempenhos dos diferentes papéis sociais configuram o processo de socialização de cada
indivíduo. Ao entrar em contato com o outro – aquele que é diferente de si – o homem
estabelece relações interpessoais, intergrupais e mesmo coletivas que provocam novos
conhecimentos, vivências que interferem sobre seus processos cognitivos e afetivos e que,
muitas vezes, redirecionam o sentido do seu existir. É exatamente aí onde acontece o
intercâmbio de conhecimentos, onde inferências são feitas, dos outros e de si mesmo, onde se
trocam experiências, onde se influencia e se é influenciado, é que são contextualizados os
estudos de cognição social – campo de pesquisa desse emaranhado de realidades.

Diante do que fora afirmado, considera-se que, historicamente, tanto a Psicologia


Cognitivista quanto a Psicologia Social trazem em seu bojo os fundamentos elementares da
cognição social. No que tange à Psicologia Cognitiva, sua teoria “permite identificar,
descrever, relacionar e explicar processos e conteúdos cognitivos, vinculados à motivação,
afetividade, aprendizagem, tomadas de decisão e a comportamentos e condutas” (Krüger,
2018, p.14). Esses temas interessam aos estudos da cognição social quando decorrem das
interações sociais. Desse modo, compreende-se a cognição social como um modo de estudar
psicologicamente a experiência do homem, direcionando o foco para processos e conteúdos
mentais expressos no comportamento em interação social.

Desde a década de 80, esses dois campos de saberes: a Psicologia Social e a Psicologia
Cognitiva constituem uma base sólida onde se explicitam as principais relações “entre a
mente humana, seus processos, conteúdos e representações e o comportamento social nas suas
diversas formas de relacionamentos: interpessoais, pessoais, intra e intergrupal, e coletivos”
(Zanatta, 2018, p.30).

Ainda considerando a posição da mesma autora, existem conceitos que interagem com
essas duas disciplinas que são objeto de estudo da cognição social, tais como a “afetividade,
crenças, empatia, valores, formação de atitudes, percepção de pessoa, construção da
identidade e do self dentre tantos outros” (Zanatta, 2018, p.30). Convém observar que,
segundo Krüger (2018, p.17), a cognição social “é um processo controlado e inconsciente de
obtenção, retenção, recuperação, processamento e expressão de informações, que pessoas
43

realizam no decurso de interações sociais”. Taylor, Peplau e Sears (2006) afirmam que
cognição social “é o estudo de como as pessoas formam inferências com bases nas
informações sociais, fornecidas pelo ambiente” (Taylor, Peplau & Sears, 2006, p. 65).

É imprescindível ressaltar que a cognição social acontece, unicamente, quando duas


ou mais pessoas são capazes de interagir verdadeiramente. É um processo que ocorre à
medida em que as pessoas estabelecem contato com outras e tomam consciência delas,
percebendo a si e o outro. Essa realidade se dá por meio de coisas simples do dia-a-dia, como
por exemplo, quando se olham, se escutam, conversam, aprendem, ajudam, amam. Em outras
palavras, a cognição social se ocupa de estudar as representações mentais dos eventos sociais
e busca entender como os indivíduos se percebem, como avaliam, como são capazes de
formar opinião sobre si e sobre outrem, como tomam decisões, enfim: a maneira que
interagem com o meio e com os outros.

Em rigor, cabe assinalar que existem diversos processos psicológicos envolvidos na


interação social: atenção, motivação, memória, percepção etc. Dentre todos estes, sem sombra
de dúvidas, a percepção é o mais importante. Quando se estabelece contato de um indivíduo
com o outro, indubitavelmente, é a percepção que possibilita a existência da relação de
interação, uma vez que, somente quando se toma consciência da existência daquele ao qual se
estabelece relação, é que de fato considera-se, verdadeiramente, interação, comunhão de dois
ou mais indivíduos.

A percepção é o processo que nos conecta à realidade e, assim, informa e capacita o


homem para tomar decisões mais assertivas. Ela possibilita também a obtenção de impressões
acerca do outro e estas acabam por influenciar as avaliações sociais, escolhas e tomadas de
decisões futuras. Nesse ínterim, a cognição social é considerada como um processo
permanente que abrange diversos tipos de intercâmbios, que dizem respeito à formação da
personalidade do homem, possibilitando, assim, mudanças ou substituições de crenças ao
longo de todo o processo de interação.

A apreensão do conhecimento, fruto da interação interpessoal, não se dá apenas por


meio da percepção do outro e da realidade. Ela é influenciada também pelo interesse do
indivíduo, com origem em suas motivações. A motivação pode ser entendida como “uma
espécie de força interna que emerge, regula e sustenta todas as nossas ações mais importantes.
Contudo, é evidente que motivação é uma experiência interna que não pode ser estudada
diretamente” (Vernon, 1973, p.11). Assim sendo, tais respostas podem revelar motivações -
díspares- de caráter ambicioso ou egocêntrico e, por outro lado, caritativas ou altruístas.
44

Um dos processos psicológicos que se constitui como alicerce da cognição social é a


atenção. Pode-se considerá-la como um estado cognitivo, uma qualidade da percepção que
serve para filtrar os diversos estímulos da realidade, classificando-os e dando o grau de
importância e prioridade. A atenção também controla e ajuda a regular todos os processos
cognitivos. É considerada uma habilidade que pode ser adquirida, desenvolvida. Quando
utilizada de forma correta, aumenta a interação e a capacidade de obtenção de informações
válidas e corretas.

Outro processo importante é a memória, indispensável para o processo de interação


social, pois é justamente o componente cognitivo que permite a obtenção da consolidação e
recuperação dos dados que o ser humano aprende ao longo de sua vida. A memória é uma
função mental que concede lucidez e orientação de conduta durante a interação de um
indivíduo com outro. Isso significa que a sua manifestação, seja a longo prazo (experiências
mais antigas), experiências de curto prazo (experiências mais recentes) e experiência
operacional, encontra-se, continuamente, entrelaçada à percepção, ao pensamento e à
linguagem.

É imprescindível ressaltar que o campo da cognição social se debruça,


inevitavelmente, em compreender como funcionam “as estruturas, processos e conteúdos
mentais em fenômenos psicossociais; a utilização de modo sistemático da auto-observação,
autorregulação, a formulação de explicações, investigações, quantificação, aplicação” dentre
outros (Zanatta, 2018, p.31).

A cognição social, compreendida como estudo psicológico e investigação empírica de


como o ser humano age e reage nas suas relações sociais, apropria-se de uma variedade de
temas, dentre os quais pode-se ressaltar a relação do homem com a sua dimensão espiritual. A
espiritualidade é considerada como um atributo inato do homem, que promove bem-estar,
saúde e estabilidade, estando diretamente conectada à essência da vida e associada às questões
espirituais e tem como produto comportamentos altruístas, sentimentos de esperança que
fortalecem os laços do significado de vida (Ross, 2006).

Geertz (1989) esclarece que, em todas as culturas, a religião tem um papel


preponderante na vida do homem, capaz de gerar nele a capacidade de prover significados,
interpretar sua existência e organizar sua conduta. Isso acontece por causa da influência dos
símbolos sagrados, pautada nos valores espirituais, passando a expressar neles (devotos ou
crentes) uma nova visão de mundo, uma releitura espiritual dos acontecimentos do dia-a-dia e
uma nova forma de comportamento.
45

Observa-se que a espiritualidade é uma dimensão eminentemente humana que lhe


proporciona a natureza interpretativa, relativa as suas vivências, uma vez que todo homem
almeja conhecer e fazer contato com o sentido de sua vida e responder aos questionamentos
internos que dão valor e colorido ao seu existir (Caldeira, Gomes & Frederico, 2011).
Assegura-se que a espiritualidade “é uma experiência universal que engloba o domínio
existencial e a essência do que é o ser humano, não é sinônimo de doutrina religiosa, mas
pode ser considerada a filosofia do indivíduo, de valores e sentido de vida” (Nascimento,
Santos & Freitas, 2013, p. 53).

Assim, constata-se que os estudos sobre cognição social e, particularmente, sobre


crenças constituem temas basilares para compreender a relação entre espiritualidade e sentido
de vida, assunto que será mais aprofundado no próximo capítulo. A compreensão, acerca de
como a temática de espiritualidade pode ser integrada no sistema de crenças individuais e
coletivas e de como estas viabilizam uma forma de se compreender a si mesmo e o mundo, no
contexto das interações sociais, permite o estudo do tema no âmbito das ciências psicológicas
e, nesta dissertação, confere o trajeto para se estabelecer a relação do tema espiritualidade
como elemento favorecedor de realização de sentido de vida.
46

3 CONTRIBUIÇÕES DA LOGOTERAPIA PARA RELACIONAR OS TEMAS


CRENÇAS NA ESPIRITUALIDADE E SENTIDO DE VIDA

3.1 LOGOTERAPIA COMO CAMPO DE ESTUDOS EM PSICOLOGIA

A Logoterapia e análise existencial são duas realidades oriundas de uma mesma escola
de concepção psicológica e psicoterapêutica. Proveniente de Viena, a Logoterapia nasceu no
séc. XX, mas foi justamente depois da Segunda Guerra Mundial que teve seus conceitos e
fundamentos reverberados em todo mundo. Tal abordagem, também conhecida como a terapia
do sentido, tem como base e alicerces a fenomenologia, bem como o existencialismo
filosófico (Frankl, 2012).

Os pressupostos teóricos e filosóficos da Logoterapia, desde a sua gênese, têm sido


amplamente discutidos e estudados, empiricamente, em todo o mundo (Damásio, Melo &
Silva, 2013). Os principais postulados franklianos têm sido corroborados, ao longo dos anos,
por essas pesquisas e conclui-se que o sentido de vida é preditor de saúde física (Jin &
Andersen, 2007) e de bem-estar psicológico (Fillion, Duval, Dumont, Gagnon, Tremblay,
Bairati, & Breitbart, 2009). Ela é uma terapia centrada no sentido do existir humano, uma vez
que o homem é motivado por essa vontade, partindo do pressuposto que a sua vida está
imbuída de significado, mesmo que esteja imersa em realidades complexas e, aparentemente,
desfavoráveis, ao longo de sua existência (Frankl, 2012).

A Logoterapia, que também é conhecida como a terceira escola Vianense de


psicoterapia, tem como fundamento uma ontologia humana bem estruturada e propõe um
modelo de ser humano apto para responsabilizar-se e autotranscender-se. Isto é, ele é capaz de
sublimar os seus próprios interesses, moderar suas paixões, desejo de poder e prazer, para
livremente se entregar a uma causa ou alguém além de si mesmo. A visão logoterápica acerca
da pessoa vislumbra os mais diversos âmbitos da vida humana e contribui para que a mesma
exerça as condições de liberdade e responsabilidade, proporcionando por meio de suas
escolhas, a capacidade de protagonizar a sua história, sendo ele mesmo autor e construtor da
sua realidade existencial (Frankl, 2008).

Zanatta, Campos e Penedo (2018) corroboraram com essa ideia quando afirmaram
que:
47

A Logoterapia apresenta uma ontologia verdadeiramente humana,


iluminando a visão sobre o homem a altura do melhor que ele pode ser: livre,
capaz de responsabilizar-se, de orientar sua vida a realidades além de si
mesmo, e capaz de refrear sua ânsia pelo poder e pelo prazer em nome de
uma vida com sentidos transcendentes e orientados ao bem comum, e em
direção as necessidades de cuidado e apoio aos que estão ao redor de si
(Zanatta, Campos & Penedo, 2018, pp. 103-104).

Frankl (2005) esforçou-se em fundamentar a Logoterapia a partir de uma ontologia –


antropológica - filosófica que servisse como base e fundamento de sua pesquisa psicológica,
visto que, para ele, toda psicoterapia tende a promover a visão do homem e do mundo.
Segundo o mesmo Frankl, “todo conhecimento, na medida em que é um conhecimento
humano, está ligado a uma posição" (Frankl 2012, p.81). Nessa perspectiva, ele compreendia
o ser humano como um ser espiritual, que está desassociado de qualquer tipo de reducionismo
ou coisificação, ocupando assim um lugar privilegiado no mundo.

É imprescindível ressaltar os três princípios que norteiam a Logoterapia, constituindo-


se como tripé fenomenológico-existencial-humanista: a Vontade de Sentido, a Liberdade da
Vontade e o Sentido de Vida. Os dois primeiros princípios projetam o modelo de pessoa com
responsabilidade e disposta a assumir, frente às vicissitudes de sua existência, o apelo ou
convocação para a realização do terceiro princípio: o Sentido de Vida.

Quando se fala de Vontade de Sentido, a Logoterapia deseja elucidar que todo


indivíduo pode encontrar o sentido por meio da autotranscendência, conceito importante no
corpo teórico logoterápico, pois designa uma missão que toda existência humana é chamada a
realizar. Ela propõe que o homem “se realiza, não se preocupando com o realizar-se, mas
esquecendo de si mesmo, dando-se, descuidando de si e concentrando os seus pensamentos
para além de si" (Frankl, 1991, p.18). Assim sendo, a autotranscendência refere-se a
capacidade humana de sobrepor-se a si mesmo em todos os âmbitos de sua vida, inclusive
suas próprias necessidades, para que assim descubra o sentido de sua existência.

Frankl (1991) considerou a busca de sentido como motivação primária na vida de todo
homem e a apresentou como resultado da Vontade de Sentido. Sobre essa realidade assegura
que é:

Uma manifestação da autotranscedência da existência pois o ser humano se


torna completamente ele mesmo apenas quando se dedica a algo maior que
ele mesmo, esquecendo de si, e se colocando a serviço de uma causa maior,
48

ou do amor ou de outra pessoa. (...). É como o olho, que só pode cumprir sua
função de ver o mundo enquanto não vê a si próprio" (Frankl, 1991, p. 18).

A Liberdade da Vontade, segundo Frankl (1986), diz respeito a uma capacidade


eminentemente humana, que é designada como "auto distanciamento" que se refere à
faculdade de enxergar a si mesmo, aceitando-se e adaptando-se ao meio. Essa liberdade
confere ao homem discernimento sobre três fontes de influência: os instintos, a herança e o
meio ambiente. Essas fontes de influência não o determinam. Ou seja, o ser humano sempre é
livre diante desses três aspectos e de qualquer coisa que o condicione. Nesse cenário, o
homem tem a liberdade de agir por meio da responsabilidade e é exposto ao meio para
responder a uma convocação de realização de sentido de vida e dos valores que são
importantes para seu existir.

No que diz respeito ao Sentido de Vida, Frankl (1991) afirmou que

A vida contém e conserva um sentido, sendo peculiar e original para cada


um de nós (...) a vida sempre conservará, até o final, um sentido oculto e
uma convocatória indispensável e permanente para que seja descoberto e
realizado" (Frankl, 1991, p. 33).

Nessa perspectiva, a Logoterapia lembra que todo homem, sendo consciente e responsável,
deve encontrar o sentido de sua vida. Segundo Pereira (2007),

A autorealização não constitui a busca última do ser humano, não é sequer


sua intenção primária. A autorealização, se transformada num fim em si
mesmo, contradiz o caráter autotranscendente da existência humana. Assim
como a felicidade, a auto-realização aparece como efeito, isto é, o efeito da
realização de um sentido. Apenas na medida em que o homem preenche um
sentido lá fora, no mundo, é que ele realizará a si mesmo. Se ele decide
realizar a si mesmo, ao invés de preencher um sentido, a auto-realização
perde automaticamente sua razão de ser (Pereira, 2007, p. 6).

Como caminho psicoterápico, a Logoterapia busca acompanhar o ser humano em sua


visão global, enxergando todas as suas dimensões; auxiliando-o a fazer contato com seus
recursos internos para que, assim, encontre sentido através do exercício da sua liberdade e
responsabilidade (Frankl, 2012). Em rigor, a Teoria de Frankl conduz o seu paciente à tomada
de decisão, levando-o à ação, justamente por acreditar que, somente em movimento, se dará a
realização de sentido de vida, bem como a compreensão de que sua existência possui um
49

valor inigualável e que ele (o paciente) pode ter acesso a esse conteúdo à medida em que
conhece (autoconhecimento) todas as suas virtudes e limitações, misérias e potencialidades
(Frankl, 2012).

É bem verdade que a Logoterapia conduz o paciente ao encontro existencial consigo


mesmo no processo de autoconhecimento, levando-o à realização de seu sentido de vida.
Nesse meio tempo, busca tratar as neuroses que produzem conflitos de ansiedade, problemas
internos, problemas existenciais e até aqueles provocados por questões espirituais. É
imprescindível ressaltar que o sistema de Frankl propõe uma re-humanização da psicoterapia,
por intermédio de uma abordagem segura e clara apontando sempre para o futuro e
objetivando a incessante busca por sentido. Para tal, utiliza uma perspectiva que dialoga com
todas as fases da vida humana, principalmente com os momentos mais trágicos, envolvendo
perdas e frustrações (Frankl, 2011).

É importante destacar que a Logoterapia como psicoterapia tem como propósito


colaborar para que o paciente tenha uma existência saudável. Sendo assim, assume a liberdade
e responsabilidade diante do sintoma, tomando suas próprias decisões (Silveira & Gradim,
2015). Nessa perspectiva, os estudos de Frankl procuram conduzir o paciente a um sentido
concreto e pessoal para que seja capaz de encontrar a razão do seu existir, de modo a
"ampliar, por assim dizer, o seu campo de visão, a fim que ele perceba o espectro completo de
possibilidades de sentido e de valores pessoais e concretos" (Frankl, 1991, p. 72).

O Sistema de Frankl chama atenção ao fato de que, agindo com responsabilidade, o


homem é capaz de experimentar uma vivência real e original, frente à irrepetibilidade dos
acontecimentos, tendo em vista que “o seu destino não se repete. Ninguém tem as mesmas
possibilidades que ele, nem ele próprio as volta a ter" (Frankl, 1986, p. 120). A
responsabilidade, dessa forma, só existe por causa da liberdade, porque só se admite ao
homem ser responsável, uma vez que é livre. Segundo Kroeff (2011), a Logoterapia
proporciona ao homem a consciência do bom uso da responsabilidade, pois é a partir dela que
se pode vislumbrar o vir - a – ser; o que ele, enquanto indivíduo, pode se tornar, bem como
uma infinidade de possibilidades que podem ou não se concretizar.

Sob o viés logoterápico, vislumbra-se a possibilidade de identificar um significado


mais amplo do conceito de Sentido de Vida. É importante ressaltar que esta busca se
caracteriza-se pela entrega de si, como uma realidade exodal, de saída de si mesmo ao
encontro do que está fora de si, superando, assim, a medíocre e limitada satisfação pessoal e
conferindo ao indivíduo a realização de Sentido. Quando esse sentido não é realizado, ou
50

quando o homem frustra essa vontade, ele pode experimentar o vácuo existencial. Isto é, um
sentimento de vazio existencial ou descompromisso com a realidade em que se vive (Frankl
2003).

O vazio existencial tem sua origem na falta de objetivos e sonhos. Caracteriza-se pela
dificuldade do indivíduo em pensar no futuro. Nesse cenário, o mesmo é envolvido pela
desmotivação e adota para si um estilo de vida completamente abatido e despreocupado com a
realidade (Frankl 2005). Esse vácuo existencial tem sido mais frequente em jovens que
apresentam uma espécie de tríade sintomática: a depressão, o uso de substâncias ilícitas e a
agressividade (Frankl 2008). Dessa forma, a sensação de vazio e a falta de sentido têm se
disseminado na contemporaneidade e, portanto, faz-se necessário uma educação ou
autorregulação de valores (Zanatta, 2018) que promova o desenvolvimento do homem e uma
reorientação para o sentido de vida.

3.2 O CONCEITO DE SENTIDO DE VIDA

Na sociedade contemporânea, homens e mulheres têm buscado de toda forma


encontrar a felicidade ou algo que lhe seja concreto e traga sentido e significado ao seu existir.
Isso decorre do imenso apelo midiático que provoca o consumo como proposta de satisfação e
realização imediatas. Desse modo, a contemporaneidade tem buscado experimentar a
felicidade, muitas vezes, na compulsão pelo consumismo e tendo prazer na materialidade, mas
sabe-se que tal busca nunca saciará esta necessidade, pois o existir humano, no fundo, carece
de sentido.

É preciso ressaltar que muitos especialistas têm apresentado como resultado de seus
estudos uma grande preocupação acerca da sociedade atual, que tem falhado na sua busca por
sentido e experimentado a falta de realização ou, como é mais conhecido, utilizando o termo
cunhado por Frankl (1986), o "vazio existencial". Segundo Lipovetsky (2007), que criou o
termo “sociedade hipermoderna”, o que tem movido a sociedade como um todo são os tipos
de relacionamentos efêmeros e hedonistas ligados ao consumo extremado, sempre buscando
novidades que possam satisfazer os indivíduos.

Segundo Ramos e Rocha (2018), a contemporaneidade tem experimentado o engano,


uma vez que substitui a procura de sentido pelo imediatismo das sensações. Isso acontece toda
vez que o indivíduo busca o consumismo e prazer no que é imediato. Desse modo, cada vez
51

mergulha mais no vazio existencial, concluindo-se, assim, que essa realidade não o satisfaz.
Esse tipo de investimento, feito em coisas e não em si mesmo, caracteriza uma maneira
irreflexiva de agir, uma vez que reproduz o comportamento da massa e carece de ajuda para
se pensar de forma mais humana, consciente e responsável, no sentido de vida.

Nesse cenário, Baudrillard (1993) concluiu que a ideia de felicidade é compreendida


como o status quo da sociedade de consumo, sublinhando que a tarefa primordial do homem é
ser feliz. Em seus estudos sobre a felicidade, o consumo e a propaganda, constatou tristemente
que, no mundo contemporâneo, a felicidade encontra-se diretamente ligada ao poder de
consumo e, desse modo, o homem estaria em discordância direta com a satisfação e realização
de sua existência.

Bauman (2009) apresentou reflexões atuais sobre a pós-modernidade, utilizando o


termo desenvolvido por ele “liquidez”, para referir-se à forma de vida do homem de hoje,
observando justamente a falta de solidez nos tipos de relacionamentos, na tecnologia, no
consumo e, principalmente, na vivência dos valores. O pensamento de Viktor Frankl (1990)
revela que o homem moderno, influenciado pela sociedade de consumo, tem se tornado
dependente das necessidades criadas e, por esse motivo, a realização de sentido permanece
inalcançada. Ele destaca ainda, que a busca de sentido tem sido terceirizada, quando, na
verdade precisa ser vista como objetivo primário do homem.

O sistema de Frankl (1905-1997) apresentou o pioneirismo sistemático ao questionar o


homem sobre o sentido de vida. Toda a obra Frankliana, bem como o seu trabalho terapêutico,
é voltada às questões existenciais e, acima de tudo, para fazer com que o leitor ou paciente
descubra o sentido real do seu existir. Sabendo que, ao nascer, cada um vem a este mundo
carregando consigo algo de especial que o torna único e que, ao longo de sua jornada, deve
encontrar respostas, ou melhor, significado e sentido, a tal ponto que possa responder: por que
eu existo? Ao longo de sua obra, Frankl sugeriu que tal busca era a primordial motivação
humana e que o sentido de vida seria um componente imprescindível para o bem-estar
psicológico e existencial de todo homem (Damásio, et all, 2013).

A percepção do sentido de vida acontece quando se está no mundo com um objetivo,


com o coração mergulhado numa causa, quando se consegue dar significado às tarefas
cotidianas e, diante das dificuldades, é possível pensar no futuro. Segundo o conhecimento
popular da atualidade, encontrar sentido está diretamente relacionado a fatores externos como
oportunidades sociais e midiáticas, emprego, patrimônio, segurança. Porém, acima de tudo, é
preciso lembrar que está ligada aos fatores internos que abrangem o desenvolvimento
52

humano. Isto é: o sentimento de pertença, a afetividade, o cooping, a espiritualidade, a história


de vida, dentre outros.

Segundo Frankl (1999), o sentido pode ser encontrado pelo indivíduo a medida em que
ele vivencia alguns valores: (a) valor criativo, quando produz algo significativo ou que
considere uma boa ação; (b) valor vivencial, quando experimenta questões ligadas à
afetividade ou a vivência de um grande amor por exemplo; quando existe uma interação com
o mundo ou, simplesmente, se vive um instante considerado importante e que durará para toda
sua vida. Por fim, (c) valor atitudinal, quando o indivíduo é capaz de transformar e superar
experiências de tragédia a nível pessoal, com lições de crescimento e aprendizado.

Frankl (1999) também ressaltou quatro fatores importantes e decisivos que podem
levar o homem a encontrar o sentido de vida. São eles: em primeiro lugar, quando se valoriza
o que é importante para si, sabendo empregar o verdadeiro valor e significado às experiências
salutares, quer sejam simples, ou grande evento experienciado em algum momento de sua
vida. Em segundo lugar, as escolhas que são de responsabilidade de cada indivíduo, ao longo
de sua trajetória existencial. Especialmente, nos momentos mais conturbados e/ou sofridos.
Em terceiro lugar, a responsabilidade, em todos os âmbitos da vida humana, principalmente
nas escolhas e tomadas de decisão. Em quarto lugar, a capacidade de dar significado imediato
às realidades que ocorrem no cotidiano de suas vidas, sejam elas acontecimentos positivos ou
negativos.

O sentido de vida não pode ser compreendido como algo abstrato e subjetivo, porque
de fato não o é. Ele representa a principal motivação do homem para aprender, amadurecer e
superar-se em tempos difíceis. Vale ressaltar que não se trata de um sentido único para toda
existência humana. Antes: há um sentido para cada situação e instante que a vida apresenta.
Segundo Frankl (2008), todos os momentos da vida são dotados de sentido, inclusive quando
se tem o sofrimento. Ressalta-se que o valor do sofrimento é capaz de fazer com que o
indivíduo possa sucumbir toda realidade de dor e alcançar, por meio dele, o crescimento
pessoal e profundos ensinamentos.

Victor Frankl, ao apresentar a máxima “não se deve buscar a felicidade” (Frankl,


1988, p. 33), deseja exprimir que o homem não precisa buscá-la, pois se existir uma razão
para a felicidade em si, será em decorrência espontânea. Desse modo, ela não deve servir de
objeto motivacional, uma vez que pode inclusive atrapalhar e distrair a vida do homem,
afastando-o, assim, da razão para ser feliz e desviando o sujeito da felicidade real,
verdadeiramente.
53

Neste ínterim, Moreira e Holanda (2010) sinalizaram que o esforço humano para
encontrar a felicidade seria nulo e sem valor numa perspectiva logoterápica, pois o indivíduo
não precisaria de outra coisa, senão aguardar a chegada da felicidade, posto que, quando
avista o sentido, ela permanece. Os autores expressam, ainda, que na visão da Logoterapia, a
primordial função humana é debruçar-se sobre o sentido do seu existir, tendo em vista que
todas as outras realidades e necessidades se alocariam, quando essa, que é a maior
necessidade humana, se realizasse.

Em relação ao aporte para o estudo de sentido de vida, a Psicologia possui uma larga
trajetória de estudo e pesquisa, ligados à busca do entendimento do conceito sentido de vida,
assimilando melhor os mecanismos de ajustamento e adaptação que podem ser bem utilizados
posteriormente. Alguns autores, como citados abaixo, posteriores a Viktor Frankl, também
pesquisaram sobre o estudo do sentido da vida e contribuíram valiosamente para o
aperfeiçoamento, ampliação e clarificação do conceito em si, dentre eles: De Volger e
Ebersole (1980), Kaufman (1987), Thompson e Janigiana (1988), Reker e Wong (1988),
Fiske e Chiriboga (1991), Baumeister (1991), Zica e Chamberlain (1992), Prager (1997),
Reker (1997), Sommerhalder e Erbolato (2010).

De Volgler e Ebersole (1980) observaram que o sentido da vida se realiza na


existência do homem por meio de oito dimensões: compreensão, relacionamento interpessoal,
servir, acreditar em algo, expressão cultural, conquistas, crescimento a nível pessoal e
existencial hedonista (sentir prazer na vida cotidiana). Estes autores sinalizaram que
paralelamente, os relacionamentos (familiar e com os amigos) são imprescindíveis e se ligam
a essas oito dimensões. Kaufman (1987) observou que o sentido da vida pode ser
fragmentado, pois a existência não possui um único sentido. Ele ressalta que atividades e
eventos significativos e investimentos concedem ao homem um significado pessoal de
realização, levando a crer que cada indivíduo é capaz de construir a concretização de sentido
de vida. Thompson e Janigiana (1988) concluíram que o ser humano possui esquemas
vivenciais e é capaz de ordená-los em propósitos de vida, metas e direcionamento.

Reker e Wong (1988) definiram sentido de vida como uma realidade


multidimensional, que engloba três componentes: o componente cognitivo, onde estão as
crenças e visão de mundo que orientam o indivíduo nas suas escolhas e organização, bem
como nas suas preocupações existenciais; o componente motivacional, que agrupa a rede
valorativa, sendo capaz de interferir diretamente nas metas e ponto de vista de cada indivíduo;
54

e o componente afetivo, que delibera o grau de satisfação do viver, influenciando as escolhas


e se, de fato, vale a pena continuar a viver.

Fiske e Chiriboga (1991), autores ligados a psicologia do desenvolvimento, são


enfáticos em sublinhar que a realização do sentido de vida se dá mediante o processo de
crescimento pessoal, o que está diretamente ligado à continuidade de sua existência ao longo
do tempo. Baumeister (1991) considerou que a realização do sentido de vida se dá como uma
representação mental, de realidade tangível de relação de coisas, eventos e relacionamentos.
Ele destaca a importância da maneira como o indivíduo emprega sua atenção nas realidades
mais simples e também nas mais elevadas da vida. Zica e Chamberlain (1992) defenderam
que o sentido da vida não sofre mudanças ao longo da vida do homem, apenas alterações
graduais, no que diz respeito às crenças pessoais e valores.

Prager (1997) considerou o sentido da vida como um constructo de dimensão


individual, portador de componente cultural. Segundo o autor, a cultura abarca todos os
valores acerca da vida e isso é capaz de influenciar cada indivíduo que toma suas decisões
com base em crenças, opiniões e metas coletivas, ensinados ou aprendidos culturalmente. O
sentido da vida, considerado como um esquema conceitual, categoria do self e visão de
mundo, é quem dirige o caminhar humano e o conduz a viver. Em outras palavras, o (SV) é
uma rede cognitivo-afetiva, sendo dirigida pelos valores da vida.

Reker (1997) deliberou que o sentido de vida está proporcionalmente ligado ao


indivíduo que possui um propósito pessoal, uma direção para o seu existir, encontrando
satisfação de vida ou, ainda, um tipo de identificação e interesse pessoal e social. Aqui, o
homem é norteado por sua individualidade, crenças, valores e necessidades que funcionam
como uma meta a se atingir. Reker (2000) constatou que o conceito sentido de vida tem sido o
mais comentado na literatura, por distintas abordagens, ao longo dessas últimas décadas;
estudou, principalmente, a forma que o mesmo é vivenciado. Segundo ele, a experiência
pessoal de cada indivíduo está diretamente relacionada às fontes de sentido e esferas que
identificam as razões de viver ou o propósito de sua vida. Sommerhalder e Erbolato (2010)
tiveram como resultado de sua pesquisa indícios de que os principais componentes para
realização de sentido de vida estão diretamente ligados aos relacionamentos sadios e mais
próximos com familiares e amigos.

Retomando as contribuições logoterápicas, a identificação ou percepção do sentido de


vida se apresenta por meio da consciência. Segundo Frankl (2003), ela (a consciência) é o
órgão do homem que tem a responsabilidade de trazer discernimento sobre o que é bom ou
55

não, sobre o que possui ou não valor diante das diversas circunstâncias da vida. Como
supracitado, para a Logoterapia de Frankl, o sentido da vida é a força principal da existência
humana, que constitui a essência da felicidade e que apresenta a ideia de que absolutamente
nada na vida do homem pode ser compreendido como um meio por si só, mas com um
significado maior, que transcende sua existência (Frankl, 1990).

É verdade que o homem é capaz de sucumbir ao sofrimento e enfrentar grandes


mudanças frente às adversidades, desafios pessoais e perdas, ao longo do ciclo de sua vida.
Visitando seus recursos internos, cada indivíduo pode transformar e ressignificar todos estes
desafios, mediante uma postura resiliente, encontrando o sentido de sua vida, optando,
também, pelas próprias atitudes, sendo elas maduras e responsáveis. Assim, é capaz de
transcender todas as suas dificuldades e estabelecer relações saudáveis consigo mesmo, com o
outro e com o mundo.

Em suma, como na atualidade, a sociedade "hipermoderna" Lipovetsky (2007) e


“líquida” Bauman (2009) tem enveredado por um caminho de falta de sentido e tal
movimento tem tomado grandes e preocupantes proporções não se questiona a importante
contribuição da Logoterapia para uma saudável existência, frente à realidade atual que tende a
projetar a felicidade em coisas materiais ou experiências plenas de prazer. Percebe-se, com
isso, que o ser humano a prioriza como busca no lugar de direcionar-se para o sentido de vida.
Tal realidade tem conduzido muitas pessoas ao vácuo existencial, o que evidencia ainda mais
o clamor por sentido.

Por fim, é imprescindível relembrar que, segundo importantes pesquisas realizadas nas
últimas décadas, as fontes do sentido de vida estão diretamente ligadas ao aprimoramento
pessoal e ao fato dos indivíduos sentirem-se realizados em relações seguras e estáveis, entre
os mais: construção de um patrimônio, realização profissional e, principalmente,
relacionamento com sua religião e cumprimento de metas espirituais (De Vogler & Ebersole,
1980; Fiske & Chiriboga, 1991; Thurner, 1975).

3.3 RELAÇÕES ENTRE CRENÇAS NA ESPIRITUALIDADE E SENTIDO DE VIDA

“A essência da existência humana, diria eu, radica na


sua auto transcendência. Ser homem significa dirigir-se e
ordenar-se a algo ou alguém: entregar-se o homem a
uma obra a que se dedica, a um homem que ama, ou a
Deus, a quem serve” (Frankl, 2008, p. 136).
56

O sistema de Frankl apresenta uma nova perspectiva sobre o homem que se destaca
das outras visões psicológicas vigentes de sua época, uma vez que busca compreender o
existir humano por meio de experiências próprias, identificadas por sua dimensão espiritual
ou dimensão noética, que pode inclusive despertar uma vivência religiosa (Coelho Jr. &
Mahfoud, 2001).

Sobre a dimensão noética, Lima Neto (2013) comentou:

Por meio da dimensão noética ou espiritual é que abrem-se as possibilidades


para se falar de sentidos e valores, liberdade e responsabilidade (...) É por
meio da dimensão noética e da ressignificação da visão do homem que esta
promove na psicologia e em psicoterapia, que Frankl defende e justifica a
proposta de humanização da terapia e da própria ciência psicológica (Lima
Neto, 2013, p. 19).

A Logoterapia observa que é salutar a todo homem assumir a sua condição de ser
responsável, como uma de suas maiores características ao longo da vida (Frankl, 1986). Tal
postura se dá por meio de uma conscientização e essa, por sua vez, só é possível, graças à
espiritualidade. Frankl (1990) alocou a espiritualidade como sendo uma dimensão humana.
Segundo ele, as outras dimensões seriam psicológica, biológica e social. Neste ínterim, a
dimensão espiritual ou dimensão "noética" confere ao indivíduo a capacidade de obedecer a
uma vontade de sentido que transcende a uma vontade e satisfação pessoal e que o faz sair de
si e encontrar realização no que está fora de si, no mundo (Frankl, 2013).

Tanto os homens quanto os animais são constituídos pelas dimensões biológica,


psicológica, social. Porém, ele (o homem) se distingue dos outros animais por ser portador da
dimensão noética ou espiritual, onde reside a essência de seu existir. Assim, se pode afirmar
que a existência humana é primordialmente espiritual. Desse modo, a dimensão noética é
superior as demais, sem as excluir, e garante a integralidade do homem (Frankl 1989).

A dimensão noética caracteriza-se como sendo, eminentemente, a da liberdade e


responsabilidade. “Falar de existência na sua dimensão espiritual, é falar sobretudo do ser
responsável e do ser humano consciente de sua responsabilidade"(Frankl, 1993, p. 48). Essa
liberdade deve ser entendida como liberdade para tomada de decisão diante das mais diversas
e complicadas circunstâncias da vida. Logo, a espiritualidade apresenta-se como uma
dimensão que não é determinada, mas que é determinante da existência humana.
57

Neste ínterim, Coelho Jr e Mahfoud (2001) observaram que o relacionamento com o


ser transcendental pode ser abarcado por qualquer indivíduo, no nível da experiência, como
um diálogo do eu com o Tu eterno. Acrescentaram, ainda, que esta relação também pode estar
oculta, inconsciente ou reprimida, mas, acima de tudo, disponível enquanto possibilidade
humana. O indivíduo, como ser noético, é capaz de ser responsável, assumindo para si
realidades transcendentes. Somente assim, o homem pode responder a sua vocação, vivendo a
transcendência, que é requisito básico para ele se realizar e agregar coerência e sentido ao seu
existir. Segundo Frankl (1978)

O ser homem sempre indica um transcender na direção de um sentido, que o


homem preenche, ou de um companheiro, que ele encontra. E somente na
medida em que o homem assim se transcende na direção de um sentido, ele
se realiza – a serviço de uma causa, por amor a alguém. Dito de outra forma:
o homem só se torna completamente homem quando se dirige para uma
causa ou para uma pessoa. E só chega a se realizar quando se esquece e
supera a si mesmo" (Frankl, 1978, p. 63).

A dimensão noética, quando se desenvolve no homem, proporciona uma consciência


apurada para a responsabilidade e vivência dos valores. Fato que é completamente oposto ao
que a contemporaneidade propõe, bem como a verdadeira realização enquanto homem. É
nessa perspectiva que a dimensão noética permite ao indivíduo que possa agir na liberdade,
sem os condicionamentos psico-físico-sociais, de maneira a considerar que suas escolhas
sejam responsáveis e para além de si mesmo. Desse modo, é importante que a dimensão
noética seja fomentada e fortalecida para que a pessoa esteja cada vez mais próxima de sua
centralidade em âmbito humano e experimente a satisfação de vida.

Segundo Zanatta et al. (2018), a sociedade moderna, marcada pelo hedonismo,


materialismo e consumismo, contrapõe-se ao favorecimento e amadurecimento da dimensão
noética no ser humano. A visão de que o homem precisa, a todo custo, ter poder, prazer e ser
reconhecido tem colocado o mesmo na contramão do que, de fato, é essencial. A Logoterapia,
portanto, serve como uma proposta para o indivíduo orientar-se, reorganizando todo seu
existir por meio de práticas responsáveis, focando em objetivos que tragam uma verdadeira
realização de vida.

Segundo Zanatta et al. (2018):


58

Conforme proposto por Frankl, a dimensão noética é capaz de comprometer-


se, responsabilizar-se, e orientar-se por valores transcendentes ao próprio
indivíduo. É a camada que oferece liberdade ao ser humano para dedicar-se a
algo além de sim mesmo, de suas inclinações instintivas, próprias do
psicofísico (Zanatta et al., 2018, p.99).

É importante destacar que Frankl sempre se preocupou em esclarecer sua concepção


antropológica, uma vez que ela se abre para a dimensão espiritual. Por outro lado, nunca
temeu desenvolver e explorar o conceito de espírito, mesmo quando tal realidade apontava
para o Sagrado (Lima Neto, 2013). Nesse cenário, o diálogo com a instância do Sagrado parte
da conceituação de Scheler (2003) sobre o elemento espiritual. Ele sinalizou que uma vez que
o ser humano se distancia de sua categoria anímica, e se vê como ser existencial, nasce
consigo uma necessidade iminente de se dirigir para algo novo, capaz de norteá-lo a fazer
contato com a pessoa espiritual, onde reside a dimensão do absoluto, do transcendente
(Scheler, 2003).

Impulsionado pela visão de homem espiritual deste autor, Frankl (2007), imbuído
também de sua cultura religiosa (judaísmo), afirmou que o relacionamento do homem com o
Sagrado acontece por um viés espiritual, além de filosófico. Para o autor da Logoterapia é
exatamente no nível do sentido que acontece o entrelaçamento humano com o Sagrado. Tal
realidade acontece pela dimensão concreta e pela supra-dimensão. Entende-se a supra
dimensão ou suprassentido como um fundamento último que representaria todas as dimensões
do existir humano. Dessa forma, Lima Neto (2013) afirmou que "o suprassentido é o
horizonte para o qual aponta a transcendência originária de todo ser-homem, o Tu eterno
presente relacionalmente a toda pessoa espiritual" (Lima Neto, 2013, p.12).

A Logoterapia se une e se entrelaça com a espiritualidade/religiosidade quando Viktor


Frankl faz uso do termo suprassentido como uma dimensão da vida do homem que possui um
sentido incondicional, que não é tão simples de se entender (Frank, 2007). Segundo Frankl
(1990), a religiosidade ou a vivência sadia da religião consegue auxiliar o homem a visualizar,
em sua própria vida, o sentido de sua existência. Nos tempos atuais, em que se cresce o vazio
existencial, ajuda-o, protegendo dele. Corroborando com esse pensamento, Aquino (2009)
declarou que a religiosidade se torna um fator facilitador de alto índice de sentido. Sendo
assim, um indivíduo assíduo à prática religiosa terá maior dificuldade de experimentar o vazio
existencial.
59

Para Frankl (2005), o sentido último é alcançado quando o homem chega ao final de
sua vida e concebe a religião como possibilidade para o mesmo, que é único a cada pessoa na
vivência de sua existência. Nessa perspectiva, a espiritualidade/religiosidade teria um papel
fundamental, orientando o homem para o sentido último de sua vida. Entretanto, ela (religião)
jamais pode sobrepor-se ao indivíduo, exercendo sobre ele um domínio por meio da moral e
das regras, o que ocasionaria a perda de conexão com o Sagrado. Assim, Frankl se expressou
dizendo:

A religiosidade só é genuína quando existencial, quando a pessoa não é


impelida por ela, mas se decide por ela... A religiosidade verdadeira, para
que seja existencial, deve ser dado o tempo necessário para que possa brotar
espontaneamente (Frankl, 2007, p. 69).

Nesse ínterim, Eliade (1999) sinalizou que para o homem religioso, a religião e a
vivência da espiritualidade não constituem um emaranhado de práticas e crenças religiosas
desvencilhadas e separadas do seu dia-a-dia, funcionando como um acessório utilizado,
apenas, em alguns momentos especiais. Antes, ele considera que a religião e tudo o que ela
propõe é intrínseca à vida humana e, portanto, não há separação do homem que crê e sua
prática religiosa.

É imprescindível ressaltar que a possibilidade do homem dar-se num relacionamento


com o Sagrado é uma característica própria do espírito. Tal realidade se constitui como parte
integrante do corpo teórico da Logoterapia e é intenção de Frankl resgatar a dimensão
espiritual, bem como explorar suas potencialidades por meio da Logoterapia (Lima Neto,
2013). Frankl (2007) destacou, ainda, que a instância do absoluto está presente desde o
princípio de tudo, desde o primeiro sopro espiritual do indivíduo. Ele argumenta que possa
existir uma relação, num grau inconsciente, com o Sagrado, de forma ontológica no indivíduo
e é, neste ponto, que a relação com o Tu eterno é possível, de forma experienciada e não
objetiva.

Por isso, a dimensão noética ou espiritual é tão importante, pois abre a possibilidade
de se falar sobre valores, liberdade, responsabilidade e sentido. Neste ínterim, o dado
espiritual, enquanto faculdade ontológica do homem, é o fundamento em que a Logoterapia se
edifica, apresentando-se como viés psicoterápico.

Em suma, o entendimento que Frankl possui sobre a religiosidade abarca a


espiritualidade como uma dimensão eminentemente humana, existencial, aberta ao
60

transcendente, constituindo-se como consciência e responsabilidade. Em outras palavras, a


espiritualidade poderia ser entendida como uma realidade eminentemente humana, que se
entrega numa relação de totalidade com o Sagrado. Assim, a espiritualidade e religiosidade
são questões próprias do homem para a análise existencial e para a Logoterapia, é considerada
como categoria ontológica, fazendo parte da antropologia Frankliana.
61

4 PESQUISA

Os procedimentos metodológicos utilizados nesta investigação são apresentados


através dos seguintes itens: 4.1 Delimitação de Pesquisa, 4.2 Descrição da Amostra de
Participantes e Delimitação Sociodemográfica da Pesquisa, 4.3 Instrumentos de Coleta de
Dados, 4.4 Processo de Coleta de Dados, 4.5 Resultados e Discussão.

4.1 DELIMITAÇÃO DA PESQUISA

Trata-se de uma pesquisa empírica, quantitativa, descritiva, correlacional, ex post


facto, que traduz em números as respostas de universitários brasileiros investigados com
relação às crenças na espiritualidade e realização de sentido de vida.

4.2 DESCRIÇÃO DA AMOSTRA DE PARTICIPANTES E DELIMITAÇÃO


SOCIODEMOGRÁFICA DA PESQUISA

Os participantes que constituíram a amostra representaram todos os Estados da


Federação Brasileira, com predominância do Rio de Janeiro (67,8% e N = 880), Amazonas
(5,5% e N = 71), São Paulo (5,1% e N = 66), Paraíba (3,7% e N = 48) e Ceará (2,5% e N =
33) [Em preto e cinza na Figura 1]. Todos os outros estados obtiveram valores
individualmente inferiores a 2,4% dos respondentes (Figura 1).
62

Figura 1: Disposição dos 5 Principais Estados com Respondentes Predominantes no Brasil

Fonte: Elaborado pelo autor

A amostra coletada foi de 1298 universitários, com idades que variaram entre 18 e 68
anos (M = 27,01 e DP = 9,17; Gráfico 1).

Gráfico 1: Histograma da Idade da Amostra

Fonte: Elaborado pelo autor


63

Com relação ao sexo, a pesquisa foi composta por 66,1% de pessoas do sexo feminino
(N = 858) e 33,9% do sexo masculino (N = 440; Gráfico 2).

Gráfico 2: Sexo

Sexo

34%
Feminino
66%
Masculino

Fonte: Elaborado pelo autor

Quanto a categoria relativa à Religiosidade, 70,5% declaram-se como religiosos (N =


915), 17,3% declaram-se como espiritualistas (N = 224) e 12,2% declaram-se como ateus e
agnósticos (N = 159; Gráfico 3).

Gráfico 3: Religiosidade

Religiosidade
Ateus e
Agnósticos
12%

Espiritualistas
17% Religiosos
Religiosos Espiritualistas
71%
Ateus e Agnósticos

Fonte: Elaborado pelo autor


64

Quanto ao estado civil, houve uma predominância de solteiros na amostra (77,8% e N


= 1010) poucos indivíduos casados (19% e N = 246) e pouquíssimos divorciados (2,8% e N =
36; Gráfico 4).

Gráfico 4: Estado Civil

Estado Civil
77,80%
80,00%
70,00%
60,00%
50,00%
40,00%
30,00% 19%
20,00%
2,80% 1%
10,00%
0,00%
Solteiros Casados Divorciados Outros

Fonte: Elaborado pelo autor

A amostra foi composta por universitários de diferentes cursos, dentre eles Psicologia
(29% e N = 377), Administração (5,4% e N = 70), Filosofia (4,8% e N = 62), Medicina (4,7%
e N = 61) e Teologia (4,2% e N = 54). Todos os outros cursos apresentaram menos de 4,2%
dos respondentes da amostra (Gráfico 5).

Gráfico 5: Cursos universitários

Cursos universitários - predominância


Outros
Teologia 8%
8%
Psicologia
Medicina
9% Administração
Psicologia
Filosofia
Filosofia 56%
9% Medicina
Teologia
Administração Outros
10%

Fonte: Elaborado pelo autor


65

4.3 INSTRUMENTOS DE COLETA DE DADOS

Foram utilizadas duas escalas, a saber: a de Crença na Espiritualidade WHOQOL-


SRPB (Spirituality, Religiouness e Personal Beliefs) (2010), criada pela Organização Mundial
da Saúde (OMS), e a Escala de Sentido de Vida de Steger (2006).

De início, pode-se afirmar que WHOQOL é um instrumento que avalia de que forma a
espiritualidade, religião e crenças pessoais estão relacionados à Qualidade de Vida (QV). A
escala foi validada no Brasil por Raquel Panzini, Camila Maganha, Neuza Rocha, Denise
Bandeira e Marcelo Fleck em 2009. Participaram desse estudo 404 pacientes e funcionários
de hospital universitário e funcionários da Universidade em Porto Alegre, Rio Grande do Sul,
entre 2006 e 2009. A amostra foi estratificada por sexo, idade, estado de saúde e
religião/crença.

A OMS, inicialmente, possuía duas escalas que mediam a qualidade de vida - o


WHOQOL-100 e a versão abreviada WHOQOL-Bref- que abrangiam os seguintes domínios:
físico, psicológico, relações ambientais e sociais, dentre outros. No entanto, desenvolveu um
terceiro módulo específico, o WHOQOL-SRPB, com o objetivo de ampliar seu campo de
estudo e avaliar a Espiritualidade/Religião/Crenças pessoais dentro de uma perspectiva
transcultural, haja vista que o domínio SRPB se apresentou como um dos pilares basilares da
qualidade de vida dos indivíduos, quer de enfermos, médicos, ou das pessoas de um modo
geral (Fleck et al., 2007).

Neste sentido, do ponto de vista metodológico de validação das versões nacionais do


WHOQOL-SRPB, segue o protocolo que foi definido para os restantes instrumentos criados
pela OMS para avaliar a QV, compreendendo as seguintes etapas: (1) tradução (a versão final
da tradução dos 32 itens para português europeu; (2) estudo qualitativo; (3) desenvolvimento
das escalas de resposta e (4) estudo quantitativo. Tendo-se procedido à tradução do
WHOQOL-SRPB para português europeu, de acordo com as orientações definidas pela OMS
(para uma revisão do protocolo de validação conforme Canavarro et al., 2007), seguiu-se uma
segunda etapa: o estudo qualitativo, com grupos focais.

O módulo WHOQOL-SRPB versão português brasileiro, utilizado nesta pesquisa, é


constituído de 26 perguntas (sendo as perguntas 1 e 2 sobre a qualidade de vida geral). As
respostas seguem uma escala Likert (de 1 a 5, quanto maior a pontuação melhor a qualidade
de vida), considerando o seguinte: dos 5 pontos (1= nada a 5= extremamente). Fora essas duas
66

questões (1e2), o instrumento tem 24 itens que avaliam espiritualidade/ religiosidade/crenças


pessoais, os quais compõem 4 fatores que são: físico, psicológico, relações sociais e meio
ambiente.

É importante destacar que as análises estatísticas foram conduzidas no Brasil,


utilizando o software SPSS 16.0. Além de frequências, utilizou-se a correlação de Pearson;
consistência interna (α de Cronbach e correlação entre fatores), testes t para amostras
independentes e pareadas. Adotou-se nível de significância de p < 0,05. A amostra foi
composta por 404 indivíduos, a maioria do sexo feminino, saudável, cor de pele branca,
casada, católica, de classe econômica B, com Ensino Médio, com ocupação, procedentes da
capital e sem depressão. A idade variou entre 18 a 84 anos (média = 42,85 anos, desvio-
padrão [DP]=13,91).

No tocante aos participantes, 95% deles declararam acreditar em Deus, 3% declararam


não acreditar e 2% tinham dúvidas. Mais de uma crença foi declarada por 2,2% dos
entrevistados. Independentemente de frequentarem ou não encontros religiosos, 76% dos
participantes descreveram a religião como “bastante” ou “muitíssimo” importante, mesma
resposta apresentada para o papel da religião/espiritualidade no enfrentamento de situações
estressantes (70,8%). A maioria dos entrevistados relatou alta frequência em atividades
religiosas privativas (50,8%), enquanto 43,5% apresentou frequência religiosa média e 42,1%,
baixa. Dos doentes, 89,9% eram pacientes hospitalizados e 10,1%, ambulatoriais.

Enfim, O WHOQOL-SRPB em português brasileiro apresentou qualidades


psicométricas satisfatórias, como precisão e validade de constructo, com validade
discriminativa, convergente, convergente/discriminante e relacionada ao critério concorrente
em amostra ampla de homens e mulheres saudáveis e doentes, de variadas idades, crenças,
escolaridades e classes socioeconômicas.

O Questionário de Sentido de Vida - (QSV), construído por Steger (2006), foi


traduzido do inglês para o português e validado no Brasil em 2015 por Tiago Antônio Avellar
de Aquino, Valdiney Veloso, Andrei Aguiar, Gylmara Pereira e Ana Fernandes. Participaram
desse estudo 414 estudantes universitários de João Pessoa (PB), com idade média de 28,2
anos (dp = 9,50; amplitude de 18 a 63 anos), sendo a maioria do sexo feminino (63,5%),
assim distribuídos: (30%) casados, (52,2%) solteiros, (10%) separados e (6,8%) outros; os que
não responderam somam (1%).
67

Para a análise de dados, foram utilizados dois pacotes estatísticos: SPSS (versão 16) e
AMOS (versão 7). O primeiro instrumento calculou as estatísticas descritivas (medidas de
tendência central e dispersão), enquanto o segundo foi usado para análises fatoriais
confirmatórias. Neste instrumento, verificou-se como resultado das correlações entre as
escalas que o vazio existencial se correlacionou, negativamente, com presença de sentido e,
positivamente, com busca de sentido. Portanto, quanto maior a pontuação em presença de
sentido, menor o vazio existencial.

O questionário dispõe de 10 itens e 7 alternativas de resposta tipo likert (totalmente


falso, geralmente falso, parcialmente falso, nem verdadeiro nem falso, parcialmente
verdadeiro, geralmente verdadeiro, absolutamente verdade) e avalia dois fatores pertinentes
ao conceito, conforme a Logoterapia o apresenta: a busca e a presença de sentido ou
realização de sentido. A busca do sentido refere-se a uma necessidade inata, segundo Frankl
(2003), de encontrar sentido para viver, enquanto a presença diz respeito à possibilidade que a
pessoa tem de encontrar e direcionar suas ações para valores éticos e, portanto, realizar
sentidos para viver naquilo que faz.

Enfim, o instrumento foi adaptado e validado para população brasileira por Aquino et
al., em 2015. Como o instrumento apresenta duas dimensões, divide-se os itens 1,4,5,6 e 9
como aqueles referentes à presença do sentido de vida e os itens 2,3,7,8 e 10 como aqueles
referentes à busca de sentido. Nesta escala, o item 9 é redigido na forma negativa. Para efeitos
de análise e correção, é necessário invertê-lo.

4.4 PROCESSO DE COLETA DE DADOS

Inicialmente, a coleta estava prevista para acontecer de modo presencial em 04


Universidades da cidade do Rio de Janeiro e, neste sentido, o projeto seria apresentado às
coordenações de diferentes cursos dessas Universidades para, mediante autorização, ser feito
o agendamento visando a aplicação das escalas nas turmas pré-selecionadas. No entanto,
devido à pandemia do novo Coronavírus (COVID-19) decidiu-se a realização da pesquisa
utilizando a internet, por meio do Google Forms. Assim, os estudantes universitários de todo
território nacional concordaram em participar assinando o TCLE (anexo IV) e responderam
ao Questionário Sociodemográfico (Apêndice 1) e também aos dois instrumentos:
WHOQOL-SRPB da OMS e o Questionário de Sentido de Vida de Steger (Anexos 1 e 2).
68

O projeto foi aprovado pelo Comitê̂ de Ética em pesquisa da UCP, conforme a


resolução CAAE: 30273020.2.0000.5281 (Anexo E). Para salvaguardar a confidencialidade e
a identidade de todos os entrevistados, optou-se por não incluir “nome”, assim como nenhum
registro de documentação civil na identificação dos dados da pesquisa. A coleta de dados teve
início no dia 15 de maio de 2020 e encerrou-se no dia 10 de junho de 2020.

Todo o material da pesquisa (on-line) foi inserido num link que continha: uma
apresentação da pesquisa, as escalas a serem respondidas, o Termo de Consentimento Livre e
Esclarecido (TCLE), incluindo uma imagem inicial, contendo a Logomarca da UCP, com o
intuito de dar credibilidade e respaldo à pesquisa. Antes da coleta ser iniciada, dedicou-se um
tempo para analisar eventuais falhas que pudessem ocorrer em relação à montagem do link,
como possíveis omissões de dados necessários ou falhas ortográficas, dentre outros.

Em seguida, foram feitas algumas leituras por cinco pessoas diferentes, que conheciam
a pesquisa, para verificar se havia algo a ser corrigido e, então, deu-se início à coleta de
dados. Uma destas leituras foi feita pelo responsável que realizou a parte psicométrica da
pesquisa e auxiliou o pesquisador na realização da análise de dados. Paralelamente, foi criado
um logotipo para incluir no webcard que veiculou o link da pesquisa nas redes sociais, tendo
como título um questionamento: “Será que a espiritualidade contribui para a realização de
sentido de vida?”, uma imagem neutra que trazia a ideia de um universitário, bem como a
logomarca da UCP (Apêndices 2 e 3 ).

Nesse mesmo período de revisão do material da pesquisa, o mestrando fez um


levantamento de dados nas redes sociais, considerando quais pessoas e grupos de estudantes
poderiam constituir a amostra da pesquisa. Assim, consultando o Facebook, Instagram e
contatos pessoais no WhatsApp, foi possível elaborar uma lista de pessoas e grupos de
universitários, seja a nível nacional ou por estados da Federação Brasileira. Todo este trabalho
se desenvolveu num período de vinte sete dias.

Conforme citado anteriormente, a pesquisa foi realizada (mês de maio de 2020) em


uma época um tanto quanto peculiar devido à pandemia do Novo Coronavírus, COVID-19,
que afetou todas as nações do mundo. Esse dado ressalta, especialmente, o fato de que toda a
população da Federação Brasileira permaneceu em quarentena, à exceção de serviços
essenciais. Deste modo, os estudantes, em sua maioria, continuaram via internet com
videoaulas, destacando também que a condição de cada um era a de confinamento, que
perdurava há cerca de dois meses. Portanto, estavam experimentando a reclusão em suas
casas. Assim sendo, percebe-se que, nesse mesmo período, houve um excesso de informações
69

nas redes sociais e os estudantes universitários, bem como as pessoas de um modo geral, não
foram capazes de administrar a grande quantidade de mensagens recebidas. Este fato
prejudicou, e muito, a aceitação e a resposta da pesquisa. Estima-se que a pesquisa foi enviada
para cerca de vinte e cinco mil estudantes universitários e respondida por, apenas, 1298
participantes.

As ações e implementação da coleta foram auxiliadas por cinco universitários de


conhecimento do pesquisador que, devidamente treinados e orientados pelo mesmo,
desenvolveram procedimentos para expandir a coleta nas redes sociais. Utilizando-se de
ferramentas como o Google, conseguiu-se uma relação de diversos grupos de WhatsApp para
estudantes universitários espalhados pelo Brasil. Mediante o link, estes auxiliares de pesquisa
entraram em contato com cerca de 50 grupos diferentes, se apresentaram e, resumidamente,
explicaram o objetivo da pesquisa e, logo em seguida, pediam a cordialidade dos integrantes
desses grupos para responderem àquela pesquisa científica, uma vez que eles tinham o perfil
para se constituírem como amostra.

Utilizando-se do Facebook, atingiram cerca de 70 grupos e foi realizado o mesmo


dinamismo. No entanto, com esta ferramenta, era necessário que o criador da página
permitisse a autorização para postar qualquer mensagem no grupo, a fim de que todos
pudessem visualizá-la. Aqui, muitos desses administradores demoravam a responder e, na
maioria das vezes, não permitiam a realização da coleta de dados. Cerca de 30 grupos
autorizaram que a pesquisa fosse veiculada em sua página. No entanto, a tentativa de coleta
através do Facebook não apresentou nenhum tipo de retorno.

No Instagram, houve mais dificuldades uma vez que o link da pesquisa não consegue
ser postado para que as pessoas cliquem e já respondam. Assim, foi necessário entrar em cada
grupo do Instagram para divulgar a pesquisa e convidar os interessados a se manifestarem e
só, a partir daí, o link pôde ser enviado pelo “direct”, no particular. Cerca de 30 perfis de
grupos de estudantes universitários foram visitados e receberam no direct as mensagens de
apresentação, com o objetivo da pesquisa e o pedido para que pudessem lançá-la para todo o
grupo. No entanto, só houve resposta positiva de dois grupos, enquanto os demais não
responderam às mensagens enviadas. No Instagram, envolveu-se menos força na busca por
respostas por causa dessa limitação.

Ao longo desse período, intercorrências aconteceram como, por exemplo, ser expulso
de grupos de WhatsApp sem mesmo ter terminado de apresentar a proposta da pesquisa. Por
outro lado, o pesquisador recebeu alguns retornos de participantes, conforme relatado abaixo.
70

“Você foi feliz quando colocou a pergunta de duas maneiras diferentes: Tipo... Você
compreende o sentido de sua vida? E: Você busca dar sentido a sua vida? Eu agnóstico, não
considero a vida dotada de sentido. Mas, conscientemente, busco dar a ela um sentido. Por
isso respondi não na segunda e sim na primeira.... É que poderia parecer contraditório, mas
não é. Vou compartilhar. Boa sorte!” (Estudante do Grupo de Universitário de Alagoas por
WhatsApp).

“Então, quando eu fiz a pesquisa eu senti muita dificuldade porque acho que preciso
de uma reflexão individual muito mais funda do que a que eu estava fazendo e acabei
terminando de responder e fiquei a pensar “será que eu respondi certo? Será que é isso
mesmo? Que que eu tô fazendo, sabe?” e fiquei com a sensação do que eu estou fazendo e de
que não sei quem sou... olha, tipo, eu sei quem sou, só não sei tão a fundo quem sou,
entendeu? eu fiquei muito, tipo... questões pessoais, mas outra coisa também é que teve uma
pergunta assim, que eu não sei se era pergunta, se eu era meio burra entendeu, mas que eu
fiquei tipo com uma dificuldade de entender e quando eu entendi, é, eu fiquei realmente
repensando a vida e achei muito profunda a pesquisa e, e é isso” (Uma estudante do estado
do Rio de Janeiro).

“Amiga ‘tô’ até hoje questionando minha existência. “você vê sentido na vida?” vejo,
óbvio. Quer dizer, acho que vejo. Às vezes, não vejo. Vejo? Nunca nem vi... foi mais ou menos
assim. Eu sou MEGA das vibes espiritualizadas, mas não no sentido religioso, mesmo assim
fiquei me questionando várias coisas. Muito bom”. (Uma estudante do estado de São Paulo,
dias depois de ter respondido a pesquisa, enviou a mensagem para a pessoa que a convidou a
responder a pesquisa).

“Olá, uma amiga de Blumenau que está fazendo arquitetura na federal acabou de
responder o questionário, gostou muito e está encaminhando a pesquisa para algumas
colegas de Blumenau, Indaiá, Brusque, aquela área de lá” (Uma diretora de escola recebeu
essa mensagem de alguém que havia encaminhado).

“Enviei essa mensagem para todos os professores da Faculdade: Prezados


colaboradores (gestores, docentes, e técnico administrativo) e discentes, um amigo nos pediu
o apoio possível nessa pesquisa (no link abaixo) para ser utilizada em um Mestrado.
Apreciaria muito se conseguíssemos apoiá-los, seja viralizando a mensagem entre nossos
discentes e/ou incentivando as respostas. Contamos com seus valiosos apoios! Muito
obrigado” (Mensagem de um senhor, dono de uma Universidade no estado de Fortaleza).
71

O WhatsApp foi o caminho mais eficaz na obtenção das respostas neste processo de
coleta de dados, configurando-se através da solicitação feita em vários grupos e,
individualmente. Na medida em que o link era enviado, começaram a ocorrer retornos
positivos através de “likes” caracterizados por figuras de “emojis” positivas evidenciando que
as escalas haviam sido respondidas. Mesmo assim, prosseguiu-se a insistência através do
Facebook e Instagram.

Vale lembrar que não ocorreram manifestações negativas ou hostis ao convite para
responder à pesquisa, apenas as pessoas não retornavam com as repostas. Vale relembrar que
a coleta ocorreu no período entre o dia 15 de maio de 2020 e 10 de junho de 2020 e, no final,
foram obtidas 1712 respostas e 1298 válidas, esclarecendo que foram consideradas inválidas
as respostas de estudantes de curso de pós-graduação de latu sensu e stricto-sensu e
profissionais com nível superior que não eram mais estudantes.

4.5 RESULTADOS E DISCUSSÃO

Para facilitar a compreensão das etapas que serão descritas neste item, optou-se por
organizá-lo em torno dos seguintes tópicos: 4.5.1 Análise das Variáveis, 4.5.2 Testes de
normalidade, 4.5.3 Hipóteses e Estatística inferencial, 4.5.4 Anova e 4.5.5 Mancova.

A análise de dados foi feita utilizando os programas IBM, SPSS (versão 21) do
Microsoft Excel 365.

A pesquisa foi analisada e, com base nos cálculos para a construção dos gráficos,
utilizou-se a estatística descritiva aplicada às variáveis sociodemográficas (frequência e
porcentagem), que descreveram a amostra conforme apresentado no item 4.2. e, dentre eles,
optou-se pela medida de tendência central (Média - M), aliada à medida de dispersão (Desvio
padrão - DP) e aos gráficos, que permitiram a análise exploratória univariada das variáveis.

4.5.1 Análise das variáveis

Adotou-se, para a análise das variáveis Sentido de Vida (avaliada através de dois
fatores: Presença de sentido de vida e Busca de sentido de vida) e Crenças na espiritualidade
(avaliadas através do WHOQOL_SRPB, considerando os dois fatores: Conexão a ser ou força
72

espiritual e Fé) uma medida de assimetria e kurtosis que garante aos gráficos a distribuição
conhecida, paramétrica e normal ou anormal dos dados, modificando ou não a forma das
curvas dos gráficos nos tópicos seguintes. Este critério será o mesmo adotado nas tabelas e
gráficos distribuídos pelo capítulo.

Abaixo (Tabela1), encontram-se cálculos pertinentes à aplicação da Escala de Sentido


de Vida (Fatores: Presença e Busca de Sentido de Vida) e ao WHOQOL-SRPB (Fatores:
Conexão a ser ou força espiritual e Fé).

Tabela 1: Descritivos de Instrumentos Psicométricos

Estatística Modelo padrão


Média 21,300 0,1594
Limite inferior 20,987
Intervalo de confiança
de 95% para média
Limite superior 21,612
5% da média aparada 21,715
QSV_Presença

Mediana 22,000
Variância 32,975
Desvio padrão 5,7424
Mínimo 4,0
Máximo 28,0
Range 24,0
Amplitude interquartil 8,0
Assimetria -0,836 0,068
Kurtosis 0,088 0,136
Média 24,656 0,2313
Limite inferior 24,202
Intervalo de confiança
de 95% para média
Limite superior 25,109
5% da média aparada 25,166
QSV_Busca

Mediana 27,000
Variância 69,452
Desvio padrão 8,3338
Mínimo 5,0
Máximo 35,0
Range 30,0
Amplitude interquartil 11,0
Assimetria -0,852 0,068
Kurtosis -0,170 0,136
73

Média 16,146 0,1254


Limite inferior 15,900
Intervalo de confiança
de 95% para média
Limite superior 16,392
5% da média aparada 16,595
Mediana 18,000
CONEX

Variância 20,424
Desvio padrão 4,5193
Mínimo 4,0
Máximo 20,0
Range 16,0
Amplitude interquartil 6,0
Assimetria -1,227 0,068
Kurtosis 0,588 0,136
Média 16,482 0,1302
Limite inferior 16,226
Intervalo de confiança
de 95% para média
Limite superior 16,737
5% da média aparada 16,979
Mediana 19,000
Variância 21,997
FE

Desvio padrão 4,6901


Mínimo 4,0
Máximo 20,0
Range 16,0
Amplitude interquartil 5,0
Assimetria -1,367 0,068
Kurtosis 0,849 0,136

Fonte: Elaborado pelo autor

Para expor graficamente as informações da tabela acima (Tabela1), optou-se pelo uso
de histogramas, formados por barras unidas umas as outras, visando maior objetividade na
compreensão visual da amostra.

Abaixo, apresentam-se gráficos relativos às médias obtidas pela amostra em relação


aos fatores da escala QSV (Gráficos 6,7, 8 e 9).

A respeito do gráfico 6 (Histograma QSV - Presença), no eixo horizontal, temos os


resultados possíveis de respostas assinaladas para “Presença de sentido de vida”. A maioria
das respostas relativas ao QSV, no eixo horizontal, concentrou-se no lado direito enquanto no
74

eixo vertical, têm-se a quantidade de pessoas que responderam à pesquisa e ficaram com o
score correspondente. Verifica-se que, quanto maior a barra, maior a quantidade de pessoas
que ficaram naquela classe de respostas. A maior parte das pessoas está acima dos 25 pontos,
em especial a última barra, que concentra cerca de 200 pessoas e que marcou 28 pontos,
levando-se em consideração que a pontuação média mínima foi de 21 pontos.

Gráfico 6: Histograma Questionário de Sentido de Vida – Presença

Fonte: Elaborado pelo autor

No gráfico 7: BOXPLOT (caixas e bigodes – QSV - Presença), percebe-se as


informações mais gerais da pesquisa: a maior parte da população ficou com valor bem alto,
acima de 18, ou seja, 75% das pessoas teve score maior que a nota mínima, que é 4. Isso
mostra, mais uma vez, o que já foi visto no histograma acima (Gráfico 6), no qual as notas
foram muito altas para “Presença de sentido”.
75

Gráfico 7: Boxplot - QSV - Presença

Fonte: Elaborado pelo autor

O gráfico 8 apresenta valor médio da amostra relativo ao fator Busca de 24,66, sendo
valor máximo 35 e mínimo 5. Assim, considera-se que a maior parte dos participantes
apresentou uma busca de sentido bem alta.

Supostamente, este resultado pode estar relacionado ao fato de que, de acordo com a
teoria frankliana tanto a Busca quanto a Realização (Presença) de sentido de vida, constitui
uma experiência dinâmica e, desta forma, a realização de sentido de vida caminha integrada
com a busca do sentido de vida, uma vez que este dinamismo decorre da influência de valores
ou ideais superiores sobre a vida da pessoa.
76

Gráfico 8: Histograma - Q S V - Busca

Fonte: Elaborado pelo autor

Abaixo, o gráfico 9 (Boxplot Busca) evidencia as mesmas informações contidas no


gráfico 8.

Gráfico 9: Histograma Boxplot – Q S V- Busca

Fonte: Elaborado pelo autor


77

Os gráficos 10 e 11 abaixo demonstram valores obtidos pela amostra com relação aos
dois fatores (Conexão a ser ou forca espiritual e Fé), que integram a Escala da OMS
WHOQOL_SRPB e que foram escolhidos pelo pesquisador para avaliar Crenças na
Espiritualidade.

O gráfico 10 apresenta uma distribuição assimétrica de perfil platicúrtico, que


evidencia a Média 16,15, com DP = 4,51 relativos ao fator Conexão a ser ou força espiritual,
o que demonstra que, dentro dessa amostra, os participantes apresentaram valor médio alto.

Gráfico 10: Histograma – WHOQOL-SRPB - Conexão a ser ou força espiritual

Fonte: Elaborado pelo autor

O Gráfico 11 apresenta o valor médio da amostra relativo ao fator Fé de 16,48 e DP =


4,69, significando que a maior parte da amostra se comportou em relação a este fator,
evidenciando valores médios altos de fé.
78

Gráfico 11: Histograma – WHOQOL-SRBP – FÉ

Fonte: Elaborado pelo autor

Verifica-se, então, que, de acordo com os resultados apresentados pelos gráficos 10 e


11, a amostra demonstra nível alto de Crenças na Espiritualidade decorrente das respostas ao
WHOQOL_SRPB com relação aos fatores Conexão a ser ou força espiritual e Fé.

4.5.2 Testes de normalidade

Para estabelecer um raciocínio estatístico de modo a relacionar as duas escalas, optou-


se pelo uso dos testes de normalidade. Os testes de normalidade são usados para determinar se
um vetor numérico provém de uma distribuição normal e tem seus dados numéricos
organizados em colunas.

Os testes de normalidade (Kolmogorov-Smirnov e Shapiro-Wilk), realizados nas


variáveis referentes aos scores dos fatores contidos nos instrumentos psicométricos (Presença
de sentido de vida, Busca de sentido de vida, Conexão a ser ou força espiritual e Fé), foram
significativos (p < 0,01) [Em amarelo na Tabela 2 abaixo] demonstrando, portanto, que as
distribuições dos scores são não normais. Tendo em vista esta característica da distribuição
79

dos dados, optou-se pela utilização de estatísticas não-paramétricas para realização dos
testes de hipóteses a fim de não reduzir o poder estatístico das análises (Lilliefors, 1967;
Royston, 1983). Utilizou-se a técnica de bootstrapping na ocasião em que a alternativa não-
paramétrica não era suficientemente equivalente para a análise que desejava ser realizada
(Mooney, Mooney, Mooney, Duval & Duvall, 1993).

Tabela 2: Testes de Normalidade


Kolmogorov-Smirnova Shapiro-Wilk
Estatística df Sig. Estatística df Sig.
QSV_Presença 0,122 1298 0,000 0,919 1298 0,000
QSV_Busca 0,129 1298 0,000 0,909 1298 0,000
CONEXÃO 0,197 1298 0,000 0,814 1298 0,000
FÉ 0,227 1298 0,000 0,76 1298 0,000
a. Lilliefors Significance Correction

Fonte: Elaborado pelo autor

4.5.3 Hipóteses e estatística inferencial

Neste item, ocorre a análise das hipóteses que possibilita observar os resultados
pertinentes à relação entre as variáveis da pesquisa (Sentido de vida e Crenças na
espiritualidade através de seus fatores Busca e Presença de sentido; Conexão a ser ou força
espiritual e Fé). Esta análise, com base na estatística inferencial, avalia as hipóteses: H1, H2,
H3 e H4.

Essas hipóteses dizem respeito ao comportamento da amostra frente à possível relação


entre os resultados obtidos através dos instrumentos utilizados para a coleta de dados (QSV e
WHOQOL _ SRPB e seus fatores).

Para facilitar a compreensão da análise, as hipóteses, apresentadas em sequência, e os


comentários a respeito da análise feita acerca delas encontram-se acompanhados de uma
tabela demonstrativa dos resultados de correlações não paramétricas (Tabela 3).

Hipótese 1- Há relações significativas entre crenças na espiritualidade e sentido de


vida em universitários brasileiros.

Hipótese 2- Há relações significativas entre crenças na espiritualidade e sentido de


vida em universitários brasileiros quando se considera sexo como fator diferenciador.
80

Hipótese 3- Há relações significativas entre crenças na espiritualidade e sentido de


vida em universitários brasileiros quando se considera faixa etária como fator diferenciador.

Hipótese4- Há relações significativas entre crenças na espiritualidade e sentido de vida


em universitários brasileiros quando se considera categorias: religioso, ateu, agnóstico,
espiritualista como fator diferenciador.

Ao avaliar a Hipótese 1: Há relações significativas entre crenças na espiritualidade e


sentido de vida em universitários brasileiros. Para aceitá-la ou rejeitá-la de acordo com os
testes não paramétricos, bem como as hipóteses H2, H3 e H4 apresentadas a seguir, nas
tabelas demonstrativas dos resultados, verificou-se que, tendo em vista a não-normalidade dos
dados, optou-se por utilizar a correlação não paramétrica de Spearmam – Rô de Spearman
(Hauke & Kossowski, 2011), com a finalidade de averiguar se havia relação entre a Presença
de sentido de vida, a Busca de sentido de vida, a Conexão a ser ou força espiritual e a Fé
(Hauke & Kossowski, 2011).

Maiores informações, acerca dos tamanhos de efeito entre as variáveis, podem ser
encontradas nas referências de Rosenthal (1991) e Field (2009).

A correlação entre Presença de Sentido de Vida e Conexão a Ser Espiritual e Fé foi


significativa (p < 0,01) e moderada positiva (r = 0,547). [Em azul na Tabela 3].
Supostamente os resultados podem evidenciar que há uma relação entre Presença (ou
Realização de sentido) e Espiritualidade, dado que, de acordo com a teoria frankliana,
encontra-se na dimensão noética um conjunto de aspectos que identifica o ser humano na sua
natureza. Dentre eles, a espiritualidade, os valores éticos (virtudes se admitirmos um
direcionamento mais teológico ao tema), a liberdade, a responsabilidade, a criatividade e o
humor. Estas características humanas interagem de modo dinâmico, fortalecendo e
favorecendo a realização ou presença de sentido de vida, desde que a pessoa se conscientize
desta força e tenha uma opção livre e deliberada para segui-la.

A correlação entre Busca de sentido de vida e Conexão a ser ou força espiritual e Fé


foi significativa (p < 0,01) e fraca positiva (r = 0,151 e 0,124) [Em amarelo na Tabela 3]. De
modo semelhante, também foi observado uma correlação significativa fraca e positiva entre
os dois fatores, o que provavelmente se explica pelo fato de que na medida em que há uma
intensidade mais expressiva de presença, tende a haver uma diminuição da busca.

A correlação entre Conexão a Ser Espirituais e Fé foi significativa (p < 0,01) e forte
positiva (r = 0,759) [Em verde na Tabela 3]. Esta correlação apresentou-se forte e positiva,
81

corroborando provavelmente para a identificação das características sociodemográficas


presentes na amostra, revelando um número expressivo de pessoas que se identificam como
religiosas (71 % da amostra) e permitindo inferir um índice expressivo verificado no fator
Conexão a ser espiritual e Fé.

Tabela 3: Correlações Não-Paramétricas


QSV_
Rô de Spearman Presenca
QSV_Busca CONEX FE
** **
Correlações de coeficiente 1,000 -,080 ,546 ,548**
QSV_Presenca Sig. (1 extremidade) 0,002 0,000 0,000

Correlações de coeficiente -,080** 1,000 ,151** ,124**


QSV_Busca Sig. (1 extremidade) 0,002 0,000 0,000

Correlações de coeficiente ,546** ,151** 1,000 ,759**


CONEX
Sig. (1 extremidade) 0,000 0,000 0,000
Correlações de coeficiente ,548** ,124** ,759** 1,000
FE
Sig. (1 extremidade) 0,000 0,000 0,000
**A correlação é significativa no nível 0,01 (1 extremidade).

Fonte: Elaborado pelo autor

A seguir, apresentam-se as hipóteses H2, H3 e H4 e, em sequência, os comentários


relativos à Hipótese 2, seguidos dos referentes às hipóteses H3 e H4, com a análise feita
acerca das mesmas e as Tabelas (4, 5, 6 e 7) e Figuras (3 e 4), demonstrativas dos resultados.

Com relação à Hipótese 2: Há relações significativas entre crenças na espiritualidade


e sentido de vida em universitários brasileiros quando se considera sexo como fator
diferenciador, visando averiguar se houve diferença estatisticamente significativa para as
variáveis psicológicas (Presença de sentido de vida, Busca de sentido de vida, Conexão a ser
ou força espiritual e Fé) entre homens e mulheres da amostra. Foram conduzidos testes não-
paramétricos de Diferenças de Distribuição de Amostras Independentes (Teste U de Mann-
Whitney, presentes na Figura 2; Brookmeyer & Crowley, 1982; Ruxton, 2006). Os testes
demonstraram que houve diferença estatisticamente significativa (p < 0,05) entre homens e
mulheres para as variáveis Presença de sentido de vida e Conexão a ser ou força espiritual
(Representados pelas hipóteses nulas, rejeitadas em laranja claro, na Figura 2).
82

Figura 2: Testes de U de Mann-Whitney para diferença entre sexos

Fonte: Elaborado pelo autor

Na tabela 4 (Em amarelo na tabela), estão contidas as médias e desvios-padrão de cada


um dos sexos para as variáveis que apresentaram diferença estatisticamente significativa.
Igualmente, isto pode ser percebido nos gráficos 12 (Histograma Sexo Masculino, Histograma
Sexo Feminino relativos à Presença),14 e 15 (Histograma sexo Masculino e Feminino relativo
a Conexão a ser ou força espiritual), apresentados a seguir.

É possível concluir que, na amostra investigada, o grupo de homens apresentou


valores para Presença de sentido de vida (M = 22,2 e DP = 5,43) e Conexão a ser ou força
espiritual (M = 16,45 e DP = 4,73) maiores do que o grupo de mulheres para as mesmas
variáveis (Presença de sentido de vida - M = 20,83 e DP = 5,84 / Conexão a ser ou força
espiritual – M = 15,98 e DP = 4,40).
83

Tabela 4: Descritivos

Sexo Estatística Modelo padrão


Média 22,209 0,2591
Intervalo de confiança de Limite inferior 21,700
95% para média Limite superior 22,718
5% da média aparada 22,689
Mediana 24,000
Variância 29,532
Masculino Desvio padrão 5,4344
Mínimo 4,0
Máximo 28,0
Range 24,0
Amplitude interquartil 7,8
QSV_Presença

Assimetria -1,111 0,116


Kurtosis 0,853 0,232
Média 20,833 0,1995
Intervalo de confiança de Limite inferior 20,442
95% para média Limite superior 21,225
5% da média aparada 21,211
Mediana 22,000
Variância 34,134
Feminino Desvio padrão 5,8435
Mínimo 4,0
Máximo 28,0
Range 24,0
Amplitude interquartil 9,0
Assimetria -0,714 0,083
Kurtosis -0,151 0,167
Média 16,457 0,2256
Intervalo de confiança de Limite inferior 16,013
95% para média Limite superior 16,900
5% da média aparada 16,952
Mediana 19,000
Variância 22,390
CONEXÃO

Masculino Desvio padrão 4,7318


Mínimo 4,0
Máximo 20,0
Range 16,0
Amplitude interquartil 5,0
Assimetria -1,407 0,116
Kurtosis 0,905 0,232
84

Feminino Média 15,986 0,1502


Intervalo de confiança de Limite inferior 15,691
95% para média Limite superior 16,281
5% da média aparada 16,403
Mediana 17,000
Variância 19,365
Desvio padrão 4,4006
Mínimo 4,0
Máximo 20,0
Range 16,0
Amplitude interquartil 7,0
Assimetria -1,136 0,083
Kurtosis 0,447 0,167

Fonte: Elaborado pelo autor

Gráfico 12: Histograma do Sexo Masculino para Presença de Sentido de Vida

Fonte: Elaborado pelo autor


85

Gráfico 13: Histograma do Sexo Feminino para Presença de Sentido de Vida

Fonte: Elaborado pelo autor

Gráfico 14: Histograma do Sexo Masculino para Conexão a Ser ou Força Superior

Fonte: Elaborado pelo autor


86

Gráfico 15: Histograma do Sexo Feminino para Conexão a Ser ou Força Superior

Fonte: Elaborado pelo autor

É possível perceber esta informação ao analisar também os boxplots referentes às


diferenças entre os sexos e a Presença de sentido e Conexão a ser ou força espiritual (Gráfico
13 e Gráfico 16). Em ambos os casos, os homens apresentam uma caixa mais alta, com o
“bigode” do valor mínimo mais alto e com a mediana mais alta em relação ao grupo de
mulheres.
87

Gráfico 16: Boxplot dos Sexos para Presença de Sentido de Vida

Fonte: Elaborado pelo autor

Gráfico 17: Boxplot dos Sexos para Presença de Sentido de Vida

Fonte: Elaborado pelo autor


88

Em síntese, os dados que compararam, especificamente, Presença de sentido e


Conexão a ser ou força espiritual revelaram que houve diferenças significativas relativas à
variável sexo. A média masculina foi superior à média feminina, tanto em relação à Presença
de sentido de vida quanto em relação à Conexão a ser ou força espiritual. No entanto, quando
comparados os grupos de homens com o de mulheres com relação às facetas “Busca de
sentido de vida” e “Fé”, não houve diferenças significativas.

Para tais resultados, não foi encontrada pelo pesquisador, em nenhuma literatura, base
sólida e convincente que explicasse o motivo pelo qual há mais presença de Sentido de vida
em homens do que em mulheres, podendo, eventualmente, ser uma característica própria do
público específico que respondeu à pesquisa.

No que diz respeito à Hipótese 3: “Há relações significativas entre crenças na


espiritualidade e sentido de vida em universitários brasileiros quando se considera faixa etária
como fator diferenciador”. Tendo em vista a não-normalidade dos dados, optou-se por utilizar
a correlação não-paramétrica de Spearman para averiguar se havia relação entre a idade do
participante e as variáveis psicológicas investigadas (Hauke & Kossowski, 2011). A idade
correlacionou-se significativamente (p < 0,01) e de maneira positivamente fraca com a
Presença de Sentido de Vida (r = 0,199) e Crenças na Espiritualidade (avaliadas através dos
fatores Conexão a ser ou força espiritual (r = 0,135) e Fé (r = 0,190)).

De acordo com as contribuições da Logoterapia, é possível admitir que as crenças na


espiritualidade (aqui nesta pesquisa avaliadas através dos fatores Conexão a ser ou força
espiritual e Fé) correlacionam-se com a Presença de sentido de vida, não no sentido causal,
mas como aspectos que integram uma mesma dimensão do ser humano – a dimensão noética
– que contém em si espiritualidade como uma característica da natureza humana, que pode ser
compreendida como um tipo de consciência profunda, que permite ao homem transcender em
direção ao Absoluto, particularmente, quando se defronta com a finitude. [As informações
estão representadas em Amarelo na Tabela 5]. Isto representa que a idade foi capaz de
explicar, aproximadamente, 3 a 4% da variância (r²) das variáveis psicológicas investigadas
(Rosenthal, 1991; Field, 2009).

Assim, os cálculos revelaram que houve diferença significativa, com um resultado


mais robusto em relação aos fatores Presença de sentido de vida, Conexão a ser ou força
espiritual e Fé em pessoas com mais idade, quando comparadas as pessoas mais jovens. A
percepção da distribuição da amostra por idade encontra-se no histograma de idade (Gráfico
1).
89

Tabela 5: Correlações Não-Paramétricas de Spearman

Rô de Spearman QSV_Presenca QSV_Busca CONEX FE Idade


Correlações de
1,000 -,080** ,546** ,548** ,199**
QSV_Presenca coeficiente
Sig. (1 extremidade) 0,002 ,000 ,000 ,000
Correlações de
-,080** 1,000 ,151** ,124** ,003
QSV_Busca coeficiente
Sig. (1 extremidade) 0,002 ,000 ,000 0,453
Correlações de
,546** ,151** 1,000 ,759** ,135**
CONEXÃO coeficiente
Sig. (1 extremidade) ,000 ,000 ,000 ,000
Correlações de
,548** ,124** ,759** 1,000 ,190**
FÉ coeficiente
Sig. (1 extremidade) ,000 ,000 ,000 ,000
Correlações de
,199** ,003 ,135** ,190** 1,000
IDADE coeficiente
Sig. (1 extremidade) ,000 0,453 ,000 ,000
**. A correlação é significativa no nível 0,01 (1 extremidade).
Fonte: Elaborado pelo autor

Fonte: Elaborado pelo autor

Quanto à Hipótese 4: Há relações significativas entre crenças na espiritualidade e


sentido de vida em universitários brasileiros quando se considera categorias: religioso, ateu,
agnóstico, espiritualista como fator diferenciador. Pode-se ver, na tabela abaixo (Figura 3),
que o número de ateus é bastante discrepante em relação ao número dos participantes nos
demais grupos da categoria religiosidade.

Figura 3: Religiosidade I

Fonte: Elaborado pelo autor


Devido a este número discrepante de ateus, optou-se por juntar Ateus e Agnósticos em
um grupo e analisa-los conjuntamente, com o intuito de aumentar a robustez dos estudos, uma
vez que os resultados dos dois grupos apresentaram padrões de respostas similares e,
90

estatisticamente, falando não demonstraram disparidades, conforme a tabela abaixo (Figura


4).

Figura 4: Religiosidade II

Fonte: Elaborado pelo autor

Devido ao número de sujeitos ser muito discrepante entre os grupos, optou-se por
utilizar uma técnica de reamostragem (bootstrapping; Mooney, Mooney, Mooney, Duval &
Duvall, 1993) e manter o uso de técnicas de ANOVA paramétricas pela robustez da análise.

4.5.4 Anova

A ANOVA é realizada quando o intuito do pesquisador é investigar se há diferenças


estatisticamente significativas entre três grupos ou mais para uma variável dependente. Neste
caso, havia o intuito de investigar se os diferentes grupos de religiosidade (Espiritualistas,
Religiosos e Ateus e Agnósticos) apresentavam diferenças estatisticamente significativas
entre si para as variáveis psicológicas de interesse (Presença de Sentido de Vida, Busca de
Sentido de Vida, Conexão a Ser ou Força Espiritual e Fé).

Conforme foi possível identificar na Tabela 6, houve diferenças estatisticamente


significativas entre os diferentes grupos de religiosidade para todas as variáveis psicológicas
(p < 0,01) [Em amarelo na Tabela]. Como complemento a uma ANOVA, recomenda-se o uso
de testes post hoc robustos para identificar onde há diferença par a par entre os grupos. Para
esta finalidade, foram utilizados os testes post hoc HSD de Tukey (Abdi & Williams, 2010) e
Bonferroni (Castañeda, Levin & Dunham, 1993).

Tabela 6: ANOVA
91

Soma dos Quadrado


df F Sig.
Quadrados Médio
Entre Grupos 6383,859 2 3191,929 113,607 0,000
QSV_Presenca Nos grupos 36384,561 1295 28,096
Total 42768,42 1297
Entre Grupos 1122,814 2 561,407 8,173 0,000
QSV_Busca Nos grupos 88956,25 1295 68,692
Total 90079,064 1297
Entre Grupos 12072,093 2 6036,047 542,17 0,000
CONEXÃO Nos grupos 14417,387 1295 11,133
Total 26489,48 1297
Entre Grupos 12708,459 2 6354,229 520,095 0,000
FÉ Nos grupos 15821,597 1295 12,217
Total 28530,056 1297

Fonte: Elaborado pelo autor

Investigando a Tabela 7, é possível identificar que há uma diferença estatisticamente


significativa entre todos os grupos (Espiritualistas, Religiosos e Ateus e Agnósticos) [Em
amarelo na Tabela 7], para todas as variáveis (Presença de Sentido de Vida, Busca de Sentido
de Vida, Conexão a Ser ou Força Superior e Fé), com exceção da diferença entre
Espiritualistas e Religiosos para Busca de Sentido de Vida, que não foi estatisticamente
significativa (Em azul na tabela).
92

Tabela 7: Comparações múltiplas

Diferença Modelo Sig. Intervalo de


média (I- padrão confiança 95%
Variável dependente J) Limite Limite
inferior superior
Religioso -1,7797* 0,3951 0,000 -2,707 -0,853
Espiritualista
Ateus e Agnósticos 5,0255* 0,5497 0,000 3,736 6,315

Tukey Espiritualista 1,7797* 0,3951 0,000 0,853 2,707


Religioso
HSD Ateus e Agnósticos 6,8052* 0,4554 0,000 5,737 7,874

Espiritualista -5,0255* 0,5497 0,000 -6,315 -3,736


QSV_Presenca

Ateus e Agnósticos
Religioso -6,8052* 0,4554 0,000 -7,874 -5,737

Religioso -1,7797* 0,3951 0,000 -2,727 -0,833


Espiritualista
Ateus e Agnósticos 5,0255* 0,5497 0,000 3,708 6,343

Espiritualista 1,7797* 0,3951 0,000 0,833 2,727


Bonferroni Religioso
Ateus e Agnósticos 6,8052* 0,4554 0,000 5,714 7,897

Espiritualista -5,0255* 0,5497 0,000 -6,343 -3,708


Ateus e Agnósticos
Religioso -6,8052* 0,4554 0,000 -7,897 -5,714

Religioso 0,5456 0,6178 0,651 -0,904 1,995


Espiritualista
Ateus e Agnósticos 3,2066* 0,8595 0,001 1,19 5,223
QSV_Busca

Tukey Espiritualista -0,5456 0,6178 0,651 -1,995 0,904


Religioso
HSD Ateus e Agnósticos 2,6610* 0,7121 0,001 0,99 4,332

Espiritualista -3,2066* 0,8595 0,001 -5,223 -1,19


Ateus e Agnósticos
Religioso -2,6610* 0,7121 0,001 -4,332 -0,99
93

Religioso 0,5456 0,6178 1,000 -0,935 2,027


Espiritualista
Ateus e Agnósticos 3,2066* 0,8595 0,001 1,146 5,267

Espiritualista -0,5456 0,6178 1,000 -2,027 0,935


Bonferroni Religioso
Ateus e Agnósticos 2,6610* 0,7121 0,001 0,954 4,368

Espiritualista -3,2066* 0,8595 0,001 -5,267 -1,146


Ateus e Agnósticos
Religioso -2,6610* 0,7121 0,001 -4,368 -0,954

Religioso -1,5893* 0,2487 0,000 -2,173 -1,006


Espiritualista
Ateus e Agnósticos 7,8482* 0,346 0,000 7,036 8,66

Tukey Espiritualista 1,5893* 0,2487 0,000 1,006 2,173


Religioso
HSD Ateus e Agnósticos 9,4376* 0,2867 0,000 8,765 10,11

Espiritualista -7,8482* 0,346 0,000 -8,66 -7,036


CONEXÃO

Ateus e Agnósticos
Religioso -9,4376* 0,2867 0,000 -10,11 -8,765

Religioso -1,5893* 0,2487 0,000 -2,186 -0,993


Espiritualista
Ateus e Agnósticos 7,8482* 0,346 0,000 7,019 8,678

Espiritualista 1,5893* 0,2487 0,000 0,993 2,186


Bonferroni Religioso
Ateus e Agnósticos 9,4376* 0,2867 0,000 8,75 10,125

Espiritualista -7,8482* 0,346 0,000 -8,678 -7,019


Ateus e Agnósticos
Religioso -9,4376* 0,2867 0,000 -10,125 -8,75

Religioso -1,6216* 0,2606 0,000 -2,233 -1,01


Tukey Espiritualista

Ateus e Agnósticos 8,0617* 0,3625 0,000 7,211 8,912


HSD
Religioso Espiritualista 1,6216* 0,2606 0,000 1,01 2,233
94

Ateus e Agnósticos 9,6834* 0,3003 0,000 8,979 10,388

Espiritualista -8,0617* 0,3625 0,000 -8,912 -7,211


Ateus e Agnósticos
Religioso -9,6834* 0,3003 0,000 -10,388 -8,979

Religioso -1,6216* 0,2606 0,000 -2,246 -0,997


Espiritualista
Ateus e Agnósticos 8,0617* 0,3625 0,000 7,193 8,931

Espiritualista 1,6216* 0,2606 0,000 0,997 2,246


Bonferroni Religioso
Ateus e Agnósticos 9,6834* 0,3003 0,000 8,963 10,403

Espiritualista -8,0617* 0,3625 0,000 -8,931 -7,193


Ateus e Agnósticos
Religioso -9,6834* 0,3003 0,000 -10,403 -8,963
*A diferença média é significativa no nível 0.05.

Fonte: Elaborado pelo autor


95

Isto pode ser percebido de maneira visual ao observar as Figuras 5, 6, 7 e 8,


demonstrando que os grupos de Ateus e Agnósticos apresentaram valores médios mais baixos
do que o grupo de Espiritualistas e do grupo de Religiosos, em todas as variáveis (Presença,
Busca, Conexão a ser ou força Espiritual e Fé).

A primeira figura 5 que corresponde à “Presença de Sentido de Vida”, conforme o


gráfico abaixo, demonstra que o grupo de Religiosos e Espiritualistas apresenta valores bem
mais altos que o de Ateus e Agnósticos, sendo o score dos religiosos ainda maior do que dos
Espiritualistas.

A partir daí, apresentam-se figuras das diferenças de Médias entre os grupos.

Figura 5: Diferença de Médias para Presença de Sentido de Vida entre diferentes grupos referentes a
Religiosidade

Fonte: Elaborado pelo autor

A figura 6 revelou para a “Busca de Sentido” quase o mesmo perfil, ressaltando que os
Espiritualistas apresentam mais busca que os Religiosos. Sendo assim, o grupo de Religiosos
apresentou valores médios maiores que o de Espiritualistas em todas as variáveis, com
exceção da Busca de sentido de vida, onde não houve diferença estatisticamente significativa
entre religiosos e espiritualistas.
96

Figura 6: Diferença de Médias para Busca de Sentido de Vida entre diferentes grupos referentes à Religiosidade

Fonte: Elaborado pelo autor

A figura 7, que representa “Conexão a ser ou força espiritual”, apresentou o que já era
esperado: o resultado baixo para Ateus e Agnósticos e alto índice para Religiosos e
Espiritualistas, sendo mais relevante o grupo de Religiosos.

Figura 7: Diferença de Médias para Conexão a Ser ou Força Superior entre diferentes grupos de Religiosidade

Fonte: Elaborado pelo autor


97

Por fim, a figura 8, em semelhança da anterior, apresentou índices significativos para


Religiosos e Espiritualistas, e baixo para Ateus e Agnósticos.

Figura 8: Diferença de Médias para Fé entre diferentes grupos de Religiosidade

Fonte: Elaborado pelo autor

É imprescindível ressaltar que, a respeito desses quatro gráficos, observou-se uma


média de score muito baixa em relação aos ateus e agnósticos. Na investigação mais
detalhada, constatou-se que o mesmo corresponde a um grupo de pessoas que possui menos
idade, o que pode ser característica dessa faixa etária, estando a vivenciar, ainda, a crise de
identidade, própria da adolescência e juventude.

Maiores informações entre os valores Médios e Desvios Padrão encontrados em cada


grupo para cada variável estão presentes na Tabela 8, com notações de cores para cada grupo:
Espiritualistas, Religiosos e Ateus e Agnósticos.
98

Tabela 8: Descritivos

N Média Desvio Modelo Intervalo de confiança Mínimo Máximo


padrão padrão de 95% para média
Limite Limite
inferior superior
Espiritualista 224 20,661 5,4535 0,3644 19,943 21,379 4,0 28,0
QSV_Presenca

Religioso 915 22,440 5,1362 0,1698 22,107 22,774 4,0 28,0

Ateus e Agnósticos 159 15,635 5,9751 0,4739 14,699 16,571 4,0 28,0

Total 1298 21,300 5,7424 0,1594 20,987 21,612 4,0 28,0

Espiritualista 224 25,433 7,3652 0,4921 24,463 26,403 5,0 35,0


QSV_Busca

Religioso 915 24,887 8,5492 0,2826 24,333 25,442 5,0 35,0

Ateus e Agnósticos 159 22,226 7,9778 0,6327 20,977 23,476 5,0 35,0

Total 1298 24,656 8,3338 0,2313 24,202 25,109 5,0 35,0

Espiritualista 224 15,987 3,6952 0,2469 15,5 16,473 4,0 20,0


CONEXÃO

Religioso 915 17,576 3,0509 0,1009 17,378 17,774 4,0 20,0

Ateus e Agnósticos 159 8,138 4,2582 0,3377 7,471 8,805 4,0 20,0

Total 1298 16,146 4,5193 0,1254 15,9 16,392 4,0 20,0

Espiritualista 224 16,326 4,278 0,2858 15,763 16,889 4,0 20,0

Religioso 915 17,948 3,0311 0,1002 17,751 18,144 4,0 20,0


Ateus e Agnósticos 159 8,264 4,5997 0,3648 7,544 8,985 4,0 20,0

Total 1298 16,482 4,6901 0,1302 16,226 16,737 4,0 20,0

Fonte: Elaborado pelo autor

4.5.5 Mancova

A posteriori, com o intuito de averiguar se diferentes grupos de “Religiosidade”


(Espiritualistas, Religiosos e Ateus/Agnósticos) apresentavam diferenças estatisticamente
significativas entre si para as variáveis psicológicas (Presença de Sentido de Vida, Busca de
Sentido de Vida, Conexão a ser ou força espiritual e Fé), mesmo que na presença de outras
variáveis sociodemográficas (Idade, Estado Civil e Sexo), buscou-se utilizar uma técnica de
Análise de Covariância Multivariada (MANCOVA; Garson, 2005).
Diferentemente do desenho metodológico utilizado em uma ANOVA (Figura 9; em
que há apenas uma Variável Dependente e uma Variável Independente Categórica), em uma
MANCOVA, há o interesse de avaliarmos o efeito de diversas covariáveis e Fatores (Figura
99

10; Variáveis Independentes Categóricas e Contínuas) em diversas Variáveis Dependentes


Contínuas, simultaneamente, buscando compreender se, quando avaliados conjuntamente, o
efeito permanece estatisticamente significativo.

Figura 9: Desenho da Pesquisa para uma ANOVA

Fonte: Elaborado pelo autor

Figura 10: Desenho da Pesquisa para uma MANCOVA

Fonte: Elaborado pelo autor


100

Como evidenciado pela Tabela 9, que estabelece os níveis de significância para o


efeito das variáveis independentes nas variáveis dependentes selecionadas, quando avaliados
conjuntamente, apenas a Idade (F = 6,074 e p < 0,01) e a Religiosidade (F = 27,420 e p <
0,01) apresentaram efeitos significativos para as Variáveis Dependentes (Em amarelo, na
Tabela 9).

Da mesma forma que na ANOVA, a MANCOVA necessita de testes post hoc que
possam detectar entre quais grupos e entre quais variáveis dependentes o efeito foi
estatisticamente significativo. Para isto, foram utilizados Testes de Efeitos entre Assuntos
(Tabela 10).

Foi possível identificar que há diferença estatisticamente significativa da Idade na


Presença de Sentido de Vida e na Fé (Em amarelo na tabela 10), mesmo quando controlamos
os efeitos da Religiosidade, do Sexo e do Estado Civil. Também houve diferenças
estatisticamente significativas entre os diferentes grupos de Religiosidade (espiritualistas,
religiosos, agnósticos e ateus) e Presença de Sentido de Vida, Conexão a Ser ou Força
Espiritual e Fé (Em verde na Tabela 10), mesmo quando controlamos os efeitos da Idade, do
Sexo e do Estado Civil.

Tabela 9: Testes Multivariáveisa

df de
Efeito Valor F Erro df Sig.
hipótese

Rastreamento de Pillai 0,330 156,384b 4,000 1272,000 0,000

Lambda de Wilks 0,67 156,384b 4,000 1272,000 0,000


Ordenada na
origem Rastreamento de Hotelling 0,492 156,384b 4,000 1272,000 0,000

Maior raiz de Roy 0,492 156,384b 4,000 1272,000 0,000

Rastreamento de Pillai 0,019 6,074b 4,000 1272,000 0,000

Lambda de Wilks 0,981 6,074b 4,000 1272,000 0,000


Idade
Rastreamento de Hotelling 0,019 6,074b 4,000 1272,000 0,000

Maior raiz de Roy 0,019 6,074b 4,000 1272,000 0,000

Rastreamento de Pillai 0,153 26,313 8,000 2546,000 0,000

Lambda de Wilks 0,848 27,420b 8,000 2544,000 0,000


Religiosidade
Rastreamento de Hotelling 0,18 28,529 8,000 2542,000 0,000

Maior raiz de Roy 0,178 56,580c 4,000 1273,000 0,000


101

Rastreamento de Pillai 0,005 1,737b 4,000 1272,000 0,139

Lambda de Wilks 0,995 1,737b 4,000 1272,000 0,139


Sexo
Rastreamento de Hotelling 0,005 1,737b 4,000 1272,000 0,139

Maior raiz de Roy 0,005 1,737b 4,000 1272,000 0,139

Rastreamento de Pillai 0,018 1,479 16,000 5100,000 0,098

Lambda de Wilks 0,982 1,482 16,000 3886,662 0,097


EstadoCivil
Rastreamento de Hotelling 0,019 1,484 16,000 5082,000 0,096

Maior raiz de Roy 0,014 4,520c 4,000 1275,000 0,001

Rastreamento de Pillai 0,007 1,197 8,000 2546,000 0,297

Religiosidade * Lambda de Wilks 0,993 1,197b 8,000 2544,000 0,296


Sexo Rastreamento de Hotelling 0,008 1,198 8,000 2542,000 0,296

Maior raiz de Roy 0,007 2,244c 4,000 1273,000 0,062

Rastreamento de Pillai 0,018 1,176 20,000 5100,000 0,264

Religiosidade * Lambda de Wilks 0,982 1,176 20,000 4219,697 0,265


EstadoCivil Rastreamento de Hotelling 0,018 1,175 20,000 5082,000 0,265

Maior raiz de Roy 0,009 2,288c 5,000 1275,000 0,044

Rastreamento de Pillai 0,012 1,271 12,000 3822,000 0,229

Sexo * Lambda de Wilks 0,988 1,271 12,000 3365,687 0,229


EstadoCivil Rastreamento de Hotelling 0,012 1,27 12,000 3812,000 0,229

Maior raiz de Roy 0,008 2,412c 4,000 1274,000 0,047

Rastreamento de Pillai 0,009 0,717 16,000 5100,000 0,779


Religiosidade * Lambda de Wilks 0,991 0,717 16,000 3886,662 0,78
Sexo *
EstadoCivil Rastreamento de Hotelling 0,009 0,716 16,000 5082,000 0,78

Maior raiz de Roy 0,005 1,630c 4,000 1275,000 0,164


a. Plano: Ordenada na origem + Idade + Religiosidade + Sexo + EstadoCivil + Religiosidade * Sexo +
Religiosidade * EstadoCivil + Sexo * EstadoCivil + Religiosidade * Sexo * EstadoCivil
b. Estatística exata
c. A estatística é um limite superior em F, que gera um limite inferior no nível de significância.

Fonte: Elaborado pelo autor


102

Tabela 10: Testes de efeitos entre assuntos

Tipo III
Quadrado
Fonte Soma dos df F Sig.
Médio
Quadrados

QSV_Presença 8791,058a 22 399,594 14,995 0,000


Modelo QSV_Busca 3939,763b 22 179,08 2,651 0,000
corrigido CONEXÃO 12589,689c 22 572,259 52,492 0,000
FÉ 13646,073 d
22 620,276 53,134 0,000
QSV_Presença 6119,794 1 6119,794 229,645 0,000
Ordenada na QSV_Busca 12951,872 1 12951,872 191,709 0,000
origem CONEXÃO 3781,721 1 3781,721 346,89 0,000
FÉ 3308,749 1 3308,749 283,436 0,000
QSV_Presença 553,899 1 553,899 20,785 0,000
QSV_Busca 16,733 1 16,733 0,248 0,619
Idade
CONEXÃO 30,994 1 30,994 2,843 0,092
FÉ 110,83 1 110,83 9,494 0,002
QSV_Presença 826,309 2 413,154 15,504 0,000
QSV_Busca 192,925 2 96,463 1,428 0,24
Religiosidade
CONEXÃO 2196,921 2 1098,461 100,76 0,000
FÉ 2169,911 2 1084,956 92,94 0,000
QSV_Presença 0,002 1 0,002 0 0,992
QSV_Busca 5,458 1 5,458 0,081 0,776
Sexo
CONEXÃO 1,074 1 1,074 0,098 0,754
FÉ 28,358 1 28,358 2,429 0,119
QSV_Presença 108,503 4 27,126 1,018 0,397
QSV_Busca 260,575 4 65,144 0,964 0,426
EstadoCivil
CONEXÃO 65,044 4 16,261 1,492 0,202
FÉ 198,277 4 49,569 4,246 0,002
QSV_Presença 119,485 2 59,742 2,242 0,107
Religiosidade * QSV_Busca 87,999 2 43,999 0,651 0,522
Sexo 69,488 2 34,744 3,187 0,042
53,97 2 26,985 2,312 0,1
QSV_Presença 158,514 5 31,703 1,19 0,312
Religiosidade * QSV_Busca 595,351 5 119,07 1,762 0,118
EstadoCivil CONEXÃO 95,824 5 19,165 1,758 0,119
FÉ 68,507 5 13,701 1,174 0,32
QSV_Presença 17,107 3 5,702 0,214 0,887
Sexo * QSV_Busca 345,275 3 115,092 1,704 0,164
EstadoCivil CONEXÃO 9,086 3 3,029 0,278 0,841
FÉ 47,660 3 15,887 1,361 0,253
QSV_Presença 79,270 4 19,817 0,744 0,562
Religiosidade * QSV_Busca 258,221 4 64,555 0,956 0,431
Sexo *
EstadoCivil CONEXÃO 41,422 4 10,355 0,95 0,434
FÉ 49,525 4 12,381 1,061 0,375
103

QSV_Presença 33977,362 1275 26,649


QSV_Busca 86139,301 1275 67,56
Erro
CONEXÃO 13899,791 1275 10,902
FÉ 14883,983 1275 11,674
QSV_Presença 631641 1298
QSV_Busca 879133 1298
Total
CONEXÃO 364853 1298
FÉ 381119 1298
QSV_Presença 42768,42 1297
QSV_Busca 90079,064 1297
Total corrigido
CONEXÃO 26489,48 1297
FÉ 28530,056 1297
a. R ao quadrado = ,206 (R ao quadrado ajustado = ,192)
b. R ao quadrado = ,044 (R ao quadrado ajustado = ,027)
c. R ao quadrado = ,475 (R ao quadrado ajustado = ,466)
d. R ao quadrado = ,478 (R ao quadrado ajustado = ,469)

Fonte: Elaborado pelo autor

4.6 CONCLUSÃO

A pesquisa se propôs a realizar uma investigação empírica para relacionar Crenças na


espiritualidade e realização de Sentido de vida numa amostra de universitários da Federação
Brasileira.

Com relação à amostra, obteve-se um número de 1298 universitários, representativos


de todos os estados da Federação Brasileira, com predominância do Rio de Janeiro (67.8%
N= 880), Amazonas (5,5% N= 71), São Paulo (5,1% N=66), Paraíba (3,7% N=48) e Ceará
(2,5% N=33). Os demais estados apresentaram valores individualmente inferiores a 2,4% dos
respondentes (Figura 1). Para enriquecer a análise desta amostra, foram definidos alguns
indicadores sociodemográficos: no caso, sexo, idade, estado civil e categorias de religiosidade
(espiritualistas, religiosos, ateus e agnósticos).

Estes dados sociodemográficos foram analisados em função das variáveis definidas na


pesquisa (QSV e seus fatores – Busca e Presença de sentido de vida – e WHOQOL_ SRPB e
seus fatores – Conexão a ser ou força espiritual e Fé).

Com relação às variáveis da pesquisa Sentido de vida (Busca e Presença) e Crenças na


espiritualidade (Conexão a ser ou força espiritual e Fé), verificou-se que, quanto ao fator
104

Presença, a maior parte da amostra revelou índice bem alto (75% das pessoas) para Presença
de sentido de vida (Gráfico 7).

Com relação à Busca de Sentido de vida, de modo semelhante, a amostra apresentou


valores bem altos (Gráfico 8) – (valor Médio da amostra 24,66, sendo valor máximo 35 e
mínimo 5).

Com relação às Crenças na espiritualidade, sob a ótica da Conexão espiritual (Gráfico


11), a amostra se comportou apresentando valores médios altos (M=16,15 e DP = 4,51.
Quanto ao fator Fé (Gráfico 11), a amostra apresentou M=e 16,48 e DP = 4,69, o que significa
que a maior parte da amostra se comportou evidenciando valores médios altos de fé.

No que diz respeito às conclusões obtidas, frente às hipóteses da pesquisa, verificou-se


que:

Hipótese 1: (Há relações significativas entre crenças na espiritualidade e sentido de


vida em universitários brasileiros). Os resultados que a correlação entre Presença de Sentido
de vida e Conexão a ser ou força espiritual e Fé foi significativa (p < 0,01) e moderada
positiva (r = 0,547). (Tabela H1.1). A correlação entre Busca de sentido de vida e Conexão a
ser ou força espiritual e Fé foi significativa (p < 0,01) e fraca positiva (r = 0,151 e 0,124)
(Tabela H1.1). A correlação entre Conexão a ser ou força espiritual e Fé foi significativa (p <
0,01) e forte positiva (r = 0,759) (Tabela 3). Verificou-se, então, que quando se
correlacionam os fatores das variáveis, os resultados evidenciaram que há, na maioria da
amostra, uma forte correlação entre Crenças na espiritualidade e Presença e Busca de sentido
de vida, podendo-se, supostamente, concluir que, quanto maior a crença na espiritualidade, há
mais realização de sentido de vida.

Hipótese 2: (Há relações significativas entre crenças na espiritualidade e sentido de


vida em universitários brasileiros quando se considera sexo como fator diferenciador). Os
testes demonstraram que houve diferença estatisticamente significativa (p < 0,05) entre
homens e mulheres para as variáveis Presença de sentido de vida e Crenças na Espiritualidade
(avaliadas através do fator Conexão a ser ou força espiritual, Figura 2). É possível concluir
que, na amostra investigada, o grupo de homens apresentou valores para Presença de sentido
de vida (M = 22,2 e DP = 5,43) e Conexão a ser ou força espiritual (M = 16,45 e DP = 4,73)
maiores do que o grupo de mulheres para as mesmas variáveis (Presença de sentido de vida -
M = 20,83 e DP = 5,84 / Conexão a ser ou força espiritual – M = 15,98 e DP = 4,40) (Tabela
4).
105

Hipótese 3: (Há relações significativas entre crenças na espiritualidade e sentido de


vida em universitários brasileiros quando se considera faixa etária como fator diferenciador).
Percebeu-se que a idade correlacionou-se significativamente (p < 0,01) e de maneira
positivamente fraca com a Presença de Sentido de Vida (r = 0,199) e Crenças na
Espiritualidade (avaliadas através dos fatores Conexão a ser ou força espiritual (r = 0,135) e
Fé (r = 0,190)) (Tabela 5). Assim, os cálculos revelaram que houve diferença significativa,
com um resultado mais robusto em relação aos fatores Presença de sentido de vida, Conexão a
ser ou força espiritual e Fé em pessoas mais velhas, quando comparadas às pessoas mais
jovens. A percepção da distribuição da amostra por faixa etária encontra-se no histograma 2
(Gráfico 1).

Hipótese 4: (Há relações significativas entre crenças na espiritualidade e sentido de


vida em universitários brasileiros quando se considera as categorias: religiosos,
espiritualistas, ateus e agnósticos, como fator diferenciador – Figura 3). Utilizando-se de uma
ANOVA, obteve-se diferenças estatisticamente significativas entre os diferentes grupos de
religiosidade para todas as variáveis psicológicas (p < 0,01), verificando-se altos índices de
Presença e sentido de vida para os grupos de Espiritualistas e Religioso e um baixo índice
para Ateus e Agnósticos (Figura 8 e 9).

E por fim, como um refinamento estatístico, utilizando-se a MANCOVA foi possível


identificar que há diferença estatisticamente significativa da Idade na Presença de Sentido de
Vida e na Fé (Em amarelo na tabela 10), mesmo quando controlamos os efeitos da
Religiosidade, do Sexo e do Estado Civil. Também houve diferenças estatisticamente
significativas entre os diferentes grupos de Religiosidade (espiritualistas, religiosos,
agnósticos e ateus) e Presença de Sentido de Vida, Conexão a Ser ou Força Espiritual e Fé
(Em verde na Tabela 10), mesmo quando controlamos os efeitos da Idade, do Sexo e do
Estado Civil.
106

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

O número de pesquisas a respeito do sentido de vida e espiritualidade tem crescido ao


longo do tempo, bem como sobre o significado atribuído àquilo que é importante para o ser
humano viver. Ou seja, o que considera indispensável para lhe proporcionar uma melhor
qualidade de vida. Esses dados apresentam um contributo expressivo para a compreensão do
bem estar, da qualidade de vida e da saúde psíquica frente às instabilidades que o ser humano
enfrenta, onde a espiritualidade e a realização de sentido de vida fazem a diferença para
melhor.
Em relação ao aporte do estudo, sob o olhar da Logoterapia, é possível encontrar um
significado mais amplo da questão da Busca e Presença por sentido de vida, enfatizando que
esse movimento jamais pode ser objeto de satisfação particular, mas, antes, um sair de si,
numa atitude de entrega ao outro, ao mundo.
Por outro lado, as crenças na espiritualidade revelam a inquietação ou sede do homem
por uma realidade ainda maior do que ele (transcendente) que lhe assegure que não está só,
que é cuidado, protegido porque um ser superior o gerou e o acompanha para viver. Nesta
perspectiva, o homem percebe-se grato e responsável para uma abertura amorosa (caridade)
em direção ao outro, fortalecida pela fé.
Deste modo, o objeto desta investigação foi correlacionar as crenças na espiritualidade
com a realização de sentido de vida. A partir da amostra estudada, composta por 1298
estudantes universitários da Federação Brasileira, foi possível realizar algumas considerações,
tendo-se em vista que não é a intenção do pesquisador generalizar os dados aqui apresentados,
mas considerá-los pertencentes à amostra que foi de conveniência. Nesta direção, com base
nos dados estatísticos da pesquisa, a amostra, em sua maioria, teve altos índices de Crenças na
espiritualidade, avaliados através dos fatores: Conexão a ser ou força espiritual e Fé, que
integram a Escala WHOQOL_SRBP, bem como altos índices de Busca e Presença de sentido
de vida, avaliados através do QSV.
Na atualidade, a sociedade hipermoderna e líquida tem enveredado por um caminho de
falta de sentido de vida. Tal atitude vem tomando grandes e preocupantes proporções, pois os
ideais superiores ou valores éticos nem sempre constituem os critérios principais para o
homem e até mesmo a sociedade direcionarem a suas ações. Do mesmo modo, as crenças na
espiritualidade, embora façam parte dos elementos que caracterizam a natureza humana,
dentre outros, nem sempre são conscientemente assumidas e priorizadas para integrar a vida
107

das pessoas como uma dimensão indispensável. Esta realidade pode ser percebida no modelo
líquido da vida contemporânea, carente de pilares sólidos para a história da humanidade poder
trilhar. Nem sempre se questiona a importância de se acreditar num sentido de vida e na
presença da espiritualidade para uma saudável existência, uma vez que as projeções de
felicidade estão na materialidade e esta, por sua vez, se torna a prioridade da busca humana,
conduzindo muitas pessoas, de um modo especial os jovens, ao vácuo existencial.
Entretanto, de acordo com os fatores do QSV e WHOQOL_SRPB, os resultados não
comungam com a imagem atual e caricaturada que se tem da juventude: descomprometida
com os valores e distante da realidade do Sagrado, apontando dados interessantes ao sinalizar
a postura de uma juventude (espiritualizada) que busca o Sagrado, provocando influência
promotora de realização de sentido de vida.
Dessa forma, é possível compreender que as crenças na espiritualidade, uma vez que
contribuem para realização de sentido de vida, auxiliam também na otimização da vida dos
estudantes universitários, funcionando como aporte protetor contra fatores individualistas.
Sob esta perspectiva pode-se concluir que são capazes de gerar um melhor estado psicológico
e emocional, trazendo mais equilíbrio frente aos desafios que lhes são impostos. Assim, as
crenças na espiritualidade contribuem positivamente combatendo fatores estressantes, bem
como auxiliando um número considerável de estudantes com depressão.
É imprescindível ressaltar que Frankl observou que é possível ao homem superar
todos os desafios quando ele encontra e realiza o sentido de vida, seja por meio de valores
criativos, vivenciais ou atitudinais. Tal concepção traz um sentido completo do sistema
teórico-prático logoterápico, visto que se enxerga o ser humano sob a égide de um panorama
integral: biopsicossocial e espiriyual, apresentado pela pesquisa.
Conclui-se, deste modo, que esta dissertação ressalta que as crenças na espiritualidade
e na realização do sentido de vida se constituem como realidades basilares capazes de mover
o ser humano a algo maior que ele mesmo, ajudando-o, assim a persistir na senda que o
conduzirá à plenitude da existência.
Em suma: espera-se ter contribuído para incentivar novas pesquisas e/ou ações que
contribuam para expandir os conhecimentos a respeito do tema. E, para tanto, recomenda-se
que outros estudos sejam realizados, a fim de construir novos conhecimentos que possam
colaborar com intervenções de psicólogos, teólogos e educadores que objetivem fomentar as
crenças espirituais como promotoras da realização do sentido de vida.
108

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119

APÊNDICES
APÊNDICE A – TABELA DE DADOS SOCIODEMOGRÁFICOS

1) Sexo Masculino Feminino

2) Estado da
Federação Brasileira:
3) Estado civil Casado Solteiro Divorciado Viúvo
4) Qual curso está
fazendo na faculdade
hoje?
5) Você se Religioso Agnóstico Ateu Espiritualista
considera:
120

APÊNDICE B – DIVULGAÇÃO DA PESQUISA

Apêndice B1: I Card de divulgação da pesquisa


121

Apêndice B2: II Card de divulgação da pesquisa


122

ANEXOS

ANEXO A - ESCALA DE SENTIDO DE VIDA

(STEGER et al., 2006, validada com a população brasileira por AQUINO et al., 2015)

Instruções: Por favor, pense por um momento sobre o que faz com que sua vida seja
importante para você. Responda as sentenças seguintes de modo verdadeiro e com o
máximo de cuidado que você puder. Também se lembre de que estas são questões muito
subjetivas e que não existem respostas certas ou erradas.

Por favor, responda de acordo com a seguinte escala:


(1) Totalmente Falso
(2) Geralmente falso
(3) Parcialmente Falso
(4) Nem verdadeiro nem falso
(5) Parcialmente Verdadeiro
(6) Geralmente verdadeiro
(7) Absolutamente Verdade

1 2 3 4 5 6 7
1) Eu compreendo o sentido da minha vida.
2) Eu estou procurando alguma coisa que faça com que minha vida tenha
sentido.
3) Eu sempre estou em busca do sentido da minha vida.
4) Minha vida tem um sentido claro.
5) Eu tenho uma boa consciência do que faz minha vida ter sentido.

6) Eu descobri um sentido de vida satisfatório.


7) Eu estou sempre procurando por algo que faça com que minha vida seja
significante.
8) Eu estou buscando um significado ou missão para minha vida.

9) Minha vida não tem um propósito claro.


10) Eu estou procurando um sentido em minha vida

Obs.: Versão para investigação


123

ANEXO B - WHOQOL-SRPB

(Instrumento de qualidade de vida da Organização Mundial da Saúde – OMS)

Instruções: Por favor, pense por um momento sobre o que faz com que sua vida seja
importante para você. Responda as sentenças seguintes de modo verdadeiro e com o
máximo de cuidado que você puder. Também se lembre de que estas são questões muito
subjetivas e que não existem respostas certas ou erradas.

Por favor, responda de acordo com a seguinte escala:


(1) Nada importante
(2) Pouco importante
(3) Importante
(4) Muito importante
(5) Extremamente importante

Conexão a ser ou força espiritual 1 2 3 4 5


Até que ponto alguma ligação a um ser espiritual ajuda você a passar
por épocas difíceis?
Até que ponto alguma ligação com um ser espiritual ajuda você a
tolerar o estresse?
Até que ponto alguma ligação com um ser espiritual ajuda você a
compreender os outros?
Até que ponto alguma ligação com um ser espiritual
conforta/tranquiliza você?

Sentido na vida 1 2 3 4 5
Até que ponto você encontra um sentido na vida?
Até que ponto cuidar de outras pessoas proporciona um sentido na
vida para você?
Até que ponto você sente que a sua vida tem uma finalidade?
Até que ponto você sente que está aqui por um motivo?

Admiração 1 2 3 4 5
Até que ponto você consegue ter admiração pelas coisas a seu redor?
(por exemplo: natureza, arte, música)
Até que ponto você se sente espiritualmente tocado pela beleza?
Até que ponto você tem sentimentos de inspiração (emoção) na sua
vida?
Até que ponto você se sente agradecido por poder apreciar (“curtir”)
as coisas da natureza?

Totalidade & Integração 1 2 3 4 5


124

Até que ponto você sente alguma ligação entre a sua mente, corpo e
alma?
Quão satisfeito você está por ter um equilíbrio entre a mente, o corpo
e a alma?
Até que ponto você sente que a maneira em que vive está de acordo
com o que você sente e pensa?
Quanto as suas crenças ajudam-no a criar uma coerência (harmonia)
entre o que você faz, pensa e sente?

Força Espiritual 1 2 3 4 5
Até que ponto você sente força espiritual interior?
Até que ponto você pode encontrar força espiritual em épocas
difíceis?
Quanto a força espiritual o ajuda a viver melhor?
Até que ponto a sua força espiritual o ajuda a se sentir feliz na vida?
Continua Tabela 1 continuação Faceta (fator) e itens
Esperança & otimismo 1 2 3 4 5
Quão esperançoso você se sente?
Até que ponto você está esperançoso com a sua vida?
Até que ponto ser otimista melhora a sua qualidade de vida?
Quanto você é capaz de permanecer otimista em épocas de incerteza?

Fé 1 2 3 4 5
Até que ponto a fé contribui para o seu bem-estar?
Até que ponto a fé lhe dá conforto no dia-a-dia?
Até que ponto a fé lhe dá força no dia-a-dia?
Até que ponto a fé o ajuda a gozar (aproveitar) a vida?

Paz Interior 1 2 3 4 5
Até que ponto você se sente em paz consigo mesmo?
Até que ponto você tem paz interior?
Quanto você consegue sentir paz quando você necessita disso?
Até que ponto você sente um senso de harmonia na sua vida?
125

ANEXO C – CARTA DE APRESENTAÇÃO

Tenho a satisfação de apresentar o mestrando Cláudio Manoel Luiz de Santana (RGU


4194 0001) regularmente matriculado no Curso de Mestrado em Psicologia desta
Universidade, que está realizando uma pesquisa sob a orientação da Professora Drª Cleia
Zanatta Clavery Guarnido Duarte, do Curso de Mestrado em Psicologia sobre o tema:
CRENÇAS NA ESPIRITUALIDADE E REALIZAÇÃO DE SENTIDO DE VIDA: UMA
PESQUISA EM COGNIÇÃO SOCIAL. A pesquisa requer a aplicação de dois instrumentos,
junto aos estudantes universitários, o WHOQOL (SRPB) que foi validado, no Brasil, por
Panzini, Maganha, Rocha, Bandeira e Fleck (2009) e o Questionário de Sentido de vida de
Steger et al, adaptado e validado no Brasil por Aquino (2015), com o objetivo de verificar a
correlação da crença na Espiritualidade e realização de sentido de vida, encontrados em
jovens universitários. Nesse sentido, agradecemos a sua participação ao responder aos
questionários, cujos locais e datas deverão ser previamente combinados com a pesquisadora.
Coloco-me à disposição, caso necessário, para algum esclarecimento a mais que se fizer
necessário através do e-mail [email protected] ou pelo telefone (24) 2244-4056 e
agradeço, desde já, a sua participação.

Cordialmente

Prof. Drª Cleia Zanatta Clavery Guarnido Duarte


Professora Orientadora da Dissertação
Pesquisadora do Curso de Mestrado Psicologia
126

ANEXO D – TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

Dados de identificação:
Título do Projeto: Crenças na espiritualidade e realização de sentido de vida: uma pesquisa
em Cognição Social
Pesquisador Responsável: Cláudio Manoel Luiz de Santana (RGU 41940001).
Instituição a que pertence o pesquisador: Universidade Católica de Petrópolis -UCP
Telefones de contato: (21) 24015890 / (24) 22444056
Professora Orientadora da Pesquisa: Profª Drª Cleia Zanatta Clavery Guarnido Duarte

O Sr. (a) está sendo convidado (a) a participar do projeto de Pesquisa “Crenças na
espiritualidade e realização de sentido de vida: uma pesquisa em Cognição social”, de
responsabilidade do pesquisador Cláudio Manoel Luiz de Santana. Tal pesquisa tem como
justificativa o fato do pesquisador apresentar interesse em estudar essa temática uma vez que
em seu trabalho acompanha jovens e percebe em grande parte um desinteresse por um projeto
de vida. Seu objetivo correlacionar crenças na espiritualidade investigadas numa amostra de
universitários do Rio de Janeiro.
Para a realização desta pesquisa os estudantes responderão aos dois instrumentos: WHOQOL-
SRPB da OMS e o Questionário de Sentido de Vida de Steger. Esse projeto tem evidente
relevância social, uma vez que se constata que, na atualidade, é indispensável o fato de se
refletir sobre o sentido da vida, visto que a frustração dessa realização é uma característica da
contemporaneidade.
Estou ciente, de que participo de forma voluntária e que minhas respostas serão mantidas em
sigilo, bem como minha identidade, sabendo ainda que poderei desistir da pesquisa a qualquer
momento. Estou ciente, também, de que poderei experimentar riscos mínimos em relação ao
constrangimento, diante das questões contidas nas escalas.
Estou ciente ainda, de que poderei entrar em contato com a Professora-Orientadora Drª Cleia
Zanatta Clavery Guarnido Duarte através do telefone (24) 22444056 ou do e-mail
[email protected], igualmente com o pesquisador Cláudio Santana, quando desejar e
inclusive posteriormente, para obter informações acerca dos resultados desta pesquisa. Quanto
aos resultados da pesquisa, estou ciente de que os mesmos poderão ser divulgados em artigos
e publicações científicas, sendo minha identidade mantida em sigilo.
Eu_____________________________________________, RG______________ declaro ter
sido informado e concordo em participar, como voluntário, do Projeto de Pesquisa acima
descrito.

Rio de Janeiro, _____ de __________ de______.

___________________________ ____________________________
Participante Pesquisador
127

ANEXO E – PARECER DO COMITÊ DE ÉTICA

PARECER CONSUBSTANCIADO DO CEP


DADOS DO PROJETO DE PESQUISA

Título da Pesquisa: CRENÇAS NA ESPIRITUALIDADE E REALIZAÇÃO DE SENTIDO DE VIDA:


UMA
PESQUISA EM COGNIÇÃO SOCIAL
Pesquisador: Cleia Zanatta Clavery Guarnido
Duarte Área Temática:
Versão: 1
CAAE: 30273020.2.0000.5281
Instituição Proponente: ASSOCIACAO FACULDADES CATOLICAS PETROPOLITANAS
Patrocinador Principal: Financiamento Próprio

DADOS DO PARECER

Número do Parecer: 3.975.643

Apresentação do Projeto:
Trata-se de pesquisa no âmbito da Cognição Social que avalia a relação entre as crenças referidas à
espiritualidade e a realização do sentido da vida. Parte do conceito de que a crença direciona o agir
do indivíduo e regula os processos humanos de interação dentro e fora dele. E que a espiritualidade é
considerada como uma força interior do homem que o motiva e impulsiona a buscar o sentido último
de sua vida.
A metodologia é baseada em pesquisa empírica, quantitativa, descritiva, correlacional, ex post facto,
que tem como sujeitos uma amostra de universitários da cidade do Rio de Janeiro.
A coleta de dados será realizada com os instrumentos WHOQOL-SRPB e o Inventário de Sentido de
Vida de Steegar que posteriormente serão analisados pelo coeficiente de correlação de Pearson.

Objetivo da Pesquisa:
Objetivo Primário:
Correlacionar crenças na espiritualidade investigadas numa amostra de universitários na cidade do
Rio de Janeiro, com a realização de sentido de vida.
Objetivo Secundário:
a) Fundamentar no âmbito dos estudos de cognição social o tema crenças na espiritualidadeb)
Compreender com base nos estudos da Logoterapia a relação entre crenças na espiritualidade e

Página 01 de
128

Continuação do Parecer: 3.975.643

sentido de vida.c) Investigar empiricamente a relação entre crenças na espiritualidade, de jovens


universitários da cidade do Rio de Janeiro, com a realização de sentido de vida.
Avaliação dos Riscos e Benefícios:
Riscos:
Poderão ocorrer riscos mínimos por ocasião das respostas a serem dadas em relação aos itens das
escalas que serão utilizadas uma vez que os participantes, subjetivamente, poderão experimentar
alguma mobilização afetiva de desconforto por fazerem memória de experiência pessoais por eles
vividas.

Benefícios:
O trabalho é relevante do ponto de vista acadêmico uma vez que se propõe a discutir e relacionar
temas abrangentes do âmbito teórico de Psicologia e Teologia: crenças na espiritualidade e sentido
de vida. A fé sendo instrumento de contato com o transcendente e a espiritualidade como a
expressão possível do que transcende ao humano, são temas que despertam e aguçam a
curiosidade do meio acadêmico, principalmente em relação à Psicologia, haja visto que artigos e
estudos publicados (Rodrigues et al., 2009) têm mostrado que a fé tem força sobre o homem,
justificando desta forma o desejo de buscar um melhor entendimento no âmbito psicológico deste viés
de cunho científico.

Comentários e Considerações sobre a Pesquisa:


Não há.
Considerações sobre os Termos de apresentação obrigatória:
Dentro do padrão.
Recomendações:
Não há.
Conclusões ou Pendências e Lista de Inadequações:
Não há.
Considerações Finais a critério do CEP:

Este parecer foi elaborado baseado nos documentos abaixo relacionados:

Página 02 de
129

Continuação do Parecer: 3.975.643

Tipo Documento Arquivo Postagem Autor Situação


Informações Básicas PB_INFORMAÇÕES_BÁSICAS_DO_P 10/03/2020 Aceito
do Projeto ROJETO_1524207.pdf 18:57:43
Projeto Detalhado / Projeto_Detalhado.docx 10/03/2020 Cleia Zanatta Aceito
Brochura 18:54:36 Clavery Guarnido
Investigador Duarte
TCLE / Termos de TCLE.docx 10/03/2020 Cleia Zanatta Aceito
Assentimento / 18:53:48 Clavery Guarnido
Justificativa de Duarte
Ausência
Folha de Rosto scanner.pdf 10/03/2020 Cleia Zanatta Aceito
18:41:31 Clavery Guarnido
Duarte
Situação do Parecer:
Aprovado
Necessita Apreciação da CONEP:
Não

PETROPOLIS, 16 de Abril de 2020

Assinado por:
Ave Regina de Azevedo Silva
(Coordenador(a))

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