DISSERTAÇÃO ENCADERNADA - Pe. CLAUDIO
DISSERTAÇÃO ENCADERNADA - Pe. CLAUDIO
DISSERTAÇÃO ENCADERNADA - Pe. CLAUDIO
Petrópolis
2020
UNIVERSIDADE CATÓLICA DE PETRÓPOLIS
PRÓ-REITORIA DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO
CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE
MESTRADO EM PSICOLOGIA
Petrópolis
2020
Autorizo a reprodução e divulgação total ou parcial deste trabalho, por qualquer meio
convencional ou eletrônico, para fins de estudo e pesquisa, desde que citada a fonte.
CDD: 150.198
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Sueli Reis (Participante)
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Cláudio Manoel Luiz de Santana
__________________________________________________
Profª Drª Cleia Zanatta Clavery Guarnido Duarte
Orientadora
__________________________________________________
Prof.º Dr.º Luiz Antônio Monteiro Campos
Coordenador
Nota: _______
Aprovado em: ______/______/________
___________________________________________________________
Prof.ª Dr.ª Cleia Zanatta Clavery Guarnido Duarte
___________________________________________________________
Prof.º Dr.º Luis Antonio Monteiro Campos
__________________________________________________________
Prof. º Dr.º Thiago Antonio Avellar de Aquino
Dedico o presente trabalho a Bete Schineidr e
Sônia Nascimento que me ensinaram a amar a
Psicologia e a Logoterapia, a todos os 1714
jovens que responderam a pesquisa e também
a todos os que buscam de forma sincera
encontrar sentido para o seu existir…
AGRADECIMENTOS
Minha profunda gratidão a Deus razão do meu viver, e à Igreja Católica que me
proporcionou este estudo.
Aos meus pais: Fernando Luiz de Santana e Sônia Santana Silva que são o sentido
para o meu existir.
Aos amigos sempre presentes: Luiz Fábio Domingos, Bruno Magalhães, Guilherme
Almeida, Fabio Azevedo, Kátia Nascimento, Priscila Engelke e Adriano Marques, por
estarem sempre comigo em todas as etapas de minha vida e me ajudarem a realizar o meu
sentido de vida hoje. Vocês são o meu sustento!
(Albert Einstein)
RESUMO
1 INTRODUÇÃO .......................................................................................................... 16
1.1 TEMA........................................................................................................................ 16
1.4 HIPÓTESES.............................................................................................................. 20
4 PESQUISA .................................................................................................................. 61
APÊNDICES................................................................................................................ 119
1 INTRODUÇÃO
1.1 TEMA
Sabe-se que as crenças são aprendidas, podem ser avaliadas e permitem fazer juízo
acerca de sua adequação aos contextos, pois algumas podem trazer prejuízos às pessoas,
limitando-as e dificultando-as em suas escolhas e decisões assertivas. Assim, o indivíduo
pode identificá-las, abandoná-las ou substituí-las para que encontre equilíbrio e tenha
possibilidade de fazer outras interpretações e dar novos significados às realidades vividas
anteriormente em que não houve tanto sucesso (Nassif, 2019).
Segundo Rokeach (1981), quanto maior for o grau de importância da crença para uma
pessoa, tanto maior será a dificuldade que haverá de enfrentar para desassociar-se dela. Tais
crenças enraizadas dizem respeito, primordialmente, à apresentação daquilo que a pessoa é ou
considera ser, sua própria essência ou identidade. As crenças são modeladoras da
representação da realidade e estão diretamente relacionadas à maneira como agem os
indivíduos. Na verdade, elas influenciam o modo como o ser humano se relaciona, se percebe
18
Como afirmou Shermer (2012), as crenças são sustentadas por escolhas pessoais,
psicológicas, emocionais que estão diretamente ligados à realidade de família, rede de amigos,
visão de mundo e percepção social. Deste modo, faz-se mister notar que, em primeiro lugar, o
indivíduo formula suas crenças e, logo em seguida, busca fundamentos para corroborá-las e
mantê-las. O homem vive mergulhado em seu sistema de crenças e faz todo esforço possível
para defendê-lo, utilizando, muitas vezes, raciocínios lógicos e explicações convincentes para
alimentá-lo e reforçá-lo.
Dentro da cognição social, o tema das crenças é de suma importância, já que este
direciona o agir do indivíduo e regula os processos humanos de interação dentro e fora dele.
Quando as crenças estabelecem relação com as motivações interiores do homem, são capazes
de fazer contato com toda a dimensão humana, inclusive com a sua espiritualidade,
permitindo denominá-las crenças espirituais. Este tema será melhor abordado ao longo do
subcapítulo 2.1 da presente dissertação.
A partir das análises acima, definiu-se como questão problema: que relações se pode
estabelecer entre crenças na espiritualidade e realização de sentido de vida numa amostra de
estudantes universitários brasileiros?
20
1.3 OBJETIVOS
1.4 HIPÓTESES
1.5 JUSTIFICATIVA
Nesse contexto, surge ainda a constatação de que, de acordo com estudos sociológicos,
antropológicos e da Psicologia Social, corroborados e difundidos pela mídia, estamos
inseridos numa época de mudanças aceleradas, relacionamentos interpessoais e até mesmo
coletivos marcados por turbulência, ausência de ideais superiores para inspirar a vida,
dificuldades de estabelecer vínculos, diminuição da influência dos valores morais, éticos e das
tradições. Assim, admite-se que os jovens possam experimentar uma carência de critérios
sólidos para direcionar suas vidas e nelas realizarem-se como pessoas.
Optou-se por pesquisar os universitários, por perceber que nessa fase da vida em que o
jovem adentra a universidade até o seu término, existem profundas transformações. Se os
estudantes universitários forem analisados pelo viés antropológico-social poder-se-ia afirmar
que sua passagem para a vida adulta se constitui por fechamentos e aberturas de ciclos:
término da escola, ingresso na faculdade, formatura, conquista do trabalho, namoro,
casamento, dentre outros. Na atualidade, esse fechamento de um ciclo e abertura de outro, não
tem sido tão bem definido como outrora e, na verdade, muitos desses acontecimentos ocorrem
durante esse período universitário.
Na atualidade, o perfil do jovem universitário tem sido alvo de muitas pesquisas, que
inclusive apontam que, apesar de se preocuparem com a estabilidade financeira, - para não
depender tanto de seus pais – como estágios remunerados e posicionamento frente ao mercado
de trabalho, comparados às gerações anteriores, estão desenvolvendo mais lentamente o
processo de amadurecimento (Ramos, 2006; INPR, 2005; Singly, 2007). Tal constatação
reflete diretamente em suas relações de amizade e também com seus professores. De um
modo geral, esses dados decorrem justamente das exigências sociais que lhes são impostas e
inseguranças pessoais para manter sua autonomia nessa nova fase de sua vida.
1.6 RELEVÂNCIA
relação à Psicologia, haja vista que esta dimensão interage, em muitos momentos, com
processos psíquicos cognitivos, afetivos, repercutindo sobre a conduta e o comportamento das
pessoas em diferentes contextos da vida individual e coletiva. Afora isto, há estudos
científicos que envolvem a temática das crenças na espiritualidade como um fator
expressivamente influente sobre a vida das pessoas, saúde psíquica, prevenção a doenças,
desde que estas crenças estejam numa proporção construtiva, lógica e que favoreçam a
melhoria das condições humanas.
Assim, supõe-se que a pesquisa seja relevante para estudantes e profissionais das áreas
de ciências humanas, sociais, da saúde, bem como, no âmbito da teologia por se tratar de uma
reflexão baseada numa revisão de literatura provinda dos estudos no âmbito da psicologia
sobre um tema que transcende esta área do conhecimento numa época da sociedade
caracterizada por relativismo, núcleos típicos de individualismo, baixa perspectiva de futuro e
ritmo acelerado que interferem nos relacionamentos pessoais e interpessoais de forma
negativa. Tudo isso, contribuindo para um vazio existencial e menor probabilidade de
realização de sentido de vida.
Optou-se por abordar neste item algumas considerações teóricas sobre o tema sentido
de vida sob a égide Logoterápica, teoria criada por Frankl, pesquisador, neurologista e
filósofo nascido em Viena no ano de 1905. A Logoterapia constitui-se uma abordagem
psicoterápica, desenvolvida posterior à escola psicanalista de Freud e à Psicologia Individual
de Adler. Por um lado, tal abordagem trata da busca de significado para a vida e da realização
de sentidos como motivador primário do ser humano e, por outro, das possibilidades de
desajustes psíquicos por ocasião da frustração existencial, quando essa realização não é
concretizada. A teoria foi constituída na primeira metade do século XX, com sólidas bases
filosóficas e mediante as experiências clínicas com jovens de Viena em situação de risco
(Frankl, 1989).
conhecer melhor quem é o homem. Como ele bem indaga: “O que é, então, um ser humano?
É o ser que sempre decide o que ele é. É o ser que inventou as câmaras de gás; mas é também
aquele ser que entrou nas câmaras de gás, ereto, com uma oração nos lábios” (Frankl, 1989,
p.113).
Outro pressuposto filosófico da teoria de Frankl são os três pilares nos quais se baseia:
a liberdade da vontade, a vontade de sentido e o sentido de vida. A liberdade da vontade, de
acordo com a teoria frankliana, sustenta que o homem não está inteiramente sujeito aos seus
condicionamentos, mas detém a condição de decidir em face às questões internas
(psicológicas) e externas (biológicas e sociais). A liberdade, segundo Frankl (2018), é
apresentada como o “espaço da vida de alguém dentro dos limites das possibilidades dadas”.
25
Em ouras palavras, ainda que não se consiga mudar as circunstâncias, o indivíduo possui a
capacidade de decidir como responder, diante desses acontecimentos (Frankl, 2018, p.39).
Em rigor, Frankl (2006) sugere que o mesmo ser é condicionado tanto pela dimensão
biológica quanto pelas dimensões psíquica e social, entretanto possui a capacidade de decidir
perante tais condicionamentos. Sobre a vontade de sentido, Frankl (2017) declara ser uma das
motivações primárias de todo homem. Segundo ele, o ser humano não almeja apenas a
liberdade, ele deseja ser livre para algo – seus objetivos ou propósitos, por exemplo. A busca
pelo sentido é vista como uma pretensão primordial do ser humano. Quando o homem não
consegue ascender o seu ‘desejo por sentido’, sua vida pode fazer contato com um abismo. E,
por último, o sentido de vida, que se constitui como um axioma filosófico concebendo que, se
há uma busca de sentido por parte do ser humano, há também um sentido a ser desvelado e o
mesmo estaria latente em suas realidades vivenciais (Frankl, 2008).
A Escola de Frankl acredita que os seres humanos são chamados a oferecer o melhor
que possuem de si mesmos no mundo, exatamente neste instante. Ele entende que o indivíduo
busca significado em tudo que vive, em suas experiências, boas ou não. Deste modo, a
Logoterapia não ensina que se tenha apenas um significado geral da vida, dado que, “cada
instante contém um significado em si mesmo, específico, cabendo ao que vive aquele
momento descobrir qual o significado que ele possui, a fim de poder ter uma vida sadia, feliz
e realizada” (Frankl, 2006, p.72).
É imprescindível ressaltar que o indivíduo encontrará sentidos na vida por meio de sua
relação com o mundo, uma vez que o homem se constitui “ser no mundo”. Assim sendo,
Frankl (1989) assegura, a partir dessa premissa, que o ser humano será capaz de realizar os
sentidos por três vias, a saber: valores vivenciais (onde o indivíduo realizaria o sentido
vivenciando algo especial ou com alguém ao seu lado), valores criativos (onde o indivíduo
realizaria o sentido criando algo, por exemplo, científico ou artístico, etc.), valores atitudinais
(onde o indivíduo realizaria o sentido mediante a tomada de atitude, perante situações que não
pode transformar: uma tragédia, por exemplo).
No tocante à realização pessoal, Frankl assegura que o ser humano “se realiza, não se
preocupando com o realizar-se, mas esquecendo a si mesmo e dando-se, descuidando de si e
concentrando seus pensamentos para além de si” (Frankl, 2005, p. 29). Em sua etimologia, a
palavra existir, advinda do latim “ek-sistere”, diz respeito primordialmente a “sair de si”.
Desse modo, a Logoterapia fala do conceito de autotranscedência como capacidade humana
de sobrepor-se a si e suas necessidades, abdicando de si, para então encontrar o sentido. Em
26
todos os seus escritos, Frankl descarta a noção de “autorrealização” no que tange a buscas
pessoais, deixando em segundo plano a realização de sentido de vida. Frankl (1988) afirma
que a preocupação em excesso em autorrealizar-se leva o ser humano ao vácuo existencial,
uma vez que o indivíduo erra o alvo ao buscar em coisas e situações algo que possa ocupar ou
saciar suas inquietações e desejos.
Em rigor, a logoterapia apresenta a visão do homem que precisa ser concebido como
ser integral e capaz de encontrar sentido. Ao compreender o ser humano em apenas a uma
dimensão, seja ela biológica, psicológica, social ou mesmo espiritual, as diferenças ficam
camufladas e há risco de massificação e de uma visão reducionista do indivíduo. Questionado
muito tempo após sua libertação a respeito das limitações fisiológicas do ser humano, ele
respondeu:
Por fim, em seu livro Em Busca de Sentido, Frankl (1989) narra um fato ocorrido em
Dachal quando conheceu um jovem que disse que iria se matar, justificando não suportar mais
tal condição. Frankl questionou se ele não tinha nenhum motivo para estar vivo. Conforme a
conversa foi se desenvolvendo, o rapaz relatou que, antes de ser preso pelos nazistas e
enviado ao campo de concentração, lecionava geografia, que havia começado a escrever
alguns livros e que gostaria muito de terminá-los. Foi através desse propósito que Frankl o
27
incentivou a resistir e lutar por sua sobrevivência. Em suma: a proposta de Frankl perpassa a
vivência diária de cada um, cujo fundamento motivacional está em fazê-lo descobrir o
sentido. Tal experiência humana apresenta a luta (capaz de transcender o sofrimento) que
cada um deve travar para encontrar na leitura da realidade a realização de sentidos.
1.8 METODOLOGIA
1.8.2 Participantes
A pesquisa ocorreu com 1289 estudantes provindos dos diversos estados do Brasil,
que responderam a pesquisa de forma virtual, on-line, por meio de um link gerado pelo
Google Forms.
As variáveis elencadas com base nos estudos que foram feitos sobre o tema da
pesquisa e também nos fatores dos instrumentos de coleta de dados escolhidos foram: faixa
etária, sexo, crença religiosa ou não, curso universitário e estado da Federação Brasileira a
qual pertence, por entender que seriam as que melhor fornecem condições de análise viável
em relação aos temas da pesquisa.
Entretanto, para a Psicologia e áreas da saúde, tal reflexão faz-se necessária uma vez
que estudos atuais confirmam a espiritualidade e religiosidade como um forte recurso para o
enfrentamento da dor e do sofrimento (Pargament, 1997; Panzini & Bandeira, 2007;
Esperandio, 2014; Freitas, Zanetti e Pereira 2017) como forma de encontrar sentido para sua
vida (Fry, 2000). Gerado Júnior (2011) ressalta a importância, tendo em vista que tal temática
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está mais presente nos consultórios de Psicologia Clínica, seja pela condição humana, seja por
ser veículo de superação de problemas da vida: "situações limites, com o advento do
envelhecimento, em que um "balanço existencial" acaba se tornando inevitável a despeito de
crenças religiosas” (Geraldo Júnior, 2011, p.37).
Por volta do séc. XX, a Psicologia dá início no estudo da religião, ao mesmo tempo
em que as ciências da religião (Antropologia, Sociologia e a própria Psicologia se
consolidaram como saber científico) começam a florescer. Durkeheim (1989) considera que a
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religião seria um sistema de mitos, dogmas e ritos de cerimônias, cujo objetivo principal seria
ligar o homem à sociedade. No âmbito da saúde mental, alguns autores apresentam uma visão
negativa da religiosidade como, por exemplo, a psicanálise de Freud que considerava a atitude
religiosa como transtorno neurótico ou uma patologia. Segundo Freud: “a religião seria a
neurose obsessiva universal da humanidade. Tal como neurose obsessiva da criança, ela
surgiu do complexo de Édipo, do relacionamento com o pai" (Freud, 1974, p. 57).
Por outro lado, um importante estudo realizado pelo pesquisador Allport (1975)
ganhou visibilidade ao considerar as ideias psicanalistas equivocadas quando compreendiam a
religião como uma ideia defensiva do ego em vez de entendê-la como núcleo que integra o
desenvolvimento do Ego. Corroborando esse pensamento, Massimi e Mahfould (1997)
asseguram que Freud era consciente de que a Psicanálise não possuía subsídios suficientes
para interpretar a realidade religiosa e seus fenômenos.
Segundo o teólogo Romão (2012), o ser humano tem sede por um encontro com o
transcendente e como o “homem sempre experimentou a distância incomensurável que o
separa de Deus, esta experiência universal testemunha o limite das possibilidades humanas
para chegar ao Deus que salva” (Romão, 2012, p. 95). Desse modo, segundo o autor,
configura-se uma realidade paradoxal do indivíduo que, mesmo sem enxergar claramente o
caminho, percorre todo um itinerário de vida, seguindo pistas de germes do Sagrado, em
busca de um encontro definitivo com Ele que enxugará suas lágrimas e saciará todas as suas
carências e necessidades, conferindo, dessa forma, o sentido pleno ao seu existir.
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Em rigor, a espiritualidade oferta aos seus adeptos um sentido para vida, garantindo
um local de paz, onde se pode encontrar consolo e forças para o enfrentamento das
vicissitudes da vida, bem como a superação do medo, preconceito, discriminação, solidão,
dor, perda e resiliência, frente às enfermidades (Meneghel, 2008). Assim sendo, pode-se
afirmar que a mesma confere ao indivíduo a capacidade de superar as fases difíceis de sua
vida e ter um olhar valorativo, fazendo-o enxergar as coisas boas e lições, frente ao dado do
sofrimento.
Como mencionado acima, o indivíduo que faz contato com a espiritualidade é capaz
de reconfigurar um acontecimento ruim, extraindo dele aspectos positivos, transformando o
seu pranto numa dança, pois, em todas as suas experiências, inclusive nas de sofrimento,
acaba por valorar ou ressignificar tal circunstância a partir de sentido maior, tornando o
evento traumático ou pérfido um acontecimento capaz de conceder maturidade e força para
continuar sua caminhada.
De um modo geral, pode-se dizer que crença é uma propensão do homem em acreditar
numa determinada verdade, em alguma realidade ou opinião adotada por alguém com
convicção e fé. Em outras palavras, crenças são o conjunto de ideias, conceitos, princípios,
conclusões e valores na vida, consolidados individualmente, que formam pressupostos. E
mais: é a visão a respeito do mundo e de si mesmo, estruturada em processos de pensamentos,
que definem nosso presente e futuro.
36
Dado o exposto, não se deve esquecer que existe uma relação entre crença e
conhecimento: Pode-se afirmar que a formação de conhecimento passa por um processo mais
rigoroso, uma vez que se deseja alcançar a veracidade do dado a ser exposto, enquanto que a
crença em si não depende desse arcabouço do crivo da verdade. Conforme Krüger (in notas de
aula), a crença é sempre maior que o conhecimento. Entretanto, o mesmo tende a tornar-se
uma crença com o passar do tempo. E mais: as crenças são analisadas quanto a sua aceitação
subjetiva, enquanto o conhecimento pelo dado valorativo da verdade.
É importante afirmar que, independente da crença ser ou não falsa, se ela for adotada
por alguém que não a considera errada, automaticamente, é aceita como verdadeira. É um
aparente paradoxo, pois, como já foi sublinhado, o que caracteriza a existência de uma dada
crença não é veracidade da mesma, mas sim a sua aceitação pelo indivíduo que acredita. Caso
uma crença seja compartilhada por um grupo, tem força de padrão.
Nesse ínterim, sublinha-se que o grau de aceitação de uma crença é muito variável,
indo desde o extremo de uma aceitação absoluta — dogmatismo — ao outro, o da recusa e /ou
fechamento de determinada crença — ceticismo. Conforme a cultura, sociedade e as
mudanças sociais, as crenças evoluem. Vide, por exemplo, a crença sobre conceitos de
medicina ao longo do tempo. Na Idade Média, prevaleciam os dogmas, até mesmo para
influenciar os tratamentos médicos. Atualmente, prevalece o conteúdo científico.
Ressalta-se que as convicções são as certezas, isto é, tudo o que o indivíduo acredita
ser verdadeiro. Elas são capazes de definir se os homens possuem valor ou não, se são
poderosos ou fracassados, competentes ou incompetentes, seguros ou dependentes,
atualizados ou ultrapassados, amados ou odiados, etc. Em rigor, dessas convicções surgem as
crenças, que têm consequências de longo alcance na vida do homem e podem ser
consideradas positivas ou negativas.
De acordo com a definição do termo espiritualidade, observa-se, mais uma vez, que o
mesmo não tem uma definição que seja completamente aceita por todos. Ainda que, com o
passar dos anos, cada vez mais sejam encontradas pesquisas acadêmicas sobre o tema,
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percebe-se que exista uma aceitação de que a espiritualidade pode ser compreendida como a
propensão do homem a buscar o significado para a vida, por meio de definições que
transcendem o concreto (Mowat & O'Neill, 2013).
O relacionamento que o homem possui com o Sagrado para Frankl (1990) é entendido
como um “reconhecimento da humanidade e da genuinidade dos fenômenos religiosos, mas
nunca como uma aproximação religiosamente institucional valorativa ou mesmo moralista a
respeito de sua visão de homem” (Frankl, 1990, p.45).
tem sido negligenciada por conta do preconceito religioso. Panzini (2011) afirma que
pesquisas atuais revelam que existe uma relação entre a dimensão espiritual e qualidade de
vida (QV). Em frutos dessa reflexão científica encontram-se por um lado, aspectos positivos
como: o bem-estar, estabilidade, satisfação de vida, boa convivência familiar e valores pró-
sociais. Por outro lado, há também aspectos negativos como comportamento de risco,
depressão, suicídio e ansiedade (Panzini 2011, p.1).
Por fim, importa relacionar conceitos das crenças e sua relevância para o exercício da
espiritualidade, que se apoia, em termos psicossociais, em valores culturalmente
compartilhados e em termos de busca de sentido, propósitos e objetivos de vida, nos preceitos
da espiritualidade. O capítulo apresentou alguns teóricos para subsidiar a análise dos temas
desta dissertação nos dois domínios: o da cognição social, sustentando o conceito de crenças,
e a descrição do que é compreendido como conceito de espiritualidade aqui inserido, também
através do conceito de crenças.
42
As relações estabelecidas pelo homem dentro e fora do ambiente familiar, bem como
nos mais diversos ambientes sociais e as experiências vividas ao longo da vida, decorrentes
dos desempenhos dos diferentes papéis sociais configuram o processo de socialização de cada
indivíduo. Ao entrar em contato com o outro – aquele que é diferente de si – o homem
estabelece relações interpessoais, intergrupais e mesmo coletivas que provocam novos
conhecimentos, vivências que interferem sobre seus processos cognitivos e afetivos e que,
muitas vezes, redirecionam o sentido do seu existir. É exatamente aí onde acontece o
intercâmbio de conhecimentos, onde inferências são feitas, dos outros e de si mesmo, onde se
trocam experiências, onde se influencia e se é influenciado, é que são contextualizados os
estudos de cognição social – campo de pesquisa desse emaranhado de realidades.
Desde a década de 80, esses dois campos de saberes: a Psicologia Social e a Psicologia
Cognitiva constituem uma base sólida onde se explicitam as principais relações “entre a
mente humana, seus processos, conteúdos e representações e o comportamento social nas suas
diversas formas de relacionamentos: interpessoais, pessoais, intra e intergrupal, e coletivos”
(Zanatta, 2018, p.30).
Ainda considerando a posição da mesma autora, existem conceitos que interagem com
essas duas disciplinas que são objeto de estudo da cognição social, tais como a “afetividade,
crenças, empatia, valores, formação de atitudes, percepção de pessoa, construção da
identidade e do self dentre tantos outros” (Zanatta, 2018, p.30). Convém observar que,
segundo Krüger (2018, p.17), a cognição social “é um processo controlado e inconsciente de
obtenção, retenção, recuperação, processamento e expressão de informações, que pessoas
43
realizam no decurso de interações sociais”. Taylor, Peplau e Sears (2006) afirmam que
cognição social “é o estudo de como as pessoas formam inferências com bases nas
informações sociais, fornecidas pelo ambiente” (Taylor, Peplau & Sears, 2006, p. 65).
A Logoterapia e análise existencial são duas realidades oriundas de uma mesma escola
de concepção psicológica e psicoterapêutica. Proveniente de Viena, a Logoterapia nasceu no
séc. XX, mas foi justamente depois da Segunda Guerra Mundial que teve seus conceitos e
fundamentos reverberados em todo mundo. Tal abordagem, também conhecida como a terapia
do sentido, tem como base e alicerces a fenomenologia, bem como o existencialismo
filosófico (Frankl, 2012).
Zanatta, Campos e Penedo (2018) corroboraram com essa ideia quando afirmaram
que:
47
Frankl (1991) considerou a busca de sentido como motivação primária na vida de todo
homem e a apresentou como resultado da Vontade de Sentido. Sobre essa realidade assegura
que é:
ou do amor ou de outra pessoa. (...). É como o olho, que só pode cumprir sua
função de ver o mundo enquanto não vê a si próprio" (Frankl, 1991, p. 18).
Nessa perspectiva, a Logoterapia lembra que todo homem, sendo consciente e responsável,
deve encontrar o sentido de sua vida. Segundo Pereira (2007),
valor inigualável e que ele (o paciente) pode ter acesso a esse conteúdo à medida em que
conhece (autoconhecimento) todas as suas virtudes e limitações, misérias e potencialidades
(Frankl, 2012).
quando o homem frustra essa vontade, ele pode experimentar o vácuo existencial. Isto é, um
sentimento de vazio existencial ou descompromisso com a realidade em que se vive (Frankl
2003).
O vazio existencial tem sua origem na falta de objetivos e sonhos. Caracteriza-se pela
dificuldade do indivíduo em pensar no futuro. Nesse cenário, o mesmo é envolvido pela
desmotivação e adota para si um estilo de vida completamente abatido e despreocupado com a
realidade (Frankl 2005). Esse vácuo existencial tem sido mais frequente em jovens que
apresentam uma espécie de tríade sintomática: a depressão, o uso de substâncias ilícitas e a
agressividade (Frankl 2008). Dessa forma, a sensação de vazio e a falta de sentido têm se
disseminado na contemporaneidade e, portanto, faz-se necessário uma educação ou
autorregulação de valores (Zanatta, 2018) que promova o desenvolvimento do homem e uma
reorientação para o sentido de vida.
É preciso ressaltar que muitos especialistas têm apresentado como resultado de seus
estudos uma grande preocupação acerca da sociedade atual, que tem falhado na sua busca por
sentido e experimentado a falta de realização ou, como é mais conhecido, utilizando o termo
cunhado por Frankl (1986), o "vazio existencial". Segundo Lipovetsky (2007), que criou o
termo “sociedade hipermoderna”, o que tem movido a sociedade como um todo são os tipos
de relacionamentos efêmeros e hedonistas ligados ao consumo extremado, sempre buscando
novidades que possam satisfazer os indivíduos.
mergulha mais no vazio existencial, concluindo-se, assim, que essa realidade não o satisfaz.
Esse tipo de investimento, feito em coisas e não em si mesmo, caracteriza uma maneira
irreflexiva de agir, uma vez que reproduz o comportamento da massa e carece de ajuda para
se pensar de forma mais humana, consciente e responsável, no sentido de vida.
Segundo Frankl (1999), o sentido pode ser encontrado pelo indivíduo a medida em que
ele vivencia alguns valores: (a) valor criativo, quando produz algo significativo ou que
considere uma boa ação; (b) valor vivencial, quando experimenta questões ligadas à
afetividade ou a vivência de um grande amor por exemplo; quando existe uma interação com
o mundo ou, simplesmente, se vive um instante considerado importante e que durará para toda
sua vida. Por fim, (c) valor atitudinal, quando o indivíduo é capaz de transformar e superar
experiências de tragédia a nível pessoal, com lições de crescimento e aprendizado.
Frankl (1999) também ressaltou quatro fatores importantes e decisivos que podem
levar o homem a encontrar o sentido de vida. São eles: em primeiro lugar, quando se valoriza
o que é importante para si, sabendo empregar o verdadeiro valor e significado às experiências
salutares, quer sejam simples, ou grande evento experienciado em algum momento de sua
vida. Em segundo lugar, as escolhas que são de responsabilidade de cada indivíduo, ao longo
de sua trajetória existencial. Especialmente, nos momentos mais conturbados e/ou sofridos.
Em terceiro lugar, a responsabilidade, em todos os âmbitos da vida humana, principalmente
nas escolhas e tomadas de decisão. Em quarto lugar, a capacidade de dar significado imediato
às realidades que ocorrem no cotidiano de suas vidas, sejam elas acontecimentos positivos ou
negativos.
O sentido de vida não pode ser compreendido como algo abstrato e subjetivo, porque
de fato não o é. Ele representa a principal motivação do homem para aprender, amadurecer e
superar-se em tempos difíceis. Vale ressaltar que não se trata de um sentido único para toda
existência humana. Antes: há um sentido para cada situação e instante que a vida apresenta.
Segundo Frankl (2008), todos os momentos da vida são dotados de sentido, inclusive quando
se tem o sofrimento. Ressalta-se que o valor do sofrimento é capaz de fazer com que o
indivíduo possa sucumbir toda realidade de dor e alcançar, por meio dele, o crescimento
pessoal e profundos ensinamentos.
Neste ínterim, Moreira e Holanda (2010) sinalizaram que o esforço humano para
encontrar a felicidade seria nulo e sem valor numa perspectiva logoterápica, pois o indivíduo
não precisaria de outra coisa, senão aguardar a chegada da felicidade, posto que, quando
avista o sentido, ela permanece. Os autores expressam, ainda, que na visão da Logoterapia, a
primordial função humana é debruçar-se sobre o sentido do seu existir, tendo em vista que
todas as outras realidades e necessidades se alocariam, quando essa, que é a maior
necessidade humana, se realizasse.
Em relação ao aporte para o estudo de sentido de vida, a Psicologia possui uma larga
trajetória de estudo e pesquisa, ligados à busca do entendimento do conceito sentido de vida,
assimilando melhor os mecanismos de ajustamento e adaptação que podem ser bem utilizados
posteriormente. Alguns autores, como citados abaixo, posteriores a Viktor Frankl, também
pesquisaram sobre o estudo do sentido da vida e contribuíram valiosamente para o
aperfeiçoamento, ampliação e clarificação do conceito em si, dentre eles: De Volger e
Ebersole (1980), Kaufman (1987), Thompson e Janigiana (1988), Reker e Wong (1988),
Fiske e Chiriboga (1991), Baumeister (1991), Zica e Chamberlain (1992), Prager (1997),
Reker (1997), Sommerhalder e Erbolato (2010).
não, sobre o que possui ou não valor diante das diversas circunstâncias da vida. Como
supracitado, para a Logoterapia de Frankl, o sentido da vida é a força principal da existência
humana, que constitui a essência da felicidade e que apresenta a ideia de que absolutamente
nada na vida do homem pode ser compreendido como um meio por si só, mas com um
significado maior, que transcende sua existência (Frankl, 1990).
Por fim, é imprescindível relembrar que, segundo importantes pesquisas realizadas nas
últimas décadas, as fontes do sentido de vida estão diretamente ligadas ao aprimoramento
pessoal e ao fato dos indivíduos sentirem-se realizados em relações seguras e estáveis, entre
os mais: construção de um patrimônio, realização profissional e, principalmente,
relacionamento com sua religião e cumprimento de metas espirituais (De Vogler & Ebersole,
1980; Fiske & Chiriboga, 1991; Thurner, 1975).
O sistema de Frankl apresenta uma nova perspectiva sobre o homem que se destaca
das outras visões psicológicas vigentes de sua época, uma vez que busca compreender o
existir humano por meio de experiências próprias, identificadas por sua dimensão espiritual
ou dimensão noética, que pode inclusive despertar uma vivência religiosa (Coelho Jr. &
Mahfoud, 2001).
A Logoterapia observa que é salutar a todo homem assumir a sua condição de ser
responsável, como uma de suas maiores características ao longo da vida (Frankl, 1986). Tal
postura se dá por meio de uma conscientização e essa, por sua vez, só é possível, graças à
espiritualidade. Frankl (1990) alocou a espiritualidade como sendo uma dimensão humana.
Segundo ele, as outras dimensões seriam psicológica, biológica e social. Neste ínterim, a
dimensão espiritual ou dimensão "noética" confere ao indivíduo a capacidade de obedecer a
uma vontade de sentido que transcende a uma vontade e satisfação pessoal e que o faz sair de
si e encontrar realização no que está fora de si, no mundo (Frankl, 2013).
Impulsionado pela visão de homem espiritual deste autor, Frankl (2007), imbuído
também de sua cultura religiosa (judaísmo), afirmou que o relacionamento do homem com o
Sagrado acontece por um viés espiritual, além de filosófico. Para o autor da Logoterapia é
exatamente no nível do sentido que acontece o entrelaçamento humano com o Sagrado. Tal
realidade acontece pela dimensão concreta e pela supra-dimensão. Entende-se a supra
dimensão ou suprassentido como um fundamento último que representaria todas as dimensões
do existir humano. Dessa forma, Lima Neto (2013) afirmou que "o suprassentido é o
horizonte para o qual aponta a transcendência originária de todo ser-homem, o Tu eterno
presente relacionalmente a toda pessoa espiritual" (Lima Neto, 2013, p.12).
Para Frankl (2005), o sentido último é alcançado quando o homem chega ao final de
sua vida e concebe a religião como possibilidade para o mesmo, que é único a cada pessoa na
vivência de sua existência. Nessa perspectiva, a espiritualidade/religiosidade teria um papel
fundamental, orientando o homem para o sentido último de sua vida. Entretanto, ela (religião)
jamais pode sobrepor-se ao indivíduo, exercendo sobre ele um domínio por meio da moral e
das regras, o que ocasionaria a perda de conexão com o Sagrado. Assim, Frankl se expressou
dizendo:
Nesse ínterim, Eliade (1999) sinalizou que para o homem religioso, a religião e a
vivência da espiritualidade não constituem um emaranhado de práticas e crenças religiosas
desvencilhadas e separadas do seu dia-a-dia, funcionando como um acessório utilizado,
apenas, em alguns momentos especiais. Antes, ele considera que a religião e tudo o que ela
propõe é intrínseca à vida humana e, portanto, não há separação do homem que crê e sua
prática religiosa.
Por isso, a dimensão noética ou espiritual é tão importante, pois abre a possibilidade
de se falar sobre valores, liberdade, responsabilidade e sentido. Neste ínterim, o dado
espiritual, enquanto faculdade ontológica do homem, é o fundamento em que a Logoterapia se
edifica, apresentando-se como viés psicoterápico.
4 PESQUISA
A amostra coletada foi de 1298 universitários, com idades que variaram entre 18 e 68
anos (M = 27,01 e DP = 9,17; Gráfico 1).
Com relação ao sexo, a pesquisa foi composta por 66,1% de pessoas do sexo feminino
(N = 858) e 33,9% do sexo masculino (N = 440; Gráfico 2).
Gráfico 2: Sexo
Sexo
34%
Feminino
66%
Masculino
Gráfico 3: Religiosidade
Religiosidade
Ateus e
Agnósticos
12%
Espiritualistas
17% Religiosos
Religiosos Espiritualistas
71%
Ateus e Agnósticos
Estado Civil
77,80%
80,00%
70,00%
60,00%
50,00%
40,00%
30,00% 19%
20,00%
2,80% 1%
10,00%
0,00%
Solteiros Casados Divorciados Outros
A amostra foi composta por universitários de diferentes cursos, dentre eles Psicologia
(29% e N = 377), Administração (5,4% e N = 70), Filosofia (4,8% e N = 62), Medicina (4,7%
e N = 61) e Teologia (4,2% e N = 54). Todos os outros cursos apresentaram menos de 4,2%
dos respondentes da amostra (Gráfico 5).
De início, pode-se afirmar que WHOQOL é um instrumento que avalia de que forma a
espiritualidade, religião e crenças pessoais estão relacionados à Qualidade de Vida (QV). A
escala foi validada no Brasil por Raquel Panzini, Camila Maganha, Neuza Rocha, Denise
Bandeira e Marcelo Fleck em 2009. Participaram desse estudo 404 pacientes e funcionários
de hospital universitário e funcionários da Universidade em Porto Alegre, Rio Grande do Sul,
entre 2006 e 2009. A amostra foi estratificada por sexo, idade, estado de saúde e
religião/crença.
Para a análise de dados, foram utilizados dois pacotes estatísticos: SPSS (versão 16) e
AMOS (versão 7). O primeiro instrumento calculou as estatísticas descritivas (medidas de
tendência central e dispersão), enquanto o segundo foi usado para análises fatoriais
confirmatórias. Neste instrumento, verificou-se como resultado das correlações entre as
escalas que o vazio existencial se correlacionou, negativamente, com presença de sentido e,
positivamente, com busca de sentido. Portanto, quanto maior a pontuação em presença de
sentido, menor o vazio existencial.
Enfim, o instrumento foi adaptado e validado para população brasileira por Aquino et
al., em 2015. Como o instrumento apresenta duas dimensões, divide-se os itens 1,4,5,6 e 9
como aqueles referentes à presença do sentido de vida e os itens 2,3,7,8 e 10 como aqueles
referentes à busca de sentido. Nesta escala, o item 9 é redigido na forma negativa. Para efeitos
de análise e correção, é necessário invertê-lo.
Todo o material da pesquisa (on-line) foi inserido num link que continha: uma
apresentação da pesquisa, as escalas a serem respondidas, o Termo de Consentimento Livre e
Esclarecido (TCLE), incluindo uma imagem inicial, contendo a Logomarca da UCP, com o
intuito de dar credibilidade e respaldo à pesquisa. Antes da coleta ser iniciada, dedicou-se um
tempo para analisar eventuais falhas que pudessem ocorrer em relação à montagem do link,
como possíveis omissões de dados necessários ou falhas ortográficas, dentre outros.
Em seguida, foram feitas algumas leituras por cinco pessoas diferentes, que conheciam
a pesquisa, para verificar se havia algo a ser corrigido e, então, deu-se início à coleta de
dados. Uma destas leituras foi feita pelo responsável que realizou a parte psicométrica da
pesquisa e auxiliou o pesquisador na realização da análise de dados. Paralelamente, foi criado
um logotipo para incluir no webcard que veiculou o link da pesquisa nas redes sociais, tendo
como título um questionamento: “Será que a espiritualidade contribui para a realização de
sentido de vida?”, uma imagem neutra que trazia a ideia de um universitário, bem como a
logomarca da UCP (Apêndices 2 e 3 ).
nas redes sociais e os estudantes universitários, bem como as pessoas de um modo geral, não
foram capazes de administrar a grande quantidade de mensagens recebidas. Este fato
prejudicou, e muito, a aceitação e a resposta da pesquisa. Estima-se que a pesquisa foi enviada
para cerca de vinte e cinco mil estudantes universitários e respondida por, apenas, 1298
participantes.
No Instagram, houve mais dificuldades uma vez que o link da pesquisa não consegue
ser postado para que as pessoas cliquem e já respondam. Assim, foi necessário entrar em cada
grupo do Instagram para divulgar a pesquisa e convidar os interessados a se manifestarem e
só, a partir daí, o link pôde ser enviado pelo “direct”, no particular. Cerca de 30 perfis de
grupos de estudantes universitários foram visitados e receberam no direct as mensagens de
apresentação, com o objetivo da pesquisa e o pedido para que pudessem lançá-la para todo o
grupo. No entanto, só houve resposta positiva de dois grupos, enquanto os demais não
responderam às mensagens enviadas. No Instagram, envolveu-se menos força na busca por
respostas por causa dessa limitação.
Ao longo desse período, intercorrências aconteceram como, por exemplo, ser expulso
de grupos de WhatsApp sem mesmo ter terminado de apresentar a proposta da pesquisa. Por
outro lado, o pesquisador recebeu alguns retornos de participantes, conforme relatado abaixo.
70
“Você foi feliz quando colocou a pergunta de duas maneiras diferentes: Tipo... Você
compreende o sentido de sua vida? E: Você busca dar sentido a sua vida? Eu agnóstico, não
considero a vida dotada de sentido. Mas, conscientemente, busco dar a ela um sentido. Por
isso respondi não na segunda e sim na primeira.... É que poderia parecer contraditório, mas
não é. Vou compartilhar. Boa sorte!” (Estudante do Grupo de Universitário de Alagoas por
WhatsApp).
“Então, quando eu fiz a pesquisa eu senti muita dificuldade porque acho que preciso
de uma reflexão individual muito mais funda do que a que eu estava fazendo e acabei
terminando de responder e fiquei a pensar “será que eu respondi certo? Será que é isso
mesmo? Que que eu tô fazendo, sabe?” e fiquei com a sensação do que eu estou fazendo e de
que não sei quem sou... olha, tipo, eu sei quem sou, só não sei tão a fundo quem sou,
entendeu? eu fiquei muito, tipo... questões pessoais, mas outra coisa também é que teve uma
pergunta assim, que eu não sei se era pergunta, se eu era meio burra entendeu, mas que eu
fiquei tipo com uma dificuldade de entender e quando eu entendi, é, eu fiquei realmente
repensando a vida e achei muito profunda a pesquisa e, e é isso” (Uma estudante do estado
do Rio de Janeiro).
“Amiga ‘tô’ até hoje questionando minha existência. “você vê sentido na vida?” vejo,
óbvio. Quer dizer, acho que vejo. Às vezes, não vejo. Vejo? Nunca nem vi... foi mais ou menos
assim. Eu sou MEGA das vibes espiritualizadas, mas não no sentido religioso, mesmo assim
fiquei me questionando várias coisas. Muito bom”. (Uma estudante do estado de São Paulo,
dias depois de ter respondido a pesquisa, enviou a mensagem para a pessoa que a convidou a
responder a pesquisa).
“Olá, uma amiga de Blumenau que está fazendo arquitetura na federal acabou de
responder o questionário, gostou muito e está encaminhando a pesquisa para algumas
colegas de Blumenau, Indaiá, Brusque, aquela área de lá” (Uma diretora de escola recebeu
essa mensagem de alguém que havia encaminhado).
O WhatsApp foi o caminho mais eficaz na obtenção das respostas neste processo de
coleta de dados, configurando-se através da solicitação feita em vários grupos e,
individualmente. Na medida em que o link era enviado, começaram a ocorrer retornos
positivos através de “likes” caracterizados por figuras de “emojis” positivas evidenciando que
as escalas haviam sido respondidas. Mesmo assim, prosseguiu-se a insistência através do
Facebook e Instagram.
Vale lembrar que não ocorreram manifestações negativas ou hostis ao convite para
responder à pesquisa, apenas as pessoas não retornavam com as repostas. Vale relembrar que
a coleta ocorreu no período entre o dia 15 de maio de 2020 e 10 de junho de 2020 e, no final,
foram obtidas 1712 respostas e 1298 válidas, esclarecendo que foram consideradas inválidas
as respostas de estudantes de curso de pós-graduação de latu sensu e stricto-sensu e
profissionais com nível superior que não eram mais estudantes.
Para facilitar a compreensão das etapas que serão descritas neste item, optou-se por
organizá-lo em torno dos seguintes tópicos: 4.5.1 Análise das Variáveis, 4.5.2 Testes de
normalidade, 4.5.3 Hipóteses e Estatística inferencial, 4.5.4 Anova e 4.5.5 Mancova.
A análise de dados foi feita utilizando os programas IBM, SPSS (versão 21) do
Microsoft Excel 365.
A pesquisa foi analisada e, com base nos cálculos para a construção dos gráficos,
utilizou-se a estatística descritiva aplicada às variáveis sociodemográficas (frequência e
porcentagem), que descreveram a amostra conforme apresentado no item 4.2. e, dentre eles,
optou-se pela medida de tendência central (Média - M), aliada à medida de dispersão (Desvio
padrão - DP) e aos gráficos, que permitiram a análise exploratória univariada das variáveis.
Adotou-se, para a análise das variáveis Sentido de Vida (avaliada através de dois
fatores: Presença de sentido de vida e Busca de sentido de vida) e Crenças na espiritualidade
(avaliadas através do WHOQOL_SRPB, considerando os dois fatores: Conexão a ser ou força
72
espiritual e Fé) uma medida de assimetria e kurtosis que garante aos gráficos a distribuição
conhecida, paramétrica e normal ou anormal dos dados, modificando ou não a forma das
curvas dos gráficos nos tópicos seguintes. Este critério será o mesmo adotado nas tabelas e
gráficos distribuídos pelo capítulo.
Mediana 22,000
Variância 32,975
Desvio padrão 5,7424
Mínimo 4,0
Máximo 28,0
Range 24,0
Amplitude interquartil 8,0
Assimetria -0,836 0,068
Kurtosis 0,088 0,136
Média 24,656 0,2313
Limite inferior 24,202
Intervalo de confiança
de 95% para média
Limite superior 25,109
5% da média aparada 25,166
QSV_Busca
Mediana 27,000
Variância 69,452
Desvio padrão 8,3338
Mínimo 5,0
Máximo 35,0
Range 30,0
Amplitude interquartil 11,0
Assimetria -0,852 0,068
Kurtosis -0,170 0,136
73
Variância 20,424
Desvio padrão 4,5193
Mínimo 4,0
Máximo 20,0
Range 16,0
Amplitude interquartil 6,0
Assimetria -1,227 0,068
Kurtosis 0,588 0,136
Média 16,482 0,1302
Limite inferior 16,226
Intervalo de confiança
de 95% para média
Limite superior 16,737
5% da média aparada 16,979
Mediana 19,000
Variância 21,997
FE
Para expor graficamente as informações da tabela acima (Tabela1), optou-se pelo uso
de histogramas, formados por barras unidas umas as outras, visando maior objetividade na
compreensão visual da amostra.
eixo vertical, têm-se a quantidade de pessoas que responderam à pesquisa e ficaram com o
score correspondente. Verifica-se que, quanto maior a barra, maior a quantidade de pessoas
que ficaram naquela classe de respostas. A maior parte das pessoas está acima dos 25 pontos,
em especial a última barra, que concentra cerca de 200 pessoas e que marcou 28 pontos,
levando-se em consideração que a pontuação média mínima foi de 21 pontos.
O gráfico 8 apresenta valor médio da amostra relativo ao fator Busca de 24,66, sendo
valor máximo 35 e mínimo 5. Assim, considera-se que a maior parte dos participantes
apresentou uma busca de sentido bem alta.
Supostamente, este resultado pode estar relacionado ao fato de que, de acordo com a
teoria frankliana tanto a Busca quanto a Realização (Presença) de sentido de vida, constitui
uma experiência dinâmica e, desta forma, a realização de sentido de vida caminha integrada
com a busca do sentido de vida, uma vez que este dinamismo decorre da influência de valores
ou ideais superiores sobre a vida da pessoa.
76
Os gráficos 10 e 11 abaixo demonstram valores obtidos pela amostra com relação aos
dois fatores (Conexão a ser ou forca espiritual e Fé), que integram a Escala da OMS
WHOQOL_SRPB e que foram escolhidos pelo pesquisador para avaliar Crenças na
Espiritualidade.
dos dados, optou-se pela utilização de estatísticas não-paramétricas para realização dos
testes de hipóteses a fim de não reduzir o poder estatístico das análises (Lilliefors, 1967;
Royston, 1983). Utilizou-se a técnica de bootstrapping na ocasião em que a alternativa não-
paramétrica não era suficientemente equivalente para a análise que desejava ser realizada
(Mooney, Mooney, Mooney, Duval & Duvall, 1993).
Neste item, ocorre a análise das hipóteses que possibilita observar os resultados
pertinentes à relação entre as variáveis da pesquisa (Sentido de vida e Crenças na
espiritualidade através de seus fatores Busca e Presença de sentido; Conexão a ser ou força
espiritual e Fé). Esta análise, com base na estatística inferencial, avalia as hipóteses: H1, H2,
H3 e H4.
Maiores informações, acerca dos tamanhos de efeito entre as variáveis, podem ser
encontradas nas referências de Rosenthal (1991) e Field (2009).
A correlação entre Conexão a Ser Espirituais e Fé foi significativa (p < 0,01) e forte
positiva (r = 0,759) [Em verde na Tabela 3]. Esta correlação apresentou-se forte e positiva,
81
Tabela 4: Descritivos
Gráfico 14: Histograma do Sexo Masculino para Conexão a Ser ou Força Superior
Gráfico 15: Histograma do Sexo Feminino para Conexão a Ser ou Força Superior
Para tais resultados, não foi encontrada pelo pesquisador, em nenhuma literatura, base
sólida e convincente que explicasse o motivo pelo qual há mais presença de Sentido de vida
em homens do que em mulheres, podendo, eventualmente, ser uma característica própria do
público específico que respondeu à pesquisa.
Figura 3: Religiosidade I
Figura 4: Religiosidade II
Devido ao número de sujeitos ser muito discrepante entre os grupos, optou-se por
utilizar uma técnica de reamostragem (bootstrapping; Mooney, Mooney, Mooney, Duval &
Duvall, 1993) e manter o uso de técnicas de ANOVA paramétricas pela robustez da análise.
4.5.4 Anova
Tabela 6: ANOVA
91
Ateus e Agnósticos
Religioso -6,8052* 0,4554 0,000 -7,874 -5,737
Ateus e Agnósticos
Religioso -9,4376* 0,2867 0,000 -10,11 -8,765
Figura 5: Diferença de Médias para Presença de Sentido de Vida entre diferentes grupos referentes a
Religiosidade
A figura 6 revelou para a “Busca de Sentido” quase o mesmo perfil, ressaltando que os
Espiritualistas apresentam mais busca que os Religiosos. Sendo assim, o grupo de Religiosos
apresentou valores médios maiores que o de Espiritualistas em todas as variáveis, com
exceção da Busca de sentido de vida, onde não houve diferença estatisticamente significativa
entre religiosos e espiritualistas.
96
Figura 6: Diferença de Médias para Busca de Sentido de Vida entre diferentes grupos referentes à Religiosidade
A figura 7, que representa “Conexão a ser ou força espiritual”, apresentou o que já era
esperado: o resultado baixo para Ateus e Agnósticos e alto índice para Religiosos e
Espiritualistas, sendo mais relevante o grupo de Religiosos.
Figura 7: Diferença de Médias para Conexão a Ser ou Força Superior entre diferentes grupos de Religiosidade
Tabela 8: Descritivos
Ateus e Agnósticos 159 15,635 5,9751 0,4739 14,699 16,571 4,0 28,0
Ateus e Agnósticos 159 22,226 7,9778 0,6327 20,977 23,476 5,0 35,0
Ateus e Agnósticos 159 8,138 4,2582 0,3377 7,471 8,805 4,0 20,0
Ateus e Agnósticos 159 8,264 4,5997 0,3648 7,544 8,985 4,0 20,0
4.5.5 Mancova
Da mesma forma que na ANOVA, a MANCOVA necessita de testes post hoc que
possam detectar entre quais grupos e entre quais variáveis dependentes o efeito foi
estatisticamente significativo. Para isto, foram utilizados Testes de Efeitos entre Assuntos
(Tabela 10).
df de
Efeito Valor F Erro df Sig.
hipótese
Tipo III
Quadrado
Fonte Soma dos df F Sig.
Médio
Quadrados
4.6 CONCLUSÃO
Presença, a maior parte da amostra revelou índice bem alto (75% das pessoas) para Presença
de sentido de vida (Gráfico 7).
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
das pessoas como uma dimensão indispensável. Esta realidade pode ser percebida no modelo
líquido da vida contemporânea, carente de pilares sólidos para a história da humanidade poder
trilhar. Nem sempre se questiona a importância de se acreditar num sentido de vida e na
presença da espiritualidade para uma saudável existência, uma vez que as projeções de
felicidade estão na materialidade e esta, por sua vez, se torna a prioridade da busca humana,
conduzindo muitas pessoas, de um modo especial os jovens, ao vácuo existencial.
Entretanto, de acordo com os fatores do QSV e WHOQOL_SRPB, os resultados não
comungam com a imagem atual e caricaturada que se tem da juventude: descomprometida
com os valores e distante da realidade do Sagrado, apontando dados interessantes ao sinalizar
a postura de uma juventude (espiritualizada) que busca o Sagrado, provocando influência
promotora de realização de sentido de vida.
Dessa forma, é possível compreender que as crenças na espiritualidade, uma vez que
contribuem para realização de sentido de vida, auxiliam também na otimização da vida dos
estudantes universitários, funcionando como aporte protetor contra fatores individualistas.
Sob esta perspectiva pode-se concluir que são capazes de gerar um melhor estado psicológico
e emocional, trazendo mais equilíbrio frente aos desafios que lhes são impostos. Assim, as
crenças na espiritualidade contribuem positivamente combatendo fatores estressantes, bem
como auxiliando um número considerável de estudantes com depressão.
É imprescindível ressaltar que Frankl observou que é possível ao homem superar
todos os desafios quando ele encontra e realiza o sentido de vida, seja por meio de valores
criativos, vivenciais ou atitudinais. Tal concepção traz um sentido completo do sistema
teórico-prático logoterápico, visto que se enxerga o ser humano sob a égide de um panorama
integral: biopsicossocial e espiriyual, apresentado pela pesquisa.
Conclui-se, deste modo, que esta dissertação ressalta que as crenças na espiritualidade
e na realização do sentido de vida se constituem como realidades basilares capazes de mover
o ser humano a algo maior que ele mesmo, ajudando-o, assim a persistir na senda que o
conduzirá à plenitude da existência.
Em suma: espera-se ter contribuído para incentivar novas pesquisas e/ou ações que
contribuam para expandir os conhecimentos a respeito do tema. E, para tanto, recomenda-se
que outros estudos sejam realizados, a fim de construir novos conhecimentos que possam
colaborar com intervenções de psicólogos, teólogos e educadores que objetivem fomentar as
crenças espirituais como promotoras da realização do sentido de vida.
108
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119
APÊNDICES
APÊNDICE A – TABELA DE DADOS SOCIODEMOGRÁFICOS
2) Estado da
Federação Brasileira:
3) Estado civil Casado Solteiro Divorciado Viúvo
4) Qual curso está
fazendo na faculdade
hoje?
5) Você se Religioso Agnóstico Ateu Espiritualista
considera:
120
ANEXOS
(STEGER et al., 2006, validada com a população brasileira por AQUINO et al., 2015)
Instruções: Por favor, pense por um momento sobre o que faz com que sua vida seja
importante para você. Responda as sentenças seguintes de modo verdadeiro e com o
máximo de cuidado que você puder. Também se lembre de que estas são questões muito
subjetivas e que não existem respostas certas ou erradas.
1 2 3 4 5 6 7
1) Eu compreendo o sentido da minha vida.
2) Eu estou procurando alguma coisa que faça com que minha vida tenha
sentido.
3) Eu sempre estou em busca do sentido da minha vida.
4) Minha vida tem um sentido claro.
5) Eu tenho uma boa consciência do que faz minha vida ter sentido.
ANEXO B - WHOQOL-SRPB
Instruções: Por favor, pense por um momento sobre o que faz com que sua vida seja
importante para você. Responda as sentenças seguintes de modo verdadeiro e com o
máximo de cuidado que você puder. Também se lembre de que estas são questões muito
subjetivas e que não existem respostas certas ou erradas.
Sentido na vida 1 2 3 4 5
Até que ponto você encontra um sentido na vida?
Até que ponto cuidar de outras pessoas proporciona um sentido na
vida para você?
Até que ponto você sente que a sua vida tem uma finalidade?
Até que ponto você sente que está aqui por um motivo?
Admiração 1 2 3 4 5
Até que ponto você consegue ter admiração pelas coisas a seu redor?
(por exemplo: natureza, arte, música)
Até que ponto você se sente espiritualmente tocado pela beleza?
Até que ponto você tem sentimentos de inspiração (emoção) na sua
vida?
Até que ponto você se sente agradecido por poder apreciar (“curtir”)
as coisas da natureza?
Até que ponto você sente alguma ligação entre a sua mente, corpo e
alma?
Quão satisfeito você está por ter um equilíbrio entre a mente, o corpo
e a alma?
Até que ponto você sente que a maneira em que vive está de acordo
com o que você sente e pensa?
Quanto as suas crenças ajudam-no a criar uma coerência (harmonia)
entre o que você faz, pensa e sente?
Força Espiritual 1 2 3 4 5
Até que ponto você sente força espiritual interior?
Até que ponto você pode encontrar força espiritual em épocas
difíceis?
Quanto a força espiritual o ajuda a viver melhor?
Até que ponto a sua força espiritual o ajuda a se sentir feliz na vida?
Continua Tabela 1 continuação Faceta (fator) e itens
Esperança & otimismo 1 2 3 4 5
Quão esperançoso você se sente?
Até que ponto você está esperançoso com a sua vida?
Até que ponto ser otimista melhora a sua qualidade de vida?
Quanto você é capaz de permanecer otimista em épocas de incerteza?
Fé 1 2 3 4 5
Até que ponto a fé contribui para o seu bem-estar?
Até que ponto a fé lhe dá conforto no dia-a-dia?
Até que ponto a fé lhe dá força no dia-a-dia?
Até que ponto a fé o ajuda a gozar (aproveitar) a vida?
Paz Interior 1 2 3 4 5
Até que ponto você se sente em paz consigo mesmo?
Até que ponto você tem paz interior?
Quanto você consegue sentir paz quando você necessita disso?
Até que ponto você sente um senso de harmonia na sua vida?
125
Cordialmente
Dados de identificação:
Título do Projeto: Crenças na espiritualidade e realização de sentido de vida: uma pesquisa
em Cognição Social
Pesquisador Responsável: Cláudio Manoel Luiz de Santana (RGU 41940001).
Instituição a que pertence o pesquisador: Universidade Católica de Petrópolis -UCP
Telefones de contato: (21) 24015890 / (24) 22444056
Professora Orientadora da Pesquisa: Profª Drª Cleia Zanatta Clavery Guarnido Duarte
O Sr. (a) está sendo convidado (a) a participar do projeto de Pesquisa “Crenças na
espiritualidade e realização de sentido de vida: uma pesquisa em Cognição social”, de
responsabilidade do pesquisador Cláudio Manoel Luiz de Santana. Tal pesquisa tem como
justificativa o fato do pesquisador apresentar interesse em estudar essa temática uma vez que
em seu trabalho acompanha jovens e percebe em grande parte um desinteresse por um projeto
de vida. Seu objetivo correlacionar crenças na espiritualidade investigadas numa amostra de
universitários do Rio de Janeiro.
Para a realização desta pesquisa os estudantes responderão aos dois instrumentos: WHOQOL-
SRPB da OMS e o Questionário de Sentido de Vida de Steger. Esse projeto tem evidente
relevância social, uma vez que se constata que, na atualidade, é indispensável o fato de se
refletir sobre o sentido da vida, visto que a frustração dessa realização é uma característica da
contemporaneidade.
Estou ciente, de que participo de forma voluntária e que minhas respostas serão mantidas em
sigilo, bem como minha identidade, sabendo ainda que poderei desistir da pesquisa a qualquer
momento. Estou ciente, também, de que poderei experimentar riscos mínimos em relação ao
constrangimento, diante das questões contidas nas escalas.
Estou ciente ainda, de que poderei entrar em contato com a Professora-Orientadora Drª Cleia
Zanatta Clavery Guarnido Duarte através do telefone (24) 22444056 ou do e-mail
[email protected], igualmente com o pesquisador Cláudio Santana, quando desejar e
inclusive posteriormente, para obter informações acerca dos resultados desta pesquisa. Quanto
aos resultados da pesquisa, estou ciente de que os mesmos poderão ser divulgados em artigos
e publicações científicas, sendo minha identidade mantida em sigilo.
Eu_____________________________________________, RG______________ declaro ter
sido informado e concordo em participar, como voluntário, do Projeto de Pesquisa acima
descrito.
___________________________ ____________________________
Participante Pesquisador
127
DADOS DO PARECER
Apresentação do Projeto:
Trata-se de pesquisa no âmbito da Cognição Social que avalia a relação entre as crenças referidas à
espiritualidade e a realização do sentido da vida. Parte do conceito de que a crença direciona o agir
do indivíduo e regula os processos humanos de interação dentro e fora dele. E que a espiritualidade é
considerada como uma força interior do homem que o motiva e impulsiona a buscar o sentido último
de sua vida.
A metodologia é baseada em pesquisa empírica, quantitativa, descritiva, correlacional, ex post facto,
que tem como sujeitos uma amostra de universitários da cidade do Rio de Janeiro.
A coleta de dados será realizada com os instrumentos WHOQOL-SRPB e o Inventário de Sentido de
Vida de Steegar que posteriormente serão analisados pelo coeficiente de correlação de Pearson.
Objetivo da Pesquisa:
Objetivo Primário:
Correlacionar crenças na espiritualidade investigadas numa amostra de universitários na cidade do
Rio de Janeiro, com a realização de sentido de vida.
Objetivo Secundário:
a) Fundamentar no âmbito dos estudos de cognição social o tema crenças na espiritualidadeb)
Compreender com base nos estudos da Logoterapia a relação entre crenças na espiritualidade e
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128
Benefícios:
O trabalho é relevante do ponto de vista acadêmico uma vez que se propõe a discutir e relacionar
temas abrangentes do âmbito teórico de Psicologia e Teologia: crenças na espiritualidade e sentido
de vida. A fé sendo instrumento de contato com o transcendente e a espiritualidade como a
expressão possível do que transcende ao humano, são temas que despertam e aguçam a
curiosidade do meio acadêmico, principalmente em relação à Psicologia, haja visto que artigos e
estudos publicados (Rodrigues et al., 2009) têm mostrado que a fé tem força sobre o homem,
justificando desta forma o desejo de buscar um melhor entendimento no âmbito psicológico deste viés
de cunho científico.
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Assinado por:
Ave Regina de Azevedo Silva
(Coordenador(a))