2 MEE - Sem
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0 - Introdução:
Conceitos:
Semiologia: é a parte da medicina que estuda os métodos de exame clínico, pesquisa os sintomas e os interpreta - visa reconhecer uma
dada enfermidade por suas manifestações clínicas, bem como prever a sua evolução e prognóstico.
Síndrome: conjunto de sinais clínicos por múltiplas causas e que afetam diversos sistemas - quando adequadamente reconhecidos e
considerados em conjunto caracterizam uma determinada enfermidade ou lesão.
Exp - Síndrome da cólica.
Exp - Febre: em decorrência dela ocorre ressecamento da boca, aumento da frequência respiratória e cardíaca, perda parcial do
apetite, oligúria...
Sintoma: todo fenômeno anormal, orgânico ou funcional pelo qual as doenças se relevam no animal - dispnéia, tosse, diarreia,
claudicação...
PS: na medicina humana representa alterações que são reportadas pelo paciente.
Sinal: não se limita à observação da manifestação anormal apresentada pelo animal, mas principalmente a avaliação e interpretação
que o clínico retira dos sintomas observados ou do método físico de exame.
Exp - Edema: identificado através sintoma de aumento de volume.
Exp - Balotamento positivo: ao palpar o abdômen do animal e no mesmo momento formar “ondas” que indicará a presença de
conteúdo livre no abdome.
Tipos de sinais:
Sinais locais: manifestações patológicas aparecem claramente circunscritas e em estreita relação com o órgão envolvido - uma
hiperemia da conjuntiva palpebral por irritação por exemplo.
Sinais gerais: manifestações patológicas resultantes do comprometimento orgânico como um todo (exp - endotoxemia) // ou por
envolvimento de um órgão ou um determinado sistema levando a prejuízos de outras funções do organismo (exp - neoplasia mamária com
metástase pulmonar).
Classificação de sinais:
Principais: fornecem subsídios sobre o provável sistema orgânico envolvido (dispnéia nas afecções pulmonares por exemplo).
Patognomônico: pertencem ou só representam uma determinada enfermidade.
Exp1: protrusão da terceira pálpebra em equinos por tétano.
Exp2: opacidade de córnea na FCM.
Diagnostico:
A - Diagnóstico clínico: reconhecimento de uma doença baseado na anamnese, exame clínico e complementares - anamnese (50%);
exame físico (35%); complementar (15%).
B - Diagnóstico terapêutico: baseado na resposta favorável da terapia.
C - Diagnóstico presuntivo: pela observação diária da progressão da doença exclui-se ou insere-se alguns diagnósticos (preestabelecidos).
D - Diagnóstico etiológico: quando se refere a doença e ao agente causador - tétano (Clostridium tetani).
E - Diagnóstico anatômico: especifica o local e o tipo de lesão - fratura cominutiva no fêmur por exemplo.
Que determina o tratamento: meio utilizado para combater a doença - podendo ser dietético, medicamentoso, cirúrgico ou terapêutico:
quanto ao tipo de ação os tratamentos são divididos em:
Causal: combate a causa da doença.
Sintomático: combate os sintomas ou abranda o sofrimento do animal.
Patogênico: modifica o mecanismo de desenvolvimento da doença no organismo (ex. soro antitetânico).
Vital: evita o aparecimento de complicações que tragam risco ao animal (ex. transfusão sanguínea).
Princípios de Hutchinson:
I - Não seja demasiadamente sagaz.
II - Não tenha pressa.
III - Não diagnostique raridades, pense nas hipóteses mais simples inicialmente.
IV - Não seja demasiado seguro de si.
V - Não hesite em rever seu diagnóstico.
1 - Identificação do animal: em alguns casos já direciona para suspeitas (raças sendo mais propensas para algumas doenças por exemplo).
2 - Anamnese: trazer de volta à mente todos os fatos relacionados à doença e ao paciente - representa (se bem conduzida) o principal
recurso que o clínico dispõe para fechar o diagnóstico (até 50% do diagnóstico).
PS: varia de acordo com o tipo de informante - proprietário, tratador ou veterinário.
3 - Exame clinico (exame físico): seu sucesso depende de organização, paciência, sensatez, raciocínio e conhecimento - é dividido ainda em
geral e especifico.
Material básico:
Papel e caneta.
Luvas.
Material para contenção.
Frascos para amostras.
Lanterna.
Estetoscópio.
Martelo e plexímetro.
Termômetro, otoscópio e oftalmoscópio.
Espéculo.
Métodos de exploração clínica (5): se baseia nas técnicas de - inspeção, palpação, auscultação, percussão e olfação.
A - Inspeção: investigação da superfície corporal e as partes mais acessíveis em contato com o exterior.
Exemplos: estado mental, postura e marcha, estado nutricional, condição da pele e pêlos...
Pode ser feita de forma:
Panorâmica: avalia condição corporal geral (ou no sentido de avaliar um grupo de animais).
Localizada: de determinada região do corpo.
Ou ainda:
Direta: vista com o olho nu - pêlos, mucosas, movimentos respiratórios por exemplo.
Indireta: com o uso de equipamento especifico - oftalmoscópio, microscópio, raio X, ultrassonografia, eletrocardiograma.
PS: algumas das técnicas de inspeção indireta podem ser consideradas como exame complementares (os últimos 4 citados pe.).
B - Palpação: utilização do sentido táctil ou da força muscular para melhor determinar as características de um sistema orgânico ou de
uma área explorada.
C - Auscultação: avaliação dos ruídos que os diferentes órgãos produzem espontaneamente - pode ser feita com auxílio de equipamento
especifico (estetoscópios e fonendoscópio).
Tipos de ruídos:
I - Aéreos: pela movimentação de massas gasosas (passagem do ar pelas vias aéreas na inspiração e expiração por exemplo).
II - Hidroaéreos: pela movimentação de massas gasosas em um meio líquido (borburigmo intestinal p.e).
III - Líquidos: movimentação de massas líquidas em uma estrutura (sopro anêmico).
IV - Sólidos: pelo atrito de duas estruturas sólidas rugosas (roce pericárdico).
D - Percussão: método físico de exame em que através de pequenos golpes ou batidas aplicadas a determinadas partes do corpo torna-
se possível obter informações sobre a condição dos tecidos adjacentes e/ou sua delimitação topográfica.
PS1: a percussão acústica permite a avaliação de tecidos localizados a aproximadamente 7 cm de profundidade e pode detectar
lesões iguais ou superiores a 7 cm de distância.
PS2 analise depende do conhecimento do som fisiologicamente normal da região!
PS3: pode ser feita a partir da técnica dígito-digital ou martelo-pleximétrica.
Tipos de sons:
I - Claro: do ar se movimentando (pulmão por exemplo).
A.5 - Subtimpanico.
B - Timpânico: de maior intensidade e ressonância (abdômen) - ocorre pela presença de ar/gases.
B.5 - Submaciço.
C - Maciço: ocorre em regiões compactas e desprovidas de ar (coração, fígado e baço).
Sons especiais:
A - Metálico: semelhante ao ruído de uma placa metálica vibrante - ocorre no timpanismo com grandes distensões.
B - Panela rachada: pela saída do ar de uma determinada cavidade sob pressão - ocorre em casos de estenose (deslocamento de
abomaso e estenose de piloro como exemplos).
E - Olfação: aplicado em transpirações cutâneas, ar expirado e secreções (fezes, vomito, urina) por exemplo.
Tipos de odor: cetónico (de acetona), urêmico, halitoses, pútrido.
4 - Exames complementares: procedem o exame físico em situações em que determinada suspeita deve ser provada.
Exemplos:
(a) Hematológico.
(b) Bioquímico.
(c) Urinálise.
(d) Bacteriológico/virológico/parasitológico.
(e) Biópsia (aspirativa, imprinting e excisional).
(f) Inoculações experimentais.
(g) Teste de reações alérgicas.
0 - Introdução e conceitos: corresponde a imobilização parcial temporária e restrição da movimentação, com o intuito de impedir
determinadas atitudes físicas indesejáveis - depende do conhecimento sobre a índole do animal e espécie, controle do ambiente e
comportamento apropriado do profissional.
Objetivos:
I - Oferecer proteção ao veterinário, auxiliar e animal.
II - Facilitar o exame clinico e permitir procedimentos/testes complementares: injeções, curativos, cauterizações, US, punção venosa...
III - Evitar fugas e acidentes.
Recomendações:
Evitar movimentos bruscos e precipitados.
Seja tranquilo, firme e confiante.
Tentar ganhar a confiança do animal: conversar, acariciar, brincar e ofereça petiscos.
Iniciar com a contenção mais simples (cabresto, mordaça) e prosseguir com métodos mais enérgicos de acordo com a demanda (troncos,
formiga, cachimbo, focinheiras).
A - Em cães (5): conheça o animal e ganhe sua confiança // realizar aproximação lenta e conversando - de o dorso da mão para que ele
cheira, afague e mostre suas intenções // sempre que possível o proprietário ou um assistente deve auxiliar.
I - Mordaça: feita no momento (com corda, cadarços, laços, etc).
II - Cambão (pau de couro).
III - Focinheira.
IV - Contenção de pé: coloque o braço sob o pescoço, prendendo-o moderadamente com o antebraço - passe o outro braço sob o abdome
do animal, segurando o membro pélvico que se encontra do mesmo lado de quem executa a contenção.
V - Derrubamento e contenção sobre a mesa.
B - Em gatos (2):
Observações:
Defende-se com unhas e dentes (cuidado).
Manter dentro da caixa de transporte até avaliação física.
Manter próximo aos proprietários.
Fechar janelas e portas.
Examinar sobre a mesa.
Cuidado com mudanças de comportamento.
E - Bovinos (9): aproximação pelo lado direito - cuidado com cabeçadas e movimentos laterais dos membros torácicos (mãos) // não ficar
de costas para o animal.
I - Peia: pode ser feita com corda ou correntes (a segunda gera mais desconforto).
II - Tombamento - Método Italiano: para reprodutores e vacas com gestação em estágio avançado - como desvantagem possui risco de
enforcamento.
III - Tombamento - Método Rueff: não indicado em animais em gestação (pode causar lesões no úbere e pênis).
IV - Torção da cauda.
V - Argola (formiga).
VI - Canzil.
VII - Curral de espera (mangueira).
VIII - Tronco.
IX - Maca suspensória.
0 - Introdução e conceitos: avaliação rotineira do paciente, a qual indica saúde geral do paciente e/ou provável local da doença - geralmente
antecede o exame físico específico, porem em alguns casos é necessário alterar o cronograma:
I - Casos de risco a vida do animal.
II - Animais agressivos e/ou selvagens.
III - Grandes rebanhos.
PS1: a análise geral dos sistemas é importante, já que a queixa principal do proprietário nem sempre representa o real sistema acometido.
PS2: as características e a intensidade dos sinais clínicos apresentam uma variação muito ampla (até mesmo em uma mesma
enfermidade), de modo que a sua multiplicidade dificulta a obtenção do diagnóstico.
PS3: a adoção de uma mesma sequência de exames, se repetida várias vezes torna-se um hábito - este sendo o melhor modo de reduzir a
possibilidade de erros diagnósticos na realização do exame físico geral.
Etapas: inspeção geral, parâmetros vitais, mucosas, linfonodos, palpação (pele e abdomem*), precursão e auscultação*
A - Inspeção (7): avaliado quanto ao nível de consciência, postura e locomoção, condição corporal, pelame, forma abdominal,
características respiratórias e outros parâmetros (avaliação de defecação, vômito, secreções, micção, etc).
A.1 - Nível de consciência (5): realizado através de estímulos (palmas, estalos de dedos), sendo então classificado em
Ausente: coma.
Estupor: responde à estímulo de dor profunda.
Diminuído: apático.
Normal.
Aumentado: excitado.
A.2 - Postura e locomoção: sempre considerar comportamento típico da espécie - atitudes anormais indicam enfermidade (geralmente
relacionadas a dor e alterações do sistema nervoso).
PS1: animal sempre em decúbito pode ser indicativo de alteração patológica.
PS2: cabeça baixa também é indicativo de doenças.
PS3: se afastam do rebanho ou se levantam com dificuldade.
PS4: adotam posições características.
A.3 - Condição corporal: levar em conta sempre - espécie, raça, utilidade ou aptidão.
Classificado em 5 níveis: caquético - magro - normal - gordo - obeso.
A.4 - Pelame: geralmente limpos e/ou brilhantes - podem estar eriçados, com presença de ectoparasitos, lesões (únicas ou múltiplas /
simétricas ou assimétricas).
PS: pele também pode ser utilizada como indicativo do nível de desidratação.
A.5 - Forma abdominal: normal ou alterada (no timpanismo e ascite por exemplo).
A.6 - Características respiratórias: eupneía, dispneia e secreções.
A.7 - Dentre outros: características de defecação, vômito, secreções, micção...
B - Avaliação dos Parâmetros Vitais: (caiu na prova - parâmetros vitais em cada espécie)
B.1 - Frequência cardíaca (FC):
Técnica:
1ª - Conter o animal.
2ª - Verificar a coluna de mercúrio.
3ª - Lubrificar o local.
4ª - Introduzir 1/3 do termômetro, assegurado o com o contato do bulbo com a mucosa retal (de 1 a 2 min).
PS1: se recomenda realizar 2 aferições caso possível.
PS2: podem ser feitas por via retal ou na vulva/prepúcio.
5ª - Realizar assepsia do termômetro após o processo.
Glossário termométrico:
I - Hipotermia: abaixo do normal.
II - Normotermia.
III - Hipertermia: levemente aumentado.
IV - Febre.
Principais causas de erro (6)
Defecação e enema previas a medição.
Presença de ar no reto.
Pouca introdução do termômetro.
Pouco contato do bulbo.
Processo inflamatório retal.
Tempo de permanência inadequado.
Fases da febre:
I - Ascensão ou aparecimento (stadium incrementi): aumento progressivo da temperatura pela ativação do centro
termorregulador.
II - Fastígio (acme): temperatura atinge o máximo (seguida de estabilização térmica).
III - Desfervencência (stadium decrementi): ocorre declínio da temperatura.
C - Avaliação das mucosas (5): avaliar quanto a coloração, lesões, TPC, corrimentos e hidratação.
Possíveis mucosas aparentes ou visíveis (6):
I - Oculopalpebrais: podendo ser - conjuntivas palpebrais superior e inferior, terceira pálpebra, conjuntiva bulbar ou esclerótica.
II - Nasal.
III - Bucal.
IV - Vulvar.
V - Prepucial.
VI - Anal.
Observar:
C.1 - Coloração (5):
Pálida: indicativo de ocorrência de anemia - possíveis causas sendo ecto/endoparasitoses, hemorragia, choque hipovolêmico,
aplasia medular e falência circulatória periférica.
Congesta (hiperêmica): possíveis causas sendo inflamação (infecção local), septicemia/bacteremia, febre, congestão pulmonar,
endocardite e pericardite traumática.
Congesta com halo toxêmico: em endotoxemia.
Cianótica (azulada): indica falta de oxigenação adequada por motivos diversos - obstrução das vias aéreas, edema pulmonar, ICC,
pneumopatias, exposição ao frio.
Ictérica (amarelada): indica hiperbilirrubinemia por causas diversas - estase biliar (obstrução), doenças hemolíticas (babesiose por
exemplo), lesões hepáticas (infecções, substâncias hepatotóxicas).
C.3 - Tempo de preenchimento capilar (TPC): avaliado pela compressão da mucosa por 3 segundos - o tempo até que o sangue retorne
normalmente é de 1 a 2 segundos (indica a perfusão sanguínea adequada e hidratação).
PS - Desidratado: 2 a 4 segundos.
PS - Gravemente desidratado: 5 segundos ou mais.
C.5 - Grau de hidratação: avaliado (além do TPC) pela elasticidade da pele e mucosas.
D - Avaliação dos linfonodos (5): no exame clinico geral envolve inspeção e palpação (biopsia pode ser enviada para complementar) - se
deve avaliar tamanho, consistência, sensibilidade, mobilidade e temperatura.
PS: caso ocorra alteração verificar se é localizada (uni ou bilateral) ou generalizado.
D.1 - Tamanho: descrição feita a partir da comparação do padrão da espécie - indica reação inflamatória, podendo ainda levar a
compressão de estruturas vizinhas quando muito aumentado.
PS1: em animais jovens são maiores fisiologicamente.
PS2: dependendo do estado nutricional pode parecer maior (em animais desnutridos).
PS3: quando não palpável é considerado como ponto positivo.
D.3 - Sensibilidade: normalmente sem dor -- em inflamação e infecção apresenta aumento da sensibilidade // em processos crônicos tem
discreto aumento de sensibilidade.
PS: sempre começar pelas áreas menos dolorosas.
D.4 - Mobilidade: deve apresentar boa mobilidade - perda ou a ausência de mobilidade é um achado comum nos processos inflamatórios
bacterianos agudos (ocorre desenvolvimento de celulite localizada, que os fixa nos tecidos vizinhos).
D.5 -Temperatura: deve ser igual à da pele - aumento indica inflamação.
Linfonodos pré-escapulares (cervicais): drenam pavilhão auricular, pescoço, ombro, membros torácicos e 1/3 proximal do tórax -
palpáveis em ruminantes (com pontas dos dedos) e cães (em forma de pinça).
Linfonodos pré-crurais (pré-femorais): drenam parte posterior do corpo e segmento crânio-lateral da coxa - palpável em ruminantes
e equinos magros/enfermos (não existe em animais de companhia).
Linfonodos mamários: drenam o úbere e partes posteriores da coxa - palpável em vacas em lactação.
Linfonodos poplíteos: drenam pele, músculos, tendões e articulações membros posteriores - palpável em cães e gatos.
Biópsia dos linfonodos: podem ser utilizadas em exames complementares - coletadas por excisão ou aspiração: utilizadas para
diagnostico de doenças de etiologia desconhecida ou nos casos de suspeita de metástases.
E - Palpação de outras estruturas: avalia - volume, consistência, temperatura, distenção, tensão e movimento.
E.1 - Pele e anexos.
E.2 - Abdômen: pré-estômagos, estômago, intestinos, fígado, baço, rins e vesícula urinária, útero // tórax (útil somente em alterações
superficiais - sem acesso aos órgãos através de palpação devido as costelas).
F - Percussão: através da reverberação do som reflete indícios sobre conteúdo (ar, líquido, massa), alteração teciduais e delimitação de
estruturas - utilizado para identificar as situações que há alteração de aumento de volume ou para a delimitação topográfica no geral.
PS1: realizar ao longo das 3 linhas verticais ou em locais com alteração anatômica.
PS2: em ruminante pode ser feito para avaliar o conteúdo ruminal e a sensibilidade dos órgãos na cavidade.
PS - Auscultação indireta com percussão (percussão auscultatória): consiste em se posicionar o estetoscópio em uma determinada
região e percutir simultaneamente - útil na identificação de som metálico por dilatações abdominais gasosas (ping): ocorre no deslocamento
do abomaso em bovinos (liquido cai como uma goteira no órgão, produzindo som metálico).
AULA 4 (Exame físico S.D - pequenos animais)
0 - Introdução e conceitos iniciais: junto a dermatologia representa uma área de grande interesse na veterinária de pequenos - boa parte dos
casos clínicos envolvem o sistema digestório.
PS: nem toda alteração no digestório tem origem primaria - podem ser decorrentes de distúrbios endócrinos, neoplasias, alterações em
outros sistemas (uremia causando vômitos e febre causando perda de apetite como exemplos).
1 - Identificação: importante pois em alguns casos já direciona para um conjunto de patologias típicas de espécies, raça, sexo, ambiente...
(a) Animais mais ativos tem maior chance de ingerirem corpos estranhos - filhotes no geral tem maior chance de ingestão de corpos
estranhos (por curiosidade).
(b) Cães no geral tem maior chance de comer algo fora da dieta (indiscrição alimentar) - isto pode levar a desequilíbrio da microbiota
normal do S.D, com consequente vômito e diarreias.
(c) Cães de grande porte tem maior chance de apresentarem torção gástrica.
(d) Animais jovens e em locais com alta densidade populacional tem maior chance de adquirir doenças infecciosas
Parvovirose e giardíase em cães.
Panleucopenia felina (parvovírus felino) e FILV em gatos.
Vermes no geral.
(e) Gatos tem maior chance de ingerir corpos estranhos do tipo linear (barbante por exemplo) - além disto possuem padrão mais crônico
nos casos de diarreias e vômitos no geral.
2.1 - Queixas principais (anamnese espontânea): informações típicas de serem informadas pelo proprietário no início da consulta - animal
apresenta vomito, diarreia, constipação, anorexia, apatia...
B - Ambiente:
I - Animal vive em casa ou tem acesso a rua? animais na rua tem maior chance de ingerir algo que interfira no sistema digestório.
II - Histórico de envenenamento na região? foram encontradas iscas no local?
III - Produtos tóxicos de fácil acesso na região? estão ocorrendo obras na casa ou local?
IV - Animais com a mesma sintomatologia na área ou na casa?
V - Existem muitos animais no local? aglomeração facilita ocorrência de algumas doenças infecciosas (coccídeos, giardíase...)
Frequência e quantidade de conteúdo: em cães pode não ter significância patológica (sempre vomita alguma vez na vida) e em gatos
pode ser decorrente da limpeza de pelos (o que pode ser diminuída com alimentação e medidas ambientais especificas).
Método de ejeção: quando profuso (em jatos) pode ser indicativo de obstruções graves no TGI (intuscepções, CEs e tumores).
Vermelho: indica hemorragias no T.G.I - pode apresentar em vermelho vivo ou digerido pelas enzimas gástricas (no último caso
chamado de sangue oculto ou sangue digerido - possui aspecto de pontos milimétricos espalhados no liquido, semelhante a uma borra de
café).
Regurgitação vs Vomito: devem ser diferenciadas pelo veterinário - a primeira é causada por obstruções no esôfago, que impedem o
alimento de seguir para o estomago (possui causas diversas, sendo estas diferentes das da ocorrência de vomito).
PS1: animal não apresenta a mimica do vomito na regurgitação (contrações abdominais para expulsão do conteúdo gástrico).
PS2: regurgitação ocorre principalmente por obstruções // vômitos são causados por irritações gástricas e enjoos em especial.
PS3: conteúdo da regurgitação se apresenta pouco digerido - já que geralmente ocorre pouco tempo após a alimentação.
PS4: regurgitação geralmente apresenta menos muco ou sangue.
PS5: megaesôfago é uma causa de importância em regurgitação.
F - Fezes e/ou alteração na defecação (6): avaliar quanto ao odor, consistência, presença de sangue, presença de muco, ocorrência de
disquezia e diferenciar as diarreias do ID das do IG.
Presença de sangue: pode ser sangue vivo ou digerido (oculto) - o sangue oculto quando nas fezes é denominado melena: é indicativo
de hemorragia no I.D (local que produz enzimas que possam fazer a digestão do sangue).
Diferenciação - Diarreia do I.D ou I.G: (caiu na prova - características diferentes entre cada uma).
De intestino delgado (6): consistência pastosa ou aquosa (liquida), volume de defecação maior e de frequência ligeiramente
aumentada, sangue quando presente ocorre como melena, animal apresenta perda de apetite e de peso e vomita frequentemente -
geralmente associada a peristaltismo aumentado.
De intestino grosso (4): possuem maior quantidade de muco, mais pastosas, sangue (quando presente) ocorre como estrias de
sangue vivo, animal quando com constipação assume posição defecação frequentemente sem a saída das fezes (tenesmo).
3 - Exame Físico Especifico: feita com os 5 métodos de avaliação (inspeção, palpação, precursão, auscultação e olfação).
3.1 - Inspeção (4): avaliar cavidade oral, escore corporal, pelame e dilatações do abdomem.
A - Cavidade oral:
(a) Condições dos dentes - pode afetar o apetite por dificultar a mastigação.
(b) Presença de ulceras na língua - idem.
(c) Ocorrência de sialorreia - pode causar enjoos.
(d) Presença de corpos estranhos.
B - Escore da condição corporal: quando muito baixo indica disfunção no I.D ou doenças crônicas.
C - Pelame: condição indica absorção de nutrientes - quando ruim se apresenta opaco e ressecado.
PS1: também serve como indicador de disfunções endócrinas.
PS2: quando muito sujo pode ser indicativo de animal enfermo no geral.
D - Dilatações do abdômen: distensões de órgãos ou segmentos podem ocorrer por causas diversas - torções, intussuscepções, acumulo
de gás e alimentos, corpos estranhos, etc.
3.2 - Palpação (2): método mais importante do S.D - indica tamanho dos órgãos (dilatações por obstruções no geral); consistência rígida
de corpos estranhos; presença ou ausência de matéria fecal e consistência desta (liquida, pastosa, maleável).
A - Abdominal: pode ser feita na região cranial (verifica estomago, fígado e duodeno), mesogástrica (verifica o I.D) ou hipogástrica
(intestino grosso).
B - Toque retal: indica consistência e presença de fezes, sensibilidade da região, tamanho da próstata (em machos) e resistência a
passagem (aumentada na estenose por exemplo).
3.3 - Percussão: pouco útil em pequenos - indica detenção por gases (som timpânico) e localização/tamanho de órgãos (som submaciço ou
maciço).
PS: balotamento pode ser utilizado também - indica presença de líquidos (ascite).
3.5 - Olfação: pode indicar halitoses - urêmico, cetónico (por diabetes por exemplo), doença periodontal e placas, odor de fezes
PS: odor de fezes quando na cavidade oral indica uma obstrução grave - que leve as fezes a ir do intestino até a boca ou estomago.
4 - Exames Complementares: são uteis já que várias das doenças que afetam o SGI são sistêmicas.
A - Hemograma: constata
Anemias: animais podem perder sangue no TGI.
Leucopenias: por doenças intestinais virais.
Leucocitoses: em infecções bacterianas - proporção das células de defesa indica a etiologia da inflamação.
B - Ureia e creatinina: ótimo para o diagnóstico de uremia - afeta o TGI causando ulceras.
C - Enzimas hepáticas: constata função hepática - lembrando que o fígado não funcionando poderia levar a má absorção e perda de peso,
vômitos, ascite, coprófagia, etc...
D - Proteínas totais e albumina: estão diminuídas em parasitoses e doenças com vômitos/diarreia crônicas.
E - Coagulograma: deve ser pedido em casos de hemorragia.
F - Exame de fezes: indica presença de formas parasitarias nas fezes.
G - Testes sorológicos específicos: uteis para cinomose, parvo, leucemia felina...
H - Glicemia: reflete a absorção intestinal, ocorrência de diabetes e estado da alimentação.
I - Radiografia: exame de triagem no S. digestório (junto ao ultrassom) - visualiza corpos estranhos, distensões por gás e obstruções.
PS: quando feito seriada e com contraste ela indica exatamente o local de obstrução (local onde o contraste fica acumulado já que não
é eliminado).
J - Ultrassom: complementar a radiografia - ótima para verificação de órgãos parenquimatosos (fígado, pâncreas), peristaltismo (já que é
em tempo real) e estado das paredes do intestino e estomago.
K - Endoscopia: boa visualização das paredes e mucosas do TGI - ulceras, tumores e corpos estranhos.
PS1: pode ser feito via esôfago (esofagogastroduodenoscopia) e retal (colonoscopia).
PS2: equipamento possui ainda pinças que podem coletar material para biopsia.
AULA 5 (Exame físico S.D - ruminantes)
Funcionamento normal do rumem: a presença de alimento fibroso no rumem favorece a ruminação, e consequentemente a produção de
saliva (a qual contem ureia e bicarbonato) - sendo assim o funcionamento do rumem depende de fibras em quantidade e qualidade
adequadas (preferencialmente de boa digestibilidade e longas).
PS1: notar que a produção de saliva e funcionalidade da mastigação são indiretamente importantes parâmetros para avaliação do
funcionamento do rumem.
PS2: alimentos concentrados em excesso levam a desequilíbrio da flora ruminal pelo aumento de MOs aminoliticos - animal apresenta
quadro de timpanismo, acidoses e diarreias (relacionadas principalmente a queda do PH).
Movimentos ruminais: separado em movimentos primários e secundário - frequência destes deve ser adequada em um animal saudável.
Primário: iniciado pelo reticulo - direciona o conteúdo para os sacos dorsais e ventrais do rumem em um movimento circular.
Secundário: expulsão dos gases, principalmente pela contração dos sacos cego dorsal e ventral - o gás é direcionado para a cárdia para
ser eliminado na eructação e o conteúdo para o orifício retículo-omasal.
PS: na avaliação da frequência dos movimentos ruminais um ciclo é definido pela audição dos 2 movimentos (que ocorrem em tempos
similares) - com experiência é possível diferenciar um do outro.
(b) Também avaliar o torno lingual: mobilidade da língua - participa na captura do alimento junto aos incisivos inferiores.
(c) Avaliar pela olfação presença de halitoses e odor cetónico.
PS: etapas levam indiretamente a avaliação dos nervos cranianos - hipoglosso (língua) e glossofaríngeo (deglutição).
2.2 - Esôfago: estrutura importante para a passagem do alimento e ruminação - a região cervical pode ser avaliada por palpação e ou
indiretamente por sonda oro-gastrica: alterações nesta estrutura podem levar a timpanismo gasoso.
2.3 - Rumem: localizado entre 8ª espaço intercostal até cavidade pélvica - realizado por inspeção, palpação, percussão e auscultação.
Divisão da cavidade: deve levar em conta a distribuição das estruturas nas cavidades torácicas e abdominais - desta forma a avaliação
das estruturas na região pode ser facilitada pela divisão do abdomem em quadrantes superiores e inferiores direito e esquerdo (inspeção
destas estruturas e quadrantes é a principal ferramenta para avaliação de ruminantes).
PS1: o número de contrações depende do tipo de alimento ingerido e do intervalo decorrido entre a última refeição e o exame.
PS2: região dorsal pode apresentar ruído semelhante ao de estouro de bolhas (crepitação).
Alterações de frequência:
Hipermotilidade: frequência de MR aumentada - ocorre (geralmente) nas fases iniciais das lesões do nervo vago e dos processos
fermentativos (timpanismo espumoso e acidose).
PS: em alguns casos o rumem realiza mais movimentos porem de forma incompleta (frequência aumentada é compensatória a
não funcionalidade do movimento) - nestas situações apesar do número maior de movimentos o diagnóstico e feito como hipomotilidade.
Hipomotilidade: MR diminuídos - geralmente por uma ou mais das seguintes causas: depressão do centro gástrico,
falha das vias dos reflexos excitatórios, aumento do estímulo dos reflexos inibitórios e bloqueio das vias motoras (por hipocalcemia e lesões
do nervo vago) // também ser decorrente de baixa fibra na dieta.
Atonia: ausência de movimentos.
C - Palpação: indica sensibilidade, tipo de conteúdo estomacal (consistência deste) e intensidade/frequência de MRs.
Tipos de palpação (3): a palpação pode ser superficial, profunda e retal - a palpação da parede abdominal esquerda deve ser realizada
da fossa paralombar dorsal esquerda em sentido à prega lateral (prega do flanco).
I - Palpação superficial: é realizada com a palma da mão ou as pontas dos dedos - usada para avaliar a intensidade e a frequência
das contrações ruminais (quando ocorrem empurram o punho para fora do flanco).
II - Profunda: realizada com a mão fechada - de grande auxílio na avaliação do tipo de conteúdo ruminal baseando-se na
resistência que este gera (pastosa sendo o normal).
PS1: também útil na constatação de aumento de sensibilidade (ruminite).
PS2: a região abdominal correspondente à porção ventral do rúmen apresenta maior resistência à pressão manual em
virtude da grande quantidade de material sólido presente (já a dorsal possui menor resistência pela camada de gás presente).
III - Retal: fornece resultados melhores que a palpação pelo flanco, pois todo o saco dorsal é acessível - ao se elevar o assoalho
abdominal também é possível sentir parte do saco ventral.
Baloteamento: pelo movimento nas cavidades a partir de um estimulo físico (empurro) - determina presença de líquidos no rumem,
ascites e gestação.
D - Percussão: indica o tipo de conteúdo no rumem - gás (timpânico), digesta (sub maciço) e liquido (quase maciço).
Tipos de sons:
Timpânico: normal do saco dorsal do rúmen - principalmente devido a presença de certa quantidade de gás.
PS: no timpanismo o som da percussão lembra o ressoar de um tambor.
Submaciço: a intensidade do som submaciço aumenta à medida que a percussão se dirige às porções mais ventrais da parede
abdominal devido à natureza pastosa da ingesta (presença de material fibroso e líquido).
Maciço: região ventral do rumem - quando na dorsal pode ser indicativo de sobrecarga.
PS - Percussão auscultatória: técnica indicada para o diagnóstico de acúmulo excessivo de gás dentro do compartimento ruminal - é
realizada colocando-se o fonendoscópio sobre a região de interesse e percutindo (com o polegar ou o cabo do martelo) a parede abdominal,
em uma distância aproximada de 10 a 12 cm da cabeça do fonendoscópio - resulta em ressonância aumentada quando o compartimento
básico contiver uma quantidade de gás significante: a ressonância é menos exacerbada no caso de acúmulo de gás no saco dorsal do rúmen
em relação aos casos de deslocamento do abomaso (camada de alimentos fibrosos se aloja abaixo da camada de gás, abafando
consideravelmente a ressonância causada pelo ato percutido).
(fossa paralombar dorsal esquerda em sentido à prega lateral-prega do flanco // 8º EIC até cavidade pélvica)
2.4 - Reticulo (2): localizado entre 5ª e 7ª E.I.C, presente sobre a cartilagem tifoide - avaliado por inspeção exames específicos de
sensibilidade: importantes para determinar a presença de corpos estranhos e ocorrência de pericardite reticulo traumática (sensibilidade).
A - Inspeção: não há alteração local, porem o animal pode adotar posturas características quando com dor - membros torácicos mais
elevados, locomoção vagarosa e dorso arqueado.
C - Auscultação e Percussão: são de menor importância na espécie - feito no 6º EIC (região ventral), porem na auscultação ocorre
sobreposição de ruídos ruminais.
2.5 - Omaso (0): presente entre o 7ª e 9ª E.I.C, na região centralizada do animal (não é possível realizar avaliação semiológica).
2.6 - Abomaso (4): entre o 7ª e 11ª E.I.C, no antímero direito (repousa entre o rumem e omaso) - avaliado por inspeção, percussão,
auscultação e palpação.
A - Inspeção: na compactação gera distenção do quadrante direto (inferior).
B - Percussão:
Percussão clássica: normalmente gera som submaciço - gás no órgão pode estar sobre maior tensão nos casos de deslocamento de
abomaso, passando a apresentar som timpânico.
Percussão auscultatória: quando dilatado por gás o abomaso se desloca para a esquerda ou direita, podendo neste caso ser percutido
entre os 8ª e 12ª E.I.C - liquido do órgão goteja, gerando som de chapinhar metálico (pela presença de líquidos e gases) na auscultação com
balotamento.
C - Auscultação: gera sons de burburinhos - a auscultação fica em localização alterada nos casos de deslocamento de abomaso.
D - Palpação: a por via abdominal não é possível em ruminantes adultos devido a musculatura da região (somente retal) - em pequenos
ruminantes e bezerros pode ser feita por via abdominal (externa): determina presença de areia e gases e a sensibilidade da região (dor por
abomasite e ulceras abomasais).
2.7 - Alças intestinais: ocupando os 2/3 caudais do antímero direito, com o ceco e colón no quadrante superior e duodeno, jejuno e íleo no
inferior - avaliado por inspeção, palpação, percussão e auscultação.
A - Inspeção (flanco direito): distendido em torção do ceco, vólvulo, íleo paralítico e intussuscepção.
B - Palpação:
Abdominal: verifica aumento de sensibilidade por enterite e oclusões intestinais.
Retal (4): útil para avaliar aumento de sensibilidade, alterações na localização anatômica das estruturas e aderência entre
intestino/rumem - também pode ser utilizada para a retirada de amostra de fezes.
D - Percussão:
Região dorsal (IG): possui som timpânico ou subtimpânico (ocorre geração de gás no local).
Região ventral (ID): som submaciço.
2.8 - Fígado (3): localizado ao redor do abomaso, na porção superior do antímero direito entre o 5º e 12º EIC - avaliado por percussão,
palpação e inspeção.
A - Percussão: feita entre os 10ª e 12ª E.I.C em bovinos (região dorsal direita) e entre o 8ª e 12ª nos pequenos ruminantes - gera som
maciço quando normal (aumento da área de som maciço em alterações patológicas).
PS: em sua região proximal dorsal pode ocorrer som submaciço devido a sobreposição pulmonar.
B - Palpação: feita com a pontas dos dedos (pressão) por trás do arco costal - normalmente não é palpável, porem pode ser identificado
quando aumentado (bordo caudal pode ser sentido no 13ª E.I.C).
PS: coleta para biopsia e feita na mesma região (13ª costela - seguindo a linha do íleo quanto à altura).
C - Inspeção (3): verificar pelas alterações secundarias a disfunção renal - na anamnese, inspeção de mucosas, pele e exames
complementares (via função hepática e biopsia)
PS: distenção do abdome raramente é perceptível no aumento do fígado - quando ocorre é visível do lado direito posterior da última
costela (via hepatomegalia).
4 - Exames Complementares: são uteis já que várias das doenças que afetam o SGI são sistêmicas.
A - Liquido ruminal (6): pode ser coletado por sonda orogastrica ou nasogastrica (ou ainda através de fistulas) - material coletado pode
ser verificado quanto a:
A.1 - Estratificação: pode ser avaliada em uma pipeta em repouso (por 4 a 8 minutos) - liquido saudável formaria estratificação.
A.2 - Consistência: a viscosidade está relacionada com produção de saliva (e consequente com o PH) - normalmente levemente viscoso
em um animal com PH saudável (entre 6.2 e 7.2).
Pouco viscoso: pela inatividade ruminal - ocorre por alteração microbiana ou jejum prolongado.
Muito viscoso e com espuma: ocorre no timpanismo espumoso ou contaminação por saliva.
PS: na coleta a produção da saliva pode estar aumentada devido a passagem da sonda.
A.4 - Cheiro: normalmente aromático - pode estar amoniacal (em alcalose), pútrido ou ácido em alterações.
A.5 - PH: pode ser medido a partir do liquido com fita de teste de PH - normal sendo de 6,2 a 7,2 (varia de acordo com o tipo de
alimento e o tempo da última refeição e a obtenção de uma amostra).
pH básico (alto - de 8,0 a 10,0): putrefação de proteína, jejum prolongado, ingestão de uréia ou amostra misturada com saliva.
PS: quando animal mastiga o alimento por mais tempo (fibras muito secas e de baixo valor nutricional) ocorre maior produção de
saliva e bicarbonato, com consequente alcalose ruminal.
pH ácido (baixo - de 4,0 a 5,5): após consumo de carboidrato, em acidoses ruminais ou refluxo abomasal.
B - Liquido peritoneal: geralmente tem padrão de formação localizado - deve ser coletado de 2 pontos próximos ao local de alteração, com
3ml de material no mínimo: em seguida é testado quanto a quantidade de células e bioquímica.
PS1: o volume de líquido obtido varia de 0 a 5 mℓ em um animal não gestante, podendo-se coletar maiores volumes em vacas (1) no
final da gestação e pós-parto, onde este se encontra aumentado não patologicamente e (2) na maioria dos processos inflamatórios primários
ou secundários do peritônio (patológico).
PS2: a não coleta de líquido peritoneal não exclui a possibilidade de ocorrência de peritonite, principalmente se o animal estiver
desidratado.
Locais de coleta:
Quadrantes craniais: 5 cm caudal ao apêndice xifóide e 5 cm a esquerda ou direita.
Quadrantes caudais: 5 cm a direita da cicatriz umbilical.
D - Exames de fezes (7): analisado quanto a - presença de formas parasitarias, quantidade de material, coloração, consistência, presença
de muco, composição (tipo de fibras) e odor.
G - Laparotomia exploratória: abertura cirúrgica da cavidade abdominal e/ou do compartimento ruminal - é um recurso de grande valia
para a elucidação, confirmação e resolução de algumas disfunções digestivas: acidose ruminal, indigestões por corpo estranho,
deslocamentos abomasais, aderências, intussuscepções, dentre outras.
PS1: local de abertura varia de acordo com a suspeita de área afetada.
PS2: é possível realizar alguns procedimentos terapêuticos após a exploração do rúmen - retirada e a substituição do conteúdo ruminal
e a administração de antibióticos e surfactantes como exemplos: desse modo, a laparorruminotomia, além de ser um método semiológico,
consiste também em um importante recurso terapêutico.
AULA 6 (Exame físico Locomotor - ruminantes)
Observações:
(I) A anatomia está relacionada com o desenvolvimento de patologias
a - Na região anterior os animais apoiam o peso medialmente, logo esta área está mais susceptível a ocorrer lesão.
b - Na parte posterior apoiam os membros lateralmente devido ao peso do úbere.
(II) Animal saudável tem postura reta, inclusive enquanto anda - deve se saber o padrão normal da espécie para a avaliação de
alterações: linha do dorso quando arqueada (parado ou andando) é um bom indicativo de dor.
1 - Identificação: animais em sistema de produção intensivo tem maior chance de sofrerem lesões ou patologias (mesmo vale para
raças bovinas mais pesadas - tanto pelo peso quanto pelo metabolismo acelerado).
B - Exame de cascos:
1ª - Conter o animal.
2ª - Limpar para facilitar visualização.
3ª - Utilizar de equipamentos: pinça para testar compressão, estilete ou turquez para cortar.
4ª - Avaliar quanto a abcessos, fistulas, dermatites (em cada região).
5ª - Testar articulações - flexionar, entender e rotacionar dígitos.
3 - Exames Complementares.
AULA 7 (Exame físico Locomotor - Pequenos animais)
0 - Introdução e conceitos iniciais: alterações podem estar relacionadas a tendões, músculos e ligamentos - fraturas e traumas são causas
comuns de consultas (por atropelamentos e brigas por exemplo) // além de luxações, doenças degenerativas articulares, lesões ligamentares e
inflamações (sépticas e assépticas).
PS1: exame clínico especifico é importante no sistema para determinar o prognostico do animal - se sua locomoção retornara a um nível
funcional ou não.
PS2: exames complementares são particularmente importantes neste sistema - no caso do raio-x é importante um exame clinico
especifico minucioso, de tal forma a direcionar do local do exame, já que o raio-x tem efeito mutagênico e teratogênico deve ser evitado sua
utilização exacerbada.
PS3: algumas doenças geram inflamação generalizada (sistêmicas) - a leishmania por exemplo pode afetar todas as circulações.
1 - Identificação:
1.1 - Idade:
(a) Animais obesos e idosos são mais susceptíveis a doenças degenerativas.
(b) Animais jovens no geral são mais afetados por anomalias do desenvolvimento - necrose séptica da cabeça do fêmur por exemplo
(afeta em animais entre 8 a 11 meses, poodles em especial).
(c) Adultos são mais comumente acometidos por fraturas.
(e) Animais velhos por síndromes degenerativas e neoplasias (osteocondrosarcoma por exemplo - altamente letal, expectativa de vida
de cerca de 180 dias).
(b) Osteocondrite dissecante da cabeça do úmero: afeta animais jovens em especial - labrador e golden retriever são mais propensos a
ocorrência: se caracteriza pelo descolamento e erosão de cartilagem do úmero (na radiografia o osso apresenta contorno mais escuro).
(c) Displasia de cotovelo: labrador tem maior predisposição.
(d) Luxação de patela: raças toy tem maior chance de ocorrência.
2 - Anamnese:
2.1 - Espontânea: dono informa - claudicação, dificuldade para se levantar ou deitar, não se apoia em algum membro, presenciou trauma,
dificuldade de subir escadas, etc.
2.2 - Inquisitiva:
A - Ambiente: animal vive em laje? tem escada no local? outros animais (de grande porte)? tipo de piso (muito liso prejudicam animais
com predisposição a displasia coxo femoral pela instabilidade)?
B - Tipo de alimentação e peso do animal: animais de grande porte quando superalimentados na infância tendem a desenvolver
osteodistrofia hipertrófica.
C - Evolução dos sinais: quando iniciou? está melhorando ou piorando? animal tomou algum medicamento? caso sim, está respondendo
bem a ele?
PS1: em alguns casos o animal pode se curar sem a necessidade de intervenção medica.
PS2: importante informar os fármacos já que alguns destes podem ter efeito negativos em doses altas (por exemplo AINEs e sua
ação na mucosa gástrica de favorecer formação de ulceras) // também ajuda por direcionar para que tipo de patologia afeta o animal (por
exemplo doenças degenerativas, ruptura de ligamentos e luxação de patela não responderiam a anti-inflamatórios).
3 - Exame Físico Especifico: realizado por inspeção (de marcha e postura) e palpação (exame ortopédico):
A - Inspeção - marcha e postura: observar se o animal consegue se levantar, o tipo e intensidade de claudicação (quando presente),
se não se apoia em algum membro, se apresenta posturas anormais (pernas afastadas por exemplo) - em seguida a anormalidade é
classificada quanto a gravidade.
Método (4): testar a marcha e postura do animal de várias formas - andando em linha reta e em círculos, tentando sentar ou deitar,
levantando, subindo escadas...
Identificar assimetrias: sempre verificar o lado que considera como não sendo afetado primeiro, para então comparar
Desvios na postura e ângulos.
Volume de ossos (calos ósseos) e músculos (atrofia e hipertrofia).
Posição dos membros (desvios ortostáticos).
Sensibilidade.
Identificando o membro (quando alteração está presente):
(a) Geralmente é o que o animal menos se apoia.
(b) Quando o membro torácico é afetado a animal tende a levantar a cabeça enquanto anda (tenta distribuir o peso).
Identificar tipo de claudicação (quando presente): pode ser indicativo da patologia que afeta o animal - por exemplo.
Bamboleante: é típica de displasia coxo femoral bilateral, sendo causada pela instabilidade da articulação do quadril.
Saltitante: animais que em alguns momentos passam a andam “salteando” - pode ser indicativo de luxação medial de patela.
B - Palpação (5): feita no sentido distal para proximal - verificando ossos, articulações, músculos e tendões...
PS1: iniciar com o membro supostamente não afetado (testar o temperamento do animal e deixar que ele se acostume a você).
PS2: checar tecidos moles também - quanto a queimaduras, lesões, espinhos...
B.2 - Tumefações e consistência destas: podendo ser macia, flutuante, firme e rígida (ultima por calos ósseos e neoplasias).
PS: edemas podem ser indicativo de fratura na região.
B.3 - Mobilidade óssea e de articulações (5): verificar se segue a normalidade para o padrão de movimentos permitidos pela
articulação e se a manipulação causa dor - pode apresentar alterações quanto a mobilidade óssea anormal, crepitação e instabilidade
articular com limitação de movimento: diversas técnicas podem ser utilizadas para a análise destes parâmetros.
I - Teste de movimentos da articulação: flexão, extensão, rotação - sempre respeitando as propriedades anatômicas da articulação.
II - Teste de Ortolani na articulação coxofemoral: um teste de estabilidade articular (é feito pressionando o osso contra a
articulação) - utilizada para a análise de displasias.
1ª - Fêmur é pressionado em direção ao acetábulo - se o animal tem displasia coxo femoral a cabeça deste desloca da articulação.
2ª - Quando deslocado, ao fazer o movimento de abdução do membro pélvico a cabeça do fêmur volta a posição normal, gerando
estalo característico que pode ser sentido na região do acetábulo (som do fêmur colidindo contra o acetábulo ao ser puxado pelos
ligamentos).
PS: em animais com grande massa muscular o teste deve ser feito com este sedado (a massa dificulta a execução da técnica) - nos
casos em que o animal já está sedado para o raio-x pode ser útil realizar também o teste de Ortolani.
III - Teste de gaveta: utilizado para testar o rompimento de ligamento cruzado cranial - ao deslocar a tíbia para frente e para traz o
fêmur também se desloca cranialmente (teste positivo).
PS1: deve ser feito com o animal sedado caso ele tenha muita massa muscular.
PS2: pode ser feito com o animal no raio-x, para que a imagem gerada registre o deslocamento do osso e a ruptura do ligamento.
IV - Teste de compressão tibial: pressionar o metatarso e a pata em direção ao fêmur verificando o deslocamento cranial da crista da
tíbia - caso ocorra é indicativo de lesão no ligamento cruzado.
PS: pode ser feito com o animal no raio-x - para que a imagem gerada registre o deslocamento do osso.
V - Compressão digital (região patelar): para avaliação de luxação medial ou lateral de patela.
B.4 - Goniômetria: analise e medição dos ângulos das articulações - utilizado por exemplo em fisioterapia (veja que o exame físico
pode também ser utilizado para o acompanhamento de animais além do diagnostico).
4 - Complementares:
A - Raio-X: muito útil em pequenos animais - identifica alterações em ossos e articulações (tecidos moles não).
PS1: local e posicionamento do animal na foto é direcionado pelo E.C.E.
PS2: na radiografia os animais jovens apresentam a placa epifisária não fechada.
I - Cabeça do fêmur achatada na radiografia é indicativa de displasia coxo femoral - fica instável no acetábulo (que é raso) gerando
crepitação e dor.
II - Ótimo para identificar local de fraturas e deslocamento medial de patela (mais comum medial devido a posição do sulco propear).
III - Fraturas em áreas articulares podem evoluir a anquilose (fusão de ossos na articulação), o que pode ser visto no raio-x.
B - Ultrassom: mais utilizado em equinos (em pequenos o uso ainda é limitado) - útil para identificar edemas e alterações em ligamentos.
C - Aspiração da articulação: a citologia de líquido sinovial (artrocentese) pode ser utilizada (além da citologia) para a análise de
viscosidade e presença de parasitas.
D - Termográfia: gera representação do gradiente de temperatura no corpo - útil para identificar inflamação em áreas de lesão ósseas e
muscular.
E - Artroscopia: pode ser utilizada para investigar uma articulação - pode também retirar material de cartilagem em uma osteocondrite
dissecante por exemplo.
F - Estação de apoio: indica áreas de apoio pela pressão da gravidade que o animal gera sobre a estação - útil para identificar o membro
que gera a claudicação por exemplo.
G - Tomografia e ressonância: uteis em lesões em ligamentos.
AULA 8 (Exame físico pele - Geral)
0 - Introdução: na clínica de pequenos animais representam 30 a 75% de todos os atendimentos (como queixa principal ou secundária) - a
pele pode ser considerada o "espelho do organismo" - reflete meio interno e também o ambiente ao qual o animal está exposto.
PS1: é o mais extenso e visível órgão do corpo - o processo de renovação da pele dura cerca de 45 dias.
PS2: a pele e os pelos variam quantitativa e qualitativamente de acordo com:
- Espécies (e entre as raças numa mesma espécie).
- Individualmente entre animais de uma mesma raça.
- Entre regiões anatómicas.
- De acordo com identificação sexual e faixa etária.
Anatomia:
1 - Identificação:
1.1 - Predisposição de espécies e racial:
(a) Sarcoide (neoplasia cutânea, fibroblástica e não metastática) é bastante comum em equinos.
(b) Complexo granuloma eosinófilo particular aos felinos.
(c) Piodermites (infecciosa bacteriana produtora de pus) possuem incidência muito maior entre caninos.
(e) Adenite sebácea (doença inflamatória que resulta na destruição da glândula sebácea) - embora possa ocorrer em muitas raças, existe
uma aparente prevalência em Poodles, Akitas e Samoiedas.
1.2 - Idade:
(a) Demodicidose dos cães é mais frequente em animais jovens (cerca de 70% dos cães com essa enfermidade chegam ao atendimento
com menos de 12 meses de idade) - relacionado com o frágil estado imunológico dos filhotes.
(b) Dermatofitose, papilomatose dos bezerros e o impetigo canino também são exemplos de doenças que acometem animais jovens.
(c) Quadros alérgicos e doenças de queratinização atingem animais adultos jovens e a maduros.
(d) Quadros hormonais em cães e gatos acometem principalmente animais entre 6 e 10 anos de idade.
(e) Neoplasias e doenças autoimunes acometem animais idosos no geral.
1.3 - Sexo:
(a) Fístulas perianais acometem quase exclusivamente os machos caninos (possui influência hormonal).
(b) Abscessos em felinos são mais frequentes em machos - possivelmente em brigas por disputa territorial.
PS: mesma relação pode ser observada na escabiose dos cães - migram longas distâncias ao encontro de uma fêmea no cio e se
deparam com outros machos com o mesmo objetivo, formando um ambiente promíscuo que facilita disseminação do Sarcoptes scabiei.
2 - Anamnese: as lesões visíveis ao responsável pelo animal oferecem uma oportunidade única de avaliação do histórico e progressão das
doenças de pele já na anamnese.
Qual era a idade do paciente quando os primeiros sinais clínicos foram observados?
Há quanto tempo o paciente apresenta as lesões e como foi a progressão?
Em qual região do corpo as lesões se iniciaram?
O paciente apresenta prurido? (escala de prurido)
Existem sinais clínicos sistêmicos?
Animais e pessoas contactantes apresentam lesões de pele? indica doenças infectocontagiosas // além disto se o processo for crônico e afetar
exclusivamente um animal estas suspeitas podem ser eliminadas.
PS: o proprietário deve também ser considerado um contactante - útil no diagnóstico de dermatopatias zoonóticas.
PS3: esses dados importantes podem ser perdidos quando o animal está recebendo vários princípios ativos em um único tratamento
(perde-se a possibilidade de execução do diagnóstico terapêutico - técnica frequentemente utilizada na dermatologia veterinária).
PS4: solicitar ao proprietário que indique o percentual de melhora obtido (exp - proprietário indicou 70% de melhora do quadro).
Antecedentes?
PS1: em ambiente propício à perpetuação de algumas doenças (aglomeração de cães em feiras de animais por exemplo) pode
facilitar a disseminação de sarnas e dermatofitose.
PS2: procedência geográfica do animal - leishmaniose em algumas regiões do brasil por exemplo (mesmo dentro do estado, há cidades
em que tal enfermidade ocorre e outras que não).
PS3: verificar se algum animal geneticamente relacionado com o paciente (pais, irmãos, filhos etc.) apresenta quadro semelhante -
indica doenças de caráter hereditário (dermatites alérgicas, demodicidose, seborreia, entre outras).
Periodicidade? nas dermatopatias de etiologia alérgica a determinação da sazonalidade pode ajudar a determinar a causa da
hipersensibilidade.
PS1: casos de dermatites alérgicas a ectoparasitas costumam piorar no verão.
PS2: quadros de hipersensibilidade alimentar são perenes (mantêm o mesmo grau de intensidade todo o ano).
PS3: animais atópicos (nos quais o alergênio está suspenso no ar) alternam períodos de melhora e piora no decorrer de 1 ano.
Alimentação: a nutrição influencia muito a qualidade da pele e do pelame // existem doenças intimamente ligadas à alimentação
PS1: quadros de seborreia, hipozincemia e dermatose genérica alimentar dos cães.
PS2: fotossensibilização dos bovinos que têm acesso a determinadas espécies de braquiária.
Apresenta prurido? é muito importante saber que certa quantidade de prurido é considerada normal e que o dono pode passar
informações erradas em relação a gravidade da situação - prurido patológico quando o animal se coça acima de 30% do tempo disponível ou
mais.
PS1: pode se manifestar de formas diversas - trauma com os membros (modo clássico), lamber, mordiscar, roçar em paredes.
PS2: pode servir como uma ótima informação na anamnese - além de ser o sintoma que mais incomoda o dono, ele também
serve como grande divisor (existem dermatopatias nas quais o prurido está presente e outras em que não há a presença do sintoma).
3 - Exame clinico especifico: os meios semiológicos utilizados no exame físico da pele são - palpação, olfação, inspeção direta e
indireta (complementares).
A - Palpação: importante para a determinação de aspectos de - sensibilidade das lesões, volume, espessura, elasticidade, temperatura,
consistência e características como umidade e untuosidade da pele:
PS: avaliado por teste de prurido, temperatura, elasticidade, volume e digitopressão.
A.1 - Teste de prurido: feito a partir do reflexo otopodal - pode-se friccionar a borda do pavilhão auricular ou uma região do animal que
se quer investigar (se o quadro for pruriginoso o animal responderá com os membros com uma mímica de prurido).
A.2 - Temperatura da pele: aferida com o dorso das mãos e deve ter a mesma temperatura do corpo do animal - aumento ou diminuição
na dependência de alterações fisiológicas (exercícios) ou patológicas (inflamação local).
A.3 - Elasticidade da pele: utilizada no cotidiano da clínica médica para a determinação do grau de hidratação ou desidratação
apresentado pelo animal.
A.5 - Digitopressão: utilizado para diferenciar eritema da púrpura (duas lesões cutâneas de coloração vermelha) - eritema volta a
adquirir a coloração normal da pele após a pressão e a púrpura não cede a essa compressão (permanece com a coloração avermelhada).
B - Olfação: muito ligado à experiência profissional e extremamente particular - o exemplo mais clássico seria a miíase: o veterinário pode
incluir no seu diagnóstico diferencial guiado apenas pelo odor exalado.
C - Inspeção direta (4): possibilita avaliação direta das lesões macroscópicas da pele (o que geralmente é limitado nos outros
sistemas e regiões do corpo) - a inspeção direta é a principal orientação do dermatologista veterinário para a elaboração do diagnóstico.
PS: inspeção envolve classificado de lesões, presença de ectoparasitas, otoscopia e aspecto de pele.
Método:
1ª - O primeiro contato visual deve ser feito a 1,5 a 2 m de distância - ajuda a verificar além da distribuição, a gravidade do quadro,
falhas na pelagem e todas as regiões anatômicas afetadas.
2ª - Verificar também o comportamento do animal e a presença ou não de prurido.
PS: a ausência de prurido no momento do atendimento não significa que o quadro não seja pruriginoso - em condições de estresse e
medo é frequente que os animais não apresentem esse sintoma.
3ª - Coloração da pele também deve ser analisada (nas regiões desprovidas de pelame) - classificada em cianose, icterícia, palidez e
hiperemia, podendo oferecer informações importantes sobre o estado geral do paciente.
PS: fisiologicamente, a pele é de coloração rósea.
4ª - Verificar por presença da sudorese - pode estar aumentada (hiperidrose), diminuída (hipoidrose) ou ausente (anidrose).
5ª - O principal enfoque na inspeção direta deve ser a observação detalhada das lesões cutâneas - sua caracterização e sua
classificação sob diferentes aspectos (sendo ainda que uma mesma lesão pode ser classificada de diferentes maneiras).
C.1 - Classificação das lesões (5): quanto a distribuição, topografia, profundidade, configuração (forma), morfologia
Distribuição: (caiu na prova - classificação de lesões cutâneas quanto a distribuição)
I - Localizada: de 1 a 5 lesões cutâneas individualizadas.
II - Disseminada: mais de 5 lesões individualizadas.
III - Generalizada: lesões difusas em mais de 60% do corpo.
IV - Universal: comprometimento total da superfície corporal.
Profundidade: prognóstico e a gravidade do quadro podem estar ligados à profundidade da lesão - na foliculite por exemplo, pode ser
classificada em superficial ou profunda, indicando até mesmo diferenças terapêuticas para cada um dos quadros.
Configuração:
I - Circular: em dermatofitose/demodicidose por exemplo.
II - Iridiforme: em forma de alvo - dermatofitose pe.
III - Geográfica: ocorre na larva migrans cutânea.
IV - Gotada: em dermatofilose pe.
V - Linear: como ocorre no granuloma eosinofílico felino.
VI - Numelar: formato de moeda - em mastocitoma e histiocitoma pe.
VII - Arciforma: formato de arco - em linfoma cutâneo pe.
VIII - Puntiforme: como ocorre na dermatite miliar dos felinos.
Morfologia (7): considerando-se os aspectos morfológicos, as lesões elementares cutâneas podem ser agrupadas em cinco grupos
distintos - alopecias, alterações de cor, alterações de espessura, formações sólidas, coleções líquidas, perdas e reparações teciduais e lesões
particulares.
II - Alterações de cor (manchas vásculo-sanguínea): manchas ou máculas planas sem relevo ou depressão - ocorrem por
vasodilatação ou pelo extravasamento de hemácias: podem ser por eritema ou purpura.
Eritema: coloração avermelhada da pele decorrente de vasodilatação - em geral ocorre em dermatopatias inflamatórias, estando
frequentemente associado a quadros pruriginosos.
PS1: o eritema volta à coloração normal quando submetido à digitopressão ou à vitropressão.
PS2 - Cianose: eritema arroxeado - por congestão passiva ou venosa, com diminuição da temperatura.
Púrpura: coloração avermelhada da pele pelo extravasamento de hemácias na derme - ocorre na ruptura traumática de
pequenos vasos ou coagulopatias.
PS1: na evolução, adquire sucessivamente cor arroxeada e verde-amarelada pela alteração da hemoglobina.
PS2: não há diferença morfológica entre púrpura e eritema - diferença é observada apenas na vitropressão (púrpura não volta
à coloração normal quando submetida a digitopressão ou vitropressão).
PS3: classificado ainda quanto ao tamanho em petéquias (púrpura de até 1 cm de diâmetro) e equimose (acima de 1 cm).
II - Alterações de cor (manchas pigmentares ou discrômicas): manchas ou máculas planas sem relevo ou depressão - ocorrem por
aumento ou diminuição de melanina ou ainda pelo depósito de outros pigmentos na derme (mancha artificial - tatuagem): podem ser de 3
tipos (hipopigmentação, acromia e hiperpigmentação).
Hipopigmentação (Hipocromia): diminuição do pigmento melânico - tanto a hipocromia quanto a acromia indicam perda do
pigmento por lesão dos melanócitos: por exemplo após crioterapia ou imunidade contra os melanócitos, como nas dermatopatias
autoimunes e vitiligo.
Acromia (leucodermia): ausência do pigmento melânico.
Hiperpigmentação (hipercromia): aumento de pigmento de qualquer natureza na pele (hemossiderina, pigmentos biliares,
caroteno e tatuagem).
PS - Emelnodermia: quando decorrente do aumento de melanina - indica dermatopatia crônica.
PS - Mancha senil: decorrente da maior deposição de melanina em indivíduos de idade avançada - costuma ocorrer na região
abdominal ventral nos animais e na região dorsal das mãos nos humanos.
IV - Formações sólidas (8): resultam de processos inflamatórios, infecciosos ou neoplásicos - atingindo isolada ou conjuntamente a
epiderme, derme e hipoderme.
Pápula: lesão sólida, circunscrita e elevada de até 1 cm de diâmetro.
Placa: área elevada da pele superior a 2 cm de diâmetro - geralmente formadas pelo coalescimento das pápulas.
Nódulo: lesão sólida, circunscrita, saliente ou não de 1 a 3 cm de diâmetro.
Nodosidade ou tumor: lesão sólida, circunscrita, saliente ou não com acima de 3 cm de diâmetro - o termo tumor deve ser
utilizado preferencialmente para neoplasia.
Goma: nódulo ou nodosidade que sofre depressão ou ulceração na região central e elimina material necrótico - pode haver agente
etiológico envolvido no desenvolvimento desse tipo de lesão, como nas micobacterioses atípicas e micoses profundas.
Vegetação: lesão sólida, exofítica (cresce distanciando-se da superfície da pele) e avermelhada brilhante - pode ocorrer pelo
aumento da camada espinhosa.
Verrucosidade: lesão sólida, exofítica, acinzentada, áspera, dura e inelástica - ocorre pelo aumento da camada córnea (clássica
da papilomatose e do sarcoide equino).
Colarete epidérmico: fragmento de epiderme circular que resta aderido à pele após a ruptura de vesículas, bolhas e pústulas.
Fissura: perda linear da epiderme ao redor de orifícios naturais e áreas de pregas ou dobras.
Crosta: concreção amarelo-clara (crosta melicérica), esverdeada ou vermelho-escura (crosta hemorrágica) que se forma em área
de perda tecidual - decorrente do dessecamento de serosidade, pus ou sangue, além de restos epiteliais.
Escara: área de cor lívida ou preta, limitada por necrose tecidual - indica morte tecidual por reação a injeção, crioterapia ou
decúbito prolongado.
Fístula: canal na pele que elimina material purulento ou sanguinolento - indica existência de foco infeccioso ou corpo
estranho em tecidos subjacentes.
VI - Lesões Particulares (3): não pertencer a nenhum dos cinco grupos lesionais.
Celulite: inflamação da derme e/ou tecido subcutâneo.
Comedão: acúmulo de corneócitos no infundíbulo folicular (cravo branco) ou de queratina e sebum em um folículo piloso
dilatado (cravo preto).
Corno: excrescência cutânea circunscrita e elevada formada por queratina - é o grau máximo de hiperqueratose.
C.4 - Aspecto da pele: avaliar quanto ao volume, espessura, elasticidade, sensibilidade, temperatura e consistência // umidade,
untuosidade (oleosidade)
B - Diascopia (vitropressão): técnica para a diferenciação entre eritema e purpura - exerce-se pressão sobre a lesão que se quer investigar
a fim de provocar sua isquemia (no eritema adquire coloração da pele adjacente, na púrpura permanece com coloração permanece
vermelha).
C - Luz ou Lâmpada de Wood: técnica empregada na diagnose das dermatofitoses - são um tipo de micose superficial causada pelos
dermatófitos nas diferentes espécies animais (possui até 40 espécies de 3 gêneros): as principais espécies fúngicas dos animais domésticos são
Microsporum canis, Microsporum gypseum, Trichophyton mentagrophytes, Trichophyton equinum e Trichophyton verrucosum.
Método:
1ª - Analise deve ser feita em ambiente escuro e a lâmpada deve ser ligada e aquecida por 5 min antes do procedimento.
2ª - Equipamento emite radiação ultravioleta - deixa passar unicamente radiações de 340 a 450 nm (similares às emitidas nas
lâmpadas fluorescentes tipo luz negra).
3ª - No caso de teste positivo pode ser verificado a fluorescência - o aminoácido triptofano produzido "in vivo" pelos fungos das
espécies Microsporum canis e Trlcophyton schõenlelnll fluoresce quando submetido à luz ultravioleta.
Reação positiva: (caiu na prova - qual grupo de fungos não são detectados pelo teste, quais são e por que)
Microsporum canis: em dermatofitose provocada pelo agente pode ocorrer fluorescência verde brilhante dos pelos acometidos pela
espécie fúngicas.
PS1: fluorescência ocorre em aproximadamente 60% dos animais examinados parasitados por M. canis (ocorrem falsos negativos).
PS2: na presença de resquícios de medicação como iodo pode ocorrer resultados falso-negativos.
PS3: apenas o Microsporum canis apresenta fluorescência à luz de Wood - não deixa de ser importante, porém, já que nos
carnívoros domésticos o principal dermatófito é o M. canis (técnica representa um importante exame de triagem nas dermatofitoses de cães
e gatos).
Pseudomonas spp.: área adquire fluorescência alaranjada/amarelada (devido a presença de escamas e crostas na região) - ter em
mente porem que a pseudomonas não é fungo e sim uma bactéria gram negativa.
D - Exame direto do pelame: indicado para a observação de esporos fúngicos (normalmente dermatófitos) parasitando os pelos do animal
examinado.
Método:
1ª - Remover pelos na periferia das lesões alopécicas - substrato do dermatófito é a queratina (área mais acometida).
2ª - Material coletado é acrescido de KOH a 10% em lâmina de vidro e aquecido em chama por 15 a 20s - posteriormente é
analisado em microscópio óptico.
PS1: quando são evidenciados esporos de fungos na lâmina o diagnóstico de dermatofitose ainda não deve ser dado - esporos
observados podem ser de fungos pertencentes à flora fúngicas normal dos animais domésticos (método exige experiência do analista).
PS2: não é possível identificar a espécie e estrutura de reprodução sexuada do dermatófito por este método (somente em meio de
cultura).
E - Tricograma: avalia o ciclo biológico do pelo em determinado momento e possíveis alterações fisiológicas e anatômicas - é feito pela
análise detalhada do bulbo, da haste e da extremidade dos pelos: uma das principais e mais simples indicações do tricograma é a
determinação se certa região de rarefação pilosa é decorrente de queda de pelos ou de prurido provocado pelo animal (quando a anamnese
não elucidou completamente esse fato).
Diagnostico: particular importância na determinação da alopecia autoinduzida, doença do mutante de cor, displasia folicular,
tricorrexis nodosa, pilitorti, defeitos de pigmentação defluxo anagênico e defluxo telogênico nas dermatopatias endócrinas.
Método:
1ª - Coletados aproximadamente 50 pelos por pinça hemostática (devem ser removidos todos de uma vez e no sentido de seu
crescimento) - estes pelos são postos em uma lâmina de vidro (todos no mesmo sentido e direção) para que o clínico possa avaliar todos os
bulbos, as hastes e as extremidades de uma vez.
F - Exame micológico: possui fundamental importância na determinação do diagnóstico e terapia de diferentes quadros provocados por
fungos - dermatofitose, malassezíase, esporotricose e criptococose: material coletado é enviado ao laboratório para ser utilizado em meio de
cultura e as características de crescimento e meio utilizado são utilizadas na identificação.
Dermatofitose: constitui uma micose superficial causada por fungos filamentosos (bolores) nas diferentes espécies animais.
Sinais clínicos: classicamente representada por lesões alopécicas e descamativas de contornos circulares - diagnóstico final é dado
pelo cultivo e identificação do fungo (coleta de pelos e escamas na periferia da lesão alopécica).
PS1: felinos são a única espécie doméstica que pode “portar” o Microsporum canis sem apresentar lesões de pele - como a
dermatofitose é uma importante zoonose não é raro observar proprietários de felinos com lesões sem que seus animais estejam doentes
(coleta neste caso feita via carpete estéril).
PS2: animais submetidos à terapia tópica ou sistêmica devem ser afastados do tratamento por no mínimo 7 dias antes da coleta de
material.
Dermatite por Malassezia: é uma dermatopatia relevante, principalmente em cães - coleta por swab nestes casos.
Sinais clínicos: animais acometidos têm lesões descamativas, eritematosas ou hiperpigmentadas - podem também apresentar essa
dermatite em locais untuosos (interdígito e pregas cutâneas)
Esporotricose: micose subcutânea que pode acometer diferentes espécies animais (como cães, gatos e equinos) - é também uma
importante zoonose.
Sinais clínicos: lesões nodulares ou em goma com ou sem secreção - secreção coletada por swab ou por fragmento de tecido acometido
coletado por biopsia.
H - Citologia: pode fornecer resultados rápidos e importantes na orientação do diagnóstico (ou determinar o diagnóstico definitivo de
diferentes enfermidades) - pode ser utilizado em diferentes dermatopatias (de etiologia inflamatória, neoplásica ou infecciosa).
Método:
1ª - A coleta varia com lesão examinada - material coletado deve ser distribuí do na superfície da lâmina de vidro e posteriormente
corado (as mais utilizadas sendo a de Diff-Quick ou panótico rápido).
2ª - Analisado quanto a tipos celulares, morfologia celular, e presença de bactérias e fungos - além de seu número e distribuição.
PS: pode se utilizar técnicas tintoriais especificas para visualização mais detalhada de determinado tipo de célula ou parasita.
I - Histopatológia (biopsia): método altamente preciso de diagnostico - porem depende tanto da coleta adequada pelo veterinário quanto
da analise precisa pelo clinico (técnica tintorial e interpretação).
Utilidade: caro e invasivo - indicado para situações especificas:
I - Suspeitas de neoplasias.
II - Ulceras persistentes.
III - Doenças nas quais o diagnóstico somente é fechado com exame histopatológico (displasia folicular, doenças autoimunes,
dermatomiosite, adenite sebácea, vitiligo, entre outras).
IV - Dermatose que não esteja respondendo à terapia aparentemente adequada.
V - Em uma dermatopatia que na experiência do clínico não seja comum, ou aparentemente é grave.
VI - Em dermatites vesicobolhosas.
VII - Em condições em que a terapia é perigosa, muito dispendiosa ou muito prolongada.
Método:
1ª - A coleta dos fragmentos de tecidos pode ser feita com auxílio de bisturi ou com punch - escolha da técnica de acordo com
a morfologia das lesões cutâneas.
PS1: lesão deve ser clinicamente representativa do quadro - não deve ser recente ou antiga, em fase de regressão, estar alterada
por trauma infecção secundaria ou medicamentos (corticoides).
PS2: sempre que possível coletar fragmento que contenha a transição da pele íntegra ao tecido acometido.
2ª - Fragmento deve ser delicadamente rolado sobre o papel filtro, para eliminar sangue e secreções.
3ª - Conservado em formol a 10% e encaminhado a um dermatopatologista ou patologista geral para a elaboração do diagnóstico.
PS: encaminhar o material coletado com identificação completa do animal, breve histórico do quadro, achados do exame físico,
descrição das lesões elementares cutâneas, técnica de coleta e suspeitas de diagnóstico - assim o veterinário que receberá e processará o
material poderá fazê-lo da maneira mais adequada e precisa possível.
J - Raspado de pele: uma das técnicas mais executadas na dermatologia veterinária - grande importância no auxílio do diagnóstico de
parasitas dos gêneros Demodex, Sarcoptes, Psoroptes (bovinos e ovinos), Notoedris (felinos)e Cheyletiella.
Método: área preferencialmente integra da pele é raspada com lâmina de bisturi perpendicularmente até o sangramento - material
coletado e posto em lâmina para observação (também podem ser observados ovos e formas imaturas do parasita).
Sarna demodécica: afeta várias espécies (cada uma por uma espécie especifica - Demodex canis, D. cati, D. gatoi, D. ovis) - a
evidenciação de apenas um ácaro ou mais do gênero Demodex em lesões sugestivas da doença confirma o diagnóstico.
PS: alguns raspados (no mínimo cinco) devem ser executados para se considerar que o animal não apresenta a doença.
Sarna sarcóptica: família apresenta algumas variedades de Sarcoptes scabiei que acometem as espécies canina, suína, bovina e caprina
(e menos frequentemente, equinos e ovinos) - raspado realizado em lesão representativa do quadro, preferencialmente em pele íntegra,
buscando-se evitar as lesões ulceradas.
PS1: devido ao comportamento do ácaro de “cavar” galerias na epiderme - esse exame deve ser realizado o mais profundamente
possível.
PS2: as lesões de escabiose frequentemente localizam-se na borda de pavilhões auriculares (pp na espécie canina) - cuidado com
acidentes (conter o animal).
PS3: diferentemente do que ocorre na demodicidose, na escabiose (sarna sarcóptica) mesmo realizando vários raspados cutâneos o
ácaro pode não ser evidenciado (o que não afasta o diagnóstico de sarna sarcóptica) - quando o veterinário suspeita dessa dermatopatia o
animal deve ser tratado mesmo sem a confirmação da presença dos ácaros.
Sarna notoédrica dos felinos (escabiose dos felinos): causada pelo Notoedris cati
PS1: lesões são praticamente restritas à região cefálica - cuidado na coleta.
PS2: também “cava” galerias na epiderme - realizar raspado o mais profundamente possível.
PS3: exame é altamente sensível - quando visto ácaros do gênero Notoedris trata-se seguramente de um caso de sarna notoédrica.
Sarna psoróptica: acomete as espécies bovina e ovina (equinos e caprinos menos frequentemente).
PS1: pela facilidade de evidenciação dos ácaros desse gênero o raspado não precisa ser tão profundo.
PS2: é um exame altamente sensível, uma vez que os ácaros de Psoroptes são grandes e facilmente evidenciados.
Cheiletielose: dermatite parasitária que ocorre com frequência em felinos (também pode acometer caninos) - apresenta lesões
descamativas.
PS1: raspado deve ser muito superficial - também podem ser observados ovos que invariavelmente estarão aderidos aos pelos.
PS2: muitas vezes é mais fácil a evidenciação dos ovos que o parasita propriamente dito.
0 - Introdução e anatomia:
Vaca:
. A cérvix possui músculos anéis transversais (de 3 a 5) - estes dificultam a passagem da pipeta.
. Corno uterino se encurva para cima - ovário presente perto da região púbica em pequenos e grandes ruminantes.
. O tipo de placenta na espécie não possibilita a passagem de anticorpos.
Égua:
. Possui musculatura longitudinal na cérvix - facilita inseminação artificial.
. Ovula na fossa ovulatoria.
. Ovário liso - expande com a idade (assim como todas as espécies).
Porca:
. Ovário similar a cachos de uvas.
. São multíparas - gestação com vários filhotes.
1 - Identificação:
Espécie
Raça / Registro (associação)
Nome / Número / Tatuagem
Idade
Peso
2 - Anamnese:
. Tipo de alimentação - depende da alimentação eficiente para a reprodução.
. Programa sanitário - algumas patologias são doenças reprodutivas de importância em animais de produção (IBR, brucelose,
leptospirose...).
. Aplicação de medicamentos (e se teve efeito).
B - Palpação transabdominal (externa): possível em caprinos, ovinos, suínos, caninos e felinos - analise quanto a
. Distensão e tensão abdominal - alterada na presença de feto e contrações musculares do parto.
. Sinais de movimentos fetais.
. Teste de balotamento.
3.2 - Palpação e inspeção internas (2): utilizados para avaliação de vias fetais, membranas fetais e feto - pôde ser feito por inspeção vaginal
ou palpação retal:
A - Exame vaginal - Vaginoscopia (5): possível em qualquer espécie - inspeção interna da vagina por método indireto, sendo feito com o
uso de espéculo tubular (tamanho deste varia entre espécies) - analisar quanto a:
I - Coloração mucosa vaginal: normalmente rosa mais claro (mais claro que a conjuntiva).
A = anêmica.
B = pálida (normal).
C = hiperêmica.
D e E = vermelho patológico.
V - Abertura da cérvix:
0 = fechada (tampão indica gestação).
1 = abertura mínima (indica anestro).
2 = diâmetro de lápis.
3 = diâmetro de 1 dedo (cio).
4 = diâmetro de 2 dedos (cio).
5 = diâmetro de 3 dedos (cio ou parição - variação entre 1 e 3 dedos depende do momento do cio ou parição).
B - Palpação Retal (5): possível em equinos, bovinos e bubalinos - simetria do útero, contração do útero, tamanho do ovário, consistência
do folículo e presença do feto.
PS1: utilizar a mão de menos forca/destreza - outra mão fica livre para o procedimento de inseminação.
PS2: inicialmente localizar a cérvix (parte mais dura e fácil de identificar) e deslocar cranialmente.
II - Contração do útero:
CI = relaxado (normal vazio).
CII = contratilidade média (ocorre no cio para expelir o muco) // gestação fica esticado - pode ser confundido por ser parecido com
a de contrações de cio.
CIII = fortemente contraído (ocorre no momento de parição).
III - Tamanho dos ovários: tamanho do órgão depende da idade, raça, estação do ano (éguas), fase do ciclo estral (produção de folículo)
e de eventuais situações patológicas (principalmente os cistos e os tumores) - comparar direito e esquerdo.
E = ervilha
F = feijão
A = avelã
P = ovo de pomba
N = noz
G = ovo de galinha
Pa = ovo de pata
Ga = ovo de gansa
IV - Consistência dos folículos (ovário): diferenciar corpo lúteo de folículos! (primeiro mais denso).
1 = sem flutuação
2 = flutuação débil
3 = flutuação média
4 = folículo maduro
5 = folículo rompido (ovulação via estrógeno)
PS - Presença de corpo lúteo (ovário): formado do espaço no ovário previamente ocupado pelo ovulo - responsável pela manutenção
da gestação via progesterona.
V - Presença do feto:
4 - Exames Complementares:
A - Raio-X: possui efeito teratogênico - realizar apenas no terço final da gestação.
B - Ultrassonografia: muito eficaz para diagnostico de gestação.
C - Hematologia / Bioquímica: pouco utilizado na veterinária.
D - Dosagem hormonal: útil para diferenciar processos fisiológicos e patológicos.
E - Sorologia: etiologia de processos infecciosos no trato reprodutor.
F - Bacteriológico: para cultura e antibiograma.
G - Citologia: coleta por esfregaço vaginal e citologia aspirativa - quando com característica descamativa é decorrente de mudança
hormonal no ciclo estral.
H - Histopatologia: determinação da fase do ciclo reprodutivo, processos inflamatórios e neoplásicos.
5 - Diagnostico de gestação:
Tempo de Gestação: varia entre espécies:
Vaca: 273 a 296 dias 9 meses
Cabra: 148 a 156 dias 5 meses
Ovelha: 140 a 155 dias 5 meses
Égua: 327 a 357 dias 11 meses
Porca: 111 a 116 dias 3, 3, 3.
Cadela: 60 a 63 dias 2 meses
Gata: 56 a 65 dias 2 meses
Método de diagnóstico:
Em Cadela / Gata:
. Auscultação abdominal.
. Palpação abdominal - a partir de 25 a 30 dias.
. Raio-X - a partir de 40 a 45 dias.
. Ultrassonografia - a partir de 18 a 20 dias.
Em Vaca / Égua:
. Palpação retal - 45 a 60 dias.
. Ultrassonografia: 30 dias (caprinos e ovinos) // 24 dias (bovinos) // 12 a 15 dias (éguas)
Fases de desenvolvimento (na vaca):
I - Fase Embrionária: 30 dias de prenhez.
. Ausência de estro.
. Presença de corpo lúteo.
PS: animal rola no chão para colocar o feto na posição correta de porto - não confundir com cólicas.
AULA 2 - SEMIOLOGIA DO SISTEMA REPRODUTOR M (GERAL):
Puberdade: capacidade de produzir espermatozoides em quantidade e morfologia suficientes para emprenhar a fêmea - diferente de
maturidade sexual!
Equinos: 18 meses.
Bovinos: 9 a 10 meses.
Ovinos: 6 a 8 meses.
Caninos: 7 a 11 meses.
Felinos: 9 a 10 meses.
Glossário Semiológico:
. Espermatocele: distensão do epidídimo com acúmulo de esperma.
. Hematocele: extravasamento e acúmulo de sangue na cavidade da túnica vaginal.
. Hidrocele: acúmulo de líquido no saco da túnica vaginal.
. Monorquidismo: presença de um único testículo no escroto (geralmente secundário a criptorquidismo unilateral).
. Orquite: inflamação do testículo.
. Orquiocele: tumor ou herniação completa de um testículo.
. Orquiopatia: processo patológico do testículo.
. Balanite: inflamação da glande peniana.
. Postite: inflamação do prepúcio.
. Balanopostite: inflamação simultânea da glande e da mucosa prepucial - critério para remoção de animais para sistema reprodutivo.
. Fimose: incapacidade de exteriorização do pênis em virtude do alongamento ou estenose do prepúcio.
. Parafimose: incapacidade de interiorização do pênis em virtude do estrangulamento ou estenose do prepúcio.
. Frênulo persistente: permanência anormal de tecido conjuntivo entre a glande do pênis e prepúcio.
. Hipospadia: abertura da uretra ventralmente ao pênis e caudalmente ao orifício uretral normal.
2 - Anamnese:
. Nutrição
. Sanidade
. Idade
. Comportamento sexual e índices reprodutivos (ver item 4C e 4D)
3 - Exame Físico Específico:
3.1 - Inspeção e Palpação Externa (3): verificar bolsa testicular, testículos e epidídimos.
A - Bolsa testicular: em equinos é feito lateralmente // em bovinos, caprinos e ovinos utilizar tronco (por trás) // em caninos e felinos em
estação (por trás).
Aspecto: normalmente lisa e fina, elástica, com poucos pelos e pendulada (exceto em gatos, onde é aderida).
Temperatura: deve ser menor que a corpórea.
Coloração: a coloração fisiológica varia entre espécies.
Anormalidades: livre de parasitas, micoses, dermatites, escaras, cicatrizes, granulomas, edemas, fístulas e assimetrias graves // sem
hipertrofia, líquido e tumores.
C - Prepúcio e Pênis: em equinos, bovinos, caprinos e ovinos lateralmente // em caninos e felinos por decúbito lateral.
Aspecto: pele fina, elástica, móvel e ausência de inflamação - verificar também por
(a) Alterações congênitas, edemas, abscessos, hemorragias e inflamação
(b) No pênis verificar por parafimose e priapismo, fimose, balanopostite, protrusão insuficiente do pênis e fraturas.
Em caninos: decúbito lateral - empurrar prepúcio para trás e pênis para frente e segurar ossos peniano em sua base.
Em felinos: retração do prepúcio.
3.2 - Palpação Interna: por técnica digital ou manual retal - verificar glândulas acessórias.
4 - Exames Complementares
A - Biópsia testicular: feita por excisão ou aspiração.
Anatomia:
A - Rins: órgãos pares presentes na região dorso cranial do abdômen (o rim esquerdo tem posição mais caudal que o direito) - possuem
funções de:
I - Filtração do sangue de substancias hidrossolúveis (toxinas e metabólicos) - na disfunção do rim ocorre a retenção destes.
II - Função endócrina (produz eritropoietina).
B - Ureter, bexiga, uretra (pélvica e peniana) e ostio uretral: função de condução e armazenamento de urina.
1 - Identificação:
Espécies:
. Em gatos machos é comum a ocorrência de cistite idiopática felina (síndrome urinaria inferior felina).
. Hematúria crônica em bovinos por ingestão de samambaia.
. Mioglobinuria (rabdomiólise) em equinos por síndrome da segunda feira.
Raça:
. Iliasa yapso apresenta predisposição a displasia renal - ocorre principalmente em animais jovens (++ ureia e creatinina na urinálise).
. Dálmatas possuem deficiência de transformação de ácido úrico em alantoína - não é elimina, voltando para a circulação e formando
cristais de urato, que podem participar na formação de cálculos.
2 - Anamnese:
Anamnese espontânea (queixa principal):
Oligúria: urina em quantidade (volume) diminuída.
Anuria: urina não é eliminada em quantidade alguma (não produzida, ocorre na IRA por exemplo).
PS - Iscuria: não confundir - urina não é eliminada secundário a obstruções.
Disuria: animal com dificuldade de urinar (por calculo encaixando na uretra por exemplo) - não confundir a dificuldade de urinar com
a de defecar (tenesmo) ou vice versa, já que as situações podem se assemelhar no caso de fêmeas.
PS - Estranguria: quando mais grave e com dor intensa.
Anamnese Inquisitiva:
Apresenta sinais clínicos sistêmicos? anorexo, prostrado, vômitos, diarreias...
PS: na uremia por exemplo apresenta sinais sistêmicos, podendo ser decorrente de alteração pré-renal.
Presença de sangue? toda hora? pouco? muito? intermitente ou constante? homogênea ou em parte da urina?
Aspecto da urina? odor?
Ingestão de água? polidipsia deve ser sempre acompanhada de poliúria, sendo que geralmente a primeira é compensatória a segunda.
Exp - IRA: rim não concentra urina/reabsorve água, levando a perda de líquidos nesta (polidpsia secundaria a poliúria).
Exp - Piometra, hiperadrenocorticismo (cortisol) e diabetes: animal também apresenta polidpsia.
Hábitos alimentares?
PS1: forragens ricas em magnésio e sais em equinos podem levar a formação de cálculos.
PS2: plantas toxicas em bovinos podem causar lesão renal.
PS3: se desbalanceada em pequenos pode favorecer formação de cálculos e disfunção.
Uso de medicamentos prévios (nefrotóxicos)? podem acarretar em IRA: gentamicina (nunca utilizar em animal desidratado e com
função renal diminuída), anfotericina B (ainda mais nefrotóxica), AINEs...
Histórico de problemas urinários? alguns são intermitentes ou crônicos - cálculos em gatos machos por exemplo.
Sinais gastrointestinais? relacionado com uremia e falência renal por exemplo.
B - Palpação (3): principal recurso no sistema urinário - pode ser externa (transabdominal), trans-retal e por toque retal.
B.1 - Externa (trans-abdominal):
I - Rins: verificar polo caudal do rim (ou todo em gatos) - quanto a consistência, dor, simetria, tamanho e contorno.
II - Bexiga: verificar por
Distensão, massas e dor.
Local: normalmente na cavidade pélvica (pode deslocar abdominal/cranialmente por distensão).
Cálculos: os de 7 mm a 1cm são palpáveis (geralmente acompanhados de resposta de dor também) - a palpação de cálculos é mais
fácil com a bexiga vazia, porem para a visualização no ultrassom o procedimento é mais efetivo com a bexiga cheia.
B.3 - Próstata (toque retal): importante principalmente em cão macho - aumentada em tumores e prostatites, apresentam também
neste caso a perda de simetria (normalmente bilobulada - se torna arredondada).
PS: apesar da uretra passar dentro da próstata as obstruções desta por aumento prostático são raras, já que a próstata geralmente
apresenta aumento excêntrico no caso de animais (quando aumentada é mais comum comprimirem o reto).
Cistocentese: nos casos de necessidade do uso de exame complementar de cultura e antibiograma a coleta só deve ser feita por
cistocentese - evita contaminação da amostra.
1ª - Localizar a bexiga por palpação e fixar ela imóvel para realizar a punção.
2ª - Realizar a punção com agulha fina - com o animal em decúbito lateral ou em estação.
PS: em suspeita de rompimento de bexiga pode ser realizada uma paracentese abdominal - verifica a presença de liquido na
cavidade abdominal.
4 - Complementares:
A - Provas de função renal: dosagem de ureia e creatinina na urina - animal saudável apresenta baixa quantidade de proteínas e de
creatinina/ureia, sendo que essas ficam aumentadas em doença renal.
B - Hemograma: constata anemia e leucocitose - primeira por hemorragia // segunda nos casos de inflamação.
C - Urinálise: avalia vários parâmetros (estudado em patologia clínica).
D - Pressão arterial: maioria dos cães e gatos com doença renal são hipertensos.
0 - Introdução e conceitos iniciais: área da medicina veterinária que demanda bastante atenção do clínico em busca de localização das
lesões, diagnóstico definitivo e definição de prognóstico - depende do conhecimento da função e anatomia de cada área do SNC para
determinar o local da lesão (central ou periférico - lado esquerdo ou direito).
PS1: determinação do local e gravidade da lesão tem diversas importâncias - importante para determinar qual e onde utilizar os exames
complementares, chegar ao diagnóstico definitivo e prognostico.
PS2: também importante saber diferenciar de alterações de marcha causadas por lesão locomotora.
Anatomia:
A - Encéfalo (SNC): parte intracraniana - dividido ainda em
A.1 - Prosencéfalo: composto por telencéfalo e diencéfalo, sendo responsável pela consciência de informações sensoriais e motoras -
também regula função endócrina (hipotálamo) e funcionamento do SN autônomo.
A.2 - Tronco encefálico: composto por mesencéfalo, ponte e bulbo (medula oblonga), possuindo funções diversas - integração entre
sistemas, respostas autônomas, centro da respiração, reações posturais...
A.3 - Cerebelo: responsável pelo ajuste fino do movimento e por movimentos sequenciais - não inicia movimentos, porem regula
estes.
C - SN Periférico: composto por nervos, gânglios (corpos celulares fora do SNC), junções neuromusculares e músculos - também
participam no processo de locomoção.
1 - Identificação:
Predisposição racial e de espécie:
. Cavalos (potros) e suínos são mais suscetíveis ao tétano - doença neuromuscular.
. Cães da raça douthound (salsicha) são mais suscetível a protrusão de disco intervertebral (hérnia de disco).
. Ocorrência de raiva em bovinos é mais comum (botulismo também).
. Meningoencefalites por origens diversas são mais comuns em equinos.
3 - EFE (6): determinado por 6 critérios - estado mental, postura e marcha, reações posturais, nervos cranianos, reflexos miotáticos
/espinhais e avaliação sensorial: quando a suspeita é de lesão no SN central se deve avaliar os 6 parâmetros.
A - Níveis de consciência:
I - Alerta (normal): responde a chamados e acompanha movimentos - pode ser normalmente diminuído em filhotes (soninho).
II - Depressão: menos responsivel a estímulos (menos alerta).
III - Estupor: responde apenas a estímulos de alta intensidade (dor e gritos por exemplo) - também denominado como pré-coma.
IV - Coma: não responde a estímulos.
V - Convulsões: pode variar em apresentação:
Síndrome tonicoclonica: com espasmos, defecação, micção e opistono.
Apresentação focal: somente salivação por exemplo.
Crise de ausência: animal parece completamente distante por alguns minutos.
PS - Escalas: dois tipos de escala podem ser utilizados para avaliar o grau de consciência do animal:
Escala de glasgow: vai de 3 a 18 pontos (3E - cada um com seis parâmetros, podendo ir de coma a normal).
Escala de AVDN: alerta, vocal, dor e nenhuma - de mais fácil utilização em emergências.
B - Alterações de comportamento:
. Agressividade: pode ocorrer em algumas patologias - uremia, diabetes, raiva...
. Pressionar cabeça (head-press): pode ser indicativo de alteração no encéfalo (cefaleia - dor de cabeça).
. Alterações pro-dromicas de comportamento e temperamento.
. Vocalização.
. Andar compulsivo: porem além de alteração patológica pode também ser decorrente de alteração comportamental.
3.2 - Postura e marcha (5): principalmente quanto a posicionamento da cabeça e do tronco - avaliado quanto a inclinação da cabeça,
curvaturas espinhais, ocorrência de rigidez descerebrada e posição de Schiff-Sherrington, alterações de marcha.
A - Inclinação da cabeça (head tilt): geralmente ocorre por lesão do sistema vestibular (equilíbrio) - usualmente o animal tende a
cabeça para o lado em que ocorreu o problema.
PS: geralmente acompanhada também de andar em círculos e nistagmo (fase rápida do nistagmo é contralateral ao lado vestibular
afetado).
C - Rigidez descerebrada: afeta os quatro membros - ocorre em lesão alta na medula cervical.
Mecanismo: sistema perde o controle pelo do encéfalo (perda da ação dos neurônios inibitórios) - porem como os nervos motores
(NMI das intumescências) se mantêm íntegros ocorre à contração e espaticidade devido ao estimulo liberado por neurotransmissores via
choque neural da inflamação.
D - Posição de Schiff-Sherrington: típico de trauma medular agudo na região tóraco-lombar (de T13 e L3) - leva a espaticidade dos
membros torácicos com paralisia flacidez dos pélvicos e cifose.
Exemplos: atropelamento e hérnia de disco de aguda.
Mecanismo: choque espinhal da medula leva a liberação de neurotransmissores - como os NMI da intumescência braquial se mantém
íntegros ocorre espacidade torácica, porém os NMIs do membro pélvicos estão lesados e logo este se mantém flácidos.
PS: neste caso a parte torácica mantém reflexos medulares, os pélvicos não.
E.3 - Dismetria: passadas desencontradas (hipermetria, hipometria ou dismetria) - ocorre em lesão cerebelar.
E.4 - Andar em círculos: ocorre por síndrome vestibular principalmente.
3.3 - Reações posturais (4): maioria é de difícil aplicação em grandes animais (exceto o de propriocepção).
PS: não são reflexos - respostas podem variar entre indivíduos em forma e intensidade.
A - Propriocepção: mais fácil de fazer - ao encostar o dorso da mão ou pé do animal no chão normalmente ele se reposiciona de tal
forma a se apoia com a sola do membro (indica a integridade dos NMIs nos plexos): se deve testar todos os membros, classificando então a
reação em normal, em déficit ou ausente.
B.1 - Saltitar: ao empurrar o animal lateralmente ele se ajusta - fazer em superfície não escorregadia.
B.2 - Carrinho de mão e saltitar para traz: idem.
C - Posicionamento tátil e visual: tapar os olhos do animal e encostar o dorso da mão ou pé sobre uma superfície - animal tende a se
apoiar corretamente caso não apresente alterações.
3.4 - Nervos cranianos (5): envolve reflexo palpebral e de narina, reflexo pupilar a luz, resposta à ameaça, nistagmo fisiológico e massa
dos músculos mastigatórios:
Testes dos nervos cranianos: possuem respostas tanto de reflexo quanto de reações.
A - Reflexo palpebral e de narina: avalia parte sensorial do trigêmeo.
PS: geralmente lesão ocorre em conjunto - parte motora e sensorial.
B - Reflexo pupilar a luz: resposta normal seria de constrição da pupila (músculo circular da pupila contrai gerando miose) - caso não
responda pode ser decorrente de dano em uma das quatro estruturas: nervo óptico - nervo óculo motor - SNC - musculatura da Iris.
PS1: músculo radial é responsável pela midríase.
PS2: realizar com a sala escura - facilita a visualização.
PS3: teste participa também da parte de avaliação oftálmica.
C - Resposta à ameaça: não é reflexo - ao aproximar a mão aos olhos do animal este pisca e/ou afasta.
PS1: testar individualmente cada lado.
PS2: também testa a consciência do animal (avalia encéfalo).
D - Nistagmo fisiológico: ao mover a cabeça os olhos reajustam posição - testa integridade do oculomotor.
E - Massa dos músculos mastigatórios: avaliar nos casos de atrofia da musculatura mastigatória - pode ser decorrente tanto do dano
na parte motora do trigêmeo quanto por miosite mastigatória.
3.5 - Reflexos miotáticos/espinhais (3): testa tanto reflexos espinhais quanto o tônus muscular.
A - Reflexo de retirada: ao beliscar espaço interdigital o animal retira o membro - testa a integridade do NMI e intumescências.
PS: mantido mesmo em um animal tetraplégico caso não esteja afetado a área da intumescência - também é mantido na
inconsequência (coma), porem pode estar ausente em anestesias.
B - Reflexo patelar: ao golpear o ligamento patelar (tendão quadríceps) ocorre resposta segmentar de contração e extensão do joelho.
PS: é um arco reflexo segmentar (funciona mesmo se com somente NMI integro - medula pode estar lesada mesmo se ocorrendo).
C - Reflexo perineal: com agulha ou pinça beliscar região ao redor do anus - contração do anus é a resposta normal.
PS: na anestesia epidural fica ausente - útil para saber se o animal está ou não anestesiado.
D - Avaliação oftalmológica: oftalmologia é uma especialidade que apresentou grandes avanços nas últimas décadas.
Métodos de diagnostico (11): lanterna clínica, teste de resposta à ameaça, colírio de fluoresceína (teste de fluoresceína e teste de
jones), teste de schirmer, retroiluminação e oftalmoscopia, tonometria, ultrassonografia ocular, oftalmoscopia direta, eletrorretinografia
(ERG), biomicroscopia ocular (lâmpada de fenda) e gonioscopia.
I - Lanterna clínica: principal recurso na avaliação geral de rotina - útil na verificação de:
Transparência da córnea e aspecto da Iris.
Reflexo pupilar à luz.
Condição das três estruturas reflexivas do olho (córnea, margem anterior e posterior do cristalino).
PS: indica o local da lesão - parte que apresenta alteração não reflete apropriadamente.
Pálpebras e lesões perioculares.
Congestão de esclera.
III - Colírio de fluoresceína (teste de fluoresceína): indica a presença de úlceras de córnea - se liga a camada interna da córnea
(hidrofílica) no rompimento da externa (hidrofóbica): importante de ser testado antes de aplicação de colírios com corticoides (não pode ser
utilizado no caso de ulceras).
PS1: olho é composto por quatro camadas, sendo que somente a segunda é hidrofílica (estroma) - ou seja, em lesões muito
profundas não ocorre à coloração fluorescente com a aplicação do colírio mesmo na ocorrência de ulceras.
PS2 - Teste de Jones: avalia obstruções do ducto nasolacrimal - colírio é aplicado no saco conjuntival e após alguns minutos é
avaliado se ele fluiu para a cavidade nasal: útil para avaliação de situação de epifora (lacrimação constante).
VI - Tonometria: equipamento especifico (semelhante a caneta) em que é medido a pressão encostando em 3 a 5 pontos da córnea -
a média dos valores obtidos representa a pressão intraocular (importante para o diagnóstico de glaucomas): deve ser aplicado colírio
anestésico antes do teste.
VII - Ultrassonografia ocular: deve ser aplicado colírio anestésico antes.
VIII - Oftalmoscopia direta: feita junto ao uso de colírio dilatador (midriático) - facilita a visualização das estruturas internas do
fundo de olho e alterações de vasos.
PS: vasos congestos podem ser decorrentes de hipertensão.
IX - Eletrorretinografia (ERG): avalia atividade elétrica da retina (condução nervosa na retina) - útil em uma cirurgia de remoção
de lente em catarata (indica se o animal está com déficit de visão pela catarata de fato ou por alteração nervosa).
X - Biomicroscopia ocular (lâmpada de fenda).
XI - Gonioscopia: avalia a drenagem do humor aquoso pelo ângulo entre a córnea e a íris (irinocorneal? - ângulo fechado).
Manifestações oculares:
Entrópio: direcionamento dos cílios para dentro - causa atrito com a córnea (e opacidade com o tempo): raça Sharpey tem
predileção.
Conjuntivite.
Quemose: inchaço de pálpebra.
Terceira pálpebra (prolapso).
Ceratite, edema e úlcera de córnea: levam a perda da reflexão nas estruturas reflexivas.
Ceratite crônica: também acompanhada por angiogênese.
Catarata.
Emergências oculares.
AULA 5 - SEMIOLOGIA DO SISTEMA CIRCULATÓRIO (PEQUENOS / GERAL)
0 - Introdução e conceitos iniciais: função de transporte de O2 e nutrientes // eliminação de metabólicos (ácidos láticos, CO2...).
PS1: em uma parada cardíaca as consequências seriam de estado de inconsciência em 30s // danos ao cérebro em minutos.
PS2: perdas de 10% do volume sanguíneo já afetam desempenho atlético.
Distribuição do sangue:
25% do sangue em circulação central (vasos pulmonares principalmente).
75% na circulação sistêmica (em veias principalmente) - destes 75, 1% está presente em artérias, capilares e vênulas.
1 - Identificação:
Idade: animais idosos são afetados por anomalias degenerativas e os jovens por congênitas (tetralogia de fallot por exemplo).
Espécie animal: bovinos tem ocorrência comum de reticulite traumática.
Raça:
Maior ocorrência de persistência do ducto arterioso em algumas raças de cães (Poodle, Pastores e Collies).
Maior ocorrência de cardiomiopatia dilatada em algumas espécies de cães (Boxer, Dobermann, Collie).
Maior ocorrência de colapso de traqueia em Yorkshire (leva a tosse e dispneia).
2 - Anamnese:
2.1 - Queixas principais (anamnese espontânea):
Cansaço, apatia, intolerância a exercícios.
Emagrecimento.
Desenvolvimento retardado.
Tosse e dispneia (ocorrem ou por edema pulmonar por ICE ou compressão da traqueia pela hipertrofia do átrio esquerdo).
Febre (na endocardite séptica por exemplo).
Ascite e edema.
Síncope (perda de consciência devido à falta de irrigação ao SNC).
2.2 - Anamnese direcionada (ou inquisitiva): importante para a diferenciação do sistema afetado de fato - no caso do circulatório pode
levar a alterações respiratórias ou confusão com doença osteomusculares, o que o dono não consegue diferenciar.
. Quais os primeiros sintomas? indica se a alteração é primaria ou secundaria.
. Apresenta cansaço?
. Como evoluíram? indica a magnitude da condição - estabilizou, piorou, cessou?
. Foi medicado? com o que? teve resposta? (diagnostico terapêutico).
. Qual a alimentação?
3 - Exame Físico Especifico: feito por inspeção direta, auscultação e palpação.
3.1 - Inspeção direta (8): avaliar postura, coloração de mucosas, peso (caquexia cardíaca), edema e ascite, padrão respiratório, tosse,
sincope e vasos.
A - Postura: animais podem adotar postura típica (ortopneica) e/ou podem estar pouco ágeis.
PS - Postura ortopneica: animal assume posição para respirar melhor e diminuir a dor - extensão de membros torácicos e pescoço:
ocorre em alterações respiratórias, porem pode não ocorrer mesmo se alterado.
C - Perda de peso (caquexia cardíaca): estado de catabolismo estabelecido pela baixa oxigenação - principalmente pela ação do fator de
necrose tumoral (TNF-a): ocorre progressivamente.
D - Edema/Ascite: acúmulo de líquido livre no abdômen (ou barbela em ruminantes) - pode ter causas cardíacas ou extracardíacas.
PS1: material pode ser enviado para avaliação laboratorial - celularidade e densidade de proteína baixa (transudado) indicam
alteração cardíaca.
PS2: não confundir com obesidade!
E - Padrão respiratório: importante ser avaliado, já que o sistema circulatório pode levar a alteração respiratória - pode ser de
taquipneia ou dispneia (inspiratória, expiratória e mista).
F.1 - Taquipneia: aumento da frequência respiratória - alteração antecede a dispneia nos problemas cardíacos e respiratórios, sendo
ainda que ocorrem juntas depois.
F.2 - Dispneia (3): dificuldade respiratória, podendo ou não estar acompanhado de posição ortopneica - dividida quanto à origem:
Inspiratória: por alteração no trato respiratório superior.
Expiratória: envolve trato respiratório inferior - doenças pulmonares e ICC.
Mista: na ICC com efusão pleural concomitante.
F - Tosse: ato reflexo produzido pela estimulação da faringe, traqueia brônquios, bronquíolos, pleura, pericárdio e diafragma - pode ter
causa respiratória ou cardíaca.
Exemplos: edema pulmonar (por ICE) e compressão de traqueia átrio esquerdo.
PS1: em alguns casos pode gerar mímica de vomito (em pequenos) - irritação da faringe pela tosse gera ânsia de vomito.
PS2: geralmente é seca e ruidosa na disfunção cardíaca (já na alteração no sistema respiratório geralmente é produtiva).
G - Sincope: perda súbita e transitória da consciência - ocorre por déficit de substrato energético e de oxigênio (causas cardíacas ou
extra cardíacas).
Causas cardíacas: por cardiomiopatias e arritmias...
Causas extra-cardíacas: colapso de traqueia, hipoglicemia, hipertensão pulmonar, tosse...
H - Vasos (4): avaliar pulso venoso negativo e positivo, distenção venosa, circulação periférica (TPC) e capilares (geral).
H.1 - Pulso venoso negativo e positivo:
PVN (pulso jugular fisiológico): ocorre na fase final diastólica (imediatamente anterior à sístole) - ocorre leve vibração de vasos
tanto pelo refluxo de sangue na jugular quanto pela pulsação da artéria carótida que passa abaixo: testado ao se obstruir as veia jugular e
artéria carótida com o garrote (positivo caso a artéria carótida continua a pulsar).
PS1: antecede o pulso arterial.
PS2: na diástole ocorre relaxamento muscular ou recuperação do músculo cardíaco - pressão arterial mínima permite que a
cavidade dilate os ventrículos e permite a entrada de sangue, para que possa ser expelido na contração.
PVN (pulso jugular patológico): ocorre na fase sistólica, pelo não fechamento (ou incompleto) valvar cardíaca, levando ao refluxo
de sangue do ventrículo direito para o átrio - sangue residual no átrio causa pulso na veia jugular, que pode ser visto da entrada do tórax
até mandíbula (bem evidente): ao se pressionar a veia jugular próximo à entrada do tórax o pulso positivo é abolido, já que assim impede-se
o refluxo sanguíneo do coração para a veia jugular (teste positivo).
PS: coincide com o pulso arterial.
H.2 - Distensão Venosa: dilatação de vasos que ocorre pela falha de retorno venoso, podendo ser observado principalmente nas veias
jugular, safena e mamaria (quando distendidas) - em bovinos e equinos é mais fácil (menor quantidade de pelos).
Locais de observação: variam de acordo com espécie - jugular nas faces ventrolaterais do pescoço de equinos ou ruminantes -- veia
safena na face interna do membro pélvico de equinos (sobre a articulação tibiotarsicometatársica) -- mamárias em ruminantes.
H.3 - Capilares - Circulação periférica por TPC: avaliação do estado circulatório periférico - é possível obter informações sobre o seu
estado de hidratação, detectar sinais de distúrbio circulatório como choque e outros: costuma variar de 1 a 2 s (caso aumentado é necessário
investigar sua causa - na maioria das vezes deve-se à diminuição do volume circulante).
H.4 - Capilares: normalmente se inspecionam os vasos episclerais - dão uma ideia geral de como está a circulação sanguínea nos
capilares.
3.2 - Auscultação Cardíaca (1 - 5): principal método de avaliação cárdica - método de baixo custo e que pode indicar várias informações
de importância: frequência cardíaca, bulhas, ruídos anormais, ruídos adventícios e focos de ausculta.
B - Bulhas (1): ruído cardíaco fisiológico causado por eventos mecânicos - verificar alterações de intensidade e frequência das bulhas:
Eventos:
Primeira bulha (B1): coincide ou vem imediatamente anterior com o pulso arterial (marca o início da fase sistólica) - ruído
sistólico e de maior intensidade (TUM dun): causado pelo fechamento das válvulas atrioventriculares (mitral e tricúspide) e contração
muscular ventricular.
Segunda bulha (B2): coincide com a fase final de ejeção cardíaca (marca o início da fase diastólica e ocorre no final da fase de
ejeção sanguínea ventricular e logo após o fechamento das valvas semilunares) - ruído diastólico (tum DUM): causada pelo fechamento das
semilunares (aórtica e pulmonar) no fim da sístole, com e repercussão do sangue contra as valvas semilunares na tentativa de retornar aos
ventrículos.
PS: é seguida pelo grande silêncio e precedida pelo pequeno silêncio.
C.2 - Sopros cardíacos (4): divididos por diversos parâmetros - tipo, grau e intensidade, fase em que ocorre, origem do sopro.
Tipos:
Funcional (fisiológico): sopro anêmico - por diminuição da viscosidade do sangue.
Orgânico (patológico): por insuficiência valvular ou valvar - no caso de insuficiência de valvas atrioventriculares, ocorrendo
refluxo sanguíneo do ventrículo para o átrio durante a sístole ventricular (regurgitação valvar).
Grau ou intensidade:
Grau 1: após alguns minutos e em área localizada.
Grau 2: ouvido sobre o seu ponto de maior intensidade.
Grau 3: ouvido em uma ampla área da parede torácica.
Grau 4: frêmito palpável.
Grau 5: intensidade alta.
Grau 6: frêmito facilmente palpável.
PS: em bovinos o aórtico está no mesmo EIC que o mitreal - porem o aórtico levemente mais dorsal que o mitral.
3.3 - Palpação (2): avaliar pulso arterial e choque cardíaco.
A - Pulso arterial (5): coincide com a frequência cardíaca (é decorrente da sístole ventricular) - avaliado quanto aos parâmetros de
frequência, ritmo, amplitude, celeridade e tensão (dureza).
A.1 - Frequência (4): avaliar a quantidade por minuto, sendo que a frequência normal diferente entre as espécies - em animais
saudáveis coincide com a frequência cardíaca: a alteração da frequência do pulso pode ser temporária ou permanente
PS - Temporária: febre e doenças debilitantes.
PS - Permanente: doenças com sequelas cárdicas como exemplos.
Normal:
Bovinos: 60 a 80
Ovinos: 90 a 115
Equinos: 28 a 44
Cães: 80 a 120
Gatos: 120 a 200
Aumento (taquisfigmia): ocorre junto ao aumento da frequência cardíaca - exercícios, gestação, febre, dor (catecolaminas),
anemias intensas, distúrbios pulmonares, dentre outros.
Diminuição (bradsfigmia): em alteração no nó sinoatrial, impulso vagal aumentado (síndrome de Hoflund em bovinos), cetose,
comas, dentre outros.
Frequência de pulsos menor que a cardíaca: podem ser decorrentes de bloqueios ventriculares e hipotensão grave por exemplo.
A.2 - Ritmo (2/2): em geral, os pulsos seguem um ritmo constante, o que é ditado pela regularidade dos batimentos cardíacos -
podem ser classificados em regular ou irregular (cíclico e acíclico) // arritmia e arritmia sinusal.
Pulsos regulares: constantes e ritmados - intervalos entre eles permanecem sem alteração.
Pulso irregular: distúrbio de ritmo (disritmia) onde não se segue um ritmo (há intervalos variáveis entre os pulsos) - são divididos
em cíclicos e acíclicos conforme haja ou não correspondência entre a taxa do pulso e dos batimentos cardíacos.
Cíclico: geralmente indica que não há problemas cardíacos.
Acíclico: provavelmente há distúrbio de preenchimento ventricular - determina que uma quantidade de sangue pequena seja
bombeada pelo coração, sendo insuficiente para determinar a formação de um pulso arterial palpável (como ocorre nos casos de contração
prematura e fibrilação atrial).
PS: o pulso irregular costuma também apresentar alteração de amplitude (também se torna irregular - apresenta pulsos amplos
e outros curtos).
PS - Arritmia (pulso sem ritmo): em equinos e bovinos adultos a arritmia indica que há distúrbio circulatório presente -
semelhança do que ocorre na frequência do pulso, as arritmias podem ser permanentes ou temporárias (em alguns casos tornam-se
intermitentes ou esporádicas): por exemplo há cavalos que apresentam arritmia somente quando são submetidos a exercício e em repouso
não a apresentam (ou o contrário).
PS - Arritmia sinusal (fisiológica): em pequenos ruminantes pode ser considerada normal - os pulsos se tornam acelerados durante
a inspiração e diminuem na expiração (teoricamente ocorre por desbalanço entre parassimpático e simpático por alteração na atividade
vagal): em geral ela desaparece quando o animal está excitado ou é submetido ao exercício // administração de atropina (antagonista
colinérgico) também pode levar ao desaparecimento dessa arritmia caso o animal não esteja apresentando nenhuma enfermidade
circulatória.
A.3 - Amplitude (2): indicativo da quantidade de sangue na artéria - gera avaliação da capacidade de distensão da artéria na
passagem do sangue por ela, que geralmente ocorre logo após a sístole cardíaca.
Pulso amplo: insuficiência aórtica.
Pulso pequeno: na estenose aórtica e arritmia.
PS - Amplitude diminuída por arritmia: devido à despolarização irregular o ventrículo não se enche de sangue de forma ideal na
diástole, e logo, a quantidade de sangue diminuída gera pulso mais fraco (não palpável as vezes).
A.4 - Celeridade (2): medida da velocidade com que a artéria se dilata e volta ao seu calibre inicial, antes da pulsação:
Célere (rápido)
Lento.
A.5 - Dureza ou Tensão (2): pressão no vaso necessária para oclusão deste (para que pare de apresentar pulso).
Fraco (filiforme): em hemorragia, choque hipovolêmico e desidratação.
Forte: na hipertensão arterial principalmente.
B - Choque Cardíaco: ocorre pelo choque entre parede torácica e ventricular - avaliado quando a desvios e intensidade:
Local de verificação: local de percepção varia entre as espécies
Bovinos: 3o a 4o EICE.
Ovinos e Caprinos: toda a área.
Equinos: 4o EICE.
Cães e gatos: 4o e 5o EICE.
Intensidade de choque:
Aumento: hipertrofia e endocardite // pode parecer aumentando em animais magros.
Diminuição: por hemopericardio e hidropericárdio.
4 - Exames complementares:
A - Ecocardiografia.
B - Eletrocardiografia.
C - Exame radiográfico.
AULA 6 - SEMIOLOGIA DO SISTEMA RESPIRATÓRIO (GERAL)
0 - Introdução e conceitos iniciais: distúrbios do S.R podem envolver problemas primários ou relacionados ao sistema circulatório (anemia
intensa e problemas cardíacos - levam ao aumento da frequência respiratória por exemplo).
Funções do S.R:
Troca gasosa e eliminação do dióxido carbônico.
I - Fase Inspiratória (ativa): absorve O2.
II - Fase Expiratória: eliminação de Co2 - ativa somente na fase final (pela movimentação abdominal).
Equilíbrio acidobásico: na acidose ocorre o aumento de íons H+, que se ligam ao bicarbonato formando o ácido carbônico - no pulmão
ele se dissocia em H2O e Co2 (o segundo sendo eliminado na expiração).
PS1: na acidose a frequência respiratória aumenta para eliminar todo o CO2 formado.
PS2: ao se tampar as narinas de um animal ele entra em acidose - já que todo o bicarbonato está ligado a íons H+ como ácido
carbônico.
PS3: na alcalose o animal retém H+ por diminuir a frequência respiratória.
1 - Identificação:
Sexo: adenocarcinomas mamários em fêmeas - podem realizar metástase para o sistema respiratório.
Espécie animal:
(a) 80% doença trato respiratório superior em gatos são causadas por herpesvirus I e calicivirus.
(b) Alterações da bolsa gutural estão presentes apenas em equinos.
Raça:
(a) Pastor Alemão tem maior sensibilidade a Erlichia canis (epistaxe como sinal clinico).
(b) Hemiplegia da laringe e obstrução recorrente das vias áreas são mais comuns em equinos PSI (e de corrida em geral).
PS - Hemiplegia da laringe: cartilagens não se abrem e fecham adequada e sincronicamente (entrada de ar fica comprometida).
Procedência:
(a) Alérgicos no local (poeira, palha, baia ou piquete) podem facilitar a ocorrência de ORVA em equinos.
(b) Doenças infecciosas e parasitárias endêmicas - leishmaniose no Brasil por exemplo.
Idade:
(a) Em animais velhos a ocorrência de neoplasias é mais comum (carcinoma mamário por exemplo).
(b) Em animais recém-nascidos por partos distócicos a circulação placentária fica alterada, levando a hipóxia e alterações do SR.
2 - Anamnese:
2.1 - Queixas principais (anamnese espontânea): informações típicas de serem informadas pelo proprietário no início da consulta - pode
estar relacionado ao sistema cardíaco.
Intolerância ao exercício: em grandes animais atletas é a principal queixa - lembrar que também pode ser decorrente de outras diversas
alterações: insuficiência cardíaca, artrites, desidratação, doenças metabólicas...
Descargas nasais: lembrar que vacas tem corrimento seroso normal nas narinas - não é patológico!
Dispneia, febre, tosse e espirros.
Ruídos respiratórios anormais.
2.2 - Anamnese direcionada (ou inquisitiva): importante para a diferenciação do sistema afetado de fato - no caso do circulatório pode
levar a alterações respiratórias (que o dono não consegue diferenciar).
Quando começou? de que forma? quantos morreram? evolução pode indicar se a alteração é primaria ou secundaria.
Individual ou coletivo? quando causada por doença infecciosa afetam mais de um animal.
3 - Exame Físico Especifico (8): envolve analise de respiração (I), narinas (I), ar expirado (IO), seios nasais e frontais e maxilares (IPP),
bolsa gutural, laringe (IP), traqueia (IP) e tórax (IPPA).
3.1 - Respiração - Inspeção (5): avaliar quanto ao tipo de respiração, amplitude, ritmo, frequência e atividade respiratória.
A - Tipo respiratório: costo-abdominal sendo o normal.
Predominantemente costal: ocorre em afecções abdominais - sobrecarga, peritonites, obstruções intestinais, ascite, retículofrenite.
Predominantemente abdominal: ocorre em pleurites, pericardite, fratura de costela, miosite M.I...
PS: em um felino saudável os movimentos são pouco visíveis de forma geral - em alterações graves pode estar perceptível.
B - Amplitude: relacionada com intensidade da respiração, podendo estar profunda, superficial ou normal - avaliado pela expansão
torácica.
Alterações: diminuída no coma // aumentada em situação de exercícios, temperatura ambiente alta, febre e pneumonias.
C - Ritmo: verificado polo tempo entre momentos de inspiração e expiração - de maneira geral os ritmos respiratórios alterados estão
associados a hipóxia ou depressões cerebrais.
Normal: o ritmo normal é observado como uma inspiração, uma pequena pausa, uma expiração e uma pausa maior (voltando em
seguida a uma inspiração) - qualquer alteração no ritmo respiratório é denominada arritmia respiratória.
PS: com exceção aos ovinos a inspiração geralmente é mais curta que a expiração.
Biot: há dois ou três movimentos respiratórios seguido de apneia, com mais um ou dois movimentos e outra apneia (assim por
diante) - ocorre por afecções cerebrais ou de meninges.
Kussmaul: observado como inspiração profunda e demorada, apneia, expiração prolongada, repetindo-se o ciclo - visto no coma e
na intoxicação por barbitúricos.
PS: ocorrência mais comum em pequenos animais.
D - Frequência respiratória (3): o valor fisiológico varia entre as espécies - possíveis alterações sendo taquipneia, bradipnéia e apneia.
D.1 - Taquipnéia: aumento da FR em resposta a diminuição das trocas gasosas - ocorre em situações de febre, dor ou de diminuição
da oxigenação sanguínea.
Causas:
Doenças do S. respiratório
Alvéolos cheios
Vias aéreas obstruídas
Outras: doenças cardíacas, alterações sanguíneas, acidose e alteração do SN (tétano).
D.2 - Bradipnéia: diminuição da FR - pode ocorrer nas depressões do sistema nervoso central ou próximo à morte do animal.
D.3 - Apneia: é a ausência total de respiração.
E - Atividade respiratória (3): observar relação inspiração e expiração movimentos do tórax e abdômen - classificado em eupneia e
dispneia (que pode ser inspiratória, expiratória ou mista).
Normal: movimento inspiratório é ativo e mais rápido que o expiratório, que é passivo e mantém uma relação temporal de 1:1,2.
Alterações (3/2):
E.1 - Eupneia: atividade respiratória normal.
PS - Posição ortopneica: a dispneia pode ainda ser acompanhada (ou não) por esta alteração - pode ser adotada por um animal
com dificuldade respiratória para facilitar a respiração: membros torácicos abertos, pescoço estendido e em alguns casos com a boca aberta.
PS - Hiperpnéia: a dispneia pode ainda ser acompanhada (ou não) por esta alteração - aumento da amplitude respiratória em
resposta a diminuição das trocas gasosas: relacionada principalmente com processos que dificultam a expansão pulmonar (como
pneumotórax) ou ocorrendo temporariamente após o exercício.
B - Outras observações:
I - Alterações na narina.
II - Corpo estranho, úlceras e ferimentos locais.
3.3 - Exame do ar expirado - Inspeção e Olfação (3): avaliar temperatura, forca de expulsão e odor.
A - Temperatura: aumentada em situação de exercícios, ambiente quente, febre e inflamações // diminuída no coma.
B - Força de expulsão: testar cada narina - indica obstruções das vias respiratórias superiores.
C - Odor: indica inflamação de seios nasais, faringe, laringe, pulmões, estômago, boca e esôfago e empiemas.
PS1: em lesões renais graves pode estar urêmico.
PS2: fazer o desvio lateral do ar expirado com a mão (em forma de concha) para a avaliação.
3.4 - Exame dos seios nasais-frontais e maxilares (IPP): feito via inspeção, palpação e percussão.
Inspeção: deformações, ferimentos e fístulas.
Palpação: consistência, mobilidade e sensibilidade.
Percussão: abertura da boca facilita - pode ser feita com martelo ou dedos: deve ser comparativa (percutir tanto os seios laterais
esquerdos quanto direitos para comparação).
Tipos de sons:
I - Som claro: fisiologicamente normal na região.
I - Som submaciço ou maciço: devido ao acumulo de secreções - ocorre em sinusite ou tumores.
III - Som timpânico: ocorre em infecção por bactérias anaeróbicas.
3.5 - Exame das bolsas guturais: comunica-se com a faringe através do orifício gúturo-faríngeo - distensão desta acarreta em disfagia e
dispneia (disfagia ocorre ou pela compressão devido ao aumento ou por afetar o nervo glossofaríngeo dentro da cavidade): pode sofrer
alteração de timpanismo da bolsa gutural (acumulo de ar) e empiema da bolsa gutural.
B - Palpação (4): valor limitado - verifica temperatura, sensibilidade, crepitação e abcessos: feito com a mão espalmada e pontas dos
dedos nos espaços intercostais
B.1 - Temperatura:
Aumento fisiológico: em temperatura ambiente elevada, falta de ventilação e exercícios.
Aumento patológico: na febre, pleurites e formação de abscessos intratorácicos.
PS1: dorsal até linha ilíaca // mediana até a articulação escapulo umeral // ventral até a articulação úmero-radio-ulnar.
PS2: em bovinos o pulmão direito é maior que o esquerdo devido à presença do rumem (causa o deslocamento no lado esquerdo).
Técnica 2 - No cão:
Limites anteriores: musculatura da escápula (som maciço).
Limites superiores: musculatura vertebral dorsal (som maciço).
Limites posteriores:
. Traçar uma linha imaginária sobre a tuberosidade ilíaca até um ponto de cruzamento no 12o espaço intercostal (EIC).
. Outra linha imaginária é traçada sobre a articulação escapuloumeral até o ponto de cruzamento no 9o EIC.
. Limite ventral é obtido pelo ponto de cruzamento entre uma linha imaginária um pouco acima do olécrano até o 5o EIC.
A - Alterações da localização pulmonar: via ruídos respiratórios e sons de percussão pulmonares em localização anormal.
I - Sentido caudal: ocorre em enfisema e pneumotórax.
II - Sentido cranial: em sobrecarga, timpanismo, hepatopatias e gestação - empurram o pulmão cranialmente.
B - Sons pulmonares por percussão (6): penetração de 4 a 7 cm (possível detectar apenas lesões pleurais ou parenquimatosas mais
superficiais) - deve ser feita dorsoventral e craniocaudalmente (via técnica digito digital ou martelo pleximétrica).
I - Hipersonoro: ocorre em situação de tórax delgado, pneumotórax, enfisema e hérnias diafragmáticas.
II - Submaciço: em áreas de condensação ou compressão pulmonar - pneumonias, abscessos e tumores, atelectasia, hidrotórax e
edema pulmonar.
III - Maciço: em áreas de condensação ou compressão pulmonar - mesmas do submaciço (determinado pela intensidade).
IV - Timpânico: em enfisema pulmonar e ORVA.
V - Metálico: na presença de gás associado ou não a líquidos - pneumotórax e hérnia diafragmática.
VI - Claro: região central do tórax (fisiológico normal).
PS: a percussão pode ser dolorosa em processos inflamatórios.
C - Auscultação do tórax (3 - 6): acompanhar três a quatro movimentos (inicialmente com o animal em repouso) - comparar com
os ruídos inspiratórios e expiratórios normais: realizar no sentido dorso ventral para crânio caudal.
PS: caso esteja muito baixo pode ser utilizado o saco respiratório no animal (aumenta amplitude e frequência da respiração).
Modificadores (7): podem alterar a amplitude, qualidade ou frequência de ruídos respiratórios
I - Sempre que houver aumento na intensidade da respiração por aumento na FR (taquipneia), na amplitude (hiperpneia) ou
ainda na dificuldade respiratória (dispneia) haverá exacerbação na auscultação dos ruídos respiratórios.
II - Em processos patológicos que causem deposição de líquido no interstício pulmonar levam ao aumento da transmissão
sonora - pneumonias, congestão e edema pulmonar.
III - Estão naturalmente aumentados em animais jovens, que praticaram exercícios, com pneumonias ou febre.
IV - Ficam diminuídos (abafado) na obesidade, ambiente frio, enfisema subcutâneo, lesões torácicas compressivas, obstrução
dos brônquios e hidrotórax.
V - Equinos atletas a auscultação é dificultada (o ruído respiratório normal já é muito baixo) - pode ser facilitado colocando o
animal para praticar exercícios ou utilizando o saco respiratório.
PS: já em caprinos e ovinos a auscultação é mais fácil.
VI - Na ocorrência de uma hérnia diafragmática poderia ser auscultado as alças intestinais na cavidade do tórax (também
pode ocorrer em uma situação que o estetoscópio é muito sensível).
VII - Em abscessos e hepatização pulmonar a área não apresenta som algum.
Áreas de auscultação (3): possuem leve alteração na qualidade do som (seja este fisiológico ou patológico) de acordo com a
localização anatômica da ausculta.
Ruído laringotraqueal: ocorre pela vibração das paredes da laringe e traquéia (escutado na região da traqueia) - pode estar
modificado pela ocorrência de alterações especificas da região: ruído estridor (ranger de porta se abrindo), o qual ocorre por estenose de
laringe ou traquéia.
Ruído traqueobrônquico (ruído bronquial): ocorre pela vibração da parede da porção final da traquéia e dos grandes
brônquios pela passagem do ar (presente no 1/3º anterior do tórax).
Ruído broncobronquiolar (murmúrio vesicular): pela vibração das paredes de brônquios menores e bronquíolos pela passagem
do ar - ruído suave na inspiração (presente nos 2/3º posteriores do tórax).
Tipos ruídos adventícios (alterações patológicas - 6): podem ser de tosse, roncos, crepitação grossa, fina, sibilos e roce pleural.
C.1 - Tosse: ocorre por irritação ou inflamação laringotraqueal - no caso de tosse infrequente ela pode ser induzida para
verificação (pela compressão da traqueia por exemplo).
Seca e constante: indicativo de alteração inflamatória - faringite, laringite e traqueíte.
Úmida ou produtiva: ocorre pelo acumulo de exsudato broncopulmonar - em broncopneumonia.
C.2 - Roncos: pela vibração de secreções viscosas aderidas às paredes de grandes brônquios - por hipertrofia de linfonodos,
abscessos, faringites, laringites, hemiplegia, dentre outros...
C.3 - Crepitação Grossa: ocorre pela presença de líquidos em brônquios - ruído semelhante a estourar de pequenas bolhas
(Coca cola aberta): ocorre na broncopneumonia e edema pulmonar.
C.4 - Crepitação Fina (3): ocorre devido ao aumento de líquido ou muco no interior dos bronquíolos (principalmente por
processos inflamatórios obstrutivos e alérgicos) - ruído semelhante a roçar de cabelo nos ouvidos.
Na inspiração: edema pulmonar ou pneumonia.
Na expiração: ORVA, bronquiolite, enfisema - ar não sai do alvéolo com eficiência (escutado na expiração).
Na mista: ORVA, bronquiolite e enfisema.
C.5 - Sibilos: ocorre no estreitamento por secreção viscosa ou purulenta - semelhante a um assovio.
Na expiração: ocorrência mais comum (?).
No início da inspiração: por processos extratorácicos - estenose da laringe e traquéia.
No final da inspiração: por bronquite.
No final da inspiração ou expiração: obstrução de pequenas vias aéreas - bronquite, bronquiolite e ORVA.
C.6 - Roce Pleural: indicativo de pleurite (acumulo de fibrina entre camadas parietais e viscerais) - som similar ao de duas
folhas de papel deslizando.
B - Toracocentese: colheita de líquido pleural com fim de exames deste ou terapêuticos (drenagem de hidrotorax por exemplo) - nela
também pode ser feita a diferenciação de transudado e exsudado pleural.
Método: feita com agulha ou trocáter - local de perfuração varia entre espécies:
Equinos: 7o e 8o EIC
Cães e Gatos: 8o e 9o EIC
Ruminantes: 5o e 6o EIC
PS: após procedimento se deve induzir a pressão negativa novamente (reverter o pneumotórax) - puxar êmbolo da seringa para retirar
o ar até ela ser puxada sozinha pela pressão.
G - Exame de Fezes: importante já que parasitas podem afetar o sistema respiratório - os mais importantes em cada espécie sendo:
Cães e Gatos: Oslerus osleri
Bovinos: D. viviparus
Equinos: D. arnifield / Parascaris equorum
Caprinos: Muellerius sp. / Dictiocalus sp.
Suínos: Metastrongylus SP
H - Sorologia.
I - Ultrassonografia.
J - Biópsia pulmonar.
AULA 7 - SEMIOLOGIA DO SISTEMA DIGESTÓRIO (EQUINOS)
0 - Introdução e conceitos iniciais: em equinos as alterações estão relacionadas principalmente a cólicas (condição dolorosa no abdômen) -
possui fatores que levam a predisposição:
I - Estomago muito pequeno e sem capacidade de vomitar (cárdia firme e musculoso e ausência do centro do vomito no SNC): este
quando distendido gera bastante dor.
II - Possui mesentérico muito longo (mais suscetível a torções).
III - Fragilidade retal acentuada.
PS: cólicas em equinos são consideradas emergenciais ou urgentes - pular etapas de identificação e anamnese até que a situação de
desidratação e integridade de sistema cardiovascular esteja estabilizada (cursam com perda de liquido intensa, afetando o cardiovascular
indiretamente).
Anatomia - Dentes (44): dividido em quatro quadrantes para identificação - numeração da direita para esquerda no sentido horário.
Anatomia - T.G.I:
(vista dorsal)
PS: compactação e acúmulos em equinos ocorrem principalmente na flexura pélvica (devido ao afunilamento do diâmetro) - com os
principais motivos da ocorrência sendo a nutrição com alimentos muito fibrosos ou problemas na mastigação e trituração do alimento.
Quadrantes: delimitação importante para as técnicas de auscultação e percussão abdominal
1 - Identificação:
Quanto a Idade:
Em recém nascidos a retenção de mecônio pode levar a obstrução do T.G.I (normalmente deveria expelir dentro dos primeiros dias).
Neoplasias no TGI e deficiência de mastigação são comuns em idosos.
Encarceramento no forame epiploico ocorre em animais velhos (forame abaixo do fígado - atrofia com a idade facilitando ocorrência).
Quanto a sexo:
Torção uterina possível nas fèmeas.
Estrangulamento no anel inguinal possível em machos (hérnia inguinal/inguinoescrotal).
2 - Anamnese:
Manejo e alimentação?
(a) Alta proporção de concentrados e alimento facilmente fermentável (ração) pode levar a distúrbios intestinais.
(b) Uso de fibras de baixa qualidade podem levar a compactações no I.G.
História médica recente - já teve cólica antes? qual foi o motivo na época? houve tratamento anterior?
(a) Alguns problemas gastrointestinais nos equinos são intermitentes e recorrentes.
(b) Alguns carrapaticidas e medicamento podem interferir no trânsito intestinal (geram atonia).
Defecação e micção estão normais? nas alterações intestinais a micção ocorre em pequenos jatos e em menor quantidade (tanto devido à
dor abdominal quanto pela desidratação).
PS: cólica renal é rara em equinos como causa de alteração na micção.
Animal em parto? pode se assemelhar a dor abdominal no trabalho de parto (é normal fisiologicamente).
Ingestão de água?
(a) Animal tender a parar de ingerir água no início do desenvolvimento da cólica.
(b) Além disto a baixa ingestão de água pode exacerbar a cólica.
3.1 - Exame físico geral - Avaliação dos parâmetros vitais:
(a) Frequências cardíaca e respiratória.
(b) Avaliação das mucosas:
Congesta ou cianótica.
TPC aumentado.
Presença de halo cianótico por endotoxemia.
3.2 - Exame físico especifico (6): avaliar aparência externa, cavidade oral e faringe (I), esôfago (palpação direta e indireta), abdômen
(PPA), características das fezes e palpação retal.
4.2 - Cavidade oral e faringe - Inspeção (3): tentar observar animal comendo (mastigação e deglutição) - indica integridade de lábios,
dentes, faringe e esôfago.
PS1: alteração de mastigação podem gerar compactações indiretamente.
PS2: em alterações da mastigação e deglutição o alimento cai muito da boca do animal enquanto este se alimenta.
PS3: puxar língua entre espaço da barra (diastema) - verificar o tônus.
A - Dentição: verificar por fratura ou perdas dentárias, bragnatismo, abscesso, malformação, pontas dentárias // odor, presença de
comida e infecções.
B - Cavidade oral: pode não forçar muito a abertura da boca (mais fácil com o abre bocas junto a sedação // ou puxando a língua por
entre os espaços dos molares).
C - Mastigação (4):
Língua: quanto a laceração, glossite e paralisia (nervo hipoglosso - XII).
Paralisia dos músculos mastigatórios: por alterações no nervo trigêmeo (V).
Alteração de deglutição: por lesões, obstruções e déficit neurológico.
Estomatites na cavidade oral.
4.2 - Esôfago - Palpação (direta e indireta): indica obstruções, estenoses, compressão extrínseca e distúrbios de motilidade.
PS: caiu na prova - principal motivo para se realizar a palpação do esôfago em equinos (resposta - para a desobstrução deste).
A - Palpação direta: na presença de corpo estranho ou alimento a distensão pode ser palpável.
B - Palpação indireta (sondagem nasogástrica): procedimento considerado essencial em casos de cólica - processo, funções e lavagem
gástrica.
Etapas:
I - Escolher sonda adequada de acordo com a espécie e tamanho do indivíduo - tamanho, espessura, tipo de bico.
II - Conter o animal, lubrificar a sonda e ocluir divertículo da narina antes de passar a sonda por esta.
III - Introduzir a sonda medialmente e ventralmente na narina (evitar a falsa narina, que fica dorsal e lateralmente).
PS1: nesta fase pode ocorrer sangramento por lesão na região etmoidal (dorsal à narina) ou mucosa nasal - nestes casos esperar
10m até o sangramento cessar: passagem pela narina deve ser rápida e com movimento único para evitar tal lesão.
PS2: a lesão na região etmoidal é percebida pelo som de triturar, precedendo hemorragia profusa.
IV - Ao aproximar-se da marca da glote deve-se assoprar a sonda (com a intenção de promover deglutição) e simultaneamente
introduzir a sonda - também pode-se esperar pela deglutição espontânea do animal e introduzir a sonda (pode ser mais demorado).
PS1: é de extrema importância que não se faça a administração de medicamentos ou lavagem no pulmão por sondagem
incorreta - levaria à pneumonia por corpo estranho ou mesmo à morte (é necessário ter certeza de que a sonda se encontre no estômago
antes da administração de qualquer substância por ela).
PS2: quando utilizar lidocaína para a lubrificação da sonda evitar várias tentativas de passagem da sonda pela glote (lidocaína
pode deprimir o reflexo de deglutição) - várias tentativas bruscas e forçadas de introdução não acompanhadas de deglutição podem
provocar edema dessa região, o que dificulta ainda mais a passagem da sonda.
PS3: para facilitar o processo se deve manter a cabeça do cavalo flexionada - facilita passagem para o esôfago.
V - Para se ter certeza de que a sonda esteja no local apropriado sugá-la:
A - Se ela estiver no esôfago (que é um tubo muscular colabado): estrutura irá obstruir a sonda e o ar não será sugado.
B - Se a sonda estiver na traqueia (que é um tubo rígido) o ar será aspirado.
PS1: não é sempre que o animal tosse quando a sonda vai para a traqueia!!
PS2: em animais com pouca musculatura no pescoço a passagem da sonda pode ser observada visualmente ou pela palpação
do esôfago.
PS3: após a passagem pela cárdia pode ser sentido odor de capim fermentado na maioria dos animais (sadios).
PS4: outra técnica (em ruminantes) é a auscultação do rumem junto ao sopro (pode ser escutado no estetoscópio - indica que
está no local correto).
PS5: quando o estômago está muito distendido a passagem da sonda pela cárdia (que normalmente é fácil), pode apresentar-se
dificultada - nesses casos, a infusão de lidocaína pela sonda pode facilitar a abertura da cárdia.
Descompressão gástrica e de gases: tem efeito de analgésico, aliviando a dor e evitando a ruptura gástrica - importante já que
equinos não vomitam.
Diagnóstico (6): auxiliar quanto a origem de problemas gastrintestinais - gera informações quanto a
(a) Quantidade e odor de gás no local - retirada de muito gás pode indicar timpanismo gástrico ou intestinal (porção anterior).
(b) Ocorrência de refluxo de líquido - este deve ser avaliado quanto à volume, coloração, odor e pH.
(c) Odor desagradável - indica excesso de fermentação ou demora do esvaziamento gástrico.
(e) Drenagem passiva de líquido em volumes acima de 5 a 10 ℓ podem indicar obstrução do intestino delgado ou
duodenojejunite proximal (DJP) - neste caso o líquido tende a ser marrom-avermelhado, com sangue oculto, mas a coloração depende da
inflamação da alça.
(f) PH: é um parâmetro importante para o clínico - possibilita que a origem do refluxo seja identificada.
Normal: o PH do estômago de um equino é ácido (de 3 a 6) - conforme o tipo, qualidade e o tempo decorrido após alimentar.
Alcalino: refluxo gástrico com pH alto tem como origem o ID, indicando uma obstrução ou inflamação destas alças.
(g) Outros: ao ser lavado o liquido que volta pela sonda pode ser verificado quanto a citologia, quantidade, gás, parasitas,
tamanho de fibras -- tabela completa em exames complementares.
Como tratamento: possibilita a administração de diversos medicamentos nos casos de distúrbios gastrintestinais, bem como a
hidratação dos animais e vermifugação de rebanho a baixo custo (a passagem da sonda com lavagem gástrica e administração de analgésico
é eficaz no tratamento de 80 a 90% dos cavalos com síndrome de cólica).
Lavagem gástrica: feita quando não ocorre drenagem de líquido pela sonda (na maioria dos animais) - acopla-se uma mangueira ou
um funil à sonda e coloca-se uma quantidade conhecida de água para dentro do estômago: por meio de sifonagem retira-se essa mesma
quantidade e observa-se o material retirado juntamente com a água.
PS1: nunca colocar mais de 5L por vez - pode distender ainda mais o estomago.
PS2: se houver ração compactada no estômago, terra ou areia, ou mesmo milho - repetir procedimento (demora mais a saírem).
PS3: em animais desidratados a água é absorvida rapidamente, dificultando a lavagem.
PS4: quando o estômago está vazio, grande quantidade de muco é retirada pela sonda.
PS5: a visualização de Parascaris no líquido drenado do estômago indica prognóstico desfavorável (normalmente parasita ID).
PS6: idealmente deve ser feito com água morna, pois estimula o peristaltismo - alguns animais, após lavagem gástrica com água
fria apresentam pequeno grau de distensão abdominal por gás (rapidamente eliminado por flatulência).
PS7: nos casos de compactação gástrica aplicar leve pressão para movimentar o conteúdo compactado -- outra alternativa é
colocar 5 ℓ de água no estômago e caminhar com o cavalo por 15 m (mistura da água com o alimento compactado, facilitando a retirada).
A - Auscultação (2): avaliar mobilidade intestinal e descarga íleo cecal - cada quadrante pode ser ouvido uma parte distinta do TGI -
Quadrante dorsal esquerdo: I.D e colón dorsal direito.
Quadrante ventral esquerdo: CVE.
Quadrante dorsal direito: Ceco e alças de colón.
Quadrante ventral direito: CVD.
Mobilidade intestinal (burburinhos): verificar por 30s em cada quadrante - podendo estar
Ausente _
Hipomotilidade +
Normal ++
Hipermotilidade +++
C - Palpação externa: teste de rebote - ao se pressionar o estomago e soltar o animal pode gemer de dor nos casos de peritonite.
4.5 - Palpação retal: extremamente indicado em afecções intestinais e cólicas (junto a coleta do liquido peritoneal e sonda gástrica).
PS1: sempre lubrificar a área (lidocaína, vaselina, óleos) - espécie sensível à ruptura de reto (podendo evoluir a peritonite inclusive).
PS2: possui limitações - somente 1/3 da cavidade abdominal é explorado // depende de conhecimento da anatomia e experiência por
parte do veterinário.
PS1: tênias do ceco possuem aspecto de cordas de violão - quando muito tensas indica distensão do ceco.
PS2: do lado ventral esquerdo - pressão na flexura pélvica, se inchada deixa impressão do dedo.
PS3: encarceramento nefroexplenico também pode ser sentido.
4 - Exames complementares:
A - Sondagem nasogástrica: utilizada tanto para diagnóstico, descompressão e tratamento.
0 - Introdução e conceitos iniciais: diagnostico depende do conhecimento anatômico, fisiológico e biomecânico - importantes para
diferenciar doença osteomuscular de uma neurológica.
Claudicação: sinal clínico (manifestação de sinais de inflamação) que inclui dor ou alteração mecânica que resultam em anormalidade do
passo (disfunção locomotora, distúrbio estrutural ou funcional do sistema locomotor) - alteração representa aproximadamente 75% das
lesões dos equinos: área lesada varia com faixa etária e trabalho executado
33% tendões, ligamentos e bainhas.
30% articulações.
20% membros.
12% ossos.
4% vasos e nervos.
Etiologia: por um (ou combinação) dos fatores - trauma, excesso de exercício, anomalia congênita ou adquirida, infecção, distúrbio
metabólico, alteração circulatória ou nervosa.
Classificação da claudicação:
I - De apoio: animal tem dor quando o membro se apoia no solo.
II - De suspensão: tem dor quando o membro se desloca no ar.
III - Mistas.
IV - Complementares e/ou compensatórias.
Caracterização da passada: importante de ser analisado em todas as suas características, já que ficam alteradas na ocorrência de dor
1. Fases da passada.
2. Arco de suspensão do membro.
3. Percurso do membro na elevação.
4. Como o membro toca o solo.
5. Ângulo de flexão articular.
6. Extensão da articulação do boleto.
7. Simetria e duração do uso dos glúteos.
Graduação da claudicação: as claudicações de graus 3 e 4 estão associadas a fraturas, luxações, tendinites e artrites graves.
Grau 0: claudicação não perceptível em nenhuma circunstância.
Grau 1: claudicação com o cavalo ao trote, mas não ao passo.
Grau 2: claudicação ao passo, mas não há movimentação de cabeça.
Grau 3: claudicação óbvia ao passo com movimentação de cabeça característica.
Grau 4: impotência funcional do membro.
1 - Identificação:
(a) Raça
Cavalos atletas tem maior ocorrência de fraturas de sesamoide.
Cavalos PSI e de salto tem maior ocorrência de fratura clavicular.
(b) Idade, sexo e procedência.
2 - Anamnese:
Há quanto tempo o equino manca? a claudicação piorou, permaneceu igual ou melhorou?
Durante o período de claudicação, o animal foi colocado em repouso ou foi exercitado?
Duração dos sinais clínicos? aparecimento súbito ou gradativo? aumento de volume ou alteração de postura?
O equino tropeça?
Foi feito algum tratamento? teve efeito?
Cavalo é de modalidade esportiva? grau se altera durante o trabalho? está aquecido ao claudicar?
3 - Exame Físico Especifico (3): feito pela inspeção geral de articulações e músculos // inspeção e palpações especificas das estruturas do
membro torácico e pélvico.
3.1 - Inspeção geral de articulações e músculos (2): avaliar o animal em repouso e em movimento.
A - Em Repouso: sempre em comparação com o membro contralateral, feita de forma panorâmica e localizada - verificar quanto a
A.1 - Simetrias: simetria muscular // atrofias musculares (crônicas) // aumentos de volume.
Membros anteriores: aquele com menor casco, talão alto e atrofia da musculatura externa é geralmente o membro claudicante - o
casco é menor em virtude da alteração crônica no aprumo // a atrofia muscular decorre da diminuição funcional do membro.
Membros posteriores: a atrofia do glúteo médio e/ou músculo grácil indica o desuso do membro.
B - Inspeção (em movimento): observar todos os membros em conjunto, inicialmente, e então cada um individualmente para facilitar o
diagnóstico de claudicação - realizar teste na ordem (ao passo >> em trote lento >> em trote rápido)
Objetivos:
I - Identificar o(s) membro(s) claudicante(s).
II - Definir o grau da claudicação
III - Observar presença de incoordenação ao movimento.
III - Posicionamento do membro no solo: em casos de claudicação bilateral a movimentação da cabeça é mínima, o equino
compensa a dor reduzindo a fase de sustentação para ambos os membros, produzindo assim um andar geralmente arrastando a pinça do
casco.
IV - Assimetria de andamento.
V - Alterações da altura do arco de elevação do membro.
VI - Alterações de suspensão do membro.
Interferência do tipo de superfície no teste: gera diferença sobre a área testada e a reação sobre o animal.
I - Firme e nivelada: leva a maior concussão - mais fácil visualizar e escutar o movimento (membro lesado faz menos ruído, já que
menos peso é colocado sobre esse apoio)
II - Cascalho, lama, grama ou areia: gera maior pressão na ranilha.
Tipo de trajeto: importante testar de várias formas, já que podem elucidar alterações distintas
Linha reta: observar passo e trote.
Círculos: realizar círculos abertos e fechados, para direita e esquerda, observando o animal de frente, pela lateral e por trás: lado
fechado da curva sofre maior pressão da gravidade, desta forma se deve observar se a situação agrava o mancar (animal com o membro
esquerdo lesado teria dificuldade em virar para esquerda por exemplo).
3.2 - Articulações e músculos do membro torácico - Inspeção e palpação especifica (6): composto pela avaliação da região das articulações
umerorradioulnar e escapuloumeral; articulação do carpo; região do III metacarpo; articulação metacarpofalangeana (boleto); quartela e
cascos.
Testes de flexão (palpação especifica): podem auxiliar na identificação do membro e/ou do local afetado - são realizados movimentos
passivos de flexão a fim de exacerbar um foco de dor, principalmente em tecidos moles ou regiões subcondrais (quase sempre associados a
processos articulares, tendíneos ou ligamentares).
1ª - Os testes devem ser realizados inicialmente no membro sadio, seguido pelo membro suspeito - sempre no sentido distoproximal.
2ª - Flexionar a articulação sendo testada - na maioria dos locais a flexão é feita por 30 a 60s (exceto na articulação társica - testes de
esparavão).
PS: a força (pressão) e o tempo da flexão devem ser os mesmos em todas as articulações - importante para que não se distorça a
interpretação dos dados.
3ª - Após a flexão das articulações, o cavalo é submetido ao trote ou ao passo - a resposta positiva é obtida quando o animal
apresenta uma exacerbação da claudicação nos primeiros 3 a 4 passos após liberar a flexão do membro.
PS: é importante lembrar que uma resposta positiva não significa necessariamente que o local submetido ao teste de flexão seja a
fonte primária de dor, já que a flexão de determinadas articulações pode proporcionar uma sobreposição de pressão em outras articulações -
por exemplo, ao flexionar a articulação do metacarpo ou metatarsofalângica, a manobra de flexão pode envolver também as articulações
interfalângicas proximais e distais indiretamente.
A.2 - Teste de extensão: ser realizado com o examinador posicionado à frente do animal, realizando a extensão e a elevação do
membro, forçando o local de inserção do músculo tríceps no olécrano e também a articulação escapuloumeral.
A.3 - Teste de flexão: tracionando-se o membro caudalmente, semiflexionado enquanto apoia a mão no olecrano - geralmente revela
sensibilidade aumentada por enfermidades como osteoartrite escapuloumeral, fratura da tuberosidade do úmero ou da escápula e bursite do
bicipital.
PS: no caso de suspeita de fratura todos esses testes devem ser realizados de maneira cuidadosa.
B - Articulação do carpo (1):
B.1 - Teste de flexão e extensão do carpo: manter a articulação flexionada por 30 a 60 segundos (inicialmente no membro sadio e
depois no membro suspeito) e então o animal submetido ao passo ou ao trote: nos primeiros passos a dor é exacerbada (teste positivo).
B.2 - Palpação geral: com a flexão do carpo também fica mais fácil a palpação da articulação do carpo e estruturas ósseas
relacionadas (mais fácil sentir as duas fileiras ósseas) - neste momento podem ser analisadas também quanto a depressões acentuadas,
crepitações, espessamentos de ligamentos, existência de líquido intra-articular em excesso e exostoses.
C.2 - Palpação da face palmar do metacarpo: feito junto aos movimentos de flexão do membro - o deslizamento entre os tendões
flexores superficial e profundo e a continuidade dos tendões e ligamentos deve ser palpada para verificação de eventual ruptura ou fibrose.
D - Articulação metacarpofalangeana - Boleto (3): verificar por aumentos de volume nas regiões dorsal e palmar dessa estrutura
(bolsas palmares) // grau de dor // presença de líquido e fibrose.
D.1 - Ligamento sesamoides: os ossos sesamoides devem ser palpados em suas regiões de ápice e base para verificação de dor - está
podendo estar associada a uma fratura de sesamoide, sesamoidite proximal ou ainda a desmite do suspensor do boleto ou sesamoides distais.
D.2 - Bainha do tendão flexor digital profundo: verificar na região caudal, proximal ou distal à articulação - espessamento e a
distensão da bainha do tendão flexor digital profundo podem indicar tenossinovite (ovas).
D.3 - Teste de flexão da articulação do boleto: testar a amplitude de movimento (em geral - 90°) e avaliar qualquer aumento de
sensibilidade que possa estar presente - o boleto é flexionado por 1 min e então o animal é submetido ao trote, com resultado positivo caso
claudique.
PS: importante ter em mente que a flexão do boleto envolve também a flexão das articulações interfalângicas proximal e distal.
E - Quartela (3): correspondem as duas primeiras falanges.
E.1 - Inspeção: aumentos de volume, temperatura e sensibilidade, cicatrizes // verificar também o pulso na artéria digital (fica
aumentado na laminite).
E.2 - Palpação profunda: de ligamentos e tendões - ligamentos sesamoides distais e tendões flexores: a palpação profunda da quartela
pode revelar ocorrência de dor nos ligamentos sesamoides retos, oblíquos ou dos ramos do tendão flexor digital superficial em sua inserção e
do tendão flexor digital profundo.
E.3 - Teste de rotação: testa articulação falangeanas e ligamento colaterais - promover a exacerbação de sensibilidade dolorosa,
principalmente nos ligamentos colaterais e sesamóideos da região.
F - Cascos: feita por inspeção, palpação (com pinça) e percurso com martelo.
F.1 - Inspeção: inspecionado quanto
I - Drenagem de exsudato da região coronária.
II - Tamanho e conformação.
III - Espaço entre os talões.
IV - Linhas ou anéis de crescimento irregulares.
V - Desgastes anormais e presença de solução de continuidade.
VI - Ferrageamento e posicionamento dos cravos.
VII - Comprimento da pinça, altura dos talões e eixo podofalângico.
VIII - Aumento de temperatura na banda coronária.
XI - Assimetrias no geral.
F.2 - Palpação (compressão): feito com pinça de casco (tenaz), sendo que a reação de dor indica anormalidade - deve ser
pressionando em 3 posições distintas: pressionar a sola e parede do casco // nos talões // entre ranilha e o casco.
Interpretação:
(a) Reação localizada pode representar um cravo inserido em região sensitiva, lâminas inflamadas ou um abscesso submural.
(b) Sensibilidade difusa na sola pode representar uma fratura da III falange, osteíte podal ou ainda laminite.
3.2 - Articulações e músculos do membro pélvico - Inspeção e palpação especifica (3): avaliar região da articulação femorotibiopatelar;
região do tarso/jarrete (articulação tarsotibial) e articulações interfalângicas/metatarsofalângica.
A - Região da articulação femorotibiopatelar (4): é formada pelas articulações femorotibial e femoropatelar - verificar por.
I - Aumento de volume e atrofia de musculatura: especialmente na musculatura ao redor do fêmur - fraturas completas de fêmur
produzem sinais como edema local associado à impotência funcional do membro, que parece estar mais curto que o contralateral.
II - Palpação dos ligamentos patelares.
III - Teste de motilidade de patela: quando fora da posição pode apresentar dor, crepitação e mobilidade aumentada.
IV - Movimentos de extensão, adução e abdução: principalmente na suspeita de lesões nas regiões proximais (femorotibiopatelar).
B - Região do tarso/jarrete (articulação tarsotibial - 2): sede importante de lesões: osteocondrose em especial (afeta a articulação).
B.1 - Inspeção da face plantar proximal do metatarso: pode apresentar aumento de volume na bainha do tendão flexor digital
profundo, resultante de sinovite ou tendossinovite.
B.2 - Teste do esparavão: avalia boleto, femorotibiopatelar e coxofemoral - isto ocorre em função da integridade do aparelho
recíproco que coordena a flexão e a extensão do membro posterior, assegurando que todas as articulações flexionem e estendam juntas.
I - Se segura o metatarso em paralelo ao solo, sem flexão ativa sob a articulação metatarsofalângica.
II - Essa posição deve ser mantida por 1 a 2 m e então o cavalo inicia o trote rapidamente.
III - Qualquer exacerbação de claudicação é um resultado positivo para o teste: lesão em articulações femurotibiais, tibiotarsais e
intertarsais deve todas serem consideradas em uma resposta positiva do teste do esparavão.
PS: em virtude da alta incidência de osteoartrite társica, um teste de flexão positivo no tarso é frequentemente indicativo dessa
enfermidade.
C - Articulações interfalângicas e a metatarsofalângica: apoiar o membro distal em sua perna, deixando as mãos livres para flexionar as
articulações.
4 - Exames complementares: os bloqueios anestésicos perineurais e o diagnóstico por imagens são métodos utilizados no auxílio da
determinação do local da lesão e também da extensão desta.
A - Avaliação radiográfica.
B - Avaliação ultrassonográfica.
C - Anestesia perineural e intra-articular.
D - Artrocentese.
E - Termografia.
F - Cintilografia.
G - Artroscopia.
H - Ressonância magnética.