Trabalho Final FlavioKivoloka 27 04 2015
Trabalho Final FlavioKivoloka 27 04 2015
Trabalho Final FlavioKivoloka 27 04 2015
Adansonia digitata L.
Júri:
Presidente: Doutora Maria Luísa Lopes de Castro e Brito, Professora Auxiliar com
Agregação do Instituto Superior de Agronomia da Universidade de Lisboa
Lisboa 2015
Agradecimentos
Ao Eng.º António Eduardo Leitão do IICT pela determinação dos teores de acido
ascórbico e açucares
Aos meus pais pelo amor, apoio e por investirem na minha formação académica
À minha esposa pelo amor, paciência e força mesmo nos momentos menos bons.
Sem Ti não seria possível. Muito obrigado!
i
Resumo
Com a realização deste trabalho e após análise dos resultados obtidos conclui-se que
a polpa de múcua apresenta um bom valor nutricional e que o processo de liofilização
não alterou as propriedades do fruto analisado.
ii
Abstract
The present study had as main goal the characterization of Adansonia digitata L .fruit,
focusing on three specific aspects: physical and chemical description of the fruit pulp,
extraction studies and development of drinks based on baobab pulp.
The pulp characterization, showed low values for water activity and humidity, high
content in essential minerals and a low pH. The pulp was also characterized regarding
the total phenolic compounds, vitamin C and antioxidant activity. The results showed
high values of total phenols in aqueous solutions, 512 and 603 mg EAG/100mg at
room temperature and at 37ºC respectively, an antioxidant activity of 44,36umolTE/g at
room temperature and 49,48umolTE/g to 37ºC, determined by the DPPH method and
values of vitamin C of 73mg/100 at 37ºC and 125mg/100g at room temperature.
In the extraction studies, the relation between solvent/solute was tested as well the
influence of temperature during the extractions (room temperature and 37ºC). In this
studies we were able to define the relation 3:1 (solvent/solute) and the temperature of
37ºC as the results with better yields.
The last part of this work, was the developing of two drinks based on baobab and
banana pulp.
With this work we were able to conclude that, baobab pulp presents a good nutritional
value and the lyophilization process didn’t changed the proprieties of the analyzed fruit.
Key-words: Adansonia digitata L.; Baobab fruit; Antioxidant activity; Phenolic content;
Extraction yield
iii
Extended Abstract
The garden fruits have been studied for several years and are well known that these
classes of aliments are beneficial to our health, because they are rich in vitamins,
minerals and have great antioxidant power.
With this work, we performed the physical, chemical and nutritional characterization of
baobab pulp, expecting to contribute to a better valorization and utilization of this fruit in
Angola.
This study started with the evaluation of the best ratio between solvent/solute, as well
the contribution of temperature in the extractions procedures. The results showed that
the ration solvent/solute is determinant for the extractions yields, when the increment of
temperature didn’t increased notably the extraction yields.
The fruit characterization highlighted a high content of vitamin C, low pH (acidic) and a
low water activity that may contribute for a better conservation and increase life time of
the fruit. It also showed a good mineral content, highlighting potassium, calcium and
magnesium that are essential minerals for the well shape of human organism.
This fruit, presents a total phenols content that vary between 512 and 603 mg
EAG/100mg, room temperature and 37ºC respectively, an antioxidant activity of 44,36
umol TE/g to room temperature and 49,48umol TE/g to 37ºC temperature, determined
by DPPH method,
The last part of this study, was the developing of two drinks based on baobab and
banana pulp, to see the acceptance of this new kind of beverages.
With this results, we concluded that baobab pulp presents a good nutritional value and
that should be exploited and the lyophilization process didn’t harm or change any
properties of the fruit.
iv
Índice
Agradecimentos ............................................................................................................. i
Resumo ........................................................................................................................ ii
Abstract ........................................................................................................................iii
Extended Abstract ....................................................................................................... iv
Índice de tabelas..........................................................................................................vii
Índice de figuras ......................................................................................................... viii
Lista de abreviaturas..................................................................................................... x
1. Introdução e objectivos ............................................................................................. 1
2. O embondeiro ........................................................................................................... 3
2.1 Caracterização botânica ...................................................................................... 3
2.2 Distribuição do Embondeiro em África ................................................................. 4
2.3 Aplicações ........................................................................................................... 5
2.4 Composição da Polpa da Múcua ......................................................................... 7
3. Componentes Bioactivos ........................................................................................ 10
3.1 Compostos Fenólicos ........................................................................................ 10
3.2 Ácido ascórbico ................................................................................................. 11
3.3 Actividade Antioxidante ..................................................................................... 12
3.4 Minerais............................................................................................................. 14
4. Materiais e Métodos................................................................................................ 16
4.1 Matérias-primas................................................................................................. 16
4.2 Métodos para caracterização do fruto ............................................................... 16
4.2.1 Percentagem da polpa e semente ......................................................... 16
4.2.2 Actividade da água ................................................................................ 17
4.2.3 Teor de Humidade ................................................................................. 17
4.2.4 pH.......................................................................................................... 17
4.2.5 Ácido ascórbico ..................................................................................... 17
4.2.6 Teor de açúcares ................................................................................... 18
4.2.7 Teor de cinza ......................................................................................... 18
4.2.8 Teor de Minerais .................................................................................... 18
4.3 Estudos de extracção da polpa ......................................................................... 19
4.3.1 Rendimento de extracção em função da temperatura e da razão
solvente/soluto ..................................................................................................... 19
4.3.2 Teor de sólidos solúveis ........................................................................ 19
4.3.3 Preparação do extracto para a determinação do teor fenóis totais e da
actividade antioxidante ........................................................................................ 20
v
4.4 Métodos analíticos de caracterização dos extractos liofilizados ........................ 22
4.5 Desenvolvimento de bebidas............................................................................. 23
4.5.1 Avaliação Sensorial ............................................................................... 23
5. Resultados e discussão .......................................................................................... 24
5.1 Caracterização do fruto ..................................................................................... 24
5.2 Estudos de extracção de polpa de múcua ......................................................... 27
5.2.1 Extracção em função da temperatura e da razão solvente/soluto .......... 27
5.3 Caracterização dos extractos liofilizados ........................................................... 30
5.3.1 Teor de ácido ascórbico nos extractos liofilizados ................................. 30
5.3.2 Influência da concentração de extracto liofilizado nos valores de pH e º
Brix das soluções................................................................................................. 31
5.3.3 Influência da concentração de extracto liofilizado no teor de fenóis totais
das soluções........................................................................................................ 32
5.3.4 Influência da concentração de extracto liofilizado na actividade
antioxidante nas soluções .................................................................................... 33
5.4 Desenvolvimento de bebida .............................................................................. 34
5.4.1 Caracterização da bebida a base de polpa de múcua e banana ............ 34
5.4.2 Análise sensorial ................................................................................... 35
6. Conclusões e perspectivas futuras ......................................................................... 38
7. Bibliografia .............................................................................................................. 39
8. Anexo ..................................................................................................................... 42
vi
Índice de tabelas
Tabela 4. Comparação dos valores de ácido ascórbico da polpa da múcua com outros
frutos ..........................................................................................................................9
vii
Índice de figuras
Figura 10. Comparação do teor de minerais da polpa de múcua com outros frutos
tropicais e de grande consumo ..................................................................................26
Figura 13. Teor de fenóis totais dos extractos liofilizados e da polpa de múcua em
soluções aquosas a diferentes concentrações ............................................................32
Figura 15. Resultados da análise sensorial das bebidas desenvolvidas a base de polpa
de múcua e polpa de múcua com banana .................................................................35
viii
Figura 17. Resultados da análise sensorial da bebida de múcua com banana,
distinguindo as pessoas que conhecem o fruto múcua e pessoas que não conhecem
...................................................................................................................................37
ix
Lista de abreviaturas
TE – Equivalente de Trolox
Eq – Equação
aw – Actividade da água
Abs – Absorvância
x
1. Introdução e objectivos
Actualmente existe uma vasta evidência científica que mostra que consumir
hortofrutícolas em abundância é vantajoso para a nossa saúde. As frutas e hortícolas
são ricos em vitaminas, minerais, fibras, compostos fenólicos, entre outros (Candeias
et al., 2005).
Atendendo à variabilidade de composição dos frutos e vegetais uma dieta deverá ser o
mais variada possível, integrando elementos de diferentes variedades e origens. Os
frutos tropicais são conhecidos pelas suas características sensoriais e pelos elevados
níveis de antioxidantes e outros fitoquímicos. A múcua fruto do embondeiro é um fruto
tropical ainda pouco conhecido e explorado no mundo ocidental que se afirma
promissor.
1
Face ao exposto constitui como objectivo da presente dissertação de mestrado a
valorização do fruto do embondeiro em Angola. Para cumprir objectivo principal, foram
estabelecidos os seguintes objectivos específicos:
2
2. O embondeiro
Á árvore do embondeiro é caracterizada pelo seu grande porte podendo atingir uma
altura de 25 metros. A copa é redonda, os ramos podem surgir bem distribuídos ao
longo do tronco ou limitam-se apenas ao topo. O tronco é robusto podendo apresentar
entre 10 e 28 metros de diâmetro. A casca é fibrosa, castanha avermelhada, castanha
acinzentada ou cinzenta arroxeada (Chadare, 2010). Em Angola é conhecido como
“árvore garrafa” devido à sua capacidade de retenção de água e é considerado árvore
sagrada, inspirando poesias, ritos e lendas (ANGOP, 2015). Em Angola os
embondeiros crescem em florestas, nas regiões costeiras e são comuns nas savanas.
3
Os frutos apresentam formato variável, podendo apresentar-se numa forma ovóide e
cilíndrica (Sidibe e Williams, 2002; Chadare, 2010). O fruto está contido numa cápsula
resistente, o epicarpo que varia entre 7,5 – 54 cm de comprimento e até 40 cm de
diâmetro. No interior, a polpa esta dividida em pequenos aglomerados que contêm
sementes e filamentos vermelhos que dividem a polpa em segmentos (figura 2). A
parte comestível é seca, ou seja não tem sumo; desfaz-se na boca e apresenta um
sabor adocicado e ligeiramente ácido. As sementes de coloração castanho-escura ou
preta avermelhada apresentam-se em forma de rins envolvidos pela polpa seca e
farinhenta (Sidibe e Williams, 2002). Os frutos não abrem na época da maturação, são
abertos quando quebrados ou se caírem sobre uma superfície dura (Baum, 1995,
citado por Chadare, 2010).
a) b) c)
4
Tabela 1- Distribuição do Embondeiro em África (Sidibe e Williams, 2002)
Tipo Países
Angola, Benim, Botswana, Burkina Faso,
Camarões, Cabo Verde, Chade, Congo,
Costa do Marfim, Etiópia, Eritreia, Gambia,
Espécies consideradas Indígenas Gana, Guine, Quénia, Malawi, Mali,
Mauritânia, Mozambique, Namíbia, Níger,
Nigéria, Senegal, Serra Leoa, Somália, Africa
do Sul,Sudão, Tanzânia, Togo, Zâmbia,
Zimbabwe.
Republica Centro Africana, Cômoros, Egipto,
Espécies consideradas introduzidas Gabão, Madagáscar, São Tomé e Príncipe,
Republica Democrática do Congo.
2.3 Aplicações
A polpa do fruto, sementes e folhas são diariamente utilizados por populações rurais
de África.
Em alguns países Africanos a polpa é usada como substituto do leite para bebés,
devido ao teor de cálcio que apresenta (Donkor et al., 2013).
Os sumos caseiros à base de múcua em Angola são preparados com água quente
previamente fervida ou à temperatura ambiente, na qual se junta múcua para dissolver
5
a polpa com a ajuda de alguma agitação, facilitando também a separação das
sementes. Ao extracto obtido pode adicionar-se açúcar e depois de arrefecido obtém-
se uma bebida fresca com características únicas.
Em termos de medicina tradicional, o óleo extraído das sementes é usado como elixir
para aliviar dores nas gengivas inflamadas (Sidibe e Williams, 2002).
6
2.4 Composição da Polpa da Múcua
7
Tabela 3- Composição de alguns frutos tropicais (TCA, INSA)
Magnésio (mg/100g) 13 28 13
Segundo Manfredini, (2002) a polpa da múcua contém cerca de 50% de fibras, dos
quais 25% são solúveis em água e 25% insolúveis. Estudos mostram que a ingestão
de fibras alimentares em quantidades adequadas tem uma acção benéfica no
organismo, contribuindo para a prevenção de doenças (Santos, 2013). As fibras
solúveis, no tracto gastrointestinal retardam o esvaziamento gástrico e o tempo de
trânsito intestinal, diminuindo o ritmo de absorção de glicose e colesterol (Mendes,
2011). São considerados prebióticos, uma vez que ao serem fermentados pelas
bactérias estimulam o crescimento e a actividade de bactérias benéficas do trato
gastrointestinal. As fibras insolúveis são pouco fermentáveis e aceleram o tempo de
trânsito intestinal devido a absorção da água. Reduzem a obstipação intestinal e
aumentam a protecção contra infecções bacterianas (Mendes, 2011; Donatto et al.,
2006).
8
Tabela 4 – Comparação dos valores de ácido ascórbico da polpa da múcua com outros frutos
(Besco et al. 2007)
9
3. Componentes Bioactivos
Estudos apontam para efeitos benéficos dos compostos fenólicos para a saúde
humana, associado a propriedades, anti-alérgicas, anti-inflamatórias e capacidade
antioxidante (Teixeira, 2011).
10
Figura 4 – Estrutura molecular dos ácidos hidroxibenzoicos e ácidos hidroxicinâmicos
hidroxicin
respectivamente (Ramalho ett al., 2006)
Os flavonóides
avonóides são compostos de baixa massa molecular, com 15 átomos de carbono
(C6 – C3 – C6) e constituído por dois anéis aromáticos, denominados anel A e B,
unidos por três carbonos que formam um anel heterocíclico, denominado anel C,
conforme a figura 5 (Angelo
Angelo et al., 2007). Os flavonóides podem ainda dividir-se
dividir em
classes, consoante as moléculas que constituam o anel C e pela posição da ligação ao
anel B representados podendo obter-se
obter deste modo, flavonas, flavanonas, flavanóis,
isoflavonas e antocianidinas (Almeida, 2012).
O ácido ascórbico, conhecido vulgarmente por vitamina C, faz parte das vitaminas
hidrossolúveis essenciais na dieta dos seres humanos, uma vez que não têm
capacidade para sintetiza--lo.. Apresenta duas formas biologicamente activas: o ácido
L-ascórbico e o ácido L-dehidroascórbico
dehidroascórbico (figura 6).
). Pode ser encontrada na natureza
nos produtos hortofrutícolas em concentrações variáveis. É importante na defesa do
organismo contra os radicais livres, tendo em conta que tem actividade antioxidante.
11
Figura 6 - Formulas estruturais do ácido ascórbico e dehidroascórbico
(http://www.scielo.org.ar/scielo.php?pid=S0325-
29572007000400010&script=sci_arttext)
São obtidos através da alimentação, sendo encontrados na sua maioria nos vegetais,
o que explica parte das acções saudáveis que as frutas, legumes exercem sobre o
organismo (Sousa et al., 2011).
12
hidrogénio a estas moléculas, interrompendo a reacção em cadeia (tabela 5) (Ramalho
et al., 2006).
ROO • + AH ROOH + A•
R• + AH RH+A•
• •
Onde: ROO e R - radicais livres; AH – antioxidante com o átomo de hidrogénio activo
•
e A - radical livre.
O excesso de radicais livres, como por exemplo espécies reactivas de oxigénio (ROS),
incluindo superóxido (O-2), peróxido de hidrogénio (H2O2) e os radicais peróxidos
lipídicos, têm sido associado ao envelhecimento e à ocorrência de doenças
degenerativas, tais como cancro, doenças cardiovasculares e doenças neurológicas
(Costa, 2013).
13
3.4 Minerais
Com base na dose diária recomendada de alguns minerais (Tabela 6), constata-se
que o consumo de 100 g de múcua consegue satisfazer as necessidades diárias de
potássio, ferro, magnésio e mais de metade da dose diária recomendada de cálcio
para crianças até três anos. Em adultos, o consumo de 100 g de polpa de múcua
satisfaz mais de metade da dose diária recomendada para o ferro e potássio e um
terço da dose diária recomendada para o cálcio.
14
Tabela 6 – Dose diária recomendada de alguns minerais (adaptado de Falcato, 2014)
Ferro (mg) 8 14
15
4. Materiais e Métodos
1. Caracterização do fruto
4.1 Matérias-primas
A matéria-prima base do presente trabalho foi a múcua. A múcua foi adquirida num
mercado local em Luanda, Angola e transportado por via aérea até Lisboa. O fruto foi
conservado no Laboratório “Ferreira Lapa” do Pavilhão de Agro-Industrias e
Agronomia Tropical do Instituto Superior de Agronomia à temperatura ambiente até a
sua utilização.
16
4.2.2 Actividade da água
(Eq.1) −
% = × 100
4.2.4 pH
A determinação de ácido ascórbico foi efectuada por HPLC. Pesaram-se cerca de 0,5
g de polpa, que se dissolveram em 10 mL de solução de ácido meta-fosfórico
(preparado com 7,5 g de ácido meta-fosfórico + 20 mL ácido acético glacial + água
ultrapura até perfazer 100 mL, em balão volumétrico). Agitou-se durante 15 minutos e
centrifugou-se durante 5 minutos (1000g, 4 ºC). Filtrou-se antes de injectar no HPLC
(Cromatógrafo Beckman Coulter System Gold, com detector de fotodiodos, coluna
17
Spherisorb ODS2 de 5 micra (Waters) à temperatura ambiente (25ºC), solvente água
ultrapura acidificada com ácido sulfúrico até pH 2,2, fluxo de 1 mL/minuto).
Efectuaram-se três determinações para cada amostra.
(Eq.2) % = × 100
! " #$
18
A amostra é atomizada na chama, onde os seus átomos são reduzidos ao estado
atómico, através da qual é emitido, por uma lâmpada com um cátodo do mesmo
elemento que se pretende analisar, um feixe de radiação que passa por um
monocromador atingindo um detector. Os átomos absorvem a radiação no
comprimento de onda característico de cada elemento a analisar e a redução de
energia da radiação naquele comprimento de onda quantifica o elemento na amostra
(Costa, 2013). As determinações foram realizadas em triplicado.
Para o caso da razão solvente/soluto de 3:1, foi avaliado o teor de sólidos solúveis
com o refractómetro ATAGO. Procedeu-se a medições de 10 em 10 minutos até 100
19
minutos. Os resultadoss foram expressos em º Brix, correspondendo à percentagem de
sólidos solúveis por 100 g de produto.
produto As medições foram realizadas em duplicado.
O extracto obtido
ido anteriormente foi centrifugado durante 30 minutos. O sobrenadante
resultante foi reservado para a determinação dos fenóis totais e da actividade
antioxidante.
Para a quantificação dos fenóis totais existentes no extracto foi utilizado o método
directo de Ribéreau-Gayon
Gayon (1970) descrito por Costa, 2013.. O método consiste na
adição de um determinado volume de água destilada na amostra em análise,
formando
do uma solução que é analisada em espectrofotómetro num comprimento de
onda de 280 nm em cuvetes de quartzo.
quartzo Os resultados obtidos foram expressos em
equivalente de ácido gálico (EAG) por grama de matéria
matéria seca, de acordo com a curva
de calibração preparada a partir de uma solução – mãe de ácido gálico de 30 mg/L.
(figura 7).
20
4.3.3.2 Determinação da Actividade Antioxidante
(Eq.4)
21
UV/VIS Spectrometer UV4) a 517 nm, não ultrapassando os 1,1 e tendo sido utilizado
uti
o metanol como branco.
22
4.5 Desenvolvimento de bebidas
As duas formulações foram caracterizadas a nível de pH, TSS, fenóis totais, actividade
antioxidante e também foi realizada a análise sensorial com objectivo de avaliar a
preferência dos consumidores.
23
5. Resultados e discussão
No que concerne aos açucares, verificou-se que o fruto apresenta um teor de glicose e
frutose de 4,8 e 4,7 g/100g respectivamente e de 3,9 g/100g de sacarose. Estes
valores confirmam o sabor ligeiramente doce que o fruto apresenta. Contudo estes
valores podem apresentar variações dependendo do grau de maturação dos frutos e
condições edafoclimaticas.
O fruto da múcua apresentou um teor de vitamina C de 52,8 mg/ 100 g, valor muito
inferior quando comparado com os apresentados na literatura. Como a polpa do fruto
esteve sujeita a temperaturas elevadas em Luanda/Angola onde foi adquirido e a um
longo período de armazenamento até a sua utilização pode explicar em parte o
resultado obtido, uma vez que a vitamina C é muito instável degradando-se facilmente
quando sujeito as condições anteriormente mencionadas.
Em relação ao teor mineral os resultados obtidos provam que a polpa da múcua é uma
excelente fonte de potássio (importante para o bom funcionamento do organismo
participando na regulação dos líquidos corporais e na síntese proteica), de cálcio
(intervêm na constituição do tecidos ósseos, dentes, na contracção muscular e
sistema nervoso), de magnésio (participa no relaxamento muscular).
24
Tabela 7- Caracterização da polpa de múcua
Comparativamente com frutos como a banana, kiwi, maçã, manga e laranja, a polpa
da múcua apresenta valores superiores em todos os minerais analisados destacando-
se o teor de potássio que por vezes atinge o triplo do verificado por exemplo na
banana, fruto conhecido pela sua riqueza neste mineral.
25
1600,00
Fruto (mg/100g) 1400,00
1200,00
1000,00
800,00
600,00
400,00
200,00
0,00
Sódio Potássio Cálcio Magnésio Ferro Zinco
Polpa de Múcua( neste
18,74 1399,02 69,62 127,73 4,25 1,12
trabalho)
Laranja 4,00 159,00 35,00 11,00 0,20 0,10
Kiwi 9,00 302,00 19,00 18,00 0,40 0,20
Banana 6,00 425,00 8,00 28,00 0,40 0,20
Maça 6,00 139,00 6,00 8,00 0,20 0,00
Manga 14,00 115,00 9,00 13,00 0,20 0,10
Figura 10 - Comparação do teor de minerais da polpa de múcua com outros frutos tropicais e
de grande consumo (TCA, INSA)
No estudo sobre múcua da Costa do Marfim realizado por Ibrahima et al., (2013)
obtiveram teores de potássio e cálcio de 1528 e 345 mg/100g de fruto
respectivamente, que correspondem a valores superiores aos verificados na amostra
em análise. No mesmo estudo foram observados teores de sódio, ferro e magnésio de
2,3, 10 e 199 mg/100g respectivamente, onde os teores de magnésio e ferro
apresentaram valores superiores aos obtidos na amostra em estudo. Apenas o sódio
apresentou um valor inferior ao obtido de 18,7 mg/100g.
Pelo exposto pode-se afirmar que a múcua apresenta uma composição mineral
dependente das condições edafoclimaticas, tal como a maioria dos frutos.
26
5.2 Estudos de extracção
extrac de polpa de múcua
5.2.1 Extracção
xtracção em função da temperatura e da r
razão
solvente/soluto
A análise
nálise da Figura 11 permite observar que a temperatura, dentro das gamas
testadas não exerceu qualquer efeito sobe o rendimento de extracção. A razão
solvente/soluto, pelo contrário, revelou-se
revelou se uma variável importante. A razão 3:1
permitiu maiores rendimentos de extracção (24 e 26 %) ao passo que na
n razão 2:1 o
rendimento não ultrapassou os 16%.
Face aos resultados o trabalho prosseguiu com extracções com a razão solvente/
soluto de 3:1.
O estudo de extracção com razão solvente/soluto 3:1 foi efectuado tendo como
resposta o teor de sólidos solúveis (ºBrix). Na Figura 12 pode observar-se
observar que o
equilíbrio,, ponto de saturação nas condições testadas, se atinge sensivelmente ao
mesmo tempo para ambas as temperaturas, entre os 60 e 80
0 minutos. A todos os
27
tempos analisados o teor TSS foi superior a 37ºC. De referir que os acréscimos
verificados com o aquecimento poderão não ter significado que justifique o consumo
energético.
12
10
8
º Brix
6
Temperatura Ambiente
4 Temperatura de 37ºC
0
0 20 40 60 80 100 120
Tempo ( minutos)
28
No estudo realizado por Ribeiro, (2012) com amostra proveniente de Angola
(Benguela), obteve-se um valor de teor fenóis totais de 122 mg EAG/100g, valor muito
inferior ao obtido no presente estudo. No estudo com frutos da Costa do Marfim,
realizado por Ibrahima et al., (2013), obtiveram um teor de fenóis 1085 mg/100g, um
valor muito superior aos obtidos no presente estudo.
No estudo realizado por Ibrahima et al., (2013), o valor da actividade antioxidante foi
de 109 umol TE/g correspondendo ao dobro dos valores obtidos no presente estudo.
Num outro estudo de Besco et al., (2006), determinaram a actividade antioxidante da
múcua, kiwi, laranja e morango e obtiveram valor de 25, 0,27, 0,29 e 0,36 umol TE/g
respectivamente.
29
5.3 Caracterização dos extractos liofilizados
Sendo o ácido ascórbico uma vitamina hidrossolúvel e tendo sido utilizada a água
como solvente no processo de extracção, pode ter permitido a obtenção de extractos
com uma elevada concentração de ácido ascórbico disponível. Por outro lado, grande
parte das partículas e impurezas foram eliminadas antes da liofilização, não
interferindo no método de quantificação do ácido ascórbico, o que provavelmente se
verificou na polpa do fruto.
Tabela 9 - Teor de ácido ascórbico nos extractos liofilizados obtidos a temperatura ambiente e
a 37º.
Com base nos resultados obtidos pode-se afirmar que os extractos liofilizados de
múcua são uma excelente fonte de vitamina C.
30
5.3.2 Influência da concentração de extracto liofilizado nos valores
de pH e º Brix das soluções
Com base nos resultados pode-se afirmar que os processos de extracção e liofilização
não interferem muito no pH da amostra, mantendo um pH entre 3,3 e 3,5 nas soluções
testadas. Verificou-se também que com o aumento da concentração da polpa ou
extracto liofilizado de múcua há um ligeiro decréscimo do valor de pH nas soluções
testadas.
Valores de pH
Valores de ºBrix
31
No que concerne ao º Brix, a polpa do fruto apresentou para todas as concentrações
testados valores inferiores em relação aos extractos liofilizados. Isto pode dever-se ao
facto das polpas liofilizadas terem sido extraídos durante 60 minutos, o que pode ter
permitido uma maior extracção dos sólidos solúveis e por não conterem fibra insolúvel
em comparação com a polpa do fruto.
600
500
Teor de fenóis Totais (mg EAG/L)
400
Polpa de múcua
300
Liofilizado obtido a
Temperatura Ambiente
200
Liofilizado obtido a
temperatura de 37ºC
100
0
6 10 20
[amostra] mg/mL
Figura 13 - Teor de fenóis totais dos extractos liofilizados e da polpa de múcua em soluções
aquosas a diferentes concentrações
32
Com base nos resultados pode-se concluir que as polpas liofilizadas obtidas à
temperatura ambiente e a 37ºC apresentam bons níveis de fenóis totais, podendo-se
considerar que mantém todas as propriedades da polpa do fruto.
1200,000
Actividade antioxidante (uM TE)
1000,000
800,000
Polpa de múcua
600,000
Liofilizado obtido a
400,000 temperatura ambiente
Liofilizado obtido a
200,000 temperatura de 37ºC
0,000
6 10 20
[amostra] mg/mL
33
5.4 Desenvolvimento de bebida
No que concerne ao teor de fenóis totais a bebida à base de múcua com banana
apresenta um teor de 778,57 mg EAG/L, valor superior ao apresentado pela bebida de
múcua.
Com base nos resultados, pode-se concluir que as duas bebidas à base se múcua
apresentam uma actividade antioxidante elevada e um pH ácido.
Tabela 11- Caracterização das bebidas desenvolvidas a base de polpa de múcua e banana
34
5.4.2 Análise sensorial
Ainda quanto
o ao gosto e intenção de compra, os consumidores atribuíram pontuações
de 3,8 e 3,56 respectivamente à bebida à base de múcua e banana, que corresponde
a classificações superiores aos verificados
verific na bebida à base de polpa de múcua de
3,0 e 3,02 para o gosto e intenção de compra respectivamente.
Tendo em conta que 62% dos inqueridos não conheciam a polpa de múcua e para
uma melhor análise optou--se
se por dividir o grupo de consumidores em duas
dua partes, em
pessoas que conheciam
m e não o fruto múcua, conforme descrito nas figuras 16 e 17.
35
Figura 16 - Resultados da análise sensorial da bebida de múcua, distinguindo as pessoas que
conhecem o fruto múcua e pessoas que não conhecem.
conhecem
36
Figura 17 - Resultados da análise sensorial da bebida de múcua com banana, distinguindo as
pessoas que conhecem o fruto múcua e pessoas que não conhecem
Da análise sensorial realizada perece poder concluir-se que o painel preferiu a bebida
à base da mistura de polpa de múcua com banana em relação à bebida apenas feita à
base de polpa de múcua.. Por outro lado, verificou-se que os consumidores que já
conheciam o fruto múcua aprovam melhor as duas bebidas desenvolvidas,
desenvolvidas enquanto
os restantes preferem a bebida de múcua com banana.
banana
37
6. Conclusões e perspectivas futuras
38
7. Bibliografia
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8. Anexo
42