Livia Alves Barroso
Livia Alves Barroso
Livia Alves Barroso
Diamantina
2020
Lívia Alves Barroso
Diamantina
2020
Dedico este trabalho a todas as pessoas que amo.
Em especial aos meus pais e meu irmão
por todo o apoio, incentivo, suporte,
amor, carinho e cuidado.
AGRADECIMENTOS
A extração a frio é um método que pode ser aplicado ao café sem o uso de altas temperaturas
e, assim, consegue preservar os compostos voláteis do café. Entretanto, esse não é o método
padrão para a extração do café e, portanto, é necessário um processo de otimização das
condições de processo. Neste estudo, os parâmetros para obtenção do café extraído a frio
(Coffea arabica), foram otimizados para obter um extrato de café rico em cafeína e sólidos
solúveis. A otimização dos parâmetros do processo foram realizadas utilizando a Metodologia
de Superfície de Resposta através de um Delineamento Compostos Central Rotacional. Foram
estudados os efeitos do tempo de extração, tamanho de partícula do grão de café, temperatura
de extração, razão café/água, agitação para a concentração de cafeína, sólidos solúveis e o
rendimento sobre a concentração de cafeína. De acordo com os resultados obtidos neste trabalho
foi possível verificar uma redução no tempo de extração a frio convencional, exigindo apenas
45 minutos para realização da extração a frio, resultados diferentes de estudos anteriores que
exigiram pelo menos 6 horas de processo. Os resultados obtidos no extrato otimizado
demonstraram que a temperatura de extração entre 4 ºC e 24 ºC não apresentou diferença
significativa (p<0,05) no processo de extração. A validação foi realizada com 24 ºC, 30% de
razão café/água e 400 rpm, e essas condições apresentaram extratos com 3,98 mg/mL de
cafeína, 11,20 ºBrix de sólidos solúveis e 90% de rendimento. O objetivo do trabalho após a
otimização foi realizar uma liofilização do extrato para obtenção de um café solúvel, portanto
foram adicionados crioprotetores (manitol e frutose) no café e realizada a extração e posterior
caracterização do extrato quanto a concentração de cafeína, capacidade antioxidante (método
DPPH), compostos fenólicos totais, sólidos solúveis, pH e atividade antimicrobiana. Os extratos
não apresentaram atividade antimicrobiana, mas apresentaram alto teor de sólidos solúveis para
cafés arábica, concentração de cafeína, capacidade antioxidante e compostos fenólico totais
demonstrando que o método de extração a frio foi eficiente. Com relação ao café liofilizado foi
realizada uma caracterização do liofilizado com os crioprotetores em relação a atividade de
água, umidade, atividade antimicrobiana, atividade antioxidante, compostos fenólicos totais,
solubilidade, molhabilidade e morfologia das partículas. Os cafés liofilizados também não
apresentaram atividade antimicrobiana, se mantiveram nos padrões de atividade de água e
umidade definidos pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária porém a amostra de frutose
apresentou umidade superior ao valor limite pela legislação brasileira (<5%). Em geral, nas
análises realizadas observou-se uma influência ruim dos crioprotetores no extrato e no café
liofilizado, onde o extrato do café sem crioprotetor apresentou maior capacidade antioxidante
(88,12%) e maior conteúdo de compostos fenólicos (7,74 mgAG/mL do extrato), apenas para
a análise de sólidos solúveis os crioprotetores manitol e frutose apresentaram bons resultados
em relação ao extrato sem crioprotetor (14,03 ºBrix, 14,40 ºBrix, 11,33 ºBrix, respectivamente).
O elevado resultado com relação a capacidade antioxidante e concentração de cafeína do café
extraído a frio demonstraram boa qualidade e eficiência do processo e para as análises
realizadas os crioprotetores não apresentaram vantagem na utilização.
Palavras chave: Atividade Antioxidante. Café arábica. Café Instantâneo. Cafeína. Crioprotetor.
HPLC.
ABSTRACT
Cold brew is a method that can be applied to coffee without the use of high temperatures and,
thus, it manages to preserve the volatile compounds of coffee. However, this is not the standard
method for extracting coffee and, therefore, a process to optimize process conditions is
necessary. In this study, the parameters for obtaining cold extracted coffee (Coffea arabica),
were optimized to obtain a coffee extract rich in caffeine and soluble solids. The optimization
of the process parameters were performed using the Response Surface Methodology through a
Central Rotational Composite Design. The effects of the extraction time, particle size of the
coffee bean, extraction temperature, coffee / water ratio, agitation for the concentration of
caffeine, soluble solids and the yield on the concentration of caffeine were studied. According
to the results obtained in this work, it was possible to verify a reduction in the conventional
cold extraction time, requiring only 45 minutes to perform the cold extraction, different results
from previous studies that required at least 6 hours of process. The results obtained in the
optimized extract showed that the extraction temperature between 4 ºC and 24 ºC did not show
any significant difference (p <0.05) in the extraction process. The validation was performed
with 24 ºC, 30% coffee / water ratio and 400 rpm, and these conditions presented extracts with
3.98 mg / mL of caffeine, 11.20 ºBrix of soluble solids and 90% of yield. The objective of the
work after optimization was to lyophilize the extract to obtain a soluble coffee, therefore
cryoprotectants (mannitol and fructose) were added to the coffee and the extraction and further
characterization of the extract was performed in terms of caffeine concentration, antioxidant
capacity (method DPPH), total phenolic compounds, soluble solids, pH and antimicrobial
activity. The extracts did not show antimicrobial activity, but they did have a high content of
soluble solids for arabica coffee, caffeine concentration, antioxidant capacity and total phenolic
compounds, demonstrating that the cold extraction method was efficient. Regarding lyophilized
coffee, a characterization of the lyophilized coffee was performed with cryoprotectants in
relation to water, humidity, antimicrobial activity, antioxidant activity, total phenolic
compounds, solubility, wettability and particle morphology. Freeze-dried coffees also did not
show antimicrobial activity, they maintained the water and humidity activity standards defined
by the National Health Surveillance Agency, but the fructose sample showed humidity higher
than the limit value by Brazilian legislation (<5%). In general, in the analyzes performed, there
was a bad influence of cryoprotectants on the extract and on freeze-dried coffee, where the
coffee extract without cryoprotectant had a higher antioxidant capacity (88.12%) and a higher
content of phenolic compounds (7.74 mgAG / mL of the extract), only for the analysis of soluble
solids the cryoprotectants mannitol and fructose showed good results in relation to the extract
without cryoprotectant (14.03 ºBrix, 14.40 ºBrix, 11.33 ºBrix, respectively). The high result in
relation to the antioxidant capacity and caffeine concentration of cold extracted coffee
demonstrated good quality and efficiency of the process and for the analyzes carried out, the
cryoprotectants did not present an advantage in the use.
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................... 19
2 OBJETIVOS ........................................................................................................................ 21
3.2.1 Carboidratos............................................................................................................ 23
5.1.1 Cinética de extração inicial de cafeína e sólidos solúveis do Cold brew .............. 52
6 CONCLUSÃO...................................................................................................................... 79
REFERÊNCIAS ..................................................................................................................... 81
19
1 INTRODUÇÃO
recorde do ano anterior (FULLER; RAO, 2017). Esse aumento no consumo tem relação direta
com o fato de que processos com menores temperaturas e mais lentos mantém o sabor, aroma
e compostos bioativos, além de tornar a bebida do café mais doce, suave e mais encorpada do
que o café extraído convencionalmente (CORDOBA et al., 2019; WUERGES et al., 2020). Isto
corrobora com a tendência de expandir a extração a frio também para o processo de café solúvel
liofilizado.
21
2 OBJETIVOS
3 REFERENCIAL TEÓRICO
3.1 Café
O café é uma das bebidas mais populares e consumidas em todo o mundo, sendo as
espécies mais famosas de café pertencentes à família Rubiaceae, Coffea arabica e Coffea
canephora, popularmente denominadas como café arábica e café robusta, respectivamente. A
produção do café arábica supera em 50% a produção do café robusta ao redor do mundo. Entre
os séculos XX e XXI a produção cafeeira tornou-se a segunda comódite mais valiosa exportada
pelos países em desenvolvimento, além da exportação de café ter sido a principal exportação
agrícola do Brasil e de outros onze países em 2004. Nas últimas décadas o mercado de café
quase dobrou sua produção (ANASTOPOULOS et al., 2017).
Os países mais populares e pioneiros na produção de café em grãos foram Brasil,
Colômbia, Etiópia, Honduras, Índia, Indonésia e Vietnã. Segundo a organização internacional
do café (ICO) em 2016, 80% do café produzido globalmente foi proveniente de cerca de dez
países, sendo o Brasil o principal país exportador de café, com uma produção de 2.859.502
toneladas de café por ano (KARMEE, 2017).
Independente da espécie, a cereja do café apresenta a película prateada exterior ou
também denominada pericarpo resistente, normalmente verde em frutos imaturos, mas que após
a maturação da fruta sua coloração varia para vermelho ou amarelo (dependendo dos genótipos
da fruta). O pericarpo cobre a polpa mole ou o mesocarpo externo, após o pericarpo existe uma
camada de pectina e um endocarpo fino amarelado, também chamado de pergaminho.
Finalmente, o endosperma cobre cada hemisfério do grão de café (Figura 1) (ESQUIVEL;
JIMÉNEZ, 2012).
Uma das bebidas mais presentes no nosso cotidiano é o café, fato este que está
relacionado com o aroma e sabor característico da bebida, além das propriedades estimulantes
que apresenta grande apreciação pelos consumidores. Reconhecido por causa da cafeína, o café
corresponde a uma mistura complexa de milhares de compostos. Estão presentes nos grãos de
café os carboidratos, os lipídios, as proteínas, as vitaminas e minerais como potássio e magnésio
(SHARIF et al., 2017).
O café também é rico em antioxidantes e uma mistura complexa de compostos
bioativos como o ACG e diterpenos. Ademais, o conteúdo de cafeína e ACG depende das
espécies de café (BAE et al., 2014; MORISCO et al., 2014; SHARIF et al., 2017).
3.2.1 Carboidratos
3.2.2 Proteínas
Nos grãos de café verde a maioria dos componentes é polissacarídeos insolúveis, como
celulose e hemiceluloses, representando aproximadamente 50% do fruto (AGUIAR;
ESTEVINHO; SANTOS, 2016). Além dos polissacarídeos insolúveis os grãos de café também
24
apresentam cerca de 12% de proteína (ANASTOPOULOS et al., 2017), onde segundo Baú,
Mazzafera e Santoro (2001) a proteína tem indicações na qualidade da bebidas. A localização
das proteínas nos grãos do café está presente principalmente no limite do citoplasma ou ao redor
dos polissacarídeos da parede celular
Normalmente no processo de secagem os grãos de café apresentam alta atividade
metabólica. Que envolve as reações de interconversão de açúcares de baixo peso molecular
(glicose, frutose e manose) e hidrólise de proteínas, que tem como consequência o acúmulo de
uma variedade de aminoácidos livres (POISSON et al., 2018).
As proteínas são componentes que participam na formação do aroma e sabor
característico do café e, com a torrefação, estas desnaturam/degradam em temperaturas
inferiores à da pirólise, ocorrendo a hidrólise das ligações peptídicas das moléculas proteicas
com liberação de aminas e carboxilas, e a influência da severidade da torrefação é observada
de acordo com a quantidade de aminoácidos obtidos. Os aminoácidos livres não degradados
podem ser combinados com outros componentes e gerar uma mistura complexa de voláteis e
não voláteis, que está diretamente relacionada com a qualidade aromática da bebida. Além disso
durante a torrefação algumas proteínas também interagem com carboidratos (reação de
Maillard) ou com compostos fenólicos (TOCI; FARAH; TRUGO, 2006).
3.2.3 Lipídios
O endosperma do grão de café cru é o local onde os lipídios são alocados, mas uma
pequena quantidade do óleo do café está localizada na camada externa do grão. Além disso, as
espécies de café mais importantes, arábica e robusta, contêm entre 7 e 17% de lipídeos, onde o
café arábica tem mais lipídios do que o café robusta cerca de 15% e 10%, respectivamente. O
óleo de café é composto principalmente de triacilgliceróis com ácidos graxos em quantidades
correspondentes aos encontrados em óleos vegetais comestíveis comuns. A composição da
fração lipídica do grão de café cru é dada na Tabela 1 (SPEER; KÖLLING-SPEER, 2006).
25
3.2.4 Cafeína
A diferença entre o café arábica e robusta pode ser facilmente contrastada pelo seu
conteúdo em cafeína e aminoácidos livres totais. O café robusta tem um teor mais alto de cafeína
do que o café arábica, com uma margem de 0,1-0,2% de diferença. Uma bebida produzida com
café arábica pode conter de 36 a 112mg.100mL-1 de cafeína, enquanto o Robusta pode variar
de 56 a 203mg.100mL-1 (FROST-MEYER; LOGOMARSINO, 2012; ZAIN; SHORI; BABA,
2017).
A cafeína corresponde ao composto do café responsável pela sensação de amargor.
Representado como um dos gostos básicos, o gosto amargo, tem a percepção variada entre as
pessoas, essa diferença em grande parte está relacionada à variação genética dos receptores
sensoriais. O gosto amargo normalmente aparece a medida que substâncias químicas entram
em contato com receptores amargos nas células gustativas, que no caso do consumo do café é
quando a cafeína entra em contato com os receptores amargos das células gustativas.
(LIPCHOCK et al., 2017). O amargor do café depende da concentração de cafeína (KEAST,
2003).
Além disso, a cafeína corresponde uma das drogas psicoativas mais frequentemente
consumidas mundialmente, com importantes efeitos antiapoptóticos, que é uma prevenção a
morte celular. Também apresenta efeitos antimutagênicos que impedem a transformação de
células malignas, levando a uma diminuição no risco de desenvolver câncer colorretal, fígado,
rins, câncer pancreático e outros tumores sólidos (SHARIF et al., 2017).
Outros componentes presentes nos grãos de café, mas não menos importantes, são os
compostos fenólicos. Os compostos fenólicos, devido a sua estrutura e característica molecular,
conferem propriedades antioxidantes tanto para os alimentos como para o organismo
(SOARES, 2002). Dentre estes, o ácido clorogênico (ACG) é o principal polifenol presente no
café. A capacidade antioxidante do café é influenciada por sua composição e varia de acordo
com o grau de torrefação, de modo que a capacidade antioxidante máxima é obtida no café com
grau de torra média (BAE et al., 2014). No entanto, em relação à capacidade antioxidante do
grão de café verde arábica e robusta, o robusta tem uma capacidade antioxidante duas vezes
maior. Porém após a torrefação, essa diferença torna-se insignificante (ZAIN; SHORI; BABA,
2017).
As substâncias antioxidantes presentes no café têm um papel indispensável na
eliminação de radicais livres, bem como na indução da ativação de enzimas de reparo e
27
desintoxicação do DNA. Também pode reduzir a inflamação crônica, como diabetes, artrite,
aterosclerose e câncer, com algum grau de inflamação em sua gênese. Devido a sua ampla
utilização, o café é considerado um dos principais contribuintes de fitoquímicos redox-ativos
na dieta (FROST-MEYER; LOGOMARSINO, 2012; MORISCO et al., 2014; SHARIF et al.,
2017).
Além de ser conhecido como um antioxidante ativo que pode causar benefícios à saúde
de pessoas consumidores de café, o ácido clorogênico é um dos compostos responsáveis pela
transmissão do amargor para o café (SATO et al., 2011). Os aumentos nas temperaturas de
torrefação estão correlacionados a uma diminuição nas concentrações de ácido clorogênico
extraível e a um aumento nas concentrações de cafeína (MORONEY et al., 2017).
Presente em grãos de café torrados, as melanoidinas conhecidas por exercer
capacidade antioxidante também são responsáveis pelo desenvolvimento de cor e textura em
alimentos termicamente processados, além de poderem ligar sabores e quelatos de íons
metálicos (ÇELIK et al., 2018).
O aumento no consumo de café nos últimos anos tem uma grande relação com as
recentes evidências de seus benefícios à saúde, como a contribuição do café ao consumo de
antioxidantes na dieta. Além de ter atraído grupos de pesquisa por ser uma mistura complexa
de compostos bioativos e exercer diferentes efeitos fisiológicos (PÉREZ-MARTÍNEZ et al.,
2010).
Estudos recentes avaliam e associam o consumo de café com a incidência reduzida de
várias doenças crônicas, como diabetes, doenças cardiovasculares e doenças
neurodegenerativas. Entretanto, é importante enfatizar que o consumo de café depende do modo
como o café é preparado e consumido, mas independente disso, o consumo de café (cafeinado
ou descafeinado) foi inversamente associado à mortalidade total em grandes estudos
populacionais (MORISCO et al., 2014; SHARIF et al., 2017).
Além de ser conhecido pela presença de cafeína e propriedades antioxidantes (ACG,
ácidos hidroxicinâmicos e melanoidinas), o café também contém compostos importantes como
flavonoides (catequinas e antocianinas), ácido cafeico e ferúlico e compostos biologicamente
ativos como ácido nicotínico, trigonelina, ácido quinolínico, ácido tânico e ácido pirogálico.
Efeitos estimulantes observados no trato gastrointestinal e no fígado, redução no nível
plasmático de glicose, associação inversa com a prevalência de hiperglicemia de jejum e menor
28
processamento da fruta, que pode ser por dois métodos básicos de processamento, o método
úmido e o método seco. Quando comparados, há diferenças em complexidade e na qualidade
do café e do extrato dependendo do método utilizado (ESQUIVEL; JIMÉNEZ, 2012;
MURTHY; NAIDU, 2012).
3.4.2 Torrefação
O processo para produzir as bebidas de café é uma ciência que requer muitos passos,
dependendo dos resultados ou objetivos necessários. É crucial para a produção de cafés de alta
qualidade que todos os passos sejam realizados ao máximo cuidado de acordo com os
procedimentos recomendados (MURTHY; NAIDU, 2012). Dependendo do método de extração
e concentração de café, há diferença na extração do polifenol, teor de cafeína, sólidos totais,
capacidade antioxidante e perfil volátil, o que afeta a qualidade da bebida final do café
(ANGELONI et al., 2019a).
32
Correspondente a um dos cafés mais apreciado pelos países europeus, o termo café
Expresso; é derivado da rapidez com que é feito. É preparado a partir de grãos de café torrados
e moídos. Uma quantidade limitada de água quente pressurizada se infiltra rapidamente através
do café moído para produzir uma pequena xícara de bebida espumosa e bastante concentrada.
No café expresso toda grama de café moído se transforma em 2 gramas de líquido na bebida
final, o que torna a fórmula dessa extração 50% mais forte. Normalmente está extração é
realizada por uma máquina de barra convencional onde usa pressão de água a 9 bar
(ANGELONI et al., 2019b).
O chamado café Longo torna-se uma alternativa, uma vez que nem todas as pessoas
gostam de bebidas tão intensas como o café Expresso. Este tipo de café é caracterizado por uma
proporção diferente de água e café moído e uma quantidade de liquido final maior do que o
expresso, aproximadamente 100 – 250 mL de extrato; o tamanho do copo depende dos hábitos
culturais. Para preparar o café Longo, podem ser usadas grandes quantidades de métodos de
filtração, como a maceração usando uma prensa francesa, filtração ou gotejamento na técnica
Hario V60 e Aeropress (ANGELONI et al., 2019b).
O método da Prensa Francesa consiste basicamente de uma adição de café moído e
água quente a um misturador combinado com uma mistura de êmbolo, e o êmbolo é pressionado
até prender os grãos de café no fundo do recipiente. O método Aeropress foi desenvolvido em
2005 pela Aerobie e este método tem dois cilindros alinhados, um deles tem uma vedação
hermética flexível e se encaixa dentro do cilindro maior, semelhante a uma seringa, assim, o
café moído é colocado no cilindro e, em seguida, a água quente é adicionada. O café é
infusionado por um minuto e depois forçado através de um filtro, pressionando o êmbolo
através do tubo; neste método é necessário usar filtros de papéis. Outro método é o V60, para
usar este método é necessário um gotejador superior em forma de cone com nervuras ao longo
das bordas internas e um único furo grande na parte inferior, um filtro de papel e um recipiente.
Portanto, uma pequena quantidade de água é despejada no V60 para criar uma pequena cratera
no meio do café moído. Em seguida, uma água quente é derramada sobre o café, que é deixado
para pré-infusionar e, em seguida, a menor parte da água é adicionada em círculos concêntricos
e então é aguardada a filtragem (ANGELONI et al., 2019b).
Embora convencionalmente os consumidores estejam acostumados a beber café
quente, o consumo de café frio tem aumentado nos países europeus, Estados Unidos e Japão,
devido à novos métodos de preparação que envolvem tempos mais longos de extração em
temperaturas mais baixas, em vez de exposição rápida a altas temperaturas. O método de
extração de café a frio é muito diferente de beber um café frio, que normalmente é produzido
33
por um sistema a quente e deixado esfriar ou adicionado de gelo. Para realizar a extração a frio
é necessário avaliar o tempo de contato entre o pó e a água e a temperatura da água. Em seguida,
pode ser categorizado em dois métodos gerais: bebida fria (Cold brew) e gotejamento a frio.
No método da bebida fria, o café em pó é infusionado em um volume de água à temperatura de
refrigeração (2 a 4ºC) ou temperatura ambiente (24 ºC) por um longo período de tempo, pelo
menos, seis horas, em seguida, separados por pressão ou com o auxílio de um filtro. No método
de gotejamento a frio, a água à temperatura ambiente (ou mais fria) é gotejada lentamente sobre
um painel de café composto por um filtro, e a bebida é recuperada (ANGELONI et al., 2019a;
ESQUIVEL; JIMÉNEZ, 2012).
A temperatura influência de forma significativa na solubilidade aquosa dos compostos,
sendo que as diferenças nas temperaturas de preparo podem resultar em composições
significativamente diferentes em cafés quentes e em cafés frios. Ademais, os tempos de
extrações mais longos do café frio podem afetar a composição final do café extraído (DEL
CASTILLO; AMES; GORDON, 2002). Estudos recentes tem comprovado que a extração a frio
pode minimizar o processamento térmico e por isso tem se tornado cada vez mais popular
(AHMED et al., 2018; XU et al., 2019).
O sabor e aroma característicos do café adicionado ao fato de ser a bebida mais comum
na Europa e na América, acaba tornando o café um ingrediente atrativo para a indústria de
alimentos. O café cru é submetido ao processo de torrefação, pois contribui para que o grão
adquira novo aroma, sabor e cor.
Por ser uma fonte natural de antioxidantes polifenóis e apresentar propriedades
funcionais algumas pesquisas já estão avaliando e adicionando café solúvel na formulação,
como exemplo a incorporação do café na formulação de pão como é o caso do estudo realizado
por Zain et al. (2018) que avaliaram a adição de diferentes concentrações de café moído (3%,
5% e 7%) à massa de farinha de trigo antes de cozinhar e notaram que a adição de café na
formulação afeta realmente o conteúdo antioxidante, onde o pão com 7% de café apresenta
maior teor fenólico total (1,61 ± 0,06 mg GAE / g) em relação ao controle. Resultados
semelhantes foram encontrados por Dziki et al. (2015) que avaliaram os grãos de café como um
aditivo funcional e concluíram que o pão enriquecido com grãos de café cru tem maior atividade
antirradical do que as amostras controle, também alta bioacessibilidade e biodisponibilidade no
consumo do pão por causa da alta capacidade de extração da mastigação.
34
ser explicado pelo extenso tempo de contato entre a água gelada e o café moído (MASELLA et
al., 2015).
Depois do extrato concentrado de café a etapa subsequente e final é a secagem, as
principais formas de secagem do café são pelo processo de Spray Dryer (secagem a quente) ou
Liofilização (Freeze Dryer) que é a secagem à frio. O método de Spray Dryer é estabelecido
como o processo mais econômico para a produção comercial, enquanto que por liofilização
fornece produtos com qualidade de aroma superior. A limitação do método de Spray Dryer está
relacionado ao fato de ocorrer perda de certos compostos aromáticos de baixo ponto de ebulição
que são característicos do café, devido a ser um processo que opera a altas temperaturas.
Enquanto que o método de liofilização durante o seu processamento evita a perda desses aromas
e do desenvolvimento de sabores desagradáveis no produto seco. Ainda que a secagem por
congelamento do extrato de café aquoso requer um tempo de secagem mais longo, a qualidade
final do produto é superior (ISHWARYA; ANANDHARAMAKRISHNAN, 2015).
3.6.1.1 Criopreservação
4 MATERIAIS E MÉTODOS
4.1 Materiais
Figura 4 - Café arábica em grãos com grau de torra comercial da região de Novo Cruzeiro -
MG
Os açúcares que foram adicionados aos extratos com a função de crioprotetores foram
manitol e frutose. A frutose utilizada foi frutose puríssima da marca ISOFAR, e o manitol
utilizado foi o D-Mannitol ≥ 98% da marca Sigma-Aldrich.
4.2 Métodos
A variável razão café/água (%) variou de 10% a 30%, com base em pré teste não
apresentado, onde verificou-se que mais de 30% é impraticável para extrair com eficiência,
porque a quantidade de água disponível para transferência do café se torna muito baixa. A
variável temperatura variou de 4 ºC a 24 ºC, de acordo com estudos anteriores a temperatura de
extração a frio varia de condições refrigeradas a 4 ºC até a temperatura ambiente a 24 ºC
(ANGELONI et al., 2019b; HEO et al., 2019). A variável agitação variou de 0 a 400 rpm, onde
0 rpm corresponde a uma extração sem agitação e o máximo de 400 rpm, pois se a extração for
superior a esse valor, é possível que a agitação comece a prejudicar o processo de extração.
O DCCR adotado foi um delineamento fatorial 2³, onde três variáveis fatoriais e cinco
níveis foram aplicados para otimizar e identificar os parâmetros ideais para realização do
processo de extração a frio. Os experimentos consistiram em 8 ensaios (-1 e +1), contendo 3
pontos centrais e 6 pontos axiais (-1,68 e +1,68), e resultaram em uma distribuição ortogonal,
totalizando 17 ensaios, como observado na Tabela 4, sendo que para o DCCR a granulometria
foi mantida fixa, de acordo com a granulometria definida na etapa anterior.
43
A concentração de cafeína presente nas amostras dos extratos foi determinada pelo
método descrito por Camargo e Toledo (1998) com modificações. Onde 1 mL foi coletado das
amostras e 300 µL de uma solução saturada de acetato de chumbo básico foram adicionados e
centrifugados a 3000 rpm por 5 minutos em uma microcentrífuga de bancada (Marca Nova
Instruments - modelo NI1802). O sobrenadante foi subsequentemente filtrado com filtros de
seringa (PES, tamanho do poro de 0,45 μm, Berrytec GmbH, Grόnwald, Alemanha). O
cromatógrafo utilizado foi o da Agilent Technologies 1260 Infinity II LC System, com bomba
isocrática Quaternary, com volume de injeção da amostra de 5 µL e detector UV/VIS SPD-10
A (Shimadzu, Japão). A cafeína foi detectada no comprimento de onda de 274 nm. Para a
separação da cafeína, foi utilizada uma coluna de fase reversa ZORBAX Eclipse Plus C18 (4,6
x 100 mm, tamanho 3,5 µm) e fase móvel isocrática composta de metanol: água (30:70, v / v)
a uma fluxo de 1 mL min-1, com temperatura de coluna de 30 ºC. A cafeína presente nas
amostras foi identificada comparando o tempo de retenção de 4,5 minutos observados no padrão
de cafeína.
É desejável que o valor do desvio relativo seja inferior a ± 10% para considerar o
método válido.
Para verificar o melhor tempo de extração com o ponto de extração ótimo foi realizada
uma nova extração a frio em triplicata e as amostras foram coletadas em 0,75 horas, 1,5 horas,
2 horas, 6 horas, 12 horas, 24 horas, 36 horas e 48 horas, e novamente foi retirada uma alíquota
assim que o café entrou em contato com a água correspondendo ao ponto de 0 horas.
𝐴𝐷𝑃𝑃𝐻 −𝐴𝑒𝑥𝑡𝑟𝑎𝑡𝑜
%𝐶𝐴 = 𝑥 100 Eq.3
𝐴𝐷𝑃𝑃𝐻
foi elaborada com concentrações variando de 0 a 2.000 mg.L-1, e os resultados foram expressos
em mg de ácido gálico (AG) por mL de extrato de café (AL-DUAIS et al., 2009).
A análise de compostos fenólicos seguiu a mesma metodologia descrita com uma
solução de 30% de café liofilizado em 70% de água destilada.
4.2.2.3.6 Molhabilidade
A molhabilidade dos cafés liofilizados foi determinada pelo método proposto por
Fuchs et al. (2006) onde 1,000g da amostra de café liofilizado foi espalhado sobre 100 mL de
água deionizada a 20 °C, sem agitação. Esta propriedade é medida de acordo com o tempo
requerido para as partículas sedimentarem, ou afundarem e desaparecerem da superfície da
água.
4.2.2.3.8 pH
4.2.2.3.10 Solubilidade
A análise da solubilidade foi realizada de acordo com o método proposto por Cano-
Chauca et al. (2005) com modificações. Para a análise, 25 mL de água deionizada foi transferida
para um béquer e colocada para agitação a 2500 rpm, em um homogeneizador Ultraturrax. Em
seguida 0,5 g do café liofilizado foi adicionado cuidadosamente, e a agitação foi mantida por 5
min. A solução foi transferida para um tubo e centrifugada a 2600 rpm por 5 min (centrifuga
Thermo Scientific, modelo 37.520, Alemanha). Uma alíquota de 20 mL do sobrenadante foi
transferida para uma placa de Petri previamente pesada e submetida a secagem em estufa a 105
ºC por 12 horas. O percentual de solubilidade foi calculado pela diferença de massa entre o
sobrenadante seco em relação a quantidade de café liofilizado adicionado inicialmente.
4.2.2.3.11 Umidade
A determinação do teor de umidade dos cafés liofilizados foi realizada pelo método
gravimétrico, à temperatura de 105 ºC em estufa convencional (Ethik Technology, modelo 402-
5D), até a obtenção de peso constante (AOAC, 2005).
Os dados obtidos das análises de caracterização dos cafés liofilizados foram avaliados
pela análise de variância e teste de média utilizando o software StatSoft STATISTICA 8.0®,
com significância ao nível de 5% de probabilidade.
52
5 RESULTADOS E DISCUSSÃO
A cinética de extração foi avaliada para três diferentes tamanhos de partículas de café
(X – Z) durante 48 h. Os resultados da média de concentração de cafeína são mostrados na
Figura 7.
Figura 7 - Concentração de cafeína ao longo do tempo para a média e desvio padrão do café
com as granulometrias de X: abertura de 550 μm (◆), Y: abertura de 655 μm (■) e Z: abertura
de 780 μm (▲)
4,00
Concentração de cafeína (mg/mL)
3,50
3,00
2,50 X
2,00 Y
1,50 Z
1,00
0,50
0,00
0 8 16 24 32 40 48
Tempo (horas)
30,00
Concentraçaão de caféina
25,00
acumulada (mg/mL)
20,00
15,00 X
Y
10,00
Z
5,00
0,00
0 8 16 24 32 40 48
Tempo (horas)
Resultados semelhantes foram encontrados para o teor de sólidos solúveis, (Figura 9).
As partículas com granulometria maior (550 μm e 655 μm) em 48 horas apresentaram baixas
quantidades de sólidos solúveis, 6,70 ºBrix e 6,77 ºBrix, respectivamente, enquanto comparadas
a extração com a partícula de 780 μm, que aos 45 minutos conseguiu atingir 6,87 ºBrix de
sólidos solúveis.
55
Figura 9 - Sólidos solúveis ao longo do tempo para a média e desvio padrão do café com as
granulometrias de X: abertura de 550 μm (◆), Y: abertura de 655 μm (■) e Z: abertura de 780
μm (▲)
9,00
8,00
7,00
Sólidos solúveis (ºBrix)
6,00
5,00
X
4,00
Y
3,00 Z
2,00
1,00
0,00
0 8 16 24 32 40 48
Tempo (horas)
Em relação aos sólidos solúveis acumulados (Figura 10), após análise dos
comportamentos de extração, o grão de café como menor granulometria apresentou um valor
final consideravelmente superior ao das partículas com maior tamanho de grão, já no início do
processo de extração. Até 6 horas de extração, a partícula de 780 μm apresentou a maior
quantidade de sólidos solúveis e diferença estatística (p<0,05) entre amostras com 550 μm e
655 μm. Em 12 horas, a partícula com 655 μm não apresentou diferença significativa (p <0,05)
entre a partícula 780 μm, e de 24 horas a 48 horas as partículas não apresentaram diferença
significativa (p <0,05).
56
Figura 10 - Quantidade cumulativa de sólidos solúveis ao longo do tempo com média e desvio
padrão do café com as granulometrias de X: abertura de 550 μm (◆), Y: abertura de 655 μm
(■) e Z: abertura de 780 μm (▲)
60
Teor de sólidos solúveis acumulados
50
40
(ºBrix)
X
30
Y
20 Z
10
0
0 8 16 24 32 40 48
Tempo (horas)
Para realização do DCCR com base no teste anterior da cinética foi possível definir o
tamanho da partícula e o tempo que seria utilizado no DCCR. Dessa forma ficou definido que
o delineamento seria realizado com uma extração de 45 minutos e com o tamanho de partícula
de 780 μm. A Tabela 5 ilustra os resultados dos ensaios.
57
Com relação aos pontos máximo ou mínimo do método, conforme descrito por
MYERS e MONTGOMERY (1995), que foram utilizados para otimizar o processo de extração,
onde somente os parâmetros estatisticamente significativos foram utilizados para analisar o
comportamento dos modelos matemático ajustados. Neste contexto, foi descoberto que o
modelo matemático da concentração de cafeína (Equação 3) foi o melhor ajuste aos dados
experimentais, devido à seu alto coeficiente de determinação R2 igual a 0,92, em relação aos
sólidos solúveis o modelo (Equação 4) também apresentou um coeficiente de determinação alto
R2 igual a 0,98 e em relação ao modelo do rendimento este apresentou um coeficiente de
determinação R2 igual a 0,96 (Equação 5).
mg/mL, resultado superior aos encontrados por Angeloni et al. (2019b), que analisaram a
extração a frio com 3,3 horas de extração com temperatura de extração variando de 22 ºC e 5
ºC e sem agitação, onde detectaram 1,14 ± 0,12 mg/mL e 0,94 ± 0,16 mg/mL de concentração
de cafeína, respectivamente. Fuller e Rao (2017) avaliaram a extração a frio com torrefação
média e moagem média sem agitação e concluíram que o tempo necessário para a extração foi
de 6,67 horas e a concentração de cafeína encontrada foi de aproximadamente 1,2 mg/mL. O
estudo realizado por Angeloni et al. ( 2019a) com extração a frio a 22 ° C, sem agitação e com
tempo de extração de 6 horas, encontraram uma concentração de cafeína de 1,25 ± 0,12 mg/mL.
10%, o teor de sólidos solúveis diminui e o valor se aproxima de 2,50 ºBrix. A melhor condição
para adquirir altos valores de sólidos solúveis (aproximadamente 11,50 ºBrix) é quando as
variáveis agitação e razão café/água são maiores.
Figura 12 - Superfície de resposta dos sólidos solúveis total em função da razão café/água (%)
e agitação (rpm)
O teor de sólidos solúveis obtidos neste estudo foi inferior aos valores relatados na
literatura para Coffea arabica, aproximadamente 24 ºBrix (FERNANDES et al., 2001;
MENDONÇA; PEREIRA; MENDES, 2005; SANTOS; JÚNIOR, 2018). Essa diferença pode
estar diretamente relacionada ao processo de extração e a diferença entre os métodos de
extração a quente e a frio. No entanto, Contador et al. (2019) observaram que para extração de
café a frio com razão café/água de 20% e sem agitação, o total de sólidos solúveis encontrados
foram de 6,93 ºBrix. Santos e Júnior (2018) analisaram o café extraído a frio e encontraram um
valor de 5,31 ºBrix, resultados inferiores aos encontrados neste estudo (aproximadamente 12
ºBrix) e dessa forma é possível demonstrar a eficiência do método de extração a frio utilizado
neste estudo.
Na Figura 13, pode-se observar o efeito da interação entre razão café/água e agitação
no rendimento. O gráfico da superfície de resposta sugere que, a partir de uma razão de
café/água de 20% se tem um aumento no rendimento em até 100%, enquanto que a agitação
não afeta o valor do rendimento se a razão de café/água utilizada for superior a 20%
solúveis e rendimento foram altas para esta forma de extração, com este resultado é possível
considerar o método valido.
Neste caso, os valores obtidos foram: cafeína = 3,98 mg/mL, sólidos solúveis = 11,20
ºBrix e rendimento = 93,85%. Assim, os parâmetros validados da extração a frio foram 30% de
café (razão café/água), agitação 400 rpm e temperatura de 24 ºC para a extração a frio.
O resultado da obtenção de cafeína neste estudo foi de grande valor, comparado a
outros estudos em que os resultados foram menores (ANGELONI et al., 2019a, 2019b;
FULLER; RAO, 2017; RAO; FULLER, 2018). Um fator importante, uma vez que o maior
motivo de grande parte dos consumidores de café é o consumo de cafeína; devido ao fato da
cafeína fornecer o leve efeito estimulante das bebidas de café, permitindo a manutenção da
função cognitiva e reduzindo a fadiga central. O uso de cafeína para permanecer acordado e
alerta é um hábito de longa data (CAPPELLETTI et al., 2015; JANISSEN; HUYNH, 2018;
O’CALLAGHAN; MUURLINK; REID, 2018).
Após a validação, para concluir e confirmar o melhor tempo de extração com o melhor
ponto de otimização, foi realizada uma nova cinética para observar a concentração de cafeína
(Figura 14) e sólidos solúveis (Figura 15), e dessa forma foi possível verificar o comportando
dos parâmetros, razão café/água de 30%, agitação 400 rpm e temperatura 24 ºC ao longo do
tempo.
64
5,00
Concentração de cafeína
(mg/mL) 4,00
3,00
2,00
1,00
0,00
0 8 16 24 32 40 48
Tempo (h)
Figura 15 – Média e desvio padrão dos sólidos solúveis ao longo do tempo para a
granulometria com abertura de 780 μm
14
12
Sólidos solúveis (ºBrix)
10
8
6
4
2
0
0 8 16 24 32 40 48
Tempo (h)
Para S. aureus, P. mirabilis, E. coli, S. typhi foi utilizada a amoxicilina (1 mg/mL) como
controle positivo e a anfotericina B (10 μL/mL) foi utilizada para a C. albicans. Nenhuma
extração dos cafés apresentou atividade antimicrobiana. Há poucos estudos de microbiologia
com café ou seus compostos isolados, Rauha et al. (2000) estudaram os efeitos antifúngico e
antibacteriano do ácido cafeico, um composto fenólico comum que pode ser encontrado nos
grãos de café. Eles também não encontraram efeitos antibacterianos nem antifúngicos para este
composto.
Daglia; Cuzzoni; Dacarro (1994) investigaram a relação entre o efeito inibitório do
extrato do café na atividade antimicrobiana e alguns indicadores químicos do grau de torrefação
e de acordo com este estudo foi possível confirmar a influência do grau de torrefação no efeito
inibitório. O que dessa forma pode justificar a ausência da atividade antimicrobiana no presente
estudo. Resultados diferentes do presente estudo foram encontrados por Almeida et al. (2006)
que avaliaram a atividade antibacteriana de extratos de café pelo método de difusão em poço
em E. coli e P. mirabilis e encontraram valores positivos, essa diferença pode estar relacionada
ao método de extração que foi a quente, pela análise e a razão café/água que foi de 20%.
66
Tabela 11 - Resultados das médias e desvios padrões das análises de cafeína, pH e sólidos
solúveis das amostras dos extratos de café
Concentração de cafeína
Amostra pH Sólidos solúveis (ºBrix)
(mg/mL)
EM 4,02ns ± 0,01 5,60ab ± 0,02 14,03b ± 0,11
EF 4,04ns ± 0,02 5,56b ± 0,03 14,40a ± 0,10
ES 4,05ns ± 0,03 5,61a ± 0,01 11,33c ± 0,11
Fonte: Da autora, 2019.
Legenda: Amostra EF – Extrato com Frutose; Amostra EM – Extrato com Manitol; ES – Extrato sem crioprotetor.
Dados apresentados como média ± desvio padrão. Médias seguidas da mesma letra não diferem significativamente
a 5% de probabilidade, pelo teste de Tukey.
de outras substâncias no café torrado e dessa forma indicar fraude ou adulteração no café
(PINTO et al., 2002). Além da formação de corpo no café os sólidos solúveis contribuem na
formação da espuma dos cafés (proteínas, polissacarídeos e melanoidinas) (ILLY; VIANI,
2005).
A análise dos sólidos solúveis foi realizada no presente estudo para identificar se os
crioprotetores influenciariam no extrato e qual extrato apresentaria o maior conteúdo. De
acordo com os resultados os extratos apresentaram diferenças significativas (p<0,05) entre eles,
e a amostra ES foi a que apresentou a menor quantidade de sólidos solúveis (11,33 ºBrix). O
teor de sólidos solúveis representa o conteúdo de açúcares, principalmente glicose, frutose e
sacarose presentes na amostra, o que justifica que extrato com frutose (EF) apresentou maior
conteúdo de sólidos solúveis (14,40 ºBrix). Com isso foi possível observar que os crioprotetores
incorporados no extrato conseguiram influenciar no teor de sólidos solúveis e na reação de
Maillard, o uso dos crioprotetor poderia contribuir apenas no rendimento do café liofilizado,
porém como a adição de crioprotetores encareceria o produto e o teor de sólidos solúveis não
foi tão elevado em relação ao extrato sem crioprotetor, seria financeiramente inviável a
utilização dos crioprotetor.
Com relação aos valores encontrados de sólidos solúveis estes são valores baixos se
comparados com a literatura, a qual apresenta valores de sólidos solúveis para o café arábica
variando entre 24 a 27 ºBrix (MOURA et al., 2007), essa diferença pode estar diretamente
relacionada com a diferença entre os métodos de extração a quente e a frio, uma vez que essa
variação (24 – 27 ºBrix) é para o processo de extração a quente. Além disso o grau de torrefação,
também pode ter contribuído com os baixos resultados deste estudo, pois como o café utilizado
foi grau de torra comercial e quanto mais o café é torrado, maior será a perda de açúcares,
principalmente, por caramelização, esse fator pode ter contribuído também com o baixo valor
de sólidos solúveis.
Segundo o Conselho Nacional do Café (CNC), a quantidade de cafeína no café arábica
pode variar entre 0,8 – 1,4% (m/m), enquanto, para o café robusta, tais valores podem variar
entre 1,7 – 4,0% (m/m). Segundo Caprioli et al. (2015) e Ludwig et al. (2012) com a indicação
comprovada de redução de radicais livres, a cafeína pode ser um importante contribuinte para
a capacidade antioxidante dos produtos do café.
A extração da cafeína na bebida do café pode ser relacionada a diferentes fatores como
a variedade do café, ponto de torra, tamanho da partícula do grão moído, proporção café/água,
método de preparo, temperatura da água e o tempo de preparo da bebida (FARAH;
DONANGELO, 2006). Os extratos obtidos não apresentaram diferença significativa (p<0,05)
70
entre a amostra sem crioprotetor (4,05 mg/mL) e as amostras com frutose e manitol (4,02
mg/mL e 4,04 mg/mL, respectivamente). Considerando-se a extração do café em condições de
extração a frio, observa-se que os resultados dos extratos são superiores aos resultados obtidos
por Angeloni et al. (2019b) que encontraram 1,25 mg/mL de cafeína para extração com razão
café/água de 10% e 6 horas de extração a temperatura de 22 ºC e Fuller e Rao (2017) que
obtiveram valores de aproximadamente 1,2 mg/mL para uma extração de 5 horas a temperatura
de 24 ºC.
O conteúdo de cafeína e ácido clorogênico são considerados fatores importantes para
a salubridade do café, além disso em conjunto com a cafeína o ácido clorogênico contribui com
o amargor do café (GLOESS et al., 2013).
LF LM LS
A umidade é definida como o teor total de água, o que representa a quantidade total de
água contida no alimento (água total), ao passo que a atividade de água representa a água que
se encontra no estado livre, estando assim disponível para reações químicas, bioquímicas e
microbiológicas que podem comprometer a estabilidade e qualidade do alimento (PICANÇO
et al., 2018; TERRA; FREITAS; CICHOSKI, 2007).
A água livre, por sua vez, também conhecida por atividade de água, é a água que
favorece o crescimento microbiano e reações que podem alterar o alimento, sendo determinada
por um medidor de atividade de água, cujo valor varia de 0 a 1. A atividade de água é uma das
propriedades mais importantes para o processamento, conservação e armazenamento dos
alimentos. Vale ressaltar, ainda, que valores de atividade de água menores que 0,3 tem pouco
ou nenhum crescimento microbiano, pois com essa quantidade de água livre não ocorre o
desenvolvimento dos micro-organismos (DAMODARAN; PARKIN; FENNEMA, 2010;
EMBRAPA, 2010). De acordo com a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA),
RDC nº 64 em vigência, os valores de atividade de água devem estar abaixo de 0,3 para café
solúvel, todas as amostras de café solúvel liofilizado apresentaram atividade de água inferiores
a 0,3, demonstrando assim baixa tendência à deterioração e desenvolvimento de micro-
organismos (BRASIL, 2000).
O café sem crioprotetor (LS) apresentou a menor atividade de água e diferença
significativa (p<0,05) entre as amostras com crioprotetores, isso pode estar relacionado
72
diretamente com a higroscopia dos crioprotetores utilizados. Uma vez que o monossacarídeo
redutor frutose tem a capacidade de absorver umidade o que pode ter favorecido seu alto valor
de atividade de água em relação ao LS. Dessa forma o crioprotetor influenciou na atividade de
água do café liofilizado porém os resultados obtidos se mantiveram dentro dos padrões
estabelecidos pela legislação brasileira.
Outro parâmetro importante para avaliar a conservação do produto alimentício é a
umidade, parâmetro este que está relacionado à estabilidade do café solúvel durante o
armazenamento. Campelo-Felix et al. (2016) destaca que conhecendo a umidade do pó é
possível prever o seu comportamento quando armazenado em locais com diferentes valores de
umidade relativa, e assim prever a absorção de água e os danos ao produto. Visto que para um
bom processo de secagem de café solúvel, os valores de umidade não devem ser superiores a
5%, com relação as amostras analisadas apenas a amostra LF apresentou umidade superior a
5,26 g água/100 g de sólido seco, portanto não sendo recomendada pela ANVISA (BRASIL,
2000).
O fato das amostras LF e LM não terem apresentado diferença significativa com
relação a atividade de água mas com relação a umidade houve diferença significativa (p<0,05),
onde a amostra com LM apresentou menor conteúdo (4,78%) do que a amostra LF (11,26%), é
justificado uma vez que o manitol não é higroscópico como a frutose, normalmente por não ser
higroscópico esse açúcar apresenta grande potencial como ingrediente nas formulações de
produtos que não devem apresentar alta umidade (FERNANDES; AGUIAR, 2007).
Os cafés solúveis obtidos demonstraram diferença significativa (p<0,05) entre todas
as amostras. A amostra LS foi a única amostra que se enquadrou com teores de umidade
inferiores a 3%, requisito de especificação técnica de diversos países consumidores de café
solúvel, no entanto a amostra LM está dentro do teor máximo estipulado pela legislação
brasileira que é menor que 5%. A menor taxa de umidade está diretamente relacionada com
uma maior vida útil e melhor característica sensorial do produto.
Com relação aos teores de cafeínas obtidos para os cafés liofilizados foi observada
uma perda de aproximadamente 10% após o processo de secagem. Os teores de cafeína obtidos
são estatisticamente iguais (p<0,05) para todos os cafés analisados. Dados reportados na
literatura demonstram que os teores de cafeína variam de acordo com a espécie da matéria prima
e que para o café solúvel o processo de extração promove um enriquecimento de sólidos
solúveis, com consequente aumento no teor de cafeína. Valores inferiores de cafeína foram
encontrados nos estudos realizados por Klopprogge et al. (2013).
73
Assim como para o extrato, o café liofilizado também não apresentou atividade
antimicrobiana para nenhuma bactéria e levedura analisada como pode ser observado na Figura
17, não houve halo de inibição de crescimento da atividade antimicrobiana dos extratos e dos
cafés liofilizados. Mesmo que houve um halo de inibição da Candida albicans para os cafés
liofilizados, o halo de inibição foi menor que o definido pela legislação para afirmar que os
cafés analisados apresentaram atividade antimicrobiana.
Figura 17 - Halo de inibição de crescimento de Proteus mirabilis (A) Salmonella typhi (B)
Escherichia coli (C), Staphylococcus aureus (D), Candida albicans (E)
A B
C D
podem ter influência na determinação dos compostos fenólicos (SCHAFRANSKI et al., 2019).
Dessa forma, considera-se que a influência dos açúcares redutores como a frutose sobre a
concentração dos compostos fenólicos foi significativa (p<0,05).
Com comprovada capacidade antioxidante, os compostos fenólicos apresentam uma
estrutura química diversificada, com anéis aromáticos conjugados com grupos hidroxila, que
contribuem na estabilização da oxirredução. Além disso a presença de grupos carboxílicos e
carbonílicos em numerosos compostos fenólicos, também, resulta em significativa inibição da
rancidez oxidativa por quelação de metais (VALENZUELA; NIETO, 1996). Com relação ao
percentual de capacidade antioxidante, para as diferentes amostras do café liofilizado foi
possível observar que a quantidade de capacidade antioxidante diminuiu, em função do
processo de secagem, normalmente durante processos de secagem há perda de compostos
bioativos como capacidade antioxidante, uma possível explicação para esse fato é a
sensibilidade dos compostos antioxidantes a processos térmicos e dessa forma em realizar a
inibição de radicais livres.
Resultados encontrados neste estudo foram próximos aos encontrados por Vignoli;
Bassoli; Benassi (2012) para café solúvel, que obtiveram valores de 48,90% para análise de
capacidade antioxidante por DPPH. Além do processo de secagem a relação dos baixos valores
encontrados para o café liofilizado com frutose, pode também estar relacionado ao fato da
frutose ser um açúcar redutor o que contribuiu com a oxirredução do café liofilizado.
A B C
Com relação aos resultados é possível observar que as amostra sem crioprotetor e com
manitol apresentaram uma boa morfologia para cafés solúveis. A morfologia da amostra LM se
assemelha a estruturas em formas de cristais de gelo, isso pode ter ocorrido devido a interação
do manitol com o extrato, e dessa forma o manitol que faz parte do grupo dos polióis e apresenta
estrutura compacta, contribuiu com a formação dos cristais na estrutura do café solúvel
(RAPAILLE; GOOSENS; HEUME, 2003).
É possível observar partículas com diferentes morfologias, superfícies pontiagudas e
tamanhos irregulares, não foi possível observar nenhuma estrutura compacta nas amostras de
frutose e sem crioprotetor, concluindo que o café solúvel é poroso, ou seja, não possui estrutura
atômica definida, o que pode ser corroborado com Bhandari e Hartel (2005) que afirmam que
o café solúvel apresenta estrutura porosa.
78
6 CONCLUSÃO
Com os dados obtidos no presente estudo foi possível definir uma otimização no método
de extração a frio, o que contribuiu com o aumento da eficiente desse método de extração uma
vez que não há um padrão pela legislação e atualmente existe poucos estudos sobre essa
extração. Além de contribuir com a conservação dos compostos voláteis por ser um método que
não faz uso de altas temperaturas=
A extração a frio demonstrou resultados satisfatórios, para uma extração de 45 minutos
com uma granulometria de 780 µm, demonstrando ser um processo com custo reduzido de
extração uma vez que segundo a literatura extrações a frio normalmente são realizadas acima
de 6 horas. Através do tempo de 45 minutos e a granulometria de 780 µm foi possível otimizar
da extração para razão café/água, temperatura e agitação, onde o ponto ótimo e validado do
processo foi de 30% razão café/água, 24 ºC de temperatura e 400 rpm de agitação, e para estes
parâmetros obteve uma concentração de cafeína, sólidos solúveis e rendimento de 3,98 mg/mL,
11,20 ºBrix e 93,85 %, respectivamente, valores estes considerados altos de acordo com a
literatura para cafés arabica e extraídos a frio.
O extrato caracterizado apresentou diferença significativa (p<0,05) com relação aos
crioprotetores (EM e EF) e o extrato sem crioprotetor (ES), onde o extrato ES foi o que
apresentou as melhores propriedades de capacidade antioxidante (88,12%) e compostos
fenólicos (7,74 mgAC/mL do extrato), os crioprotetores manitol (EM) e frutose (EF)
contribuíram apenas no aumento do conteúdo de sólidos solúveis (14,40 ºBrix e 14,03 ºBrix,
respectivamente), como era esperado, porém influenciaram negativamente na capacidade
antioxidante, uma vez que os açucares interferiram na estrutura do extrato e na oxirredução pelo
método DPPH. Ademais nenhum extrato apresentou atividade antimicrobiana, os valores de pH
(~5,60) foram acima do valor recomendado pela literatura (entre 4,95 e 5,30) e não houve
diferença significativa (p<0,05) entre a concentração de cafeína dos extratos.
Com relação ao café liofilizado analisado, novamente houve diferença significativa
(p<0,05) entre os cafés com crioprotetores (LM e LF) e sem (LS), onde o café LS apresentou a
melhor solubilidade (86,03%), baixa umidade (2,86%) e atividade de água (0,15). Enquanto
que o café LF não se enquadrou no estipulado pela legislação para café solúvel, que deve
apresentar uma umidade <5%. Com relação a capacidade antioxidante não houve diferença
significativa entre os cafés LM e LF, enquanto o café LS foi o que apresentou maior teor de
compostos fenólicos totais (11,74 mgAC/mL do extrato liofilizado), através das análises
realizadas para caracterização do extrato e do café liofilizado foi possível concluir que no
80
presente trabalho a adição dos crioprotetores frutose e manitol não apresentou vantagem efetiva
para os cafés, demonstrando ser inviável para o processo de extração a frio, uma vez que o café
sem crioprotetor apresentou características superiores.
81
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