Guiamip 2020 A
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UM GUIA PRÁTICO PARA INFERIR A MATRIZ INSUMO-PRODUTO BRASILEIRA A PARTIR DO SISTEMA DE CONTAS NACIONAIS DESDE 2010 [A PRACTICAL GUIDE TO INFERING
THE BRAZILIAN INPUT-OUTPUT MATRIX FROM THE NATIONAL ACCOUNTING SYSTEM SINCE 2010] View project
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São Paulo - SP
2021
Um Guia Prático Para Inferir a Matriz Insumo-Produto Brasileira:
Versão Sistema de Contas Nacionais 2010
Autor: Alexandre Ricardo de Aragão Batista
Primeira Versão/2021
São Paulo – SP
2021
Produzido no Libre Office Versão: 6.2.2.2 (x64)
Advertência!
Este guia mostra um método de inferir uma matriz de Insumo-Produto a partir das novas
metodologias constadas no Sistema de Contas Nacionais do Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística. O autor não se responsabiliza por eventuais consequências advindas dos usos das tabelas
confeccionadas a partir da metodologia divulgada.
AGRADECIMENTOS
Este guia vem substituir o anterior “Um guia prático para inferir a Matriz Insumo-Produto
brasileira a partir do sistema de contas nacionais desde 2020”. Algumas mudanças em relação ao
texto prévio ficam claras quando se avalia a forma de organização. Esta versão adotou um formato
mais direcionado a um livro técnico do que um artigo. Talvez isso ajude o leitor a entender melhor
os procedimentos.
O título também foi modificado, no intuito de mostrar maior clareza da dinamicidade
metodológica do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) no que tange manuseios de
dados. Outras mudanças são mais importantes. Estas dizem respeito à forma com que são
calculados os fluxos de valores de variáveis, principalmente àqueles relacionados às margens de
transporte e comércio, bem como o consumo das famílias na matriz Setores x Setores. Com tais
correções, os resultados se aproximam em quase 100% às matrizes providas pelo Núcleo de
Economia Regional e Urbana da Universidade de São Paulo (Nereus). Eu chamaria este trabalho de
versão não-oficial de construção prática de tais matrizes.
Devo lembrar que este guia perde por completo sua utilidade se um guia oficial for
disponibilizado ao público, uma vez que foi elaborado justamente para suprir essa lacuna que acaba
por dificultar muitos pesquisadores brasileiros desejosos de construir tais matrizes. Com este guia,
espera-se eliminar ou, ao menos, reduzir a dependência da disponibilidade das tabelas de insumo-
produto nacionais seja por parte do IBGE ou do Nereus, ao menos até a próxima mudança
metodológica.
Para quaisquer comentários ou sugestões, o autor pode ser contatado em
[email protected] .
1. Introdução
Dos conceitos comuns definidores do que é Economia, aquele declarado como
uma alocação eficiente de recursos entre fins e meios alternativos é bastante encontrado
em manuais de introdução a esta ciência. Na prática, para que esta alocação seja
efetivada é preciso saber de onde tais recursos vêm e para onde vão entre os agentes
econômicos, sejam estes representados em formas individuais ou agregados.
Além disso, os recursos podem ser tangíveis ou intangíveis, com vários tipos de
mensurações. Ao se utilizar os valores monetários como proxy das mais variadas
métricas, pode-se elaborar diagramas formais que facilitam a previsibilidade econômica.
Uma destas formações é a Matriz Insumo-Produto (MIP) desenvolvida por Leontief
(1906-1999) cujas relações entre produtos e setores facilitam ainda hoje a vida de
pesquisadores e interessados.
A Matriz Insumo-Produto tem várias vantagens além de mostrar relações
intersetorias ou interprodutos. Esta, por exemplo, ainda detêm identidades
macroeconômicas ao se incorporarem demandas finais que incluem consumo do
governo, família, etc.. A partir dela, demais métodos podem ser desenvolvidos tais
como o índice de Rasmussen-Hirschman, o Campo de Influência e outros. Seu ponto
forte, sem dúvida, é a apresentação dos fluxos de valores.
A MIP é elaborada, no Brasil, oficialmente, pelo Instituto Brasileiro de Geografia
e Estatística (IBGE) desde a década de 1970. Contudo, nem sempre está disponível com
dados atuais, de modo que sua divulgação, neste presente momento, ocorre a cada cinco
anos. Isto significa que é necessário ser inferida por alguma metodologia caso se deseje
usá-la com informações mais contemporâneas.
Alguns autores tentam cumprir o papel de divulgar metodologias capazes de se
inferir a MIP com certa precisão. Porém, ao se analisar a literatura mais amplamente
aceita, verificam-se lacunas que impossibilitam a elaboração da matriz em sua
completeza devido à manipulação dos dados. Apesar do esforço para simplificação,
muito dos formalismos ou alguns desarranjos dificultam a inferência. Isto quer dizer que
ao se aplicar a literatura encontrada, a MIP pode não ser elaborada de forma consistente
para a metodologia do IBGE a partir de 2010.
Alexandre R A Batista 7
3. Metodologia Prática para Inferir a Matriz Insumo-Produto
Alexandre R A Batista 8
3. Metodologia Prática para Inferir a Matriz Insumo-Produto
Alexandre R A Batista 9
3. Metodologia Prática para Inferir a Matriz Insumo-Produto
MIP na análise econômica e destacou questões práticas para sua elaboração. Utilizou
tabelas originais de 1995 do IBGE e montou uma MIP resumida com 8 setores. Dentre
outras observações, percebeu o autor que há várias restrições na elaboração da matriz.
Estas vão desde hipóteses simplificadoras sobre a natureza dos produtos e insumos
utilizados no processo produtivo até a defasagem entre a coleta e a publicação ordenada
dos dados.
No mesmo sentido, Grijó e Bêrni (2006) perceberam a importância da utilização
do Sistema de Contas Nacionais (SCN) a fim de se preceder à estimativa de uma Matriz
de Insumo-Produto. Os autores apresentaram resultados empíricos para o ano de 2002,
mas adiantaram que os procedimentos divulgados poderiam ser aplicados a qualquer
SCN de um país ou região, desde que os dados estejam atualizados e sejam
contextualizados com o Manual da ONU de 1993. Os autores encontraram coerência
entre a MIP inferida e a solução encontrada pelo método RAS, mas reconheceram que o
trabalho não se equipara às estimativas oficiais.
Guilhoto e Sesso Filho (2005) apresentaram e analisaram também uma
metodologia para elaboração de MIPs a partir de dados preliminares das Contas
Nacionais brasileiras. Testaram para os anos de 1994 e 1996 e compararam com a
versão definitiva do IBGE. Para efeitos comparativos, fizeram uso dos índices de
ligação intersetoriais de Rasmussen-Hirschman e puros normalizados. Concluíram que
os indicadores da matriz estimada e a disponibilizada pelo IBGE são semelhantes e que
a metodologia poderia ser aplicada a anos que possuem somente dados preliminares.
Ainda, Guilhoto e Sesso Filho (2005) estimaram novamente a matriz insumo-
produto para o ano de 2005, visando avaliar se a metodologia utilizada anteriormente
ainda era válida. Utilizaram novamente o índice de Rasmussen-Hirschman e concluiram
que as séries de indicadores econômicos da matriz estimada e a disponibilizada pelo
IBGE não eram diferentes, baseados em índice de correlação de análise estatística.
Por fim, outro texto bastante explicativo na intenção de explicar e promover a
inferência da matriz insumo-produto é o de Guilhoto (2011). Neste, o autor abordou as
concepções históricas e teóricas, o tratamento dos dados e como o modelo de Leontief,
desenvolvido para uma economia nacional, poderia ser ampliado para análise de
economias regionais ou várias regiões interligadas. Além disso, foi também explanado
Alexandre R A Batista 10
3. Metodologia Prática para Inferir a Matriz Insumo-Produto
Alexandre R A Batista 11
3. Metodologia Prática para Inferir a Matriz Insumo-Produto
Alexandre R A Batista 12
3. Metodologia Prática para Inferir a Matriz Insumo-Produto
Alexandre R A Batista 13
3. Metodologia Prática para Inferir a Matriz Insumo-Produto
preenchida por meio da Tabela 2 - Usos de bens e serviços, planilha Valor Adicionado
(VA) do SCN.
Figura 2: Composição esquemática final com a matriz dividida em 5
partições.
Consumo
Nome Seq. Serviços
Apoio... .... Intermediário
Setor Linha Domés...
total
Chave
Sequência Coluna 0 1 .... 68 69
Setor
01911 Arroz ... 1 Valor Valor Valor Valor
⁞ ⁞ ⁞ Valor Valor Valor Valor
97001 Serviços domésticos 128 Valor Valor Valor Valor
Prod Nac 129 Valor Valor Valor Valor
Alexandre R A Batista 14
3. Metodologia Prática para Inferir a Matriz Insumo-Produto
serviço das famílias (ISFLSF), Consumo das Famílias, Formação Bruta de Capital
Fixo, Variação de Estoque e a somatória dessas demandas em Demanda Final. Todas
estas serão inferidas. A sequência 70~76 após a coluna 69 deve ser observada, ou seja,
deve ser posta em paralelo. Note que não há partição abaixo da intersecção com a
partição 4. Isto significa que a região onde deveria haver intersecção com a partição 5
não possui valores, o que quer dizer que as células na planilha da MIP devem ser
preenchidas com valores iguais a zero (ou deixadas vazias).
Quadro 2: Layout da Demanda, partição 2.
Formação
Exportação Consumo Consumo
Consumo bruta Variação Demanda
de bens e das das
do governo de capital de estoque final
serviços ISFLSF famílias
fixo
70 71 72 73 74 75 76
Valor Valor Valor Valor Valor Valor Valor
⁞ ⁞ ⁞ ⁞ ⁞ ⁞ ⁞
Valor Valor Valor Valor Valor Valor Valor
Alexandre R A Batista 15
3. Metodologia Prática para Inferir a Matriz Insumo-Produto
Alexandre R A Batista 16
3. Metodologia Prática para Inferir a Matriz Insumo-Produto
Seq. Demanda
Linha total
0 77
1 Valor
⁞ ⁞
⁞ ⁞
153 Valor
9700 Exportação
Total Demanda Demanda
Serviços de bens e ....
do produto final total
domésticos serviços (1)
Alexandre R A Batista 17
3. Metodologia Prática para Inferir a Matriz Insumo-Produto
Fonte: Elaboração própria a partir dos dados do SCN – 2017 provido pelo IBGE (2019).
A partir destes dados é possível elaborar uma matriz de coeficientes que permite
estimar a relação entre Produtos e Setores nas formas de Importação, Imposto de
Importação, IPI, ICMS e Outros impostos menos subsídios. Para tanto, abre-se uma
nova planilha a qual é aqui intitulada “Coeficientes1”. Em Coeficientes1 é
recomendável que abra uma coluna auxiliar de Consumo do Governo Auxiliar, pois
certos produtos são zerados. Este é um dos pontos sensíveis que não se observa
detalhadamente na literatura concernente de estimação de MIPs no Brasil.
Para vias de facilitação de manipulação dos dados, é utilizada a representação dos
produtos e setores na planilha por meio de chaves numéricas de modo que os produtos
terão índices de i=1,..., 128 e os setores j=1,...,68 + Segmentos de Demanda Final. Na
coluna de Consumo do Governo Auxiliar da planilha Coeficientes1 (conforme sugerido
anteriormente), os valores dos produtos 118, 119,120 e 122 (serviços coletivos da
administração pública, serviços de previdência e assistência social, educação pública e
saúde pública) devem ser substituídos pelo valor 0. Deve ser observado que estes
produtos são considerados como ofertados e consumidos pelo próprio setor público, daí
a razão de que sua diferença seja zero. O quadro 7 mostra o produto e os valores que
devem ser zerados na coluna de Consumo de Governo, chamada de Auxiliar no lado
esquerdo e, no lado direito, os valores originais para o Sistema de Contas Nacionais de
2013.
Alexandre R A Batista 18
3. Metodologia Prática para Inferir a Matriz Insumo-Produto
Fonte: Elaboração própria a partir dos dados do SCN – 2017 provido pelo IBGE (2019).
A partir daí, é possível calcular os coeficientes técnicos proporcionais à
Importação, Imposto de Importação, IPI, ICMS e Outros impostos menos subsídios. Os
coeficientes farão parte de uma matriz de i linhas e j colunas. Podemos defini-la como
Aimp, de modo que cada elemento seja dada por Aimp i x j = [aimpij]i x j. Assim, cada
coeficiente será obtido por meio da equação (1) a seguir.
Equação (1)
aimpij = Usos2ij / (Demanda Totali – Expi – Estoquei – ISFLSFi – GovAuxi)
Variável Descrição
aimpij Coeficiente do produto i para o setor j.
Demanda Totali Demanda Total do produto i.
Expi Variação de Estoque do produto i.
Estoquei Variação de Estoque do produto i.
ISFLSFi Consumo das ISFLSF do produto i.
Consumo do Governo obtido da coluna auxiliar com seus devidos zeros do
GovAuxi
produto i.
A figura 2 dá uma ideia mais ampla de como poderia ser montada as colunas
auxiliares e a matriz dos coeficientes para o SCN de 2017.
Alexandre R A Batista 19
3. Metodologia Prática para Inferir a Matriz Insumo-Produto
Fonte: Elaboração própria a partir dos dados do SCN – 2017 provido pelo IBGE (2019).
O procedimento para encontrar os coeficientes técnicos para Margem de
Comércio e Margem de Transporte é similar. Para auxiliar o cálculo, abre-se uma
planilha intitulada por “Coeficientes2”. Mas, neste caso, é desnecessário zerar o valor de
algum produto no que se refere ao Consumo do Governo. Vamos, também, chamar essa
nova matriz de Amargem i x j = [amargemij]i x j.O cálculo de cada coeficiente é dado pela
equação (2):
Equação (2)
amargemij = Uso2ij /(Demanda Totali – Estoquei – ISFLSFi )
Variável Descrição
amargemij Coeficiente do produto i para o setor j.
Demanda Totali Demanda Total do produto i.
Estoquei Variação de Estoque do produto i.
ISFLSFi Consumo das ISFLSF do produto i.
Alexandre R A Batista 20
3. Metodologia Prática para Inferir a Matriz Insumo-Produto
Fonte: Elaboração própria a partir dos dados do SCN – 2017 provido pelo IBGE (2019).
A próxima etapa faz uso da Tabela 1 - Recursos de bens e serviços. As planilhas
de interesse são as de oferta e importação. Para fins de organização, cria-se uma
planilha intitulada por Usos 1 no arquivo de trabalho que tem a planilha oferta original e
adjacente à sua última coluna, a coluna de Importação de bens e serviços que
originalmente estava na planilha importação. Esta disposição pode ser vista na figura 4.
Figura 4: Planilha Usos 1.
Fonte: Elaboração própria a partir dos dados do SCN – 2017 provido pelo IBGE (2019).
A próxima fase é inferir os valores proporcionais de Importação de bens e
serviços, Imposto de Importação, IPI, ICMS, Outros impostos menos subsídios,
Margem de Comércio e Margem de Transporte.
Para se calcular a proporção relativa, de Importação de bens e serviços, de cada
produto i=1,...,128 em relação ao setor j=1,...,68 + Segmentos de Demanda Final, basta
pegar a coluna de Importação de bens e serviços e multiplicar o valor de cada produto
Alexandre R A Batista 21
3. Metodologia Prática para Inferir a Matriz Insumo-Produto
pelo seu respectivo coeficiente técnico relativo a cada setor e demanda final, conforme a
equação (3) a seguir.
Equação (3)
Importaçãoij = Importi . aimpij
Variável Descrição
Importaçãoij Valor de importação inferido do produto i pelo setor j.
Importi Valor de importação do produto i fornecido pela coluna de Importação de bens
e serviços.
aimpij Coeficiente técnico calculado anteriormente do produto i para o setor j.
Contudo, a inferência para Importação não está completa desta maneira. Caso
fosse somada a demanda final em sua compleza, os valores da matriz não fechariam
com os valores das importações do SCN que está na nossa matriz Usos1. Para
solucionar, devem-se zerar os valores das colunas de Exportação de bens e serviços,
Consumo do Governo, Consumo das ISFLSF e Variação de Estoque. A figura 5 traz
uma aproximação com destaque aos zeros nas colunas referidas.
Figura 5: Planilha importações com as colunas que devem ser zeradas.
Fonte: Elaboração própria a partir dos dados do SCN – 2017 provido pelo IBGE (2019).
A inferência para a matriz de Imposto de Importação é idêntica ao procedimento
anterior. Além dos passos serem os mesmos, deve-se colocar zeros nos valores nas
mesmas colunas, Exportação de bens e serviços, Consumo do Governo, Consumo das
ISFLSF e Variação de Estoque. O cálculo de seu valor é mostrado conforme a equação
(4) e a planilha recebeu o nome de “Imposto Import”.
Alexandre R A Batista 22
3. Metodologia Prática para Inferir a Matriz Insumo-Produto
Equação (4)
Imposto Importij = ImpostoImpi . aimpij
Variável Descrição
Imposto Importij Valor de imposto de importação inferido do produto i pelo setor j.
ImpostoImpi Valor do Imposto de Importação do produto i fornecido pela coluna de
Imposto de Importação.
aimpij Coeficiente técnico calculado anteriormente do produto i para o setor j.
Fonte: Elaboração própria a partir dos dados do SCN – 2017 provido pelo IBGE (2019).
A inferência para a matriz de ICMS não difere do procedimento anterior. Devem-
se colocar zeros nos valores das mesmas colunas, Exportação de bens e serviços,
Consumo do Governo, Consumo das ISFLSF e Variação de Estoque. Seu cálculo é
mostrado conforme a equação (5) e foi dado o nome a esta planilha de “ICMS”.
Equação (5)
ICMSij = ICMSOrigini . aimpij
Variável Descrição
ICMSij Valor do ICMS inferido do produto i pelo setor j.
ICMSOrigini Valor do ICMS do produto i fornecido pela coluna de ICMS original.
aimpij Coeficiente técnico calculado anteriormente do produto i para o setor j.
Alexandre R A Batista 23
3. Metodologia Prática para Inferir a Matriz Insumo-Produto
Fonte: Elaboração própria a partir dos dados do SCN – 2017 provido pelo IBGE (2019).
Analogamente, a inferência para a matriz de IPI não difere dos procedimentos
anteriores. Colocam-se zeros nos valores das mesmas colunas, Exportação de bens e
serviços, Consumo do Governo, Consumo das ISFLSF e Variação de Estoque. Seu
cálculo é mostrado conforme a equação (6) e foi dado o nome a esta planilha de “IPI”.
Equação (6)
IPIij = IPIOrigini . aimpij
Variável Descrição
ICMSij Valor do IPI inferido do produto i pelo setor j.
IPIOrigini Valor do IPI do produto i fornecido pela coluna de IPI original.
aimpij Coeficiente técnico calculado anteriormente do produto i para o setor j.
Fonte: Elaboração própria a partir dos dados do SCN – 2017 provido pelo IBGE (2019).
Alexandre R A Batista 24
3. Metodologia Prática para Inferir a Matriz Insumo-Produto
Por fim, a inferência para a matriz de Outros impostos menos subsídios repete os
procedimentos anteriores. Colocam-se zeros nos valores das mesmas colunas,
Exportação de bens e serviços, Consumo do Governo, Consumo das ISFLSF e
Variação de Estoque. Seu cálculo é mostrado conforme a equação (7) e foi dado
o nome a esta planilha de “OIIL”.
Equação (7)
OIILij = OIILOrigini . aimpij
Variável Descrição
OIILij Valor do OIIL inferido do produto i pelo setor j.
OIILOrigini Valor do OIIL do produto i fornecido pela coluna de OIIL original.
aimpij Coeficiente técnico calculado anteriormente do produto i para o setor j.
Fonte: Elaboração própria a partir dos dados do SCN – 2017 provido pelo IBGE (2019).
Para obter as Margens de Comércio proporcionais, o procedimento é análogo aos
anteriores, mas há sutilezas também pouco difundidas na literatura. O primeiro passo é
abrir uma planilha que pode ser denominada por “MG Com”. Em seguida, constrói-se
uma coluna auxiliar com os Valores de Margem de Comércio da planilha Usos1. O
ponto crucial é que as atividades 93 e 94 (Comércio e reparação de veículos e
Comércio por atacado e a varejo, exceto veículos automotores) devem ter seus valores
zerados. Como se trata das próprias margens de comércio, elas estão negativas. Então se
for somado às demais atividades, a somatória seria zero no vetor. O quadro 10 mostra
como a substituição deve ser feita.
Alexandre R A Batista 25
3. Metodologia Prática para Inferir a Matriz Insumo-Produto
Quadro 8: Produtos 93 e 94 têm seus valores substituídos por zero em uma coluna
auxiliar
Margem
Margem
de
de
comércio (coluna
comércio
auxiliar)
Produto Valor Valor
1 2052 2052
... ... ...
93 0 -88651
94 0 -935674
... ... ...
128 0 0
Fonte: Elaboração própria a partir dos dados do SCN – 2017 provido pelo IBGE (2019).
Uma sugestão de montagem desta planilha pode ser vista na figura 10.
Alexandre R A Batista 26
3. Metodologia Prática para Inferir a Matriz Insumo-Produto
Figura 10: Planilha Margem de Comércio (MG Com) com a coluna auxiliar e a
coluna Variação de Estoque zerada.
Fonte: Elaboração própria a partir dos dados do SCN – 2017 provido pelo IBGE (2019).
Fonte: Elaboração própria a partir dos dados do SCN – 2017 provido pelo IBGE (2019).
Alexandre R A Batista 27
3. Metodologia Prática para Inferir a Matriz Insumo-Produto
Equação (9)
MGTranspij = MGTranspAuxi . amargemij
Variável Descrição
MGTranspij Valor da margem de transporte inferida do produto i pelo setor j.
Valor da Margem de Transporte i fornecida pela coluna auxiliar de Margem
MGTranspAuxi
de Transporte.
Coeficiente técnico calculado anteriormente do produto i para o setor j no que
amargemij
se refere a margens (planilha “Coeficientes2”).
A figura 11 fornece uma sugestão de como esta planilha pode ser montada.
Figura 11: Planilha Margem de Transporte (MG Transp) com a coluna auxiliar e a
coluna Variação de Estoque zerada.
Fonte: Elaboração própria a partir dos dados do SCN – 2017 provido pelo IBGE (2019).
Todas as tabelas encontradas até então fornecem subsídios para a primeira e muito
importante matriz, a de usos de Produto por Setor, a qual terá uma planilha
confeccionada também denominada aqui, da mesma forma que a MIP divulgada pelo
Nereus, de “Uso PxS”.
A metodologia, então, pode seguir o curso tradicional conforme exposto em
Guilhoto (2011), Guilhoto e Sesso Filho (2005;2010). Neste caso, calcula-se para cada
produto a Oferta Nacional a Preço Básico (ONPB) que é encontrada subtraindo da
Oferta Global a Preços de Consumidor (OGPC), a Oferta Internacional (OI), as
Alexandre R A Batista 28
3. Metodologia Prática para Inferir a Matriz Insumo-Produto
Equação (10)
UsoPxSij = CIij - Importaçãoij - Imposto Importij - ICMSij - IPIij - OIILij – MGComij - GTranspij
Variável Descrição
É a Oferta Nacional a Preços Básicos que seriam os fluxos de valores do
UsoPxSij
Produto i consumido pelo Setor j, que é o que se procura nesta matriz PxS.
CIij São os valores do Produto i consumidos pelo Setor j na tabela de Usos2.
Importaçãoij, Imposto
São variáveis que já foram calculadas anteriormente e seriam a OI.
Importij
ICMSij, IPIij, OIILij São variáveis que foram calculadas anteriormente e seriam os IIL.
Correspondem às Margens de Comércio e Transporte, conforme calculado
MGComij, MGTranspij
anteriormente.
Esta fórmula deve ser aplicada a todas as relações de produtos e setores, com
exceção dos produtos 93, 94, 95 e 97. Pode-se ver o formato parcial na figura 12, a
seguir.
Figura 12: Planilha Uso PxS com os cálculos parciais até então.
Fonte: Elaboração própria a partir dos dados do SCN – 2017 provido pelo IBGE (2019).
Alexandre R A Batista 29
3. Metodologia Prática para Inferir a Matriz Insumo-Produto
Equação (11)
UsoPxS93j = CI93j – Importação93j - Imposto Import93j – ICMS93j – IPI93j – OIIL93j + MGCom81j +
MGCom82j + MGCom83j + MGCom84j – MGTransp93j
Variável Descrição
É a Oferta Nacional a Preços Básicos que seriam os fluxos de valores do
UsoPxS93j
Produto 93 consumido pelo Setor j.
CI93j São os valores do Produto 93 consumidos pelo Setor j na tabela de Usos2.
Importação93j É o fluxo de valor do Produto 93 importado pelo Setor j.
Imposto Import93j É o fluxo de valor de imposto de importação do Produto 93 pelo Setor j.
ICMS93j É o fluxo de valor de ICMS do Produto 93 pelo Setor j.
IPI93j É o fluxo de valor de IPI do Produto 93 pelo Setor j.
É o fluxo de valor de outros impostos menos subsídios do Produto 93 pelo
OIIL93j
Setor j.
Corresponde ao fluxo de valor de Margem de Transporte do Produto 93 pelo
MGTransp93j
Setor j.
É o fluxo do valor da Margem de Comércio do Produto 81 (Automóveis,
MGCom81j
camionetas e utilitários) ao Setor j.
É o fluxo do valor da Margem de Comércio do Produto 82 (Caminhões e
MGCom82j
ônibus, incl. cabines, carrocerias e reboques) ao Setor j.
É o fluxo do valor da Margem de Comércio do Produto 83 (Peças e acessórios
MGCom83j
para veículos automotores) ao Setor j.
É o fluxo do valor da Margem de Comércio do Produto 84 (Aeronaves,
MGCom84j
embarcações e outros equipamentos de transporte) ao Setor j.
Fonte: Elaboração própria a partir dos dados do SCN – 2017 provido pelo IBGE (2019).
Alexandre R A Batista 30
3. Metodologia Prática para Inferir a Matriz Insumo-Produto
Equação (12)
UsoPxS94j = CI94j – Importação94j – Imposto Import94j – ICMS94j – IPI94j – OIIL94j – MGCom81j +
128
Variável Descrição
É a Oferta Nacional a Preços Básicos que seriam os fluxos de valores do
UsoPxS94j
Produto 94 consumido pelo Setor j.
CI94j São os valores do Produto 94 consumidos pelo Setor j na tabela de Usos2.
Importação94j É o fluxo de valor do Produto 94 importado pelo Setor j.
Imposto Import94j É o fluxo de valor de imposto de importação do Produto 94 pelo Setor j.
ICMS94j É o fluxo de valor de ICMS do Produto 94 pelo Setor j.
IPI94j É o fluxo de valor de IPI do Produto 94 pelo Setor j.
É o fluxo de valor de outros impostos menos subsídios do Produto 94 pelo
OIIL94j
Setor j.
Corresponde ao fluxo de valor da margem de comércio do produto i ao setor j
MGComij (como se trata de uma somatória, para facilitar, soma-se a coluna inteira em
margens do comércio do setor correspondente).
Corresponde ao fluxo de valor de Margem de Transporte do Produto 94 pelo
MGTransp94j
Setor j.
É o fluxo do valor da Margem de Comércio do Produto 81 (Automóveis,
MGCom81j
camionetas e utilitários) ao Setor j.
É o fluxo do valor da Margem de Comércio do Produto 82 (Caminhões e
MGCom82j
ônibus, incl. cabines, carrocerias e reboques) ao Setor j.
É o fluxo do valor da Margem de Comércio do Produto 83 (Peças e acessórios
MGCom83j
para veículos automotores) ao Setor j.
É o fluxo do valor da Margem de Comércio do Produto 84 (Aeronaves,
MGCom84j
embarcações e outros equipamentos de transporte) ao Setor j.
Fonte: Elaboração própria a partir dos dados do SCN – 2017 provido pelo IBGE (2019).
Alexandre R A Batista 31
3. Metodologia Prática para Inferir a Matriz Insumo-Produto
Equação (13)
PropTerrestre = MargemTerrestre / (MargemTerrestre + MargemAquaviário)
Equação (14)
PropAquaviario = MargemAquaviário / (MargemTerrestre + MargemAquaviário)
Variável Descrição
É a proporção da margem de transporte terrestre de carga em relação à margem
PropTerrestre
de transporte terrestre de carga mais aquaviário.
É a proporção da margem de transporte aquaviário em relação à margem de
PropAquaviario
transporte terrestre de carga mais aquaviário.
É a margem de Transporte Terrestre de Carga obtida no vetor de Margem de
MargemTerrestre
Transporte na planilha de “Usos1”
É a margem de Transporte Aquaviário obtida no vetor de Margem de
MargemAquaviário
Transporte na planilha de “Usos1”.
Fonte: Elaboração própria a partir dos dados do SCN – 2017 provido pelo IBGE (2019).
Alexandre R A Batista 32
3. Metodologia Prática para Inferir a Matriz Insumo-Produto
Equação (15)
128
MGTranspTerrestre95j = PropTerrestre∑ MGTransp ij
i=1
Variável Descrição
MGTranspTerrestre95j É a margem de transporte total do Produto 95.
PropTerrestre É a proporção de Transportes Terrestres de Cargas obtida anteriormente.
É a o fluxo de valores de Margem de Comércio do Produto i ao Setor j, obtido
MGTranspij na planilha “MG Transp”.
Uma sugestão de organização pode ser vista na figura 15, em que se verifica a
margem de transporte com os cálculos proporcionais ajustados para o produto 95.
Figura 16: Margem de transporte para cada setor ajustada pela proporção do
produto 95.
Fonte: Elaboração própria a partir dos dados do SCN – 2017 provido pelo IBGE (2019).
Alexandre R A Batista 33
3. Metodologia Prática para Inferir a Matriz Insumo-Produto
A inferência do produto 95 pode ser vista na figura 17, baseado no SCN de 2017.
Figura 17: Produto 95 calculado na planilha Usos PxS.
Fonte: Elaboração própria a partir dos dados do SCN – 2017 provido pelo IBGE (2019).
Variável Descrição
MGTranspAquaviario95j É a margem de transporte total do Produto 97.
PropAquaviario É a proporção de Transportes Aquaviário obtida anteriormente.
É a o fluxo de valores de Margem de Comércio do Produto i ao Setor j, obtido
MGTranspij
na planilha “MG Transp”.
Uma sugestão de organização pode ser vista na figura 18, em que se verifica a
margem de transporte com os cálculos proporcionais ajustados para o produto 97.
Figura 18: Margem de transporte para cada setor ajustada pela proporção do
produto 97.
Fonte: Elaboração própria a partir dos dados do SCN – 2017 provido pelo IBGE (2019).
Alexandre R A Batista 34
3. Metodologia Prática para Inferir a Matriz Insumo-Produto
Equação (18)
UsoPxS97j = CI95j - Importação97j - Imposto Import97j - ICMS97j - IPI97j - OIIL97j -
MGCom97j + MGTranspAquaviario97j
Variável Descrição
É a Oferta Nacional a Preços Básicos que seriam os fluxos de valores do
UsoPxS97j
Produto 97 consumido pelo Setor j.
CI97j São os valores do Produto 97 consumidos pelo Setor j na tabela de Usos2.
Importação97j É o fluxo de valor do Produto 97 importado pelo Setor j.
Imposto Import97j É o fluxo de valor de imposto de importação do Produto 97 pelo Setor j.
ICMS97j É o fluxo de valor de ICMS do Produto 97 pelo Setor j.
IPI97j É o fluxo de valor de IPI do Produto 97 pelo Setor j.
É o fluxo de valor de outros impostos menos subsídios do Produto 97 pelo
OIIL97j
Setor j.
Corresponde ao fluxo de valor da margem de comércio do produto 97 ao setor
MGCom97j
j.
É a margem de transporte aquaviário com o ajuste proporcional para o
MGTranspAquaviario97j
produto 97.
A inferência do produto 97 pode ser vista na figura 19, baseado no SCN de 2017.
Figura 19: Produto 97 calculado na planilha Usos PxS.
Fonte: Elaboração própria a partir dos dados do SCN – 2017 provido pelo IBGE (2019).
O próximo passo é ajustar um layout próximo ao da figura 1 no começo do texto.
Para tanto, utilizaremos as planilhas anteriormente estimadas e organizadas. Ou seja, as
planilhas de Importações, Imposto de Importações, ICMS, IPI, OIIL e a de Usos2.
Basicamente, deve ser atentado o seguinte: cada coluna destes itens, exceto a de Usos2,
devem ser somadas para fornecer o seu total utilizado por cada setor, inclusive a da
matriz estimada PxS, cujo resultado das somas de cada coluna fica na forma da
Produção Nacional. Feito isto, devem ser postas em paralelo uma abaixo da outra. A
soma das variáveis de impostos mais a Produção Nacional dará o valor do consumo
intermediário total de um determinado setor j. A equação (19) mostra o cálculo e a
figura 20 dá uma ideia de como fica a disposição da planilha até esta fase.
Alexandre R A Batista 35
3. Metodologia Prática para Inferir a Matriz Insumo-Produto
Equação (19)
CIj = PNj + Importaçõesj + ImpostImportj + ICMSj + IPIj + OIILj
Variável Descrição
CIj É o consumo intermediário total do setor j.
É o consumo intermediário do setor j referente aos produtos nacionais, livre
PNj
de impostos.
Importaçõesj É o total de importações do setor j calculado na planilha de Importações
É o total de imposto de importações do setor j calculado na planilha de
Imposto Importj
Imposto de Importações.
ICMSj É o total de ICMS do setor j calculado na planilha ICMS,
IPIj É o total de IPI do setor j calculado na planilha IPI,
OIILj É o total de outros impostos menos subsídios da planilha OIIL.
Figura 20: Matriz de Usos PxS com a Produção Nacional, os impostos e o valor
total do Consumo Intermediário.
FonteElaboração própria a partir dos dados do SCN – 2017 provido pelo IBGE (2019).
Alexandre R A Batista 36
3. Metodologia Prática para Inferir a Matriz Insumo-Produto
Equação (20)
VACFj = Remuneraçõesj + RMBj + EOBj
Variável Descrição
VACFj É a variável de Valor Adicionado a Custo de Fatores do setor j.
Remuneraçõesj São as remunerações pagas pelo setor j.
RMBj É Rendimento Misto Bruto do setor j.
EOBj É o Excedente Operacional Bruto do setor j.
A aparência final da planilha Usos PxS pode ser vista na figura 21. A tabela está,
assim, completada.
Figura 21: Planilha Usos PxS com os ajustes finais.
Fonte:Elaboração própria a partir dos dados do SCN – 2017 provido pelo IBGE (2019).
Alexandre R A Batista 37
3. Metodologia Prática para Inferir a Matriz Insumo-Produto
Demanda
Produto Setores Valor da Produção
Final
Produto S DF q
Setores V
Valor da
q' g'
Produção
Alexandre R A Batista 38
3. Metodologia Prática para Inferir a Matriz Insumo-Produto
Fonte:Elaboração própria a partir dos dados do SCN – 2017 provido pelo IBGE (2019).
Uma forma de atenuar esse problema é transformar em zero esses fluxos
negativos em uma nova planilha que pode ser intitulada por Produção Ajustada. As
somas totais tanto das linhas quanto das colunas devem ser ajustadas também. Para
zerar, existem duas maneiras. Ou se faz uma a uma manualmente, o que poderá incorrer
em erro, ou automatiza de alguma maneira com os próprios programas de planilhas ou
alguma linguagem de programação. A figura 23 mostra a parte da planilha produção
ajustada com os zeros que substituíram os valores negativos.
Figura 23: Parte da planilha produção ajustada em que os zeros substituem os
valores negativos.
Fonte:Elaboração própria a partir dos dados do SCN – 2017 provido pelo IBGE (2019).
Alexandre R A Batista 39
3. Metodologia Prática para Inferir a Matriz Insumo-Produto
Equação (21)
s
b ij= 128 ij
∑ sij
i=1
Variável Descrição
É um coeficiente técnico de utilização de produto i por setor j, elemento da
bij
matriz B = [bij],.
sij É um produto por setor, elemento da matriz S = [sij].
A matriz B pode ser vista na figura 24. Os produtos são as linhas e vão de 1 a 128.
Os setores são as colunas e vão de 1 a 68.
Figura 24: Matriz B de coeficientes técnicos de produtos e setores a partir da
matriz de produção ajustada.
Fonte: Elaboração própria a partir dos dados do SCN – 2017 provido pelo IBGE (2019).
A seguir, devemos confeccionar uma matriz intitulada D. Esta irá conter alocações
de produção, a participação de cada setor para produzir um determinado bem. Para
encontrar o coeficiente de cada elemento de D, divide-se a produção pela somatória de
toda a produção que os demais setores utilizam na mesma coluna. O cálculo de D é
Alexandre R A Batista 40
3. Metodologia Prática para Inferir a Matriz Insumo-Produto
baseado na matriz V (que é a matriz de Uso PxS) e origina uma outra com 68 linhas e
128 colunas. A equação (22) mostra como deve ser feito o cálculo.
Equação (22)
v
d ij = 128 ij
∑ v ij
i=1
Variável Descrição
É um coeficiente de participação do setor i para produzir um produto j,
dij
elemento da matriz D = [dij],.
vij É um produto por setor, elemento da matriz V = [vij].
A confecção dessa matriz exigirá muita mão de obra. Então talvez seja mais fácil
calcular primeiro a sua transposta D’128x68 e depois transpor novamente para que se
encontre a D68x128 . Assim, recomenda-se utilizar os recursos do editor de planilhas. A
figura 25 mostra o resultado final da planilha D.
Figura 25: Matriz D de coeficientes técnicos de setores e produtos a partir da
matriz de Usos PxS.
Fonte: Elaboração própria a partir dos dados do SCN – 2017 provido pelo IBGE (2019).
Com essas duas matrizes é possível elaborar uma única matriz intersetorial, basta
apenas multiplicar B’ por D’. Caso se quisesse uma matriz interproduto, bastaria
multiplicar B por D. Como o objetivo aqui é a matriz SxS, a equação (23) mostra apenas
tal multiplicação matricial.
Alexandre R A Batista 41
3. Metodologia Prática para Inferir a Matriz Insumo-Produto
Equação (23)
BD = B’D’
Variável Descrição
BD É matriz de coeficiente técnico intersetorial 68x68.
É a matriz transposta de participação de cada setor para produzir cada
D’
produto, estimada anteriormente.
É a matriz transposta de coeficiente técnico de utilização de um produto i por
B’
um setor j.
A matriz de coeficiente técnico intersetorial 68x68 pode ser vista na figura 26.
Figura 26: Matriz de coeficiente técnico intersetorial 68x68 B’D’.
Fonte: Elaboração própria a partir dos dados do SCN – 2017 provido pelo IBGE (2019).
Equação (24)
ssij = bdij . valprodj
Variável Descrição
ssij É o elemento da matriz SxS = [ssij], em que o setor i oferta produto ao setor j.
dbij É o coeficiente técnico intersetorial entre o setor i e o j da matriz DB = [dbij].
valprodj É o valor da produção do setor j encontrado na matriz de Usos2.
Alexandre R A Batista 42
3. Metodologia Prática para Inferir a Matriz Insumo-Produto
A matriz completa até então pode ser vista na figura 27. Esta é a matriz SxS de
consumo intermediário.
Figura 27: Matriz de usos SxS com 68 setores, de consumo intermediário.
Fonte: Elaboração própria a partir dos dados do SCN – 2017 provido pelo IBGE (2019).
O último cálculo se vale novamente da matriz B’ que é multiplicada à matriz DF
de Demanda Final. Esta, é obtida na matriz PxS e é composta pelos 128 produtos em
forma de linha e 6 colunas expressas como Exportação de Bens e Serviços, Consumo do
Governo, Consumo das ISFLSF, Consumo das famílias, Formação Bruta de Capital
Fixo e Variação de Estoque. Como B’ é matriz 68x128 e DF é 128x6, o resultado é uma
matriz de demanda 68x6, que é o que buscamos. A equação usada é a (25), a seguir.
Equação (25)
DF68x68 = B’.DF128x68
Variável Descrição
DFs68x68 É a demanda final da matriz intersetorial 68x68.
É a matriz de coeficiente técnico de utilização de produto i por setor j
B’
calculada anteriormente.
DF128x68 É a matriz demanda final da matriz PxS 128x68.
Para uma melhor organização, vamos construir uma planilha intitulada por DF e
organizá-la, conforme a figura 28 adiante.
Alexandre R A Batista 43
3. Metodologia Prática para Inferir a Matriz Insumo-Produto
Figura 28: Partição de demanda final DF68x68 calculada para a matriz SxS com 68
setores.
Fonte: Elaboração própria a partir dos dados do SCN – 2017 provido pelo IBGE (2019).
A matriz de demanda final não está completa. É necessário fazer os ajustes finais
com a utilização dos resíduos do Valor da Produção da planilha Usos 2 da Tabela 2 –
Uso de Bens e Serviços. Opcionalmente, ideal seria construir uma matriz coluna de
modo a transpor essa variável e facilitar as contas. Em seguida, construímos a matriz
coluna de Consumo das Famílias conforme a equação (26) e introduzmos os valores
corretos na matriz DF6x68.
Alexandre R A Batista 44
3. Metodologia Prática para Inferir a Matriz Insumo-Produto
Equação (26)
CFi = VPj - CIi - Expi - CGi - ISFLSFi - FBKFi - ESTi
Variável Descrição
CFi É o Consumo das Famílias do set or i.
VPj É o Valores de Produção do setor j.
CIi É o Consumo Intermediário do setor i.
Expi São as Exportações do setor i.
CGi É o Consumo do Governo do setor i.
ISFLSFi É o Consumo das ISFLSFi do setor i.
FBKFi É a Formação de Capital Fixo do setor i.
ESTi É a Variação do Estoque do setor i.
Fonte: Elaboração própria a partir dos dados do SCN – 2017 provido pelo IBGE (2019).
Alexandre R A Batista 45
3. Metodologia Prática para Inferir a Matriz Insumo-Produto
Fonte: Elaboração própria a partir dos dados do SCN – 2017 provido pelo IBGE (2019).
Adicionalmente, podemos Aproveitar e elaborar a matriz inversa de Leontief. Esta
é calculada conforme a equação (27). Ela é construída com os 68 setores,
caracterizando uma matriz 68x68 e tem propriedades bastante úteis.
Equação (27)
L = (I - A)-1
Variável Descrição
L É a matriz inversa de Leontief.
I É uma matriz identidade.
A É a matriz de coeficientes técniccos DB calculada anteriormente.
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3. Metodologia Prática para Inferir a Matriz Insumo-Produto
Fonte: Elaboração própria a partir dos dados do SCN – 2017 provido pelo IBGE (2019).
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3. Metodologia Prática para Inferir a Matriz Insumo-Produto
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Conforme discutido no início do trabalho, a principal característica da matriz
insumo-produto é mostrar os seus encadeamentos produtivos por meio de fluxos
monetários que expressam a oferta e a demanda de produtos e serviços, além de
preservar as identidades macroeconômicas. Este tipo de abordagem facilita a vida de
pesquisadores e interessados que, dentre outros, podem realizar análises de ordem micro
e/ou macroeconômicas para objetos de estudo tangíveis ou intangíveis.
Contudo, a grande dificuldade aqui no Brasil é a divulgação oficial que ocorre
com atrasos, de modo que é necessária sua estimação se se desejar utilizar dados mais
atuais. A literatura nacional ensina que é possível inferir a matriz, a partir das Tabelas
de Recursos e Usos de Bens e Serviços do Sistema de Contas Nacionais providas pelo
IBGE. Mas ainda assim, apresenta o problema de que se for seguida estritamente como
é apresentada na maioria dos artigos científicos tal qual uma “receita de bolo”, não
levam a resultados como aqueles encontrados nas matrizes com 128 produtos e 68
setores divulgadas pelo Nereus, por exemplo.
Outro problema é que os dados providos pelo IBGE não são mantidos ao longo do
tempo. As revisões anuais fazem com que um conjunto de tabelas do SCN possa não ser
igual ao do ano seguinte. Isto é, os valores de um SCN de 2017 provido em 2019 pode
ser diferente dos valores de um SCN de 2017 provido em 2020. Por consequência, os
dados se alteram e novas matrizes de Insumo-Porduto têm de ser confeccionadas.
Este trabalho tentou amenizar tais questões, além de reduzir a dependência das
matrizes oficiais enquanto estas não são lançadas, ao utilizar o SCN. Foi proposta uma
forma de confecção por meio de aplicativos de planilhas eletrônicas, longe da
abordagem profundamente teórica e de excessiva formalização. Buscou-se priorizar o
aspecto prático e intuitivo com ferramentas mais cotidianas e reconhecidas.
Dado a proximidade dos resultados com as matrizes oficiais e de outros
pesquisadores, como a do Nereus, pode-se concluir que é possível utilizar a metodologia
aqui exposta com relativa segurança sem, contudo, deixar de levar em consideração que
as matrizes insumo-produto oficiais são as mais recomendáveis a serem utilizadas.
Este trabalho está disponível, assim como algumas matrizes estimadas, nos sites
http://usp-br.academia.edu/AlexandreRicardodeArag%C3%A3oBatista e
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3. Metodologia Prática para Inferir a Matriz Insumo-Produto
Alexandre R A Batista 49
3. Metodologia Prática para Inferir a Matriz Insumo-Produto
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BATISTA, Alexandre Ricardo de Aragão. Estrutura produtiva brasileira na era dos
serviços: uma análise baseada na matriz de insumo-produto. 1 recurso online (162 p.).
Dissertação (mestrado) - Universidade Estadual de Campinas, Instituto de Economia,
Campinas, SP, 2019.
MILLER, Ronald E.; BLAIR, Peter D.. Input-Output Analysis. Second Edition.
Cambridge University Press: New York, 2009.
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3. Metodologia Prática para Inferir a Matriz Insumo-Produto
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