Dissertacao Mateus Cunha Final
Dissertacao Mateus Cunha Final
Dissertacao Mateus Cunha Final
ESCOLA POLITÉCNICA
Salvador
UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA
ESCOLA POLITÉCNICA
Salvador
C972 Cunha, Mateus Almeida.
A implementação do Programa de Aceleração do
Crescimento no estado da Bahia e sua contribuição frente
aos desafios da universalização do saneamento básico/
Mateus Almeida Cunha. – Salvador, 2015.
289 f. : il. color.
Aos meus pais, Edna e Vivaldo, por me darem a vida e terem prezado pela
educação dos filhos. Sem eles, nada disso existiria. Palavras me faltam para
expressar toda a gratidão e o reconhecimento.
Aos meus segundos pais, Cristiane Cunha e Éder Cunha, pelo carinho e apoio
incondicional. Sem eles, chegar até aqui não seria possível.
AGRADECIMENTOS
Aos professores Luiz Roberto Santos Moraes e Maria Elisabete dos Santos, que
compõem a banca examinadora, por terem aceitado essa tarefa e confiado em mim.
Aos professores Severino Soares e Márcia Marinho, por tanto me ensinarem na área
de pesquisa acadêmica.
À minha inesquecível avó Ninice (ou apenas, Vó), com muita saudade e lágrimas.
Às irmãs Caroline e Renata, pelas minhas ausências. Não tenho (nem teria)
palavras para descrever o quão importantes vocês são para mim.
Aos entrevistados que, por questões éticas, não poderei citar os nomes, mas são os
representantes do MCidades, da Funasa, da Caixa, da SEDUR, da Embasa, da
Conder, da Casa Civil do Estado da Bahia, do INEMA e do ConCidades/BA.
Ao amigo Renavan Sobrinho, pelo apoio e estímulo constantes.
Aos primos e primas: Chau, Cláudia, Luisinho, Marco, Martha, Mônica, Nem, Nando,
Sinay e principalmente a Marcia, pela revisão gramatical em tempo recorde.
Aos grandes amigos, por tantos momentos bons (ou não) juntos, em ordem
alfabética: Ana Carla, Ana Lívia, Celeste, Dani, Débora, Diana, Grazi, Jair, Kátia,
Lívia Lisboa, Lôla, Martina, Mari, Nadja, Nêssa, Paulinha, Soninha, Tássia, Thaise e
Vitor Passos.
À tecnologia. Não consigo imaginar como seria elaborar uma dissertação na era pré-
computador. Graças a ela pude ter parte da orientação à distância e defender o
projeto de pesquisa pelo Skype, com os professores Luiz Roberto Moraes e Patrícia
Borja morando na Espanha. Graças a ela quando, por problemas de saúde, precisei
me afastar do computador, escrevi parte desses capítulos pelo celular.
Aos cantores e bandas que foram do início ao fim minhas companhias na escrita
desta dissertação e tornaram este momento mais aprazível: Adriana Calcanhotto,
Toquinho, Vinícius de Moraes, Legião Urbana e Coldplay.
Tudo estaria bem se não adivinhasse a existência de outros
caminhos, ocupado em afastar os obstáculos do meu. A vida
que escolhi é dura e difícil. Aprendi com ela. Está na minha
mão deixá-la e começar outra. Por que não o faço? Por gostar
dela? Em parte. Acho interessante fazer, conscientemente,
uma vida que só forçados outros aceitariam. Mas não basta,
esta vida não me basta. Qual escolher, então? Ser casado, fútil
e tributável? Mas pode ser-se cada uma destas coisas e não se
ser as restantes! E depois?
[José Saramago]
RESUMO
The universalization of basic sanitation is a challenge due to the poor quality of the sources,
and unequal opportunities which are results of the historical Public Policy’s omission and
poor investments. Only after 2003, there was a change in the national scenery with the
increase of Federal Government resources, as well as the improvement of the institutional
capacities and legal framework. In 2007 it was created the Programa de Aceleração do
Crescimento (PAC) and the sanitation received significant investments, although there was
not an evaluation of their impacts. The present research aims to analyze the contribution and
feeble implementation of the Program in the State of Bahia, considering the challenges of
universalizing the sanitation. It discussed this conception taking into account some social
parameters and the characteristics of the cities covered by the program. In order to develop
the present job, it was used quantitative and qualitative analysis approach through
documental researches, use of secondary data and also the analyses of the perception from
social actors who dealt with the programs implementation. It was considered the period from
2007 to 2010 (PAC 1) and 2011 to 2014 (PAC 2). The results has shown that the PAC 1 has
reached 125 cities with an investment of R$ 2.5 Billion, most of it destined to sewage system
and water supply. The PAC 2 attended 257 cities, with an investment of R$ 1.0 Billion for the
same purpose. After analyzing some indicators from the cities covered by the PAC it shows
that the Program didn’t present a clear logic about the meaning of the financial resources. It’s
evident the priority given to the constructions which are instrumental to the sustainability of
some actions and historically neglected by the Public Power. In spite of the investments
retaking in sanitation, the results suggest that the Program’s conception didn’t take into
account the claim of the population and the needs of the stakeholders involved. The PAC
was created to fill the gap of investments in this field, however its conception is linked to the
Federal Government political project for the implement of big projects. As a result, it occurred
a detachment of the Public Policy for basic sanitation. The results showed low technical and
institutional ability of the main Executing Agencies and also the government’s attempt to
define the mechanisms of regulation to move forward the Program, considering its low
execution and also its distance from social control. It’s expected that the sanitation programs
be supported by the recognition of the municipal leadership, in the universalization, integrity,
and use of the appropriated technologies, intersectoriality, participation and social control
which are principles that the PAC didn’t incorporated, due to the economic supremacy over
the social environmental. Certainly, only after the democracy strengthen in Brazil it will be
possible to conceive programs that are aligned with the assumptions of the social law.
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................. 33
4 METODOLOGIA................................................................................................ 79
6.3 PAC 1 Saneamento na Bahia segundo o Produto Interno Bruto (PIB) per
capita dos municípios contemplados .............................................................. 151
7.3 PAC 2 Saneamento na Bahia segundo o Produto Interno Bruto (PIB) per
capita dos municípios contemplados ............................................................. 179
Quanto ao manejo dos resíduos sólidos, de acordo com os dados do SNIS de 2013
(BRASIL, 2015), a taxa de cobertura de serviços de coleta direta e indireta 1 de
resíduos domiciliares em relação à população urbana era de 98,5% da população
brasileira.
1
A coleta direta corresponde à realizada porta a porta, não incluindo, portanto, a população atendida
por caçambas estacionárias, cuja coleta é considerada como indireta.
34
Apenas após 2003, o saneamento básico teve maior atuação do Governo Federal,
que passou a organizar a ação pública por meio de uma estrutura institucional clara,
com a retomada dos investimentos e definição de arcabouço legal. Os marcos desse
processo foram: (i) a instituição da Lei Federal nº 11.445/2007, que definiu as
diretrizes nacionais e a política federal para o saneamento básico e; (ii) a elaboração
do Plano Nacional de Saneamento Básico (PNSB), aprovado em 6 de dezembro de
2013 pela Portaria Interministerial nº 571, conforme dispõe o Decreto Federal nº
8.141, de 20 de novembro de 2013.
Em consonância com esse projeto político e social, o PAC foi concebido pelo
Governo Federal com o objetivo manifesto de impulsionar um conjunto de ações
capazes de elevar o Brasil a um novo modelo de desenvolvimento. A primeira etapa
(PAC 1) abrangeu um conjunto de ações com o objetivo principal de acelerar o
crescimento econômico do Brasil, onde estavam previstos investimentos em
infraestrutura da ordem de R$ 503,9 bilhões de reais em todo o Brasil (no quadriênio
de 2007 a 2010) para os seguintes eixos: (i) Logística; (ii) Energia; e (iii)
Infraestrutura social e urbana (aqui inseridas as ações para o saneamento básico).
Foram investidos R$ 39,87 bilhões para saneamento básico em todo o País, de
2007 a 2010, e R$ 2,30 bilhões na Bahia, considerando-se o mesmo período
(BRASIL, 2010; 2015a).
Na Bahia, o PAC foi inserido no Programa Água para Todos (PAT), instituído em 30
de agosto de 2007, cuja estratégia de gestão originalmente possuía quatro linhas de
ação: (i) abastecimento de água; (ii) esgotamento sanitário; (iii) saneamento
integrado; e (iv) meio ambiente e projetos socioeconômicos (SEMA, 2011).
36
Antes do PAC, nenhum outro programa governamental investiu tantos recursos para
a melhora do saneamento básico no Brasil. No entanto, sua implementação tem
revelado um conjunto de fragilidades, dentre elas: (i) falta de projetos de engenharia;
(ii) dificuldade de gerenciamento dos recursos, em especial pelos municípios
beneficiários; e (iii) quadro técnico insuficiente ou inexistente, dentre outros. Até o
momento não foram realizadas avaliações dos impactos das intervenções do PAC
na vida da população atendida e no objetivo pretendido pelo Programa.
PROBLEMA DE PESQUISA
OBJETIVO GERAL
OBJETIVOS ESPECÍFICOS
Os direitos humanos são fruto de uma luta histórica e social, devido à ideia de
igualdade essencial entre os homens. Segundo Coutinho (2005), a cidadania não
ocorre de uma única vez e não é algo que vem de cima para baixo. De acordo com o
autor, ela é consequência de uma luta permanente das classes mais desfavorecidas,
por um longo período histórico.
Somente após a Declaração Universal dos Direitos do Homem é que se pode ter
certeza de que a humanidade, de maneira geral, possui alguns valores em comum.
Dessa forma, é possível acreditar na universalidade dos valores, no sentido em que
universal não significa efetivamente o que é dado objetivamente, mas sim acolhido
no pensamento humano (BOBBIO, 2004).
Quando esse pressuposto é aceito pela primeira vez por um legislador, como
ocorreu nos Estados Unidos com as Declarações de Direitos e também com a
Revolução Francesa, é que elas são, de fato, incluídas como uma nova concepção
de Estado. Nessa concepção, o Estado torna-se não mais absoluto, mas sim
limitado e tendo não mais fim em sim mesmo, mas um meio para se alcançar os fins
que são estabelecidos antes e fora de sua própria existência (BOBBIO, 2004).
A consolidação dos direitos do homem não se proclama mais como uma expressão
de exigência, mas se torna o início do estabelecimento de um sistema de direitos em
sua essência. Entretanto, esse universalismo foi uma conquista lenta quando, na
história da formação das declarações de direitos, podem ser distinguidas ao menos
três fases (BOBBIO, 2004).
forma de expectativas de direito, por meio de demandas que são formuladas por
classes ou grupos sociais, num dado período histórico.
Dessa forma, as demandas são colocadas como um postulado (ou direito), antes
mesmo de ser instituído por meio de, por exemplo, uma lei, um decreto ou um
Código (COUTINHO, 2005).
Para Bobbio (2004), ainda que inicialmente a hipótese do estado de natureza tenha
sido abandonada, a Declaração Universal dos Direitos do Homem apresenta uma
repercussão dessa ideia original, quando parte do pressuposto que “Todos os
homens nascem livres e iguais em dignidade e direitos”. Entretanto, a Declaração
dos Direitos do Homem conserva apenas um eco do jusnaturalismo porque, de fato,
a liberdade e a igualdade dos homens não são um dado de fato, mas um ideal a se
alcançar.
Ainda para Bobbio (2004), a terceira e última fase foi iniciada com a Declaração de
1948, quando a afirmação dos direitos é reconhecida como universal e positiva.
Universal, pelo fato de que os destinatários dos seus princípios não são mais
apenas os cidadãos de um ou de outro Estado, mas todos os homens. E positiva, no
sentido em que inicia um processo no qual os direitos do homem não devem apenas
ser proclamados ou somente idealmente reconhecidos, mas efetivamente
reconhecidos até mesmo contra o próprio Estado que os tenha infringido.
A Organização das Nações Unidas (ONU) possuiu um papel importante por criar, a
partir da Declaração Universal dos Direitos Humanos, um conjunto de leis que busca
garantir os direitos a todos os seres humanos, independentemente de gênero, raça
ou credo. A partir do ano de 1948, foram elaborados cerca de 60 tratados e
declarações que completaram aspectos específicos da Declaração dos Direitos
Humanos, como concebida originalmente. Alguns deles são:
Nesse período, os benefícios que os segurados recebiam eram: (i) socorros médicos
para o trabalhador e toda a família, inclusive os amigados, (ii) medicamentos, (iii)
aposentadorias; e (iv) pensões para os herdeiros. Baptista (2007) identifica que,
nesse período, com as CAPS, apenas uma pequena parte dos trabalhadores
brasileiros poderia contar com aposentadoria, pensão e assistência à saúde e,
dessa forma, o direito à assistência à saúde estava restrito à condição de segurado.
Para Paim e Silva (2010), diversas são as articulações estabelecidas entre saúde
pública e estrutura social diante do sistema de proteção social e intervenções
sanitárias, com a influência de relações internacionais. Dessa forma, a incorporação
dessas ações pelas políticas públicas demanda a identificação de dois vetores: (i) o
sanitarismo; (ii) os sistemas de proteção social. O Quadro 1 apresenta uma síntese
com as ideias centrais dos principais tipos de sistemas de proteção social
existentes/praticados.
Seguridade Meados do Possui caráter universal, integrante dos Welfare States e supõe a
Social século XX solidariedade da sociedade para a sua manutenção. O seu
financiamento é proveniente dos impostos coletados de toda a
população.
45
Baptista (2007) identifica que, configurado como uma política sustentada e pactuada
entre a área econômica e a área social, o Estado do Bem-Estar Social possui o
objetivo da garantia do bem-estar da população e da manutenção da produção
econômica e seus pilares são: pleno emprego, provisão pública de serviços sociais
universais (tais como saúde, educação, saneamento, habitação, lazer e transporte) e
a assistência social para os que não estão incluídos no sistema produtivo.
O Estado de Bem-Estar Social (Welfare State) foi implantado nos principais países
desenvolvidos da Europa, durante o período pós-guerra, tendo como objetivo
principal reestabelecer as economias afetadas pela guerra, além de configurar
Estados fortes e empenhados com a democracia e a justiça social. Isso refletia uma
forma de combater o comunismo e manter as economias europeias no padrão
competitivo mundial (BAPTISTA, 2007).
A década de 1970, no Brasil, foi marcada pela crise da ditadura militar, com crise
econômica a partir de 1974 e indícios do esgotamento do chamado milagre
brasileiro. Também houve crise política, visto que surgiu uma sociedade civil mais
complexa, incluindo a classe trabalhadora organizada e concentrada, realizando
lutas democráticas (BEHRING; BOSCHETTI, 2010).
Ainda na década de 1970, o Brasil ainda estava muito longe de alcançar a transição
demográfica e epidemiológica que ocorreu nos países desenvolvidos, apesar de
todo o desenvolvimento econômico obtido no País desde a década de 1950 até o
período do intitulado milagre econômico (1968 a 1974). Para Baptista (2007), o
principal motivo para a estagnação foi o descaso dos governantes em relação às
políticas públicas comprometidas com o desenvolvimento social. Durante o período
46
militar, o investimento na área de saúde pública foi precário, as doenças que haviam
sido erradicadas reapareceram, as doenças controladas tiveram surtos epidêmicos e
o saneamento e as políticas de habitação populares foram desprezadas, houve
aumento de pobreza e de desigualdade social.
Social, constituída por três elementos: (i) saúde; (ii) previdência; e (iii) assistência
social. Diante deste conjunto foi agregado o princípio da universalidade para o
conjunto de políticas públicas, tomando-se a saúde como exemplo, quando foi
reconhecida como direito de todos e dever do Estado (BRASIL, 2011):
Segundo Cruz (2011), o SUS definiu o modelo público de ações e serviços de saúde
e representou um importante marco na evolução institucional do País, determinando
um novo arcabouço jurídico-institucional no campo das políticas públicas em saúde.
O SUS está orientado por um conjunto de princípios e diretrizes válidos para todo o
território nacional, partindo de uma concepção ampla do direito à saúde e da função
do Estado na garantia desse direito. A sua implantação tem início nos primeiros
anos da década de 1990, após a instituição da Lei Orgânica da Saúde (LOS) nº
8.080, de 19 de setembro de 1990, complementada pela Lei Orgânica da Saúde nº
8.142, de 28 de dezembro de 1990. Estas leis foram fundamentais para a orientação
da operacionalização do sistema de saúde, pois a primeira definiu os objetivos e
atribuições do SUS, enquanto que a segunda definiu regras gerais para a
participação popular e financiamento (CRUZ, 2011).
i. vigilância epidemiológica;
ii. vigilância sanitária;
iii. saúde do trabalhador;
iv. saúde ambiental;
v. dentre outras.
Para Castro (2013), as políticas públicas que foram promovidas por instituições
financeiras internacionais (desregulamentação, liberalização, societarização e
privatização) para reformar os serviços públicos de água e esgoto nos países em
desenvolvimento têm o caráter de serem planejadas e implementadas de forma
padrão ("kits de ferramentas"), com tamanho único, identificadas como sendo
capazes de funcionar em qualquer situação e em qualquer local: metrópoles de
países desenvolvidos, cidades de médio porte em países em desenvolvimento e
pequenas áreas urbanas em países subdesenvolvidos.
Mulas (2013) identifica que a abordagem da política pública nos serviços de águas e
esgotos deve possuir duas premissas fundamentais, que fazem parte do que se
denominou de Nova Cultura da Água (NCA):
Para efeitos deste trabalho, será utilizado o conceito de política pública que
contempla a universalidade, ou seja, a Seguridade Social. Dessa forma, o
saneamento básico será considerado como um direito social.
Além disso, Mulas (2013) defende que os usos da água ligados à sobrevivência
humana básica ou ao interesse do público em geral, assim como é definido nos
direitos sociais dos cidadãos. Com isso, o abastecimento de água com tal finalidade
deve ser universalmente garantido pelo setor público, independentemente da
capacidade econômica dos cidadãos usuários.
Para Galvão Júnior (2009), o acesso aos serviços públicos de saneamento básico é
condição necessária à dignidade da pessoa humana, à sua sobrevivência e que a
participação do indivíduo na atividade econômica e social depende de uma vida
saudável. Dessa forma, é imprescindível o direito ao acesso ao saneamento básico,
à moradia, à saúde e à educação.
Para Carvalho (2010), o saneamento básico pode ser observado sob dois aspectos
distintos e antagônicos. Primeiro, enquanto serviço econômico ou industrial-
comercial, de acordo com a classificação consagrada na França. Sob este aspecto,
possui algumas características: organiza-se sob a forma de redes de infraestrutura;
54
Segundo, enquanto serviço social, pois é responsável por uma dimensão essencial
do direito à saúde, diretamente relacionado à dignidade da pessoa humana,
conforme art. 1º da Constituição Federal, e para a realização dos objetivos da
sociedade brasileira, consoante o art. 3º da Constituição Federal:
Nos países onde o desenvolvimento inicial dos Serviços de Água e Esgoto foi
motivado pelo lucro privado e por políticas públicas direcionadas para o mercado, a
partir do século XVIII, tais como na Inglaterra ou nos Estados Unidos, a aceitação de
que tais serviços deveriam ser acessíveis a todos, oferecidos como um bem público
e garantidos pelo Estado, culminou em diversas lutas sociais durante décadas
(CASTRO, 2013)
Dentre os diversos fatores que explicam o deficit dos serviços públicos de água e
esgoto, pode-se citar a fragmentação de políticas públicas e a carência de
instrumentos de regulação (GALVÃO JÚNIOR, 2009). Apesar de o autor não ter
citado, infere-se que a carência ocorre para todas as componentes do saneamento
básico. Cabe-se destacar que, em 2009, ano de publicação do artigo, ainda não
havia sido publicado o Decreto Federal nº 7.217/2010, que regulamenta as Diretrizes
Nacionais para o Saneamento Básico e para a Política Federal de Saneamento
Básico. Além disso, apenas no ano seguinte veio a ser instituída a Política Nacional
de Resíduos Sólidos (Lei Federal nº 12.305/2010) e o seu respectivo decreto
regulamentador (Decreto Federal nº 7.404/2010).
O marco legal para o saneamento básico, instituído pela Lei Federal nº 11.445/2007
(Diretrizes Nacionais para o Saneamento Básico e para a Política Federal de
Saneamento Básico) estabeleceu como princípio fundamental, dentre outros, a
universalização do acesso aos serviços públicos de saneamento básico e a
integralidade das ações.
Quanto ao princípio da equidade, para Paim e Silva (2010), “do ponto de vista
semântico e etimológico, está próxima da igualdade e ambas podem ser admitidas
como sinônimos”. A equidade possibilita a concretização da justiça, com a prestação
de serviços, destacando um grupo ou categoria essencial alvo especial das
intervenções. Os autores identificam que há a equidade horizontal e a vertical, onde
ambas estão fundamentadas na ideia aristotélica de justiça.
(no caso do acesso aos serviços de saúde, como exemplo), poderia haver
manutenção das desigualdades. Sendo assim, o fundamento converge que a
igualdade, em alguns casos, pode não ser justa (PAIM; SILVA, 2010).
Segundo Ayres (2008) citado por Brasil (2011), reconhece-se que uma definição
completa, precisa e unívoca de integralidade não é simples. Quando se fala da
integralidade no campo da saúde, ela pode ser abordada a partir de quatro eixos:
ii. eixo das finalidades: é atribuído aos graus e aos modos de interação entre as
ações de promoção da saúde, prevenção de agravos, tratamento de doenças
e sofrimento e recuperação da saúde/reinserção social;
iii. eixo das articulações: são os graus e os modos de composição de saberes
interdisciplinares, equipes multiprofissionais e ações intersetoriais no
desenvolvimento das ações e estratégias de atenção à saúde;
iv. eixo das interações: é a qualidade e a natureza das interações intersubjetivas
no cotidiano das práticas de cuidado.
Conforme apresentado por Baptista (2007), esse código sanitário foi considerado por
muitos como um “código de tortura”, devido à rigidez das ações propostas. Dentre
outras funções, a polícia sanitária deveria identificar os doentes e os submeter à
quarentena e ao tratamento.
Cabe-se destacar, entretanto, que essa fase higienista, protagonizada por Oswaldo
Cruz e Pereira Passos em 1904, adicionou novos conhecimentos sobre a saúde,
passando então a orientar as modalidades de intervenções no espaço urbano.
Baptista assinala que, em 1907, a febre amarela e outras doenças tinham sido
erradicadas das cidades do Rio de Janeiro e Belém.
A segunda fase do movimento higienista ocorreu nas décadas de 1910 e 1920, cuja
ênfase ocorreu no saneamento rural e no combate a três endemias rurais:
ancilostomíase, malária e mal de Chagas (BAPTISTA, 2007)
63
Em 1967 foi criado o Conselho Nacional de Saneamento (Consane), por meio da Lei
n.º 5.318, possuindo a principal função de planejar, coordenar e controlar a Política
Nacional de Saneamento, que deveria ser formulada em acordo com a Política
Nacional de Saúde. Como consequência, tal ação governamental concentrou-se nas
seguintes áreas: (i) saneamento básico; (ii) abastecimento de água e destino dos
dejetos; (iii) esgoto e drenagem; (iv) controle da poluição ambiental, resíduos
sólidos, controle das mudanças do fluxo das águas; e, por fim, (v) inundações e
erosões (IPEA, 1995 apud LUCENA, 2006). Segundo Santos e Paula (1989), citados
por Lucena (2006), o Consene nunca funcionou adequadamente e suas funções
ficaram a cargo do então Ministério do Interior (MINTER) e do Banco Nacional de
Habitação (BNH). O Departamento Nacional de Endemias Rurais (DNERu), o
MINTER e o MS eram efetivamente os órgãos responsáveis pela execução da
Política Nacional de Saneamento.
Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS), que foi utilizado inicialmente pelo
BNH apenas como fonte de financiamento da Política Habitacional. Com a
crescente arrecadação do FGTS e o aumento da demanda para a área de
saneamento, o Governo Federal criou, em 1968, o Sistema Financeiro de
Saneamento (SFS), inicialmente como única fonte de recursos do BNH. Anos
depois, em 1969, por meio do Decreto-Lei n.º 949, o BNH foi autorizado a aplicar os
recursos do FGTS nas operações de financiamento para saneamento, permitindo a
criação de diversos programas de financiamento (SANTOS; PAULA, 1989 apud
LUCENA, 2006).
Segundo Arretche (200-?), até o ano de 1985 somente essas empresas do setor
público, ligadas ao saneamento, podiam obter financiamento junto ao BNH para
implantação de sistemas de abastecimento de água e de esgotamento sanitário,
como monopólio natural, sendo as responsáveis por sua construção, operação e
manutenção. Para que as CEAE pudessem operar nos seus respectivos estados,
era necessária a concessão municipal para exploração dos serviços, por meio de
contrato de longo prazo, sendo necessário para a sua assinatura que o Chefe do
Poder Executivo municipal fosse autorizado por lei municipal. Tal fato podia ocorrer,
68
Tal afirmação vai de encontro ao preconizado por Sousa (2006), que considera que
além dos recursos escassos, a parcialidade e a exclusão das áreas rurais
(extremamente necessitadas de saneamento básico e não atendidas pelo Planasa)
fizeram com que o abastecimento de água e o esgotamento sanitário
apresentassem desempenhos completamente distintos, considerando-se o indicador
de cobertura populacional por região. Se isso não bastasse, ainda foram
disponibilizados pouquíssimos recursos para a drenagem urbana, componente do
saneamento básico. Para a autora, o Planasa correspondeu a uma formulação de
política pública predominantemente centrada na expansão da rede urbana de
abastecimento de água, onde, entre 1968 e 1984, foram para esse destino 61,2%
dos investimentos totais, enquanto que para o esgotamento sanitário chegaram
25,2% dos recursos, restando apenas 13,6% para a drenagem urbana.
Para Turolla (1999) citado por Galvão Júnior e outros (2009), a criação do Planasa
foi uma experiência bem-sucedida no quanto à rápida expansão da cobertura dos
serviços públicos de água e esgoto no Brasil, ainda que insuficientes diante da
demanda imposta pelo contínuo processo de urbanização no País. Entretanto, o
modelo concebido pelo Planasa foi marcado pela ineficiência operacional,
72
Neto (2013) afirma que, na década de 1990, houve uma profunda desarticulação
entre a política e os instrumentos vigentes para o desenvolvimento regional. Os
recursos que foram destinados constitucionalmente aos fundos de desenvolvimento
regionais (Fundo Constitucional de Financiamento do Centro-Oeste, FCO; Fundo
Constitucional de Financiamento do Norte, FNO; e, por fim, o Fundo Constitucional
de Financiamento do Nordeste, FNE) foram restringidos pelas limitações da base de
recursos do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) e Imposto Sobre Renda
(IR), em função do aumento da parcela das contribuições federais, que não
precisavam ser transferidas a estados e municípios, no conjunto da carga tributária
federal.
expansão da economia brasileira foi de apenas 1,9% ao ano. Quanto a dinâmica das
economias regionais, nesse mesmo período, as regiões Sul e Sudeste cresceram
pouco, e as regiões periféricas tiveram aceleração relativa (NETO, 2013).
Cabe-se destacar que, apesar das ações propostas para a Modernização do Setor
Saneamento, houve aprovação, pelo Congresso Nacional, do PLC 199/1993 que
dispunha sobre a Política Nacional de Saneamento e seus respectivos instrumentos
77
Para Britto (200-?), alguns dos avanços do governo de Lula estão no campo da
estrutura organizacional e da definição da política, que foram alcançados por meio
da criação do Ministério das Cidades, de sua Secretaria Nacional de Saneamento
Ambiental e, principalmente, com a Conferência das Cidades. A autora registra que
foi criado um grupo de trabalho interministerial que teve, dentre outras atividades,
racionalizar, articular e integrar programas, com o objetivo de acabar com a
dispersão de recursos e esforços que caracterizou o governo anterior: 80 ações
dispersas em 15 programas, sob a responsabilidade de oito ministérios e duas
instituições financeiras. Entretanto, para a área de financiamento, a autora defende
que o Brasil ainda está em fase de definições, dependendo de decisões relativas à
política macroeconômica.
Os aspectos que obtiveram consenso foram: (i) a garantia da gestão dos serviços;
(ii) a necessidade de ampliação dos financiamentos, tendo como princípio a ideia de
que os investimentos em saneamento são investimentos em saúde pública e, como
tal, não oneram a dívida pública; (iii) a necessidade de definição de uma política
nacional de saneamento e de seus instrumentos; (iv) a defesa de uma gestão
democrática, garantindo a participação da sociedade civil na definição de políticas; e
(v) o controle social da prestação dos serviços (BRITTO, 200-?).
i. fundamentos
ii. financeira;
iii. social;
iv. gerencial.
2
Esta não é uma pesquisa de amostragem. Todos os contratos sob a gestão da SEDUR foram
analisados, conforme delimitação de universo identificada neste capítulo.
3
O SIURB é um sistema da Caixa Econômica Federal, aberto ao público, onde são disponibilizadas
as principais informações sobre os contratos. Disponível em:
https://webp.caixa.gov.br/urbanizacao/siurbn/acompanhamento/ac_publico/sistema/asp/ptei_filtro_inic
ial.asp >
4
O Sistema de Monitoramento de Convênios (Sismoc) é um sistema da Funasa, aberto ao público,
para disponibilizar as principais informações sobre os seus convênios. Disponível em:
http://sis2.funasa.gov.br/sigob/transparenciapublica/.
83
5
A Calculadora do Cidadão, do Banco Central do Brasil está disponibilizada no site
https://www3.bcb.gov.br/CALCIDADAO/publico/exibirFormCorrecaoValores.do?method=exibirFormCo
rrecaoValores .
6
PAC Prevenção de Áreas de Risco tem como objetivo manifesto a prevenção a novos
deslizamentos, a contenção de encostas em áreas de risco, o controle de enchente e inundações
com obras de drenagem e a redução de áreas vulneráveis a deslizamentos. Ele corresponde a ações
específicas do PAC 2, Eixo Cidade Melhor (BRASIL, 2015).
84
7
http://datasus.saude.gov.br/
8
http://www.portaltransparencia.gov.br/
9
http://www.funasa.gov.br/site/acesso-a-informacao/convenios/
http://sis2.funasa.gov.br/sigob/transparenciapublica/situacaoProjeto.asp
10
https://webp.caixa.gov.br/urbanizacao/siurbn/acompanhamento/ac_publico/sistema/asp/ptei_filtro_inicial.asp;
11
http://www12.senado.gov.br/orcamento/sigabrasil
12
http://dados.gov.br/dataset/obras-do-pac-programa-de-aceleracao-do-crescimento
85
13
https://www.sispac.gov.br/
14
https://www.convenios.gov.br/siconv/
86
Segundo Lefèvre e Lefèvre (2003), há três tipos de situação para a escolha dos
atores a serem entrevistados:
A identificação dos principais atores e a seleção dos entrevistados ocorreu com base
na experiência do pesquisador, que atuou por um ano no Programa, relacionando-se
diretamente com esses agentes e, além disso, o seu universo também é limitado.
Quantidade de
Perfil da Instituição Instituição
entrevistados
Órgão de
5 acompanhamento e Casa Civil do Estado da Bahia 01
monitoramento
Total 08
15
Chamadas públicas para seleção de propostas: correspondem aos mecanismos do governo federal
para lançar publicamente o PAC, por meio de processo de seleção de projetos ou anteprojetos
apresentados pelos estados ou municípios. As chamadas públicas destinam-se a selecionar os
89
B. Planejamento da Entrevista
Para Lefèvre e Lefèvre (2003), quando se deseja pesquisar o que se pensa sobre
um determinado tema, tradicionalmente se costuma realizar a fragmentação do tema
em uma série de questões fechadas com alternativas de respostas, utilizando o
esquema das pesquisas quantitativas. Entretanto, esse modo de pesquisar é
inadequado quando o objeto é o pensamento coletivo, porque não permite uma
correta apreensão deste conhecimento como um objeto de investigação.
A gravação teve como objetivo dar celeridade a entrevista e garantir que todas as
informações seriam integralmente registradas para posterior consulta, transcrição e
análise.
C. Realização da Entrevista
Para este trabalho os Territórios de Identidade (TI) foram utilizados como referência
para a espacialização (Apêndice C) das informações decorrentes das análises
processadas, a exemplo dos investimentos do PAC Saneamento na Bahia.
Figura 2 - Interação entre o Orçamento Anual, Plano Plurianual e Planejamento de Longo Prazo
Para Paulo (2010), o PPA deve promover uma valorização dos aspectos
estratégicos da programação, em especial a definição do objeto da política pública,
os indicadores que o caracterizam e as metas perseguidas para a modificação da
realidade. Além disso, deve valorizar a regionalização do PPA, conforme define a
Constituição Federal de 1988, considerando que as diferenças existentes no País
são relevantes para o planejamento governamental e deveriam refletir em maior
diversidade e especificidade as políticas públicas.
Como medidas de curto e longo prazos (BRASIL, 2003), atribuiu-se que a baixa taxa
de investimento em infraestrutura nos últimos anos, exceto para a área de
telecomunicações, prejudicou a competitividade da economia nacional
principalmente em função do elevado custo de transporte, o que poderia levar ao
surgimento de pontos críticos que inviabilizassem um novo ciclo de crescimento.
Dessa forma, entendeu-se como imprescindível a necessidade da realização de
investimentos expressivos na expansão e recuperação da infraestrutura, para
viabilizar o crescimento sustentado do País.
i. Dimensão social
Dos sete grupos dessa dimensão, dois se destacaram para o saneamento básico,
são eles:
De acordo com Jardim (2010), no governo Luiz Inácio Lula da Silva foi observada a
ênfase nos fundos de pensão e nas cooperativas de crédito como atores-chave na
criação de poupança e crédito. Os fundos de pensão são responsáveis por
complementar a aposentadoria paga pelo INSS e foram também responsáveis por
movimentar recursos para o PAC. Além disso, é preciso registrar que a candidatura
de Lula foi apoiada pelos fundos de pensão.
104
Assim, parte-se do pressuposto de que a política regional não pode ser voltada para
algumas regiões, mas sim deve se constituir em uma política nacional que promova
a coesão territorial, social e econômica do Brasil. A integração do território passaria
pela coordenação e pelo investimento seletivo em infraestrutura, agindo
imediatamente em áreas prioritárias (transporte, energia, telecomunicações e
recursos hídricos), por meio de um conjunto de políticas estruturantes (transferência
de renda, saneamento, habitação, saúde, educação, informações e conhecimento,
meio ambiente). A definição de um conjunto de projetos prioritários que garantissem
a distribuição equilibrada do crescimento econômico e social, nas macrorregiões,
seria uma competência do Governo Federal, em articulação com os Governos
Estaduais.
Entretanto, cabe-se destacar que isso não foi observado ao longo desse trabalho,
onde muitos investimentos realizados em saneamento básico no estado da Bahia
não possuíram relação direta com a população, PIB per capita, Índice Gini e com o
perfil dos municípios quanto ao abastecimento de água, esgotamento sanitário e
coleta de resíduos sólidos.
106
v. Dimensão democrática
Conforme pode ser observado no item específico de percepção dos atores sociais,
na maioria dos discursos dos entrevistados, identificou-se que o PAC incorpora o
princípio da universalidade, buscando levar as ações de saneamento básico para
todos. Cabe-se destacar, entretanto, que conforme identificado nas entrevistas e nos
dados analisados, apesar de caminhar para a universalização, o PAC não incorpora
o princípio da integralidade das ações, com projetos integrados de água, esgotos,
resíduos sólidos e drenagem.
16
Portal da Transparência do Governo Federal - Controladoria Geral da União:
http://transparencia.gov.br/.
17
Lei Federal nº 12.527, de 18 de novembro de 2011.
108
Nos anos de 2001 a 2006, o Brasil apresentou uma taxa média de crescimento do
PIB de 2,9% ao ano, diante de um crescimento de 4,0% ao ano na média mundial.
Nesse mesmo período (2001-2006), a Rússia, a Índia e a China apresentaram taxas
de crescimento de, respectivamente, 6,2%; 7,0% e 9,8% ao ano. O baixo
crescimento do PIB, inclusive, foi um dos principais temas da campanha presidencial
de 2006 (BEDÊ, 2008).
Quando da sua criação, por meio do Decreto Federal nº 6.025/2007, fica explícito o
objetivo do PAC, voltado para o incentivo ao investimento privado, conforme pode
ser identificado em “estímulo ao investimento privado, ampliação dos investimentos
públicos em infraestrutura e voltadas à melhoria da qualidade do gasto público e ao
controle da expansão dos gastos correntes no âmbito da Administração Pública
Federal” (BRASIL, 2007, art. 1º).
109
Dessa forma, para tal, quando criado, o PAC propunha-se a dar condições para a
realização de investimentos no País, por meio de um conjunto de medidas que
pudessem promover essas condições, tais como o estímulo ao crédito e ao
financiamento, a melhoria do ambiente de investimento, a desoneração e o
aperfeiçoamento do sistema tributário, dentre outros.
18
Entrevista concedida à Revista Economia, v. 6, n. 3. maio/jun 2007, da Fundação Getúlio Vargas
(FGV). O Fracasso do PAC.
110
Segundo Leitão (2009), o PAC foi criado para estimular o crescimento da economia
do País, associando investimentos em infraestrutura a medidas institucionais (tais
como o estímulo ao crédito e ao financiamento, de melhoria do ambiente de
investimento, de desoneração e aperfeiçoamento tributário, de gestão e medidas
fiscais de longo prazo). Para a autora, o objetivo do PAC foi o de intensificar o
investimento público, por meio de um abatimento de 0,5% do superavit primário,
realizado a título do Projeto Piloto de Investimentos (PPI), em parceria com
empresas estatais, principalmente a Petróleo Brasileiro S.A. (Petrobras) e, com isso,
estimular o investimento privado no País.
mais bem articulada parceria entre o capital estatal (com recursos financeiros
obtidos por meio de taxas, impostos, lucros das empresas, concessões,
empréstimos etc.) e o capital privado. Dessa forma, haveria uma parceria
direcionada para a promoção do crescimento econômico (VERDUM, 2012).
19
Entrevista concedida à Revista Economia, v. 6, n. 3. maio/jun 2007, da Fundação Getúlio Vargas
(FGV). O Fracasso do PAC.
112
O PAC 1 teve suas medidas organizadas em cinco eixos, cujos dados e informações
principais são apresentados a seguir: (i) Estímulo ao Crédito e ao Financiamento; (ii)
Melhoria do Ambiente de Investimento; (iii) Desoneração e Aperfeiçoamento do
Sistema Tributário; (iv) Medidas Fiscais de Longo Prazo; e (v) Investimento em
Infraestrutura (BRASIL, 2007; BRASIL, 2010).
Este trabalho, embora apresente uma breve descrição de todos os cinco eixos,
concentrou-se exclusivamente no eixo de Investimento em Infraestrutura, onde
foram concentradas as previsões de investimentos em saneamento básico.
20
Spread é a diferença entre os juros que o banco cobra ao emprestar e a taxa que ele mesmo paga
ao captar dinheiro e é variável de acordo com cada operação, dependendo dos riscos envolvidos. O
Brasil possui um dos maiores spreads bancários do mundo (WOLFFENBÜTTEL, 2004).
113
Investimentos Investimentos
Estimativas de Desoneração Tributária Previstos para 2007 Previstos para 2008
(R$ bilhões) – Brasil (R$ bilhões) - Brasil
Ampliação de Benefício Tributário a
0,2 0,2
Microcomputadores
Programa de Incentivo ao setor da TV
- -
Digital
Programa de Incentivo ao setor de
- -
Semicondutores
Desoneração da Compra de Perfis de Aço 0,1 0,1
Total da Desoneração 6,6 11,5
Fonte: Brasil (2007).
Cabe ressaltar que as Medidas Fiscais de Longo Prazo não serão objeto de análise
neste trabalho.
21
Os Eixos aqui identificados não são enumerados originalmente pelo Ministério, possuindo apenas
os nomes. Entretanto, para fins didáticos, optou-se por definir como Eixo 1, Eixo 2 e Eixo 3.
116
O Governo Federal, por meio da Casa Civil, adota a metodologia de avaliar o ritmo
de execução das obras do PAC de acordo com os investimentos executados.
Entretanto, há diversas formas de avaliar o andamento do Programa. A ONG Contas
Abertas apresenta resultados divergentes das publicações oficiais, em função da
metodologia adotada. Para ela, independentemente do valor de cada obra, a análise
ocorre por meio da quantidade de empreendimentos concluídos, não atribuindo
pesos diferentes para as obras (SOUZA; NETO, 2010).
eixos de Logística (Eixo 1), Energia (Eixo 2) e Infraestrutura Social e Urbana (Eixo
3), a maior quantidade de recursos foi para o setor energético. Para esse setor,
foram destinados R$ 274,8 bilhões, o que corresponde a 54,5% do total de
investimentos em infraestrutura no País, deixando evidente a prioridade dada pelo
governo para esse setor.
Do total previsto para Investimentos em Infraestrutura (R$ 503,9 bilhões), 57,1% (R$
287 bilhões) seriam provenientes de recursos do Governo Federal e das estatais. Os
42,9% restantes (R$ 216 bilhões) seriam provenientes da iniciativa privada (JARDIM,
2010). Para o autor (2010, p.150) "fica claro que o Governo Federal apostava na
ação de parcerias público-privadas, atraindo a participação e o investimento de
empresas para obter êxito nos projetos do PAC”. Ainda segundo Jardim (2010), o
PAC concretizou, em janeiro de 2007, o projeto de parceria público-privada lançado
no primeiro governo Luiz Inácio Lula da Silva, inclusive a promulgação da Lei
Federal nº 11.079/2004, que institui normas gerais para licitação e contratação de
Parceria Público-privada no âmbito da administração pública.
22
Entrevista concedida à Revista Conjuntura da Construção. Março de 2007. Um Plano de Obras
Chamado PAC.
118
Apesar da grande divulgação realizada pelo governo e pela imprensa do PAC como
um programa ambicioso, Ávila (2007) defende que "o PAC, na verdade, é mais do
mesmo". Para o autor, cerca de 50% dos investimentos previstos para o PAC 1
seriam destinados a energia, provenientes de empresas estatais (principalmente a
Petrobras, cujos investimentos estavam previstos antes mesmo do PAC) e outras
fontes fora do Orçamento Geral da União (OGU).
Ainda sobre a UHE de Belo Monte, Leitão (2009) identifica que seus custos serão
superados pelos custos de energia previstos, cujas LT devem alcançar cerca de três
mil quilômetros de extensão, pois foi pensada para atender aos mercados
eletrointensivos do País, e não para os consumidores locais. Cabe-se destacar que
a UHE Belo Monte corresponde a mais de 33% dos investimentos totais do PAC, no
estado do Pará. Em consonância com o pensamento de Leitão (2009), Fearnside
119
(2011) identifica que a vazão do rio Xingu é sazonal e, como tal, a capacidade
energética da UHE de Belo Monte é insuficiente para justificar o custo da barragem,
das linhas de transmissão, subestações e outras infraestruturas.
Tabela 5 - PAC 1: Investimentos contratados para saneamento básico, por fonte de recurso, de 2007
a 2010 - Brasil
Investimentos em saneamento básico
Fonte de recurso %
(R$ bilhões) - Brasil
Orçamento Geral da
16,80 42,14
União (OGU)
Financiamento 23,07 57,86
Total 39,87 100,00
Fonte: Adaptado de Brasil (2010).
Para Rocha (2014), no PAC 1 foram previstos24 cerca de R$ 40 bilhões para a área
de saneamento básico, sendo R$ 12 bilhões de recursos do OGU, R$ 20 bilhões de
financiamento e R$ 8 bilhões como contrapartida dos estados, municípios e
prestadores de serviços. Entretanto, apenas R$ 5,65 bilhões de OGU (47,0%) e R$
23
Investimentos contratados: corresponde aos empreendimentos que foram efetivamente contratados
após a realização de um processo de seleção. Ou seja, corresponde aos projetos e obras que foram
efetivamente contratados (aprovados no processo de seleção) por meio de instrumento entre o
Governo Federal e os demais entes federados.
24
Investimentos previstos: corresponde à previsão de valores que foram originalmente divulgados
pelo Governo Federal, quando do lançamento do Programa.
120
De acordo com a Figura 3, percebe-se que, a partir de 2003 e até 2012 (exceto no
período entre 2010 e 2011), houve aumento considerável nos investimentos
realizados (desembolsados) pelo Ministério das Cidades (MCidades) na área de
saneamento básico, para as componentes de abastecimento de água e
esgotamento sanitário. Cabe-se destacar que o ano de 2003 foi o ano de criação do
Ministério. A Figura 3 apresenta o histórico desses valores desembolsados (pagos),
deflacionados pelos índices IGP-M de dezembro de 2003.
25
Valor desembolsado: corresponde aos investimentos que foram efetivamente realizados (pagos).
121
Figura 4 - Despesas dos estados e municípios com saneamento, no período de 2003 a 2011
26
Entrevista concedida ao INESC. Disponível em: < http://www.inesc.org.br/noticias/noticias-do-
inesc/2008/segundo-inesc-pouco-menos-de-30-dos-recursos-do-pac-para-2007-foram-liquidados >.
Acesso em: 21 fev. 2015.
122
Dessa forma, fica claro que o discurso do representante do INESC sobre o empenho
de 97% dos recursos do PAC no ano de 2007 não possuir tanta representatividade,
pois o fato de o recurso estar empenhado não necessariamente implica o
desembolso (pagamento) após a execução de um serviço, obra ou atividade. Ou
seja, os 97% empenhados não representam o percentual de desembolso pelo
Governo Federal ou a execução física de um empreendimento.
Além das ações que foram previstas para o PAC 1, para os municípios abaixo de 50
mil habitantes, como saneamento e urbanização de assentamentos precários, o
PAC 2 também incorporou as seguintes ações: pavimentação, creches e pré-
escolas, quadras esportivas nas escolas, equipamentos para estradas vicinais e
unidades básicas de saúde (BRASIL, 2010).
O PAC 2 (R$ 958,7 bilhões) teve um aumento de 90% em relação aos investimentos
previstos para o PAC 1 (R$ 503,9 bilhões), quando comparados todos os seus eixos
de atuação.
Em segundo lugar, o eixo que mais previa investimentos foi o de habitação popular,
pelo Programa Minha Casa, Minha Vida, com R$ 278,0 bilhões (29,0%).
O Eixo que menos teve previsão de aporte de recursos foi o Eixo 2: Comunidade
Cidadã, com R$ 23,0 bilhões, correspondente a apenas 2,4% do valor total investido
em todo o PAC 2, que tinha como meta a presença do Estado nos bairros populares.
Isso mostra a falta de prioridade do Governo Federal para investimentos nessa área
de atuação.
Tabela 7 - PAC 2: Investimentos contratados para saneamento básico, por fonte de recurso, de 2011
a 2014 - Brasil
Investimentos em saneamento básico
Fonte de recurso %
(R$ bilhões) - Brasil
Orçamento Geral da União
- -
(OGU)
Financiamento - -
Total 49,70 100,00
Fonte: Adaptado de Brasil (2015d).
A. Proponente/Compromissário
B. Interveniente executor
C. Beneficiários finais
D. Esfera Federal
A mandatária é a instituição financeira oficial, que foi delegada pelo MCidades para
realizar a operacionalização dos Programas e Ações deste Ministério, de acordo
com o estabelecido no Contrato de Prestação de Serviços entre as duas instituições
(BRASIL, 2013).
E. Esfera Estadual
Para seu funcionamento, o Comitê Gestor e o Grupo Executivo devem contar com o
apoio institucional e técnico-administrativo do Ministério do Planejamento,
Orçamento e Gestão. Dessa forma, quanto à dotação das ações do PAC, somente
poderão ser empenhadas após manifestação do Ministério do Planejamento,
Orçamento e Gestão. Para o PAC 2, o Grupo Executivo e o Comitê Gestor foram
reestruturados.
27
https://www.sispac.gov.br/
139
Salas de Situação
Presidência da República
Salas de Situação
Ministério do Ministério da Casa Civil Cooordenação
Planejamento (MP) Ministério Setorial
Fazenda (MF) (CC/PR) (MP)
28
Serviço Auxiliar de Informações para Transferências Voluntárias (CAUC): possui caráter informativo
e facultativo, apenas espelhando registros de informações que estiverem disponíveis nos cadastros
de adimplência ou sistemas de informações financeiras, contábeis e fiscais, sob a gestão do Governo
Federal (TESOURO NACIONAL, 2015).
143
1. Seleção no 3. Análises
2. Contratação
Siconv / Empenho Técnicas
5. Desbloqueio de
4. Autorização de Recursos 7. Prestação de
Início de Obras Contas Final
6. Reprogramação
Contrapartida
De acordo com o Brasil (2013b), quando houver contrapartida, ela será calculada
sobre o valor total do investimento, devendo ser depositada na conta bancária
específica do Termo de Compromisso em conformidade com os prazos
estabelecidos no cronograma desembolso.
Quadro 5 apresenta uma síntese dos principais tipos de recursos, fontes, origem e
instituições envolvidas na sua gestão, diante da implementação do PAC
Saneamento.
A Bahia possui 417 municípios, é o 5º maior estado (em área) do Brasil (564,7 mil
km²) e possui uma população estimada (2014) de 15.126.371 habitantes (IBGE,
2014). Este estado possui Política Estadual de Saneamento Básico (Lei Estadual nº
11.172/08) e Política Estadual de Resíduos Sólidos (Lei Estadual nº 12.932/2014).
Assim como ocorreu em âmbito federal, PAC 1 disponibilizou recursos para o estado
em seus três eixos (Logística, Energia, Infraestrutura Social e Urbana). Os
investimentos previstos para a Bahia, em todos os eixos são identificados Tabela 8,
que retoma os dados (Tabela 4) apresentados no item que discorre sobre o PAC 1
Federal, a título de comparação.
Quando comparada com o total de investimentos previstos para o Brasil (R$ 503,9
bilhões), a Bahia foi responsável pela captação de 8,32% (R$ 41,9 bilhões).
A Tabela 9 foi elaborada por meio de dados obtidos dos Balanços de Governo do
PAC e do Sistema Eletrônico do Serviço de Informação ao Cidadão (e-SIC),
sistematizando os investimentos em saneamento básico no Nordeste e Bahia, para
o PAC 1, de 2007 a 2010. Os dados foram comparados e identificaram-se
divergências de informações entre estas duas fontes oficiais do Governo Federal.
Essa divergência de informações sugere a falta de um sistema informatizado que
seja capaz de consolidar todas as informações de investimentos do Programa no
País. Isso pode refletir na análise do Programa e na sua avaliação quanto à
efetividade das ações.
29
Brasil (2010).
30
e-SIC (BRASIL, 2015a).
31
O PAC 2 também realizou alterações na legislação, tendo como principal exemplo a instituição do
Regime Diferenciado de Contratações Públicas (RDC), por meio da Lei Federal nº 12.462, de 04 de
agosto de 2011. O RDC foi criado exclusivamente para tipos específicos de licitações, como as
necessárias a realização: (i) dos Jogos Olímpicos e Paraolímpicos de 2016; (ii) da Copa das
Confederações da Federação Internacional de Futebol Associação (FIFA) 2013 e da Copa do Mundo
147
Quanto comparado aos dados disponibilizados pelo e-SIC (R$ 7,90 bilhões), para o
Nordeste, identifica-se que esse valor corresponde a 19,81% do total do Brasil (R$
39,87 bilhões). Cabe destacar que, para essa informação fornecida pelo e-SIC, não
estão incluídos os investimentos realizados pela Funasa. Não foi observada
diferença significativa entre as duas fontes, quando comparado o valor de
financiamento, onde o Balanço do PAC indica R$ 2,59 bilhões e o e-SIC, R$ 2,80
bilhões. Isso pode estar relacionado ao fato de que a Funasa não trabalha com
financiamento. Pensamento análogo pode ser utilizado quando se comparam os
valores de OGU, onde a Funasa possui atuação.
2014; (iii) das ações integrantes do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC); (iv) dentre
outras.
148
Abastecimento de
- 182,47 29,41 211,88 8,51
Água Potável
Esgotamento Sanitário 1.068,84 874,92 317,37 2.261,13 90,78
Limpeza Urbana e
Manejo de Resíduos - 1,97 2,89 4,86 0,20
Sólidos
Drenagem e Manejo
das Águas Pluviais - 11,32 1,57 12,89 0,52
Urbanas
Total 1.068,84 1.070,67 351,24 2.490,75 100,00
Dos 417 municípios do Estado da Bahia, 125 municípios (29,98%) foram atendidos
pelo PAC 1 em, pelo menos, um tipo de intervenção na área de saneamento básico:
(i) abastecimento de água potável, (ii) esgotamento sanitário, (iii) limpeza urbana e
manejo de resíduos sólidos; e (iv) drenagem e manejo das águas pluviais urbanas.
Considerando estas premissas e tomando como base a Tabela 11, a Funasa possui,
na Bahia, a abrangência de atuação em 374 municípios, o que representa 89,7%
dos municípios do estado. O MCidades, desta forma, tem atuação nos municípios
com população superior a 50 mil habitantes, ou seja, 43 municípios (10,3%) do
estado.
Com base na análise dos dados da Tabela 11 infere-se que, apesar de não ter
atendido a maioria dos municípios do estado, o PAC 1 priorizou os municípios de
pequeno porte (abaixo de 50 mil habitantes), que geralmente são os que possuem
maior deficit de saneamento básico. Entretanto, cabe destacar que se percebe uma
tendência de maior atendimento do PAC 1 aos municípios com maior população,
quando comparada a mesma faixa populacional.
151
6.3 PAC 1 Saneamento na Bahia segundo o Produto Interno Bruto (PIB) per
capita dos municípios contemplados
Quanto ao total estadual, de acordo com a análise Figura 7, pode-se perceber que,
para o PAC 1, a maior parte dos municípios atendidos em, pelo menos, alguma ação
de saneamento básico está na faixa superior a R$ 5.400,00, o que representa 38,4%
do total de municípios atendidos por esta etapa do Programa. O segundo lugar de
municípios atendidos pelo PAC 1 está na faixa de PIB per capita entre R$ 3.600,00 e
R$ 4.200,00, o que representa 7,19% do total de municípios beneficiados pelo
Programa. O menor percentual (2,40% do total de municípios do Estado) de
atendimento a municípios concentra-se na faixa entre R$ 2.700,00 e R$ 3.600,00.
152
120
110 48
100
Quantidade de municípios
90
80 30 21
70
60 16
50
40 85
65 69
30 10 50
20
10 23
0
2700 - 3600 3600 - 4200 4200 - 4800 4800 - 5400 >5400
PIB per capita a preços correntes (R$/hab)
Municípios não atendidos pelo PAC 1 Municípios atendidos pelo PAC 1
Fonte: Elaboração própria a partir de dados do IBGE (BRASIL, 2010) e SEDUR (BAHIA, 2015).
Com base nos dados dos municípios baianos (Figura 8), identificou-se que nenhum
município possui Índice Gini inferior a 0,40, indicando desigualdade de distribuição
de renda no Estado. Apenas uma quantidade não representativa de municípios
(2,64% do total estadual) possui os menores Índices Gini, (entre 0,40 e 0,45), sendo
que apenas três municípios foram beneficiados pelo PAC 1.
Figura 8 - PAC 1 - Quantidade de municípios atendidos e não atendidos pelo PAC 1, por
faixa do Índice Gini (2010) - Bahia. 2007-2010
150
140 36
130
120
Quantidade de municípios
110
42
100
90
80 27
70
60 119
50
40 85
66
30
17
20
3
10 14
8
0
0,40 - 0,45 0,45 - 0,50 0,50 - 0,55 0,55 - 0,60 > 0,60
Índice Gini
Municípios não atendidos pelo PAC 1 Municípios atendidos pelo PAC 1
Fonte: Elaboração própria a partir de dados do IBGE (BRASIL, 2010) e SEDUR (BAHIA, 2015).
Com base nos dados de porte populacional, PIB per capita e Índice Gini, foram
elaborados cartogramas com a espacialização das intervenções realizadas (SAA,
SES, LUMRS e DMAPU) nos municípios, utilizando como macrorreferência os
Territórios de Identidade (TI).
Os dados do SNIS são fornecidos diretamente pelo prestador dos serviços públicos
de saneamento básico ou dos órgãos municipais encarregados pela prestação
desses serviços ao Governo Federal. Nem todos os municípios disponibilizam
informações, o que faz com que a base de dados não fique completa. Para os dados
de 2013 da componente abastecimento de água (atendimento total de água32 -
IN055), o SNIS disponibiliza informações para 395 municípios do estado da Bahia.
32
Índice de Atendimento Total de Água: corresponde à população total atendida com abastecimento
de água dividido pela população total do município atendido com abastecimento de água onde, no
SNIS é referenciado como IN055.
155
Dessa forma, o perfil dos municípios na Figura 9, será traçado com essa limitação.
Os resultados são apresentados com base nos municípios que foram contemplados
com alguma ação de abastecimento de água do PAC 1.
140
120
Quantidade de municípios
100
80
60 105 103
40
54
48 44
20
9 9 13 8
0 2
< 40% 40% - 60% 60% - 80% 80% - 90% > 90%
Atendimento total da população com abastecimento de água (%)
Fonte: Elaboração própria a partir de dados do SNIS (BRASIL, 2013) e SEDUR (BAHIA, 2015).
Quanto à faixa de atendimento total de água entre 40 e 60%, constatou-se que 114
municípios (27,34% do total estadual) estão incluídos nesse perfil, sendo que a
maior parte deles, correspondente a 92,11% dessa faixa de atendimento não foi
contemplada pelo PAC 1.
Com base nos dados obtidos, identificou-se que as intervenções do PAC 1 em SAA
contemplaram 46 obras e apenas cinco projetos. Todas as intervenções (projetos e
obras) em SAA estavam sob a responsabilidade de execução/elaboração da
157
Figura 10 - PAC 1 - SAA - Municípios contemplados com obras e projetos, segundo o porte
populacional. Bahia. 2007-2010
Fonte: Elaboração própria a partir de dados do IBGE (BRASIL, 2010) e SEDUR (BAHIA, 2015).
159
Figura 11 - PAC 1 - SAA - Municípios contemplados com obras e projetos, de acordo com o
PIB per capita. Bahia. 2007-2010
Fonte: Elaboração própria a partir de dados do IBGE (BRASIL, 2010) e SEDUR (BAHIA, 2015).
160
Figura 12 - PAC 1 - SAA - Municípios contemplados com obras e projetos, de acordo com o
Índice Gini. Bahia. 2007-2010
Fonte: Elaboração própria a partir de dados do IBGE (BRASIL, 2010) e SEDUR (BAHIA, 2015).
161
Figura 13 - PAC 1 - SES - Atendimento (%) da população total com esgotamento sanitário
(2013), segundo municípios contemplados pelo PAC 1. Bahia. 2007-2010
40
35
Quantidade de municípios
30
25 22
20
15
16
10 7
11 8
8 13
5
5 7 5
0 3 3
< 5% 5% - 10% 10% - 20% 20% - 40% 40% - 60% > 60%
Atendimento da população total com esgotamento sanitário (%)
Fonte: Elaboração própria a partir de dados do SNIS (BRASIL, 2013) e SEDUR (BAHIA, 2015).
162
Com base na Figura 13, observou-se que os municípios com índice de atendimento
inferior a 40% tiveram prioridade nos investimentos realizados pelo PAC 1, embora
atendendo apenas a cerca de 29,63% do total de municípios nesta faixa.
i. TI 03 – Chapada Diamantina
ii. TI 04 – Sisal
iii. TI 05 – Litoral Sul
iv. TI 07 – Extremo Sul
v. TI 11 – Bacia do Rio Grande
vi. TI 12 – Bacia do Paramirim
vii. TI 13 – Sertão Produtivo
viii. TI 14 – Piemonte do Paraguaçu
ix. TI 18 – Litoral Norte e Agreste Baiano
x. TI 19 – Portal do Sertão
xi. TI 21 – Recôncavo
xii. TI 24 – Itaparica
xiii. TI 25 – Piemonte Norte do Itapicuru
xiv. TI 26 – Metropolitana de Salvador
xv. TI 27 – Costa do Descobrimento
De acordo com a Figura 14, percebe-se que não houve priorização na realização de
investimentos nas regiões norte, noroeste e centro-oeste do estado, sendo que
alguns deles não tiveram investimento ou apenas em um município. Identificou-se
que grande parte das intervenções está localizada nos Territórios de Identidade da
RMS (TI 26), Recôncavo (TI 21), Baixo Sul (TI 06) e Litoral Sul (TI 05). Desses, a
maior quantidade de investimentos está concentrada no TI Metropolitana de
Salvador e no Recôncavo Baiano, onde o Governo do Estado vem investindo em
ações de esgotamento sanitário para a descontaminação da Baía de Todos os
Santos, desde a época do Programa Bahia Azul, iniciado em 1995. Não se
163
Com base na análise dos dados, das 70 intervenções (projetos e obras) em SES,
apenas uma estava sob a responsabilidade da Conder, enquanto que todas as
demais eram de responsabilidade da Embasa. Cabe destacar que, dos 70
municípios beneficiados, em 38 deles os serviços públicos de esgotamento sanitário
são operados pela Embasa.
Figura 14 - PAC 1 - SES - Municípios contemplados por obras e projetos, de acordo com o
porte populacional. Bahia. 2007-2010
Fonte: Elaboração própria a partir de dados do IBGE (BRASIL, 2010) e SEDUR (BAHIA, 2015).
165
Figura 15 - PAC 1 - SES - Municípios contemplados por obras e projetos, de acordo com o
PIB per capita. Bahia. 2007-2010
Fonte: Elaboração própria a partir de dados do IBGE (BRASIL, 2010) e SEDUR (BAHIA, 2015).
166
Figura 16 - PAC 1 - SES - Municípios contemplados por obras e projetos, de acordo com o
Índice Gini. Bahia. 2007-2010
Fonte: Elaboração própria a partir de dados do IBGE (BRASIL, 2010) e SEDUR (BAHIA, 2015).
167
Foi realizado um perfil (Figura 17) dos municípios baianos quanto ao atendimento de
moradores em domicílios particulares permanentes com coleta de resíduos sólidos e
com outras formas de destinação de resíduos sólidos, segundo dados do SNIS
(2013). De acordo com os dados, identifica-se que a maior parte (86,57%) dos
municípios do estado não foi contemplada pelo PAC 1 com ações na componente de
limpeza urbana e manejo de resíduos sólidos. Todas as intervenções estudadas
foram em projetos, inexistindo obras.
Cerca de 80,8% dos municípios que estão nas faixas de atendimento de moradores
em domicílios particulares permanente com coleta de resíduos sólidos inferior a 75%
não foram contemplados por essa etapa do Programa.
180
160
Quantidade de municípios
140
120
100
146
80 97
60 105
40
20 30
13 20
0 2 4
< 25% 25% - 50% 50% - 75% > 75%
Atendimento de moradores com coleta de resíduos sólidos (%)
Fonte: Elaboração própria a partir de dados do SNIS (BRASIL, 2013) e SEDUR (BAHIA, 2015).
33
Outra forma de destinação de resíduos sólidos: corresponde à destinação que não é
ambientalmente adequada, como o lançamento direto no solo, em rios, em córregos, lagos, dentre
outros.
168
180
160
Quantidade de municípios
140
120
100
146
80 97
60 105
40
20 30
20 13
0 4 2
< 25% 25% - 50% 50% - 75% > 75%
Atendimento de moradores com outras formas de destinação de resíduos sólidos
(%)
Quantidade de municípios atendidos pelo PAC 1
Quantidade de município não atendidos pelo PAC 1
Fonte: Elaboração própria a partir de dados do SNIS (BRASIL, 2013) e SEDUR (BAHIA, 2015).
Com base nas informações obtidas com representantes das instituições envolvidas,
o MCidades priorizou a realização de investimentos na maioria dos municípios que
compunham parte da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco, com o objetivo de
desenvolver projetos que pudessem minimizar impactos negativos decorrentes da
disposição inadequada dos resíduos sólidos no solo. Isto pode ser constatado ao se
observar a Figura 19, onde se pode identificar que os seguintes Territórios de
Identidade apresentaram intervenções:
i. TI 02 – Velho Chico
ii. TI 03 – Chapada Diamantina
iii. TI 10 – Sertão do São Francisco
iv. TI 12 – Bacia do Paramirim
v. TI 13 – Sertão Produtivo
vi. TI 17 – Semiárido Nordeste II
vii. TI 20 – Vitória da Conquista
viii. TI 24 – Itaparica
ix. TI 25 – Piemonte Norte do Itapicuru
Figura 19 - PAC 1 - LUMRS - Municípios contemplados por projetos, de acordo com o porte
populacional. Bahia. 2007-2010
Fonte: Elaboração própria a partir de dados do IBGE (BRASIL, 2010) e SEDUR (BAHIA, 2015).
172
Figura 20 - PAC 1 - LUMRS - Municípios contemplados por projetos, de acordo com a faixa
do PIB per capita (2010). Bahia. 2007-2010
Fonte: Elaboração própria a partir de dados do IBGE (BRASIL, 2010) e SEDUR (BAHIA, 2015).
173
Figura 21 - PAC 1 - LUMRS - Municípios contemplados por projetos, de acordo com o Índice
Gini (2010). Bahia. 2007-2010
Fonte: Elaboração própria a partir de dados do IBGE (BRASIL, 2010) e SEDUR (BAHIA, 2015).
174
O segundo eixo que mais recebeu investimentos foi o de transportes (Eixo 5), sendo
R$ 104,5 bilhões em âmbito nacional e R$ 10,9 bilhões em âmbito estadual,
176
34
Brasil (2014a) e Brasil (2014b).
35
e-SIC (BRASIL, 2015b).
177
Devido à ausência de dados, não foi possível realizar análise dos investimentos para
o Nordeste (Balanço do PAC), devido à ausência de informações. Os investimentos
destinados à Bahia (Balanço do PAC), apresentados na Tabela 13, identificam todos
os valores contratados para o Estado, independentemente da captação dos recursos
ter sido realizada pelo Estado ou pelos municípios. Não foi possível identificar a
fonte dos recursos (OGU ou financiamento) devido à ausência de informações. O
valor total disponibilizado para saneamento básico no Estado foi R$ 0,91 bilhão, o
que corresponde a apenas 1,83% dos recursos disponibilizados para todo o Brasil.
Cabe ainda destacar que, especificamente para o PAC 2, não houve obrigatoriedade
de contrapartida estadual. Após entrevistas realizadas com os técnicos das
instituições envolvidas, identificou-se que a maior parte desse valor é atribuída à
necessidade de atualização orçamentária e/ou elaboração de etapas
complementares à obra ou projeto.
Os dados da Tabela 14 diferem dos apresentados na Tabela 13, pois o que ela
apresenta corresponde exclusivamente aos empreendimentos analisados neste
trabalho, conforme metodologia descrita em item específico, e foram corrigidos para
valor presente, de acordo com o IGP-DI (FGV).
178
Abastecimento de
154,54 293,88 146,50 594,91 57,91
Água Potável
Esgotamento Sanitário 111,98 274,27 35,92 422,17 41,09
Limpeza Urbana e
Manejo de Resíduos - 8,32 - 8,32 0,81
Sólidos
Drenagem e Manejo
das Águas Pluviais - 1,92 - 1,92 0,19
Urbanas
Total 266,52 578,39 182,41 1.027,32 100,00
Fonte: Própria, a partir dos dados do Censo Demográfico de 2010 (BRASIL, 2010) e SEDUR (BAHIA,
2015).
Para a população acima de 50 mil habitantes, de acordo com a Tabela 15, verifica-
se que 35 municípios, o que representa 81,40% do total desta faixa populacional,
foram atendidos pelo PAC 2. Percebe-se que, exceto na faixa populacional inferior a
10 mil habitantes, o número de municípios atendidos foi superior ao de não
atendidos. Assim como identificado no PAC 1, o PAC 2 também apresenta uma
tendência de atendimento aos municípios que possuem maior população, quando
comparada o mesmo porte populacional.
7.3 PAC 2 Saneamento na Bahia segundo o Produto Interno Bruto (PIB) per
capita dos municípios contemplados
Para buscar identificar se existiu priorização dos municípios contemplados pelo PAC
2, quanto ao PIB per capita, elaborou-se a Figura 22 que apresenta a quantidade de
municípios atendidos e não atendidos por esta etapa do Programa em, pelo menos,
uma ação de saneamento básico, de acordo com dados de 2010 do IBGE.
180
Os dados da Figura 22 indicam que apenas 2,40% dos municípios com o menor PIB
per capita do Estado (de R$ 2.700,00 a R$ 3.600,00) foram contemplados pelo PAC
2. Considerando-se a segunda menor faixa de PIB per capita (de R$ 3.600,00 e R$
4.200,00) esse percentual é de 13,43%, enquanto que entre R$ 4.200,00 e R$
4.800,00, atinge 12,95%. Na faixa de PIB per capita imediatamente superior (de R$
4.800,00 a R$ 5.400,00), identificou-se que 10,31% dos municípios foram
contemplados. Para municípios com o PIB per capita superior a R$ 5.400,00, este
percentual atinge 22,54%.
140
120
Quantidade de municípios
39
100
80
39 36
60
23
94
40
56 54
20 23 43
10
0
2700 - 3600 3600 - 4200 4200 - 4800 4800 - 5400 >5400
PIB per capita a preços correntes (R$/hab)
Fonte: Elaboração própria a partir de dados do IBGE (BRASIL, 2010) e SEDUR (BAHIA, 2015).
Cada uma das faixas de PIB per capita, quando analisadas individualmente para os
municípios atendidos por esta etapa do Programa, identifica-se que (Figura 22):
Pela análise dos dados, percebe-se que, quanto maior o PIB per capita, maior a
quantidade de municípios atendidos. Cabe destacar que os municípios que possuem
menor PIB per capita tendem a possuir os maiores deficits nos serviços públicos de
saneamento básico e geralmente possuem baixa capacidade financeira para a
realização de investimentos, principalmente em intervenções físicas. Nesses
municípios deveria haver uma presença mais forte do Estado, para a realização de
intervenções nessa área. Identifica-se também que houve uma variação significativa
de municípios contemplados, quando comparada ao total de municípios da mesma
faixa de PIB per capita, tendo sido o maior percentual de atendimento para os
municípios que possuem o PIB per capita mais elevado (superior a R$ 5.400,00).
Por meio dos dados analisados (Figura 23), identificou-se que uma quantidade não
representativa de municípios (2,64% do total estadual) possui o Índice Gini mais
baixo, situado na faixa entre 0,40 e 0,45. Destes, oito municípios foram beneficiados
pelo PAC 2.
Figura 23 - Quantidade de municípios atendidos e não atendidos pelo PAC 2, por faixa do
Índice Gini (2010). Bahia. 2011-2014
180
160
Quantidade de municípios
140
120
100 98
80 81
50
60
40
8 57
20 43 46 20
0 3 11
0,40 - 0,45 0,45 - 0,50 0,50 - 0,55 0,55 - 0,60 > 0,60
Índice Gini
Fonte: Elaboração própria a partir de dados do IBGE (BRASIL, 2010) e SEDUR (BAHIA, 2015).
Pela Figura 24, identificou-se a existência de 112 municípios (26,86% do total) que
estão no intervalo entre 40 e 60%, sendo que apenas 4,47% municípios foram
atendidos pelo PAC 2.
Assim como apresentado no item do PAC 1 Saneamento - Bahia, a partir dos dados,
foram preparados cartogramas com a identificação das intervenções realizadas
(SAA, SES, LUMRS e DMAPU) nos municípios, segundo os Territórios de Identidade
(TI).
140
120
Quantidade de municípios
100
80
121
60 107
40
39 40
48
20
11 12 12
0 3 5
< 40% 40% - 60% 60% - 80% 80% - 90% > 90%
Atendimento total da população com abastecimento de água (%)
Fonte: Elaboração própria a partir de dados do SNIS (BRASIL, 2013) e SEDUR (BAHIA, 2015).
i. TI 01 - Irecê
ii. TI 02 – Velho Chico
iii. TI 03 – Chapada Diamantina
iv. TI 05 – Litoral Sul
v. TI 08 – Médio Sudoeste da Bahia
vi. TI 09 – Vale do Jequiriçá
vii. TI 12 – Bacia do Paramirim
viii. TI 16 – Piemonte da Diamantina
ix. TI 17 – Semiárido Nordeste II
x. TI 18 – Litoral Norte e Agreste Baiano
xi. TI 19 – Portal do Sertão
xii. TI 20 – Vitória da Conquista
xiii. TI 21 – Recôncavo
xiv. TI 22 – Médio Rio de Contas
xv. TI 25 – Piemonte Norte do Itapicuru
xvi. TI 26 – Metropolitana de Salvador
xvii. TI 27 – Costa do Descobrimento
Figura 25 - PAC 2 - SAA - Municípios contemplados com obras e projetos, de acordo com o
porte populacional. Bahia. 2011 - 2014
Fonte: Elaboração própria a partir de dados do IBGE (BRASIL, 2010) e SEDUR (BAHIA, 2015).
187
Figura 26 - PAC 2 - SAA - Municípios contemplados com obras e projetos, de acordo com o
PIB per capita (2010). Bahia. 2011 - 2014
Fonte: Elaboração própria a partir de dados do IBGE (BRASIL, 2010) e SEDUR (BAHIA, 2015).
188
Figura 27 - PAC 2 - SAA - Municípios contemplados com obras e projetos, de acordo com o
Índice Gini. Bahia. 2011 - 2014
Fonte: Elaboração própria a partir de dados do IBGE (BRASIL, 2010) e SEDUR (BAHIA, 2015).
189
Com os dados disponibilizados pelo Sistema, foi possível fazer uma análise do perfil
(Figura 28) dos municípios baianos quanto ao atendimento da população total com
esgotamento sanitário, onde se identificou que 73,08% (uma quantidade
significativa) deles possuem menos de 40% desse atendimento, considerado baixo
de acordo com a necessidade de universalização ao acesso aos serviços públicos.
Desta faixa de análise, apenas 9,48% foram atendidos pelo PAC 2.
Cerca de 23% dos municípios possui atendimento total de esgoto numa faixa
superior a 40%. As ações do PAC 2 atenderam 5,71% dessa faixa de municípios.
Figura 28 - PAC 2 – SES – Atendimento (%) da população total com esgotamento sanitário
(2013), segundo municípios contemplados pelo PAC 2. Bahia. 2011-2014
45
40
35
Quantidade de municípios
30
25
37
20
15
18 23
10 18
15
8
5
3 3 3 1 1
0 0
< 5% 5% - 10% 10% - 20% 20% - 40% 40% - 60% > 60%
Atendimento da população total com esgotamento sanitário (%)
Fonte: Elaboração própria a partir de dados do SNIS (BRASIL, 2013) e SEDUR (BAHIA, 2015).
i. TI 02 – Velho Chico
ii. TI 03 – Chapada Diamantina
iii. TI 04 – Sisal
iv. TI 07 – Extremo Sul
v. TI 09 – Vale do Jequiriçá
vi. TI 12 – Bacia do Paramirim
vii. TI 13 – Sertão Produtivo
viii. TI 14 – Piemonte do Paraguaçu
ix. TI 15 – Bacia do Jacuípe
x. TI 16 – Piemonte da Diamantina
xi. TI 17 – Semiárido Nordeste II
xii. TI 18 – Litoral Norte e Agreste Baiano
xiii. TI 19 – Portal do Sertão
xiv. TI 21 – Recôncavo
xv. TI 25 – Piemonte Norte do Itapicuru
xvi. TI 26 – Metropolitana de Salvador
De acordo com o cartograma (Figura 29), a maior parte dos municípios beneficiados
concentrou-se na faixa entre 20 mil e 100 mil habitantes e, principalmente nos TIs
14, 15, 19 e 21. Dos 24 municípios contemplados, todos possuem ações de SES
executadas pela Embasa. Destes, nove são operados pela Empresa, o que
representa 37,5%. Não se conseguiu identificar alguma relação entre os
investimentos realizados e o porte da população.
Figura 29 - PAC 2 - SES - Municípios contemplados com projetos e obras, de acordo com o
porte populacional (2010). Bahia, 2011-2014
Fonte: Elaboração própria a partir de dados do IBGE (BRASIL, 2010) e SEDUR (BAHIA, 2015).
193
Figura 30 - PAC 2 - SES - Municípios contemplados com projetos e obras, de acordo com o
PIB per capita(2010). Bahia, 2011-2014
Fonte: Elaboração própria a partir de dados do IBGE (BRASIL, 2010) e SEDUR (BAHIA, 2015).
194
Figura 31 - PAC 2 - SES - Municípios contemplados com projetos e obras, de acordo com o
Índice Gini (2010). Bahia. 2011-2014
Fonte: Elaboração própria a partir de dados do IBGE (BRASIL, 2010) e SEDUR (BAHIA, 2015).
195
180
160
Quantidade de municípios
140
73
120
100
78 34
80
60
40 93
75
20 49
11
0 4
< 25% 25% - 50% 50% - 75% > 75%
Atendimento de moradores com coleta de resíduos sólidos (%)
Fonte: Elaboração própria a partir de dados do SNIS (BRASIL, 2013) e SEDUR (BAHIA, 2015).
196
Utilizando-se os dados do SNIS (2013), foi traçado um perfil (Figura 33) dos
municípios baianos quanto ao atendimento de moradores em domicílios particulares
permanentes com outra36 forma de destinação de resíduos sólidos e identificou-se
que 34,05% deles possuem esse índice superior a 50%. Para a componente limpeza
urbana e manejo de resíduos sólidos, identificou-se que a faixa de atuação da
segunda etapa do Programa foi abrangente (até 75%), quando considerado o
atendimento de moradores em domicílios particulares permanente com outras
formas de destinação de resíduos sólidos.
180
160
Quantidade de municípios
140
73
120
100
34 78
80
60
40 93
75
20 49
11
0 4
< 25% 25% - 50% 50% - 75% > 75%
Atendimento de moradores com outras formas de destinação deresíduos
sólidos (%)
Fonte: Elaboração própria a partir de dados do SNIS (BRASIL, 2013) e SEDUR (BAHIA, 2015).
36
Outra forma de destinação de resíduos sólidos: corresponde à destinação que não é
ambientalmente adequada, como o lançamento direto no solo, em rios, em córregos, lagos, dentre
outros.
197
i. TI 01 - Irecê
ii. TI 03 – Chapada Diamantina
iii. TI 04 – Sisal
iv. TI 05 – Litoral Sul
v. TI 06 – Baixo Sul
vi. TI 07 – Extremo Sul
vii. TI 08 – Médio Sudoeste da Bahia
viii. TI 10 – Sertão do São Francisco
ix. TI 11 – Bacia do Rio Grande
x. TI 13 – Sertão Produtivo
xi. TI 14 – Piemonte do Paraguaçu
xii. TI 15 – Bacia do Jacuípe
xiii. TI 16 – Piemonte da Diamantina
xiv. TI 17 – Semiárido Nordeste II
xv. TI 18 – Litoral Norte e Agreste Baiano
xvi. TI 19 – Portal do Sertão
xvii. TI 20 – Vitória da Conquista
xviii. TI 21 – Recôncavo
xix. TI 22 – Médio Rio de Contas
xx. TI 23 – Bacia do Rio Corrente
198
Identificou-se (Figura 34) que a maior parte dos municípios atendidos possui
população superior a 20 mil habitantes onde, pelo menos em cada TI, há um
município com porte populacional superior a 50 mil habitantes. De acordo com
informações oficiais obtidas, foi informado que, para o PAC 2 Grupo 1 (G1), o
MCidades priorizou os municípios de porte populacional superior a 100 mil
habitantes, enquanto para o PAC 2 Grupo 2 (G2), a prioridade foi para os municípios
com população superior a 75 mil habitantes. A existência de municípios menores
que essas faixas populacionais, contemplados com projetos deu-se devido à
priorização de soluções regionalizadas, compartilhadas com dois ou mais
municípios, onde pelo menos um deles cumpria com esse requisito populacional.
A Figura 35 permite identificar que a maioria dos municípios atendidos com projetos
de limpeza urbana e manejo de resíduos sólidos possui PIB per capita elevado,
acima de R$ 4.800,00. Poucos municípios contemplados, principalmente os
localizados nos TI 04 - Sisal e TI 15 - Bacia do Jacuípe, possui PIB per capita com
valores mais baixos, cujas faixas concentram-se majoritariamente entre R$ 2.700,00
e R$ 4.800,00. Conforme discorrido, o critério de seleção de municípios foi baseado
no porte populacional e não no PIB per capita.
199
A maioria dos municípios atendidos (Figura 36) com projetos de limpeza urbana e
manejo de resíduos sólidos possui Índice Gini variável entre as faixas de 0,45 e
0,60, entretanto cabe destacar que, conforme discorrido, o critério de priorização de
investimentos definido pelo MCidades foi de acordo com o porte populacional dos
municípios e não com o Índice Gini.
200
Figura 34 - PAC 2 - LUMRS - Municípios contemplados com projetos, de acordo com o porte
populacional (2010). Bahia, 2011-2014.
Fonte: Elaboração própria a partir de dados do IBGE (BRASIL, 2010) e SEDUR (BAHIA, 2015).
201
Figura 35 - PAC 2 - LUMRS - Municípios contemplados com projetos, de acordo com o PIB
per capita (2010). Bahia, 2011-2014
Fonte: Elaboração própria a partir de dados do IBGE (BRASIL, 2010) e SEDUR (BAHIA, 2015).
202
Fonte: Elaboração própria a partir de dados do IBGE (BRASIL, 2010) e SEDUR (BAHIA, 2015).
203
A análise da percepção dos atores foi realizada por meio de entrevistas com roteiros
semiestruturados (Apêndice B) e analisada com base na técnica do Discurso do
Sujeito Coletivo (DSC), conforme identificado no capítulo de Metodologia.
DGF2. O PAC foi um grande avanço, principalmente na área de saneamento básico. Tem também a
parte estrutural do Brasil, mas houve, por parte do governo, um grande incentivo à questão ambiental
e o saneamento básico foi uma parte importantíssima. (...) O grande pulo que o Brasil deu na área de
saneamento foi por parte das obras do PAC saneamento (...). Se fizer um histórico [dos
investimentos] no Brasil até agora, nos últimos 12 anos, [o PAC] foi o [Programa] que mais investiu
em saneamento básico.
DGF3. Para o País e para a Bahia, foi uma mola propulsora (...). Muito investimento público em
infraestrutura, saneamento. (...) Ele até combinando o crescimento, tanto na economia como na
distribuição de renda, diminuição de pobreza (...). E a inclusão de milhões de brasileiros (...) na parte
de saneamento e na parte de construção, do Minha Casa, Minha Vida. (...) Ele ampliou bastante essa
parte de saneamento. Muito, muito, muito.
DGE1. No ano 2000 (...) o volume de investimento do Governo Federal no Estado era muito baixo. O
PAC trouxe um volume de investimento muito grande para a Bahia. Logicamente que no início, até
pelo nome Programa de Aceleração do Crescimento, pensava-se em uma coisa muito mais célere
como o nome mesmo já diz. (...) Foi um salto muito grande para os investimentos do Governo Federal
na Bahia.
DGE2. (...) Existe uma primeira intenção de implementação da política. Eu gosto da filosofia do PAC
nesse sentido, porque (...) foi criada a Política Nacional de Resíduos que teve regulamentação e
precisaria de um instrumento Federal que desse start na implementação da política. E isso foi o PAC,
focado em [projetos que buscassem a] destinação final [ambientalmente adequada de resíduos
sólidos], mas que seria um start para a [implementação da] Política Nacional. (...) [Entretanto] eu acho
que o PAC perdeu o time com relação ao período de governo. Não sei se do Federal ou só Estadual.
207
Ideia Central 1 - IC 1
Porque [as ações do PAC em resíduos sólidos] (...) só chegam a nível de projeto nesse momento (...)
Se esses projetos não se consolidarem para construção [execução de obras de engenharia], eles
terminam “caducando” [ficando desatualizados] (...). E é um montante de recursos muito significativo
para isso: minha preocupação (...) com o PAC é essa. Em relação aos investimentos realizados e a
implementação efetiva e o time que existiu e o intervalo que existe nisso é que está sendo muito
grande. (...) Se não tiver um PAC que venha consolidar [e utilizar os projetos de resíduos sólidos para
executar as obras], (...) vai ficar com um banco de projetos que pode estar completamente defasado.
O PAC veio corrigir a lacuna de investimentos em saneamento básico no País, entretanto suas
ações foram executadas sem planejamento.
DGE4. Durante muitos anos, antes de 2007, o Brasil praticamente não investia nada em infraestrutura
de saneamento básico (...). Muito, muito investimento, que nunca se viu tanto na história (...). Nunca
se investiu tanto como nessa época. (...) E o PAC visa corrigir essa lacuna que ficou durante muitos
anos dos governos anteriores. Quer dizer, depois de 2007 foi que começou a tentar corrigir de uma
vez só, mas faltou um planejamento. Não se (...) podia esperar mais, porque estava um caos na área
de saneamento. Estava um caos total e o governo tentou fazer (...) como dizia o Juscelino
[Kubitscheck] fazer em cinco anos, cinquenta.
O PAC é um programa exitoso, mesmo com todos os problemas, pois abrange todas as
necessidades da população.
DGE5. O PAC (...) é [o Programa] mais exitoso existente na História do Brasil. O PAC varre
seguramente todas as necessidades da população: desde a saúde, através do saneamento,
habitação, mobilidade e segurança, segurança no que diz respeito principalmente a questão de
37
desastres naturais . Então, o PAC faz uma varredura em todas essas áreas que significa melhoria da
qualidade de vida da população. (...). O PAC (...) foi um programa exitoso, mesmo com todos os
37
No discurso “segurança no que diz respeito principalmente a questão de desastres naturais” há
uma menção ao PAC Desastres Naturais, que realizou obras para contenção de encostas.
208
Ideia Central 3 - IC 3
problemas (...).
DMS1. O primeiro plano (...) que é importante é emprego nas regiões quando tem obras do PAC.
Quando é só material, equipamento, nem tanto. Mas quando é obra gera emprego, melhora a
condição de vida do pessoal que passa a ter uma renda. Aquele município passa a ter recurso da
própria renda do pessoal, que o dinheiro fica rodando ali no município fazendo com que haja
movimentação. [Em segundo plano, a] melhoria no contexto [em] que aquela obra veio traz para
aquela cidade, aquela região, no que for. Foi de suma importância nesses aspectos: emprego,
geração de renda na região que gerou obras (...).
DMS2. Não teve avanço nenhum no País. (...) Está deixando a desejar (...). Em termos de saúde (...),
[necessita de] uma implementação das ações para que fizesse um trabalho (...) eficaz para atender a
população, porque esta deixando a desejar. [Houve] pouquíssima mudança (...). Não tenho visto
muita mudança, [mas] muita falta de trabalho (...). [Os políticos] pensam que quando (...) vai fazer
algum trabalho de um saneamento básico, que está escondido embaixo da terra (...), para eles não
tem valor nenhum de voto (...). Então eles não se preocupam em fazer essas coisas, porque não e
uma obra visível. O que eles querem é fazer pista, é metrô, que nunca sai do lugar. Assim aquela
coisa que afeta diretamente na saúde pública da população, eles estão deixando para depois.
A ideia central dos discursos apresentados reflete a ideia de que o PAC corresponde
a um programa do Governo Federal para realizar investimentos em áreas prioritárias
do País. Dessa forma, para os entrevistados, o Programa se constitui como um
importante instrumento para a implementação das diretrizes nacionais para o
saneamento básico. Para essa ideia central, há um entendimento uniforme de que o
Brasil passou muitos anos sem investimentos significativos na área de saneamento
209
O PAC contribuiu para a universalização do acesso aos serviços, tendo atuando em todas as
componentes do saneamento básico, embora tenham existido dificuldades, tais como na área
rural e quanto aos aspectos administrativos, burocráticos e políticos.
DGF1. O PAC auxilia, pois amplia os investimentos aplicados no setor como um todo. Porém, como a
necessidade e demanda de recurso por parte das empresas de saneamento e das prefeituras
municipais é significativamente superior à disponibilidade de recursos, ainda ocorre uma priorização
de investimentos. Parte-se da premissa que investimentos em áreas de alta renda ou em áreas
industriais são financeiramente viáveis para as companhias [de saneamento básico], já que a
população atendida possui capacidade [de pagamento]. (...) Os empreendimentos financiados pelo
PAC [são] direcionados para o atendimento, na medida do possível, à população de baixa renda.
Dessa forma, o PAC por si só não se destina exclusivamente ao atendimento da universalização,
porém contribui significativamente.
DGF3. (...) Incorporou, porque (...) está fechando a Bahia. (...) Tem obra (...) pegando a Bahia como
um todo. (...) Além de universalizar, ele está pegando (...) todas as vertentes do saneamento.
DGE1. Existia um mito aqui na Bahia, que o Bahia Azul (...) praticamente universalizou [o acesso] a
água e criou uma série de estruturas com relação a esgoto em Salvador inteira e que, infelizmente,
não foi verdade (...). Foi um volume muito aquém do que foram feitos investimentos, dessa vez pelo
PAC, e cuidou das áreas mais fáceis de serem trabalhadas (...). O PAC tinha muitas áreas de
adensamento, então tinha muita dificuldade por áreas estarem adensadas e obras em áreas
adensadas é muito complicado. Nas outras grandes obras do interior elas foram andando de uma
forma, com outros tipos de problemas, mas também bem sérios. (...) Universalização de acesso à
água é o que qualquer gestor procura (...). Não sei se é possível, mas acredito que universalização
vai chegar na Bahia nas grandes regiões (...) na sua totalidade. Nas áreas mais ermas no interior,
211
Ideia Central 1 - IC 1
não sei se isso será possível, mas nas grandes [cidades] (...), a médio e a longo prazos vai ser
conseguido porque é de grande importância para saúde pública de qualquer estado.
DGE2. Focando sempre nos resíduos (...) ele é o primeiro estudo que dá uma visão meio sistêmica
da Bahia (...). Ele vem para dar uma luz nesse sentido. Ele não está tratando como se vinha (...)
apoiando pontualmente. [O Programa] sai da visão pontual para a visão do sistema global.
DGE4. O PAC foi feito justamente para atender a essa universalização (...). Eles andam pari passos
juntos, porque sem o PAC, não [se] iria conseguir nunca à (...) universalização. (...) É uma meta difícil
é, porque tem muitos entraves burocráticos, administrativos (...), até políticos, porque tem municípios
(...) que usam a política de maneira errada pra criar entraves com as concessões e (...) com as
liberações de alvarás.
DGE5. (...) É representativo e o avanço com relação a atendimento à população com água tratada e
esgotamento sanitário (...) principalmente no interior (...) do Estado, inclusive nos municípios de
pequeno porte (...). O foco não foi apenas os grandes municípios, mas também aqueles municípios
com até 50 mil habitantes (...), que não tem, inclusive, condições de captar recursos.
DMS1. Depende muito da região (...). Com relação a resíduos sólidos não teve influência nenhuma
(...), então (...) está a desejar bastante, porque [tem] a própria cultura e a dificuldade dos municípios
serem municípios pequenos. Então [estes] municípios (...) não têm (...) condição de desenvolver um
trabalho com resíduos sólidos (...).
O PAC não contribuiu para a universalização do acesso aos serviços públicos de saneamento
básico
DMS2. Não tenho visto nenhuma [obra de saneamento básico]. Não vejo obra de saneamento básico
em lugar nenhum, onde é que está tendo (...)?
212
DGF1. (...) Veio a contribuir, pois viabilizou investimentos que poderiam não ser considerados viáveis
economicamente para as autarquias e companhias de saneamento.
DGF2. Veio contribuir bastante [pela quantidade de investimentos] (...). Talvez seja a área que o
governo do PT mais investiu ou trouxe mais investimentos: a área de saneamento. Nunca se teve
tanto investimento na área de saneamento como nesses últimos 12 anos.
DGE2. Se ele se consolidar, vai contribuir (...). Ainda não chegou em um momento em que se possa
213
Ideia Central 1 - IC 1
DGE3. [Sim,] sem ele (...) não ia conseguir universalizar nunca (...). Ainda tem uma boa parte de
coisas a serem feitas (...).
DGE5. Veio a contribuir muito, muito mesmo. O Brasil estava muito carente de tudo isso. A carência
era muito grande (...).
DMS2. Eu vejo muito conversinha, muitas palavras bonitas e atuação prática nenhuma (...).
DGF1. Infelizmente, o PAC como um todo não incorpora este princípio. Por questões políticas e
orçamentárias, a divisão do investimento em programas e modalidades específicas, voltados
exclusivamente para abastecimento de água, esgotamento sanitário, drenagem ou resíduos dificultam
essa integração. No PAC 1 foram realizados investimentos com esse princípio, com as ações de
saneamento integrado. Porém, no PAC 2, recursos destinados a essa ação foram significativamente
reduzidos, incentivando-se assim a implantação das obras de forma separada. Outro fator que
dificulta essa integração são os diferentes responsáveis pela gestão e implantação, no próprio
município, de cada um desses serviços.
DGF2. Basicamente a [Funasa] trabalha com água e esgoto. Tem pouca coisa na área de resíduo
sólido e drenagem, porque a Funasa não trabalha com drenagem e não conheço muitos projetos na
área de drenagem, pelo menos nas cidades até 50 mil habitantes (...). Resíduo sólido [a Funasa] (...)
tem algumas ações, mas ela é muito menor [que em abastecimento de água e esgotamento sanitário]
(...). [Uma das] dificuldades que tem em resíduos sólidos (...) é que a manutenção de um aterro
sanitário é muito cara e (...) investir um valor pra criar um aterro sanitário sem que tenha uma
sustentabilidade é muito grande (...). Uma cidade de 30 ou 40 mil habitantes não tem a menor
condição, até de questões de recursos, de manter um aterro sanitário. [Em] dois ou três anos ele já
virou lixão. Então, esse é o grande problema que [se] identifica em relação aos resíduos sólidos (...).
DGF3. Uma coisa é ter ações, outra é incorporar. Incorporar, eu acho que não. Houve ações, mas eu
acho que (...) resíduos (...) está bem aquém (...), por conta dos municípios que não estavam
preparados para isso (...) [A maioria dos recursos foi para] água e esgoto. Depois, para drenagem e
depois [resíduos sólidos]. [Em resíduos] só para projetos, não teve para obras ainda não.
DGE1. Nos primeiros anos foram feitos investimentos maciços em água e esgoto. Em drenagem
começaram a ser feitos mais investimentos a partir do ano passado [2014], pelo menos na Bahia (...).
Os projetos [de drenagem] ainda estão em fase de finalização através de RDC [Regime Diferenciado
215
Ideia Central 1 - IC 1
de Contratações Públicas]. Drenagem veio mais agora [2015], para a RMS [Região Metropolitana de
Salvador]. Resíduos sólidos (...) ainda não foi encarado como deve ser encarado. Ainda foi muito em
nível de projeto e precisa ser melhor explorado. O PAC saneamento pensou em resíduos sólidos,
mas de uma forma ainda acanhada (...). Apesar de ser uma vontade de se trabalhar mais isso, o
agente limitador foi a destinação dos recursos federais (...) [Havia] um [grande] volume para água e
(...) esgoto. E um volume [pequeno] para drenagem e resíduos sólidos que era muito aquém das
outras áreas (...). Infelizmente não era possível conseguir mais recursos nessas outras áreas, porque
simplesmente não era ofertado naquele momento pelo Governo Federal. Houve um direcionamento
do Governo Federal para água e esgoto, que eles estão corrigindo isso desde o ano passado e viram
a necessidade de investir em drenagem também (...). Acho que ainda vai vir investimento pesado (...)
em resíduos sólidos (...) nos próximos [anos].
DGE2. Não incorpora por um motivo simples: porque água já tinha tido um avanço e porque o
Planasa (...) consolidou a área de água e esgoto (...). Resíduos, não. Era incipiente (...) e estava
numa fase ainda critica. Poucos avanços e considerada ainda critica. Depois, (...) temos (...) um
problema que eu vejo (...) que é o saneamento nos componentes água e esgoto, [porque] eles
trabalham com concessão na sua grande maioria. Drenagem, acho que é a maior, porque não tem
nem pai (...) Resíduos sólidos [ainda] acanhou as ações, mesmo que pulverizadas, (...) em alguns
governos mais fortalecidos em outros menos, mas sempre teve alguém que capitaneasse. E
drenagem é muito solto (...). Quem tem dinheiro é água. Não é [a componente] resíduos.
DGE4. (...) Sempre há [uma] casamento de ações. Resíduos sólidos, saneamento básico, drenagem
(...) para poder fechar essa integralidade. Tem cidades que (...) devido à precariedade da cidade, [a
Embasa] dá prioridade (...) a água (...) [que] a carência é muito grande no semiárido (...). A prioridade
é (...) primeiro água, depois esgotamento sanitário, resíduos sólidos e drenagem. Drenagem [é]
praticamente a última, porque (...) tem que primeiro levar a água para o consumo humano, porque
tem cidade que não tem (...). [A] prioridade [são] obras de água: abastecimento humano primeiro.
DGE5. Com relação a integralidade (...), infelizmente o PAC não conseguiu alcançar esse nível de
integralidade (...). O foco maior foi (...) a água e esgotamento sanitário. Esse foi o grande foco. Haja
vista que se você buscar todas as obras que existem hoje com recursos oriundo do PAC, você vai ver
que não tem quase investimento nenhum na área de drenagem. (...) Não houve (...) essa
integralidade (...).
DMS1. Drenagem não teve lá tanta influência não (...). [A rede de esgotos] não está separada. Ela
está junto ainda [com a de drenagem] (...).
integralidade das ações de saneamento básico. Isso pôde ser constatado para o
PAC 1 e o PAC 2, nos dados quantitativos dessa pesquisa, onde observou-se que,
para o PAC 1: (i) 90,78% dos recursos captados pela Bahia foram destinados para a
componente de esgotamento sanitário; (ii) 8,51% para abastecimento de água
potável; (iii) 0,52% para drenagem e manejo das águas pluviais urbanas; e (iv)
0,20% para limpeza urbana e manejo dos resíduos sólidos. Houve total
descompasso entre os investimentos realizados em esgotamento sanitário e as
demais componentes do saneamento básico. Por outro lado, nenhuma diretriz foi
dada para elaborar projetos que previssem a adoção de ações de integradas de
saneamento básico.
Para o PAC 2, o cenário indicou que também não houve preocupação quanto à
integralidade das ações do saneamento básico quanto aos recursos captados para a
Bahia: (i) 57,91% destinados a abastecimento de água potável; (ii) 41,09%
destinados a esgotamento sanitário; (iii) 0,81% destinados a limpeza urbana e
manejo de resíduos sólidos; e (iv) 0,19% destinados a drenagem e manejo das
águas pluviais urbanas. Cabe destacar que houve distribuição mais equitativa entre
os recursos captados para abastecimento de água e de esgotamento sanitário,
diferentemente do que ocorreu no PAC 1, entretanto prevaleceu o baixo
investimento em limpeza urbana e manejo de resíduos sólidos e em drenagem e
manejo das águas pluviais urbanas.
DGF1. (...) Considero essa priorização de investimentos para população de baixa renda uma forma
de tratar os desiguais de forma desigual, fazendo com que, futuramente, seja possível a prestação
dos serviços a todos sem desigualdades.
DGF2. No cunho do que se refere a atividade da Funasa, ela tá totalmente voltada pra isso [porque]
trabalha com municípios pequenos, [que] são os (...) mais carentes e desassistidos. Esse é o papel
da Funasa: é levar o saneamento e (...), por conta disso diminuir, os agravos pra essa população tão
carente.
DGF3. Sim. Até porque já é um normativo [da Caixa Econômica] (...). Então, (...) tem que atender a
todo mundo (...). Tem certas metas que tem que ser específica para até três salários mínimos (...).
DGE1. Tem contribuído muito, mais dentro do PAC [tem] as grandes obras e (...) as menores que são
feitas (...) para municípios pequenos. [Na Bahia] (...) tem o programa que foi copiado pelo Governo
Federal, que é o Programa Água para Todos (PAT), (...) que trata (...) de promover uma melhor
qualidade de vida para a população através do acesso [a água].
DGE2. Acho que no caso de resíduos, por ele ter uma abrangência em todo o Estado, incorpora de
certa forma, ainda que só urbana.
DGE4. A seca (...) agravou nos últimos anos [2011, 2012], até meados de 2013 e (...) [tiveram que
ser priorizadas] as obras de água e (...) a despoluição da Baía de Todos os Santos e cidades
ribeirinhas (...). A prioridade era as cidades que tivessem mananciais para serem totalmente
despoluídos. (...) Está sendo atendida (...), mas não vai ser de 100% porque sempre vai ter um
crescimento desordenado (...), como a favelização, que é aquele é a ocupação urbana desordenada,
com muitas invasões e loteamentos clandestinos.
DGE5. De certa forma sim, porque (...) o saneamento rural que hoje ainda é o grande problema não
só para a Bahia como para todos os estados da federação persiste, principalmente porque tem que
criar uma condição para que os sistemas sejam construídos (...). Existem sistemas individuais como
218
Ideia Central 1 - IC 1
fossa séptica que pode perfeitamente funcionar sem causar qualquer problema ao meio ambiente e
que pode ser utilizado. É um sistema válido e resolve o problema (...) de forma que consiga atender
todas as camadas da sociedade sem importar com raça, sem importar com cor, sem importar a
questão social (...). De certa forma, o PAC no estado da Bahia incorporou isso (...).
DMS1. (...) Pelo que eu acompanho e posso falar, assim com toda firmeza minha, que não teve essa
discriminação.
DMS2. Não tem. Não está tendo [muitas ações efetivas]. Não vejo incorporação nisso não. Eu vejo a
necessidade de incorporar, mas não vejo a incorporação nisso (...).
Assim, revela-se que os critérios utilizados para a priorização dos recursos não são
suficientes para selecionar os municípios e as ações necessárias para a garantia da
equidade, sendo necessário, portanto, que os investimentos do PAC Saneamento
fossem mais concentrados nos municípios que apresentassem indicadores com
maior fragilidade para que, assim, a desigualdade fosse reduzida, melhorando as
condições de acesso aos serviços públicos de saneamento básico.
219
Houve ajustes na legislação a partir e para o PAC, com flexibilizações de normas, entretanto
apesar dos ganhos também existiram lacunas e falhas.
DGF1. O PAC foi iniciado no mesmo ano da publicação da Lei [Federal] nº 11.445 (...) [e] a partir daí
já se percebe a fragilidade das legislações existentes na época. Desde então, a implantação do
Programa vem sendo alterada constantemente por alterações na legislação, o que gera falta de
confiança e dificuldades na implantação e elaboração dos projetos.
DGF2. (...) [A Caixa] tinha um arcabouço jurídico, que determinava qual a participação do governo e
como deveriam ser as coisas. Só que uma coisa é fazer o arcabouço jurídico, outra coisa é partir pra
ação e liberar recursos (...). O PAC trouxe algumas situações em relação a como direcionar recurso
pra execução de obras, mas não trouxe grandes novidades em relação jurídica. Já havia a lei de
saneamento básico que se deu prazo, mas não se deu condições ao município pra [atendimento da
legislação].
DGF3. (...) Depois foi aprimorando. O PAC 2 teve um ganho em termo de decreto, normativo. Por
exemplo, vieram do PAC 1 para o PAC 2 (...) portarias na parte de desembolso, porque o que se
pega muito é (...) [o] desembolso [financeiro] (...). Foram aprimorando isso e veio algumas regras (...)
Do PAC 1 para o PAC 2 veio o RDC [Regime Diferenciado de Contratações Públicas], a Portaria 130,
que facilita (...).
DGE2. (...) O arcabouço regulatório foi cumprido sim, dentro das suas falhas, lacunas ou não, mais foi
cumprido.
DGE3. (...) Não sei se tem o termo PAC exatamente nas resoluções [de licenciamento ambiental],
mas foram sim. Nestes últimos anos, a própria legislação do Estado, a (...) política ambiental (...) foi
bastante melhorada e houve uma preocupação em (...) melhorar e flexibilizar um pouco o
licenciamento das obras públicas (...).
DGE4. No PAC 2 foram feitas alguns ajustes em portarias do PAC 1, visando deixar as definições
mais claras (...). Em relação às outras coisas, sempre está ajustando para melhor (...) [como a]
antecipação de recursos [para o PAC 2] que antigamente não podia.
220
DGE5. (...) Existiram instrumentos regulatórios suficientes para o PAC, porque o que se buscou (...)
foi estabelecer os parâmetros mínimos necessários para o cumprimento e para a adequação do PAC
com o instrumento regulatório [existente] (...). Foi positivo (...), entretanto (...) [em algumas
instituições] não existe um normativo [interno] que possa estabelecer um padrão de procedimentos
[de análise] para os fiscais. Então, o próprio fiscal ele se sente fragilizado e obrigado a exigir o
máximo numa tentativa de se cobrir e se proteger contra uma fiscalização do Tribunal de Contas da
União (TCU).
No PAC 2 a normativa que exige a realização de licitações distintas para a execução da obra e
a realização do trabalho social trouxe dificuldades para o avanço das obras.
DGE1. A licitação (...) não consegue vincular o trabalho social da obra. A estruturação das empresas
que fazem trabalho social na Bahia (...) no início foi muito ruim e o trabalho social não é exatamente
igual quando se trabalha com outras áreas como: educação, como moradia. O trabalho social que
envolve a área de saneamento é um pouco mais simples, é muito importante, mas um pouco mais
simples (...). Se fosse possível licitar ao mesmo tempo [o trabalho] social e a obra teria um ganho
muito grande. Porque se houver um descompasso entre uma e outra, impede o fluxo financeiro da
obra e acabava atrasando uma obra grande pela questão social.
DGE4. A partir do PAC 2, para todas as obras, tem que [se] fazer uma licitação pra obra e uma
licitação pra serviço social nas obras do MCidades. Isso burocratizou muito e complicou bastante. Se
fizer uma medição de engenharia (...) e não tiver o [trabalho] social, [sem] uma não paga a outra e
fica travado [o desembolso financeiro]. Quer dizer, são obras independentes, com empresas
independentes umas das outras, mas uma é atrelada a outra (...). Isso foi uma coisa que piorou [do
PAC 1 para o PAC 2].
221
As empresas não estavam preparadas para o nível de investimentos do PAC em tão pouco
tempo. Isso implicou atrasos nos processos para a execução das obras.
DGF2. (...) [A quantidade de] projetos na área de saneamento é tão grande que as empresas estão
tendo dificuldade de tocar.
DGE1. (...) O País não estava preparado para tanto investimento em um espaço de tempo tão
pequeno, então isso realmente atrasou o desenrolar do processo. Depois que ele engrenou, aí sim
(...), mas naquela época que foi lançado em 2007, 2008, 2009, os primeiros anos do PAC, as
empresas não estavam preparadas para tanto investimento. Não tinha empresa [que cuidasse da
mobilização e do trabalho] social [adequadamente]. As empresas não estavam preparadas para o
volume de investimento que foi feito pelo PAC.
DGE1. O licenciamento foi um gargalo (...). São poucas pessoas nos órgãos federais e estaduais
trabalhando na área de licenciamento (...). Deveria ter muito mais pessoas trabalhando com isso,
porque toda obra (...) trabalha com isso (...) e se não tiver o licenciamento, não consegue fazer a
obra. Agora está um sistema mais [simples], pelo menos na parte burocrática [administrativa]. Vamos
ver se os órgãos regulatórios federais, estaduais, municipais e o IBAMA também estão mais bem
preparados, mas ainda (...) é muito pouca gente trabalhando nessa área de licenciamento.
DGE3. O órgão [ambiental] tem buscado entender quais são as necessidades dos órgãos que
operam sistemas de esgotamento, de água e de resíduos sólidos. O órgão público sempre tem a
dificuldade de (...) certos documentos, então (...) alguns prazos [são flexibilizados], sem abrir mão da
rigidez necessária para o licenciamento.
222
DGE1. A regularização fundiária para (...) saneamento é um problema quando se lida com áreas
privadas. Quando [se] está em grandes regiões metropolitanas, não tem tanto essa questão de
regularização fundiária, mesmo assim existe a questão fundiária (...) que é muito complicada no
Brasil, [porque] não se tem escritura em diversas áreas (...). Quando são áreas de quilombolas ou
áreas indígenas tem a dificuldade de interlocução com os órgãos federais que são muito fechados e
ainda mais todos os entraves. Eles foram muito complicados no início do Programa, mas hoje em dia
(...) foram criadas soluções para que isso não atrapalhe mais daqui para frente. Então foi um preço
que se pagou inicialmente (...) [por] não estar totalmente preparado.
Não houve ou não foi identificada participação social direta ou indireta no PAC Saneamento
DGF1. Infelizmente, a seleção dos empreendimentos para inclusão no PAC não incluiu nenhum tipo
de participação social, sendo atendidos somente projetos apresentados pelas próprias companhias
ou prefeituras. Portanto, foge da alçada do Governo Federal a consideração da opinião pública nesse
processo, ficando somente a critérios dos proponentes a abertura para participações sociais.
DGF2. O grande problema (...) na participação social é a questão da educação. Falta aos municípios
conselhos (...) de independência, porque hoje (...) o conselho de saúde é mais um órgão que diz
amém ao que o prefeito quer. E, no caso (...) de saneamento, pouco se consulta a população pra
saber onde aplicar o recurso, o que é mais carente, onde é necessário que realmente aconteça. [Não
houve consulta da população para a seleção de projetos e obras] (...).
DGF3. O projeto chega pelo Governo do Estado (...) [para a seleção dos empreendimentos]. Não [foi
identificada participação social direta].
DGE1. Na abertura de cada grande lote de inscrição para a seleção dos projetos, se não tivesse
projetos prontos, não [se] participava da seleção (...). A questão social está sendo levada em conta,
mas talvez mais pelo [Programa] Água para Todos (PAT), do que pelo PAC Saneamento, porque as
obras do PAC Saneamento são muito grandes.
DGE2. [Os projetos que estão] sendo [elaborados] na área de resíduos [sólidos está] completamente
à parte do envolvimento social (...). Não sei se houve no planejamento. Se houve, também não foi
uma coisa muito forte ou muito evidente, porque esse controle social incentiva a participação (...). A
pressão [do governo] pela liberação [dos recursos e consequente execução dos projetos] é mais
importante do que a qualidade técnica dos trabalhos (...). Não tenho notícia de que houve uma
audiência pública, um envolvimento. Nada. Nem tomar um cadastro de catadores, porque isso
também é uma exigência legal.
DMS1. É entendimento que quando faz a implantação de sistema de esgoto, se faz uma comissão
nos municípios. E em todos eles não teve essa divulgação (...). Nenhuma divulgação para a
participação social na discussão desse saneamento (...).
A participação social ocorreu indiretamente por meio de trabalho social durante a execução da
obra e/ou audiências públicas no processo de licença ambiental.
DGF3. (...) Tem a parte do trabalho social [durante a execução]. Toda vez que [se] vai implementar
um projeto de esgoto ou de água tem a consulta pública (...), então tem a participação. [O trabalho
social] tem que estar [incluído] nas ações do PAC.
DGE3. Para todas as obras que são licenciadas [se] exige que sejam feitas reuniões públicas,
independente de ter EIA [Estudo de Impacto Ambiental] / RIMA [Relatório de Impacto Ambiental]. O
EIA (...) tem um processo participativo maior, porque ele é mais longo.
DGE4. No PAC 1 (...) a participação social era mais tranquila porque a própria empresa que
executava a obra é quem fazia a mobilização social (...). No PAC 2 não. São operações descasadas
uma da outra: uma empresa faz o social, a outra faz a parte de engenharia civil.
Não houve participação social direta no processo de seleção, sendo que fatores
socioambientais, interesses políticos e os processos participativos da elaboração do PPA têm
influenciado a seleção de projetos.
DGE4. (...) Foi dada prioridade às cidades ribeirinhas, cidades que têm problemas de secas graves
(...) e na despoluição da Baía de Todos os Santos (...). Alguns projetos foram cadastrados atendendo
a pedido de prefeitos, da população e das necessidades emergentes que estavam acontecendo.
DGE5. (...) É preciso conhecer quais são as prioridades do governo, que é quem tem a visão
realmente do que precisa ser realizado, para que ele possa desenvolver os projetos voltados para
aquelas comunidades mais carentes, aquelas que de fato precisam. (...) O governo têm feito isso na
PPA [Plano Plurianual] participativo, [que] é uma forma do governo envolver toda população na
discussão de suas prioridades. Na elaboração do PPA (...) existiam diversas câmaras temáticas
discutindo habitação, saneamento, a questão hídrica de cada [município]. Então, tudo isso foi
discutido em cada câmara temática (...). Obviamente que (...) o orçamento não suporta contemplar
tudo aquilo que foi (...) demandado da comunidade, mas (...) é uma forma democrática e uma forma
de envolver a participação social (...). Porque na verdade (...) todos os projetos apresentados para
captação de recursos deveriam ter surgido provenientes de demandas da população. É obvio que (...)
quando foi disponibilizado o recurso (...) [o Governo Federal informou ao] Estado que quem
apresentasse projeto seria contemplado. Quem não apresentasse projeto, não será contemplado (...).
Aí se buscaram todos os projetos que existiam em carteira.
225
8.7.1. Qual a sua opinião quanto ao montante de recursos disponibilizados pelo PAC
Saneamento na Bahia frente às demandas da população e dos municípios?
Houve aumento de recursos, mas o montante disponibilizado não foi capaz de suprir as
demandas da população Por outro lado houve foco maior em água e esgoto e também
pulverização de recursos na área de resíduos sólidos.
DGF1. No PAC Saneamento, a Bahia foi o estado brasileiro que recebeu o maior volume de recursos
não onerosos. Apesar disso, o montante não foi suficiente para atendimento a todas as demandas
apresentadas que, no caso da Bahia, são em grande parte propostas pelo Governo do
Estado/Embasa, com pouca participação das prefeituras municipais.
DGF2. Ainda é muito pouco. Para carência que a população tem, é muito pouco. [A Funasa] atendeu
uma quantidade razoável [de municípios], mas (...) precisava de muito mais recursos do que o que foi
disponibilizado.
DGF3. (...) Do PAC 1 para o PAC 2 houve um aumento considerável (...). Acho [que ele é o suficiente
para suprir as demandas da população, mas o PAC focou mais em água e esgoto]. (...) Emergencial
para água (...) e também para esgoto, porque o deficit era muito grande (...), então tem que focar
mesmo em esgoto e água, mas não sei o que aconteceu com drenagem e resíduos.
DGE1. (...) Se conseguisse mais recursos, logicamente atenderia melhor a população (...). Nós
vivemos numa sociedade onde tudo são necessidades: necessidades ilimitadas com recursos
limitados (...). Então a necessidade da população vai continuar crescendo, a população cresce de
forma geométrica (...). Foi um volume de investimento muito grande principalmente se fizer um
comparativo com o que já foi investido em recursos há alguns anos (...). Essas obras são melhores
ainda. É suficiente? Não, ainda tem que se buscar mais. Então, suficiente nunca serão. Sempre,
qualquer gestor que esteja pensando em qualidade para a sua população tem que buscar mais.
DGE3. (...) Foi mal aplicado, porque (...) houve uma pulverização de recursos [para a execução de
projetos na área de resíduos sólidos] numa fase onde se valorizou muito (...) planejamento e muito
pouco a fase de projeto e execução. [Não sei] se foi insuficiente ou se foi mal distribuído.
DGE4. (...) Nunca se viu tanto recurso quanto nessa época [após 2007] (...). O PAC 2 foi mais restrito
aos recursos [inclusive] pelo grau de endividamento da Embasa (...) Tem muita obra (...) financiada,
com recursos onerosos. O grau de endividamento [da Embasa] chegou a um teto máximo que não
pode mais fazer obras financiadas, porque (...) está no limite (...). Os recursos de OGU [Orçamento
Geral da União] estão um pouco escassos agora, que é fim de governo também (...). Não dá pra fazer
tudo que precisa, mas tem que trabalhar dentro do que está disponível. A quantidade de recursos é
227
Ideia Central 1 - IC 1
DGE5. Teve uma quantidade considerável de recursos, entretanto não foi suficiente para suprir todas
as demandas da população.
DMS1. Com certeza [a quantidade de recursos] deu pra atender mais os municípios de pequeno
porte, do que os de médio e grande porte. (...) Ainda tem alguns esgotos a céu aberto. (...). Então, [o
investimento] (...) não deu para atender. Com certeza.
DMS2. (...) Recurso tem e tem muito (...). Agora cadê a atuação (...) na cidade para fazer esse
saneamento básico (...)?
A ideia central dos depoimentos indica que houve uma ampliação dos recursos
disponibilizados para saneamento pelo Programa, na Bahia, embora estes não
tenham sido suficientes para atender às demandas da população, tendo havido,
também, uma pulverização dos recursos e direcionamento para as ações em água e
esgoto. De fato, conforme explicitado no presente documento, não se têm registros
de outro programa que tenha realizado tantos investimentos na área de saneamento
básico no País como o PAC. No entanto, cabe destacar que historicamente essa
importante medida de saúde pública foi negligenciada pelo Poder Público. Os dados
discutidos no capítulo anterior também revelam que não houve uma racionalidade
para a priorização e distribuição dos investimentos no Estado, segundo cada
componente do saneamento básico, o que evidencia problemas na concepção do
Programa e na sua capacidade de fazer avançar a universalização no estado.
Observa-se ainda, dificuldades de conceber as ações atendendo ao princípio da
integralidade, este que foi longamente defendido e finalmente incorporado na Lei
Nacional de Saneamento Básico.
228
DGF1. O mecanismo de repasse de recursos adotado no PAC e no Ministério das Cidades como um
todo, com o intermédio da Caixa como mandatária, [sofreu] uma alteração, (...) necessária ao
compararmos com as formas usualmente adotadas pelo Governo Federal para repasse de recursos
vinculados a convênios. O intermédio da Caixa [entre o MCidades, o compromissário e o
interveniente executor] facilita o acompanhamento e fiscalização, pois [a Caixa] possui uma
capilaridade muito superior a do Ministério [das Cidades] e que, devido ao pequeno corpo técnico,
enfrentaria dificuldades, caso os trâmites adotados fossem os mesmos dos convênios. (...). Diferentes
formas de repasse [de recursos] estão sendo adotadas atualmente no PAC. Termos de compromisso
mais antigos somente possuem seus boletins de medição pagos após aferição por parte da Caixa.
Contratos selecionados no PAC 2 permitem que a aferição seja feita em parcelas, permitindo o
pagamento de BM [Boletins de Medição] ainda não aferidos. (...) Considero a forma ideal a primeira
apresentada, entretanto, incompatibilidades entre o projeto aprovado e as realidades verificadas em
campo retardam essa liberação de recursos, atrasando ou até mesmo paralisando as obras. Acredito
que, com a melhora constante dos projetos, devido à continuidade de investimentos, possa acelerar e
melhorar esses procedimentos.
DGF2. Para a Funasa, no PAC 1 o proponente tinha que ajustar o projeto ao recurso, que era muito
pouco para a sua execução. No PAC 2 foi diferente: o projeto era apresentado e, apesar do montante
de recurso limitado, eram aprovados os melhores projetos, que receberiam os recursos que foram
solicitados (...). No PAC 2, o governo do Estado entrou com contrapartida para complementar, mas
em geral essa foi uma melhoria e os projetos andaram muito mais rápido; porque na primeira etapa
229
Ideia Central 2 - IC 2
teve projetos de 2008 que até 2012 ainda estavam sem ser aprovados porque tinham que fazer
ajuste ao valor do mercado (...).
DGF3. (...) Melhorou sim. [O MCidades reviu] algumas portarias que tinham alguns entraves (...) [e
foi] um avanço.
DGE1. (...) Todos os recursos praticamente vêm da Caixa, o processo de análise existe e é muito
mais sério do que inicialmente, mas ainda tem algumas ações que podem ajustar (...). Está
melhorando (...). O Governo Federal e o governo do Estado vêm trabalhando em melhorar a forma de
repasse disso e hoje em dia está bem melhor do que foi iniciado no final de 2009, 2010 (...). Então
muito dessas soluções foram propostas pela Embasa, pelo governo do Estado e foram replicadas
para outros estados. Realmente tinham algumas dificuldades que foram superadas e, [...] o Governo
Federal [...] quer mesmo é que as obras andem. (...). Então (...), o repasse foi pouco eficaz no inicio
do processo e hoje ele está em um nível razoável, mas ainda dá para melhorar.
DGE2. (...) A Caixa [não foi] um empecilho, apesar de terem dito essas coisas todas (...). Ela até
buscava facilitar e (...) apresentou soluções.
DGE4. (...) Os [recursos do] Orçamento Geral da União (...) têm burocracia grande para liberar,
porque o recurso passa primeiro pelo Estado, para depois ir para o (...) executor (...). Com a criação
do Fiplan [Sistema Integrado de Planejamento, Contabilidade e Finanças do Estado da Bahia] (..)
burocratizou demais (...).
230
DGE5. (...) Os mecanismos de repasse de recursos podem ser considerados satisfatórios, entretanto
a capacidade de gestão ou de utilização dos órgãos é que não é perfeita (...). O problema é que as
pessoas que têm o conhecimento sobre a forma de gestão de um contrato entre o governo do Estado
e o Governo Federal (...) não passam esse conhecimento (...).
O Programa enfrenta dificuldades para execução dos projetos e obras e liberação dos
recursos.
DGF1. O Programa enfrenta inúmeras dificuldades para evolução das obras e para liberação dos
recursos, (...) enfrentadas pelos diversos agentes envolvidos. Fatores como ajustes constantes nos
projetos, demora para regularização das áreas necessárias [às obras] e obtenção das licenças
[ambientais], morosidade para aprovação das documentações, interferências encontradas nas obras,
entre outros fatores, fazem com que o desempenho financeiro do Programa fique longo do
considerado ideal.
DGF2. O recurso é insuficiente para atender a demanda (...) vem aquela questão da dificuldade de
[contratação de] empresas para execução de projetos (...). De modo geral tem uma execução bem
razoável se comparar com o PAC 1. [O PAC 2] foi bem melhor. Esse mecanismo de mudança no
PAC 2 foi favorável em relação ao PAC 1 (...).
DGE2. (...) Está muito atrasado (...). O desempenho financeiro tem críticas (...) e os projetos estão
muito atrasados (...).
DGE3. As facilidades [referem-se à fonte de onde] esses recursos vêm, se onerosos ou não. Se (...)
é OGU [é mais difícil]. Se são recursos onerosos, que são os financiados [é mais fácil].
DGE4. Poderia ter um potencial muito maior. Basta (...) olhar o relatório (...) do Tribunal de Contas do
Estado [TCE], que é quem acompanha de perto as aplicações dos recursos e faz um comparativo
entre o orçamento que foi disponibilizado e o que foi executado. Fica (...) um gap muito grande entre
o que de fato realizou e o que deveria ter sido realizado. Então, o desempenho (...) ainda é baixo.
Poderia ser melhor (...).
232
DGE1. (...) As dificuldades são muito grandes (...), mas [a Bahia teve] se não foi o maior, foi o
segundo ou terceiro volume de investimento de todo o Brasil e teve a maior execução financeira na
área de saneamento no Brasil. Então quer dizer (...) que teve uma execução muito boa,
principalmente em comparativo com os outros estados.
Apenas uma ideia central identificou que o PAC na Bahia teve um bom desempenho
financeiro, tendo a maior execução financeira na área de saneamento do País.
Todas as demais respostas convergiram para a ideia central que o Programa
enfrenta dificuldades para a execução de projetos e obras e liberação de recursos,
algumas vezes associada à fonte de investimentos (OGU ou financiamento). Como
principais dificuldades foram destacadas:
Não houve investimentos anteriores ao PAC por um grande período. Os órgãos estavam
despreparados para suportar e gerenciar todo o investimento. O fator mais grave foi a falta de
recursos humanos e de profissionais qualificados.
DGF1. A falta de investimentos anteriores ao PAC, por um longo período de tempo, fez com que
todos os órgãos envolvidos ficassem despreparados para suportar e gerenciar todo o investimento
realizado desde então, sendo (...) o fator mais grave a falta de recursos humanos e de profissionais
qualificados.
DGF2. Dificuldade de técnicos para (...) tocar obra (...) e gerenciar as obras prontas. A Funasa
trabalhou muito tempo junto aos municípios que tinham serviço autônomo de saneamento básico. Ela
tinha uma equipe que gerenciava esses serviços e, a partir de 1997/1998, ela foi se desligando
desses municípios. A maioria [dos municípios] ficou sem técnicos para tocar esses serviços. [Os
municípios] têm poucos técnicos (...) qualificados (...). O maior problema da implantação [do PAC] foi
a parte técnica (...) que realmente tem dificuldade (...). Outra coisa que era ruim [na Funasa] era a
quantidade pequena de engenheiros para analisar os projetos. Mas o Brasil saiu de uma situação que
tinha pouco investimento na área de saneamento para um momento substancial, o que não foi
acompanhado da quantidade de técnicos para executar essas tarefas. Esse é o grande nó dessa
área (...).
DGF3. Estão todos aprendendo, porque tudo é novo (...). A demanda foi grande de um momento
para o outro (...). Não tem equipe técnica suficiente. A quantidade é insuficiente (...). Em relação às
instalações, equipamentos e infraestrutura não há problemas [na Caixa].
DGE1. Em termos de infraestrutura de Estado [isso já] foi [dificuldade]. Agora não está 100% [mas
melhorou muito], tanto que o Governador novo criou uma Secretaria [Secretaria de Infraestrutura
Hídrica e Saneamento - SIHS] especifica para tratar dessa questão hídrica no Estado, porque é muito
importante. Espero que melhore ainda mais (...). Em termos de capacidade gerencial acho que foi
bem conduzido, tanto que os números provam que a execução [da Bahia] foi muito boa (...). Poderia
ser melhor e (...) o caminho para melhorar é criar uma estrutura especifica para acompanhar as obras
dessa questão hídrica no Estado como um todo.
DGE2. No caso de resíduos, falta estrutura, sem sombra de dúvida: técnica, equipamento, estrutura
organizacional, institucional (dentro da empresa). Tudo isso é falho para a dimensão do PAC (...).
234
Ideia Central 1 - IC 1
Equipe muito pequena (...), sem uma estrutura valorizada, inclusive (...).
DGE3. [O INEMA] não tinha a quantidade de pessoal necessária para agilizar ao máximo o processo
de licenciamento, mas (...) hoje (...) tem uma equipe um tanto adequada para fazer com o tempo (...)
que é o correto (...). Houve uma preocupação do Governo do Estado e da Secretaria [de Meio
Ambiente] em criar uma coordenação específica para (...) atender obras públicas.
DGE4. (...) Falta de mão de obra para atender a toda a demanda (...). A mão de obra não era
especializada e/ou possuía experiência (...). Também não havia empresas com experiência (...). Além
disso, também havia limitações legais (Lei Federal nº 8.666) que restringiam o cadastro técnico das
empresas para participar da licitação das obras (...).
DGE5. (...) Qualificação do pessoal que está na ponta executando [o projeto ou a obra] e que precisa
conhecer como funciona [todo o processo do PAC], quais são os parâmetros que têm que ser
observados (...) com financiamento da Funasa e com financiamento da Caixa Econômica, porque os
procedimentos são bem distintos. Bem diferentes daquele que [se está] fazendo uma obra com
recursos próprios.
Quando da sua criação, o PAC não tinha definições claras das competências de todas as
instituições envolvidas no processo, dificultando a comunicação. Também havia problemas
com o entendimento da legislação e normativos.
DGF1. No início do PAC Saneamento, nem mesmo o que cabia a cada órgão estava adequadamente
definido, o que fez com que competências mudassem desde então, dificultando a comunicação entre
os responsáveis.
DGF2. Em relação à Funasa (...), ela enfrentou uma dificuldade razoável no início do PAC,
principalmente no PAC 1, com o governo do Estado [da Bahia] no entendimento (...) entre o que os
técnicos [da Funasa] pediam e o que os técnicos do Estado achavam que devia ser feito. O diálogo
não era muito fácil, mas (...) melhorou bastante, principalmente com a participação da Casa Civil. A
intervenção, do Secretário da Casa Civil e dos técnicos indicados por ele para atuar nessa área, foi
um facilitador (...).
DGE3. A própria legislação foi se arrumando (...) para melhorar o licenciamento e melhorar a
regulação desse setor (...).
DGF2. (...) O que tinha mais dificuldade era a questão do entendimento do que a Funasa exigia,
porque estava dentro das (...) normas federais e o que era que os técnicos do governo do Estado [da
Bahia] entendiam que era viável. Isso gerava conflito. A partir de determinado momento (...) se
conseguiu um entendimento nessas questões (...). O diálogo foi importante. Em relação aos
municípios, houve também uma abertura maior (...). Sempre que eles precisaram tinham nossos
236
Ideia Central 2 - IC 2
técnicos à disposição para esclarecer as dúvidas, tentar resolver as pendências e até dar um
indicativo do que precisava mudar no projeto para poder ser aprovado. E isso foi importante para que
o PAC começasse realmente a andar aqui. (...) Ainda há problemas, mas acho que melhorou
bastante.
DGF3. Constantes reuniões. Se não tivesse as reuniões constantes, que a gente chama até de ponto
de controle. (...) A gente aprendeu com o PAC 1, estamos aprendendo. É o processo.
DGE1. A Casa Civil sempre agiu como um articulador (...). Eram (...) reuniões constantes com órgãos
federais das mais diversas áreas (...). Melhorou bastante (...) e a tendência é que melhore ainda
mais.
DGE2. [No início] houve uma relação difícil [entre algumas instituições] (...), mas depois houve um
momento em que (...) a coisa já estava amarrada, definida (...).
DGE3. Há boa relação com a (...) Embasa e com Cerb (...) e com a Conder, sempre trocando
informações, passando material um paro outro (...).
DGE4. No interinstitucional o que tinha era falta de comunicação entre os envolvidos (...). Depois que
começou a ter uma centralização da Casa Civil foi que melhorou um pouco (...), porque lá havia uma
coordenação que identificava a pendência e chamava [as instituições envolvidas] para resolver (...).
Quando está com problema, um entrave a gente manda pra [Casa Civil] e eles ajudam a gente, até
em Brasília [com] interferência dos Ministérios (...).
DGE5. (...) No início existiu muita dificuldade, acima de tudo pela falta de conhecimento de todos os
normativos e (...) existia muita indefinição, como até hoje existe (...). Aí o Governador do Estado (...)
[definiu que o] acompanhamento e a coordenação do PAC fosse feita pela Casa Civil. As pessoas
acharam que de imediato seria o elemento complicador, mas não foi (...). A Casa Civil (...) contribuiu e
tem contribuído muito com as ações relativas ao PAC Saneamento (...).
Por outro lado, a implementação do PAC Saneamento foi facilitada pela articulação
interinstitucional e pela realização de reuniões periódicas com o objetivo de discutir
237
DGF1. A principal dificuldade se refere à falta de obrigatoriedade de repasse das informações por
parte dos proponentes, além da falta de um sistema informatizado que agilize a obtenção desses
dados.
DGF2. A Funasa divulga através do seu site (...) e busca também junto aos parlamentares que
passem para os municípios onde eles atuam que existe recurso, e, na medida do possível, faz isso.
Mas ainda há carência em relação aos municípios que buscam essas informações (...). Então, falta
principalmente nos pequenos municípios, que tenha alguém no governo que fique atento a essa parte
de comunicação e de ver onde tem recurso, de ter essas informações, de buscar seus deputados
para que consiga investir nessas fontes. Esse (...) é o maior problema que tem hoje em relação a
isso, porque não tem uma área na prefeitura, específica para isso.
DGF3. A Caixa realiza balanços e (...) tem um portal (...). Mensalmente a gente tem disponibilizar
fotos para o balanço do PAC. Então é para deixar transparente (...).
DGE1. O PAC Saneamento é um programa do Governo Federal e a gente trabalha [na Bahia] com o
Programa Água para Todos [PAT]. Então o governo do Estado não trabalha com o PAC Saneamento
no sentido de divulgação (...). O PAC Saneamento está dentro do [Programa] Água para Todos e as
ações de Estado foram colocadas dentro do Programa.
DGE2. Nesse momento ainda não [existe uma transparência do Governo Federal ou Estadual para a
elaboração do projeto].
DGE4. Em geral é a falta de comunicação e a falta de um controle (...) dentro da própria empresa.
Cada técnico faz o seu controle, como se fosse empresas distantes e não tem uma parametrização,
uma uniformização do controle. Está sendo implantada agora [pela Casa Civil], através do Channel
[programa para sistematização de informações]. Ele [o Channel] foi criado para o PAC, mas vai ser
para todas as atividades independente de PAC.
238
Ideia Central 1 - IC 1
DGE5. O que foi criado ainda não foi (...) suficiente (...) e o que se espera é que com a implantação
do sistema de informação de saneamento isso possa de fato disponibilizar isso para a população de
um modo geral.
DMS1. [A divulgação das informações sobre o Programa e seus resultados] teria que ser mais
trabalhada com a população local (...). A população praticamente não sabe. Ela só sabe do PAC de
moradia (...). O resto não sabe nada praticamente.
DMS2. De jeito nenhum [as ações do PAC tem sido repassadas para a população]. Olhe que eu
assisto jornal direto (...). Parece que eles têm medo (...). Eles não têm interesse que a população
fique sabendo das coisas, porque a população não esta mais besta (...) o povo entende as coisas.
Os impactos sociais, de saúde pública e ambientais são de difícil mensuração a curso prazo.
DGF2. Há um sistema que identifique os resultados, entretanto não há um sistema que busque o
impacto das obras em relação à morbidade antes e depois das obras, principalmente para que possa
avaliar e saber como melhor direcionar os recursos. (...) Falta uma identificação clara em todos os
setores do governo das ações que ele desenvolve e o impacto que vem causando.
As informações não são uniformizadas ou são conflitantes, além de que cada órgão possui o
seu próprio controle.
DGF1. Mesmo considerando uma avaliação meramente quantitativa das obras, as dificuldades se
mostram grandes, já que são apresentadas informações (...) pelos envolvidos, como proponentes e
Caixa muitas vezes conflitantes e sem padronização, além da não obrigatoriedade de repasse dessas
informações.
DGF3. No PAC 1 não há [avaliação do Programa]. Para o PAC 2 a avaliação dos resultados é
incluída no QCI [Quadro de Composição de Investimentos, que baliza as análises da Caixa].
DGE1. A avaliação do Estado é dentro do Programa Água para Todos [em relação à] quantidade de
pessoas que tiveram mais acesso à água, à quantidade de pessoas que tiveram mais acesso a
esgoto (...). Com relação ao PAC Saneamento é basicamente ter um percentual de execução das
obras e o volume de obras que foram finalizados ao longo desses últimos anos (...).
Ideia Central 2 - IC 2
DGE4. Existe avaliação interna (...). Cada um faz seus controles internos [que são acompanhados
mensalmente por meio] de salas de situação (...), com gráficos de (...) entraves e pendências. Não
tem um padrão (...).
DGE5. Atualmente não existe padronização. A padronização está sendo feita agora pela Casa Civil e
essa é a proposta (...): a unificação da linguagem da informação, dos indicadores (...). A mesma
metodologia [deve ser feita] para poder avaliar [os impactos do Programa].
De acordo com estudo realizado por Rasella (2013) em 224 municípios da Bahia,
utilizando os dados de taxas de internações hospitalares de 2005 até 2009,
percebeu-se um efeito do Programa Água para Todos (PAT) na redução da morbi-
mortalidade nas crianças do estado, em especial por diarreia e doenças infecto-
parasitárias. Nesses municípios, as médias das taxas de mortalidade por diarreia em
menores de cinco anos sofreram redução de 51,2%. Além disso, foi observada uma
discreta redução nas taxas de mortalidade na infância e de hospitalização por
diarreia.
parasitárias (DIP) em habitantes entre 5 e 19 anos por 1.000 habitantes (Figura 38);
e (iii) Taxa de mortalidade infantil média por 1.000 nascidos vivos (Figura 39).
O perfil da taxa de mortalidade infantil média (por 1.000 nascidos vivos) para os
municípios da Bahia é apresentado na Figura 39. Pode-se perceber que, nos
municípios onde há ações concluídas do PAC esse indicador é superior a dos
demais municípios, indicando que as ações do PAC Saneamento não foram
significativas e/ou ainda não puderam ser observadas.
É importante destacar que avaliações como essas que visam avaliar os impactos
das ações na saúde são extremamente limitadas, pois os dados de saúde
242
Figura 37 - Incidência média de internações por diarreia (por 1000 habitantes). Bahia. 2008,
2010, 2012.
30
Incidência média de internações por
diarreia (por 1000 habitantes)
25
20
15
10
0
2008 2010 2012
Anos
Fonte: Elaboração própria a partir de dados do DATASUS (2014) e SEDUR (BAHIA, 2015).
243
70
entre 5 e 19 anos (por 1000 habitantes)
Incidência média de DIP em habitantes
60
50
40
30
20
10
0
2008 2010 2012
Anos
Fonte: Elaboração própria a partir de dados do DATASUS (2014) e SEDUR (BAHIA, 2015).
Figura 39 - Taxa de mortalidade infantil média (por 1000 nascidos vivos). Bahia. 2008, 2010,
2012.
20
Taxa de mortalidade infantil média (por
18
16
1000 nascidos vivos)
14
12
10
8
6
4
2
0
2008 2010 2012
Anos
Fonte: Elaboração própria a partir de dados do DATASUS (2014) e SEDUR (BAHIA, 2015).
244
DGF1. [Quanto às] alterações adotadas pelo Ministério [das Cidades], uma mudança (...) essencial
[no PAC 2] foi a avaliação preliminar dos projetos anteriormente à seleção [das propostas], o que não
ocorria no PAC 1. Agora o Ministério procura analisar os projetos, recomendando alterações que
considera essenciais, além de priorizar o investimento nas obras prioritárias, fazendo com que o peso
político das decisões seja parcialmente contrabalanceado com a análise técnica do projeto.
DGF2. Essa foi a grande mudança que teve. Primeiro [no PAC 1], em vez de receber o recurso para
apresentar o projeto se apresentava o projeto para a [Funasa] liberar o recurso (...). A outra questão
foi que a Funasa deixou de cobrar, entre o PAC 1 e o PAC 2, a contrapartida [estadual ou municipal].
Isso para os municípios pequenos foi fundamental. Só em algumas situações [que o PAC 2 exigiu
contrapartida], mas só depois do projeto aprovado que foi necessário fazer algumas modificações e
não tinha mais como acrescer aquele valor. Mas 99% dos projetos [do PAC 2] não tinham
contrapartida e essa é a essência do PAC 2. A contrapartida só veio a partir do momento que foi
necessário modificar o projeto depois de aprovado e que foi ampliado alguma coisa para atender uma
outra demanda (...).
DGF3. Os normativos ficaram mais claros, os indicadores foram criados, o conhecimento dos técnicos
sobre o Programa, o surgimento e inclusão da modalidade de RDC [Regime Diferenciado de
Contratações Públicas] e os critérios de desembolso foram alterados [para melhor].
DGE1. Foram vários pequenos ajustes feitos ao longo dos anos para que houvesse a melhoria e o
deslanche maior das obras. Mas não houve um ponto específico entre um e outro não. Foram várias
pequenas coisas: mecanismos de repasse de recursos, ajuste de projetos, articulação entre as
instituições. [São] pequenas ações que podem parecer desnecessárias (...) [mas que permitem que a]
obra não tenha descontinuidade (...).
DGE5. [Melhoraram] acima de tudo (...) o gerenciamento e o acompanhamento (...), [devido ao]
fortalecimento [interinstitucional] entre os entes que estão envolvidos com o PAC (...). Houve um
avanço muito grande principalmente nessa relação institucional e isso favoreceu e muito o
245
Ideia Central 2 - IC 1
DGE2. (...) Houve um retrocesso [no PAC 2] na área de resíduos sólidos (...) [devido à divisão em
etapas para a execução dos projetos de engenharia em resíduos sólidos, diferentemente do que
ocorreu no PAC 1]. Não sei se é uma fragilidade não. Acho que talvez não tenha tido uma posição
mais forte do Estado, mais rígida [com o MCidades, que fez essa exigência, dificultando, inclusive a
realização de processo licitatório e contratação de empresa para execução dos projetos de uma única
vez]. De não se impor no processo [de seleção e justificar o seu posicionamento de manter a
metodologia utilizada no PAC 1].
DGE4. (...) Houve uma amarração maior na parte de controle, porque o Tribunal de Contas está (...)
cada vez mais [rígido], fazendo uns ajustes finos (...). O dinheiro vem, mas o controle é maior agora
(...). Na parte administrativa piorou um pouco, porque essas burocracias de apresentação de
documentação tem que estar à parte de desapropriação, à parte de regularização fundiária [que] está
mais rigorosa. A licença [ambiental também]. (...) Agora, (...) antes de começar [a obra] tem que estar
com a licença. A parte de [plano de comunicação e mobilização] social também piorou, porque tem
que ser separado um do outro [o projeto de engenharia e o plano de comunicação e mobilização
social].
De acordo com a análise das entrevistas, identificou-se que uma mudança positiva
importante ocorreu no processo de seleção de empreendimentos, pelo MCidades.
No PAC 2 houve mais diálogo entre esse Ministério e os proponentes, de forma que
os anteprojetos cadastrados durante o processo de Chamada Pública pudessem ser
ajustados de acordo com as recomendações do Governo Federal e, assim, terem
mais chances de serem selecionados.
Apesar de ter sido criada uma estrutura específica no INEMA para promover o
processo de licenciamento ambiental dos projetos e obras do Estado, como as do
PAC, um entrevistado identificou que a exigência do PAC 2 da existência prévia da
licença ambiental foi um processo burocrático.
DGF1. A principal dificuldade técnica encontrada no PAC 1 foi a defasagem dos projetos
selecionados, o que fez com que diversas alterações fossem necessárias ao longo do caminho,
causando atrasos e até mesmo paralisação das obras e morosidade para pagamentos. Essas
dificuldades acabaram gerando efeitos também nos empreendimentos atendidos pelo PAC 2, já que
os mesmos atores evolvidos já estavam sobrecarregados com os problemas enfrentados pelas obras
do PAC 1.
DGF2. Projetos talvez seja a área que esteja mais complicada em relação à execução das obras
DGF3. Dificuldades? Projetos, sempre projetos. Projetos desatualizados no PAC 1. Quanto ao PAC 2,
(...), já teve um avanço, os projetos já vieram mais completos.
DGE5. Uma dificuldade, projetos (...) é o que é pior (...). A solução: banco de projetos. Aí veio uma
247
Ideia Central 1 - IC 1
(...) luz no fim do túnel que é a contratação através de RDC [Regime Diferenciado de Contratações
Públicas]. É tudo isso junto: quantidade insuficiente de projetos, baixa capacidade de projetos ou
inexistência de projetos prontos. Tem determinadas situações que o projeto existe, mas está
totalmente desatualizado (...).
Baixa capacidade de execução das empresas, por limitações de equipe técnica em quantidade
ou qualificação.
DGE5. Vive-se uma situação muito critica na área de engenharia, onde (...) se tem dificuldade de
encontrar empresa que possa desenvolver projetos de qualidade.
DGF3. [Uma dificuldade é a] titularidade [da área]. Quando a [Caixa] aprova (...) tem que estar tudo
regularizado (...), toda a documentação (...). No PAC 1, o Ministério (...) postergava, dava um limite
(...) No PAC 2 não. Tudo tem que estar claro e definido desde o início.
DGE1. [O PAC] começou a engrenar mais a partir de 2010. Na verdade, (...) pouquíssimas obras do
PAC 1 começaram em 2007. Ele foi lançado em 2007, começou em 2008, mas muitas obras foram
em 2009, 2010 (...). Quase todos os projetos foram analisados através da Caixa, alguns pelo Banco
do Brasil, pouquíssimos (...). Então, o processo de análise era ainda difícil, era muito novo e era um
volume muito grande, as SR [Superintendências Regionais] não estavam preparadas ainda para
atender tanta demanda, mas agora estão muito melhores (...). [Além disso, dificuldades com] a
regularização fundiária, a licença ambiental e [a existência de] poucas empresas de [mobilização e
trabalho] social.
248
Ideia Central 3 - IC 3
DGE4. (...) O licenciamento (...) é meio complicado, demora muito (...), apesar de que tem épocas
que quando o sistema está numa situação muito grave eles fazem um mutirão e aí o negócio anda
mais rápido (...). A (...) regularização fundiária que antigamente apresentava os documentos no fim
(...) estão querendo exigir no início (...) e depende do Poder Judiciário (...). A parte de energização,
apesar de que a Coelba [Companhia de Eletricidade do Estado da Bahia] é uma parceira, demora um
pouco (...). Também há dificuldade em termo de política, porque os maus gestores confundem política
com (...) politicagem (...). Então, se ele puder dificultar a implantação de uma obra [no município] ele
dificulta, porque a obra não foi através do partido dele ou ele que levou. Esse é o pior entrave (...).
Grande parte das dificuldades havia sido identificada ao longo das outras questões,
reiteradas nesse item específico, tendo como destaque:
DGF1. Desde que feitos recentemente eles contribuem para a captação dos recursos, porém aqueles
elaborados há muito tempo acabam dificultando, pois nem sempre a atualização destes se torna
adequada.
DGF3. Os projetos existentes não comprometeram, mas dificultaram a execução [da obra] por causa
249
Ideia Central 1 - IC 1
das reprogramações [no cronograma físico-financeiro] (...). Não houve muitos problemas com a
conclusão no prazo, por causa das reprogramações [então as obas eram concluídas dentro do prazo
de vigência].
DGE1. Havia projetos em carteira, mas eram muito antigos e necessitavam de atualizações, porque
tinham preços defasados, indicação de áreas em que haviam sido construídas, dentre outros.
Entretanto, no processo de seleção não houve tempo hábil para refazer os projetos (...). Eram
praticamente bons projetos básicos (...). Quase todos os pleitos do PAC 1 e parte do PAC 2 foram
realizados com os projetos básicos, assim como a execução das obras. (...) Os projetos foram
grandes dificultadores [na execução das obras], principalmente no PAC 1.
DGE2. Houve momentos em que se fez (...) inclusive uma reavaliação desses projetos Foi feito um
trabalho de análise desses projetos nas áreas propostas [para disposição final de resíduos] para ver o
que poderia ainda ser implantado ou não (...), mas ficou por isso mesmo.
DGE3. Eles contribuíram muito, porque se não tivesse projeto em carteira não tinha conseguido o
volume de recursos que conseguiu (...). Entretanto, por não ter projetos bons, em carteira, perdemos
o recurso (...). O projeto fica defasado e tem que contratar empresa para atualizá-lo e ele leva dois,
três anos para ser feito.
DGE5. (...) Banco de projetos é o que é pior, porque o projeto não atendia aos requisitos técnicos
necessários. [Ele era apresentado] para captar os recursos, [entretanto] estava sujeito a mais adiante
ter que parar a obra e ter que sair (...). Até hoje tem obra que esta sendo realizada seguindo [aquela
ideia original].
Diversos projetos não foram aprovados por falta de recursos, e não pela sua qualidade.
DGF2. Tem muitos projetos que (...) não foram aprovados no PAC 1 por falta de recursos. Quer dizer,
o proponente desistiu porque viu que não tinha como adequar a sua necessidade àquele recurso que
tinha [sido disponibilizado pela Funasa]. Quando chegou o PAC 2, eles aproveitaram esses projetos e
reapresentaram. Em boa parte deles, conseguiu recursos para tocar a obra. Então, esse foi um
aproveitamento de um projeto que já existia e que estava guardado e que ajudou bastante. (...) [No
PAC 2], o mercado está mais atento a essas questões para a área de saneamento e tem mais
profissionais. Também apresentaram projetos melhores para uma equipe mais treinada.
Outra ideia central identificou que, no PAC 1, muitos projetos que foram
considerados bons não puderam ser aprovados devido à limitação dos investimentos
desta etapa do Programa. Grande parte desses projetos, quando reapresentados no
PAC 2, foi aprovada/selecionada. Dessa forma, constata-se, mais uma vez, que
apesar do grande volume de investimentos, eles ainda foram insuficientes para
atender todas as demandas da população.
Ainda é incipiente uma análise sobre o assunto, visto que seus resultados não são imediatos.
DGF1. Até o momento acredito que sim, porém, como as obras realizadas ainda estão recentes, a
avaliação da efetividade dos investimentos ainda não pode ser adequadamente realizada. Portanto,
considero que essa avaliação poderá ser feita somente daqui a alguns anos.
DGE2. Ainda está numa fase incipiente para resíduos [sólidos], porque ainda não existem projetos de
engenharia concluídos.
DMS1. Ainda tenho dúvidas de algumas etapas do tratamento de água e de esgoto, se foram
adequadas, por questões ambientais (...). Está trazendo alguns problemas para as pessoas que
possuem terras próximas às ETE [Estações de Tratamento de Esgotos].
251
DGF2. Em relação à Funasa, sim porque (...) uma das exigências (...) em relação aos projetos é a
questão do impacto ambiental e que tem que ter os licenciamentos dos órgãos ambientais para ser
liberado recurso (...). Não adianta eu fazer um sistema de esgotamento pela metade (...). A Funasa
só aprova os projetos se tiver uma solução adequada para o tratamento desses esgotos. Em relação
à água, que ela tenha o tratamento adequado para a população.
DGF3. Sim, eles têm essa preocupação, até por causa do INEMA. Principalmente tratamento [de
esgotos] estão buscando sempre soluções adequadas. Mas eu achei os projetos melhores para o
PAC 2.
Com base na análise das respostas, pôde-se perceber que não houve consenso
sobre esse item, principalmente entre os próprios representantes dos governos
Federal e Estadual. Cabe destacar que, conforme observado em outras questões,
não houve participação social efetiva durante o processo de seleção de propostas
de projetos e obras. Também foi identificada fragilidade no processo de participação
social durante a fase de elaboração dos projetos e de execução das obras. Dessa
forma, pode-se indicar que a ausência do processo participativo, hoje uma exigência
não só da Lei Nacional de Saneamento Básico como dos órgãos financiadores, pode
interferir no real alcance dos projetos.
Para alguns autores, esse momento político e econômico do País foi intitulado de
novo desenvolvimentismo, embora existam controvérsias quanto a esta concepção,
visto que se constata um forte alinhamento das ações do Governo Federal aos
pressupostos do neoliberalismo, notadamente quanto às políticas macroeconômicas,
como também à participação do setor privado nas políticas públicas.
entretanto, que foi percebida uma tendência de maior atendimento do PAC 1 aos
municípios com maior população, quando comparada a mesma faixa populacional.
O PAC 2 beneficiou 257 municípios (cerca de 62%) da Bahia com, pelo menos, um
tipo de intervenção na área de saneamento básico. Mais da metade dos municípios
abaixo de 50 mil habitantes foi atendida pelo PAC 2. Assim como identificado no
PAC 1, o PAC 2 também apresenta uma tendência de atendimento aos municípios
de maior porte, quando se compara a mesma faixa populacional.
Quanto ao PIB per capita, não foi identificada nenhuma tendência de priorização de
investimentos do PAC 1 na área de saneamento básico para os municípios
beneficiados, embora nos municípios onde este indicador é menor, os deficits são
maiores.
Pela análise dos documentos oficiais do governo não foi possível identificar os
critérios utilizados para a priorização dos investimentos em relação aos municípios
contemplados e as componentes do saneamento básico, exceto para resíduos
sólidos. No PAC 1, para essa componente, os recursos foram direcionados para os
municípios que fazem parte da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco (BHRSF).
No PAC 2, os investimentos em resíduos sólidos foram difusos, não sendo
percebido critério de priorização. Entretanto, cabe destacar que as intervenções
realizadas na área de resíduos sólidos, nas duas etapas do PAC, foram integradas
às ações anteriormente executadas pelo Ministério do Meio Ambiente (MMA). Para
as demais componentes do saneamento básico, não foram consideradas a realidade
local e as demandas da população.
Constata-se que as percepções não permitem aferir sobre uma análise mais crítica
dos entrevistados sobre o PAC e seus vínculos com o projeto de Nação em curso no
País.
Os impactos sociais no curto prazo das obras de saneamento do PAC são de difícil
mensuração, devido a:
dos projetos de resíduos sólidos; maior exigência dos órgãos de controle; exigências
da documentação de desapropriação de áreas e licenciamento ambiental.
Embora o PAC Saneamento tenha contribuído para a ampliação dos recursos, a sua
lógica de concepção, vinculada fortemente ao projeto político do Governo Federal
voltado para a dinamização da economia e à execução de megaempreendimentos e
261
ARRETCHE, Marta. Banco Nacional de Habitação (BNH). 2004b. Disponível em: <
http://www.tecsi.fea.usp.br/eventos/Contecsi2004/BrasilEmFoco/port/economia/sane
am/planasa/bnh/index.htm >. Acesso em: 13 jul. 2014.
ÁVILA, Rodrigo Vieira de. PAC: Programa de Atendimento aos Credores. 2007.
Disponível em: <http://www.pstu.org.br/nacional_materia.asp?id=6088&ida=0>.
Acesso em: 30 ago. 2014.
CRAIDE, Sabrina. INESC diz que investimentos do PAC esbarram na má gestão dos
recursos públicos. 2008. Disponível em: < http://www.inesc.org.br/noticias/noticias-
do-inesc/2008/inesc-diz-que-investimentos-do-pac-esbarram-na-ma-gestao-dos-
recursos-publicos >. Acesso em: 21 fev. 2015.
CRUZ, Marly Marques da. Histórico do sistema de saúde, proteção social e direito à
saúde. In: Gondim R, Grabois V, Mendes Junior WV, organizadores. Qualificação
dos Gestores do SUS. 2. ed. Rio de Janeiro: Fiocruz/ENSP/EAD; 2011. p.35-46.
Disponível em: <
http://www4.ensp.fiocruz.br/biblioteca/home/exibedetalhesBiblioteca.cfm?ID=12543&
Tipo=B >. Acesso em: 18 mar. 2015.
270
RASELLA, Davide. Impacto do Programa Água para Todos (PAT) sobre a morbi-
mortalidade por diarreia em crianças do Estado da Bahia, Brasil. Cad. Saúde
Pública, Rio de Janeiro , v. 29, n. 1, p. 40-50, Jan. 2013 . Disponível em:
<http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-
311X2013000100006&lng=en&nrm=iso>. Acesso em: 03 jun. 2015.
SOTERO, Paulo. Novo consenso rejeita “grandes soluções”. Estado de São Paulo.
São Paulo, p. A16, 16 set. 1999.
SOUSA, Ana Cristina Augusto de. Por uma Política de Saneamento Básico: a
Evolução do Setor no Brasil. 2006. Disponível em: <
http://www.achegas.net/numero/30/ana_cristina_30.pdf >. Acesso em: 28 ago. 2013.
SOUZA, Frederico Hartmann de; NETO, Carlos Álvares da Silva Campos. Avaliação
dos Investimentos do PAC: uma comparação das metodologias utilizadas pela Casa
Civil, ONG Contas Abertas e IPEA. Radar nº 11 - Tecnologia, Produção e Comércio
Exterior. Diretoria de Estudos e Políticas Setoriais, de Inovação, Regulação e
275
Para propiciar o desenvolvimento desse estudo faz-se necessário obter informações, por
meio de entrevista guiada, sobre o processo de implementação do Programa.
É importante destacar que todos os dados fornecidos por V.S.ª serão confidenciais, ou seja,
ninguém, exceto os pesquisadores envolvidos com a pesquisa, saberá que foi V.S.ª que
informou e ninguém será capaz de lhe identificar quando finalizarmos o relatório sobre esta
pesquisa.
__________________________________ _______________________________
Prof.ª Dr.ª Patrícia Campos Borja Mateus Almeida Cunha
Orientadora da Pesquisa Mestrando e Eng. Sanitarista e Ambiental
(DEA/UFBA/MAASA) (DEA/UFBA/MAASA)
Declaro ter entendido do propósito da investigação, registrando que as informações por mim
disponibilizadas são fidedignas e serão relevantes para o estudo referido. Finalmente,
declaro ter entendido a finalidade desta pesquisa:
sim não
Eu, voluntariamente, consinto em participar do estudo por meio de entrevista guiada pelo
mestrando da Universidade Federal da Bahia (UFBA).
sim não
_________________________________ _______________________________
INFORMAÇÕES GERAIS
Nome:
Formação acadêmica:
Gênero: Idade:
GUIA DE ENTREVISTA
1.1. Segundo o Governo Federal, o PAC foi criado com o objetivo de elevar o
Brasil a um novo modelo de desenvolvimento por meio de um conjunto de
programas e ações. Em sua opinião o que o PAC representou e representa
para o País e para a Bahia?
6. Perguntas Finais
Perguntas Finais 4
TOTAL 18
282
APÊNDICE C – ESPACIALIZAÇÃO - TERRITÓRIOS DE IDENTIDADE (TI)
284
285
TI Municípios do TI
TI 01 – Irecê América Dourada, Barra do Mendes, Barro Alto, Cafarnaum, Canarana, Central, Gentio do Ouro, Ibipeba, Ibititá,
Ipupiara, Irecê, Itaguaçu da Bahia, João Dourado, Jussara, Lapão, Mulungu do Morro, Presidente Dutra, São
(20 municípios) Gabriel, Uibaí , Xique-Xique.
TI 02 - Velho Chico Barra, Bom Jesus da Lapa, Brotas de Macaúbas, Carinhanha, Feira da Mata, Ibotirama, Igaporã, Malhada,
Matina, Morpará, Muquém de São Francisco, Oliveira dos Brejinhos, Paratinga, Riacho de Santana, Serra do
(16 municípios) Ramalho, Sítio do Mato.
TI 03 - Chapada Diamantina Abaíra, Andaraí, Barra da Estiva, Boninal, Bonito, Ibicoara, Ibitiara, Iramaia, Iraquara, Itaeté, Jussiape, Lençóis,
Marcionílio Souza, Morro do Chapéu, Mucugê, Nova Redenção, Novo Horizonte, Palmeiras, Piatã, Rio de
(24 municípios) Contas, Seabra, Souto Soares, Utinga, Wagner.
TI 04 – Sisal Araci, Barrocas, Biritinga, Candeal, Cansanção, Conceição do Coité, Ichu, Itiúba, Lamarão, Monte Santo,
Nordestina, Queimadas, Quijingue, Retirolândia, Santa Luz, São Domingos, Serrinha, Teofilândia, Tucano,
(20 municípios) Valente
TI 05 - Litoral Sul Almadina, Arataca, Aurelino Leal, Barro Preto, Buerarema, Camacãn, Canavieiras, Coaraci, Floresta Azul,
Ibicaraí, Ilhéus, Itabuna, Itacaré, Itaju do Colônia, Itajuípe, Itapé, Itapitanga, Jussari, Maraú, Mascote, Pau Brasil,
(26 municípios) Santa Luzia, São José da Vitória, Ubaitaba, Una, Uruçuca
TI 06 - Baixo Sul Aratuipe, Cairu, Camamu, Gandu, Ibirapitanga, Igrapiúna, Ituberá, Jaguaripe, Nilo Peçanha, Pirai do Norte,
(15 municípios) Presidente Tancredo Neves, Taperoá, Teolândia, Valença, Wenceslau Guimarães
TI 07 - Extremo Sul Alcobaça, Caravelas, Ibirapuã, Itamarajú, Itanhém, Jucuruçu, Lajedão, Medeiros Neto, Mucuri, Nova Viçosa,
(13 municípios) Prado, Teixeira de Freitas, Vereda
TI 08 - Médio Sudoeste da Bahia Caatiba, Firmino Alves, Ibicuí, Iguaí, Itambé, Itapetinga, Itarantim, Itororó, Macarani, Maiquinique, Nova Canaã,
(13 municípios) Potiraguá, Santa Cruz da Vitória
286
TI Municípios do TI
TI 09 - Vale do Jequiriçá Amargosa, Brejões, Cravolândia, Elisio Medrado, Irajuba, Itaquara, Itiruçú, Jaguaquara, Jiquiriçá, Lafaiete
Coutinho, Lagedo do Tabocal, Laje, Maracás, Milagres, Mutuípe, Nova Itarana, Planaltino, Santa Inês, São
(20 municípios) Miguel das Matas, Ubaíra
TI 10 - Sertão do São Francisco Campo Alegre de Lourdes, Canudos, Casa Nova, Curaçá, Juazeiro, Pilão Arcado, Remanso, Sento Sé,
(10 municípios) Sobradinho, Uauá
TI 11 - Bacia do Rio Grande Angical, Baianópolis, Barreiras, Buritirama, Catolândia, Cotegipe, Cristópolis, Formosa do Rio Preto, Luis
(14 municípios) Eduardo Magalhães, Mansidão, Riachão das Neves, Santa Rita de Cássia, São Desidério, Wanderley
TI 12 - Bacia do Paramirim
Boquira, Botuporã, Caturama, Érico Cardoso, Ibipitanga, Macaúbas, Paramirim, Rio do Pires, Tanque Novo
(9 municípios)
TI 13 - Sertão Produtivo Brumado, Caculé, Caetité, Candiba, Contendas do Sincorá, Dom Basílio, Guanambi, Ibiassucê, Ituaçu, Iuiu,
Lagoa Real, Livramento de Nossa Senhora, Malhada de Pedras, Palmas de Monte Alto, Pindaí, Rio do Antonio,
(19 municípios) Sebastião Laranjeiras, Tanhaçu, Urandi
TI 14 - Piemonte do Paraguaçu Boa Vista do Tupim, Iaçu, Ibiquera, Itaberaba, Itatim, Lajedinho, Macajuba, Mundo Novo, Piritiba, Rafael
(13 municípios) Jambeiro, Rui Barbosa, Santa Terezinha, Tapiramutá
TI 15 - Bacia do Jacuípe Baixa Grande, Capela do Alto Alegre, Gavião, Ipirá, Mairi, Nova Fátima, Pé de Serra, Pintadas, Quixabeira,
(14 municípios) Riachão do Jacuípe, São José do Jacuípe, Serra Preta, Várzea da Roça, Várzea do Poço
TI 16 - Piemonte da Diamantina Caém, Capim Grosso, Jacobina, Miguel Calmon, Mirangaba, Ourolândia, Saúde, Serrolândia, Umburanas,
(10 municípios) Várzea Nova
TI 17 - Semiárido Nordeste II Adustina, Antas, Banzaê, Cícero Dantas, Cipó, Coronel João Sá, Euclides da Cunha, Fátima, Heliópolis,
Jeremoabo, Nova Soure, Novo Triunfo, Paripiranga, Pedro Alexandre, Ribeira do Amparo, Ribeira do Pombal,
(18 municípios) Santa Brígida, Sítio do Quinto
287
TI Municípios do TI
TI 18 - Litoral Norte e Agreste Baiano Acajutiba, Alagoinhas, Aporá, Araçás, Aramari, Cardeal da Silva, Catu, Conde, Crisópolis, Entre Rios, Esplanada,
Inhambupe, Itanagra, Itapicuru, Jandaíra, Mata de São João, Olindina, Ouriçangas, Pedrão, Pojuca, Rio Real,
(22 municípios) Sátiro Dias
TI 19 - Portal do Sertão Agua Fria, Amélia Rodrigues, Anguera, Antonio Cardoso, Conceição da Feira, Conceição do Jacuípe, Coração
de Maria, Feira de Santana, Ipecaetá, Irará, Santa Bárbara, Santanópolis, Santo Estevão, São Gonçalo dos
(17 municípios) Campos, Tanquinho, Teodoro Sampaio, Terra Nova
TI 20 - Vitória da Conquista Anagé, Aracatu, Barra Choça, Belo Campo, Bom Jesus da Serra, Caetanos, Cândido Sales, Caraíbas,
Condeúba, Cordeiros, Encruzilhada, Guajeru, Jacaraci, Licínio de Almeida, Maetinga, Mirante, Mortugaba, Piripá,
(24 municípios) Planalto, Poções, Presidente Jânio Quadros, Ribeirão do Largo, Tremedal, Vitória da Conquista
TI 21 – Recôncavo Cabaceiras do Paraguaçu, Cachoeira, Castro Alves, Conceição do Almeida, Cruz das Almas, D. Macedo Costa,
Governador Mangabeira, Maragogipe, Muniz Ferreira, Muritiba, Nazaré, Santo Amaro, Santo Antonio de Jesus,
(20 municípios) São Felipe, São Félix, São Francisco do Conde, São Sebastião do Passe, Sapeaçu, Saubara, Varzedo
TI 22 - Médio Rio de Contas Aiquara, Apuarema, Barra do Rocha, Boa Nova, Dário Meira, Gongogi, Ibirataia, Ipiaú, Itagi, Itagiba, Itamari,
(16 municípios) Jequié, Jitaúna, Manoel Vitorino, Nova Ibiá, Ubatã
TI 23 - Bacia do Rio Corrente Brejolândia, Canápolis, Cocos, Coribe, Correntina, Jaborandi, Santa Maria da Vitória, Santana, São Félix do
(11 municípios) Coribe, Serra Dourada, Tabocas do Brejo Velho
TI 24 – Itaparica
Abaré, Chorrochó, Glória, Macururé, Paulo Afonso, Rodelas
(6 municípios)
TI 25 - Piemonte Norte do Itapicuru Andorinha, Antonio Gonçalves, Caldeirão Grande, Campo Formoso, Filadélfia, Jaguarari, Pindobaçu, Ponto
(9 municípios) Novo, Senhor do Bonfim
TI 26 - Metropolitana de Salvador Camaçari, Candeias, Dias D´Avila, Itaparica, Lauro de Freitas, Madre de Deus, Salinas das Margaridas, Salvador,
(10 municípios) São Francisco do Conde, Simões Filho, Vera Cruz
288
TI Municípios do TI
TI 27 - Costa do Descobrimento
Belmonte, Eunápolis, Guaratinga, Itabela, Itagimirim, Itapebi, Porto Seguro, Santa Cruz de Cabrália
(8 municípios)
AUTORIZAÇÃO
Assinatura do autor: