Tipologia de Classes
Tipologia de Classes
Tipologia de Classes
TIPOLOGIA DE CL AS S ES E LIMITES DA
COMPATIBILIZAÇÃO DAS CODIFICAÇÕES DE
OCUPAÇÃO NAS PESQUISAS DOMICILIARES
DO INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E
ESTATÍSTICA (IBGE)
Diest
Diretoria de Estudos e Políticas do Estado,
das Instituições e da Democracia
N 64
o
Julho de 2024
Governo Federal
Fundação pública vinculada ao Ministério do Planeja- © Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada – ipea 2024
mento e Orçamento, o Ipea fornece suporte técnico e
institucional às ações governamentais – possibilitando EQUIPE TÉCNICA
a formulação de inúmeras políticas públicas e progra-
Claudia Monteiro Fernandes
mas de desenvolvimento brasileiros – e disponibiliza, Bolsista do Subprograma de Pesquisa para o Desenvolvimento Nacional
para a sociedade, pesquisas e estudos realizados por (PNPD) na Diretoria de Estudos e Políticas do Estado, das Instituições e
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Coordenadora-Geral de Imprensa e Como citar:
Comunicação Social FERNANDES, Claudia Monteiro et al. Tipologia de classes e limites da
GISELE AMARAL compatibilização das codificações de ocupação nas pesquisas domiciliares do
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Brasília, DF: Ipea, jul. 2024.
(Diest: Nota Técnica, 64).
Ouvidoria: http://www.ipea.gov.br/ouvidoria
URL: http://www.ipea.gov.br DOI: http://dx.doi.org/10.38116/ntdiest64-port.
DOI: http://dx.doi.org/10.38116/ntdiest64-port
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Sumário
1 INTRODUÇÃO........................................................................................4
4 CONCLUSÕES.......................................................................................19
REFERÊNCIAS..........................................................................................20
ANEXO....................................................................................................23
4
1 INTRODUÇÃO
O projeto Dinâmica Econômica, Mudanças Sociais e Novas Pautas de Políticas Públicas tem como um de
seus métodos a utilização de códigos ocupacionais para a construção de tipologia de classes sociais a
partir das pesquisas amostrais domiciliares brasileiras. As codificações de ocupações dos trabalhadores
brasileiros são uma forma de padronizar e sistematizar como as pessoas se inserem no mundo do trabalho,
podendo ser comparada internacionalmente com sistemas construídos por diversos institutos de pesquisa,
como a Organização Internacional do Trabalho (OIT). Isso permite a análise e a categorização de grupos,
viabilizando a caracterização das classes sociais brasileiras por meio da estratificação sócio-ocupacional.
Dessa forma, o projeto busca a construção de uma tipologia de estrutura de classes no Brasil para a
elaboração de políticas públicas em um contexto de mudança da estrutura política e econômica brasileira
e da estrutura ocupacional. Este texto tem como objetivo apresentar os resultados da aplicação de uma
tipologia de classes socioeconômicas a partir da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD),
do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em sua versão anual (PNAD Anual) e contínua
(PNAD Contínua). Nessa etapa do projeto, buscou-se a compatibilização dos códigos utilizados na PNAD
Anual e na PNAD Contínua, sendo esta a que substituiu a pesquisa anual a partir de 2012, até o momento
da elaboração deste texto (2023). Apontamos aqui os cuidados que julgamos necessários para o enca-
deamento de séries históricas entre as duas pesquisas.
Este texto não tem por objetivo apresentar uma revisão de literatura extensa, que tem ampla tradição
na sociologia brasileira (Santos, 2004; 2005; Scalon e Santos, 2010; Ribeiro, 2018; Ribeiro e Carvalhaes,
2020). Assim, a partir de uma breve apresentação da literatura na seção adiante, foi feita a revisão da
programação de tipologias de classe, até então realizada pela equipe com base na PNAD Anual, do IBGE,
referente ao período de 2002 a 2015. Em seguida, revisitamos a proposta inicial de programação para a
PNAD Contínua,1 que passou a ser feita pelo IBGE a partir de 2012, substituindo a PNAD Anual a partir
de 2016 (entre 2012 e 2015 as pesquisas foram realizadas em paralelo). Com isso, a série encadeada
corresponderia ao período de 2002 a 2023. Essas etapas, seus resultados e limites serão apresentados
neste trabalho.
1. A proposta inicial foi elaborada em linha com o modelo de Santos (2023), modificado pelo Ipea, conforme apresentado em Araújo
et al. (2023). A PNAD Contínua foi utilizada na sua forma anualizada.
5
pioneira de estratificação, o ponto de partida estabelecido foi as categorias ocupacionais utilizadas pelo
IBGE, o que também inspirou a estratificação deste projeto.
No tocante a isso, vale tratar brevemente das classificações de ocupações do IBGE. O instituto dispõe
de bases de dados em séries históricas relativamente duradouras, mesmo que tais bases tenham sofrido
alterações metodológicas ao longo do tempo. A existência delas é, sem dúvida, uma vantagem no Brasil,
por permitir estudos detalhados e de qualidade sobre a economia e o mercado de trabalho nacionais. No
entanto, muitas vezes, essas pesquisas e suas bases públicas de dados são subestimadas como fontes
de diagnósticos que podem constituir importante fundamentação para a formulação de políticas públicas.
Isso se dá, em parte, pelo desafio de compatibilizar diferentes pesquisas, com objetivos e metodologias
diversas e diferentes codificações das ocupações; daí o esforço da presente equipe de pesquisa em esta-
belecer um padrão utilizável.
Para as pesquisas domiciliares do IBGE, são utilizados códigos para classificar as ocupações das
pessoas ocupadas, de forma a permitir a comparação entre as diferentes pesquisas nacionais e interna-
cionais. Nos censos demográficos até 2000, foi utilizada uma versão provisória de 2002 da Classificação
Brasileira de Ocupações (CBO), que foi definida a partir da codificação internacional, chamada International
Standard Classification of Occupations (ISCO), da OIT, por meio de cooperação entre a OIT e diversos institutos
nacionais de estatística. A CBO “descreve e ordena as ocupações dentro de uma estrutura hierarquizada que
permite agregar as informações referentes à força de trabalho, segundo características ocupacionais
que dizem respeito à natureza da força de trabalho (funções, tarefas e obrigações que tipificam a ocupação)
e ao conteúdo do trabalho (conjunto de conhecimentos, habilidades, atributos pessoais e outros requisitos
exigidos para o exercício da ocupação)”.2
Em 2002, A CBO passou por uma revisão que introduziu novos conceitos, como o de família de
ocupações, buscando apresentar uma estrutura mais simples, tendo como referência a versão mais
recente até então da International Standard Classification of Occupations 1988 (ISCO-88), cunhada em
espanhol como Clasificación Internacional Uniforme de Ocupaciones 1988 (CIUO-88). A então chamada CBO
Domiciliar foi implementada nas demais pesquisas domiciliares do IBGE a partir de 2002, e apresentava
pequenas diferenças em relação à CBO-2002, utilizada no Censo de 2000. De acordo com o IBGE, houve
o remanejamento de alguns subgrupos na CBO Domiciliar, ainda que a codificação tivesse permanecido
idêntica à CBO no nível mais agregado (grande grupo, representado pelo código de um dígito); a justificativa
para tal reagrupamento foram as dificuldades de captação desses subgrupos com precisão nas pesquisas
domiciliares em campo (MTE, 2002).
O Censo 2010 e a PNAD Contínua, a partir de 2012, adotaram a Classificação de Ocupações para
Pesquisas Domiciliares (COD), que trouxe mais algumas mudanças (MTE, 2010). Foram mantidos os
dez grandes grupos da CBO Domiciliar, mas houve agregação em subgrupos. Tais mudanças seguiram
os princípios adotados na CIUO, que foi revisada e aprovada em 2008, pelo grupo de especialistas em
trabalho, e referendada em 2009, pela 18a Conferencia Internacional de Estadísticos del Trabajo (CIET),
realizada a cada cinco anos pela OIT. Portanto, para facilitar a comparabilidade internacional, optou- se
por acompanhar a CIUO-08.
Assim, a dinâmica do mundo do trabalho influencia revisões periódicas nos padrões e nas orientações
das estatísticas do trabalho, e o Brasil está inserido nesse debate, participando das conferências interna-
cionais e adotando as recomendações da OIT, assim como os demais países-membros da organização.3
5. Conforme Ribeiro (2014), o esquema desenhado para fazer distinções em torno da propriedade, da qualificação (ligada à autoridade)
e do trabalho manual também faz distinção entre setores urbanos e rurais. “Inicialmente, tal esquema foi denominado EGP porque
foi formulado por Erickson, Goldthorpe e Portocarrero (1979) para uma pesquisa comparando Suécia, Inglaterra e França” (Ribeiro,
2014, p. 185).
8
Por sua vez, Salata (2015) analisa as mudanças na sociedade brasileira na perspectiva das classes
sociais, mais especificamente em relação às classes médias, relacionando a perspectiva sociológica, mais
estrutural, que diz respeito à forma como a sociedade se organiza hierarquicamente, de forma complexa e
dinâmica, considerando marcadores simbólicos de distinção, e a perspectiva econômica, mais focada nos
rendimentos e na categorização de grupos por meio da propriedade de bens e riquezas.
Todas as formas de estratificação aqui descritas dialogam com a proposta utilizada neste projeto,
tendo diversos dos autores citados participado com artigos para o primeiro livro desta pesquisa, publicado
em 2023 (Pompeu et al., 2023).
6. A base de microdados tem sido corrigida com os pesos extraídos a partir do Censo de 2022, que, por conta dos conhecidos
problemas relacionados à pandemia e ao aumento do número de recusas, teve sucessivas parciais utilizadas na calibração da PNAD.
7. Idealmente decenal, pois como sabido, devido a falhas de planejamento orçamentário e impedimentos políticos, estes deixaram
de ser realizados no ano correto em 1990 e 2020.
9
entrevistado cinco vezes. Em síntese, um domicílio é entrevistado durante cinco trimestres, uma vez a cada
trimestre” (IBGE, 2014, p. 42). O IBGE passa a divulgar resultados mensais, trimestrais e anuais, com maior
abrangência territorial. Em contrapartida, a idade considerada mínima para definir a ocupação passou a ser
de quatorze anos ou mais, o que influenciou o tamanho de algumas categorias de ocupação importantes
para jovens sem experiência profissional na comparação com a PNAD anual.
O conceito de força de trabalho é diferente da PNAD anual, englobando: i) trabalho remunerado em
dinheiro, produtos, mercadorias ou benefícios (moradia, alimentação, roupas, treinamento etc.) na produção
de bens ou serviços; e ii) trabalho sem remuneração direta ao trabalhador, realizado em ajuda à atividade
econômica de membro do domicílio, que recebe a remuneração pelo trabalho do conjunto do domicílio.
Tais mudanças metodológicas na coleta geraram impactos nos dados apurados que, contudo, não
inviabilizam uma comparação direta entre os resultados obtidos nas duas pesquisas, como veremos adiante.
A tipologia de classes sociais foi construída a partir da posição na ocupação dos trabalhadores
considerados “ocupados” pela PNAD Contínua, e também aqueles que se constituem como “exército
industrial de reserva”, classificados na PNAD contínua como “força de trabalho potencial”, que abrange
os subocupados e desocupados.
De acordo com IBGE (2014, p. 17), são definidas como “pessoas ocupadas”:
são classificadas como ocupadas na semana de referência as pessoas que, nesse
período, trabalharam pelo menos uma hora completa em trabalho remunerado em
dinheiro, produtos, mercadorias ou benefícios (moradia, alimentação, roupas, treina-
mento etc.) ou em trabalho sem remuneração direta, em ajuda à atividade econômica
de membro do domicílio ou, ainda, as pessoas que tinham trabalho remunerado do qual
estavam temporariamente afastadas nessa semana.
Por sua vez, as pessoas desocupadas têm a seguinte definição:
são classificadas como desocupadas na semana de referência as pessoas sem trabalho
(que gera rendimentos para o domicílio) nessa semana, que tomaram alguma provi-
dência efetiva para consegui-lo no período de referência de trinta dias e que estavam
disponíveis para assumi-lo na semana de referência. Consideram-se também como
desocupadas as pessoas sem trabalho na semana de referência que não tomaram
providência efetiva para conseguir trabalho no período de referência de trinta dias
porque já haviam conseguido trabalho que iriam começar após a semana de referência
(IBGE, 2014, p. 17).
O conceito de subocupação da força de trabalho foi uma das principais inovações da PNAD Contínua
e tem relação com o conceito de força de trabalho potencial, a saber:
a força de trabalho potencial é definida como o conjunto de pessoas de quatorze anos
ou mais de idade que não estavam ocupadas nem desocupadas na semana de referên-
cia, mas que possuíam um potencial de se transformarem em força de trabalho. Este
contingente é formado por dois grupos:
I. pessoas que realizaram busca efetiva por trabalho, mas não se encontravam dispo-
níveis para trabalhar na semana de referência;
II. pessoas que não realizaram busca efetiva por trabalho, mas gostariam de ter um
trabalho e estavam disponíveis para trabalhar na semana de referência.
10
a) pessoas desalentadas: pessoas fora da força de trabalho na semana de referência
que estavam disponíveis para assumir um trabalho na semana de referência, mas não
tomaram providência para conseguir trabalho no período de referência de trinta dias
por não ter conseguido trabalho adequado, não ter experiência profissional ou qualifi-
cação, não haver trabalho na localidade em que residia ou não conseguir trabalho por
ser considerado muito jovem ou muito idoso (IBGE, 2021, p. 4).
A adaptação da tipologia Ipea se propõe, portanto, a ir além da categorização dos ocupados, incluindo
os trabalhadores que tradicionalmente têm ficado invisíveis nos estudos de estratificação de classes sociais.
8. O autor trata também da metodologia aqui debatida em artigo publicado em livro do Ipea (Santos, 2023).
11
3.2 A construção da tipologia
Com base nisso, tomou-se como ponto de partida a variável posição na ocupação” dos residentes ocupados
de quatorze anos ou mais de idade (conceito usado pelo IBGE),9 que identifica a relação de trabalho exis-
tente entre a pessoa e o negócio ou empresa em que trabalhava.
Cada pessoa ocupada na semana de referência (aquela anterior à entrevista) pode ser classificada
na posição a seguir descrita.
1) Empregador: pessoa que trabalhava explorando o seu próprio empreendimento, com pelo menos
um empregado.
2) Empregado: pessoa que trabalhava para um empregador (pessoa física ou jurídica), geralmente
obrigando-se ao cumprimento de uma jornada de trabalho e recebendo em contrapartida uma
remuneração em dinheiro, mercadorias, produtos ou benefícios (moradia, alimentação, roupas
etc.). Esta categoria pode ser subdividida em trabalhador doméstico, empregados do setor
privado ou público, militar do Exército, da Marinha, da Aeronáutica, da Polícia Militar ou do Corpo
de Bombeiros Militar.
3) Conta própria: pessoa que trabalhava explorando o seu próprio empreendimento, sozinha ou
com sócio, sem ter empregado, e contando, ou não, com a ajuda de trabalhador familiar auxiliar.
4) Trabalhador familiar auxiliar: pessoa que trabalhava sem receber pagamento, durante pelo menos
uma hora na semana de referência, em ajuda a membro da unidade domiciliar que era conta
própria, empregador ou empregado.
Essas foram as categorias das quais partimos para definir a tipologia de classes que será apresentada
a seguir. Tais categorias foram associadas à classificação da ocupação para especificar a maior parte
das classes da tipologia.
É importante destacar mais uma vez que o IBGE modificou a forma de classificar as ocupações
para as pesquisas domiciliares. A COD é uma agregação dos códigos da CBO, inspirada na ISCO, sob a
responsabilidade da OIT. Ainda que a maior parte dos códigos de ocupação tenha correspondência com
a codificação internacional, a COD é mais agregada para simplificar a coleta em campo. Isso trouxe como
consequência a falta de uma correspondência precisa entre a classificação de ocupações utilizada na
PNAD Anual (até 2015) e na PNAD Contínua (a partir de 2012, até o presente). Verificou-se que nenhum
código da COD ficou de fora da programação. Assim, a aderência da codificação com a antiga PNAD Anual
se manteve de forma bastante satisfatória.
Desde o início, o nosso desafio foi buscar o melhor ajuste da definição de tipologia de classes aplicada
à PNAD Anual à série da PNAD Contínua, de forma a obter a melhor aderência possível entre as séries
históricas, permitindo uma análise de classes no médio prazo, mais especificamente entre 2002 e 2015
(PNAD Anual) e entre 2012 e 2021 (PNAD Contínua). Contudo, os resultados deixam claro que mesmo em
categorias cuja variação no tamanho foi pequena, como por exemplo o grupo de capitalistas, os rendimentos
captados pela PNAD Contínua são suficientemente diferentes daqueles apontados pela PNAD Anual para
que uma análise dos coeficientes de variação deixe claro que é contraindicada qualquer comparação direta
entre essas categorias. Isso ocorre principalmente em categorias numericamente menores, com maior
variância de indivíduos na estratificação.
9. Apesar de internacionalmente a idade formal para trabalhar geralmente se inicie aos quinze anos nas pesquisas oficiais, no Brasil,
o limite mínimo utilizado foi de quatorze anos, devido à existência da legislação que proíbe formalmente qualquer trabalho abaixo
dessa idade e permite apenas a condição de aprendiz (Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), Lei no 8.069/1990, art. 60).
12
A seguir, elencamos a forma como são estabelecidos os grupos da amostra.
TABELA 1
Resultado preliminar da construção de tipologia de classes sociais: Brasil (2015-2021)
Tipologias PNAD Contínua 2015 2016 2017 2018 2019 2020 2021
Capitalista 608.119 613.329 571.965 580.905 649.833 623.388 569.286
Pequeno empregador 3.312.912 3.509.366 3.534.006 3.785.333 3.617.049 3.467.576 3.250.369
Especialista autônomo
1.182.423 1.259.801 1.442.276 1.565.192 1.593.070 1.534.548 1.995.181
sem empregados
Autônomo com ativos 9.675.037 9.893.920 10.051.685 9.986.660 9.945.577 9.284.203 9.037.872
Autônomo agrícola 4.164.193 3.992.448 3.671.164 3.483.792 3.566.339 3.488.745 4.040.362
Gerente 3.022.265 2.769.441 2.740.980 2.656.035 2.713.540 2.332.561 2.300.947
(Continua)
10. Construção das tipologias feita com base na PNAD Contínua, disponível em: https://www.ibge.gov.br/estatisticas/sociais/
trabalho/9171-pesquisa-nacional-por-amostra-de-domicilios-continua-mensal.html?=&t=microdados.
14
(Continuação)
Tipologias PNAD Contínua 2015 2016 2017 2018 2019 2020 2021
Especialista 4.596.770 4.779.152 4.768.377 5.112.808 5.310.072 5.332.128 5.539.482
Empregado qualificado 8.046.106 7.611.739 7.190.404 7.230.302 7.331.817 7.178.238 7.436.245
Supervisor 533.268 561.984 443.149 480.817 580.140 541.356 554.743
Trabalhador típico 31.830.207 30.692.334 30.854.754 31.034.907 31.557.339 28.668.403 28.666.326
Trabalhador elementar 8.500.888 8.507.462 8.610.802 8.519.576 8.869.651 7.831.217 8.282.640
Autônomo precário 8.487.047 8.408.754 9.125.106 10.204.120 11.136.959 9.651.105 10.815.081
Empregado doméstico 6.001.056 6.025.802 6.034.169 6.058.729 6.063.278 4.873.583 5.104.467
Trabalhador de subsistência 2.439.412 2.124.508 2.165.266 2.072.183 2.021.494 1.860.966 1.901.589
Trabalhador excedente 14.058.629 18.347.504 20.653.676 21.112.425 20.993.444 25.605.558 25.098.819
Total 106.458.887 109.097.544 111.858.351 113.883.783 115.949.603 112.278.945 114.594.056
Fonte: IBGE.
Elaboração dos autores.
TABELA 2
Comparação de estimativas da PNAD Contínua de 2015
Valores calculados em 2/2023 Valores calculados em 7/2023
Os testes estatísticos de diferenças de estimativas indicam que o modelo é robusto, com pequenas
variações dos quantitativos encontrados para os grupos em 2015, conforme a tabela 2.
TABELA 3
Distribuição do número estimado de pessoas, por ano de referência da PNAD, segundo a tipologia
de classe (2012-2015)
Ano de referência: anual Ano de referência: contínua
Classificação social proposta
2012 2013 2014 2015 2012 2013 2014 2015
Brasil 101.122.466 102.347.498 105.635.609 104.779.605 102.635.850 103.688.766 103.744.284 106.458.332
Capitalistas 506.158 587.002 610.664 524.095 509.245 508.907 519.569 608.630
Pequenos empregadores 2.880.576 2.784.912 2.864.320 2.766.973 2.993.351 3.177.756 3.214.801 3.356.493
Especialistas autônomos
1.176.774 1.152.173 1.227.601 1.256.391 948.890 1.033.780 1.153.439 1.184.552
sem empregados
Autônomos com ativos 6.507.343 6.389.472 6.975.194 7.284.555 7.621.320 7.705.812 8.158.380 8.549.460
Autônomos agrícolas 3.978.453 3.958.820 4.209.454 4.230.425 4.300.734 4.393.344 4.197.337 4.265.448
Gerentes 2.579.730 2.707.648 2.758.717 2.532.200 2.642.058 2.818.988 2.902.496 3.025.523
Setor privado 2.012.204 2.097.001 2.178.060 1.973.522 2.019.458 2.101.491 2.185.702 2.391.417
Funcionários públicos 567.526 610.647 580.657 558.678 622.601 717.498 716.793 634.106
Empregados especialistas 4.638.402 4.804.077 5.163.781 5.046.853 4.226.602 4.551.930 4.703.215 4.605.164
Setor privado 2.412.764 2.497.414 2.728.209 2.634.169 2.341.907 2.620.781 2.646.373 2.612.288
Funcionários públicos 2.225.638 2.306.663 2.435.572 2.412.684 1.884.694 1.931.149 2.056.842 1.992.877
Empregados qualificados 6.780.905 7.027.299 7.239.195 7.118.346 7.936.407 8.110.497 8.196.587 8.087.585
Setor privado 3.921.734 3.997.415 4.144.728 4.056.777 4.910.681 5.136.842 5.177.512 5.117.930
Funcionários públicos 2.859.171 3.029.884 3.094.467 3.061.569 3.025.726 2.973.655 3.019.075 2.969.656
Supervisores 1.213.910 1.211.287 1.205.349 1.146.852 555.129 513.600 527.632 530.797
Trabalhadores típicos 34.763.862 35.089.723 35.271.376 33.054.366 32.588.040 33.326.635 33.831.131 33.151.530
Setor privado 30.466.259 30.866.063 31.012.415 28.913.496 28.246.839 28.896.510 29.284.555 28.451.992
Funcionários públicos 4.297.603 4.223.660 4.258.961 4.140.870 4.341.201 4.430.125 4.546.576 4.699.538
Trabalhadores elementares 9.044.758 8.672.133 8.643.158 8.270.030 9.307.699 9.118.567 8.968.137 8.675.662
Setor privado 8.046.588 7.769.166 7.753.807 7.436.509 8.358.940 8.234.124 8.068.564 7.842.376
Funcionários públicos 998.170 902.967 889.351 833.521 948.759 884.443 899.573 833.286
(Continua)
16
(Continuação)
Ano de referência: anual Ano de referência: contínua
Classificação social proposta
2012 2013 2014 2015 2012 2013 2014 2015
Autônomos precários 8.402.891 8.674.732 9.013.085 9.311.253 7.254.665 7.433.367 7.429.340 7.879.818
Empregados domésticos 6.510.667 6.473.746 6.491.351 6.308.667 6.092.882 5.983.788 5.868.004 6.001.056
Trabalhador de subsistência 3.743.728 4.236.217 4.427.025 3.742.010 2.718.276 2.680.378 2.575.702 2.475.514
Trabalhador excedente 8.394.309 8.578.257 9.535.339 12.186.589 12.940.551 12.330.880 11.497.387 14.058.629
Fonte: IBGE.
Elaboração dos autores.
Uma vez aplicados os dados do Censo 2022 para a correção das estimativas da amostra da PNAD
Contínua em julho de 2023, as disparidades entre os grupos se tornaram mais acentuadas ao serem
comparadas com a PNAD Anual, conforme vemos nas tabelas 2 e 3. Embora o número total da força de
trabalho ocupada varie muito pouco sua classificação nos diferentes grupos ocupacionais, apresenta certa
volatilidade devido às diferenças já apontadas entre COD e CBO e na forma de captação de dados entre as
PNADs. Isso ocorre, em parte, pela grande distância que estava acumulada no plano amostral da PNAD
Contínua, que era fundado na estrutura populacional do Censo de 2010. Com os resultados do Censo de
2022, as distorções ficam evidentes, uma vez que a PNAD Anual manteve a estrutura sem atualização.
Grupos menores apresentam variações proporcionalmente maiores. O grupo de supervisores apresenta
a variação mais gritante, muito provavelmente refletindo mudanças na codificação que as refletem também
no próprio mundo do trabalho onde as ocupações de supervisão de atividades têm sido crescentemente
eliminadas por alterações na forma de organização dos sistemas produtivos desde a adoção do toyotismo
e da lean production. Lembra-se também que as variâncias nas estimativas de grupos de menor tamanho
tendem a ser maiores.
Grupos maiores como os de trabalhadores típicos, trabalhadores especialistas e mesmo empregados
domésticos apresentam variações muito menores entre as diferentes pesquisas.
TABELA 4
Variações da distribuição do número estimado de pessoas, por ano de referência da PNAD Anual
(2012-2015)
(Em %)
Ano de referência: anual
Classificação social proposta
2012 2013 2014 2015
Brasil 1,50 1,31 -1,79 1,60
Capitalistas 0,61 -13,30 -14,92 16,13
Pequenos empregadores 3,92 14,11 12,24 21,31
Especialistas autônomos sem empregados -19,37 -10,28 -6,04 -5,72
Autônomos com ativos 17,12 20,60 16,96 17,36
Autônomos agrícolas 8,10 10,98 -0,29 0,83
Gerentes 2,42 4,11 5,21 19,48
Setor privado 0,36 0,21 0,35 21,18
Funcionários públicos 9,70 17,50 23,45 13,50
Empregados especialistas -8,88 -5,25 -8,92 -8,75
Setor privado -2,94 4,94 -3,00 -0,83
Funcionários públicos -15,32 -16,28 -15,55 -17,40
(Continua)
17
(Continuação)
Ano de referência: anual
Classificação social proposta
2012 2013 2014 2015
Empregados qualificados 17,04 15,41 13,23 13,62
Setor privado 25,22 28,50 24,92 26,16
Funcionários públicos 5,83 -1,86 -2,44 -3,00
Supervisores -54,27 -57,60 -56,23 -53,72
Trabalhadores típicos -6,26 -5,02 -4,08 0,29
Setor privado -7,28 -6,38 -5,57 -1,60
Funcionários públicos 1,01 4,89 6,75 13,49
Trabalhadores elementares 2,91 5,15 3,76 4,90
Setor privado 3,88 5,98 4,06 5,46
Funcionários públicos -4,95 -2,05 1,15 -0,03
Autônomos precário -13,66 -14,31 -17,57 -15,37
Empregados domésticos -6,42 -7,57 -9,60 -4,88
Trabalhador de subsistência -27,39 -36,73 -41,82 -33,85
Trabalhador excedente 54,16 43,75 20,58 15,36
Fonte: IBGE.
Elaboração dos autores.
Chama atenção o fato de que, aparentemente, no processo de classificação ou na aplicação dos ques-
tionários, parte da população que era classificada como autônomos precários parece ter sido reclassificada
para autônomos com ativos, o que poderia explicar a variação de ambos os grupos. Essa possibilidade
tem relação com mudanças no mercado de trabalho, que passou a ter a figura de microempreendedores
individuais e pequenas empresas em número cada vez maior nos anos recentes.
O encadeamento das séries demandará um estudo dos processos que envolveram esses setores,
bem como a volatilidade de grupos de classe média como pequenos empregadores e especialistas autô-
nomo sem empregados, exigindo especial atenção às análises dessas categorias. Tal absorção não pode
ser explicada pela mudança na ponderação apenas. Embora grande parte das tendências de aumento e
redução dos grupos se conserve entre as bases, essas não são linearmente comparáveis, o que também
dificulta, mas não impede, a interpolação de dados.
TABELA 5
Distribuição do rendimento médio real1 do trabalho principal para pessoas de quatorze anos ou mais,
por ano de referência das PNADs Anual e Contínua, segundo a tipologia de classe (2012-2015)
(Em R$)
Ano de referência: anual Ano de referência: contínua
Classificação social proposta
2012 2013 2014 2015 2012 2013 2014 2015
Brasil 2.676,00 2.766,95 2.790,25 2.671,20 2.628,86 2.713,85 2.804,62 2.710,27
Capitalistas 17.502,16 15.676,35 16.276,17 14.963,35 14.328,80 15.154,01 12.852,75 12.702,67
Pequenos empregadores 6.345,18 6.982,15 6.541,15 5.929,63 6.373,66 6.353,23 6.668,57 5.959,68
Empregados especialistass autônomos
8.526,20 9.110,53 8.584,28 8.200,82 6.447,63 6.274,93 6.449,69 5.895,17
sem empregados
Autônomos com ativos 3.125,96 3.024,32 3.073,06 2.722,64 2.526,90 2.581,22 2.760,97 2.411,26
Autônomos agrícolas 1.423,03 1.487,56 1.493,02 1.333,74 1.130,01 1.238,38 1.329,42 1.227,93
(Continua)
18
(Continuação)
Ano de referência: anual Ano de referência: contínua
Classificação social proposta
2012 2013 2014 2015 2012 2013 2014 2015
Gerentes 6.393,85 6.666,11 6.739,35 6.546,14 6.335,67 6.686,98 6.565,64 6.844,68
Setor privado 5.936,07 6.330,87 6.267,95 6.219,41 5.875,70 6.285,66 6.236,00 6.606,81
Funcionários públicos 8.010,93 7.808,57 8.500,36 7.674,56 7.827,41 7.862,30 7.570,81 7.742,80
Empregados especialistas 6.754,16 7.027,84 6.773,83 6.750,99 6.842,46 6.988,18 7.260,37 7.004,17
Setor privado 6.261,73 6.658,54 6.178,62 6.163,14 6.524,49 6.673,47 6.964,86 6.470,23
Funcionários públicos 7.278,50 7.417,07 7.424,57 7.381,19 7.237,30 7.415,54 7.640,78 7.703,53
Empregados qualificados 3.143,38 3.261,53 3.314,68 3.215,84 3.280,89 3.283,83 3.444,35 3.257,62
Setor privado 3.089,54 3.164,53 3.156,84 3.028,94 3.036,18 3.047,98 3.182,51 2.991,80
Funcionários públicos 3.215,43 3.385,21 3.522,85 3.460,54 3.678,88 3.691,58 3.893,63 3.715,56
Supervisores 4.014,95 4.041,50 4.045,81 4.142,48 3.096,02 3.434,58 3.192,14 3.353,48
Trabalhadores típicos 2.014,06 2.050,70 2.059,94 2.008,30 2.109,06 2.131,71 2.169,86 2.156,27
Setor privado 1.930,85 1.973,70 1.982,23 1.917,44 1.953,56 1.969,28 2.007,59 1.968,86
Funcionários públicos 2.601,04 2.609,45 2.622,36 2.639,98 3.120,40 3.191,40 3.215,33 3.291,10
Trabalhadores elementares 1.273,37 1.335,72 1.357,37 1.317,45 1.293,39 1.307,46 1.347,52 1.320,55
Setor privado 1.259,22 1.322,83 1.345,40 1.304,30 1.271,66 1.285,57 1.315,09 1.298,17
Funcionários públicos 1.386,90 1.445,57 1.460,91 1.434,13 1.484,66 1.510,98 1.638,16 1.531,01
Autônomos precário 1.717,35 1.780,38 1.791,18 1.672,74 1.562,94 1.625,92 1.647,72 1.540,71
Empregados domésticos 1.077,54 1.119,77 1.156,16 1.137,73 999,14 1.056,80 1.117,20 1.104,97
Trabalhador de subsistência - - - - - - - -
Trabalhador excedente - - - - - - - -
Fonte: IBGE.
Elaboração dos autores.
Nota: 1 Corrigido pelo deflator implícito do IBGE.
As alterações das médias de rendimento real (em valores atualizados para a média do quarto trimestre
de 2023)11 são menos acentuadas, e quando ocorrem parecem refletir as mudanças nas composições
dos grupos e, assim, devem ser levadas em conta quando se estabelecem comparações. Se, por um lado,
é possível perceber a hierarquia entre as categorias que permanece entre as duas pesquisas (tabela 2),
por outro, as tendências horizontais (dentro de cada categoria) de variação do rendimento médio real são
diferentes entre as duas pesquisas (tabelas 5 e 6), principalmente nas categorias menos numerosas entre
os ocupados (no topo da hierarquia) e com maior variância amostral.
11. Uma das inovações recentes da PNAD Contínua é embutir um deflator automático com base trimestral.
19
TABELA 6
Variação da distribuição do rendimento médio real do trabalho principal para pessoas de quatorze
anos ou mais, por ano de referência e tipologia de classe das PNADs Anual e Contínua (2012-2015)
(Em %)
Ano de referência: contínua e anual
Classificação social proposta
2012 2013 2014 2015
Brasil -1,76 -1,92 0,52 1,46
Capitalistas -18,13 -3,33 -21,03 -15,11
Pequenos empregadores 0,45 -9,01 1,95 0,51
Especialistas autônomos sem empregados -24,38 -31,12 -24,87 -28,11
Autônomos com ativos -19,16 -14,65 -10,16 -11,44
Autônomos agrícolas -20,59 -16,75 -10,96 -7,93
Gerentes -0,91 0,31 -2,58 4,56
Setor privado -1,02 -0,71 -0,51 6,23
Funcionários públicos -2,29 0,69 -10,94 0,89
Empregados especialistas 1,31 -0,56 7,18 3,75
Setor privado 4,20 0,22 12,73 4,98
Funcionários públicos -0,57 -0,02 2,91 4,37
Empregados qualificados 4,37 0,68 3,91 1,30
Setor privado -1,73 -3,68 0,81 -1,23
Funcionários públicos 14,41 9,05 10,53 7,37
Supervisores -22,89 -15,02 -21,10 -19,05
Trabalhadores típicos 4,72 3,95 5,34 7,37
Setor privado 1,18 -0,22 1,28 2,68
Funcionários públicos 19,97 22,30 22,61 24,66
Trabalhadores elementares 1,57 -2,12 -0,73 0,23
Setor privado 0,99 -2,82 -2,25 -0,47
Funcionários públicos 7,05 4,52 12,13 6,76
Autônomos precário -8,99 -8,68 -8,01 -7,89
Empregados domésticos -7,28 -5,62 -3,37 -2,88
Trabalhador de subsistência - - - -
Trabalhador excedente - - - -
Fonte: IBGE.
Elaboração dos autores.
4 CONCLUSÕES
Levando-se em consideração as análises apresentadas, concluímos que os diversos ajustes tentados
no sentido de se estabelecer uma série histórica que encadeasse os dados da PNAD Anual com a PNAD
Contínua (anualizada) de forma direta se mostraram frutíferos, ainda que se devam observar cuidados em
seu manuseio. Devem ser especialmente consideradas a mudança do método de coleta, a reponderação
a partir do Censo 2022 e a substituição da CBO pela COD.
Por sua vez, o modelo aqui utilizado para a classificação por categorias socioeconômicas que busca
aproximar a análise por classes sociais mantém sua relevância e se beneficiou de alguns ajustes realizados
na coleta de dados da PNAD Contínua. Nesse sentido, uma estratégia a ser considerada seria a realização
20
de estudos transversais, considerando um determinado tempo de observação pontual, como um ano da
PNAD Anual comparado a um ano da PNAD Contínua, ou uma década da PNAD Anual, comparada a uma
década da PNAD Contínua. Isto, sempre levando em consideração as limitações apresentadas. O IBGE
recomenda que no período aqui analisado (2012 a 2015), quando as duas pesquisas estavam em campo
concomitantemente, seja dada precedência aos dados da PNAD Anual, devido à forma de coleta da PNAD
Contínua ainda estar em desenvolvimento naquela ocasião.
Quando da necessidade de se estabelecer um estudo longitudinal, ou seja, uma comparação de mais
longo prazo, será pertinente destacar os problemas relacionados às estimativas de rendimentos e, em se
tratando da tipologia, salientar as hipóteses de migração entre os grupos.
Quando se fizer um encadeamento de dados entre as séries históricas das PNADs, recomenda-se que
sejam feitos cortes chamando atenção para as inflexões observadas entre as pesquisas, fazendo neces-
sariamente referência às restrições apresentadas neste texto e detalhando as diferenças metodológicas
entre a PNAD Anual (2002 até 2015) e a PNAD Contínua (2012 em diante) que podem influenciar mudanças
na estrutura de classes ao serem comparadas. Estudos mais detalhados sobre uma categoria específica
também parecem viáveis, seguidas as recomendações aqui apresentadas e realizando análise exploratória
mais aprofundada. Idealmente, a realização de estudos longitudinais é um horizonte desejável para futuras
pesquisas amostrais, mantendo a possibilidade de comparação entre e intra classes ao longo do tempo.
Com tais ressalvas em mente, estudos com base na comparação das duas pesquisas poderão ser
realizados, desde que consideradas as limitações descritas neste esforço de compatibilização. O próprio
conceito de trabalho, a idade de início no trabalho (quatorze anos)12 e o conceito de força de trabalho são
diferentes, o que pode gerar, entre outras mudanças na construção da amostra, diferentes resultados de
interpretação ao se encadear a série histórica sem os devidos cuidados metodológicos. Portanto, são
necessários cuidados específicos na análise de longo prazo, ainda que se possa afirmar que os dados
apresentam boa aderência entre as duas diferentes PNADs.
REFERÊNCIAS
EDITORIAL
Coordenação
Aeromilson Trajano de Mesquita
Assistentes da Coordenação
Rafael Augusto Ferreira Cardoso
Samuel Elias de Souza
Supervisão
Aline Cristine Torres da Silva Martins
Revisão
Bruna Oliveira Ranquine da Rocha
Carlos Eduardo Gonçalves de Melo
Crislayne Andrade de Araújo
Elaine Oliveira Couto
Luciana Bastos Dias
Rebeca Raimundo Cardoso dos Santos
Vivian Barros Volotão Santos
Deborah Baldino Marte (estagiária)
Editoração
Aline Cristine Torres da Silva Martins
Camila Guimarães Simas
Leonardo Simão Lago Alvite
Mayara Barros da Mota
Capa
Leonardo Hideki Higa
Projeto Gráfico
Leonardo Hideki Higa