Cap11 - Dos Santos Et Al 263-292 v2

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11.

SISTEMAS LACUSTRES INTERIORES: AVANÇOS E


TÉCNICAS DE ESTUDO

Gisele Barbosa dos Santos1 & Paulo de Tarso Amorim Castro2

1
Universidade Federal de Juiz de Fora; Instituto de Ciências Humanas - Departamento de
Geociências - ICH - Campus da Universidade Federal de Juiz de Fora - Rua José Lourenço
Kelmer, S/Nº - São Pedro, Juiz de Fora - MG, 36036-900; [email protected]
2
Universidade Federal de Ouro Preto; [email protected]

Resumo: As investigações sobre gênese de lagos têm grande relevância em pesquisas


geomorfológicas e geológicas, pois podem revelar quais são os agentes que imperam na
construção desta paisagem, podendo ser os de natureza endógena, resultantes da evolução de
deformações crustais, ou de âmbito exógeno, ligados principalmente à processos superficiais
atmosféricos e hidrológicos. Este trabalho apresenta uma revisão de estudos científicos
envolvendo gênese e classificação de lagos, dando ênfase às pesquisas desenvolvidas no Brasil.
Foram elencados artigos em periódicos e eventos, além de monografias, dissertações e teses no
âmbito nacional e internacional. No Brasil os estudos relacionados a lagos de origem fluvial são
mais comuns, destacando-se aqueles formados por barragem natural de tributários ou por
processos da dinâmica de planícies de inundação, que resultam no isolamento de corpos d'água
dando origem aos lagos fluviais. Este capítulo busca organizar, reunir e ampliar o conhecimento
sobre a diversidade de lagos de interiores, bem como apresentar inovações nos métodos
investigativos dos mesmos. Aborda temáticas sobre características gerais, gênese, classificação e
sedimentação lacustres, em diferentes escalas temporais e espaciais. Os estudos são relativamente
mais desenvolvidos nas regiões Norte e Centro-oeste do país. Destaca-se a importância do
sensoriamento remoto e morfometria, dentre os principais métodos investigativos utilizados,
seguido por análises mineralógicas, geoquímicas, microfossilíferas, texturais e cronológicas dos
sedimentos lacustres, análises geoquímicas da água das lagoas, bem como investigações com
enfoque pedológicos em topossequência associadas às análises geoquímicas e micromorfológicas.
Por fim, inúmeros trabalhos apontaram o uso de métodos geofísicos como promissores para a
interpretação de ambientes lacustres. Nota-se que pesquisas sistêmicas multiescalares no tempo e
no espaço são imprescindíveis para a consolidação do conhecimento de sistemas lacustres sob a
perspectiva geomorfológica.
Palavras-Chave: Depressões Fechadas; Lagos; Multiescalaridade Geomorfológica;
Morfotectônica.
164

Abstract: Investigations about lakes’ genesis have great relevance in terms of geomorphological
and geological researches once they may reveal which ones are the agents that build such
landscape. They can be the ones of endogenous nature, which result from the evolution of crustal
deformation, or of exogenous ambit, which are mainly related to hydrological and atmospheric
superficial processes. This work presents a review of scientific studies about genesis and
classifications of lakes, emphasizing the researchers developed in Brazil. Articles have been listed
in journals and events besides researches in monographs, dissertations and theses, both on
domestic and international ambits. The studies about lakes formed by rivers are more common in
Brazil, highlighting the ones formed by natural dam of tributaries or by processes of floodplain
dynamics that lead to the isolation of bodies of water, what form the fluvial lakes. This chapter
aims to organize, gather and amplify the knowledge about the diversity of inland lakes, as well as
to present innovations in their investigative methods, addressing themes about general
characteristics, genesis, lacustrine classification and sedimentation in different spatial and
temporal scales. Those studies are relatively more developed in the Northern and Midwestern
Brazil. Among the main investigative methods performed, the importance of remote sensing and
morphometry deserves to be highlighted, followed by mineralogical, geochemical,
mcrofossiliferous, textural and chronological analyses of the lacustrine sediments, geochemical
analyses of the lakes’ water as well as investigations with a pedological focus on topsequences
associated to the geochemical and micromorphological analyses of the soil. Finally, uncountable
studies pointed to the use of geophysical methods as promising for interpretation of lacustrine
environments. As noticed, multiscale systemic researches in terms of time and space are essential
for the consolidation of the knowledge about lacustrine systems under the geomorphological
perspective.
Keywords: Closed Depression; Lakes; Geomorphological Multiscale; Morphotectonics.

Tema: Geomorfologia Lacustre

1. INTRODUÇÃO
Abordar a temática "origem de sistemas lacustres" é uma empreitada complexa e
desafiadora, pois um sistema no âmbito das geociências pode ser considerado como a
expressão física de um arranjo de elementos ambientais que se interagem de forma
dinâmica e com intensidade variável no tempo e no espaço, enquanto que a paisagem
exprime heranças das sucessivas relações destes elementos. Os processos químicos,
físicos e biológicos que regem um sistema lacustre estão associados às características das
bacias hidrográficas, as quais pertencem, possuindo uma relação direta com as condições
estruturais, litológicas, geomorfológicas, hidrológicas e climáticas.
Diante disso, os sistemas lacustres são objetos de estudos de diversos ramos das
ciências. A Geologia e a Geografia abordam principalmente questões paleoambientais,
paleogeográficas e geomorfológicas. Estas questões estão diretamente relacionadas a
165

fenômenos endógenos, aqueles originários do interior da crosta terrestre, e sua interação


com os fenômenos exógenos da atmosfera e da hidrosfera.
No Brasil, os estudos relacionados aos lagos de origem fluvial são mais comuns,
destacando-se aqueles formados por barramento natural de tributários ou pela dinâmica
de planícies de inundação, que isolam corpos d'água dando origem aos lagos fluviais. Já
estudos de lagos de conexão periódica ou desconexos de planícies fluviais são mais
restritos, podendo se destacar aqueles relacionados a depressões resultantes da dissolução
de rochas carbonáticas encobertas ou não, ou associadas a estruturas tectônicas. Processos
de dissolução também ocorrem em rochas vulcânicas, bem como em crostas lateríticas.
Sistemas lacustres não associados às planícies fluviais também podem ser originados por
processos de deflação, ou seja, a ação eólica forma depressões no relevo, que ao serem
preenchidas por água originam lagos. Em regiões brasileiras com grande sazonalidade,
como em clima semiárido e em tropical as depressões são preenchidas por água em épocas
de chuvas, e nem sempre são adequadamente estudadas sob a dinâmica lacustre sazonal.
Este capítulo apresenta uma revisão ampla de estudos científicos envolvendo
processos relacionados à gênese, dinâmica e geoformas de lagos, majoritariamente de
estudos realizados em Brasil. Foi realizado um levantamento da produção científica a
respeito da ocorrência e distribuição de lagos, procurando destacar o uso de diversos
métodos investigativos, bem como as escalas temporo-espaciais de análise. Os estudos
são relativamente mais numerosos nas regiões Norte e Centro-oeste do país (Figura 1).

Figura 1. Principais estudos sobre Sistemas Lacustres no Brasil.


166

Nota-se que investigações e interpretações sobre a origem de sistemas lacustres no


Brasil estão distantes de se extenuarem, o que justifica esforços da comunidade científica
para desvendar as nuances desses ambientes sob uma perspectiva da evolução
geomorfológica. Esses sistemas podem ser considerados como fonte importante de
inspiração para muitas pesquisas, já que possuem indícios para o entendimento de uma
sucessão de eventos, principalmente na história geológica e evolução climática recente.
2. ESTADO DA ARTE SOBRE FORMAÇÃO DE LAGOS DE
INTERIORES
2.1. Classificação e Processos de Formação de Lagos
Day (2006) menciona que cientistas desenvolveram formas de classificação de
lagos e suas características intrínsecas. Por exemplo, os geólogos, descrevem mais de cem
tipos diferentes de lagos com base em suas condições de formação. O referido autor
salienta que, em trabalhos mais recentes, a ênfase dos estudos descritivos deu lugar às
investigações dos processos atuantes na formação de dinâmica dos lagos. Quanto à gênese
de lagos destacam-se àqueles de origem glacial e periglacial, fluvial, vulcânico, tectônico,
costeiro, cárstico ou de dissolução, eólico e de barramento. Dadas às condições climáticas
e geológicas reinantes durante o Neógeno no Brasil, serão descritos aqui, os tipos de lagos
cuja existência é recorrente no país.
2.1.1. Lagos de origem tectônica
Os lagos de origem tectônica foram divididos em dois tipos por Tundisi & Tundisi
(2008), sendo um primeiro grupo originado por depressões resultantes de processos
epirogenéticos positivos ou negativos e um segundo grupo resultante de falhas
relacionadas à rupturas da crosta terrestre (Figura 2).
Sternberge (1950) descreve os lagos Manacupuru, Anamã, Badajós, Piorini e Miuá
na Planície Amazônica, como sendo originários de processos de ajustes isostáticos
epirognéticos. Onde a sobrecarga sedimentar deflagrou o neotectonismo em faixas de
fraqueza preexistentes na crosta, sob as camadas sedimentares mais novas que atualmente
nivelam a planície amazônica. Formando assim vales tectônicos, que foram aprofundados
por erosão e alagados formando os lagos.
Ainda na Planície Amazônica, Costa et al. (2010) relatam a existência de inúmeros
lagos piscosos, de grandes dimensões formados por barramentos tectônicos, resultantes
de falhamentos. Costa et al. (1996) afirmam que a variação de altitudes de norte para sul,
na região do Monte Roraima, sugere que falhas transcorrentes foram importantes
componentes do deslocamento de blocos, resultando em vales suspensos e lagos
decorrentes de canais fluviais bloqueados pelas falhas. Hayakawa & Rossetti (2012)
identificaram o mesmo processo de formação de lagos no médio e baixo curso do rio
Madeira, ao estudarem a rede de drenagem por meio de produtos de sensoriamento
remoto.
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Figura 2. Lagos por origem tectônica.

Na região sudeste do Brasil, na bacia do Rio Doce, em Minas Gerais, emergem


discussões valiosas quanto à origem do sistema lacustre local. De acordo com Castro
(2001), a gênese dos lagos pode ser explicada por duas grandes correntes interpretativas,
a primeira afirma que a gênese dos lagos estaria associada à colmatação de afluentes do
rio Doce, em função de oscilações climáticas advindas desde o Pleistoceno, identificadas
a partir de análises em sedimentos coluvionares e lacustrinos (MEIS, 1977; MEIS &
MONTEIRO, 1979; MEIS & TUNDISI, 1986). Neste caso, para os autores que advogam
esta corrente, a gênese dos lagos estaria relacionada ao barramento ocasionado por
colúvios. Para a segunda corrente a origem dos lagos estaria associada tectônica regional.
Barbosa & Kohler (1981), utilizando-se de fotografias aéreas e imagens de radar,
atestaram um intenso controle tectônico relacionado à direção dos lagos e dos
barramentos. Mello (1997) comprova de maneira irrefutável, a influência da tectônica na
evolução dos lagos, utilizando de dados neotectônicos e de seções sísmicas realizadas nos
lagos do rio Doce.
Saadi (2005) ao estudar os terraços fluviais e rampas coluviais identificou
evidências morfotectônicas que são compatíveis com o basculamento de blocos, que
controlam a rede fluvial e lacustre na bacia do rio Doce, corroborando os estudos
aventados acima. Já Faria (2013), estudou este mesmo sistema e constatou por meio de
cartografia morfométrica que não existe relação entre a colmatação das lagoas, forma das
bacias de contribuição e formato das lagoas, demonstrando que as condições ambientais
das lagoas se devem à tectônica Cenozoica.
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Neste tipo de processo tectônico ocorre um ajuste da drenagem na zona de falha,


promovendo mudanças no gradiente topográfico dos rios, o que provoca o afogamento de
canais tributários em suas desembocaduras e formação de lagos e, também abandono de
canais, resultantes de processos de avulsão e formação de paleocanais e entulhamento de
lagos.
2.1.2. Lagos de origem antrópica
Os lagos de origem antrópica podem ser originários de escavações artificiais,
superficiais ou subterrâneas, que são posteriormente preenchidas por água, ou
provenientes do barramento artificial (Figura 3) de cursos d'água (SPERLING, 1999).

Figura 3. Lagos por origem de barramento antrópico.

A sua maior expressão são aqueles formados a partir de barragens, que apresentam
geralmente grande porte, formato alongado e seguem o formato original do vale do rio
que foi barrado artificialmente. No Brasil, eles têm como principal objetivo a geração de
energia elétrica, mas podem também ser utilizados para irrigação, abastecimento
industrial e doméstico (SPERLING, 1999).
Os estudos sobre lagos resultantes de cava de mineração se tornaram mais
frequentes a partir da década de 1990. Diversos interesses permeiam a formação destes
lagos, como estudos de impactos ambientais, morfológicos, qualidade da água,
hidrológicos, biológicos e turístico.
Morfologicamente, são lagos geralmente afunilados e com profundidade acentuada,
possuem paredes rochosas abruptas e não possibilitam boa circulação da d’água (Figura
169

4). Hidrologicamente, ocorre interferência no lençol freático com uso de bombas de


sucção para rebaixamento do nível de água e a consequente possibilidade de extração do
minério. Ao cessar a retirada do minério cessa também a retirada de água, o que causa a
formação de um lago na cava da mina (CASTENDYK e EARY 2009).

Figura 4. Lagos por origem antrópica: cava de mina.

Esta dinâmica também interfere nos processos geomorfológicos como na


estabilidade dos taludes da mina, bem como no sistema de escoamento da drenagem
pluvial e fluvial das vertentes próximas à cava.
No que tange à qualidade da água, Zhao et al. (2009) agruparam os lagos em quatro
categorias: ácidos, neutros, salinos, com boa qualidade bacteriológica e físico-química.
De acordo com Gammons et al. (2009), os lagos de mineração de carvão mineral e de
ouro em rochas sulfetadas tendem a serem ácidos, causando graves consequências
ambientais.
A criação de lagos antrópicos acarreta a transformação de um ambiente lótico em
um ambiente semelhante ao lêntico, e esse fato emerge uma demanda por estudos e
pesquisas no que se refere à formação do lago relacionada ao uso e ocupação da área
inundada, questões climáticas (principalmente sobre evaporação e umidade), propagação
de vetores de doenças, dinâmica geomorfológica da drenagem e de encostas, abalos
associados ao peso da lâmina d'água, sedimentação do lago, eutrofização, questões sobre
perda genética de fauna e flora.
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2.1.3. Lagos originados por processos eólicos


Lagos originados por processos eólicos são também denominados de "Lagos de
Deflação" e "Lagos de Duna", ou seja, são àqueles formados pela ação do vento. De
acordo com Esteves (1998), o deslocamento de dunas, principalmente aquelas
desprovidas de vegetação, ao se acomodarem em um novo local, podem represar os
pequenos córregos, transformando-os em lagos (Figura 5).

Figura 5. Lagos de origem eólica: dunas.

Christiansen & Hamblin (2014) explicam que o processo de deflação ocorre quando
partículas soltas de areia e poeira são transportadas pelo vento a partir da superfície e
depositadas em outros locais, formando uma bacia de deflação no local que perdeu massa
pelo transporte eólico. Este processo ocorre comumente em regiões semiáridas ou
costeiras, onde ventos são intensos, ou onde a camada de vegetação foi removida pela
atividade de seres humanos e animais (Figura 6). Caso ocorram mudanças climáticas,
para condições mais úmidas, essas bacias de deflação podem ser preenchidas por água
formando lagoas perenes ou intermitentes, denominadas pans ou playas (SPERLING,
1999).
Klammer (1982) e Tricart (1982) sugerem que a origem do complexo Sistema
Lacustre da Nhecolândia inserida no Megaleque do Taquari, no Pantanal sul mato-
grossense, seja originada por processos eólico/fluviais, como herança de um paleoclima
semiárido. Já Clapperton (1993) contesta essa origem pela ausência de parâmetros
relacionados à estratigrafia, que balizem cronologicamente a evolução do Pantanal sob
modelo de ambiente de deflação e à formação de dunas em ciclos descontínuos
171

(ALMEIDA et al. 2003). Soares et al. (2003) asseguram que apesar do não
reconhecimento de dunas, existem feições eólicas compostas por areias brancas, finas e
bem selecionadas, que podem ser interpretadas como indício de um paleoclima árido e
frio, hodierno à última glaciação do Pleistoceno terminal. Zani (2008) aponta a
correspondência nas direções das lagoas e paleocanais na porção sudoeste do Megaleque
do Taquari com o lineamento Transbrasiliano com direção SW-NE, o que poderia suscitar
a participação do controle estrutural na forma e distribuição das lagoas. Em estudos mais
recentes, Oliveira et al. (2016) demonstraram que o alinhamento das lagoas é
correspondente, ou seja não possui aleatoriedade, afirmando que as direções NE e NW
corresponderiam à direção dos ventos no período de surgimento das lagoas da
Nhecolândia.

Figura 6. Lagos de origem eólica: deflação.

Latrubesse & Nelson (2001) apresentam uma explicação genética por processos de
deflação para o sistema lacustre no nordeste do estado de Roraima, no entorno da cidade
de Boa Vista. Segundo eles, o grau de preservação no local de formas de duna,
características estratigráficas, e a história climática de regiões vizinhas na América do Sul
tropical, indicam que as lagoas foram formadas por atividade eólica, provavelmente no
Neopleistoceno, mais especificamente durante o Último Máximo Glacial. Atualmente,
essas depressões são lagoas sazonais ou permanentes devido às chuvas e à oscilação do
nível freático. Nas proximidades dessa área, Meneses et al. (2007) determinaram outro
172

tipo de sistema lacustre, sugerindo a ocorrência de lagos e brejos em planícies savânicas


relacionados ao alcance de águas subterrâneas na superfície, que nas diferentes estações
climáticas afloram nas depressões do terreno ou nas áreas planas da superfície, que
ocupam a baixa planície nordeste do estado de Roraima, mais conhecida por lavrado. Ao
contrário do que atestam Latrubesse & Nelson (2001), nessa área não foi registrada a
presença de paleodunas, o que demonstra que mesmo essas lagoas estando em áreas muito
próximas existe a influência de algum fator do meio físico condicionando a gênese
distinta entre elas. A formação de bacias de deflação pode estar associada à processos de
dissolução em formações areníticas que possuem cimentação carbonática. Esse cimento
carbonático pode ser dissolvido por águas subterrâneas, deixando grãos de areia soltos,
que são transportados pelo vento mais facilmente, como exemplifica (CHRISTIANSEN
& HAMBLIN, 2014).
Pillmore (1976), ao estudar dois lagos profundos, no Novo México, constatou que
o processo de deflação parecia ser a sua origem mais provável. No entanto, a deflação
simples não poderia explicar a remoção de aproximadamente 1,5 a 3 metros de cascalho,
que estão no entorno desses lagos e que deveriam estar depositados antes da formação
das depressões pela ação do vento. Então, outros fatores foram aventados pelo autor,
como mudanças climáticas, seguidas por processos de eluviação. Primeiramente, em
condições mais áridas os sedimentos mais grosseiros foram acumulados por transporte
fluvial, formando uma barreira mais elevada em relação ao nível atual dos lagos.
Posteriormente, sob clima mais úmido, os arenitos arcoseanos, que estavam
topograficamente mais baixos, foram intemperizados, o que ocasionou a eluviação dos
grãos feldspáticos resultando em grãos de areia quartzosa soltos, facilitando a ação do
vento para formar e aprofundar as bacias.
Nas áreas adjacentes aos dois lagos estudados por Pillmore (1976), onde as barreiras
de pedimentos não se formaram, os arenitos arcoseanos foram amplamente decompostos
formando canais, onde ocorrem bacias de deflação de menor porte que a dos dois lagos.
Então, para os lagos que se originam por deflação, existem evidências de que uma
combinação de fatores é responsável pela formação dos lagos. A sua formação é resultado
do intemperismo mecânico causado pela água e vento, da formação de barreira
topográfica, além da dissolução de minerais, lixiviação e deslocamento em profundidade
dos minerais, disponibilização de areia solta na superfície, além de marcas de estrias de
abrasão em rochas e depósitos eólicos de areia.
2.1.4. Lagos formados por dissolução
Este tipo de lago é formado pela lixiviação de minerais das rochas causada pela
percolação de água terreno, o que causa depressões no relevo, que ao serem preenchidas
por água, formam lagoas (SPERLING, 1999). Esta dissolução ocorre preferencialmente
em rochas carbonáticas, pois o carbonato de cálcio é altamente solúvel sob ação de água
ácida, seja ela proveniente de chuvas ou por ação do lençol subterrâneo.
173

É importante destacar que para haver o fenômeno de carstificação é necessário que


existam fraturas nas rochas, permitindo que a água acidificada possa percolar e dar origem
ao carste e as depressões no terreno. A depressão que pode formar as lagoas cársticas é
denominada dolina; elas podem evoluir para uvalas, que são coalescências de dolinas,
resultantes da evolução superficial mais rápida em área do que em profundidade tendendo
a tomar forma elipsoidal quando derivam da conjugação de duas dolinas.
Vale destacar que o alinhamento das extensões diametrais das uvalas, geralmente,
está conectada à direção de fraturas da rocha e indica a direção de percolação prioritária
das águas subterrâneas. Portanto, outros fatores também necessitam ocorrer combinados
à dissolução, como a presença de estruturas menores dominadas por elementos tectônicos,
estratigráficos e litológicos (SILVA, 1984). No entanto, o processo de dissolução e
formação de depressões pode ocorrer também em rochas menos solúveis, desde que
existam alguns fatores favoráveis, como um longo período de exposição aos agentes do
intemperismo, existência de elementos facilitadores dessa dissolução, como presença de
minerais de ferro, matéria orgânica, ambientes básicos, ou ainda, características
climáticas (HARDT et al., 2009).
Existem sistemas lacustres formados por dissolução em rochas vulcânicas, como
atestam Maciel Filho et al. (2013), que identificaram depressões na região limítrofe do
Rio Grande do Sul e Santa Catarina, devido à alteração por dissolução da sílica do vidro
vulcânico. Embora produzindo alguma argila (alofana), este processo reduz o volume das
rochas ocasionando depressões na superfície. É importante destacar que em formações de
lagoas nesse tipo de rocha, os lineamentos estruturais também são considerados um
importante caminho para a infiltração da água e, consequentemente, para os processos de
dissolução.
Processos de dissolução semelhantes foram descritos na região da Patagônia
argentina na unidade geomorfológica denominada Meseta de Somuncurá, tratando-se de
um platô basáltico cenozoico com altitude que varia de 600 a 1000 m, coberto por
depósitos aluvionares e coluvionares recentes. A superfície plana das mesetas basálticas,
especialmente no sul da Patagônia, é marcada por depressões fechadas quase circulares
alagadas chamadas "bajos sin salida". O diâmetro dessas depressões varia de 10 a até
3000 m, com profundidades rasas (CORBELLA & LARA, 2008). Os mesmos autores
apresentam dois fatores como sendo os elementos chaves para a origem de tais destes; o
primeiro relacionado à dissolução de rochas subjacentes, formando um alvéolo subjacente
aos basaltos que, sem sustentação colapsa, formando a depressão; o segundo é o controle
tectônico como desencadeador da dissolução. Nesse ambiente, a drenagem é pouco
desenvolvida com direções principais de nordeste-sudoeste e noroeste-sudeste,
corroborando o controle estrutural na região (HIDROAR, 2014).
Já Sallun Filho & Karmann (2007) demonstram que dolinas em arenitos em Ponta
Grossa, no Paraná e em Jardim, no Mato Grosso do Sul, são fenômenos de colapso
gerados por ação de piping, ocasionado pela ampliação de um sistema cárstico subjacente,
174

profundo, em ambiente freático, nos carbonatos do substrato. E complementam que o


disposição de feições de superfície relaciona-se com o domínio das estruturas nos arenitos
e expressa direção de canais cársticos em profundidade. Portanto, nos dois casos não há
evidências de dissolução dos arenitos, mas processos cársticos em subsuperfície que
geram colapsos em superfície (MAACK, 1946; 1956; LE BRET, 1962; BIGARELLA et
al., 1994). A justificativa para este fato é que as dolinas não estão distribuídas ao longo
dos arenitos da Bacia do Paraná. Elas são restritas apenas a localidades em que são
encontradas rochas carbonáticas subjacentes.
Neste sentido, BERBERT-BORN (2002) afirma que no Carste de Lagoa Santa, em
Minas Gerais, ocorrem as “superfícies filíticas” que recobrem ampla área, onde os
carbonatos estão recobertos por rochas metapelíticas; neste domínio há ocorrências
indicativas de formas cársticas, que podem derivar de carstificação ocorrendo em
profundidade nos carbonatos. Nascimento & Morais (2012) observaram o mesmo
processo em carste encoberto por filitos e metarcóseos na cidade de Lagoa da Confusão,
no Estado de Tocantins. As lagoas (Ipucas) na Depressão do Médio Araguaia, estão
situadas em carste parcialmente encoberto e, além disso apontaram que os eixos dos lagos
estão associados ao alinhamento das falhas geológicas da região (MORAIS & PEREIRA,
2012).
Já Hardt (2011) apresenta uma área típica de formação de dolinas em arenito, ou
seja, proveniente do processo de intemperismo dos arenitos quartzosos, através da
dissolução parcial dos grãos de quartzo. Segundo este autor, tratam-se de depressões na
superfície que acumulam água na Serra de Itaqueri no estado de São Paulo. Essas lagoas
se formam em um arenito friável e mal selecionado, afetado por lineamentos estruturais.
As lagoas são sazonais, formam turfeiras. Além disso, a fina camada de arenito se
encontra superposta aos basaltos, o que permite o aparecimento de uma camada de argila
que ajuda na impermeabilização e consequente acúmulo de água, com tendência ao
processo de coalescência das lagoas, formando uvalas. Portanto, o alargamento das lagoas
é maior que seu aprofundamento.
Um estudo sobre sistema lacustre no oeste da Bahia apresenta a proposta
integradora de condições e processos para a gênese daqueles lagos. Tendo sido realizada
uma análise multiescalar que forneceu significativas evidências sobre o clima, litologia e
tectônica, permitindo definir o padrão da evolução das depressões que formam as lagoas
da bacia do Rio Grande, na região do médio São Francisco, e balizaram a proposta de
dois modelos de evolução geomorfológica para explicar a história da paisagem durante o
Holoceno (SANTOS, 2016). Por meio de dados obtidos por sensoriamento remoto,
morfometria, geoquímica, sedimentologia e micropaleontologia os sistemas lacustres do
médio rio Grande foram divididos em dois setores distintos. Evidências indicam que
fatores fisiográficos, além do clima, afetaram a dinâmica dessas lagoas. As características
estruturais, tectônicas e litológicas de seus substratos foram importantes condicionantes
de sua origem. Considera-se que a reativação de falhas pré-existentes e as características
175

litológicas são os fatores mais importantes para a gênese e dinâmica dos lagos (SANTOS
& CASTRO, 2016a; SANTOS & CASTRO, 2016b; JANONI et al. 2016; SANTOS et al.
2017).
Em outro ambiente, Mateus et al. (2016), ao examinarem depressões fechadas em
crostas bauxíticas em Espera Feliz na região leste de Minas Gerais, destacam que estas
feições resultam de diminuição da espessura pedogenética não sendo originadas por
aprofundamento do embasamento regional. Neste mesmo viés pedológico Alves (2014),
ao investigar a origem da depressão da Lagoa de Mandacaru em Maracaí no estado de
São Paulo, evidencia que os processos de latossolização de couraças lateríticas em
condições mais úmidas de hidromorfia deu início à formação da depressão. A evolução
de processos de iluviação contribuiu para seu o aprofundamento e alargamento. O autor
salienta que a estrutura geológica, principalmente fraturas e falhas nos basaltos também
foram importantes para a evolução e formação da lagoa.
Noronha (2009), ao pesquisar o sistema lacustre localizado sobre lateritas em
Palmeirópolis, no estado do Tocantins, afirma que as depressões lacustres, tiveram
origem a partir da dissolução da matriz internodular das couraças lateríticas. Estas
couraças são formadas por materiais pobres em ferro e apresentam vazios de dissolução.
As depressões topográficas do terreno se formam em crostas lateríticas que possuem
nódulos com comportamento de baixa que causam o preenchimento por água e
consequente formação dos lagos.
Destaca-se que lagos que possuem a dissolução como processo genético, estão em
grande medida associados a fatores que amplificam ou diminuem a dissolução; estes
fatores podem interferir na forma, extensão e profundidade das depressões. As falhas e
demais descontinuidades nas rochas podem ser consideradas como gatilho da dissolução
e ampliação em superfície e em profundidade gerando as depressões. A mineralogia
exerceria um papel importante na permeabilidade, interferindo preferencialmente na
percolação de água e, consequentemente, na sazonalidade das lagoas. A Figura 7
apresenta uma síntese dos tipos de lagos formados por dissolução em diferentes tipos de
litologias e seus processos associados.
Diante dos exemplos citados, nota-se que a feição "dolina" e o preenchimento de
água que origina uma lagoa de dissolução ocorrem em diferentes litologias. Geralmente,
essas dolinas estão relacionadas à lineamentos estruturais que permitem a percolação da
água e início do intemperismo químico, ocasionando depressões na superfície onde são
formadas lagoas.
176

Figura 7. Lagos formados por dissolução.


177

2.1.5. Lagos originados por processos fluviais


A dinâmica fluvial é responsável pela formação de diferentes tipos de lagos, que
estão relacionados à sedimentação e à dinâmica da planície de inundação dos rios
(SPERLING, 1999). Esse tipo de formação de lagos pode estar diretamente ligado à
processos tectônicos e de barramentos, já abordados anteriormente e que resultam em
mudanças na dinâmica do canal fluvial. Portanto, neste item será dada ênfase aos
processos de formações de lagos de várzea ou de inundação, provenientes da
hidrodinâmica fluvial.
Os sistemas lacustres associados à planícies de inundação possuem importante
papel ecológico e estreita relação entre a dinâmica de cheias e as características
geomorfológicas da planície. Rasbold et al. (2019), ao estudarem lagos das planícies de
inundação no Pantanal, por meio da estratigrafia e da análise de microfósseis dos
sedimentos lacustres, puderam perceber que os lagos respondem de uma maneira
complexa e, às vezes, indireta às mudanças climáticas, e acrescentam que a dinâmica do
sistema fluvial adjacente deve ser considerada ao interpretar a paleohidrologia e os
padrões de vegetação.
De acordo com França & Latrubesse (2001), os lagos de gênese fluvial são os de
maior representatividade no Brasil, devido à sua grande rede fluvial e por possuir quatro
das dez maiores bacias hidrográficas do planeta (Negro, Amazonas, Paraná e Madeira).
Esses mesmos autores elencaram vários tipos de lagos de planície de inundação, podendo-
se destacar os seguintes: lagos de canal abandonado encadeado; espiras de meandro;
espiras de meandro compostas; lagos de acreção lateral; lagos de canal abandonado;
oxbows; oxbows compostos; oxbows colmatados; lagos de vale bloqueado; e lagos de
diques marginais (Figura 8). De acordo com Drago (1976) e França & Latrubesse (2001),
esses lagos podem ser entendidos como:
- lagos de canal abandonado são aqueles em que uma ilha divide o fluxo de um
rio e, com a perda de energia e aumento da sedimentação de um dos canais, faz com
que a ligação entre eles seja colmatada e se transforme em um lago. Comumente
apresentam espelhos d’água estreitos e com o aumento longitudinal normalmente
sinuoso, podendo incluir longos trechos retilíneos;
- lagos de canal abandonado encadeado ocorrem quando um canal ativo une vários
lagos para formar os lagos descritos anteriormente;
- lagos de espiras de meandro constituem uma paisagem que integra vários
espelhos de água paralelos e estreitos organizados em semicírculo. Estes espelhos
de água preenchem as depressões entre espiras de meandros, que são elevações
observadas nas margens convexas dos meandros (margens internas) originadas pela
migração lateral do canal por erosão da margem côncava. Já lagos de espiras de
meandro compostas ocorrem quando existe apenas um espelho de água unindo os
lagos de espiras de meandro;
178

- oxbows; oxbows colmatados e oxbows compostos são resultado do


estrangulamento de um meandro que evolui para um sistema lacustre, os
colmatados são àqueles que possuem alto grau de assoreamento e os compostos
representam a junção de vários oxbows e se apresentam retilíneos;
- lagos de acreção lateral se originam quando uma porção da água de inundação
fica confinada nas zonas rebaixadas restritas devido à acumulações de sedimentos
de várias extensões e espessuras;
- lagos de vale bloqueado resultam da acumulação de sedimentos na
desembocadura de um tributário até evoluir para um sistema lacustre;
- lagos de dique marginal são lagos formados em áreas mais baixas da planície,
laterais ao canal, e paralelos aos diques marginais, que são entendidos como feições
deposicionais formadas basicamente de areia fina, com contribuição de silte e
argila; possuem posição mais alta que a planície adjacente sustentando vegetação
arbórea bem desenvolvida. Os diques marginais formam, assim, o conjunto de
partes altas nas planícies de inundação podendo, portanto, isolar a água acumulada,
formando os lagos.
Nota-se que existe uma diversidade de sistema lacustres no Brasil, desde suas
origens à morfologia, bem como a processos associados. As pesquisas relacionadas à
origem de sistemas lacustres são pouco consensuais, pois diferentes sistemas lacustres
podem se assemelhar em um dos elementos, como forma, ou mesmo geoquímica das
águas, porém diferem quanto a litologia, influência tectônica, processos de dissolução em
diferentes litologias.

Figura 8. Lagos de origem fluvial.


179

3. AVANÇOS E TÉCNICAS DE ANÁLISES EM PROCESSOS


LACUSTRES
Para estudar a origem, processos, formas e dinâmica de sistemas lacustres existe
uma gama variada de métodos investigativos, que podem ser realizados por diferentes
profissionais das ciências da natureza, o que justifica distintas perspectivas para explicar
um mesmo sistema. As Figuras 9a e 9b sintetizam importantes características de sistemas
lacustres brasileiros, quanto aos métodos utilizados na investigação e as propostas para a
gênese de lagos.
As pesquisas que têm como foco principal o entendimento sobre fatores e processos
formadores de lagos, bem como suas formas e distribuição espacial no âmbito da
geomorfologia, revelaram uma gama de métodos diversificados e, em grande medida
buscaram análises que contemplassem diferentes escalas espaciais e temporais. Essa
multiplicidade de métodos traz à baila uma visão integradora, ou seja, “o sistema lacustre”
é visto como um conjunto de feições geomorfológicas (depressões) resultantes de
conexões entre os elementos da superfície terrestre e o clima; além disso os sedimentos e
a água contidos nestas depressões resultam das interações biogeoquímicas.
De acordo com Huggett (2011), essas interconexões ilustram as tendências atuais
de pesquisas geomorfológicas, que têm como foco uma perspectiva histórica que
investiga as causas e efeitos das mudanças de regimes e processos, tomando como base
estudos sobre tectônica, estimativa de precipitação e cobertura vegetal que em longo
prazo revelam a interação entre o relevo e o clima. Outra característica importante
resultante da análise do estado da arte de sistemas lacustres sob uma ótica geomorfológica
foi a constatação de uma variedade de ferramentas metodológicas capazes de fornecer
importantes informações sobre a evolução da paisagem.
Segundo Jain et al. (2012), os avanços tecnológicos das últimas décadas têm
influenciado consideravelmente a pesquisa geomorfológica, principalmente em
aplicações do sensoriamento remoto e geoprocessamento, que permitem a análise da
paisagem em maiores escalas e o grande impulso fornecido por avanços nos métodos
cronológicos em termos de datações para determinação das taxas e processos de
deposição. Huggett (2011) salienta que a percepção escalar na análise geomorfológica
aponta para a importância no cruzamento de escalas, onde a alta resolução, em estudos
baseados em processos de pequena escala podem ser usados para explicar o padrão da
paisagem.
180

Figura 9a. Síntese de Sistemas Lacustres Brasileiros.


181

Figura 9b. Síntese de Sistemas Lacustres Brasileiros.


182

Dentro desse contexto, destacam as pesquisas com uso do sensoriamento remoto


para estudar o padrão da paisagem. Tanto para fins de classificação de imagens, que
permitiram a análise da sazonalidade dos lagos devido principalmente à resposta espectral
baseados na umidade tanto da lâmina d’água, quanto da vegetação circundante. Não
obstante, imagens de satélite e de radar possibilitam também estudos sobre os padrões de
lineamentos regionais, bem como dos eixos principais de lagoas alongadas, como
parâmetros comparativos, buscando correspondência entre a estrutura do substrato,
podendo também ser comparado com o padrão de direção dos ventos. E por fim, mas não
menos importante, produtos de sensoriamento remoto são passíveis de serem utilizados
para análises morfométricas de lagos, bem como a aquisição de dados topográficos que
permitem os registros de suas formas e profundidade. Tais análises contemplam também
as bacias hidrográficas, nas quais os sistemas lacustres estão inseridos. Portanto, a análise
de propriedades como: assimetria de bacias, densidade e anomalias de drenagem podem
revelar informações importantes sobre o contexto tectônico/litológico, que possivelmente
exerce influência na origem e dinâmica de sistemas lacustres (OLIVEIRA et al., 2016;
SANTOS & CASTRO, 2016b; HAYAKAWA & ROSSETT, 2012; FRANÇA &
LATRUBESSE, 2001).
Devido à morfologia, as lagoas funcionam como acumuladoras de soluções e de
cargas sólidas, as características hidroquímicas e sedimentológicas dos lagos podem
revelar a interação destes com o clima e a litologia, nos quais estão inseridos. A análise
da geoquímica da água dos lagos pode auxiliar a esclarecer informações sobre a
sazonalidade, que por sua vez possui dois fatores a serem investigados, o clima e a
interação água/substrato. A maior concentração de íons reflete a flutuação sazonal das
lagoas, processos de seca podem induzir processos de precipitação, alteração e
neoformação de fases minerais e a interação com material orgânico produz condições
variáveis de pH (BERBERT-BORN, 1998). A concentração de íons em solução na água
também pode ser justificada pelos processos recentes de alteração dos minerais que
compõem as rochas do entorno dos lagos e que se concentram por processos de
colmatação (PARISOT & REBOUÇAS, 1983). Rochas pouco permeáveis podem indicar
maior permanência de água, contrastando com substratos mais permeáveis; no primeiro
caso a geoquímica da água refletiria maior influência litológica do que atmosférica; já no
segundo caso, com rápida infiltração hídrica vertical e menor residência de água, refletiria
maior influência atmosférica que litológica em suas características geoquímicas
(SANTOS & CASTRO, 2016a).
Os sedimentos depositados em ambientes lacustres constituem importantes
arquivos que fornecem informações de natureza química, física e biológica, uma vez que
os sedimentos são formados em sucessão temporal e de modo sequencial, passíveis de
serem interpretadas, possibilitando a reconstituição das mudanças relativas ao ambiente
de sedimentação, no que tange a taxas e processos (MOZETO, 2004). O conteúdo
sedimentar possibilita a interpretação de alguns fatores e processos determinantes para a
183

configuração do sistema lacustre, podendo se destacar a fonte dos materiais inorgânicos,


a porção alóctone traduzia por processos de erosão e transporte, enquanto porções
autóctones e autigênicas refletiriam os processos químicos endógenos; interação
sedimento/água são importantes para a granulometria e variações nas taxas de
sedimentação; e os efeitos na produtividade orgânica (BERBERT-BORN, 1998).
Dentre os estudos paleoambientais quaternários baseados em sedimentos
biogênicos destacam-se pesquisas de palinofácies, que consistem no estudo de grãos de
pólen, dos esporos e outras partículas microscópicas de origem biológica contidos nos
sedimentos. Estes microfósseis são chamados de palinomorfos, e são utilizados para a
reconstrução de paleovegetação e paleoclima (SALGADO-LABOURIAU, 2007). De
acordo com Tyson (1995), os palinomorfos são divididos em matéria orgânica
particulada (grãos de pólen, esporos, algas, zoomorfos, quitinozoários e acritarcos),
fitoclastos (bioestruturados ou não bioestrututados) e matéria orgânica amorfa (MOA).
Pesquisas relacionadas à reconstituição paleoambiental e paleoclimática, por meio de
palinofácies em sistemas lacustres brasileiros têm proporcionado ricas interpretações da
evolução ambiental ao longo do Quaternário (PARIZZI, 1993; BEHLING, 1995;
PAROLIN, 2001; MEYER et al., 2005; PAROLIN et al., 2006; FERNANDES, 2008;
NASCIMENTO et al., 2005; PERÔNICO & CASTRO, 2009; SILVA et al., 2010;
BARTH et al., 2013; FONSECA-SILVA et al., 2015).
Alguns estudos sobre microfósseis silicatados vêm sendo utilizados para
reconstituições paleoambientais e paleoclimáticas, por meio de conteúdo microfossilífero
(espículas de esponjas, fitólitos, frústulas de diatomáceas), também denominados de
dados proxy. Tais estudos revelam a dinâmica paleoambiental e vêm sendo realizados a
partir da investigação de sedimentos lacustres, com objetivos comuns de entendimento
das últimas mudanças climáticas globais e ação da tectônica no Quaternário. Tais
trabalhos partem da interpretação de elementos geomorfológicos, geológicos, datações
absolutas e análise de bioindicadores micropaleontológicos (proxy records) presentes nos
depósitos de sedimentos lacustres e aluviais. A potencialidade da emprego das espículas
de esponjas como dados proxy em estudos paleoambientais e paleoclimáticos advém do
ciclo de vida das esponjas continentais. Isso porque dependem de condições ideais de
água (bem oxigenadas e ricas em sílica) para sobreviver, e caso ocorra algum estresse
hídrico (seca ou congelamento) as esponjas são capazes de modificarem de configuração
e função, segundo estes novos estímulos ambientais. Além disso, cada espécie precisa de
atributos próprios para sobreviver como atestam: Parolin et al., (2009); Parolin et al.,
(2006); Volkmer-Ribeiro et al. (2007); Kuerten et al. (2011); Almeida et al. (2009);
Guerreiro et al., (2013); Kuerten et al., (2013); Santos et al., (2016); Rasbold (2019).
A partir da análise de características dos sedimentos clásticos, como seu tamanho,
grau de arredondamento, seleção, mineralogia e cor dos grãos dos depósitos lacustres
podem ser inferidas informações das características paleoambientais dos depósitos, como
área fonte, agente de transporte (ex. fluvial, eólico, glacial etc.), condições climáticas e
184

influência da tectônica. Harris et al. (2013) afirmam que os sedimentos clásticos podem
derivar de entrada eólica ou fluvial (correntes de densidade, depósitos deltaicos), mas
também podem ser de uma ação coluvial marginal, especialmente durante períodos de
mudança de nível de água do lago. Destaca-se aqui estudo voltados para a identificação
mineralógica dos sedimentos, principalmente técnicas de Difração de Raios X, capazes
de identificar a mineralogia das argilas, visto que estes minerais podem revelar
características chave para inferir mudanças na área de origem, paleoclimáticas, e
ambientes de sedimentação (MAYAYO et al., 1996; INGLÈS et al., 1998; SÁEZ et al.,
2003). Huyghe et al. (2011) destacam que podem ser úteis para estudos regionais, visto
que podem ser divididas em dois grupos, sendo um de origem detrítica/alogênico e outro
pedogenético/autigênico. No primeiro grupo argilas alogênicas dependem da composição
mineralógica da rocha geradora, já o grupo autigênico é resultante da transformação in
situ de minerais precursores.
Diante disto, a caracterização dos sedimentos lacustres pode servir como uma
evidência de mudanças na paisagem, produzindo sinais sobre as taxas de desnudação da
mesma, sobre a força dos processos de deflação regional e sobre a dinâmica da vegetação
e/ou atividade tectônica.
4. CONCLUSÃO
O trabalho organizou um panorama sintético acerca das ocorrências de pesquisas
relacionadas aos sistemas lacustres no Brasil. A análise integrada dos elementos
formadores da paisagem lacustre por meio de diferentes métodos e técnicas das
geociências, bem como a natureza multiescalar pode ser considerado de grande valia para
esta interpretação, revelando a importância do papel da geomorfologia e de sua relação
com outras ciências, desempenhando um importante papel no avanço da compreensão de
paisagens lacustres. A utilização de ferramentas de sensoriamento remoto e análises
morfométricas se destacaram dentre os métodos utilizados, proporcionando uma
interpretação satisfatória tanto em escala regional, quanto aos padrões de forma e direções
preferenciais dos lagos. A análise de dados sedimentológicos, cronológicos,
microfossilíferos, geoquímicos e granulométricos mostra-se de grande relevância para a
interpretação evolutiva e dinâmica de lagos. Análises geofísicas apareceram de forma
tímida, dentre os trabalhos pesquisados. No entanto, apresentam um grande potencial
elucidativo, mostrando-se como ferramentas promissoras para futuras pesquisas.
Do que foi levantado, conclui-se que pesquisas sobre sistemas lacustres no Brasil
ainda é incipiente, e discrepante entre as regiões, destacando as regiões norte e centro-
oeste com maior número de pesquisas. Por fim, o trabalho evidencia a importância de
perspectivas sistêmicas e a necessidade da realização de trabalhos mais integrados e
intensivos para ampliar o conhecimento sobre esta temática no âmbito da Geomorfologia
brasileira.
185

Agradecimentos
Agrademos à Engenheira Geóloga Elis Figueiredo Oliveira pela elaboração das
ilustrações deste capítulo.
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