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MURILO RUBIÃO
Palavras-Chave: DRAMATURGIA DO CONTO, MURILO RUBIÃO, REALISMO MARAVILHOSO
Autoras:
LUISA HELENA VANONI PEIXOTO [UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS]
Prof./ª Dr./ª ISA ETEL KOPELMAN (orientadora) [UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS]
INTRODUÇÃO:
Este projeto de pesquisa partiu do anseio de escrever uma dramaturgia a partir de dois contos de
Murilo Rubião em meio ao caos urbano e à atual realidade brasileira. Visto que, o escritor mineiro aborda
a temática do ser humano e seu cotidiano através de um olhar cético e pessimista, tomei como ponto de
partida os assuntos e cenários que permeiam os contos A Armadilha e O Edifício. Meu principal objetivo
era de abordar uma prática criativa dramatúrgica a partir dos temas presentes nos contos e as absurdidades
humanas a partir dos temas motores, os quais são, a improbabilidade cotidiana e a solitude urbana, através
de uma experimentação da escrita dramatúrgica, e com isso, refletir sobre as questões das teorias
dramáticas implicadas nesse processo de criação.
Como metodologia realizei andanças e conversas informais pela cidade de Campinas e São Paulo,
caminhei por bairros históricos, adentrei prédios com histórias inacreditáveis e conversei com moradores
e funcionários dos mesmos. Tomei como base o livro Walkscapes de Francesco Careri e o documentário
Edifício Master de Eduardo Coutinho, além das leituras Teatro do Absurdo de Esslim, Da Literatura ao
Palco de Sinisterra, e dramaturgias que flertassem com a estética do absurdo, as quais me auxiliaram na
prática da escrita. E assim, tentei reunir histórias urbanas reais e inventadas em uma dramaturgia, que
tivesse pinceladas do realismo fantástico e seu precursor- Murilo Rubião.
METODOLOGIA:
I. Eixo da teoria
A princípio estudei e analisei os contos O Edifício e A Armadilha de Murilo Rubião com base no
livro Da Literatura ao palco – dramaturgia de textos narrativos, de José Sanchis Sinisterra, o qual explora
ferramentas para dramatizar textos não dramáticos. As principais ferramentas utilizadas durante a pesquisa
estão sendo os cinco âmbitos de articulação dramatúrgica, divididos em: temporalidade, espacialidade,
personagens, discurso e figuratividade. O autor sugere, a partir de tais, questionamentos a serem
no âmbito de personagem –
• Que sujeito(s) do conto se encarrega(m) de sua concretização?;
• Há sujeito(s) alheio(s) incorporado(s) na ação dramática?;
• Que hierarquia dramática se estabelece entre as personagens?;
• Através de qual ponto de vista é oferecida a história?;
no âmbito do discurso -
• Que papel desempenham o silêncio, o implícito e o não dito no processo comunicacional?
• Como se articulam as rubricas e as respostas no texto dramático?
no âmbito de figuratividade -
• Que grau de autoconsciência o “mundo possível’ configurado pela ação dramática oferece?
• Em que medida as personagens reconhecem como verossímeis as circunstâncias do mundo
ficcional?
• Que crenças, princípios, valores, tabus, ideias, sentimentos e sentidos a fábula e a ação
dramática põem em jogo?
Após rascunhar e pensar as respostas para os questionamentos acima, iniciei a escrita dramatúrgica a partir
dos contos, de modo que tais respostas estão presentes na criação dramatúrgica, e funcionassem como
balizas para a escrita, e não como restrições. E assim, caso sentisse necessidade, poderia ter a liberdade de
mudança e invenção. Com isso, descobri as inúmeras possibilidades que o teatro traz para o conto, como
a possibilidade de espaços alternativos, alternar a ordem pré-estabelecidas dos acontecimentos e a relação
entre estética da cena e o vínculo que as personagens possuem entre si.
O âmbito de figuratividade, em especial, foi de extrema importância para, a partir dele, dar início
ao estudo e pesquisa do Teatro do Absurdo. De modo que, o Teatro do Absurdo não se encaixa nas crenças,
leis físicas, circunstâncias, diálogos e imagens no “mundo possível”, mas sim num mundo figurado pelo(a)
dramaturgo(a). Sendo os únicos elementos verossímeis à realidade os sentimentos presentes nas relações
CONCLUSÕES:
O objetivo geral desse projeto foi desenvolver uma escrita que manifestasse os desejos que tenho
em retratar a cidade com uma lupa- investigar moradores, edifícios, ruas, arquiteturas, e meu próprio
indivíduo subjetivo em encontro com Rubião e o fantástico. Destarte, pode-se afirmar que o objetivo foi
alcançado, visto que a dramaturgia foi realizada, mesmo que ainda com desejos de ser alterada e dar a ela
continuidade num futuro próximo. No momento, vislumbro o término do artigo e uma possível encenação
de uma das cenas da dramaturgia feita, no Festival de Cenas Curtas (CENCU) do Departamento de Artes
Cênicas, concebido no primeiro semestre de 2022 por alunas e alunos de artes cênicas da Unicamp, e com
isso, abrir para o público um dos resultados desta pesquisa.
BIBLIOGRAFIA