Apostila Módulo 3 - SUAS
Apostila Módulo 3 - SUAS
Apostila Módulo 3 - SUAS
à Criança e ao
Adolescente
Vítima ou
Testemunha de
Violência
Módulo 3
O Sistema Único de Assistência
Social (SUAS) e as Políticas de
Atendimento Integradas
Significado dos Ícones da Apostila
Para facilitar o seu estudo e a compreensão imediata do conteúdo apresentado, ao longo de
todas as apostilas, você vai encontrar essas pequenas figuras ao lado do texto. Elas têm o objetivo
de chamar a sua atenção para determinados trechos do conteúdo, com uma função específica,
como apresentamos a seguir.
Quando vir este ícone, você deve refletir sobre os aspectos apontados, relacionando-
os com a sua prática profissional e cotidiana.
SUMÁRIO
Apresentação e Guia de Estudos do Módulo 3 4
Aula 1: As políticas de atendimento integradas e as medidas de
proteção 5
1.1 As diretrizes gerais que orientam a atuação do SUAS no
Sistema de Garantia de Direitos da Criança e do Adolescente
Vítima ou Testemunha de Violência 5
1.2 Medidas de proteção e assistência previstas na
legislação 8
1.3 Crimes Tipificados pelo Estatuto da Criança e do
Adolescente e pela Lei 13.431/2017 17
Aula 2: A atuação do SUAS na rede de atendimento e proteção
de crianças e adolescentes vítimas ou testemunha de
violência 20
2.1 O princípio da matricialidade sociofamiliar 20
2.2 A oferta do SUAS: unidades e serviços 27
2.3 Gestão e Governança do SUAS no Sistema de Garantia
de Direitos da Criança e do Adolescente Vítima ou
Testemunha de Violência 32
2.4 A Intersetorialidade na Lei 13.431 34
2.5 Comissão Intersetorial de Enfrentamento à Violência
contra Crianças e Adolescentes 39
2.6 Pacto Nacional pela Implementação da
Lei 13.431/2017 41
REFERÊNCIAS E SUGESTÕES BIBLIOGRÁFICAS 44
Apresentação e Guia
de Estudos do Módulo 3
Neste módulo, vamos conhecer quais são as diretrizes que orientam as políticas de atendimento
integradas e as medidas de proteção à criança e ao adolescente vítima ou testemunha de violência,
trazendo uma abordagem focada na atuação do SUAS.
Dessa forma, dedicaremos uma atenção especial no papel do SUAS na rede de atendimento e
proteção de crianças e adolescentes vítimas ou testemunhas de violência.
Bons estudos!
4
Aula 1
As políticas de
atendimento
integradas e as
medidas de proteção
1.1 AS DIRETRIZES GERAIS QUE ORIENTAM A ATUAÇÃO DO SUAS NO SISTEMA DE
GARANTIA DE DIREITOS DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE VÍTIMA OU TESTEMUNHA DE
VIOLÊNCIA
Como já estudamos ao longo dos Módulos I e II, o atendimento às crianças e adolescentes em
situação de violência, sejam eles vítimas ou testemunhas, deve ser realizado de forma articulada e
condizente a um conjunto de políticas públicas que são, em grande parte, executadas em âmbito
municipal. Isto significa que o município é o ente federativo competente para mobilizar, organizar
e articular um vasto conjunto de unidades que envolvem os sistemas de justiça, de segurança
pública, de assistência social, de educação e de saúde, apropriado à realidade de cada território.
Nesse sentido, a forma como o atendimento é realizado varia de acordo com a situação de
cada município, conforme suas potencialidades e limitações. Entretanto, há normativas gerais que
estabelecem e orientam as ações dos variados sistemas. Ou seja, embora não haja um modelo único
e uniformizado de atendimento no Sistema de Garantia de Direitos da Criança e do Adolescente
Vítima ou Testemunha de Violência, existem diretrizes que norteiam a atuação do Sistema Único
de Assistência Social (SUAS) e dos demais sistemas que integram a rede de atendimento à criança
e ao adolescente em situação de violência. Vamos conhecer, a seguir, oito dessas diretrizes que são
aplicáveis a qualquer órgão ou equipamento do SGDCA por força da Lei 13.431/2017:
5
I - Abrangência e Integralidade
• A situação de violência que envolve crianças e adolescentes é complexa, uma vez que se dá
por diversas razões, com variadas formas de manifestações e abrange uma multiplicidade
de aspectos. Então, é fundamental que todos os/as agentes corresponsáveis pelo
atendimento saibam como atuar no caso a fim de garantir um atendimento qualificado e
evitar a violência institucional e/ou revitimização. Por isso a importância do/da profissional
ter acesso à oportunidade de estar sempre se capacitando e se atualizando.
• Cada serviço deve realizar articulação com demais serviços, a fim de facilitar o
encaminhamento das famílias, informando o local correto para onde devem se deslocar e
demais informações necessárias para possibilitar o atendimento que o indivíduo necessita.
Importante também monitorar ou acompanhar os encaminhamentos realizados,
identificando a efetividade do encaminhamento e possibilitando identificar dificuldades e
alinhar compromissos. Isso evita que as pessoas se desloquem para vários lugares, sem, no
entanto, conseguir atendimento.
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V - Celeridade do atendimento
• O atendimento deve ser realizado de forma imediata, se for após a revelação da situação
de violência, ou o mais rápido possível. O Poder público deve considerar as estatísticas
que apontam que grande parte da violência cometida contra crianças e adolescentes
ocorre no período noturno, finais de semana e feriado, ou seja, quando parte considerável
das unidades de atendimento estão fechadas. Logo, se faz necessário traçar estratégias
que proporcionem o atendimento rápido pelas unidades que possuem atendimento em
regime de plantão, com devidos encaminhamentos para demais serviços necessários,
assim que possível.
• Essa prioridade deve ser dada, inclusive em ações preventivas. A prevenção pode ser
realizada, dentre outras ações, por meio de campanhas de conscientização e orientação
de cunho coletivo ou, através de ações específicas junto às famílias, sobre à violação dos
direitos das crianças e adolescentes.
• É preciso que todas as intervenções a serem efetuadas sejam justificadas sob o ponto de
vista técnico, evitando-se aquelas de cunho meramente formal e burocrático.
• É essencial que o Poder Público crie mecanismos que possibilitem uma contínua avaliação
do atendimento que vem sendo realizado a fim de analisar a qualidade e eficiência das
ações implementadas, seja por meio de auto-avaliação dos serviços, ou criar formas de
avaliação pelos usuários nos serviços e ainda o exercício do controle social e participação
nos conselhos de direitos e comissões.
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• A avaliação deve ocorrer tanto no espaço individual quanto coletivo. Logo, cada
profissional, unidade de atendimento e órgãos responsáveis devem avaliar a efetiva
realização, qualidade e eficácia do seu atendimento (Ministério Público, Conselho Tutelar,
Poder Judiciário, CMDCA e gestor de cada política) a fim de aperfeiçoar a política pública e,
portanto, o atendimento (Lei 13. 431 de 2017 e de DIGIÁCOMO; DIGIÁCOMO, 2018).
Essas diretrizes determinam e orientam tanto a gestão do SUAS, nos três entes federativos,
quanto os/as profissionais que realizam o atendimento e acompanhamento da população dentro
de suas competências. Conhecendo-as, delimita-se aquilo que cabe ao SUAS realizar, contribuindo
para a garantia do atendimento integral, eficaz e de qualidade. Este tema será abordado com mais
detalhes em nossa próxima aula.
Após estudarmos sobre as diretrizes gerais que orientam o SUAS e demais atores do SGD, é
hora de conhecer as medidas de proteção e assistência que nortearão ações no cuidado à criança
e ao adolescente vítimas ou testemunhas de violência.
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Mas afinal, o que entendemos por medidas de proteção e assistência?
São mecanismos legais que visam o atendimento imediato nos casos de ameaça ou
violação dos direitos humanos de crianças e adolescentes a fim de cessar o risco,
proteger e garantir a efetivação dos direitos.
Com base nesta definição, vamos elucidar sobre as medidas de proteção e assistência às
crianças e adolescentes vítimas ou testemunhas de violência que estão expressas, implícita ou
explicitamente, nos dois principais instrumentos jurídicos dessa categoria: O Estatuto da Criança e
do Adolescente e a Lei 13.431/2027.
Em consonância com essa assertiva, podemos ver que o artigo 4º do ECA dialoga com o artigo
227 da Constituição Federal de 1988, que estudamos no módulo 1, quando preceitua:
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Neste sentido, o ECA prescreve as Medidas Protetivas que embasam algumas ações,
dividindo-as em duas partes. O primeiro conjunto de medidas se encontra no Artigo 101 e diz
respeito à atenção à criança e ao adolescente com foco no cuidado da família, na criação de
políticas públicas e de inclusão de projetos e programas que visam o fortalecimento dos vínculos
familiares e comunitários. Entendemos que essas medidas podem ser aplicadas de forma isolada
ou cumulativamente e, dependendo da demanda, podem ser substituídas se forem observadas
todas as formalidades e protocolos. Ademais, os incisos deste artigo nos reforçam a importância
da permanência da criança na família de origem, apontando o acolhimento em abrigo ou família
substituta como medidas excepcionais e provisórias que devem ser tomadas quando esgotarem
todas alternativas e possibilidades de proteção.
O segundo conjunto de medidas protetivas está previsto no Artigo 129 do ECA e é destinado aos
pais e/ou responsáveis, tendo por objetivo dar atendimento não só à vítima de maus-tratos, mas,
sempre que possível, ao/à agressor/agressora. Dessa forma, não se trata de aspectos punitivos,
mas, sim, de possibilitar a reeducação, socialização e orientação para a família desenvolver uma
convivência mais harmônica e saudável. A finalidade é, então, uma proteção ancorada na ideia
de se manter as crianças em seu ambiente familiar, evitando a reincidência da agressão ou a
transferência das crianças para abrigos ou família substituta (BRASIL, 2002, p.169).
Ilustramos, a seguir, a aplicação dessas medidas protetivas com uma narrativa de um caso real.
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• O padrasto e a mãe foram denunciados ao Ministério Público para tomar as devidas
providências. O padrasto perdeu a guarda dos filhos e aguarda, em liberdade,
julgamento por tráfico de drogas e homicídio. A mãe foi encaminhada para uma
instituição para tratamento, porém fugiu e continua nas ruas usando drogas.
• Os vizinhos obtiveram a guarda das crianças menores e estão em acompanhamento
pelo PAIF e as crianças são atendidas pelo SCFV;
• Laura e Sofia foram acompanhadas pela Saúde e, depois, o pai biológico, que mora
em outro município, assumiu a guarda e a família passou a ser acompanhada pelo
PAEFI da cidade.
• A irmã mais velha foi morar com uma tia materna.
O caso de Laura e Sofia é um exemplo de aplicação das medidas protetivas estabelecidas pelo
ECA. Nesta demanda, foram considerados diversos fatores na tomada de decisão: o conhecimento
do serviço sobre a as potencialidades e vulnerabilidades e riscos vividos pela família; o acesso a
benefícios e auxílios; os relatos dos moradores; os vínculos das crianças, tanto com o pai biológico,
quanto com os vizinhos. Vimos que as crianças foram distanciadas dos/das agressores/agressoras
sem perder o direito de conviver com as pessoas pelas quais tinham afeto e se sentiam protegidas.
Consideramos importante ressaltar, nesta abordagem, a participação da rede de proteção aqui
mencionada: o CRAS, Conselho Tutelar, o Ministério Público, uma entidade socioassistencial e o
CREAS. Graças à articulação destes atores foi possível aplicar as medidas protetivas para o cuidado
das crianças.
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I - elaboração de plano individual e familiar de atendimento, valorizando a participação
da criança e do adolescente e, sempre que possível, a preservação dos vínculos
familiares;
II - atenção à vulnerabilidade indireta dos demais membros da família decorrente da
situação de violência, e solicitação, quando necessário, aos órgãos competentes, de
inclusão da vítima ou testemunha e de suas famílias nas políticas, programas e serviços
existentes;
III - avaliação e atenção às situações de intimidação, ameaça, constrangimento ou
discriminação decorrentes da vitimização, inclusive durante o trâmite do processo
judicial, as quais deverão ser comunicadas imediatamente à autoridade judicial para
tomada de providências; e
IV - representação ao Ministério Público, nos casos de falta de responsável legal com
capacidade protetiva em razão da situação de violência, para colocação da criança ou
do adolescente sob os cuidados da família extensa, de família substituta ou de serviço
de acolhimento familiar ou, em sua falta, institucional.
Fonte: Lei 13.431 de 2017.
Já o Decreto 9.603/2018 dedicou toda a Seção I, Capítulo II, ao Sistema de Garantias de Direito,
compreendendo os artigos 7º ao 18. Como já mencionado outras vezes no decorrer do curso,
o Decreto 9.603/2018 complementa a Lei 13.431/2027 e, consequentemente, o Estatuto da
Criança e do Adolescente, especificando medidas protetivas às crianças e adolescentes vítimas ou
testemunhas de violência. A fim de evitar que o conteúdo fique exaustivo e com longas citações
literais, destacamos, sucintamente, os temas abordados nesses artigos nos tópicos seguintes:
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tradicionais, incluindo a necessidade de interação com a FUNAI quando se
tratar de grupos indígenas.
A seguir, traremos um exemplo, de caso real, que mostra como as medidas de proteção são
necessárias e como foram aplicadas.
Kely é uma pré-adolescente que é atendida junto com dois irmãos mais novos no
Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos. O pai de Kely é falecido e ela mora
com a mãe em um conjunto habitacional. Certo dia, chegou na instituição com uma
marca da sola de uma sandália no rosto. O fato chamou muita atenção dos profissionais
e dos outros adolescentes. Conversando com Kely, ela relatou que havia apanhado
da mãe, naquela manhã, por se negar a cuidar dos irmãos mais novos. Disse, ainda,
que sua mãe estava alcoolizada naquele dia e que achava que também estava usando
"porcarias" (entorpecentes). Além disso, vizinhos da Kely disseram que escutaram
muitos gritos durante a madrugada, vindos da casa, e que havia presença de muitos
homens. Após ouvir os relatos, o Conselho Tutelar foi acionado e este acionou a Polícia
Militar. Kely foi para a casa de uma madrinha e os dois irmãos para o abrigo. A mãe
perdeu a guarda das crianças. O processo da família seguiu por dois dolorosos anos
até que as crianças e Kely fossem ouvidas: Kely não gostava da madrinha e tinha afeto
por uma tia materna que também gostava dela e dos irmãos. Após serem ouvidas, as
crianças foram retiradas do abrigo e Kely da casa da madrinha. Hoje, os três irmãos
moram com a tia. A mãe é acompanhada pelo Centros de Atenção Psicossocial (Caps) e
presta serviços na Secretaria de Assistência Social do Município onde é acompanhada
para construção da autonomia e estabelecimento dos vínculos afetivos com os filhos.
Ela ainda precisa de apoio e, por isso, a família extensa foi mobilizada para auxiliar no
cuidado com ela. O PAEFI acompanha a família e as crianças participam do SCFV. Os
vínculos sociais e familiares estão se fortalecendo e a convivência é afetuosa e tranquila,
mas com a ampliação do número membros e apenas um provedor com renda fixa, a
família está recendo benefícios eventuais e benefício de transferência de renda.
Duas questões que gostaríamos de pontuar neste atendimento: o primeiro foi o fato de
escutarem as crianças somente dois anos após os eventos de violência. Quanto sofrimento
poderia ter sido evitado se a fala da criança fosse considerada desde o início dos procedimentos.
Precisamos considerar que, naquele momento, a criança/adolescente não é parte do processo, ela
é o centro da ação, por isso é imprescindível garantir a escuta através do Depoimento Especial e
na aplicação das medidas de proteção a fim de evitar a revitimização, princípio fundamental da Lei
13.431/2017 e deste curso.
A segunda questão importante foi o fato de que outras crianças que foram testemunhas da
situação de violência também foram escutadas e, posteriormente, acompanhadas pela equipe do
SCFV. Isso porque recomenda-se que os envolvidos no processo de intervenção devem entender
que as situações de violência experienciadas provocam impactos na trajetória dos indivíduos e,
por esta razão, requer sensibilidade para se transformar a situação (BRASIL, 2014).
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1.2.3 Medidas preventivas à violência contra crianças e adolescentes
Além das medidas protetivas e assistenciais, cumpre-nos abordar a
importância das medidas preventivas, embora não expressas na Lei 13.431/2017.
Elas são de fundamental importância, pois trata-se de ações que o SGDCA
pode assumir antes que se efetivem situações de violência contra crianças e
adolescentes.
Neste sentido, entendemos que as medidas de prevenção estão diretamente ligadas à criação
de estratégias que visam colocar crianças e adolescentes com prioridade absoluta em nossas
ações. Além disso, os atores do SGDCA devem responsabilizar-se pelas medidas preventivas, com
intuito de promover a proteção integral de maneira intersetorial, evitando desarticulação das
ações e descontinuidades do processo.
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• Monitoramento da ocorrência de violência, acompanhando os indicadores municipais,
estaduais e federais;
• Apoio ao desenvolvimento de estudos e pesquisas;
• Definição de responsabilidades institucionais a fim de criar protocolos de atendimento;
• Incentivar os registros de informações em prontuários, bem como a produção dos relatórios
mensais nas unidades de atendimento como CRAS (relatórios sobre acompanhamento
familiar) e nas unidades de acolhimento, e consolidados com os dados mensais de
atendimentos, para gerar dados e informações próprias do território e estratégicas para a
vigilância socioassistencial
• Estimular a elaboração do Plano Individual ou Familiar de Atendimento contemplando a
planejamento e as possibilidades de intervenção considerando as situações singulares de
cada família;
• Nas escolas e instituições, criar espaços para debates sobre o tema;
• Estimular a comunicação não violenta;
• Divulgar os meios de comunicação para denúncia, como o "disque 100" e o "Proteja Brasil";
• Fortalecer os Conselhos de Direitos das Crianças e Adolescentes;
• Promover capacitação multidisciplinar sobre os diversos tipos de violência e procedimentos
a serem adotados, para profissionais que trabalham com crianças e adolescentes.
No âmbito do SUAS, a proteção social básica tem como uma das suas finalidades a prevenção
da ocorrência de riscos sociais e de violação de direitos e violência. A atuação do PAIF e SCFV,
voltada principalmente para o fortalecimento da função protetiva da família, com o acesso a
direitos através dos serviços e programas públicos e o fortalecimento dos vínculos familiares e
comunitários, possui grande potencial de prevenção de violação de direitos
Finalmente, acreditamos que a educação é a melhor forma de prevenir a violência, a violação dos
direitos e a fragilização dos vínculos familiares, daí a importância de estimular e promover o acesso
das famílias a informações qualificadas para o cuidado e a proteção das crianças e adolescentes
desde a mais tenra idade, favorecendo-lhes um ambiente saudável e seguro, despertando-os para
o protagonismo, a fim de "encorajar a juventude a explorar suas melhores capacidades, apoiando
cada sujeito nas suas escolhas fundamentais de vida" (Rede Salesiana Brasil, 2014, p.43).
15
1.2.4 Iniciativas de Proteção no Brasil
A título de conhecimento, destacamos, também, alguns Programas de Proteção que foram
instituídos no Brasil e que são de fundamental importância para a manutenção dos direitos das
crianças e dos adolescentes:
1 https://www.gov.br/mdh/pt-br/navegue-por-temas/crianca-e-adolescente/acoes-e-programas
2 http://www.protejabrasil.com.br/br/
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município a cumprir a Convenção sobre os Direitos da Criança, que no Brasil é refletida no
Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA). A adesão ao Selo UNICEF é espontânea. O Selo
UNICEF contribui para o alcance de 8 dos 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável
(ODS), uma agenda global acordada por todos os Estados-Membros das Nações Unidas até
2030. 3
• PPCAM: Criado pelo Governo Federal em 2003 o Programa de Proteção a Crianças e
Adolescentes Ameaçados de Morte (PPCAAM) tem por objetivo preservar a vida daqueles
que estão na fase da infância ou da adolescência e se encontram em situação de ameaça
de morte. Trata-se de uma política de responsabilidade do governo federal e é executada
em diferentes estados por meio de articulação com Governos Estaduais, Municipais e
Organizações Não Governamentais.
Conduta tipificada como crime: Art. 241 - Vender ou expor à venda fotografia,
vídeo ou outro registro que contenha cena de sexo explícito ou pornográfica
envolvendo criança ou adolescente.
Penalidade: Pena - reclusão, de 4 (quatro) a 8 (oito) anos, e multa.
Após compreender como se dá este processo, passamos, então, ao rol das condutas tipificadas
pelo Estatuto da Criança e do Adolescente, visto que é este o instrumento jurídico que servirá
como base para a elaboração das condutas criminosas da Lei 13.431/2017.
O Estatuto da Criança e do Adolescente dedica todo o Título VII para a tipificação das condutas
criminosas praticadas contra crianças e adolescentes. Dessa forma, do artigo 228 ao artigo 244B,
especifica-se quais as ações e omissões são consideradas criminosas e quais são as penalidades
para aqueles que as praticarem. Da mesma forma que fizemos anteriormente, a fim de evitar que
o conteúdo fique exaustivo, vamos sintetizar o texto da lei por meio de análise dos temas tratados.
Vejamos:
• Artigos 228 e 229: destinados aos profissionais de saúde que violarem os direitos da
gestante e do recém-nascido. As penas podem variar de 02 meses a 2 anos de prisão e
3 https://www.selounicef.org.br/sobre#:~:text=O%20Selo%20UNICEF%20%C3%A9%20
uma,e%20da%20Amaz%C3%B4nia%20Legal%20brasileira.
17
multas.
• Artigos 230 a 235: dirigidos aos profissionais da segurança pública e do poder judiciário
que cometerem condutas relacionadas à apreensão de adolescente; guarda e custódia de
apreendido; humilhação; prazos legais. Penas variam de 06 meses a 06 anos de prisão e
multas.
• Artigos 237 ao 239: relacionados aos pais, responsáveis ou terceiros que, de alguma forma
ilegal, entreguem crianças ou adolescentes para adoção. Penas de 06 meses a 08 anos de
prisão e multas.
• Artigo 240 ao 244B: atribuído a qualquer pessoa que pratique ações de cunho sexual/
pornográfico contra criança e adolescente ou que comercialize produtos que causam
dependência química (bebidas, cigarros, etc) ou que os coloquem sob risco (fogos de
artifício). Também inclui a questão da corrupção de menores. Penas de 06 meses a 10 anos
e multas.
Podemos perceber que as condutas tipificadas no ECA são abrangentes e sofreram alterações
ou inclusões no decorrer do tempo. Complementando, a Lei 13.431/2017 trouxe uma única
conduta tipificada, qual seja, a violação de sigilo processual, que relaciona-se com violência
institucional e revitimização
TÍTULO V
DOS CRIMES
Art. 24. Violar sigilo processual, permitindo que depoimento de criança ou
adolescente seja assistido por pessoa estranha ao processo, sem autorização judicial
e sem o consentimento do depoente ou de seu representante legal.
Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.
Assim, o agente público que permitir o acesso de pessoa que não tem nenhum envolvimento
com o processo, incorrerá em crime de violação do sigilo processual e poderá ser penalizado
com reclusão de um a quatro anos, além do pagamento de multa. Recordemos que este crime
é considerado uma forma de violência institucional se a permissão for dada pelo agente público
sem o consentimento da autoridade judicial competente ou do depoente e seu representante
legal. Mais uma vez, ressaltamos o propósito primordial da Lei 13.431/2017 em coibir a violência
institucional e os processos de revitimização.
Embora este assunto esteja mais relacionado à esfera jurídica, é importante essa compreensão
no âmbito do SUAS, pois, como estudamos ao longo deste curso, as ações jurídicas e do SUAS
desenvolvem uma relação perpassada por variados aspectos, além do que, é importante destacar
que o compartilhamento indevido de informações se configura como uma conduta incorreta
18
e prejudicial. Posto isto, ressaltamos que o compartilhamento de informações deve ser feito
observando as orientações apresentadas na legislação, bem como as normativas profissionais,
que situam o sigilo como direito e/ou dever do profissional.
19
Aula 2
A atuação do SUAS na rede de
atendimento e proteção de crianças e
adolescentes vítimas ou testemunha de
violência
2.1 O PRINCÍPIO DA MATRICIALIDADE SOCIOFAMILIAR
20
instância social básica na qual se dá o acolhimento, o convívio e a transmissão de valores e condutas
pessoais. É neste espaço que se desenvolve o sentimento de pertencimento, de identidade social
e de onde se obtém o sustento.
Já a Política Nacional de Assistência Social - PNAS (2004) - traz, em seu conteúdo, uma outra
forma de compreender a família, definindo-a como "conjunto de pessoas que se acham unidas
por laços consanguíneos, afetivos e/ou de solidariedade" (BRASIL, 2004, p. 41). Além disso, a PNAS
concebe a família como entidade mediadora das relações entre sujeitos e coletividade; espaço de
proteção e de socialização primária; e provedora de cuidados aos seus membros.
Em consonância com o conteúdo da PNAS, é importante ir um pouco mais além dos conceitos e
entender que não existe um modelo único de família. A família deve ser compreendida como uma
construção social que está sujeita ao transcurso da história. Seu formato, características/feições,
sua dinâmica, entre outros pontos, são vinculadas às transformações societárias, ao movimento
não-linear da sociedade.
A seguir, faremos a leitura e análise de um caso concreto que nos levará a refletir sobre a
necessidade do/da profissional rever seus conceitos pessoais e culturais acerca da família.
21
Cristina alegou não ser possível, visto que é através do seu emprego que advém a única
fonte de renda da família. No entanto, Ana Maria insistia nessa orientação, conforme
ela disse, o "papel paterno é o responsável por colocar a comida na mesa". Confiando
na orientação da profissional, Cristina pediu demissão, acreditando que isso seria o
melhor para sua família.
A partir daí, a família entrou em profundo contexto de vulnerabilidade socioeconômica.
A ausência de renda impôs diversas dificuldades de autonomia e sobrevivência à
Cristina e aos filhos e a família passou a contar exclusivamente com a ajuda de parentes
e com benefícios socioassistenciais de transferência de renda.
A demissão de Cristina em nada colaborou com o quadro de Vitor, pois o adolescente,
novamente, passou a fazer uso de drogas ilícitas e estava sempre agressivo cometendo
violência contra a mãe e os irmãos.
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Tabela 1: Autores/Autoras de violência contra crianças e adolescentes, 2011 a 2019, Brasil
Fonte: Tabela elaborada pelos autores a partir do Balanço Geral 2011 a 2019 do Disque 100 (Relação entre vítimas e suspeito)
* O Banco de Dados do Disque 100 enumera diversos outros autores como avós, diretores de escolas, amigos, padrinho/madrinha, etc. A nossa proposta consiste em apresentar alguns
daqueles que estão inseridos no âmbito familiar da criança ou do adolescente, bem como agentes externos.
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A tabela apresenta variados autores de violação de direitos das crianças e dos adolescentes
que constam no banco de dados do Disque 100. A partir dos dados, verifica-se que grande parte
das situações de violência ocorrem no espaço familiar, tendo a mãe e o pai, respectivamente,
como os principais agentes violadores. Sendo seguido pelos padrastos e madrastas, de modo que
podemos observar que aqueles que comumente compõem o cotidiano da criança/adolescente
são os principais agentes violadores.
Também a partir dos dados do Disque 100 buscamos apresentar quais são os principais tipos
de violência praticada contra crianças e adolescentes (Tabela 02) a fim de podermos conhecer a
realidade social a qual intervimos:
Tabela 02: Principais tipos de violência praticados contra crianças e adolescentes, 2011 a
2019, Brasil
TIPO DE DENÚNCIAS POR ANO TOTAL
VIOLÊNCIA 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019
Violência
41.800 60.397 52.890 39.164 34.119 32.040 33.105 30.962 33.374 357.851
Física
Violência
36.536 63.858 62.538 44.752 36.794 33.860 39.561 37.160 36.304 391.363
Psicológica
Exploração
do Trabalho 2.241 11.158 9.942 5.660 4.542 4.690 5.355 3.868 4.245 51.701
Infantil
Violência
70 629 837 481 514 1.230 3.299 4.535 5.134 16.729
Institucional
Violência
28.525 37.726 31.895 22.840 17.583 15.707 20.330 17.073 17.029 208.708
Sexual
Negligência 51.772 88.750 91.159 67.831 58.567 54.304 61.416 55.375 62.020 591.194
Fonte: Tabela elaborada pelos autores a partir do Balanço Geral 2011 a 2019 do Disque 100 (Tipo de Violação)
Observamos que a negligência é o principal ato praticado, de forma que podemos concluir que
a omissão acerca dos cuidados demandados por crianças e adolescentes é uma prática recorrente.
Em seguida, a violência psicológica, física e sexual.
A violência institucional também é um aspecto que merece atenção, uma vez que estamos
ao longo de todo esse curso tratando da Lei 13.431 de 2017, que tem, especialmente, o intuito de
prevenir esse tipo de situação. Vejamos que, desde a promulgação da referida legislação, os casos
vêm sendo mais fortemente notificados do que nos primeiros seis anos (2011-2016) apresentados
na tabela.
O trabalho infantil também é exposto e necessita ser pontuado, pois conforme apontam Alves,
Santos e Santos (2016) esse caracteriza-se como um indicador da situação de vulnerabilidade
socioeconômica das famílias. Neste caso, a própria família está em desproteção e requer
acompanhamento.
24
As tabelas abaixo apresentam informações acerca da violência infanto-juvenil no ano de 2020.
Consideramos ser necessário trazer esses dados, pois o ano de 2020 foi um ano atípico em razão
do contexto pandêmico vivenciado.
TIPO DE
Jan/2020 Fev/2020 Mar/2020 Abr/2020 Mai/2020 Jun/2020 Total
VIOLAÇÃO(•)
Vlolência
8.163 8.046 8.074 6.224 6.891 6.398 43.796
Física
Violênda
7.970 8.173 8.117 6.384 7.196 6.674 44.514
Psicológica
Abuso sexual
109 227 144 101 138 168 887
físico
Estupro 1.332 1.189 1.259 961 1.083 910 6.734
Exploração
190 112 110 117 107 123 759
sexual
TIPO DE
Jul/2020 Ago/2020 Set/2020 Out/2020 Nov /2020 Dez/2020 Total
VIOLAÇÃO(•)
Vlolência
3.582 3.742 4.863 4865 4.422 4.667 26.141
Física
Violênda
1.684 959 4.647 4.521 4.230 4.496 20.537
Psicológica
Abuso sexual
407 591 626 597 583 534 3.338
físico
Estupro 185 208 370 377 425 420 1985
Exploração
135 117 157 162 174 173 918
sexual
Fonte: https://www.gov.br/mdh/pt-br/assuntos/noticias/2021/maio/CartilhaMaioLaranja2021.pdf
25
Os dados estão divididos em dois períodos: primeiro e segundo semestre de 2020, sendo que
no primeiro semestre há maior número de notificações.
Nos primeiros seis meses a violência psicológica aparece como principal tipo de violência
praticada, seguida da violência física e do estupro. Ainda, todos os tipos de violência sofrem
pequenas variações, ora reduzindo, ora aumentando.
O abuso sexual físico sofre um aumento significativo, saindo de 887 casos denunciados para
3.338. Mas o estupro sofre uma redução, enquanto a exploração sexual aumenta.
Recorde que, na primeira aula deste curso, quando estudamos as questões históricas do
SGDCA, constatamos que as violências contra crianças e adolescentes praticadas em ambiente
familiar não são um fenômeno recente. Os casos de maus-tratos, negligência, abuso físico e sexual,
abandono, etc. são encontrados em inúmeros relatos históricos (SILVA, 2002; RASCOVSKY, 1974;
AZEVEDO; GUERRA, 1993).
Neste sentido, percebemos que a família é idealizada como unidade de proteção e amor das
crianças e dos adolescentes. Porém, quando isso não ocorre, ela é classificada como disfuncional,
desestruturada, e responsabilizada por suas vulnerabilidades (GARCIA; OLIVEIRA, 2017).
Isso nos leva a refletir sobre o espaço familiar. Não a partir de uma ótica culpabilizante, que
responsabiliza os indivíduos e o grupo familiar por suas condições; mas sim, compreendendo
que, nos últimos séculos, as famílias passaram por inúmeras transformações que, muitas vezes, as
fragilizam, fazendo com que seu papel protetivo não seja alcançado.
Neste sentido, compete ao SUAS, por meio dos serviços prestados por suas unidades
socioassistenciais, ofertar o atendimento e o acompanhamento a crianças e adolescentes em
situação de violência e suas famílias. É papel do SUAS viabilizar os elementos necessários para
superar as consequências da situação vivenciada e evitar a continuidade ou recorrência da
violência.
Para tanto, o SUAS prevê a oferta de uma grande variedade de serviços que tem por objetivo
proporcionar proteção social5 a quem dele necessitar. Entretanto, vamos nos concentrar na
estrutura e oferta desse sistema no que concerne promover proteção à criança e ao adolescente em
situação de violência ou testemunha de violência. É papel do SUAS, considerando as seguranças
socioassitenciais que lhe competem e a articulação com as demais políticas públicas, viabilizar os
elementos necessários que possibilitem a superação das consequências da situação vivenciada e
evitar a continuidade ou recorrência da violência..
Pensando nesse público específico, o SUAS pode ser subdividido em dois níveis de proteção
social, a básica e a especial:
5 Proteção social entendida a partir de Brasil (2004,2020) como as formas institucionalizadas que a sociedade
constrói e organiza com o intuito de proteger parte dos seus membros, isto é, para garantir a vida, à redução dos danos
e a prevenção das incidências de risco. Assim, a proteção social é um conjunto que abarca diversos aspectos como
segurança de sobrevivência (de rendimento e de autonomia); de acolhida; de convívio ou vivência familiar. 27
• Proteção Social Especial: É destinada à população que se encontra em situação de risco
pessoal e social em razão de abandono, trabalho infantil, situação de violência, uso de
substâncias psicoativas, entre outras condições de violação de direitos (BRASIL, 2004).
Os serviços, programas ou projetos desenvolvidos no âmbito da proteção social especial
têm por objetivo preservar a integridade dos sujeitos, recuperar os danos decorrentes de
situações de violações de direitos, superar os padrões violadores e fortalecer as famílias no
desempenho da sua função protetiva e de suas condições de autonomia (BRASIL, 2020).
Deve-se destacar que a proteção social especial se subdivide em níveis de complexidade:
média e alta.
Após essa breve explanação sobre a organização do SUAS, fica mais fácil compreender como
funcionam as unidades de atendimento e os serviços ofertados pela rede socioassistencial,
permitindo-nos identificar quais equipamentos ou serviços integram a rede de atendimento e
proteção da criança e do adolescente em situação de violência.
O quadro abaixo apresenta os serviços oferecidos pelo SUAS que compõem a rede de proteção
da criança e do adolescente, demonstrando o serviço, sua descrição e/ou seu objetivo e o nível de
proteção ao qual pertence.
6 Importante destacar que os Centros de Referência Especializado para a População em Situação de Rua (Centros
POP) são destinados a adultos em situação de rua, no entanto, realizam atendimento à criança desde que essas estejam
acompanhadas dos pais ou dos responsáveis legais (BRASIL, 2020).
28
NÍVEL DE UNIDADE DE
SERVIÇO DESCRIÇÃO
PROTEÇÃO OFERTA
SERVIÇO DE PROTE- O serviço tem como objetivo: a prevenção de agravos que pos-
ÇÃO SOCIAL BÁSICA sam provocar o rompimento de vínculos familiares e comunitá-
DOMICÍLIO DO
NO DOMICÍLIO PARA rios; a garantia de direito e o desenvolvimento de mecanismos de
USUÁRIO
PESSOAS COM DEFICI- inclusão social; o desenvolvimento de autonomia dos sujeitos; e
ÊNCIA E IDOSOS fornecer igualdade de oportunidades e participação.
DOMICÍLIO DO
PROTEÇÃO SO- Oferta de atendimento especializado a famílias com pessoas USUÁRIO
CIAL ESPECIAL SERVIÇO DE PROTE- com deficiência e idosos com algum grau de dependência, que CENTRO-DIA
MÉDIA COM- ÇÃO SOCIAL ESPECIAL tiveram suas limitações agravadas por violações de direito. O CREAS
PLEXIDADE PARA PESSOAS COM serviço tem o intuito de promover a autonomia, inclusão social e UNIDADES
DEFICIÊNCIA, IDOSAS E a melhoria da qualidade de vida dos participantes, bem como a SOCIOASSIS-
SUAS FAMÍLIAS prevenção do acolhimento e a segregação dos usuários e a pro- TENCIAIS (re-
moção de apoio às famílias na tarefa de cuidar. ferenciada ao
CREAS)
Serviço ofertado para indivíduos e famílias que vivem em situação
de rua, isto é, que utilizam as ruas como espaço de moradia e so-
SERVIÇO ESPECIALIZA-
brevivência. Desenvolve atividades direcionadas para o desenvol-
DO PARA PESSOAS EM CENTRO-POP
vimento de sociabilidades, com o intuito de fortalecer os vínculos
SITUAÇÃO DE RUA
interpessoais e/ou familiares que oportunizem a construção de
novos projetos de vida.
UNIDADES RE-
SERVIÇO DE PROTE-
Serviço destinado a oferta de apoio a indivíduos e famílias atingi- FERENCIADAS
ÇÃO EM SITUAÇÕES
dos por situações de emergência ou calamidade pública. Fornece AO ÓRGÃOS
DE CALAMIDADES
alojamentos provisórios, atenções e provisões materiais, confor- GESTOR DA
PÚBLICAS E DE EMER-
me as necessidades detectadas. ASSISTÊNCIA
GÊNCIAS
SOCIAL
Fonte: Quadro elaborado pelos autores a partir de informações contidas em Brasil (2009) e Brasil (2020)
A partir desse quadro, é possível conhecer a variedade de serviços ofertados no SUAS que,
dentre outros públicos, atendem também às crianças e aos adolescentes. Tais serviços permitem às
equipes profissionais identificarem e atuarem sobre ameaça ou situação de violação de direitos em
conjunto com os demais atores do Sistema de Garantia de Direitos da Criança ou do Adolescente
Vítima ou Testemunha de Violência de forma integral.
Vale ressaltar que as crianças, os adolescentes e suas famílias podem ser atendidos por mais
de um serviço socioassistencial, concomitantemente, inclusive em níveis de proteção diferentes,
já que entre alguns serviços há relação de complementaridade. Isto é, além da garantia de um
atendimento integral, o SUAS pressupõe o atendimento de demandas diversas caracterizadas como
objeto de intervenção da política de assistência social. Nessa direção, os serviços socioassistenciais
são orientados a atuarem de forma integrada e articulada, com referência e contrarreferência
(BRASIL, 2020).
A fim de simplificar esse conteúdo, elaboramos o fluxo, abaixo, que relaciona as unidades e os
serviços socioassistenciais e onde são ofertados:
30
SISTEMA ÚNICO DE ASSISTÊNCIA SOCIAL
PROTEÇÃO SOCIAL
BÁSICA
CRAS
SERVIÇO DE
PROTEÇÃO SOCIAL
BÁSICA NO PAIF SCFV¹
DOMICÍLIO PARA
PESSOAS COM
DEFICIÊNCIA E
IDOSAS²
PROTEÇÃO SOCIAL
ESPECIAL
MÉDIA ALTA
COMPLEXIDADE COMPLEXIDADE
SERVIÇO DE ACOLHIMENTO
CENTRO DIA CREAS CENTRO POP
INSTITUCIONAL
SERVIÇO ESPECIALIZADO
EM ABORDAGEM SOCIAL³
Fonte: Fluxo elaborado pelas autoras a partir de informações contidas em Brasil (2009).
¹ O SCFV também pode ser realizado nos Centros de Convivência referenciados ao CRAS.
² O SERVIÇO DE PROTEÇÃO SOCIAL BÁSICA NO DOMICÍLIO PARA PESSOAS COM DEFICIÊNCIA E IDOSAS é ofertado no
domicilio do usuário;
³ O SERVIÇO DE ABORDAGEM SOCIAL também pode ser desenvolvido em unidades referenciadas ao CREAS;
4 O SERVIÇO DE PROTEÇÃO SOCIAL ESPECIAL PARA PESSOAS COM DEFICIÊNCIA, IDOSAS E SUAS FAMÍLIAS pode ser
desenvolvido no domicilio do usuário, em centros-dia, no CREAS ou em unidade referenciada a este último.
Importante ressaltar, mais uma vez, que nem todos os municípios dispõem dessa variedade
de serviços, seja por conta de limitações orçamentárias, insuficiência de demanda, características
demográficas, entre outros pontos. Dessa forma, cabe a cada profissional da rede socioassistencial
conhecer a realidade do seu território e agir conforme as suas possibilidades.
31
2.3 GESTÃO E GOVERNANÇA DO SUAS NO SISTEMA DE GARANTIA DE DIREITOS DA
CRIANÇA E DO ADOLESCENTE VÍTIMA OU TESTEMUNHA DE VIOLÊNCIA
Nosso objetivo, neste tópico, é sistematizar e reforçar
uma série de informações acerca do papel dos órgãos
gestores da assistência social no Sistema de Garantia de
Direitos da Criança e do Adolescente Vítima ou Testemunha
de Violência.
Todavia, as atribuições dessa instância não se limitam a esses aspectos, como veremos a
seguir.
32
Deve o órgão local, gestor da assistência social, estabelecer junto aos órgãos do Sistema
de Justiça, os fluxos e protocolos de encaminhamentos, de troca de informações, entre outros,
buscando garantir uma relação igualitária, não de subordinação, e prevenir a intimidação das
equipes técnicas (BRASIL, 2016; 2020). A relação de subordinação tende a fragilizar o caráter
protetivo do SUAS à medida que impõe o uso dos relatórios produzidos pelos/pelas profissionais das
equipes de referência das unidades socioassistenciais, como documentos de caráter investigativo
e fiscalizador, ou seja, para fins diferentes das atribuições do SUAS, como, por exemplo, a realização
de Perícia, inquirição de vítimas e acusados, oitiva para fins judiciais, produção de provas de
acusação.
Cabe reforçar que os encaminhamentos realizados pelo Poder Judiciário devem ser direcionados
à gestão da política que, por sua vez, encaminhará às unidades e aos serviços socioassistenciais.
Por exemplo, cabe ao/à secretário(a) de assistência social construir diálogo com sistema de
justiça, ministério público, etc., mediando as demandas que são de responsabilidade do SUAS
e informando e justificando quando determinadas solicitações não possam ser atendidas, seja
porque fogem ao escopo do SUAS ou porque a forma de realização pode estar equivocada
ou/e com prazos exíguos, e sua realização poderia implicar em prejuízos para a continuidade
dos atendimentos pelo CREAS. Por exemplo: quando um/uma profissional atende uma família
e identifica a violação de direitos e precisa continuar atendendo a família, construindo com a
família e com apoio institucional e o acesso a direitos como forma de prevenção de agravamentos
ou reincidência, favorecendo que as famílias estabeleçam outras formas de convívio em que os
conflitos não sejam enfrentados com violência. Quando o/a profissional é intimado/intimada a
ser testemunha em processos, o vínculo de confiança com a família pode ser rompido e o SUAS
deixa de cumprir sua missão institucional. Dessa forma, a gestão pode mediar as solicitações,
filtrando e facilitando fluxos e comunicação com a justiça e, em outros casos, sugerindo outros
encaminhamentos. Ou seja, possibilita que alinhe expectativas, crie previsibilidade e demonstra a
intencionalidade e a corresponsabilidade de proteção das crianças, adolescentes e suas famílias.
O que não seria possível quando os profissionais são oficiados diretamente sem essa mediação
fundamental. Por isso, se faz necessário o estabelecimento de protocolo e fluxo entre o SUAS e o
Sistema de Justiça. Abordaremos essa questão com mais detalhes no Módulo 4.
Por fim, é dever dos órgãos gestores da assistência social promover a realização de ações de
educação permanente e/ou facilitar a participação dos/das profissionais em ações dessa natureza
com o intuito de garantir, permanentemente, a qualidade do atendimento.
O quadro abaixo traz uma síntese dos deveres da gestão local da política de assistência social:
33
1. Coordenar as ações de articulação da rede de proteção;
7 https://www.gov.br/mdh/pt-br/acesso-a-informacao/participacao-social/conselho-nacional-dos-direitos-
da-crianca-e-do-adolescente-conanda/conanda#:~:text=Criado%20em%201991%20pela%20Lei,e%20do%20
Adolescente%20(ECA).
34
Por meio da gestão compartilhada, governo e sociedade civil definem, no âmbito do Conselho,
as diretrizes para a Política Nacional de Promoção, Proteção e Defesa dos Direitos de Crianças e
Adolescentes. Além de contribuir para a definição das políticas para a infância e a adolescência,
o Conanda também fiscaliza as ações executadas pelo poder público no que diz respeito ao
atendimento da população infanto-juvenil.
A gestão do Fundo Nacional para a Criança e o Adolescente (FNCA) também é uma importante
atribuição do Conselho. É ele o responsável pela regulamentação sobre a criação e a utilização
desses recursos, garantindo que sejam destinados às ações de promoção, proteção e garantia dos
direitos de crianças e adolescentes, conforme estabelece o ECA.
O CMDCA é responsável pela criação das políticas públicas no município que promoverão
35
os programas e projetos voltados ao atendimento das crianças e adolescentes, principalmente
quanto ao direito à vida, à saúde, à liberdade, ao respeito, à dignidade, à convivência comunitária,
à família, à educação, à profissionalização, à cultura, ao lazer, à proteção no trabalho e sugerindo
medidas de proteção em situação de risco8.
36
8 https://crianca.mppr.mp.br/pagina-1128.html.
• k) acompanhar e oferecer subsídios na elaboração legislativa local relacionada à garantia
dos direitos da criança e do adolescente;
• l) fomentar a integração do Judiciário, Ministério Público, Defensoria e Segurança Pública
na apuração dos casos de denúncias e reclamações formuladas por qualquer pessoa ou
entidade que versem sobre ameaça ou violação de direitos da criança e do adolescente;
• m) atuar como instância de apoio no nível local nos casos de petições, denúncias e
reclamações formuladas por qualquer pessoa ou entidade, participando de audiências ou
ainda promovendo denúncias públicas quando ocorrer ameaça ou violação de direitos da
criança e do adolescente, acolhendo-as e dando encaminhamento aos órgãos competentes;
• n) integrar-se com outros órgãos executores de políticas públicas direcionadas à criança e
ao adolescente e demais Conselhos setoriais.
• o) registrar as organizações da sociedade civil sediadas em sua base territorial que prestem
atendimento a crianças, adolescentes e suas respectivas famílias, executando os programas
a que se refere o art.90, caput, e, no que couber, as medidas previstas nos artigos 101, 112
e 129, todos da Lei nº 8.069/90;
• p) inscrever os programas de atendimento a crianças, adolescentes e suas respectivas
famílias na sua base territorial, tanto os executados por entidades governamentais quanto
por organizações da sociedade civil;
• q) recadastrar as entidades e os programas em execução, certificando-se de sua contínua
adequação à política traçada para a promoção dos direitos da criança e do adolescente;
• r) regulamentar, organizar e coordenar o processo de escolha dos conselheiros tutelares,
seguindo as determinações da Lei nº 8.069/90 e da Resolução nº 75/2001 do Conanda;
• s) instaurar sindicância para apurar eventual falta grave cometida por conselheiro tutelar
no exercício de suas funções, observando a legislação municipal pertinente ao processo
de sindicância ou administrativo/disciplinar, de acordo com a Resolução nº 75/2001 do
Conanda.9
Neste momento, traremos um caso que exemplifica uma ação concreta de trabalho
intersetorial.
Juliano é o terceiro filho de uma família composta por cinco filhos e mora com a mãe,
os irmãos e o padrasto. Aos seis anos, começou a frequentar o Serviço de Convivência
e Fortalecimento de Vínculos em uma instituição, numa cidade de médio porte.
Após dois meses na instituição, a assistente social observou que a criança chegava,
todos os dias, com sono, desmotivada e mal vestida, com roupas muito maiores que seu
tamanho e sempre suja e mal cheirosa. Algumas vezes, ia sem cueca, meia e descalço.
9 http://crianca.mppr.mp.br/pagina-1128.html#res116
37
A instituição, então, forneceu todo o vestuário e calçados para a criança. Quase todos
os dias era necessário providenciar um banho antes de iniciar as atividades. No início
do terceiro mês, Juliano chegou com feridas por todo o corpo, inclusive na cabeça.
Foi, então, realizada uma visita na casa de Juliano e identificaram que ele estava
com sarna e que a mãe necessitava de cuidados relacionados à saúde, pois estava
bem debilitada. A escola onde Juliano estava matriculado já havia informado que a
mãe estava com tuberculose. A mãe contou que quem arruma Juliano para ir para a
instituição é o irmão mais velho, Kayo. Há poucos sinais de cuidado e limpeza na casa:
foram vistas roupas espalhadas pelo chão, bem como brinquedos, sapatos e alimentos
vencidos.
Os quatro cães da família dormem na mesma cama que as crianças. Um dos irmãos,
Roberto, 10 anos, cadastrado para as atividades na entidade e já desligado, estava em
trabalho infantil de "aviãozinho" para traficantes. Enquanto esteve na entidade (por dois
meses), Roberto demonstrou pouco interesse em participar das atividades propostas
e tinha dificuldade em respeitar os adultos, regras e combinados, falava palavras de
baixo calão para se comunicar. Usava os colegas mais novos como "escudo" para se
livrar de suas responsabilidades quando era chamada a sua atenção.
Após várias tentativas frustradas de comunicação com a família, profissionais da escola
pediram, por intermédio da instituição, para conversar com a mãe, pois viam que as
crianças recebiam pouco ou quase nenhum cuidado. Foi aí que a instituição teve a
ideia de chamar outros profissionais, que também acompanhavam a família: uma
conselheira do Conselho Tutelar, a assistente social do Núcleo Ampliado de Saúde da
Família e Atenção Básica, a supervisora da escola, a psicóloga do Centro de Referência
da Assistente Social e a diretora e a coordenadora de projetos da instituição que
atendia as crianças no contraturno escolar.
Foi realizada uma reunião para que cada setor colocasse seu ponto de vista sobre a
situação, e, num segundo momento, os responsáveis pela criança, respectivamente
a mãe e o padrasto, seriam, também, chamados. Na reunião foi esclarecido aos
responsáveis o papel da família no cuidado e na educação dos filhos, sobre os deveres
e direitos das crianças, bem como as consequências da negligência e do abandono dos
filhos.
Ao término da conversa, ficou acordado que a mãe observaria com mais cuidado a
higiene e a rotina dos filhos. A instituição continuaria a atender as crianças com
atividades voltadas para os direitos das crianças e adolescentes e fortalecimento dos
vínculos familiares e, para a mãe, roda de conversa semanal com um grupo de mulheres,
para orientar no cuidado dos filhos e participação no grupo de geração de renda. A
assistente social e a psicóloga fariam visitas semanais à casa para acompanhar a família,
acompanhar o tratamento da tuberculose, dar orientação e realizar o encaminhamento
do Kayo, maior de idade, para o Acessuas Trabalho, programa que o orientará com
vistas à sua inserção no mundo do trabalho. A psicóloga se comprometeu a realizar
atendimento semanal para Roberto.
A supervisora da escola se disponibilizou a construir, junto com os demais profissionais,
um plano individualizado de atendimento às crianças, tendo como foco o cuidado
pessoal e noções de higiene; também fariam acompanhamento individualizado para
que pudessem acompanhar o aprendizado da turma, pois estavam em defasagem
escolar. O conselho tutelar se responsabilizou em conseguir vagas para os filhos mais
38
novos nos centros de educação infantil e também em oficializar à Vara da infância
sobre os encaminhamentos da rede e da família. A equipe se comprometeu a se
reunir mensalmente para o acompanhamento da família e estudo de outros casos que
requerem atenção.
O que foi feito no caso de Juliano é um trabalho articulado em rede, ou seja, uma demanda
é constatada, gerando a necessidade de comunicar, acionar, articular, diferentes setores para
elaborar estratégias de ação tendo como ponto de partida o planejamento, a realização e a
avaliação de ações.
Sendo assim, é necessário reunir diferentes áreas de atuação para compreender a complexidade
de cada situação e atuar de maneira eficaz no atendimento intersetorial. O ponto essencial deste
atendimento é colocar a pessoa no centro de toda ação, sendo imprescindível articular uma
comunicação eficaz, dividir as tarefas e reconhecer as potencialidades de cada setor envolvido na
demanda. Instersetorializar é dividir o poder de ação que cada setor tem em mãos; é enxergar a
mesma situação com olhares distintos e desenvolver a forma mais assertiva de atuação.
Dessa forma, tanto a comissão como o pacto intersetorial pela escuta protegida, que serão
tratados adiante, são esforços governamentais já no sentido de promover a intersetorialidade.
39
A Comissão Intersetorial de Enfrentamento à Violência contra Crianças e Adolescentes,
atualizada pelo Decreto nº 10.701, de 17/05/2021, tem as seguintes atribuições específicas
segundo o art. 8º:
Vale lembrar que a comissão intersetorial foi a responsável por articular a criação dos
"Parâmetros de escuta especializada de crianças e adolescentes em situação de violência". Em
síntese:
40
2.6 PACTO NACIONAL PELA IMPLEMENTAÇÃO DA LEI 13.431/2017
Com a criação da Lei 13.431/2017, foram realizadas pesquisas sobre a ineficiência ou ausência
de um fluxo geral de atendimento para o Depoimento Especial de crianças e adolescentes
vítimas ou testemunhas de violência. Uma dessas pesquisas foi intitulada de "A oitiva de crianças
no Poder Judiciário Brasileiro10", produzida pelo Conselho Nacional de Justiça, pela qual se
constatou a necessidade da criação de outros instrumentos para a implantação da lei em todo o
país. Neste sentido, é que diferentes signatários articularam e elaboraram o Pacto Nacional para
implementação da Lei 13.431/2017, em 13 de junho de 2019, que tem como objetivo
Este Pacto foi um ato Interinstitucional, o que garante o trabalho intersetorial nos âmbitos
federal e estadual, preconizado na Lei 13.431/2017, e contou com os seguintes signatários: a Casa
Civil da Presidência da República, os ministérios da Educação, da Saúde, da Cidadania e da Mulher,
da Família e dos Direitos Humanos, O Conselho Nacional de Justiça, o Conselho Nacional do
Ministério Público (CNMP), a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), a Defensoria Pública da União
(DPU), o Colégio Nacional de Defensores Públicos, e o Conselho Nacional de Chefes de Polícia Civil.
41
Vejamos o que o Pacto Nacional nos trouxe de inovador?
SAIBA MAIS:
O Pacto pela Escuta Protegida tem por objetivo o estabelecimento de princípios e
regras gerais básicos a serem observados pelos pactuantes no desenvolvimento de
ações intersetoriais e interinstitucionais, a serem executadas de forma integrada e
coordenada, numa conjugação de esforços necessários à implementação da Lei nº
13.431/2017, tendo em vista:
I- o estabelecimento de diretrizes para a atenção e proteção integral e interinstitucional
de crianças e adolescentes vítimas ou testemunhas de violências;
II- o estabelecimento de protocolos de depoimento especial, de criança e adolescente
vítima ou testemunha de violência, perante autoridade policial ou judiciária com a
finalidade de produção de provas, que visem assegurar seu direito de ser ouvida em
qualquer procedimento judicial ou administrativo que Ihe diga respeito, diretamente
ou por intermédio de representante ou órgão apropriado, em conformidade com
legislação vigente (ans 22 e 25 do Decreto 9.603/18 e art 12 da Convenção sobre os
Direitos das Crianças);
III- a garantia da escuta especializada com o objetivo de assegurar o acompanhamento
da vítima ou testemunha de violência para contribuir na superação das consequências
da violação, em cumprimento à finalidade de proteção e provimento de cuidados;
IV - a criação de matriz intersetorial de capacitação para os profissionais do sistema de
garantia de direitos da criança e do adolescente vítima ou testemunha de violência;
V - a definição de metodologia específica e condições de trabalho adequadas para os
profissionais do sistema de garantia de direitos da criança e do adolescente vítima ou
testemunha de violência;
VI - a criação de fluxos e da regulação necessária em cada instituição responsável
pela elaboração de políticas públicas voltadas à proteção dos direitos das crianças e
adolescentes, com a participação e escuta dos integrantes do Pacto;
Vll - a criação de prêmio com o objetivo de identificar, divulgar e difundir boas práticas
que contribuam para implementação e aperfeiçoamento da Lei nº 13.431/2017 e
do Decreto nº 9603/201 8, com participação de representantes dos pactuantes nas
seleções e avaliações;
Vlll - a criação de modelo de registro e compartilhamento de informações do
atendimento, no sistema de garantia de direitos de crianças e adolescentes, observados
os aspectos ético-legais e o regime de trâmite em segredo de justiça;
IX - o desenvolvimento de campanhas educativas integradas;
X - a garantia da acessibilidade aos espaços de atendimento da criança e do adolescente
vítima ou testemunha de violência (art. 6º, do Decreto nº 9603/201 8);
42
XI - o incentivo à realização de acordos de cooperação ou instrumentos congêneres
entre as instituições para a a realização do depoimento especial, sempre que possível,
em sede de produção antecipada de provas, nos tempos da legislação pertinente;
Xll - o monitoramento e avaliação da implementação da Lei 13.431/2017 e do Decreto
9.603/2018.
Fonte: Cláusula 2ª do Pacto Nacional para Implementação da Lei 13.431
No módulo 4, estudaremos sobre o Fluxo Geral elaborado no Pacto Nacional, desta forma você
poderá compreender melhor a efetivação do trabalho intersetorial na Lei 13.431/2017.
43
REFERÊNCIAS E
SUGESTÕES BIBLIOGRÁFICAS
NORMAS:
44
BRASIL. MINISTÉRIO DO DESENVOLVIMENTO SOCIAL E COMBATE À FOME. Secretaria Nacional
de Assistência Social. Política Nacional de Assistência Social - PNAS/ 2004. Brasília: MDS/SNAS,
2005. 178 p. Disponível em:<http://www.mds.gov.br/webarquivos/publicacao/assistencia_social/
Normativas/PNAS2004.pdf>. Acesso em: 18 mar. 2021.
LIVROS E ARTIGOS:
45
O PONTO DE PARTIDA PARA A PROTEÇÃO. Brasília: SDH, 2014. Disponível em: < https://
bibliotecadigital.mdh.gov.br/jspui/bitstream/192/416/1/SDH_Cartilha_2014.pdf >. Acesso em: 19
mar. 2021.
LÔBO, Paulo Luiz Neto. Transformações jurídicas da Família no Brasil. GEN Jurídico, São Paulo,
p. on-line, 12 fev. 2018. Disponível em: http://genjuridico.com.br/2018/02/12/transformacoes-
juridicas-familia-brasil/. Acesso em: 15 mar. 2021.
Rede Salesiana Brasil de Ação Social. Identidade Carismática. Brasília, v. 2014. Disponível em: <
https://ssccbsp.org/media/download/2be7a495/media.pdf>.Acesso em: 20 mar. 2021.
SIMÕES, Carlos. Curso de Direito do Serviço Social. São Paulo: Cortez, v.3 2009. 560p.
SUGESTÃO BIBLIOGRÁFICA
46
MINISTÉRIO DA CIDADANIA
Ministro da Cidadania
João Roma
Secretaria Executiva
Luiz Galvão
Equipe técnica:
Gustavo André Bacellar Tavares de Souza
Gustavo Vellozo Barreira
Natália da Silva Pessoa
Equipe técnica:
Deusina Lopes da Cruz
Flávia Renata Lemos de Souza
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