CC9166
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COM ESTEREOLITOGRAFIA
Marcelo Vandresen
Aureo Campos Ferreira
Carlos Henrique Ahrens
Universidade Federal de Santa Catarina; Departamento de Engenharia Mecânica – CIMJECT
/ PAT; Caixa Postal 476 – CEP 88040-900 – Florianópolis – SC – Brasil;
http://www.cimject.ufsc.br; E-mail: [email protected]; telefone: +55(48)
331-9387 Ramal 223; Fax: +55(48) 234-1519.
Resumo
Peças injetadas em plástico que requeiram movimentação relativa das partes dos moldes para
sua extração, como por exemplo a saída do núcleo da peça para que o molde possa ser aberto,
ainda apresentam dificuldades para serem obtidas através dos processos da ferramentaria
rápida, auxiliada pela fabricação camada a camada. Para solucionar este problema, uma
adaptação da tecnologia desenvolvida para a fabricação de coletores de admissão pode ser
uma alternativa, permitindo assim obter peças injetadas com paredes finas e formato
complexo, principalmente em relação ao seu núcleo, contando com boa repetibilidade e
precisão dimensional. O trabalho apresenta uma pesquisa científica, em curso a nível de
Doutorado, que está desenvolvendo a fabricação rápida de lotes de peças com reentrâncias,
sem o uso de movimentos relativos de componentes do molde para a extração
1. Introdução
A moldagem por injeção representa o processo mais importante para a manufatura de
peças plásticas (Pötsch &Michaeli, 1995). Ela é aplicável para produção em massa de
produtos, já que a matéria prima bruta pode ser convertida em produto acabado em uma única
etapa, na maioria dos casos sem necessitar de uma operação de acabamento.
Estima-se que 25% de todos os termoplásticos que são transformados o são através do
processo de injeção, que permite uma grande gama de produtos, com pesos variando desde 5
gramas até 85 quilogramas (Belofsky, 1995).
No processo de injeção podem ser destacados três elementos principais: o material, a
máquina injetora e o molde de injeção. Cada qual tem características especiais que vão
influenciar no processo de obtenção da peça.
A máquina injetora tem dois componentes principais, a unidade de fechamento,
responsável pela movimentação das metades do molde e a unidade injetora, responsável pela
plastificação e injeção do material na cavidade.
De maneira geral uma característica marcante do processo de injeção é que as máquinas
injetoras podem ser utilizadas para a fabricação de diversas peças, dentro de uma certa faixa
de capacidade; enquanto que o molde só é capaz de dar forma ao produto para o qual foi
projetado. O molde é, portanto, um produto único (“one of a kind”), merecendo uma atenção
especial já que tem uma relação direta com o produto e a capacidade produtiva daquele
componente que se deseja obter.
Contudo apesar de ser um processo largamente difundido a injeção de peças plásticas
ainda conta com uma grande parcela de empirismo e intuição quando da fabricação dos
moldes.
O molde de injeção tem como funções principais distribuir o material fundido nas
cavidades, dar a forma final ao produto moldado, resfriar o material fundido até a sua
solidificação e por fim ejetar a peça. Como funções secundárias, resistir às forças envolvidas
no processo de injeção, transmitir movimentos e guiar as partes moveis do molde.
Para cada geometria específica do produto que se quer moldar será necessário encontrar
uma solução construtiva para que a peça possa ser injetada e, principalmente, extraída do
molde.
A complexidade do molde é diretamente proporcional à complexidade da peça. Pode-se
dizer que a família de peças mais simples e mais comuns para ser injetada é a das peças
geradas pela revolução de um contorno simples, como é o caso dos baldes e de tantos outros
recipientes de uso doméstico, assim como suas tampas, que são injetados utilizando moldes
de duas placas (apenas uma linha de partição e duas metades, uma macho e uma fêmea).
Peças mais complexas requerem, para sua extração do molde, movimentos relativos de
partes que compõe a cavidade para que a peça possa ser extraída do molde de forma a manter
a sua integridade. Muitos projetos de produtos tem de ser modificados para evitar que se
necessite de um molde muito complexo, pois isto eleva os custos de projeto, de execução e de
manutenção do mesmo.
2. O processo do núcleo perdido
Muitas peças não podem ser moldadas por injeção em moldes convencionais. Isso se
aplica principalmente para peças com rebaixos complicados ou corpos finos tridimensionais,
como coletores de ar para motores de combustão interna. Nestes casos o uso de moldes onde o
macho simplesmente sai do interior da peça não é possível
(http://www.coretechgroup.com/ct.html em 30/06/1999).
O processo do núcleo perdido, conhecido por “lost-core”, “fusible core
(http://scud..scu.edu/cmdoc/dg_doc/process/molding em 30/06/1999)” ou ainda “metal core
technology” é uma técnica de moldagem por injeção especial utilizada na produção de peças
ocas de paredes finas (“hollow”), como é mostrado na Figura 1. Consiste do posicionamento
de um núcleo metálico, obtido por fundição, no interior de um molde de injeção, e
encapsulação deste núcleo com plástico, usando um processo normal de injeção. Remoção da
liga através de um processo de fusão, deixando uma fina capa plástica, como produto final.
Operações secundárias como a colocação de insertos, soldagem por ultra-som ou vibração,
podem ainda ser realizadas na peça. Recuperada, a liga metálica líquida, do processo de fusão
da extração do núcleo é bombeada (injetada) na ferramenta de moldagem do núcleo
(essencialmente uma operação de fundição) para fabricar um novo núcleo metálico.
Este processo produtivo é utilizado quase que exclusivamente na fabricação de coletores
de admissão de ar injetados em termoplásticos. O alto capital investido em uma planta
totalmente automatizada para o processo do núcleo perdido para a fabricação de coletores de
admissão é estimada na faixa de 5 a 10 milhões de dólares, dependendo basicamente na
complexidade da peça.
Requisitos de alto volume de produção podem justificar o gasto deste capital elevado.
Devido à alta integração do sistema e uso extensivo de automatização, é difícil fabricar
múltiplas partes em uma dada célula, pois isto implica em grandes tempos de preparação das
máquinas e recursos.
Os núcleos são formados via processo muito similar ao da fundição por injeção, em uma
máquina utilizando moldes de aço. O metal é normalmente uma liga metálica de estanho e
bismuto e tem um ponto de fusão de cerca de 140o C. Os núcleos ou são fabricados como uma
peça única ou são feitos de múltiplos componentes que são unidos posteriormente.
Como os núcleos, no caso de coletores de admissão, são muito pesados (chegam a pesar
até 80 quilogramas), e saem quentes do molde de fundição, devem ser manipulados por robôs
(http://spinwheels.com/factour.html em 30/06/1999). O ciclo total para produzir um núcleo
leva tipicamente o dobro do tempo do processo de injeção da peça. Sendo assim duas
ferramentas para produzir núcleos são necessárias para cada molde de injeção.
Existe muito pouco ou nenhum encolhimento na liga, assim a temperatura do núcleo tem
pouca ou nenhuma influência significativa no processo, mas a possibilidade da existência de
alguma rebarba pode requerer remoção manual em uma estação de inspeção.
Na moldagem por injeção, devido à relevância do tempo do ciclo utilizado para o
carregamento do núcleo e retirada da peça, muitas máquinas injetoras, utilizadas no processo
do núcleo perdido, são verticais, utilizando moldes com duas metades inferiores em uma placa
rotativa e uma única metade, fixa na placa móvel. As metades inferiores rotacionam 180o em
cada ciclo para permitir a remoção da peça e a colocação do núcleo.
O método de injeção vertical tem algumas vantagens: a gravidade auxilia no
posicionamento do núcleo e há mais espaço para a movimentação dos braços dos robôs.
Como desvantagens tem-se que existem poucos fornecedores de máquinas injetoras capazes
de fabricar grandes injetoras verticais com placa rotativa na faixa acima de 600 toneladas de
força de fechamento. O custo das máquinas é significativamente maior se comparado com
máquinas horizontais de mesma capacidade. Segundo Baltus (1999), da DuPont Canada, são
necessárias duas máquinas horizontais para igualar a produtividade de uma única máquina
vertical, produzindo com a metodologia do núcleo perdido.
Na fabricação de coletores de admissão de ar para motores de combustão interna
utilizando o núcleo perdido, o material plástico normalmente utilizado é o Nylon 6/6
reforçado com carga de fibra de vidro a uma taxa de 30 a 35%. Mesmo ignorando as
qualidades que este material tem para a fabricação de coletores de admissão, suas
características de processamento fazem com que seja o mais propício para a tecnologia do
núcleo perdido.
A baixa viscosidade da resina permite o preenchimento de seções finas e compridas com
pressão de injeção relativamente baixa, o que ajuda a prevenir, ou ao menos minimizar,
problemas de movimentação do núcleo dentro da cavidade. Além disso, a característica da
rápida formação de uma camada de solidificação na frente de injeção (“freeze-off”) que cria
um isolamento térmico durante o preenchimento, evita que o núcleo se derreta ou seja
“lavado” durante o preenchimento da cavidade (é importante lembrar que a temperatura de
fusão do material do núcleo é de cerca de 140o C e a temperatura de injeção desta resina é da
ordem de 285o a 320o C).
O posicionamento dos canais de injeção também é um fator de suma importância para
evitar o impacto direto do material fundido sobre o núcleo. A impactação direta na entrada do
material fundido não é impossível, mas devem ser utilizadas taxas de preenchimento menores
para se ter certeza de que se mantenha uma camada congelada aderida no lado oposto ao
canal.
A localização e centragem do núcleo no molde também é crítica, sendo assim para
minimizar a movimentação do núcleo é necessário que ocorra um “enclausuramento” do
núcleo pela frente de injeção. Idealmente a pressão no fundido é distribuída uniformemente
em todas as superfícies do núcleo, assegurando que fique centrado na ferramenta.
Molde frio
Refrigerado
O
a 20
Nitrogênio
Pressurizado
11) Moldagem do macho 10) Fusão do macho em 9) Retorno do metal em 8) Remoção do macho
em metal metal excesso em metal
Banho de óleo
O
a 200
Referências
BALTUS, Tom A., 1999, Simple description of the lost-core moulding process. Press
Release. DuPont Canada.
BELOFSKY, H., 1995, Plastics: product design and process engineering. Hanser/Gardner.
Munich; Viena; New York: Hanser; Cincinnati.
Complex hollow design? Consider metal core molding. Disponível na rede: em 30/06/1999
http://www.coretechgroup.com/ct.html.
FERREIRA, Aureo Campos; LAFRATTA, Fernando Humel., Setembro de 1998. Conheça
alguns meios para a obtenção de protótipos de peças injetadas. Plástico Industrial. p. 24-
30.
Fusible core injection molding. Disponível na rede: em 30/06/1999,
http://www.scudc.scu.edu/cmdoc/dg_doc/process/molding
LAFRATTA, Fernando Humel, (1997); Avaliação da viabilidade do uso de líquidos
refrigerantes sobre alta pressão no processo de injeção de termoplásticos utilizando
técnicas de “Rapid Tooling”. Proposta de Tese, Universidade Federal de Santa Catarina,
Florianópolis, SC, Brasil.
Spinwheels, factory tour, of the advanced technology. Disponível na rede: em 30/06/1999
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Aronson, Robert B., Nov. 1998, Toolmaking through rapid prototyping; Manufacturing
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New York: Hanser; Cincinnati: Hanser/Gardner,.